Tese Escatena
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Tese Escatena
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Instituto de Fsica Teorica
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IFT Universidade Estadual Paulista
@l
TESE DE DOUTORADO
IFTD.004/12
Orientador
Agosto de 2012
When I heard the learnd astronomer,
When the proofs, the figures, were ranged in columns before me,
When I was shown the charts and diagrams, to add, divide, and measure them,
When I sitting heard the astronomer where he lectured with much applause in
the lecture-room,
How soon unaccountable I became tired and sick,
Till rising and gliding out I wanderd off by myself,
In the mystical moist night-air, and from time to time,
Lookd up in perfect silence at the stars.
i
Agradecimentos
Quatro anos e muito tempo para que um projeto como esse se desenvolva sem que sofra
imensas modicacoes, sejam elas por vontade propria, sejam por conta das equacoes
que assim quiseram. E por mais que eu queira dizer que este trabalho terminou, sei
que sempre que rele-lo vou querer alterar alguma coisa, um ndice trocado ou uma
discussao que poderia ter sido mais aprofundada. Por outro lado, essa incompletude
as minhas decisoes. Sou grato aos amigos que nao participaram diretamente deste tra-
balho, mas certamente contribuiram para a minha sanidade mental durante o processo
Fabio, Henrique, Linneu, Marcelo, Italo, Leandro, Nara, Mor, Rone, Claudio, Carol
e Max aos que, de alguma forma, contribuiram diretamente Rodrigo Turcati, Jef-
ferson Morais, Bruno Dias, Carlos Bonilla (pelas discussoes fsicas) e Tamara Prior
(pela revisao do texto na primeira versao) e, tambem, a Tamara West, que tem me
inspirado, incentivado e motivado cada vez mais.
tador, mostrou-se um grande amigo nesses mais de 6 anos em que trabalhamos juntos.
Por m, agradeco ao IFT pela oportunidade de desenvolver este trabalho e a CA-
PES, pelo apoio nanceiro.
ii
Resumo
Dois topicos importantes e atuais em teoria quantica de campos, a saber, Teorias com
Derivadas de Ordem mais Alta e Determinacao de Limites para a Massa do Foton,
sao considerados. Como prototipos para as teorias de ordem mais alta selecionamos a
Eletrodinamica de Lee e Wick e a Gravitacao Massiva em 3D. Ambas as teorias sao de
teoria de gravitacao com derivadas de ordem mais alta conhecida ate o momento cuja
versao linearizada e unitaria em nvel de arvore. Novas e interessantes propriedades
relativas as mencionadas teorias sao estudadas em detalhe. Finalmente, limites classicos
Massivo.
Areas de conhecimento: Teoria Quantica de Campos; Gravitacao.
iii
Abstract
Two important and current topics in quantum eld theory, namely, Higher-Derivative
Theories and Bounds on the Photon Mass, are considered. As prototypes for the
higher-order theories we have singled out Lee-Wick Finite Electrodynamics and Mas-
sive Gravity in 3D. Both theories are of special relevance to contemporary physics. The
former because it is the base on which the Lee-Wick Standard Model rests, while the
other is the only higher-order gravity theory known up to now whose linearized version
is tree-level unitary. Novel and interesting properties related to both theories are analy-
zed in detail. Finally, classical and quantum bounds on the photon mass are estimated.
iv
Sumario
Sumario vii
Introducao 1
Referencias Bibliogracas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
v
1.6.1 Mecanica quantica e o limite nao-relativstico da TQC . . . . . 38
1.6.2 Analise comparativa entre os potenciais de LW e Coulomb . . . 44
Referencias Bibliogracas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
2.1 Motivacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
2.2 O propagador da gravitacao massiva em (2+1)D . . . . . . . . . . . . . 56
2.2.1 Calculo de g, , R , R e R em primeira ordem em . . 57
2.2.2 Forma gama-gama da lagrangiana de Einstein . . . . . . . . . . 60
2.2.3 A forma bilinear da lagrangiana da 3DHDG . . . . . . . . . . . 61
2.7 Discussao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Referencias Bibliogracas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
vi
B.3 Solucao das equacoes de campo para uma partcula puntual . . . . . . 98
3.2 Combinando RG, QED Massiva e VLBI para limitar a massa do foton . 111
3.2.1 Calculo da lagrangiana de Interacao . . . . . . . . . . . . . . . . 112
3.3 Relacao entre massa, frequencia e parametro de deexao para o foton . 118
3.4 Encontrando limites gravitacionais superiores para a massa do foton . . 123
3.5 Discussao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
Eplogo 135
vii
Lista de Figuras
1.1 Partcula pesada de Lee e Wick decaindo em outras duas mais leves . . . . 23
1.2 Relacoes de dispersao para a eletrodinamica de LW. . . . . . . . . . . . 29
viii
Lista de Tabelas
ix
Introducao
Podemos dizer, em poucas palavras, que a teoria quantica de campos (QFT) nasceu
da necessidade da fusao da relatividade especial com a mecanica quantica (QM); em
ponto de vista da QFT, tratamento este por hora ainda desconhecido, devera reproduzir
a teoria da relatividade geral de Einstein no limite de baixas energias ou, de modo mais
repositorio de ferramentas que sao essenciais para a fsica nuclear e a fsica atomica,
bem como para a fsica da materia condensada e a astrofsica. Alem disso, esta teoria
tem permitido que se ediquem novas pontes entre a fsica e a matematica. Primitiva-
mente, a motivacao para o estudo da QFT jazia na esperanca de que ela viesse lancar
1
uma nova luz sobre nossa maneira de enxergar as partculas fundamentais da materia
e suas interacoes. De fato, uma estrutura que incorporava, por um lado, a QM (que
tinha sido tao bem sucedida no que tange a resolucao de um grande numero de pro-
blemas da fsica atomica no incio do seculo passado) e, por outro, a teoria de campos
com a QM. Esta teoria prediz, para citar apenas um dos seus sucessos, o momento
magnetico anomalo do eletron corretamente com onze casas decimais. Esta fantastica
A QFT tem tambem sido estudada sob o ponto de vista axiomatico. E crenca
geral que a axiomatizacao e uma especie de polimento, que e aplicado a uma area da
ciencia apos ela ter sido, no que concerne a todos os propositos praticos, completada.
para a sistematizacao dos resultados previamente obtidos, mas tambem para auxiliar
na descoberta de novos resultados. O signicado do termo axiomatizacao como em-
2
de vida um tanto quanto mais longo quando comparados com a maioria dos trabalhos
da moda em fsica das partculas elementares.
Durante as duas ultimas decadas a QFT passou a ser um topico cada vez mais dis-
cutido no ambito da losoa da fsica. Esta teoria constitui um topico muito atrativo
para os losofos sob o ponto de vista metodologico, semantico bem como ontologico. E
de causar especie, no entanto, que a discussao dos fundamentos conceituais do domnio
quantico tenha sido sempre primazia da QM e nao da QFT. De fato, a QFT e, num
certo sentido, muito mais abrangente que a QM, sendo tambem, ao contrario desta ul-
tima, relativisticamente invariante. Existem pelo menos duas razoes para se favorecer,
particular o problema da medida, ja tinham aparecido na QM, de modo que uma ana-
lise conceitual da QFT parecia ser redundante. Acreditava-se tambem que um exame
mais acurado da QFT so iria ajudar a obscurecer a visao de seus aspectos centrais,
ja que a QFT e muito mais complexa que a QM padrao, inclusive no que se refere as
diculdades matematicas. Uma segunda razao para se negligenciar a QFT se baseava
no argumento que ela nao tinha ainda atingido o status de teoria completa e consis-
tente. Alem disso, a inexistencia de uma teoria de gravitacao constitua tambem um
fator bastante agravante. Certamente, nao se pode negar que a incorporacao da quarta
forca fundamental (gravitacao) devera levar forcosamente a profundas modicacoes na
QFT como um todo; a versao corrente da QFT nada mais que uma teoria preliminar.
No entanto, se fossemos esperar por uma versao completa da QFT e bastante provavel
que uma analise losoca da mesma nao comecasse nunca. Na verdade, reexoes inter-
3
a losoa da QFT podem ser encontradas em [37].
Nosso objetivo neste trabalho e analisar no contexto da QFT dois topicos bastante
Cabe aqui uma indagacao simples e natural: Qual a razao que nos levou a sele-
cionar entre os inumeros e interessantes topicos que compoem a QFT precisamente
mas. Seria isto uma verdade incontestavel ou uma simples conjectura? Se um mito,
como desmitica-lo?; por outro, queramos encontrar limites para a massa do foton
que nao fossem baseados apenas em calculos de ordem grandeza, como sao em geral os
resultados encontrados na literatura, mas sim em resultados provenientes de calculos
4
em sua versao atual, e denida pela lagrangiana
1 1
L = F F F 2F ,
4 4m2
2R 2 2 3
L= g 2 + 2 2 R R2 ,
m2 8
onde m2 e um parametro com dimensao de massa. Propriedades interessantes deste
modelo, tais como a presenca de uma forca gravitacional de curto alcance no limite
contexto da QED Massiva [1518]. Estes resultados foram includos no PDG [19].
Encerramos o trabalho analisando a importante e interessante questao, ainda em
5
Referencias Bibliogracas
[1] L.H. Ryder, Quantum Field Theory, Cambridge University Press (1985).
[3] H. Brown and R. Harre, eds, Philosophical Foundations of Quantum Field Theory,
[4] T. Cao, ed, Conceptual Foundations of Quantum Field Theory, Cambridge Uni-
versity Press (1999).
[5] M. Redhead, Quantum Field Theory for Philosophers, in Asquith and Nickles,
eds., 1983, Proceedings of the Biennial meeting of the Philosophy of Science As-
[6] M. Redhead, A philosopher looks at quantum eld theory, in Brown and Harre
[7] M. Redhead, Some philosophical aspects of particle physics, Studies in history and
6
[8] T. Lee and G. Wick, Nucl. Phys. B 9, 209 (1969).
[10] A. Accioly and E. Scatena, Mod. Phys. Lett. A 25, 269 (2010).
[17] A. Accioly, J. Helayel-Neto and E. Scatena, Phys. Lett. A 374 3806 (2010). This
essay was awarded an honorable mention in the 2010 Essay Competition of the
Gravity Research Foundation.
[18] A. Accioly, J. Helayel-Neto and E. Scatena, Int. J. Mod. Phys. D 19 2393 (2010).
[19] J. Beringer et al. (Particle Data Group), Phys. Rev. D 86 010001 (2012).
7
Parte I
8
Lagrangianas de ordem superior foram estudadas inicialmente como uma mera cu-
riosidade matematica. No entanto, com o nascimento da Mecanica Quantica e a subse-
quente quantizacao dos campos, estes objetos passaram a serem utilizados como uma
especie de remedio que se acreditava ser ecaz para a cura dos males que aigiam
as teorias fsicas vigentes no nal decada de 40 do seculo passado. Podolsky [1], por
exemplo, deixa isto bem claro, quando apresenta suas razoes para a construcao de uma
teoria de Maxwell parece ser permitir que a lagrangiana do campo contenha termos
envolvendo derivadas dos campos E e B. Obtemos, entao, como equacoes de campo,
tornam importantes para as altas frequencias, nao sao tratadas de forma apropriada
pelas equacoes usuais de segunda ordem.
1 l2
L = F F + F F ,
4 2
9
candidatas a sanar problemas devidos aos efeitos de alta frequencia. Estes efeitos nada
mais sao que as divergencias geradas nos calculos de quantidades fsicas mensuraveis
pequenas.
No incio da decada de 50, no entanto, Pais e Uhlenbech [2] demonstraram que as
teorias de ordem superior eram assombradas por fantasmas. Apesar de tais teorias nao
terem sido descartadas por completo, o entusiasmo pelas mesmas arrefeceu.
