Revista Eletrônica (AGO 2016 - #53 - Mediação)
Revista Eletrônica (AGO 2016 - #53 - Mediação)
Revista Eletrônica (AGO 2016 - #53 - Mediação)
Edio temtica
Periodicidade Mensal
Ano V 2016 n. 53
2
Apresentao
O papel do Poder Judicirio como agente de pacificao social nem sempre est muito
claro para as pessoas em geral. Alis, o prprio conceito de paz algo bastante restrito na
mentalidade comum. rotineiro pensarmos que se um pas no est em guerra, est em paz.
Isso se d porque geraes e geraes cresceram acreditando que a paz exatamente a ausncia
de guerra. Contudo, aprendi com Johan Galtung que paz no apenas a ausncia de guerra; ela
traz consigo tambm um componente positivo. Assim, a paz s efetivamente completa quando
temos a paz negativa e a positiva.
Em sua obra Violence and Peace, Galtung sugere que as palavras paz e violncia esto
to fortemente ligadas, que a paz passa a ser vista como ausncia de violncia. Prope um
conceito estendido de violncia e a define como sendo a causa da diferena entre o potencial e
o real, entre o que pode ser e o que . Para ele, a violncia que aumenta a distncia entre o
potencial e o real, e que impede a diminuio dessa distncia; ou seja, o autor argumenta que
se voc no tem o suficiente daquilo que seu por direito, e se os meios para voc alcanar e
usufruir o que lhe de direito existem - e, consequentemente, o estado de ausncia for possvel
de ser evitado - ento a violncia est presente.
Fica claro, portanto, ser exatamente a concepo positiva da paz o objeto da pacificao
social buscada pelo Poder Judicirio, e as polticas judicirias de incentivo aos meios alternativos
de soluo de conflitos de modo geral, e da Mediao de modo particular, sugerem que a violncia
estrutural identificada no Judicirio - seja por seu congestionamento ou ainda pelo bvio de
suas decises no satisfazerem plenamente ambas as partes - precisa e est sendo combatida.
3
A variedade dos assuntos tratados pelos artigos desta Edio comprova a complexidade
do tema. Nas pginas que seguem, vrios aspectos tericos e prticos sobre a Mediao so
apresentados por profissionais dos mais diversos perfis: Magistrados, Procuradores do Trabalho,
Servidores do Judicirio, Advogados, Mediadores e Psiclogos, que apresentam slidas formaes
como Bacharis, Especialistas, Mestres e Doutores em reas acadmicas relacionadas ao tema
central desta Revista.
Se para mim foi um enorme prazer receber o convite para escrever a apresentao desta
Revista, prazer maior foi ser levada a retomar questes que so sempre atuais em nossas vidas e
perceber que, aquilo que est aparentemente to distante de ns pode, na verdade, estar muito
prximo.
Lembrei-me de um caso concreto muito emblemtico que foi levado ao Juzo Auxiliar de
Conciliao, bem no seu inicio, h aproximadamente dez anos, no qual a viva representava o
esplio de seu marido em uma execuo trabalhista contra a universidade para a qual ele trabalhara
com muita dedicao por praticamente toda sua vida. Para a perplexidade de todos os presentes,
aps inmeros debates tericos, a viva vislumbrou e props a soluo ideal para o conflito da qual
ela - e no os advogados - era parte: um acordo com o fornecimento de bolsas de estudos para
seus dois filhos em idade universitria... Segundo ela, seu falecido marido teria grande prazer em
saber que seus filhos poderiam estudar na universidade para qual ele orgulhosamente trabalhara...
audincia adiada para que questes prticas pudessem ser estudadas pelos advogados... na
sequncia, pedido de cancelamento das negociaes e que fosse dado seguimento regular ao
processo ante a dificuldade extrema que seria colocar tudo aquilo em prtica...
