Teoria Quântica de Campo (Miguel Sousa Da Costa)
Teoria Quântica de Campo (Miguel Sousa Da Costa)
Teoria Quântica de Campo (Miguel Sousa Da Costa)
Contedo
1 Introduo
1.1 Reviso da quantificao cannica . . . . .
1.1.1 Representao de Heisenberg . . .
1.1.2 Representao de Schrdinger . .
1.2 Necessidade de uma nova teoria quntica .
1.2.1 Comprimento de onda de Compton
1.2.2 Mecnica Quntica e causalidade .
1.3 Simetrias . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1.3.1 Translaes . . . . . . . . . . . . .
1.3.2 Rotaes . . . . . . . . . . . . . .
1.3.3 Transformaes de Lorentz . . . .
1.3.4 Grupo de Poincar . . . . . . . . .
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6 Interaes
6.1 Teoria de perturbaes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6.1.1 Representao de Schrdinger . . . . . . . . . . . . . . . .
6.1.2 Representao de Heisenberg . . . . . . . . . . . . . . . .
6.1.3 Representao das interaes . . . . . . . . . . . . . . . .
6.1.4 Funes de correlao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6.2 Teorema de Wick . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6.3 Funes de correlao diagramas de Feynman . . . . . . . . . .
6.3.1 Regras de Feynman no espao das posies . . . . . . . .
6.3.2 Regras de Feynman no espao dos momentos . . . . . . .
6.4 Matriz S . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6.4.1 A massa fsica e a constante de renormalizao do campo
6.4.2 Frmula de reduo de LSZ . . . . . . . . . . . . . . . . .
6.5 Aplicaes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6.5.1 Difuso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6.5.2 Os potenciais de Yukawa e de Coulomb . . . . . . . . . .
6.5.3 Decaimento de partcula instvel . . . . . . . . . . . . . .
6.6 Teorema tico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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137
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141
145
148
150
7 Eletrodinmica Quntica
7.1 Invarincia padro local . . . . . .
7.2 Funes de correlao e teorema de
7.3 Regras de Feynman e matriz S . .
7.3.1 Teoria de Yukawa . . . . . .
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Wick
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7.4
7.5
7.3.2 QED . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Processo elementares em QED . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
7.4.1 Produo de pares de leptes e de pares quark/anti-quark
7.4.2 Difuso electro-muo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
7.4.3 Difuso de Compton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
7.4.4 Emisso de fotes por aniquilao de pares . . . . . . . .
O modelo de partes e difuso inelstica e P . . . . . . . . . . .
8 Renormalizao
8.1 O propagador de Feynman e a rotao de Wick
8.2 Vrtices prprios . . . . . . . . . . . . . . . . .
8.3 Divergncias e teorias renormalizveis . . . . .
8.4 Regularizao e renormalizao . . . . . . . . .
8.4.1 Majorante nos momentos . . . . . . . .
8.4.2 Regularizao dimensional . . . . . . . .
8.5 Polarizao do vcuo em QED . . . . . . . . . .
9 Concluso: o que se segue?
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208
Prefcio
Estes apontamentos so inspirados no material do curso de Teoria Quntica de Campo
que lecionei na Faculdade de Cincias da Universidade do Porto no quarto ano da licenciatura de Fsica (pr-Bolonha) e no primeiro ano do Mestrado de Fsica - ramo terico.
A necessidade de abordar este tema na formao terica em Fsica na minha opinio
bvia.
Uma razo porque a Teoria Quntica de Campo um pilar estrutural na formao
de um fsico terico, prende-se com o conceito de universalidade. Esta uma das ideias
mais profundas da Fsica Terica. Em termos simples, diz que independentemente dos
detalhes microscpicos de um dado sistema fsico, h fenmenos que ocorrem a escalas
macroscpicas que so comuns a inmeros sistemas, e que dependem de propriedades
genricas determinadas, essencialmente, por princpios de simetria. Assim, este conceito
de classe de universalidade particularmente atrativo para um fsico terico, que usualmente procura construir teorias fsicas o mais abrangentes possveis. no contexto
da Teoria Quntica de Campo, em particular da renormalizao de Wilson, que podemos apreciar a beleza e a forma como surge este conceito de universalidade. Podemos
compreender o enorme sucesso desta teoria na descrio das interaes fundamentais em
Fsica de Partculas e dos fenmenos crticos em Fsica Estatstica. De facto, embora
a Teoria Quntica de Campo seja convencionalmente leccionada no contexto da Fsica
de Partculas, constitui igualmente uma importante ferramenta na rea da Fsica Estatstica e da Matria Condensada. Esta ligao entre estas duas reas da Fsica Terica
tem provado ser incrivelmente frutuosa. Talvez com tantas notcias acerca da descoberta
da partcula Higgs no acelerador de partculas Europeu - CERN, nos esqueamos que o
mecanismo bsico de quebra espontnea de simetria surgiu pela primeira vez associado
ao fenmeno de supercondutividade, e foi posteriormente incorporado no actual modelo
padro de partculas.
Voltemos ento a lgica que levou elaborao destes apontamentos. Em primeiro lugar convm salientar que a Teoria Quntica de Campo um assunto extraordinariamente
vasto. Certamente, mesmo com um curso anual no seria possvel discutir todos os tpicos que so frequentemente utilizados em investigao. Assim, o objectivo deste curso
servir como uma introduo Teoria Quntica de Campo. O formalismo desenvolvido
a ponto de o aluno ter, no final, as ferramentas necessrias para aprender qualquer tpico
especfico, prosseguindo subsequentemente para a actividade de investigao. Por outras
palavras, so lanados os alicerces num vasto edifcio onde ficam inmeros temas por
abordar. Passamos agora a descrever a estrutura deste curso.
No primeiro captulo comeamos por fazer uma breve reviso do formalismo da Mecnica Quntica e mostramos que para fenmenos que ocorrem escala de energia relativista necessrio reformular a velha Mecnica Quntica de uma partcula, pois surgem
Ao longo dos ltimos anos tive a sorte de lecionar este curso a alunos imensamente
dedicados e inteligentes. Fico particularmente agradecido pelas inmeras correes e
sugestes que alguns destes alunos fizeram. Em particular gostava de nomear os alunos Bruno Amorim, Carlos Guedes, Pedro Ponte, Ral Pereira e, em especial, Diogo
Fernandes.
1 Introduo
Este captulo introdutrio tem como objectivo relembrar o aluno de alguns factos bsicos da Mecnica Quntica, que sero tambm essenciais no contexto da Teoria Quntica
de Campo. Comearemos por rever a quantificao cannica, quer na representao de
Heisenberg, quer na de Schrdinger. Embora tipicamente uma abordagem introductria
Mecnica Quntica incida na representao de Schrdinger, importante alertar j o
aluno que no caso da teoria de campo a representao de Heisenberg desempenha um
papel fundamental. Aps esta breve introduo, veremos que se considerarmos processos altamente energticos necessrio reformular de um modo fundamental a Mecnica
Quntica de uma partcula. Veremos tambm que a Mecnica Quntica de uma partcula entra em conflito com os princpios bsicos de causalidade da Teoria da Relatividade.
Assim, necessrio formular uma nova teoria quntica que permita descrever a fsica das
altas energias e que assente nos postulados da Relatividade Restrita. Por este motivo
faremos uma reviso do papel das simetrias em Mecnica Quntica, generalizando os
conceitos conhecidos de simetria de translao e rotao, que surgem unificados como o
de invarincia relativista. Neste contexto veremos como surgem as noes de massa e
spin intrnseco das partculas, independentemente da dinmica da teoria em questo.
Neste cursos iremos utilizar as unidades naturais da Mecnica Quntica e da Relatividade: c = 1 = ~. Assim, a coordenada temporal t x0 passa a ter dimenses de
comprimento (L), tal como as restantes coordenadas espaciais xi (i = 1, 2, 3). Alm
disso, a energia e o momento passam a ter dimenses de inverso de comprimento.
L
.
qa
(1.1)
S[q(t)] = dt L q(t), q(t),
t ,
(1.3)
L(q, q)
=
=0
= pa .
(1.4)
qa dt qa
qa
Exerccio: Derive as equaes de Euler-Lagrange, fixando para tal as condies fronteira nas
extremidades das trajectrias, i.e. faa q(ti ) = 0 = q(tf ).
Note-se que nem sempre possvel definir H a partir de L, pois nem sempre possvel
inverter a relao pa = L
qa . Variando as coordenadas e os momentos temos
dH =
X H
a
qa
dqa +
H
dpa
pa
(1.6)
X
L
L
=
pa dqa + qa dpa
dqa
dqa
qa
qa
a
X
=
qa dpa pa dqa ,
(1.7)
H
,
pi
pi =
H
,
qi
(1.8)
t
q p
p q
f
=
+ {H, f } ,
t
10
(1.9)
H f
f H
.
p q
p q
(1.10)
(1.11)
e portanto, quando H (ou L) no depende explicitamente do tempo a energia conservada, o que resulta da invarincia do sistema por translaes no tempo.
dp
H
= i [H, p] =
.
dt
q
(1.15)
11
(1.16)
Exerccio: Mostre que as primeira e segunda derivadas do comutador q(t), q(t0 ) tm a forma
d
H
1
q(t), q(t0 ) =
, q(t0 ) =
p(t), q(t0 ) ,
dt
p
m
2
d
H
1 V (q(t))
0
0
0
q(t),
q(t
,
q(t
,
q(t
)
=
i
H,
)
=
)
,
(1.17)
dt2
p
m
q
onde a ltima igualdade em cada equao vlida para H = p2 /(2m) + V (q). Neste caso, pode
determinar o comutador utilizando a segunda equao diferencial. Quais so as correspondentes
condies iniciais? Resolva para os casos simples de uma partcula livre e do oscilador harmnico.
A evoluo temporal determinada pela evoluo do estado |(t)i, que obedece equao
de Schrdinger
i |(t)i = H|(t)i .
(1.19)
t
Vejamos agora como relacionar a representao de Schrdinger com a de Heisenberg.
Para isso, comecemos por definir o operador de evoluo, que tal que
|(t)i = U (t, t0 )|(t0 )i .
(1.20)
Como o instante t0 fixo, claro que podemos definir |(t0 )i como a funo de onda
na representao de Heisenberg, que notaremos por |H i. |(t)i a funo de onda na
representao de Schrdinger, que notaremos por |S i. Concluimos ento que a relao
entre funes de onda
|S i = U (t, t0 )|H i .
(1.21)
Observe-se que, por conservao de probabilidade, o operador de evoluo U unitrio,
U U = 1 .
(1.22)
Vejamos agora como relacionar os operadores nas duas representaes. Como os respectivos valores mdios devero coincidir
hH |AH (t)|H i = hS |AS (t)|S i = hH |U (t, t0 ) AS (t) U (t, t0 )|H i ,
(1.23)
(1.24)
12
Exerccio: Use a definio (1.20) na equao de Schrdinger (1.19) para obter a equao de
evoluo
(1.25)
i U (t, t0 ) = HU (t, t0 ) .
t
Conclua que, se H independente do tempo, estamos perante uma equao diferencial homognea
de primeira ordem, de modo que
U (t, t0 ) = eiH(tt0 ) .
(1.26)
p + p p + p + p + p ,
(1.27)
(1.28)
Claramente, quando a energia cintica disponvel no processo suficiente para criar outras
partculas, necessitamos de incluir estados com diferente nmero e espcie de partculas
no espao de estados da teoria.
Relembremos a teoria de perturbaes em Mecnica Quntica. O Hamiltoniano do
sistema pode ser escrito na forma
H = H0 + V ,
13
(1.29)
E
0
n
n
(1.31)
Em ambos os casos estados intermdios com todas as energias contribuem, sendo suprimidos pela dependncia na energia no denominador. No entanto, para E0 En estes
estados tornam-se importantes. Conclumos que se os estados intermdios incluem nmero e espcie de partculas diferentes com E0 En , este formalismo no adequado.
Para estimar a energia a partir da qual novos fenmenos sero importantes, consideremos a coliso de duas partculas e consequente criao de um par partcula/anti-partcula.
Quando a energia cintica das partculas incidentes, no referencial do centro de massa,
da ordem da sua massa em repouso pode criar-se um par partcula/anti-partcula e
portanto
p2
E0 En mc2 p mc .
(1.32)
2m
Este momento corresponde ao denominado comprimento de onda de Compton
~
~
1
C = =
C =
,
(1.33)
p
mc
m
em unidades naturais. Em resumo, quando tentamos localizar uma partcula dentro do
seu comprimento de onda de Compton C , a energia to elevada que comeamos a criar
pares de partcula/anti-partcula e o formalismo usual da Mecnica Quntica falha.
p2 /(2m),
(1.34)
de modo que
d3 p
2
=
hx|eip t/(2m) |pihp|x0 i
3
(2)
14
(1.35)
Para efectuar este integral basta orientar, sem perda de generalidade, o vetor x x0 na
direo dos eixo dos zz. Completando o quadrado em pz , o calculo reduz-se a efectuar
integrais gaussianos1 , com o resultado
!
m 3
|x x0 |2
2
exp im
.
(1.36)
A(t) =
2it
2t
A lio importante a tirar deste pequeno exerccio que, independentemente de x e t, a
probabilidade P (t) = |A(t)|2 nunca se anula. Este facto indica que uma partcula pode
propagar entre quaisquer dois pontos num intervalo de tempo arbitrariamente pequeno.
Este resultado pode no parecer surpreendente pois em Mecnica Quntica no relativista
no existe a noo de uma velocidade mxima.
Poderiamos pensar que de uma verso relativista do clculo anterior naturalmente
resultaria uma probabilidade nula se x estiver fora do cone de luz de x0 . Comeamos
por impor a relao relativista para energia
p
H = p2 + m 2 ,
(1.37)
de modo que a amplitude para a referida transio agora dada por
(1.38)
Mudando para coordenadas esfricas no espao dos momentos, trivial efectuar a integrao angular, de modo que
1
i t p2 +m2 +p|xx0 |
A(t) =
dp p e
.
(1.39)
(2)2 |x x0 | i
Exerccio: A anlise complexa uma poderosa ferramenta de clculo extensamente utilizada
na Teria Quntica de Campo. Neste exerccio queremos calcular o integral (1.39). Comece por
mostrar que o integrando (ou a fase) tem cortes ao longo do eixo imaginrio do plano complexo
de p para |Im(p)| > m. No caso em que x est fora do cone de luz de x0 , i.e. para |x x0 | > t,
mostre que pode deformar o contorno no semi-plano complexo superior, obtendo
p
1
A(t) = 2
dk k ek|xx0 | sinh t k 2 m2 ,
(1.40)
2 |x x0 | m
Comecemos por notar que o integrando que resulta da expresso para a amplitude
A(t) no exerccio anterior estritamente positivo. Chegamos por isso concluso que,
mesmo considerando o propagador relativista, impondo desta forma que a velocidade
da luz uma velocidade mxima, continuamos a obter uma probabilidade no negativa
para a partcula propagar para fora do seu cone de luz, em clara contradio com os
1
15
princpios da causalidade impostos pela Teoria da Relatividade. Veremos mais tarde que
no basta formularmos a Mecnica Quntica de uma partcula segundo os princpios da
Relatividade, de facto algo mais radical ser necessrio, levando-nos Teoria Quntica
de Campo!
1.3 Simetrias
Em Fsica as constantes de movimento resultam em geral de simetrias dos sistemas
sob a aco de grupos de transformaes. Por exemplo, a simetria de translao d
origem conservao do momento linear p, a de rotao conservao do momento
angular L e, como veremos, a de transformaes padro conservao da carga. Estas
transformaes relacionam descries equivalentes do sistema. A ideia importante a
reter que, independentemente dos pormenores da nossa teoria quntica, h aspectos da
teoria, por exemplo as propriedades do seu espectro de partculas, que so determinados
exclusivamente pelas simetrias. Seguindo este ponto de vista, aquilo a que chamamos
Teoria Quntica de Campo pode bem ser uma descrio aproximada dos fenmenos fsicos
que queremos descrever e que obedecem a princpios fundamentais de simetria.
Em Mecnica Quntica a aco de uma dada transformao numa funo de onda |i
pode ser escrita, genericamente e independentemente dos detalhes que levam ao clculo
de |i, na forma
|i | 0 i = U |i .
(1.41)
Vejamos as propriedades deste operador U . Em primeiro lugar, se existe uma simetria,
a probabilidade |h|i|2 no pode mudar, de modo que |h0 | 0 i|2 = |h|i|2 , e portanto
2
2
h|U U |i = |h|i| U U = 1 ,
(1.42)
isto , o operador U tem de ser unitrio. Em segundo lugar, o valor mdio de uma
observvel O tambm tem de ser invariante, isto hOi = hO0 i, de modo que
h|O|i = h 0 |U OU | 0 i = h 0 |O0 | 0 i .
(1.43)
(1.44)
Em particular, se a teoria for invariante, o operador Hamiltoniano no dever ser modificado, ou seja H = H 0 = U HU , o que implica que [H, U ] = 0. Como H e U comutam,
segue pela equao de evoluo de Heisenberg que o operador U uma constante do
movimento2 .
Feitas estas consideraes, observe-se que, em geral, um operador unitrio U pode ser
escrito na forma
a
U = U = ei Ta ,
(1.45)
2
16
aT
a
ei
aT
a
= U U = 1 ,
(1.46)
pelo que imediato concluir que Ta = Ta . Admitamos agora que U uma transformao
infinitesimal. Isto no limitativo, j que uma transformao finita pode ser construda
como uma sucesso de transformaes infinitesimais3 . Assim, consideremos a expanso
em srie do operador unitrio
U = 1 + i a Ta + .
(1.48)
A esta expanso corresponde uma transformao dos operadores que podemos escrever
como
O0 ' O + O ,
(1.49)
O0 = U OU ' (1 + i a Ta ) O (1 i a Ta ) .
(1.50)
(1.52)
1.3.1 Translaes
Consideremos a translao de um sistema fsico pelo 4-vetor a (ponto de vista activo) ou, de forma equivalente, a translao do sistema coordenado por a (ponto de
3
Em geral o conjunto de transformaes continuamente ligadas unidade pode ser escrita como
a
a
U = ei Ta = lim 1 + i Ta .
(1.47)
n
n
17
vista passivo). Denominando por T o elemento do grupo das translaes a actuar nas
coordenadas, neste ltimo caso temos que
x x0 = T x = x a ,
(1.53)
(1.54)
(1.55)
Ua = eia P .
(1.56)
Expandindo Ua vem
0 (x) = Ua (x) = 1 + i a P + (x) .
(1.57)
0 (x) = (x + a) = 1 + a + (x) .
(1.58)
(1.59)
(1.60)
E = 0 P = i 0 = i t .
Finalmente, conclumos que a observvel associada ao gerador das translaes P conservada se o sistema for invariante por translaes. A correspondente lgebra de Lie
trivial
P , P = 0 .
(1.61)
1.3.2 Rotaes
Comecemos por considerar, sem perda de generalidade, o caso particular das rotaes de
um sistema de fsico por um ngulo em torno do eixo x3 . Equivalentemente, podemos
rodar o sistema de coordenadas por com a transformao
cos sin
R=
,
(1.62)
sin cos
18
(1.63)
e, tal como no caso das translaes, a ao numa funo de onda escalar determinada
pela transformao inversa
(x) 0 (x) = R1 x .
(1.64)
Escrevemos o gerador das rotaes em torno do eixo x3 como
(1.65)
U = eiJ3 ,
de modo que para transformaes infinitesimais
0 (x) = U (x) = 1 + i J3 + (x) .
cos sin
R1 x = sin cos
0
0
podemos escrever
1 1
x x2 +
x
0
0 x2 = x2 + x 1 + ,
x3
x3
1
(1.66)
(1.67)
0 (x) = x1 x2 + , x2 + x1 + , x3 = 1 (x2 1 x1 2 ) + (x) . (1.68)
(1.69)
Assim, conclumos que o operador gerador das rotaes a observvel usualmente associada ao momento angular. Claro que podamos ter efectuado uma anlise anloga para
os restantes eixos de rotao, vindo
Ji = ijk xj Pk ,
0,
se dois ndices esto repetidos
(1.70)
(1.71)
U = ei
19
kJ
(1.72)
[Ji , Jj ] = iijk Jk .
Acabmos de considerar a aco do grupo das rotaes no espao das funes de onda
escalares, visto que determinmos a representao do operador momento angular como
operador diferencial. Independentemente dessa representao, os Ji so geradores do
grupo de rotaes e satisfazem a respectiva lgebra . Por exemplo, a aco no espao de
estados associados ao spin do electro definida por
Ji =
i
,
2
(1.74)
3 =
1 0
0 1
(1.75)
(1.77)
No caso da interao eletromagntica isto ocorre para qualquer energia! De facto o electromagnetismo
clssico uma teoria relativista e foi na realidade o precursor da Teoria da Relatividade.
20
(1.78)
(1.81)
Por outro lado, expandindo a ao da transformao de Lorentz nas coordenadas (ignorando as direces x2 e x3 )
0 0
x + x1 +
x
cosh sinh
,
(1.82)
=
1 x =
x1 + x0 +
x1
sinh cosh
temos
0 (x) = x0 + x1 + , x1 + x0 + , x2 , x3 = 1+(x1 0 +x0 1 )+ (x) . (1.83)
(1.84)
Ki = xi P0 + x0 Pi ,
(1.85)
(1.86)
pelo que a sua lgebra no fechada temos que incluir as rotaes para a completar.
De facto, o grupo de Lorentz tem como subgrupo o grupo das rotaes. Incluindo-as,
obtemos a lgebra completa
[Ji , Jj ] = iijk Jk ,
[Ji , Kj ] = iijk Kk ,
[Ki , Kj ] = iijk Jk ,
21
(1.87)
que a lgebra de Lie do grupo de Lorentz. Definindo Jij = ijk J k e Ji0 = J0i = Ki ,
todos os geradores do grupo de Lorentz J podem ser escritos na forma elegante
J = i (x x ) = x P x P ,
(1.88)
(1.89)
i0 = 0i = i .
(1.90)
Exerccio: Mostre que a algebra de Lie do Grupo de Lorentz pode ser escrita na forma compacta
[J , J ] = i ( J J + J J ) .
(1.91)
Exerccio: Uma transformao de Lorentz genrica actua nos sistemas coordenados de observadores inerciais de acordo com
x0 = x ,
Para transformaes infinitesimais
obtenha a condio
= .
(1.92)
= + ,
(1.93)
0 = + = .
(1.94)
1
1 2 3
1
1
3 2
.
=
(1.95)
2 3
1
1
3 +2 1
1
Por outro lado, uma transformao de Lorentz finita pode ser escrita como
= exp i
J
,
2
(1.96)
22
no espao das funes de onda estudada anteriormente). Uma transformao infinitesimal tem
ento a forma
(J ) .
(1.97)
= + i
2
Identicando esta expresso com (1.95) determine a forma matricial dos geradores (J ) , por
exemplo
0 i 0 0
i 0 0 0
J01 =
(1.98)
0 0 0 0 .
0 0 0 0
Alternativamente, calcule este gerador da lgebra usando
d
.
J = i
d =0
(1.99)
Verifique que exponenciando o elemento da algebra J01 obtem a transformao de Lorentz (1.79).
= exp i a P +
J
.
2
(1.101)
23
(1.103)
O outro Casimir
C2 = W W = W 2 .
(1.104)
1
W = (x P x P ) P = 0 ,
2
(1.105)
(1.106)
1
J J P P .
4
(1.107)
Utilize o facto
= 3! []
= + + ,
(1.108)
(1.109)
em que o somatrio tomado para todas as permutaes dos ndices e o sinal de cada
permutao, para mostrar a igualdade
W2 =
1
J J P 2 J J P P .
2
(1.110)
Mostre que da ao deste operador num estado de uma partcula com nmeros qunticos dados
por |m, p = 0, s, sz i se obtem (1.106).
24
E = it ,
(2.1)
ou, como vimos, P = i , e requerendo que a funo de onda para uma partcula
escalar (sem spin) satisfaa a restrio relativista
P 2 = m2 E 2 + P2 = m2 .
(2.2)
p0
|p|
.
(x) = d4 p eip x (p)
(2.6)
Ora, como (x) soluo da equao de KG, obtemos por substituio
2 m2 (x) = 0 p2 + m2 (p)
= 0.
(2.7)
2
2
26
p
+
m
f
(p)
+
p
+
m
g(p)
,
(p)
=
(2)3
(2.8)
dp0 + p2 + m2 = dp0 + Ep p0 Ep + p0 ,
(2.10)
n
o
d3 p
0 ip x
+ 2
2
2
2
(x) =
dp
e
p
+
m
f
(p)
+
p
+
m
g(p)
.
(2.9)
(2)3
p
onde Ep = + p2 + m2 . Ora, para valores de p na parbola de equao p0 = Ep , o
integral anterior reduz-se a
1
0
0
dp Ep p 2Ep =
dp0 Ep p0 .
(2.11)
2Ep
1
2
0 2
(2.12)
dp0 Ep + p0 .
dp p + m =
2Ep
n
o
d3 p
i(Ep t+p x)
i(Ep t+p x)
(x) =
e
f
(p)
+
e
g(p)
.
(2)3 2Ep
n
o
d3 p
ip x
ip x
(x) =
e
f
(p)
+
e
g(p)
,
(2)3 2Ep
(2.13)
(2.14)
onde o 4-momento p obedece a relao de massa, isto , tem componentes p = (Ep , p).
Esta a soluo da equao de KG mais genrica, escrita no espao dos momentos.
Claro que se para um instante de tempo arbitrrio t0 forem dadas as funes (t0 , x) e
t (t0 , x), as funes f (p) e g(p) ficam bem definidas, e portanto a evoluo temporal do
campo. Assim, conclumos que para condies iniciais genricas somos forados a incluir
modos de energia negativa.
Exerccio: Mostre que no caso simples t0 = 0, temos
1
(p)
=
f (p) + g(p)
2Ep
onde (p)
e 0 (p) so, respectivamente, as transformadas de Fourier de (0, x) e
27
(2.15)
t (0, x).
t
t2
2 = n
x
1
n
t1
=
n
1
n
Figura 2.2: Regio do espao-tempo e sua fronteira utilizados para mostrar a conservao
da carga construda a partir de uma corrente.
Ora, se j uma corrente a sua divergncia dever ser nula. De facto, fcil verificar que
as solues da equao de KG verificam
j = i + 2 2 = i m2 m2 = 0 . (2.17)
j =
+ j = 0.
(2.18)
t
Consideremos agora duas superfcies 1 e 2 no espao-tempo definidas, respectivamente, pelas condies x0 = t1 e x0 = t2 , e com versores normais n1 e n2 , tal como
representado na figura 2.2. O volume t1 < x0 < t2 , delimitado por estas superficies, tem
fronteira V = = 2 1 . O teorema de Gauss garante assim que1
3
0
0 = d x j = d x n j = d x j d3 x j 0 .
(2.19)
V
Claro que assumimos que (t, ) 0 suficientemente depressa, de modo que no h contribuies
para o integral vindas do infinito espacial.
28
2
3
0
kk = d x j = i d3 x 0 0 ,
(2.20)
d3 x j 0 = d3 x0 j 00 .
(2.21)
Exerccio: Mostre que para solues genricas da equao de KG da forma (2.14) temos
n
o
d3 p
2
2
2
kk =
|f
(p)|
|g(p)|
,
(2.22)
(2)3 2Ep
concluindo assim com toda a generalidade que a norma das solues da equao de KG no
definida positiva.
Exerccio: Dadas duas solues 1 e 2 da equao de KG, introduza a corrente
t = i (1 2 2 1 ) .
(2.23)
29
em que V0 > 0. Dada uma onda incidente com energia E > m proveniente da regio x < 0,
mostre que os coeficientes de reflexo e transmisso tm a forma
p p0 2
4pp0
,
,
(2.25)
T =
R =
0
p+p
|p + p0 |2
em que
p=
E 2 m2 ,
p0 =
(E V0 )2 m2 .
(2.26)
Justifique porque no intervalo de energias E > V0 +m o momento p0 dever ser positivo, enquanto
que para E < V0 m dever ser negativo. Conclua que no caso particular m < E < V0 m vem
R > 1 e T < 0, o que no parece fazer muito sentido! Este o famoso paradoxo de Klein.
A resoluo deste paradoxo recorre existncia de antipartculas. Para E < V0 m existem
partculas na regio x < 0 e antipartculas na regio x > 0. Na regio x 0 criamse pares de
partculas e antipartculas, que subsquentemente viajam em direces opostas. Este processo
responsvel por um coeficiente de reflexo R > 1 e um coeficiente de transmisso T < 0,
que esto associados a uma corrente de carga e no de probabilidade. Utilizando o princpio de
incerteza de Heisenberg, verifique tambm que este processo ocorre quando a variao abruta do
potencial permite a criao de pares de partculas e antipartculas, precisamente a uma escala
dada pelo comprimento de Compton. Entramos assim no domnio da teoria quntica de campo.
(i m) = 0 ,
30
m + p
.
0
(2.29)
(2.33)
{ , } = 2 ,
(2.34)
Estipulando que
a equao que desenvolvemos toma precisamente a forma da equao de KG, que ser
ento obedecida pelos spinores de Dirac. Assim, tambm podemos concluir que o parmetro m introduzido na equao de Dirac , de facto, a massa da partcula.
Existem vrias representaes da lgebra de Dirac definida por (2.34). A mais simples
considera matrizes 4 4, por exemplo
1 0
0
i
0
i
,
=
,
(2.35)
=
0 1
i 0
onde i so as matrizes de Pauli introduzidas em (1.75) e 1 a matriz identidade 2 2.
onde, alm de actuar no argumento da funo vetorial , U actua tambm nas suas
componentes que transformam como vetores de acordo com a matriz de transformao
de Lorentz = (). De facto, estamos j familiarizados com este tipo de transformaes, pois no caso das rotaes de vetores em R3 vem2
i
0i (x) = U (x) = Ri j j R1 x .
(2.38)
De um modo inteiramente anlogo, as solues da equao de Dirac obedecem lei de
transformao
a0 (x) = U (x) a = Sab b 1 x ,
(2.39)
onde Sab = Sab () uma matriz 4 4, definida pela representao do grupo de Lorentz
que actua no espao vetorial das funes de onda de Dirac.