No incio dos anos setenta o interesse pelas teorias de ordem superior recrudesceu
gracas aos trabalhos de Lee e Wick [3, 4] que procuraram contornar o problema da
nao-unitariedade da eletrodinamica por eles proposta via uma serie de procedimentos
lagrangiana que eles usaram em seu trabalho nao e exatamente a que hoje denominamos
lagrangiana de Lee e Wick. A lagrangiana proposta originalmente por eles era aquela
= A + iB ,
10
ostracismo que durou cerca de quase quatro decadas. Em 2008 esta eletrodinamica
voltou a ser alvo de intensas investigacoes em razao do Modelo Padrao de Lee e Wick
proposto por Grinstein, OConnell e Wise [5] ter utilizado a mesma como paradigma.
O interesse pela eletrodinamica de Lee e Wick, no entanto, ainda nao arrefeceu pois
acredita-se que um melhor conhecimento deste modelo venha lancar novas luzes sobre
o funcionamnto do Modelo Padao de Lee e Wick.
Por outro lado as teorias de gravitacao com derivadas de ordem mais alta foram
sugeridas por Weyl [6] e Eddington [7]. Estas teorias nada mais eram que simples gene-
ralizacoes da relatividade geral obtidas, grosso modo, acrescentando-se a lagrangiana
ao teorema da Gauss-Bonnet, somente era necessario considerar dois dos termos qua-
draticos acima mencionados. Assim sendo, as teorias de gravitacao de ordem superior
2 2 2
L= g R + R + R ,
2 2 2
onde 2 = 32G, sendo G a constante de Newton, e e sao parametros arbitrarios.
11
de spin 2. Em 1986, Antoniadis e Tomboulis [10] argumentaram que a presenca do
fantasma massivo de spin 2 no propagador nu era inconclusiva, ja que esta excitacao e
instavel. De acordo com eles, a posicao dos polos complexos no propagador vestido e
explicitamente dependente de gauge. Utilizando argumentos padroes de teoria quantica
de campos eles concluram que as teorias de gravitacao de ordem superior sao unitarias.
No ano seguinte Johnston [11] provou que as conjecturas de Antoniadis e Tomboulis
nao sao verdadeiras, uma vez que o par de polos complexos que aparece no propagador
re-somado sao independentes de gauge, implicando na nao-unitariedade das teorias de
gravitacao com derivadas de ordem mais alta.
Nos dois captulos que se seguem vamos discutir novas e interessantes propriedades
destas duas intrigantes teorias, a eletrodinamica de Lee e Wick e gravitacao massiva
em 3D, reservando o eplogo para a discussao sobre a possibilidade da unitariedade e
12
Referencias Bibliogracas
[6] H. Weyl, Space-Time- Matter Dover, New York (1952), Chap. IV.
[7] A. Eddington, The Mathematical Theory of Relativity, 2nd ed, Cambridge Univer-
[12] E. Bergshoe, O. Hohm, and P. Townsend, Phys. Rev. Lett. 102 201301 (2009).
13
Captulo 1
Explorando a Eletrodinamica Finita de Lee
e Wick
1.1 Motivacao
Lee e Wick (LW) propuseram uma teoria quantica para a eletrodinamica com o intuito
de entender a diferenca de massas dos mesons antes que a QCD se estabelecesse [1, 2].
Cerca de tres anos atras, as teorias do tipo LW foram redescobertas num outro contexto
quando Grinstein, OConnel e Wise introduziram teorias de gauge nao-Abelianas de LW
[3]. O modelo desenvolvido por eles, conhecido normalmente por Modelo Padrao LW
(MPLW), e naturalmente livre de divergencias quadraticas, fornecendo uma alternativa
14
um extenso corpo de literatura relacionada ao MPLW [416], o que claramente mostra o
interesse consideravel que este modelo tem despertado. Estudos fenomenologicos sobre
como uma especie de toy model para entendermos a dinamica mais complexa do MPLW.
De certo modo, este tipo de pesquisa e, mutatis mutandis, similar aquelas conduzidas
quantico para a massa da partcula pesada de LW sera estimado por meio do calculo do
momento magnetico anomalo do eletron, no contexto do citado modelo. O potencial
nao-relativstico para a interacao de dois fermions no contexto da QED de LW sera
calculado na Secao 1.6 por meio de uma poderosa abordagem baseada na fusao da
mecanica quantica com o limite nao-relativstico da teoria quantica de campos. Uma
15
analise comparativa entre os potenciais de LW e Coulomb e feita logo apos. Em seguida,
na Secao 1.7, fazemos uma breve discussao sobre a possibilidade da existencia de mo-
1 1
L = F F F 2F . (1.1)
4 4m2
Vamos mostrar que esta lagrangiana descreve (on-shell ) dois campos de spin-1 inde-
pendentes: um sem massa e outro massivo com normas positiva e negativa, respectiva-
mente. Para se alcancar este objetivo, e conveniente adotarmos uma nova formulacao
onde se introduz um campo auxiliar e o termo com derivadas de ordem mais alta
nao comparece. A teoria de campos com os campos vetoriais reais A e Z e com
lagrangiana [23]
1 1 m2 m2 m2
L = A 2Z + A Z
A A + A Z
Z Z , (1.2)
2 2 8 4 8
2 2
Z = A + 2
2A 2 A , (1.3)
m m
lente as equacoes de quarta ordem geradas a partir de (1.1). O sistema (1.2) separa-se
16
agora em duas lagrangianas, cada uma associada a um campo diferente, quando reali-
zamos a mudanca de variaveis
A = B + C , (1.4)
Z = B C . (1.5)
1 1 m2
L = B B + C C C C , (1.6)
4 4 2
que nada mais e que a diferenca entre a lagrangiana de Maxwell para B e a lagrangiana
de Proca para C .
Pode-se mostrar que a lagrangiana de LW pode tambem ser escrita como
1 1
L = F F + F F , (1.7)
4 2m2
ou, equivalentemente,
1 1
L = F F + F F . (1.8)
4 4m2
17
1 22 1 2
L = A
2+ 2 +
2 A . (1.9)
2 m m
No espaco dos momenta a equacao anterior toma a seguinte forma
1
L = A O A , (1.10)
2
onde
k4 2 1 k2
O
=
k k k
+ 2 . (1.11)
m2 m
k k
Expandindo o operador O em termos dos operadores = k kk2 e = k2
,
camos com
k4 2 k 2
O
= k
. (1.12)
m2
Com isso, a tarefa de encontrar o inverso do operador O(= A + B) se torna simples,
pois OO1 = I, onde I = + . Se O1 = C + D,
(A + B)(C + D) = AC + BD = + , (1.13)
1
ou seja, O1 = A
+ B1 .
M J D J
J2 J2
= + ,
k 2 k 2 m2
18
o que nos permite concluir, levando em conta que J 2 < 0 [2426], que os sinais dos
resduos de M nos polos k 2 = 0 e k 2 = m2 sao, respectivamente,
Vale a pena notar que o sinal errado da partcula pesada indica uma instabilidade
da teoria a nvel classico. Do ponto de vista quantico isto signica que a teoria e
nao-unitaria. Felizmente estas diculdades podem ser contornadas. Realmente, a ins-
tabilidade classica pode ser evitada impondo-se uma condicao de contorno no futuro de
modo a prevenir o crescimento exponencial de certos modos. No entanto, este proce-
dimento leva a violacao de causalidade no modelo [27]; esta acausalidade e suprimida,
por sua vez, em escalas inferiores aquelas associadas as partculas de LW. Por outro
lado, Lee e Wick argumentaram que apesar da presenca dos citados graus de liberdade
relacionados com uma norma nao positiva-denida no espaco de Hilbert, a teoria pode-
ria ser unitaria desde que as novas partculas obtivessem comprimentos de decaimento.
Nao existe uma prova geral da unitariedade em ordem de loop arbitrario para a eletro-
dinamica de LW; a despeito disto, nao existe ate agora nenhum exemplo conhecido de
violacao de unitariedade. Consequentemente, ate ordem em contrario, podemos consi-
leva a amplitudes que tem melhor comportamento ultravioleta e tornam nita a QED
logaritmicamente divergente.
Uma questao importante concernente a eletrodinamica de LW e se ela e ou nao re-
19
normalizavel. Em princpio, teorias vetoriais massivas nao sao renormalizaveis devido
a seu propagador livre nao se aproximar de zero assintoticamente como no caso sem
massa. Existem, contudo, duas importantes excecoes a esta regra: (i) teorias de gauge
com quebra espontanea de simetria e, (ii) teorias com bosons vetoriais massivos neutros
1 2 2 1 2 2 1
Lescalar =
2
m g 3 , (1.15)
2M 2 3!
onde e um campo escalar. O correspondente propagador pode ser escrito como
i
D (p) = p4
. (1.16)
p2 M2
m2
dade do modelo. Contudo, assim como zemos anteriormente, podemos escrever uma
lagrangiana equivalente a anterior utilizando dois campos reais e escalares e tais
20
que
1 1 1 1
Lequiv. = m2 2 2 + M 2 2 g 3 . (1.17)
2 2 2 3!
E imediato vericar que a equacao de campo para = M12 2 , quando substituda
em (1.17), recupera a lagrangiana em (1.15). Podemos interpretar melhor os campos
1 1 1 1 1
L = + M 2 2 m2 ( )2 g( )3 . (1.18)
2 2 2 2 3!
ser preservada se decair em outras partculas mais leves. Vejamos como isso pode ser
obtido reescrevendo a lagrangiana em (1.18).
21
1 2 1 2
2 (2 + m ) 2
m
T = e M= . (1.20)
1 2 1 2 2
2
m 2
(2 m +M )
Utilizando a transformacao
cosh sinh 0
= , (1.21)
sinh cosh 0
camos com
12 m2 (cosh sinh )2 1 2
2 m (cosh sinh )
2
1 2 2
+ 12 M 2 sinh cosh
+ 2 M sinh
0
LM = 0 0 .
0
1 2
2 m (cosh sinh )
2 12 m2 (cosh sinh )2
+ 12 M 2 sinh cosh + 12 M 2 cosh2
Isso implica em
2m2
tanh 2 = . (1.22)
2m2 M 2
Notamos que existe uma solucao para se garantirmos que M > 2m, de modo que
a partcula descrita por 0 decai em duas partculas do campo 0 . A lagrangiana em
1 1 1 1 1
L = 0 0 m0 2 20 0 0 + M02 20 (cosh sinh )3 g(0 0 )3 ,
2 2 2 2 3!
(1.23)
onde m0 e M0 sao as massas dos campos diagonalizados e a constante de acoplamento
22
a partir de [29]
1 n
d 3 pi
4 (4) 2
d = (2) (p pi ) |Mf i | , (1.24)
i
2Ep i=1
(2)3 (2Ei )
Figura 1.1: Partcula pesada de Lee e Wick decaindo em outras duas mais leves
23
para coordenadas esfericas, temos
2
1 g 2 p dp
= (M 2E)
2 8Ep E2
g 2 p
= , (1.26)
16M E E= M2
onde zemos uso de EdE = pdp e E1 = E2 = E, com |p1 | = p. Agora, lembrando que
p = E 2 m2 , obtemos prontamente
g 2 4m2
= 1 . (1.27)
32M M2
Como foi demonstrado por Cutkosky [30], uma modicacao apropriada do tra-
tamento perturbativo que nos permite escrever o propagador total para a partcula
i i 2 i
D = + (i(p )) + ...
p2 M 2 p2 M 2 p2 M 2
i
= 2 . (1.28)
p M 2 + (p2 )
i
D = , (1.29)
p2 M 2 iM
com dado por (1.27). Este sinal contrario faz com que a ressonancia pareca decair
antes que ela seja propriamente produzida, i.e., possui uma probabilidade dt de decair
no intervalo negativo de tempo dt, o que faz com que a teoria viole a microcausali-
dade. Pode-se pensar que tal comportamento acausal leve a paradoxos, mas se a matriz
S for unitaria, nao havera problemas: estados iniciais com partculas estaveis sao pre-
24
parados em e, como resultado, estados nais sao encontrados em +. A soma
das probabilidades para os estados nais e igual a um e, portanto, nao ha paradoxos.
M
ImM = g 2 . (1.30)
(p2 M 2 )2 + M 2 2
Assim, o sinal errado do propagador e compensado pelo sinal contrario do comprimento
de decaimento [3].
