Exercicios de Hermeneutica2

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Exerccios:

1. Leia o texto a seguir, assinale a alternativa correta e JUSTIFIQUE sua resposta.

A Hermenutica Jurdica tem por objeto o estudo e a sistematizao dos processos aplicveis
para determinar o sentido e o alcance das expresses do Direito. As leis positivas so
formuladas em termos gerais; fixam regras, consolidam princpios, estabelecem normas, em
linguagem clara e precisa, porm ampla, sem descer a mincias. tarefa primordial do
executor a pesquisa da relao entre o texto abstrato e o caso concreto, entre a norma jurdica
e o fato social, isto , aplicar o Direito. Para consegui-lo, se faz mister um trabalho preliminar:
descobrir e fixar o sentido verdadeiro da regra positiva; e, logo depois, o respectivo alcance, a
sua extenso. Em resumo, o executor extrai da norma tudo o que na mesma se contm: o
que se chama interpretar, isto , determinar o sentido e o alcance das expresses do Direito.

(A) As leis disciplinam apenas os casos concretos, por isso s admitem uma interpretao.

(B) Hermenutica e interpretao so palavras sinnimas e significam a busca do exato


sentido da lei.

(C) A hermenutica oferece as regras de interpretao e interpretar um texto de lei consiste


em buscar-lhe o significado e o alcance.

(D) A hermenutica no se insere na Cincia do Direito, sendo mera manifestao da arte de


advogar.
(E) O intrprete no deve pesquisar a relao entre o texto legal e o caso concreto, sob pena
de violar o princpio da legalidade inserido na Constituio Federal.

2. Analise a deciso judicial abaixo e, a seguir, faa o que se pede.

Homossexual que perde companheiro tem direito a receber penso. O entendimento foi
reforado pela 3 Turma do Tribunal Regional Federal da 4 Regio, que confirmou sentena e
considerou legal o pagamento de penso ao companheiro de ex-funcionrio pblico federal.
O Supremo Tribunal Federal j decidiu pela primeira vez no mesmo sentido em
dezembro de 2005. O entendimento tambm j foi utilizado na Justia Federal do Rio Grande
do Norte, no Tribunal Regional Federal da 2 Regio e mesmo no Tribunal de Justia de Santa
Catarina. (...)
Aps analisar o recurso, a relatora, juza convocada Vania Hack de Almeida entendeu
que o pagamento do benefcio um direito e que a Constituio consagra o princpio da
igualdade em detrimento da discriminao preconceituosa. unssono o repdio da
jurisprudncia ptria negativa aos companheiros homossexuais dos direitos que so
ordinariamente concedidos aos parceiros de sexos diversos, declarou a relatora. (...).
a) A Juza ao decidir o caso em tela, utilizou-se de algum elemento de integrao das
normas jurdicas?
b) Qual?
c) Identifique no texto o trecho que comprova sua resposta.

Justificativa:
3. Leia o caso a seguir e responda ao que se pede.

Joseph e Aladim so amigos, mas h muito tempo no se viam. Em setembro de 2012 encontraram-
se na porta do frum, ao sarem de suas audincias onde seus filhos lhes pediam alimentos. Durante
a conversa, Pedro comentou que havia sido condenado ao pagamento de penso de alimentos a seus
dois filhos no montante correspondente a 30% de seu salrio. J Joo disse que foi condenado a
pagar 20% de seu salrio a seus quatro filhos.
Sabe-se que na Lei de Alimentos (Lei n 5.478/68) no h previso taxativa acerca do montante da
condenao aos alimentos. Em sendo assim, que tipo de elemento para a integrao das leis o juiz
utilizou para decidir os processos?

Justificativa:

4. Assinale a alternativa correta e JUSTIFIQUE sua resposta. Dispe o artigo 4 da Lei de


Introduo as Normas do Direito Brasileiro que quando a lei for omissa o juiz decidir o caso de
acordo com a analogia, os costumes e os princpios gerais de direito. Este preceito se refere aos
critrios relativos :

a) equidade;

b) integrao da norma jurdica;


c) interpretao da norma jurdica;

d) antinomia;

e) hermenutica.

Justificativa:

5. Leia o caso concreto abaixo transcrito e atenda ao que se pede:


APELAO CVEL. FAMLIA. INVESTIGAO DE PATERNIDADE. RECUSA DO
DEMANDADO SUBMISSO AO EXAME SOB O MTODO DO DNA.
JUSTIFICATIVA QUE NO SE COADUNA COM A BUSCA DA VERDADE REAL.
PROVA SUFICIENTE DA PATERNIDADE. ENUNCIADO 301 DA SMULA DO STJ.
ARTS. 231 E 232 DO CDIGO CIVIL. Em face da relevncia do tema filiao, e
considerando a possibilidade de determinao cientfica da paternidade por meio de mtodo
seguro e confivel (DNA), parece injustificvel que o investigado, negando a imputada
paternidade, recuse-se a submeter-se a exame capaz de alicerar a sua tese negatria. No h
que se falar em violao privacidade ou integridade fsica e moral pela simples feitura de
um exame sanguneo, porquanto aquela no acarreta imunidade; tampouco a simples coleta de
sangue significa agresso higidez fsica ou psquica do indivduo, porque feita sob a garantia
do sigilo profissional. O enunciado n 301 da Smula do STJ assenta que, "em
ao investigatria de paternidade, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA
induz presuno juris tantum de paternidade". Na valorao da prova, deve-se atentar para a
regra de que "aquele que nega a se submeter exame mdico necessrio no poder
aproveitar-se de sua recusa " (art. 231 do CC), sem olvidar que "a recusa percia mdica
ordenada pelo juiz poder suprir a prova que se pretendia obter com o exame" (art. 232 do
CC). RECURSOS DESPROVIDOS. (SEGREDO DE JUSTIA) _ DECISO
MONOCRATICA _ (Apelao Cvel N 70018229765, Oitava Cmara Cvel, Tribunal de
Justia do RS, Relator: Jos Atades Siqueira Trindade, Julgado em 16/02/2007).