Queremos mostrar que se (x) obedece equao de Dirac ento a funo de onda
transformada 0 (x) tambm. Vejamos ento quais as consequncias para a matriz S,
(i m) 0 (x) = (i m) S 1 x = S iS 1 S m 1 x . (2.40)
Impondo a condio
e notando que 0 =
S 1 S = ,
,
(2.41)
conclumos que
0
(i m) 0 (x) = S i m (x0 ) ,
(2.42)
=1+i
J + .
2
(2.43)
32
.
2
(2.44)
Vejamos ento o que acontece se actuarmos com uma transformao infinitesimal U nas
funes de onda de Dirac
U (x) = 1 + i
i (x x ) +
+ (x)
2
2
i
(2.45)
= 1 x + + (x)
4
i
= 1 + + (x x + ) ,
4
onde, na segunda equao, usmos o facto de os parmetros das transformaes de Lorentz serem
anti-simtricos. Identificando a ltima equao com a expanso de
1
S() x , conclumos que
S() = 1 +
i
+ ,
4
(2.46)
(2.47)
1 + 1 + + = + + .
4
4
i
( ) =
4
i
1
[ , ] = = ( ) ,
4
2
(2.48)
onde na ltima igualdade se usou o facto de o tensor ser anti-simtrico. Como este
resultado vlido para qualquer transformao de Lorentz vem finalmente a relao de
comutao
i
[ , ] = ,
(2.49)
2
que satisfeita pelos operadores
=
i
[ , ] .
2
(2.50)
1
P ,
4
(2.51)
visto que a contribuio do termo orbital desaparece e s o spin intrnseco contribui para
este invariante de Casimir.
33
(2.55)
( ) = 0 0 .
S = 0 S 1 0 .
( ) = 0 0 ,
(2.56)
e j (x) = transformam-se
Definindo = 0 , mostre que os bi-lineares n(x) =
perante a ao do grupo de Lorentz, respectivamente como escalar e vetor. Finalmente, estude
tambm as propriedades de transformao dos bi-lineares
T (x) = ,
A (x) = 5 ,
P (x) = 5 ,
(2.57)
onde
i
,
(2.58)
4!
o denominado operador quiralidade. Note que nos casos que envolvem este operador a relao S 1 5 S = det()5 implica que os respectivos bi-lineares tm paridade negativa perante
transformaes x x.
5 = i 0 1 2 3 =
(i m) = 0 = i ( ) m = 0 ,
(2.59)
i ( ) m = 0 .
(2.60)
34
i 0 0 0 m 0 = 0 i m 0 = 0 .
i m = 0 .
agora trivial mostrar que j (x) uma corrente conservada
= im
im
= 0,
j = +
(2.61)
(2.62)
(2.63)
onde se usaram as equaes de Dirac e a sua conjugada. Podemos assim definir uma
norma constante no tempo e invariante de Lorentz
3
0
kk = (, ) = d n j = d x j = d3 x 0 ,
(2.64)
onde a superfcie x0 constante com vetor normal n = (1, 0, 0, 0). Esta norma, que
anloga da Mecnica Quntica no relativista, definida positiva. Aparentemente, o
problema das solues da equao KG com norma negativa no surge no contexto das
solues da equao de Dirac. Para definir produto escalar basta observar que
j(12)
= 1 2 ,
(2.65)
satisfaz j(12)
= 0, se 1 e 2 obedecerem equao de Dirac. Deste modo
d n j(12)
.
(1 , 2 ) =
(2.66)
(2.67)
p
onde u(p) e v(p) so vetores do espao de spinores, p = (Ep , p) e Ep = + m2 + p2 .
Estas solues so parametrizadas pelo 3-momento p, visto que tambm obedecem
equao de KG, de facto
2 m2 p (x) = 0 p2 = E 2 + p2 = m2 ,
(2.68)
pelo que E = Ep , como esperado. A soluo p+ tem energia positiva, pois
P 0 p+ = P0 p+ = it p+ = i(iEp )p+ = Ep p+ ,
35
(2.69)
Observe-se agora que para existirem solues de cada um destes sistemas de equaes o
determinante das matrizes p m dever ser nulo. Isto
(p0 m) 1
p
det
= 0 E 2 + m2 + p2 = 0 ,
(2.71)
p
(p0 m) 1
onde se usou o resultado ( p)2 = p2 vlido para as matrizes de Pauli3 . Ora esta
condio obedecida por p , j que estas so solues da equao de KG. Assim sendo,
existem solues no triviais. Prosseguimos agora decompondo os 4-spinores de Dirac
em dois 2-spinores e . Por exemplo, para as solues de energia positiva vem
u(p) =
.
(2.73)
(Ep + m) 1
p
= 0.
p
(Ep + m) 1
(2.74)
p
.
Ep + m
(2.75)
(2.76)
.
(2.77)
v(p) =
p
.
Ep + m
(2.78)
36
(2.72)
(2.79)
p,
Ep + m
,
p
Ep + m
p
p
Ep + m
v (p) = Ep + m
,
u (p) =
(2.80)
(2.81)
com
1 =
1
0
2 =
0
1
(2.82)
p
e com o fator Ep + m uma constante de normalizao. Note-se que u (p) e v (p)
constituem uma base completa no espao de spinores de Dirac, assim como as ondas
planas com energia positiva e negativa formam um base completa de solues da equao
de KG.
A equao de Dirac no resolve o problema da existncia de estados de uma partcula
com energia negativa. No entanto, para energia positiva, a funo de onda de Dirac tem
dois graus de liberdade internos, descrevendo, como veremos, o spin intrnseco de uma
partcula de spin 1/2. Dirac props uma resoluo do problema dos estados com energia
negativa que usa o princpio de excluso de Pauli. Suponhamos que os estados com
energia negativa esto todos preenchidos (mar de Dirac). Ento, estados com energia
positiva sero estveis relativamente ao decaimento para esse mar, visto que o princpio
de excluso de Pauli impede transies para os estados j preenchidos. Este mar o
vcuo, pois na teoria de Dirac o vcuo no o nada, mas composto por um conjunto
infinito de electres com energia negativa. Quando existe um buraco no mar de Dirac
com energia negativa |E1 |, um electro com energia |E2 | pode decair para este buraco,
libertando energia |E2 | + |E1 | > 2m sob a forma de fotes
e + buraco energia > 2m .
(2.83)
O balano energtico deste processo est esquematizado na figura 2.3. Conclumos que
o buraco tem efectivamente carga positiva (por conservao de carga), massa igual do
electro e energia positiva, pelo que no mais do que um positro, a anti-partcula do
electro. O processo fsico anterior pode assim ser representado por
e + e+ + .
37
(2.84)
9
=
;|E2 |
|p|
|E1 |
Figura 2.3: Representao de um positro como um buraco no mar de Dirac, que pode
absorver um electro emitindo no processo dois fotes.
De um ponto de vista fundamental da Fsica de Partculas, a argumentao de Dirac
agora uma curiosidade histrica, visto que o argumento no funciona para boses (por
exemplo para um campo escalar complexo). No entanto, foi assim que a existncia de
anti-matria foi proposta, o que constituiu um dos triunfos da equao de Dirac. De
facto, veremos que em TQC os estados com energia negativa descrevem anti-partculas
mas com energia positiva, e que requerer energia positiva implica o princpio de excluso
de Pauli (relao entre spin e estatstica). Neste caso a norma que introduzimos na seco
anterior deixa de ser positiva definida, representando uma densidade de carga e no uma
densidade de probabilidade.
Exerccio: Mostre que na base de spinores de Dirac so vlidas as seguintes relaes
u (p) u0 (p) = 2Ep 0 ,
v (p) v0 (p) = 2Ep 0 ,
u (p) v0 (p)
(2.85)
v (p) u0 (p)
= 0.
(2.86)
u
(p) v0 (p) = v (p) u0 (p) = 0 .
onde p
/ = p.
38
v (p) v (p) = p
/ m,
(2.87)
Exerccio: Estude a seco 2.2.2 de Itzykson e Zuber para pacotes de onda das solues da
equao de Dirac.
Exerccio: Volte a estudar o paradoxo de Klein para o caso de fermies de Dirac.
R
p
i
S() u(p) = Ep + m e 2 n p
= EpR + m pR
,
R
Ep + m
EpR + m
(2.92)
i
onde definimos R = e 2 n , e utilizamos as igualdades Ep = EpR e
e 2 n ( p) e 2 n = pR .
(2.93)
i(Rp) x
0+
,
p (x) = uR (pR ) e
(2.94)
39
o 3-momento do modo usual, roda o 2-spinor que descreve o estado de spin da partcula
i
de acordo com R = e 2 n . Esta aco das rotaes em , introduzida na Mecnica
Quntica no relativista por Pauli, surge naturalmente no contexto da equao de Dirac.
Exerccio: Mostre a igualdade (2.93). Note que pode considerar sem perda de generalidade o
caso simples de uma rotao em torno do eixo dos zz.
Exerccio: Considere a aco de uma transformao de Lorentz, com rapidez i numa direco
xi fixa, na funo de onda de Dirac que descreve uma partcula parada
+
0 (x) = 2m
eip x ,
(2.95)
0
onde p = (m, 0). Prosseguindo de modo anlogo ao caso das rotaes mostre que
+
+
iq x
0+ (x) 0+
,
0 (x) = U 0 (x) = q (x) = u(q) e
(2.96)
q = m sinh i ei .
(2.97)
Obteve assim a funo de onda da mesma partcula, no mesmo estado de spin, mas com 4momento q. Claro que o mesmo raciocnio vlido para 0 e para partculas com qualquer
momento inicial p, j que o resultado independente do referencial (considerou-se um referencial
em que a partcula estava inicialmente parada apenas para facilitar os clculos).
q~
q
BL =
Bl,
2mc
2mc
(2.98)
q
q~
q~
B L + 2S =
B l + 2s
B gl l + gs s ,
2mc
2mc
2mc
(2.99)
Este acoplamento pode ser visto como consequncia da existncia de uma simetria padro local, facto
que ser explorado mais tarde neste curso.
40
(2.101)
Fij = ijk B k .
(2.102)
O aluno menos familiarizado com esta linguagem dever verificar que as equaes de
Maxwell no vazio decorrem da chamada identidade de Bianchi [ F ] = 0 e da equao
de campo F = 0.
Na presena de um campo electromagntico externo a equao de Dirac fica ento
i ( iqA) m = 0 .
(2.103)
Multiplicando-a esquerda por i ( iqA) + m obtemos
( iqA) ( iqA) m2 = 0 .
(2.104)
Tendo em ateno que o primeiro operador derivada actua tambm no campo A, e que
a ordem das matrizes dever ser respeitada, vem
(2.105)
(iqA ) ( iqA ) + iqA ( iqA ) m2 = 0 .
(2.112)
!
(P qA)2
iq
q
+ q +
E
B (x) .
2m
2m
2m
(2.113)
u(p)
,
(2.114)
0
2m
2m
Este acoplamento foi inicialmente proposto por Pauli, motivado pelos resultados experimentias. A sua derivao que acabmos de expor constitui um grande triunfo da equao
de Dirac.
Exerccio: Estude a construo das funes de onda de Dirac para o tomo de Hidrognio
(Itzykson e Zuber, seco 2.3).
(2.116)
Para estados prprios do operador momento (x) = u(p) eip x , a equao anterior fica
0 p0 u(p) = i pi u(p) 5 p0 u(p) = 5 0 i pi u(p) ,
(2.117)
(2.119)
) so iguais para
Conclumos assim que os operadores quiralidade ( 5 ) e helicidade ( p
estados com energia positiva e simtricos para estados com energia negativa.
Na representao utilizada para as matrizes , o operador de quiralidade tem a forma
0 1
5
=
,
(2.120)
1 0
e, portanto, os seus estados prprios so
+
u =
,
u =
p
0
=
p
,
0
p
= (sin sin , sin sin , cos ), de modo que
escrevemos p
cos
ei sin
=
.
p
ei sin cos
(2.121)
(2.122)
(2.123)
tm a forma
Um clculo simples mostra que os estados prprios do operador p
cos 2
ei sin 2
+ =
,
=
,
(2.124)
ei sin 2
cos 2
= . Conclumos que as solues da equao de Dirac
com valores prprios p
para massa nula com energia positiva (quiralidade=helicidade), que descrevem partculas,
tm a forma
+
,
(2.125)
,
u
=
u+ =
+
u =
,
u =
.
(2.126)
+
No caso dos neutrinos, experimentalmente s se observam neutrinos e anti-neutrinos
com quiralidade negativa (solues u em cima). Isto implica que os neutrinos tenham
helicidade negativa e os anti-neutrinos helicidade positiva.
O facto de s se observarem neutrinos e anti-neutrinos de quiralidade negativa, sugere
que as partculas, e correspondentes anti-partculas, de spin 1/2 com massa nula possam
43
ser descritas por um spinor com somente duas componentes. De facto, podemos escrever
uma equao linear nas derivadas na forma
t + i i (x) = 0 .
(2.127)
(2.128)
e, portanto,
t2 i j i j (x) = 0 .
(2.129)
Visto que i j simtrico vem 2i j i j= i , j i j . A equao de KG ser assim
obedecida se os i obedecerem algebra i , j = 2 ij . Como esta relao satisfeita
pelas matrizes de Pauli, podemos tomar i = i , e portanto (x) agora um 2-spinor.
A equao de Dirac para partculas sem massa fica ento
t i i (x) = 0 .
(2.130)
(2.131)
Deste modo, estado com energia positiva tero helicidade negativa e estados com energia
negativa tero helicidade positiva, de acordo com a anlise anterior.
44
= 0.
(3.2)
i dt i
N
X
m
i=1
2i
k
(i+1 i )2
2
45
(3.3)
'i
'i
'i+1
'i+2
x
i
i+1
i+2
a
Figura 3.1: Cadeia de molas acopladas.
e as condies fronteira so i+N = i (osciladores peridicos) ou N (cadeia
infinita). Assim sendo, as equaes de movimento correspondentes so
m i = k (i+1 i ) (i i1 ) .
(3.4)
simples calcular os momentos conjugados e o Hamiltoniano que so, respectivamente,
X
X p2
L
k
2
i
pi =
= m i ,
H=
i pi L =
+ (i+1 i )
.
(3.5)
i
2m 2
i
m
= densidade linear do sistema,
a
ka = Y mdulo de Young,
i
fraco do deslocamento.
a
46
P
Ora, o somatrio, a , no mais do que a soma de Riemann no limite N . Ento,
no limite contnuo o Lagrangeano fica
! L
L
2 Y 2
dx
dx L
,
(3.8)
L=
=
,
2 t
2 x
t x
0
0
onde = (t, x) o campo dos deslocamentos do meio na posio x, isto , neste limite
identificamos
i (t) (t, x) .
(3.9)
A funo L a densidade Lagrangeana que descreve as vibraes longitudinais num meio
contnuo,
L i (t), i (t), t L (t, x), (t, x), x .
(3.10)
S = dtdx L , .
(3.11)
No caso em estudo, as equaes de Euler-Lagrange do origem equao de onda
2
2
2
c
= 0,
S
t2
x2
(3.12)
L
Li
L
pi =
= a(t, x) ,
(3.14)
=a
a
i
i
(t,
x)
X
Li
L
H=a
L = dx H ,
i
Li
dx (t,
x)
i
(t,
x)
i
X
X ij
1=
ij = a
dx (x x0 ) = 1 ,
(3.15)
a
i
onde se identificou
(xx0 )
ir descrever partculas com spin 1/2 tal como o electro. Esta a mudana de paradigma,
em vez de interpretarmos as equaes de KG e de Dirac como equaes para a funo de
onda de uma partcula no esprito usual da Mecnica Quntica, deveremos interpret-las
como equaes clssicas do respectivo campo, que ainda dever ser sujeito s regras de
quantificao cannicas.
Para sermos pedaggicos iremos focar em primeiro lugar em mais detalhe no caso da
quantificao de um campo escalar, mas os resultados que obteremos so generalizveis
aos casos de campos spinoriais e vetoriais, como teremos oportunidade de verificar.
S = d4 x L r , r , x ,
(3.20)
onde r representa uma componente do campo (por exemplo, pode ser o ndice spinorial
do campo de Dirac ou um ndice que represente outros graus de liberdade internos do
campo em questo). Consideremos agora variaes de r numa regio R do espao-tempo
r (x) 0r (x) = r (x) + r (x) ,
48
(3.21)
L
L
4
S = d x
r +
( r )
r
( r )
R
L
L
L
4
(3.22)
r +
r
r
= d x
r
( r )
( r )
R
L
L
L
4
= d x
r + d
r ,
r
( r )
( r )
R
onde na ltima igualdade usou-se o teorema de Gauss. Como por hiptese na fronteira
R as variaes r so nulas, o segundo integral nulo. O princpio da ao mnima
diz-nos que as trajectrias clssicas so extremos da ao para qualquer variao r (x),
obtendo-se assim as equaes de Euler-Lagrange
L
L
= 0.
(3.23)
r
( r )
Por exemplo, para um campo escalar real tem-se
1
m2 2
L =
,
2
2
(3.24)
(3.25)
(3.26)
49
(3.27)
(3.28)
4 0
0
0
0
(3.29)
S = d x L r , r , x d4 x L r , r , x .
R
(3.30)
(3.31)
x0
x
= 1 + (x ) + .
S = d4 x L + L (x ) ,
(3.32)
onde
L =
L
L
L
r +
( r ) + x ,
r
( r )
x
(3.33)
e est implcita uma soma nas componentes r do campo em questo. A variao da aco
tem assim a forma
L
L
L
4
S = d x
r +
r
r + (L x )
r
( r )
( r )
R
L
L
L
4
= d x
r + d
r + L x ,
(3.34)
r
( r )
( r )
R
onde usmos o teorema de Gauss. Para configuraes do campo que satisfazem as equaes de Euler-Lagrange o primeiro termo da ltima equao nulo, pelo que a variao
da aco fica
L
L
S = d
r + L
r x .
(3.35)
( r )
( r )
R
50
(3.36)
L
r + T x .
( r )
(3.37)
T = L
obtemos finalmente
S =
d
R
r = rA A .
(3.38)
Como veremos nos exemplos que analisaremos, o ndice A permite rotular as vrias
transformaes do grupo em questo e A o parmetro infinitesimal da respectiva
transformao. Assumindo ento que o campo r obedece s equaes de Euler-Lagrange
e que a ao invariante perante este grupo de transformaes conclumos que
L
rA + T X A A d = 0 .
(3.39)
( r )
R
d4 x j A = 0 ,
d j A = 0
(3.40)
L
rA + T X A .
( r )
(3.41)
Como a regio R do espao-tempo arbitrria, o resultado (3.40) implica que a corrente que acabmos de definir conservada, isto j A = 0 em qualquer ponto. A
correspondente carga, conservada e invariante de Lorentz,
QA = d j A = d3 x j 0A ,
(3.42)
51
3.2.2 Translaes
Vamos aplicar o teorema de Noether para teorias com simetria de translao no espaotempo. Nesse caso, a transformao infinitesimal simplesmente
x = ,
r = 0 .
(3.43)
Comparando com as expresses gerais em (3.38), deveremos fazer as seguintes identificaes: A , X = , = e r = 0. Deste modo, a corrente conservada
simplesmente o tensor impulso-energia
j = T = L
L
( r ) ,
( r )
(3.44)
(3.45)
P = d T = d3 x T 0 .
Vejamos agora o caso simples de um campo escalar real com Lagrangeano (3.24).
simples verificar que o tensor de impulso-energia tem a forma
1
T = ()2 + m2 2 .
(3.46)
2
Calculemos agora o 4-momento do campo. Quanto energia, temos
1
H = P 0 = P0 = d3 x T 00 =
(3.47)
d3 x 2 + ()2 + m2 2 .
2
i
3
0
P = Pi = d x T = d3 x i .
(3.48)
i
Exerccio: Para o campo de Dirac, com Lagrangeano (3.26), mostre que o tensor impulsoenergia dado por
,
T = i
(3.49)
onde dever usar as equaes do campo para obter esta expresso. Verifique que as componentes
do 4-momento do campo tm a forma
P = i d3 x ,
(3.50)
em particular a energia associada a configuraes clssicas do campo pode ser negativa. Veremos
mais tarde, no contexto da Teoria Quntica de Campo, que a resoluo deste problema permite
estabelecer a relao entre o spin e a estatstica de Pauli-Dirac para fermies.
52
1
X X ,
2
(3.52)
1
1
T x T x .
T x x =
2
2
1
Q = d3 x j 0 =
d3 x T 0 x T 0 x ,
2
(3.53)
(3.54)
i
.
4
(3.55)
i
Por comparao com (3.38), podemos identificar r = r . A corrente conservada
4
passa a ter o seguinte termo adicional
k =
L
i L
i
L
r =
+
.
( r )
4 ( )
4
( )
(3.56)
(3.57)
j = i x i x + .
(3.58)
2
2
53
ei ,
(3.59)
para qualquer constante real (o termo global significa que a transformao igual
para todos os pontos do espao-tempo). Assim sendo, a correspondente transformao
infinitesimal toma a forma
= i .
= i ,
(3.60)
Visto que a transformao no envolve o espao-tempo, na parametrizao geral introduzida em (3.38) temos: X A = 0, = , = i e = i . A corrente associada a
esta simetria fica ento
j =
L
L
(i) +
(i
)
=
i
.
( )
( )
(3.61)
importante constatar que esta corrente coincide com a corrente introduzida aquando do
estudo da equao de KG, numa tentativa de associ-la a uma corrente de probabilidade.
Na realidade esta ser uma corrente de carga, de modo que a simetria padro associada
a campos complexos que permite introduzir o conceito de partcula e anti-partcula (de
carga oposta).
Exerccio: Considere novamente o campo de Dirac e mostre que a simetria padro d origem
introduzida aquando do estudo da equao de Dirac. interessante
corrente j =
constatar que classicamente esta corrente d origem a uma carga no-negativa, tal no ser
verdade na teoria quntica, onde descrever a carga de electres e positres.
L(t) = d3 x L(t, x) ,
(3.62)
onde a densidade lagrangeana L(t, x) dada por
1
m2 2
L = ()2
.
2
2
(3.63)
L
x) .
= (t,
(t, x)
54
(3.64)
d3 x H(t, x) ,
(3.65)
(3.66)
Note-se que o Hamiltoniano tem precisamente a forma determinada na seco 3.2.2 utilizando o teorema de Noether. Como o Lagrangeano no depende explicitamente do
tempo, o Hamiltoniano uma carga conservada, isto , H(t) = H.
Para proceder quantificao impomos as relaes cannicas de comutao
(t, x), (t, x0 ) = 0 = (t, x), (t, x0 ) ,
(t, x), (t, x0 ) = i(x x0 ) . (3.67)
A partir de agora e so operadores que evoluem no tempo de acordo com a equao
de Heisenberg para a evoluo de operadores. Vejamos que esta evoluo consistente
com a teoria de campo clssica. Quanto ao operador de campo , temos
i
i
=
d3 x0 2 (t, x0 ) (t, x0 ), (t, x) = d3 x0 (t, x0 ) (x x0 ) = (t, x) ,
2
h
i
2
i
(t,
x) = i [H, (t, x)] =
d3 x0 0 (t, x0 ) + m2 (t, x0 )2 , (t, x) =
2
i
0
0
0j
0
2
0
0
3 0
=
d x 2j (t, x ) (t, x ), (t, x) + 2m (t, x ) (t, x ), (t, x) = (3.69)
2
= d3 x0 0j (t, x0 )0j (x x0 ) + m2 (t, x) = 2 (t, x) m2 (t, x) ,
onde na ltima igualdade fizemos uma integrao por partes para definir a derivada da
funo delta de Dirac. O resultado obtido no mais do que a verso da equao de
KG, ( 2 m2 ) = 0, para o operador de campo . De facto, juntando os dois ltimos
resultados, conclumos que
x) = 2 (t, x) m2 (t, x) .
(t,
(3.70)
55
(3.71)
(3.74)
(x) = i [P , (x)] .
Vejamos que este resultado coerente com o que j foi obtido. A componente temporal
Pi = d3 x (t, x) i (t, x) ,
(3.76)
que agora um operador. De facto, simples verificar a relao de comutao
[Pi , (t, x)] = d3 x0 (t, x0 ) i (t, x0 ), (t, x) =
= d3 x0 (t, x0 ), (t, x) i (t, x0 ) = ii (t, x) ,
(3.77)
AQ
A
ei
AQ
(3.78)
56
(3.79)
d3 p
ip x
ip x
a(p)
e
+
a
(p)
e
,
(3.80)
(x) = d4 p eip x (p)
=
(2)3 2Ep
p
onde no ltimo integral p = (Ep , p) com Ep = m2 + p2 , e os coeficientes de Fourier a(p) e a (p) so agora operadores. Note-se que estes operadores so hermticos
conjugados, pois o campo um operador hermtico.
No que se segue conveniente introduzir a seguinte notao simplificativa
X
d3 p
,
pp0 (2)3 2Ep (p p0 ) .
(3.81)
3 2E
(2)
p
p
Alm de ser conveniente para realizar clculos, esta notao a apropriada quando o
momento toma valores discretos, o que acontece se considerarmos a teoria numa caixa de
volume V , tomando-se depois o limite de volume infinito. Com esta notao, (x) toma
a forma
X
(3.82)
a(p) eip x + a (p) eip x ,
(x) =
p
(x) = (x)
=
(iEp ) a(p) eip x a (p) eip x .
(3.83)
a(p) = i d3 x eip x (x) iEp eip x (x)
X
0
0
=
d3 x eip x
Ep0 a(p0 ) eip x a (p0 ) eip x +
p0
d3 x eip x
p0
d3 x
X
p0
d3 x
0
0
Ep a(p0 ) eip x + a (p0 ) eip x
0
0
Ep0 a(p0 ) ei(p p) x a (p0 ) ei(p +p) x +
X
p0
0
0
Ep a(p0 ) ei(p p) x + a (p0 ) ei(p +p) x .
57
(3.85)
h
h
i
ip0 x0
i
ip x
0
3
3 0
0
0
0
(x) iEp (x) , ie
iEp (x ) (x )
a(p), a (p ) =
d x d x ie
0
0
=
d3 x d3 x0 eip x ip x iEp0 (x), (x0 ) iEp (x), (x0 )
0
0
=
d3 x d3 x0 eip x ip x Ep0 + Ep (x x0 )
(3.88)
0
=
d3 x ei(p p) x Ep + Ep0
a (p0 ).
Exerccio: Verifique a relao entre os operadores de campo [(t, x), (t, x0 )] = i(x x0 ),
utilizando a sua expanso em modos de Fourier e as relaes de comutao que acabmos de
deduzir pare os operadores a(p) e a (p).
58
Os operadores de criao e aniquilao desempenham um papel fundamental na construo dos estados fsicos associados a partculas. Em primeiro lugar, vamos mostrar que
o operador 4-momento do campo pode ser escrito na forma
1 X
P =
p a(p) a (p) + a (p) a(p) ,
(3.90)
2 p
onde p = (Ep , p). Quanto ao operador 3-momento do campo, expandindo em modos de
Fourier a expresso (3.76), vem
X
0
0
k
P = d3 x
Ep a(p) eip x a (p) eip x p0k a(p0 ) eip x a (p0 ) eip x
p,p0
d3 x
p,p0
0
0
Ep p0k a(p) a(p0 ) ei(p+p ) x a(p) a (p0 ) ei(pp ) x
1 X 0k
p a(p) a(p0 ) e2iEp t p+p0 a(p) a (p0 ) pp0
2 0
p,p
(3.91)
1X k
p a(p) a(p) e2iEp t + a(p) a (p) + a (p) a(p) + a (p) a (p) e2iEp t .
2 p
(3.92)
59
(3.94)
o que mostra que o operador a (q) acrescenta uma excitao do campo com momento q
ao estado arbitrrio |i. Do mesmo modo se demonstra que
P , a(q) = q a(q) ,
(3.95)
p a (p) a(p) + pp ,
P =
(3.96)
2
p
d3 x
= 2Ep V ,
(2)3
(3.97)
3
3
V
d p
d p
p Ep V |0i =
p |0i ,
(3.98)
=
(2)3 2Ep
2
(2)3
e, portanto, a densidade volmica de 4-momento do vcuo
d3 p
1
p .
2
(2)3
(3.99)
Para espacial, o resultado nulo pois o integrando uma funo mpar, no entanto,
para temporal, obtemos a densidade de energia do vcuo
1
d3 p p 2
m + p2 = + ,
(3.100)
2
(2)3
que diverge. De modo ao vcuo ter uma densidade de energia nula, subtramos este
infinito ao operador Hamiltoniano H. Note-se que estamos a subtrair um nmero infinito
a este operador, mas as relaes de comutao com outros operadores e as diferenas de
energia entre estados mantm-se idnticas. Redefinamos ento o operador momento
X
P =
p a (p) a(p) .
(3.101)
p
60
Utilizando a notao |qi = a (q) |0i, |q1 , q2 i = a (q1 ) a (q2 ) |0i, etc, conclumos que
P |0i = 0 ,
(q1
q2 ) |q1 , q2 i
(3.102)
etc. Desta forma, demonstramos que |qi representa (a menos de uma constante de
normalizao a definir) o estado de uma partcula com momento q, |q1 , q2 i um estado
de duas partculas com momentos q1 e q2 , etc.
O operador nmero total de partculas dado por
X
d3 p
d3 p
a
(p)
a(p)
V
N (p) ,
(3.103)
N=
a (p) a(p) =
(2)3 2Ep
(2)3
p
onde definimos o operador
N (p) =
1
a (p) a(p) ,
2Ep V
(3.104)
(3.105)
os vetores prprios de N (p) podem ser usados como base de estados, para todo p. Para
construir esta base de estados, notamos primeiro as relaes de comutao
h
i
pp0
pp0
a (p) ,
N (p), a(p0 ) =
a(p) .
(3.106)
N (p), a (p0 ) =
2Ep V
2Ep V
Em particular, para p = p0 obtemos o resultado usual para o operador nmero, tal como
no estudo do oscilador harmnico simples,
h
i
N (p), a (p) = a (p) ,
[N (p), a(p)] = a(p) .