2
1 + 2 F = 0. (1.31)
m
Multiplicando ambos os lados da equacao por F , resulta
25
1
F F + F F = 0. (1.32)
m2
Podemos reescrever o primeiro termo da equacao anterior como se segue
1
F F = (F F ) ( F )F = (F F ) ( F F )F
2
1 1
= (F F ) ( F + F )F = (F F ) + ( F )F
2 2
1 1
= (F F ) + (F F ) = (F F + F F ),
4 4
F 2 F = (F 2F ) F 2F
1
= (F 2F ) ( F + F )2F
2
1
= (F 2F ) + F 2F
2
1 1
= (F 2F ) +
F 2F
F 2 F .
2 2
Porem,
1 1
F 2 F = F 2( F + F ) = F 2 F
2 2
= (F 2F ) F 2F = (F 2F ) + F ( F + F )
1
= ( F F ) + F F .
2
26
Com isso, o segundo termo em (1.32) se torna
1 1 1
F 2 F = 2 F 2F + (F 2F + F F ) + F 2F + F F .
m2 m 2
1 1
T = F F + F F + 2
F 2F + F F
4 2m
1
2 F 2F + F 2F + F F . (1.33)
m
No caso eletrostatico, as equacoes (1.33) e (1.34) nos dao a seguinte expressao para
a energia
1 1 2 2
3
E= E 2 ( E) + 2E E d x. (1.35)
2 m
Da identidade vetorial ( E) = ( E) 2 E, encontramos 2 E = ( E),
uma vez que E = 0. Alem disso, [( E)E] = E ( E) + ( E)2 e, entao,
1
se supormos que E E se anule no innito mais rapidamente que r2
, encontramos
1 1
E= [E2 + ( E)2 ]d3 x. (1.36)
2 m2
Conforme a equacao (1.49), o potencial eletrostatico para uma carga puntual pode
ser escrito como V (r) = e
4r
[1 emr ], o qual tende ao valor nito em
4
quando r se
27
campo eletrostatico devido a carga puntual em questao
e 1 mr 1
E(r) = e m r. (1.37)
4r r r
2
1 + 2 (2A A ) = 0, (1.38)
m
2
1 + 2 2A = 0, (1.39)
m
prontamente que
k2
1 2 k 2 = 0. (1.40)
m
Como k = (, k), podemos reescrever esta equacao como
2 2 k2
2
( k ) 1 = 0. (1.41)
m2
28
A equacao (1.41) admite duas classes de solucao. A primeira famlia e a das solucoes
usuais da eletrodinamica para as quais vale a relacao de dispersao = |k|. A outra
famlia satisfaz a relacao k2 = 2 m2 , que pode ser colocada na forma mais familiar
|k| = 2 P2 , (1.42)
pequeno [3234].
Examinando a equacao (1.42) vemos que |k| e real somente se > P . Se < P ,
|k| e um numero imaginario puro, tais modos nao se propagam e sao chamados de
Figura 1.2: Relacoes de dispersao para a eletrodinamica de LW. A linha contnua denota o
modo propagante e a linha tracejada representa a parte imaginaria do modo evanescente.
Vamos estimar na proxima secao um valor para m, o que nos permitira constatar que << 1.
29
Podemos agora determinar as velocidades de grupo e fase para os modos dispersivos
propagantes. A velocidade de grupo e dada por
|k|
vg = = , (1.43)
|k|
vp = . (1.44)
|k|
Analisando (1.43) e (1.44) conclumos que vg < 1 e vp > 1, o que concorda com a ideia
resolucao natural.
A equacao de movimento de Newton relativa a uma carga estendida no contexto do
modelo de Abraham-Lorentz e dada por [33]
4 2
me v e2 v = Fext , (1.45)
3 3
partcula, e Fext e a forca externa aplicada ao eletron. Supomos aqui que, no referencial
30
de repouso instantaneo da partcula, a distribuicao de carga e rgida e esfericamente
simetrica. Alem disso, supomos tambem a ausencia de massa mecanica. Evidentemente
a massa eletromagnetica entra com coeciente errado em (1.45). Por esta razao o fator
4/3 tem sido fonte de acirrados debates. Uma possvel sada para esta diculdade,
entre outras, e calcular a auto-forca que atua numa partcula puntiforme carregada
no contexto da eletrodinamica de LW em pequenas distancias. Neste caso a massa
classico do eletron [35, 36]. Consequentemente l < 1.4 1015 m, o que nos permite
concluir que m > 141M eV .
Nesta secao apresentaremos dois metodos para se determinar um limite sobre a massa
Vale a pena notar que o parametro l introduz uma escala natural de comprimento para
31
(1 + l2 2) F = j , (1.46)
F = 0, (1.47)
ores se reduzem a
(1 l2 2 )2 = , (1.48)
com E = .
No experimento de Plimpton e Lawton [37], por sua vez, foi medida uma diferenca
de potencial V entre uma esfera condutora de raio R2 carregada ate um potencial
(r) = G(r r )(r )d3 r , (1.49)
|rr |
1 1e l
onde G(r r ) = 4 |rr |
, e (r ) e a densidade de carga. Em coordenadas esfericas,
+1 r 2 +r 2 2rr cos
Q 1e l
(r) = d(cos ). (1.50)
8 1 r2 + r2 2rr cos
Fazendo u = r2 + r2 2rr cos , obtemos
r +r
Q
(1 e l )du,
u
(r) = (1.51)
8rr r r
32
de cargas e
Q r +r
l
r r
(r) = 2r + l e e l . (1.52)
8rr
Agora, de acordo com a Figura (1.3), supondo que a casca esferica externa seja
8R22 V0
Q= 2R , (1.53)
2
2R2 + l e l 1
o que nos da R +r
2 R2 r
V0 R2 2r + l e l e l
(r) = 2R . (1.54)
l2
2R2 + l e 1 r
33
Calculando a diferenca de potencial entre as esferas, encontramos
R +R R R
2l 1 2l 1
V (R2 ) (R1 ) R 2 2R 1 + l e e
=1 2R . (1.55)
V (R2 ) 2
2R2 + l e l 1 R1
R1 R2
Agora, levando em conta que tanto l
quanto l
sao >> 1, obtemos imediatamente
V l
. (1.56)
V 2R2
experimento, com uma sensibilidade de 1V . Os raios das duas esferas eram de 0.76m e
0.61m, respectivamente. Substituindo os parametros experimentais na equacao (1.56),
pontos medidos eram, grosso modo, maiores do que aquela utilizada no experimento
original. Agora, ja que o cuto l introduz uma escala de comprimento natural para a
eletrostatica, como ja comentamos, obviamente para uma dada precisao das medidas,
quanto maior for a distancia entre os pontos medidos, pior sera o limite obtido para o
103 M eV .
34
1.5.2 Um limite quantico sobre a massa da partcula pesada
de Lee e Wick
Levando em conta que a QED prediz o momento magnetico anomalo do eletron corre-
tamente ate a decima casa decimal, um limite quantico para a massa m da partcula
pesada de LW pode ser encontrado calculando-se o momento magnetico anomalo do
p
p k
q=p p
k
pk
p
Figura 1.4: Correcao de vertice para um eletron espalhado por um campo externo.
Utilizando (1.14) no calculo do diagrama apresentado na Fig. 1.4, pode ser mostrado
35
que
1 12 (2 + 3 )
F2 (0) = d1 d2 d3 (1 i ) , (1.57)
0 2 + 3 (2 + 3 )2 + 1
M2
onde m2
, sendo M a massa do eletron. Chamamos atencao ao fato de que o termo
2
2
k4m(k2km
k
2) 1+ m k
2 1 que aparece na Eq. (1.14) nao contribui para o fator de
forma F2 (0) porque o propagador sempre aparece acoplado a correntes conservadas.
1 11
1 1 (1 1 )
F2 (0) = d1 d2
0 0 1 1 (1 1 )2 + 1
1
12
= d1 .
0 1 + (1 1 )2
Agora,
x2 x 1 2 2
dx = ln x + x(1 2) +
x2 + x(1 2) + 2
1 + 22 4 A B
+ 2 ln ,
2 1 4 A + B
onde A 2x + 1 2, e B 1 4; entao
1 1 2 1 + 22 4 1 + 1 4
F2 (0) = + ln + 2 ln . (1.58)
22 2 1 4 1 1 4
Lembrando que 1, o que implica
36
1 + 22 4 1 2 + 54
,
22 1 4 22
1 + 1 4 2 203 354
ln 2 + 3 + + + ln , (1.59)
1 1 4 3 2
chegamos a conclusao de que
2 4
6
2 M 25 M M M
F2 (0) 1 2 + ln +O . (1.60)
2 3 m 12 m m m
O primeiro termo da equacao anterior e igual aquele calculado por Schwinger em 1948
[42]. Desde entao, F2 (0) tem sido calculado ate a ordem de 8 para a QED. O segundo
onde a incerteza vem, em sua maior parte, dos melhores valores para a constante de
Comparando o valor teorico predito pela QED com o valor experimental, vemos que
estes resultados concordam em 1 parte em 1011 . Consequentemente,
37
2
2 M
< 1011 .
3 m
Assim, um limite inferior para a partcula pesada hipotetizada por Lee e Wick e m
132 GeV.
O limite quantico que estimamos e extremamente conavel ja que foi obtido utili-
38
partculas). Por outro lado, no limite nao-relativstico, a secao de choque diferencial
d M 2
para a interacao entre estes fermions pode ser expressa como d = N.R. ,
C.M. 16M
1 1
U (r) = d3 kMN.R. eikr . (1.61)
4M (2)3
2
Esta formula nos permite construir um potencial tridimensional efetivo (para ser utili-
zado em conexao com a equacao de Schrodinger bem como na mecanica classica) uma
1 m2 1
L = F F + F F ( A )2 + (i/ M ) eA . (1.62)
4 2 2
Neste caso, o vertice fundamental descrito pelo termo de interacao na lagrangiana sera
39
dado por
= e . (1.63)
Considerando o caso de partculas com o mesmo spin nos estados iniciais e nais,
podemos escrever (x) como uma expansao em ondas planas e espinores como (x) =
u(p)eipx , tais que ur (p) us (p) = 2p rs . Partindo da lagrangiana para a interacao
Notemos que segundo termo do propagador nao contribuira para a amplitude, pois
40
e2 m2
M= u(p ) u(p)v(q) v(q ). (1.66)
k 2 (k 2 m2 )
p2 = E 2 p2 = M 2
1/2
2 2 1/2 p2
E = (M + p ) =M 1+ 2 , mas M 2 >> p2 , entao
M
1 p2
E M 1+ M.
2 M2
p q = p0 q 0 p q
= M 2 p q M 2.
p k = p (p k)2 = M 2
q + k = q (q + k)2 = M 2
(p k)2 = (q + k)2 ,
41
que se reduz a
q k = p k
(q + p) k = 0
(q0 + p0 )k0 = (q + p) k
(q + p) k
k0 = .
(q 0 + p0 )
(q + p) k
k0 = 0. (1.67)
ET
42
Como resultado,
4e2 m2 M 2
MN.R. = . (1.73)
k2 (k2 + m2 )
Resolvendo cada um dos termos como a parte real de uma integral no plano complexo,
obtemos
e2
U (r) = 2
( emr ) e,
(2) r
e2
U (r) = (1 emr ). (1.76)
4r
43
1.6.2 Analise comparativa entre os potenciais de LW e Cou-
lomb
e2 r
U (r) = 1 e l , (1.77)
4r
1
onde l m
, como vimos anteriormente.
Quando r
l
1, U se reduz ao potencial de Coulomb, como era de se esperar.
cial coulombiano (veja a Fig. 1.7). Observando a Figura 1.7, notamos que esta
distancia e 1017 m, uma ordem de magnitude maior do que o valor de l.
44
e2
Figura 1.7: O potencial U (em unidades de como funcao da distancia r. A linha
4 ),
pontilhada representa o potencial de Coulomb nas mesmas unidades.
(1 + l2 2) F = J , (1.78)
F = k , (1.79)
mente com duas equacoes para o campo magnetico, as quais possuem a familiar solucao
g
de monopolos de Dirac B = 4r 2
r, onde g e a carga magnetica. Utilizando os metodos
qg
usuais, recuperamos prontamente a condicao de quantizacao de Dirac 4
= n2 , onde q
45
e a carga eletrica e n e um inteiro.
