Ligantes em Servico e Pavimentacao

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GUIA TCNICO

UTILIZAO DE
LIGANTES ASFLTICOS

CERATTI, BERNUCCI & SOARES


EM SERVIOS DE
PAVIMENTAO

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Jorge Augusto Pereira Ceratti
Liedi Bariani Bernucci
www.abeda.org.br Jorge Barbosa Soares
UTILIZAO DE
LIGANTES ASFLTICOS
EM SERVIOS DE
PAVIMENTAO

Jorge Augusto Pereira Ceratti


Liedi Bariani Bernucci
Jorge Barbosa Soares

1a Edio
Rio de Janeiro
2015
APOIO

ABEDA Associao Brasileira das Empresas Distribuidoras de Asfaltos

Copyright 2015 Jorge Augusto Pereira Ceratti, Liedi Bariani Bernucci e


Jorge Barbosa Soares

PROJETO GRFICO E DIAGRAMAO


Trama Criaes de Arte

REVISO DE TEXTO
Mariflor Rocha

IMPRESSO
GRUPO SMART PRINTER

Utilizao de ligantes asflticos em servios de pavimentao / Jorge


Augusto Pereira Ceratti... [et al.]. Rio de Janeiro : ABEDA,
2015.
144 f. : il.

Inclui Bibliografias.
Apoio ABEDA

1. Asfalto. 2. Ligante 3. Pavimentao. 4. Revestimento asfltico.


4. Mistura.
I. Ceratti, Jorge Augusto Pereira. II. Bernucci, Liedi Bariani.
III. Soares, Jorge Barbosa.
GUIA TCNICO

UTILIZAO DE
LIGANTES ASFLTICOS
EM SERVIOS DE
PAVIMENTAO

Jorge Augusto Pereira Ceratti


Liedi Bariani Bernucci
Jorge Barbosa Soares
JORGE AUGUSTO PEREIRA CERATTI
Engenheiro civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(1976). Possui mestrado em Engenharia Civil pela mesma Universi-
dade (1979). Concluiu o doutorado em Engenharia Civil pela Universi-
dade Federal do Rio de Janeiro em 1991. Atualmente professor titular
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, professor do Programa
de Ps-Graduao em Engenharia Civil da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, coordenador do Laboratrio de Pavimentao da
Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
consultor ad hoc do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico
e Tecnolgico, membro da Comisso de Asfalto do Instituto Brasileiro
de Petrleo, Gs e Biocombustveis e conselheiro ad hoc da Revista
Pavimentao da Associao Brasileira de Pavimentao. Publicou
mais de 200 trabalhos, formou alunos de graduao, de mestrado e
de doutorado, foi coordenador da Comisso de Asfalto do IBP - Insti-
tuto Brasileiro de Petrleo, Gs e Biocombustvel em 2010, coordena
projetos de pesquisa financiados por rgos de fomento, agncias e
por empresas pblicas e privadas. Atua como consultor na rea de
Engenharia Civil, com nfase em pavimentos.

LIEDI BARIANI BERNUCCI


Veronica Castelo Branco

Graduada em Engenharia Civil pela Escola Politcnica da Universidade


de So Paulo (1981), possui mestrado em Engenharia Geotcnica pela
Universidade de So Paulo (1987), tendo feito pesquisa para seu mes-
trado no Institut Fuer Grundbau und Bodenmechanik - Eidgenoess-
ische Technische Hochschule Zrich, ETHZ, Sua, onde permaneceu
de 1984 a 1986. Retornou mesma Instituio sua para seu dou-
torado sanduche com bolsa da Fapesp (1988-1989) e finalizou seu
doutorado em Engenharia de Transportes pela Universidade de So
Paulo (1995). Realizou sua livre-docncia em 2001 e tornou-se em
2006 professora titular da Escola Politcnica da Universidade de So
Paulo, da qual docente desde 1986. Foi chefe do Departamento de
Engenharia de Transportes da Escola Politcnica da USP por 7 anos
no total, cargo que ocupou at maro de 2014. atualmente vice-dire-
tora da Escola Politcnica (2014-2018). Atua na rea de infraestrutura
de transportes: vias urbanas, rodovias, aeroportos e ferrovias. For-
mou alunos de graduao, de mestrado e de doutorado; supervisionou
ps-doutorados; autora do livro Pavimentao asfltica: formao
bsica para engenheiros, juntamente com Laura M.G. Motta, Jorge A.
P. Ceratti e Jorge B. Soares; publicou cerca de 200 trabalhos; foi edi-
tora da Transportes, de 1999 a 2003; coordena projetos de pesquisa
financiados por rgos de fomento, agncias e por empresas pblicas
e privadas; foi coordenadora da Comisso de Asfalto do IBP - Instituto
Brasileiro de Petrleo, Gs e Biocombustvel em 2007, coordenou e
colaborou com alguns eventos nacionais e internacionais na rea de
pavimentos. Participa de diversas associaes e grupos de trabalhos
de normalizao e estudos.

JORGE BARBOSA SOARES


Engenheiro civil pela Universidade Federal do Cear (1991). MSc.
(1994) e Ph.D. (1997) em Engenharia Civil pela Texas A&M Univer-
sity. Hoje professor titular da UFC e diretor de Pesquisa do Centro
de Tecnologia da UFC. Foi chefe do Departamento de Engenharia de
Transportes da UFC entre 2011 e 2014. Coordena o Laboratrio de
Mecnica dos Pavimentos da UFC e a Rede Asfalto N/NE, uma inicia-
tiva que envolve 10 universidades em 10 estados. J atuou como con-
sultor em diversos projetos rodovirios, e coordenou vrios projetos
de pesquisa e formao de recursos humanos junto Funcap, Finep,
Capes, CNPq e ANP. Presidiu a organizao de importantes eventos
nacionais e internacionais na rea (Anpet, Sinappre, ABPv, Isap, IBP).
Coordenou a Comisso de Asfalto do IBP/ABNT em 2013, sendo seu
integrante desde 2003. editor associado da revista Transportes da
Anpet, entidade da qual foi diretor entre 2008 e 2014, membro do
Corpo Editorial do Road Materials and Pavement Design Journal, e
revisor das principais revistas internacionais da rea de pavimentao.
Entre os prmios recebidos esto quatro vezes o Prmio Petrobras
de Tecnologia, IBP, CNT, ABPv, Mrio Kabalen Reston. J formou 33
alunos de ps-graduao (mestrado e doutorado), orientou sete ps-
doutorandos, e possui diversas publicaes nos principais peridicos
e congressos tcnico/cientficos nacionais e internacionais na rea de
pavimentao.
APRESENTAO

Caro leitor,

O asfalto sinnimo de progresso e representa o desenvolvimento socioeconmico


de um pas. Encurta distncias, movimenta a cadeia produtiva nacional, facilita o escoa-
mento da produo do pequeno, mdio e grande produtor, seja na pecuria, agricultura,
indstria de bens e servios, entre outros. Alm disso, ele democratiza e viabiliza o
acesso de qualquer cidado aos servios de sade, educao, lazer e transporte com
muito mais dinamismo, conforto e rapidez, promovendo uma melhor qualidade de vida.

E, justamente por entender a importncia desse nobre derivado do petrleo e o im-


pacto que ele tem na sociedade como um todo, que a Abeda Associao Brasileira
das Empresas Distribuidoras de Asfaltos, cumprindo o seu papel social, est entregando
comunidade cientfica, acadmica e tcnica, o Guia Tcnico de Utilizao de Ligantes
Asflticos em Servios de Pavimentao, cujo intuito nortear os agentes atuantes da
rea de engenharia rodoviria (tcnicos, projetistas, alunos e professores) na aplicao
de ligantes asflticos, apresentando solues tecnolgicas especficas, indicando o uso,
o processo de produo e execuo em servios de pavimentao rodoviria no Brasil.

O Guia Tcnico est dividido em trs grandes etapas: Tipos de Ligantes e Reves-
timentos Asflticos; Seleo de Camadas Asflticas para Obras de Pavimentao; e
Construo e Controle Tecnolgico. Ele foi preparado criteriosamente por uma equipe
de profissionais com larga experincia no ramo, liderada pelo professor doutor da Uni-
versidade Federal do Rio Grande do Sul Jorge Augusto Pereira Ceratti, pela profes-
sora doutora da Universidade de So Paulo Liedi Bariani Bernucci, e pelo professor
doutor da Universidade Federal do Cear Jorge Barbosa Soares. Entre tantas outras
publicaes, estes autores tambm so responsveis pelo livro Pavimentao Asfltica:
Formao Bsica para Engenheiros.

Alm deste Guia Tcnico, que contribuir fortemente para o acervo bibliogrfico da
rea, voc receber um anexo com encarte contendo as mais variadas especificaes
dos produtos, cujas tabelas sero atualizadas e disponibilizadas para o mercado, com o
apoio da Abeda, sempre que for necessrio.

Desejamos que voc se debruce sobre este trabalho e faa dele seu manual de
consultas tcnicas para elaborao de projetos, pesquisas, oramentos e nas escolhas
das mais diversas aplicaes prticas de ligantes e misturas asflticas, apropriados a
diferentes volumes de trfego. Certamente embasaro o trabalho dirio daqueles que
lidam com a malha rodoviria em seus diversos segmentos.

Jos Alberto Pin Gonzalez


Presidente da Abeda
Associao Brasileira das Empresas Distribuidoras de Asfaltos
PREFCIO

A ideia do presente livro, pensado como uma espcie de guia prtico para o uso
de ligantes asflticos convencionais e modificados em pavimentos, foi de com-
plementar o captulo de ligantes do livro Pavimentao Asfltica formao b-
sica para Engenheiros que tambm conta com a participao dos autores, alm
de outras publicaes existentes no pas. No prefcio daquele livro antecipva-
mos que o mesmo seria uma via que poderia estimular novas vias, da mesma
forma que uma estrada possibilita a construo de outras tantas. Entre as pos-
sibilidades de novos textos de referncia, entendemos que o dimensionamento
de pavimentos asflticos essencial. Este tema tem progredido sobremaneira
no Brasil em tempos recentes, valendo citar o desenvolvimento em curso do
novo mtodo de dimensionamento que ser lanado nos prximos anos, numa
parceria entre Petrobras, universidades e DNIT, e da qual os autores participam.
Apesar da necessidade da atualizao do mtodo nacional de dimensionamento
de modo a possibilitar a considerao de tecnologias modernas, o Brasil j usa
h anos asfaltos com aditivos e misturas asflticas especiais cujos benefcios
devem ser levados em considerao num projeto de pavimentos. Observa-se no
pas, contudo, uma carncia de material tcnico contendo a experincia local
e com instrues sobre a aplicao apropriada das diferentes alternativas de
ligantes e misturas asflticas para solues tecnolgicas especficas. Julgou-se
ento oportuno o desenvolvimento de um material bibliogrfico prtico sobre a
utilizao dos ligantes asflticos em servios de pavimentao, considerando
aspectos relativos ao trfego, clima e estrutura do pavimento, visando sempre
ao melhor desempenho do revestimento.

Embora este livro possa perfeitamente ser usado como suporte adicional a es-
tudantes e docentes de disciplinas de infraestrutura de transportes, os autores
buscaram atender a uma demanda de engenheiros e tcnicos da rea de pa-
vimentao no que diz respeito a sugerir a definio daquelas situaes mais
apropriadas para utilizar a gama de ligantes asflticos hoje disponveis e asso-
ciados a tecnologias de uso j consagrado.

A experincia anterior de cooperao em projetos de pesquisa, orientaes de


alunos e na produo de um livro didtico ajudou os autores em mais esta cons-
truo conjunta. Partiu-se de referncias existentes e delimitou-se o trabalho,
focando-se no uso de ligantes e misturas asflticas. Competncias e distribuio
dos assuntos foram devidamente dosadas entre os trs autores. Registramos
os nossos agradecimentos a alguns colegas por seus valiosos comentrios e
sugestes: profa. dra. Laura Maria Goretti da Motta (Coppe/UFRJ), eng. Alfredo
Monteiro de Castro Neto (Dersa) e profa. dra. Vernica Teixeira Franco Castelo
Branco (UFC). Agradecimentos tambm so devidos aos nossos alunos, cole-
gas de trabalho e colegas da Comisso de Asfaltos do IBP (Instituto Brasileiro
de Petrleo, Gs e Biocombustvel) com os quais os nossos textos acabam se
misturando na busca por contribuir para os melhores caminhos necessrios
formao profissional. Como nas vias reais, espera-se que este texto seja com-
plementado medida que surjam novos desenvolvimentos e que se atualizem
as normas tcnicas nacionais, estimulando-se o surgimento de outros textos, na
contnua melhoria e ampliao do conhecimento da pavimentao.

Agradecemos o inestimvel apoio da Abeda Associao Brasileira dos Distri-


buidores de Asfaltos, que nos convidou para este novo desafio. Nossos mais
cordiais agradecimentos aos tcnicos da Abeda, eng. Rafael Maral Martins de
Reis, eng. Luiz Henrique Teixeira e eng. Wander Omena que colaboraram de
forma preciosa para que chegssemos ao cabo desta misso.

Desejamos uma boa leitura a todos os interessados e que tenhamos contribudo


para a melhoria da pavimentao nacional.

Os autores
SUMRIO

1 TIPOS DE LIGANTES ASFLTICOS E REVESTIMENTOS ASFLTICOS 13


1.1 CLASSIFICAO BRASILEIRA DE ASFALTOS, PRODUTOS ASFLTICOS
MODIFICADOS, ASFALTOS DILUDOS E EMULSES 13
1.1.1 ASFALTO MODIFICADO POR POLMERO 14
1.1.2 ASFALTO BORRACHA 15
1.1.3 ASFALTO DE BAIXA PENETRAO 15
1.1.4 CAP TLA 15
1.1.5 ASFALTOS DILUDOS DE PETRLEO 16
1.1.6 EMULSES ASFLTICAS 16
1.2 REVESTIMENTOS ASFLTICOS
USINADOS A QUENTE, MORNOS, A FRIO, RECICLADOS 18
1.2.1 MISTURAS ASFLTICAS USINADAS A QUENTE 20
1.2.2 MISTURAS ASFLTICAS MORNAS 31
1.2.3 MISTURAS ASFLTICAS USINADAS A FRIO 33
1.2.4 MISTURAS ASFLTICAS RECICLADAS 33
1.3 TRATAMENTOS SUPERFICIAIS 35
1.3.1 LAMA ASFLTICA 35
1.3.2 MICRORREVESTIMENTO ASFLTICO A FRIO MRAF 36
1.3.3 TRATAMENTO SUPERFICIAL POR PENETRAO 36
1.3.4 OUTROS TIPOS DE TRATAMENTOS SUPERFICIAIS 38

2 SELEO DE CAMADAS ASFLTICAS PARA OBRAS DE PAVIMENTAO 41


2.1 CONDICIONANTES PARA UM PROJETO DE PAVIMENTO 41
2.1.1 TRFEGO E PERODO DE PROJETO 41
2.1.2 GEOMETRIA DA VIA E CONDICIONANTES DO RELEVO 46
2.1.3 CONDICIONANTES CLIMTICOS E DISPOSITIVOS DE DRENAGEM 46
2.1.4 MATERIAIS 47
2.1.5 MATERIAIS PARA CAMADAS ASFLTICAS 49

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 11


2.1.6 TECNOLOGIAS OU FACILIDADES INSTALADAS E DISPONVEIS NA REGIO 50
2.2 SELEO DE MISTURAS ASFLTICAS
PARA REVESTIMENTOS E BASES DE PAVIMENTOS 50
2.3 SOLUES TECNOLGICAS ESPECIAIS
PARA ADERNCIA PNEU-PAVIMENTO EM PISTA MOLHADA 59
2.4 SOLUES TECNOLGICAS PARA REDUO DE RUDO AO
ROLAMENTO PNEU-PAVIMENTO 62
2.5 SELEO DE MISTURAS ASFLTICAS
PARA OBRAS DE RESTAURAO E DE REABILITAO 64
2.5.1 LEVANTAMENTOS E AVALIAES 64
2.5.2 SOLUES DE REFOROS ESTRUTURAIS E DE RESTABELECIMENTO FUNCIONAL 65

3 CONSTRUO E CONTROLE TECNOLGICO 75


3.1 DOSAGEM DE MISTURAS ASFLTICAS 75
3.1.1 MISTURAS ASFLTICAS RECICLADAS 82
3.1.2 MICRORREVESTIMENTO ASFLTICO A FRIO 84
3.1.3 DOSAGEM DE REVESTIMENTOS POR PENETRAO 85
3.1.4 RESUMO DE ENSAIOS INDICADOS
PARA MISTURAS ASFLTICAS E TRATAMENTOS ASFLTICOS 85
3.2 PRODUO E EXECUO 88
3.2.1 TIPOS DE USINAS ASFLTICAS 88
3.2.2 CONSIDERAES ADICIONAIS SOBRE A PRODUO DE MISTURAS ASFLTICAS 100
3.2.3 FATORES QUE INFLUEM NA EXECUO 107
3.3 CONTROLE TECNOLGICO 126
3.3.1 MISTURAS ASFLTICAS A QUENTE 126
3.3.2 MICRORREVESTIMENTO ASFLTICO A FRIO 134

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 139

12 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


1
TIPOS DE LIGANTES ASFLTICOS
E REVESTIMENTOS ASFLTICOS

CLASSIFICAO BRASILEIRA DE ASFALTOS,


1.1 PRODUTOS ASFLTICOS MODIFICADOS, ASFALTOS
DILUDOS E EMULSES

A Agncia Nacional de Petrleo, Gs Natural e Biocombustveis (ANP) o rgo respon-


svel por classificar, fiscalizar e garantir a qualidade dos asfaltos brasileiros. A resoluo
da ANP descreve especificaes, condies de armazenamento e preservao do cimento
asfltico de petrleo (CAP) e a qualidade do mesmo. Cita ainda as normas que regem os
mtodos de anlise desse material. A Tabela A1 (ver Anexo) apresenta a especificao para
CAP convencional.

A escolha dos materiais a serem empregados na camada de revestimento asfltico de


um pavimento deve ser feita de forma racional, considerando as condicionantes de trfego,
clima e estrutura do pavimento, visando otimizao de propriedades relacionadas ao seu
desempenho.

Para obter melhores propriedades do CAP usualmente adiciona-se certos agentes mo-
dificadores que possam conferir melhor desempenho. Quando a um CAP adicionado um
aditivo diz-se que o mesmo um asfalto modificado. As principais modificaes so des-
critas a seguir.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 13


1.1.1 Asfalto modificado por polmero
Asfalto modificado por polmero um material composto por CAP e um ou mais polme-
ros, geralmente em teores de 3 a 8% (massa/massa, ou seja, em relao massa do CAP).
Os asfaltos modificados por polmeros tm sido uma opo para minimizar os tipos mais
frequentes de falha dos pavimentos, quais sejam, deformaes permanentes (afundamento
de trilha de roda) e trincamento por fadiga ou por efeito de baixa temperatura ambiente.
O uso de modificadores para melhorar as propriedades dos ligantes tem aumentado em
todo o mundo e est hoje consagrado no Brasil. Os principais tipos de modificadores so
os polmeros: copolmeros de estireno butadieno estireno (SBS), estireno (etileno-co-
-butileno) estireno (SEBS), etilenovinilacetato (EVA) e etilenoglicidilacrilato (Elvaloy).

As propriedades de asfaltos modificados por polmeros dependem das caractersticas e


da concentrao dos polmeros utilizados bem como da natureza da constituio qumica
do CAP. Estes materiais so obtidos a partir da incorporao de um ou mais polmeros ao
CAP, podendo ou no haver reaes qumicas entre as partes. As interaes podem ocorrer
com as pores maltnicas, asfaltnicas ou at mesmo com os heterotomos que consti-
tuem o ligante. Estas interaes alteram as propriedades reolgicas do material melhorando
a resistncia ao intemperismo, s deformaes permanentes e ao trincamento.

O polmero SBS um dos principais modificadores do CAP e a sua estrutura qumica


favorece a adesividade ao agregado e a elasticidade do CAP modificado. A melhoria das
propriedades do CAP tambm inclui aumento da resistncia ao envelhecimento e oxidao
para este material. O teor de estireno presente no SBS de 20 a 30% (m/m), normalmente.
SBS com percentuais maiores do que 30% de estireno pode oferecer baixa compatibilidade
com o ligante, com subsequentes problemas relacionados disperso e instabilidade no
armazenamento. A mistura do CAP com o SBS deve ser feita a temperatura em torno de
180C e alto cisalhamento. importante ressaltar que deve haver uma compatibilidade
adequada entre o CAP com polmero de SBS para a produo do asfalto modificado.

A Tabela A2 (ver Anexo) apresenta as especificaes para CAPs modificados por pol-
meros do tipo elastmero, como o caso do SBS (segundo resoluo da ANP). Um elas-
tmero um material macromolecular que recupera rapidamente a sua forma e dimenses
iniciais, aps cessar a solicitao. Os CAPs modificados por polmeros elastomricos (E)
so classificados, segundo o ponto de amolecimento e a recuperao elstica a 25C.
Atualmente so especificadas trs classes de ligantes elastomricos: 55/75-E, 60/85-E e
65/90-E, cujo primeiro algarismo da classe corresponde ao ponto de amolecimento mnimo
(C) e o segundo recuperao elstica mnima (%). Para ilustrao, na classe 55/75-E
tem-se que o ponto de amolecimento de no mnimo 55C e a recuperao elstica de no
mnimo 75%. A referida resoluo de nmero 32 no especifica qual elastmero deve ser
usado para a sntese do CAP modificado nem a concentrao do mesmo em relao ao
CAP, embora para atingir cada classe seja necessrio teores diferentes de polmero.

14 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


1.1.2 Asfalto borracha
A borracha foi um dos primeiros polmeros adicionados ao CAP. As caractersticas
adquiridas pelo CAP modificado com borracha dependem do tipo de borracha usada,
da proporo da mesma adicionada ao CAP, do tamanho das partculas de borracha
adicionadas, do tempo de mistura, da composio do CAP e da temperatura da mistura
reacional.

O asfalto borracha regulamentado pela ANP que estabelece as especificaes do as-


falto borracha distribudo para consumo em todo o territrio nacional e refere-se ao produto
acabado, a partir das instalaes dos produtores, importadores e distribuidores de asfaltos
devidamente autorizados pela ANP, e devem apresentar as caractersticas expressas na
Tabela A3 (ver Anexo). Esta tabela apresenta caractersticas/limites para duas classes de
CAPs modificados por borracha moda de pneus, classificados segundo seus valores de
viscosidade Brookfield obtida a 175C.

1.1.3 Asfalto de baixa penetrao


Diante do volume de trfego e das cargas por eixo crescentes, so necessrios reves-
timentos asflticos e/ou camadas de bases mais resistentes. H disponvel no mercado
brasileiro atualmente ligantes asflticos de baixa penetrao (elevada dureza), utilizados em
camadas asflticas de mdulo elevado (EME), contribuindo para estruturas de pavimentos
de elevada rigidez. O emprego desta tcnica (pavimentos perptuos) difundida na Frana
e nos Estados Unidos, sendo indicada para rodovias de trfego muito pesado. A definio
de trfego muito pesado encontra-se na Tabela 2.1. Os asfaltos duros so empregados em
camadas intermedirias de revestimentos ou em bases asflticas, tanto na construo de
pavimentos novos quanto em reabilitaes de pavimentos existentes. Os ligantes asflticos
indicados so os asfaltos duros, com penetrao inferior a 30dmm (dcimos de milme-
tro), em geral entre 10dmm e 25dmm, a 25C, entre outras caractersticas. A proposta de
especificao IBP/ABNT dos asfaltos de baixa penetrao para a execuo de camadas
asflticas de mdulo elevado (EME) apresentada na Tabela A4.

1.1.4 CAP TLA


O CAP TLA (Trinidad Lake Asphalt) um asfalto natural com presena de alguns
materiais como cinzas e areia, retirado do lago existente em Trinidad (Repblica de
Trinidad e Tobago), que peletizado em planta industrial e comercializado como um
modificador de ligantes asflticos. Este asfalto natural pode ser adicionado aos asfaltos
convencionais, modificando suas propriedades reolgicas. adequado para concretos
asflticos usados em revestimentos de vias de moderado e alto trfego (M a A ver
Tabela 2.1). O CAP convencional modificado com TLA (em teores de 20 a 30% em
massa) apresenta as seguintes caractersticas: reduzida suscetibilidade trmica, isto ,
menos sensvel a variaes de temperatura; boa resistncia ao de solvente (diesel)
oriundo de derrames fortuitos de veculos; elevada resistncia deformao permanen-
te quando utilizado em revestimentos at a temperatura de 70C, uma vez que este

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 15


atinge o PG 70 na classificao Superpave; dosagem, usinagem e compactao similar
aquelas utilizadas quando do uso de um asfalto convencional. A Tabela A5 apresenta
uma proposta de especificao.

1.1.5 Asfaltos diludos de petrleo


Os asfaltos diludos de petrleo (ADPs) so produzidos a partir da diluio do CAP com
solventes como querosene, nafta ou gasolina. A finalidade reduzir a viscosidade e a tem-
peratura de aplicao do ligante, sendo usados principalmente na imprimao das camadas
de base dos pavimentos. Conhecidos como cutbacks, uma vez aplicados liberam o solvente
para o ambiente recuperando a viscosidade original do CAP residual. Esses produtos so
empregados na pavimentao como imprimao de bases (no tratadas com cimento). Para
reduo dos problemas ambientais, devido liberao dos solventes decorrente do proces-
so de cura da imprimao, gradativamente os ADPs esto sendo substitudos por emulses
asflticas especiais em servios de imprimao.

A ANP apresenta as especificaes limites para os ADPs com CR (CR-70 e CR-250) e


CM (CM-30 e CM-70), Tabelas A6 e A7 (ver Anexo), respectivamente.

1.1.6 Emulses asflticas


Emulso uma disperso na qual as fases so fluidos imiscveis ou parcialmente misc-
veis. H uma fase finamente dividida (dispersa ou interna) em outra fase (contnua ou exter-
na), na presena de um surfactante (agente emulsificante). No caso das emulses asflticas
(EAPs), estas tratam-se de disperses coloidais de uma fase asfltica (50 a 70% de CAP)
em fase aquosa, alm de um agente emulsificante e aditivos como estabilizantes, melhora-
dores de adesividade e controladores de ruptura. Emulses modificadas incluem polmero.
Entre as vantagens das emulses, modificadas ou no, est a reduo da viscosidade do
CAP possibilitando a sua utilizao em temperaturas bem menores, reduzindo a liberao
dos volteis e os custos com energia.

Os emulsificantes so estruturas orgnicas que apresentam uma parte polar que apre-
senta afinidade com os hidrocarbonetos do CAP e uma parte apolar com afinidade com as
molculas de gua. O uso de emulsificante em suspenses asflticas tem a finalidade de
dar estabilidade EAP, de diminuir a tenso superficial e de revestir os glbulos de asfalto
com uma pelcula protetora, mantendo-os dispersos na EAP. A quantidade de emulsificante
usada na composio da EAP, em geral, no ultrapassa 2,5% em massa de emulso asfl-
tica. Os emulsificantes so classificados em inicos e no inicos, conforme a apresentao
ou no de carga quando solubilizados na fase aquosa, respectivamente. Os emulsificantes
inicos podem ser anfteros, catinicos ou aninicos, de acordo com o domnio de cargas
positivas ou negativas em sua constituio.

A coalescncia dos glbulos de asfalto ocorre quando h uma desestabilizao do


emulsificante fazendo com que as gotas de asfalto se unam. Quando isto ocorre, diz-se que

16 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


houve a ruptura ou a quebra da EAP. A ruptura pode ocorrer devido mudana de pH da
emulso, a mudana no balano entre as estruturas hidrofbicas e hidroflicas do emulsifi-
cante, a evaporao da gua e a adsoro do tensoativo pelos agregados minerais.

A emulso asfltica modificada por polmero uma evoluo, sendo os polmeros mais
usados nesse tipo de processo o SBR (borracha de butadieno estireno) e o SBS. SBR um
copolmero obtido principalmente pelo processo de polimerizao em emulso, em que as
partculas de polmero ficam suspensas no asfalto na forma de ltex. Por pertencer classe
dos elastmeros, o SBR resiste bem a temperaturas elevadas e apresenta propriedades
elsticas semelhantes s da borracha. Este material apresenta boa compatibilidade com o
asfalto. Suas propriedades mecnicas podem ser melhoradas atravs do processo de vul-
canizao, atravs da reao com enxofre ou com perxidos. Os polmeros SBR e SBS tm
efeito significativo sobre os resultados do teste de ductilidade. Os elastmeros podem estar
dispersos tanto na fase aquosa da emulso quanto dissolvidos no ligante asfltico emul-
sionado. Aps a ruptura da emulso, o elastmero completamente misturado ao ligante
asfltico. Os ligantes asflticos contendo elastmetros apresentam maior retorno elstico,
menor envelhecimento, melhor coeso e maior durabilidade.

As emulses asflticas so classificadas nos seguintes grupos de acordo com o Regu-


lamento Tcnico da ANP.

RR Ruptura rpida.
RM Ruptura mdia.
RL Ruptura lenta.
EAI Emulso asfltica para imprimao.
LA e LAN Emulses asflticas de ruptura lenta catinica e de carga neu-
tra, respectivamente, para servio de lama asfltica. A lama
asfltica uma mistura de agregado mineral, material de en-
chimento (fler), emulso asfltica e gua, usada para reparos
superficiais nos pavimentos. Os agregados podem ser areia,
agregado mido, p de pedra ou mistura de ambos, desde que
suas partculas sejam resistentes e com moderada angularida-
de, livre de torres de argila e de substncias nocivas. O fler
(cimento Portland, cal extinta, ps calcrios etc.) deve estar
seco e sem grnulo.
LARC Emulso asfltica catinica de ruptura controlada para servio
de lama asfltica.
RR1C-E Emulso asfltica catinica de ruptura rpida modificada por
polmeros elastomricos, essa emulso especialmente indi-
cada para servios de pintura de ligao entre as camadas do
pavimento.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 17


RR2C-E Emulso asfltica catinica de ruptura rpida modificada por
polmeros elastomricos, essa emulso especialmente indi-
cada para os servios de tratamentos superficiais e macada-
me betuminoso por penetrao.
RM1C-E Emulso asfltica catinica de ruptura mdia modificada por
polmeros elastomricos, essa emulso destina-se para aplica-
o em servios de pr-misturados a frio (PMF).
RC1C-E Emulso asfltica catinica de ruptura controlada modificada
por polmeros elastomricos, seu maior campo de aplicao
em microrrevestimento asfltico a frio.
RL1C-E Emulso asfltica catinica de ruptura lenta modificada por
polmeros elastomricos, seu maior campo de aplicao em
pr-misturado a frio (PMF) denso.

As Tabelas A8 e A9 (ver Anexo) apresentam, respectivamente, os valores limites para


emulses do tipo catinica e modificadas por polmero elastomrico. Os nmeros 1 ou 2
indicam viscosidades diferentes (diferentes teores de resduo seco na emulso), sendo a do
tipo 2 com maior viscosidade.

1.2
REVESTIMENTOS ASFLTICOS USINADOS A QUENTE,
MORNOS, A FRIO, RECICLADOS

Na maioria dos pavimentos brasileiros usa-se como revestimento ou camada de rola-


mento misturas de agregados minerais e ligantes asflticos com graduaes e caracters-
ticas prprias que, de forma adequadamente dosada e processada, garantam ao servio
executado os requisitos de impermeabilidade, flexibilidade, estabilidade, durabilidade, re-
sistncia fadiga e ao trincamento trmico, de acordo com o clima e o trfego previstos
para o local.

Os revestimentos asflticos so compostos basicamente por dois materiais: ligantes


asflticos e agregados minerais. H diferentes alternativas de composio desses consti-
tuintes em revestimentos asflticos, destacando-se:

misturas asflticas de graduao densa e bem graduada.



misturas asflticas de graduao descontnua.

misturas asflticas de graduao aberta.

Quanto graduao dos agregados, esta influencia o teor de ligante asfltico de projeto
e a macrotextura superficial da camada asfltica. O teor de ligante asfltico de projeto est
vinculado ao recobrimento que este dever realizar em todos os agregados (portanto sen-
do dependente da superfcie especfica dos mesmos), permitindo uma dada espessura de
filme de ligante que proteja os mesmos e permita coeso elevada nos contatos entre gros

18 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


recobertos. Porm, o teor de ligante asfalto requerido depende tambm dos vazios criados
entre os agregados (do esqueleto mineral): se os vazios disponveis forem preenchidos na
quase totalidade, a mistura asfltica tende a ser impermevel; se o teor de ligante asfltico
suficiente para recobrir os agregados, mas a granulometria permite que os vazios com
ar no interior da mistura asfltica fiquem interligados em volume suficiente para permitir a
percolao de gua, estas so misturas asflticas permeveis.

As misturas asflticas bem graduadas, por serem compostas por agregados de vrias
dimenses, onde os menores preenchem os vazios deixados pelos de maior dimenso,
formam uma estrutura de elevada resistncia ao cisalhamento, pois h um embricamento
(atrito interno) dos agregados cujas superfcies se tocam em vrios pontos Figura 1.1.
Dada a distribuio granulomtrica, estas misturas tendem a oferecer vazios do agregado
mineral (VAM) relativamente baixos, ou seja, h uma baixa disponibilidade de vazios para
serem preenchidos com ligante asfltico e um teor relativamente baixo deste, entre 4 e 6%
(em massa de mistura asfltica) no geral, torna a mistura densa, impermevel, com cerca
de 3 a 5% de volume de vazios (Vv).

As misturas asflticas descontnuas, por sua vez, por terem uma porcentagem elevada
de agregados de dimenso similar, formam um esqueleto com estes agregados que se to-
cam entre si, deixando elevado Vv entre os mesmos (comparativamente mistura asfltica
densa) Figura 1.1. Para tornar essa mistura asfltica impermevel, com cerca de apenas
4% de vazios com ar, necessrio preencher esse elevado volume entre agregados grados
com um mstique, formado por uma frao pequena de agregados midos, fler e asfalto.
Uma vez que o VAM elevado, o teor de ligante requerido excede em geral 6%. Algumas
misturas asflticas descontnuas permitem um maior Vv e, desta maneira, o teor de ligante
requerido fica entre 5 e 6%.

As misturas asflticas de graduao aberta so similares s misturas asflticas descon-


tnuas, porm no so includas fraes de agregados midos suficientes para preencher
os vazios entre os agregados grados Figura 1.1. Desta forma, o VAM para este tipo de
mistura elevado e o Vv tambm elevado, aproximadamente de 18 a 25%. Estas misturas
asflticas requerem, portanto, menores teores de ligante (em geral entre 3,5 e 4,5%) e so
consideradas permeveis.

Mistura asfltica de granulometria Mistura asfltica de granulometria


Mistura asfltica de granulometria descontnua e densa aberta
densa

Figura 1.1 Ilustrao esquemtica dos trs tipos de distribuio granulomtrica das misturas asflticas

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 19


1.2.1 Misturas asflticas usinadas a quente
CA concreto asfltico
O concreto asfltico (tambm denominado em alguns rgos por CAUQ concreto
asfltico usinado a quente ou CBUQ concreto betuminoso usinado a quente) a mis-
tura asfltica densa mais utilizada. O contato entre os gros de maiores dimenses pode
no acontecer pela quantidade proporcionalmente equivalente das fraes menores. As-
sim, a perda por abraso Los Angeles (LA) pode ser em geral de at 50%. A norma DNIT
031/2006-ES define as faixas granulomtricas e os requisitos para esse tipo de mistura
asfltica, conforme a Tabela A10 (ver Anexo). Esta norma tambm apresenta limites de
valores de caractersticas e de propriedades a serem atendidas, alm de especificaes
complementares. A Tabela A11 (ver Anexo) apresenta uma das tabelas da referida ES, mas
com mtodos de ensaio mais recentes propostos pela ABNT.
A norma DNIT 031/2006-ES estabelece faixa de valores da relao Betume/Vazios
(RBV)que tem se mostrado elevada na prtica. Atualmente tem-se adotado valores de RBV
inferiores aos preconizados nesta norma, decorrentes de utilizao de metodologia diferen-
ciada de clculo de VAM e do RBV.

Gap-graded
As misturas asflticas descontnuas, gap-graded, so assim denominadas pois apresen-
tam-se com graduao em intervalo. Nas misturas asflticas do tipo gap-graded, o ligante
asfltico utilizado modificado por borracha moda de pneu ou por polmeros elastomri-
cos, apresentados na seo anterior. A Tabela A12 (ver Anexo) apresenta faixas granulom-
tricas para esse tipo de misturas asfltica utilizada no pas, norma DNIT 112/2009-ES. A
Tabela A13 (ver Anexo) apresenta as caractersticas e as propriedades a serem atendidas
por estas citadas misturas (considerando os mtodos de ensaio propostos pela ABNT).

SMA stone matrix asphalt


O stone matrix asphalt (SMA), desenvolvido na Alemanha em 1968, foi concebido para
maximizar o contato entre os agregados grados, aumentando a interao gro/gro. A
mistura a quente se caracteriza por conter uma elevada porcentagem de agregados grados
(70-80% retidos na peneira no 10). Devido a esta particular graduao forma-se um grande
volume de vazios entre os agregados grados; esses vazios, por sua vez, so preenchidos
por um mstique asfltico, constitudo pela mistura da frao de areia de brita, fler, ligante
asfltico e fibras de celulose. A frao de areia constituda essencialmente de material
britado. Na dosagem volumtrica, o VAM deve ser tal que possibilite a insero do mstique
entre os agregados, porm ainda que assegure certo volume de vazios preenchidos com ar.

Nas misturas asflticas do tipo SMA utilizado o CAP modificado por polmeros elasto-
mricos e a adio de fibras para evitar o escorrimento de ligante asfltico. Uma vez que o
teor de ligante asfltico dessas misturas bastante elevado (em geral, acima de 6,0% para
agregados de densidade 2,75), em comparao com o teor utilizado em misturas asflticas
bem graduadas densas, realiza-se ainda um ensaio especial para verificao do escorri-
mento de ligante asfltico aquecido, para assegurar sua permanncia na mistura asfltica

20 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


durante a usinagem, o transporte do material e a densificao da camada, verificando assim
a necessidade de se incluir certa quantidade de fibras (de vrias naturezas).

Para utilizao em misturas asflticas do tipo SMA, o agregado deve apresentar perda
por abraso LA de no mximo 30%, embora tenham sido utilizados com sucesso agregados
com perdas um pouco acima desse limite. Devido ao maior contato dos agregados grados
entre si, h efetivamente maior chance de quebra ou desgaste dos gros angulares.

Em 2007, o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de So Paulo (DER/SP,


2007) publicou a primeira especificao tcnica brasileira da mistura asfltica tipo SMA.

A Tabela A14 (ver Anexo) apresenta as faixas granulomtricas e espessuras estabelecidas


segundo a norma ET-DE-P00/031 (DER/SP, 2007). A Tabela A15 (ver Anexo) complementa
os requisitos tcnicos para a dosagem da mistura asfltica, cujos parmetros volumtricos
so obtidos atravs de corpos de prova Marshall compactados com 50 golpes por face.