(3.107)
agora trivial mostrar que se |n(p)i um estado prprio de N (p) com valor prprio
n(p), ento o estado a (p) |n(p)i tambm vetor prprio de N (p) com valor prprio
n(p) + 1. De facto,
N (p) a (p) |n(p)i = a (p) (1 + N (p)) |n(p)i = (1 + n(p)) a (p) |n(p)i , (3.108)
e portanto a (p) |n(p)i |n(p) + 1i. De modo anlogo podemos provar que a(p) |n(p)i
vetor prprio de N (p) com valor prprio n(p)1. Como este estado tem que ter norma
no negativa vem
a(p) |n(p)i a(p) |n(p)i = hn(p)| a (p) a(p) |n(p)i =
= 2Ep V n(p)hn(p)|n(p)i = 2Ep V n(p) 0 .
61
(3.109)
No entanto, como a(p) reduz o valor de n(p) por uma unidade, aplicando este operador
sucessivamente, a nica forma de evitar que n(p) se torne negativo admitirmos a
existncia de um estado fundamental 0(p), isto , um estado |0i, que verifica a(p) |0i = 0
para qualquer p. Este estado o vcuo e no contm qualquer partcula, pois verifica
N (p) |0i = 0.
agora trivial construir o espao de estado a partir do vcuo, basta actuar no vcuo
com os operadores de criao a (p). Para normalizar os estados apropriadamente, note-se
que j mostrmos que a (p) |n(p)i = C |n(p) + 1i, e portanto
|C|2 = hn(p)| a(p) a (p) |n(p)i = hn(p)| a (p) a(p) + pp |n(p)i = 2Ep V n(p)+1 .
(3.110)
Obtemos assim que
1
|n(p) + 1i = q
a (p) |n(p)i .
2Ep V n(p) + 1
(3.111)
Aplicando este raciocnio recursivamente, a base de estados do campo associados a estados de partculas com momento bem definido tem a forma
n(p2 )
n(p1 )
a (p1 )
a (p2 )
|n(p1 ), n(p2 ), i = q
|0i ,
(2Ep1 V )n(p1 ) n(p1 )!(2Ep2 V )n(p2 ) n(p2 )!
(3.113)
62
O = 2
q p q, visto que ambos so operadores hermticos. No entanto simples mostrar
que q2 p2 + p2 q2 = 2
q p2 q 2. No caso considerado, H envolve o produto de campos, que
no espao dos momentos toma a forma
h
i X
h
i
1X
Ep a(p) a (p) + a (p) a(p) =
Ep a (p) a(p) + Ep V .
(3.114)
2 p
p
Claramente, quando interpretamos os coeficientes de Fourier na expresso clssica da
energia como operadores, existe uma arbitrariedade na sua ordem. Esta arbitrariedade
traduz-se num valor constante e infinito em H, no entanto as diferenas de energia e as
relaes de comutao obedecidas por este operador permanecem inalteradas. Definindo
o vcuo como um estado de energia zero, temos ento
X
H=
Ep a (p) a(p) .
(3.115)
p
A remoo da constante infinita pode ser efectuada interpretando o produto de operadores, que resulta da expresso clssica, como produto com ordem normal que passamos
agora a definir. Comeamos por separar o campo (x) em partes com energia (frequncia)
positiva e negativa
X
X
+ (x) =
a(p) eip x ,
(x) =
a (p) eip x ,
(3.116)
p
sendo (x) =
De modo anlogo, o mesmo procedimento adoptado para o
campo momento conjugado, que escrevemos como (x) = + (x)+ (x), bem como para
outros campos. Seguidamente, a partir da expresso clssica para o operador em questo
posicionamos em cada termo os operadores de frequncia positiva (com operadores de
aniquilao) direita. O respectivo produto tem a propriedade desejada de ter um
valor esperado nulo no vcuo. Usualmente denota-se a ordenao normal do produto de
operadores AB por : AB : ou por N (AB ). Por exemplo,
: (x)(y) : = : + (x) + (x) + (y) + (y) :
(3.117)
+ (x)+ (x).
que verifica h0| : (x)(y) : |0i = 0. A subtraco da energia do vcuo equivalente a este
procedimento. Comeando com qualquer ordem para os modos de Fourier na expresso
para o Hamiltoniano H temos
H : H : = H h0| H |0i .
63
(3.118)
p0
|p|
d3 p ip x
ip x
(x) =
e
f
(p)
+
e
g(p)
,
(3.121)
(2)3 2Ep
64
t0
|x0 |
|x|
d3 p ip x
ip x
,
(x) =
e
e
(2)3 2Ep
d4 p
(x) =
p0 p2 + m2 eip x ,
3
(2)
(p ) =
1 , se p0 > 0
.
1 , se p0 < 0
(3.122)
(3.123)
(3.124)
Esta ltima expresso para (x) claramente invariante relativista, visto que uma transformao de Lorentz transforma cada parbola de massa em si prpria tal como ilustra
a figura 3.2, e portanto a funo (p0 ), que poderia primeira vista parecer no ser
invariante, tambm o .
Exerccio: Verifique que o comutador (x) pode ser escrito na forma apresentada em (3.124).
65
p0
Ep
Ep
d4 p eip x
(x) = i
,
(3.125)
(2)4 p2 + m2
onde o contorno de integrao no plano complexo de p0 est descrito na figura 3.4.
Portanto, o integral em p0 depende apenas dos resduos nos dois plos p0 = Ep ,
0
d3 p dp0
eip t+ip x
=
(3.126)
(2)4 (p0 + Ep )(p0 Ep )
d3 p 2i eiEp t+ip x eiEp t+ip x
d3 p ip x
ip x
,
=i
+
=
e
e
(2)3 2
2Ep
2Ep
(2)3 2Ep
(x) = i
como esperado.
1
m2 2
L = ()2
+ j(x) ,
2
2
(3.128)
como fcil de verificar. Seja j(x) uma funo no nula somente durante um intervalo
de tempo finito. Assim, natural perguntarmos: se para t o campo estiver no
vcuo, o que encontraremos para t ?
66
p0
Ep
Ep
p0
Ep
Ep
Figura 3.5: A receita i adotada para o propagador retardado garante que a integrao
em p0 efectuada por cima dos polos em p0 = Ep .
Para resolver a equao do campo na presena da fonte conveniente introduzir a
funo de Green G(x, x0 ) que, por definio, soluo da equao
2 + m2 G(x, x0 ) = (x x0 ) .
(3.129)
d4 p ip x
G(x) =
G(p) ,
(3.131)
e
(2)4
Ao dividir esta ltima equao por p + m , determinando assim G(p), temos de dar
ateno aos zeros em p0 = Ep e correspondente escolha do contorno de integrao
em p0 , estendido ao plano complexo, na expresso (3.131).
facto, diferentes escolhas
De
no contorno de integrao diferem por uma funo g(p0 / p0 , p) (p2 + m2 ) e, portanto,
correspondem a solues da equao homognea, ou seja, a diferentes condies fronteira.
Definimos agora
1
R,A (p) =
G
,
(3.132)
0
2
(p i) + p2 + m2
67
x0
x0
|x|
eip x
d4 p
,
GR (x) =
(2)4 (p0 + i)2 + Ep2
(3.133)
d3 p
eip x
d3 p ip x
e
ip x
=
(i)
+
=
i
e
e
,
(2)3
2Ep
2Ep
(2)3 2Ep
68
Alm disso, juntando os contornos de integrao para GA (x) e GR (x) imediato que
(x) = i(GA (x) GR (x)).
Voltando ao problema da propagao do campo na presena de uma fonte clssica,
antes de j(x) ser ligado o operador de campo tem a forma livre
X
0 (x) =
a(p) eip x + a (p) eip x ,
(3.136)
p
e o estado do vcuo |0i, tal que a(p) |0i = 0 para qualquer p. Na presena da fonte, a
soluo causal pode ser construda utilizando GR (x x0 ), com o resultado
(x) = 0 (x) + d4 x0 GR x x0 j(x0 )
(3.137)
X ip (xx0 )
4 0
0
00
ip (xx0 )
= 0 (x) + i d x x x
e
e
j(x0 ) ,
p
onde a funo de Heaviside (igual unidade para argumento positivo e nula para
argumento negativo). Se esperarmos tempo suficiente, toda a fonte j(x0 ) estar no passado, de modo que podemos tomar (x0 x00 ) = 1 e a integrao em x0 d origem
transformada de Fourier de j(x0 ),
0
d4 x0 j(x0 ) eip x = j(p) ,
(3.138)
calculada para um momento p que satisfaz a condio de massa p = (Ep , p). Conclumos
assim que para x0 + o campo fica
X
(3.139)
(x) =
a(p) + ij(p) eip x + a (p) ij (p) eip x .
p
Concluimos que houve um aumento de energia do campo devido presena da fonte j(x).
O estado |0i, que corresponde ao vcuo para x0 , deixa de ser o estado de vcuo
para x0 +. De facto, por comparao com as expresses (3.101) para a energia do
69
d3 p
j(p)2 .
hN i =
(3.143)
(2)3 2Ep
Exerccio: Como usual defina operadores de criao e aniquilao, a (p) e a(p), relativos aos
vcuo em x0 = . De modo anlogo defina operadores de criao e aniquilao, b (p) e b(p),
relativos aos vcuo em x0 = +. Olhando para as expanses do operador de campo (x) em
modos de Fourier em x0 = , defina uma tranformao unitria entre estes operadores. Esta
transformao um caso simples das denominadas transformaes de Bogoliubov. Determine o
valor mdio do nmero de partculas relativamente ao vcuo em x0 = +, hNb i, quando o campo
est no vcuo definido em x0 = , obtendo assim o resultado para o nmero de partculas
criadas pela fonte clssica acima apresentado.
p,p0
0
h0| a(p) a (p0 ) |0i eip yip z =
X
p
70
eip (yz) .
(3.146)
p0
p0
Ep + i
Ep
Ep
Ep
P
p
(3.147)
d4 p
eip x
F (x) = i
,
(3.148)
(2)4 p2 + m2 i
onde, tal como para as outras funes de Green, > 0 uma constante infinitesimal
que permite definir o contorno de integrao em p0 . Os respectivos plos no integrando
ocorrem para
p
p0 = p2 + m2 i = Ep i ,
(3.149)
de modo
que o caminho de integrao o descrito pela figura 3.7. Para x0 > 0, temos
0 0
que eip x 0 exponencialmente no semi-plano inferior do plano complexo em p0 .
Fechando ento o contorno nesse semi-plano e usando o teorema dos resduos, temos no
limite 0
3
0 0
d p dp0
ei(p x p x)
d3 p 2i eip x X ip x
F (x) = i
=
i
=
e
.
(2)4 (p0 Ep )(p0 + Ep )
(2)3 2 2Ep
p
(3.150)
Para
< 0, fechamos o contorno no semi-plano complexo superior e obtm-se o resultado
esperado
X
F (x) =
eip x .
(3.151)
x0
71
2 m2 eip x
4p
p
d
d4 p ip x
2
2
( m )F = i
=
i
e
= i(x) .
(3.152)
(2)4 p2 + m2 i
(2)4
Como explicmos anteriormente, a receita i utilizada para os polos em p0 define o
contorno de integrao em p0 , e portanto, define as condio fronteira obedecidas pelo
propagador. Neste caso estas condies correspondem a s incluir modos de frequncia
positiva (negativa) para x0 + (x0 ).
Para concluir, notemos tambm que o propagador de Feynman F (y z) de facto a
amplitude de transio para um dado estado inicial (z) |0i (se z 0 < y 0 ) evoluir para um
estado final (y) |0i = (y) |0i (estamos a considerar um campo hermtico). Assim, se
z 0 < y 0 , o propagador de Feynman a amplitude de uma partcula criada em z propagar
at y, onde destruda. Se y 0 < z 0 , a amplitude para a propagao de y para z.
1X
d3 p
d3 p
1
V
E0 =
Ep pp =
E
2E
V
=
Ep ,
(3.153)
p
p
2 p
2
(2)3 2Ep
2
(2)3
a que corresponde uma densidade de energia infinita. Este problema foi resolvido subtraindo este infinito ao vcuo, que passou a ter energia nula. Por outro lado, o objectivo
desta seco comparar a densidade de energia associada ao campo, com a densidade de
energia quando o campo est restrito a uma regio finita do espao. Esta diferena de
energia d origem, como veremos, ao famoso efeito Casimir.
Por simplicidade vamos estudar a energia para um campo escalar com massa nula a
propagar-se num segmento de comprimento a. Podemos portanto escrever
X
(x) =
a(p) ei(Ep tpx) + a (p) ei(Ep tpx) ,
(3.154)
p
X
n=1
onde
an +
n (x) + an n (x) ,
iEn t
sin(pn x) ,
n (x) = e
72
pn =
n
,
a
(3.155)
(3.156)
1X
X
E0 =
En =
n = .
(3.157)
2
2a
n=1
n=1
Para obtermos uma energia do vcuo finita temos que comparar a energia do campo no
segmento de comprimento a, sujeito s condies fronteira impostas anteriormente, com
a energia do campo no mesmo segmento, mas sem impor quaisquer condies fronteira.
Veremos que a diferena entre estas energias depende do comprimento a, permitindo
assim definir uma fora associada presso do vcuo nas extremidades do segmento.
Como ambas as quantidades que queremos comparar so infinitas temos que utilizar um
procedimento denominado por regularizao que, como veremos, permite parametrizar
estes infinitos. Existem vrios esquemas de regularizao. Um esquema consiste em
introduzir a funo reguladora eEn na soma (3.157), e tomar o limite 0 no final
dos clculos. Assim sendo
X n/a 1 X
1
e/a
E0 () =
en/a =
=
ne
=
2a
2
2 1 e/a
n=1
n=1
"
#
/a
2a 2 1
=
=
(3.158)
+ O( 2 ) ,
=
2a e/a 1 2
8a sinh2
8a
3
2a
onde usmos a expanso
1
=
sinh2 x
x2 1 +
1
x2
3
1
2 = 2
x
+ O(x4 )
x2
1
+ O(x4 ) .
3
(3.159)
,
p (x) = e
(3.160)
L + dp
|p| ,
2 2
e a fraco associada ao segmento de comprimento a ser a fraco
a
E0 =
2
0
dp
a
|p| =
2
2
a
L
deste valor
dp p = .
73
(3.161)
(3.162)
(3.163)
que diverge no limite 0. Esta a divergncia que removemos anteriormente da energia do vcuo atravs da ordenao normal do operador Hamiltoniano. Coincide tambm
com a divergncia obtida na energia E0 () em (3.158). Este facto no surpreendente
visto que, ao efectuarmos a soma no clculo da energia do vcuo, o mtodo de regularizao reduz a contribuio dos modos com pequenos comprimentos de onda (altas
frequncias) que no so afetados pelas condies fronteira impostas nas extremidades
do segmento. O mtodo de regularizao permite-nos assim parametrizar a divergncia
na energia do vcuo, permitindo o clculo da energia renormalizada quando o campo est
restrito a um segmento de comprimento a. Esta energia renormalizada definida por
comparao com o valor na ausncia de condies fronteira
h
i
0
E0Ren = lim E0 () E0 () =
,
(3.164)
0
24a
e, na realidade, independente do mtodo de regularizao utilizado. Como depende do
comprimento a, a fora exercida nos extremos do segmento
F =
E
~c
,
=
2
a
24a
24a2
(3.165)
que tende a reduzir o comprimento e resulta das flutuaes do vcuo. Este o efeito
Casimir.
Outra tcnica de regularizao emprega a funo Zeta
E0 =
X
X s
n E0 (s) =
n ,
2a
2a
n=1
(3.166)
n=1
P
s
e o valor da energia do vcuo ser dada pelo limite s 1. Ora, a srie
n=1 n
converge para Re(s) > 1 e define uma funo analtica nesta regio do plano complexo
s. Esta funo pode ser estendida para todo o plano complexo de forma nica, obtendose a chamada funo Zeta de Riemann ( uma funo meromrfica, isto , holomrfica
excepto em pontos isolados com plos simples)
(s) =
ns ,
(3.167)
n=1
1
,
12
(3) =
1
.
120
(3.168)
(1) =
.
2a
24a
(3.169)
Vamos agora considerar o efeito Casimir para o caso importante do campo electromagntico entre duas placas condutoras de rea A separadas por uma distncia a, como
74
x
z
a
Figura 3.8: O campo eletromagntico, confinado a uma regio finita do espao devido
presena de duas placas condutoras, d origem ao efeito Casimir.
ilustra a figura 3.8. Cada polarizao do foto corresponde a uma partcula sem massa,
com modos do campo dados por
(Ep,n tpx xpy y)
sin(pn z) ,
px ,py ,n = e
com n N e
n
pn =
,
a
A energia do vcuo ento
Ep,n =
A
E0 = 2
2
p2x + p2y +
(3.170)
n 2
a
d2 p X
Ep,n ,
(2)2
(3.171)
(3.172)
n=1
E0 (s) = A
n 2 1s
2
d2 p X
2
p +
.
2
(2)
a
(3.173)
n=1
Este integral e soma convergem para Re(s) > 3, mas podemos novamente continuar
analiticamente o resultado obtido para determinar o seu valor em s = 0. Assim, mudando
para coordenadas polares no 2-momento p = (px , py ), trivial efectuar o respectivo
75
n 2 3s
2
A X 1
p2 +
E0 (s) =
=
2
3s
a
n=1
0
A 1 3s
A 1 X n 3s
=
(s 3) .
=
2 3 s
a
2 3 s a
(3.174)
n=1
A 3 1
2 A
.
=
6 a 120
720 a3
=
P =
=
,
A
a A
720 a4
(3.175)
(3.176)
que foi o resultado obtido por Casimir em 1948, j verificado experimentalmente com
elevada preciso.
=
0
m
= 0,
( )
(3.177)
(3.178)
(x) =
L
= ,
e o hamiltoniano
3
H = d x + L = d3 x + + m2 ,
76
(3.180)
(3.181)
sempre no negativo. Esta expresso pode tambm ser obtida atravs do tensor
impluso-energia que resulta da invarincia da teoria segundo translaes. Tal como
vimos na seco 3.2.2, para um campo escalar complexo temos
L
L
( )
( )
(3.182)
( )
( )
= + m2 + + .
j = i ( ) ,
a que corresponde a carga
Q=
d xj = i
d3 x .
(3.183)
(3.184)
= 2 m2 ,
(3.186)
de modo que obedece equao de KG. tambm simples verificar que uma translao
infinitesimal do campo resulta numa variao dada por
= i [P , (x)] = (x) ,
onde o operador 4-momento do campo P o gerador das translaes.
Como usual expandimos o campo em modos de Fourier
X
(x) =
a(p) eip x + b (p) eip x ,
p
(x) =
X
p
a (p) eip x + b(p) eip x ,
77
(3.187)
(3.188)
onde p = (Ep , p), e claro que a expresso para pode ser trivialmente obtida a partir
da para . Estas expresses podem ser invertidas obtendo-se
a(p) =
d3 x eip x i 0 (x) ,
(3.189)
b(p) =
d3 x eip x i 0 (x) ,
Assim, denominamos a(p) e b(p) por operadores de aniquilao e a (p) e b (p) por
operadores de criao.
A fim de construir o espao de estados associado a estados de partculas comeamos por
expressar o operador de 4-momento de campo P em termos dos operadores de criao e
aniquilao. Utilizando a ordem normal para definir P a partir da sua expresso clssica
vem
X
P =
(3.191)
p a (p) a(p) + b (p) b(p) .
p
i
P , b (q) = q b (q) ,
(3.192)
concluimos que ambos os operadores a (p) e b (p) criam, num estado arbitrrio, quanta
do campo com 4-momento q , que obedece relao de disperso habitual para que estes
estados sejam interpretados como a adio de partculas de momento q . Por outro lado,
essas excitaes podem ser removidas pelos operadores a(p) e b(p), visto que
[P , a(q)] = q a(q) ,
[P , b(q)] = q b(q) .
(3.193)
Tal como para o campo hermtico, definimos o vcuo como o estado |0i que verifica
a(p) |0i = 0 = b(p) |0i, e portanto satisfaz P |0i = 0. A menos de constantes de normalizao, o estado a (q) |0i representa uma partcula do tipo a com momento q, o estado
b (q) |0i representa uma partcula do tipo b com momento q, e assim sucessivamente.
Por exemplo, o estado a (q1 )b (q2 ) |0i representa um estado com duas partculas, uma
de tipo a com momento q1 e outra do tipo b com momento q2 . assim natural introduzir
os operadores de nmero
Na (p) =
1
a (p) a(p) ,
2Ep V
Nb (p) =
78
1
b (p) b(p) ,
2Ep V
(3.194)
cujos valores prprios na (p) e nb (p) so, respectivamente, o nmero de partculas do tipo
a ou b de momento p. De facto, em virtude das relaes de comutao
h
i
pp0
Na (p), a (p0 ) =
a (p) ,
2Ep V
h
i
pp0
b (p) ,
Nb (p), b (p0 ) =
2Ep V
pp0
Na (p), a(p0 ) =
a(p) ,(3.195)
2Ep V
pp0
Nb (p), b(p0 ) =
b(p) ,
2Ep V
podemos mostrar que os valores prprios na (p) e nb (p) so inteiros no negativos. Como
[Na (p), Nb (p0 )] = 0, um estado genrico tem a forma
|na (p1 ), na (p2 ), , nb (q1 ), nb (q2 ), i ,
(3.196)
e resulta da ao dos operadores de criao a (q) e b (q) no vcuo |0i, com normalizao
idntica introduzida em (3.113). Finalmente, o nmero total de partculas de cada tipo
dado pelo operador
X
X
b (p) b(p) ,
(3.197)
a (p) a(p) ,
Nb =
Na =
p
de onde resulta a operador carga Q = d3 x j 0 (x). Para estudarmos o valor deste operador nos estados de partculas, convem expressarmos Q em funo dos operadores de
criao e aniquilao
Q = i d3 x : :
i
i
h
h
X
(3.199)
=
d3 x : a (q) eiq x + b(q) eiq x Ep a(p) eip x b (p) eip x
q,p
h
i
h
i
+ a(p) eip x + b (p) eip x Eq a (q) eiq x b(q) eiq x : .
X
p
a (p) a(p) b (p) b(p) = Na Nb .
79
(3.200)
T (y) (z) =
.
(3.202)
(z)(y) , se y 0 < z 0
Calculemos ento o propagador de Feynman para y 0 > z 0 ,
F (y z) = h0| (y) (z) |0i =
X
0
0
=
h0| a(p) eip y + b (p) eip y a (p0 ) eip z + b(p0 ) eip z |0i =
p,p0
p,p0
0
h0| a(p) a (p0 ) |0i eip yip z =
(3.203)
eip (yz) .
p,p0
0
h0| b(p0 ) b (p) |0i eip zip y =
(3.204)
eip (yz) ,
(3.205)
80
Quando z 0 < y 0 , o propagador de Feynman F (y z) a amplitude para uma partcula criada em z propagar at y, onde destruda. Neste caso os modos do propagador
tm energia, isto frequncia, positiva. Quando y 0 < z 0 , o propagador de Feynman
a amplitude para uma anti-partcula criada em y propagar at z, onde destruda.
Neste caso os modos do propagador tm frequncia negativa. neste sentido que podemos interpretar as anti-partculas como estados de partculas com frequncia positiva
a propagarem-se para trs no tempo (esta a interpretao de Feynman-Stueckelberg
referida na seco 2.1.3).
~k
,
2
(3.206)
1
hi |j i =
dS i j i j ,
2
(3.208)
jij
= i j i j
(3.209)
hi |j i = ij ,
hi |j i = 0 ,
81
hi |j i = 0 .
(3.210)
(3.211)
ai
onde os operadores
e ai obedecem s relaes de comutao usuais para operadores
de criao e de aniquilao
ai , ai = ij ,
ai , aj = 0 ,
ai , aj = 0 .
(3.213)
Com este operadores podemos definir o correspondente espao de Fock, onde o vcuo |0i
satisfaz ai |0i = 0 para qualquer estado i.
No entanto existe arbitrariedade na escolha de uma base complexa com a propriedade
(3.210). Consideremos outra base {i } tal que
X
i =
Aij j + Bij j .
(3.214)
j
Esta base tem o mesmo produto escalar introduzido em (3.210) se as matrizes de transformao obedecerem s condies
AA BB = 1 ,
AB T BAT = 0 .
(3.215)
i > 0 .
(3.217)
82
t
M+
k+ =
@
@t+
M0 (dependente do tempo)
k =
@
@t
Figura 3.9: Geometria que evolui dinamicamente entre duas regies assintticas estacionrias no passado e no futuro.
(x) =
X
i
bi i (x) + bi i (x) .
(3.219)
X X
X
Aij j + Bij j + bi
Aij j + Bij
j .
=
bi
i
83
De modo que
aj =
X
i
bi Aij + bi Bij
.
(3.221)
A definio de vcuo depende agora dos operadores que utilizarmos. Podemos definir
o vcuo relativo regio M , denotado por |0i , e que satisfaz ai |0i = 0 para qualquer
estado i desta base. Analogamente, na regio M+ , o vcuo definido por bi |0i = 0
para qualquer estado i desta base. Com respeito a cada um destes estados de vcuo, o
operador nmero de partculas no modo i do campo dado
Ni = ai ai ,
Ni+ = bi bi .
(3.222)
Somando sobre todos os estado, conclumos que o valor mdio total de partculas
hN i = tr B B .
Exerccio: Mostre que para Aij = Ai ij e Bij = Bi ij com |Ai /Bi |2 = e~i /T , a denominada
transformao de Bogoliubov trmica, vem
hNi+ i =
1
,
e~i /T 1
(3.224)
84
(3.225)
onde d2 o elemento de linha na 2-esfera unitria. A fim de estudar a equao de KleinGordon nesta geometria conveniente introduzir a nova coordenada radial r definida
por
r 2M
.
r = r + 2M ln
(3.226)
r
(3.228)
Exerccio: Mostre que da equao de Klein-Gordon para (t, r ) = eit (r ) resulta uma
equao do tipo da de Schrdinger e determine o potencial V (r ), onde < r < cobre a
regio exterior ao buraco negro. Em particular, mostre que
i(tr )
,
(r )
e
(t, r )
,
(3.229)
i(tpr )
e
,
(r )
usual p = 2 m2 .
= eiu .
(3.230)
J+
H
U
v
v
=
0
32M 3 e 2M
ds =
dU dV + r2 d2 .
r
2
(3.232)
eiu = ei k ln(U ) ,
(3.233)
86
i ln(v)
,
e k
(v < 0)
(3.234)
0,
(v > 0)
claro que as trajectrias com parmetro afim v > 0 atravessam o horizonte H pelo que
nunca chegam ao futuro nulo infinito J + .
Podemos agora projectar esta funo na base de funes em J , definida pelas funes
0
0 ei v , com 0 > 0 e 0 < 0. Para tal consideramos a transformada de Fourier,
+
0
0
0
i 0 v
( ) =
dv e (v) =
dv ei v+i k ln(v) ,
(3.235)
de modo que
=
0
d 0 ( 0 ) 0 + ( 0 ) 0 ,
(3.236)
( 0 ) ,
0 > 0 .
(3.237)
Sugesto: escolha o corte do logaritmo para argumento real negativo (Re(v) > 0), e efectue a
transformada de Fourier deformando o contorno para o eixo imaginrio positivo para 0 > 0 (e
para o eixo imaginrio negativo para 0 < 0).
. (3.238)
=
Aik Ajk Bik Bjk = e
1
Bik Bjk
ij = AA BB
ij
1
e2/k
87
(3.239)
onde a(p, s) e
so, por enquanto, funes, e onde us (p) e vs (p) so os spinores
introduzidos em (2.80) e (2.81) que formam uma base completa de spinores de Dirac.
Como tambm obedece equao de KG temos p = (Ep , p), com Ep = (|p|2 + m2 )1/2 .
Claro que se obtem atravs do complexo adjunto de (4.2).
Podemos agora determinar o momento conjugado do campo de Dirac,
b (p, s)
L
0 = i .
= i
/ + m
H = d3 x L = d3 x i i
= i d3 x ,
(4.3)
(4.4)
L
,
+ L = i
( )
88
(4.5)
d3 x ,
P = i
(4.6)
Q=
d xj =
d3 x ,
(4.8)
que classicamente definida positiva. Veremos que tal no ocorrer aps a quantificao
do campo.
4.1 Quantificao
A quantificao do campo de Dirac efectuada impondo relaes cannicas de anticomutao no mesmo instante. Concretamente, impomos as relaes
n
o
a (t, x) , b (t, x0 ) = iab (x x0 ) ,
(4.9)
n
o
n
o
a (t, x) , b (t, x0 ) = 0 = a (t, x) , b (t, x0 ) ,
n
o
a (t, x) , b (t, x0 ) = ( 0 )ab (x x0 ) .
(4.11)
89
vem
h
i
0
a (x) = i H, a (x) = i d3 x0 ib b (x0 ) ib /bc c (x0 ) + mb b (x0 ), a (x) =
i
h 0
= i d3 x0 i b (x0 ), a (x) b (x0 ) + b (x0 ), a (x) i/bc c (x0 ) mb (x0 ) =
h
i
0
= i d3 x0 (x x0 ) i a (x0 ) + ( 0 )ab i/bc c (x0 ) mb (x0 ) =
= a (x) + i( 0 )ab i/ m (x) b ,
(4.12)
ou seja, o operador satisfaz a equao de Dirac. Conclumos assim que podemos utilizar
a expresso simplificada para o operador Hamiltoniano apresentada na ltima igualdade
de (4.4). tambm de notar que a equao de Heisenberg simplesmente a componente
temporal da equao que resulta da invarincia da teoria perante a ao do grupo das
translaes. De facto, utilizando a expresso (4.6) para o operador 4-momento do campo
vem
h
i
[P , a (x)] = i d3 x0 b 0 b (x0 ), a (x) =
(4.13)
= i d3 x0 b (x0 ), a (x) 0 b (x0 ) = i d3 x0 (x x0 ) 0 a (x0 ) = i a (x) ,
o que, mais uma vez, a verso diferencial da ao do grupo das translaes no operador
de campo dada por, (x + a) = eiP a (x) eiP a .