Sobre a deciso acima responda:


a) Qual o princpio constitucional que norteia a tese adotada pelo ru? Fundamente
6. Diante da ocorrncia de antinomias jurdicas, devero ser utilizados os critrios de soluo,
hierrquico, cronolgico e da especialidade. Explique cada um destes conceitos.
Justificativa:

7. O processo cognitivo da ponderao pode ser decomposto em trs etapas:


identificao das normas pertinentes, seleo dos fatos relevantes e atribuio geral dos
pesos.
Justificativa:

8. Diante do conflito entre os princpios da liberdade religiosa e proteo da vida, em


situaes que envolvam a transfuso de sangue para as testemunhas de Jeov, como voc
decidiria o conflito, utilizando-se da ponderao dos interesses?
Justificativa:
9. Considerando que teorias relativas aos princpios jurdicos sugerem que regras e
princpios seriam espcies de normas jurdicas, assinale a opo congruente com essa
ideia.
A) As regras estabelecem o dever-ser mediante a imposio de deveres, proibies e
permisses; diferentemente, os princpios atuam to somente com funo hermenutica, para
possibilitar a escolha das regras que melhor se conformem ao caso concreto.

B) O contedo das regras caracteriza-se por expressar determinaes obrigatrias mais


completas e precisas; diferentemente, o contedo dos princpios se apresenta com maior
abstrao e generalidade, afetando significativamente o modo de sua implementao.

C) As regras restringem-se a regulamentar condutas em casos concretos; diferentemente, os


princpios precipuamente estruturam o sistema jurdico, o que lhes confere carter hierrquico
superior s regras.

D) As regras so fundamentadas pelos princpios, sendo destes deduzidas; diferentemente, os


princpios s podem ser revelados pelas regras, extraindo-se indutivamente de suas aplicaes
particulares os princpios implcitos ou explcitos no ordenamento jurdico.

E) As regras podem estar em oposio tanto a princpios quanto a outras regras, conflito este
que causar ou sua validade, ou sua invalidade; diferentemente, os princpios s podem estar
em oposio a outros princpios, conflito que s poder se resolver pela tcnica da
ponderao.

Justificativa:
10. Acerca das espcies e mtodos clssicos de interpretao adotados pela hermenutica
jurdica, assinale a opo correta.

A) A interpretao autntica pressupe que o sentido da norma o fixado pelos operadores do


direito, por meio da doutrina e jurisprudncia.
B) A interpretao lgica se caracteriza por pressupor que a ordem das palavras e o modo
como elas esto conectadas so essenciais para se alcanar a significao da norma.

C) A interpretao sistemtica se caracteriza por pressupor que qualquer preceito


normativo dever ser interpretado em harmonia com as diretrizes gerais do sistema,
preservando-se a coerncia do ordenamento.

D) A interpretao histrica se caracteriza pelo fato de que o significado da norma deve


atender s caractersticas sociais do perodo histrico em que aplicada.

E) A interpretao axiolgica pressupe uma unidade objetiva de fins determinados por


valores que coordenam o ordenamento, assim legitimando a aplicao da norma.
Justificativa:
11. Considerando as aluses equidade pelo ordenamento jurdico brasileiro, revela-se
importante identificar a posio dessa figura em face do quadro das fontes do direito. A
respeito dessa relao, correto afirmar que a equidade.

A) no se revela como fonte do direito, pois a autorizao de seu emprego apenas


permite ao juiz criar normas para o caso concreto com base em preceitos de justia.

B) no se revela como fonte do direito, pois a autorizao de seu emprego apenas permite ao
juiz aplicar ao caso concreto normas gerais de justia previamente positivadas no
ordenamento.

C) no se revela como fonte do direito, pois a autorizao de seu emprego apenas permite ao
juiz buscar uma melhor compreenso hermenutica das normas particulares que se aplicam ao
caso concreto.

D) se revela como fonte do direito, pois ela se compe de um conjunto de valores e normas
preexistentes ao ordenamento positivo, os quais incidiro sempre que autorizadas por este.

E) se revela como fonte do direito, pois ela prescreve parmetros para a deciso judicial que
no se apoiam nas normas positivadas no ordenamento.
Justificativa:

12. Podem-se encontrar diversos argumentos para justificar a aplicao da analogia no


direito, entre os quais a busca pela vontade do legislador ou a imperiosa aplicao da
igualdade jurdica, demandando-se solues semelhantes para casos semelhantes. Com
referncia a essa aplicao, correto afirmar que:

A) a analogia tem como principal funo descobrir o sentido e o alcance das normas jurdicas.

B) a analogia legis se caracteriza por recorrer sntese de um complexo de princpios


jurdicos.

C) a analogia juris ocorre quando se formula regra nova, semelhante outra j existente.

D) a analogia pressupe que casos anlogos sejam estabelecidos em face de normas


anlogas, mas no dspares.

E) a analogia afasta a criao de regra nova, mas exige interpretao extensiva de regras j
existentes.
Justificativa:

13. Um postulado fundamental teoria do ordenamento jurdico prope que o direito


seja considerado como um conjunto que forma entidade distinta dos elementos que o
compem, em razo de sua unidade, coerncia e completude. Com base nessa ordem de
ideias, assinale a opo correta.

A) A ideia de que o direito se organiza em um ordenamento jurdico remonta poca


justiniana do direito romano, que, no corpus juris civilis, props um sistema completo de
direito formado pelas Constituitiones, Digesto, Institutas e Codex.

B) essencial, para que o direito seja coerente e completo, que suas normas decorram de uma
nica fonte ou origem primria, capaz de solucionar definitivamente questes sobre a
identificao de todas as normas jurdicas.

C) A unidade uma caracterstica exclusiva do positivismo jurdico, j que este prope uma
igualdade mnima quanto ao contedo substancial das normas, por compartilharem valores
que assim as unificam como sistema.

D) A ideia de coerncia do sistema jurdico concebida pela negao de que nele possam
permanecer antinomias entre normas de igual ou diferente hierarquia, afirmando que
duas normas antinmicas no podero ser simultaneamente vlidas.

