Riscos Ocupacionais Pratica Odontologica

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TATIANA DE CSSIA VIANA PEREIA OLIVEIRA

RISCOS OCUPACIONAIS NA PRTICA


ODONTOLGICA

CORINTO/MINAS GERAIS

2011
TATIANA DE CSSIA VIANA PEREIRA OLIVEIRA

RISCOS OCUPACIONAIS NA PRTICA


ODONTOLGICA

Trabalho de Concluso de Curso

Apresentado ao Curso de Especializao

em Ateno Bsica em Sade da Famlia,

Universidade Federal de Minas Gerais,

Para obteno do Certificado de

Especialista

Orientadora: Maria Auxiliadora Guerra Pedroso

CORINTO / MINAS GERAIS

2011
TATIANA DE CSSIA VIANA PEREIRA OLIVEIRA

RISCOS OCUPACIONAIS NA PRTICA


ODONTOLGICA

Trabalho de Concluso de Curso

apresentado ao Curso de Especializao

em Ateno Bsica em Sade da Famlia,

Universidade Federal de Minas Gerais,

para obteno do Certificado de

Especialista

Orientadora: Maria Auxiliadora Guerra Pedroso

Banca Examinadora

Prof. Maria de Lourdes Carvalho Alvarenga

Prof.

Prof.

Aprovada em Corinto : 06 de agosto de 2011


Dedico este trabalho a meu esposo

Francisco e a minha filha Giovanna, pelo

apoio incondicional em todos os momentos

de minha formao.
AGRADECIMENTOS

Agradeo primeiramente a Deus, pela grandiosa existncia; as tutoras

Silmeiry e Maria de Lourdes, pela dedicao e apoio e a meus pacientes e

colegas de trabalho do Setor Odontolgico da Prefeitura Municipal de Corinto,

cujas participaes foram fundamentais para a realizao das atividades

desenvolvidas durante o curso.


RESUMO

O cirurgio-dentista, na condio de trabalhador da rea de sade, est sujeito ao


processo de adoecimento por causas ocupacionais e por agravos de naturezas
diversas que tm sua etiologia diretamente relacionada com a prtica profissional.
Neste estudo, objetivou-se buscar as evidncias publicadas em literatura cientfica
sobre os riscos ocupacionais aos quais esto expostos os cirurgies-dentistas,
focalizando as caractersticas intrnsecas atividade odontolgica nos aspectos
fsicos, mecnicos, ergonmicos e psicossociais, bem como discutir o trabalho em
sade na Odontologia, suas caractersticas e reflexos no cotidiano laboral.
ABSTRACT

In his condition of health area worker, the dentist is submitted the process of illness
due to occupational causes and harms of diver natures which have their etiology
straightly related to the professional practice. In this study; we aimed to search for
evidences published in the scientific literature about the occupational risks to which
dentists are exposed, focusing the intrinsic characteristics of the dental activity in its
physical, mechanical, ergonomical and psycho-social aspects, as well as discussing
the health labor in Dentistry; its characteristics and reflexes in the daily labor activity.
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - NVEL DE RUDO x CONSEQNCIAS __________________________ 16

LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: EXERCCIOS ELABORADOS PORCALDEIRA-SILVA et. al. (2000) ________ 26

SUMRIO

RESUMO ___________________________________________________________ 06

ABSTRACT __________________________________________________________ 07

I - INTRODUO _____________________________________________________ 09

II - METODOLOGIA ___________________________________________________ 11

III - RESULTADOS E DISCUSSO _________________________________________ 12

III. 1 Principais Agentes das Doenas Ocupacionais na Odontologia_____________ 12

III. 2 Principais Doenas Ocupacionais na Odontologia ______________________ 14

III. 2- 1 Perda Auditiva Induzida por Rudo PAIR __________________________ 14

III. 2- 2 Alteraes Visuais _____________________________________________ 16

III. 2- 3 Distrbios Posturais __________________________________________ 18

III. 2-3 4 Leses por Esforos Repetitivos: DER/DORT_____________________ 20

IV CONSIDERAES FINAI_____________________________________________ 26

V - REFERNCIAS _____________________________________________________ 27
9

I - INTRODUO

Este trabalho visa a explanao dos agentes ocupacionais em odontologia mais conhecidos.

Na primeira parte deste estudo, haver uma descrio dos principais agentes das doenas

ocupacionais e depois, a apresentao das doenas mais acometidas pelos cirurgies-

dentistas.

O trabalho, como elemento estruturante da sociedade, ocupa um papel fundamental na vida

das pessoas, sendo fator nuclear na construo da identidade, bem como na insero social

de um conjunto cada vez maior de homens e mulheres (ESSLINGER, KAVES &

VAICIUNAS, 2004). Paradoxalmente, se por um lado o trabalho gera o ritmo e opera o

movimento para o homem recriar o mundo a seu favor e se sentir til, tambm, conforme

mostram Caldeira et. al.(2000), lcus causador de desgastes fsicos e psquicos e constitui-

se de relaes que decisivamente contribuem para formas especficas de adoecer e morrer

(BRASIL,2002).

De acordo com Gomes et. al. (2001), doena profissional qualquer manifestao mrbida

que surge em decorrncia das atividades ocupacionais do indivduo.