Conseguimos, deste modo, encontrar um sistema consistente de equacoes do tipo
modelo eletromagnetico com derivadas mais altas? Uma boa tentativa nesta direcao
pode ser, por exemplo, o modelo denido pelas equacoes
(1 + l2 2) F = J , (1.80)
(1 + l2 2) F = k , (1.81)
ja que ele e simetrico sob transformacoes de dualidade. Vale a pena notar que (1 +
l2 2) F e identicamente nulo na ausencia de correntes magneticas. Vejamos se este
modelo admite solucoes do tipo monopolo. Para uma carga magnetica estatica de inten-
r/l
1e er/l
g
sidade g xa na origem, a solucao das equacoes anteriores e B = 4 r 2 lr
r,
a qual, para largas distancias, se reduz ao resultado de Dirac, como era de se esperar.
Nosso argumento, no entanto, e vericar se esta solucao descreve ou nao um monopolo
46
Para tanto, calculamos o uxo do campo magnetico radial atraves de uma superfcie
esferica S de raio r com um monopolo de intensidade g em seu centro. Realizando os
r
calculos, encontramos S B dS = g 1 1 + rl e l , o que implica que para r/l 1,
S
B dS 0. Agora, levando em conta que se B = A, S
B dS e nula, chegamos a
conclusao de que A pode existir em toda regiao sob consideracao. Portanto, esta e uma
solucao do tipo de Dirac; nao obstante, a carga magnetica correspondente nao obedece
g 1
a condicao de quantizacao de Dirac. De fato, para r/l 1, B 4l2 r
r, o que implica
que o campo magnetico decresce como 1/r em vez de 1/r3 . Este comportamento bizarro
do campo magnetico certamente nos impede de recuperar a condicao de quantizacao
de Dirac.
Um modo heurstico de ver isto e considerar o movimento de uma partcula de
lugar do domnio encerrado por S porque F satisfaz a equacao (1.81) inves de (1.79).
Infelizmente nao podemos superar esta diculdade por meio da introducao do conceito
g er/l
de uma corda assim como fez Dirac, ja que neste caso B (= 4 rl2
) nao se anula
em qualquer lugar do domnio em questao.
Esta analise nos leva a conjectura de que monopolos do tipo de Dirac e trans-
formacoes de dualidade nao podem ser acomodadas no contexto do mesmo modelo
eletromagnetico com derivadas de ordem mais alta [47].
47
1.8 Discussao
Como sabemos, cada campo no Modelo Padrao possui um parceiro de LW com uma
o problema da hierarquia, nao devem ser mais pesadas do que alguns TeV. De fato,
numa analise dos dados eletrofacos (assumindo que todas as massas de LW sao da
mesma ordem) encontramos que a escala de LW deve ser da ordem de 5 TeV [17]. Por
outro lado, o limite para a partcula pesada de LW que estimamos esta na escala de
GeV, o que implica que ela poderia, em princpio, ser determinada no LEP. Contudo,
temos que admitir que o cenario analisado, o qual permite esta estimativa na escala de
GeV, e tal que o termo de derivadas mais altas e adicionado ao foton depois que uma
Tal parametro pode ser resultado de uma dimensao extra maior e, assim, acomodaria
de modo mais natural o resultado de um foton massivo na escala de TeV, levando
48
associacao dos bosons Z0 e Z0 com o limite sobre o boson de gauge pesado de LW.
Para concluir, alem de reconsiderarmos a ja mencionada fsica envolvendo Z0 no
numa contrapartida gravitacional do modelo de LW. Isto nos permitiria relacionar di-
retamente o parametro de massa2 tpico do modelo de LW a alguma dimensao extra
maior e, neste contexto, tambem poderia se tornar mais claro a presenca de escalas de
massa da ordem de GeV e TeV para duas geracoes de gravitons pesados do tipo LW.
49
Referencias Bibliogracas
50
[13] B. Grinstein, D. OConnell, and M. Wise, Phys. Rev. D 77 065010 (2008).
[15] B. Fornal, B. Grinstein, and M. Wise, Phys. Lett. B 674 330 (2009).
[16] Yi-Fu Cai, T. Qiu, R. Brandenberger, and X. Zhang, Phys. Rev. D 80 023511
(2009).
51
[28] B. Grinstein, D. OConnell, and M. Wise, Phys. Rev. D 79 105019 (2009)
Press (2005).
[38] A. Accioly and E. Scatena, Mod. Phys. Lett. A 25, 269 (2010).
[39] Para uma revisao geral, veja, por exemplo, L.-C. Tu, J. Luo and G. Gilles, Rep.
Prog. Phys. 68, 77 (2005).
52
[42] J. Schwinger, Phys. Rev. 73 416 (1948).
[44] D. Hanneke, S. Fogwell, and G. Gabrielse, Phys. Rev. Lett. 100 120801 (2008).
[45] Para uma interessante discussao sobre manipulacoes de matrizes de Dirac e espi-
Xiv:1012.1045v2 [hep-th].
53
Captulo 2
Explorando a Gravitacao Massiva em 3D
2.1 Motivacao
De acordo com uma lenda fsica, teorias de campos baseadas em acoes com derivadas de
quarta ordem (ou maiores) implicam em estados de ghosts nao-fsicos de norma nega-
[1]; e mais, tal discussao so tem sido formulada dentro do contexto da quantizacao cano-
54
nica [2]. Nao obstante, e notavel que dentre estas teorias hbridas exista uma classe de
modelos livres de ghosts em nvel de arvore. A primeira vista, parece que modelos de
curvatura pura, i.e., sistemas de gravitacao de quarta ordem com lagrangianas do tipo
R + R2 , pertencem a esta elite privilegiada. Na verdade, estes sistemas sao confor-
alias, esta prova foi revista em [13]. Podemos tambem nos convencer da ausencia de
ghosts no modelo linearizado de BHT por meio de uma analise canonica [14]. O modelo
de BHT, e claro, viola tal folclore ja que e um exemplo de um sistema de quarta ordem
1. Explorar algumas propriedades interessantes deste notavel modelo que nao possui
55
vitacao com derivadas de ordem superior e apresentado na Secao. 2.2, enquanto na
Secao. 2.3 demonstramos como a condicao de preservacao da unitariedade do modelo
das Secoes 2.4 e 2.5. Finalmente, na Secao 2.7, apresentamos alguns comentarios e
observacoes.
A gravitacao massiva em 3D, a qual e tambem conhecida como nova gravitacao mas-
siva e, na verdade, um caso particular da teoria tridimensional mais geral obtida
aumentando-se a gravidade planar com o termo de EH com o sinal errado por meio
de componentes [15], a lagrangiana para esta teoria generica pode ser escrita como
56
2 2 2
L= g 2 R + R + R , (2.1)
2 2
[] = 12 e [] = [] = 1, em unidades naturais.
2.2.1 Calculo de g, , R , R e R em primeira ordem
em
a densidade escalar g
g = + h , (2.2)
g = h + 2 h h + ... . (2.3)
Denindo g det g e utilizando a relacao det A = etr ln A podemos calcular g da
seguinte forma
1/2
g = (det g )1/2 = exp tr ln g (2.4)
57
Como << 1, podemos expandir ln ( + h ), obtendo
% 2 &1/2
g = exp tr(h h h + ...) (2.7)
2
1 2
= exp (h h h + ...) (2.8)
2 2
1 2 1 2
= 1 + ( h h h + ...) + ( h h h + ...)2 + ... . (2.9)
2 4 2 2 4
2 2
g = 1 + h + h2 h h + ... . (2.10)
2 8 4
Smbolos de Christoel
1
= g (g, + g, g, ). (2.11)
2
Substituindo a metrica da aproximacao de campo fraco (2.2), obtemos, em primeira
ordem em ,
= [h + h , h, ]. (2.12)
2 ,
Tensor de Riemman
1
R = (g, + g, g, g, ). (2.13)
2
58
Novamente, utilizando (2.2), camos com:
R = (h, + h, h, h, ). (2.14)
2
Tensor de Ricci
R = g R (2.15)
= (h, + h, h, h, ) (2.16)
2
= 2h (, + , ) , (2.17)
2
onde zemos
1
= h h, h h . (2.18)
2
Escalar de Curvatura
R = g R (2.19)
= 2h (, + , ) (2.20)
2
1
= 2h , , (2.21)
2
59
2.2.2 Forma gama-gama da lagrangiana de Einstein
2R 2
S1 = d x g 2 = d3 x g 2 g R ,
3
(2.22)
onde = 32G. O tensor R pode ser escrito como
R = , + , + . (2.23)
H gg , (2.24)
H R = [H ], + H , + [H ], H ,
H ( ). (2.25)
H ; = H , + H + H H = 0, (2.26)
e encontramos
H , = H H H . (2.27)
60
2
S1 = 2 d3 x gg + , (2.28)
a qual so possui produtos de s.
seguinte forma
1
L = h O, h . (2.29)
2
Assim, invertendo o operador O, encontramos o propagador. De modo a facilitar o
trabalho, vamos separar a lagrangiana em quatro termos distintos, L = L1 + L2 + L3 +
Lgf , com
2
L1 = gR (2.30)
2
2
L2 = gR (2.31)
2
2
L3 = gR (2.32)
2
1 , 1 2
Lgf = h h, . (2.33)
2 2
Vamos agora reescrever cada uma das lagrangianas como funcoes explcitas de h .
Calculo de L1
61
Como vimos na secao anterior, podemos escrever L1 na forma gama-gama, ou seja
2 2
L1 = gR = ( g)g (
+
)
2 2
%
2 1
= 2 ( g)g g (g, + g, g, )g (g, + g, g, )
4 &
+ g (g, + g, g, )g (g, + g, g, ) .
1 %
L1 = ( g)g [(h, + h , h, )(h , + h, h, )
2 &
+ (h, + h , h, )(h , + h , h, )] ,
1
L1 = h + ( 2 2) h .
(2.34)
2
1 1
L1 = h ( + + + ) + ( + )
2 2
1
+ ( 2 + 2) 2 h .
2
1 1
L1 = h (k k + k k + k k + k k ) ( k k + k k )
2 2
k 2
( + ) + k 2 h . (2.35)
2
62
Calculo de L2
Utilizando (2.21) e (2.10), podemos reescrever L2 como
2 2 1 1 2
L2 = gR = g 2h (h h)
2 2 2 2
2
= h 2 2 + 22 h .
2
1
2
L2 = h ( + )2 + 22 h ,
(2.36)
2
1
L2 = h 2 k k k k k 2 ( k k + k k ) + k 4 h . (2.37)
2
Calculo de L3
2 % 1 1 &2
L3 = gR = 2 2h (h h) + (h h) ,
2 8 2 2
2
L3 = h 2 2 2+ 22+ 22 2 2 h ,
8
2 1
L3 = h 2 ( + + + )2
8 2
1
+ ( + )22 + 22 ( + )2 h .
2
63
Assim, reescrevendo no espaco dos momenta, obtemos
1 2 k 2
L3 = h 2k k k k ( k k + k k + k k + kk )
2 4 2
k 4
+ ( + ) + k 4 k 2 ( k k + k k ) h . (2.38)
2
Calculo de Lgf
Como vimos, no gauge de De Donder, a lagrangiana xadora de gauge e escrita como
1 , 1 2
Lgf = h h,
2 2
1 1
= h + 2 h ,
2 4
1 1 1
Lgf = h ( + + + ) + ( + )
2 4 2
1
2 h .
4
1 1
Lgf = h (k k + k k + k k + k k )
2 4
1 k2
(k k + k k ) + h . (2.39)
2 4
Em termos dos operadores de Barnes-Rivers [16, 17] (veja o Apendice A), o operador
64
O na equacao (2.29) se torna
k 2 % (1) 1
O, = k 2 P (0s) P 2 + P + P (0s) + P (0w)
, 2 2
&
2 (0sw)
P + P (0ws) + 22 k 4 P (0s)
2 ,
2 k 4 (2)
+ P + 3P (0s) , . (2.40)
4
4 4
onde M22 = 2
(> 0), M02 = 2 (8+3) (> 0), e e um parametro de gauge. No-
tamos claramente que o sistema 3DHDG e nao-unitario, mesmo em nvel de arvore.