A Tabela 1.1 apresenta as faixas granulomtricas e requisitos para misturas asflticas


do tipo SMA pela especificao alem.

Tabela 1.1: Faixas granulomtricas e requisitos para misturas asflticas do tipo SMA
propostos pela especificao alem (ZTV Asphalt StB 94, 2001)

Porcentagem em massa, passando


Peneira
SMA 0/11S SMA 0/8S SMA 0/8 SMA 0/5
< 0,09mm 9 a 13 10 a 13 8 a 13 8 a 13
> 2mm 73 a 80 73 a 80 70 a 80 60 a 70
> 5mm 60 a 70 55 a 70 45 a 70 < 10
> 8mm > 40 < 10 < 10
> 11,2mm < 10
Caractersticas e requisitos
B65 ou B65 ou B80 ou
Tipo de asfalto(1) B80
PmB45 PmB45 B200
Fibras na mistura, % em peso 0,3 a 1,5
Dosagem Marshall (compactao: 50 golpes por face)
Temperatura de compactao, C 135 5 (Para PmB deve ser de 145 5)
Volume de vazios, % 3,0 a 4,0 3,0 a 4,0 2,0 a 4,0 2,0 a 4,0
Camada de rolamento 3,5 a 4,0 3,0 a 4,0 2,0 a 4,0 1,5 a 3,0
Camada de nivelamento 2,5 a 5,0 2,0 a 4,0
Grau de compactao, % > 97
Volume de vazios da camada
< 6,0
compactada, %

(1) A designao B corresponde a CAPs convencionais e o nmero significa a penetrao do ligante asfltico;
PmB so ligantes modificados por polmeros. Os CAPs modificados por polmeros (PmB45) so recomen-
dados para solicitaes especiais.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 21


CPA camada porosa de atrito
Entre as misturas asflticas abertas, a mais utilizada a camada porosa de atrito (CPA).
Neste tipo de mistura asfltica utilizado o CAP modificado por polmeros elastomricos.
A especificao brasileira do DNER-ES 386/99 recomenda cinco faixas granulomtricas
para as misturas asflticas do tipo CPA, conforme Tabela A16 (ver Anexo). Estas misturas
asflticas, como indica o nome corrente, destinam-se especialmente a serem drenantes das
guas superficiais evitando a formao da lmina dgua e o fenmeno da hidroplanagem.
Por isso no compem camadas estruturais e devem sempre ser aplicadas sobre uma ca-
mada asfltica densa.

Revestimentos asflticos do tipo BBTM (bton bitumineux trs minces)


As misturas asflticas francesas so definidas e caracterizadas pelo tipo, pela posio
dentro da estrutura (camada intermediria ou de rolamento), pela espessura mdia da
camada, pela graduao (ou tamanho nominal mximo dos agregados) e pela classe de
desempenho exigido para o produto acabado. Os agregados so totalmente britados, com
caractersticas relacionadas ao desempenho (tamanho, graduao, dureza, angularidade,
forma, limpeza, resistncia abraso, ao polimento, entre outras). Quando os agregados
so combinados com os ligantes asflticos modificados ou especiais, resultam em camadas
asflticas intermedirias mais resistentes (mdulo de rigidez elevado), associadas a cama-
das de rolamento de espessura reduzida e alto desempenho funcional.

Destacam-se aqui as misturas asflticas delgadas conhecidas como bton bitumineux


trs mince (BBTM) (para espessuras de camadas asflticas entre 20mm e 30mm) e as
misturas asflticas ultradelgadas ou bton bitumineux ultra mince (BBUM), com espessura
de camada similar ao dimetro do agregado (monogranular) podendo chegar a 15mm. As
misturas asflticas delgadas so utilizadas como revestimento em pavimentos novos ou na
reabilitao de pavimentos antigos, no apresentam efeito estrutural, sendo o seu papel
garantir ou restaurar as caractersticas superficiais como aderncia, uniformidade e reduo
de rudos provenientes do contato pneu-pavimento.

Para uma boa compatibilizao entre suas caractersticas mecnicas e funcionais, deve-
se adequar o Vv e a descontinuidade das curvas granulomtricas das misturas asflticas
projetadas. Essas formulaes levam a revestimentos com graduao descontnua e textura
superficial aberta que necessitam de uma camada e/ou uma pintura de ligao, para garan-
tir a impermeabilizao das camadas subjacentes. Na metodologia de dosagem de misturas
asflticas francesas, h nveis distintos cuja escolha depende do volume de trfego e da
importncia da obra, conforme referido no Captulo 3 deste guia tcnico.

Em funo do timo desempenho da tcnica do BBTM em relao conservao da


textura superficial, do perfil transversal (ausncia de afundamento de trilhas de rodas) e
da reduo de rudo (< 76dB), com valores mdios entre 74,3dB (0-1 ano) e 73,9dB (1-3
anos), os franceses recomendam sua aplicao em rodovias e vias urbanas expressas. A
experincia no Brasil em 2005 indica que a usinagem da mistura BBTM deve ser realizada
preferencialmente em usinas gravimtricas e que o controle de temperatura fundamental
em todas as etapas do processo.

22 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


A mistura do tipo BBUM derivada de duas tcnicas: aquela utilizada para composio
das misturas asflticas a quente do tipo BBTM e aquela utilizada para os tratamentos su-
perficiais para a aplicao de um filme de ligante asfltico contnuo, com elevada dosagem
(membrana elstica), que assegure a adeso e a impermeabilidade do revestimento. A tc-
nica deve ser considerada mais como um procedimento ou um sistema do que propriamente
um material (no possui normalizao na Frana para a mesma).

Revestimento asfltico ultradelgado (RAUD) concepo norte-americana


Na Amrica do Norte tambm existe uma mistura ultradelgada cuja tcnica denomi-
nada ultra thin bonded hot-mix asphalt wearing course UTBWC (Hanson, 2001). Reis
(2012) usou em portugus o termo Revestimento Asfltico Ultra Delgado (RAUD), que
definido como uma mistura asfltica de graduao descontnua (gap-graded), com elevada
porcentagem de agregados grados recobertos por uma argamassa constituda de areia
britada, fler e ligante asfltico, produzida e aplicada a quente sobre uma pintura de ligao
com emulso asfltica. A espessura do revestimento determinada pelo tamanho mximo
do agregado da mistura asfltica, em geral entre 15mm e 25mm.

Hanson (2001) recomenda que as trincas existentes no pavimento devem ser previa-
mente seladas para o bom desempenho do RAUD. Conclui que a tcnica resulta em boas
caractersticas de macrotextura, de atrito e de drenabilidade superficial, bem como excelen-
te reteno de agregados e adeso do revestimento camada subjacente.

A seguir so apresentados os principais aspectos relacionados seleo dos materiais


e da graduao desse tipo de mistura, procedimentos de dosagem, processo construtivo e
controle tecnolgico do RAUD de acordo com as adaptaes da metodologia francesa feitas
pelos norte-americanos.

Seleo dos materiais e da graduao da mistura


Recomendam-se agregados britados com tamanho mximo entre 6,2mm a 12,5mm.
Noventa a 100% do agregado grado (> 4,75mm) devem ter uma ou mais faces fraturadas
e pelo menos 85% devem possuir duas ou mais faces fraturadas. Devem apresentar perda
por abraso Los Angeles, ASTM C 131/06 (ASTM, 2006a), limitados a no mximo 35% e/
ou 18% pelo mtodo de ensaio Micro Deval mido, sendo este, em geral, apenas realizado
para fins informativos.

O limite mximo para a perda de durabilidade ou sanidade ao sulfato de sdio, para


esse tipo de mistura, de 15%, ASTM C 88/05 (ASTM, 2005). O agregado grado deve ser
cbico com no mximo 25% de partculas achatadas e alongadas (para razo 3:1 da maior
dimenso em relao menor dimenso, respectivamente) ou com no mximo 10% de
partculas achatadas e alongadas para razo 5:1, da maior dimenso em relao menor
dimenso, respectivamente, segundo a norma ASTM D 4791 (ASTM, 2010a).

Para o agregado mido (passando na peneira de no 4) os valores mnimos de angu-


laridade (contedo de vazios no compactados), conforme a ASTM C 1252/06 (ASTM,
2006b), e de equivalente de areia, segundo a norma ASTM D 2419 (ASTM, 2002a), esto

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 23


limitados entre 40 ou 45% e entre 45 a 50%, respectivamente. As especificaes norte-
-americanas tambm recomendam que esses ensaios sejam realizados com a mistura de
agregados do projeto e que a adio de fler industrial (cal hidratada ou cimento Portland)
seja limitada a no mximo 2% do peso da mistura de agregados (Hanson, 2001; Caltrans,
2003a; TDOT, 2004; TxDOT, 2004).

A Tabela 1.2 apresenta as principais caractersticas avaliadas e os limites recomenda-


dos para os agregados utilizados em misturas asflticas do tipo RAUD (Caltrans, 2003a).
As especificaes para os agregados grados e os midos so apresentadas nas Tabelas
1.3 e 1.4, respectivamente (TDOT, 2004). O material de enchimento (fler) deve ser cons-
titudo de material 100% passante na peneira de no 30 e pelo menos 75% passante na
peneira de no 200.

Tabela 1.2: Propriedades dos agregados para uso em misturas asflticas do tipo RAUD.
Fonte: Caltrans (2003a)

Ensaio Mtodo Especificao

Porcentagem de partculas britadas


Agregado grado (% mnima) Califrnia Test 205(a) 90
Agregado mido, passante 4,75mm e Califrnia Test 205(a) 85
retido 2,36mm (% mnima)

Vazios (angularidade) (% mnima)(b) AASHTO T304(a) 45

ndice de forma, 3:1 (% mxima) ASTM D 4791 25

Abraso Los Angeles, perda aps 500


Califrnia Test 211 35
revolues (% mxima)

Equivalente de areia
Limite de aceitao (% mnima) Califrnia Test 217 47
Faixa de trabalho (% mnima) Califrnia Test 217 50

(a) Na Seo D da metodologia Califrnia Test 205, a definio de uma partcula britada : Uma partcula
com duas ou mais faces fraturadas mecanicamente pode ser considerada uma partcula britada.
(b) Se o agregado mido 100% britado, o uso de material britado deve ser monitorado durante todo o pro-
cesso produtivo. Se a frao fina uma combinao de material britado e materiais naturais, a angulari-
dade do agregado mido deve ser monitorada durante o processo.

24 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Tabela 1.3: Caractersticas dos agregados grados ( 4,75mm) para misturas asflticas
do tipo RAUD. Fonte: TDOT (2004)

Ensaio Mtodo Limite

Perda por abraso Los Angeles (%) ASTM C 131 35 mx.

ndice de forma, 3:1 (%) ASTM D 4791 25 mx.

% britada, uma face ASTM D 5871 95 mn.

% britada, duas faces ASTM D 5821 85 mn.

Tabela 1.4: Caractersticas dos agregados midos (< 4,75mm) para misturas asflticas
do tipo RAUD. Fonte: TDOT (2004)

Ensaio Mtodo Especificao

Equivalente de areia (%) ASTM D 2419 > 45

Vazios no compactados (angularidade) ASTM C 1252 > 40

Caltrans (2003a) recomenda ligantes asflticos modificados para utilizao em reves-


timentos asflticos ultra delgados. Em geral, o teor de ligante de projeto para misturas as-
flticas do tipo RAUD varia entre 5,2 a 5,8% em massa de mistura asfltica (considerando
Gse de 2,650). A emulso asfltica tambm deve ser modificada por polmero e aplicada
com taxas variando entre 0,850,3l/m, dependendo do tipo da superfcie do revestimento
sobre a qual esta aplicada. Por exemplo, se o revestimento estiver oxidado sua taxa deve
ser aumentada; se estiver com a superfcie exsudada a taxa deve ser diminuda. A funo
da emulso selar pequenas trincas (< 6,0mm) e assegurar aderncia do revestimento
camada subjacente do pavimento (Hanson, 2001). Os ligantes asflticos recomendados
possuem PG 76-22 ou PG 70-22. A emulso asfltica para execuo da camada de ligao
deve ser modificada por polmeros elastomricos.

A graduao da mistura de agregados para o RAUD selecionada em funo do nvel


de trfego e das condies da superfcie do pavimento existente. As graduaes tpicas
utilizadas nos Estados Unidos so apresentadas na Tabela 1.5.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 25


Tabela 1.5: Faixas granulomtricas para a mistura asfltica do tipo RAUD
Fonte: Hanson (2001)

6,2mm (1/4) 9,5mm (3/8) 12,5mm (1/2)


Peneiras
Tipo A Tipo B Tipo C
Limites Tolerncia Limites Tolerncia Limites Tolerncia
(mm) ASTM
(% passando) (%) (% passando) (%) (% passando) (%)

19,0 100

12,5 100 85-100 5

9,5 3/8 100 85-100 5 60-80 4

4,75 no 4 40-55 4 28-38 4 28-38 4

2,36 no 8 22-32 4 25-32 4 25-32 4

1,18 no 16 15-25 3 15-23 3 15-23 3

0,60 no 30 10-18 3 10-18 3 10-18 3

0,30 no 50 8-13 3 8-13 3 8-13 3

0,15 no 100 6-10 2 6-10 2 6-10 2

0,075 no 200 4-7 2 4-7 2 4-7 2

Misturas asflticas de mdulo elevado


As misturas asflticas de mdulo elevado para camadas do tipo EME so empregadas
na Frana como base asfltica, com elevados mdulos dinmicos (mdulo dinmico a 15C
e 10Hz > 14.000MPa, que conferem elevada rigidez) e com elevada resistncia deforma-
o permanente. Estas propriedades so obtidas atravs do uso de CAP de baixa penetra-
o (em geral entre 10 e 20 0,1mm a 25 oC e ponto de amolecimento igual ou superior
a 55 oC), combinado com graduao bem graduada e densa (30% a 35% dos agregados
passante na peneira de 2mm, e 7% a 8% de finos passante na peneira de no 200), e cons-
trudas em espessuras mnimas que confiram alta rigidez estrutural e baixa deformabilidade
ao pavimento. Na Frana, usual graduaes com agregados de dimetro mximo nominal
de 10mm, 14mm (mais comum) ou 20mm, sendo estas aplicadas em camadas de 60mm
a 150mm de espessura. O teor de CAP usual de aproximadamente 6% (massa do CAP/
massa do agregado), para agregados de densidade de 2,650.

As misturas de mdulo elevado so divididas em dois tipos conforme a aplicao das


mesmas como camada de ligao (binder) ou camada de base. A mistura para camadas do

26 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


tipo EME dividida em duas classes: EME 1 devido ao teor de CAP reduzido apresenta
baixa durabilidade e resistncia fadiga, sendo usada preferencialmente em camadas su-
jeitas a compresso; EME 2 com maior teor de CAP e, consequentemente, maior durabi-
lidade e resistncia fadiga. Associada a uma camada de rolamento em concreto asfltico
delgado (20mm a 30mm), a EME 2 uma das tcnicas de manuteno mais frequentes na
Frana para os pavimentos de trfego pesado.

Nas normas francesas no h faixas granulomtricas, sendo a dosagem desse tipo de


mistura baseada em resultados de ensaios mecnicos. A Tabela 1.6 apresenta faixas gra-
nulomtricas para a mistura de mdulo elevado adotadas em camada de base em Portugal
(Jae, 1998; Branco et al., 2006).

Tabela 1.6: Faixas granulomtricas para a mistura de mdulo elevado adotadas em


camada de base em Portugal (Jae, 1998; Branco et al., 2006)

Limite inferior Limite superior


(mm) ASTM
(% passando) (% passando)

25 1 100 100

19 3/4 90 100

12,5 1/2 70 90

9,5 3/8 60 80

4,75 no 4 44 62

2,36 no 8 30 44

0,85 no 20 16 30

0,425 no 40 10 21

0,18 no 80 7 14

0,075 no 200 6 10

As normas francesas tambm no fazem restries com relao ao ligante, que pode
ser puro, modificado (com polmeros ou com aditivos). A dosagem fixada por meio do
mdulo de riqueza (k) que uma espessura mnima de filme de asfalto sobre o agregado
(Brosseaud, 2002). A partir da escolha de uma curva granulomtrica, define-se o teor de
ligante em funo da superfcie especfica dos agregados e do tipo de mistura a partir do
mdulo de riqueza, conforme indicado pela equao (3.1).

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 27


Segundo Serfass et al. (1997), as misturas de mdulo elevado podem ser divididas em
duas categorias quanto ao mdulo de riqueza k.

Misturas asflticas ricas:


k > 3,2; teor de ligante entre 5,5% e 6,2% (para agregados com densidade de

2,650), com excelente desempenho mecnico em termos de rigidez, resistncia
deformao permanente e vida de fadiga. Essas misturas asflticas apresentam
maior aptido compactao, menor porcentagem de vazios, maior resistncia ao
dano por umidade induzida, maior resistncia fadiga e pequena diferena na resis-
tncia deformao permanente em relao s misturas pobres ou fracas.

Misturas asflticas pobres ou fracas:


2,5 < k < 3,2; teor de ligante entre 4,0% e 5,4%, desenvolvidas com propsitos es-

sencialmente econmicos, com elevada resistncia deformao permanente, mas
com deficincia com relao resistncia fadiga. Esta soluo de EME deve ser
combinada com uma camada asfltica de elevada vida de fadiga, executada sob a
de EME (princpio dos pavimentos perptuos norte-americanos).

A Tabela 1.7, adaptada de ECS (2006), e a Tabela 1.8, adaptada de Afnor (1999), Cor-
t e Serfass (2000) e Cort (2001), apresentam as especificaes de caractersticas para
CAPs de elevada rigidez e para as misturas asflticas de alto mdulo utilizadas na Europa.

Tabela 1.7: Caractersticas dos ligantes asflticos do tipo CAP 10-20 e CAP 15-25
adaptada de ECS (2006)

Ligante duro
Parmetro
CAP 10-20 CAP 15-25
Penetrao a 25C, 5s, 100g (10 -1mm) 10-20 15-25

Temperatura de ponto de amolecimento


60-76C 55-71C
anel e bola

Variao de massa, aps RTFOT, mxima 0,5% 0,5%

Penetrao retida, aps RTFOT, mnima 55% 55%

Aumento da temperatura de amolecimento aps


10C 10C
RTFOT, mximo

ndice de penetrao antes do ensaio


-1,5 a +0,7 -1,5 a +0,7
(no ligante original)

Viscosidade cinemtica a 135C, mnima 700 mm2 /s 600 mm2 /s

Temperatura de inflao, mnima 245C 245C

Solubilidade, mxima 99% 99%

28 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Tabela 1.8: Especificaes para misturas asflticas de mdulo elevado (EME 1 e EME
2) adaptadas de Afnor (1999), Cort e Serfass (2000) e Cort (2001)

Parmetro EME 1 EME 2


Granulometria Contnua Contnua

Mdulo de riqueza (k) 2,5-3,3 ,4

0/10 60 a 100mm 0/10 60 a 100mm


Dimetro mximo dos
agregados (0/D) e espessura 0/14 70 a 120mm 0/14 70 a 120mm
das camadas
0/20 100 a 150mm 0/20 100 a 150mm

% ligante, para 0/10 4,0-5,0 5,2-6,2

% ligante, para 0/14 3,8-4,8 5,0-6,0

% ligante, para 0/20 3,6-4,6 4,9-5,8

Nvel de compactao (%) 94-98 94-98

Ensaio Duriez
0,70 0,70
(18C) NF P 98-251-1

% deformao permanente
7,5 7,5
(60C, 30.000 ciclos)
(vazios entre 7 e 10%) (vazios entre 3 e 6%)
NF P 98-253-1

Mdulo rigidez
14 000 14 000
(15C, 10 Hz)
(vazios entre 7 e 10%) (vazios entre 3 e 6%)
(MPa) NF P 98-280-2

Mdulo por trao direta 14 000 14 000


(MPa) NF P 98-260-1 (vazios entre 7 e 10%) (vazios entre 3 e 6%)

Ensaio de fadiga 6 (10 -6)


100 1 0
(15C, 25 Hz), em 1 milho de
(vazios entre 7 e 10%) (vazios entre 3 e 6%)
ciclos NF P 98-260-1

PCG volume de vazios (%) 10

Outras misturas asflticas


AAUQ areia asfltica usinada a quente
Ainda dentro do grupo das misturas asflticas a quente, tm sido utilizadas na prtica
as argamassas asflticas, tambm denominadas areia asfltica usinada a quente (AAUQ).
Em regies onde no existem agregados ptreos grados, utiliza-se como revestimento uma
argamassa de agregado mido, em geral areia, ligante (CAP), e fler se necessrio, com
maior consumo de ligante se comparada aos concretos asflticos convencionais devido ao
aumento da superfcie especfica (DNIT 032/2004 - ES) Tabela A17 (ver Anexo). O DNIT
tambm abre a possibilidade hoje do uso de asfalto modificado por polmero nas misturas
do tipo AAUQs, atravs da especificao DNER-ES 387/99 Tabela A18 (ver Anexo).

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 29


SAMI stress absorbing membrane interlayer
A SAMI geralmente composta por grande parcela de material granular mido (menor
do que 4,75mm) e ligante modificado por polmeros elastomricos, podendo haver, ainda,
a incorporao de aditivos (minerais e/ou qumicos). A distribuio granulomtrica dessa
camada antirreflexo de trincas uma varivel importante, principalmente por no existirem
especificaes de faixas granulomtricas para a mesma. O mais comum o uso de agrega-
dos que tenham todas as partculas passando pela peneira de 9,5mm.

Muitos dos trabalhos publicados sobre esse tipo de mistura asfltica no apresentam
os detalhes de como a mistura final foi proposta no que diz respeito dosagem das mes-
mas, nem aos parmetros utilizados. Blankenship et al. (2004) apresentam alguns limites
relacionados aos parmetros volumtricos, bem como para a resistncia ao trincamento por
fadiga, para seleo da mistura, conforme ilustrado na Tabela 1.9. Os autores mencionam
que essa camada intermediria deve ser rica em ligante asfltico altamente modificado
(HiMA), e agregado mido. O ligante asfltico utilizado no citado estudo foi um cross-linked
elastomeric styrene-butadiene block copolymer system, que, de acordo com os autores,
fornece caractersticas elsticas ao ligante asfltico, alm de torn-lo resistente a tenses
de trao, de cisalhamento e de flexo. Makowski et al. (2005) apresentam os mesmos cri-
trios (parmetros volumtricos e resistncia ao trincamento por fadiga), porm adicionam
exigncias quanto s caractersticas do ligante asfltico e sugerem uma faixa granulomtrica
para esse tipo de mistura, conforme apresentado na Tabela 1.10.

Tabela 1.9: Critrios de dosagem de misturas asflticas do tipo SAMI apresentados por
Blankenship et al. (2004)

Parmetros volumtricos
Nmax 50 giros

Volume de vazios (Vv) 0,5 a 2,5%

Vazios no agregado mineral (VAM) 16% (mn)

Estabilidade Hveem 18 (mn)

Teor de projeto 7,0% (mn)

Ensaio de fadiga (vigota na flexo)


Volume de vazios 3,0 1,0%

V a a a 000 ) 100.000 ciclos (mn)

Solubilidade, mxima 99%

30 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Tabela 1.10: Critrios de dosagem de misturas asflticas do tipo SAMI apresentados
por Makowski et al. (2005)

Especificaes do ligante asfltico


Recuperao elstica aps RTFOT
45% (mn) @ 25C
(ASTM D6084 Sec 6.2)

Teste de separao
6C de diferena (mx) aps 48h
(ASTM D5976 Sec 6.1)

Distribuio granulomtrica
3/8 (9,5mm) 100%
o
n 4 (4,7mm) 80-100%

no 8 (2,36mm) 60-85%
o
n 16 (1,18mm) 40-70%

no 30 (0,6mm) 25-55%
o
n 50 (0,3mm) 15-35%

no 100 (0,15mm) 8-20%

no 200 (0,075mm) 6-14%

1.2.2 Misturas asflticas mornas


As misturas usinadas a quente, apresentadas no item 1.2.1, podem ser produzidas e
compactadas em temperaturas inferiores as usuais. Essa categoria de mistura denomi-
nada de mornas ou semimornas. Essas misturas utilizam procedimentos e/ou produtos que
reduzem as temperaturas de usinagem e de compactao das misturas asflticas. Atual-
mente, a produo de misturas asflticas mornas e semimornas prev o uso de: (i) tcnica
de asfalto espuma, (ii) aditivos orgnicos (ceras) ou (iii) aditivos qumicos (surfactantes),
introduzidos no ligante asfltico ou durante o processo de mistura do ligante asfltico com
os agregados.

O emprego das misturas asflticas mornas vem crescendo nos ltimos anos devido s
maiores exigncias em relao ao desenvolvimento sustentvel e na preservao das con-
dies de segurana, meio ambiente e sade (SMS).

As misturas mornas so aquelas produzidas em temperaturas entre 110C e 140C.


Devido reduo aproximada de 20 a 40C na temperatura de aquecimento dos agregados
em relao ao processo convencional, essas misturas economizam entre 15% a 30% do
combustvel necessrio para sua fabricao.

A tcnica do asfalto espuma considera a adio de uma pequena quantidade de gua


no ligante asfltico aquecido ou na mistura asfltica para a formao de uma espuma com
o ligante asfltico quente. Nas tecnologias que fazem uso desse recurso, a gua introdu-

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 31


zida no processo de usinagem por injeo direta, atravs do agregado mido ou ainda na
forma de material hidroflico como as zelitas. Quando essa gua se dispersa no ligante
asfltico aquecido e se torna vapor h uma expanso do ligante, resultando em consequen-
te diminuio de viscosidade. As temperaturas podem ser reduzidas em at 50C, sendo
algumas dessas tcnicas denominadas de misturas asflticas semimornas por viabilizarem
a densificao abaixo de 100C. Combinadamente, algumas dessas tcnicas usam aditivos
qumicos/surfactantes para melhorar a adeso entre o ligante asfltico e os agregados.
Entre alguns exemplos da tcnicas do asfalto espuma tm-se: LEA, LT Asphalt (mistu-
ras asflticas semimornas), Advera WMA, AQUABlack Warm Mix Asphalt, Aspha-Min,
Double Barrel Green, LEA B, Ultrafoam GX2TM, WAM-Foam, WMA Terex (misturas
asflticas mornas).

Os aditivos orgnicos e as ceras podem ser introduzidos previamente no ligante asfltico


ou juntamente com este durante a usinagem e tm por princpio a reduo da viscosidade
do ligante asfltico. Ao serem submetidos a temperaturas acima de seu ponto de amoleci-
mento, esses aditivos interferem nas propriedades reolgicas do ligante asfltico, fazendo
com que haja diminuio da viscosidade deste ltimo. Os aditivos orgnicos possibilitam a
reduo das temperaturas de usinagem e de compactao em cerca de 30 a 40C. Com
o resfriamento da mistura asfltica, esses elementos se cristalizam de modo disperso no
ligante asfltico, aumentando a rigidez do ligante asfltico e, por consequncia, da mistura
asfltica como um todo. Entre alguns exemplos de aditivos orgnicos/ceras tm-se: Asphal-
tan B, CCBit 113AD, Licomont BS 100 e o Sasobit.

Dentre as vrias tecnologias desenvolvidas para as misturas mornas destaca-se o pro-


cesso que emprega aditivos qumicos que no modificam as propriedades reolgicas dos
asfaltos e no introduzem gua na mistura asfltica. Esses produtos qumicos atuam modi-
ficando a tenso interfacial entre os agregados e o ligante asfltico reduzindo o atrito interno
da mistura asfltica e possibilitando melhor poder de recobrimento, trabalhabilidade e de
compactao em temperaturas mais baixas que as usualmente empregadas. Geralmente
esses produtos qumicos no alteram a viscosidade do ligante asfltico e agem na interface
agregado/ligante auxiliando no recobrimento em temperaturas mornas, podendo ainda atuar
como melhoradores de adesividade. Entre alguns exemplos de aditivos qumicos tm-se:
Gemul XT14, Cecabase RT, Evotherm, QPR QualiTherm, Rediset WMX, WarmGrip,
Revix. Nenhum desses processos/produtos exige modificaes importantes nas prticas
utilizadas nas usinas e em campo.

Segundo Logaraj e Almeida (2009), a incorporao de aditivos qumicos modificadores


da tenso interfacial ao ligante asfltico confere os seguintes benefcios para as misturas
mornas:

reduz o envelhecimento da mistura asfltica por ao do calor e ar, aumentan-



do sua resistncia fadiga;
melhora a resistncia da mistura aos danos por umidade induzida (adesividade);

facilita a maior incorporao de material reciclado ao processo;

32 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


reduz a exposio dos trabalhadores a altas temperaturas, s emisses, fuma-

a e aos odores emanados ao meio ambiente;
e possibilita aumentar o intervalo de tempo destinado ao transporte, bem como

a eficincia na compactao da massa asfltica, principalmente quando a mis-
tura asfltica aplicada em espessuras delgadas sob condies de baixa tem-
peratura ambiente.

1.2.3 Misturas asflticas usinadas a frio


So denominadas misturas asflticas a frio aquelas nas quais as etapas de usinagem
e compactao so feitas a temperatura ambiente, conseguida com a utilizao de emul-
ses asflticas. Para a produo dessas misturas asflticas necessrio pouco ou nenhum
aquecimento dos materiais e estas podem frequentemente ser produzidas in situ sem a
necessidade de usina. O pr-misturado a frio pode ser empregado como revestimento, base,
regularizao ou reforo do subleito, e regido pela Norma DNER - ES 317/97. O agregado
grado utilizado nesse tipo de mistura pode ser agregado natural ou seixo britados, ou outro
material indicado no projeto, obedecendo as faixas apresentadas na Tabela A19 (ver Anexo).

A composio do pr-misturado a frio deve satisfazer aos requisitos conforme indicado


na Tabela A19 (ver Anexo). O mtodo Marshall modificado (DNER-ME 107/94) dever ser
utilizado para verificao do Vv, da estabilidade e da fluncia, atendendo aos seguintes va-
lores: Vv entre 5 e 30%, estabilidade mnima de 250kgf (75 golpes) e 150kgf (50 golpes),
e fluncia entre 2,0mm e 4,5mm.

1.2.4 Misturas asflticas recicladas


Quando um pavimento asfltico em uso torna-se deteriorado estruturalmente, h neces-
sidade de restaurar a sua capacidade de carga por meio da construo de novas camadas
ou por meio do corte de todo ou parte do revestimento deteriorado por equipamento espe-
cial fresadora e execuo de nova camada de revestimento asfltico. O material gerado
a partir do corte pode ser reaproveitado atravs da reciclagem. Entende-se por reciclagem
de revestimento o processo de reutilizao de misturas asflticas envelhecidas e deterio-
radas para produo de novas misturas asflticas, aproveitando os agregados e o ligante
asfltico remanescente, provenientes da fresagem, com acrscimo de novos insumos: agre-
gados, CAP ou EAP novos, asfalto espuma, e/ou aglomerantes hidrulicos. A reciclagem
tambm pode incluir a camada de base, alm do revestimento, que pode se misturada e ter
acrescida outros insumos para a produo de uma nova base de melhor qualidade e sobre
a qual colocada uma camada de rolamento.

possvel reaproveitar totalmente o material ptreo triturado ou cortado pelas fresado-


ras e reaproveitar o ligante total ou parcialmente por processos de reusinagem a quente ou
mornos, com adio de agentes de reciclagem ou rejuvenescedores, ou ligantes novos de
viscosidade devidamente avaliados para serem misturados mistura asfltica envelhecida.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 33


A reciclagem pode ser efetuada:
a quente ou morna, utilizando-se novos CAP e agregados (em alguns processos

h a injeo de agente rejuvenescedor AR), e agregados fresados. Em geral
a proporo de material fresado de 10 a 50% no total da nova mistura as-
fltica.
a frio, utilizando EAP, e agregados fresados a temperatura ambiente e cimento

ou cal, podendo adicionar eventualmente agregados novos.

A reciclagem pode ser realizada em:


usina estacionria, a quente ou a frio: onde o material fresado levado para a

usina.
in situ a frio: o material fresado misturado a frio com ligante (EAP) no prprio

local do corte, por equipamento especialmente concebido para essa finalidade;
pode-se incorporar o material da base, dependendo da natureza, e adicionar
ainda cimento ou cal. Este material pode compor uma nova camada interme-
diria de revestimento ou mesmo uma nova base.
usina mvel, a frio com emulso ou com espuma de asfalto: o material fresado

selecionado por peneira da usina, podendo incorporar materiais granulares
novos, que so misturados EAP ou asfalto espuma. Pode-se incorporar ao
revestimento antigo uma parte da base, com ou sem adio de ligantes hidru-
licos, formando uma nova base que ser revestida de nova mistura asfltica
como camada de rolamento.

Misturas asflticas recicladas mornas (MARMs) apresentam ganhos ambientais seme-


lhantes queles obtidos atravs do uso de misturas asflticas recicladas a quente (MARQs),
porm, demandam menos energia na sua fase de produo, dado que precisam de tempe-
raturas menores para serem produzidas. Para as MARMs pode-se fazer uso do mtodo de
dosagem Marshall ou Superpave, sem qualquer mudana de equipamentos na linha de pro-
duo normalmente empregada. preciso apenas adquirir um aditivo surfactante de mistu-
ra morna. A diferena no processo de dosagem a modificao do CAP com um percentual
do aditivo em questo antes do processo de dosagem. Feito isto, as dosagens podem ser
executadas normalmente (seguindo o passo a passo de cada mtodo de dosagem).

A Tabela A20 (ver Anexo) define as faixas granulomtricas e os requisitos para esse
tipo de mistura asfltica, produzida em usina ou in situ, conforme especificaes DNIT
033/2005-ES e DNIT 034/2005-ES. Estas normas tambm apresentam limites de valores
de caractersticas e de propriedades a serem atendidos, conforme Tabela A11 (atualizada
para mtodos ABNT), e especificaes complementares.

34 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


1.3 TRATAMENTOS SUPERFICIAIS

O termo tratamentos de superfcies engloba uma ampla variedade de servios rodo-


virios em que, geralmente, o ligante asfltico e os materiais ptreos so aplicados em
espessuras inferiores a 25mm, sobre bases granulares ou pavimentos estruturalmente
adequados.

Nessa modalidade de servio, destacam-se os executados a frio no local, devido, prin-


cipalmente, a sua simplicidade de aplicao, economia de energia no processo e nas ope-
raes de transporte e estocagem dos materiais.

Os principais tipos de servios so executados por espalhamento alternado de emul-


so asfltica e agregados (tratamento superficial por penetrao e tratamento antipoeira),
devidamente dosados em laboratrio, ou por aplicao desses componentes sob a forma
de misturas pr-dosadas em usinas mveis prprias (lama asfltica, microrrevestimento
asfltico e cape seal).

Esses revestimentos superficiais so excelentes solues tcnicas, principalmente


quando se deseja implantar um programa de pavimentao por etapas, pois alm de otimi-
zar a aplicao dos recursos disponveis, asseguram a preservao do sistema de drenagem
pluvial em caso de um futuro reforo estrutural decorrente do incremento do volume e/ou
da composio do trfego.

Segundo sua aplicao os tratamentos de superfcies podem ser classificados em: (a)
usinados (lama asfltica e microrrevestimento asfltico a frio) e (b) sem mistura prvia (tra-
tamentos superficiais por penetrao), conforme descritos a seguir.

1.3.1 Lama asfltica


As lamas asflticas consistem basicamente de uma associao, em consistncia fluida,
de agregados minerais, material de enchimento ou fler, emulso asfltica catinica prefe-
rencialmente dos tipos RL-1C, LA-1C, LAN ou LARC e gua, uniformemente misturados e
espalhados no local da obra, a temperatura ambiente, por equipamento mvel. Este tipo
de mistura in situ comeou a ser utilizado na dcada de 1960, nos Estados Unidos (slurry
seal), na Frana e no Brasil (IBP, 1999; Abeda, 2001). Estas tm sua aplicao principal
em manuteno de pavimentos, especialmente nos revestimentos com desgaste superfi-
cial e baixo grau de trincamento, sendo neste caso um elemento de impermeabilizao e
rejuvenescimento da condio funcional do pavimento. Geralmente esse tipo de material
aplicado em ruas e vias secundrias. Eventualmente, a lama asfltica ainda usada com
granulometria mais grossa para repor a condio de atrito superficial e a resistncia
aquaplanagem. Outro uso como capa selante aplicada sobre tratamentos superficiais en-
velhecidos. No entanto, no corrige irregularidades acentuadas nem aumenta a capacidade
estrutural. A especificao correspondente a DNER ES 314/97, cujas faixas granulomtri-
cas e algumas caractersticas da mistura asfltica constam da Tabela A21.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 35


1.3.2 Microrrevestimento asfltico a frio MRAF
O MRAF uma tcnica que pode ser considerada uma evoluo das lamas asflticas,
pois as duas usam o mesmo princpio e a mesma concepo, porm utiliza emulses as-
flticas modificadas com polmero elastomrico tipo RC-1C E. A emulso asfltica RC, ou
seja Ruptura Controlada uma emulso dimensionada para o tipo de material ptreo a ser
empregado durante a execuo da obra de MRAF. Esta carecteristica de ruptura controlada
aliada a presena de polimeros em sua composio conduzem ao aumento da vida til da
mesma. O MRAF uma mistura asfltica a frio processada em usina mvel especial, de
agregados minerais, fler, gua e emulso modificada com polmero, e eventualmente com
a adio de fibras (NBR 14948/2003). usualmente produzida em uma usina mvel (ver
Captulo 3) e aplicada atravs de uma caixa espalhadora em duas camadas sucessivas, que
resultam em cerca de 10mm a 15mm de espessura conjunta no total.
A Tabela A22 (ver Anexo) apresenta as faixas granulomtricas e o consumo terico de mate-
riais segundo a especificao de servio DNIT 035/2005-ES. A Tabela A23 (ver Anexo) apresenta
requisitos para projeto de dosagem de MRAF recomendados pela norma ISSA A-143 2010.

O MRAF utilizado em:


recuperao funcional de pavimentos deteriorados restabelecendo as condi-

es de atrito superficial; preenchimento de trilhas de roda pouco profundas
oriundas da camada de rolamento, correo de pequenas panelas e desgastes
superficiais (neste caso pode ser necessria a aplicao de pintura de ligao
antes da aplicao da primeira camada de microrrevestimento);
capa selante (impermeabilizao).

revestimento de pavimentos de baixo volume de trfego.

camada intermediria antirreflexo de trincas em projetos de reforo estrutural.

1.3.3 Tratamento superficial por penetrao


O TS por penetrao consiste no espalhamento de ligante asfltico e subsequente apli-
cao dos agregados sobre a camada de ligante aplicada. A penetrao se d pela acomo-
dao do agregado no ligante depositado sobre a base imprimada, e aps a compactao a
adeso entre ligante e agregado reforada.

O TS um revestimento flexvel de pequena espessura, normalmente variando de


0,5cm a 2,5cm, sendo um dos mtodos mais antigos de se fazer revestimentos asflticos
sobre bases granulares ou bases de solo-brita ou mesmo sobre bases de solos. Esse tipo
de revestimento tambm empregado para recuperar superfcies asflticas que ainda se
encontram em boas condies estruturais, mas que apresentam algum trincamento, utili-
zando emulses asflticas convencionais ou modificadas por polmeros elastomricos tipos
RR-2C e RR-2C E, respectivamente.