A prtica profissional odontolgica apresenta como uma de suas principais caractersticas o

risco ocupacional em virtude de hbitos, posturas e patologias advindas da profisso,

despontando nesse contexto como uma das mais insalubres profisses, segundo a

Organizao Mundial de Sade (OMS) (MEDEIROS, SOUZA & BASTOS, 2003), podendo

levar o cirurgio-dentista s doenas, invalidez ou at mesmo morte.

Esta caracterstica fundamenta-se na natureza inerente ao trabalho odontolgico, suas

instalaes, equipamentos e materiais, que exigem do profissional uma interao direta e


10

freqente com pessoas no controle, tratamento e preveno de doenas; manipulao de

metais pesados; contato com radiao, com drogas farmacolgicas e agentes alergnicos

(SHINOHARA; MITSUDA, 1998).

Colocam-se em evidncia inmeros riscos potenciais para o cirurgio-dentista, uma vez que

ele trabalha com movimentos precisos, delicados e com foras concentradas, com o foco da

viso voltado para reas diminutas, com chances reduzidas de conseguir uma postura ideal

durante o atendimento, que exige do mesmo coordenao motora, raciocnio, discernimento

pacincia, segurana, habilidade, delicadeza, firmeza, e, objetividade. Juntam-se a essa

condio a constante exposio tenso apresentada por grande parte dos pacientes frente

ao tratamento odontolgico, os cuidados com a administrao do consultrio e o sofrimento

com a presso e o estresse oriundos da agitao do ambiente externo (OHASHI, 2002).

Na literatura tambm levados em considerao, os fatores conjunturais como a progressiva

diminuio da remunerao dos profissionais de sade e a constituio de duplo ou mais

vnculos, desencadeando aumento do stress e da insatisfao com o trabalho e favorecendo

o surgimento da Sndrome de Sobrecarga de Trabalho com fadiga, irritabilidade, distrbio do

sono, dificuldade de concentrao, depresso e queixas fsicas (CARVALHO, 2003).

Trabalhando a aproximadamente dezenove anos no servio pblico e privado como cirurgi-

dentista, observamos por vrias oportunidades colegas sendo acometidos por problemas

fsicos e motores advindos da ocupao, que muitas vezes os levam ao afastamento de

suas atividades. Como de nosso interesse a sade coletiva, e tendo especial enfoque a

concluso do Curso de Especializao Ateno Bsica em Sade da Famlia, o presente

trabalho visa fazer uma reviso bibliogrfica, por meio da escolha detalhada da literatura

cientfica, tomando como variveis a etiologia e etiopatogenia dos fatores de risco, as leses

e acidentes ocupacionais mais comuns ao ambiente odontolgico, assim como as

caractersticas conjunturais e estruturais da profisso capazes de influenciar o rendimento

do trabalho, propiciar o adoecimento do profissional, bem como interferir no seu lado

pessoal.
11

II - METODOLOGIA

Este trabalho um estudo de reviso de literatura, com nfase nos trabalhos


publicados de 1983 at a presente data. Foi pesquisado nos bancos de dados,
Medline, Scielo, etc., com as palavras chaves: riscos ocupacionais; doenas
ocupacionais na prtica odontolgica.
12

III - RESULTADOS E DISCUSSO

III. 1- PRINCIPAIS AGENTES DAS DOENAS OCUPACIONAIS NA


ODONTOLOGIA

Os riscos ambientais ou ocupacionais so reconhecidos como aqueles que permeiam o


ambiente de trabalho e que, em funo de sua natureza, concentrao ou intensidade e
tempo de exposio, so capazes de causar danos sade do trabalhador (BRASIL, 2006).
Tendo em vista as diferentes classificaes adotadas pela literatura, os fatores de risco para
a sade e segurana dos trabalhadores presentes ou relacionados ao trabalho odontolgico
podem ser distribudos em grupos de acordo com sua natureza (BRASIL, 2006), assim as
molstias profissionais podem ter as seguintes origens:
1- Doenas causadas por agentes fsicos: so aquelas doenas devidas ao de
agentes tais como rudo, vibrao, radiao ionizante e no ionizante, temperaturas
extremas, iluminao deficiente ou excessiva, umidade, etc. Em odontologia so
causadores desse riscos caneta de alta rotao, compressor de ar, equipamento de
RX, equipamento de laser, fotopolimerizador, autoclave, condicionador de ar,
ultrassom, etc.;
2- Doenas causadas por agentes mecnicos ou acidentes: so aquelas doenas
devidas ao de agentes tais como vibraes, repetio freqente de movimentos,
posies viciosas de trabalho, etc. entre os mais freqentes podem ser citados:
espao fsico sub-dimensionado; arranjo fsico inadequado; instrumental com defeito
ou imprprio para o procedimento; perigo de incndio ou exploso defeitos ou
improvisaes na rede hidrulica e eltrica; ausncia de equipamento de proteo
individual (EPI) e outros;
3- Doenas causadas por agentes qumicos: encontramos aqui um numeroso e
importante grupo de molstias, caudas pelo enorme grupo de agentes qumicos de
que a indstria lana mo hoje em dia; poeiras; nvoa; vapores; gazes; mercrio. Os
principais causadores deste risco so amalgamadores (mercrio), desinfetantes
qumicos (lcool, glutaraldedo, hipoclorito de sdio, entre outros) e os gases
medicinais (xido nitroso e outros);
4- Doenas causadas por agentes biolgicos: so aquelas doenas causadas pelo
contato com agentes etiolgicos de doenas infecto-contagiosas ou parasitrias,
13