Chamamos atencao ao fato de que o propagador acima e um caso especial daquele
tambem ser obtido por meio do propagador relacionado a gravitacao 3D com o sinal
errado aumentado por um termo de Chern-Simons [1921].
65
BHT. Para tanto, faremos uso dum procedimento padrao que transforma a tarefa de
checar a unitariedade em nvel de arvore de um dado modelo, o que geralmente e um
trabalho exaustivo, num simples exerccio algebrico [22]. A prescricao consiste basica-
mente em saturar o propagador com correntes externas conservadas, compatveis com
1 1 1 2 1 2 1 1 1 1 2
PS = 2 2
T T + 2+ 2 2
T , (2.42)
k 2 k m2 2 k k m0 2
1
> 0, < 0. (2.43)
8 + 3
Por outro lado, os resduos do PS nos polos k 2 = m22 , k 2 = 0, and k 2 = m20 sao,
respectivamente
1 2
2
Res(PS) |k2 =m2 = T T |k2 =m2 , (2.44)
2
2 2
Res(PS) |k2 =0 = T 2 T
2
|k2 =0 , (2.45)
1
Res(PS) |k2 =m2 = T 2 |k2 =m2 . (2.46)
0 2 0
66
sao de que: (i)Res(PS) |k2 =m2 > 0 implica em > 0 e < 0 e, (ii) Res(PS) |k2 =0 = 0.
2
Consequentemente, nao precisamos nos preocupar com estes polos; o problema aparece
em k 2 = m20 ja que Res(PS) |k2 =m2 < 0. Um modo de contornar esta situacao e con-
0
2R 2 3
L= g 2 + R R2 , (2.47)
2 8
4
e livre de ghosts em nvel de arvore. Por conveniencia, substituindo por 2 m22
, onde
2R 2 2 3
L= g 2 + 2 2 R R2 , (2.48)
m2 8
que e exatamente a densidade de lagrangiana do modelo BHT.
Este sistema, como ja comentamos, e unitario em nvel de arvore. Nao obstante, nao
esta claro se esta razao entre e sobrevivera a renormalizacao em loops arbitrarios,
como advindas da troca de quanta. E notavel que estes dois conceitos possam ser
mesclados para partculas que se movam lentamente, se nos restringirmos a processos
67
de ordem mais baixa. De fato, de acordo com a aproximacao de Born, a secao de
choque diferencial que concerne, por exemplo, o espalhamento de dois bosons escalares
d m 2
= 4 ei(p p) U (r)d2 r , onde p e p sao,
de mesma massa m e dada por d CM
secao de choque para a interacao dos dois citados bosons via troca de gravitons pode ser
d 2
expressa como d CM
= M NR
16m
, onde MNR e o limite nao-relativstico da amplitude
1 1
U (r) = d2 kMNR eikr , (2.49)
4m (2)2
2
68
encontramos
m2 2
Lint. = h +
2 2
1 2 2
Lint. = h m . (2.52)
2 2
1
(p, p ) = p p + p p (p p + m2 ) , (2.53)
2
onde supomos que os momenta estao entrando, e multiplicamos por um fator 2, ja que
69
onde o propagador e dado por
2 (1) m22 (2) 1 (0s) 2 (0sw)
P = P + P + P + P + P ows
k2 k 2 (k 2 m22 ) k2 k2
4 2
+ 2
+ 2 P (0w) , (2.55)
k k
1 2% 1 1
A = (p q)(p q ) + (p q )(p q) 2 (q q )(m2 p p )2 2 (p p )(m2 q q )2
2 k k
1
+ 2 [(p q) (p q ) (p q) + (p q )] (m2 p p )(m2 q q ) (p p )(q q )
k
1 &
+ 4 (m2 p p )2 (m2 q q )2 , (2.56)
k
1 2 1
B = (p p )(q q ) + (q q )(m2 p p ) + (p p )(m2 q q ) + 2 (q q )(m2 p p )2
2 k
1 1
+ 2 (p p )(m2 q q )2 + (m2 q q )(m2 p p ) + 2 (m2 q q )(m2 p p )2
k k
1 1
+ 2 (m2 q q )2 (m2 p p ) + 4 (m2 p p )2 (m2 q q )2 . (2.57)
k k
1 m4
MNR = 2 2 . (2.58)
2 k + m22
70
U (r) = 2m2 GK0 (m2 r), (2.59)
onde K0 e a funcao de Bessel modicada de ordem zero. Note que K0 (x) se comporta
1
como -lnx na origem e como x 2 ex assintoticamente. O potencial nao-relativstico,
Assim como o potencial newtoniano, VNewt (r) = 2mG ln rr0 (onde r0 e um regula-
V (r) 0 conforme r .
Por outro lado, no limite nao-relativstico, uma partcula teste de massa mtest se
movendo num campo gravitacional fraco experiencia uma forca F(r) = mtest V (r).
Agora, levando a Eq. (2.60) em conta, encontramos que F(r) = F (r)r, com
71
d
dx
[xK1 (x)] = xK0 (x) chegamos a conclusao de que F(r) e sempre atrativa (veja a
Fig. 2.2). Esta forca gravitacional de curto alcance nao existe no contexto da relativi-
e bem assim na pratica. Na verdade, um raio de luz sofre uma deexao que e propor-
cional a fonte de massa; alem disso, o encurvamento e independente do parametro de
impacto. Isto pode ser mostrado facilmente no caso de uma partcula puntual massiva
72
e dada por
danca de coordenadas
73
o raio de luz se propagando na regiao plana do espaco-tempo em torno da partcula
puntual sente a curvatura do espaco-tempo, a qual e restrita a partcula puntual massiva
[25, 26]. Como veremos em seguida, estes estranhos efeitos geometricos nao acontecem
na gravitacao da 3DHDG. Neste sentido, vamos calcular a deexao gravitacional de
um raio de luz no ambito do modelo de BHT. Para tanto, temos que calcular antes as
equacoes de campos linearizadas relacionadas ao sistema de BHT.
As equacoes de campos concernentes a densidade de lagrangiana
2R 2 2 3
L= g 2 + 2 2 R R2 LM , (2.63)
m2 8
onde LM e a densidade de lagrangiana para a materia, sao
1 1 2 1 1 3 2 3
G + 2 R g R 2R R g 2R + 2R R g + RR
m2 2 4 4 16 4
2
= T , (2.64)
4
2 1 (lin) 1 T
1+ 2 2h + R + + = T , (2.65)
m2 2 4 2 4 2
1
2 R(lin)
onde R(lin) = 2
2h
, , 1+ m22
+ 4m22
, h 12 . Note
74
Analogamente ao trabalho de Teyssandier em gravitacao com derivadas mais alta
em 4D [27], pode ser demonstrado que e sempre possvel encontrar um sistema de
h = h(E)
, (2.66)
(E)
onde h e a solucao da equacao de Einstein linearizada no gauge de De Donder, i.e.,
2h(E)
=
(E)
(T n T ), = 0, (2.67)
2
(E) (E)
onde h 12 h(E) , enquanto satisfaz a equacao
1
(2 + m22 ) = (T T ). (2.68)
2 2
(E)
E importante notar que, precisamente neste gauge, as equacoes para e h sao
Resolvendo as Eqs. (2.67) e (2.68) para uma partcula puntual de massa m locali-
zada em r = 0, encontramos
m
h00 = K0 (m2 r) (2.69)
8
m r
h11 = h22 = K0 (m2 r) + 2 ln . (2.70)
8 r0
75
Note que para m2 , a solucao acima reproduz a solucao da equacao de Einstein
em tres dimensoes no gauge de De Donder com o sinal errado, como era de se esperar.
Agora estamos prontos para discutir a deexao de um foton devido ao campo gra-
vitacional gerado por uma massa m. Suponhamos um foton com momentum p vindo
m x
dada por
p = p h dx , (2.71)
2
dx dx1 , dx1 , 0 , p p1 , p1 , 0 .
76
p2 = p1 y [h00 + h11 ]dx1 , (2.72)
2
d r
p2 = p1 (h00 + h11 ) dx. (2.73)
2 dr y y=b
como
bm2 1 m 2 K 1 m 2 x2 + b 2
p2 = p
4 0 x2 + b2
1
dx.
x2 + b2
e
z
K+ 1 (z) = e ,
2 2z
encontramos prontamente
2 mp1
p2 = 1 + em2 b . (2.74)
8
77
py
Chamando de = px o valor absoluto do angulo de deexao, chegamos a
conclusao de que
= 4Gm 1 em2 b . (2.75)
Um calculo similar aquele da Secao 2.4 leva a seguinte expressao para a energia poten-
cial
78
U (r) = 2GM 2 K0 (M0 r) K0 (M2 r) . (2.76)
Ao contrario do potencial newtoniano, UNewt (r) = 2GM 2 ln rr0 , o qual possui uma
innito. Curiosamente, ele descreve tres possveis regimes gravitacionais. Assim, de-
pendendo da escolha dos parametros na acao, podemos obter regimes de gravitacao
(M2 < M0 ), anti-gravitacao (M0 < M2 ) ou blindagem gravitacional (M0 = M2 ).
titativo seja muito similar, mutatis mutandis, aquele encontrado por Jacobs e Rebbi
por meio de um estudo computacional aproximado do potencial de dois vortices [29].
De fato, calculando a energia de interacao entre dois vortices, na teoria de Ginzburg-
79
acoplamento da materia e o acoplamento eletromagnetico, eles mostraram que o po-
tencial entre os vortices e atrativo para < 1 e repulsivo para > 1. Eles tambem
Um procedimento analogo aquele empregado na Secao 2.5 fornece a solucao geral para
as equacoes de campo linearizadas, relacionadas ao modelo 3DHDG, geradas por uma
m
h00 = K0 (M0 r) K0 (M2 r) , (2.77)
8
m r
hii = K0 (M0 r) K0 (M2 r) 2 ln . (2.78)
8 r0
= 4Gm 1 eM2 b . (2.79)
Notem que a excitacao escalar de massa M0 nao contribui em nada para o desvio
da luz. Isso se deve ao fato de que a metrica que diz respeito a gravitacao R +
R2 linearizada com o termo de EH com o sinal errado a teoria obtida atraves da
linearizacao das equacoes de campos relacionadas a acao d3 x g 22 R + 2 R2 LM
e conformemente relacionada aquela versao 3D linearizada da relatividade geral com
o sinal errado. Alias, chamando a solucao da gravitacao R + R2 linearizada com o sinal
80
(R+R2 )
errado de g , obtemos prontamente
(R+R 2) 2)
g + h(R+R
= (1 ) h(E)
(E)
= (1 )g ,
(E)
onde, e claro, termos de ordem 2 foram descartados. Aqui, h e possuem o mesmo
(E)
sentido que na Secao 2.5, enquanto g e a solucao para a gravitacao 3D de Einstein
linearizada com o sinal errado. Esta e a razao pela qual as expressoes (2.75) e (2.79),
com as devidas mudancas, sao tao similares.
Agora estamos prontos para realizar uma analise comparativa entre estes dois resultados
obtidos para o sistema 3DHDG e os correspondentes previstos pelo modelo BHT, de
cial de BHT vem do potencial da 3DHDG com M2 < M0 (veja a Fig. 2.5). Examinando
o diagrama mostrado na Fig. 2.5, podemos ver claramente que conforme M0 se torna
cada vez maior, o potencial da 3DHDG rapidamente se aproxima do potencial de BHT
ate que, eventualmente, eles se fundem. Portanto, para chegar ao potencial de BHT
partindo da 3DHDG, este ultimo deve necessariamente se tornar singular na origem, o
81
em nvel de arvore e a existencia de uma singularidade no potencial estao, de algum
modo, relacionadas.
Figura 2.5: Energia potencial gravitacional para os modelos 3DHDG com M2 < M0 (linha
contnua) e BHT (linha pontilhada).