Os TS tambm podem ser realizados com CAP ou com asfaltos modificados, porm
necessrio equipamento que mantenha o ligante asfltico em tanque aquecido. Esta opo

36 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


de ligante foi sendo descontinuada e substituda por tratamento com EAP. Atualmente h
novas experincias empregando a tcnica dos TS com asfalto modificado por borracha ou
por polmero. O TS como nico revestimento principalmente indicado para rodovias de
a 10 6 repeties equivalentes ao eixo padro).

As principais funes do TS so:


proporcionar uma camada de rolamento de pequena espessura, porm de alta

resistncia ao desgaste;
impermeabilizar e proteger a infraestrutura do pavimento;

proporcionar um revestimento antiderrapante;

proporcionar um revestimento de alta flexibilidade que possa acompanhar de-

formaes relativamente grandes da infraestrutura.

Devido sua pequena espessura, o TS no aumenta a capacidade estrutural do pavi-


mento e no corrige irregularidades (longitudinais ou transversais) da pista caso seja apli-
cado em superfcie com estes defeitos.

De acordo com o nmero de camadas sucessivas de ligantes e agregados po-


dem ser:
TSS tratamento superficial simples;
TSD tratamento superficial duplo;
TST tratamento superficial triplo.

A Figura 1.2 mostra, esquematicamente, esses trs tipos de TS. Nos tratamentos ml-
tiplos em geral a primeira camada de agregados de tamanhos maiores e estes vo dimi-
nuindo medida que constituem uma nova camada. As Tabelas A24 e A25 (ver Anexo)
mostram exemplos de faixas granulomtricas que podem sem empregadas no TSD.

TSS

TSD

TST

Figura 1.2 Esquema de tratamentos superficiais

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 37


Em acostamentos, executados com EAP de baixa viscosidade, onde necessrio iniciar-
-se por um espalhamento de agregado para evitar o escorrimento do ligante, normalmente
executa-se o TS por penetrao invertida. Neste tipo de TS, prevista uma penetrao
(agulhamento) significativa do agregado no substrato ainda durante a compactao. Essa
ancoragem necessria para compensar a falta de ligante asfltico abaixo do agregado.
Portanto, a primeira camada de agregado, nesse tipo de tratamento, deve ser considerada,
tambm, como um complemento base.

1.3.4 Outros tipos de tratamentos superficiais


So ainda includos na famlia dos TS, que se caracterizam pelo espalhamento de ma-
teriais separadamente e o envolvimento do agregado pela penetrao do ligante (sempre
com pequenas espessuras).

Capa selante por penetrao


Selagem de um revestimento asfltico por espalhamento de ligante, com ou

sem cobertura de agregado mido. A espessura acabada de at 5mm, aproxi-
madamente. Este material frequentemente utilizado como ltima camada em
tratamentos superficiais mltiplos. Quando no usada a cobertura de agrega-
do mido, denomina-se tambm pintura de impermeabilizao ou fog seal.

Tratamento anti-p
Tcnica utilizada para controle de poeira em estradas de terra ou de revestimen-

to primrio, por espalhamento de emulso asfltica de baixa viscosidade tipo
EAI, com ou sem cobertura de agregado mido. A emulso asfltica tipo EAI
deve penetrar na superfcie tratada (2mm a 7mm). uma alternativa de baixo
custo para locais de baixssimo volume de trfego e obtida por espalhamento
de ligante de baixa viscosidade, com cobertura de agregado mido (Derba
023/00). Considera-se que, se a base imprimada apresenta uma boa interao
com a emulso, proporcionando boa resistncia ao desgaste, o sucesso da tc-
nica estar garantido, visto que a impermeabilizao da base estar satisfeita.
O p utilizado no salgamento da tcnica de tratamento antip visa proteger a
camada imprimada que ser submetida ao do trfego. Portanto, necess-
ria a realizao do ensaio de desgaste, nesta camada, e o sucesso da mesma
depende da qualidade da emulso aplicada no segundo banho e do material
granular utilizado (p de pedra, areia etc.).

Cape seal
Revestimento asfltico delgado, onde so aplicadas duas tcnicas de pavimen-

tao em conjunto, TSS com agregados com dimetro mximo variando entre
6,3mm a 13mm, que confere as caractersticas de reabilitao e de flexibilida-
de aos pavimentos com trincas no ativas; seguido de uma selagem com MRAF,
que promove a impermeabilizao e a rugosidade ideal para o pavimento a fim
de garantir a segurana e o conforto ao rolamento aos usurios da rodovia.

38 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Macadame betuminoso
Aplicaes sucessivas (geralmente duas) de agregado e ligante asfltico, por espa-

lhamento. Inicia-se pela aplicao do agregado mais grado (DNER ES 311/97), a
espessura acabada em geral de 20mm, porm este pode ser usado como base
ou binder, em espessuras maiores do que 50mm. Esse tipo de material tem sido
pouco empregado nos ltimos anos para rodovias brasileiras, mas ainda empre-
gado por muitas prefeituras em vias urbanas;

Imprimao
Segundo o DNIT, o servio de imprimao consiste na aplicao de material asflti-

co sobre a superfcie da base granular concluda, antes da execuo de um revesti-
mento asfltico qualquer, objetivando conferir coeso superficial, impermeabilizar e
permitir condies de aderncia entre esta base e o revestimento a ser executado.
prtica usual na engenharia rodoviria a utilizao do asfalto diludo de petrleo
(ADP) tipo cura mdia CM 30 para servios de imprimao. Porm nos ltimos
anos, devido s maiores exigncias em relao ao desenvolvimento sustentvel e
a preservao das condies de segurana, meio ambiente e sade (SMS), passou
a se empregar emulses asflticas para este tipo de tratamento de superfcie.
Diante dessa conscientizao, o DNIT revisou sua especificao de servio (DNIT
144/2014-ES) de modo a contemplar o emprego de emulses asflticas tipo EAI,
cuja especificao apresentada na Tabela A8 (ver Anexo).

Pintura de Ligao
A pintura de ligao consiste na aplicao de emulso asfltica catinica,

conforme indicao do projeto, sobre base coesiva ou pavimento a ser res-
taurado, objetivando promover condies de aderncia entre as camadas.
A existncia de aderncia entre as diversas camadas fundamental para manter a
integridade estrutural do pavimento, uma vez que cada camada contribui com sua
parcela para a absoro dos esforos oriundos da ao das cargas em movimento,
sendo que na sua ausncia o pavimento seria incapaz de assimilar esforos trans-
versais ou longitudinais originados pela passagem dos veculos. A norma DNIT
145 2010 ES Pintura de ligao com ligante asfltico convencional estabelece a
especificao de servio para esse tipo de tratamento de superfcie.Recomenda-se
a pintura de ligao com o emprego de emulso modificada por polmero elasto-
mrico tipo RR1C-E devido a sua maior capacidade de adeso entre as camadas,
resultando em um melhor desempenho e vida til do pavimento asfltico..

A maior parte da estabilidade do TS por penetrao se deve adeso, conferida pelo ligante
asfltico entre o agregado e o substrato, sendo secundria a contribuio dada pelo entrosamen-
to das partculas dos agregados. J no macadame betuminoso, a estabilidade principalmente
obtida pelo intertravamento e pelo atrito entre as partculas de agregados, complementada pela
coeso conferida pelo ligante asfltico. Do TSS por penetrao at o tratamento mltiplo, h
uma transio no que diz respeito estabilidade. Entretanto, quanto mais aplicaes se adotam
no TS, mais duvidosas sero as vantagens econmicas do processo; neste caso um outro tipo
de revestimento, como o pr-misturado a frio, deve ser considerado.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 39


2
SELEO DE CAMADAS
ASFLTICAS PARA OBRAS DE
PAVIMENTAO

2.1
CONDICIONANTES PARA UM PROJETO DE
PAVIMENTO

A seleo do tipo de mistura asfltica para compor camadas asflticas de um pavimen-


to, seja nos projetos de implantao ou naqueles destinados reabilitao, est condiciona-
da estrutura do pavimento como um todo, incluindo o subleito, e demanda a considerao
de uma srie de pontos relevantes pelo projetista:

trfego atuante e perodo de projeto;



geometria da via e condicionantes do relevo;

condicionantes climticos e dispositivos de drenagem;

tipos de ocorrncias de solos, natureza do subleito e disponibilidade de mate-

riais no local ou nas proximidades;
tecnologias ou facilidades instaladas e disponveis na regio.

2.1.1 Trfego e perodo de projeto


Para os projetos das vias, o volume de trfego relevante para o clculo da capacidade
viria e do nvel de servio, que direcionam o projeto de terraplenagem (cortes e aterros,
tneis e viadutos), o nmero de faixas de trfego, a largura mnima das mesmas, as decli-
vidades mximas, entre outros aspectos geomtricos.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 41


Para o projeto da estrutura de pavimento dessas vias, devem ser considerados os
veculos comerciais (caminhes e nibus) com a maior preciso possvel, pois estes so os
maiores responsveis pela solicitao da estrutura e sua deteriorao. importante relem-
brar que cada carga solicitante gera um dano estrutura e que os danos so cumulativos,
levando a mesma a nveis de deteriorao que o projetista designa de final da vida de pro-
jeto. O final da vida de projeto estabelecido pelo rgo gestor, que em geral vincula este
a uma rea trincada mxima admissvel do revestimento asfltico, ao afundamento mximo
admissvel nas trilhas de roda, ou mesmo irregularidade longitudinal mxima admissvel.

O trfego solicitante um dos parmetros de maior dificuldade de determinao ou de


estimativa futura nos projetos de pavimentao e que, ao ser subestimado, pode levar ao
subdimensionamento das estruturas de pavimentos ou reduo de sua vida de projeto.
Vrios fatores devem ser mensurados, determinados, previstos, ou mesmo estimados, para
considerar o trfego de veculos, principalmente de veculos comerciais:

1 Volume dirio mdio de veculos comerciais no total, estando atento s po-


cas de safra e entressafra quando pertinentes. No Brasil, empregam-se as
rodovias como um dos mais importantes meios de transporte de carga, pre-
valecendo sobre os demais modos e respondendo por praticamente 60% do
total da carga transportada. Dado esse panorama de logstica de transporte
de carga e reduzida malha rodoviria brasileira pavimentada, a participao
de veculos comerciais sobre o total que utiliza essas vias pavimentadas
elevado, sendo frequentes percentuais de 30 a 60%;

2 A porcentagem dos veculos por sentido, que pode ser desbalanceada se h


majoritariamente um sentido mais carregado do que o outro. Em projetos de
pista simples, deve-se sempre considerar o sentido mais carregado devido ao
fator preponderante que a continuidade geomtrica de camadas, facilitando
a construo e a continuidade hidrulica;

3 A porcentagem de veculos comerciais por faixa de trfego para vias com duas
ou mais faixas por sentido, sendo em geral considerada a faixa mais carregada
ou a mais solicitada pelos veculos comerciais para o projeto do pavimento; e

4 A frequncia de distribuio de peso dos veculos comerciais, configuraes


de eixos e tipos de pneus, fatores preponderantes no clculo das solicitaes
do trfego. Esses dados so, infelizmente, escassos no Brasil dada a pequena
quantidade de balanas instaladas e, frequentemente, o projetista estima uma
porcentagem de eixos carregados no limite legal de carga e uma porcentagem
complementar que circula vazio (carga do prprio veculo). Essas estimativas
podem levar a clculos que subestimam a solicitao real do trfego, pois h
uma porcentagem, s vezes expressiva, de veculos que circulam com excesso
de carga.

42 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


O excesso de carga dos veculos comerciais (carga acima da carga legal) tem sido
constatado em vrios estudos e pesquisas brasileiras. O Conselho Nacional de Trnsito
(Contran), responsvel pela regulamentao para aferio de peso de veculos, tambm es-
tabelece, por meio de resolues, percentuais de tolerncia de peso. Em 2014, a Resoluo
de nmero 489 do Contran estabeleceu novos limites de tolerncia, sancionados pela LEI
no 13.103, de maro de 2015, com pequenas alteraes com relao Resoluo 489,
resumidos nos dois itens a seguir:

1 de 5% sobre os limites de pesos regulamentares para o peso bruto total


(PBT);
2 de 10% sobre os limites regulamentares de peso bruto transmitido por eixo
dos veculos.

A deteriorao dos pavimentos dada por veculos comerciais e j se comprovou, at


experimentalmente, que a magnitude do dano aos pavimentos exponencial com a carga
aplicada, ou seja, o dano proporcional carga solicitante elevada a uma potncia (quarta
potncia ou at superior a esta) (HRB, 1962). Dessa forma, pode-se compreender que as
cargas dos veculos comerciais (e o excesso de cargas) so um dos fatores responsveis
pela maior variao das solicitaes que devem ser consideradas ou previstas para o di-
mensionamento de estruturas de pavimentos. Recomenda-se fortemente que os projetos de
pavimentao avaliem a sensibilidade ou as alteraes nas espessuras de camadas calcu-
ladas frente provvel variao dos parmetros do trfego solicitante.

At o momento, os mtodos empricos de dimensionamento de pavimentos levam em


considerao a solicitao equivalente de repeties acumuladas de eixo-padro. Ou seja,
a solicitao real dos pavimentos acumulada na vida de projeto equivale ao somatrio de
solicitaes do eixo-padro adotado, atuantes de forma transiente, e que resultam, de
forma equivalente, em um dano total acumulado, similar ao causado pelo trfego real. O
eixo-padro aquele que causa um dano unitrio estrutura de pavimento.

O eixo-padro, tambm adotado no Brasil, foi estabelecido pelos norte-americanos na


dcada de 1950 (AASHO, 1961), sendo a configurao escolhida a de um eixo simples
de rodas duplas (ESRD), com carga total no eixo, somando as quatro rodas, de 18kpis ou
80kN (8,2tf). Vrios mtodos empricos de dimensionamentos de pavimentos existentes,
como a AASHTO (1961, sendo a ltima verso publicada em 1993), e o mtodo brasileiro
do DNIT (ltima verso em 1981, reproduzida em DNIT, 2006a) transformam todos os
veculos comerciais, com as mais distintas cargas e configuraes de eixos, empregando
diferentes procedimentos, em um nmero N acumulado de repeties de eixos-padro, no
perodo de projeto.

Uma crtica que se faz em relao ao uso do nmero N para representar a solicitao
do trfego, que se estimam os danos de forma particularizada, levando em considerao
um determinado problema ou ruptura provvel. Esses pressupostos e hipteses no so

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 43


aplicveis indistintamente para todos os tipos de estruturas e espessuras de camadas de
pavimentos. Ou seja, o emprego do nmero N para representar a solicitao de trfego
simplista e aplicvel para um critrio especfico.

O projetista de pavimentos poder avaliar as solicitaes na estrutura de pavimento


considerando cada tipo de solicitao (cada tipo de configurao de eixos e carga por roda).
Os novos mtodos de dimensionamento de pavimento mecanicistas levam em considerao
o acmulo total de danos, sendo este o somatrio de danos diferentes para cada tipo de
carga atuante (AASHTO, 2002), podendo ser particularizado para a estrutura que se est
concebendo. Esta uma tendncia tambm em nosso pas, pois considera as especificida-
des de cada projeto, de cada estrutura e de cada material nas respostas das solicitaes,
como por exemplo est proposto em Franco (2007).

No Brasil, nas ltimas duas dcadas, tem-se considerado o perodo de projeto de 10


anos para uma grande gama de pavimentos e solicitaes, embora para algumas situaes
de maior volume de trfego, venham sendo adotados maiores perodos, de 15 at 20 anos.

Para a seleo de misturas asflticas, este Guia tcnico baseou-se no nmero N de


repeties de carga equivalentes do eixo-padro, por ser ainda usual no pas pelos mtodos
empricos de dimensionamento de pavimentos flexveis. Embora o Guia tcnico no trate
especificamente de dimensionamento de pavimentos, os autores propem que sejam feitos
os projetos de dimensionamento com base em anlises mecanicistas das estruturas de pavi-
mento e, para tanto, que os ensaios laboratoriais e de campo, essenciais para determinao
dos parmetros necessrios, sejam todos realizados.

Os pavimentos foram subdivididos em categorias segundo o nmero N de repeties


equivalentes do eixo-padro de 80kN (8,2tf) no perodo de projeto, para a seleo das so-
lues de pavimentao e tipos de misturas asflticas indicadas Tabela 2.1.

44 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Tabela 2.1: Nveis de trfego para a seleo de solues de misturas asflticas

Nmero N de
repeties equivalentes
Designao de carga
Rodovias e vias tpicas
segundo o nvel do eixo-padro de
nesta categoria(2)
de trfego 80kN ou 8,2tf
(USACE DNIT, 2006a)
(1)

Vias de trfego local, estradas vicinais,


B: rodovias com trfego de algumas dezenas
Baixo volume de 10 6 ou poucas centenas de veculos comerciais
trfego dirios, vias urbanas de pequena solicitao
por trfego comercial etc.

Vias e rodovias coletoras, rodovias de pista


M:
simples ou dupla, rodovias com centenas de
Moderado 106 107
veculos comerciais dirios, acessos
volume de trfego
rodovirios etc.

Rodovias e vias urbanas em geral com pista


dupla, com 2 ou mais faixas por sentido,
A: rodovias com trfego de vrias centenas at um
Alto volume de 107 5 107 ou dois milhares de veculos comerciais dirios,
trfego implantao de terceiras faixas para caminhes
lentos em pistas simples, faixas de nibus
urbanos etc.

Rodovias e vias de trfego muito pesado, com


MP: 2 ou mais faixas por sentido, com grande
Muito pesado participao de veculos comerciais, rodovias
volume muito alto N > 5 x 107 que ultrapassem em geral 2.000 veculos
de trfego e vias comerciais dirios, corredores de nibus
especiais tipo BRT com elevada solicitao, acessos a
terminais de carga etc.

(1) Nmero de repeties de carga do eixo padro AASHTO calculado empregando outros Fatores de
Equivalncia de Carga da AASHTO, que resultam em nmeros N diferentes do N USACE, para o mesmo
trfego. O N USACE tem sido empregado tradicionalmente para dimensionamento de pavimentos pelo
mtodo emprico de dimensionamento de estruturas de pavimento novos vigente no Brasil. O N AASHTO
tambm empregado no Brasil para algumas verificaes estruturais e projetos de restaurao.
(2) O nmero de repeties acumuladas de eixos deve ser calculado e no estimado pela categoria da rodo-
via ou via; a descrio na presente tabela empregada para exemplificar algumas ocorrncias frequentes,
no generalizadas. O volume de trfego dirio de veculos comerciais descritos meramente indicativo e
ilustrativo, devendo ser calculado com rigor, levando em considerao a magnitude das cargas, configu-
raes de eixos etc. Rodovias ou vias urbanas de mesmo VDM (volume de trfego dirio mdio) podem
resultar em diferentes N - nmero de solicitaes equivalentes de carga do eixo padro.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 45


2.1.2 Geometria da via e condicionantes do relevo
A geometria da via segue os preceitos de projeto virio e depende de vrios fatores.
Para a pavimentao asfltica, um relevante fator geomtrico so os aclives, principalmente
aqueles com mais de 5%, que reduzem significativamente as velocidades dos veculos pe-
sados. Essa reduo de velocidade gera cargas dinmicas mais elevadas aplicadas ao pavi-
mento, que correspondem a maiores magnitudes de tenses e, portanto, de deslocamentos
na estrutura do pavimento. Esses carregamentos podem ser calculados e, consequente-
mente, o aumento de dano estrutura tambm. O aumento de dano implicar projetar uma
estrutura mais robusta, com camadas asflticas de melhor desempenho.

Alternativamente, de forma simplificada, recomenda-se neste Guia tcnico aumentar


de maneira emprica a solicitao a que a estrutura de pavimento estar sujeita nessas
condies adversas, como aclives fortes, considerando um aumento no nvel de trfego,
conforme indicado de B para M, de M para A, de A para MP (ver Tabela 2.1). No caso
do nvel de trfego MP, sugere-se que nas condies adversas (como aclives fortes), sejam
feitas opes por ligantes asflticos de melhor desempenho, empregando um material re-
comendado, ao invs de adequado (ver Tabela 2.5).

O artifcio de aumentar o nvel de trfego (de B para M, de M para A, de A para MP) ou


na indicao de ligante asfltico e das misturas asflticas (de adequado para recomendado)
devido s condies adversas (geometria, clima etc.) ser designado neste Guia tcnico de
aumento no nvel de desempenho, empregado para levar em considerao o aumento de
solicitao de forma indireta.

Os declives e as curvas de pequeno raio so locais de maior probabilidade de ocorrn-


cia de problemas de aderncia pneu-pavimento em pista molhada. Esses locais devem, da
mesma forma, ser tratados com um aumento no grau de solicitao ou um aumento no nvel
de desempenho em relao aos trechos em tangente e planos.

2.1.3 Condicionantes climticos e dispositivos de drenagem


As vias que operam em regies sujeitas a elevadas temperaturas podem apresentar
maior propenso a defeitos como exsudao ou mesmo de deformaes em trilhas de roda
nos revestimentos asflticos, principalmente se essa situao estiver conjugada com a
existncia de rampas.

Locais onde h precipitaes intensas, mesmo que sejam de curta durao, ou com
somatrio elevado de precipitaes anuais, so propensos ocorrncia de acidentes por
derrapagens ou at hidroplanagem. Nas rodovias e vias urbanas onde se possa desenvolver
maiores velocidades, o risco aumenta, pois o coeficiente de atrito em pavimentos molhados
cai com o aumento da velocidade. Nessas regies, a existncia de curvas de pequeno raio
e rampas tambm so pontos de maior ateno. Em rodovias de trfego intenso e altas
velocidades, com curvas de grandes raios e diversas faixas de rolamento, tambm se faz
necessrio um bom projeto de drenagem superficial, pois a rea de contribuio expres-

46 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


siva. A gua pode acumular nas faixas mais externas, que recebem toda a contribuio
das demais, levando ao aumento da lmina dgua e a problemas de reduo de aderncia
pneu-pavimento.

Essas situaes citadas podem ser tratadas de forma diferenciada, utilizando revesti-
mentos asflticos que contribuam para o aumento no coeficiente de atrito entre o pneu e
pavimento (ver item 2.3 e Tabela 2.6). importante ressaltar que um bom projeto de drena-
gem e de dispositivos adequados para promover a retirada da gua da superfcie ou daquela
que infiltre na estrutura de pavimento so imperativos, tanto para melhoria das condies
de aderncia, quanto para o funcionamento estrutural dos pavimentos.

2.1.4 Materiais
Subleito
Um bom projeto de dimensionamento de pavimentos envolve um estudo apurado da ge-
ologia, da pedologia e da geotecnia locais. Nos cortes e aterros, o tratamento que ser dado
ao subleito essencial para um bom desempenho da estrutura do pavimento. Recomenda-
-se fortemente que haja um processo de densificao intenso do subleito, alcanando-se o
maior grau de compactao possvel do solo em questo, desde que o processo executivo
no leve o mesmo a apresentar anisotropia (lamelas construtivas). Recomenda-se ainda
que se empreguem tecnologias e metodologias nacionais de reconhecimento de solos e para
sua seleo, como a miniatura compactada tropical MCT (Nogami e Villibor, 1995).

Recomenda-se que as respostas do subleito (quanto resistncia e deformabilidade)


sejam as mais similares possvel, de maneira a eliminar uma elevada complexidade em
projetos de restaurao futuros. importante controlar alm do grau de compactao e
a umidade, a deformabilidade no topo do subleito (obtida atravs da viga Benkelman, do
falling weight deflectometer FWD, ou light weight deflectometer LWD) para assegurar
respostas estruturalmente compatveis para os pavimentos projetados. Caso no esteja
disponvel um desses recursos de medida da deformabilidade, pode-se empregar, embora
de maneira limitada, o cone de penetrao sul-africano (DCP). Importante realar que as
medidas de DCP so de resistncia e no de deformabilidade. A homogeneidade do subleito
facilita, inclusive, as intervenes futuras, sejam preventivas ou de reabilitao. A pequena
variao de respostas da estrutura implica possibilitar maiores extenses de uma mesma
soluo (trechos homogneos), ou seja, implica no gerar uma complexidade em projetos
futuros.

Subleitos de baixa capacidade de suporte e de alta deformabilidade (resilientes) com-


prometem o desempenho futuro, ora exigindo estruturas muito robustas estruturalmente,
ora obrigando a executar reforos estruturais para a reduo das deflexes. Nesses casos,
deve-se estudar sempre a viabilidade econmica de troca de subleito, em geral com 60cm
de espessura de troca ou superior, ou sua estabilizao com cimento ou com cal, ou at
mesmo com resduos com ao pozolnica como as cinzas volantes, de carvo ou prove-
nientes da queima do lixo, entre outros.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 47


A presena de solo mole, passvel de adensamento sob carregamento, implica necessa-
riamente um estudo geotcnico cuidadoso para propor:

1 Troca total, quando for vivel a espessura a ser removida e substituda, ou


troca parcial por aterro no topo da camada com a devida construo de ber-
mas de equilbrio.
2 A construo de aterros temporrios quando vivel para propiciar o adensa-
mento e depois ser aliviado novamente com a remoo do mesmo e a cons-
truo do pavimento recurso que demanda em geral custos elevados e com
cronograma de obra que permita essa tcnica.
3 Uso de tcnicas de acelerao de adensamento como drenos, aplicao de
vcuo etc.
4 Uso de geossintticos como reforos e/ou elementos de separao.
5 Emprego de racho, desde que seja limitado o volume a ser empregado at
que seja obtida resistncia mnima necessria no topo da camada (em ca-
madas muito espessas de solo mole, pode haver um consumo muito grande
de racho at que haja um certo travamento e resistncia suficiente para dar
suporte a equipamentos).
6 Estaqueamento, jet-grouting, colunas de brita ou de cal etc. quando forem
ocorrncias de extenso limitadas. Caso permanea a presena de solo mole
por inviabilidade de tratamento ou remoo, o projetista deve estudar caute-
losamente a magnitude dos recalques diferenciais e suas consequncias em
camadas cimentadas por resultarem em elevao das tenses de trao e
reduo, portanto, da vida de fadiga dessas camadas.

Materiais para as camadas de base, sub-base e reforo do subleito do pavimento


O estudo da disponibilidade de material no local essencial para fazer um projeto volta-
do realidade local. Da mesma forma, devem ser verificadas as tecnologias e as facilidades
disponveis no local da obra.

Um pavimento com desempenho adequado aquele que apresenta compatibilidade


estrutural do conjunto de suas camadas quanto s resistncias (ao cisalhamento) dos ma-
teriais e, principalmente, quanto deformabilidade. Uma verificao das tenses e das
deformaes atuantes essencial para um bom projeto de dimensionamento. Este Guia
tcnico sugere fortemente que todo dimensionamento de pavimentos seja feito por anlise
mecanicista.

Este Guia tcnico sugere que para trfego A e MP (Tabela 2.1) sejam empregadas
bases ou sub-bases de elevados mdulos de resilincia ou elstico. Nesse sentido indica
para alvio de tenses de trao no revestimento asfltico e aumento de sua vida de fadiga:

48 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


1 As bases asflticas de elevado mdulo (EME), usinadas com asfaltos de baixa
penetrao (entre 10 e 25 0,1mm);
2 Em algumas situaes, camadas asflticas usinadas com asfaltos altamente
modificados por polmeros elastomricos, de elevada vida de fadiga; ou
3 Bases ou sub-bases cimentadas (BGTC brita graduada tratada com cimento
ou CCR concreto compactado com rolo).

Deve-se estar muito atento continuidade hidrulica das camadas e ao projeto de


drenagem. A construo de faixas adicionais no deve ser projetada sem conhecimento
prvio da estrutura existente, com o risco de bloqueamento do fluxo de gua para fora do
pavimento e de acmulo desta entre o pavimento existente e a faixa adicional.

2.1.5 Materiais para camadas asflticas


Agregados
Para a concepo do tipo de revestimento asfltico que melhor se aplica ao projeto de
pavimento, devem-se estudar minuciosamente as pedreiras disponveis na regio, a geolo-
gia das rochas exploradas, os tipos e as sequncias de britadores e beneficiamentos, bem
como fontes naturais devidamente licenciadas de cascalhos, seixos, areia etc. Vale lembrar
que cada vez mais tem-se feito uso de agregados provenientes de fresagem de pavimentos
deteriorados. Nas instalaes mais modernas de usinas de asfalto tem-se um silo reservado
para material fresado, que foi ou no britado previamente.

Os agregados para camadas asflticas devem seguir normas especficas de modo a


apresentarem propriedades e caractersticas que promovam a qualidade desejada para as
misturas asflticas. Enumeram-se algumas dessas caractersticas e propriedades: resistn-
cia abraso e quebra, forma, absoro de gua ou de ligante, adesividade ao ligante
asfltico, durabilidade, equivalente de areia, rugosidade superficial, porosidade, entre ou-
tros aspectos. Em Bernucci et al. (2006) esses aspectos so apresentados e discutidos em
detalhes.

Fler e aditivos
Dependendo do tipo de mistura asfltica selecionada para a obra, deve-se tambm
prever a disponibilidade de fler ativo (como a cal), e aditivos (como fibras, melhoradores de
adesividade lquidos, entre outros produtos).

Ligantes asflticos
Este Guia tcnico sugere a seleo de ligantes asflticos em funo do trfego, do tipo
de obra (implantao ou reabilitao), das especificidades locais e do tipo de misturas
asflticas. Caso haja situaes ou condies adversas, tais como: rampas fortes, curvas
fechadas, presena de trfego canalizado de veculos pesados, temperaturas mdias do
ar muito elevadas, entre outras situaes que exijam misturas asflticas especiais para
garantir o desempenho adequado, sugere-se que seja elevado o nvel de desempenho em

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 49


um grau: aumentar o nvel de trfego (de B para M, de M para A, de A para MP) ou na
indicao de ligante asfltico e das misturas asflticas (de adequado para recomendado).

Caso a logstica da obra no comporte alteraes de misturas asflticas ou de ligantes


somente nos locais cujas condies sejam adversas, sugere-se um estudo detalhado de
alteraes granulomtricas ou de incrementos de melhoria de desempenho para o bom
funcionamento das estruturas de pavimentos nesses locais. De maneira geral, as indicaes
dos tipos de ligantes asflticos propostas por este Guia tcnico para misturas asflticas
usinadas a quente ou usinadas mornas constam das Tabelas 2.2 a 2.5.

Para os tratamentos superficiais por penetrao invertida, as lamas asflticas e micror-


revestimento asfltico a frio, este Guia tcnico indica os ligantes constantes nas Tabelas
2.6 a 2.8. Para as misturas asflticas usinadas a frio, este Guia tcnico indica os ligantes
constantes nas mesmas Tabelas 2.6 a 2.8.

As indicaes dos tipos de emulses e de asfaltos diludos para a realizao de servios


de imprimao sobre bases e pinturas de ligao entre camadas asflticas propostas por
este Guia tcnico constam da Tabela 2.9.

2.1.6 Tecnologias ou facilidades instaladas e disponveis na regio


Toda estrutura de pavimento deve ser projetada tendo em vista os recursos naturais, as
fontes de materiais para explorao e os equipamentos disponveis (como usinas de asfalto,
usinas de solos etc.). Os equipamentos e as facilidades instaladas para garantia de uma
execuo apropriada dos revestimentos asflticos e camadas asflticas so tratadas no
Captulo 3 deste Guia tcnico.

SELEO DE REVESTIMENTOS E DE BASES


2.2 ASFLTICAS DE PAVIMENTOS EM OBRAS DE
IMPLANTAO

Os diversos tipos de solues de revestimentos asflticos esto definidos no Captulo 1


deste Guia tcnico. Nas Tabelas 2.2 a 2.8 so sugeridas as misturas asflticas adequadas
para obras de implantao de rodovias e de vias urbanas dependendo do trfego solicitante.
Trata-se de sugestes e no dispensam uma anlise minuciosa da pertinncia ao projeto.

Os clculos de espessura das camadas asflticas dependem dos tipos de ligantes as-
flticos e graduao utilizados, do trfego atuante, dos materiais e das espessuras das
camadas subjacentes s camadas asflticas, do subleito, e das condies climticas. No
adequado o clculo de espessuras que no levem em considerao as propriedades
mecnicas das camadas asflticas. A diferenciao dos tipos de ligantes e de solues de
revestimentos e bases asflticas somente bem avaliada pelas propriedades mecnicas
(ver Captulo 3 deste Guia tcnico).

50 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Tabela 2.2: Tipos de servios a quente ou mornos para baixo volume de trfego misturas
asflticas usinadas a quente ou usinadas mornas e tratamentos superficiais a quente
adequados e recomendados em obras de implantao de rodovias e vias urbanas

Nvel de trfego: B (baixo volume de trfego N 106)


Ligantes asflticos a quente
Tipos de servios CAP modificados
CAP
(misturas usinadas e convencional CAP elastomrico CAP borracha
tratamentos superficiais)
85-100
30-45 50-70 ou 55/75-E 60/85-E 65/90-E AB8 AB22
150-200
Tratamentos superficiais de penetrao a quente

TSS (simples)
TSD (duplo)
TST (triplo)
Camadas intermedirias (binder) e bases
Macadame betuminoso por penetrao a
quente (base)
Misturas asflticas usinadas a quente ou
mornas (binder e base)
Camadas de rolamento: misturas usinadas

Areia asfalto a quente - AAUQ


Concreto asfltico - CA
Camadas de rolamento: misturas especiais usinadas

Camada porosa de atrito - CPA(*)


Mistura asfltica tipo Gap-graded - GG(*)
Mistura asfltica tipo BBTM / RAUD(*)
Mistura asfltica tipo SMA
No adequado: produto cuja aplicao no indicada tecnicamente.
Adequado: produto cuja aplicao pode levar ao sucesso tcnico (pressupe realizao de ensaios de
dosagem e de propriedades, seguindo especificaes, e aplicao dentro das boas tcnicas executivas).

Recomendado: produto cuja aplicao recomendada do ponto de vista tcnico e de durabilidade


(pressupe realizao de ensaios de dosagem e de propriedades, seguindo especificaes, e aplicao
dentro das boas tcnicas executivas).
A no indicao de uso ou de restrio significa muitas vezes que se trata de uma soluo no usual
ou economicamente invivel, ou mesmo de pouca experincia prtica neste tipo de servio ou emprego
especfico.
(*) Camadas que devem ser executadas sobre camadas asflticas densas (no drenantes)
Observao importante: trata-se de sugesto de seleo de uso e no assegura sucesso caso no sejam
feitos os ensaios de caracterizao de materiais, dosagem e determinao de propriedades mecnicas e
hidrulicas indicados para cada caso, que acompanhem um projeto estrutural. As espessuras mnimas
estruturais de projeto devem ser seguidas, a menos que estudos complementares sejam realizados e que
comprovem a eficincia de adoo de menores espessuras.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 51


Tabela 2.3: Tipos de servios a quente ou mornos para moderado volume de trfego
misturas asflticas usinadas a quente ou usinadas mornas e tratamentos superficiais a
quente adequados e recomendados em obras de implantao de rodovias e vias urbanas

Nvel de trfego: M (moderado volume de trfego 106 <N 107)


Ligantes asflticos a quente
Tipos de servios
CAP modificados
(misturas usinadas
CAP convencional CAP CAP de baixa
e tratamentos CAP elastomrico
borracha penetrao
superficiais) (modificado
85-100 ou no)
Altamente
30-45 50-70 ou 55/75-E 60/85-E 65/90-E AB8 AB22
modificado
150-200
Tratamentos superficiais de penetrao a quente sobre camada asfltica usinada

TSD (duplo)
TST (triplo)
Camadas intermedirias (binder) e bases
Macadame betuminoso por
penetrao a quente (base)
Misturas asflticas usinadas a
quente ou mornas (binder e base)
EME - mistura de mdulo elevado
(base)
SAMI (sobre camada que
possui trincas de retrao)
Camadas de rolamento: misturas usinadas

Concreto asfltico - CA
Camadas de rolamento: misturas especiais usinadas

Camada porosa de atrito - CPA(*)


Mistura asfltica tipo
Gap-graded - GG(*)
Mistura asfltica tipo BBTM / RAUD(*)
Mistura asfltica tipo SMA
No adequado: produto cuja aplicao no indicada tecnicamente.
Adequado: produto cuja aplicao pode levar ao sucesso tcnico (pressupe realizao de ensaios de
dosagem e de propriedades, seguindo especificaes, e aplicao dentro das boas tcnicas executivas).

Recomendado: produto cuja aplicao recomendada do ponto de vista tcnico e de durabilidade (pres-
supe realizao de ensaios de dosagem e de propriedades, seguindo especificaes, e aplicao dentro
das boas tcnicas executivas).
A no indicao de uso ou de restrio significa muitas vezes que se trata de uma soluo no usual ou eco-
nomicamente invivel, ou mesmo de pouca experincia prtica neste tipo de servio ou emprego especfico.
(*) Camadas que devem ser executadas sobre camadas asflticas densas (no drenantes).
Observao importante: trata-se de sugesto de seleo de uso e no assegura sucesso caso no sejam
feitos os ensaios de caracterizao de materiais, dosagem e determinao de propriedades mecnicas e
hidrulicas indicados para cada caso, que acompanhem um projeto estrutural. As espessuras mnimas
estruturais de projeto devem ser seguidas, a menos que estudos complementares sejam realizados e que
comprovem a eficincia de adoo de menores espessuras.

52 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Tabela 2.4: Tipos de servios a quente ou mornos para alto volume de trfego
misturas asflticas usinadas a quente ou usinadas mornas adequadas e recomendadas
em obras de implantao de rodovias e vias urbanas

Nvel de trfego: A (alto volume de trfego 107 <N 5x107)


Ligantes asflticos a quente
Tipos de servios
CAP modificados
(misturas usinadas CAP
convencional CAP CAP CAP de baixa
e tratamentos elastomrico borracha penetrao
superficiais) (modificado
85-100 ou no)
Altamente
30-45 50-70 ou 55/75-E 60/85-E 65/90-E AB8 AB22
modificado
150-200
Camadas intermedirias (binder) e bases
Misturas asflticas usinadas a
quente ou mornas (binder
e base)
EME - mistura de mdulo elevado
(base)
SAMI (sobre camada que possui
trincas de retrao)
Camadas de rolamento: misturas usinadas

Concreto asfltico - CA
Camada porosa de atrito - CPA(*)
Mistura asfltica tipo Gap Graded - GG(*)
Mistura asfltica tipo BBTM / RAUD(*)
Mistura as fltica tipo SMA(*)
No adequado: produto cuja aplicao no indicada tecnicamente.
Adequado: produto cuja aplicao pode levar ao sucesso tcnico (pressupe realizao de ensaios de dosagem e
de propriedades, seguindo especificaes, e aplicao dentro das boas tcnicas executivas).