E) O ordenamento jurdico completo porque, ainda que se verifiquem lacunas normativas,


ele oferece um conjunto de fontes primrias e secundrias de direito capazes de produzir as
normas necessrias para preench-las.
Justificativa:

1- O que a hermenutica e como ela se diferencia da interpretao?


Segundo Paulo Nader (2000, p. 253), a hermenutica estuda e
sistematiza critrios aplicados na interpretao de regras jurdicas. Isto ,
enquanto a hermenutica a teoria que visa estabelecer princpios,
mtodos e orientaes gerais, a interpretao de cunho prtico,
aplicando os ensinamentos da hermenutica. Em outras palavras
interpretao do direito, representa revelar o sentido e o alcance da
norma. (2000, p. 255).

2- Qual a relao de Hermenutica e integrao do direito?

Integrao segundo o Professor Paulo Nader trata-se de um processo de


preenchimento de lacunas, existentes na lei, por elementos que a prpria
legislao oferece ou por princpios jurdicos, mediante operao lgica e
juzos de valor. De acordo com a LINDB em seu Art. 4 "Quando a lei for
omissa, o juiz decidir o caso de acordo com a analogia, os costumes e os
princpios gerais de direito". Tambm o Cdigo de Processo Civil Brasileiro
de 1939, em seu artigo 114, dispunha que quando autorizado a decidir
por equidade, o juiz aplicar a norma que estabeleceria se fosse
legislador.

Algumas espcies de integrao veremos a seguir:

Hetero-Integrao ( um processo no qual o aplicador do direito se utiliza


de normas jurdicas pertencentes a outro ordenamento jurdico).

Auto-Integrao (processo de integrao da que utiliza elementos do


prprio ordenamento jurdico).

3- O que significa o brocardo " In claris cessat interpretatio"? Explique a


sua aplicao no direito contemporneo.

Significa que quando a lei for clara no precisa de interpretao, isto ,


pensavam os juristas antigos que um texto bem redigido e claro
dispensava a tarefa do intrprete.
No direito contemporneo, no h como afastar-se do carter textual das
normas, sendo a interpretao instrumento imprescindvel para o
entendimento da norma.

4- Quando uma interpretao pode ser denominada autntica?

Pode ser denominada autntica quando for emanada do prprio poder que
faz o ato cujo sentido e alcance ela declara.
H certos textos legais que, pela confuso que provocam no mundo
jurdico, levam o prprio legislador a determinar melhor o seu contedo.
Miguel Reale entende que a interpretao autntica somente aquela que
se opera atravs de outra lei, e quando uma lei emanada para
interpretar outra lei, a interpretao no retroage: disciplina a matria tal
como nela foi esclarecido, to somente a partir de sua vigncia.
5- Qual o poder de vinculao das interpretao doutrinaria e
jurisprudencial?

Focando no conceito, interpretao doutrinria aquela feita por mestres,


juristas e especialistas do Direito. Esse tipo de interpretao normalmente
encontrada em livros, obras cientficas e pareceres jurdicos. J a
jurisprudencial aquela que surge no ato de julgar, tendo como
intrpretes os juzes e tribunais. Vale dizer que a interpretao
jurisprudencial deve se fixar em critrios, pr-estabelecidos pela lei, uma
vez que o poder judicirio no poder inovar contra os preceitos da
norma.
de se falar que ambas as espcies so aceitas na rbita jurdica,
possuindo um alto grau de importncia, mesmo no tendo poder
vinculatrio.

6- Qual a diferena entre interpretao literal e teleolgica?

O elemento gramatical compe-se da anlise do valor semntico das


palavras empregadas no texto, da sintaxe, da pontuao, etc.
Modernamente a crtica que se faz a esse elemento no visa, como
natural, sua eliminao mas a correo dos excessos que surgem com
sua aplicao. (Paulo Nader, 2000, p. 268).
No elemento teleolgico, a lei contm uma ideia e um fim a ser alcanado.
No ato da interpretao so procurados os fins que motivaram a criao
da lei, pois nessa descoberta estar a vinculao da mens legis (esprito
da lei). (Paulo Nader, 2000, p. 271/272).

7- Explique as interpretaes lgica, sistemtica e histrica.

A interpretao lgica, como seu prprio nome induz, destina-se a


interpretar mediante pensamento lgico e racional, no qual se analisa a
coerncia do texto da lei. Em outras palavras aquela onde o intrprete
busca atravs de operaes logicas, desvendar o sentido e o alcance da
norma. Por sua vez a interpretao sistemtica impede que as normas
jurdicas sejam interpretadas de modo isolado, exigindo que todo conjunto
seja analisado simultaneamente interpretao de qualquer texto
normativo, ou seja, aquela produzida pelo intrprete que quando analisa
a norma no sistema, outras normas so consultadas.
Interpretao histrica compreende a ideia de interpretar verificando o
contexto histrico, as instituies e preceitos de cada poca, que levaram
a formao de uma determinada lei.
importante, tambm, verificar, ao longo da histria, a trajetria das
normas de Direito, a cada dia, pois o Direito resulta das adaptaes e as
mudanas sociais, objetivando satisfazer suas necessidades e anseios.

8- Explique as interpretaes restritivas, extensiva e declarativa ou


especificadora.
Interpretao Extensiva: quando a lei carece de amplitude, ou seja, diz
menos do que deveria dizer, devendo o intrprete verificar qual os reais
limites da norma, isto , aquela em o intrprete busca expandir o
contedo da norma.
Interpretao restritiva: fortalece o cdigo, ou seja, quando a norma diz
mais do que deveria, cabendo ao intrprete reduzir ou seus efeitos, o seu
alcance.
Interpretao Declarativa: quando foi verificado que o legislador utilizou
de forma adequada e correta todas as palavras contidas na lei, ocorrendo
exata equivalncia entre os sentidos e a vontade presente na lei.

9- Para que serve a hermenutica jurdica?