devido s necessidades do trabalho. As exposies ocupacionais a materiais


biolgicos potencialmente contaminados constituem um srio risco aos profissionais
da rea da sade nos seus locais de trabalho, podendo ser citadas as doenas
transmitidas por via area: gripe, tuberculose, doena meningoccica, rubola e
sarampo, entre outras; aquelas transmitidas por sangue e outros fluidos orgnicos:
hepatites, AIDS e outras, alm daquelas transmitidas atravs do contato direto e
indireto com o paciente, como herpes, pediculose, escabiose, micoses, conjuntivite,
entre outras.
5- Doenas causadas por fatores ergonmicos: so aquelas causadas por agentes
ergonmicos como postura incorreta, equipamento inadequado, ausncia do
profissional auxiliar/tcnico, falta de capacitao do pessoal auxiliar, ateno e
responsabilidades constantes, ausncia de planejamento, ritmo excessivo, atos
repetitivos, entre outros;
6- Doenas causadas pela falta de conforto e higiene: so aquelas causadas pela
exposio do profissional a riscos por ausncia de conforto no ambiente de trabalho
e a riscos sanitrios, como falta de produtos de higiene pessoal, sabonete lquido e
toalha descartvel nos lavatrios; falta de gua potvel para consumo; sanitrio em
nmero insuficiente e sem separao por sexo; no fornecimento de uniformes;
inexistncia de ambientes arejados para lazer e confortveis para descanso;
ausncia de vestirios com armrios para a guarda de pertences; falta de local
apropriado para lanches e refeies, entre outros.

H um consenso em compreender a prtica odontolgica entre as mais estressantes dentre


as profisses de sade, com crescente acometimento de cirurgies-dentistas por doenas
de ordem fsica e mental conseqentes do estresse ocupacional causado por presses
relacionadas com o tempo, sobrecarga de trabalho, preocupaes financeiras, problemas
com funcionrios, defeitos de equipamentos, condies deficientes de trabalho e a sua
natureza montona (ARAJO & PAULA, 2003).
Como fator conjuntural, admite-se que o estresse causado pelo modo de vida atual, no qual
imposta a competitividade no mercado de trabalho, a procura obstinada pelo lucro, a
obsesso pela qualidade total, obrigando a uma maior produtividade, tambm se reflete
nos profissionais de Odontologia (LAZERIS et. al., 1999). Ao contexto macro social de
competitividade, busca acirrada por resultados e reduo de custos acrescenta-se a solido
no consultrio, a incerteza do futuro, o desgaste fsico, as dificuldades no mercado de
trabalho e a falta de atividades de lazer (PIRES DO RIO, 2002).
A preocupao com o bem-estar do cirurgio-dentista, durante a sua atividade profissional,
j vem sendo estudada ao longo dos anos. Neste contexto, a ergonomia vem contribuindo
14

cada vez mais nos estudos relativos melhoria das condies de trabalho e a qualidade de
vida do cirurgio-dentista. O avano tecnolgico e a globalizao, assim como as mudanas
sociais econmicas ocorridas em nosso pas nas duas ltimas dcadas repercutem no
mercado de trabalho e nas expectativas dos trabalhadores, que devem adaptar-se nova
realidade. Como resultados deste processo de adaptao, surgem novas exigncias e
condies para o exerccio profissional (KOSMANN, 2000).

III. 2- PRINCIPAIS DOENAS OCUPACIONAIS NA ODONTOLOGIA

Por opo metodolgica aborda-se no presente trabalho apenas o conceito, descrio


clnica e resultados de estudos realizados nas seguintes patologias: perda auditiva induzida
por rudo PAIR, alteraes visuais, distrbios posturais e leses por esforos repetitivos
LER/DORT.

III.2-1 - Perda Auditiva Induzida por Rudo PAIR

A Perda Auditiva Induzida por Rudo - PAIR, tambm conhecido como Perda Auditiva
Ocupacional, Surdez Profissional, Disacusia Ocupacional, constitui-se em doena
profissional, de enorme prevalncia nas comunidades urbanas industrializadas, decorrente
da exposio contnua a nveis elevados de presso sonora (PARAGUAY, 1999).
O rudo, classificado como agente fsico, considerado um risco de doena profissional que
atinge um considervel nmero de trabalhadores no meio odontolgico. O cirurgio-dentista
exposto a nveis de rudos produzidos por equipamentos odontolgicos ou pelo meio
ambiente externo est vulnervel a alteraes patolgicas que podem afetar tanto fsica
quanto psicologicamente, resultando na queda da produtividade e desgaste progressivo da
sade (MEDEIROS, SOUZA &BASTOS, 2003).
A preocupao com a perda de audio com a prtica odontolgica surgiu com o uso de
motores de alta rotao no final da dcada de 50. difcil definir com preciso o rudo.
Qualquer som pode molestar, ser desagradvel ou irritante se o ouvinte se encontrar
mal preparado fsica ou emocionalmente. Explicando a inter-relao da agresso sonora
em atividades que exigem habilidade e concentrao, Grandjean (1998) afirmou que os
15