Recomendado: produto cuja aplicao recomendada do ponto de vista tcnico e de durabilidade (pressupe
realizao de ensaios de dosagem e de propriedades, seguindo especificaes, e aplicao dentro das boas
tcnicas executivas).
A no indicao de uso ou de restrio significa muitas vezes que se trata de uma soluo no usual ou economica-
mente invivel, ou mesmo de pouca experincia prtica neste tipo de servio ou emprego especfico.
(*) Camadas que devem ser executadas sobre camadas asflticas densas (no drenantes).
Observao importante: trata-se de sugesto de seleo de uso e no assegura sucesso caso no sejam
feitos os ensaios de caracterizao de materiais, dosagem e determinao de propriedades mecnicas e
hidrulicas indicados para cada caso, que acompanhem um projeto estrutural. As espessuras mnimas
estruturais de projeto devem ser seguidas, a menos que estudos complementares sejam realizados e que
comprovem a eficincia de adoo de menores espessuras.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 53


Tabela 2.5: Tipos de servios a quente ou mornos para volume de trfego muito pesado e
vias especiais misturas asflticas usinadas a quente ou usinadas mornas adequadas e
recomendadas em obras de implantao de rodovias e vias urbanas

Nvel de trfego: MP (trfego muito pesado N > 5x107)


Tipos de Ligantes asflticos a quente
servios
CAP modificados
(misturas CAP
CAP CAP de baixa
usinadas e convencional CAP elastomrico penetrao
borracha
tratamentos (modificado
superficiais) 85-100 ou no)
Altamente
30-45 50-70 ou 55/75-E 60/85-E 65/90-E AB8 AB22
modificado
150-200
Camadas intermedirias (binder) e bases
Misturas asflticas
usinadas a quente
ou mornas (binder
e base)
EME - mistura
de mdulo elevado
(base)
SAMI (sobre
camada que
possui trincas de
retrao)
Camadas de rolamento: misturas usinadas
Concreto asfltico
- CA
Camada porosa de
atrito - CPA(*)
Mistura asfltica
tipo Gap-graded
- GG(*)

Mistura asfltica
tipo BBTM / RAUD(*)
Mistura asfltica
tipo SMA(*)

No adequado: produto cuja aplicao no indicada tecnicamente.


Adequado: produto cuja aplicao pode levar ao sucesso tcnico (pressupe realizao de ensaios de
dosagem e de propriedades, seguindo especificaes, e aplicao dentro das boas tcnicas executivas).

Recomendado: produto cuja aplicao recomendada do ponto de vista tcnico e de durabilidade (pres-
supe realizao de ensaios de dosagem e de propriedades, seguindo especificaes, e aplicao dentro
das boas tcnicas executivas).
A no indicao de uso ou de restrio significa muitas vezes que se trata de uma soluo no usual ou eco-
nomicamente invivel, ou mesmo de pouca experincia prtica neste tipo de servio ou emprego especfico.
(*) Camadas que devem ser executadas sobre camadas asflticas densas (no drenantes).
Observao importante: trata-se de sugesto de seleo de uso e no assegura sucesso caso no sejam
feitos os ensaios de caracterizao de materiais, dosagem e determinao de propriedades mecnicas e
hidrulicas indicados para cada caso, que acompanhem um projeto estrutural. As espessuras mnimas
estruturais de projeto devem ser seguidas, a menos que estudos complementares sejam realizados e que
comprovem a eficincia de adoo de menores espessuras.

54 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Tabela 2.6: Tipos de servios a frio para baixo volume de trfego misturas asflticas
usinadas a frio e tratamentos superficiais a frio adequados e recomendados em obras
de implantao de rodovias e vias urbana

Nvel de trfego: B (baixo volume de trfego N 106)


Tipos de
Emulses asflticas
servios
asflticos Convencionais Elastomricas
a frio Ruptura Ruptura Ruptura lenta Ruptura Ruptura Ruptura Ruptura Ruptura
rpida mdia controlada rpida mdia controlada lenta

RR-1C RR-2C RM-1C RM-2C RL-1C LA-1C LAN EA I LA-RC RR1C-E RR2C-E RM1C-E RC1C-E RL1C-E

Tratamentos superficiais de penetrao a frio

TSS
TSD
TST
Camadas intermedirias (binder) e bases
Macadame
betuminoso
Solo-emulso
Camadas de rolamento: misturas usinadas

PMF aberto
PMF semidenso
PMF denso
Areia asfalto -
AAUF
Camadas de rolamento: tratamentos de superfcie
Microrrevestimento
- MRAF
Lama asfltica - LA
Tratamento tipo
SAM

No adequado: produto cuja aplicao no indicada tecnicamente.


Adequado: produto cuja aplicao pode levar ao sucesso tcnico (pressupe realizao de ensaios de
dosagem e de propriedades, seguindo especificaes, e aplicao dentro das boas tcnicas executivas).

Recomendado: produto cuja aplicao recomendada do ponto de vista tcnico e de durabilidade (pres-
supe realizao de ensaios de dosagem e de propriedades, seguindo especificaes, e aplicao dentro
das boas tcnicas executivas).
Observao importante: trata-se de sugesto de seleo de uso e no assegura sucesso caso no sejam
feitos os ensaios de caracterizao de materiais, dosagem e determinao de propriedades mecnicas e
hidrulicas indicados para cada caso, que acompanhem um projeto estrutural. As espessuras mnimas
estruturais de projeto devem ser seguidas, a menos que estudos complementares sejam realizados e que
comprovem a eficincia de adoo de menores espessuras.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 55


Tabela 2.7: Tipos de servios a frio para moderado volume de trfego misturas
asflticas usinadas a frio e tratamentos superficiais a frio adequados e recomendados
em obras de implantao de rodovias e vias urbanas

Nvel de trfego: M
(moderado volume de trfego 106 <N 107)
Tipos de
servios Emulses asflticas
asflticos
Convencionais Elastomricas
a frio
Ruptura Ruptura Ruptura Ruptura Ruptura Ruptura Ruptura
Ruptura lenta
rpida mdia controlada rpida mdia controlada lenta

RR-1C RR-2C RM-1C RM-2C RL-1C LA-1C LAN EA I LA-RC RR1C-E RR2C-E RM1C-E RC1C-E RL1C-E

Tratamentos superficiais de penetrao a frio sobre camada asfltica

TSD
TST
Camadas intermedirias (binder) e bases

Macadame
betuminoso
Solo-emulso
PMF aberto
PMF
semidenso
PMF denso
Areia asfalto -
AAUF
Camadas de rolamento: tratamentos de superfcie sobre camada asfltica

Microrrevestimento
- MRAF
Lama Asfltica
- LA
Tratamento tipo
SAM

No adequado: produto cuja aplicao no indicada tecnicamente.


Adequado: produto cuja aplicao pode levar ao sucesso tcnico (pressupe realizao de ensaios de dosagem e
de propriedades, seguindo especificaes, e aplicao dentro das boas tcnicas executivas).

Recomendado: produto cuja aplicao recomendada do ponto de vista tcnico e de durabilidade (pres-
supe realizao de ensaios de dosagem e de propriedades, seguindo especificaes, e aplicao dentro
das boas tcnicas executivas).
Observao importante: trata-se de sugesto de seleo de uso e no assegura sucesso caso no sejam
feitos os ensaios de caracterizao de materiais, dosagem e determinao de propriedades mecnicas e
hidrulicas indicados para cada caso, que acompanhem um projeto estrutural. As espessuras mnimas
estruturais de projeto devem ser seguidas, a menos que estudos complementares sejam realizados e que
comprovem a eficincia de adoo de menores espessuras.

56 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Tabela 2.8: Tipos de servios a frio para alto volume de trfego e trfego muito pesado
tratamentos superficiais a frio adequados e recomendados em obras de implantao
de rodovias e vias urbanas

Nvel de trfego: A e MP
(alto volume de trfego e trfego muito pesado N > 107)
Tipos de Emulses asflticas
servios
asflticos Convencionais Elastomricas
a frio Ruptura Ruptura Ruptura Ruptura Ruptura Ruptura
Ruptura lenta
rpida mdia controlada Ruptura rpida mdia controlada lenta

RR-1C RR-2C RM-1C RM-2C RL-1C LA-1C LAN EA I LA-RC RR1C-E RR2C-E RM1C-E RC1C-E RL1C-E

Camadas de rolamento: tratamentos de superfcie sobre camadas usinadas (*)

Microrrevestimento
- MRAF

Tratamento tipo
SAM

No adequado: produto cuja aplicao no indicada tecnicamente.


Adequado: produto cuja aplicao pode levar ao sucesso tcnico (pressupe realizao de ensaios de dosagem e
de propriedades, seguindo especificaes, e aplicao dentro das boas tcnicas executivas).
Recomendado: produto cuja aplicao recomendada do ponto de vista tcnico e de durabilidade (pres-
supe realizao de ensaios de dosagem e de propriedades, seguindo especificaes, e aplicao dentro
das boas tcnicas executivas).
(*) Servios de carter excepcional na implantao de rodovias e vias urbanas, construdas sobre camadas
usinadas.
Observao importante: trata-se de sugesto de seleo de uso e no assegura sucesso caso no sejam
feitos os ensaios de caracterizao de materiais, dosagem e determinao de propriedades mecnicas e
hidrulicas indicados para cada caso, que acompanhem um projeto estrutural. As espessuras mnimas
estruturais de projeto devem ser seguidas, a menos que estudos complementares sejam realizados e que
comprovem a eficincia de adoo de menores espessuras.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 57


Tabela 2.9: Tipos de ligantes asflticos adequados e recomendados para imprimao e
pintura de ligao

Trfego
Tipos de ligantes asflticos B M A MP
Baixo Moderado Alto Muito Pesado
Pinturas de ligao
(entre camadas asflticas de revestimento ou entre revestimento e base asfltica)

Emulses asflticas RR-1C ou RR-2C


Emulses asflticas modificadas elastomrica RR-1CE
Emulses asflticas modificadas elastomrica RR-
-2CE

Imprimao
(sobre camadas de base no cimentada)

Emulses asflticas para imprimao EAI


Asfalto diludo CM30 (em desuso)
Imprimao
(sobre camadas de base cimentada)

Emulses asflticas para imprimao EAI (*)


Asfalto diludo CM30 (em desuso)
No adequado: produto cuja aplicao no indicada tecnicamente.
Adequado: produto cuja aplicao pode levar ao sucesso tcnico (pressupe realizao de ensaios de dosagem e
de propriedades, seguindo especificaes, e aplicao dentro das boas tcnicas executivas).

Recomendado: produto cuja aplicao recomendada do ponto de vista tcnico e de durabilidade (pres-
supe realizao de ensaios de dosagem e de propriedades, seguindo especificaes, e aplicao dentro
das boas tcnicas executivas).
A no indicao de uso ou de restrio significa que se trata de uma soluo no indicada, embora no
se possa dizer que seja inadequada.
(*) Seleo recomendada se a emulso asfltica para imprimao no contiver solvente em sua formulao.
Caso tenha solvente, este pode reagir com o cimento causando o desprendimento da pelcula da camada
de base, interferindo negativamente na aderncia entre revestimento e base.
Observao importante: trata-se de sugesto de seleo de uso e no assegura sucesso caso no sejam
feitos os ensaios de caracterizao de materiais e dosagens das taxas adequadas de aplicao.

58 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


2.3
SOLUES TECNOLGICAS ESPECIAIS PARA
ADERNCIA PNEU-PAVIMENTO EM PISTA MOLHADA

Para as aplicaes funcionais de melhoria de aderncia pneu-pavimento em pistas molha-


das, de modo a reduzir problemas de derrapagem e aquaplanagem, indicam-se, na Tabela 2.6,
algumas solues para aumentar principalmente a macrotextura superficial dos pavimentos,
dada pela topografia ou configurao geomtrica da textura superficial. A macrotextura super-
ficial altamente dependente da granulometria, embora a forma dos gros tambm constitua
um fator relevante para o arranjo superficial. A textura superficial dos agregados (chamada de
microtextura), resultante da natureza da rocha de origem, tcnica de britagem, entre outros fa-
tores, tambm importante no aumento do atrito entre os dois corpos (o pneu e o pavimento).

A Figura 2.1 mostra de forma esquemtica a macrotextura superficial de um revesti-


mento asfltico e a microtextura de seus agregados. A Tabela 2.10 traz a classificao da
macrotextura superficial e a Tabela 2.11 a classificao da microtextura dos agregados,
ambas adotadas pelo DNIT, 2006b.

Figura 2.1 Micro e macrotextura na superfcie de um revestimento asfltico

Tabela 2.10: Classes de macrotextura (adotada pelo DNIT, 2006b)


Classe Altura mdia de mancha de areia (mm)
Muito fina ou muito fechada 0, 0
Fina ou fechada 0, 0 0,40
Mdia 0,40 0, 0
Grosseira ou aberta 0, 0 1, 0
Muito grosseira ou muito aberta HS > 1,20

Tabela 2.11: Classes de microtextura (ABPv, 1999, adotada pelo DNIT, 2006b)
Classe Valor de resistncia derrapagem
Perigosa < 25
Muito lisa 5V 1
Lisa V
Insuficientemente rugosa 40 V 4
Medianamente rugosa 47 V 54
Rugosa 55 V 75
Muito rugosa VRD > 75

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 59


O DNIT (2006b) tem recomendado o uso de revestimentos asflticos com macrotextura
entre 0,6mm e 1,2mm, medida pelos testes de altura mdia de mancha de areia mtodo
ASTM E965-96 (2006). Deve-se ressaltar que a faixa de valores de macrotextura, especifi-
cada pelo DNIT e tambm empregados pela ANTT para fiscalizao de rodovias concessiona-
das, difcil de ser obtido para o concreto asfltico cujo valor mais comum varia entre 0,4mm
e 0,8mm. Pode-se determinar a macrotextura por equipamentos a laser, que vm sendo cada
vez mais utilizados dada a elevada velocidade de determinao. A ASTM recomenda atual-
mente o emprego dessas tcnicas em substituio ao uso da mancha de areia ou do mtodo
volumtrico. As normas empregadas so a ASTM E1845-09 ou a ISO 13473-1:1997.

A microtextura dos agregados uma propriedade importante para colaborar na adern-


cia pneu-pavimento em pavimentos molhados. Para velocidades mais baixas, o atrito na
superfcie dos agregados (dado pela microtextura) uma caracterstica muito importante
para romper o filme de gua entre o pneu e o pavimento. Portanto, para vias urbanas, em
cruzamentos, em corredores de nibus, entre outros locais, importante a avaliao da
microtextura. Infelizmente no Brasil no so adotados os testes de desgaste acelerado de
agregados para aprovar o uso dos mesmos em misturas asflticas para camadas de rola-
mento. Quando h realizao de testes, estes so feitos a posteriori, com o pavimento exe-
cutado, ou j aps alguns anos. So avaliadas as microtexturas principalmente pelo ensaio
de atrito pelo pndulo britnico. O mtodo de ensaio segue a ASTM E303-93 (2013). Tc-
nicas de imagens tm sido bastante empregadas tambm para avaliao da microtextura.

O DNIT (2006b), em seu Manual de restaurao de pavimentos asflticos, recomenda o BPN


(British pendulum number medida obtida diretamente no aparelho) igual ou superior a 47
para garantia de superfcies, no mnimo, medianamente rugosas. O DNIT classifica a su-
perfcie segundo o BPN em rugosas para valores entre 55 e 74, e como muito rugosas para
BPN igual ou superior a 75.

Atualmente no Brasil, est sendo disseminado o uso de equipamentos dinmicos, como o Grip-
-tester, instalados em reboques, operados em velocidades em geral de 65km/h a 95km/h, para a
medida de atrito em pista molhada de forma controlada e contnua, em rodovias e vias em geral
(ASTM E274/E274M-11). Essa prtica j est presente no Brasil h dcadas para a medida de
atrito em pistas de pouso e de decolagem de aeroportos para que se reportem os valores de atrito
mdio nos trs teros das pistas, para os pilotos e as companhias areas, por normalizao interna-
a a , a a a a , a -
te, tambm o skidometer. H normalizao para as correlaes entre os resultados fornecidos por
diferentes equipamentos (ASTM E2666-09, a ASTM E2793-10 e a ASTM E2883-13).

O atrito pode ser reportado por um indicador que independe do equipamento, pois emprega
as correlaes entre eles. Esse parmetro conhecido por International Friction Index (IFI), tra-
duzido no Brasil por APS (2006) como ndice de Atrito Internacional (ASTM E1960-07, 2011).

Embora a aderncia seja um parmetro fundamental para a segurana dos usurios das
vias e rodovias, h ainda muito que se fazer e a se implantar no Brasil nesse aspecto. H
diversas tcnicas de pavimentos asflticos para melhorar as condies de atrito, principal-
mente em superfcies molhadas, apontadas e recomendadas na Tabela 2.12.

60 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Tabela 2.12: Tipos de misturas asflticas usinadas a quente ou mornas e tratamentos
superficiais para aumento de aderncia em pontos crticos, curvas fechadas, locais de
elevada pluviosidade - projetos de implantao ou reabilitao

Trfego
Camadas de rolamento B M A MP Muito
Baixo Moderado Alto Pesado
Camadas de rolamento
Concreto asfltico denso (somente
com altura mdia de mancha de
a a 0, )

SMA
Gap-graded(1)
CPA (1)
Camadas delgadas usinadas BBTM
e RAUD (2,0 a 3,0cm)(1)
Tratamentos superficiais de pene-
trao invertida(2)
Lama asfltica(2)
Microrrevestimento asfltico a frio(2)
Adequado: produto cuja aplicao pode levar ao sucesso tcnico (pressupe realizao de ensaios de
dosagem e de propriedades, seguindo especificaes, e aplicao dentro das boas tcnicas executivas).

Recomendado: produto cuja aplicao recomendada do ponto de vista tcnico e de durabilidade (pres-
supe realizao de ensaios de dosagem e de propriedades, seguindo especificaes, e aplicao dentro
das boas tcnicas executivas).

A no indicao de uso ou de restrio significa que se trata de uma soluo no indicada, embora no
se possa dizer que seja inadequada, pois a macrotextura deve ser elevada para colaborar com o atrito, o
que de difcil obteno em concretos asflticos.
(1) Misturas asflticas porosas (drenantes) devem ser construdas obrigatoriamente sobre camadas asflticas
densas e impermeveis. Devem ser testadas desagregao em curvas fechadas ou rampas fortes.
(2) Tratamentos superficiais de penetrao invertida, executados com emulso modificada por polmero e
construdos sobre uma camada asfltica usinada.
Observao importante: trata-se de sugesto de seleo de uso e no assegura sucesso caso no sejam
feitos os ensaios de caracterizao de materiais, dosagem e determinao de propriedades mecnicas e
hidrulicas indicados para cada caso, que acompanhem um projeto estrutural. As espessuras mnimas
estruturais de projeto devem ser seguidas, a menos que estudos complementares sejam realizados e que
comprovem a eficincia de adoo de menores espessuras.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 61


2.4
SOLUES TECNOLGICAS PARA REDUO DE
RUDO AO ROLAMENTO PNEU-PAVIMENTO

O contato pneu-pavimento o fator que responde pela maior contribuio ao rudo


gerado por um veculo em movimento, trafegando acima de 50km/h. O tipo de camada de
rolamento do pavimento uma das formas de reduo de rudo (dependendo da topografia
da regio, do volume e da velocidade do trfego) mais eficientes, porm, dependendo da
velocidade dos veculos e local, pode ser necessrio o emprego de barreiras acsticas ou de
outros elementos para que, somado ao revestimento do pavimento, possa ser controlada ou
amenizada a gerao de rudo dos veculos para as reas lindeiras via.

O projeto da mistura asfltica pode ser realizado com foco em duas caractersticas b-
sicas que contribuem para a reduo do rudo pneu-pavimento, decorrente do rolamento:
a superfcie da camada de rolamento e os vazios interligados (com ar) dessa camada. Na
Tabela 2.13 apresentam-se as sugestes para a seleo de misturas asflticas que podem
contribuir para a reduo do rudo ao rolamento.

A graduao da mistura asfltica pode ser concebida de modo que se gere uma textura
superficial que propicie a perda de energia da onda sonora no contato do pneu com essa
superfcie. Nesse sentido, as misturas usinadas com maior macrotextura e com menor ta-
manho mximo nominal de agregados tendem a ser menos ruidosas se comparadas quelas
usinadas com texturas fechadas, e as usinadas tendem a ser mais silenciosas se compara-
das aos tratamentos superficiais por penetrao, aos microrrevestimentos asflticos a frio
e s lamas asflticas.

A macrotextura por si s no um parmetro que explique o rudo gerado entre o pneu


e o pavimento. Esse parmetro depende tambm da conformao (topografia ou arranjo)
dos agregados na superfcie (macrotextura positiva ou negativa), e esse aspecto essencial
para compreender e comparar duas superfcies com a mesma macrotextura (Callai, 2011).
De forma simplista, a macrotextura positiva aquela onde na superfcie tem-se cumes e
arestas dos agregados expostos e, na negativa, h planos britados dos agregados expostos.
A configurao dos agregados na superfcie depende basicamente do tipo de agregados
(forma), do tipo de mistura asfltica e do processo executivo. Ilustra-se com a comparao
de um tratamento superficial duplo executado por penetrao invertida, em geral de ma-
crotextura muito aberta, com uma camada porosa de atrito (CPA), que tambm apresenta
em geral macrotextura muito aberta. A CPA o revestimento, em geral, mais silencioso que
existe e o TSD um dos mais ruidosos. Igualmente, pode-se comparar o microrrevestimento
asfltico a frio com usinados do tipo gap-graded ou delgados usinados especiais (BBTM,
SMA 0/8S, SMA 0/6 etc. ver Captulo 1) que apresentam macrotextura similar quela
encontrada para o microrrevestimento asfltico a frio. Os materiais usinados so mais silen-
ciosos que os tratamentos, em geral.

Misturas asflticas com maior volume de vazios com ar interligados so favorveis para
a reduo de rudo se comparadas s misturas asflticas do tipo densas (impermeveis,
com vazios com ar oclusos). Nas misturas asflticas no impermeveis, quanto menores

62 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


forem as dimenses dos agregados e dos poros com ar interligados, maior deve ser a absor-
o do rudo gerado. Camadas asflticas com poros de ar interligados devem ser executadas
sobre camadas impermeveis para evitar a entrada de gua na estrutura do pavimento.

Tabela 2.13: Tipos de misturas asflticas usinadas a quente ou mornas e tratamentos


superficiais para reduo de rudo ao rolamento pneu-pavimento obras de
implantao ou reabilitao

Trfego
Camadas de rolamento B M A MP
Baixo Moderado Alto Muito pesado
Concreto asfltico denso
SMA
Gap-graded
CPA (1)
Camadas delgadas usina-
das tipo BBTM ou RAUD
(2,0cm a 3,0cm) (1)
Tratamento superficial de
penetrao, lama asflti-
ca e microrrevestimento

asfltico a frio

No adequado: produto cuja aplicao no indicada tecnicamente.


Adequado: produto cuja aplicao pode levar ao sucesso tcnico (pressupe realizao de ensaios de
dosagem e de propriedades, seguindo especificaes, e aplicao dentro das boas tcnicas executivas).
Recomendado: produto cuja aplicao recomendada do ponto de vista tcnico e de durabilidade (pressu-
pe realizao de ensaios de dosagem e de propriedades, seguindo especificaes, e aplicao dentro das
boas tcnicas executivas).
(1) Misturas asflticas drenantes (com vazios interconectados, em geral entre 18% a 25%) devem ser
construdas obrigatoriamente sobre camadas asflticas densas e impermeveis. Devem ser testadas
desagregao em curvas fechadas ou rampas fortes.
Observaes importantes:
a reduo de rudo ao rolamento direcionada para os usurios dos veculos e para aqueles que se en-
contram em reas lindeiras a rodovias e vias urbanas de alta velocidade ou hospitais e escolas.
Trata-se de sugesto de seleo de uso e no assegura sucesso caso no sejam feitos os ensaios de
caracterizao de materiais, dosagem e determinao de propriedades mecnicas e hidrulicas indicados
para cada caso, que acompanhem um projeto estrutural. As espessuras mnimas estruturais de projeto
devem ser seguidas, a menos que estudos complementares sejam realizados e que comprovem a eficin-
cia de adoo de menores espessuras.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 63


2.5
SELEO DE MISTURAS ASFLTICAS PARA OBRAS
DE RESTAURAO E DE REABILITAO

Nas Tabelas 2.14, 2.15 e 2.16 so sugeridas algumas tcnicas para uso em obras de
restaurao e de reabilitao de rodovias e de vias urbanas com revestimentos asflticos,
dependendo do tipo de defeito existente. As sugestes so indicativas e no cobrem todas
as tcnicas e todos os recursos existentes. Trata-se de sugestes e no dispensam uma
anlise minuciosa da pertinncia ao projeto. Todas as solues indicadas remetem s Ta-
belas 2.2 a 2.8.

2.5.1 Levantamentos e avaliaes


Antes do estabelecimento de uma soluo deve-se proceder verificao das causas
que geraram o problema ou problemas estruturais ou funcionais (defeitos), caso contrrio,
no possvel indicar uma soluo adequada. Em nenhum caso dispensa-se o levantamen-
to dos defeitos. As seguintes normas podem ser utilizadas para este fim: DNIT 006/2003
PRO; DNIT 007/2003 - PRO; e/ou DNIT 008/2003 PRO.

As avaliaes estruturais devem ser realizadas para o levantamento das deflexes


e, sempre que possvel, das bacias de deflexo que auxiliam em um diagnstico do
problema. As normas brasileiras do DNIT para tais finalidades so: DNER-ME 024/94
e DNER-PRO 273/96, para levantamentos com a viga Benkelman e FWD (falling wei-
ght deflectometer), respectivamente. H outros equipamentos e facilidades disponveis
atualmente no pas para a realizao de levantamentos de deflexes, mas ainda no
normatizados. Para a compreenso e o diagnstico dos defeitos, devem-se conhecer
as estruturas de pavimentos avaliados: espessuras e materiais utilizados nas camadas.
Se no houver disponvel cadastro do projeto estrutural ou as-built da obra, devem ser
abertos poos de inspeo, preferencialmente com coleta de materiais para ensaios em
laboratrio. H atualmente no Brasil o recurso de uso de GPR ground penetrating ra-
dar, que um tipo de ensaio no destrutivo, de alto rendimento, cujos resultados podem
ser analisados por geofsicos para identificar as diferentes camadas dos pavimentos
(materiais e espessuras).

As avaliaes funcionais devem ser realizadas para levantamento das irregularidades


longitudinais. Adicionalmente, dependendo da natureza dos problemas, podem ser reali-
zados levantamentos funcionais relativos segurana (aderncia em pista molhada) e ao
conforto acstico. Para o levantamento da irregularidade longitudinal, o DNIT disponibiliza
a norma DNER-PRO 182/94, para equipamentos do tipo maysmeter e tipo-resposta. Tem-
-se empregado, frequentemente, equipamentos medidores dos deslocamentos permanentes
da superfcie (irregularidades) por meio de lasers instalados em uma barra fixada nos pra-
-choques de veculos de levantamento. Estes equipamentos esto em vias de normalizao
no Brasil.

64 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Dependendo do local e dos problemas constatados, recomenda-se que seja deter-
minado o coeficiente de atrito em pistas molhadas (por equipamentos estticos tipo
pndulo britnico ou, preferencialmente, por levantamento contnuo com equipamentos
como grip-tester ou similares) para as questes relativas aderncia, e a magnitude
do rudo devido ao conforto acstico e sade dos lindeiros s vias (ver itens 2.3 e 2.4).
Em rodovias concessionadas, h indicadores de coeficiente de atrito mnimo a serem
obtidos.

2.5.2 Solues de reforos estruturais e de


restabelecimento funcional
O clculo de espessuras necessrias de reforo estrutural depende muito do trfego
solicitante e da condio estrutural do pavimento, bem como do estado das camadas (pre-
sena de trincas, afundamentos, entre outros defeitos). Recomenda-se sempre a realizao
de levantamentos de campo, ensaios de laboratrio e de projeto de reabilitao visando s
questes estruturais.

Procedimentos de projeto que resultem em uma espessura de camada asfltica usinada


complementar de reforo estrutural no devem ser empregados sem que haja necessaria-
mente a verificao do estado do pavimento existente. Camadas superficiais deterioradas
ou a presena de trincas no pavimento antigo podem ser refletidas em um curto intervalo
de tempo aps a execuo da restaurao asfltica.

As solues funcionais para a correo de irregularidade devem levar em conta o esta-


do da superfcie, as magnitudes de afundamentos e irregularidades em geral. Deve-se ter
especial ateno execuo de camada asfltica sobre o pavimento existente que leve ao
alteamento do greide de projeto, para que tal soluo no comprometa o sistema de drena-
gem, o nivelamento e as declividades, e reduo de vos sob viadutos.

Para a correo de irregularidade, frequentemente no so aplicveis tratamentos


superficiais, lamas asflticas ou microrrevestimentos asflticos por serem estas ca-
madas de espessuras reduzidas e que acompanham normalmente o perfil j existente.
Ou seja, estes materiais reproduzem as imperfeies e as irregularidades existentes
para a superfcie restaurada. Somente em alguns casos tem-se sucesso na aplicao
de microrrevestimento asfltico para o preenchimento de trilhas de rodas pouco pro-
fundas (menores do que 20mm), contnuas, de profundidade pouco ou no varivel,
executados exclusivamente nas larguras com depresses geomtricas (nas trilhas de ro-
das). Excepcionalmente, caso as condies estruturais admitam, pode-se realizar uma
microfresagem superficial para acerto da geometria e do nivelamento (correo das
irregularidades), seguida da execuo de camadas delgadas (tratamentos superficiais de
penetrao invertida, lamas asflticas, microrrevestimentos asflticos a frio, e camadas
usinadas delgadas).

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 65


Deve ser avaliada a soluo de fresagem da camada asfltica deformada, quando
essa a responsvel pelos problemas de deformao, seguida pela execuo de uma
recomposio com mistura asfltica devidamente dosada e testada. Se no for empre-
gada a fresagem, so necessrios frequentemente mais de 40mm de espessura de novo
revestimento asfltico para correes geomtricas, porm essa soluo depende do
estado da superfcie. Neste ltimo caso, deve-se estar assegurado da possibilidade de
alteamento da espessura do pavimento, sem que haja prejuzo de outras caractersticas
geomtricas e de drenagem.

As tcnicas para restaurao funcional para atender aos critrios e aos indicadores de
aderncia ou de rudo devem ser remetidas s solues indicadas nas Tabelas 2.12 e 2.13,
respectivamente.

Quando os pavimentos asflticos esto muito deteriorados e demandam reabilitao


envolvendo o revestimento asfltico e a camada de base de forma generalizada, ou mesmo
em casos mais graves que incluem a remoo de outras camadas subjacentes, o projetista
deve programar a remoo dos materiais por fresagem profunda, procurando sempre o
reaproveitamento ou a reciclagem dos materiais removidos. A programao pressupe a
fresagem em etapas distintas caso a separao de materiais das camadas originais seja
necessria no projeto de reabilitao ou de reconstruo.

A reciclagem de fresados altamente desejvel pois so materiais nobres, com agre-


gados ptreos e asfalto antigo. Recomenda-se fortemente a reciclagem dos fresados por
tcnica a quente (em usina), mornas (em usina) ou a frio (em usina ou por equipamento in
situ) ver Captulo 1.

Em pases desenvolvidos tm sido frequentemente empregados fresados em projetos de


misturas asflticas a quente, mesmo que em pequenas porcentagens (cerca de at 15%).
Vrias solues de reciclagem a quente empregam porcentagens maiores de fresados, po-
dendo chegar a 50%. H algumas utilizaes que ultrapassam estes valores, porm o
controle bastante mais delicado e complexo, levando seu emprego em camadas interme-
dirias e para menor volume de trfego. A reciclagem em usina de fresados para confeco
de misturas asflticas mornas uma das tcnicas mais atuais.

A reciclagem a frio pode ser feita in situ ou em usina estacionria ou mesmo em usina
mvel (ver Captulo 3). Para trfego A (alto) ou MP (muito pesado), recomenda-se forte-
mente que a reciclagem a frio seja feita em usina, de modo que se viabilize a visualizao
da superfcie da estrutura de pavimento remanescente e, se necessrio, que se tomem
medidas corretivas localizadas, o que no possvel por reciclagem in situ (in loco), com
equipamentos posicionados sobre o local de remoo e de recomposio.

H atualmente no Brasil vrias solues de reciclagem a frio disponveis, entre elas


a que emprega espuma de asfalto e aquela com emulso asfltica e adio de fler ativo.
Essas solues tm sido empregadas em projetos que prevejam a reciclagem de fre-
sados asflticos. A complementao com materiais britados novos e fler depende das
propriedades dos materiais fresados, da dosagem e do projeto estrutural. Geralmente

66 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


essas solues de reciclagem a frio demandam a execuo de uma camada de rolamento,
podendo ser esta uma mistura usinada ou at mesmo um microrrevestimento asfltico a
frio, de maneira que a camada reciclada fique protegida do contato direto com os pneus
dos veculos.

A incorporao dos materiais de base ao revestimento asfltico fresado pode ser vivel.
Como todos os outros materiais, este tambm requer ensaios de laboratrio para a dosagem
e para a determinao de propriedades mecnicas.

A reciclagem de bases granulares por adio de cimento uma outra alternativa, geral-
mente feita in situ ou atravs do uso de usina mvel. Estas solues so concebidas para
favorecer o enrijecimento da camada (e portanto do pavimento como um todo) ou para
recuperar a rigidez original de bases cimentadas perdidas por fadiga ou por outros meca-
nismos de deteriorao.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 67


Tabela 2.14: Solues para restaurao estrutural e funcional ou reabilitao em

68
rodovias e vias urbanas (ver tambm Tabelas 2.15 e 2.16)
Microrrevestimento Recapeamento com Reciclagem de
asfltico Recapeamento com
Recapeamento com mistura base e
ou mistura asfltica
Remendos/ mistura asfltica asfltica usinada revestimento(3)
Tipos de Selagem Fresagem/ lama asfltica usinada com
remendos usinada (recomposio +
problemas/defeitos de trincas profundos remoo ou da ou no) reciclado ou no tratamento camada de
tratamento superficial (recicla antirreflexo de
(recomposio) + rolamento
de penetrao trincas(2)
reforo estrutural) asfltica(4)
invertida(1)

Trincamento
isolado verificar
as recomendaes
adequadas


Trincamento moderado
em pequenas reas



Trincamento de
fadiga
FC2 e FC3 (5)

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO



Trincamento de base

e reflexo de trincas
no revestimento

Restaurao sobre
placas de concreto
de cimento
Restaurao sobre
placas de concreto (6)
de cimento muito
trincadas (7)
Adequado: produto/tcnica cuja aplicao pode levar ao sucesso tcnico (pressupe realizao de ensaios de dosagem e de propriedades, seguindo especifica-
es, e aplicao dentro das boas tcnicas executivas).
A no indicao de uso significa que se trata de uma soluo no usual ou no indicada, ou mesmo economicamente invivel.
(1) A escolha depende do trfego, do tipo de obra e da disponibilidade de equipamentos.
(2) Os tratamentos antirreflexo de trincas podem ser: (i) camada asfltica usinada muito aberta; (ii) camada de SAMI; (iii) aplicao de geossinttico geogrelhas ou
geotxteis ou geogrelha combinado com geotxtil; (iv) SAMI + geossinttico.
(3) Reciclagem in situ ou em usina (mvel ou fixa): (i) com espuma de asfalto; (ii) com emulso asfltica + cimento/cal; (iii) com cimento. Todas as solues de reci-
clagem devem ser realizadas com adio ou no de materiais ptreos novos.
(4) Sobre camadas recicladas, sero executadas camadas asflticas de rolamento, cujo tipo e espessura dependem do projeto.
(5) As solues dependem da porcentagem de rea trincada e do grau de severidade do trincamento.
(6) Quebra das placas de modo que se produza uma camada granular de base.
(7) Quebra e reaproveitamento como material para reciclagem.
Observaes complementares:
As indicaes pressupem muitas vezes duas ou trs solues combinadas.
Todas as solues pressupem um projeto especfico e exigem um estudo cauteloso das causas que levam ao defeito para poder corrigi-lo.
Trata-se de sugesto de seleo de uso e no assegura sucesso caso no sejam feitos os ensaios de caracterizao de materiais, dosagem e determinao de
propriedades mecnicas e hidrulicas indicados para cada caso, que acompanhem um projeto estrutural e/ou funcional.
A ocorrncia de vrios tipos de defeitos pode levar a solues combinadas com as demais tabelas apresentadas neste Guia tcnico ou mesmo reconstruo
quando pertinente.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Sugere-se fortemente o reaproveitamento do material asfltico fresado em propores a serem estudadas.

69
Tabela 2.15: Solues para restaurao estrutural e funcional ou reabilitao

70
em rodovias e vias urbanas (ver tambm Tabelas 2.14 e 2.16)
Microrrevestimento Recapeamento com
asfltico Reciclagem Reciclagem de base e
mistura asfltica
Remendos/ Microfresagem/ ou Recapeamento com revestimento (3) revestimento (4)
Tipos de usinada
remendos fresagem/ lama asfltica mistura asfltica + +
problemas/defeitos +
profundos remoo (1) ou usinada camada de camada de rolamento camada de rolamento
tratamento superficial asfltica(5) asfltica(5)
reperfilagem(2)
de penetrao invertida
Deformaes
localizadas
Deformao
permanente em
trilhas de roda por
consolidao (6)
(9)
Deformao
permanente em
trilhas de roda
por fluncia
principalmente (7)

Exsudao(8)

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Escorregamento de
massa


Corrugao

Adequado: produto/tcnica cuja aplicao pode levar ao sucesso tcnico (pressupe realizao de ensaios de dosagem e de propriedades, seguindo especifica-
es, e aplicao dentro das boas tcnicas executivas).
(1) A escolha depende do estado da camada de rolamento e das condies de integridade e da espessura da camada de rolamento.
(2) A camada de reperfilagem em geral constituda de agregados de menor dimenso para poder ser executada em espessura varivel de modo a corrigir o nivela-
mento da superfcie. Superfcies muito deformadas devem ser fresadas.
(3) Reciclagem em usina (mvel ou fixa): (i) a quente; (ii) morna; (iii) a frio. Todas as solues de reciclagem com adio ou no de materiais ptreos novos e adio de ligan-
tes novos.
(4) Reciclagem in situ ou em usina (mvel ou fixa): (i) com espuma de asfalto; (ii) com emulso asfltica + cimento/cal; (iii) com cimento. Todas as solues de reci-
clagem devem ser realizadas com adio ou no de materiais ptreos novos.
(5) Sobre camadas recicladas, sero executadas camadas asflticas de rolamento, cujo tipo e espessura dependem do projeto.
(6) As solues para os casos de deformao por consolidao devem ser estudadas pois devem requerer em geral reforos estruturais.
(7) Caso o revestimento asfltico apresente pequena instabilidade pode ser possvel a execuo de nova camada de rolamento sobre esta. No entanto, a maior parte
das vezes, requer-se a remoo da camada asfltica instvel para a execuo de nova camada asfltica.
(8) Dispensa-se a microfresagem, ou mesmo a fresagem, caso seja vivel a execuo de camada executada diretamente sobre a rea exsudada e onde as deformaes
permanentes sejam pouco significativas.
(9) Recomendado somente a aplicao de microrrevestimento para o preenchimento de trilhas de roda com equipamentos dedicados para este fim (afundamentos
inferiores a 2,0cm) e provenientes da consolidao apenas do revestimento asfltico.