A hermenutica nada mais do que a compreenso do contedo de uma
lei que entra em vigor. Se no houvessem regras especficas para tal
interpretao, e disso que trata a hermenutica jurdica, cada qual
poderia, quer juzes, quer advogados, entender a lei da melhor maneira
que lhe conviesse. Logo a hermenutica traz para o mundo jurdico uma
maior segurana no que diz respeito aplicao da lei, e, ao mesmo
tempo, assegura ao legislador uma anteviso de como ser aplicado o
texto legal, antes mesmo que entre em vigor.

10- Explique as interpretaes decorrentes da vontade da lei (mens legis)


e do legislador (mens legislatoris)?

Para estas interpretaes existem duas teorias.


Teoria Subjetiva: entende que a meta da interpretao estudar a
vontade histrico-psicolgica do legislador expressa na norma, porque: 1)
o recurso tcnica histrica da interpretao, aos documentos e s
discusses preliminares, que tiveram importante papel na norma,
incontornvel, logo no se pode negar a vontade do legislador originrio;
2) os fatores objetivos, que porventura determinam a vontade da lei, por
sua vez, tambm esto sujeitos interpretao, logo os que propugnam a
busca da mens legis criaram um subjetivismo curioso que coloca a
vontade do intrprete acima da vontade do legislador, de modo que
aquele seria mais sbio que o legislador e a norma jurdica; 3) a
segurana e a certeza da captao do sentido da norma ficariam a merc
da opinio do intrprete, se se pretendesse obter o vontade da lei.
Teoria Objetiva: Acatada no Brasil, preconiza que, na interpretao, deve-
se ater vontade da lei, mens legis, que, enquanto sentido objetivo,
independe do querer subjetivo do legislador, porque aps o ato legislativo
a lei desliga-se do seu elaborador, adquirindo existncia objetiva. A norma
seria uma "vontade" transformada em palavras, uma fora objetivada
independente do seu autor, por isso, deve-se procurar o sentido iminente
ao texto e no o que seu prolator teve em mira.
(Maria Helena Diniz, Compndio de Introduo Cincia do Direito)
Prova de Hermenutica - Primeira Unidade

Eis a prova de Hermenutica Jurdica aplicada, das 18h30 s 21h, do dia 26/03/2012:

Avaliao: ( x ) AP1 ( ) AP2 ( ) Sub-AP1 ( ) Sub-AP2 ( ) Exame Final

Disciplina: Hermenutica
Cdigo da turma:
Professora: EZILDA MELO CALAZANSData: 26/03/2012

_______________________________________________________________________
Nome do aluno

_______________________________________________________________________
Assinatura do aluno

Questes objetivas: cada questo vale um ponto

Questo 06: valor: 2.0 pontos. Questo 07:valor 3.0 pontos

Analise as seguintes assertivas:

I - O termo hermenutica oriundo de "Hermes", o deus que, na mitologia grega, foi


considerado o inventor da linguagem e da escrita. Hermes tambm tinha a funo de trazer as
instrues dos deuses para o entendimento do ser humano, o que j mostra as ligaes iniciais
entre hermenutica e a teologia. A hermenutica surgiu primeiramente na teologia pag,
depois migrou para a teologia crist, de onde migrou para a filosofia e s depois para o
direito. Na Antiguidade Clssica, recorria-se a Hermes, o mensageiro dos Deuses, pela busca
da verdade escondida. Hermes foi retratado por Homero (no livro "Odisseia") e Hesodo (na
obra "Os trabalhos e os dias") por suas habilidades e considerado benfeitor dos mortais,
portador da boa sorte e tambm das fraudes. Autores clssicos tambm adornaram o mito com
novos acontecimentos. squilo mostrou Hermes a ajudar Orestes a matar Clitemnestra sob
uma identidade falsa e outros estratagemas, e disse tambm que ele era o deus das buscas, e
daqueles que procuram coisas perdidas ou roubadas. Seu atributo caracterstico era a
ambiguidade, pois ao mesmo tempo que era mensageiro dos deuses, era tambm fiel
mensageiro do mundo das trevas. No de se estranhar que a palavra "hermenutica"
encontre consentneos nas palavras "hermeneuein" (interpretar), "hermeneia" (interpretao),
"hermeios" (sacerdote do orculo de Delfos) e "Hermes" (o mensageiro, na mitologia antiga
ocidental).
II - O estudo da hermenutica jurdica, ou seja, a tcnica e os mtodos para a correta
interpretao das leis se torna fundamental para o estudo da cincia do direito.
III - Tanto a norma, quanto a construo da interpretao (sentido) desta norma surgem nos
debates, nas reunies, nas sentenas proferidas por juristas e doutrinadores, que so
intrpretes do Direito.
IV - A hermenutica jurdica tem como objetivo bsico, a interpretao - esclarecer o sentido
e o alcance das expresses jurdicas e a aplicao no caso concreto, porm ela no
exclusivamente um mtodo de interpretao.
Em seguida, marque a opo que as analisa corretamente:
a) Todas as assertivas esto corretas;
b) Todas as assertivas esto erradas.
c) Apenas uma assertiva errada.
d) Apenas duas assertivas so corretas.
e) Nenhuma resposta anterior.