rudos prejudicam freqentemente trabalhos mentais complexos e produes em grandes


exigncias na destreza, concluindo que as tarefas que necessitam de ateno permanente
so especialmente sensveis ao rudo.
O ambiente odontolgico possui vrios agentes sonoros agressores, tais como a caneta
de alta rotao, o micro motor, o compressor, os sugadores, condicionadores de ar, os
rudos externos e outros. Pesquisas realizadas com cirurgies-dentistas que trabalham
com alta rotao, expostos a rudos diversos dos consultrios, demonstram perda
moderada da audio. A agresso gradual, progressiva e indolor, e no percebida
nos estgios iniciais do distrbio. Com a exposio continuada, a percepo e
compreenso das palavras durante uma conversao, por exemplo, pode ser
comprometida, de acordo com Gomes et.al (2001).
Em pesquisa realizada por Paraguay (1999) constatou-se que quanto maior o tempo de
exposio ao rudo pelos Cirurgies-Dentistas em sua vida profissional, maior ser a
possibilidade de acarretar a perda ou a reduo da capacidade auditiva. Os efeitos nocivos
do rudo podem levar a comprometimentos diversos nas esferas fsicas, mental e social do
cirurgio-dentista (PARAGUAY, 1999).
Segundo Paraguay (1999) so caractersticas da PAIR: ser sempre neurosensorial; ser
quase sempre bilateral; a perda tem seu incio nas freqncias 6.000, 4.000 e/ou 3.000 Hz,
progredindo lentamente s freqncias 8.000, 2.000, 1.000, 500 e 250 Hz.
Explicando a inter-relao da agresso sonora em atividades que exigem habilidade e
concentrao, Grandjean (1998) afirmou que os rudos prejudicam freqentemente trabalhos
mentais complexos e produes em grandes exigncias na destreza, concluindo que as
tarefas que necessitam de ateno permanente so especialmente sensveis ao rudo.
No quadro 1 Nvel de Rudo x Consequncias, (pgina 16), so enumerados os nveis de
rudo medidos em decibis e suas conseqncias para o ouvido humano. As perdas
auditivas so expressas em decibis (dB) - unidade de intensidade sonora padronizada
em relao audio humana normal. O limiar de audibilidade zero decibel.

QUADRO 1 -
16

NVEIS DE RUDO (dB) CONSEQNCIAS

60/70 Nvel tolervel


Aumento da sensao de
70/90 desconforto
> 80 Alteraes nervosas

90/140 Alto risco para a acuidade auditiva


> 120 Estimula a produo de adrenalinas,
Distrbios nervosos, Enfartos, lceras
Gstricas, nas Gestantes: acelerao
cardaca da gestante e do feto.
Fonte: Gomes et. AL. (2001)

Segundo Gomes et. al., os rudos de 80db so os limites tolerveis para uma
salvaguarda da audio do cirurgio-dentista.
Existem, entretanto, variveis que podem alterar esse limite como: freqncia da
vibrao, intensidade, durao da exposio, intervalos entre uma e outra exposio,
susceptibilidade individual.
Canetas de alta rotao podem emitir sons de intensidade entre 74 e 84 dB, podendo
chegar acima de 90 dB, dependendo do modelo, da idade, da conservao da turbina,
da distncia do ouvido do operador e da circunstncia da broca odontolgica estar ou
no cortando material duro ou mole.
As brocas pequenas produzem rudos na freqncia mdia de 5.000 a 6.000Hz. Brocas
gastas podem registrar freqncias de at 12.500Hz e, brocas de dimetro maior, at
25. 000Hz. A partir de 4.000 a 9.600Hz j so consideradas freqncias perigosas para
o ouvido humano. Equipamentos odontolgicos so potencialmente perigosos pela
possibilidade de provocar uma eventual reduo da audio.

So Consideradas Medidas Preventivas da PAIR:

- A obteno de um audiograma inicial para estabelecer seu perfil audiomtrico e


compar-lo com outros que seriam obtidos periodicamente. O primeiro no incio das
atividades odontolgicas; o segundo, aps seis meses e, da, anualmente.
- Reavaliao audiolgica completa e peridica para monitorar a acuidade auditiva do
profissional.
- Uso de protetores auriculares de insero, no caso de o rudo ser demasiadamente
intenso.
17

- O equipamento de alta rotao deve ser mantido em timas condies de uso, a fim de
minimizar os perigos dos rudos das turbinas.
- Instalao do compressor fora do ambiente clnico, em local construdo para o fim,
onde haja circulao do ar e proteo contra chuva, sol, etc. barrar rudos; renovar o ar
saturado por substancias qumicas volatilizadas, poeiras e microrganismos em
suspenso.

III. 2-2 Alteraes Visuais

Na odontologia, a acuidade visual (capacidade de perceber os detalhes)


