Exercicios de Hermeneutica2
Exercicios de Hermeneutica2
Exercicios de Hermeneutica2
A Hermenutica Jurdica tem por objeto o estudo e a sistematizao dos processos aplicveis
para determinar o sentido e o alcance das expresses do Direito. As leis positivas so
formuladas em termos gerais; fixam regras, consolidam princpios, estabelecem normas, em
linguagem clara e precisa, porm ampla, sem descer a mincias. tarefa primordial do
executor a pesquisa da relao entre o texto abstrato e o caso concreto, entre a norma jurdica
e o fato social, isto , aplicar o Direito. Para consegui-lo, se faz mister um trabalho preliminar:
descobrir e fixar o sentido verdadeiro da regra positiva; e, logo depois, o respectivo alcance, a
sua extenso. Em resumo, o executor extrai da norma tudo o que na mesma se contm: o
que se chama interpretar, isto , determinar o sentido e o alcance das expresses do Direito.
(A) As leis disciplinam apenas os casos concretos, por isso s admitem uma interpretao.
Homossexual que perde companheiro tem direito a receber penso. O entendimento foi
reforado pela 3 Turma do Tribunal Regional Federal da 4 Regio, que confirmou sentena e
considerou legal o pagamento de penso ao companheiro de ex-funcionrio pblico federal.
O Supremo Tribunal Federal j decidiu pela primeira vez no mesmo sentido em
dezembro de 2005. O entendimento tambm j foi utilizado na Justia Federal do Rio Grande
do Norte, no Tribunal Regional Federal da 2 Regio e mesmo no Tribunal de Justia de Santa
Catarina. (...)
Aps analisar o recurso, a relatora, juza convocada Vania Hack de Almeida entendeu
que o pagamento do benefcio um direito e que a Constituio consagra o princpio da
igualdade em detrimento da discriminao preconceituosa. unssono o repdio da
jurisprudncia ptria negativa aos companheiros homossexuais dos direitos que so
ordinariamente concedidos aos parceiros de sexos diversos, declarou a relatora. (...).
a) A Juza ao decidir o caso em tela, utilizou-se de algum elemento de integrao das
normas jurdicas?
b) Qual?
c) Identifique no texto o trecho que comprova sua resposta.
Justificativa:
3. Leia o caso a seguir e responda ao que se pede.
Joseph e Aladim so amigos, mas h muito tempo no se viam. Em setembro de 2012 encontraram-
se na porta do frum, ao sarem de suas audincias onde seus filhos lhes pediam alimentos. Durante
a conversa, Pedro comentou que havia sido condenado ao pagamento de penso de alimentos a seus
dois filhos no montante correspondente a 30% de seu salrio. J Joo disse que foi condenado a
pagar 20% de seu salrio a seus quatro filhos.
Sabe-se que na Lei de Alimentos (Lei n 5.478/68) no h previso taxativa acerca do montante da
condenao aos alimentos. Em sendo assim, que tipo de elemento para a integrao das leis o juiz
utilizou para decidir os processos?
Justificativa:
a) equidade;
d) antinomia;
e) hermenutica.
Justificativa:
E) As regras podem estar em oposio tanto a princpios quanto a outras regras, conflito este
que causar ou sua validade, ou sua invalidade; diferentemente, os princpios s podem estar
em oposio a outros princpios, conflito que s poder se resolver pela tcnica da
ponderao.
Justificativa:
10. Acerca das espcies e mtodos clssicos de interpretao adotados pela hermenutica
jurdica, assinale a opo correta.
B) no se revela como fonte do direito, pois a autorizao de seu emprego apenas permite ao
juiz aplicar ao caso concreto normas gerais de justia previamente positivadas no
ordenamento.
C) no se revela como fonte do direito, pois a autorizao de seu emprego apenas permite ao
juiz buscar uma melhor compreenso hermenutica das normas particulares que se aplicam ao
caso concreto.
D) se revela como fonte do direito, pois ela se compe de um conjunto de valores e normas
preexistentes ao ordenamento positivo, os quais incidiro sempre que autorizadas por este.
E) se revela como fonte do direito, pois ela prescreve parmetros para a deciso judicial que
no se apoiam nas normas positivadas no ordenamento.
Justificativa:
A) a analogia tem como principal funo descobrir o sentido e o alcance das normas jurdicas.