2. Analise a matria abaixo:


O operador de produo Valdecir Kessler, 39 anos, conseguiu na Justia Federal do Paran o
direito de receber o salrio-maternidade. A sua mulher morreu no stimo ms de gestao
devido a complicaes no parto, e ele ficou como nico responsvel por Ariane, uma menina
que nasceu prematura. Este o primeiro caso no regime de iniciativa privada em que
concedida licena-maternidade ao pai, destaca sua advogada, Fabiane Stockmanns. No
servio pblico, um funcionrio da Polcia Federal de Braslia j havia obtido o benefcio. Em
dezembro de 2010, Kessler, que mora na cidade de Toledo (PR) e trabalha num frigorfico,
requisitou o benefcio ao INSS. O pedido foi negado em primeira instncia, pois o rgo o
considerou improcedente sob o fundamento que a legislao concede o benefcio apenas
gestante, no caso a mulher. A empresa tambm se negou a pagar o salrio. O pai ficou quatro
meses em casa cuidando da filha, contando com ajuda de amigos.
Kessler recorreu. Um ano e dois meses depois de dar entrada com o processo, a Justia federal
paranaense considerou o recurso procedente por maioria dos votos. Ele vai receber o valor dos
quatro meses do salrio-maternidade retroativo, com juros e correo monetria. Segundo
Fabiane, a Justia no pode negar um direito por ausncia de previso legal. "A Constituio
prev a proteo da vida da criana. No a me que precisa de cuidados, a criana",
argumentou ela.
Qual mtodo de interpretao foi utilizado pela Justia Federal Paranaense na situao em
epgrafe:
a) Literal.
b) Histrico.
c) Gramatical.
d) Teleolgico.
e) Extensivo.
3. Tomando como base os mtodos interpretativos, marque a nica alternativa incorreta;
a) Mtodo Literal: por meio deste mtodo, o intrprete busca o sentido literal da norma
jurdica. Em um primeiro momento, o intrprete dever dominar o idioma em que a norma
jurdica foi produzida e assim estabelecer uma definio; neste primeiro momento o intrprete
buscaria fixar qual o sentido dos vocbulos do texto normativo.
b) O mtodo lgico, por sua vez, busca desvendar o sentido e o alcance das normas jurdicas,
estudando-a atravs de raciocnios lgicos.
c) Mtodo teleolgico: este mtodo tem como objetivo a interpretao da norma jurdica a
partir do fim social que ela almeja. Desta forma, a norma jurdica seria um meio ou o meio
adequado para se atingir um fim desejado. A interpretao teleolgica oriunda do jurista
Ihering que defende que o Direito no evolui espontaneamente contrapondo-se ao
pensamento de Savigny mas, sim, pela luta.
d) Mtodo sociolgico: Este mtodo permite que o intrprete possa empreender a pesquisa
gentica da norma, pois, usando esse mtodo, o intrprete ir buscar os antecedentes da
norma. Dessa forma, o intrprete ir considerar os motivos que levaram elaborao da
norma jurdica, quais os interesses dominantes que esta norma jurdica buscava resguardar.
Esse mtodo v o Direito como sendo um produto histrico, oriundo da vida social e, desta
forma, capaz de adaptar-se as novas condies e realidades sociais.
Trata-se do mtodo histrico.
e) O mtodo histrico foi desenvolvido por Savigny que trouxe para o Universo Jurdico o
mtodo histrico utilizado nas cincias sociais. Este jurista tinha como objetivo elevar o
Direito categoria de cincia do esprito, da o nome de sua Escola: Escola Histrica do
Direito.

4. Analise como Corretas ou Erradas as seguintes proposies abaixo:


I) Regras Legais de Interpretao encontram-se previstas no art. 4 e 5 da Lei de Introduo
s Normas do Direito: Art. 4. Quando a lei for omissa, o juiz decidir o caso de acordo com a
analogia, os costumes e os princpios gerais do direito. Art. 5. Na aplicao da lei, o juiz
atender aos fins sociais a que ela se dirige e s exigncias do bem comum. Temos ainda que
verificar o resultado da interpretao levando em considerao a nossa Carta Magna, em seu
artigo 3 que estabelecem que constituem objetivos fundamentais da Repblica Federativa do
Brasil: construir uma sociedade livre, justa e solidria; garantir o desenvolvimento nacional;
erradicar a pobreza e a marginalizao e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raa, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminao.
II) Conforme a doutrina majoritria cabe aos doutrinadores e jurisprudncia fixar os critrios
de interpretao. Apesar dessa ser a corrente majoritria, encontramos um grupo de
doutrinadores que se posicionam que as regras de interpretao devem estar previstas nos
cdigos e em normas especficas, de tal sorte que as regras de interpretao iro ter a mesma
fora normativa que as demais normas jurdicas.
III) So trs as espcies de regras de interpretao jurdica: as legais, as cientficas e as da
jurisprudncia.
IV) Conforme Carlos Maximiliano, interpretar explicar, esclarecer; dar o significado o
vocbulo, atitude ou gesto; reproduzir por outras palavras um pensamento exteriorizado;
mostrar o sentido verdadeiro de uma expresso; extrair, de frase, sentena ou norma, tudo o
que a mesma contm.
V) A hermenutica e a interpretao jurdica so os dois pilares estruturais da cincia
jurdica. So essas duas estruturas fundamentais que vo fazer a diferena entre os juristas e
os meros curiosos acerca do universo jurdico. A hermenutica jurdica pode ser conceituada
como uma cincia com um objeto especfico a sistematizao e o estabelecimento das
normas, regras e; ou processos que buscam tornar possvel a interpretao e fixar o sentido e o
alcance das normas jurdicas fazer. Diferentemente do que nos diz Limongi Frana sobre o
conceito de interpretao: a aplicao das regras que foram definidas anteriormente pela
hermenutica, para que assim possamos desenvolver e entender os textos legais. Dessa
forma, a HERMENUTICA JURDICA difere da interpretao jurdica no momento em que
no primeiro caso estamos lidando com uma cincia auxiliar do direito que busca nos dizer
QUAIS SO as formas de se buscar o entendimento das normas jurdicas, enquanto que a
INTERPRETAO JURDICA passa a ser a aplicao dessas formas no texto legal concreto
para se buscar o sentido das normas jurdicas.
Marque a alternativa que as analisa corretamente em ordem sequenciada:
a) Todas as proposies so corretas;
b) Todas as proposies so erradas;
c) Apenas uma proposio errada;
d) Duas proposies apenas so corretas;
e) Nenhuma das respostas anteriores.
5. Marque a alternativa incorreta:
a) Celso Ribeiro Bastos consegue diferenciar a hermenutica jurdica da interpretao jurdica
de forma magistral. Para esse jurista, a hermenutica jurdica seria o conjunto de tintas
disponveis, sendo assim, o hermeneuta, busca encontrar e produzir as mais variadas nuances
de cores de tintas. Por sua vez, o intrprete agiria como um pintor que diante daquelas
possibilidades apresentadas pelas tintas iria utiliz-las para apresentar uma obra-prima.
b) A hermenutica jurdica e interpretao jurdica so expresses correlatas. Porm,
precisamos ressaltar que h uma corrente minoritria que no apresenta o mesmo
entendimento.
c) No mbito do Direito, ao buscarmos a interpretao jurdica, nos deparamos com dois
problemas distintos e perigosos que so a vaguidade e a ambiguidade, j que os dois geram
incertezas e dvidas. Diz-se que a lei ambgua, ou h ambiguidade, quando, por defeito ou
falta de clareza de sua redao, se possa ter dvida em relao a seu verdadeiro sentido, ou
possa ser interpretado de diferentes maneiras. J a vaguidade gera a incerteza com relao aos
limites de seu significado, at onde estar o alcance da norma jurdica a ser interpretada.
d) A doutrina unnime em responder que todas as normas jurdicas so passveis de
interpretao, sejam elas constitucionais ou infraconstitucionais. At mesmo as normas
jurdicas no escritas, como os costumes os princpios gerais do direito esto sujeitas
interpretao.
e) A interpretao doutrinria, ou cientfica, obra dos juristas que, em seus tratados,
compndios, comentrios, prelees, parecerem de estudos jurdicos em geral, analisam os
textos a luz dos princpios filosficos e cientficos do direito. No resulta da autoridade de
quem a pratica, por muito que o conceito e o prestgio de um jurista possam pesar e valer,
resulta, sim, de seu carter cientfico e especulativo, da fora da convico do raciocnio que
envolve.
Questo 06: Questo Conceitual Valor: 2.0
Diferencie Voluntas Legis de Volunta Legislatoris, Mens Legis de Mens
Legislatoris e,em seguida, responda o que o desafio Kelseniano?