Exerccio: Verifique que se tivesse imposto relaes cannicas de comutao, em vez de anticomutao, para os campos e tambm teria obtido da equao de Heisenberg para a
equao de Dirac.
De modo a construir o espao de Fock para o campo de Dirac, vamos agora expandir
o campo em modos de Fourier. Tal como em (4.2) temos
X
(4.14)
(x) =
a(p, s) us (p) eip x + b (p, s) vs (p) eip x ,
p,s
onde agora a(p, s) e b (p, s) so operadores. simples verificar que para vem
X
Para deduzirmos a lgebra entre os operadores a(p, s), b(p, s), a (p, s) e b (p, s), comeamos por notar que
a(p, s) =
d3 x u
s (p) eip x 0 (x) ,
(4.16)
b (p, s) =
d3 x vs (p) eip x 0 (x) .
90
As expresses para a (p, s) e b(p, s) obtm-se simplesmente tomando o hermtico conjugado destas equaes
eip x 0 us (p) ,
a (p, s) =
d3 x (x)
(4.17)
eip x 0 vs (p) .
b(p, s) =
d3 x (x)
Como exemplo vamos verificar a espresso para a(p, s),
X
0
0
a(p, s) = d3 x us (p) eip x
a(p0 , s0 ) us0 (p0 ) eip x + b (p0 , s0 ) vs0 (p0 ) eip x =
p0 ,s0
X d3 p0
=
(p p0 ) us (p)us0 (p0 ) a(p0 , s0 ) ei(Ep Ep0 )t +
0
2E
p
0
s
X 1
=
2Ep
0
s
+ (p + p0 ) us (p)vs0 (p0 ) b (p0 , s0 ) ei(Ep +Ep0 )t =
2Ep ss0 a(p, s0 ) + 0 b (p, s0 ) ei2Ep t = a(p, s) ,
(4.18)
onde na ltima linha utilizmos a igualdade (2.85) obedecida pela base de spinores de
Dirac.
Exerccio: Utilize a equao de Dirac para verificar que, por exemplo, a(p,
s) = 0.
Assim, tal como veremos mais tarde, podemos denominar os operadores a(p, s) e b(p, s)
por operadores de aniquilao, e os operadores a (p, s) e b (p, s) por operadores de
criao. Para verificar a lgebra entre estes operadores, vamos considerar como exemplo
a relao entre a(p, s) e a (p0 , s0 ). Escrevemos estes operadores em termos dos operadores
de campo calculados em x = (t, x) e x0 = (t, x0 ), e seguidamente usamos as relaes
cannicas de anticomutao anteriormente impostas. Assim,
n
o
n
o
0
0
0 0
a(p, s), a (p , s ) = d3 x d3 x0 eip x+ip x
us (p) a a (x), b (x0 ) us0 (p0 ) b =
0
0
=
d3 x d3 x0 eip x+ip x us (p) a us0 (p0 ) b ab (x x0 ) =
(4.20)
0
=
d3 x ei(pp ) x us (p) a us0 (p0 ) a = (2)3 (p p0 ) us (p) a us0 (p0 ) a =
= (2)3 (p p0 ) 2Ep ss0 = ss0 pp0 ,
91
onde na ltima linha utilizmos a igualdade (2.85) obedecida pela base de spinores de
Dirac.
Exerccio: Verifique que se tivesse imposto relaes cannicas de comutao para os campos
e teria obtido as relaes de comutao usuais entre os operadores a(p, s), b(p, s), a (p, s) e
b (p, s), tal como na quantificao de um campo escalar complexo.
O prximo passo expressar o operador 4-momento do campo em termos dos operadores de criao e de aniquilao
P = i d3 x
X
0
0
= i d3 x
a (p0 , s0 ) u (p0 , s0 ) eip x + b(p0 , s0 ) v (p0 , s0 ) eip x
p0 ,s0
X
p,s
ip a(p, s) u(p, s) eip x b (p, s) v(p, s) eip x
X p
=
a (p, s0 ) a(p, s) u (p, s0 ) u(p, s) b(p, s0 ) b (p, s) v (p, s0 ) v(p, s)
2E
p
0
p,s,s
X
p,s
(4.21)
p a (p, s) a(p, s) + b (p, s) b(p, s) 2Ep V ,
agora simples verificar que este operador satisfaz as seguintes relaes de comutao
com os operadores de criao e aniquilao,
h
i
h
i
P , a (q, s) = q a (q, s) ,
P , b (q, s) = q b (q, s) ,
h
i
h
i
P , a(q, s) = q a(q, s) ,
P , b(q, s) = q b(q, s) .
92
Conclumos que ambos os operadores a (q, s) e b (q, s) criam, num estado arbitrrio,
quanta do campo com 4-momento q que obedece relao de disperso habitual para que
estes novos estados sejam interpretados como a adio de uma partcula, respectivamente
do tipo a e do tipo b. Essas excitaes so removidas pelos operadores a(q, s) e b(q, s).
Se tivessemos introduzido relaes cannicas de comutao para os campos e teramos obtido um resultado idntico ao anterior para o operador 4-momento do campo,
mas com um sinal no termo que envolve os operadores b(p, s) e b (p, s). Isto significaria que poderamos construir um espao de Fock para boses, tal como para o campo
escalar complexo, com o resultado indesejado de que as anti-partculas (partculas do
tipo b) teriam energia negativa, e portanto o vcuo no seria estvel. aqui que surge
a justificao para o facto de termos introduzido relaes cannicas de anti-comutao
para o campo de Dirac e o seu momento conjugado . Como consequncia, veremos
agora que as partculas do espao de Fock que construiremos obedecem ao princpio de
excluso de Pauli, estabelecendo assim a famosa relao entre a estatstica e o spin para
partculas de spin 1/2.
O vcuo do campo de Dirac definido pela condio a(p, s) |0i = 0 = b(p, s) |0i, para
qualquer momento p e spin s, e portanto satisfaz P |0i = 0. Os operadores nmero de
partculas e anti-partculas tm assim a forma usual
Na (p, s) =
1
a (p, s) a(p, s) ,
2Ep V
Nb (p, s) =
1
b (p, s) b(p, s) ,
2Ep V
(4.23)
(4.24)
p,s
93
2
Na (p, s) =
1
(2Ep V )2
1
a (p, s) a(p, s) a (p, s) a(p, s) =
(2Ep V )2
a (p, s) 2Ep V a (p, s) a(p, s) a(p, s) = Na (p, s) ,
(4.26)
visto que 2(a (p, s))2 = a (p, s), a (p, s) = 0. Conclumos que os valores prprios
na (p, s) e nb (p, s) podem tomar os valores 0 ou +1. Assim, um estado genrico com uma
partcula de momento e spin (p1 , s1 ), etc, e com uma anti-partcula de momento e spin
(q1 , t1 ), etc, pode ser obtido atravs da ao dos operadores de criao no vcuo
a (p1 , s1 )
b (q1 , t1 )
|(p1 , s1 ), , (q1 , t1 ), i = p
p
|0i .
2Ep1 V
2Eq1 V
(4.27)
(4.28)
a (p2 , s2 ) a (p1 , s1 )
p
= p
|0i = |(p2 , s2 ), (p1 , s1 )i .
2Ep2 V
2Ep1 V
Por fim, vamos analisar a forma do operador construdo a partir da carga conservada
associada s transformaes padro ei . Definindo a carga tendo em conta a
ordenao normal de operadores vem
Q=
d3 x j 0 (x) = d3 x : (x)(x) :
X
0
0
=
d3 x
: a (p0 , s0 ) u (p0 , s0 ) eip x + b(p0 , s0 ) v (p0 , s0 ) eip x
p0 ,s0
X
p,s
(4.29)
X
: a (p, s) a(p, s) + b(p, s) b (p, s) :
p,s
a(p, s) u(p, s) eip x + b (p, s) v(p, s) eip x :
X
p,s
a (p, s) a(p, s) b (p, s) b(p, s) = Na Nb .
94
X
p0 ,s0
p,s
p
/+m
0
0
a (p0 , s0 ) u
b (p0 , s0 ) eip z + b(p0 , s0 ) vb (p0 , s0 ) eip z |0i =
0
s,s0 pp0 ua (p, s) u
b (p0 , s0 ) eip yip z =
p,p0 ,s,s0
X
ua (p, s) u
b (p, s) eip (yz) =
p,s
ab
ip (yz)
X ip (yz)
= i/y + m ab
e
,
(4.32)
onde na primeira igualdade da ltima linha utilizmos uma das relaes obedecida pela
base de spinores de Dirac em (2.87). Para y 0 < z 0 , vem de modo inteiramente anlogo
X
ip (yz)
X ip (yz)
h0| b (z)a (y) |0i =
p
= i/y + m ab
e
. (4.33)
/ + m ab e
p
(4.34)
d4 p
i
SF (x) = i/x + m
eip x =
(4.35)
4
2
(2) p + m2 i
i p
d4 p
d4 p
i
/m
ip x
=
e
=
eip x ,
4
2
2
4
(2) p + m i
(2) p
/ + m i
95
p
+
m
/
/
ab
p2 + m2
cb
ac
(4.36)
1
visto que p
/2 = p p = 2 { , } p p = p2 . Finalmente, claro que o propagador
SF (x) uma funo de Green do operador de Dirac, isto ,
i/ m SF (x) = 2 m2 F (x) = i(x) ,
(4.37)
2
onde se usou que / = 2 e que F (x) uma funo de Green do operador de KG.
96
5 Quantificao do campo
eletromagntico
Alem dos campos ferminicos, o modelo padro de partculas contm campos vetorias
associados s diferentes interaes (eletromagntica, fraca e forte). A estes campos esto
associadas simetrias locais denominadas por simetria padro. Neste captulo iremos considerar o caso mais simples da quantificao da interao eletromagntica. Como veremos
a liberdade associada invarincia padro introduz algumas subtilezas no procedimento
de quantificao do campo, mesmo neste caso mais simples.
5.1 Eletrodinmica
Comecemos por relembrar a descrio relativista do campo eletromagntico. Este campo
descrito por um campo vetorial A , cujas componentes definem o potencial escalar e o
potencial 3-vetor atravs de A = (, A). A partir do potencial vetor definimos o tensor
de Faraday
F = A A .
(5.1)
(5.2)
Esta teoria tem uma invarincia padro local, visto que a transformao
A A + ,
(5.3)
onde = (x) uma funo arbitrria, deixa invariante o tensor de Faraday, e portanto
os campos eltrico e magntico.
As equaes de Maxwell sem fontes so agora a identidade [ F ] = 0, enquanto as
outras equaes tm a forma F = J , onde o 4-vetor corrente J tem componentes
J = (, J). Notar que a equao para o tensor F consistente com a equao para a
conservao de carga J = 0, visto que F antisimtrico.
Consideremos agora a formulao Lagrangeana do campo eletromagntico na presena
de fontes. O Lagrangeano
1
L = L (A , A ) = F F + J A .
4
97
(5.4)
(5.5)
L
1
A = F 2 F A
( A )
4
(5.6)
(5.7)
Felizmente o termo adicional no contribui para o momento do campo, visto que a sua
contribuio para a carga conservada tem a forma
d3 x F i0 i = d3 x i F i0 = 0 ,
(5.8)
(5.9)
que invariante padro, simtrico e conservado. Com esta definio obtm-se as expresses usuais para a densidade de energia, fluxo de energia e densidade de momento do
campo, e fluxo de momento de campo, respectivamente dados por
1
|E|2 + |B|2 ,
2
i
0i
T = T i0 = E B ,
ij
T ij = E i E j + B i B j +
|E|2 + |B|2 .
2
T 00 =
98
(5.10)
tem componente 0 identicamente nula. Esta dificuldade est associada ao facto de que
nem todas as componentes do campo vetorial A so independentes, devido invarincia padro. Uma resoluo deste problema comea por introduzir primeiro uma escolha
padro, quantificando-se posteriormente somente as componentes fsicas do campo. Esta
estratgia de quantificao, descrita nesta seco, tem a vantagem de identificar de forma
muito explcita os quanta do campo (os fotes). No entanto, um procedimento que quebra explicitamente a invarincia de Lorentz. Alm disso no a formulao mais conveniente quando necessitarmos de considerar configuraes do campo que no correspondem
a estados fsicos assintticos (fotes), como ser o caso quando incluirmos interaes. Assim, na seco 5.3 iremos quantificar o campo eletromagntico preservando a simetria de
Lorentz, desenvolvendo um nova tcnica para quantificar teorias com invarincia padro.
Relembremos que no vazio a equao de campo toma a forma
A ( A ) = 0 .
(5.11)
Com uma transformao padro tal que = A , podemos sempre impor a condio
de Lorentz A = 0. Existe ainda liberdade padro que no destri esta condio de
Lorentz, dada pelas transformaes tais que = 0, e que pode ser utilizada para
cancelar uma das componentes do campo que satisfaa a equao A = 0. Assim,
fazemos a escolha padro de Coulomb (tambm denominada "da radiao")
A = 0.
A0 = 0 ,
(5.12)
(5.14)
Vamos alterar esta relao de comutao de modo a resolver esta inconsistncia. No final
deveremos verificar que as equaes de Heisenberg para o campo resultam novamente
na usual equao de campo. Assim, comeamos por escrever a representao de Fourier
deste comutador
h
i
d3 k ik (xx0 ) j
j
0
Ai (t, x), (t, x ) = i
e
i .
(5.16)
(2)3
3 0 1
0 2
0
0 2
h
i
i j
j
3 0
0
j 0
3 0
0
= i d x j (x ) (x ), Ai (x) = d x j (x ) i + 2 (x x0 ) (5.20)
i
(x x0 ) ,
= Ei (x) d3 x0 0j j (x0 )
2
onde no ltimo passo efectumos uma integrao por partes, cuja validade pode ser
verificada atravs da representao de Fourier das relaes de comutao. Assim, como
A = 0, esta equao admite A i = Ei como soluo. Da equao de Heisenberg para
o operador campo eltrico vem
1
i (x) = i H(t), i (x) = i d3 x0
|(x0 )|2 + |0 A(x0 )|2 , i (x)
2
= i d3 x0 j0 Ak (x0 ) 0 j Ak (x0 ), i (x)
(5.21)
i k
= d3 x0 j0 Ak (x0 ) 0j ik + 2 (x x0 ) = j j Ai (x) ,
100
e portanto, 2 Ai = 0. Note-se que, para obter a segunda linha desta equao, usmos
| A|2 = ijk imn j Ak m An = (jm kn jn km ) j Ak m An .
(5.22)
2
XX
p =1
() (p) a(p, ) eip x + a (p, ) eip x ,
(5.23)
(5.24)
(5.25)
a(p, ) =
d3 x eip x i 0 (p) A(x) ,
a (p, ) =
d3 x () (p) A(x) i 0 eip x ,
(5.26)
2
XX
p =1
a (p, ) a(p, ) =
2
X
=1
2
X
d3 p
d3 p
a
(p,
)
a(p,
)
V
N (p, ) ,
3
(2) 2Ep
(2)3
=1
(5.28)
onde definimos o operador (hermtico) nmero de fotes com polarizao e momento
p no volume V por
1
N (p, ) =
a (p, ) a(p, ) ,
(5.29)
2Ep V
101
(5.30)
2
XX
p a (p, ) a(p, ) ,
(5.31)
p =1
onde as componentes p so dadas por p = (Ep , p) com Ep = |p|, o que serve de justificao
interpretao dos quanta do campo como fotes.
L
A
e portanto 0 = 0, de
modo que no possvel obedecer a (5.32) como necessrio por invarincia relativista.
Vamos assim modificar o Lagrangeano, e portanto as equaes de Maxwell, de modo a
que 0 6= 0. A teoria de Maxwell ser restaurada posteriormente, atravs de restries
aos estados fsicos que iremos permitir. O novo Lagrangeano dever resultar nas equaes
de Maxwell quanto a restrio imposta precisamente a condio de Lorentz. Vejamos
como funciona este procedimento em algum detalhe, j a nvel clssico, considerando
posteriormente a teoria quntica.
102
(5.33)
2
L = F F ( A ) ,
4
2
(5.35)
(5.36)
Como a contribuio dos dois ltimos termos nula aps integrao por partes, chegamos
assim ao resultado
1
2 + (A)2 A 0 2 (A0 )2 ,
H=
d3 x A
(5.40)
2
onde usmos a notao (A)2 = i Ak i Ak . Para escrever as equaes de Heisenberg
conveniente exprimir o Hamiltoniano explicitamente em termos do campo A e suas derivadas espaciais i A , e do momento conjugado , de modo a utilizarmos directamente
as relaes de comutao (5.32). Um clculo simples leva expresso
1
1
1
H = 0 A 0 + i A i + F0i F 0i + Fij F ij + ( A)2 ,
(5.41)
2
4
2
2
1
1
=
0 + 2 0 A + A0 +
i Ak i Ak i Ak k Ai .
2
2
agora trivial estudar a evoluo dos operadores de campo. Consideremos por exemplo
a componente temporal da equao do 4-vetor A. Tomando x = (t, x) e x0 = (t, x0 ) no
mesmo instante, vem
h
i
2
i
d3 x0 0 (x0 ) 20 (x0 ) 0 A(x0 ), A0 (x) =
A 0 (x) = i H(t), A0 (x) =
2
n
h
i
h
i
o
i
=
(5.42)
d3 x0 20 (x0 ) 0 (x0 ), A0 (x) 2 0 (x0 ), A0 (x) 0 A(x0 ) =
2
= 0 (x) + A(x) 0 = A 0 A = A .
Portanto, recupermos a expresso para a componente temporal do momento conjugado
do campo. Um clculo semelhante permite obter a componente espacial deste momento
conjugado. Consideremos agora a evoluo do momento conjugado,
h
i
i
0 (x) = i H(t), 0 (x) =
d3 x0 i (x0 ) 0i A0 (x0 ), 0 (x)
2
h
i
i
(5.43)
=
d3 x0 i (x0 ) 0i A0 (x0 ), 0 (x) = i i (x) 2 A0 = 0 ,
2
3
XX
p =0
ip x
()
+ a (p, ) eip x .
(p) a(p, ) e
104
(5.44)
Os quatro 4-vetores de polarizao (0) , . . . , (3) podem ser escolhidos tal que
0
() ( ) = () ( ) = ,
(5.45)
isto , os () so uma base de vetores ortonormada num dado referencial inercial. Antecipando a interpretao fsica dos modos do campo como fotes, num referencial em que
um foto tem 4-momento p = (p, 0, 0, p) escrevemos
1
0
0
0
0
1
0
0
(0) =
(1) =
(2) =
(3) =
(5.46)
0 ,
0 ,
1 ,
0 ,
1
1
1
1
e portanto, p (1) = 0 = p (2) . Os fotes com polarizao (0) so denominados escalares, (3) longitudinais e (1) ou (2) transversais. Como veremos, os dois primeiros no
so fsicos.
Como usual podemos utilizar as relaes de comutao (5.32) para determinar as
relac ces de comutao entre os modos de Fourier do campo definidos na expanso
(5.44). O resultado deste clculo
h
i
h
i
a(p, ), a(p0 , 0 ) = 0 = a (p, ), a (p0 , 0 ) ,
h
i
a(p, ), a (p0 , 0 ) = 0 pp0 .
(5.47)
Vemos que a componente temporal da ltima equao tem o sinal oposto ao resultado
usual. Alm desse facto, estes operadores satisfazem a usual lgebra para operadores de
criao e aniquilao.
Exerccio: Verifique as relaes de comutao anteriores.
= 0, . . . , 3 .
(5.48)
qualquer que seja p. primeira vista parece que temos quatro polarizaes possveis
em vez de duas. Podemos perceber o problema que surge quando consideramos fotes
escalares
a (p, 0)
|1p,0 i = p
|0i ,
(5.49)
2Ep V
que tem norma
E
1 D
0 a(p, 0)a (p, 0) 0 =
2Ep V
D
E
0 a (p, 0)a(p, 0) 2Ep V 0 = 1 .
h1p,0 | 1p,0 i =
=
1
2Ep V
105
(5.50)
Conclumos assim que o espao de Fock construdo a partir do vcuo (5.48) atravs
da ao dos operadores de criao e aniquilao a (p, ) e a (p, ) tem uma mtrica
indefinida. Do mesmo clculo para as outras polarizaes resultam estados com norma
positiva. Para entendermos o problema em questo convm lembrarmo-nos que no
estamos a lidar com a teoria de Maxwell, pois altermos o Lagrangeano da teoria que
seguidamente quantificmos. Temos agora que impor a nvel quntico a condio padro
A = 0. Obviamente que esta condio tem que ser algo mais fraco do que a equao
para o operador de campo A = 0, pois esta entra de imediato em conflito com as
relaes de comutao. Tambm no pode ser a condio mais fraca
A |i = A(+) + A() |i = 0 ,
(5.51)
pois A() contem operadores de criao e nem o vcuo obedece a esta condio. Vamos
assim considerar o subespao de estados H1 , o denominado espao de Hilbert fsico, que
obedece condio
A(+) |i = 0 .
(5.52)
claro que o vcuo definido por (5.48) obedece a esta condio. Para construirmos o
espao de estados fsicos comecemos por escrever
|i = |T i |i ,
(5.53)
X
p
eip x
3
X
(5.54)
=0
=0
(5.55)
Esta condio no determina |i unicamente, pois existe alguma arbitrariedade na escolha dos vetores de polarizao transversa, +p, que representa uma classe equivalente
de estados em H1 . Para vermos este facto mais explicitamente consideremos a escolha
de polarizaes (5.46). A equao anterior fica
a(p, 0) a(p, 3) |i |i = 0 .
(5.56)
Um estado |i arbitrrio uma sobreposio linear de estados com 0, 1, . . . , n, . . . fotes
escalares e longitudinais, que escrevemos como
|i = c0 |0 i + c1 |1 i + + cn |n i + . . . ,
106
(5.57)
N =
a (p, 3) a(p, 3) a (p, 0) a(p, 0) .
(5.58)
1
a (p, 3) a(p, 3) a (p, 0) a(p, 0) ,
2Ep V
(5.59)
calcule os comutadores [N 0 (p), a (p, 0)] e [N 0 (p), a(p, 0)], para justificar a escolha no convencional do sinal na equao (5.58).
(5.61)
onde definimos O(p) = a (p, 3) a(p, 0) a (p, 0) a(p, 3). Por outro lado, o hermtico
conjugado da equao (5.61)
hn (p)|O (p)|n (p)i = n hn (p) | n (p)i .
(5.62)
Mas o operador O(p) anti-hermtico, de modo que (5.61) e (5.62) s podem ser compatveis se n hn (p) | n (p)i = 0, e portanto
hn (p) | n (p)i = n,0 .
(5.63)
(5.64)
(5.65)
mostre que a condio fsica (5.56) implica que (p) + (p) = 0. Calcule o valor esperado
do campo h | A | i num estado genrico do tipo |i = |0T i |1 i , mostrando que obtm uma
derivada, isto , algo da forma .
107
O exerccio anterior tem particular importncia, pois diz-nos o significado que deve
ser atribuido aos estados suprfluos. Estes estados correspondem precisamente redundncia associada liberdade padro da Eletrodinmica. Isto significa que os resultados
fsicos, entenda-se qualquer observvel, no devero depender da escolha dos coeficientes
ci introduzidos em (5.57). Por exemplo, consideremos o operador Hamiltoniano escrito
em (5.40). Aps ordenao normal vem
!
3
X
X
H=
Ep a (p, 0) a(p, 0) +
a (p, ) a(p, ) .
(5.66)
p
=1
Quando actuamos num estado fsico de H1 com o operador Hamiltoniano H h contribuies de todos os estados suprfluos em |i, mas estas contribuies desaparecem quando
calculamos o valos mdio que uma observvel fsica. De facto simples verificar que
+
*
2
X
X
T
Ep
a (p, ) a(p, ) T
h|H|iH1
p
=1
hHiH1 =
=
.
(5.67)
h|iH1
hT | T i
Vamos finalizar esta seco com alguns comentrios, alguns dos quais o aluno interessado e diligente poder querer mostrar.
(i) possvel construir os operadores que geram as transformaes de Lorentz em
termos dos operadores de campo e verificar que os fotes tm helicidade 1.
(ii) Quando introduzirmos interaes os estados de H1 vo corresponder aos estados
assintticos do campo, e portanto s estes podem ser observados. No entanto,
os estados associados a fotes escalares e longitudinais iro aparecer nos nossos
clculos aproximados (isto , clculos perturbativos volta da teoria livre) como
estados intermdios, contribuindo para os resultados fsicos.1
(iii) Poderamos tambm quantificar um campo vetorial massivo com equao de movimento F + m2 A = 0, onde como usual F = A A (note que
neste caso a condio A = 0 resulta simplesmente da equao de movimento e
no est associada liberdade padro da Eletrodinmica). O Lagrangeano desta
teoria
1
1
L = F F m2 A A .
(5.68)
4
2
1
importante este comentrio no gerar confuso. O que acontece que os estados suprfluos da teoria
livre contribuem para os resultados da teoria com interaes visto que no so exatamente os estados
suprfluos desta.
108
5.3.1 Propagador
Tal como para os campos escalar e de Dirac, necessrio calcularmos o propagador do
campo na teoria livre que, como veremos, ser uma pea importante para o clculo de
funes de correlao quando incluirmos interaes no prximo captulo. Comecemos
ento por escrever o produto ordenado no tempo de dois campos
T A (x)A (y) = (x0 y 0 )A (x)A (y) + (y 0 x0 )A (y)A (x) .
(5.69)
O valor esperado no vcuo deste produto define o propagador do campo
(x y) = 0 T A (x)A (y) 0 .
(5.70)
3
D
X X
ip x
ip x
0 ()
(p)
a(p,
)
e
+
a
(p,
)
e
p,p0 ,0 =0
E
0)
0
0 0 ip0 y
0 0 ip0 x
(
(p
)
a(p
,
)
e
+
a
(p
,
)
e
0 =
3
E
D
X X
0
(0 ) 0
0 0
0 ()
(p)
(p
)
a(p,
)
a
(p
,
)
0 eip xip y =
(5.71)
p,p0 ,0 =0
3
X
,0 =0
( )
()
(p) (p) 0
X
p
eip (xy) = F (x y) ,
109
(5.72)
6 Interaes
At agora discutimos a quantificao de campos livres, em particular estados de partculas
que so estados prprios do Hamiltoniano, de modo que no h interaes e consequentemente, por exemplo, difuso. Para incorporar estes efeitos necessrio incluir termos
no Hamiltoniano (ou Lagrangeano) de modo a que as equaes do campo deixam de
ser lineares, acoplando diferentes modos de Fourier (e portanto partculas). De modo a
preservar a causalidade assumimos que os novos termos envolvem produtos de campos
calculados no mesmo ponto. Assim, no caso simples de um campo escalar real, temos
onde L0 = 12 + m2
2
L = L0 + Lint ,
(6.1)
Lint =
g 3 4
+ V () .
3!
4!
(6.2)
A normalizao com um fator de 1/n! no n-simo termo uma mera definio da respectiva constante de acoplamento, que como veremos conveniente. Notemos tambm que
o campo tem dimenso de massa um, [] = M , enquanto os acoplamentos satisfazem
[g] = M e [] = M 0 . Por fim, como estamos interessados em construir uma teoria com
um vcuo estvel, no inclumos um termo linear no campo porque, como j vimos, este
um termo de fonte associado criao de partculas.
O campo j no satisfaz a equao de KG. Como Lint no depende das derivadas do
campo , o momento conjugado permanece inalterado,
(x) =
= (x)
,
(x)
(6.3)
(6.4)
(6.5)
Note-se que para uma teoria invariante no tempo, como o caso, o Hamiltoniano
independente do tempo, o que no acontece separadamente com H0 e Hint . Para o
operador de campo a equao de Heisenberg toma a forma
(x)
= i H, (x) = (x) ,
(6.6)
110
tal como no caso livre pois [Hint , ] = 0. Quanto evoluo do momento conjugado do
campo, omitindo a dependncia em x temos
0
2
2
2
2
3 0 Hint (x )
= i H, = m + i [Hint , ] = m d x
(x x0 ) =
(x0 )
V (x)
g
2
2
= m
= 2 m2 2 3 + . . . .
(6.7)
(x)
2!
3!
Assim, a equao de KG toma a forma
2
+ m
V (x)
(x) =
.
(x)
(6.8)
Mais uma vez, este resultado coincide com a equao de campo da teoria clssica.
O exemplo que comearemos por estudar em detalhe o da a chamada teoria 4 ,
com potencial de interao
V () = 4 .
(6.9)
4!
Embora este exemplo seja suficientemente simples para nos permitir concentrar nos aspecto formais da quantificao da teoria, tambm importante do ponto de vista fsico.
De facto, este precisamente o termo de auto-interao do Higgs no modelo padro de
partculas. Este modelo tambm importante na descrio de fenmenos crticos no
contexto do modelo de Landau para transies de fase.
Outros exemplos que teremos oportunidade de estudar mais tarde, incluem a Eletrodinmica quntica (QED) com Lagrangeano
LQED = LDirac + LM axwell + Lint ,
A ,
Lint = e
(6.10)
,
Lint = g
(6.11)
que semelhante a QED mas com uma partcula escalar a substituir o foto. Yukawa
introduziu esta teoria para descrever nuclees (protes e neutres - o campo ) e pies
(meso - o campo ). Na teoria moderna de partculas existem termos de interao de
Yukawa entre o campo de Higgs () e os quarks e leptes (). Na realidade, grande parte
dos parmetros livres do modelo padro so precisamente os acoplamentos de Yukawa
(constante de acoplamento g).
partida parece que o nmero de termos de interao possveis infinito. Por exemplo, para o campo escalar podemos escrever V () = gn n para qualquer n 3. No
entanto, o requerimento da teoria ser renormalizvel reduz drasticamente as possibilidades. Faremos aqui alguns comentrios que tm como objectivo explicar qualitativamente
porque os exemplos acima referidos so universais. Veremos mais tarde que o clculo
de amplitudes de transio envolve integrais no espao dos momentos, com um limite
superior que definimos como , e que no final dos clculos devemos tomar como +.
