O Estudo Guitarra Eletrica PDF
O Estudo Guitarra Eletrica PDF
O Estudo Guitarra Eletrica PDF
O Estudo da Tecnica da
Guitarra Eletrica
9 de marco de 2010
Hugo L. Ribeiro
1 versao iniciada em Agosto de 2008
Hugo Ribeiro iniciou seus estudos de guitarra eletrica em 1991. Em 1995 entrou para o
curso de Composicao e Regencia na Escola de Musica da UFBA, graduando-se no ano
de 2000. Em seguida cursa o mestrado e logo apos o doutorado em Etnomusicologia
na mesma instituicao. Desde 2008 e professor adjunto nas disciplinas de Estruturacao
Musical do curso de Licenciatura em Musica da UFS. Desde 1993 participa de grupos
musicais diversos (Blues, MPB, Heavy Metal, Pop-Rock, Forro, orquestra de camara e
orquestras sinfonicas) tanto em Aracaju-SE, quanto em Salvador-BA. Em 2010 mudou-
se para Braslia, onde leciona no Departamento de Musica da UnB.
i
Sumario
ii
Lista de Figuras
iii
Prefacio
Esse metodo sobre o Estudo da Tecnica da Guitarra Eletrica surgiu a partir de minha
experiencia de mais de quinze anos como professor de guitarra. Gostaria de iniciar
comentando minha experiencia no aprendizado de diversos instrumentos, e como cada
contato com um novo professor foi transformando minha visao sobre o ensino tecnico-
instrumental, o que culminou nesse livro.
iv
um curso superior em musica em Salvador no qual esse guitarrista estudava Licencia-
tura em Musica. Foi o tempo de me preparar para a prova de conhecimentos especficos
e ingressar no curso de Composicao e Regencia.
Durante a graduacao em musica tive a oportunidade de estudar violao durante
tres anos, dois anos de piano e um ano de violino. Foi durante esse perodo que tive
maior contato com metodos tecnico-instrumentais, e pude analisar como eles estavam
sistematizados e sob quais princpios tal sistematizacao era baseada. Ao assistir mas-
terclass de diversos instrumentistas nacionais e internacionais de grande reputacao que
iam se apresentar em Salvador, aprendi muito sobre a importancia do relaxamento e
da importancia da busca por uma melhor qualidade sonora.
Foi em meados de 1998 que comecei a me interessar mais pelas questoes do processo
de ensino/aprendizagem da tecnica instrumental da guitarra eletrica. Foi nesse perodo
que comecei a me dar conta que meu aprendizado da tecnica de guitarra eletrica tinha
sido, ate entao, muito esparso e nao sistematizado, no sentido de nao ter uma logica
progressiva de aquisicao de uma habilidade especfica. Eu sabia tocar muitas musicas
e muitos solos de guitarristas famosos, mas nao sabia como cheguei ate aquele estagio.
Ao mesmo tempo, determinadas passagens musicais eram mais difceis para mim do
que outras passagens. E eu nao sabia como resolver o problema.
A maior parte do meu aprendizado tecnico vinha da pura imitacao gestual de vdeo-
aulas importadas de guitarristas como Vinnie Moore, Paul Gilbert e Frank Gambale.
Tal imitacao sem reflexao, ou orientacao, levou-me a desenvolver uma pessima tecnica
de palhetada, no sentido de tocar tenso e com muito mais movimento do que o ne-
cessario, resultando numa limitacao na velocidade, clareza e fluencia melodica.
Ao mesmo tempo me chamou a atencao o preconceito que rondava a palavra
tecnica no meio guitarrstico. Frases como esse e um guitarrista muito tecnico,
significava tanto que tal instrumentista e muito bom quanto que esse instrumentista
nao possua feeling. Ser um guitarrista com uma tecnica apurada parece nao ser algo
bem visto no meio popular. Isso provavelmente se deve por dois motivos presentes
entre musicos populares: 1) ao proprio conceito de musica como dom divino ou como
expressao de sentimentos; 2) a relacao entre ser instrumentista e ser compositor. Logo,
desenvolver uma tecnica bem apurada seria menos importante do que ser um bom
compositor.
Tal situacao se inverte quando percorremos crculos da chamada musica classica.
Entre esses ha uma separacao bem definida, pelo menos nos ultimos 150 anos, entre
compositores e interpretes. Nesse sentido, tais interpretes passam anos de suas vidas
se dedicando ao estudo da tecnica instrumental, na tentativa de tocar determinadas
musicas de forma mais clara e com uma interpretacao mais limpa.