Questo 07: CASO PRTICO: As questes hermenuticas suscitam temas ligados ao


texto, ao intrprete e interpretao em si mesma. Valor: 3.0
Analise o caso prtico abaixo tomando como justificativa que existe uma diversidade de
mtodos interpretativos e que os operadores do direito no esto obrigados a realizarem todas
as formas de interpretao antes de chegarem a uma concluso. E por isso que as decises
judiciais, baseadas no mesmo fato, sob o auspcio da mesma norma jurdica, podem
apresentar uma deciso diferenciada entre juzes, porque o entendimento, a interpretao deles
a cerca da norma jurdica pode ser divergente, com base nos mtodos que o magistrado
adotou ou deixou de utilizar.
CASO PRTICO:

Novas formas de famlia impem desafios Justia - Um ex-casal de lsbicas de So Paulo


disputa na Justia a guarda de um menino gerado com os vulos de uma e gestado no tero
da outra (...). como uma famlia qualquer, como se fosse pai e me. Deve-se levar em conta
as condies sociais, psicolgicas e econmicas de cada um e decidir o que melhor para a
criana. J o juiz Edson Namba, especialista em biodireito, pensa que o caso exige ainda
mais cuidado na hora de julgar. No s o fato de ter a guarda. preciso avaliar qual delas
est mais apta para ajudar essa criana a entender esse contexto de ser filha de um casal do
mesmo sexo. Namba afirma que, no caso das enfermeiras, houve infrao tica da clnica de
reproduo que realizou a fertilizao in vitro. A lei clara: a doao de vulo annima.
Isso inviolvel.
Nesta questo queremos uma ADAPTAO DO PRECEITO NORMATIVO AO CASO
CONCRETO. Para tanto, deve-se observar as cinco fases da interpretao, propostas por
Vicente Ro e, em seguida, comentar cada uma delas.

Observao: As normas jurdicas que servem de fundamentao normativa esto logo abaixo das
questes.

a)a anlise direta do fato, ou diagnstico do fato (Tentamos nesta fase entender ou melhor,
apreender esta realidade, que em grande medida aquilo que interpretamos que ela seja. A
realidade(fato) apreendida pelo sujeito e reconstruda por ele. Processo subjetivo de
apreenso do real).
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b) sua qualificao perante o direito, ou diagnstico jurdico. (Neste ponto, tentamos
qualificar o fato em si, relacionando-o ao mundo
jurdico).____________________________________________________________________
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c) a crtica formal e a crtica substancial da norma aplicvel. (A crtica formal ou verificao
formal da existncia da lei, consiste em apurar a autenticidade formal da norma relacionada;
a crtica substancial tende a apurar as condies da validade e vigncia dos preceitos
normativos).
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d) a interpretao desta norma. (Impossvel seria defini-la por uma frmula universalmente
aceita. Por enquanto, podemos aceitar a interpretao como sendo a operao lgica que,
obedecendo aos princpios de leis cientficos ditados pela hermenutica e visando integrar o
contedo orgnico do direito, apura o sentido e os fins das normas jurdicas, ou apura novos
preceitos normativos, para o efeito de sua aplicao e as situaes de fato incidentes na esfera
do direito).
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e) sua aplicao ou adaptao ou fato, ou caso concreto.(Consiste na sujeio de um fato da
vida a uma regra jurdica correspondente, de modo a conseguir determinada consequncia de
direito).
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Complemento da questo: Normas Jurdicas que podem ser utilizadas na questo.