Infelizmente, muitas vezes, pode ser exatamente este o resultado das tentativas de
mediao... uma transcendncia positiva como diria Galtung em sua obra Transcender e
Transformar. Ela exige muito. Sua misso criar um ambos-e onde tal nunca existiu. No um
acordo 50/50, nem uma vitria, nem uma retirada. Porm, o autor nos adverte: aqui o trabalho
foi realizado! Problema: a proposta pode ter sido excessivamente criativa para ser compreendida,
que dir aceita.
Sem dvida alguma estamos vivendo a busca por uma mudana cultural, tenha ela a
denominao que convier a cada um: da cultura adversarial para a cultura da cooperao, da
cultura da sentena para a cultura da pacificao, da cultura da arena para a cultura da alteridade,
da cultura autoritria para a cultura democrtica, da cultura de delegar aos outros a soluo de
nossos problemas para aquela de ns mesmos buscarmos nossas solues, da cultura do litgio
para a cultura da paz, rumo a uma nova cultura judicial de soluo de conflitos. Que esta revista nos
inspire a lutar (e continuarmos lutando) para transcendermos nossos conflitos e transform-los!
4
Sumrio
ARTIGOS
Mediao e Conciliao no Novo Cdigo de Processo Civil seus Desdobramentos no Direito Processual
do Trabalho - Luiz Ronan Neves Koury................................................................................................... 35
Mediao Extrajudicial: O Conflito pelo Direito e pelo Avesso - Mnica Sette Lopes............................ 46
A Atuao do Advogado na Autocomposiao de Conflitos de Acordo com o Novo CPC e a Lei de Mediao
- Ana Carolina Ramos Jorge, Cludia Maria Gomes de Souza, Fernando Gonzaga Jayme e Mayara de
Carvalho................................................................................................................................................. 59
Repensando o Papel da Mediao no Estado Democrtico de Direito - Jlia Gabriela Soares Cunha e
Roberta Cerqueira Reis........................................................................................................................... 77
Mediar, Conciliar, Pacificar: Um Artigo pela Pacificao - Marieta Giannico de Coppio Siqueira
Nobile ........................................................................................................................................ 84
5
A Mediao nos Conflitos Coletivos e os Termos de Ajuste de Conduta - Lorena Vasconcelos Porto.. 134
O Gestor Mediador - Andra Aparecida Lopes Canado e Marcella Pagani......................................... 126
Mediao : o eco do vivido e o preldio do vir a ser. O papel do instituto em relao aos chamados
mtodos de resoluo de conflitos - Rita Andra Guimares de Carvalho Pereira............................. 137
REGISTRO ESPECIAL
CDIGOS E LEIS
SINOPSES
NOTCIAS
TRT Gois lana nova ferramenta de conciliao virtual por chat........................................................ 218
CSJT aprova resoluo sobre mediao e concilicao........................................................................ 219
BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................ 295
6
Artigos
7
Mediao
Artigos
8
Mediao
Artigos
9
Mediao
Artigos
ou outra proposta deva ser aceita, ou indagar que, na prtica, a mediao se vale das tcnicas,
as partes sobre as possveis consequncias de mtodos e instrumentos dos demais meios
cada uma delas.15
alternativos de soluo de conflitos.18 Assim,
conciliao e mediao no se distinguem, mas
A mediao no mais simples tcnica de
so tcnicas intercomplementares e, como
aproximao das partes. A mediao deve levar
assinala Luchiari, a conciliao, neste caso, seria
em conta a matria objeto de discusso e buscar
um aspecto da mediao integrativa.19
oferecer s partes dados e critrios de deciso,
Esta perspectiva a que foi incorporada
o que demanda do mediador experincia e
pelo modelo italiano no qual, em caso de
conhecimento acerca da matria debatida. A
fracasso do acordo, admite-se a possibilidade de
fim de resguardar a pureza do conceito, Luchiari
o mediador formular proposta de composio.