Essa dicotomia tambem esta presente nas palestras e encontros entre musicos mais
experientes e musicos aprendizes. Na musica popular existem os workshops, nos quais
os musicos convidados tocam musicas para uma plateia passiva que posteriormente,
em geral, faz perguntas sobre a tecnica pessoal daquele instrumentista, esperando,
dessa forma, entender como ele consegue compor e executar suas musicas daquela
forma especfica. Na musica classica existem os masterclass, no qual a plateia parti-
cipa ativamente, tocando trechos de musicas conhecidas para que o professor possa dar
conselhos sobre como melhorar a interpretacao daquele trecho, enfatizando algumas
notas, ou dando conselhos sobre a tecnica do aprendiz. Num workshop a atencao esta
voltada para a capacidade musical do instrumentista convidado. Num masterclass a
atencao esta voltada para o desenvolvimento e melhora da capacidade tecnica dos estu-
v
dantes. Num workshop e o convidado quem executa as musicas e a plateia assiste sem
comentar. Num masterclass sao os estudantes que executando as musicas e o professor
assiste, fazendo comentarios sobre a execucao. Por fim, nos workshops, pelo menos os
de guitarra, o ponto principal, em geral, esta na capacidade criadora do convidado,
levantando pontos sobre harmonia e improvisacao, enquanto que nos masterclass a
atencao esta voltada para problemas tecnicos que vao gerar limitacoes interpretativas.
Ter uma tecnica invejavel e o ponto maximo que um interprete de musica classica
pode almejar. Ser reconhecido como um bom compositor, com uma caracterstica
pessoal inconfundvel parece ser o principal objetivo dos musicos populares. Mas sera
que uma coisa realmente anula a outra?
vi
Captulo 1
r
rr r
1 3 4 3 1 3 4 3 1 2 4 2
8 8 8
# 2 4 5 4 # 4 6 7 6 4 5 7 5
O Exemplo 1 devera ser executado na corda sol, usando somente os seguintes dedos
da mao esquerda (destros): 1 - indicador; 3 - anular e 4 - mnimo.
1
Uma transposicao cromatica mantem os mesmos intervalos de uma melodia, enquanto que uma
transposicao diatonica adequa os intervalos a tonalidade utilizada.
1.1 Explicacoes Iniciais 2
2222 2 22 222
Ritmo 1 Ritmo 2 Ritmo 3
3
22 2 2222 [[[
Ritmo 4 Ritmo 5 Ritmo 6
2 2 22 2 222 222 2
Ritmo 7 Ritmo 8 Ritmo 9
22 22 2 22 2 22 2 2
Ritmo 13 Ritmo 14 Ritmo 15
Essas quinze figuras rtmicas sao somente algumas das possibilidades para execucao,
seja do Exemplo 1, 2 ou 3. Varias combinacoes sao possveis desde a repeticao contnua
de uma unica celula rtmica, ate a mudanca contnua entre as celulas, seja na ordem
escrita ou aleatoria. Por exemplo, no caso de repetir o mesmo padrao rtmico, duas
possibilidades podem surgir:
42 89
1 3 4 3 1 3 4 3
8 8
2 4 5 4
2 4 5 4 2 4 5 4 2 4 5 4
Combinacao 1 Combinacao 2
Exemplo 1 com Ritmo 1 Exemplo 1 com Ritmo 7
89 89
1 3 4 3 1 2 4 2
8 8
4 6 7 6 4 6 7 6 4 6 7 6
4 5 7 5 4 5 7 5 4 5 7 5
Combinacao 3 Combinacao 4
Exemplo 2 com Ritmo 13 Exemplo 3 com Ritmo 15
42 4
3 3
1 3 4 1 3 4
2
8 8
2 4 5 4 2 4 5 4 2 4 5 4
4 6 7 6 4 6 7 6 4 6 7 6
Combinacao 5 Combinacao 6
Exemplo 1 com Ritmo 2 Exemplo 2 com Ritmo 4
86
8
4 5 7 5 4 5 7 5 4 5 7 5 4 5 7 5 4 5 7 5
Combinacao 7
Exemplo 3 com Ritmo 10
86
8
4 5 7 5 4 5 7 5 4 5 7 5 4 5 7 5 4 5 7 5
Combinacao 8
Exemplo 3 com Ritmo 11
1.2 Exerccios Sobre 1 Corda - posicao fixa 4
Alem de repetir o mesmo padrao ritmico, podemos combinar varios padroes ritmicos
sobre o mesmo Exemplo, tal como na Combinacao 9.