Vamos agora melhorar a nossa discussao sobre o desvio da luz no contexto do modelo
BHT. Na Secao 2.5, chegamos a conclusao de que o angulo de deexao gravitacional
que uma das razoes para realizar uma pesquisa em gravitacao tridimensional e que a
gravitacao 3D possui uma relevancia fsica direta para modelar fenomenos que estao,
na verdade, dinamicamente connados a uma dimensionalidade menor. De fato, a
signica que a resposta para a nossa questao inicial pode ser encontrada analisando a
82
deexao gravitacional em um modelo 4D analogo, de certa maneira, ao modelo BHT,
ou seja, a gravitacao com derivadas de ordem mais alta em 4D com o sinal errado,
2R 2 2
L= g 2 + R + R .
2 2
= 4G 1 eM 2 b ,
2
onde e a densidade de energia da corda, e M 2 24 (> 0). Se levarmos em conta que
|| = 1060 encontramos imediatamente M2 103 cm1 [30, 31]. Como consequencia,
para distancias longe da corda, o angulo de deexao ( G) e pequeno, como era de
unicacao de 1016 GeV [26]. Como resultado, apenas para fotons passando muito
proximos a corda cosmica a deexao da luz ira diferir signicativamente do valor usual
previsto pela gravitacao com derivadas de ordem mais alta em 4D com o sinal errado.
A mesma conclusao, com as mudancas apropriadas, se aplicam ao modelo BHT.
2.7 Discussao
83
metrica do espaco tempo e localmente determinada pelas fontes. Consequentemente, a
descricao de fenomenos gravitacionais via gravitacao 3D nos leva a alguns resultados
Nao obstante, como ja discutimos, estes estranhos fenomenos nao existem no con-
texto do modelo BHT. Alias, neste contexto, forcas gravitacionais de curto alcance sao
exercidas sobre partculas se movendo lentamente; alem disso, o desvio da luz depende
do parametro de impacto, como deveria. Em outras palavras, as idiossincrasias da
direcao. Este tipo de pesquisa conduzida em dimensoes menores certamente nos ajuda
a compreender melhor algumas difceis questoes conceituais, as quais estao presentes e
modelo BHT consistem de uma equacao massiva (tensorial) do tipo Klein-Gordon com
uma fonte de curvatura quadratica e uma equacao de vnculo; e mais, para espaco-
84
como as razes da equacao massiva do tipo Klein-Gordon, as quais permitiriam ma-
pear todas as solucoes do tipo D e N da TMG naquelas do modelo BHT. Chamamos
85
Referencias Bibliogracas
[1] K. Stelle, Phys. Rev. D 16 953 (1977); Gen. Relativ. Gravit. 9 353 (1978).
[4] E. Bergshoe, O. Hohm, and P. Townsend, Phys. Rev. Lett. 102 201301 (2009).
[5] E. Bergshoe, O. Hohm, and P. Townsend, Phys. Rev. D79 124042 (2009).
[7] E. Bergshoe, O. Hohm, and P. Townsend, Annals Phys. 325 1118 (2010).
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86
[13] E. Bergshoe, O. Hohm, and P. Townsend, Journal of Physics: Conference Series
229 012005 (2010).
83 104005 (2011).
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87
[27] P. Teyssandier, Class. Quantum Grav. 6 219 (1989).
[28] I. Gradshteyn and I. Ryzhic, Table of Integrals, and Products (Academic Press,
[32] S. Deser, R. Jackiw, and S. Templeton, Phys. Rev. Lett. 48 975 (1982); Ann. Phys.
[33] A. Accioly, A. Azeredo, H. Mukay, and E. R. Neto, Prog. Theor. Phys. 104 103
(2000).
88
Apendice A
Uma prescricao para o calculo do
propagador do graviton, e uma lista de
algumas identidades que facilitam
enormemente esta tarefa
89
(2) 1
P, = ( + ), (A.1)
2
(1) 1
P, = ( + + + ), (A.2)
2
(0s) 1
P, = , (A.3)
2
(0w)
P, = , (A.4)
(0sw) 1
P, = , (A.5)
2
(0ws) 1
P, = , (A.6)
2
k k k k
onde k2
and k2
sao, respectivamente, os projetores transversais
90
1
P (2) + P (1) + P (0s) + P (0w) , = ( + ),
2
(0s) (0w)
(0sw) (0ws)
2P +P + 2(P +P ) = ,
,
1
2P (1) + 4P (0w)
,
= 2 ( k k + k k + k k + k k ),
k
1
2P (0w) + 2(P (0sw) + P (0ws) ) = 2 ( k k + k k ),
, k
(0w) 1
P, = 4 (k k k k ).
k
1 (1) 1 (2) 1
1
O = P + P + xw P (0s) + xs P (0w)
x1 x2 xs xw xsw xws
xsw P (0sw) xws P (0ws) . (A.7)
91
Apendice B
Equacoes de campo do modelo BHT e o
gauge de Teyssandier
3 3 2R 2 2 3 2
S= d xL = dx g 2 + 2 2 R R LM , (B.1)
m2 8
onde LM e a densidade de lagrangiana para a materia, podem ser encontradas por meio
(i) Variacao de R
Num sistema geodesico, R = , + , , onde a quantidade , i.e.,
o smbolo de Christoel, e denido como = 12 g [g, + g, g, ]. Por-
tanto, temos
1
R = + , = g = [ g + g g ] .
2
92
Como consequencia, obtemos
1
R = g ( ) g + g ( g g )
2
+ g g . (B.2)
(ii) Variacao de R
Claramente,
R = R
1
= g g + g ( ) g + 2g , (B.3)
2
onde ( ) 12 ( + ).
(iii) Variacao de R
R = R g g + g 2g .
R = [R + g 2] g . (B.4)
(iv) Variacao ded3 x gR
Notando que g = 12 gg g , obtemos
3 g R
3
d xR g = dx g R
g + d3 x gg 2g
2
d3 x g g . (B.5)
93
Contudo,
3 3
d x gg 2g =
d gg g ,
e d x g g =
d gg g .
(v) Variacao de d3 x gR2
2
(vi) Variacao de d3 x gR
Temos
3 3 2 g
2
d x gR R
= dx gR g + d3 x g2R R
d3 x g2R R g .
1 1
R = R + R R R R , R = R
2 2
94
Consequentemente,
3
d x g2R R =
d3 x g R 2R R
g
+ 2R R + 2R + 2R g . (B.8)
2
Agora, de posse das equacoes de campo para o modelo BHT, podemos encontrar as
equacoes linearizadas. Desprezando os termos quadraticos em R e R , alem dos pro-
95
2 22 lin 1 2 2 1 1
+ 2 2 R + 2 2 Rlin R lin
= T , (B.12)
2 m2 2 2 m2 22 m22 2
lin
R = 2 h , + , (B.13)
2 2
Rlin = 2h , e (B.14)
2
1
= h h. (B.15)
2
e, tirando o traco,
1 2 22 1 T
2
+ 2 2 Rlin + 2 2 2Rlin = ,
2 m2 m2 2
Se zermos
2 1
1+ 2 + Rlin , (B.18)
m2 4m22
96
a equacao (B.17) ca numa forma mais compacta
2 1 1 lin 1 1
1+ 2 2h + R + ( + ) =
T T .
m2 2 4 2 4 2
(B.19)
A grande vantagem de se reescrever a equacao (B.17) na forma apresentada em
com
1 1 lin
2 2h + R . (B.21)
m2 2
Ou ainda, utilizando a denicao acima,
1 1
2+ m22 = 2 2h + Rlin = T T . (B.22)
2 2 2
Note que e possvel eliminar o termo em Rlin em (B.22) se tomarmos o traco de (B.19)
e o somarmos a derivada de (B.18). Rearranjando os termos e utilizando a denicao
1
(B.14), encontramos 4 Rlin = 8 T . Substituindo em (B.22), camos com
1
2 2h T = T T ,
4 2 2
ou ainda
2 (h ) = (T T ) . (B.23)
2
97
Contudo, a solucao das equacoes de Einstein no gauge de De Donder e dada por
2h(E) (E)
= (T T ) , com = 0, (B.24)
2
h = h(E)
. (B.25)
De posse das equacoes de campo (B.21) e (B.24), podemos encontrar uma solucao geral
para h , dado por (B.25). Para tanto, consideremos uma partcula puntual de massa
M em r = 0, descrita por
T = 0 0 M 2 (0)e (B.26)
98
nos dando
M
ij (k) = 00 (k) = . (B.30)
4 (k2 + m22 )
Resolvendo para 00 (r), por exemplo,
+ + 2
d2 k dk M
00 (r) = (k)e
2 00
ikr
= 2
2 + m2 )
eikr
(2) (2) 4 (k 2
2
1 + M
= dkk 2 deikr cos
(2)2 4 0 k + m22 0
1 + M M
= dkk 2 J (kr) =
2 0
K0 (rm2 ).
(2) 4 0 k + m2 8
M
00 (r) = ii (r) = K0 (rm2 ). (B.31)
8
h(E)
= (T T )
2
M
h(E)
= 2 (0 0 ) . (B.32)
2
(E) (E)
Notamos que a componente h00 e nula, enquanto que, para hii , temos
+ +
2 (E) M
d kk2 hii eikr = d2 keikr , (B.33)
2
e entao
(E) M
hii (k) = . (B.34)
2k2
Resolvendo a integral acima do mesmo modo que a anterior, encontramos
(E) M
hii = lim K0 (r), (B.35)
4 0
99
1
que, nos da, para ,
r0
(E) M r
hii = ln , (B.36)
4 r0
onde r0 e um regulador.
M
h00 = K0 (rm2 ) (B.37)
8
M r
hii = 2 ln + K0 (rm2 ) . (B.38)
8 r0
100
Apendice C
Um resultado util para checar a
unitariedade de um modelo generico de
gravitacao em 3D
2 1
(T T 2 )|k2 =m2 > 0 and (T 2
T 2 )|k2 =0 = 0.
2
Aqui T (= T ) e a corrente externa conservada.
T = Ak k + B k k + C + Dk ( k ) + Ek ( ) + F k ( ) ,
onde a( b) 21 (a b + b a ).
A conservacao das correntes impoe as seguintes restricoes sobre os coecientes A,
101
B, D, E e F :
D 2
Ak 2 + (k + k2 ) = 0 (C.1)
2 0
D
B(k02 + k2 ) + k 2 = 0 (C.2)
2
Ek 2 + F (k02 + k2 ) = 0 (C.3)
Das Eqs. (B1) e (B2), obtemos Ak 4 + B(k02 + k2 )2 , enquanto a Eq. (B3) implica
que E 2 > F 2 . Por outro lado, saturando os ndices de T com momenta k , chegamos
mos
2
2 1 k 2 (A B) C k2
T T2 = + (E 2 F 2 ),
2 2 2 2
2 2 1
T T2 = k 2 2
(E F ) 2C(A B) . (C.5)
2
Portanto,
2 1
(T T 2 )|k2 =m2 > 0 e (T
2
T 2 )|k2 =0 = 0.
2
102
Parte II
103
As unicas partculas livres conhecidas no momento cujas massas de repouso podem
ser consideradas exatamente iguais a zero sao os fotons e os gravitons; os gluons, ou seja,
as partculas de gauge da QCD, que se supoe terem massa nula, nao sao observaveis
(fenomeno do connamento). Apesar de que a atual expansao acelerada do universo
poderia ser parcialmente atribuda a um efeito tipo massa do graviton, existem debates
acalorados na literatura sobre a possvel existencia de uma massa para esta partcula.
Este nao e caso, porem, no que tange a massa do foton. De fato, a procura por um
valor nao nulo para a massa de repouso do foton tem crescido consideravelmente ao
longo do tempo.
Por outro lado, como e bem conhecido, um foton massivo pode ser acomodado
de modo natural dentro do contexto da QED massiva, que nada mais e que uma
simples modicacao da QED padrao. Alem disso, a QED massiva e invariante sob as
transformacoes da relatividade especial. Como a QED massiva pertence a classe dos
assim chamados modelos que conservam a corrente [1], ela e renormalizavel [2]. Na
realidade a eletrodinamica massiva e, num certo sentido, mais simples teoricamente
que a QED padrao. Consequentemente, ela e uma ferramenta bastante adequada no
trato da questao concernente a uma possvel existencia de uma massa de repouso nao
nula para o foton.
foram feitas nas ultimas decadas [35]. E importante notar que estas estimativas foram
obtidas empregando-se tanto metodos terrestres quanto extraterrestres.