extremamente importante, pois permite uma ao rpida, precisa e eficiente, uma vez
que o cirurgio-dentista trabalha dentro de uma cavidade repleta de estruturas
anatmicas que fazem sombras umas sobre as outras dificultando, muitas vezes, a
exata avaliao de cor, forma e profundidade. Para uma mesma eficcia de viso, o
nvel de iluminao teria de ser duplicado a cada 13 anos. Assim, uma pessoa de 60
anos necessita 3 a 4 vezes mais de luz que outra de 20 anos.
Segundo Gomes et.al (2001), a iluminao no consultrio odontolgico deve permitir
que o profissional execute, de maneira eficaz, a sua tarefa visual; melhorar a
capacidade e o rendimento do trabalho; transmitir sensao de bem-estar ao paciente.
O aparelho visual um sistema de funcionamento complexo. A partir de estmulos
fsicos identificveis, ele permite a deteco e a integrao de um nmero considervel
de informaes variveis, como a forma, dimenses e cor de um objeto e seu
posicionamento no ambiente e movimento no espao.
Os cirurgies dentistas, que necessitam fazer uso intenso da viso, esto sujeitos
fadiga visual, que provocada principalmente pelo esgotamento dos pequenos
msculos ligados ao globo ocular, responsveis pela movimentao, fixao e
focalizao dos olhos. A fadiga visual provoca tenso e desconforto. Os olhos ficam
avermelhados, comeam a lacrimejar, e a freqncia de piscar vai aumentando. Muitas
vezes a imagem perde a nitidez ou se duplica. Em grau mais avanado, a fadiga visual
provoca dores de cabea, nuseas, depresso e irritabilidade emocional. Segundo
Gomes et.al (2001),a fadiga visual decorrente das seguintes causas: fixao de
detalhes; iluminao inadequada; pouco contraste pouca definio; m postura.

So Consideradas Medidas Preventivas para Alteraes Visuais:


18

De acordo com Gomes et. AL. (2001)Para evitar a fadiga visual, o cirurgio-dentista
deve fazer um cuidadoso planejamento da iluminao de seu ambiente de trabalho,
assegurando a focalizao do objeto de trabalho, no caso a cavidade bucal de seu
paciente, a partir de uma postura confortvel, sendo que o uso de um bom refletor
odontolgico item indispensvel.
A luz do consultrio deve ser planejada tambm para no criar sombras, ofuscamento
ou dando reflexos indesejveis. A posio da cadeira odontolgica deve ser tal que
receba a maior quantidade de iluminao natural possvel.
A iluminao do fundo deve permitir um descanso visual durante as pausas e aliviar o
mecanismo de acomodao. Se alguns dos problemas acima mencionados no
puderem ser evitados, deve-se, pelo menos, diminuir o impacto deles, evitando que uns
no ocorram simultaneamente a outros.
A iluminao dos locais de trabalho deve ser cuidadosamente planejada desde as
etapas iniciais de projeto do edifcio, fazendo-se aproveitamento adequado da luz
natural e suplementado-a com luz artificial, sempre que for necessrio.

III. 2-3 Distrbios Posturais:

O risco ergonmico parece ser crtico para a Odontologia, tamanho o destaque da


necessidade de melhor adequao do ambiente fsico visando condies compatveis de
ambientao e integrao ao trabalho (BARROS, 1991). Sua relao com a carga horria e
com o tempo de profisso foi correlacionado em vrios estudos (BARROS, 1993; FIGLIOLI
& CASTRO, 1999).
De acordo com Gomes et. al. (2001), dos problemas ocupacionais, a postura de trabalho a
mais preocupante, pois dela derivam situaes graves como: dores musculares na regio
dorsal, lombar, pernas, braos e ps; cefalias; perturbaes circulatrias e varizes; bursite
dos ombros e cotovelos; inflamaes de tendes; problemas de coluna com alteraes
cervicais, dorsais e lombares; fadiga dos olhos; desigualdade da altura dos ombros (artrite
cervical).
As dores nas costas, decorrentes de m postura ocupacional, atormentam um grande
nmero de cirurgies-dentistas em todo o mundo. Pesquisas informam que um entre dois
19

cirurgies-dentistas apresenta patologias na coluna lombar relacionadas postura


profissional.
O CD movimenta a coluna no sentido de inclinaes para frente, laterais, flexes e
extenses. O uso abusivo de uma dessas posies leva a defeitos de origem postural como
escoliose, cifose e lordose.
A profisso de cirurgio-dentista faz com que se utilizem como rotina de trabalho os
membros superiores e estruturas adjacentes, freqentemente com repetitividade de um
mesmo padro de movimento em virtude da atividade clnica, assumindo posturas
inadequadas por necessidade de tcnicas operatrias e utilizando fora excessiva em
virtude das caractersticas prprias de algumas patologias e, ainda, na maioria dos casos
trabalhando sobre presso temporal (REGIS FILHO; MICHELS; SELL, 2005).
Por outro lado, em qualquer das posies assumidas para a realizao das tarefas em
odontologia, algumas posturas inadequadas podem ser observadas, tais como, a toro na
coluna vertebral, a inclinao exagerada do pescoo, o brao esquerdo constantemente
elevado acima de 45 em profissionais destros, a inclinao acentuada para frente da coluna
vertebral, a contrao exagerada da musculatura dos ombros e pescoo, entre outras
(TAGLIAVINI e POI, 1998).
Para Nogueira, (1983) e Flenik et. al., (1989) parece haver uma tendncia de cifoescoliose
em cirurgies-dentistas que ocorre devido, na grande maioria dos casos, pela manuteno
de posturas corporais inadequadas para visualizao do seu campo de trabalho exguo e
limitado e, ainda, em grande parte durante a realizao das tarefas no se observam os
critrios ergonmicos.
A cifoescoliose uma escoliose associada a um aumento da cifose torcico sendo, assim, o
resultado de duas leses da coluna vertebral associados: a escoliose e a cifose. A primeira
uma curvatura da coluna vertebral no plano frontal, sendo sempre patolgica. A segunda
uma curvatura da coluna vertebral no plano sagital, de convexidade posterior, sendo normal
a nvel torcico dentro de certos limites. As duas leses e sua associao possuem diversas
causas como, por exemplo, congnita, idioptica e postural. (BARROS FILHO; BASILE
JNIOR, 1995).
Segundo Petrobon et. al. (2006), a maior parte dos desvios posturais corporais ocorre no
sexo masculino quando a jornada diria de trabalho est compreendida no perodo de 8 e
12 horas, sendo que sua ordem de aparecimento a retificao de pescoo e tendncia
escoliose, ou seja, alteraes de quadril e ombro e cifose, sendo em graus leves de desvios.
Por outro lado, a maior parte dos desvios posturais corporais no sexo feminino ocorre
quando a diria de trabalho est compreendida no perodo de 8 e 10 horas, sendo que est
expressa em alteraes de grau leve como retificao do pescoo, cifose, tendncia
20