Observaes:

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


As indicaes pressupem muitas vezes duas ou trs solues combinadas.
Todas as solues pressupem um projeto especfico e exigem um estudo cauteloso das causas que levam ao defeito para poder corrigi-lo.
Trata-se de sugesto de seleo de uso e no assegura sucesso caso no sejam feitos os ensaios de caracterizao de materiais, dosagem e determinao de
propriedades mecnicas e hidrulicas indicados para cada caso, que acompanhem um projeto estrutural e/ou funcional.
A ocorrncia de vrios tipos de defeitos pode levar a solues combinadas com as demais tabelas apresentadas neste Guia tcnico ou mesmo reconstruo
quando pertinente.
Sugere-se fortemente o reaproveitamento do material asfltico fresado em propores a serem estudadas.

71
Tabela 2.16: Solues para restaurao estrutural e funcional ou reabilitao em

72
rodovias e vias urbanas (ver tambm Tabelas 2.14 e 2.15)
Microrrevestimento Reciclagem
mento com Reciclagem de
asfltico mento com Recapea de base e
Recapeamento Recapea mistura asfltica revestimento (1)
Tipos de Remendos/ Fresagem/ ou mistura asfltica revestimento (2)
com mistura usinada com +
problemas/ remendos lama asfltica usinada +
asfltica tratamento camada de
defeitos profundos remoo ou + camada de
usinada antirreflexo de rolamento
tratamento superficial de reforo estrutural rolamento
trincas) asfltica(3)
penetrao invertida asfltica(3)

Ondulao(4)



Panelas (5)




Desagregao com

perda de mstique
ou de agregados

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO




Bombeamento de
finos (6)


Falha de aderncia
em pista molhada (7)
Rudo elevado ao
rolamento (8)
Adequado: produto/tcnica cuja aplicao pode levar ao sucesso tcnico (pressupe realizao de ensaios de dosagem e de propriedades, seguindo especifica-
es, e aplicao dentro das boas tcnicas executivas).
(1) Reciclagem em usina (mvel ou fixa): (i) a quente; (ii) morna; (iii) a frio. Todas as solues de reciclagem devem ser executadas com adio ou no de materiais ptre-
os novos e adio de ligantes novos.
(2) Reciclagem in situ ou em usina (mvel ou fixa): (i) com espuma de asfalto; (ii) com emulso asfltica + cimento/cal; (iii) com cimento. Todas solues de reciclagem
devem ser executadas com adio ou no de materiais ptreos novos.
(3) Sobre as camadas recicladas, sero executadas camadas asflticas de rolamento, cujo tipo e espessura dependem do projeto.
(4) Os problemas de ondulao esto interligados em geral a problemas geotcnicos ou a existncia de solo mole. Neste ltimo caso, qualquer camada complementar
executada ir propiciar aumento da carga e nova possibilidade de recalque.
(5) Depende muito do nvel de severidade e da porcentagem de rea atingida.
(6) Problemas de drenagem que devem ser corrigidos antes de qualquer soluo de restaurao/reabilitao.
(7) Ver Tabela 2.12.
(8) Ver Tabela 2.13.

Observaes:
As indicaes pressupem muitas vezes duas ou trs solues combinadas.
Todas solues pressupem um projeto especfico e requerem um estudo cauteloso das causas que levam ao defeito para poder corrigi-lo.
Trata-se de sugesto de seleo de uso e no assegura sucesso caso no sejam feitos os ensaios de caracterizao de materiais, dosagem e determinao de
propriedades mecnicas e hidrulicas indicados para cada caso, que acompanhem um projeto estrutural e/ou funcional.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


A ocorrncia de vrios tipos de defeitos pode levar a solues combinadas com as demais tabelas apresentadas neste Guia tcnico ou mesmo reconstruo
quando pertinente.
Sugere-se fortemente o reaproveitamento do material asfltico fresado em propores a serem estudadas.

73
O bom desempenho de revestimentos e de tratamentos de superfcies asflticas depen-
de da utilizao de procedimentos corretos em diversas etapas: projeto estrutural, escolha
adequada de materiais e formulaes de propores ou misturas que atendam os condicio-
nantes de uso do revestimento, e uso de tcnicas adequadas de produo, distribuio e
execuo das camadas asflticas e controle tecnolgico dos servios.

As misturas asflticas a quente so as mais empregadas na pavimentao rodoviria do


pas. As misturas asflticas so constitudas por agregados distribudos em granulometria
definida e CAP convencionais ou modificados, ambos aquecidos e misturados em propor-
es pr-definidas, em usinas asflticas apropriadas. Estes assuntos sobre usinagem e
execuo das camadas asflticas so tratados no Captulo 3 a seguir.

74 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


3
CONSTRUO E CONTROLE
TECNOLGICO

3.1 DOSAGEM DE MISTURAS ASFLTICAS

A proporo relativa dos materiais empregados determina as propriedades fsicas e, em


certo grau, as propriedades mecnicas da mistura asfltica e como ser o seu desempenho
como camada do pavimento. Para analisar estas propores em misturas asflticas densas
dois mtodos de dosagem de misturas asflticas so mais utilizados: o mtodo Marshall
tradicionalmente utilizado desde a dcada de 1960 e o procedimento Superpave introduzi-
do no pas no final da dcada de 1990.

O projeto de uma mistura asfltica consiste inicialmente em determinar a porcentagem


dos diversos agregados minerais utilizados e a porcentagem de ligante asfltico. Essas
determinaes devem satisfazer requisitos mnimos volumtricos e de estabilidade e du-
rabilidade da mistura asfltica, determinados pelas especificaes. Para o projeto de uma
mistura asfltica pelo mtodo Marshall, deve-se definir os seguintes elementos bsicos: tipo
(ver Captulo 1) e destino (ver Captulo 2) da mistura asfltica a ser projetada; granulome-
tria, densidade real e aparente dos agregados disponveis; faixa granulomtrica de projeto
e a energia de compactao utilizada para a moldagem dos corpos de prova, em funo do
trfego previsto.

No procedimento Superpave as premissas bsicas so semelhantes aquelas utilizadas


no procedimento Marshall, com pequenas diferenas tais como a fixao do Vv e a forma
de representao da granulometria dos agregados disponveis.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 75


A maior distino entre os dois procedimentos est na forma de aplicao da energia
e, nos seus nveis: na dosagem Marshall, a compactao feita por impacto (golpes), na
dosagem Superpave realizada por amassamento (giros) por meio de um equipamento
denominado Compactador Giratrio Superpave (CGS). A metodologia Superpave incluiu o
conceito de pontos de controle que a forma de representao das faixas do Marshall.
(Figura 3.1). Teoricamente, pareceria razovel que a melhor graduao para os agregados
nas misturas asflticas fosse aquela que fornecesse a graduao mais densa (prxima da
linha de densidade mxima). A graduao com maior densidade conduz a estabilidade de-
vido ao maior contato entre as partculas e reduzidos vazios no agregado mineral. Porm,
necessria a existncia de um espao de vazios que permita um volume suficiente de
ligante asfltico a ser incorporado. Isto garante durabilidade e ainda permite algum Vv com
ar na mistura para evitar exsudao e deformaes permanentes por cisalhamento durante
o processo de ps-compactao e a prpria vida til da estrutura.

Se o VAM no atende s especificaes consideradas, este pode ser ajustado a partir de


mudana da origem ou da granulometria dos agregados utilizados. Devem ser consideradas
as seguintes alternativas para a mudana deste parmetro:

Mudana na graduao. O deslocamento da curva granulomtrica na direo



da linha de densidade mxima geralmente reduz o VAM; seu deslocamento
afastando-se da linha de densidade mxima geralmente aumenta o VAM.
Mudana na frao passante na peneira de 0,075mm. O aumento na frao

passante na peneira de 0,075mm normalmente reduz o VAM. A reduo desta
frao normalmente tende a aumentar o VAM.
Mudana da textura superficial e ou da forma das partculas da frao de agre-

gado mido. Quanto maior for a frao de partculas de agregados com textura
superficial rugosa, maior ser tambm o VAM.

As vrias graduaes de agregados conferem diferentes caractersticas s misturas as-


flticas e cada uma pode servir a diferentes propsitos. Adicionalmente ao tipo de gradua-
o, o tamanho mximo do agregado crtico nas misturas asflticas, pois este parmetro
influi em propriedades importantes e governa a espessura que a massa asfltica pode ser
lanada na pista. Tipicamente a espessura acabada deve ser pelo menos de 2,0 a 2,5 ve-
zes o tamanho mximo dos agregados (100% da porcentagem que passa em peso) para as
misturas bem graduadas do tipo concreto asfltico, e pelo menos de 3 a 4 vezes o tamanho
mximo nominal dos agregados (refere-se a um tamanho maior do que o primeiro tamanho
de peneira que retm mais de 10% em massa ou corresponde aproximadamente ao dime-
tro de peneira onde passam de 90 a 95% em massa de agregados) para misturas asflticas
descontnuas (SMA e gap-graded, por exemplo) ou abertas (CPA, por exemplo).

Na composio de fraes de agregados para a obteno de uma determinada granu-


lometria, normalmente so consideradas as fraes de agregado grado, pedrisco e p de
pedra, alm da frao fler, quando utilizada. Recomenda-se, tanto nos procedimentos de
dosagem quanto na produo da mistura asfltica em usina, que a frao p de pedra seja
dividida em duas, utilizando-se o limite de 2,0mm (peneira n 10) e seja assim considerada.

76 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Essa recomendao decorre do fato de que a poro mais fina das duas assim obtidas
a que concentra grande parte da umidade presente no agregado e tambm aquela que
causa a maioria dos problemas e desgastes que ocorrem nos sistemas de filtros e de retorno
de finos das usinas asflticas. Alm disto, essa subdiviso considerada na fase de dosa-
gem propicia uma melhor definio de granulometria da mistura de agregados, facilitando
o proporcionamento adequado de finos na mistura. Devem ser consideradas as fraes de
19,0mm ou de 12,5mm at 9,5mm, de 9,5mm at 4,75mm, de 4,75mm at 2,0mm e
menor do que 2,0mm.

No procedimento Superpave, para especificar a granulometria dos agregados, so uti-


lizados pontos de controle no grfico de granulometria, que so dependentes do tamanho
nominal mximo dos agregados. Para que a graduao atenda aos critrios Superpave, a
curva granulomtrica deve passar entre os pontos de controle, conforme exemplo apresen-
tado na Figura 3.1.

D mx = 19,0 mm

Abertura (mm) (Potncia de 0,45)

Figura 3.1 Exemplo da representao da granulometria segundo a especificao


Superpave para um tamanho mximo nominal de 19mm (Fonte: Bernucci et al., 2006)

A Tabela 3.1 apresenta os pontos de controle em funo do tamanho das peneiras (mm)
em funo do tamanho nominal mximo.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 77


Tabela 3.1: Pontos de controle de acordo com o tamanho nominal mximo do agregado
(Fonte: Asphalt Institute MS-4, 2007)

Tamanho nominal mximo


Peneiras
Abertura 37,5mm 25,0mm 19,0mm 12,5mm 9,5mm
mm
Mn Mx Mn Mx Mn Mx Mn Mx Mn Mx
50 100

37,5 90 100 100 -

25 90 90 100 100

19 90 90 100 100

12,5 90 90 100 100

9,5 90 90 100

4,75 90

2,36 15 41 19 45 23 49 28 58 32 67

0,075 0 6 1 7 2 8 2 10 2 10

Quando a dosagem realizada por meio do mtodo Marshall, a moldagem dos corpos
de prova deve ser realizada utilizando-se 75 golpes para misturas asflticas bem graduadas
densas ou 50 golpes por face, para misturas asflticas do tipo SMA, CPA, entre outras.
Se a dosagem for desenvolvida utilizando-se o CGS, normalmente os corpos de prova so
moldados com 100 giros se a perda por abraso Los Angeles do agregado for de no mximo
30%. Para perdas acima de 30% devem ser utilizados 75 giros.

O teor de fibras a serem utilizadas, para misturas asflticas do tipo SMA e algumas
CPA, definido por meio de ensaio de escorrimento.

A mistura asfltica do tipo CPA deve ser dosada pelo mtodo Marshall, prevalecendo o
V a a 100 a a a A
30%) para no serem quebrados durante a compactao, pois eles esto em contato uns
com os outros e a tenso nesse contato muito elevada durante o processo de densifica-
o. Para ter um contato efetivo dos agregados, estes devem ser cbicos com o ndice de
a 0,5 A a a aa a a a a
a a , a a a1

As misturas asflticas do tipo CPA mantm uma grande porcentagem de vazios com ar
no preenchidos graas s pequenas quantidades de fler, de agregado mido e de ligante
asfltico. Essas misturas asflticas a quente apresentam normalmente entre 18% e 25%
de vazios com ar. Um teste fundamental a ser realizado o desgaste por abraso Cntabro
para misturas asflticas do tipo CPA, recomendado originalmente pelos espanhis para
esse tipo de mistura aberta drenante. Para a realizao desse ensaio deve ser utilizada a
norma ABNT NBR 15140:2014.

78 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Na dosagem de misturas asflticas descontnuas e semidescontnuas para camadas
delgadas considerada a experincia francesa nesse tipo de mistura asfltica. As misturas
asflticas francesas no atendem a uma receita de composio. So definidas e carac-
terizadas pelo tipo, posio dentro da estrutura (camada intermediria ou de rolamento),
espessura mdia, graduao (ou tamanho nominal mximo dos agregados) e classe de
desempenho exigido para o produto acabado. A dissociao de funes das camadas do
pavimento tambm levou seleo de agregados, totalmente britados, com caractersticas
relacionadas ao desempenho (tamanho, graduao, dureza, angularidade, forma, limpeza,
resistncia abraso, ao polimento, entre outras).

No mtodo de dosagem de misturas asflticas francesas as seguintes caractersticas


so avaliadas e comparadas aos valores especificados conforme a classe de desempenho
da mistura asfltica:

1 determinao do Vv atravs da PCG;


2 sensibilidade ao deletria da gua atravs do ensaio Duriez;
3 resistncia deformao permanente atravs do simulador de trfego de la-
boratrio LCPC;
4 determinao da rigidez ou da resilincia da mistura asfltica atravs do en-
saio de mdulo dinmico;
5 resistncia ao trincamento atravs de ensaio mecnico de fadiga.

A Tabela 3.2 relaciona nveis de dosagem, equipamentos de laboratrio e requisitos


tcnicos requeridos para as misturas asflticas francesas. O nvel de dosagem depende do
volume de trfego e da importncia da obra, de forma a limitar os riscos de danos.

Tabela 3.2: Nveis de dosagem e ensaios mecnicos para as misturas asflticas para
comporem camadas de revestimento ou de bases pela tecnologia francesa
(Fonte: Ferreira, 2006)

Tipo de dosagem e ensaios mecnicos


Nvel Verificao Ensaios Observaes
Dosagem da dosagem mecnicos
Ensaios: Ensaios: Ensaios minimos a serem realizados
1 PCG e ensaio PCG e ensaio para camadas asflticas em vias de
Duriez Duriez baixo volume de trfego
Ensaios: Ensaio: Ensaio: Ensaios mnimos a serem realizados
2 PCG e ensaio deformao deformao para camadas asflticas em vias de
Duriez permanente permanente trfego moderado
Ensaios: Ensaios mnimos a serem realizados
Ensaios: Ensaio:
deformao em camadas asflticas sujeitas a
3 PCG e ensaio deformao
permanente e alto volume de trfego. Ensaios
Duriez permanente
mdulo dinmico recomendados para trfego moderado
Ensaios: deformao Ensaios mnimos a serem realizados em
Ensaio: Ensaio:
permanente, camadas asflticas sujeitas a trfego
4 PCG e ensaio deformao
mdulo dinmico ou muito pesado. Ensaios recomendados
Duriez permanente
complexo, fadiga para alto volume de trfego

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 79


A granulometria mais utilizada da mistura asfltica para camada delgada do tipo BBTM
a 0/6 e a 0/10 (dimetro mnimo/dimetro mximo do agregado em mm). A norma france-
sa XP P 98-137 (Afnor, 2001b) define duas classes de BBTM de acordo com os resultados
de ensaio realizado com a utilizao de prensa de cisalhamento giratrio (PCG). A frao
areia da brita 0/2 da ordem de 20 a 30%, e a taxa mdia de mistura asfltica aplicada
da ordem de 40kg/m a 60kg/m (misturas asflticas usinadas delgadas na Europa so
controladas pelo valor de massa/rea, em vez da espessura da camada acabada).

Para um volume de trfego superior a 1.000 veculos pesados por dia por sentido,
recomendada a utilizao de ligantes asflticos modificados por polmeros elastomricos,
geralmente do tipo SBS, ou ligante convencional com adio de fibras. O teor mnimo de
ligante estimado aplicando a Equao 3.1, com mdulo de riqueza (k) igual a 3,5 para a
graduao BBTM 0/6 e 3,4 para a graduao BBTM 0/10. O mdulo de riqueza propor-
cional espessura do filme de ligante que recobre os agregados, sendo estabelecido para
cada tipo de mistura asfltica visando assegurar a sua durabilidade, e independente da
massa especfica efetiva da mistura de agregados.

teor de ligante = (3.1)


Onde:
teor de ligante: expresso em porcentagem em massa (%) em relao mistura de agregados
k: mdulo de riqueza (LCPC, 2005)
: coeficiente de correo em funo da densidade aparente da mistura de agregados,
dado por 2,65/Gse
Gse densidade efetiva da mistura dos agregados
a a a a a a a a 2 /kg]

0, 5 , 1 1 5
Onde:
G: porcentagem da mistura de agregados com dimetro maior do que 6,3mm
S: porcentagem da mistura de agregados com dimetro entre 6,3 e 0,315mm
s: porcentagem da mistura de agregados com dimetro entre 0,315 e 0,075mm
f: porcentagem da mistura de agregados com dimetro menor do que 0,075mm

A Tabela 3.3 apresenta as composies tpicas das misturas do tipo BBTM.

80 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Tabela 3.3: Composies tpicas de BBTM. (Fonte: Brosseaud, 2005)

BBTM
Caracterstica
Classe 1 Classe 2
6/10 ou 4/6 (%) 70-80 79-85

0/2 (%) 20-30 17-22

Total de finos*: (%) 7-9 4-7

Teor de ligante**: 0/6 (%) 6,0-6,4 5,0-5,5

0/10 (%) 5,5-6,0 4,5-5,5

* % passante na peneira no 200.


** Refere-se a um agregado com densidade de 2,650 (deve ser ajustado para agregados de maior densida-
de, ou seja, o teor de ligante reduzido).

De acordo com NF XP P 98-137 (AFNOR, 2001), basicamente trs caractersticas das


misturas delgadas so avaliadas para as duas classes de BBTM:

1 compacidade ou Vv obtidos com o uso da prensa de compactao e cisalha-


mento giratrio PCG NF EN 12697-31 (Afnor, 2005);
2 sensibilidade ao da gua pelo ensaio Duriez NF P 98-251-1 (Afnor, 2002b).
A sensibilidade representada pela relao r/R, sendo (R) a resistncia com-
presso simples de um grupo de corpos de prova rompidos em temperatura
ambiente de 18C e 50% de umidade relativa do ar e (r) a resistncia com-
presso simples de outro grupo de corpos de prova rompidos aps a imerso
em gua a 18C, ambos durante 7 dias;
3 estabilidade mecnica avaliao da resistncia deformao permanente
obtida atravs do uso do simulador de trfego de laboratrio LPC aps
3.000 ciclos a 60C, NF EN 12697-22 (Afnor, 2004).

A norma NF XP P 98-137 (Afnor, 2001) apresenta valores mximos permitidos para


os resultados de deformao permanente obtidos atravs do simulador de trfego francs.
Esses valores esto vinculados manuteno da textura superficial da mistura asfltica,
reduzindo a probabilidade de fechamento da mesma nas regies mais solicitadas, como as
de afundamento de trilhas de rodas. Observa ainda que:

1 o Vv in situ de difcil determinao e pouco significativo em funo da


espessura delgada do revestimento. As misturas de Classe 1 apresentam Vv
entre 10% e 20%, e as de Classe 2 so drenantes com Vv entre 18% e 25%;

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 81


2 a avaliao da macrotextura superficial da mistura asfltica deve ser realiza-
da in situ por meio do ensaio da mancha de areia, segundo a norma NF EN
13036-1 (Afnor, 2002a). Os valores mnimos de HS (altura mdia de areia)
so de 0,8mm para o BBTM 0/6 Classe 1 e, em geral, acima de 1,0mm para
o BBTM 0/10 Classe 1. Para as misturas mais porosas pertencentes Classe
2, a BBTM 0/6 apresenta, em geral, HS de 1,2mm ou superior e a BBTM
0/10 apresenta HS igual ou superior a 2,0mm (equivalente aos valores de HS
obtidos para as misturas asflticas do tipo CPA).

3.1.1 Misturas asflticas recicladas


O processo de dosagem de misturas asflticas recicladas a frio com ligantes asflticos
varia de acordo com o tipo de agente estabilizante utilizado, se emulso asfltica ou espu-
ma de asfalto. A dosagem desenvolvida, em ambos os casos, realizando-se:

determinao da compatibilidade do material recuperado com o agente esta-



bilizante;
determinao da umidade tima do material recuperado e do seu teor timo

de fluidos;
determinao de teor de projeto de ligante asfltico da mistura asfltica;

confirmao de propriedades mecnicas da mistura asfltica reciclada.

As propriedades fsicas do material fresado, principalmente granulometria e ndice de


plasticidade, definem a necessidade de incorporao de materiais granulares e seleo do
agente estabilizante mais adequado.

Misturas asflticas recicladas a frio com emulso asfltica


No caso de utilizao de emulso asfltica em misturas asflticas recicladas a frio, a
segunda etapa da dosagem, realizada aps a primeira onde estudada a compatibilidade
do material recuperado com o agente estabilizante, compreende a determinao do teor
timo de fluidos. A compatibilidade da emulso asfltica e do material fresado deve ser
verificada como parte do processo de dosagem, pela determinao do grau de recobrimento
dos agregados.

A terceira etapa da dosagem com emulso asfltica a determinao do teor de projeto


de asfalto residual. Para isso so adicionadas diferentes quantidades de emulso e gua a
amostras de material fresado, de modo que o teor timo de fluidos seja mantido constante.

Os mtodos Marshall e outros modificados para misturas a frio so utilizados para mol-
dar corpos de prova de mistura reciclada. O teor de projeto de ligante definido a partir da
estabilidade Marshall ou da resistncia trao por compresso diametral.

82 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Misturas asflticas recicladas a frio com espuma de asfalto
No caso de espuma de asfalto os requisitos quanto granulometria so mais restritivos.
Em materiais fresados com poucos finos, a espuma de asfalto no apresentar uma boa
disperso, tendendo a formar grumos de material fino embebidos em ligante asfltico.

A segunda etapa da dosagem consiste na definio das caractersticas de espumao


do CAP, pela determinao da expanso e da meia-vida desenvolvidas pelo CAP. Isso rea-
lizado em laboratrio com a produo de espuma de asfalto em equipamento apropriado. A
espuma de asfalto definida para utilizao deve ser aquela que apresente expanso e meia-
-vida otimizadas, no havendo limites absolutos para a definio de caractersticas ideais
de espuma. Os mtodos Marshall e outros modificados para misturas a frio so utilizados
para moldar corpos de prova da mistura reciclada.

A terceira etapa da dosagem com espuma de asfalto a determinao do teor de projeto de li-
gante. Tanto para a emulso asfltica quanto para a espuma de asfalto, o teor de projeto de ligante
definido a partir da estabilidade Marshall ou da resistncia trao por compresso diametral.

Misturas asflticas recicladas a quente


Para a dosagem de MARQs cita-se o mtodo do Asphalt Institute, que apresenta uma me-
todologia que segue as recomendaes da dosagem Marshall convencional. Contudo, algumas
etapas para a anlise do ligante asfltico existente no revestimento fresado foram acrescentadas.

Pode-se citar ainda a dosagem proposta por Castro Neto (2000), que tinha como objetivo
realizar a dosagem de MARQs sem a necessidade de recuperao do ligante asfltico enve-
lhecido. Este autor props um mtodo que considera o comportamento da mistura asfltica
reciclada com diferentes valores de teor de ligante asfltico novo por meio da avaliao dos
valores de MR (mdulo de resilincia) e de RT (resistncia trao por compresso diametral).

O procedimento proposto por Castro Neto (2000) dispensa a extrao e a caracterizao do


ligante asfltico presente no material fresado. O passo inicial a determinao do intervalo de
MR e/ou de RT que a mistura asfltica reciclada deve apresentar de acordo com a experincia
do projetista. A partir desses valores adota-se, tambm com base na experincia, uma porcen-
tagem de material fresado a ser reciclado. Estabelecida essa porcentagem, a composio gra-
nulomtrica final desejada (agregados do fresado mais agregados novos) e selecionado o ligante
asfltico novo, confeccionam-se corpos de prova com diferentes teores de ligante asfltico.

Avaliam-se os valores de MR e de RT dos corpos de prova e verifica-se o teor de ligante


asfltico mais adequado mistura a partir dos valores desejados dos referidos parmetros
mecnicos. Na maioria dos casos, a quantidade de ligante asfltico novo varia de 0 a 30% da
quantidade de ligante asfltico presente no fresado. sugerido ainda que os estudos de dosa-
gem sejam iniciados a partir da adio do valor mdio de 15% de ligante asfltico novo.

Faz-se ento uma dosagem Marshall completa usando esse percentual de ligante asfl-
tico para definir o teor de projeto da mistura. Aps a definio do teor de projeto de ligante
asfltico, moldam-se CPs com porcentagens de ligante asfltico novo variando de 0 a 30%

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 83


da quantidade de ligante asfltico do fresado, apenas no teor de projeto. Verifica-se ento a
variao dos parmetros mecnicos da mistura (MR e RT) com o teor de ligante asfltico.
Determina-se o percentual de ligante novo em relao quantidade de ligante do fresado que
satisfaa os valores de MR e de RT estimados para o teor de projeto definido anteriormente.
Para a definio final do teor de projeto necessria a determinao do Vv, necessitando,
portanto, do valor da massa especfica mxima (terica ou medida) da mistura asfltica.

3.1.2 Microrrevestimento asfltico a frio


Os procedimentos de dosagem utilizados para microrrevestimentos asflticos a frio so
empricos e envolvem anlises e ensaios de laboratrio complementados por observaes
em campo relativas s condies da obra, tais como:

Inventrio da superfcie
Observar o grau de regularidade superficial, desgaste ou deteriorao, deforma-

es, permeabilidade, trincas, fissuras etc., a fim de definir a espessura e as
faixa(s) granulomtrica(s) do microrrevestimento asfltico a frio a ser projetado.

Condies climticas
Observar a poca do ano, a temperatura do pavimento, o risco de precipitao etc.

Trfego
Identificar o tipo e a natureza do trfego a que o microrrevestimento asfltico

a frio ser submetido.

As seguintes etapas fazem parte do projeto de dosagem do microrrevestimento asfl-


tico a frio, conforme Ceratti e Reis (2011):

seleo e caracterizao dos materiais;



seleo da faixa granulomtrica de projeto;

determinao da graduao individual e da composio dos agregados;

avaliao da consistncia da mistura asfltica;

determinao do tempo de misturao;

determinao do teor de aditivo regulador de ruptura, se previsto no projeto;

determinao da coeso mida (MCT);

determinao da adesividade (WST);

determinao da perda por abraso mida (WTAT);

determinao do excesso de asfalto e adeso de areia (LWT);

determinao do teor de ligante asfltico residual de projeto.

84 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


3.1.3 Dosagem de revestimentos por penetrao
Existe um grande nmero de mtodos (com grande dose de empirismo) para a realizao
da dosagem dos materiais para os TS (TSS, TSD e TST), em geral considerando-se parme-
tros relacionados ao tamanho do agregado: dimetro mdio; tamanho mximo efetivo (aber-
tura da malha da peneira na qual passa 90% dos agregados); dimetro mdio ponderado.

O mtodo mais usado no pas o mtodo direto chamado ensaio de placa ou bandeja,
que consiste em espalhar o agregado (de cada uma das camadas) sobre uma placa plana de
rea conhecida (50cm x 50cm) de modo a cobrir a rea da placa, obtendo-se um mosaico
uniforme de agregado sem superposio e sem falhas. Pode ser utilizada nesse processo
uma caixa dosadora (80cm x 25cm x 4cm). Espalha-se o agregado sobre o fundo da caixa,
em posio horizontal, de modo a formar um mosaico igual ao que se deseja construir na
pista. Coloca-se ento a caixa na posio vertical e l-se a taxa de agregado, em l/m, na
graduao indicada na tampa transparente da caixa. A mesma caixa tambm pode ser usa-
da no controle do espalhamento do agregado na pista.

Para a obteno do teor de ligante asfltico residual o mtodo mais utilizado do Ins-
tituto do Asfalto. A determinao deste citado teor realizada atravs de equaes mate-
mticas em funo da mdia da menor dimenso dos agregados de cada camada (MDM),
seu teor de vazios (20%), teor de ligante asfltico nesses vazios (50% a 70%) e a sua taxa
de aplicao no substrato.

3.1.4 Resumo de ensaios indicados para misturas asflticas e


tratamentos asflticos
As tcnicas de dosagem diferem a depender do tipo de revestimento ou da base asfl-
tica concebida pelo projetista. importante salientar que, em todo processo de dosagem,
alm da caracterizao de ligantes asflticos, os agregados devem ser selecionados seguin-
do critrios rigorosos pois estes participam em quantidade acima de 90% em massa nas
misturas asflticas, formando um esqueleto slido responsvel por uma parcela importante
nas propriedades do conjunto. Nesse aspecto, recomenda-se que ensaios de adesividade
ligante-agregado sejam sempre executados para que os materiais trabalhem em conjunto.

Para misturas asflticas usinadas, e mesmo para as recicladas, recomenda-se que


ensaios de dano por umidade induzida sejam sempre realizados, de modo a estudar a ne-
cessidade de adio de melhoradores de adesividade quando for o caso. Aconselha-se, da
mesma forma, que, em misturas asflticas usinadas ou recicladas, sejam determinadas a
resistncia trao por compresso diametral por ser um ensaio de simples execuo e que
pode ser empregado como parmetro de controle tecnolgico.

Para que o projeto da mistura asfltica corresponda indicao do projetista de es-


truturas de pavimentos, este deve seguir uma concepo que atenda a todos os requisitos
necessrios, de tal forma que a dosagem dessa mistura asfltica e suas propriedades cor-
respondam quilo concebido pelo projetista estrutural. Ou seja, o projeto de dosagem das
misturas asflticas e o projeto estrutural so indissociveis.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 85


As misturas asflticas usinadas so utilizadas em camadas que influem diretamente no
comportamento das estruturas de pavimentos dada sua rigidez e por serem as camadas que
recebem diretamente parte expressiva das solicitaes de carga dos veculos e de clima,
trabalhando em geral flexo. Para se calcular a participao das camadas asflticas no
conjunto, deve-se determinar a rigidez da mesma por ensaio de mdulo de resilincia, ou de
mdulo dinmico. Portanto, no basta apenas a realizao da dosagem. Por trabalharem
flexo, estes so materiais que devem ser dimensionados para a fadiga, resultante da apli-
cao de tenses de trao repetidas que, apesar de serem em magnitude inferior resis-
tncia ruptura por trao, acumulam danos a cada solicitao e levam a camada fadiga
por repetio de carga. A fadiga leva a camada a apresentar trincamento, indesejvel tanto
por reduzir a rigidez da camada, como por permitir a entrada de gua na estrutura de pavi-
mento. O trincamento leva tambm a um certo desconforto ao rolamento. Recomenda-se a
execuo de ensaios de fadiga para aplicaes que levem a numerosas repeties de carga.

As camadas asflticas devem tambm ser concebidas para suportar os deslocamentos


permanentes devido s solicitaes. O acmulo desses deslocamentos permanentes no
devem levar a afundamentos plsticos ou trilhas de roda significativos, que interfiram no
comportamento do conjunto ou que causem irregularidade superficial gerando desconforto
ao rolamento ou perda de dirigibilidade, ou ainda aquaplanagem por acmulo de gua nas
depresses. Portanto, alm da dosagem, deve-se avaliar ou determinar a propenso de-
formao permanente das misturas asflticas.

Os revestimentos asflticos podem tambm trabalhar predominantemente compres-


so se forem relativamente delgados e assentes (e totalmente aderidos) sobre camadas de
base de alto mdulo (camadas cimentadas, camadas asflticas de elevado mdulo etc.).
Nesses casos, alm da dosagem, devem ser avaliadas sua propenso deformao per-
manente ou ainda alterao de textura superficial por estarem em contato direto com os
pneus dos veculos.

Os tratamentos superficiais devem seguir rigorosamente o projeto de dosagem, mas por


serem solues delgadas (de pequena espessura), as propriedades mecnicas desse tipo de
mistura no so determinantes e no alteram o comportamento da estrutura como um todo.
Esses tratamentos trabalham predominantemente compresso.

Na Tabela 3.4 apresenta-se um resumo de procedimentos ou ensaios laboratoriais indi-


cados para serem realizados em misturas asflticas e tratamentos superficiais.

86 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Tabela 3.4: Ensaios laboratoriais para misturas asflticas e tratamentos superficiais
para pavimentos novos ou reabilitao
Trfego
Ensaios
laboratoriais B M A MP
Baixo Moderado Alto Muito pesado
Tratamentos superficiais e microrrevestimentos asflticos a frio
Caracterizao de ligantes (ver Anexo,
Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio
Tabelas A8 e A9)
Caracterizao de agregados Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio
Dosagem Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio
Misturas asflticas usinadas delgadas para camada de desgaste* (inferiores a 3cm)

Caracterizao de ligantes
Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio
(ver Anexo, Tabelas A2 e A3)
Caracterizao de agregados Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio
Dosagem (determinao do teor de projeto de
Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio
ligante asfltico Marshall ou Superpave)
Resistncia trao por compresso diametral(1) Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio
Dano por umidade induzida Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio
Ensaios laboratoriais para misturas asflticas usinadas e recicladas a quente ou mornas
Caracterizao de ligantes asflticos
Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio
(ver Anexo, Tabelas A1 a A5)
Caracterizao de agregados Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio
Dosagem (determinao do teor de projeto de
Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio
ligante asfltico Marshall ou Superpave)
Resistncia trao por compresso diametral Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio
Dano por umidade induzida Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio Obrigatrio
Deformao permanente: ensaios de compresso
axial com carga esttica (creep) ou repetida com
corpos de prova Marshall, ensaios de compresso
Altamente
axial com carga repetida (flow number) com Recomendado Recomendado recomendado
corpos de prova produzidos no equipamento PCG,
ou afundamentos com simuladores de trfego de
laboratrio(2)
Rigidez: mdulo de resilincia; mdulo Altamente
Recomendado Recomendado
dinmico ou mdulo complexo (3) recomendado
Fadiga: trao por compresso diametral, ou
Altamente
por flexo em viga de quatro pontos, ou flexo Recomendado Recomendado recomendado
alternada (trapezoidal), ou por trao direta(4)

Obrigatrio: ensaio laboratorial obrigatrio e mnimo para projeto de misturas asflticas.


Recomendado: ensaio importante de ser executado para um melhor conhecimento do comportamento
mecnico das misturas asflticas e para o dimensionamento estrutural.
Altamente recomendado: ensaio essencial de ser executado para um melhor conhecimento do comporta-
mento mecnico das misturas asflticas e para dimensionamento estrutural e previso de desempenho.
(1) Parmetro para controle de compactao.
(2) Caso a resistncia deformao permanente no atenda ao requisito de projeto, deve-se alterar o projeto
de dosagem. Somente aps verificao de pequena propenso deformao permanente, d-se continui-
dade aos ensaios mecnicos de rigidez e de fadiga.
(3) Propriedade essencial para dimensionamento estrutural de pavimentos.
(4) Propriedade essencial para modelar o desempenho das camadas asflticas e para comparao entre solues.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 87


3.2 PRODUO E EXECUO

3.2.1 Tipos de usinas asflticas


Uma usina de asfalto um conjunto de equipamentos mecnicos e eletrnicos interco-
nectados de forma a permitir a produo adequada das misturas asflticas. Estas variam
em capacidade de produo e com relao aos princpios de proporcionamento dos compo-
nentes, podendo ser estacionrias ou mveis.

imprescindvel que se faa o controle adequado durante todo o processo de produo,


visto que a correta proporo entre os agregados e destes em relao ao ligante asfltico
vital para a qualidade do produto final. Erros ao reproduzir a dosagem implicam desca-
racterizao de todas as propriedades volumtricas e mecnicas previstas no projeto de
determinada mistura asfltica.

Existem dois tipos bsicos de usina de asfalto que so:

1 a usina de produo por batelada ou gravimtrica, conforme mostrada na


Figura 3.2 (a) e (b) e princpio geral exposto na Figura 3.3, que produz quan-
tidades unitrias de misturas asflticas, e
2 a usina de produo contnua, conforme a Figura 3.4, cuja produo contnua,
como a prpria designao classifica.

Os dois tipos de usinas tm condies de produzir as misturas asflticas correntes. Normal-


mente, as misturas asflticas, mesmo com caractersticas particulares, no exigem sua produo
em um tipo especfico de usina.

Conforme DNIT, Instruo de servio/DG n 10, de 2 de setembro de 2013, a recomendao


preferencial para usinas descontnuas (gravimtricas) devido ao fato de que nesse tipo de equi-
pamento o controle da graduao dos materiais da mistura mais eficiente. No caso de emprego
de usinas contnuas a mistura agregado-ligante dever ser efetuada em ambiente externo ao
tambor de secagem, com misturador externo tipo pugmil ou rotativo. Ambas as usinas de asfalto
podem ser estacionrias ou mveis.

Durante a operao da usina de asfalto, os seguintes pr-requisitos devem ser atendidos:

emisso de poluentes para a atmosfera mximo de 50mgN/m e teste realizado



com 17% de O2, com emisso mxima de 20mgN/m;
retorno mnimo de 99,9% dos finos do filtro de mangas para o misturador;

para produo de misturas asflticas com ligantes asflticos modificados

(>150C) (Gap-graded, CPA, SMA etc.), a usina deve possuir filtro de mangas
de Nomex ou ter damper de ar frio para controle da temperatura dos gases
de exausto.

88 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


As operaes envolvidas na produo de misturas asflticas a quente so as seguintes:

estocagem e manuseio dos materiais componentes das misturas asflticas na



rea da usina;
proporcionamento e alimentao do agregado frio no secador;

secagem e aquecimento eficiente do agregado a temperatura apropriada;

controle e coleta de p no secador;

proporcionamento, alimentao e mistura do ligante asfltico com os agrega-

dos aquecidos;
estocagem, distribuio, pesagem e manuseio das misturas asflticas pro-

duzidas.