C) a analogia juris ocorre quando se formula regra nova, semelhante outra j existente.
E) a analogia afasta a criao de regra nova, mas exige interpretao extensiva de regras j
existentes.
Justificativa:
B) essencial, para que o direito seja coerente e completo, que suas normas decorram de uma
nica fonte ou origem primria, capaz de solucionar definitivamente questes sobre a
identificao de todas as normas jurdicas.
C) A unidade uma caracterstica exclusiva do positivismo jurdico, j que este prope uma
igualdade mnima quanto ao contedo substancial das normas, por compartilharem valores
que assim as unificam como sistema.
D) A ideia de coerncia do sistema jurdico concebida pela negao de que nele possam
permanecer antinomias entre normas de igual ou diferente hierarquia, afirmando que
duas normas antinmicas no podero ser simultaneamente vlidas.
Pode ser denominada autntica quando for emanada do prprio poder que
faz o ato cujo sentido e alcance ela declara.
H certos textos legais que, pela confuso que provocam no mundo
jurdico, levam o prprio legislador a determinar melhor o seu contedo.
Miguel Reale entende que a interpretao autntica somente aquela que
se opera atravs de outra lei, e quando uma lei emanada para
interpretar outra lei, a interpretao no retroage: disciplina a matria tal
como nela foi esclarecido, to somente a partir de sua vigncia.
5- Qual o poder de vinculao das interpretao doutrinaria e
jurisprudencial?
Eis a prova de Hermenutica Jurdica aplicada, das 18h30 s 21h, do dia 26/03/2012:
Disciplina: Hermenutica
Cdigo da turma:
Professora: EZILDA MELO CALAZANSData: 26/03/2012
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Nome do aluno
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Assinatura do aluno
Observao: As normas jurdicas que servem de fundamentao normativa esto logo abaixo das
questes.
a)a anlise direta do fato, ou diagnstico do fato (Tentamos nesta fase entender ou melhor,
apreender esta realidade, que em grande medida aquilo que interpretamos que ela seja. A
realidade(fato) apreendida pelo sujeito e reconstruda por ele. Processo subjetivo de
apreenso do real).
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b) sua qualificao perante o direito, ou diagnstico jurdico. (Neste ponto, tentamos
qualificar o fato em si, relacionando-o ao mundo
jurdico).____________________________________________________________________
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c) a crtica formal e a crtica substancial da norma aplicvel. (A crtica formal ou verificao
formal da existncia da lei, consiste em apurar a autenticidade formal da norma relacionada;
a crtica substancial tende a apurar as condies da validade e vigncia dos preceitos
normativos).
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d) a interpretao desta norma. (Impossvel seria defini-la por uma frmula universalmente
aceita. Por enquanto, podemos aceitar a interpretao como sendo a operao lgica que,
obedecendo aos princpios de leis cientficos ditados pela hermenutica e visando integrar o
contedo orgnico do direito, apura o sentido e os fins das normas jurdicas, ou apura novos
preceitos normativos, para o efeito de sua aplicao e as situaes de fato incidentes na esfera
do direito).
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e) sua aplicao ou adaptao ou fato, ou caso concreto.(Consiste na sujeio de um fato da
vida a uma regra jurdica correspondente, de modo a conseguir determinada consequncia de
direito).
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GABARITO:
1-A
2-E
3-D
4-A
5-B
Gabarito comentado:
1. 1 - A todas as assertivas esto corretas e de acordo com os slides produzidos para a aula
01 e 02.
2. 2 - E mtodo extensivo
a) Mtodo Literal: interpreta-se literalmente. Art: 392 da CLT: Art. 392. A empregada
gestante tem direito licena-maternidade de 120 (cento e vinte) dias, sem prejuzo do
emprego e do salrio. No esse mtodo, pois o homem no empregada gestante.
b) Mtodo Histrico: o mtodo que busca os antecedentes da norma. No aplicvel ao caso
concreto analisado na questo.
c) Mtodo sociolgico: busca a finalidade social para o qual a norma foi criada. Socialmente,
se buscarmos os antecedentes dos direitos referentes maternidade, perceberemos que foi a
mulher que ensejou a motivao desses direitos, e no o homem, como trazido pelo caso
concreto analisado na questo.
d) Mtodo sistemtico: na utilizao deste mtodo observa-se o entrecruzamento de normas.