escoliose e lordose. As que possuem atitudes cifticas apresentam alta tendncia a


escoliose.
Ainda segundo Petrobon et. al. (2006), ao realizar-se a correlao entre o tempo atuao
como cirurgio-dentista e a ocorrncia de anormalidades posturais corporais, a faixa etria
de 25 at 30 anos a que possui maior tendncia a cifose e escoliose do tipo leve. A
maioria dessas anormalidades posturais corporais encontra-se presentes nos cirurgies-
dentistas com no mnimo 15 anos de trabalho, ou seja, quanto maior o tempo de atuao
como cirurgio-dentista maior ser a probabilidade de ocorrerem alteraes posturais
corporais.
A cifose est altamente correlacionada com a diferena de alinhamento de cabea e
pescoo fora da neutralidade do longo eixo do corpo, bem como, tambm, com as
alteraes de ombros e quadril, sendo estes indicativos de uma tendncia escoliose.
Esses dados esto de acordo com os encontrados Flenik et. al. (1989).
O cirurgio-dentista, de acordo com Pietrobon et. AL. (2006), adota posturas corporais
inadequadas durante a realizao de seus procedimentos clnicos. Essas posturas
corporais, conforme dados desta pesquisa, podem acarretar, com o aumento da idade do
profissional, com a passagem do tempo de atuao, influenciado, ainda, pela questo do
sexo, alteraes e anormalidades da coluna vertebral, como a cifose e a escoliose e, ainda,
a associao de ambas.

Durante a prtica odontolgica, segundo com Pietrobon et. AL. (2006), o cirurgio-dentista
deve sempre preocupar-se com uma postura sentada ergonicamente correta: aquela que
permite a altura popltea, ou seja, a que vai do plano do piso dobra posterior do joelho, de
forma a que o longo eixo do fmur esteja paralelo ao piso, formando um ngulo de 90 na
relao coxa-perna.
As conseqncias de uma postura sentada inadequada so vrias como complicaes
cardiovasculares, respiratrias e do aparelho digestivo; dores lombares e nas costas;
perturbaes na coluna vertebral e na circulao sangunea das pernas; varizes.

III.2-4 Leses por Esforos Repetitivos: LER/DORT

Tratados como um problema de sade pblica no Brasil, segundo Oliveira (1998), e


configurando-se como uma doena que questiona paradigmas e prticas na rea de sade
do trabalhador, segundo Sato (2001), os distrbios osteomusculares relacionados ao
21