104
No captulo que se segue, iremos determinar limites superiores para a massa do
foton por meio de novos enfoques conceituais. Para tanto utilizaremos duas notaveis
105
Referencias Bibliogracas
[4] Liang-Cheng Tu, J. Luo, and G. Gilles, Rep. Prog. Phys. 68 (2005) 77.
106
Captulo 3
A Massa do Foton e a Interferometria de
Linha de Base Extensa
nos permite concluir que o conhecimento dos parametros e e tudo que precisamos
para estabelecer limites gravitacionais sobre a massa do foton. Utilizando como
dados de entrada as mais recentes medidas de deexao de ondas de radio pelo Sol
(obtidas via VLBI), sao estimados limites superiores para a massa do foton.
3.1 Motivacao
Com o avanco das tecnicas de interferometria que ocorreu nas ultimas decadas, uma
nova luz foi lancada sobre os fenomenos fsicos nos quais efeitos quanticos e gravita-
107
Wrobleski [2], realizados com interferometria de neutrons. Estes testes pioneiros tem
ajudado a nos convencer de que existem certos experimentos cujos resultados depen-
especiais.
Nas ultimas quatro decadas os experimentos tipo COW se tornaram mais sostica-
dos. O ultimo experimento com interferometria de neutrons [3] relata uma discrepancia
uma possvel violacao do princpio de equivalencia classico. A primeira vista, parece que
estes ultimos experimentos de interferometria estao em conito com os mais precisos
testes do princpio de equivalencia classico, tanto os realizados por meio de interfero-
operacional, nao se pode dizer que, em princpio, para certos sistemas quanticos, exista
uma igualdade das massas inercial e gravitacional. Portanto, chegamos a conclusao
108
de que a mecanica quantica e o princpio de equivalencia classico nao podem coexistir
pacicamente [6, 7].
feito para investigar as propriedades dos hipoteticos estados estacionarios que deveriam
existir em pocos de potenciais gravitacionais centrais similares, em particular, aqueles
mesclados nao estao mais alem do nosso alcance. Enfatizamos que em todas estas
investigacoes o campo gravitacional da Terra e descrito pela gravitacao newtoniana.
Por outro lado, desde sua publicacao original em 1915, a teoria da relatividade
geral de Einstein continua sendo uma area ativa de pesquisas tanto teoricas quanto
uma exatidao cada vez maior. Na verdade, espera-se que uma serie de experimentos
melhorados utilizando a VLBI aumentara a precisao atual do parametro de deexao
109
em, pelo menos, um fator de 4 [13]. Alias, o valor atual para e de 0.99980.0003
(68% de nvel de conanca) [13], em acordo com a relatividade geral. Alem disso, e
de conhecimento geral que a deexao gravitacional da luz pelo Sol pode ser medida de
modo mais preciso utilizando-se comprimentos de onda na faixa de radio (por meio de
De fato, atualmente a VLBI e a tecnica mais precisa que temos a nossa disposicao
para medidas de deexao gravitacional de ondas de radio [13]. Agora, levando em conta
que a busca por limites superiores para a massa do foton tem aumentado ao longo das
ultimas decadas [2022], seria interessante estimar limites gravitacionais para a massa
do foton considerando as medidas mais recentes da deexao gravitacional de ondas de
radio obtidas por meio da VLBI. Este e, precisamente, o objetivo deste captulo.
O captulo e organizado como se segue. Na Secao 3.2 encontramos o angulo de
deexao sofrido por um foton massivo no presente contexto enquanto, na Secao 3.3,
mostramos que existe um vnculo entre a massa do foton, sua frequencia e o parametro
de deexao determinado pelos experimentais (o qual caracteriza a contribuicao da cur-
como dados as medidas mais recentes da deexao gravitacional solar de ondas de ra-
dio obtidas via VLBI [13]. Para concluir, discutimos na Secao 3.5 se os limites que
Em todas estas pesquisas, o foton e descrito pela QED massiva, a qual nada mais e do que a
extensao mais simples da QED padrao. Sua lagrangiana pode ser escrita como
1 2 1
L = F + m2 A2 J A , (3.1)
4 2
onde F (= A A ) e o tensor de intensidade do campo, J e a corrente (eletrica) conservada
e m e a massa do foton. Aqui, ndices sao levantados e abaixados com e , respectivamente.
Na verdade, a QED massiva e teoricamente mais simples do que a teoria padrao [18], alem de ser
renormalizavel [19].
110
estimamos podem ou nao ser melhorados.
Nas nossas convencoes = c = 1, e a assinatura da metrica e (+ - - -).
Iniciamos lembrando que a lagrangiana para o campo do foton massivo acoplado mi-
nimamente a gravitacao e dada por
1 m2
L= g g g F F + g A A . (3.2)
4 2
g = + h , (3.3)
g = h + 2 h h + ... . (3.4)
e
2 2
g = 1 + h + h2 h h + ... . (3.5)
2 8 4
111
3.2.1 Calculo da lagrangiana de Interacao
14 F F
1 1 1
F F = F g g F = F ( h )( h )F
4 4 4
1
= F ( h h )F
4
1 1
= F F + (F h F + F h F ) = F F + (2F F )h
4 4 4 4
1
= F F + h F F . (3.6)
4 2
m2
2
A A
m2 m2 m2
A A = A g A = A ( h )A
2 2 2
m2 m2
= A A A A h . (3.7)
2 2
Consequentemente,
1 m2 m2
L = F F + h F F + A A h A A 1 + . (3.8)
4 2 2 2 2
Supondo entao que o foton massivo e espalhado por um campo gravitacional externo
fraco (veja a Figura 3.1), chegamos a lagrangiana para a interacao em questao, em
primeira ordem em ,
112
1 m2 2
Lint = hext F F F F +
A A m A A . (3.9)
2 4 2
m2 2 m2 2
2 hext A A m A A = 2 hext A A m A A
2 2 2 2
m2 h ext 2
2
2
= m hext [ 2 ] ;
2
p
Figura 3.1: Graco de Feynman para a interacao entre um foton massivo e um campo
gravitacional externo.
113
2 h
ext F F = h
ext ( A A )( A A )
2
hext p p p p p p + p p ;
1 1
2 hext F F
= h [( A A )( A A )]
2 4 4 ext
1
hext p p p p p p + p p
4
1
= hext p p p p .
2
momenta,
V (p, p ) = hext (k) (m2 p p )( 2 ) + p p
2
+ 2(p p p p + p p ) . (3.10)
externo fraco e gerado por uma massa puntual M em r=0, encontramos imediatamente
M
h
ext (r) = ( 2 0 0 ). (3.11)
16r
Portanto, o campo gravitacional no espaco dos momenta, h
ext (k), e dado por
114
h
ext (k) = d3 reikr h
ext (r)
M
= .
0 0
(3.12)
2k2 2
Agora estamos prontos para calcular a secao de choque diferencial nao-polarizada para
o processo exibido na Fig. 3.1. Para tanto, relembramos que a expressao para a citada
secao de choque e
1 1 2
3 3
d
= M , (3.13)
d (4)2 3 r=1 r =1 rr
com
onde r (p) e r (p ) sao os vetores de polarizacao para os bosons vetoriais incidentes e
3
p p
r (p)r (p) = + . (3.15)
r=1
m2
A equacao (3.13) para a secao de choque se torna entao
1 1
3 3
d
= (p)r (p )r (p)r (p )V (p, p )V (p, p )
d (4)2 3 r=1 r =1 r
1 1 2 p p p p p p p p
V V V V V + V V .(3.16)
(4)2 3 m2 m2 m4
115
A conservacao do momentum e dada por k+p = p e como nao existe troca de
energia com o campo gravitacional externo, p0 = p0 = E, o que nos da tambem |p| =
p p p p 1 2
V V = (m p p )(20 0 ) p p + m2
m4 m4
+2(E0 p + E0 p E 2 ) p p
= 4E 4 ;
p p p p
V V
= V V
m2 m2
2
V p
=
m
2 2
2m E0
= = 4m2 E 2 ;
m
V V = 2p p (p p ) 4E 2 2m2 + 5m4 + 4E 2 m2 + 8E 4 .
2
d 2 M 1 2 3
= 3p4 + m4 +2p2 m2 +2p2 (p2 +2m2 ) cos +p4 cos2 , (3.17)
d 4k2 (4)2 3 2
116
onde e o angulo de espalhamento. Como k + p = p e |p| = |p |, temos
k2 = (p p)2
= 2|p|2 (1 cos ).
2
d MG 2 3
= 3p4 + m4 + 2p2 m2 + 2p2 (p2 + 2m2 ) cos + p4 cos2 .
d p2 (1 cos ) 3 2
2
4 m2
M 2 G2 4E 1 2E 2
= 4 2 2
4 16 E4 1 m E 2
2
2 2 1 m2
16M G 2E 2
= 2 , (3.18)
4 1 m E 2
d
bdb = d. (3.19)
d
117
m2
4M G 1 2E 2
= 2 , (3.20)
b 1 mE2
4M G 1 m2
= 1+ ,
b 2 E2
ou seja,
m2
= E 1 + (3.21)
2E 2
m2
= E 1 + 2 2 , (3.22)
8
4M G
onde e a frequencia do foton massivo e E b
.
1). Este resultado levanta uma importante questao: Por que o campo gravitaci-
onal percebe o spin? Porque temos a presenca de uma troca de momentum (k)
118
Nao obstante, se escolhermos duas expressoes quaisquer daquelas listadas na Ta-
bela 1, notamos que a diferenca entre elas e sempre extremamente pequena para
angulos de deexao tpicos. Para demonstrar isto para partculas sem massa, por
exemplo, estudamos o comportamento de
d
( d ) d
( d )s ( d
d
)s=0
d
d
, (3.23)
( d )s=0 ( d )s=0
como uma funcao do angulo de espalhamento (veja a Fig. 2). E trivial mostrar
que para pequenos angulos a expressao anterior se reduz a
d
( d ) s2
d
. (3.24)
( d )s=0 2
d
( d )
Para um angulo de deexao tpico, digamos 106 , encontramos d
( d )s=0
1012 . A deteccao de um efeito tao pequeno esta, claramente, alem da tecnologia
119
d
m s d
2
GM
0 0 sin2 2
2 2
= 0 0 GM
sin2 2
1+
2
2
1
0 2
GM
sin2 2
cos2
2
2
1
= 0 2
GM
sin2 2
cos2 2 +
4
1 + + 3 cos2 2
2
0 1 GM
sin2 2
cos4
2
2
1
= 0 1 GM
sin2 2 3
+ 23 cos4 2
3
1 3
4
4 cos2
2
2
0 2 GM
sin2 2
sin8 2 + cos8
2
Tabela 3.1: Secoes de choque diferenciais nao-polarizadas para o espalhamento de diferentes part-
culas quanticas por um campo gravitacional fraco externo gerado por uma partcula puntual estatica
2
1v2
de massa M . Aqui m e a massa da partcula, s o spin, o angulo de espalhamento e m
p2 = v 2 ,
com v e p sendo a velocidade e o 3-momento, nesta ordem, da partcula incidente.
d 16G2 M 2
, (3.25)
d 4
enquanto para m = 0,
2
d 16G2 M 2
1+ . (3.26)
d 4 2
120
4GM
, (3.27)
b
enquanto para m = 0,
4GM
1+ . (3.28)
b 2
A primeira vista parece que a Eq. (3.22) prediz um angulo de deexao dispersivo
para fotons massivos. Na verdade, esta e uma falsa impressao; ainda mais, e
3 v2
= E . (3.29)
2
termo na expressao (3.22) coincide com aquele obtido por Einstein em 1916, resolvendo
121
d
( d )
Figura 3.2: d
( d )s=0
como funcao do angulo de espalhamento .
massivo.