Analisa-se a norma jurdica dentro do contexto em que ela est inserida, relacionando-as com
as demais normas do mesmo sistema jurdico, podendo ser o legal ou no. Tambm no foi o
mtodo utilizado na questo.
e) Mtodo extensivo: mtodo contrrio ao restritivo, pois neste mtodo que damos a interpretao
da lei um sentido mais amplo do que aquele expresso pelo legislador. No foi isso que aconteceu
no caso analisado?
3. 3 - D - est incorreta, pois trata do conceito do mtodo histrico e no sociolgico.
4. 4 - A - Todas as proposies so corretas.
5. 5 - B incorreta porque a hermenutica jurdica e interpretao jurdica no so correlatas.
Alm do mais a corrente minoritria que apresenta o entendimento contrrio (que elas so
correlatas).
6.
Questo 06: O erro mais comum nessa questo foi fazer uma simples anlise conceitual das
expresses latinas que compe Voluntas Legis, Voluntas Legilatoris, Mens Legis e
Mens Legislatoris. Para diferenciar essas expresses havia necessidade do aluno se reportar
s fundamentaes doutrinrias que fundamentaram a aula sobre o contedo. Numa questo
conceitual necessrio que o aluno conceitue o que est sendo perguntando na questo.
Sugesto de resposta:
postulado universal da cincia jurdica a tese de que no h norma sem interpretao, ou
seja, toda norma, pelo simples fato de ser posta, passvel de interpretao. Mas, o que deve
preponderar: a vontade da lei ou a vontade do legislador? Esse o grande desafio kelseniano.
Podemos resumir a Voluntas Legislatoris ou Mens Legislatoris, da seguinte forma:
O subjetivismo favorece certo autoritarismo personalista, ao privilegiar a figura do
legislador, pondo sua vontade em relevo. Por exemplo, a exigncia, na poca do nazismo,
de que as normas fossem interpretadas, em ltima anlise, de acordo com a vontade do
Fuhrer bastante significativa. Para os subjetivistas, por ser a cincia jurdica um saber
dogmtico , basicamente, uma compreenso do pensamento do legislador.
J a Voluntas Legis ou Mens Legis:O objetivismo levado ao extremo favorece certo
anarquismo, pois estabelece o predomnimo de uma equidade duvidosa dos intrpretes sobre a
prpria norma ou, pelo menos, desloca a responsabilidade do legislador, na elaborao do
direito, para os intrpretes ainda que legalmente constitudos, chegando-se a afirmar que o
direito o que decidem os tribunais. Os objetivistas afirmam que a vontade do legislador
mera fico, pois o legislador raramente uma pessoa fisicamente identificvel.
A divergncia entre as duas correntes pode ser resumida como sendo o Desafio Kelseniano.
Fundamentao: Trcio Sampaio Ferraz Jnior e Reis Friede
Qual o fato jurdico? Disputa na Justia da guarda de um menino por duas mulheres que
conviviam em unio estvel.
Primeiro h necessidade de informar qual norma jurdica foi analisada. Serviu de orientao
para o aluno o art. 5 da CF, o art. 226 da CF; a Lei 8.069/90; a lei 9.263/96; a Lei 11.505/05;
a Lei 10.406/2002/ e a Resoluo CFM 1358/1992.
Utilizaremos para a questo o artigo 5 da CF (todas as normas poderiam ser utilizadas).
Sendo assim, o que que estabelece o artigo 5 da CF? Informa-nos sobre o princpio da
isonomia ou igualdade jurdica. Que significa, em traos gerais, que homens e mulheres so
iguais perante a lei.
Formalmente, trata-se de artigo da Lei Maior de nosso ordenamento, com base na teoria da
hierarquia das normas. Portanto, a base jurdica de soluo do caso a nvel constitucional.
E substancialmente: essa norma para ser aplicada ao caso concreto no pode tratar o casal
homoafetivo de forma diferente de uma unio estvel entre casais heterossexuais. A CF no
comporta discriminao em razo do sexo.
A norma jurdica que utilizamos foi o artigo 5 da Constituio Federal: Todos so iguais
perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade,
igualdade, segurana e propriedade. Desse modo, entendemos perfeitamente possvel
a utilizao das normas civis referentes ao caso sem fazermos uso da discriminao sexual.
Portanto, trata-se de uma disputa legtima de guarda, por duas partes com interesse na ao.