trabalho (LER/DORT) esto tambm implicados entre os agravos comuns atividade


odontolgica. De acordo com especificaes do Ministrio da Sade, as LER/DORT so
afeces decorrentes das relaes e da organizao do trabalho existentes no moderno
mundo do trabalho, no qual as atividades so realizadas com movimentos repetitivos, com
posturas inadequadas, trabalho muscular esttico, monotonia e sobrecarga mental,
associados ausncia de controle sobre a execuo de tarefas, ritmo intenso de trabalho,
presso por produo, relaes conflituosas com as chefias e estmulo competitividade
exacerbada ( BRASIL, 2001).
As Leses por esforos repetitivos/distrbios osteomusculares relacionados ao trabalho
LER/DORT, so leses musculares e/ou tendes de fscias e/ou nervos dos membros
superiores, cintura escapular e pescoo, principalmente, ocasionadas pela utilizao
biomecanicamente incorreta dessas estruturas, acompanhada ou no por alteraes
objetivas, e que resultam em dor, fadiga, queda de desempenho no trabalho, incapacidade
temporria, e, conforme o caso pode evoluir para uma sndrome dolorosa crnica, nesta
fase agravada por todos os fatores psquicos, no trabalho ou fora dele, capazes de reduzir o
limiar de sensibilidade dolorosa do indivduo (REGIS FILHO; MICHELS; SELL, 2005).
De acordo com Regis Filho et. al. (2005) pode-se afirmar que o cirurgio dentista pertence a
um grupo profissional exposto a um risco considervel de adquirir algum tipo de
LER/DORT, desde que certos fatores inerentes s tarefas profissionais, a consideradas
fora excessiva, posturas incorretas, alta repetitividade de um mesmo padro de movimento
e compresso mecnica dos tecidos, aliadas s caractersticas individuais, estejam
presentes. A maioria dos cirurgies-dentistas em virtude da utilizao de instrumentos que
no obedecem a requisitos ergonmicos e da realizao de tarefas inadequadamente
prescritas, entre outros fatores, est sendo submetidos a condies adversas de trabalho,
onde dor e desconforto esto presentes.
A literatura cientfica considera as afeces das LER/DORT mais comuns entre os
profissionais da Odontologia a sndrome do tnel do carpo, ocasionada pela compresso do
nervo mediano na regio do punho; a sndrome do canal Guyon, provocada pelo desvio
ulnar combinado apreenso exagerada, mantida por longos perodos de tempo; a
tenossinovite dos extensores ou dos flexores dos dedos e do carpo; a tendinite do supra-
espinhoso devido projeo e suspenso dos ombros; a cervicalgia ocasionada pela
postura inadequada do pescoo e coluna vertebral; assim como a sndrome dolorosa
miofascial, que consistem em dores e espasmos musculares; a cevicobraquialgia torcica; a
epicondilite lateral e a tenossinovite de Quervains (ANDRADE, 2000).
As LER, como o prprio nome diz, so leses nos msculos e articulaes causadas por
uma m postura durante o trabalho ou por realizar movimentos repetitivos durante um longo
perodo de tempo, sem intervalo.
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Outra definio para as Leses por Esforo Repetitivo que vem sendo bastante utilizada
DORT Distrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho. O termo DORT foi adotado
pelo INSS em 1998 e mais preciso para se referir a esse tipo de doena ocupacional, j
que abrange um nmero maior de casos, no s os que j se transformaram em leso por
apresentarem um estgio avanado.
DORT e LER no so sinnimos. Os DORT referem-se a qualquer distrbio ocasionado pelo
trabalho, so mais brandos que as LER e, se diagnosticados na fase inicial, possuem
grandes chances de serem curados. Caso no sejam tratados, os DORT podem evoluir para
uma LER, que j mais difcil de ser tratada devido sua severidade.
As Leses por Esforo Repetitivo costumam atingir os profissionais das mais diversas reas.
Com relao ao sexo, as mulheres costumam sofrer mais com as doenas ocupacionais.
Uma das possveis causas seria o fato das mulheres apresentarem uma menor densidade e
tamanho dos ossos e uma musculatura mais frgil, alm de utilizarem anticoncepcionais e
realizarem tarefas domsticas aps o trabalho. Entre as classes mais afetadas esto os
odontologistas.
So vrios os motivos que levam o cirurgio-dentista a fazer parte do grupo de risco de LER
e, entre os principais, pode-se citar o alto nmero de horas de trabalhadas por dia. No
difcil encontrarem-se profissionais que trabalham 9 a 12 horas por dia, executando sempre
os mesmos movimentos e permanecendo na mesma posio. Isso causa um desgaste dos
msculos e articulaes, levando a alguns distrbios que, caso no sejam tratados, podem
evoluir a uma LER.
Outro problema no dia-a-dia do dentista a m postura. Primeiramente, no so todos os
profissionais que tm o cuidado em escolher equipamentos ergonomicamente apropriados.
E mesmo os que possuem uma preocupao com o lado ergonmico do consultrio podem
sofrer com dores nas costas, mos, punhos e braos por adotarem uma postura incorreta.
Estudos mostram que praticamente 70% dos profissionais da odontologia queixam-se de
algum tipo de dor. As reas mais afetadas so o pescoo, as costas e o ombro.
A utilizao de instrumento rotatrio tambm pode levar ao surgimento de distrbios
ostemusculares ou at mesmo leses. A Constante vibrao realizada pelo micro motor
pode gerar micro leses a partir do momento que as vibraes se propagam pelos tendes,
msculos e ossos.
O fator psicolgico tambm influi muito no desgaste muscular e das articulaes. A presso
em atender um nmero cada vez maior de pacientes em um curto espao de tempo e as
metas a serem cumpridas deixa o CD sob tenso, atingindo ainda mais os msculos e
articulaes.
De incio, aparece um problema no muito grave, apenas uma dor constante no pescoo,
nas mos e costas. Com o passar do tempo, a dor comea a incomodar, chegando a
23

impedir o profissional de exercer seu trabalho. E somente nesse momento que


procurada ajuda, quando j h um estgio avanado.
Os primeiros sintomas causados pela LER/DORT so sensao de peso, dormncia, perda
de sensibilidade, formigamento, dor ao realizar algum movimento especfico, perda de fora
e inchao local.
As doenas ocupacionais podem ser tratadas e tm cura em muitos casos. O mtodo e
tempo de tratamento esto intimamente relacionados com o grau da doena quando
diagnosticada e dependem da resposta de cada um ao tratamento.
O primeiro passo para o tratamento das leses por esforo repetitivo e dos distrbios
osteomusculares agir justamente na causa do problema. preciso encontrar solues
ergonmicas para o local de servio como cadeira mais confortvel, que no obrigue o
profissional a trabalhar com uma postura incorreta
Depois, necessrio tratar a leso e fazer com que o msculo ou articulao em questo
voltem ao funcionamento normal ou ao mais prximo dele.
Existem quatro mtodos de tratamento e, quanto antes o problema for diagnosticado e
tratado, melhores sero os resultados e as chances de cura.
- Medidas gerais: so recomendados repouso e dieta; alm de alguns exerccios com as
articulaes afetadas;
- Medidas teraputicas: utilizao de analgsicos e relaxantes musculares para aliviar a dor
e diminuir o processo inflamatrio;
- Medidas ortopdicas: exerccios e fisioterapia que visam correo de postura e outras
anormalidades que venham a ocorrer;
- Medidas cirrgicas: a cirurgia s indicada em ltimo caso, quando no h outra medida
para se diminuir a dor e restituir a capacidade funcional do msculo ou articulao em
questo.
A maneira mais fcil e eficaz de se combater doena ocupacionais como as LER/DORT a
preveno. Algumas atitudes simples, como praticar exerccios de relaxamento e
alongamento antes e depois da jornada de trabalho ou adotar medidas ergomtricas no
consultrio j surtem um efeito positivo.
A preveno LER/DORT tambm implica uma mudana na relao dentista-trabalho, ou
seja, mudar hbitos que sempre foram rotineiros e prejudicavam a sade do dentista sem
que ele se de conta.
A aquisio de mveis e aparelhos ergonomicamente indicados um bom comeo, pois
ajudam o CD a permanecer em uma postura correta durante o trabalho. Entretanto, mesmo
com mveis ergonmicos, necessrio um cuidado especial com a postura.
A postura durante um atendimento depende, entre outros, do procedimento a ser realizado e
da regio da arcada. Independentemente disso, recomendvel manter as articulaes em
24