Por outro lado, o angulo do desvio gravitacional determinado por grupos experi-
1+
exp = E , (3.30)
2
'
m < 2 |1 |. (3.31)
122
Este surpreendente resultado claramente mostra que existe um vnculo entre a massa
do foton e os parametros e . Alem disso, nos diz que o conhecimento destes para-
metros e tudo que precisamos saber para estabelecer limites superiores para a massa
do foton [27, 28].
Agora estamos prontos para encontrar limites gravitacionais superiores para a massa
do foton. Para tanto, faremos uso de medidas recentes da deexao gravitacional solar
de ondas de radio encontradas por Fomalont et al. [13] utilizando a VLBI. As solucoes
para obtidas por meio destas medidas, assim como os limites correspondentes para a
massa do foton que estimamos utilizando a Eq. (3.31), estao organizadas na Tabela 2.
De modo a determinar o melhor valor de ( 1) pelos resultados experimentais, os
2
1 Pd (i) 0.5( 1)Dd (i)
2k = , (3.32)
k d,i d (i)
onde Pd (i) e d (i) sao as medidas de deslocamento de posicao e o erro estimado, nesta
123
Tipo de Solucao ( 1) 104 d 104 2k m 1012 (M eV )
43 GHz data (sem efeitos de corona) -2.4 3.2 0.9 2.8
43 GHz -1.0 2.6 2.2 1.8
43 GHz - Oct05 -3.2 2.8 1.1 3.2
23 GHz - Oct05 -2.0 2.4 4.7 1.3
Tabela 3.2: Limites superiores para a massa do foton estimados utilizando as solucoes para
encontradas por Fomalont et al. [13].
nas medidas realizadas muito proximas ao Sol na secao de Oct05; a primeira destas
solucoes foi encontrada utilizando dados obtidos durante secoes que duraram varios
E importante notar que Fomalont et al. [13] utilizaram para os resultados que
obtiveram no artigo uma media das quatro solucoes exibidas na Tabela 2, obtendo =
0.99980.0003. Deste resultado e assumindo que um foton massivo passando proximo
efeitos de refracao da corona solar sao desprezveis alem de 3 graus do Sol nos obtemos
outro limite gravitacional para a massa do foton, a saber, m 2.5 1012 M eV .
Devido a razoes ja discutidas, chegamos a conclusao de que entre os limites gravita-
cia; por outro lado, ele possui o melhor valor para 2 . Ademais, os dados utilizados
para o calculo de vem principalmente das observacoes cujos efeitos de refracao da
124
Chamamos atencao ao fato de que a Eq. (3.20) pode tambem ser deduzida, a
la Einstein, procurando uma solucao aproximada para equacao de movimento da ge-
De acordo com a relatividade geral, os fotons nao apenas sao deetidos mas
tambem sofrem um atraso devido a curvatura do espaco-tempo produzida por
125
alguns modelos cosmologicos [31, 32].
A Eq. (3.20) foi deduzida assumindo que o campo responsavel pela deexao
(3.22). Este fato nos leva a colocar uma questao importante: Atualmente, a
tecnologia existente e sensvel o suciente para detectar estes pequenos efeitos
luz [34] tais como o BepiColombo (com ondas de radio)[35], ASTROD (com la-
ser) [36] e LATOR [37] irao, denitivamente, alcancar a precisao suciente para
medir PPN , PPN e PPN , e compara-los as correcoes pos-newtonianas para o
post-Newtonian parameters
126
campo do Sol,
r1 + r2 + r12
t 1 + ln , (3.33)
r1 + r2 r12
com
PPN 2 , (3.34)
37], chegamos a conclusao de que, num futuro proximo, correcoes ao caso estatico
do atraso de tempo explicitamente dependentes da velocidade devido ao campo
gravitacional solar devera, aparentemente, ser levado em conta. Respondamos
Hoje em dia, como ja dissemos, a VLBI e a tecnica mais precisa que temos a nossa
Medidas da deexao da luz com tecnicas opticas podem vir a se tornarem mais
127
vantajosas para determinar o parametro num futuro proximo [39].
3.5 Discussao
Os limites que encontramos para a massa do foton estao entre aqueles publicados pelo
Particle Data Group, mas certamente sao consideravelmente maiores do que outros
encontrados por la (m < 1 1018 eV ) [40]. Eles sao, todavia, comparaveis a outros
limites existentes [2022]. Vamos, entao, discutir se um limite melhor para a massa do
foton pode ser obtido utilizando a Eq. (3.31). Em primeiro lugar, se as deexoes medi-
'
das utilizando VLBI puderem ser feitas com uma precisao maior, o valor de |1 |
poderia ser reduzido, dando como resultado uma melhor estimativa gravitacional. De
acordo com Fomalont et al. [13], uma serie de experimentos projetados com a VLBI
poderiam aumentar a precisao de futuras medidas em pelo menos um fator de 4. Em
43GHz, onde os efeitos da corona solar sao desprezveis alem de 3 graus da borda do
Sol. Contudo, a menor frequencia utilizada pelos radio-astronomos e de 2GHz. Infeliz-
mente, as medidas realizadas nesta frequencia sao menos conaveis devido aos efeitos
128
do foton, neste caso, e bem limitada.
Enfatizamos que, ate entao, apenas duas tentativas de limitar a massa do foton
utilizando medidas de deexao gravitacional foram feitas [41, 42]. Infelizmente, estas
estimativas nao sao muito conaveis pois em ambas os valores do parametro de deexao
conceituais ao assunto; alem disso, no calculo dos limites, utilizamos como dados de
entrada os melhores resultados disponveis atualmente.
as referencias sobre o assunto que consultamos, esta parece ser a primeira vez que
um limite quantico para a massa do foton e estimado . Vale notar que este limite
quantico e uma ordem de magnitude maior do que o limite obtido atraves da deexao
gravitacional.
Abaixo listamos, para efeito de comparacao, alguns valores de limites para a massa
do foton utilizando metodos de interferometria baseados na dispersao da luz.
Note que o limite para a massa do foton obtido por Boulware e Deser [45] via o efeito Aharonov-
Bohm (o qual esta presente na eletrodinamica massiva) e um limite semiclassico; nosso limite, ao
contrario daquele obtido por Boulware-Deser, se baseia em verdadeiros efeitos (de loop) quanticos.
129
Autor (ano) Tipo de medida Limites para m (M eV )
Froome (1958) Interferometria de ondas de radio 2.4 1013
Warner et al. (1969) Observacoes do pulsar na Nebulosa do Caranguejo 2.9 1014
Bay et al. (1972) [46] Emissao de pulsar 1.7 1019
Brown et al. (1973) Pulsos de radiacao curtos 7.9 107
Schaefer (1999) Explosoes de raios gama(GRB980703) 2.4 1017
Explosoes de raios gama (GRB930229) 3.4 1012
Tabela 3.3: Alguns limites para massa do foton obtidos utilizando medidas de dispersao da veloci-
dade da luz em diferentes frequencias do espectro eletromagnetico (em ordem cronologica).
130
Referencias Bibliogracas
[1] R. Colella, A. Overhauser and S. Werner, Phys. Rev. Lett. 34 1472 (1975).
131
[12] S. Turyshev, Usp. Fiz. Nauk 179 3 (2009).
[21] Liang-Cheng Tu, J. Luo, and G. Gilles, Rep. Prog. Phys. 68 77 (2005).
[23] H. Ohanian and R. Runi, Gravitation and Spacetime (Norton, New York, 1994),
2nd ed.
[24] A. Accioly and S. Ragusa, Class. Quant. Grav. 19 5429 (2002) [Erratum Class.
132
[27] A. Accioly, J. Helayel-Neto and E. Scatena, Phys. Lett. A 374 3806 (2010). This
essay was awarded an honorable mention in the 2010 Essay Competition of the
[28] A. Accioly, J. Helayel-Neto and E. Scatena, Int. J. Mod. Phys. D 19 2393 (2010).
[29] E. Golowich, P. Gribosky, and P. Pal, Am. J. Phys. 58(7), 688 (1990).
[30] S. Mohanty, J. Nieves, and P. Pal, Phys. Rev. D 58, 093007 (1998).
[31] T. Damour and A.M. Polyakov, Nucl. Phys. B 423, 532 (1994).
[32] T. Damour, F. Piazza, and G. Veneziano, Phys. Rev. D 66, 046007 (2002).
[36] W.-T. Ni, Nucl. Phys. B, Proc. Suppl. 166, 153 (2007).
[37] S. Turyshev, M. Shao and K. Nordtvedt, Class. Quantum Grav. 21, 2773 (2004).
[38] J. Plowman and R. Hellings, Class. Quantum Grav. 23, 309 (2006).
[40] J. Beringer et al. (Particle Data Group), Phys. Rev. D 86 010001 (2012).
133
[43] A. Accioly, J. Helayel-Neto and E. Scatena, Phys. Rev. D 82 065026 (2010).
134
Eplogo
Sera que os objetivos foram atingidos? Antes de responder a esta indagacao e necessario
analisar o que os resultados obtidos ate aqui nos dizem sobre os dois topicos previamente
mencionados.
Iniciemos pela conjectura sobre as teorias com derivadas de ordem superior.
hoc nas regras usuais da teoria quantica de campos. Entre estas modicacoes engenho-
sas, porem inortodoxas, a assim chamada prescricao de Lee e Wick para a continuacao
135
analtica das amplitudes foi alvo de crticas acerbas [1, 2]. Apesar de altamente insti-
gantes e bem formuladas, as prescricoes de Lee e Wick nao foram ainda incorporadas
ao ferramental da fsica teorica. Assim sendo, e mais prudente, por ora, nos basearmos
na teoria quantica de campos ortodoxa que nos assevera que a eletrodinamica de Lee e
Wick e nao-unitaria. E importante notar, por outro lado, que nossos calculos mostra-
ram claramente que os efeitos devidos aos termos de ordem superior so se manifestam
em distancias muito pequenas, como se esperava. Portanto, fora desta diminuta regiao,
nao ha diferenca sensvel entre as eletrodinamicas de Maxwell e a de Lee e Wick. Em
resumo, dentro do esquema padrao da teoria de campos, a eletrodinamica de Lee e
ordem superior cuja versao linearizada e unitaria. Sera ela tambem renormalizavel?
Se assim for, a conjectura sobre a incompatibilidade entre unitariedade e renormali-
zabilidade em teorias de ordem superior cai por terra. Esta questao, como todas que
envolvem renormalizacao de terias gravitacionais, e sempre polemica. Em 2009 Oda
[3] mostrou que esta teoria era renormalizavel e unitaria. Bastante recentemente,
demandam uma relacao especial entre seus coecientes, incluindo a nova gravitacao
massiva, nao o sao. Consequentemente, a gravitacao massiva em 3D e unitaria mas
nao-renormalizavel .
Analisemos entao a questao da determinacao de limites classicos e quanticos para a
massa do foton. Como mostramos no texto, os efeitos devidos a uma massa de repouso
nao nula para o foton podem ser incorporados no eletromagnetismo de uma maneira
bastante simples via a QED massiva. Neste esprito, duas interessantes implicacoes
136
decorrentes da possvel existencia de um foton massivo na natureza, a saber, pequenas
alteracoes nos valores conhecidos tanto do momento magnetico do eletron como da
responder agora, com total seguranca, que os objetivos principais do trabalho foram
plenamente atingidos. Para nalizar esta discussao gostaramos de externar nossa
opiniao sobre a questao da conjectura relativa as teorias de ordem superior, ou seja,
Stelle em 1977 [6], que sem duvida continua sendo o modelo ideal para quem deseja se
aventurar neste importante campo de pesquisa, corrobora a nossa crenca.
Para nalizar, vamos comentar rapidamente as investigacoes que seriam, de certa
maneira, uma continuacao natural deste trabalho. Como vimos que nao podemos aco-
modar simultaneamente monopolos de Dirac e transformacoes de dualidade na eletro-
dinamica de Lee e Wick e nem em uma versao estendida da mesma, seria interessante
investigar a possibilidade desta coexistencia em eletrodinamicas com violacao da sime-
137
Referencias Bibliogracas
[4] K. Muneyuki and N. Ohta, Phys. Rev. D bf 85, 101501 (R) (2012).
[7] R. Meyers and M. Pospelov, Phys. Rev. Lett. 90, 211601 (2003).
138