42
8
4 6 7 6 4 6 7 6 4 6 7 6 4
Combinacao 9
Exemplo 2 com Ritmos 1, 2, 3 e 4
1. Que estamos limitando o uso da mao direita a palhetadas sobre uma mesma
corda. Nao ha forma mais facil e simples de se tocar uma guitarra do que fi-
car palhetando sobre uma mesma corda. Porem, devemos aproveitar essa li-
mitacao para melhorar ao maximo nossa tecnica de palhetada. Sugiro que, em
todos os exerccios utilize-se sempre palhetadas alternadas, procurando nao repe-
tir o mesmo movimento duas vezes (duas palhetadas para baixo, por exemplo).
Observe o movimento mnimo necessario para se conseguir tocar a corda com a
palheta na fig. 1.1. Neste exemplo, so e necessario o uso do movimento das falan-
ges do polegar e do dedo indicador. O movimento do indicador e semelhante ao
movimento de puxar o gatilho de uma pistola. Esse movimento contrai o polegar
e e utilizado para executar a palhetada para cima. Ao relaxar o polegar, nos
realizamos o movimento de palhetada para baixo. Procure limitar seus movi-
mentos as falanges citadas, e lembre-se sempre de relaxar os demais musculos do
braco direito, principalmente o ombro.
2. Apos a tecnica de Mao Direita (MD) for bem trabalhada, voce nao se preocupa
mais com a MD e passa a prestar mais atencao aos movimentos da Mao Esquerda
(ME). Como estes exerccios envolvem uma unica posicao de ME, sem nenhum
movimento horizontal, isto e, troca de posicao, tais exerccios irao trabalhar,
principalmente, a independencia de dedos da ME, assim como a coordenacao
1.2 Exerccios Sobre 1 Corda - posicao fixa 5
1 3 4 1 3 4 1 3 4 3
8 8 8
# 2 4 5 # 2 3 5 # 2 4 5 4
1 2 4 2 1 4 3 4 1 4 2 4
8 8 8
# 2 3 5 3 # 2 5 4 5 # 2 5 3 5
rrrr
1 2 3 2 2 3 4 3 1 2 3 4
8 8 8
2 3 4 3 3 4 5 4 # 2 3 4 5
1 2 3 4 3 2 1 2 4 3 1 3 4 2
8 8 8
# 2 3 4 5 4 3 # 2 3 5 4 # 2 4 5 3
rrrr
1 4 3 2 1 4 2 3 4 1 3 1
8 8 8
# 2 5 4 3 # 2 5 3 4 5 2 4 2
r r r r
4 1 2 1 4 1 3 2 4 2 3 1
8 8 8
5 2 3 2 # 5 2 4 3 5 3 4 2
42 42
8 3 8
2 4 5 2 3 5 2 4 5 2 3 5 2 5 4 5 2 5 4 5 2 3 4 5
Combinacao 10 Combinacao 11
Exerccios 1 e 2 com Ritmos 2, 3, 4 e 6 Exerccios 5, 7 e 8 com Ritmos 1 e 5
Segue o mesmo padro de digitao.
42
1 3 4 1 3 4 1 3 4 1 3 4
2 4 5 3 5 6 4 6 7 5 7 8 6 8 9 7 9 10 8 10 11 9 11 12 10 12 13 11 13 14
Exerccio 19
Cromatico, ascendente, semitom (segunda menor)
42
1 3 4 1 3 4
2 4 5 4 6 7 6 8 9 8 10 11 10 12 13 12 14 15 14 16 17 16 18 19
Exerccio 20
Cromatico, ascendente, tom inteiro (segunda maior)
4 3 1 4 3 1 4 3 1 4 3 1
42
8
14 13 11 13 12 10 12 11 9 11 10 8 10 9 7 9 8 6 8 6 5 7 6 4 6 5 3 5 4 2
Exerccio 21
Cromatico, descendente, semitom (segunda menor)
4 3 1 4 3 1 4 3 1 4 3 1
86
8
18 17 15 16 15 13 14 13 11 12 11 9 10 9 7 8 6 5 6 5 3 4 3 1
Exerccio 22
Cromatico, descendente, tom inteiro (segunda maior)
1 2 4 1 3 4 1 2 4 1 2 4 1 2 4 1 3 1
4 2 4 1 2 4 1
42
8
2 4 6 4 6 7 6 7 9 7 9 11 9 11 13 11 13 14 13 14 16 14 16 18 14
1.3 Exerccios Sobre 1 Corda com mudanca de posicao 8
Exerccio 23
Diatonico (La Maior), ascendente
4 3 1 4 2 1 4 2 1 4 2 1 4 3 1 4 2 4
1 2 1 4 3 1 3 4
86
8
20 19 17 19 17 15 17 15 13 15 13 12 13 12 10 12 10 8 10 8 7 8 7 5 7 8
Exerccio 24
Diatonico (Mi bemol Maior), descendente