uma posio neutra, com os membros prximos a corpo. Tambm importante que o
profissional execute paradas, mesmo que curtas, com uma certa freqncia.
Durante o tratamento de um paciente, no se devem usar luvas que apertem a regio dos
pulsos, e a fora compressiva e velocidade de instrumentos manuais devem ser diminudas.
Tambm importante evitar a aplicao de fora em excesso ao longo do tratamento ou
movimentos repetitivos.
importante que o cirurgio-dentista procure intercalar a execuo de procedimentos, que
no marque seguidamente em sua agenda pacientes com o mesmo procedimento, para no
ser obrigado a realizar os mesmos movimentos.
Outra simples ao que repercute excelentes resultados a realizao de exerccios de
alongamento e relaxamento antes, durante e aps o expediente. Esses exerccios tm como
objetivo aliviar a dor e a tenso muscular, aquecendo os msculos e articulaes para a
jornada de trabalho.

Alguns exerccios bsicos podem conforme Figura 1 (pgina 25), ser feitos no prprio local
de trabalho, sem requererem muito tempo:

1- Massageia-se a palma da mo do centro para fora por alguns minutos;


2- Realiza-se semiflexes dos joelhos com a mo espalmada para baixo e apoiada na
mesa;
3- Como o exerccio dois, realiza-se semiflexes dos joelhos, porm com o polegar
apoiado na mesa
4- Com os ombros relaxados, flexiona-se o polegar da mo passiva, combinando o
desvio do punho em direo ao solo;
5- Com a mo ativa, flexionam-se os dedos da mo passiva em forma de concha;
6- Com a mo ativa, flexiona-se o punho da mo passiva, mostrando a concha para si.
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Figura 1: Exerccios elaborados por Caldeira-Silva et. al. (2000).

Com atitudes simples como estas, possvel manter as leses e os distrbios


ostemusculares bem longe da vida dos cirurgies-dentistas.

IV CONSIDERAES FINAIS
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A modernizao do espao e das relaes de trabalho nos consultrios, envolvendo o


universo da produo e do trabalho na rea e Odontologia, embora significante para a
consolidao da profisso, no garantiram proteo e qualidade de vida aos seus
trabalhadores.
Foram verificados inmeros fatores de risco sade dos trabalhadores envolvidos na
prtica odontolgica. Em decorrncia, crescem as notificaes relativas a doenas e
agravos dos profissionais, principalmente as LER/DORT. . A Odontologia reconhecida
como uma das poucas profisses que expe seus trabalhadores a todos os tipos de riscos
ocupacionais, incluindo os de natureza fsica, qumica, mecnica e biolgica, assim como
aqueles produzidos nas relaes da vida contempornea que levam precarizao das
condies psicossociais deste profissional. A literatura destacou a emergncia de fatores
psicossociais como condicionante potencial dos desgastes dos cirurgies-dentistas e sua
conseqente exposio ao sofrimento e adoecimento.
Foi observado que a organizao do trabalho no consultrio odontolgico importante para
a obteno da melhoria da qualidade de vida do profissional, alm de render uma melhor
produtividade. importante oferecer ao profissional condies adequadas de trabalho que
possibilitem o seu melhor desempenho, que, como seu estado fsico e mental, sofre
influncia direta do ambiente e da postura adotada para a execuo do trabalho.
Diante disso, reitera-se a importncia da ergonomia e da biossegurana, da delegao de
tarefas e da promoo de mudanas no ritmo, nos processos e na organizao do trabalho
com o objetivo de adequ-los s caractersticas humanas, reconstruindo o valor positivo do
binmio sade-trabalho.
Sugere-se aos cirurgies-dentistas a adoo de medidas preventivas como a realizao de
consultas com durao de at uma hora, e a adoo de exerccios de alongamento entre os
atendimentos com o intuito de minimizar os danos causados pelo exerccio profissional.
Enfatiza-se, sobretudo, a necessidade do cirurgio-dentista perceber o cuidado com a
sade como valor fundamental para o seu desempenho profissional, o que envolve no
apenas a ausncia de doenas ocupacionais e acidentes de trabalho, mas tambm a
adoo de hbitos e atitudes saudveis. A transformao dos processos de trabalho em
seus diversos aspectos e o enfoque na promoo de sade, ampliando a rea de atuao
estritamente tecnicista do cirurgio-dentista, revela-se com condio potencializadora da
vida e sade.

V - REFERNCIAS
27

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