O processo de produo com usinas gravimtricas de excelente qualidade e muito


eficaz, sendo considerado o mais completo, pois se diferencia ao pesar o material (agregado
virgem) seco e quente e com a granulometria classificada na prpria usina. A granulometria
classificada por meio de peneiras vibratrias, normalmente com quatro decks, quatro
silos quentes e um de refugo, esse ltimo para os materiais fora da faixa de trabalho. O
ligante asfltico tambm pesado na proporo estipulada pelo trao (proporo obtida na
dosagem), assim como outros insumos como o fler (cal hidratada-CH1), fibras de celulose
e os finos coletados do sistema de filtragem. Alm das misturas asflticas convencionais
possvel utilizar material fresado assim como utilizar CAPs modificados por polmeros ou
por borracha moda de pneus e executar misturas asflticas mornas com o uso de aditivos
qumicos, asfalto espuma e outros tipos de produtos ou processos.

Uma caracterstica das usinas gravimtricas a existncia de um silo de refugo para o


material rejeitado no processo de peneiramento, fazendo com que a quantidade de agrega-
do que entra no seja a mesma quantidade que sai no processo.

Figura 3.2 (a) Vista de uma usina descontnua (gravimtrica) mvel. Fabricante
(Fonte: Bomag Marini LA)

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 89


Figura 3.2 (b) Vista de uma usina descontnua (gravimtrica)

Esse tipo de usina (gravimtrica) caracteriza-se por permitir que o tempo de mistura
seja definido conforme o projeto, ou seja, possibilitando tempo de mistura seca e tempo
de mistura mida. Normalmente o tempo de mistura no misturador do tipo batch de duplo
eixo de 25 a 35 segundos de processamento dos agregados, insumos e ligante asfltico,
porm de acordo com os projetos de misturas asflticas especiais pode-se chegar a 60
segundos ou mais. Neste caso, a produo efetiva do equipamento se reduz de forma pro-
porcional ao tempo de mistura. As usinas descontnuas (gravimtricas) so mais onerosas
tanto na sua aquisio inicial, como na sua manuteno, porm cabe analisar o custo ver-
sus benefcio quando da utilizao em projetos de massas asflticas especiais, tais como:
misturas asflticas descontnuas (gap-graded, BBTM-BBUM, SMA), CPA etc., utilizando
CAP modificado por polmeros ou por borracha moda de pneus.

90 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Figura 3.3 Representao esquemtica de usina descontnua (gravimtrica)

O processo contnuo realizado em usinas (Figura 3.4) que processam seus materiais
em regime de fluxo uniforme e caracterizam-se por dosar os agregados virgens, na con-
dio: frio, com umidade e com sua classificao granulomtrica totalmente dependente
do sistema de britagem da pedreira. Dessa forma o controle do processo maior devido
gesto de mais variveis como a umidade dos agregados e sua composio. A umidade dos
agregados deve ser avaliada diariamente e as eventuais variaes granulomtricas dos agre-
gados devem ser informadas ao sistema de controle das usinas contnuas, para que sejam
realizadas as correes devidas durante a usinagem. A soma da quantidade de agregados
dosados atravs dos silos frios, descontada a umidade, servir para efetuar a dosagem do
ligante asfltico, tambm processada de forma contnua.

Uma caracterstica desse tipo de usina a no existncia de processo de peneiramento


antes do seu sistema de dosagem, Assim, a responsabilidade em garantir a granulometria
dos agregados proveniente da britagem maior, sendo necessrio um sistema rigoroso de
amostragem granulomtrica da pilha de agregados armazenados.

Esse tipo de usina aceito no mercado com sistemas de mistura externa. Cada fabri-
cante desenvolveu sua tecnologia de forma a garantir a qualidade e a eficincia da mistura
asfltica.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 91


Figura 3.4 Representao esquemtica de usina asfltica contnua

Considerando as configuraes de usinas apresentadas nas representaes esquem-


ticas das Figuras 3.3 e 3.4, recomenda-se que sejam observadas as condies a seguir.

1 Silos frios de agregados


Devem ser pelo menos qudruplos, para que possam ser utilizadas pelo menos quatro
fraes de materiais, com sistema de dosagem independente com pesagem individual se
usado em usinas contnuas. A homogeneidade das fraes de agregados que alimentam os
silos frios fator preponderante na qualidade das misturas asflticas produzidas. Os silos
devem ter abertura para alimentao de acordo com a largura das ps-carregadeiras mais
utilizadas. Recomenda-se que essa largura seja igual ou superior a 3,0 metros.

Em usinas por bateladas devem ser utilizados pelo menos variadores de frequncia in-
dividuais sincronizados para possibilitar a variao da produo em funo da temperatura.

Em usinas contnuas, os silos dosadores devem ter volume adequado produo da


usina. Considerar a seguinte relao: (produo mxima/volume total) < 5. Quanto maior
for o volume dos silos, menor dever ser a velocidade de alimentao de agregados nos silos
e menor dever ser a possibilidade de contaminao de agregados entre silos adjacentes.
Exemplo: usina com produo mxima de 100 toneladas/hora dever ter no mnimo 20m
de volume dos silos frios.

Recomenda-se que os silos frios trabalhem cobertos, de maneira a reduzir variaes de


umidade dos agregados.

92 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Em usinas contnuas deve haver pelo menos um vibrador no silo do agregado mais fino
para escoamento desse material com umidade. Os agregados devem ser pesados individu-
almente por meio de clula de carga em sistema contnuo ou descontnuo;

2 Manuseio e armazenagem dos ligantes asflticos


Os ligantes asflticos, independente do seu tipo, devem ser armazenados em tanques
com dispositivos do tipo agitadores. O emprego de agitadores nos tanques, alm da homo-
geneizao promovida, reduz o custo do aquecimento necessrio. No devem ser mistu-
rados diferentes ligantes asflticos nos tanques. Estes devem ser esvaziados previamente
para receber ligantes asflticos diferentes daqueles que continham anteriormente.

Durante o manuseio e o armazenagem dos ligantes asflticos, os seguintes pr-requisi-


tos devem ser atendidos:

o tanque de armazenamento e/ou aquecimento de ligantes devem ter termme-



tros internos, preferencialmente do tipo digital/eletrnico;
a transferncia do ligante asfltico da carreta do distribuidor para o tanque de

armazenagem da usina deve ocorrer por meio de uma bomba de engrenagem;
as temperaturas de usinagem e de compactao dos ligantes devem ser estabe-

lecidas com base na curva viscosidade versus temperatura e nunca ultrapassar
180C;
o tanque de armazenagem da usina deve ter sistemas de aquecimento e de

isolamento trmico adequadamente dimensionados (preferencialmente serpen-
tinas com fluido trmico);
os tanques de armazenagem devem possuir agitadores, com rotao igual ou

superior a 100rpm, para homogeneizao e uniformidade da temperatura do
ligante (principalmente os modificados por polmeros e por borracha);
a temperatura mxima de armazenamento dever ser de 180C; se o ligante for

reaquecido recomenda-se sua agitao para homogeneizao da temperatura;
se o perodo de armazenamento for superior a 5 dias, deve-se reduzir a tempe-

ratura do ligante para 100-135C.

A dosagem do CAP pode ocorrer por bomba, com ou sem medidor de vazo de ligante,
desde que esta esteja associada pesagem dos agregados (desconsiderando a umidade dos
agregados). A dosagem tambm pode ocorrer por pesagem esttica, em usinas gravimtricas.

3 Sistema de secagem dos agregados


Para que a adesividade entre agregados e o CAP seja eficiente fundamental que a
umidade dos agregados seja retirada e os mesmos estejam aquecidos para a mistura com
o ligante asfltico. A gua contida na superfcie e nos poros dos agregados prejudica a
produo de misturas asflticas a quente. Os agregados apresentam maior atrao pela
gua do que pelo ligante asfltico, rompendo, assim, a ligao adesiva existente entre
eles. A umidade dos agregados o principal limitante para produo de misturas asfl-

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 93


ticas. Portanto necessrio remover toda a umidade, tanto superficial quanto aquela
absorvida. O sistema de secagem dos agregados tambm pr-homogeniza e descarrega
os agregados dentro do misturador. Sua configurao deve possibilitar a coleta de agre-
gados, para a verificao da umidade, antes da injeo do ligante asfltico. A secagem
dos agregados deve ocorrer sempre em sistema contrafluxo por priorizar a secagem dos
agregados e no o seu superaquecimento. Quanto maior for o comprimento do secador,
maior ser o perodo em que os agregados ficaro trocando calor com a chama do quei-
mador e melhor ser a secagem.

4 Queimador
A seleo do queimador que ir operar na usina de asfalto, deve ser de acordo com o
tipo de combustvel disponvel no mercado local entre os adequados para uma boa usina-
gem, tais como GLP, GN, leo de xisto e BPF. O controle de temperatura nos queimadores
fundamental, sendo que no caso de emprego de leos pesados (leo de xisto, BPF, OAC
1A etc.), os quais apresentam alta viscosidade a temperatura ambiente, deve ser prevista
a utilizao de retificador de temperatura com o objetivo de aquecer o combustvel at
atingir viscosidade adequada ao processo de atomizao (aproximadamente 90SSU).

5 Misturador
Existem dois tipos de misturadores externos, denominados misturador em ambiente
rotativo-circulante, e pugmill de dois eixos. A seguir sero abordados esses dois tipos de
misturadores.

No misturador rotativo-circulante, o atrito de mistura efetuado pela fora radial en-


tre aletas de mistura em movimento rotativo sobre a superfcie esttica do corpo do mis-
turador. As aletas de mistura so dispostas de forma paralela ao seu eixo, porm, tanto
os eixos radiais como o corpo do misturador so inclinados, para proporcionar o avano
da mistura em processo contnuo.

Esse tipo de misturador pode ser instalado na sequncia do processo de secagem de


forma a proporcionar economia energtica utilizando a mesma energia mecnica dispo-
nibilizada para a secagem, ou isolado deste, com energia especfica para o processo de
mistura. Na Figura 3.5 apresentado um misturador desse tipo fabricado no Brasil mon-
tado na sequncia do processo de secagem. Pode-se verificar, em mais detalhes, como
efetuada a mistura com o ligante asfltico e o retorno dos finos do filtro de mangas.
possvel, com dispositivos adequados, controlar a quantidade do retorno dos finos do filtro
de mangas, assim como viabilizar um tempo de mistura seca supondo que seja usada cal
hidratada antes da injeo do ligante. Adicionalmente, tambm possvel dosar a entrada

94 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


de material fresado para a reciclagem a quente e tambm injetar insumos especiais como,
por exemplo, fibras de celulose.

Figura 3.5 Corte em seo transversal do misturador rotativo externo ao secador


(Fonte: Bomag Marini LA)

Nos testes efetuados pelo fabricante desse sistema foi reportado que a temperatura
na cmara de mistura na regio de injeo do ligante asfltico mais baixa do que a tem-
peratura dos agregados, no permitindo a ocorrncia de processos que oxidam o ligante
asfltico. No caso de usinagem de massa asfltica convencional a temperatura do ambiente
dentro do misturador permanece cerca de 10% abaixo da temperatura dos agregados. Da
mesma forma quando fabricadas misturas asflticas especiais com ligantes modificados em

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 95


que a temperatura dos agregados alcana 175C, a temperatura na regio de injeo do
ligante asfltico tem se situado cerca de 10% abaixo da temperatura dos agregados.

Na Figura 3.6 pode ser observada a posio de um termopar para medio, durante a
produo, da temperatura do ambiente na regio do misturador antes da injeo do ligante
asfltico. A Figura 3.7 apresenta o processo de mistura tipo Double Coating.

Figura 3.6 Posio do termopar para medio da temperatura misturador-regio de injeo do CAP
(Fonte: Bomag Marini LA)

Figura 3.7 Processo de mistura passo 1 e passo 2 Double Coating


(Fonte: Bomag Marini LA)

96 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


No misturador pugmill de dois eixos a ao de mistura efetuada atravs de fora radial
e axial entre as palhetas em movimento rotativo sobre a superfcie esttica plana do corpo
do misturador. As palhetas so dispostas com sua face inclinada e posio em forma de uma
rosca transportadora para proporcionar o avano da mistura em processo contnuo. H possi-
bilidade de inverso da inclinao das palhetas de mistura para proporcionar maior tempo de
permanncia no misturador. Esta tecnologia possibilita que a mistura entre os agregados secos
e aquecidos ocorra com o cimento asfltico em ambiente isolado, com temperatura controlada
e longe de qualquer fonte de calor. Assim, a temperatura da mistura independe da temperatura
dos gases de combusto, produzindo misturas asflticas com caractersticas controladas.

A Figura 3.8 (a), 3.8 (b) e 3.8 (c) apresentam o misturador de dois eixos paralelos, alm dos
locais onde so efetuadas a injeo do ligante asfltico e dos finos proveniente do filtro de mangas.

Figura 3.8 (a) Vista do misturador de dois eixos paralelos


(Fonte: Bomag Marini LA)

Figura 3.8 (b) Vista do misturador de dois eixos paralelos


(Fonte: Ciber Equipamentos Rodovirios)

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 97


Figura 3.8 (c) Vista do misturador de dois eixos paralelos
(Fonte: Ciber Equipamentos Rodovirios)

Os dois tipos de misturadores utilizados nas usinas de asfalto contnuas contrafluxo


atendem s exigncias tcnicas de qualidade e eficincia da massa asfltica, tanto para as
misturas asflticas convencionais como para as misturas asflticas especiais. Vale observar
que a mistura asfltica produzida deve ser homognea e sem sinais de segregao e deve
ocorrer em temperatura controlada. A manuteno interna das partes em contato com os
agregados fundamental para evitar desgaste e perda de eficincia. As ps ou aletas dos
misturadores devem ser limpas periodicamente.

Alm disso, h determinados sistemas que tambm so fundamentais para a qualidade


da mistura asfltica, tais como:

sistema de controle da usina para verificao e registros de dosagem dos



agregados virgens, de umidade e de temperaturas dos materiais da mistura
asfltica;
sistema de dosagem do ligante asfltico com medidor de vazo para maior

preciso na dosagem do ligante asfltico;
sistema de armazenamento (bombas, tanques, agitadores e tubulaes) apro-

priadas ao tipo de ligante asfltico utilizado (convencionais ou especiais);
sistema de dosagem de fler e dos finos recuperados do filtro de mangas.

6 Filtro de mangas
O filtro de mangas foi desenvolvido para absorver os gases de exausto sem causar da-
nos ambientais e tambm possibilitar a recuperao dos finos em suspenso nos gases para
reincorporao mistura asfltica. Comumente os coletores tipo filtro de mangas so proje-
a aa a a a a a 150 C, a a
Esse tipo de manga constitui o modelo mais econmico e com maior resistncia ao ataque
de cidos. Para misturas asflticas especiais com ligantes modificados por polmeros ou
borracha e usinadas em temperaturas superiores a 150C, recomenda-se a utilizao de
mangas de Nomex.

98 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


7 Depsito de estocagem de mistura
Importante para a obra, pois evita paradas constantes por falta de caminhes, mas todo
depsito um gerador de segregao. Devem ento ser equipados com pr-silo para desa-
celerao e descarga em bateladas ou ainda, se for o caso, escadas ou chapas defletoras
para reduzir a velocidade de descarga e distribuir em diferentes pontos de modo a se obter
um produto com uniformidade aceitvel. O depsito de estocagem deve ser equipado com
sensor de temperatura. A relao entre seu volume e a produo mxima nominal da usina
deve maior ou igual a 0,83m para cada 100t/h. Essa relao mnima necessria para
que a leitura do termmetro da mistura asfltica no silo seja confivel.

A qualidade das misturas asflticas a quente produzidas no mximo equivalente


qualidade dos materiais que so utilizados na usina para a sua produo. Nos processos
de produo de misturas asflticas a quente nas usinas asflticas atuais, a graduao e
a qualidade dos agregados utilizados assegurada na pedreira e na usina de britagem de
origem, e no na usina de asfalto. Usinas gravimtricas tm condies de realizar apenas
pequenos ajustes na graduao do agregado e usinas contnuas no possibilitam qualquer
correo. As usinas asflticas no possuem equipamentos para detectar e corrigir varia-
es na qualidade dos agregados ou na sua graduao.

Os agregados a serem utilizados na produo de misturas asflticas devem ser esto-


cados e manuseados de forma a evitar contaminaes e minimizar degradaes e segre-
gao. O local de estocagem deve ser limpo e estvel de forma a prevenir a contaminao
dos mesmos. Os materiais devem ser armazenados em local com drenagem adequada,
geralmente com superfcie com pequena inclinao, para a preveno de acmulo de
umidade. A estocagem em reas cobertas a melhor forma de prevenir a precipitao de
gua sobre os agregados. As reas de estocagem devem apresentar espao suficiente para
evitar a mistura entre diferentes fraes de agregados.

As misturas dos agregados com emulses asflticas so realizadas em usinas que po-
dem ser estacionrias ou mveis, com capacidade de produo de 30t/h a 600t/h. Essas
usinas so mais simples por no terem necessidade de aquecimento nem do agregado,
nem do ligante asfltico. A Figura 3.9 apresenta um exemplo de uma usina estacionria.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 99


Figura 3.9 Exemplo de usina de solos/pr-misturado a frio
(Fonte: Ciber Equipamentos Rodovirios)

3.2.2 Consideraes adicionais sobre a produo de misturas


asflticas
A configurao das usinas asflticas deve ser definida para atender obra, consi-
derando os seguintes aspectos: tipo de mistura asfltica a ser produzida; condies do
agregado; produo necessria. Esses aspectos so comentados a seguir para situaes
particulares.

1 Misturas asflticas densas com CAP modificado com polmero: nesse tipo
de mistura asfltica, a temperatura de usinagem aumentada para em torno
170 C a 1 0 C a a a a
de mangas deve utilizar mangas de Nomex a a 40 C,
devem possuir damper de ar frio. Caso o ligante asfltico utilizado seja modi-
ficado com polmero SBS em at 8%, a bomba de asfalto deve ser somente
recalibrada. Nesse caso, os tanques devem tambm possuir agitadores me-
cnicos, sendo que para tanques horizontais no mnimo dois agitadores so
necessrios e para tanques verticais apenas um agitador centralizado pode
ser utilizado.

100 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


2 Misturas asflticas descontnuas ou abertas: na produo de misturas as-
flticas descontnuas ou abertas so utilizados os mesmos procedimentos
de uma mistura asfltica densa, e os mesmos cuidados em ambos os casos
devem ser adotados para que se tenha misturas asflticas de qualidade ade-
quada. Em misturas asflticas descontnuas tipo Gap-Graded, a quantidade
de finos passantes na peneira n 200 normalmente baixa, aumentando
assim a temperatura dos gases de exausto. Para evitar danos nos elementos
filtrantes da usina, imprescindvel que a usina tenha tecnologia para contro-
lar a temperatura dos gases de exausto (damper de ar frio). Alternativamente
a usina pode apresentar elementos filtrantes (mangas) com material Nomex,
resistente a altas temperaturas. Devido adio de fibras na mistura asfltica
do tipo SMA, recomenda-se que o tempo de mistura seja aumentado de for-
ma tal que a fibra possa ser suficientemente dispersada na mistura. A adio
da fibra deve ser realizada pela entrada de reciclado nas usinas contnuas
ou diretamente nas usinas com misturador externo do tipo pug mill de duplo
eixos (contnuas ou descontnuas). Caso seja usina contnua, esta deve ter
dosador varivel calibrado e controlado pelo software de gerenciamento do
fabricante e se for usina gravimtrica deve-se usar balana auxiliar. A fibra
pode ser de diversas origens, variando seu tamanho e sua densidade.
3 A mistura asfltica do tipo SMA no deve ser armazenada a temperaturas
elevadas por mais de 2 horas. Quando carregada para transporte, ateno
especial deve ser dada para minimizar a segregao, por meio de procedi-
mentos tais como lanamento na caamba dos veculos de transporte em trs
cargas posicionadas, conforme mostrado na Figura 3.13.
4 Misturas asflticas com CAP modificado por borracha moda de pneus: mes-
mo tratamento do asfalto modificado com polmero, mas como a viscosidade
muito superior a este, alcanando at 4.000cP, deve ser substituda a
bomba de dosagem da usina e suas respectivas tubulaes por modelo que
atenda demanda, visto que a capacidade de bombeamento fica restringida.
Tambm deve-se adicionar aos tanques de ligante asfltico horizontais sis-
tema de bombeamento para auxiliar na agitao, no sendo necessria esta
adio nos tanques verticais.
5 Misturas asflticas mornas: em misturas asflticas mornas, a reduo de
temperaturas de produo deve ser acompanhada por um equilbrio entre a
secagem adequada dos agregados e a manuteno da temperatura no filtro
de mangas que deve ser alta o suficiente para evitar condensao no seu
interior. Esse equilbrio deve ser mantido tambm em misturas asflticas
com diferentes porcentagens de material reciclado. Outro fator importante
a completa queima do combustvel empregado no queimador sob condies
de temperaturas de queima mais baixas.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 101


6 Um bom desempenho de uma usina asfltica depende diretamente das con-
dies do ptio de estocagem dos agregados. Condies inadequadas nos
ptios podem gerar contaminaes indesejadas e aumentos de custo, devido
presena de gua na base da pilha de estoque, que levada para os silos
frios da usina. As contaminaes mais comuns que ocorrem em um ptio de
estocagem de agregados so aquelas que ocorrem pelo contato com argilas
expansivas e com a gua. Para evitar isso, o ptio deve ser bem drenado e, se
possvel, pavimentado. Tambm bastante comum a mistura de diferentes
graduaes de agregados, devido a pouca distncia entre as pilhas. Isso pode
gerar a produo de mistura asfltica segregada e sem homogeneidade. Pode
tambm ser utilizado o recurso das pilhas ficarem bem distantes uma das
outras e a alimentao da usina pode ocorrer por esteiras que transportem
os agregados.
7 No planejamento da instalao de uma usina, deve-se considerar o fluxo de
veculos no seu entorno. O ptio deve ser construdo de maneira a minimizar
o trfego de caminhes e veculos nas reas de operao da usina. Este deve
ser construdo com inclinaes que levem as guas para fora da rea indus-
trial. Deve ser executado um sistema de drenagem para retirar rapidamente
toda a gua que entrar na rea.
8 Os agregados devem apresentar o menor teor de umidade possvel, para
serem utilizados. Isso melhora a qualidade da mistura asfltica e reduz signi-
ficativamente o custo com combustveis e aumenta a produtividade da usina.
Recomenda-se que a estocagem de agregados seja realizada em reas cober-
tas de forma a minimizar a possibilidade de umedecimento desses agregados.
9 A separao das pilhas de agregados importante para evitar a contamina-
o, o que pode levar produo de misturas asflticas em desacordo com o
especificado pelo projeto. Quando a praa de estocagem for pequena, con-
veniente construir baias para a separao das fraes de agregados. As pilhas
no devem ser muito altas para evitar a segregao.
10 Na alimentao dos silos frios, os agregados devem apresentar homogeneida-
de tanto na granulometria como na umidade e devem apresentar um aspecto
visual uniforme. Mesmo com umidade alta, esta deve estar uniformemente
distribuda pois uma umidade varivel leva a variaes na temperatura da
mistura asfltica produzida.
11 Toda a composio granulomtrica dosada na usina de asfalto deve ser con-
sumida na mistura asfltica produzida. Utilizar a usina de asfalto para cor-
reo granulomtrica no a forma mais econmica e ecolgica de soluo.
12 Existem procedimentos para controlar, reclassificar ou at rebritar que viabi-
lizam e geram agregados de qualidade para atender demanda da usina, tais
como utilizao de peneiras de alta frequncia para reclassificar os finos ou
equipamentos para rebritar as fraes intermedirias de agregados.

102 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


13 A utilizao de procedimento de redosagem na usina um processo de custo
elevado (pois envolve secagem e aquecimento) Porm se necessrio, os siste-
mas disponveis no mercado nacional podem ser empregados, retirando 100%
dos finos procedentes do filtro de mangas para um silo externo onde dosada a
quantidade necessria para atender composio do projeto. As Figuras 3.10
(a) e 3.10 (b) apresentam o sistema de redosagem de finos.

Figura 3.10 (a) Sistema de redosagem de finos com silo externo


(Fonte: Bomag Marine LA)

Figura 3.10 (b) Sistema de redosagem de finos com silo externo


(Fonte: Ciber Equipamentos Rodovirios)

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 103


Aditivos promotores de adeso
Uma soluo consagrada utilizada para reduzir ou eliminar danos causados por ao
da umidade aos pavimentos e melhorar a afinidade qumica na interface ligante asfltico
agregado com o emprego de cal hidratada ou de aditivos lquidos promotores de adeso
(comumente conhecidos como Dopes). Comumente so utilizados promotores de adeso na
forma lquida devido simplicidade operacional no transporte, manuseio, dosagem e arma-
zenamento. A composio ativa do aditivo lquido est baseada na sntese de amidoaminas
e poliaminas graxas de alto peso molecular. A sua adio realizada em pequenas quanti-
dades (0,07% a 0,5% em massa em relao ao ligante) diretamente ao ligante asfltico e
estes agem modificando a natureza fsico-qumica do ligante asfltico. Os aditivos lquidos
apresentam benefcios de curto e de longo prazo. Durante a etapa de usinagem da mistura
asfltica, o aditivo promove um melhor envolvimento e adeso dos agregados grados e dos
finos minerais ao ligante asfltico, devido reduo da tenso superficial do ligante asflti-
co e a formao de ligaes qumicas entre os materiais. Ao longo da vida til do pavimento
tornam o revestimento asfltico mais resistente ao deletria da gua.

H trs ensaios para se verificar a adesividade: NBR 14329 Adesividade expedita


por fervura, NBR 12583, que utiliza a estufa a 40C, e a NBR 15617 Dano por umidade
induzida.

Os aditivos promotores de adeso devem ser dosados preferencialmente no tanque de


servio da usina, nos teores determinados no ensaio de adesividade. As Figuras 3.11(a) e (b)
apresentam imagens de misturas asflticas com adesividade no satisfatria e satisfatria,
respectivamente.

(a) No satisfatria (b) Satisfatria

Figura 3.11 Adesividade em misturas asflticas


(Fonte: Abeda)

No caso de utilizao da Cal CH-I (cal calctica) para a melhoria da adesividade ligan-
te agregado, pode ser utilizado um sistema dosador com silo externo onde a cal pode ser
adicionada diretamente aos agregados virgens. As Figuras 3.12 (a) e 3.12 (b) apresentam
o sistema dosador de Cal CH-I com silo externo.

104 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Figura 3.12 (a) Sistema dosador de cal CH-I com silo externo

Figura 3.12 (b) Sistema dosador de cal CH-I com silo externo
(Fonte: Ciber Equipamentos Rodovirios)

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 105


Algumas recomendaes quando observadas podem minimizar danos devido ao da
gua nos revestimentos asflticos, tais como:

revestimentos asflticos de graduao contnua ou descontnua, com baixo teor



de vazios, so menos suscetveis ao da gua;
assegurar que o sistema de drenagem e a compactao de todas as camadas

sejam realizados de forma eficaz;
usar somente agregados limpos e secos na usinagem. Agregados com p, argila

ou umidade em sua superfcie devem ser evitados a fim de manter aderido o
filme de ligante asfltico em sua superfcie;
no usar agregados recm-britados que apresentam m adeso ao ligante as-

fltico. A perda de adeso entre o ligante e os agregados maior com agre-
gados recm-britados em relao aos agregados estocados por uma ou duas
semanas;
no usar agregados altamente hidroflicos. Por meio do ensaio para a avaliao

da suscetibilidade ao da gua (ABNT NBR 15617), selecionar o melhor tipo
de agregado para evitar danos por ao da umidade;
quando o uso de agregados hidroflicos for inevitvel, adicionar promotores de

adeso (cal hidratada ou aditivos lquidos termoestveis) na quantidade deter-
minada pelo projeto de dosagem de mistura asfltica ou por meio do ensaio
para a avaliao da suscetibilidade ao da gua (ABNT NBR 15617);
se a cal hidratada for utilizada, ativ-la previamente com gua antes da incor-

porao aos agregados. Se o aditivo lquido for utilizado, verificar sua resistn-
cia em altas temperaturas por meio do ensaio (ABNT NBR 15617) a partir de
amostras das misturas asflticas usinadas ou de misturas asflticas preparadas
em laboratrio com ligantes asflticos aditivados e submetidos previamente ao
efeito do calor e do ar em estufa de filme rotativo (RTFOT);
quanto maior for a viscosidade do ligante asfltico, maior ser a espessura da

pelcula de ligante asfltico e a resistncia do revestimento aos danos causados
pela ao da gua;
incluir no controle tecnolgico da obra a verificao peridica da resistncia das

misturas asflticas usinadas com relao ao da gua (ABNT NBR 15617).

Prticas adequadas de produo de misturas asflticas a quente, tais como reduo


de umidade nos ptios de estocagem dos agregados e reciclados, preaquecimento dos flui-
dos combustveis, ajustes dos queimadores, eliminao de vazamentos de ar nos sistemas
flexveis e escolha e operao apropriada dos filtros de manga tambm dizem respeito
produo de misturas asflticas mornas.

A produtividade das usinas asflticas esta relacionada exigncia e ao cronograma da


obra, devendo-se atentar aos materiais empregados, umidade dos agregados e altitude
de instalao, fatores decisivos na produo.

106 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


3.2.3 Fatores que influem na execuo
O sucesso na execuo de camadas de revestimento asfltico depende principalmente
da boa comunicao entre a equipe de pavimentao, o pessoal da usina de asfalto e os
responsveis e os contratantes da execuo. A qualidade de execuo est relacionada a
vrios aspectos do processo, desde o transporte e lanamento da mistura asfltica at sua
compactao final.

Transporte e lanamento de misturas asflticas


As misturas asflticas so levadas ao local de execuo do pavimento por meio de
caminhes transportadores geralmente com bscula traseira. O procedimento de carga dos
caminhes transportadores na usina importante no sentido de evitar a segregao da mis-
tura asfltica durante o transporte. A Figura 3.13 mostra o procedimento correto de carga
da mistura asfltica, que deve ser realizado em trs pontos na caamba e sendo o primeiro
ponto prximo da dianteira do caminho, o segundo prximo da traseira e o terceiro no
meio. O nmero necessrio de caminhes determinado por alguns fatores tais como: a
velocidade de produo da mistura asfltica na usina; a distncia de transporte; o tipo de
trfego no percurso e o tempo estimado para descarregamento. O nmero de caminhes
necessrios para manter constante o lanamento da mistura asfltica na pista pode ser
estimado considerando-se o tempo de ida e de volta dividido pelo tempo de carregamento
de cada caminho mais um.

Figura 3.13 Procedimento correto de carga de caminhes na usina e descarga de caminho


com trs pilhas de mistura asfltica dentro da vibroacabadora

O lanamento de uma mistura asfltica e o incio de um servio de compactao de


uma camada de revestimento asfltico, deve ser precedido por um planejamento onde so
considerados detalhes importantes no processo, como por exemplo:

continuidade e sequncia de operaes;



nmero de vibroacabadoras necessrias para a execuo do servio;

nmero e tipos de rolos compactadores necessrios;

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 107


nmero de caminhes transportadores necessrios;

a cadeia de comando para dar e receber instrues;

razes para possvel rejeio de mistura asfltica;

condies climticas e de temperatura;

controle de trfego.

Alm da considerao desses detalhes, devem ser realizadas todas as preparaes


e as inspees necessrias para garantir seu sucesso. Normalmente os seguintes itens
devem ser verificados:

superfcie da base ou do revestimento existente apropriadamente preparada



(imprimao ou pintura de ligao executadas);
plano de execuo do servio;

sincronia apropriada de produo da mistura asfltica, lanamento e com-

pactao;
equipamentos em boas condies e calibrados;

meios para pesagem da mistura asfltica;

planejamento de amostragem e ensaios de controle.

A mistura asfltica deve ser lanada em camada uniforme, de espessura e seo


transversal definidas, pronta para a compactao. O lanamento realizado por vibro-
acabadoras que sejam capazes de executar camadas de menos de 25,0mm at aproxi-
madamente 300,0mm de espessura, em larguras ajustveis de acordo com o servio. As
velocidades de deslocamento so regulveis e podem atingir at 20,0m/min.

As vibroacabadoras so compostas por duas unidades: a tratora e a de nivelamento.


A unidade tratora compreende o motor, as transmisses e os controles, o silo de carga
com laterais basculantes, as barras alimentadoras, as roscas distribuidoras e o posto de
conduo. A unidade tratora apoiada sobre um par de esteiras ou sobre pneus. Esta uni-
dade tem como funes o deslocamento da vibroacabadora e o recebimento, a conduo e
o lanamento uniforme da carga de mistura asfltica frente da unidade de nivelamento.

A unidade de nivelamento formada por uma mesa flutuante e vibratria ligada uni-
dade tratora por braos de nivelamento fixados atravs de articulaes prximas parte
central do equipamento. Suas funes so nivelar e pr-compactar a mistura asfltica sobre
a superfcie em que foi lanada, de acordo com especificaes de geometria previamente
definidas. As Figuras 3.14 e 3.15 apresentam tipos de vibroacabadoras e seus componen-
tes e a Figura 3.16 mostra um exemplo de vibroacabadora.

108 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Figura 3.14 Esquema de componentes de uma vibroacabadora de pneus (Fonte: Asphalt Institute)

Figura 3.15 Esquema do fluxo de mistura asfltica em uma vibroacabadora de esteiras


(Fonte: Asphalt Institute)

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 109


Figura 3.16 Exemplo de vibroacabadora em operao
(Fonte: Ciber Equipamentos Rodovirios).

Alguns aspectos para garantir o acabamento de superfcie a partir do lanamento das


misturas asflticas pelas vibroacabadoras so comentados a seguir:

nunca operar a vibroacabadora com o silo com pouca carga (o nvel de mistura

asfltica no deve ser inferior ao das portas de sada);
estabelecer e manter uma velocidade de operao contnua da vibroacabadora;

controlar a parte superior da mistura asfltica na rea das roscas distribuidoras

sem-fim em 2,54cm;
no permitir que veculos de transporte de massa asfltica se choquem com a

vibroacabadora;
dar preferncia alimentao contnua de mistura asfltica atravs de equipa-

mentos de transferncia de mistura asfltica do tipo shuttle buggy;
no derramar mistura asfltica em excesso na superfcie em execuo (quando

o carregamento do silo realizado diretamente por veculos de transporte);
praticar tcnicas de parada e partida da vibroacabadora adequadas para o

servio;
cuidar para que os controladores de espessura no necessitem de correes

frequentes de maneira a manter as espessuras o mais constantes possvel;
assegurar-se de que a mesa vibratria esteja propriamente ajustada;

regular a velocidade da vibroacabadora e as portas alimentadoras de maneira a

manter as roscas distribuidoras sem-fim girando pelo menos 85% do tempo e
movimentando-se para a frente pelo menos 75% do tempo de operao;
adequada espessura de lanamento tambm contribui para o acabamento de

superfcie;

110 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


a espessura mnima aps compactao deve ser de 3 a 4 vezes o tamanho

nominal mximo do agregado ou de 2 a 2,5 vezes o dimetro mximo do agre-
gado. Quando a espessura da camada menor do que o valor mencionado,
ela arrasta e rompe, esfria mais rpido e geralmente dificulta a obteno da
densidade adequada e da qualidade de acabamento superficial;
controles automticos compensam mais rapidamente variaes de greide e de

inclinao do que controles manuais de operao da mesa vibratria;
controles automticos ajudam a eliminar a influncia na mesa vibratria de

movimentos verticais errticos da unidade tratora;
evitar a utilizao do material que fica na lateral da acabadora (asa), esse

material est constantemente frio e com material segregado.

Compactao
A ltima etapa no processo de execuo a compactao da camada asfltica, que tem
como objetivo permitir o suporte das cargas do trfego de maneira eficiente e pelo maior
perodo possvel. Para isso a camada deve apresentar estabilidade, coeso e impermeabi-
lidade adequadas.

Na obteno dessas caractersticas pelo processo de compactao, influem as proprie-


dades e as caractersticas da mistura asfltica, as condies ambientais, a espessura de
lanamento da camada a executar e as caractersticas das camadas de base e de sub-base.

A compactao de uma camada asfltica de revestimento aumenta a estabilidade


da mistura asfltica, reduz seu ndice de vazios, proporciona uma superfcie suave e de-
sempenada e aumenta sua vida til. Usualmente a espessura de uma nica camada de
compactao no ultrapassa 75mm a 80mm.

Para que a compactao possa ser executada de maneira eficiente, duas condies fun-
damentais devem estar presentes: existncia de confinamento ao compactar e temperatura
adequada da mistura asfltica lanada.

O confinamento adequado quando a mistura asfltica a ser compactada contida


em todas as direes de modo que ela possa ser comprimida, estruturando os agregados e
reduzindo o Vv. Quando uma camada asfltica compactada, o confinamento a partir de
baixo obtido pela presena da camada subjacente, que deve ser estvel. O confinamento
na superfcie obtido pelo contato dos equipamentos de compactao durante sua execu-
o. O confinamento lateral interno, proveniente da mistura asfltica circundante sendo
compactada, que deve, para isso, ser resistente fluncia e ao escorregamento.

Misturas asflticas espalhadas com temperatura muito elevada tendem a fluir e defor-
mar-se devido maior lubrificao e menor ligao exercida pelo ligante asfltico exces-
sivamente aquecido. Contrariamente, se a temperatura for muito baixa o ligante asfltico
torna-se plstico e pegajoso, dificultando a compresso da mistura asfltica e a obteno
de um estado mais denso. Cada mistura asfltica tem uma faixa de temperatura de com-

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 111


pactao prpria, relacionada ao tipo de ligante asfltico utilizado, conforme descrito no
Captulo 1. Geralmente obtida maior eficincia na compactao quando se trabalha com
temperaturas prximas ao limite superior dessa faixa.

O processo de execuo de uma camada asfltica geralmente compreendido por duas


fases: a rolagem de compactao e a rolagem de acabamento. na fase de rolagem de
compactao que se alcana a densidade, a impermeabilidade e grande parte da regulari-
dade superficial. Na rolagem de acabamento so corrigidas marcas deixadas na superfcie
da camada pela fase de rolagem anterior.

Existem duas famlias de rolos compactadores: os estticos e os vibratrios.

A compactao obtida por meio dos rolos estticos devida ao seu peso prprio. Em
alguns rolos compactadores esse peso pode ser aumentado pela utilizao de lastros. Trs
so os tipos de rolos compactadores estticos: de pneus, em tandem liso e de trs rodas
liso. Com o rolo de pneus obtm-se um ajuste adicional pela possibilidade de variao da
presso dos pneus. Na Figura 3.17 so mostrados exemplos de rolo de pneus e rolo tandem
liso. H vrios fabricantes ou importadores no pas.

Figura 3.17 (a) Exemplos de rolo de pneus


(Fontes: Dynapac e Ciber Equipamentos Rodovirios)

Figura 3.17 (b) Exemplos de rolo tandem liso


(Fontes: Caterpillar e Hamm Equipamentos Rodovirios)

112 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Os rolos vibratrios so compostos por um ou dois tambores de ao com pesos giratrios.
Esses pesos so os responsveis pela vibrao dos tambores e criam foras dinmicas que, so-
madas ao seu peso prprio, aumentam o esforo de compactao. Na Figura 3.18 (a) mostrado
um rolo do tipo vibratrio; ressalta-se que existem outros fabricantes ou importadores no pas.
Atualmente, h disponibilidade no mercado internacional de rolos lisos oscilatrios, com
alto desempenho para densificao, como o da Figura 3.18 (b).