111
Ao tomar este limite acontece que alguns destes integrais divergem. No entanto, antes
de tomar este limite a resposta consiste numa combinao adimensional que envolve uma
dada constante de acoplamento g e . Por exemplo, para n = 3 o parmetro g/
adimensional ([gn ] = M 4n ), mas como este parmetro desaparece. Neste caso
a teoria denomina-se super-renormalizvel. Para n = 4, o acoplamento g adimensional,
e pelo nosso argumento sobrevive ao limite . Este o caso das teorias renormalizveis, e caso mais interessante do ponto de vista fsico. Note-se que o nmero de
possibilidades em que a constante de acoplamento adimensional muito reduzido, o
que mostra o caracter universal das teorias que estamos aqui a estudar. Por fim, para
n > 4 o parmetro adimensional gn4 que diverge quando . Neste caso diz-se
que a teoria no renormalizvel e a expanso perturbativa no faz sentido no limite
.
T (x)(y) ,
(6.12)
para uma teoria escalar com interaes, onde o operador de campo na representao
de Heisenberg e |i o estado fundamental nesta teoria (V () 6= 0 e em particular tomaremos V () = 4 /4!). Relembremo-nos que na teoria livre esta funo de correlao
no mais do que o propagador de Feynman
F (x y) = 0 T (x)(y) 0 = i
d4 p
eip (xy)
.
(2)4 p2 + m2 i
(6.13)
Veremos mais tarde que o conhecimento das funes de correlao nos permitir calcular seces eficazes e taxas de decaimento, da o estudo aprofundado que faremos nas
prximas seces.
Vamos comear por escrever o Hamiltoniano como soma dos termos livre e de interao
H = H0 + Hint , onde
3
Hint (t) = d x V (t, x) = d3 x Lint (t, x) .
(6.14)
112
(6.15)
dS
= 0.
(6.16)
dt
S um operador genrico na representao de Schrdinger (por exemplo o campo (x)
ou o seu conjugado (x)). Seguidamente definimos o operador unitrio de evoluo
|S (t)i = U (t, t0 ) |S (t0 )i .
(6.17)
U (t, t0 ) = eiH(tt0 ) .
(6.19)
Se substituirmos esta definio na equao (6.15) obtemos uma equao para o operador
de evoluo
d
i U (t, t0 ) = HU (t, t0 ) .
(6.18)
dt
Claro que se o Hamiltoniano H for independente do tempo a soluo imediata
(6.20)
dH (t)
= i H, H (t) ,
(6.21)
dt
onde novamente assumimos que os operadores no dependem explicitamente do tempo.
Se H for independente do tempo, ento
H (t) = U (t, t0 ) H (t0 ) U (t, t0 ) .
(6.22)
Claro que as funes de onda e os operadores de ambas as representaes esto relacionados. Se fixarmos as condies fronteira no instante t0 , |S (t0 )i = |H i e S = H (t0 ),
obtemos
|S (t)i = U (t, t0 ) |H i ,
H (t) = U (t, t0 ) S U (t, t0 ) .
(6.23)
Notemos que o operador Hamiltoniano coincide em todas as representaes, portanto
H = H S = H H . Quando expandimos volta de um teoria com Hamiltoniano H0 , de
modo que H = H0 + Hint , vem H0 = H0S 6= H0H porque [H, H0 ] = [Hint , H0 ] 6= 0.
113
(6.24)
d
S
I
|S (t)i = H0 + Hint
U0 (t, t0 ) |I (t)i = U0 (t, t0 ) H0 + Hint
|I (t)i ,
dt
(6.26)
onde na ltima equao definimos o Hamiltoniano na representao das interaes, utilizando a definio geral vlida para qualquer operador
I (t) U0 (t, t0 ) S U0 (t, t0 ) .
(6.27)
d
I
|I (t)i = Hint
|I (t)i .
dt
(6.28)
Como se pode observar, |I (t)i obedece a uma equao do tipo da de Schrdinger com
I dependente do tempo. Assim, nesta representao definimos o operador de evoluo
Hint
de uma forma anloga da na representao de Schrdinger
|I (t)i = UI (t, t0 ) |I (t0 )i ,
(6.29)
onde se fez |I (t0 )i = |S (t0 )i = |H i. claro que este operador de evoluo satisfaz
d
I
UI (t, t0 ) = Hint
UI (t, t0 ) ,
dt
(6.30)
(6.31)
i
que tem como soluo
114
S e HI .
onde usmos (6.27) para relacionar Hint
int
Munidos da equao de evoluo do operador UI (t, t0 ) podemos agora estudar como
evoluem no tempo os estados e os operadores na representao das interaes utilizando,
respectivamente, (6.28) e (6.27). Comecemos por escrever (6.28) na forma integral
|I (t)i = |I (t0 )i +
1
i
t0
I
dt1 Hint
(t1 ) |I (t1 )i .
(6.33)
1 t1
1 t
I
I
dt1 Hint (t1 ) |I (t0 )i +
dt2 Hint (t2 ) |I (t2 )i . (6.34)
|I (t)i = |I (t0 )i +
i t0
i t0
Aplicando este raciocnio sucessivamente o operador de evoluo pode ser escrito na
forma
tn1
t1
X
1 t
I
I
dt
H
(t
)
.
.
.
H
(t
)
.
(6.35)
UI (t, t0 ) =
dt
.
.
.
dt
n
1
n
2
1
int
int
in t0
t0
t0
n=0
t
n
o
1 t
I
I
I
I
dt1
dt2 Hint (t1 ) Hint (t2 ) =
dt1
dt2 T Hint
(t1 ) Hint
(t2 ) ,
2 t0
t0
t0
t0
(6.36)
t
t
n
o
X
1 1 t
I
I
dt
dt
dt
T
H
(t
)
.
.
.
H
(t
)
1
2
n
int 1
int n
in n! t0
t0
t0
n=0
t
1
0 I
0
dt Hint (t )
,
T exp
i t0
UI (t, t0 ) =
(6.37)
onde notamos que o fator de 1/n! surge devido aos campos na regio de integrao
inicial estarem ordenados no tempo. Conclumos assim que este operador de evoluo,
que determina a evoluo dos estados na representao das interaes atravs de (6.29),
I .
pode ser expresso em termos de uma srie em Hint
Quanto evoluo dos operadores na representao das interaes, ela trivial, pois
satisfazem a equao de Heisenberg com o Hamiltoniano livre. De facto, de (6.27) decorre
que
dI
= i H0 , I .
(6.38)
dt
Usando (6.27) e (6.22) tambm simples relacionar as representaes de Heisenberg e
das interaes utilizando o operador de evoluo UI (t, t0 ),
I (t) = U0 (t, t0 ) U (t, t0 ) H (t) U (t, t0 ) U0 (t, t0 ) = UI (t, t0 ) H (t) UI (t, t0 ) .
115
(6.39)
Exerccio: Verifique que a mdia de um dado operador, que uma observvel fsica, igual
quando calculada em qualquer das trs representaes consideradas,
hH | H | H i = hS | S | S i = hI | I | I i .
(6.40)
onde notamos que temos liberdade na definio dos operadores a(p) e a (p) para introduzir os fatores eiEp t0 que so uma mera fase. Estabelecendo que (t0 , x) = I (t0 , x) =
H (t0 , x) = S (t0 , x), podemos obter o campo na representao das interaes fazendo-o
evoluir atravs da aplicao do operador de evoluo do campo livre
X
I (x) = U0 (t, t0 ) (t0 , x) U0 (t, t0 ) =
a(p) eip x + a (p) eip x ,
(6.42)
p
onde x = (t, x) e p = (Ep , p), como habitual. Para mostrar a ltima igualdade vejamos
como o operador de evoluo actua nos operadores a(p) e a (p). Em primeiro lugar,
recordemos as relaes de comutao (3.95) e (3.93), e em particular a sua componente
temporal
H0 , a(p) = Ep a(p)
H0 , a (p) = Ep a (p) .
(6.43)
Em segundo lugar, expandamos o operador de evoluo
116
(6.45)
importante reter que o operador I (x) evolui tal como na teoria livre. Finalmente, o
operador de campo na representao de Heisenberg H (x), em que estamos interessados,
pode ser obtido a partir de I (x) usando a relao (6.39),
H (x) = UI (t, t0 ) I (x) UI (t, t0 ) .
(6.46)
Note-se que o operador de evoluo UI pode ser escrito inteiramente em termos do campo
I (x), pois j vimos que
t
1
0 I
0
UI (t, t0 ) = T exp
dt Hint (t )
,
(6.47)
i t0
3
I (t) = U (t, t ) H S U (t, t ), com H S =
onde Hint
d x V S (x) . Como assumimos
0
0
int 0
int
0
que o potencial admite um expanso em srie de potncias do campo, imediato que
V S (x) = U0 (t, t0 ) V I (x) U0 (t, t0 ) ,
(6.48)
3
I =
e portanto Hint
d x V I (x) o Hamiltoniano de interao na representao das
interaes.
Vamos agora discutir o vcuo da teoria |i. Imaginemos que comeamos com o estado
|0i da teoria livre (estado fundamental de H0 ) que evolumos com o operador H por um
intervalo de tempo T ,
X
eiHT |0i = eiE0 T |i h|0i +
eiEn T |ni hn|0i ,
(6.49)
n6=0
onde se usou a regra de fecho da base |i , |ni de estados prprios de H e onde
En so os valores prprios correspondentes, com E0 a energia do estado fundamental.
Seguidamente assumimos que o estado fundamental |i tem uma sobreposio com |0i,
isto , h|0i =
6 0. Este facto razovel pois Hint introduz uma pequena perturbao em
H0 . Visto que En > E0 para n 6= 0, observe-se que se tomarmos o limite T (1 i)
a exponencial eiEn T decai muito mais rapidamente do que eiE0 T . Assim sendo, temos
|i =
eiHT |0i
eiH(T t0 ) eiH0 (T t0 ) |0i
=
lim
,
T (1i) eiE0 T h|0i
T (1i)
eiE0 (T +t0 ) h|0i
lim
(6.50)
UI (t0 , T ) |0i
iE
0 (T +t0 ) h|0i
T (1i) e
lim
(6.51)
(6.52)
h0| UI (T, t0 )
iE
0 (T t0 ) h0|i
T (1i) e
lim
117
(6.53)
T H (x)H (y) ,
que nos propusemos estudar, inteiramente em termos do vcuo da teoria livre e de produtos do operador de campo I cuja evoluo a da teoria livre. Como veremos esta uma
simplificao importante pois valores esperados no vcuo de produtos de I na teoria
livre so simples de calcular. Comecemos ento por determinar (6.53) para x0 > y 0 ,
T H (x)H (y) = lim
= lim
h0| UI (T, t0 )
iE
e 0 (T t0 ) h0|i
H (x) H (y)
UI (t0 , T ) |0i
iE
e 0 (T +t0 ) h|0i
e2iE0 T |h|0i|2
h0| UI (T, x0 ) I (x) UI (x0 , y 0 ) I (y) UI (y 0 , T ) |0i
= lim
,
e2iE0 T |h|0i|2
(6.54)
(6.55)
conclumos que
h0| UI (T, x0 ) I (x) UI (x0 , y 0 ) I (y) UI (y 0 , T ) |0i
.
T H (x)H (y) = lim
h0| UI (T, T ) |0i
(6.56)
Para o caso y 0 > x0 o clculo inteiramente anlogo e a resposta obtm-se simplesmente
fazendo a troca x y. Relembrando ainda que UI dado por (6.37) vem finalmente
io E
D n
h
1 T
I (t)
dt
H
0
T
(x)
(y)
exp
0
I
I
int
i T
D n
h
io E
lim
T H (x)H (y) =
.
T
I (t)
T (1i)
0 T exp 1i T dt Hint
0
(6.57)
Alm de esta frmula ser exacta, est escrita de forma a ser til para se fazer clculos
perturbativos, pois podemos expandir a exponencial em srie de potncias, de acordo
com
T
1
1
I
exp
dt Hint
(t) = 1 +
d4 x1 V I (x1 )
(6.58)
i T
i
1
+ 2 d4 x1 d4 x2 V I (x1 ) V I (x2 ) + . . . .
2i
Assim, o clculo da quantidade pretendida (6.53) reduz-se ao clculo de funes de cor 4
relao de n pontos da teoria livre. Por exemplo, para V () = 4!
, o termo de primeira
1
4
4
ordem em fica i 4! d x1 h0| T I (x)I (y)I (x1 ) |0i.
118
G(x1 , . . . , xN ) T H (x1 ) . . . H (xN )
(6.59)
D n
h
io E
T
I (t)
0 T I (x1 ) . . . I (xN ) exp 1i T dt Hint
0
D n
h
io E
=
lim
.
T
I (t)
T (1i)
0 T exp 1i T dt Hint
0
T (x1 ) (xn ) .
(6.60)
Para facilitar a notao, a partir deste ponto o campo refere-se ao operador de campo na
representao das interaes I . Para n = 2 esta expresso o propagador de Feynman,
pois F (x1 x2 ) = h0 | T {(x1 )(x2 )} | 0i. Vejamos agora como calcular de um modo
simples esta quantidade para n > 2. Para tal, consideremos em detalhe o caso n = 2.
Escrevamos
X
= + + ,
com + =
a(p) eip x , = + ,
(6.61)
p
em que N { } denota a ordenao normal introduzida na seco 3.5 onde foi notada
por : :. (Todos os operadores de aniquilao posicionados direita.) Quando x02 > x01
temos uma expresso idntica mas com o comutador [+ (x2 ), (x1 )]. Definimos ento
a contrao de dois campos como
(
+ (x1 ), (x2 ) , se x01 > x02
(x1 ) (x2 ) = +
,
(6.63)
(x2 ), (x1 ) , se x02 > x01
(6.64)
onde, visto que a contrao dos campos uma funo pode ser colocada dentro da
ordenao normal. Como acabmos de referir, quando tiramos o valor esperado do vcuo
119
obtemos a funo de correlao de dois pontos da teoria livre, que representamos sob a
forma de um diagrama como
x1
x2 F (x1 x2 ) =
d4 p
i
eip (x1 x2 ) ,
4
2
(2) p + m2 i
(6.65)
n
T 1 2 3 4 = N 1 2 3 4 + 1 2 3 4 + 1 2 3 4 + 1 2 3 4 + 1 2 3 4 (6.67)
o
+ 1 2 3 4 + 1 2 3 4 + 1 2 3 4 + 1 2 3 4 + 1 2 3 4 ,
n
o
onde, por exemplo, N 1 2 3 4 = F (x1 x2 ) N {3 4 }. Tomando o valor esperado
no vcuo, obtemos
h0 | T {1 2 3 4 } | 0i = 1 2 3 4 + 1 2 3 4 + 1 2 3 4
x3
x4
x3
x4
x3
=
+
x1
x2
x4
x1
x2
x1
(6.68)
x2
120
+
apenas envolvem +
1 j que 1 i = 1 , i . Ento
T 1 . . . n = 1 T 2 . . . n
o
n
= +
+
.
.
.
+
todas
as
contraes
excluindo
2
n
1
1
1
n
o
+
= 1 N 2 . . . n + todas as contraes excluindo 1
(6.70)
n
o
+ N
1 2 . . . n + 1 (todas as contraes excluindo 1 ) .
Vejamos em primeiro lugar o primeiro termo de (6.70),
+ h +
i
+
N
.
.
.
=
N
.
.
.
,
N
.
.
.
2
n
2
n
2
n
1
1
1
n
+
+ o
= N 1 2 . . . n + N +
,
.
.
.
+
.
.
.
+
.
.
.
3
n
2
n1 1 , n
1
2
n
o
= N +
.
.
.
+
N
.
.
.
+
.
.
.
+
.
.
.
n
1 2 3
n
1 2
n1 n
1 2
n
o
= N +
(6.71)
1 2 . . . n + todas as contraes entre 1 e i .
)
N
todas
as
contraes
excluindo
=
N
+
1
1
1
1
n
o
+ N todas as contraes mltiplas que envolvem 1 ,
(6.72)
onde se designou por contrao mltipla aquela em que h pelo menos duas contraes.
Finalmente, agrupando os termos resultantes obtemos
n
o
.
.
.
T {1 . . . n } = N +
+
N
todas
as
contraes
entre
n
1
i
1 2
n
o
+ N +
1 (todas as contraes excluindo 1 )
n
o
+ N todas as contraes mltiplas que envolvem 1
(6.73)
o
n
(todas
as
contraes
excluindo
.
.
.
+
N
+ N
1
n
1
1 2
n
o
= N 1 . . . n + todas as contraes possveis ,
como queramos demonstrar.
G(x, y) = T H (x) H (y)
D n
h
io E
T
I (t)
0 T (x) (y) exp 1i T dt Hint
0
D n
h
io E
=
lim
.
T
I (t)
T (1i)
0 T exp 1i T dt Hint
0
121
(6.74)
1 T
I
0 T (x) (y) + (x) (y)
dt Hint (t) + . . . 0 .
i T
(6.75)
O primeiro termo G0 (x, y) = h0| T {(x) (y)} |0i = F (xy) coincide com o propagador
da teoria livre. O segundo termo linear na constante de acoplamento e, na teoria 4 ,
tem a forma
1
(6.76)
d4 z 0 T (x) (y) 4 (z) 0 ,
i 4!
onde z = (t, z) e mais tarde comentaremos a subtileza associada ao limite nos extremos da
integrao temporal. Agora aplicamos o teorema de Wick para efectuar os clculos, onde
se interpreta 4 (z) como o produto de campos (z1 ) (z2 ) (z3 ) (z4 ) no limite zi z.
Assim, como para um produto de n campos existem (n 1)!! contraes possveis, neste
caso em particular temos 5 3 = 15 possibilidades para as contraes possveis. Contudo,
no limite zi z, apenas duas so realmente distintas. Assim,
1
(6.76) =
i 4!
= i
d4 z 3 (x)(y)(z)(z)(z)(z) + 4 3 (x)(y)(z)(z)(z)(z)
1
d4 z
8 x
y +
1
x
2
z
(6.77)
2 1
1
F (x y) F (0) + F (x z) F (z y) F (0) .
= i d z
8
2
4
A menos dos fatores 1/8 e 1/2, temos i d z associado a vrtices (pontos internos) e
F (w1 w2 ) associados a cada linha que liga w1 a w2 (w1 , w2 x, y, z). Estes diagramas
representam a criao da partcula em x (para x0 < y 0 ), a sua propagao no espao
tempo, seguida da sua destruio em y.
4
122
d4 zi
zi
w2 .
Note-se que as regras so idnticas em outras teorias, s temos de alterar os vrtices. Por
exemplo, para V () =
3
3!
temos i
em vez de i
. Podemos
pensar no fator i do vrtice como aamplitude para emisso (ou absoro) da partcula
nesse vrtice, enquanto a integrao d4 z nos diz que somamos sobre todos os pontos
onde o processo pode ocorrer.
O fator de simetria resulta das seguintes operaes que deixam um dado diagrama
invariante (com vrtices externos fixos):
(i) linha que comea e acaba no mesmo vrtice fator de 2 devido troca dos extremos
dessa linha.
(ii) linha(s) que comea(m) num vrtice zi e acaba(m) num vrtice zj (pode eventualmente acontecer zi = zj ) nmero de permutaes dessa(s) linha(s).
(iii) equivalncia de vrtices nmero de permutaes de vrtices que no esto ligados
a pontos externos.
y
=x
y +
= F (x y) i
d4 z
y + O(2 ) =
(6.78)
2 1
1
F (x y) F (0) + F (x z) F (0) F (z y) + O(2 ) .
8
2
123
Veremos dentro de momentos que ser conveniente escrever esta expresso da seguinte
forma
y
y
+ O(2 ) .
(6.79)
1+ z
+ x
(6.78) = x
z
1
i
I
0 T exp
dt Hint (t) 0 = 1
d4 z 0 T 4 (z) 0 + O(2 )
i T
4!
2
i
=1+ z
+ O(2 ) = 1
d4 z F (0) + O(2 ) .
(6.80)
8
Mas este precisamente o termo em evidncia no numerador, tal como mostra (6.79).
Conclumos que em primeira ordem no acoplamento os diagramas disconexos cancelam
e portanto
G(x, y) = h| T H (x) H (y) |i = x
y + x
y + O(2 ) . (6.81)
(6.82)
entendendo-se por diagramas conexos aqueles que no tm sub-diagramas do tipo vcuovcuo, isto , no existem vrtices isolados de pontos externos. Assim sendo, para a
funo de 2-pontos at a ordem 2 , temos
!
z2
G(x, y) = x
+ x
y + x
z1
e novamente os diagramas
y + x
y + x
z2
z1
z1
y + O(3 ) ,
z2
(6.83)
no contribuem
124
N
Y
1 , . . . , pN ) =
G(p
d4 xj eipj xj G(x1 , . . . , xN ) ,
(6.84)
j=1
ou na forma de diagrama
xN
pN
p1
"
p2
N
Y
j=1
d4 xj eipj xj
x1
x2
(6.85)
d4 p
i
w1
w2 = F (w1 w2 ) =
eip (w1 w2 ) ,
(6.86)
4
2
(2) p + m2 i
p2
i
,
+ m2 i
(6.87)
d4 p
e integrando, (2)
4 , se o propagador for interno. Quando 4 linhas acabam num vrtice
&
q1
q3
(6.88)
q2
onde eiqj z vem das expresses dos propagadores como (6.86). Da ltima equao resulta a
condio de conservao do 4-momento em todos os vrtices. Somente os pontos externos
xi que no contribuem para estas funes , sobrando os fatores
d4 p ip xj
xj
e
,
(6.89)
(2)4
p
'
125
do respectivo propagador. Juntando estes fatores com a integrao d4 xj da transformada de Fourier (6.84) vem
d4 p ip xi
4
ipj xj
e
= d4 p (p pi ) p = pj .
(6.90)
d xj e
(2)4
Isto , para cada propagador externo do diagrama com momento pj vem o fator
pj
p2j
i
.
+ m2 i
(6.91)
X
qj
p2
q4
)
*
q1
q3
q2
+ m2 i
d4 q
.
(2)4
(6.92)
N
Y
1 , . . . pN ) =
G(p
d4 xj eipj xj G(x1 , . . . , xN )
j=1
N
Y
j=1
d4 xj eipj xj G(0, x2 x1 , . . . , xN x1 )
d4 x1
N
Y
j=1
eipj x1
N
Y
j=2
N
X
= (2)4
pj G(p1 , . . . , pN ) ,
j=1
126
(6.93)
onde definimos
G(p1 , . . . , pN )
N
Y
j=2
(6.94)
Note-se que esta funo difere da funo G(x1 , . . . , xN ).2 Conclumos que o momento
conservado como consequncia da invarincia por translaes, o que no dever ser
uma surpresa. Nas regras de Feynman anteriores esta condio resulta aps a imposio
da conservao do momento em todos os vrtices e da integrao sobre os momentos
internos.
Finalmente, ignoramos completamente o limite T (1i) na definio de (6.59) da
funo de correlao G(x1 , . . . xN ). Esta subtileza aparece em (6.88) quando efectuamos
a integrao nas posies dos vrtices internos z = (z 0 , z),
dz
(6.95)
A exponencial vai divergir quando z 0 , a no ser que o seu argumento seja sempre
imaginrio (caso em que poder ser eventualmente possvel que o integral convirja).
Para tal fazemos cada qi0 ter uma pequena parte imaginria, qi0 qi0 (1 + i). Mas esta
precisamente a receita utilizada para definir o propagador de Feynman (escolha de i na
integrao de qi0 analisada em detalhe na seco 3.8).
Como exemplo das regras de Feynman no espao do momentos consideremos novamente
a funo de 2 pontos no espao dos momentos
1 , p2 ) = (2)4 (p1 + p2 ) G(p1 , p2 ),
G(p
(6.96)
onde G(p1 , p2 ) , por definio, funo de apenas de um dos momentos (por exemplo p1 ).
1 , p2 ) temos
Pelas regras de Feynman para G(p
p
1 , p2 ) =
G(p
+,
p1
p2
p1
p2
+ O(2 ) .
(6.97)
Para verificar que das regras de Feynman se obtm o resultado desejado, comecemos por
Esperamos que esta notao no gere confuso, dependendo do contexto ser bvio a qual das funes
nos referimos, at porque usamos letras distintas do alfabeto para cada um dos seus argumentos.
Note-se tambm que G(p1 , . . . , pN ) s depende de N 1 variveis, mas usualmente mais simples
escrever esta funo em termos de todos os momentos que esto relacionados entre si pela condio
de conservao.
127
1 , p2 ),
calcular directamente o termo livre em ordem 0 de G(p
d4 p
i
4
4
ip1 x1 ip2 x2
eip (x1 x2 )
= d x1 d x2 e
4
2
(2) p + m2 i
d4 p
i
=
(2)4 (p1 p) (2)4 (p2 + p)
(6.98)
4
2
(2) p + m2 i
i
= (2)4 (p1 + p2 ) 2
,
p1 + m2 i
que a expresso que corresponde ao primeiro diagrama em (6.97). Note-se que G0 (p1 , p2 )
simplesmente i/(p21 + m2 i) que, como previsto, s depende de um dos momentos.
Consideremos agora o termo de ordem 1 em (6.97),
4
4
ip1 x1 ip2 x2 i
G1 (p1 , p2 ) = d x1 d x2 e
d4 z F (x1 z) F (z z) F (z x2 )
2
4
i
d q1
i
d4 z
= d4 x1 d4 x2 eip1 x1 ip2 x2
eiq1 (x1 z)
2
(2)4 q12 + m2 i
4
i
d q2
i
d4 p
eiq2 (zx2 )
(6.99)
2
4
2
2
4
(2) p + m i
(2) q2 + m2 i
d4 p
i
i
i
i
4
=
d q1 2
d4 q2 2
4
2
2
2
2
(2) p + m i
q1 + m i
q2 + m2 i
(2)4 (q1 q2 ) (p1 q1 ) (p2 + q2 )
i
i
d4 p
i
i
4
= (2) (p1 + p2 ) 2
,
2
4
2
2
2
2
(2) p + m i p2 + m2 i
p1 + m i
que mais uma vez poderia ser obtido directamente atravs das regras de Feynman para
o espao dos momentos. Desta expresso tambm directo obter o termo de order 1
para G1 (p1 , p2 ).
Exerccio: Utilize as regras de Feynman no espao dos momentos para escrever a expresso
para o diagrama
q1
p1
q2
p2
q3
128
3
3! .
Calcule
6.4 Matriz S
Os processos de difuso so descritos pela transio de um estado inicial de partculas
com momento bem definido no passado (t = ), para estados finais de partculas com
momento bem definido no futuro (t +). Para um estado inicial de n-partculas
em t com 4-momento |iiin = |p1 , . . . , pn iin , queremos calcular a amplitude de
transio para o estado final em t + com |f iout = |q1 , . . . , ql iout . O diagrama
correspondente
q1
p1
.
qj
pi
pn
(6.100)
ql
|ini = S |outi ,
(6.101)
(6.102)
A amplitude de transio (6.100) define assim a ao deste operador nos espaos de Fock
assimptticos. Por exemplo, para estados |ini temos
out hf |iiin
inhf | S
|iiin = Sf i .
(6.103)
(6.104)
Usando este facto, podemos calcular os elementos da matriz S entre estes estados
out h|iin
out hp|qiin
=
=
in h| S
in hp| S
|iin = in h|iin = 1 ,
(6.105)
129
umas pelas outras sem sentirem qualquer interao (acoplamento fraco). Para isolar a
parte interessante da matriz S escreve-se usualmente
(6.106)
S = 1 + iT .
Usando a unitariedade de S vem a seguinte condio para T
1 + iT 1 iT = 1 i T T = |T |2 .
(6.107)
Mais
P ainda,
P devido conservao de 4-momento o operador T dever conter um fator
( pi qi ). Extraindo este fator, define-se usualmente a amplitude M do seguinte
modo
!
n
`
X
X
4
pi
qi iM p1 . . . pn q1 . . . ql .
in hq1 , . . . , ql | iT |p1 , . . . , pn iin = (2)
i=1
i=1
(6.108)
A parte delicada desta argumentao est na definio dos estados de partcula nas
regies assimptticas t = . Mesmo quando as partculas esto bem separadas, as suas
interaes com o campo afetam-as a elas prprias (por exemplo alteram a sua massa) e
portanto a sua prpria definio. Fazemos a hiptese adiabtica de que para t =
podemos desligar o acoplamento lentamente de modo que os estados de 1-partcula so
descritos pela ao dos operadores de criao e aniquilao da teoria livre no vcuo em
t = . Por exemplo, para t = temos
|pi = |piin = ain (p) |i ,
(6.109)
(6.110)
1
()2 + m20 2 + interaes .
2
130
(6.111)
(6.112)
Em alternativa, podemos efectuar o clculo de outra forma menos explcita e que assume
invarincia de Lorentz,
hp| in (x) |i = hp| eiP x in (0) eiP x |i = eip x p0 =Ep hp| in (0) |i =
= eip x
hp = 0| (0) |i = eip x
,
(6.113)
p0 =Ep
in
p0 =Ep
hp| H (x) |i = eip x p0 =Ep hp = 0| H (0) |i eip x p0 =Ep Z ,
(6.114)
131
2m
ml
m
|p|
Figura 6.1: Espetro tpico numa teoria relativista. Nesta representao inclumos um
estado ligado de duas partculas com massa ml , cuja energia de ligao reduz
a massa do valor 2m. Para E = 2m surge o contnuo de estados de duas
partculas. Para E = 3m surgir o contnuo de estados de trs partculas e
assim sucessivamente.
Como a base de estados acima descrita completa temos a seguinte relao de fecho
X d3 p
1
1 = |i h| +
|p i hp | .