Art. 5 da Constituio Federal: Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade
do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade.
Art. 226 da CF: - A famlia, base da sociedade, tem especial proteo do Estado. 7 -
Fundado nos princpios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsvel, o
planejamento familiar livre deciso do casal, competindo ao Estado propiciar recursos
educacionais e cientficos para o exerccio desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por
parte de instituies oficiais ou privadas

A Lei 8.069 de 13 de julho de 1990 Estatuto da Criana e do Adolescente, em seu artigo 27


dispe: "O reconhecimento do estado de filiao direito personalssimo, indisponvel e
imprescritvel, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer
restrio, observado o segredo de justia".
Lei 9.263/96: Art. 2 Para fins desta Lei, entende-se planejamento familiar como o conjunto
de aes de regulao da fecundidade que garanta direitos iguais de constituio, limitao ou
aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal. Art. 3 O planejamento familiar
parte integrante do conjunto de aes de ateno mulher, ao homem ou ao casal, dentro de
uma viso de atendimento global e integral sade.
Lei de Biossegurana Lei 11.505/05: Art. 5o permitida, para fins de pesquisa e terapia, a
utilizao de clulas-tronco embrionrias obtidas de embries humanos produzidos por
fertilizao in vitro e no utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes
condies: I sejam embries inviveis; ou II sejam embries congelados h 3 (trs) anos
ou mais, na data da publicao desta Lei, ou que, j congelados na data da publicao desta
Lei, depois de completarem 3 (trs) anos, contados a partir da data de congelamento. 1o
Em qualquer caso, necessrio o consentimento dos genitores.
Lei 10.406, art. 1596: Os filhos, havidos ou no da relao de casamento, ou por adoo, tero
os mesmos direitos e qualificaes, proibidas quaisquer designaes discriminatrias relativas
filiao.
RESOLUO CFM N 1.358, DE 1992: O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, no
uso das atribuies que lhe confere a Lei n 3.268, de 30 de setembro de 1957, regulamentada
pelo Decreto 44.045, de 19 de julho de 1958, e
CONSIDERANDO a importncia da infertilidade humana como um problema de sade, com
implicaes mdicas e psicolgicas, e a legitimidade do anseio de super-la;

CONSIDERANDO que o avano do conhecimento cientfico j permite solucionar vrios


dos casos de infertilidade humana;
CONSIDERANDO que as tcnicas de Reproduo Assistida tm possibilitado a procriao
em diversas circunstncias em que isto no era possvel pelos procedimentos tradicionais;
CONSIDERANDO a necessidade de harmonizar o uso destas tcnicas com os princpios da
tica mdica;
CONSIDERANDO, finalmente, o que ficou decidido na Sesso Plenria do Conselho
Federal de Medicina realizada em 11 de novembro de 1992;
RESOLVE: Art. 1 - Adotar as NORMAS TICAS PARA A UTILIZAO DAS
TCNICAS DE REPRODUO ASSISTIDA, anexas presente Resoluo, como
dispositivo deontolgico a ser seguido pelos mdicos.
Art. 2 - Esta Resoluo entra em vigor na data da sua publicao.
NORMAS TICAS PARA A UTILIZAO DAS TCNICAS DE REPRODUO
ASSISTIDA
I - PRINCPIOS GERAIS
1 - As tcnicas de Reproduo Assistida (RA) tm o papel de auxiliar na resoluo dos
problemas de infertilidade humana, facilitando o processo de procriao quando outras
teraputicas tenham sido ineficazes ou ineficientes para a soluo da situao atual de
infertilidade.
2 - As tcnicas de RA podem ser utilizadas desde que exista probabilidade efetiva de sucesso
e no se incorra em risco grave de sade para a paciente ou o possvel descendente.

3 - O consentimento informado ser obrigatrio e extensivo aos pacientes infrteis e doadores.


Os aspectos mdicos envolvendo todas as circunstncias da aplicao de uma tcnica de RA
sero detalhadamente expostos, assim como os resultados j obtidos naquela unidade de
tratamento com a tcnica proposta. As informaes devem tambm atingir dados de carter
biolgico, jurdico, tico e econmico. O documento de consentimento informado ser em
formulrio especial, e estar completo com a concordncia, por escrito, da paciente ou do
casal infrtil.

4 - As tcnicas de RA no devem ser aplicadas com a inteno de selecionar o sexo ou


qualquer outra caracterstica biolgica do futuro filho, exceto quando se trate de evitar
doenas ligadas ao sexo do filho que venha a nascer.
5 - proibido a fecundao de ocitos humanos, com qualquer outra finalidade que no seja a
procriao humana.
6 - O nmero ideal de ocitos e pr-embries a serem transferidos para a receptora no deve
ser superior a quatro, com o intuito de no aumentar os riscos j existentes de multiparidade.
7 - Em caso de gravidez mltipla, decorrente do uso de tcnicas de RA, proibida a utilizao
de procedimentos que visem a reduo embrionria.
Bons Estudos!

GABARITO:
1-A
2-E
3-D
4-A
5-B

Gabarito comentado:

1. 1 - A todas as assertivas esto corretas e de acordo com os slides produzidos para a aula
01 e 02.
2. 2 - E mtodo extensivo
a) Mtodo Literal: interpreta-se literalmente. Art: 392 da CLT: Art. 392. A empregada
gestante tem direito licena-maternidade de 120 (cento e vinte) dias, sem prejuzo do
emprego e do salrio. No esse mtodo, pois o homem no empregada gestante.
b) Mtodo Histrico: o mtodo que busca os antecedentes da norma. No aplicvel ao caso
concreto analisado na questo.
c) Mtodo sociolgico: busca a finalidade social para o qual a norma foi criada. Socialmente,
se buscarmos os antecedentes dos direitos referentes maternidade, perceberemos que foi a
mulher que ensejou a motivao desses direitos, e no o homem, como trazido pelo caso
concreto analisado na questo.
d) Mtodo sistemtico: na utilizao deste mtodo observa-se o entrecruzamento de normas.
Analisa-se a norma jurdica dentro do contexto em que ela est inserida, relacionando-as com
as demais normas do mesmo sistema jurdico, podendo ser o legal ou no. Tambm no foi o
mtodo utilizado na questo.
e) Mtodo extensivo: mtodo contrrio ao restritivo, pois neste mtodo que damos a interpretao
da lei um sentido mais amplo do que aquele expresso pelo legislador. No foi isso que aconteceu
no caso analisado?
3. 3 - D - est incorreta, pois trata do conceito do mtodo histrico e no sociolgico.
4. 4 - A - Todas as proposies so corretas.
5. 5 - B incorreta porque a hermenutica jurdica e interpretao jurdica no so correlatas.
Alm do mais a corrente minoritria que apresenta o entendimento contrrio (que elas so
correlatas).
6.
Questo 06: O erro mais comum nessa questo foi fazer uma simples anlise conceitual das
expresses latinas que compe Voluntas Legis, Voluntas Legilatoris, Mens Legis e
Mens Legislatoris. Para diferenciar essas expresses havia necessidade do aluno se reportar
s fundamentaes doutrinrias que fundamentaram a aula sobre o contedo. Numa questo
conceitual necessrio que o aluno conceitue o que est sendo perguntando na questo.
Sugesto de resposta:
postulado universal da cincia jurdica a tese de que no h norma sem interpretao, ou
seja, toda norma, pelo simples fato de ser posta, passvel de interpretao. Mas, o que deve
preponderar: a vontade da lei ou a vontade do legislador? Esse o grande desafio kelseniano.
Podemos resumir a Voluntas Legislatoris ou Mens Legislatoris, da seguinte forma:
O subjetivismo favorece certo autoritarismo personalista, ao privilegiar a figura do
legislador, pondo sua vontade em relevo. Por exemplo, a exigncia, na poca do nazismo,
de que as normas fossem interpretadas, em ltima anlise, de acordo com a vontade do
Fuhrer bastante significativa. Para os subjetivistas, por ser a cincia jurdica um saber
dogmtico , basicamente, uma compreenso do pensamento do legislador.
J a Voluntas Legis ou Mens Legis:O objetivismo levado ao extremo favorece certo
anarquismo, pois estabelece o predomnimo de uma equidade duvidosa dos intrpretes sobre a
prpria norma ou, pelo menos, desloca a responsabilidade do legislador, na elaborao do
direito, para os intrpretes ainda que legalmente constitudos, chegando-se a afirmar que o
direito o que decidem os tribunais. Os objetivistas afirmam que a vontade do legislador
mera fico, pois o legislador raramente uma pessoa fisicamente identificvel.
A divergncia entre as duas correntes pode ser resumida como sendo o Desafio Kelseniano.
Fundamentao: Trcio Sampaio Ferraz Jnior e Reis Friede

7. Questo 07: Caso Prtico -

Novas formas de famlia impem desafios Justia - Um ex-casal de lsbicas de So Paulo


disputa na Justia a guarda de um menino gerado com os vulos de uma e gestado no tero
da outra (...). como uma famlia qualquer, como se fosse pai e me. Deve-se levar em conta
as condies sociais, psicolgicas e econmicas de cada um e decidir o que melhor para a
criana. J o juiz Edson Namba, especialista em biodireito, pensa que o caso exige ainda
mais cuidado na hora de julgar. No s o fato de ter a guarda. preciso avaliar qual delas
est mais apta para ajudar essa criana a entender esse contexto de ser filha de um casal do
mesmo sexo. Namba afirma que, no caso das enfermeiras, houve infrao tica da clnica de
reproduo que realizou a fertilizao in vitro. A lei clara: a doao de vulo annima.
Isso inviolvel.
Nesta questo queremos que cada aluno faa uma ADAPTAO DO PRECEITO
NORMATIVO AO CASO CONCRETO. Para tanto, o aluno deveria observar as cinco
fases da interpretao (todas explicadas na prova), propostas por Vicente Ro.

a) a anlise direta do fato, ou diagnstico do fato.

Qual o fato jurdico? Disputa na Justia da guarda de um menino por duas mulheres que
conviviam em unio estvel.

b) sua qualificao perante o direito, ou diagnstico jurdico.

Qualificar o fato em si, relacionando-o ao mundo jurdico.


Com informaes do caso apresentando d para qualificar o fato:
- Um ex-casal de lsbicas de So Paulo disputa na Justia a guarda de um menino gerado
com os vulos de uma e gestado no tero da outra;
- Deve-se levar em conta as condies sociais, psicolgicas e econmicas de cada um e
decidir o que melhor para a criana;
- no caso das enfermeiras, houve infrao tica da clnica de reproduo que realizou a
fertilizao in vitro. A lei clara: a doao de vulo annima. Isso inviolvel.

c) a crtica formal e a crtica substancial da norma aplicvel.

Primeiro h necessidade de informar qual norma jurdica foi analisada. Serviu de orientao
para o aluno o art. 5 da CF, o art. 226 da CF; a Lei 8.069/90; a lei 9.263/96; a Lei 11.505/05;
a Lei 10.406/2002/ e a Resoluo CFM 1358/1992.
Utilizaremos para a questo o artigo 5 da CF (todas as normas poderiam ser utilizadas).
Sendo assim, o que que estabelece o artigo 5 da CF? Informa-nos sobre o princpio da
isonomia ou igualdade jurdica. Que significa, em traos gerais, que homens e mulheres so
iguais perante a lei.
Formalmente, trata-se de artigo da Lei Maior de nosso ordenamento, com base na teoria da
hierarquia das normas. Portanto, a base jurdica de soluo do caso a nvel constitucional.
E substancialmente: essa norma para ser aplicada ao caso concreto no pode tratar o casal
homoafetivo de forma diferente de uma unio estvel entre casais heterossexuais. A CF no
comporta discriminao em razo do sexo.

d) a interpretao desta norma.

A norma jurdica que utilizamos foi o artigo 5 da Constituio Federal: Todos so iguais
perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade,
igualdade, segurana e propriedade. Desse modo, entendemos perfeitamente possvel
a utilizao das normas civis referentes ao caso sem fazermos uso da discriminao sexual.
Portanto, trata-se de uma disputa legtima de guarda, por duas partes com interesse na ao.

e) sua aplicao ou adaptao ou fato, ou caso concreto.

Utilizao do artigo 5 da Constituio Federal. Portanto, utilizao do princpio da isonomia


ao caso concreto.

Observao: os alunos podem (e devem) postar comentrios s respostas, ou mesmo


comentar as respostas.

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