Figura 3.18 (a) Exemplo de rolo liso vibratrio com Figura 3.18 (b) Exemplo de rolo liso oscilatrio
pneus na traseira

(Fonte: Ciber Equipamentos Rodovirios)

A compactao eficiente obtida a partir de uma correta escolha do padro de rola-


gem a ser utilizado, conforme esquematizado na Figura 3.19. A referida figura apresenta a
sequncia de rolagem (1 a 6) a partir de uma borda externa. Com isso alcanada a uni-
formidade e a eficincia necessrias para se obter a densidade e a regularidade superficial
de acordo com as especificaes e com volume de produo adequado.

Figura 3.19 Exemplo de padro de rolagem de uma camada de mistura asfltica

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 113


A escolha do padro de rolagem adequado deve ser realizada pela execuo de uma
pista teste com monitoramento de densidade por meio de densmetros. Nessa pista teste
devem ser definidos quatro parmetros:

nmero de passagens necessrias para uma cobertura da largura da faixa ou



pista em execuo;
nmero de repeties necessrias para alcanar o grau de compactao;

velocidade de rolagem;

faixa de temperatura correta de aplicao e rolagem.

Para determinar quantas passagens so necessrias para cobrir a largura da pista de


uma vez, deve-se comparar a largura do rolo de compactao a ser utilizado com a largura
da pista, permitindo-se uma sobreposio mnima de 150mm, conforme a Figura 3.20, at
metade da largura do rolo compactador.

Figura 3.20 Definio do padro de rolagem

Se existir mudana de inclinao transversal da pista no eixo longitudinal, o padro


mostrado na Figura 3.20 dever ser modificado de forma a oferecer o mesmo nmero de
passagens em cada tramo inclinado, conforme apresentado na Figura 3.21.

114 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Figura 3.21 Esquema de padro de rolagem em pista com mudana de inclinao
transversal no eixo longitudinal

Se a camada a ser compactada espessa e no h confinamento lateral, para evitar o


escorregamento lateral da mistura asfltica no limite da camada, deve-se ajustar as passa-
gens de maneira que a primeira passagem seja realizada prxima dessa extremidade, mas
a aproximadamente 300mm para conferir confinamento, conforme mostra a Figura 3.22.

Figura 3.22 Esquema de padro de rolagem em pistas com extremidade no confinada

Para se obter uma compactao eficiente necessrio que a largura da pista seja
coberta pelos rolos compactadores tantas vezes quantas forem necessrias para que o
grau de compactao desejado seja atingido, sem que a temperatura da mistura asfltica
alcance valores abaixo do mnimo correspondente faixa de trabalho. Para isso neces-
srio que os rolos compactadores trabalhem o mais prximo possvel da vibroacabadora.
So vrios os fatores que influem na temperatura da mistura asfltica e determinam o
tempo necessrio de rolagem, conforme apresentado na Tabela 3.5.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 115


Tabela 3.5: Fatores que afetam o tempo de rolagem de misturas asflticas a quente

Principais fatores que afetam o


Permite mais tempo Permite menos tempo
tempo de rolagem

Espessura da camada em execuo Espessa Delgada

Temperatura da mistura
Alta Baixa
asfltica em compactao

Temperatura da superfcie
Alta Baixa
da camada subjacente

A rolagem de compactao geralmente iniciada com rolos compactadores vibratrios


ou rolos tandem lisos estticos e em seguida so utilizados os rolos de pneus. O nmero
de rolos a serem utilizados deve ser o necessrio para a obteno do grau de compactao
desejado, com a mistura asfltica mantendo sua temperatura dentro da faixa de trabalho.
A rolagem de acabamento executada com rolos tandem lisos estticos.

A velocidade de rolagem deve ser adaptada produo desejada, levando-se em con-


siderao a densidade necessria, acabamento da superfcie e nmero de passadas.
A velocidade normal de rolagem de 5km/h a 7km/h.

Em camadas finas e quentes sempre possvel rolar mais rpido, algumas vezes acima
de 10km/h. Entretanto, misturas instveis requerem baixas velocidades de rolagem.

Em camadas espessas e misturas asflticas rgidas, reduzir a velocidade para 3km/h


a 5km/h.

Na execuo de camadas com misturas asflticas com agregados de granulometria des-


contnua, a rolagem realizada somente com o rolo tandem liso esttico, pois fundamen-
tal evitar a segregao durante o processo e tambm manter a estrutura ptrea desejada
na camada compactada.

Os procedimentos de compactao para as misturas mornas e/ou recicladas so simila-


res aos j descritos para misturas a quente.

As camadas asflticas com misturas usinadas a quente devero ficar fechadas ao tr-
fego, at o seu completo resfriamento. Costuma-se adotar um tempo mnimo de 6 horas
para assegurar essa condio.

Execuo de juntas longitudinais


A maneira ideal de executar uma junta longitudinal realizar o trabalho com duas vi-
broacabadoras, operando a uma pequena distncia uma da outra. Os rolos que operam no
pano mais avanado no compactaro uma faixa de 5cm a 10cm adjacente ao pano que
est sendo distribudo. Quando da compresso do segundo pano, os equipamentos trataro
de cobrir esta pequena faixa, praticamente eliminando a junta.

116 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Nos casos mais frequentes em que se opera com apenas uma vibroacabadora devem-
se tomar alguns cuidados para a execuo da junta longitudinal. A sequncia de execuo
recomendada :

1 aplicar com dispositivo manual uma pintura de ligao na parede da camada


j distribuda e compactada, onde ser formada a junta;
2 previamente pintura, se necessrio, reparar a junta eventualmente danifica-
da pelo trfego por meio de corte vertical com ferramentas manuais;
3 distribuir a massa na faixa, fazendo com que a vibroacabadora seja instalada
de forma a permitir um leve recobrimento da nova massa em relao cama-
da contgua, anteriormente comprimida;
4 utilizando um rolo metlico, forar o material superposto contra a camada
recm-distribuda. O excesso de material dever ser removido manualmente;
5 iniciar a compactao da nova faixa com rolo liso de rodas metlicas, atuan-
do sobre a camada contgua j compactada e recobrindo a nova camada em
apenas 15cm;
6 na segunda passada, o mesmo rolo dever recobrir o novo material, na rea
da junta, com a metade de sua largura de trabalho;
7 prosseguir a compactao normalmente, pela parte mais baixa da seo
transversal.

Execuo de juntas transversais


As juntas transversais decorrem do trmino normal de uma jornada de trabalho, ou
da ocorrncia de problemas climticos ou operacionais que impliquem a interrupo das
atividades de pista. A seguir so apresentadas duas alternativas para execuo das juntas
transversais:

Primeira alternativa:
1 completar a distribuio na faixa de trabalho, at se esgotar a massa contida
no receptculo da acabadora. Resultar uma poro final no uniforme, e de
espessura gradualmente decrescente;
2 comprimir normalmente a faixa distribuda, utilizando a poro final com ram-
pa de acesso para os rolos compactadores;
3 no reincio da jornada de trabalho, determinar criteriosamente a posio prxi-
ma do final da distribuio em que a camada apresenta a espessura desejada.
Neste local, cortar cuidadosamente a massa, segundo um plano vertical trans-
versal ao eixo, e com emprego de ferramentas manuais, formar a junta;
4 aplicar, com dispositivo manual, pintura de ligao na parede da junta for-
mada.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 117


Segunda alternativa:
1 distribuir normalmente a ltima carga da acabadora, do que resultar um final
do pano no uniforme;
2 determinar o ponto onde a espessura solta da camada a desejada, e cortar
criteriosamente, com ferramentas manuais, uma faixa transversal de cerca de
30cm. As paredes devem resultar verticais;
3 preencher a faixa removida com areia;
4 compactar normalmente o pano, utilizando o material distribudo ao final
como rampa de acesso para o equipamento;
5 ao reiniciar os trabalhos, remover o material remanescente ao final do pano e a areia;
6 executar a pintura de ligao.

Execuo de microrrevestimento asfltico a frio (MRAF)


Antes da aplicao do MRAF dever ser realizada a limpeza prvia da superfcie com vassouras
mecnicas e/ou jatos de ar comprimido a fim de evitar a presena de p ou argilas no substrato.

As fissuras e trincas de baixa severidade (no ativas) e superiores a 6mm devero ser
previamente demarcadas e seladas com emulso asfltica com polmeros antes da execu-
o do microrrevestimento, sendo recomendvel manter a selagem de trincas abaixo do
nvel da superfcie, no coroando a mesma. Complementarmente, qualquer selante antigo
deve ser raspado e substitudo antes da aplicao do MRAF.

O MRAF no deve ser executado em temperaturas inferiores a 10C, seja do ar ou do pavimen-


to, em dias de chuva ou caso haja previso de temperaturas inferiores a 0C nas 24 horas seguintes.

H a necessidade de cuidados adicionais ao aplicar o MRAF em temperatura ambiente


superior a 40C, situao na qual o projeto de mistura asfltica e a execuo dos trabalhos
podero ser reavaliados. Em temperatura de pista superior a 45C, o pavimento deve ser
previamente umedecido, atravs da barra de asperso de gua da usina mvel, evitando a
ruptura prematura da emulso com a superfcie existente. No dever haver gua livre em
frente caixa distribuidora.

O MRAF aplicado em baixas temperaturas ambiente e em dias chuvosos pode desgastar


e trincar prematuramente. Se as temperaturas so excessivamente altas ou se a umidade
relativa do ar se encontra muito baixa, a ruptura da emulso poder ocorrer prematura-
mente causando a reteno de gua e retardando sua cura interna (falsa cura). Nesse caso,
dever ser alterada a formulao da emulso asfltica ou ser empregado aditivo lquido para
controle do tempo de ruptura, possibilitando a aplicao adequada.

O sistema misturador e de distribuio da usina mvel (Figura 3.23) dever ser capaz
de processar de forma contnua e homognea espalhando a massa asfltica sobre a super-
fcie a ser revestida. A largura da caixa distribuidora dever ser regulada de acordo com
a faixa de rolamento. A taxa de aplicao do MRAF varia de acordo com as condies da
superfcie e a granulometria, geralmente, entre 10kg/m a 30kg/m.

118 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Recomenda-se executar a pintura de ligao somente sobre pavimentos bastante en-
velhecidos ou em concreto de cimento Portland com emulso apropriada evitando-se sua
diluio em obra. Caso necessrio, poder ser empregada a prpria emulso destinada ao
MRAF ou de ruptura rpida, na taxa de 0,5l/m diluda em gua, na proporo de 1:3 em
volume, respectivamente.

A caixa distribuidora dever ser hidrulica, com largura regulvel (de 2,2m a 4,2m),
contendo agitadores duplos do tipo sem-fim para promover a ida e o retorno da mistura
asfltica. Dever ter controle de velocidade e direo para trabalho em sees de superele-
vao e curvas para promover uma melhor mistura asfltica, distribuio, uniformidade da
textura e do acabamento do MRAF.

O lanamento da mistura asfltica na caixa distribuidora controlado pela quantidade


de agregado que descarregada pelo misturador. A mistura deve ser lanada na caixa dis-
tribuidora em movimento na taxa suficiente para manter o MRAF homogneo e fluindo em
toda a largura de aplicao (especialmente nas bordas). A distribuio deve se dar numa
taxa de aplicao uniforme, regulada em funo da altura da caixa em relao pista e da
velocidade de execuo. No permitida a adio de gua diretamente na caixa distribui-
dora durante o espalhamento da mistura asfltica na pista.

A taxa de aplicao do MRAF varia de acordo com as irregularidades existentes no


substrato e a direo da calha de distribuio da mistura (vertedor) deve ser alternada du-
rante toda a aplicao para o preenchimento homogneo da caixa distribuidora.

Figura 3.23 Exemplo de usina mvel para a aplicao de MRAF


(Fonte: Romanelli Equipamentos Rodovirios)

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 119


O MRAF apresenta espessura delgada, geralmente entre 6mm e 15mm, correspon-
dendo, por aplicao, a 1,5 vez o tamanho nominal mximo do agregado. Para espessuras
superiores a 6mm de MRAF na faixa I, 8mm de MRAF na faixa II ou 15mm de MRAF na
faixa III, recomenda-se sua aplicao em duas camadas.

A primeira camada, denominada de regularizao ou de arraste, aplicada para o


restabelecimento do perfil transversal, com a caixa distribuidora apoiada nos pontos altos
da pista, preenchendo os pontos mais baixos. A segunda camada, denominada de rola-
mento ou texturizao, visa atender aos requisitos de segurana (aderncia) e conforto
(acabamento).

Durante os servios, pode ocorrer acmulo de material na caixa, resultando em ruptura


prematura da emulso, marcas de arraste atrs da caixa distribuidora ou mesmo formao
de material grosseiro na pista. O operador deve remover imediatamente qualquer formao
de material e manter o nvel da caixa distribuidora pela metade durante a aplicao, isto
, a mistura asfltica dever cobrir parcialmente os agitadores sem-fim, sem respingos da
emulso para fora do equipamento.

A presena de massa asfltica aderida (ruptura prematura da emulso) s borrachas


da caixa distribuidora e da barra de acabamento ocasiona estrias ou frisos longitudinais
e, portanto, sua limpeza dever ser executada diariamente em conjunto com o misturador
da usina mvel e, durante a operao, sempre que se verificar material acumulado nesses
equipamentos.

A velocidade de aplicao tambm afeta a textura do MRAF. A velocidade da usina m-


vel deve ser aquela que proporciona uma mistura homognea e caixa distribuidora unifor-
memente carregada. Maiores velocidades tendem a resultar em superfcies onduladas (com
corrugaes) e pior acabamento. Como regra geral, a velocidade de aplicao deve ser a do
caminhar (4km/h a 5km/h), possibilitando uma melhor uniformidade e controle visual dos
servios por parte do operador da usina mvel e de seus ajudantes.

Os servios de acabamento manuais devero ser reduzidos ao mnimo. Caso ne-


cessrio, o espalhamento manual da mistura asfltica dever ser executado no sentido
longitudinal. A Figura 3.24 apresenta um exemplo de caixa distribuidora para aplicao
do MRAF.

120 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Figura 3.24 Exemplo de caixa distribuidora para aplicao de MRAF
(Fonte: Romanelli Equipamentos Rodovirios)

Cuidados durante a execuo devem ser tomados em relao s juntas construtivas. A


boa qualidade na construo e no acabamento das juntas transversal e longitudinal melhora
o conforto ao rolamento da via, razo pela qual estas no devem apresentar desnveis ou
salincias em relao ao MRAF aplicado. Para uma boa aparncia e durabilidade, as juntas
devem ser executadas quando a camada subjacente j estiver plenamente curada.

A junta transversal dever ser executada com auxlio de uma faixa de papel absorvente,
lona plstica ou feltro, apoiada sobre a seo previamente executada, removendo-se o ma-
terial acumulado ou em excesso para evitar possveis falhas de acabamento. Recomenda-se
que a elevao mxima da junta transversal seja fixada em 3mm.

A junta longitudinal dever ser executada sobre o eixo da pista, evitando as trilhas de
roda ou a superposio excessiva sobre o MRAF previamente curado, que poder acarretar
um cume entre as faixas de rolamento. Para tanto, recomenda-se a inverso do sentido da
aplicao de MRAF para um melhor controle visual do alinhamento do eixo pelo motorista
da usina. A largura e a elevao da junta longitudinal devem ser, no mximo, 75mm e 6mm,
respectivamente.

A verificao do alinhamento do eixo e bordos feita a trena, no excedendo a 5cm,


nas diversas sees correspondentes s estacas da locao. A borda da caixa distribuidora
da usina deve coincidir com a da faixa de rolamento.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 121


Em aplicaes correntes, o MRAF no compactado. Caso seja requerido tecnicamente
em reas, tais como: estacionamentos, aeroportos e estradas de trfego rpido e intenso,
utilizado o rolo pneumtico de 10t com presso de 80lb/in2 em velocidade baixa (5km/h
a 8km/h) para evitar o deslocamento de agregados da mistura asfltica. A rolagem dever
ser iniciada quando a mistura asfltica j tiver adquirido coeso suficiente para no aderir
aos pneus do equipamento.

O rolo pneumtico exerce uma presso sobre pequenas depresses resultando em uma
melhor acomodao dos agregados, sem tritur-los. Este deve ser equipado com sistema
de asperso de gua e de limpeza dos pneus. Geralmente, duas a cinco coberturas so
suficientes.

O emprego de rolo tandem liso esttico no recomendado, pois este fica assentado
sobre as zonas mais altas em detrimento das mais baixas (efeito ponte). Alm disso, esse
equipamento deixa marcas sobre a superfcie e pode triturar o agregado grado do MRAF.
O rolo pneumtico tambm requerido na iminncia de chuvas, temperatura ambiente em
declnio e alta umidade relativa do ar visando acelerar o processo de cura do MRAF e limitar
o rejeito de agregados.

A abertura prematura do servio ao trfego, principalmente quando aplicado sob con-


dies climticas adversas, pode causar abraso e cisalhamento do MRAF devido baixa
evoluo da coeso da mistura.

Caso haja rejeito excessivo de agregados, varrer a pista e colocar cones de sinalizao
para limitar a velocidade do trfego e a projeo de pedras. Em cruzamentos e intersec-
es, a operao de espalhamento de p de pedra ou areia sobre a pista, denominada de
salgamento, uma alternativa para reduzir o tempo de interdio da via.

As caractersticas de segurana ou de aderncia pneu-pavimento dependem da micro-


textura e da macrotextura do MRAF.

No Brasil, em geral, recomenda-se um valor mnimo de 45 para o BPN, determinado


com o pndulo britnico. J a macrotextura determinada pelo ensaio de mancha de areia
com valores limites entre 0,6mm e 1,2mm.

Para assegurar a proporo de materiais preconizada no projeto de mistura asfltica e


o controle de qualidade, devem ser realizadas rotineiramente verificaes de dosagem e de
acabamento ao longo dos servios. As especificaes tcnicas DNIT 035/2005-ES e ABNT
NBR 14948 estabelecem a sistemtica empregada na execuo e no controle da qualidade
desse servio.

Execuo de tratamentos superficiais por penetrao


A execuo de tratamentos superficiais por penetrao realizada por meio da combi-
nao de um caminho espargidor, responsvel pela distribuio do ligante asfltico, com
um distribuidor de agregados. O caminho espargidor aplica o ligante asfltico por meio de
bicos espargidores instalados em uma barra transversal. necessria a limpeza e a regula-

122 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


gem dos bicos antes do incio de cada operao do caminho espargidor, pois a uniformi-
dade e a regularidade da aplicao do ligante asfltico so fundamentais no desempenho
do revestimento executado.

Atualmente o equipamento mais indicado para esse tipo de servio o que est mos-
trado na Figura 3.25, que aplica o ligante asfltico e o agregado, em sequncia, de forma
homognea e controlada, obtendo-se uma adequada uniformidade da camada executada.
Para isso necessrio que o equipamento esteja devidamente ajustado para aplicar o
ligante asfltico e o agregado nas propores definidas previamente e tambm calibrado
adequadamente e com capacidade de operao uniforme de todos seus sistemas.

(a) Equipamento multidistribuidor em operao

(b) Sistemas de aplicao de ligante asfltico e (c) Detalhe da barra espargidora de ligante
agregados em detalhe asfltico (direita) e barra distribuidora de agregados
(esquerda)

Figura 3.25 Exemplos de equipamento multidistribuidor para execuo de tratamentos


superficiais por penetrao invertida (Fonte: Romanelli Equipamentos Rodovirios)

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 123


Normalmente os tratamentos superficiais por penetrao so executados na forma inverti-
da. Inicialmente deve ser feita uma varredura da pista (imprimada, no caso de aplicao sobre
a base) para eliminar todas as partculas de p. Em seguida aplicado o ligante asfltico e,
imediatamente aps, o agregado, ambos na quantidade indicada no projeto. A temperatura
para aplicao do ligante determinada em funo da relao viscosidade- temperatura.

Para CAP:
20 a 60ssF (segundos Saybolt-Furol);

Emulso asfltica RR-2C:


100 a 400ssF

Geralmente os servios de tratamento so realizados com emulso do tipo RR-2C que


pode ser modificada ou no por polmeros elastomricos.

O servio de TS no recomendado quando a temperatura ambiente for inferior a 15C,


em dias de chuva e/ou neblina.

Desaconselha-se o uso de emulso de baixa viscosidade em TS por penetrao (so-


mente em capa selante). Recomenda-se ainda iniciar o TS convencional por uma aplicao
de ligante asfltico quando no h um agulhamento significativo da primeira camada de
agregado. A partir de um tamanho de agregado da ordem de 25mm pode-se iniciar o tra-
tamento por espalhamento de agregado (mesmo sem agulhamento), sem prvio banho de
ligante, uma vez que o atrito entre as partculas e a prpria inrcia de cada uma contribuem
significativamente para a estabilidade da camada.

Os agregados devem obedecer as especificaes de servio quanto granulometria,


desgaste por abraso, ndice de forma, durabilidade e limpeza (material isento de p).

Em cada camada, o tamanho dos agregados dever ser o mais uniforme possvel (con-
dio homomtrica), isto , os agregados devem tender a um s tamanho. Os agregados
assim considerados so definidos pela relao:
d/D
onde:
d (tamanho mnimo efetivo) o tamanho em milmetros, obtido a partir da curva granu-
lomtrica e que corresponde a 15% em peso de material passante na peneira correspondente.
D (tamanho mximo efetivo) o tamanho em milmetros, obtido a partir da curva granu-
lomtrica e que corresponde a 90% em peso de material passante na peneira correspondente.
A relao d/D dever ser maior ou igual a 0,65.

Nos tratamentos mltiplos, o tamanho relativo do agregado, nas vrias camadas, deve
ser escolhido de forma tal que o tamanho mdio (D+d)/2, do agregado de cada camada,
seja aproximadamente a metade do correspondente tamanho mdio da camada imediata-
mente inferior. Estas duas condies tm o objetivo de promover um bom travamento entre
as camadas, proporcionando aos tratamentos superficiais maior durabilidade e menor con-

124 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


sumo de materiais. A graduao dos agregados dever ser a mais estreita possvel, isto ,
os agregados de cada camada do tratamento superficial devero ser de um nico tamanho.

A compresso do agregado realizada imediatamente aps o seu lanamento na pista.


Esta deve comear pelas bordas e progredir at o eixo, nos trechos em tangente e, nas
curvas, dever progredir sempre da borda mais baixa para a borda mais alta, sendo cada
passagem do rolo recoberta, na vez subsequente de, pelo menos, metade da largura deste.

O nmero de passadas depende das caractersticas do rolo compressor, do substrato, do


agregado e do ligante. necessria uma avaliao subjetiva, por inspeo visual, do resultado
da compresso de um trecho teste para a determinao do procedimento mais adequado de
execuo e do nmero timo de passadas do rolo. Como a compresso num TS por penetra-
o no to crtica como a compactao nas misturas asflticas a quente, pode-se consi-
derar que o nmero de passadas necessrio deve ser tal que no se perceba mais o rearranjo
significativo das partculas nem o sulcamento ou outra marcao pelo rolo compressor. Em
agregados com baixa resistncia abraso, faz-se necessria a limitao da compresso para
evitar a quebra das partculas. O tipo de rolo a ser utilizado, bem como a ordem de rolagem,
so geralmente recomendados na especificao de servio do rgo responsvel, podendo ser
rolo tandem liso esttico, rolo de pneu e/ou rolo conjugado. Aps a compresso da camada,
obtida a fixao ideal do agregado, faz-se uma varredura do material solto.

No caso de um TSD, executa-se a segunda camada de maneira idntica primeira. Em


se tratando de um TST, o mesmo procedimento repetido mais uma vez para a execuo da
terceira camada.

Condies de execuo aplicveis para qualquer tipo de tratamento superficial

a O esquema de espargimento adotado deve proporcionar recobrimento triplo,


em toda a largura da camada. Especial ateno dever ser conferida as regi-
es anexas ao eixo e bordos, de forma a evitar, nesses locais, a falta ou ex-
cesso relativos de ligante, com devido recobrimento longitudinal na aplicao;
b A compresso da camada ser executada no sentido longitudinal, iniciando no
lado mais baixo da seo transversal e progredindo no sentido do lado mais alto;
c Em cada passada, o equipamento dever recobrir, no mnimo, a metade da largu-
ra da faixa anteriormente comprimida, com os cuidados necessrios para evitar
deslocamentos, esmagamentos do agregado e contaminaes prejudiciais;
d Pequenas correes de ligante e agregados podero ser necessrias, caso se-
jam constatadas falhas, nas inspees visuais, efetuadas em cada aplicao;
e No dever haver coincidncia entre as juntas transversais de duas camadas suces-
sivas, devendo-se prever uma defasagem de, pelo menos, dois metros entre elas;
f Para evitar excesso de ligante na junta transversal, dever ser colocada sobre
a superfcie da camada anterior, uma faixa de papel adequado, com largura
mnima de 0,80 m;
g Dever ser evitada a coincidncia das juntas longitudinais para cada aplicao
de ligante;

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 125


h A aplicao de ligante, na largura da camada, dever ser feita como o menor
nmero possvel de passagens do equipamento espargidor;
i Durante a operao de espalhamento dos agregados, dever ser evitada a aplicao
em excesso, j que sua correo mais difcil do que a adio de material faltante;
j A utilizao de materiais asflticos diferentes, no mesmo tanque do espargi-
dor, s dever ser feita aps esgotamento e limpeza, a fim de evitar misturas
prejudiciais ao ligante e ao prprio espargimento.

Pode-se aplicar uma capa selante sobre os TS, sendo o ligante desta capa quase sempre
uma emulso asfltica, frequentemente diluda com gua. Em seguida aplicao da emul-
so, esta coberta por agregado mido (areia ou p de pedra) e realizada a compresso. An-
tes de aplicar o ligante, aconselhvel a passagem de vassoura de arrasto (sem contrapeso)
sobre a ltima camada de agregado do tratamento, para melhorar a penetrao da emulso.

No deve ser permitida a passagem do trfego sobre o TS quando da aplicao do


ligante asfltico ou do agregado.

O servio s dever ser liberado aps a compactao final, finalizao de todo o processo
de varrio, esfriamento do ligante (CAP e/ou emulso asfltica) a temperatura ambiente e
quando o agregado oferecer resistncia ao arrancamento. Recomenda-se que trnsito de vecu-
los seja controlado nas 24 horas seguintes a construo, com velocidade mxima de 50 km/h.

3.3 CONTROLE TECNOLGICO

3.3.1 Misturas asflticas a quente


O desempenho de misturas asflticas a quente assegurado pela utilizao de mate-
riais de qualidade e tcnicas de execuo adequadas. A vida de uma camada asfltica e o
custo de manuteno desta so bastante sensveis a pequenas variaes nas propriedades
dos materiais, tais como graduao, teor de ligante asfltico, volumetria da mistura asfltica
e compactao. Resultados de ensaios fsicos so utilizados para avaliar a qualidade dos
materiais e os mtodos utilizados em suas dosagens.

Algumas deficincias relativas massa asfltica podem ser facilmente identificadas


atravs de uma inspeo visual, tais como:

Massa superaquecida:
possvel identificar um trao de massa superaquecida, observando-se no momen-

to de sua chegada, se a massa estiver liberando uma fumaa azul. Diante deste sinal
deve-se checar imediatamente a temperatura da massa. Se realmente estiver supe-
raquecida, rejeitar o trao comprometido e proceder ao ajuste operacional da usina;

126 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Massa muito fria:
a massa apresenta uma aparncia geral rgida ou o envolvimento incompleto

das partculas maiores que podem indicar uma mistura com baixa temperatura;

Excesso de asfalto:
se a mistura fica achatada ao cair, e apresentar uma aparncia brilhante, ela

pode conter excesso de asfalto;

Deficincia de asfalto:
pode ser identificado por massa com aparncia magra e granular, envolvi-

mento inadequado dos agregados e falta do brilho negro caracterstico;

Excesso de agregado grado:


pode ser confundida, s vezes, com misturas que possuem excesso de asfalto,

pois ambas tm a mesma aparncia. Procurar observar a m trabalhabilidade
e a aparncia grosseira da massa distribuda na pista, para uma melhor iden-
tificao;

Excesso de agregado fino:


apresentam aparncia seca, tendendo ao marrom opaco, com aspecto similar

ao de misturas com deficincias de asfalto. Sua textura bastante distinta da
textura de uma mistura adequada;

Excesso de umidade:
podem ser detectadas pela sada de vapor da massa, quando esta descarrega-

da no receptculo da vibro acabadora. A mistura pode inclusive borbulhar. Em
aparncia, pode assemelhar-se a uma mistura com excesso de asfalto;

Segregao:
caracterizada pela ocorrncia de ninhos de agregado fino ou grado na

massa, podendo ser necessrio refug-la, dependendo do porte do problema.

Conforme o Informativo Tcnico n 5 da Abeda, os defeitos verificados durante a execu-


o dos servios, em geral, esto relacionados variabilidade dos fatores:

1 Propriedades e graduao dos agregados.


A Tabela 3.6 apresenta as principais causas de defeitos relacionados aos agregados,
seus possveis efeitos e controles recomendados para evitar a sua ocorrncia.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 127


Tabela 3.6: Defeitos relacionados aos agregados das misturas asflticas (Fonte: Abeda)
Causas Possveis efeitos Controles
Fissuras e trincas
Textura superficial fechada e/ou lisa
Marcas da acabadora
Granulometria: verificao do
Segregaes, ondulaes e/ou fluncia
estudo de dosagem
Excesso de finos da mistura asfltica
Verificao da qualidade do
Juntas heterogneas
material ptreo
Agregados fraturados pela passagem
do rolo compactador
Afundamentos e trilha de rodas
Segregaes e presena de finos na
Equivalente de Inspeo da pedreira (operao
superfcie
areia baixo para o de decapagem e limpeza dos
Baixa resistncia gua e
agregado mido agregados)
desagregao da mistura asfltica
Agregado
com alterao
mineralgica Degradao acelerada da mistura Verificao da qualidade dos
(presena asfltica com fissuras e desagregao agregados
acentuada de
argilominerais)
Quebra dos agregados aumentando
Verificao da qualidade dos
sua superfcie especfica e causando
agregados
insuficincia de ligante asfltico
Forma inadequada Proceder avaliao e
Aumento do consumo de ligante
melhorias no sistema de
asfltico na mistura causando
britagem dos agregados
exsudaes
Perda da rugosidade superficial
Verificao da qualidade dos
Polimento da camada asfltica e reduo da
agregados
aderncia pneu-pavimento

O controle de graduao da mistura de agregados componentes de uma mistura asfltica


deve ser realizado em amostras da mistura asfltica final produzida na usina, aps extrao ou
ignio do ligante asfltico. Esta a nica forma de determinao da graduao real de agrega-
dos de uma mistura asfltica produzida em usina asfltica e verificao do seu enquadramento
em faixa de trabalho especificada.

2 Teor de ligante asfltico


Muitos mtodos so usados para a determinao do teor de ligante asfltico em mis-
turas asflticas a quente. O mais utilizado o ensaio de extrao de ligante que separa o
ligante asfltico e os agregados atravs da utilizao de um solvente. Tambm bastante
utilizado atualmente a determinao do teor de ligante por ignio. Neste mtodo so
utilizadas temperaturas da ordem de 540C que queimam o ligante asfltico presente na
mistura asfltica.

128 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


3 Propriedades volumtricas da mistura
Propriedades volumtricas da mistura asfltica tais como volume de vazios (Vv), vazios
do agregado mineral (VAM) e relao betume vazios (RBV) so importantes indicadores das
propriedades dessas misturas asflticas.

4 Temperaturas dos materiais no momento da mistura.


5 Condies climticas e operacionais durante a aplicao e compactao da mis-
tura asfltica.

A Tabela 3.7 apresenta os principais defeitos relacionados dosagem inadequada da


mistura asfltica.

Tabela 3.7: Defeitos relacionados dosagem inadequada da mistura asfltica


(Fonte: Abeda)
Causas Possveis efeitos Controles
Alta porcentagem de areia natural
causando afundamentos nas trilhas de
Composio gra- roda da camada asfltica
nulomtrica com Curva granulomtrica em forma de
Revisar o estudo de dosagem
dosagem inadequa- patamar causando segregaes
da de agregados Elevada quantidade de agregado
grado em curvas granulomtricas
contnuas gerando segregaes
Falta de ligante (aparncia acin-
zentada) gerando desagregaes,
Dosagem incorreta trincamentos prematuros e desgastes
do teor de ligante excessivos Revisar o estudo de dosagem
asfltico Excesso de ligante gerando ondula-
es, descolamentos, deformaes
plsticas e/ou exsudaes
Ligante com baixa consistncia (mole)
Ligante asfltico
causando deformaes plsticas Revisar o estudo de dosagem
inadequado para o
Ligante de alta consistncia (duro) Avaliar o emprego de ligantes
tipo de pavimento,
utilizado em camadas asflticas delga- asflticos apropriados e/ou
clima e nvel de
das causando fissuras e trincamentos modificados
trfego
precoces

A Tabela 3.8 apresenta os principais condicionantes que podem levar produo de


misturas asflticas inadequadas.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 129


Tabela 3.8: Condies inadequadas de produo de misturas asflticas
Causas Possveis efeitos Controles
Exsudaes, segregaes,
textura superficial heterognea,
Propores
superfcie irregular, desagregaes, Verificar a calibrao da usina
inadequadas de
trincamentos, desgastes de asfalto
materiais
excessivos, deformaes plsticas,
descolamentos etc.
Alta temperatura desagregaes, Aferir os indicadores de
fissuras e trincamentos precoces temperaturas dos materiais e
Temperaturas Baixa temperatura desagregaes e da mistura
inadequadas buracos Homogeneizar e cobrir os
Regular a chama do queimador da agregados para evitar a
usina variao na sua umidade
Verificar a alimentao dos
agregados (contaminao dos
silos da usina)
Verificar a estocagem dos
agregados (homogeneizao e
altura dos montes)
Verificar o desgaste do
misturador da usina
Desagregaes, fissuras, trincamentos
Segregao Controlar o excesso de gua
e buracos
no agregado (cobertura dos
montes)
Verificar a qualidade
do agregado (limpeza e
granulometria)
Verificar a resistncia ao dano
por umidade induzida da
mistura (adesividade)
Controlar o excesso de gua
no agregado (cobertura dos
Envolvimento montes)
deficiente do Verificar a qualidade
Desagregaes e buracos
agregado pelo do agregado (limpeza e
ligante asfltico granulometria)
Avaliar a necessidade de uso
de promotor de adeso
Combusto
Regular o queimador e a
incompleta do Contaminao da mistura asfltica
temperatura do combustvel
queimador

Compactao da mistura asfltica


O objetivo da compactao de uma mistura asfltica constituinte de uma camada de
pavimento alcanar um determinado teor de vazios e obter-se uma superfcie uniforme e
regular. O nvel aceitvel de compactao a ser alcanado definido a partir das especifi-
caes de densidade a serem atendidas durante a construo da camada.

130 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Especificaes tpicas de densidade apresentam comparaes entre densidade in situ
que alcanada no final da compactao e uma densidade de referncia. Recomenda-se
a utilizao da densidade mxima terica (DMT) da mistura asfltica como densidade de
referncia.

A DMT da mistura asfltica define a densidade da mistura como se esta fosse compac-
tada numa condio de vazios de ar nulo. Utilizando o mtodo ABNT NBR15619, a DMT
da mistura asfltica de campo determinada e utilizada como densidade de referncia. O
nvel de compactao de uma camada asfltica de pavimento determinado calculando-se
a razo entre a densidade de campo e a densidade de referncia, que neste caso a DMT
da mistura de campo. recomendvel que a volumetria seja calculada pela norma ABNT
NBR 16273.

Uma vez que a DMT representa uma mistura asfltica sem vazios com ar, um teor de
vazios de campo de 8% ser sempre 92% da DMT de referncia, independentemente do
valor de Vv de projeto da mistura. Para a obteno de resultados representativos, as amos-
tras da mistura asfltica de campo devem receber procedimentos de cura idnticos aos
utilizados durante o procedimento de dosagem da mistura asfltica em laboratrio. Se as
amostras de misturas asflticas soltas no so adequadamente curadas no campo, a DMT
a ser atingida ser artificialmente baixa devido menor absoro de ligante asfltico pelo
agregado (resultando em maior volume da mistura).

Recomenda-se, no incio dos servios de pavimentao asfltica, a verificao do es-


tudo de dosagem a partir da execuo de um segmento de controle ou quilmetro inicial.
Nessa etapa, alguns ensaios de campo so efetuados para a comparao com os valores
e as tolerncias determinadas nas especificaes do projeto da mistura asfltica. O seg-
mento de controle ou quilmetro inicial necessrio para identificar possveis variaes
de materiais e/ou equipamentos e estabelecer diretrizes para a execuo e o controle de
qualidade do servio. Tambm, pequenos ajustes podem ser efetuados para compatibilizar
as condies ambientais e operacionais da obra com os requisitos especificados no estudo
de dosagem, tais como:

produo e calibrao da usina de asfalto;



velocidades de espalhamento da acabadora;

padro de rolagem dos equipamentos de compactao (tempo de operao,

temperaturas inicial e final, nmero de coberturas, presso dos pneus do rolo
compactador) etc.

A Tabela 3.9 apresenta condies inadequadas de aplicao de misturas asflticas.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 131


Tabela 3.9: Condies inadequadas de aplicao de misturas asflticas
Causas Possveis efeitos Controles
Alta velocidade e/
Superfcie irregular e textura
ou deslocamento Verificar procedimentos
heterognea
com interrupes operacionais
Ondas transversais
da vibroacabadora
Espessuras
Verificar procedimetos
menores do que as Fissuras e trincamentos
operacionais
previstas no projeto
Espessura
incompatvel com Tendncia a fraturar os agregados
Verificar procedimentos
o dimetro mximo Deficincia de acabamento
operacionais
do agregado da Deficincia de compactao
mistura
Baixa taxa de aplicao e/ou baixo
teor de ligante asfltico residual
descolamento devido falta de ligao Verificar procedimentos
Pintura asfltica entre o substrato e a camada asfltica operacionais
deficiente Alta taxa de aplicao e/ou alto Verificar o teor de ligante
teor de ligante asfltico residual residual da emulso asfltica
escorregamento da camada asfltica
e/ou exsudao
Contato brusco
do caminho
Verificar procedimentos
na descarga da Irregularidades e ondas transversais
operacionais
massa asfltica na
acabadora
Espalhamento
Desprendimento de agregados e de Verificar procedimentos
manual sobre a
finos na superfcie da mistura asfltica operacionais
massa aplicada
Junta longitudinal Deficincia na emenda trinca Verificar procedimentos
defeituosa longitudinal operacionais
Verificar procedimentos
Equipamentos de
No atingimento do grau de operacionais
compactao com
compactao Avaliar equipamentos de
baixa eficincia
compactao
Alta velocidade do
Verificar procedimentos
equipamento de Fissuras e trincas
operacionais
compactao
Reverso muito
rpida do Verificar procedimentos
Fissuras, trincas e ondulaes
equipamento de operacionais
compactao
Baixa temperatura no atingimento
Temperaturas do grau de compactao
Verificar procedimentos
inadequadas para Alta temperatura exsudao por
operacionais
compactao excesso de compactao e/ou marcas
de rolagem na superfcie

132 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Para o controle da qualidade e aceitao dos servios de misturas asflticas a quente,
os seguintes procedimentos devem ser realizados periodicamente.