(6.116)
(2)3 2Ep ()
Portanto, usando ainda o facto de que h| (x) |i = 0 (por simetria fcil de verificar para a teoria 4 , mas na realidade uma condio bem mais geral pois traduz a
estabilidade do vcuo), obtemos para x0 > y 0
X d3 p
1
h| T {(x) (y)} |i =
h| (x) |p i hp | (y) |i
(2)3 2Ep ()
X d3 p
1
=
eip (xy) |h| (0) |0 i|2
(6.117)
3
(2) 2Ep ()
X d4 p
i
eip (xy) |h| (0) |0 i|2 ,
=
4
2
(2) p + m2 i
m2 m2l 4m2
M2
X
M2 =
2 M 2 m2 |h| H (0) |0 i|2 .
(6.119)
Os estados de 1-partcula contribuem isoladamente para M 2 , que tem um comportamento genrico da forma
(6.120)
M 2 = 2 M 2 m2 Z + termos para M 2 & (2m)2 ,
em que Z = |h| H (0) |p = 0i|2 , como definido anteriormente. A figura 6.2 mostra o
comportamento tpico desta funo.
Relembrando a interpretao da funo de 2-pontos como a amplitude para o campo
propagar de y para x (para x0 > y 0 ), conclumos que (6.118) contm um primeiro termo
idntico teoria livre com massa fsica m e fator Z, que a probabilidade de o campo
H (x) criar o estado de 1-partcula a partir do vcuo. Adicionalmente, (6.118) contm
contribuies de estados intermdios, de vrias partculas, que no contribuem para esta
funo de correlao na teoria livre.
Exerccio: Em vez de calcular a funo de 2-pontos do campo , considere o comutador
X d4 p
i
2
h| (x), (y) |i =
eip (xy) |h| (0) |0 i| ,
(6.121)
(2)4 p2 + m2
onde o contorno em p0 circunda ambos os polos, no sentido contrrio ao dos ponteiros do relgio.
De modo anlogo ao anterior obtem-se
dM 2
h| (x), (y) |i = Z (x y, m2 ) +
M 2 x y, M 2 ,
(6.122)
&(2m)2 2
133
p2
m2
m2l
4m2
Figura 6.3: Estrutura analtica tpica da funo espetral que resulta das caractersticas
do espetro da teoria.
onde (x y, M 2 ) = [(x), (y)] o comutador da teoria livre com massa dada por M . Calcule
a derivada desta equao em ordem ao tempo para concluir que a quantificao cannica implica
dM 2
1=Z+
M2 .
(6.123)
2
Assim sendo, como M 2 > 0 resulta 0 Z < 1, como j antecipado.
M
.
(6.124)
G(p) = 2
2
2
2
p + m i
2
p + M 2 i
&(2m)
Da anlise genrica do espectro que efectumos esperamos que as propriedades analticas de G(p) no plano complexo p2 sejam de acordo com a figura 6.3. claro que
quando consideramos estados de 1-partcula (ou de vrias partculas muito distantes), o
comportamento de G(p) perto de p2 = m2 dominado pelo plo simples
G(p)
p2
iZ
,
+ m2 i
(6.125)
que coincide
com o resultado da teoria livre para uma massa fsica m e um campo in
com Zin . Por outro lado, a forma do Lagrangeano (6.111) diz-nos como calcular
G(p) em teoria de perturbaes. Especificando para a teoria 4 a expanso em diagramas
134
/01
234
5
6
7
89:;
<
=>?
G(p)
(6.126)
+ O(3 ) .
Esta expanso pode ser escrita em termos de diagramas de 1-partcula irredutveis (1PI),
isto diagramas que permanecem conexos depois de se cortar qualquer uma das suas
linhas interiores. Por exemplo,
Definindo
1P I, enquanto que
1P I
1P I
1P I
1P I
Agora definimos,
i p2
1P I
i
=
2
q2
q3
+ ... .
(6.127)
(6.128)
q3
q1
q1
no o .
q2
+ O(3 )
d4 q
i
+ O(2 ) ,
4
2
(2) q + m20 i
135
Observando a igualdade
p2
i
i
i
+ 2
i p2
+ ... .
2
2
2
+ m0 i p + m0 i
p + m20 i
(6.129)
1
1 1
1 1 1
1
+ A + A A + =
x x x x x x
x
conclumos que
G(p) =
p2
m20
1+
i
X
A
i=1
1
,
xA
i
.
+ (p2 ) i
(6.130)
(6.131)
Percebemos agora que (p2 ) responsvel pelo facto da massa fsica m no ser o parmetro de massa m0 do Lagrangeano. Como vimos, a massa fsica definida pelo plo de
G(p), isto , pela relao
m2 + m20 + p2 = m2 = 0 ,
(6.132)
que define m exclusivamente custa de m0 e do parmetro de acoplamento no Lagrangeano.
Vimos tambm que Z definido por (6.125). Mas podemos expandir (6.131) em torno
do plo p2 = m2 . De facto, definindo a funo
f p2 = p2 + m20 + p2 ,
(6.133)
e considerando a sua expanso em srie
df
d
2
2
f p = f p = m + p + m
+ = p + m
1 + 2 + ... ,
dp2 p2 =m2
dp
(6.134)
2
2
perto do plo p = m vem
i
d 1
G(p) 2
1+ 2
.
(6.135)
p + m2 i
dp
2
(6.136)
136
lim
x01
=
(6.137)
3
3
lim lim
d x F (t, x) =
d4 x F (x) ,
d x F (t, x) = lim
dt
ti,f t
t+
t
t
t
i
(6.138)
vem
hq
,
.
.
.
,
q
|p
,
.
.
.
,
p
i
=
d4 x1 out hq1 , . . . , ql |(x1 )|p2 , . . . , pn iin 0 eip1 x1
out 1
n in
l 1
0
Z x1
+
(6.139)
Note-se que o termo out hq1 , . . . , ql | aout (p1 ) |p2 , . . . , pn iin desconexo, j que proporcional a qi p1 . Este termo representa a amplitude de probabilidade da partcula de
momento p1 no ser afetada pelo processo, pelo que no interessante e ser omitido
eip1 x1 =
(6.140)
ip1 x1
1 ) |p2 , . . . , pn i
ip01 out hq1 , . . . , ql | (x
.
in e
p
Nesta frmula ignoramos o fator de normalizao 1/ 2Ep1 V . Iremos fazer isso de modo consistente
nesta seco para facilitar a leitura. Quando for necessrio introduziremos nas nossas equaes os
fatores em falta.
137
i
=
Z
d4 x1
ip01
2
+ out hq1 , . . . , ql | (x1 ) |p2 , . . . , pn iin ip01
0
eip1 x1
hq
,
.
.
.
,
q
|
(x
)
|p
,
.
.
.
,
p
i
ip
out 1
1
2
n in
l
1
i
4
1 ) |p2 , . . . , pn iin
=
(6.141)
d x1 out hq1 , . . . , ql | (x
Z
2
2
eip1 x1
hq
,
.
.
.
,
q
|
(x
)
|p
,
.
.
.
,
p
i
p
+
m
out 1
1
2
n in
l
1
i
2
2
4
2
=
d x1
x0 + x1 m out hq1 , . . . , ql | (x1 ) |p2 , . . . , pn iin eip1 x1
1
Z
i
=
d4 x1 eip1 x1 x1 m2 out hq1 , . . . , ql | (x1 ) |p2 , . . . , pn iin ,
Z
onde notamos que a penltima igualdade foi obtida por integrao por partes. claro que
podemos repetir esta lgebra para todos os operadores ain (pi ) e aout (qi ). Por exemplo,
=
(6.142)
Obviamente que as duas ltimas parcelas cancelam. A razo para escrever esta equao
nesta forma que agora conveniente desprezar a segunda e reter a primeira destas
parcelas, j que ambas correspondem a termos desconexos. Escrevemos ento (6.142) na
forma
out hq1 , . . . , ql | (x1 ) |p2 , . . . , pn iin
i
d3 y1 eiq1 y1 0 out hq2 , . . . , ql | (x1 ) (y1 ) |p2 , . . . , pn iin .
lim
0
y1
Z
lim
(6.143)
=
d4 y1 0 eiq1 y1 0 out hq2 , . . . , ql | T (x1 ) (y1 ) |p2 , . . . , pn iin
(6.144)
y1
Z
i
=
d4 y1 eiq1 y1 y1 m2 out hq2 , . . . , ql | T (x1 ) (y1 ) |p2 , . . . , pn iin .
Z
138
n+l
n
`
X
X
i
+
d4 y1 . . . d4 yl d4 x1 . . . d4 xn expi
p k xk i
qj yj (6.145)
Z
j=1
k=1
y1 + m2 . . . xn + m2 T (y1 ) . . . (yl ) (x1 ) . . . (xn ) ,
in hq1 , . . . , ql | S
qj2 + m2 = 0 e p2k + m2 = 0. Por outras palavras, a menos do fator (1/ Z)n+` a matriz
nas variveis q 2 e p2 ,
S o resduo de G
j
k
n+l
1
(q1 , . . . , pn ) .
i q12 + m2 . . . i p2n + m2 G
(6.146)
S(q1 , . . . , pn ) =
Z
Este resultado pode tambm ser representado usando a diagramtica de Feynman. Denotando o propagador exacto com momento p por
A
p
p2
tem a representao
a funo de Green G
iZ
,
+ m2 i
p1
1 , , qn ) =
G(p
(6.147)
q1
B
pk
qj
pn
(6.148)
qn
enquanto que a matriz S tem uma representao idntica com os propagadores externos
amputados,
p 1 q1
S(q1 , . . . , pn ) =
n+l
Z
C
pk
qj
pn qn
139
(6.149)
4
Z
O(2 ),
p3
= i ,
p4
p1
p2
(6.150)
iM =
E F
p3
p4
p1
p2
p1
p3
p2
p4
p1 + p2 q
p1
p3
+ p1 p3 q
p2
p4
(6.151)
p1
p1 p4 q
p3
GH
q
p2
p4
onde at esta ordem ainda podemos fazer Z = 1. Note-se que no ltimo diagrama as
linhas tracejadas no se intercetam. Por exemplo, de acordo com as regras de Feynman
o primeiro termo de ordem 2
(i)2
2
d4 q
i
i
.
2
4
2
(2) q + m0 i (p1 + p2 q)2 + m20 i
(6.152)
6.5 Aplicaes
Estamos finalmente em condies de calcular amplitudes qunticas para processos fsicos que envolvem um nmero necessriamente no conservado de partculas relativistas.
Antes de analisarmos em detalhe o caso da Eletrodinmica quntica, vamos introduzir
os conceitos bsicos necessrios para efectuar estes clculos ainda no contexto de campos
escalares.
140
6.5.1 Difuso
Vamos considerar a difuso de 2 partculas de massas m e M , isto o processo
m
p1
p3
I
p2
(6.153)
p4
Em primeiro lugar, notemos que na deduo da formula de reduo de LSZ na ltima seco, adoptmos como estados de 1-partcula com momento p os estados |pi = ain (p) |0i,
cuja normalizao hp|pi = 2Ep V . Portanto, no que se segue |pi representa um feixe
de partculas com densidade
hp|pi
=
= 2Ep .
(6.154)
V
Como vimos anteriormente, a matriz S determina a amplitude de transio entre o estado
inicial e final
Sf i = in hf |S|iiin = f i + i(2)4 (pf pi )Mf i .
(6.155)
De modo que a probabilidade para a transio dada por
2
Pf i = i(2)4 (pf pi )Mf i ,
(6.156)
(6.159)
e tem dimenses [] = L2 . Se variarmos o fluxo incidente ou a densidade do alvo, a probabilidade de ocorrncia do processo varia de igual forma, mas i permanece inalterada,
caracterizando de forma independente a probabilidade para o processo fsico em questo
ocorrer.
141
1
d3 p4
d3 p3
=
(2)4 (p1 + p2 p3 p4 ) |Mf i |2 .
4M |p1 |
(2 3 )2E3 (2 3 )2E4
Note-se que se as partculas forem idnticas deveremos dividimos por 2! na soma sobre
estados finais. Mf i uma funo de invariantes de Lorentz. Iremos mostrar de seguida
que |p1 | tambm pode ser escrito em funo de invariantes. Como j vimos que as
medidas de integrao em (6.160) so invariantes, conclumos que a seco eficaz de
difuso total i invariante de Lorentz, caracterizando de modo absoluto o processo em
questo.
Comecemos primeiro por mostrar que num processo 2 2 existem somente 2 invariantes de Lorentz. Para mantermos a discusso geral vamos considerar o caso em que
todas as partculas so distintas, ou seja, o processo
m1
p1
p3
m3
m2
p2
p4
(6.161)
m4
(i 6= j) ,
(6.162)
onde no inclumos p2i = m2i por estarem fixos pela relao de massa. No entanto, a
condio de conservao do 4-momento introduz quatro condies adicionais que reduzem
o nmero de invariantes independentes para dois.4 Definem-se usualmente os invariantes
de Mandelstam
s = (p1 + p2 )2 ,
t = (p1 p3 )2 ,
(6.163)
u = (p1 p4 ) ,
4
Um modo menos elegante de chegar mesma concluso : existem 16 componentes em todos os 4momentos; a relao de massa reduz este nmero para 12 componentes independentes; a liberdade
em efectuar transformaes de Lorentz permite reduzir novamente este nmero para 12 6 = 6;
finalmente com a condio de conservao de 4-momento obtemos a resposta desejada.
142
P
que satisfazem s+t+u = i m2 , e portanto somente dois destes invariantes so independentes. Note-se que os sinais negativos nos momentos p3 e p4 advm do facto de termos
considerado que estes so de sada, enquanto que os momentos p1 e p2 so de entrada.
A varivel s o quadrado da energia no referencial do centro de massa. De facto, neste
referencial temos p1 = p2 p, pelo que
p2 = (E2 , p) ,
p1 = (E1 , p) ,
(6.164)
q
vindo s = (p1 + p2 )2 = (E1 + E2 )2 . tambm trivial usar Ei = m2i + |p|2 com
i = 1, 2, para escrever s em funo do momento p. Em particular claro que o limiar
para s (m1 + m2 )2 .
Vamos agora mostrar que |p1 |, definido no referencial do laboratrio, pode ser escrito
como funo do invariante s. De facto, para p2 = (M, 0) e p1 = (E1 , p1 ) temos
s = (M + E1 )2 |p1 |2 = M 2 + 2M E1 + E12 + m2 E12 = M 2 + 2M E1 + m2 , (6.165)
de modo que
s M 2 + m2
E1 =
,
2M
(6.166)
t
2
= sin
,
s 4m2
2
(6.168)
Acabmos de mostrar que a seco eficaz pode ser calculada em qualquer referencial
conveniente. Vamos por isso considerar o referencial do centro de mass com momentos
m2 M 2
s
M 2 m2
s
E1 =
+
,
E2 =
+
.
(6.169)
2
2
2 s
2 s
143
dp34
(2)4
d3 p3
(E3 + E4 s) (p3 + p4 ) |Mf i |2
i =
3
3
4M |p1 |
(2) 2E3 (2) 2E4
3
1
d p3
=
(E3 + E4 s) |Mf i |2
(6.170)
2
64 M |p1 |
E3 E4
1
|p3 |2 d(p3 )
d
i =
( s) |Mf i |2
1
1
2
64 M |p1 |
E3 E4
E3 + E4
1
d
=
|p3 | d(p3 )
( s) |Mf i |2
(6.172)
2
64 M |p1 |
|p3 |
=
d(p3 ) |Mf i |2 .
64 2 M |p1 | s
Para simplificar a ltima equao comeamos por notar que E3 e E4 tambm so dados,
respectivamente, pelas expresso em (6.169). Em particular, usando E32 = m2 + |p3 |2 ,
obtm-se
q
s s 2 (m2 + M 2 ) + (m2 M 2 )2
|p3 | =
.
(6.173)
2 s
Assim sendo, recordando o resultado (6.167), temos simplesmente
zindo este resultado no clculo da seco eficaz obtemos finalmente
1
i =
d(p3 ) |Mf i |2 .
64 2 s
|p3 |
|p1 |
.
s
Introdu-
(6.174)
Para difuso de partculas idnticas este resultado dever ser dividido por 2!. Note-se
que podemos tambm definir a seco eficaz diferencial relativamente ao referencial do
centro de massa (j no invariante de Lorentz), pela expresso
1
di
=
|Mf i |2 ,
2
d
64 s
(6.175)
144
(6.176)
Esta a seco eficaz diferencial para uma interao de contacto entre partculas escalares.
2
,
2!
(6.177)
(6.178)
i .
canal t
canal u
p1 p4
L M N
p2
p1
p1 + p2
p4
p3
p2
p1
p4
p1 p3
p3
s = (p1 + p2 )2
t = (p1 p3 )2
p2
p4
p1
(6.179)
p3
u = (p1 p4 )2
145
qf
qi
V (r)
Note-se que inclumos o fator de normalizao de modo que cada estado externo representa uma nica partcula num volume V . Como vimos, a amplitude T para esta
transio dada por iT = (2)4 (pi pf ) iM. O nosso objectivo identificar esta amplitude com a amplitude de difuso em Mecnica Quntica no-relativista, identificando
assim o potencial a que est associada a troca de uma partcula de massa m no canal t.
Para isso usamos (6.181) para escrever
iT = 2(Ei Ef ) (2)3 (pi pf )
i2
1
,
2
2
|q| + m i 4M 2 V 2
(6.182)
onde
146
d3 x V (r) eiq r ,
(6.183)
(6.184)
im
im
Figura 6.5: Contorno de integrao no plano complexo para calcular o integral (6.186).
o elemento de matriz entre estados inicial e final, por exemplo hr|qi i = eiqi r / V .
O momento transferido q = qi qf . Identificando (6.182) e (6.183), conclumos que a
previso da teoria quntica de campo para o potencial associado troca de uma partcula
de massa m no canal t no limite no relativista
1
2
+
d3 q
2
q2
iq r
V (r) =
V
(q)
e
=
dq
d sin eiqr cos =
(2)3
16M 2 2 0
q 2 + m2 0
+
q2
eiqr eiqr
i2
1 +
q eiqr
2
dq
=
dq
.
(6.186)
=
16M 2 2 0
q 2 + m2
iqr
16M 2 2 r
q 2 + m2
O integrando tem dois plos em q = im. Fechando o contorno de integrao no plano
complexo superior, como mostra a figura 6.5, podemos calcular este integral utilizando
o teorema de resduos, com o resultado
V (r) =
i2
1
im emr
2 emr
2i
=
.
16M 2 2 r
2im
16M 2 r
(6.187)
Note-se que este resultado est dimensionalmente correcto, pois para o caso em estudo
o acoplamento tem dimenses de massa ([] = M = L1 ). Este o potencial de Yukawa, com alcance d = 1/m = ~/(mc), determinado pelo comprimento de Compton da
partcula de troca.
Yukawa utilizou o conhecimento de que a distncia tpica do ncleo 1 f m para
estimar, no modelo de troca para a interao nuclear, a massa da partcula de troca,
o meso , com m 200 M eV . Neste modelo de Yukawa as massas M so fermies
(N nuclees) e a massa m um escalar (meso ). O Lagrangeano de interao
,
LY ukawa =
147
(6.188)
(6.189)
P
p4
p2
(6.190)
p3
p1
2 ,
2!
(6.191)
148
i .
(6.192)
in hp1 p2 | S
(6.193)
p1
R
p
(6.194)
p2
somando para todos os momentos finais obtemos a taxa de decaimento por unidade de
volume
1
d3 p1
d3 p2
i = (2)4 2
(p1 + p2 p) ,
(6.196)
3
2!
(2) 2E1 (2)3 2E2
onde o fator 1/2! se deve ao facto das partculas de massa m serem idnticas. Sabendo que
a densidade de partculas associada ao estado inicial |pi = 2M , a taxa de decaimento
desta partcula
(2)4 2
d3 p1
d3 p2
i
=
(p1 + p2 p) =
(6.197)
=
2M
4M
(2)3 2E1 (2)3 2E2
3
2
d p1
2
d(p1 ) |p1 |2 d|p1 |
M
=
(2E
M
)
=
.
1
1
64 2 M
128 2 M
2
E12
E12
1
128 2 M
E1
2
s
2
2m 2
=
1
.
(6.198)
32M
M
149
(6.201)
i=1
i=1
com p1 + p2 = k1 + k2 . Esta equao pode ser escrita de um modo mais simples que
enfatiza o seu significado fsico. Notando |ai = |k1 k2 i, |bi = |p1 p2 i e |f i = |{qi }i, vem
X
i M(a b) M (b a) =
df M (b f ) M(a f ) ,
(6.204)
f
150
Vamos agora considerar o caso particular em que |ai = |bi = |k1 k2 i. Obtemos aquilo
a que usual chamar-se teorema tico,
k1
k1 X
M k1 k2 f 2 =
2Im
=
d
f
k2
k2
f
X
f
S
T U
df
k1
k1
f
f
k2
k2
(6.205)
= k k ,
1 2
2
X
(6.207)
2Im M k k =
df k f = k = 2M ,
f
V
k
1P I
(6.208)
ou seja inclui os diagramas irredutveis sem propagadores externos, como usual para a
matriz S, e relembramos que a energia prpria introduzida em (6.128). Temos ento
que Im(M) = Z Im (k 2 ) = M . Por exemplo, no caso que estudmos na seco
6.5.3, o primeiro diagrama a contribuir para (k 2 ) em teoria de perturbaes
W
k
151
(6.209)
Vemos agora que a sua parte imaginria est relacionada com a taxa de decaimento que
ento calculmos.
Para ganharmos intuio fsica acerca deste resultado, relembremos que na seco 6.4.1
a massa fsica foi definida pela condio
M 2 + M02 + M 2 = 0 ,
(6.210)
de modo que uma partcula instvel quando
a sua massa fsica adquire uma parte
imaginria, visto que Im M 2 = Im M 2 . Faz assim mais sentido definir a mass
atravs da condio
M 2 + M02 + Re M 2 = 0 .
(6.211)
k2
M2
iZ
,
+ iZ Im k 2
(6.212)
com f (E)
152
1
,
E E0 + i/2
(6.214)
7 Eletrodinmica Quntica
O objectivo deste captulo desenvolver as tcnicas estudadas anteriormente para incluir
interaes em teorias que envolvem fermies e o campo eletromagntico. Em particular,
focaremos a nossa anlise no caso da Eletrodinmica Quntica (QED), onde reproduziremos um nmero de resultados j confrontados com as experincias com grande sucesso.
Analisaremos tambm brevemente a teoria de Yukawa para as interaes nucleares, bem
como o modelo dos partes que foi percursor da Cromodinmica Quntica.
(7.4)
(7.5)
onde definimos a derivada covariante D = + ieA , invarainte perante a transformao padro local
A A
1
(x) ,
e
ei(x) .
(7.7)
(7.8)
(7.9)
T AH (x1 ) BH (x2 ) . . .
D n
h
io E
T
I (t)
0 T AI (x1 ) BI (x2 ) . . . exp 1i T dt Hint
0
io E
D n
h
= lim
,
(7.10)
T
I (t)
T (1i)
0 T exp 1i T dt Hint
0
onde x0P1 > x0P2 > . . . e P o nmero de trocas de campos ferminicos vizinhos que
necessrio efectuar para transformar a ordenao dos campos de A(x1 ) B(x2 ) . . . para
A0 (xP1 ) B 0 (x2 ) . . . . Por exemplo, se x05 > x01 > x03 > x02 > x04 vem
3 ) A (x4 ) (x5 ) = (1)3 (x5 ) (x1 ) (x
3 ) (x2 ) A (x4 ) . (7.12)
T (x1 ) (x2 ) (x
1
154
O calculo das funes de correlao em teoria de perturbaes atravs de (7.10) resumese novamente ao clculo de funes de correlao na teoria livre, do tipo
(7.13)
0 T A(x1 ) B(x2 ) C(x3 ) D(x4 ) . . . 0 .
Comecemos ento por enunciar a extenso do teorema de Wick para incluir todo o tipo
de campos. Este teorema afirma que
n
o
T ABCD . . . = N ABCD . . . + ABCD . . . + ABCD . . . + ABCD . . . + . . .
= N ABCD . . . + todas as contraes possveis ,
(7.14)
onde, como usual, para definirmos ordem normal separamos os operadores de campo na
parte de frequncia positiva (operadores de aniquilao) e frequncia nagativa (operadores
de criao),
X
A = A+ + A ,
com A+ =
A(p) eip x , A = A+ ,
(7.15)
p
(7.16)
p,s
+ =
p,s
A+
=
ip x
()
,
a(p, ) e
p,
onde P novamente o nmero de trocas de campos ferminicos vizinhos necessrio efectuar para transformar a ordenao dos campos de abcd . . . para a0 b0 c0 d0 . . . . Nos termos
em que h contraes temos, por exemplo,
n
o
N ABCDE IJKL . . . = (1)P AJBCEK . . . N D . . . IL . . . ,
(7.18)
155
ab
F (x1 x2 ) ,
0 T ABCD . . . 0 = todas as contraes possveis de todos os campos . (7.20)
De notar que o efeito do denominador em (7.10) ser novamente o de remover subdiagramas do tipo vcuo-vcuo, de modo que s os diagramas conexos contribuem para
as funes de correlao.
Antes de enunciarmos as regras de Feynman para a teoria de Yukawa e para QED,
vamos considerar alguns exemplos de funes de correlao na teoria livre, para facilitar
os clculos que se seguem. No caso de uma teoria com um escalar complexo a funo de
4-pontos tem a forma
o E
D n
0 T 1 2 3 4 0 = 1 2 3 4 + 1 2 3 4
x3
Y Z
x4
x3
x4
x1
x2
x1
(7.21)
,
x2
+
x2 ,
x1 ,
+
x2 ,
x1 ,
(7.22)
x2 ,
Para uma teoria com fermies de Dirac, necessrio ter algum cuidado com os sinais de
cada diagrama, visto que
156
0 T 1a 2b 3c 4d 0 = 1a 2b 3c 4d + 1a 2b 3c 4d =
x3 , c
x4 , d
x3 , c
= 1a 3c 2b 4d + 1a 4d 2b 3c =
x1 , a
x1 , a
x2 , b
= SF (x1 x3 )ac SF (x2 x4 )bd + SF (x1 x4 )ad SF (x2 x3 )bc .
x4 , d
=
x2 , b
(7.23)
Neste caso os sinais de cada termo so obtidos atravs de permutaes dos pontos externos: comeamos com uma ordenao 1234 para, respectivamente no primeiro e segundo
diagrama, 1324 e 1423, cujas permutaes do origem aos respectivos sinais. Finalmente,
note-se que nos diagramas (7.21) e (7.23) importante notar que a conservao da carga
Como veremos, conveniente
implica, respectivamente, que # = # e # = #.
orientar estes diagramas de acordo com o fluir da carga.
L = LDirac + LKG g
1
,
()2 + m2 2 g
= i/ M
2
(7.24)
que podemos pensar como uma verso simplificada de QED com uma partcula de troca
escalar de massa m (o meso ). Neste caso as funes de Green tm a forma
G(x1 , . . . , xn , xn+1 , . . . x2n ; y1 , . . . , ym )
D n
o E
n+1 ) . . . (x
2n ) (y1 ) . . . (ym ) =
T (x1 ) . . . (xn ) (x
(7.25)
D n
h io E
n+1 ) . . . (x
2n ) (y1 ) . . . (ym ) exp
0 T (x1 ) . . . (xn ) (x
0
D n
h io E
= lim
,
T (1i)
0 T exp
0
d z g (z)(z)(z)
.
i T
(7.26)
157
(ig)
= (ig)2
d4 z1 d4 z2 a (x1 ) b (x2 )c (x3 )d (x4 )e (z1 ) e (z1 )(z1 )f (z2 )f (z2 )(z2 )
d4 z1 d4 z2 a (x1 )e (z1 ) b (x2 )f (z2 ) e (z1 )c (x3 ) f (z2 )d (x4 )(z1 )(z2 )
x3 , c
x4 , d
z1 , e
x1 , a
(7.27)
z2 , f
x2 , b
onde na segunda igualdade ordenamos os campo de modo a ficarem na forma usual para
o propagador do campo de Dirac. Neste diagrama orientmos as linhas ferminicas de
acordo com o fluir da carga.
Exerccio: Complete o exemplo anterior, calculando todos os diagramas at ordem g 2 , verificando tambm que o efeito do denominador em (7.25) o cancelamento dos diagramas desconexos.
Vamos comear por enunciar as regras de Feynman para o clculo de funes de correlao G(x1 , . . . , x2n ; y1 , . . . , ym ) no espao das posies. Desenhar todos os diagramas
distintos desconexos fixando os pontos externos e:
associar a cada vrtice interior zi o fator ig e integrar em zi
ig
a
b
c
d4 zi zi , ai
w1
SF (w1 w2 )ab w1 , a
w2 ,
w2 , b .
dividir cada diagrama pelo seu fator de simetria e determinar o seu sinal.
Note-se que, como a contrao dos campos ferminicos a (w1 )b (w2 ) tem uma ordem
bem definida, as linhas associadas aos fermies esto orientadas. Nos vrtices esta orientao respeitada visto que a carga conservada.
Quanto s regras de Feynman no espao dos momentos, desenhar todos os diagramas
distintos com momentos externos p1 , . . . , pN a entrar no diagrama e:
158
d
e
f
q2
X
ig(2)4
qi aj
q3
i
q1
associar a cada linha um propagador
p2 + m2 i
i p
/ m ab
i
=
a
p2 + m2 i
p
/ + m i ab
,
b .
d4 p
.
(2)4
dividir cada diagrama pelo seu fator de simetria e determinar o seu sinal.
Vejamos agora como determinar o sinal de um dado diagrama. Este sinal introduzido pelas contraes de Wick dos fermies. Por conservao de carga todas as linhas
ferminicas comeam num ponto xi (1 i N ) e acabam em xki (N + 1 ki 2N ),
xi , a
xk i , b .
(7.28)
1 )(z1 )(z1 ) (z
k )(zk )(zk ) . . . (z
q )(zq )(zq ) . . . 0 ,
0 T . . . (z
(7.30)
sem introduzir qualquer sinal. Conclumos assim que o produto (7.29) pode ser ob 1 ) por um nmero mpar de campos ferminicos. Astido depois de permutar (z
sim, existe um sinal por cada contorno fechado de fermies. No caso dos xi serem pontos externos e os xki serem externos ou internos, ordenando estes ponto de
acordo com x1 . . . xN xN +1 . . . x2N . Cada diagrama corresponde ento a uma permutao
x1 . . . xN xN +1 . . . x2N x1 xk1 x2 xk2 . . . xN xkN , cujo respectivo sinal tambm deve ser
tido em conta.
