Invenção Do Orfeu
Invenção Do Orfeu
Invenção Do Orfeu
Inveno de Orfeu
Textos de Jos Guilherme Merquior publicados sob a licena generosamente cedida pela
Editora Realizaes.
A Companhia das Letras agradece Cosac Naify pelo material cedido para esta edio.
Capa
Alceu Chiesorin Nunes
Imagem de capa
Inverno A passagem do Atlntico de Gonalo Ivo (2009).
Aquarela sobre papel, detalhe de uma obra de 35 x 24 cm.
Acervo do artista. Reproduo: Jean-Louis Losi.
Preparao
Eduardo Rosal
Reviso
Jane Pessoa
Fernando Nuno
isbn 978-85-5652-042-5
17-03481 cdd-869.1
[2017]
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ou
Biografia pica,
Biografia Total e No
Uma Simples Descrio de Viagem
Ou de Aventuras.
Biografia com Sondagens;
Relativo, Absoluto e Uno
Mesmo o Maior Canto
Denominado Biografia
A
Murilo Mendes
murilo mendes
Inveno de orfeu 411
A luta com o anjo 415
Os trabalhos do poeta 419
Lavrou tambm nas superfcies, que eram de bronze, e nos cantos, querubins,
e lees, e palmas, apresentando como que a figura de um homem em p, e com
tal arte que no pareciam gravados, mas sobrepostos ao redor. Deste modo fez
dez bases do mesmo molde da mesma medida, e de escultura semelhante. Fez
tambm dez bacias de bronze, cada uma das quais continha quarenta batos,
e era de quatro cvados; e ps cada bacia sobre cada uma das dez. E, das dez
bases, ps cinco na parte direita do templo, e cinco na esquerda; e ps o mar
na parte direita do templo entre o oriente e o meio-dia.
iii reis, 36, 37, 38 e 39
Alegrias descobertas
ou mesmo achadas, l vo
a todas as naus alertas
de vria mastreao,
mastros que apontam caminhos
a pases de outros vinhos.
Esta a bria embarcao.
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2
A ilha ningum achou
porque todos a sabamos.
Mesmo nos olhos havia
uma clara geografia.
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Indcios de canibais,
sinais de cu e sargaos,
aqui um mundo escondido
geme num bzio perdido.
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E depois das infensas geografias
e do vento indo e vindo nos rosais
e das pedras dormidas e das ramas
e das aves nos ninhos intencionais
e dos sumos maduros e das chuvas
e das coisas contidas nessas coisas
refletidas nas faces dos espelhos
sete vezes por sete renegados,
reinventamos o mar com seus colombos,
e columbas revoando sobre as ondas,
e as ondas envolvendo o peixe, e o peixe
( misterioso ser assinalado), >
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5
No esqueais escribas os somenos,
as geografias pobres, os nordestes
vagos, os setentries desabitados
e essas flores ptreas antilhanas.
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6
A proa que ,
que timo
furando em cheio,
furando em vo.
A proa em si,
em si andada.
Ave poesia,
ela e mais nada.
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Peixe veleiro,
que tudo o deixe
ser s o que :
anterior peixe.
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As estradas pertencem aos vizinhos,
as minas aos feudais, domina o centro
o famoso vulco, e tudo j
pertenceu a algum cu e h gelo e h ouro
e h presdios e h tropas: No h paz.
E h desertos de pedras e umas savanas.
Populao: Uns dez bilhes de escravos,
e seu descobridor entre os antpodas,
entre as febres, da jorra a montanha
com seus mares em torno, e vinho e vinho.
E eis os climas por dentro de outros climas,
e no mago dos magos esse ovo,
e esse silncio trgico nesse ovo,
todavia raspemos esse pelo
que h na face de todas as criaturas,
e os bigodes que afogam as crianas,
e os vus fixos nos olhos das mulheres.
Os pincens so vistos nesse instante,
no cavalgando ventos mas as ventas
que inda querem sorver as madrugadas.
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9
H umas coisas parindo, ningum sabe
em que leito, em que chuvas, em que ms.
Coisas aparecidas. Cus morados.
As presenas destilam. Chamam de onde?
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Os rios que passam,
os rios que descem,
j foram cantados
por muitos.
Os rios parados
na face do tempo,
porm mais velozes,
so rios.
Os seus afogados
jamais conseguiram
descer apressados
pra o mar.
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