Calibrao dos equipamentos:


calibrao e ajustes dos equipamentos utilizados para a produo e aplicao

da mistura asfltica.

Controle de qualidade dos materiais:


caracterizao e graduao dos agregados durante a britagem;

caracterizao do ligante asfltico;

amostragem dos agregados, ligante asfltico, fler mineral e outros aditivos (se

previstos) para o estudo de dosagem.

Verificao e aprovao do estudo de dosagem (segmento de controle):


caracterizao e graduao dos agregados;

propriedades volumtricas (VAM, Vv e RBV);

propriedades mecnicas (estabilidade Marshall, resistncia trao);

determinao da resistncia ao dano por umidade induzida.

Procedimentos de controle de qualidade durante a produo da mistura asfl-


tica:
densidade mxima terica em amostras no compactadas;

densidade aparente em corpos de prova compactados;

determinao do volume de vazios (Vv);

determinao da graduao dos agregados;

determinao do teor de ligante asfltico.

Procedimentos de controle de qualidade durante a aplicao da mistura asfl-


tica:
determinao da espessura e/ou da taxa de aplicao da camada;

determinao do grau de compactao;

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 133


avaliao do acabamento de superfcie;

avaliao da temperatura da massa asfltica;

avaliao da qualidade de rolamento atravs da determinao do International

Roughness Index (IRI) e;
avaliao da aderncia e resistncia derrapagem.

Procedimentos de verificao e aceitao da mistura asfltica realizados pela super-


viso:
teor de ligante asfltico;

graduao dos agregados;

propriedades volumtricas (VAM, Vv e RBV);

grau de compactao;

acabamento de superfcie;

aderncia e resistncia derrapagem;

qualidade de rolamento (IRI).

3.3.2 Microrrevestimento asfltico a frio


O controle tecnolgico um aspecto de fundamental importncia para a qualidade do
servio de execuo do MRAF. Controlar significa exercer uma real verificao da qualidade
dos materiais utilizados no MRAF atravs dos procedimentos de ensaios.

Para a obteno de MRAF com qualidade deve-se observar:


seleo e caracterizao adequada dos materiais da mistura;

usina mvel apropriada para execuo de MRAF e equipamentos auxiliares em

bom estado de conservao;
equipes operacionais capacitadas para a execuo e para o controle da quali-

dade dos servios.

Os ensaios de controle tecnolgico referem-se qualidade dos materiais constituintes,


quantidade de ligante asfltico, graduao da mistura de agregados, uniformidade do
MRAF e sua taxa de aplicao. O nmero de determinaes e as tolerncias dos valores
obtidos so aqueles estabelecidos na especificao de servio adotada.

O Informativo Tcnico n 6 da Abeda descreve as medidas preventivas que devem ser


adotadas para que sejam evitados defeitos nos MRAF. Essas medidas so apresentadas nas
Tabelas de 3.10 a 3.14.

134 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Tabela 3.10: Possveis defeitos em MRAF devido aos agregados e as medidas
preventivas (Fonte: Abeda)
Causas Possveis efeitos Controles
Baixa consistncia da mistura com
possveis escorrimentos da gua ou
emulso. Mistura muito fluida Granulometria: verificao do
Falta de finos
Tempo de cura elevado estudo de dosagem
Desprendimento de material grado
Superfcie mais aberta e rugosa
Aumento da velocidade de ruptura Granulometria: verificao do
Excesso de finos
Superfcie mais fechada e lisa estudo de dosagem)
Inspeo da umidade do fler
Segregao do Aparecimento de pontos de fler na
Verificao da dosagem de
fler na mistura de massa ou manchas claras localizadas
fler, conforme o estudo de
agregados em pontos determinados
dosagem
Aumento da velocidade de ruptura
Granulometria: verificao
Diferenas de colorao na superfcie
do estudo de dosagem
Qualidade inade- (manchas ou riscos)
Verificao da qualidade do
quada dos finos Excessivo consumo de aditivo
agregado mido atravs do
M adeso ao substrato (base)
ensaio de equivalente de areia
Consumo excessivo de gua
Contaminao Presena de agregados grados na Inspeo visual dos montes de
do agregado com aplicao agregados
outros agregados Estrias longitudinais na massa apli- Peneirao prvia dos
maiores cada agregados

Tabela 3.11: Possveis defeitos em MRAF devido a falhas de aplicao e medidas


preventivas (Fonte: Abeda)
Causas Possveis efeitos Controles
Verificao da dosagem, tipo
Excesso de aditivo
Elevao ou reduo do tempo de do aditivo e local de adio
ou emprego de
ruptura Verificao do estudo de
aditivo inadequado
dosagem
Baixa consistncia da mistura (muito
fluida) Verificao do estudo de
Migrao superficial da gua ou dosagem
Excesso de gua emulso da mistura espalhada Verificao da umidade dos
na mistura Diminuio da resistncia ao desgaste agregados utilizados
Desprendimento de partculas Reviso do funcionamento do
Diferenas de colorao sistema de dosagem de gua
Superfcie muito lisa e brilhosa
Verificao do estudo de
Falta de homogeneidade da mistura
Falta de gua na dosagem
(m trabalhabilidade)
mistura Reviso do funcionamento do
M adeso ao substrato (base)
sistema de dosagem de gua

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 135


Tabela 3.12: Possveis defeitos em MRAF devido ao espalhamento da mistura e
medidas preventivas (Fonte: Abeda)
Causas Possveis efeitos Controles
Estrias longitudinais da massa
Inadequada qualidade aplicada Verificao das
da borracha da caixa de Variao na quantidade de especificaes e da
espalhamento massa aplicada na direo qualidade da borracha
transversal
Passagem da massa Verificao do estado
Formao de ondulaes
aplicada pelas laterais da em que se encontram as
laterais na direo longitudinal
caixa de borrachas laterais da caixa
de aplicao
espalhamento espalhadora

Tabela 3.13: Possveis defeitos devido ao estado do substrato e medidas preventivas


(Fonte: Abeda)
Causas Possveis efeitos Controles
Material solto
Estrias longitudinais no espalhamento Proceder limpeza do
na superfcie de
M aderncia entre substrato e MRAF substrato
aplicao
Deformaes
Excesso de espessura Nivelamento da superfcie
superficiais do
Substrato irregular Execuo de tapa-buracos
MRAF
Avaliao prvia do substrato
Pavimento com Afloramento de exsudaes no novo
Reavaliao do estudo de
exsudaes MRAF
dosagem
Pavimento sujo
Falta de aderncia do MRAF ao Proceder limpeza do
e/ou quente
substrato (base) substrato
(elevao
Aumento da velocidade de ruptura da Avaliao da necessidade de
da temperatura
emulso umedecimento do substrato
ambiente)
Pavimento polido Aderncia ao substrato (base) Proceder execuo da
(liso) deficiente pintura de ligao

136 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Tabela 3.14: Possveis defeitos devido ao clima e medidas preventivas (Fonte: Abeda)
Causas Possveis efeitos Controles
Retardamento da ruptura
Perda de emulso Verificao das condies
Chuva Arraste do MRAF pela gua meteorolgicas antes de iniciar o
Diferenas de colorao servio
Aumento do rejeito de agregados
Ruptura muito rpida Verificao do estudo de
Consumo elevado de aditivo dosagem
Clima quente
Consumo elevado de gua Verificao da quantidade de
M adeso ao substrato (base) aditivo
Verificar as condies
meteorolgicas antes de iniciar o
Aumento do tempo de ruptura da servio
emulso Avaliao da necessidade de
Clima frio
Retardamento na liberao da pista ajustes na velocidade de ruptura
Aumento do rejeito de material ptreo Reduo da jornada de
aplicao e execuo no perodo
mais quente do dia

Para o controle da qualidade e aceitao dos servios de MRAF, os procedimentos a


seguir devem ser periodicamente realizados.

Calibrao do equipamento:
ajustes e dosagem dos materiais da usina mvel para a aplicao do MRAF.

Verificao e aprovao do estudo de dosagem atravs da execuo de segmento de


controle:
granulometria dos agregados da obra;

equivalente de areia (EA) da frao fina dos agregados;

tipo e qualidade do fler mineral;

tempo de mistura dos materiais;

teor de emulso na mistura.

Controle de qualidade dos materiais:


granulometria dos agregados durante o recebimento na obra;

equivalente de areia (EA) da frao fina dos agregados durante o recebimen-

to na obra;
coleta de amostra representativa da emulso asfltica e do fler mineral para

anlises;
caracterizao da emulso asfltica.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO 137


Procedimentos de controle da qualidade durante a aplicao do MRAF:
graduao dos agregados;

teor de ligante asfltico;

taxa de aplicao;

acabamento de superfcie;

avaliao da aderncia e resistncia derrapagem.

Procedimentos de verificao e aceitao do MRAF realizados pela superviso:


taxa/espessura conforme projeto do rgo contratante;

teor de ligante asfltico;

graduao dos agregados;

acabamento de superfcie;

aderncia e resistncia derrapagem.

Contedo de ligante asfltico:


o teor de ligante asfltico dever ser examinado atravs de amostras aleatrias

em cada segmento de aplicao. O mtodo utilizado o da extrao com sol-
vente para separar o ligante dos agregados conforme procedimentos descritos
nas normas DNER ME-053 e ABNT NBR 16208/2013.
graduao da mistura de agregados o controle da graduao da mistura

de agregados feito atravs da anlise granulomtrica da prpria mistura de
agregados proveniente de ensaio de extrao com solvente. A graduao dos
agregados da amostra dever ser obtida por peneiramento da amostra lavada
conforme descrito na norma DNER ME-083.

O contedo de ligante asfltico e a graduao dos agregados devem ser verificados e


comparados com os valores de projeto. Pequenas variaes podem ser ajustadas de acordo
com as tolerncias estabelecidas. Em caso de no conformidades, devem ser tomadas me-
didas corretivas e um novo estudo de dosagem do MRAF poder ser requerido.

138 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


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146 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


GUIA TCNICO

UTILIZAO DE
LIGANTES ASFLTICOS

CERATTI, BERNUCCI & SOARES


EM SERVIOS DE
PAVIMENTAO

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO


Jorge Augusto Pereira Ceratti
Liedi Bariani Bernucci
www.abeda.org.br Jorge Barbosa Soares
ANEXO

UTILIZAO DE
LIGANTES ASFLTICOS
EM SERVIOS DE
PAVIMENTAO

Jorge Augusto Pereira Ceratti


Liedi Bariani Bernucci
Jorge Barbosa Soares
APOIO

ABEDA Associao Brasileira das Empresas Distribuidoras de Asfaltos

Copyright 2015 Jorge Augusto Pereira Ceratti, Liedi Bariani Bernucci e


Jorge Barbosa Soares

PROJETO GRFICO E DIAGRAMAO


Trama Criaes de Arte

REVISO DE TEXTO
Mariflor Rocha

IMPRESSO
GRUPO SMART PRINTER
ANEXO

UTILIZAO DE
LIGANTES ASFLTICOS
EM SERVIOS DE
PAVIMENTAO

Jorge Augusto Pereira Ceratti


Liedi Bariani Bernucci
Jorge Barbosa Soares
Tabela A1: Especificaes dos cimentos asflticos de petrleo (CAP)
classificao por penetrao. Resoluo no 19 de 11 de julho de 2005
da ANP Regulamento Tcnico ANP no 03/2005

Limites Mtodos
Caractersticas Unid. CAP CAP CAP CAP
ABNT ASTM
30/45 50/70 85/100 150/200
85 a 150 a NBR
Penetrao (100g, 5s, 25C) 0,1mm 30 a 45 50 a 70 D5
100 200 6576
NBR
Ponto de amolecimento, mn. C 52 46 43 37 D 36
6560
Viscosidade Saybolt Furol s NBR E 102
14950
a 135C, mn. 192 141 110 80
a 150C, mn. 90 50 43 36
a 177C 40 -150 30 -150 15-60 15-60
Ou
Viscosidade Brookfield cP NBR D
15184 4402
a 135C, SP 21, 20rpm, mn. 374 274 214 155
a 150C, SP 21, mn. 203 112 97 81
a 177C, SP 21 76-285 57-285 28-114 28-114
ndice de Suscetibilidade (-1,5) a (-1,5) a (-1,5) a (-1,5) a
Trmica (IST)(1) (+0,7) (+0,7) (+0,7) (+0,7)
NBR
Ponto de fulgor, mn. C 235 235 235 235 D 92
11341
Solubilidade em NBR D
% massa 99,5 99,5 99,5 99,5
tricloroetileno, mn. 14855 2042
NBR
Ductilidade a 25C, mn. cm 60 60 100 100 D 113
6293
Efeito do calor e do ar
D 2872
(RTFOT) a 163C, 5min
Variao em massa, mx.(2) % massa 0,5 0,5 0,5 0,5
NBR
Ductilidade a 25C, mn. cm 10 20 50 50 D 113
6293
Aumento do ponto de NBR
C 8 8 8 8 D 36
amolecimento, mx. 6560
NBR
Penetrao retida, mn.(3) % 60 55 55 50 D5
6576
(1) O ndice de suscetibilidade trmica obtido a partir da seguinte equao:
IST = [ (500) (log PEN) + (20) (TC) 1951 ] / [120 (50) (log PEN) + (TC) ]
onde: (TC) = Ponto de amolecimento
PEN = penetrao a 25C, 100g, 5s.
(2) A variao em massa, em porcentagem, definida como:

M= (M inicial M final)/ M inicial x 100


onde: M inicial massa antes do ensaio RTFOT; M final massa aps o ensaio RTFOT
(3) A penetrao retida definida como:

PEN retida = (PEN final / PEN inicial) x 100


onde: PEN inicial penetrao antes do ensaio RTFOT; PEN final penetrao aps o ensaio RTFOT

4 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO ANEXO


Tabela A2: Especificaes dos cimentos asflticos de petrleo modificados por
polmeros elastomricos. Resoluo n 32 de 21 de setembro de 2010 da ANP
Regulamento Tcnico ANP n 04/2010

Grau (ponto de amolecimento,


55/75-E 60/85-E 65/90-E
mn./recuperao elstica, mn.)
Ensaios na amostra virgem: Mtodos Limite de especificao
Penetrao 25C, 5s, 100g, dmm NBR 6576 45-70 40-70 40-70
Ponto de amolecimento mn., C NBR 6560 55 60 65
Viscosidade Brookfield a 135C, spindle
NBR 15184 3000 3000 3000
21, 20 rpm, mx., cP
Viscosidade Brookfield a 150C, spindle
NBR 15184 2000 2000 2000
21, 50 rpm, mx., cP
Viscosidade Brookfield a 175C, spindle
NBR 15184 1000 1000 1000
21, 100 rpm, mx., cP
Ensaio de separao de fase, mx., C NBR 15166 5 5 5
Recuperao elstica a 25C, 20cm,
NBR-15086 75 85 90
mn., %
Ensaios no resduo do RTFOT
Variao de massa, mx., % ASTM D 2872 1 1 1
Variao do PA, C, mx. NBR 6560 -5 a +7 -5 a +7 -5 a +7
Porcentagem de penetrao original, mn. NBR 6576 60 60 60
Porcentagem de recuperao elstica
NBR 15086 80 80 80
original a 25C, mn.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO ANEXO 5


Tabela A3: Especificaes dos cimentos asflticos de petrleo modificados
por borracha moda de pneus, tipo terminal blend. Resoluo n 39 de 24 de
dezembro de 2008 da ANP Regulamento Tcnico ANP n 05/2008

Caractersticas Mtodos AB8 AB22


Penetrao 25C, 5s,
NBR 6576 30 - 70 30 - 70
100g, dmm
Ponto de amolecimento
NBR 6560 50 55
mn., C
Viscosidade Brookfield
a 175C, spindle 3, NBR 15529 800 - 2000 2200 - 4000
100 rpm, mx., cP
Ponto de fulgor, mn., C NBR 11341 235 235
Recuperao elstica
no ductilmetro 25C, NBR 15086 50 55
10cm, mn., %
Recuperao elstica
no torcimetro 25C, NLT 329* 50 55
30cm, mn., %
Ensaios no resduo do RTFOT
Variao de massa,
NBR 15235 1,0 1,0
mx., %
Variao do PA, C,
NBR 6560 10 10
mx.
Porcentagem de
penetrao original, NBR 6576 55 55
mn.
Porcentagem de
recuperao elstica NBR 15086 100 100
original a 25C, mn.

* Ensaio no especificado pela ANP, mas presente em normas de DERs.

Tabela A4: Proposta IBP/ABNT de especificao do asfalto de baixa penetrao

Ensaio Norma Especificao


Penetrao (100g, 5s, 25C), 0,1mm NBR-6576 15 - 30
Ponto de amolecimento, C NBR-6560 61 mnimo
Viscosidade Brookfield, 135C spindle 21, cP NBR-14184 600 - 3000
Viscosidade Brookfield, 150C spindle 21, cP NBR-14184 300 mnimo
Viscosidade Brookfield, 177C spindle 21, cP NBR-14184 145 mnimo
Ponto de fulgor, C NBR-11341 230 mnimo
Densidade relativa, 20/4C ASTM D 70 ANOTAR
Aquecimento a 177C X 215 No espuma

6 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO ANEXO


Tabela A5: Especificao particular do CAP-TLA 30/45

Especificao
Caractersticas Mtodo Unidade CAP-TLA 30/45
Mnimo Mximo
Penetrao (100g, 5s, 25C) NBR-6576 dmm 30 45
Ponto de amolecimento, mnimo NBR-6560 C 52
Viscosidade Brookfield, @ 135C 500
Viscosidade Brookfield, @ 150C NBR-14184 cP 200
Viscosidade Brookfield, @ 175C 80
Ponto de fulgor, mnimo NBR-11341 C 230
Variao em massa, RTFOT NBR-15235 % 1,0
Aumento do PA, RTFOT NBR-6560 C 8
Penetrao retida, RTFOT NBR-6576 % 50

Tabela A6: Especificaes para asfaltos diludos de petrleo (ADPs) com tempo
de cura rpida. Resoluo n 30 de 9 de outubro de 2007 da ANP
Regulamento Tcnico ANP n 02/2007

Mtodos Tipos de CR
Caractersticas
ABNT ASTM CR-70 CR-250
No ADP
gua, %volume, mx. NBR 14236 D 95 0,2 0,2
Viscosidade cinemtica, cSt, 60C NBR 14756 D 2170 70-140 250-500
Viscosidade Saybolt-Furol, s
50C 60-120
60C 125-250
Ponto de fulgor (V.A. Tag), mn. NBR 5765 D 3143 27
Destilao at 360C, % volume total
destilado, mn.
190C 10
225C NBR 14856 D 402 50 35
260C 70 60
316C 85 80
Resduo, 360C, % volume mn. 55 65
No resduo da destilao
Viscosidade, 60C (2) NBR 5847 D 2171 600-2400 600-2400
Betume, % massa, mn. (2) NBR 14855 D 2042 99,0 99,0
Ductilidade, 25C, cm, mn. (1) (2) NBR 6293 D 113 100 100
(1) Se a ductilidade obtida a 25C for menor do que 100cm, o ADP estar especificado se a
ductilidade a 15,5C for maior do que 100cm.
(2) Ensaios realizados no resduo da destilao.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO ANEXO 7


Tabela A7: Especificaes para asfaltos diludos de petrleo (ADP) com tempo
de cura mdia. Resoluo n 30 de 9 de outubro de 2007 da ANP
Regulamento Tcnico ANP n 02/2007

Caractersticas Mtodos Tipos de CM


ABNT ASTM CM-30 CM-70
No ADP
gua, % volume, mx. NBR 14236 D 95 0,2 0,2
Viscosidade cinemtica, cSt, 60C NBR 14756 D 2170 30-60 70-140
Viscosidade Saybolt-Furol, s
25C 75-150
50C 60-120
Ponto de fulgor, (V.A. Tag),C mn. NBR 5765 D 3143 38 38
Destilao at 360C, % volume
total destilado, mn.
225C NBR 14856 D 402 25 20
260C 40-70 20-60
316C 75-93 65-90
Resduo, 360C, % volume mn. 50 55
No resduo da destilao
Viscosidade, 60C(2) NBR 5847 D 2171 300-1200 300-1200
Betume, % massa, mn. (2) NBR 14855 D 2042 99,0 99,0
Ductilidade, 25C, cm, mn. (1) (2) NBR 6293 D 113 100 100
(1) Se a ductilidade obtida a 25C for menor do que 100cm, o asfalto diludo estar especificado se a
ductilidade a 15,5C for maior do que 100cm.
(2) Ensaios realizados no resduo da destilao.

8 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO ANEXO


Tabela A8: Especificaes das emulses asflticas para pavimentao. Resoluo n 36 de 13 de novembro de 2012 da
ANP Regulamento Tcnico ANP n 06/2012
Limite Mtodo(1)
Caracterstica Unid. Ruptura Ruptura mdia Ruptura lenta Ruptura
rpida controlada ABNT ASTM
NBR
RR-1C RR-2C RM-1C RM-2C RL-1C LA-1C LAN EAI LARC
Ensaio para a emulso
Viscosidade Saybolt-Furol a s 90 90 90 90 90 90 14491 D244
25C, mx.
Viscosidade Saybolt-Furol a 100 a 20 a 100 a
s 14491 D244
50C 400 200 400
Sedimentao, mx. % m/m 5 5 5 5 5 5 5 10 5 6570 D6930
Peneirao (0,84mm), mx. % m/m 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 14393 D6933
Resistncia gua (cobertura), % 80 80 80 80 80 14249 D244
mn.(2)
Adesividade em agregado % 75 75 14757(3)
mido, mn.
Carga da partcula positiva positiva positiva positiva positiva positiva neutra positiva 6567 D244
pH, mx. 6,5 6,5 8 6,5 6299
Destilao
Solvente destilado % v/v 0 a 12 0 a 12 0 a 15 6568 D244
Resduo seco, mn. % m/m 62 67 62 65 60 60 60 45 60 14376 D6934
Desemulsibilidade
Mn. 50 50

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO ANEXO


% m/m 6569 D6936
Mx. 50 50
Mistura com filer silcio % mx. 2,0 1,2 a 2,0 mn. 2,0 6302 D244
Mistura com cimento % mx. 2,0 mx. 2,0 mn. 2,0 6297 D244
Ensaio para o resduo da emulso obtido pela NBR 14896
Penetrao a 25C (100g 4,0 a 4,0 a 4,0 a 4,0 a 4,0 a 4,0 a 4,0 a 4,0 a
mm 4,0 a 15,0 6576 D5
e 5s) 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 25,0
Teor de betume, mn. % 97 97 97 97 97 97 97 97 97 14855 D2042
Ductilidade a 25C, mn. cm 40 40 40 40 40 40 40 40 40 6293 D113
(1) A equivalncia das normas NBR, ASTM e ISSA parcial, sendo que, preferencialmente, os ensaios devem ser realizados pelas normas NBR.
(2) Se no houver envio de amostra ou informao da natureza do agregado pelo consumidor final, o distribuidor dever indicar a natureza do
agregado usado no ensaio no certificado da qualidade.
(3)

9
Para o ensaio da adesividade em agregado mido, a norma equivalente NBR 14757 a ISSA TB-114.
Tabela A9: Especificaes das emulses asflticas catinicas modificadas por
polmeros elastomricos. Resoluo n 36 de 13 de novembro de 2012 da ANP
Regulamento Tcnico ANP n 06/2012

Limite Mtodo(1)
Ruptura Ruptura Ruptura
Caracterstica Unid. Ruptura rpida
mdia controlada lenta ABNT ASTM
NBR
RR1C-E RR2C-E RM1C-E RC1C-E RL1C-E
Ensaio para a emulso
Viscosidade
s 70 mx. 100-400 20-200 70 mx. 70 mx. 14491 D244
Saybolt-Furol, a 50C
%
Sedimentao, mx. 5 6570 D6930
massa
Peneirao 0,84mm, %
0,1 14393 D6933
mx. massa
Resistncia gua, mn. de cobertura(2) 6300 D244
Agregado seco 80
%
Agregado mido 80 80 60 60 60
Carga da partcula positiva 6567 D244
pH, mx. 6,5 6,5 6299 D244
Destilao
%
solvente destilado 0-3 0-3 0 a 12 0 0 6568 D244
volume
a 360C
%
Resduo seco, mn. 62 67 62 62 60 14376 D6934
massa
Desemulsibilidade
% 50 50
Mn. 6569 D6936
massa
Mx. 50
Ensaio para o resduo da emulso obtido pela ABNT NBR 14896
Penetrao a 25C 0,1
45-150 45-150 6576 D5
(100g e 5s) mm
Ponto de
C 50 55 6560 D36
amolecimento, mn.
Viscosidade
Brookfield a 135C, cP 550 600 15184 D4402
SP21, 20 rpm, mn.
Recuperao
elstica a 25C, % 65 70 15086 D6084
20cm, mn.
(1) A equivalncia das normas NBR e ASTM parcial, sendo que, preferencialmente, os en-
saios devem ser realizados pelas normas NBR.
(2) Se no houver envio de amostra ou informao da natureza do agregado pelo consumidor
final, o distribuidor dever indicar a natureza do agregado usado no ensaio no certificado
da qualidade.

10 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO ANEXO


Tabela A10: Faixas granulomtricas e requisitos para misturas do tipo
concreto asfltico (DNIT - 031/2004-ES)

Peneiras Porcentagem em massa, passando


Srie ASTM Abertura (mm) A B C Tolerncia
2 50,8 100 - - -
1 38,1 95-100 100 7%
1 25,4 75-100 95-100 7%
19,1 60-90 80-100 100 7%
12,7 80-100 7%
3/8 9,5 35-65 45-80 70-90 7%
no 4 4,75 25-50 28-60 44-72 5%
no 10 2,0 20-40 20-45 22-50 5%
n 40
o 0,42 10-30 10-32 8-26 5%
n 80
o 0,18 5-20 8-20 4-16 3%
no 200 0,075 1-8 3-8 2-10 2%
Teor de ligante asfltico (%) 4,0 7,0 4,5 7,5 4,5 9,0 0,3
Camada de
Tipo de camada de revestimento Camada de Camada de
ligao ou
asfltico ligao rolamento
rolamento

Tabela A11: Caractersticas e propriedades para misturas do tipo concreto


asfltico

Caractersticas Mtodo de ensaio Camada de rolamento Camada de ligao


Porcentagem de vazios, % ABNT NBR 16273 3-5 4-6
Relao betume/vazios, % ABNT NBR 16273 75 - 82 65 - 72
Estabilidade mnima, kgf
DNER-ME 043 500 500
(75 golpes)
Resistncia mnima
trao por compresso
ABNT NBR 15087 0,65 0,65
diametral esttica a
25C, MPa

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO ANEXO 11


Tabela A12: Faixas granulomtricas para misturas asflticas descontnuas
utilizadas no pas

Porcentagem em massa, passando


Abertura Caltrans Caltrans DNIT
Peneiras
(mm) Faixa B Faixa D 112/2009-ES
mnimo mximo mnimo mximo mnimo mximo
1 25,4 100 100
3/4 19,1 90 100 100 100
5/8 15,9 100 100
1/2 12,7 75 90 90 100 90 100
3/8 9,5 60 75 78 92 78 92
n 4
o 4,75 20 40 28 42 28 42
no 8 2,4 15 25 15 25
no 10 2,0 14 24
n 30
o 0,6 5 15 10 20
n 40
o 0,42 8 17
no 50 0,3 4 13 7 15
n 80
o 0,18 5 11
n 100
o 0,15 3 10 5 10
no 200 0,075 2 7 2 7 5 7

Tabela A13: Caractersticas e propriedades de misturas asflticas descontnuas

Mtodo de Caltrans Faixas B e D DNIT 112/2009-ES


Caractersticas
ensaio mnimo mximo mnimo mximo
ABNT NBR
Porcentagem de vazios, % 4 6 4 6
16273
ABNT NBR
Relao betume/vazios 65 78 65 78
16273
Estabilidade DNER-ME 043 8,5kN 700kgf
Resistncia trao por
ABNT NBR
compresso diametral 0,7MPa 0,5MPa
15087
esttica a 25C, MPa
Fluncia, mm DNER-ME 043 2 4

12 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO ANEXO


Tabela A14: Faixas granulomtricas para misturas asflticas tipo SMA segundo
ET-DE-P00/031 do DER-SP

Peneira de Designao
Tolerncias
malha quadrada I II III IV
ASTM mm % em massa, passando
3/4 19,0 100
1/2 12,5 90-100 7%
3/8 9,5 100 100 7%
5/16 7,93 45-60 90-100 90-100 100 5%
no 4 4,75 30-40 30-45 30-52 90-100 5%
n 10 o 2,0 20-27 20-27 20-30 30-40 5%
no 200 0,075 9-13 9-13 7-12 7-12 2%
Espessura (cm) 3,5-5,0 3,0-4,0 2,5-3,5 1,5-2,5

Tabela A15: Caractersticas e propriedades da mistura asfltica do tipo SMA


segundo ET-DE-P00/031 do DER-SP

Caractersticas Designao Tolerncias


% de vazios totais 4
Vazios do agregado mineral VAM (%) 17
Vazios na mistura de agregados compacta-
VCADRC (1)
da VCAMIX (%)
Porcentagem de fibras de celulose 0,3 a 1,5
ASTM D 6390 ou
Escorrimento na temperatura de usinagem,
AASHTO T 305 ou 0,3
mximo, %
ensaio de Schellenberg
Resistncia trao por compresso
NBR 15087 0,6
diametral esttica a 25C, mnima, MPa

(1) Vazios da frao grada do agregado compactado.

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO ANEXO 13


Tabela A16: Faixas granulomtricas e requisitos de dosagem de misturas
asflticas do tipo CPA (DNER ES 386/99)

Peneiras Porcentagem em massa, passando (faixas) Tolern-


cias da
Abertura faixa de
ABNT I II III IV V
(mm) projeto
19,0 100
12,5 100 100 100 100 70-100 7%
3/8 9,5 80-100 70-100 80-90 70-90 50-80 7%
no 4 4,75 20-40 20-40 40-50 15-30 18-30 5%
no 10 2,0 12-20 5-20 10-18 10-22 10-22 5%
no 40 0,42 8-14 6-12 6-13 6-13 5%
no 80 0,18 2-8 3%
n 200
o 0,075 3-5 0-4 3-6 3-6 3-6 2%
CAP por polmero, % 4,0 6,0 0,3
Espessura da camada
3,0 4,0
acabada (cm)
Volume de vazios, % 18-25
Ensaio Cntabro, % mx. 25
Resistncia trao por
compresso diametral, a 0,55
25C, MPa, mn.

Tabela A17: Faixas granulomtricas e caractersticas de dosagem recomendadas pelo


DNIT para misturas do tipo AAUQ com CAP convencional (DNIT-032/2005 - ES)

Designao da faixa A B
Tamanho nominal 4,75mm 2,0mm Tolerncias da
Peneiras faixa de projeto
Porcentagem em massa, passando
Srie ASTM Abertura (mm)
3/8 9,5 100
no 4 4,75 80-100 100 5%
no 10 2,0 60-95 90-100 4%
no 40 0,42 16-52 40-90 4%
no 80 0,18 4-15 10-47 3%
no 200 0,075 2-10 0-7 2%
Emprego Revestimento Revestimento
Teor de CAP,
6,0 a 12,0 7,0 a 12,0 0,3
% sobre o total da mistura
Volume de vazios, % 3,0 a 8,0
Relao betume/vazios, % 65 a 82

Estabilidade, kN, mn. 30
Fluncia, mm 2,0 a 4,0

14 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO ANEXO


Tabela A18: Faixas granulomtricas e caractersticas de dosagem recomendadas
pelo DNIT para misturas do tipo AAUQ com CAP modificado por polmero
(DNER-ES 387/99)

Peneiras Porcentagem em massa, passando


Tolerncias
Abertura
Srie ASTM A B C da faixa de
(mm)
projeto
no 4 4,75 100 100 100
no 10 2,0 90-100 90-100 85-100 5%
n 40
o 0,42 40-90 30-95 25-100 5%
n 80
o 0,18 10-47 5-60 0-62 3%
no 200 0,075 0-7 0-10 0-12 2%
Teor de ligante asfltico, % 5,0 a 8,0 5,0 a 8,5 5,0 a 9,0 0,3
Volume de vazios, % 3,0 a 8,0
Relao betume/vazios, % 65 a 82

Estabilidade, kN, mn. 25
Fluncia, mm 2,4 a 4,5

Tabela A19: Granulometrias e percentuais de ligante betuminoso para misturas


do tipo PMF, e respectivas tolerncias (DNER - ES 317/97)

Peneiras Porcentagem em massa mnima, passando


Tolerncias
Pol. mm A B C D da faixa de
projeto
1 25,4 100 100 7%
3/4 19,1 75-100 100 95-100 100 7%
1/2 12,7 75-100 95-100 7%
3/8 9,5 30-60 35-70 40-70 45-80 7%
no 4 4,8 10-35 15-40 20-40 20-45 5%
n 10
o 2,0 5-20 10-25 10-25 15-30 5%
no 200 0,075 0-5 0-5 0-8 0-8 2%
Betume solvel no CS2% 4,6 4,6 4,6 4,6 2

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO ANEXO 15


Tabela A20: Faixas granulomtricas e requisitos para misturas asflticas
recicladas com ligantes asflticos

Peneiras Porcentagem em massa, passando


Abertura
Srie ASTM A B C Tolerncia
(mm)
2 50,8 100
1 38,1 95-100 100 7%
1 25,4 75-100 95-100 7%
3/4 19,1 60-90 80-100 100 7%
1/2 12,7 80-100 7%
3/8 9,5 35-65 45-80 70-90 7%
no 4 4,75 25-50 28-60 44-72 5%
no 10 2,0 20-40 20-45 22-50 5%
n 40
o 0,42 10-30 10-32 8-26 5%
n 80
o 0,18 5-20 8-20 4-16 3%
no 200 0,075 1-8 3-8 2-10 2%
Teor de ligante asfltico (%) 4,0-7,0 4,5-7,5 4,5-9,0 0,3
Camada de
Tipo de camada de Camada de Camada de
ligao ou
revestimento asfltico ligao rolamento
rolamento

Tabela A21: Faixas granulomtricas e caractersticas de mistura do tipo lama


asfltica recomendadas pelo DNIT (DNER-ES 314/97)

Peneiras Porcentagem total em massa, passando Tolerncias


Abertura da faixa de
ABNT Faixa I Faixa II Faixa III Faixa IV projeto
(mm)
3/8 9,5 100 100
n 4
o 4,8 100 100 90-100 90-100 5%
no 8 2,4 80-100 90-100 65-90 45-70 5%
no 16 1,21 65-90 45-70 28-50 5%
n 30
o 0,6 30-60 40-65 30-50 19-34 5%
n 50
o 0,33 20-45 25-42 18-30 12-25 4%
no 100 0,15 10-25 15-30 10-21 7-18 3%
n 200
o 0,075 5-15 10-20 5-15 5-15 2%
Mistura seca, kg/m 4-6 2-5 5-8 8-13

Espessura, mm 3-4 2-3 4-6 6-9
% em relao massa da mistura seca
gua 10-20 10-20 10-15 10-15

Ligante asfltico residual 8,0-13,0 10,0-16,0 7,5-13,5 6,5-12,0

16 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO ANEXO


Tabela A22: Faixas granulomtricas e caractersticas para MRAF (DNIT-MRAF 035/2005-ES)

Composio granulomtrica da mistura de agregados


Peneiras Porcentagem em massa, passando Tolerncia
Abertura da curva
ABNT Faixa I Faixa II Faixa III de projeto
(mm)
1/2 12,5 100
3/8 9,5 100 100 85-100 5%
no 4 4,75 90-100 70-90 60-87 5%
n 8
o 2,36 65-90 45-70 40-60 5%
n 16
o 1,18 45-70 28-50 28-45 5%
no 30 0,600 30-90 19-34 19-34 5%
n 50
o 0,330 18-30 12-25 14-25 5%
n 100
o 0,150 10-21 7-18 8-17 3%
no 200 0,075 5-15 5-15 4-8 2%
Asfalto % em peso do
7,5-13,5 6,5-12,0 5,5-7,5 0,3
residual agregado
% em peso do
Fler 0,3 0,3 0,3
agregado
% em peso do
Polmero 3 mn. 3 mn. 3 mn.
asfalto residual
Taxa de
kg/m2 5-11 8-16 15-30
aplicao
Espessura mm 4-15 6-20 12-37
Rodovias de Regularizao
reas urbanas
Utilizao trfego pesado e e rodovias de
e aeroportos
trilhas de roda trfego pesado

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO ANEXO 17


Tabela A23: Requisitos para projeto de dosagem de MRAF (ISSA A-143 2010)

Valores especficos
Mtodos Ensaios Unidade
Mnimo Mximo
Coeso mida, 30
NBR 14798 kg.cm 12,0
min
Coeso mida, 30
NBR 14798 kg.cm 20,0
min
Excesso de asfalto
NBR 14841 g/cm2 538,0
pelo LWT
NBR 14757 Adesividade % 90,0
Perda por abraso
NBR 14746 g/m2 538,0
mida WTAT
Tempo de mistu-
NBR 14758 s 120,0
ra, 251o C

Tabela A24: Exemplo de faixas granulomtricas para tratamento superficial


duplo (DNER-ES 309/97)

Granulometria dos agregados


Peneiras Porcentagem em massa, passando Tolerncia da
A B C faixa
Pol. mm de projeto
1 camada 1 ou 2 camada 2 camada
1 25,4 100 7,0%
3/4 19,1 90-100 7,0%
1/2 12,7 20-55 100 7,0%
3/8 9,5 0-15 85-100 100 7,0%
n 4
o 4,75 0-5 10-30 85-100 5,0%
no 10 2,0 0-10 10-40 5,0%
n 200
o 0,074 0-2 0-2 0-2 2,0%

18 UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO ANEXO


Tabela A25: Exemplo de faixas granulomtricas para tratamento superficial
duplo (DEINFRA-SC-ES-P-11/14 - Minuta)

% passando em peso
Peneiras
Duplo A Duplo B
A B C D
Pol. mm
1 camada 2 camada 1 camada 2 camada
1 25,4 100
3/4 19,1 90-100 95-100
1/2 12,7 0-25 100 20-40 100
3/8 9,5 0-15 95-100 0-10 95-100
1/4 6,35 0-25
n 4
o 4,75 0-5 0-5 0-20
no 10 2,0 0-5
no 40 0,42
n 200
o 0,075 0-1 0-1 0-1 0-1

UTILIZAO DE LIGANTES ASFLTICOS EM SERVIOS DE PAVIMENTAO ANEXO 19


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