Como exemplo da determinao do sinal de diagramas, consideremos o caso simples da
3 )(x
4 )}|i, em que todos os pontos externos
funo de 4-pontos h|T {(x1 )(x2 )(x
159
x1
(7.31)
,
x2
x2
z2
(7.32)
z1
x3
x1
acrescentamos ordenao j estabelecida dos pontos externos, a contribuio dos vrtices, de modo que a ordenao de referncia x1 x2 x3 x4 z1 z1 z2 z2 . As contraes de Wick
associadas a este diagrama correspondem ordenao de fermies x1 z1 z1 x3 x2 z2 z2 x4 , e
portanto o diagrama vem afetado de um sinal .
Exerccio: Continuando o exemplo anterior, determine o sinal do diagrama (note que as linhas
ferminicas no se intercetam)
x2
x4
j
z1
z2
x1
(7.33)
x3
Como os diagramas (7.32) e (7.33) correspondem respectivamente aos canais t e u para a difuso
2 2, comente o resultado que obtem sabendo que a soma de ambos os diagramas descreve este
processo que envolve dois fermies indestinguveis.
160
pk
k
qj
(7.34)
pN
qM
onde representmos os fermies com tracejado, enquanto que os meses com tracejado
circular (pois todos os propagadores externos esto amputados). Em primeiro lugar
note-se que estamos a usar uma conveno em que todos os momentos tm como sentido
definido o de entrada no diagrama, pois em (7.34) o sentido apontado o dos momentos.
No caso de uma partcula de sada com momento p isto corresponde simplesmente a fazer
p p no momento que colocado no diagrama.
Mais subtil a caracterizao dos estados externos de fermies, visto que so descritos
por spinores de Dirac, com graus de liberdade internos, e podem estar associados a
partculas e anti-partculas. Aps a referida generalizao da frmula de reduo de
LSZ chega-se seguinte concluso. Se tivermos uma partcula (nucleo N ) a entrar no
diagrama com momento p e polarizao us (p), tambm deveremos associar respectiva
linha externa o spinor us (p), com representao
N us (p)
l
p
(7.35)
O spinor us (p) dever contrair com o vrtice onde acaba a sua linha dentro do diagrama.
Se por outro lado tivermos uma partcula a sair do diagrama com momento p e polarizao
us (p), deveremos associar respectiva linha externa o spinor u
s (p), com representao
m
p
u
s (p) N .
(7.36)
importante reter que nas pernas associadas a partculas o sentido do fluir de carga
coincide com o sentido do momento. Uma anti-partcula de momento p a entrar no
diagrama representada de acordo com
vs (p)
N
n
p
161
(7.37)
onde vs (p) o estado de polarizao. Note-se que o sentido apontado na perna desta antipartcula o sentido do fluir de carga, e no o do momento, cujo sentido o de entrada
no diagrama. Este facto importante quando impomos conservao de momento nos
vrtices do diagrama. Por fim, para uma anti-partcula de momento p e polarizao
vs (p) a sair de um diagrama temos
o
p
.
vs (p) N
(7.38)
p2 p4
u
s4 (p4 )
p
p1 p3
us1 (p1 )
p1 p3
(7.39)
u
s3 (p3 )
4
Y
i=1
2Ei V
!1/2
u
s3 (p3 ) us1 (p1 )
i
u
s (p4 ) us2 (p2 ) ,
t + m2 i 4
(7.40)
i
.
(7.41)
usi 2M
0
Em particular,
u
s3 (p3 ) us1 (p1 ) 2M s1 s3 ,
u
s4 (p4 ) us2 (p2 ) 2M s2 s4 .
(7.42)
s1 s3 s2 s4
ig 2
4
(2)
(p
+
p
p
)
,
1
2
3
4
V2
|p1 p3 |2 + m2 i
162
(7.43)
e portanto cada partcula conserva o seu spin. O clculo do potencial efetivo associado
a esta troca agora inteiramente anlogo ao realizado na seco 6.5.2, com o resultado
g 2 emr
.
(7.44)
4 r
Este resultado est dimensionalmente correcto pois g adimensional.
No caso da difuso de uma partcula com momento inicial p1 e de uma anti-partcula
com momento inicial p2 o diagrama anterior alterado para
V (r) =
vs2 (p2 )
p2 p4
vs4 (p4 )
q
p1 p3
us1 (p1 )
p1 p3
(7.45)
u
s3 (p3 )
7.3.2 QED
Uma vez que j sabemos lidar com fermies imediato, aps leitura do Lagangeano
1
LQED = i/ e A m F F ,
4
estabelecer as regras de Feynman para o clculo das funes de correlao
(7.47)
(7.49)
Para calcular as funes de correlao G(x1 , . . . , x2n ; y1 , . . . , ym ) no espao das posies, desenhar todos os diagramas distintos desconexos fixando os pontos externos e:
163
r
s
t
b
ie( )ba
d4 zi
zi
(7.50)
w2 , ,
SF (w1 w2 )ab w1 , a
w2 , b .
dividir cada diagrama pelo seu fator de simetria e determinar o seu sinal.
Como o vrtice em QED contem ele prprio ndices spinoriais ncessrio ter especial
ateno ao fluir de carga nos diagramas, a fim de contrair estes ndices correctamente.
Quanto s regras de Feynman no espao dos momentos, desenhar todos os diagramas
distintos com momentos externos p1 , . . . , pN a entrar no diagrama e:
associar a cada vrtice o fator ie( )ba e impor a conservao de 4-momento
q2
X
ie( )ba (2)
qi
i p
/ m ab
i
=
2
2
p + m i
p
/ + m i
ab
u
v
w
b
q2 .
q1
,
b .
d4 p
.
(2)4
dividir cada diagrama pelo seu fator de simetria e determinar o seu sinal.
Quanto ao clculo de elementos da matriz S, mais uma vez consideramos diagramas
com os propagadores externos amputados, sendo necessrio incluir a polarizao dos
estados externos. J vimos na seco anterior como fazer isso para o caso de fermies de
164
Dirac. No caso dos fotes, se tivermos um foto com momento p e polarizao (p) a
entrar no diagrama,2 vem
(p)
x
p
(7.51)
y
p
(p) .
(7.52)
u
s4 (p4 )
p2 p4
z
p1 p3
us1 (p1 )
p1 p3
(7.53)
u
s3 (p3 )
4
Y
i=1
2Ei V
!1/2
u
s3 (p3 ) us1 (p1 )
i
u
s (p4 ) us2 (p2 ) .
t + m2 i 4
(7.54)
u
s4 (p4 ) 0 us2 (p2 ) 2M s2 s4 .
(7.55)
Para estados externos os fotes tm dois estados de polarizao possveis (as polarizaes transversas),
descritos por um vetor espacial, pelo que representamos estas polarizaes com um 3-vetor em vez
de um 4-vetor .
165
ig 2
s1 s3 s2 s4
4
(2)
(p
+
p
p
)
,
1
2
3
4
V2
|p1 p3 |2 i
(7.56)
onde o sinal vem do elemento da mtrica 00 . Como vimos na seco 6.5.2 a esta
expresso correspondente o potencial de Coulomb repulsivo
V (r) =
e2 1
.
4 r
(7.57)
p2 p4
vs4 (p4 )
{
p1 p3
us1 (p1 )
p1 p3
(7.58)
u
s3 (p3 )
(7.60)
Os clculos efectuados so de facto aplicveis difuso de quaisquer pares de partcula/antipartcula que interajam eletromagneticamente. Este processo tem um nico diagrama
que descreve a troca de um foto no canal s,
166
vs4 (p4 )
vs2 (p2 )
p2
p4
(7.61)
p3
p1
u
s3 (p3 )
us1 (p1 )
(7.62)
onde na ltima equao omitimos a dependncia dos estados dos fermies no seu spin.
Como para calcular a seco eficaz de difuso temos que determinar |M|2 , notando
que
v u = u ( ) ( 0 ) v = u ( ) 0 v = u 0 v = u
v ,
(7.63)
vem
|M|2 =
e4
(p
)
u(p
)
u
(p
)
v(p
)
u
(p
)
v(p
)
v
(p
)
u(p
)
.
2
1
1
2
3
4
4
3
q4
(7.64)
Poderamos calcular para um processo com os spins iniciais e finais bem definidos.
No entanto, na maior parte das experincias os feixes incidentes no so polarizados e a
seco eficaz que se mede corresponde a uma soma de todos os spins dos estados finais.
Assim, queremos efectuar uma mdia sobre estados iniciais e uma soma sobre estados
finais, isto , estamos interessados em determinar
2
1 X X
M(s1 s2 s3 s4 ) .
4 s ,s s ,s
1
(7.65)
(7.66)
que deduzimos anteriormente. Usando este resultado, por exemplo, o primeiro termo em
(7.64) fica
X
vs2 (p2 ) us1 (p1 ) u
s1 (p1 ) vs2 (p2 ) =
(7.67)
s1 s2
= (p
m
)
(
)
(
p
+
m
)
(
)
=
tr
(
p
+
m
)
(
p
m
)
.
/2
/1
/2
/1
e da
e bc
e
e
ab
cd
167
M(s1 s2 s3 s4 ) = 4 tr (p
/2 +me ) (p
/1 me ) tr (p
/3 m ) (p
/4 +m ) .
4
4q
spins
(7.68)
Note-se que os spinores u e v desapareceram desta expresso. Este facto geral: quando
quadramos a amplitude e tomamos mdias ou somamos nos estados finais de spins o
resultado pode ser expresso como traos de produtos de matrizes . Existem vrios
resultados para calcular estes traos. Neste caso necessitamos de calcular o trao de n
matrizes , Tr( 1 . . . n ) com n = 2, 3, 4. Consideremos em primeiro lugar o caso em
que n = 1, como ( 5 )2 = 1 e { 5 , } = 0, podemos escrever
Tr = Tr( 5 5 ) = Tr( 5 5 ) = Tr( 5 5 ) = Tr Tr = 0 . (7.69)
Do mesmo modo se mostra que Tr( 1 . . . n ) = 0 para n mpar. No caso n = 2 vem
Tr( ) = Tr(2 1 ) = 8 Tr( ) Tr( ) = 4 . (7.70)
Exerccio: Mostre com o mesmo tipo de argumentos dos usados para derivar a equao anterior
que
Tr( ) = 4 + .
(7.71)
tr (p
/1 ) me tr( ) =
/2 p
/2 + me ) (p
/1 me ) = tr(p
= p2 p1 4 ( + ) m2e (4 ) =
= 4 p2 p1 + p2 p1 (p1 p2 m2e ) .
(7.72)
(7.73)
spins
168
p3 = (E, k)
e+
p2 = (E, E z)
)
p1 = (E, E z
p4 = (E, k)
p1 p3 = p2 p4 = E 2 + E|k| cos ,
e portanto
(7.75)
p1 p4 = p2 p3 = E 2 E|k| cos ,
1 X 2
M = e4
4
spins
"
m2
1+ 2
E
m2
1 2
E
cos .
(7.76)
42
3E 2
| CM
!
m2
1 m2
1 2
1+
.
E
2 E2
{z
} |
{z
}
cinemtica
(7.78)
dinmica
169
2
ECM
42
3
QED
Cinematica
2m
(limiar)
ECM
1 + cos +
2
d
4ECM
2
2
E
42
3 m 4
+ ... .
(7.81)
2
3ECM
8 E
2
Em particular, para energias muito elevadas ECM
converge para um constante.
(7.82)
O comportamento assinttico de (e+ e + ) define a escala para todos os processos de aniquilao de e+ e . Um exemplo o processo
e+ e hadres ,
(7.83)
isto , a produo de partculas que tambm sofrem a ao da fora forte. Vamos analisar brevemente este tipo de processo, pois veremos como nos permite descobrir factos
importantes acerca da estrutura dos nuclees. No modelo padro de partculas os nuclees so compostos de quarks que, alm de interagirem atravs da fora forte, tambm
so carregados eletricamente. Assim, o processo mais simples semelhante ao estudado
anteriormente que podemos ter
e+ e q q ,
(7.84)
170
ECM (GeV)
Figura 7.3: Razo entre as seces eficazes para produo de pares de taus + e mues
+ medida pela colaborao DELCO e respectiva curva terica. (Grfico
retirado do livro de Peskin-Schroeder.)
Cada quark tem tambm um nmero quntico adicional denominado por cor que pode
tomar trs valores: azul, verde e vermelho. A cor a carga da fora forte (QCD).
Para adaptar o clculo anterior ao processo e+ e q q necessrio fazer as seguintes
modificaes:
(i) Substituir a carga do muo e pela carga do quark em questo Q.
(ii) Contar cada quark trs vezes para incluir os diferentes estados de cor.
(iii) Incluir possveis efeitos da interao forte nos quarks produzidos.
Os dois primeiros pontos so trivias, o terceiro est longe de o ser! A fim de extrair
consequncias interessantes dos nossos resultados vamos por isso comear por descrever
alguns factos conhecidos da interao forte. Em primeiro lugar a fora forte assintoticamente livre, o que significa que a altas energias o seu efeito na produo de pares q q
pode ser ignorado (entenda-se por altas energias E QCD 200 MeV). Por outro
lado, em QCD nunca so observados quarks livres, um fenmeno conhecido por confinamento, e que se traduz no facto de os nicos estados assintticos observveis so singletos
de cor (estados sem carga da fora forte). Como consequncia do confinamento, aps
a criao do par q q a energia disponvel convertida em novos pares de modo que no
final observam-se vrios hadres. Diz-se frequentemente que o sistema hadroniza. Este
fenmeno altera os estados finais que se observam, mas no altera a seco eficaz em
171
relao previso dada por (e+ e q q), visto que esta mede a probabilidade para o
processo ocorrer. Em particular, no regime cinemtico
mqi
ECM
< mqj ,
2
vem
(e+ e hadres) 3
X
i
Qi
(7.85)
!
42
,
2
3ECM
(7.86)
u
s4 (q4 )
}
q2
q4
q1
q3
us1 (q1 )
(7.87)
u
s3 (q3 )
ie2
(q
)
u(q
)
u
(q
)
u(q
)
.
3
1
4
2
q2
(7.88)
Calculando o quadrado e efectuando a mdia e soma nos spins, tal como na seco
anterior, temos
e4
1 X 2
M = 4 tr (/q3 +me ) (/q1 me ) tr (/q4 m ) (/q2 +m ) . (7.89)
4
4q
spins
172
(hadr
oes)/ (+ )
ECM (GeV)
p2 q3 ,
p3 q2 ,
p 4 q4 .
(7.90)
O novo diagrama coincide com o diagrama (7.87). Esta simetria entre diagramas pode
tambm ser vista pela troca dos canais, visto que a ao da transformao nas variveis
de Mandelstam s t e u invariante. Por fim, aps introduo dos spinores externos e
o clculo da mdia e soma nos spins, o resultado que se obtm precisamente (7.73) da
seco anterior com as transformaes (7.90). Continuando a considerar o limite me = 0,
173
q3 = (k, k)
)
q2 = (E, k z
)
q1 = (k, k z
q4 = (E, k)
(7.91)
spins
Para determinar a seco eficaz deste processo vamos novamente trabalhar no referencial do centro de massa, tal como mostra a figura 7.5, onde
) ,
) ,
q1 = (k, k z
q2 = (E, k z
q3 = (k, k) ,
q4 = (E, k) ,
(7.92)
q
= |k| cos e ECM = E + k. Calculando os produtos
onde k = |k| = E 2 m2 , k z
escalares em (7.91) conclumos que
1 1 X 2
d
=
M
d
64 2 s 4
=
spins
2
2k 2 (E + k)2 (1 cos )2
(7.93)
(E + k)2 + (E + k cos )2 m2 (1 cos ) .
d
Notar que para 0 temos d
1/4 , o que tambm ocorre na frmula de Rutherford.
Esta divergncia deve-se troca de fotes com q 2 = 2k 2 (1 cos ) 0, que esto
prximo de se tornarem estados assintticos.
174
(p2 )
p2
p4
~
p3
p1
(7.94)
p3
u
s3 (p3 )
us1 (p1 )
u
s3 (p3 )
us1 (p1 )
p4
p2
p1
(p4 )
(p2 )
u(p1 ) (p4 )
(7.95)
+ (ie) u
(p3 ) (p2 )
(p1 p4 )2 + m2e
!
p
p
/1 + p
/2 me
/1 p
/4 me
= ie2 (p4 ) (p2 ) u
(p3 )
+
u(p1 ) .
(p1 + p2 )2 + m2e
(p1 p4 )2 + m2e
Como p21 = m2e e p22 = p24 = 0, os denominadores dos propagadores simplificam para
2p1 p2 e 2p1 p4 . Quanto aos numeradores podemos usar
(p
(7.96)
/1 me ) u(p1 ) = 2p1 (p
/1 + me ) u(p1 ) = 2p1 u(p1 ) .
Obtem-se assim
p
/2 2 p1
2p1 p2
p
/4 2 p1
2p1 p4
u(p1 ) . (7.97)
O prximo passo calcular |M|2 para depois fazer a mdia nos spin e polarizao
inicial, e somar sobre estados finais. Quando somamos nas polarizaes surge a seguinte
simplificao
X
() (k) ()
(7.98)
(k) ,
onde a seta vlida para processos em QED. Para compreender esta simplificao consideremos o processo genrico em que um foto de momento k e polarizao criado.
()
()
(k) iM(k) = iM (k) (k) .
175
(7.99)
=1
1 2 2 2
()
,
()
(k) (k)M (k)M (k) = M (k) + M (k)
(1) =
(1) =
0
0
0
1
= 0 .
,
(2) =
(2)
0
1
0
0
(7.100)
(7.101)
Por outro lado, sabemos que os vetores de polarizao esto definidos a menos da escolha
padro + k . Como a amplitude M no pode depender da escolha padro, vem
a identidade
k M (k) = 0 ,
(7.102)
que a identidade de Ward, e resulta da simetria padro da teoria. Conclumos assim
que M0 M3 = 0, e portanto
2
X
=1
()
()
M (k)M (k)
3
X
=0
()
()
M (k)M (k) = M (k)M (k) . (7.103)
Ou seja, os fotes no fsicos com polarizao escalar e longitudinal podem ser includos
no clculo, de modo a produzir a simplificao (7.98) sem alterar o resultado.
Voltando expresso (7.97), podemos agora efectuar as mdias sobre estado iniciais e
somas sobre estados finais, com o resultado
"
!
2 p
p + 2 p
p
2
/
/
1X
e
1
1
2
4
|M|2 =
Tr p
+
/3 + me
4
4
2p1 p2
2p1 p4
!#
p
p
/2 2 p1
/4 + 2 p1
p
+
(7.104)
/ 1 + me
2p1 p2
2p1 p4
agora um mero exerccio mecnico de clculo de traos obter
"
2 #
p
p
1
1
1
1
1X
14
12
|M|2 = 2e4
+
+ 2m2e
+ m4e
4
p12 p14
p14 p12
p14 p12
(7.105)
) = ( 0 , 0 sin , 0, 0 cos ) ,
p4 = ( 0 , 0 u
176
(7.106)
)
p4 = (! 0 , ! 0 u
e
)
p2 = (!, ! z
p1 = (me , 0)
e
0
p3 = (E , p)
1
=
4me
1
=
4me
1
=
4me
Como
p
)
|M|2
1
2
3
4
(2)3 2E 0 (2)3 2 0
4
02 d 0 d 1
1 X
2( 0 + E 0 me )
|M|2
(7.108)
3
0
0
(2)
4 E
4
d(cos ) 0
1
1 X
|M|2 .
0
0
dE
2
4E 1 + d0 4
E 0 = E 0 ( 0 ) =
m2e + 2 + 02 2 0 cos ,
2
= 2
+ 0 sin .
d(cos )
me
(7.109)
(7.110)
total =
82
,
3m2
(7.111)
que no mais do que o resultado clssico de Thompson para a difuso de radiao por
um electro livre.
177
sd /d (GeV2 nb/sr)
cos
Figura 7.7: Dados experimentais obtidos pela colaborao HRS e curva terica para a
dependncia angular da seco eficaz diferencial no processo de aniquilao
electro-positro. (Grfico retirado do livro de Peskin-Schroeder.)
(7.113)
p
= (sin , 0, cos ) define a direo de emisso dos fotes.
onde q = E 2 m2e e o versor u
Um clculo inteiramente anlogo aos que j efectumos d
2
d
22 E
E + q 2 cos2
2m2e
2m4e
=
+
. (7.114)
d(cos )
s
q
m2 + q 2 sin2 m2e + q 2 sin2 (m2e + q 2 sin2 )2
178
,
d(cos )
s
sin2
(7.115)
excepto quando sin . me /q. A comparao com resultados experimentais pode ser
observada na figura 7.7, com ECM = 2E = 29 GeV. Note-se que nestas expresses
estamos implicitamente a restringir o intervalo do ngulo de difuso a 0 /2, visto
que os dois fotes produzidos so partculas idnticas.
Pode-se estabelecer aqui um paralelo histrico com o que aconteceu aquando da famosa experincia
de Rutherford que permitiu construir o presente modelo atmico.
179
por via da fora forte. Este processo envolve sempre pequenas trocas. Devido ao fenmeno de confinamento que j descrevemos, o sistema ir hadronizar por via da fora
forte, produzindo jatos hadrnicos na direo inicialmente definida pelo quark ejectado
do proto.
Consideremos ento o processo que ocorre na difuso e P em que se chocam electres
contra um alvo de protes, difundindo-se o electro e dando origem a um nmero de
hadres. Este processo usualmente representado por
e P e X ,
com diagrama
e
k0
(7.116)
p+q
(7.117)
k0
(7.118)
(7.119)
p+q
q
spins
180
(7.121)
d
s + t)2
2 qi2 s2 + (
.
=
d
2
s
t2
(7.123)
(7.124)
com 0 x 1 .
(7.125)
Para cada espcie i de partes introduz-se a funo de distribuio fi (x) definida pela
probabilidade de encontrarmos o parto i com uma frao x do momento total do proto.
A normalizao destas distribuies devero reflectir os nmeros qunticos do proto, que
um estado ligado de quarks uud, a que devero ser adicionadas a contribuio dos pares
de quarks/anti-quarks e dos glues. Assim, para o caso do proto temos
1
dx fu (x) fu(x) = 2 ,
0
1
dx fd (x) fd(x)
= 1,
(7.126)
0
1
dx fqi (x) fqi (x) = 0 ,
qi = s, c, b, t ,
0
1
dx x fqi (x) + fqi (x) + g(x) = 1 ,
0
181
Q 4 d2
[. . . ] dxdQ2
x
Figura 7.8: Dados experimentais obtidos na experincia SLAC-MIT que evidenciam de
forma inequvoca a validade do regime de Bjorken e suportam o modelo partnico para hadres. (Grfico retirado do livro de Peskin-Schroeder.)
onde g(x) denota a funo de distribuio de todos os glues. A ltima equao traduz
o facto do momento total do proto estar distribudo por todos os partes.
Vamos agora expressar a seco eficaz (7.124) em termos de quantidades cinemticas
do processo e P e X descrito pelo diagrama (7.117). Notando que
s = (p + k)2 = 2p k = 2xP k = xs ,
(7.127)
conclumos que
X
(xs)2
(xs)
d2
22 qi2
=
2 4 2 2 +1
(x, Q) =
fqi (x)
dxdQ2
(xs)2
Q
Q
i
"
2 #
X
Q2
22 qi2
1+ 1
=
fqi (x)
.
Q4
(xs)2
(7.128)
O modelo de partes que acabmos de descrever prev que dividindo (x, Q) pelo fator
cinemtico [. . . ]/Q4 , onde [. . . ] corresponde expresso da equao anterior entre parntesis rectos, o resultado obtido independente de Q. Este o denominado regime de
Bjorken, que traduz a independncia da estrutura do proto do comprimento de onda
da sonda utilizada (o foto). Independentemente da escala a que observamos o proto
este regime assume a independncia das funes de estrutura fqi (x) da varivel Q. Este
o regime em que os quarks so portanto pontuais e que, numa primeira aproximao,
reproduz com sucesso os dados experimentais tal como atesta a figura 7.8.
182
A forma das funes de estrutura fqi (x) depende dos detalhes da interao forte, o que
ultrapassa o mbito deste curso. Podemos no entanto fazer algumas consideraes que
nos permitem compreender o sucesso da anlise efectuada, bem como as suas limitaes.
Em primeiro lugar calculemos no referencial do proto a seguinte quantidade
P q = mq 0 q 0 =
P q
Q2
,
m
2xm
(7.129)
onde m a massa do proto. Como nos nossos clculos ignormos a fora forte, o tempo
de interao visto neste referencial pelos partes, (q 0 )1 , deve ser comparado com
o tempo caracterstico da interao entre partes no proto dado pela escala definida
pela massa, isto , 1/m. No limite considerado q 0 m Q2 /x m2 , a difuso
muito rpida comparativamente com as escalas de tempo da interao que mantm
o proto coeso, pelo que a podemos ignorar. A razo porque podemos fazer este tipo
de argumentao tem a sua raiz no fenmeno da liberdade assinttica que caracteriza a
Cromodinmica Quntica. De facto, s escalas de energia consideradas, os quarks dentro
do proto podem ser considerados livres, pelo que a interao com a nossa sonda descrita
por um processo trivial em QED. Acontece que os efeitos da variao do acoplamento da
interao forte podem ser includos nesta anlise, o que d origem variao das funes
de estrutura numa escala logartmica em Q2 . Nesse caso temos violao do regime de
Bjorken, o que tambm est testado experimentalmente de acordo com as previses da
Cromodinmica Quntica.
183
8 Renormalizao
At agora ignormos um facto importantssimo em muitas das expresses que escrevemos
para funes de correlao. Se efectuassemos explicitamente os integrais para as funes
de correlao cujos diagramas de Feynman incluem contornos fechados, veramos que
em muitos casos o resultado seria infinito. A maneira de lidar com estas divergncias
denomina-se por renormalizao, e as suas previses fsicas constituem os testes mais
impressionantes ao formalismo da Teoria Quntica de Campo como uma teoria fsica. O
nosso objectivo neste captulo simplesmente tocar este assunto superficialmente, pois
ignor-lo deixaria este curso incompleto.
d4 p
i
F (x) =
eip x ,
(8.1)
4
2
(2) p + m20 i
com contorno de integrao no plano complexo p0 dado pela figura 3.7. Podemos calcular
este integral efectuando primeiro o integral em p0 e depois em p, mas existe uma mtodo
mais simples que utiliza a chamada rotao de Wick. Visto que o integrando cai para
|p0 | como 1/(p0 )2 , podemos deformar o contorno para o eixo o imaginrio de acordo
com a figura 8.1. Esta a rotao de Wick. Escrevendo p0 = i
p0 , podemos definir o
momento Euclidiano p = (
p0 , p), de modo que p2 = (
p0 )2 + |p|2 = p2 . Agora os plos
0
em p no esto ao longo do contorno de integrao (a escolha de i instruiu-nos qual a
direo em que deveramos rodar o contorno). Definindo tambm a posio Euclidiana
x
= (
x0 , x), com x0 = i
x0 , temos
p x = p0 x0 + p x = (i
p0 )(i
x0 ) + p x = p0 x
0 + p x = p x
,
(8.2)
onde na ltima igualdade utilizmos o produto escalar no espao Euclidiano com mtrica
de assinatura (+, +, +, +). Deste modo o propagador de Feynman tem invarincia de
rotaes em quatro dimenses definida pela ao do grupo SO(4),
id4 p
i
F (
x) =
eip x .
(8.3)
4
2
(2) p + m20
No final do clculo fazemos x
0 = ix0 para obter o propagador Lorentziano.
184
(p0 = i1) (
p0 = 1)
Ep + i
p0
Ep + i
Ep
Ep
(p0 =
i1) (
p0 =
1)
Figura 8.1: A receita i para o propagador de Feynman define a forma como deveremos
rodar o contorno de integrao para a o regime Euclidiano.
Como veremos ser conveniente determinar o propagador para uma dimenso arbitrria
D,
dD p eip x
F (
x) =
.
(8.4)
(2)D p2 + m20
Dada a invarincia por rotaes, conveniente utilizar coordenadas esfricas para efectuar
o clculo. No espao dos momentos escrevemos
dD p = pD1 (sin )D2 d
p d dD2 ,
(8.5)
SD2 +
pD1
F (
x) =
d
p 2
d (sin )D2 cos(
p r cos ) ,
(2)D 0
p + m20 0
onde
(8.7)
d+1
2 2
Sd =
d+1
2
(8.8)
a rea da d esfera unitria, com (z) a funo gamma. Notanto a representao integral
da funo de Bessel
(z/2)
J (z) =
d (sin )2 cos(z cos ) ,
(8.9)
( + 1/2) 0
185
+
2D
2
pD1
SD2
p r
D1
d
p
F (
x) =
J D2 (
p r)
2
(2)D
2
p2 + m20 2
0
+
1
1
pD/2
J D2 (
=
d
p
p r) .
2
p2 + m20
(2)D/2 r D2
2
0
(8.10)
,
(8.11)
z
2
4
temos
1
1
F (
x)
D2
D/2
(2)
r 2
2
r
D1
p 2
cos
p
d
p 2
(D
1)
.
4
p + m20
(8.12)
D1
2
ei(p r 4 (D1)) (
p)
D1
2
ei(p r 4 (D1)) = p
D1
2
ei(p r 4 (D1)) ,
(8.13)
de modo que
F (
x)
1
(2)
D+1
2
1
r
D1
2
D1
p 2
d
p 2
ei(p r 4 (D1)) .
2
p + m0
(8.14)
Por exemplo, da expresso assinttica (8.15) vemos que o propagador cai exponencialmente fora do cone de luz (regime Euclidiano, quando os pontos esto separados espacialmente), mas oscila dentro do cone de luz (pontos com separao temporal).
186
1
1
.
D2
(D 2)SD1 r
(8.17)
+ O(2 ) =
i
F (0) + O(2 ) ,
2
F (0) + O(2 ) .
