Tratado Do Não-Ser de Górgias PDF
Tratado Do Não-Ser de Górgias PDF
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1 Doutor em Filosofia pela Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro, PUC-RJ e professor
adjunto da Universidade Federal de Sergipe. Artigo recebido em 03/08 e aprovado em 06/08.
2 Segundo a qual tanto o uso existencial como o predicativo do verbo ser se remetiam a um uso
mais fundamental, mais prximo do predicativo que do existencial (cf. Kerferd: 1994, p.94 ss.)
3 Kerferd: 1994, p.95 (A filosofia grega at o sculo IV a.C., ao falar do ser, no considerava o conceito
de existncia como separado do conceito de ser. Tal distino s foi realizada posteriormente).
qual das duas coisas resulta de melhor modo: todas as coisas so ou to-
das as coisas no so? Pois, deste modo, o prprio oposto parece surgir.
Com efeito, se tanto o-que-no- algo-que- quanto o-que- algo-que-,
tudo . Pois tanto as coisas-que-so quanto as coisas-que-no-so so. Pois
no necessrio, se algo-que-no- , que algo-que- no seja. Se, mesmo
deste modo, algum concedesse que, por um lado, o-que-no- fosse, e, por
outro, que o-que- no fosse, no entanto, nada menos seria algo, pois, de
acordo com o argumento dele, as coisas-que-no-so seriam. No entanto, se
o no-ser e o ser so o mesmo, nem assim algo no seria mais do que seria.
Pois, como tambm (15) ele [Grgias] diz, se o-que- e o-que-no- so o
mesmo, tanto o-que- quanto o-que-no- so, de modo que coisa nenhu-
ma . Pelo argumento contrrio poder-se-ia dizer que tudo . Pois tanto o-
que-no- quanto o-que- so, (20) de modo que todas as coisas so. Depois
de seu argumento, [Grgias] diz que, se [algo] , , em verdade, ou no-ge-
rado ou gerado. Se [] no-gerado, concede, pelas teses de Melisso, que
infinito: no entanto, o infinito no poderia ser em parte alguma. Pois nem
seria em si prprio nem em outro. Pois, deste modo, haveria dois infinitos,
tanto aquele-que--em quanto aquele-no-qual- (25) de acordo com o argu-
mento de Zeno acerca do espao, coisa nenhuma seria em parte alguma.
Ento, devido a disto, no no-gerado nem gerado. Portanto, nada seria
gerado nem a partir do-que- nem a partir do-que-no-. Pois, se fosse ge-
rado a partir do-que-, se transformaria, o que impossvel, pois, se o-que-
se transformasse, no mais seria algo que propriamente, (30) do mesmo
modo que, se tambm o-que-no- fosse gerado, no mais seria algo-que-
no-. Nem certamente seria gerado a partir do-que-. Se, com efeito, o-que-
no- no , coisa alguma poderia ser gerada a partir do nada. No entanto,
se o-que-no- a partir do-que-no-, no gerado a partir do-que-, em
razo das quais devido s quais precisamente tampouco gerado a partir
do-que-. (35) Se, ento, necessrio que se algo , , em verdade, no-ge-
rado ou gerado, e isto impossvel, impossvel tambm que algo seja.
Ademais, se algo , ou um ou mais numerosos, diz [Grgias]: no entanto,
se no [] nem um nem mltiplas coisas, coisa alguma seria. E diz ele
certamente um no seria, porque o um seria verdadeiramente incorpreo,
na medida em que no possui nenhuma grandeza, o que refutado pelo ar-
gumento de Zeno. Mas, se no um, nada seria absolutamente. (980 a)
Pois, no sendo um, tambm no pode ser mltiplas coisas. Mas, se no
nem um nem mltiplas coisas, diz [Grgias], coisa nenhuma . E, tambm,
coisa nenhuma se moveria. Pois, movendo-se, no possuiria mais a mesma
forma, mas, por um lado, o-que- seria o-que-no-, e, por outro, o o-que-
no- viria a ser, ademais, se perfizesse o movimento, pelo que se desloca-
ria, (5) no sendo contnuo, seria dividido, mas, onde dividido, o-que- no
tem no esprito a mesma coisa que outra pessoa. Todos os filsofos, incluin-
do este [Grgias], consideram os problemas dos filsofos mais antigos, de
modo que, na investigao acerca daqueles [Grgias e outros], tambm ser
preciso examinar a fundo os problemas dos filsofos mais antigos.
Referncias bibliogrficas
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WOLFF, Francis. Les Trois Langage-mondes in La Libert de LEsprit. Hachete, Pa-
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