2
(8.18)
(8.19)
d
p
0
pD1
,
p2 + m20
(8.20)
, D>2
D3
lim
d
p 2
lim
d
p p
2
ln ,
D=2
+ 0
p + m0 +
(8.21)
Esta uma divergncia no ultra-violeta (UV) pois tem origim na regio de integrao
p com que temos de lidar.
Por fim, note-se que podemos escrever F (0) utilizando a funo na seguinte forma
F (0) =
D/2
=
(2)D
dD p
1
1
=
2
D
2
(2) p + m0
(2)D
d
0
D2
D/2 m20
(m20 ) 2
=
(4)D/2
dD p e(p
dy y
0
2 +m2
0
D/2 y
)=
(8.22)
mD2
D
0
1
.
=
2
(4)D/2
187
G(p) =
=
p2
m20
1P I
1P I
1P I
i
iZ
2
,
2
p + m2 i
+ (p ) i
+ ...
(8.23)
1P I
(8.24)
p4
1P I
p1
p2
p3
+
p3
p4
p1
p2
p3
p4
p4
p1
p2
p1
(8.25)
p2
(2) (2)
= G(4)
c + produtos do tipo Gc Gc ,
(N )
onde Gc
p4
1P I
p1
p2
(4) (p1 , p2 , p3 , p4 )
188
(8.26)
o vrtice prprio que resulta dos diagramas de Feynman do tipo 1PI sem propagadores
externos. De facto, claro que qualquer diagrama que no seja 1PI estar includo nos
propagadores externos. Conclumos assim que as divergncias em G(4) estaro associadas
s divergncias no propagador exacto e no vrtice (4) .
Em geral a funo de Green de N -pontos tm a forma
G(p1 , . . . , pN ) =
1P I
p1
(8.27)
pN
De modo que para determinar qualquer funo de Green, e para analisar as divergncias
da teoria, basta estudarmos em detalhe os vrtices prprios
1P I
p1
(N ) (p1 , . . . , p4 ) .
(8.28)
pN
189
(4) =
p2
p4
p2
p4
p1
p3
p1
p2
+
p1 + p2 q
p4
p3
p2
p1 p4 q
q
p4
p1 p3 q
p1
(i)2
= i +
2
p1
p3
+ O(3 )
(8.29)
p3
d4 q
i
i
2
4
2
(2) q + m0 i (p1 + p2 q)2 + m20 i
Novamente, aps efectuarmos a rotao de Wick e introduzirmos coordenadas esfricas no espao dos momentos, a regio de integrao q contribui com o seguinte
comportamento
D=4
ln ,
D1
q
D4
,
D>4 .
lim
d
q 4
(8.30)
D4
0,
D<4
claro que a anlise anterior generaliza para um vrtice arbitrrio de acordo com
- cada propagador contribui com q 2 .
- cada contorno fechado contribui com dD q.
Assim, a potncia total em q, que denominada por grau de divergncia superficial ,
dada por
= DL 2P ,
(8.31)
(8.33)
onde na ltima igualdade especificamos para o caso D = 4. Vemos assim que para
D = 4, 4 renormalizvel, 3 super-renormalizvel e n no-renormalizvel para
n > 4. Lembrando que o termo de interao tem a forma
0 n
Lint =
,
(8.34)
n!
vemos que a dimenso de 0 [0 ] = M 4n , de modo que o caso renormalizvel tem
acoplamento adimensional, o super-renormalizvel acoplamento com dimenso de massa
positiva e os no-renormalizveis com dimenso de massa negativa. Este padro genrico a todas as teorias de campo, como se pode verificar por exemplo com o caso de QED
que um teoria renormalizvel.
Exerccio: Verifique que a teoria 3 renormalizvel em D = 6 (basta mostrar que neste caso
= 6 2N ).
Exerccio: Mostre que o vrtice prprio (N ) tem dimenses LD+( 2 1)N .
D
191
2
2
q + m0
2
(8.35)
,
q 2 + m20
q + m20 q 2 + 2
(8.36)
(8.37)
4D
1
0 4
()2 + m20 2
,
2
4!
(8.38)
L=
onde notamos que a dimenso do campo [] = M D/2+1 . Embora este mtodo seja o menos intuitivo dos aqui apontados, dos mais eficientes e por isso
amplamente utilizado.
192
(v) Regularizao na rede: consideramos a teoria numa rede, discretizando o espaotempo em stios com espaamento a, de modo que
1
i = D
dD x (x) ,
(8.39)
a
e os integrais nos momentos esto imediatamente majorados por /a. No final
do clculo tomamos o limite a 0. Este mtodo permite estabelecer uma ligao
directa entre a teoria de campo e modelos estatsticos de spins, que so definidos
na rede. neste contexto que se consegue ter um entendimento profundo da
renormalizao, e da Teoria Quntica de Campo como teoria efectiva que descreve
fenmenos universais observados junto aos pontos crticos em Fsica Estatstica.
Este estudo, e todas as suas aplicaes, requeriam por si um novo curso avanado
em teorias de campo e aplicaes aos fenmenos crticos.
Os mtodos que acabmos de enumerar permitem parametrizar divergncias, que passam a surgir quando o parmetro regulador toma o limite apropriado. importante
notar que neste processo introduzimos sempre uma nova escala com dimenses de massa
(, ou 1/a). O passo seguinte regularizao a renormalizao que nos permitir
extrair resultados fsicos finitos. importante reter que numa teoria renormalizvel estes
resultados devero ser independentes do mtodo de regularizao utilizado e do respectivo parmetro regulador que no observvel (a no ser que estejamos a estudar um
modelo de spins na rede, sendo que nesse caso a uma escala fsica).
Tal como fizemos para o efeito Casimir, neste curso iremos utilizar os mtodos de
regularizao (i) e (iv) acima descritos.
0
d4 q
i
0
d4 q
1
0 2 2
d
q q3
p =
=
=
=
2
(2)4 q 2 + m20 i
2
(2)4 q2 + m20
2 (2)4 0 q2 + m20
2
2 +m2
0
0
y m20
0
+ m20
2
2
dy
=
=
m0 ln
0 C1 () ,
(8.40)
32 2 m20
y
32 2
m20
2
193
onde usmos S3 = 2 2 e fizemos y = q2 + m20 . Quanto ao vrtice prprio (4) , consideremos por exemplo a contribuio do canal s dada por
q
p2
p4
p1
p1 + p2 q
2
=i 0
2
p3
(i0 )2
=
2
i
i
d4 q
=
2
4
2
2
(2) q + m0 i (q p) + m20 i
d4 q
1
1
=
(8.41)
2
4
2
2
(2) q + m0 i (
q p) + m20 i
d4 q
p2 + 2
q p
20
d4 q
+
,
=i
2
2
32 4
(
q p)2 + m20
q2 + m20
q2 + m20
|
|
{z
}
{z
}
convergente (funo de p2 = s e m20 )
divergente, mas
independente de p2
p2 + 2
q p
.
=
+
2
2
2
2
2
2
(
q p) + m0
q + m0
q + m0 (
q p)2 + m20
(8.42)
2 +m2
0
y m20
20
dy
=
i
=
2
32 4 m20
y2
q2 + m20
2
20
+ m20
m20
i
=i
ln
+ 2
1 20 A2 () .
2
2
4
32
3
m0
+ m0
i
20
32 4
d4 q
(8.43)
194
iZ
,
p2 + m20 + (p2 ) i
(8.45)
com
1
d
= 1 2
.
Z
dp p2 =m2
(8.46)
p2
i
,
+ m2 i
(8.47)
que no contem divergncias. A equao (8.47) traduz a primeira condio de renormalizao que satisfeita para
m2 = m20 + m2 ,
(8.48)
0
= ,
(8.49)
Z
com Z dado por (8.46). A massa
fsica determinada experimentalmente, de modo que
m0 ir divergir como m2 , visto que m2 finito.
Consideremos agora a condio de renormalizao para o vrtice (4) . Esta condio
imposta para estados externos fixos, isto , comeamos por fixar a cinemtica externa.
Como veremos os resultados fsicos no dependero desta escolha. Consideramos assim
a cinemtica s = 4m2 , t = u = 0, e escrevemos
i .
(8.50)
= Z 2 (4)
(4)
r s = 4m2
s = 4m2
t=u=0
t=u=0
Esta condio fixa o vrtice de 4-pontos com o valor i para estados externos com
s = 4m2 , t = u = 0. Este valor tambm observado experimentalmente, e por ser finito
necessrio que 0 seja divergente. A previso altamente no trivial da Teoria Quntica
de Campo , como veremos, que esta condio de renormalizao fixa automaticamente
a forma do vrtice de 4-pontos para todos os estados externos. Ou seja, a dependncia
(4)
na cinemtica de r ser uma previso passvel de verificao experimental.
Impondo as condies (8.48), (8.49) e (8.50), juntamente com os clculos efectuados
em (8.40) e (8.44), vem
m2 = m20 0 C1 () + O(20 ) ,
Z = 1 + O(20 ) ,
= 0 20 A2 () + F (4m2 , m20 ) + 2F (0, m20 ) + O(30 ) .
(8.51)
(8.52)
=
i
+
i
A
()
+
F
(s,
m
)
+
F
(t,
m
)
+
F
(u,
m
)
+ O(30 )
0
2
r
0
0
0
0
= i + 2 A2 () + F (4m2 , m2 ) + 2F (0, m2 )
2
2
2
2
(8.53)
A2 () + F (s, m0 ) + F (t, m0 ) + F (u, m0 ) + O(3 )
= i + 2 F (4m2 , m2 ) + 2F (0, m2 ) F (s, m20 ) F (t, m20 ) F (u, m20 ) + O(3 ) .
Podemos agora apreciar o facto da divergncia em (4) , descrita pela funo A2 (), ser
independente da cinemtica externa. Este facto necessrio para garantir que, uma vez
fixo o acoplamento para uma dada cinemtica, o vrtice prprio renormalizado livre
(4)
de divergncias. A dependncia do vrtice r em s, t e u a previso da teoria.
importante perceber que o efeito das correes qunticas que surgem devido aos diagramas com contornos fechados (loops em Ingls) foi introduzir uma nova dependncia
do acoplamento nos estados externos, o que uma caracterstica altamente no trivial
da Teoria Quntica de Campo. Podemos ter situaes em que o acoplamento muito
forte a altas energias. Este por exemplo o caso de QED em que o valor = 1/137 ,
como veremos, o valor assinttico de baixas energias. Por outro lado, podemos ter um
acoplamento nulo altas energias. Este o comportamento da Cromodinmica Quntica
usualmente denominado por liberdade assinttica. No caso da teoria 4 o estudo da
funo F em (8.53) permitiria-nos estabelecer que a teoria fortemente acoplada a altas
energias, como veremos dentro de momentos.
Exerccio: Para vermos o efeito da renormalizao do campo na teoria 4 necessrio calcular
a energia prpria at segunda ordem no acoplamento, ou seja, necessrio calcular os diagramas
i p2 =
+ O(30 ) .
(8.54)
= i20 C1 ()
196
A2 ()
,
3
(8.55)
(i)2
=
3!
1
i
1
d4 q1 d4 q2
.
(2)4 (2)4 q12 + m20 q22 + m20 (
p q1 q2 )2 + m20
(8.56)
Expandindo o integrando em potncias de p, mostre que os dois primeiro termos no nulos desta
srie so
i20
d4 q1 d4 q2
i20 C2 () ,
(8.57)
3!(2)8
q12 + m20 q22 + m20 (
q1 + q2 )2 + m20
d4 q1 d4 q2 p p
i20
(
q1 + q2 ) (
q1 + q2 )
2 2
4
2
2
i0 p B2 () .
2 + m2
2
2
2
2
2
3!(2)8
(
q
+
q
)
1
2
q1 + m0 q2 + m0 (
q1 + q2 ) + m0
0
Os restantes termos nesta expanso so finitos, e portanto, por invarincia de Lorentz podemos
escrever
(8.58)
= i20 C2 () + p2 B2 () + J p2 , m20 .
p
p
Finalmente, para efectuar o clculo em ordem 2 , note que necessrio incluir no diagrama de
ordem a correo de ordem na massa, ou seja
i0
2
1
i0
d4 q
=
(2)4 q2 + m20
2
1
d4 q
.
(2)4 q2 + m2 + C1 ()
(8.59)
= i0 C1 () + i20 C1 ()
A2 ()
,
3
(8.60)
(8.61)
m20 = m2 + C1 () + 2 C2 () m2 B2 () + J(m2 , m2 )
+ A2 () + F (4m2 , m2 ) + 2F (0, m2 ) + O(3 ) ,
!
dJ
2
Z = 1 B2 () + 2
+ O(3 ) .
dp p2 =m2
197
(8.62)
42
m20
4D
2
D
.
1
2
(8.63)
(8.65)
(8.66)
onde usmos que a = 1 + ln a + O(2 ). Tal como vimos na seco anterior este clculo
permite impor a condio de renormalizao para o propagador renormalizado Gr (p)
junto do plo fsico, com o resultado
m20
2
42
2
2
m = m0 + 0
1 + ln
+ O(20 ) ,
32 2
m20
(8.67)
Z = 1 + O(20 ) ,
onde s retemos termos divergentes ou finitos na expanso em . Invertendo estas condies obtm-se para a massa nua
m2
2
42
2
2
m0 = m +
+ 1 + ln
(8.68)
+ O(2 ) .
32 2
m2
Consideremos agora o vrtice qurtico, dado pelos diagramas (8.29). claro que
podemos escrever
(4) = i 0 +
i
(i 0 )2 h
iV (s) + iV (t) + iV (u) ,
2
198
(8.69)
onde
iV (p ) =
dD q
i
i
2
D
2
2
(2) q + m0 i (q p) + m20 i
1
i
dD q
,
2
D
2
(2) q + m0 (
q p)2 + m20
(8.70)
onde o ltimo passo define a funo V (p2 ) atravs da usual rotao de Wick. Para
calcular esta funo notamos a seguinte igualdade
1
1
dx
=
(8.71)
2 ,
AB
0
Ax + B(1 x)
de modo que
iV (p ) = i
dD q
h
(2)D
i2 =
(
q p)2 + m0 x + q2 + m20 (1 x)
1
dD q0
SD1 1
d
q 0 q0D1
1
=i
dx
=
i
dx
2 ,
(2)D q02 + (x) 2
(2)D 0
0
0
q02 + (x)
dx
2
(8.72)
D
+1
1
D
2
=
dy y 2 (1 y) 2
(2)
0
que
D
2
D
2 2 (x) 2 D
2
2 =
2
(2)
q02 + (x)
d
q 0 q0D1
(8.75)
D
2
(8.76)
(8.77)
i
20 h
V (p2 = s) + V (p2 = t) + V (p2 = u) ,
2
199
(8.78)
m0 + p2 x(1 x)
2
2
V (p ) =
dx
.
(4)2 0
42
(8.79)
O prximo passo expandir (4) para pequeno, mantendo os termos divergente e finitos.
Aps algum clculo obtem-se
0
6
(4) = i 0 1 +
+
3
+
H(s,
m
,
)
+
H(t,
m
,
)
+
H(u,
m
,
)
, (8.80)
0
0
0
32 2
com
H(s, m0 , ) =
0
2
m0 sx(1 x)
dx ln
,
42
(8.81)
6
2
0 = 1 +
3 H(4m , m0 , ) 2H(0, m0 , )
,
(8.83)
32 2
(4)
6
(4)
2
r (s, t, u) = i 1 +
3 H(4m , m0 , ) 2H(0, m0 , )
32 2
2
6
i
+ 3 + H(s, m0 , ) + H(t, m0 , ) + H(u, m0 , )
32 2
m) + R(u,
m) ,
= i 1 +
R(s,
m)
+
R(t,
(8.84)
32 2
onde
m2 sx(1 x)
R(s, m) =
dx ln
,
m2 4m2 x(1 x)
0
2
1
m tx(1 x)
.
R(t, m) =
dx ln
m2
0
1
(8.85)
A expresso (8.84) o resultado final para o vrtice qurtico que uma funo finita
de s, t e u, e depende da massa observada e do acoplamento para uma cinemtica
particular. Este resultado coincide com a expresso (8.53). Na forma (8.84) simples
200
analisar o limite de altas energia do acoplamento. Tomando o limite de altas energia com
ngulo de difuso fixo, isto s grande e t/s fixo, vem
3
(4)
r i 1 +
ln s ,
(8.86)
32 2
onde podemos apreciar o facto de que a altas energias a teoria torna-se fortemente acoplada.
p4
p2 p4
(8.87)
p1 p3
p1 p3
1P I
i (q) = i q 2 q q (q 2 ) .
(8.88)
Note-se que sem perda de generalidade podemos escrever a ltima igualdade, visto que
pela identidade de Ward necessariamente q = 0. Note-se tambm que esperamos
que a funo (q 2 ) assim definida seja regular em q 2 = 0, pois a fonte desse plo seria um
estado intermdio de um foto que no pode ocorrer num diagrama de 1PI. O propagador
201
1P I
q
1P I
i i
i h 2
i
2
+
+ ...
i
q
q
q
(q
)
2
2
2
q
q
q
i
i
i 2 2
=
+
(q 2 ) +
(q ) + . . . ,
2
2
q
q
q2
onde definimos
=
1P I
q q
,
q2
+ ...
(8.89)
(8.90)
2
2 2
(q) =
+
(q
)
+
(q
)
+
.
.
.
q2
q2
q2
q q
i q q
i
2
+ 2
.
= 2
q
q
q2
q 1 (q 2 )
(8.91)
Como estamos interessados em calcular elementos da matriz S com fermies como linhas externas, este propagador dever ser contrado com um vrtice de interao em
cada extremidade. Como este vrtice obedece tambm identidade de Ward q = 0,
podemos simplificar a expresso para o propagador do foto para
(q) =
q2
i
.
1 (q 2 )
(8.92)
(8.93)
Por exemplo, no presente caso da troca de um foto entre dois fermies, o efeito da
correo ao propagador do foto traduz-se na substituio
e20
e20 Z 2 .
2
q
q
202
(8.94)
Na pratica, isto
significa que a carga nua do Lagrangiano e0 est relacionada com a carga
fsica por e = Ze0 .
Na realidade o efeito da alterao ao propagador ainda mais rico, pois a correo ao
propagador depende do momento q trocado. Vamos considerar que (q 2 ) de ordem ,
isto , consideramos a primeira correo ao propagador descrita pelo diagrama (8.87). O
propagador pode ento ser escrito na forma (redefinindo a funo de modo a explicitar
a dependncia no acoplamento)
2
2
i
i
e0
e
,
=
(8.95)
2
2
2
q
1 (q )
q
2
1 (q ) (0)
onde em primeira ordem em podemos trocar e2 por e20 . Chegamos assim importante
concluso de que o efeito de substituir o propagador livre do foto pelo propagador exacto
o de introduzir uma dependncia do acoplamento no momento, de acordo com
0 ef f =
e20 /(4)
,
=
2
1 (q )
1 (q 2 ) (0)
(8.96)
onde = e2 /(4). Note-se que nesta expresso o valor fsico da constante de estrutura
fina = 1/137 para q 2 = 0, a que nos referimos usualmente na eletrodinmica clssica.
Vamos agora calcular explicitamente o diagrama (8.87). Este diagrama d origem
correo ao propagador, que podemos expressar atravs da funo
/ me ) i(k/ + /q me )
d4 k
2
i(k
i (q) = (ie)
Tr
=
(2)4
k 2 + m2e
(k + q)2 + m2e
d4 k k (k + q) + k (k + q) + k (k + q) + m2e
2
.
(8.97)
= 4e
(2)4
k 2 + m2e (k + q)2 + m2e
Note-se que a esta ordem indiferente utilizar a massa e carga fsicas ou nuas. Lembrando
a identidade (8.71), notamos que1
1
=
2
2
k + me (k + q)2 + m2e
dx
0
1
w2 + x(1 x)q 2 + m2e
2 ,
(8.98)
2
i (q) = 4ie
dx
,
(2)4
(w
2 + )2
0
(8.99)
onde (x) = m2e + q 2 x(1 x), e notamos que os termos lineares em w no numerador
do integrando so nulos aps a integrao. O clculo agora inteiramente anlogo ao
1
203
que efectumos para a funo V (p2 ) definida por (8.70), pelo que vamos simplesmente
apresentar o resultado
1
i8e2
D
D
2
2
.
(8.100)
i (q) = q q q
dx x(1 x) 2 (x) 2
2
(4)D/2 0
2 1
2
(x)
(q) =
dx x(1 x)
,
ln
42
0
(8.101)
(8.102)
A carga elctrica fsica e finita, o que implica que a carga nua e0 infinita. A carga e
corresponde ao valor assinttico da carga no limite q 2 = 0, enquanto que a evoluo da
carga com q 2 uma previso da Teoria Quntica de Campo observada experimentalmente.
Ou seja, a constante de estrutura fina dada por (8.96) que evolui com q 2 fica determinada
pelo seu valor assinttico e pela diferena
2
me + q 2 x(1 x)
2 1
2
2
dx x(1 x) ln
,
(8.103)
(q ) (q ) (0) =
0
m2e
que finita.
Vamos agora estudar a correo ao potencial de Coulomb associado troca de um
foto no canal t, devida ao diagrama (8.87)3 . Tal como vimos nas seces 6.5.2 e 7.3.2
este potencial calculado atravs da transformada de Fourier
d3 q iq r
e2
V (r) =
e
(8.104)
,
2)
(2)3
|q|2 1 (|q|
V (r) =
42
(r) ,
r
15m2e
(8.105)
A escala de renormalizao surge tal como no exemplo da seco anterior para a teoria 4 , pois
para manter o acoplamento e0 adimensional para dimenso arbitrria do espao-tempo necessrio
4D
A . No final
introduzir uma nova escala de massa no termo de interao, Lint = 2 e0
dos clculos os resultados fsicos sero independentes desta escala.
3
Podemos considerar difuso electro-proto, de modo que no necessrio incluir a contribuio do
canal u que ocorre no caso de difuso de partculas idnticas. Note-se que neste caso deveramos
tambm incluir o diagrama idntico a (8.87), mas com o proto como estado intermdio no contorno
fechado. No entanto, como veremos, a correo que vamos calcular tem uma dependncia na massa
da partcula no contorno fechado que nos permite desprezar esse diagrama pois mp me .
2
204
q
2im
im
im
2im
onde aqui q = |q|. Para determinar a correo ao potencial observamos que no plano
tem cortes para |Im(q)| > 2m, de modo que ao deformarmos o
complexo q a funo
contorno no semi-plano complexo superior ficamos com integrais ao longo de cada lado
do corte Im(q) > 2m, tal como indica a figura 8.2. Fazendo y = iq 2m obtem-se
!
r
2
e(y+2me )r
y
e2me r
V (r) =
dy
+ O(y)
. (8.107)
r 0
2me
2 me
r 4 (me r)3/2
Chegamos assim ao resultado desejado, o potencial efetivo associado troca de um foto,
incluindo a correo quntica ao propagador do foto,
e2me r
1+
V (r) =
+ ... .
(8.108)
r
4 (me r)3/2
Conclumos que o alcance da correo da ordem do comprimento de Compton do
electro 1/me . Na realidade, obtemos um alcance d = 2/me que corresponde soma da
massa do electro e positro virtuais que passam no canal t devido ao contorno fechado
no diagrama (8.87).
Esta correo ao potencial pode ser interpretada como consequncia da blindagem da
carga do electro. Neste caso a criao de pares virtuais de electres e positres faz
205
ef f
1
137
r
Figura 8.3: O correr do acoplamento em funo da distancia carga. O valor assinttico
= 1/137 o valor observado no infinito, que corresponde ao limite clssico
de baixas energias. Para uma energia elevada, mas finita, o acoplamento
diverge, o que faz com que acima desta energia QED no esteja bem definida.
Este o denominado plo de Landau.
com que o vcuo se comporte como um meio dieltrico, de modo que a carga observada
inferior verdadeira carga do electro. Para distncias pequenas penetramos nesta
nuvem de polarizao e observamos uma carga superior. Este fenmeno denominada
por polarizao do vcuo.
Por fim consideremos o limite de altas energias com q 2 m2 . Neste limite a correo
ao propagador toma a forma
2
2
2 1
q
m
2
(q )
dx x(1 x) ln
+ ln x(1 x) + O
2
0
m
q2
2
2
q
5
m
ln
+O
.
(8.109)
3
m2
3
q2
Neste limite o acoplamento efetivo dado por
ef f (q 2 ) =
2 .
ln m2qe5/3
(8.110)
O clculo (8.110) mostra outro facto interessante, nomeadamente que o acoplamento em QED se torna
infinito para uma energia elevada dada por q 2 m2 e5/3+3/ . Este o famoso plo de Landau que
determina a energia a partir da qual a teoria no est bem definida.
206
(8.111)
i .
Na seco 6.5.3 determinmos a taxa de decaimento de uma massa M para duas massas m.
Confirme este clculo atravs do teorema tico, ou seja, atravs do clculo da parte imaginria do
propagador do campo que surge quando consideramos a correo quntica dada pelo diagrama
q+k
207
(8.112)
Hint = e d3 x j (x)Acl
(9.1)
(x) ,
(x) o operador corrente e Acl (x) um potencial fixo externo.
simples verificar que a matriz de transio M para difuso do electro neste campo
externo dada por
2(p0i p0f ) iM = u
(pf ) (pf , pi ) u(pi ) Acl
(pf pi ) ,
(9.2)
onde Acl
(q) a transformada de Fourier do campo externo. O vrtice , no mais do
que o vrtice prprio para dois electres e um foto, com diagrama
pf
(pf , pi ) =
q = pi pf
pi
(9.3)
que calculamos em teoria de perturbaes. A sua forma pode ser restrita por invarincia
de Lorentz, visto que se transforma como um vetor. Necessariamente ter a forma
= A + (pi + pf )B + (pi pf )C ,
(9.4)
p
i q
i + pf
+
2me
2me
208
u(pi ) .
(9.5)
e
gs S ,
2me
(9.7)
gs = 2 + 2F2 (0) .
Fica assim claro que o fator gs calculado em teoria de perturbaes atravs do vrtice
cbico
pf
pf
(pf , pi ) =
pi
q = pi pf
pi
q = pi pf
+ ... .
(9.9)
gs = 2 1 +
+ . . . = 2 1 + 0.00161 + . . . ,
(9.10)
2
o que representa uma correo da ordem de 103 ao valor clssico gs = 2. Experimentalmente conhece-se esta correo com uma preciso de uma parte em um bilio,
gs
1 = 0.00115965218073(28) ,
2
(9.11)
onde os dgitos em parntesis representam a incerteza nos dois ltimos dgitos. Por outro
lado, o clculo terico de F2 (0) permite prever este valor at a quarta ordem em teoria de
perturbaes. Sendo o fator de expanso da ordem de 103 , vemos que esta determinao
permite fixar a constante de estrutura fina com dez dgitos significativos! Para testar
a validade da teoria necessrio confrontar esta determinao de com a de outras
experincias. A prxima medio mais precisa baseia-se na medio de recuo de atmos
quando absorvem um foto, que permite determinar com nove dgitos significativos.
209
Os resultados concordam e fazem de QED uma das mais precisas teorias fsicas jamais
construdas.
Embora esse no tenha sido o contexto da abordagem que desenvolvemos neste curso,
a Teoria Quntica de Campo tambm encontra inmeras aplicaes Fsica Estatstica
e da Matria Condensada. A ideia que certo fenmenos macroscpicos so independentes dos detalhes microscpicos do sistema fsico em causa, e dependem somente de um
nmero finito de parmetros denominados por acoplamentos relevantes e marginais, e, se
efetuarmos medies suficientemente precisas, de alguns parmetros denominadados por
acoplamentos irrelevantes. Nestas circunstncias a fsica de baixas energias descrita por
excitaes colectivas com comprimentos de onda muito longos, muito superiores escala
atmica que caracteriza esses sistemas. A teoria pode desenvolver um iato de massa
(mass gap em Ingls) tal como acontece na teoria de BCS para a supercondutividade,
ou pode exibir simetria conforme tal como acontece nas transies de fase contnuas em
Fsica Estatstica. Estas excitaes so em geral descritas por uma teoria de campo efectiva, o que permite com grande generalidade determinar o comportamento de quantidade
fsicas importantes, por exemplo como o caso dos exponentes crticos que descrevem
uma transio de fase. Neste contexto o sistema em causa tem uma escala de UV natural
(um majorante ) que definida pela escala atmica, mas a baixas energias perde a
memria destes detalhes microscpicos.
luz das ideias que acabmos de descrever, o estudo da renormalizao de teorias
de campo admite uma compreenso fsica mais profunda, pois estas teorias so agora
interpretadas como teorias efectivas que descrevem a fsica a baixas energias. tambm
neste contexto que se compreende naturalmente a universalidade exibida pelos sistemas
fsicos perto da criticalidade, visto que diferentes sistemas atmicos exibem o mesmo
comportamento colectivo perto da criticalidade. No contexto da Fsica de Partculas
tambm esta a razo porque o nmero de termos que admissvel utilizar nos Lagrangeanos to reduzido, o que claramente justifica o enorme sucesso da Teoria Quntica de
Campo, uma vez que no existe grande arbitrariedade naquilo que podemos escrever dadas as simetrias do problema. Aqui deveremos novamente pensar que a Teoria Quntica
de Campo descreve a fsica a baixas energias (entenda-se por baixas energias, as energias j testadas nos aceleradores de partculas actuais), de uma nova fsica microscpica
que desconhecemos e que poder incluir uma forma de pensar completamente nova, por
exemplo, da prpria estrutura do espao-tempo.
Por fim, altura de apontar novas direes, por outras palavras, o que se segue? Para
isso importante perceber qual o ponto de partida do aluno aps completar este curso
com sucesso. Com este curso dever ter atingido um nvel bsico de entendimento da
Teoria Quntica de Campo. de esperar que, aps o estudo do material apresentado,
os alunos estejam aptos para abordar um conjunto de temas avanados que os colocar
em condies de iniciar trabalhos de investigao em temas onde a Teoria Quntica de
Campo seja amplamente utilizada. Como este um curso semestral do primeiro ano do
Mestrado de Fsica, ramo terico, existe ainda espao para aprofundar outras matrias
mais avanadas, quer no segundo ano do mestrado, quer ao nvel de programas doutorais.
Existem vrias direes possveis:
210
211