sugere a adoo de procedimento hbrido
A doutrina italiana tem qualificado a mediao
que se inicia com a mediao estrito senso e
como um procedimento bifsico, em que
termina com uma avaliao neutra, se esta for
nella prima fase il mediatore fa il facilitatore
a escolha das partes, caso em que as questes
del dialogo; nella seconda fa il propulsore della
apresentadas so analisadas com apresentao
conciliazione.20 H, portanto, a juno, num
de possveis propostas de soluo. Em verdade,
mesmo plano, da mediazione facilitativa e
cada mediao nica e cada mediador
mediazione aggiudicativa, ou a constituio
desenvolve uma tcnica prpria.16
do conceito misto de mediao.21 O sistema
Esse breve panorama revela as dificuldades
italiano, conceitua, dessa maneira, a mediao
de distinguir conceitualmente a conciliao
como:
da mediao. Cahali observa que instituies
srias ofertam conciliao e mediao sob a [...] lattivit comunque denominata,
denominao nica de mediao. Ainda de svolta da um terzo imparziale e finalizzata
ad assistere due ou pi soggetti nella
acordo com ele, no ambiente extrajudicial no ricerca di un acordo amichevole per la
procedimento de mediao os mediadores composizione di uma controvrsia, anche
com la formulazione di una proposta per la
acabam por utilizar, quando o caso, das risoluzione della stessa.22
tcnicas da conciliao para a soluo do
conflito.17
Nesse cenrio, o ideal a desmitificao
18 MUSZKAT, Malvina Ester (Org.) Mediao de
do conceito puro de mediao e admisso dessa conflitos: pacificando e prevenindo a violncia. So Paulo:
fuso de tcnicas para atender aos aspectos Summus, 2003, p. 25.
19 LUCHIARI. Op. cit., p. 40.
subjetivos e objetivos do conflito. Nestes termos
20 MASONI, Roberto. La mediazione nel processo.
que Muszkat sugere o uso da designao Milano: Giuffr, 2015, p. 234. Traduo livre: na primeira
mediao integrativa, uma vez que reconhece fase o mediador o facilitador do dilogo; na segunda o
propulsor da conciliao.
21 MASONI. Op. cit., p. 235. Traduo livre:
mediao facilitadora e mediao adjudicativa.
22 MASONI. Op. cit., p. 234. Traduo livre: "() a
15 LUCHIARI. Op. cit, p. 26.
atividade realizada por um terceiro imparcial e destinada
16 LUCHIARI. Op. cit., p. 29. a ajudar duas ou mais pessoas na busca de uma soluo
17 CAHALI. Op. cit, p. 51.. amigvel do litgio, ou antes pela formulao de uma
10
Mediao
Artigos
Esse conceito tambm o que decorre de resolver a disputa de acordo com suas
do modelo de mediao adotado no sistema necessidades objetivas.24 No mesmo sentido
nacional. O Novo CPC estabelece que as normas sustenta Rodrigues, para quem na mediao,
do Cdigo sero interpretadas conforme os os litigantes so apenas induzidos composio,
valores e as normas fundamentais estabelecidos considerando as propostas formuladas por
na Constituio da Repblica Federativa terceiros (mediadores) providos de idoneidade
do Brasil (Art. 1, NCPC). Da decorre que e elevado poder de persuaso.25
a exegese do Cdigo no pode ocorrer no Contudo, tal como no modelo italiano, a
sentido da violao dos direitos fundamentais possibilidade que se reconhece ao mediador de
(individuais e sociais, nestes includos os formular uma proposta de composio do litgio
direitos trabalhistas). Por seu turno, o Cdigo de constitui uma attivit subordinata e residuale,
tica de Conciliadores e Mediadores, constante esplicabile unicamente in ipotesi di fallimento
do Anexo III da Resoluo 125/CNJ, inseriu di accordo autonomamente perseguito dalle
entre os princpios fundamentais que regem parti.26
a atuao de conciliadores e mediadores o Parece, portanto, que a mediao no seria
princpio do respeito ordem pblica e das instrumento dos mais eficazes para a eliminao
leis vigentes, isto , o dever de velar para que das elevadas taxas de congestionamento
eventual acordo entre os envolvidos no viole a de processos e da morosidade destes, que
ordem pblica, nem contrarie as leis vigentes alcanaram nveis intolerveis. O procedimento
(Art. 1, VI, Resoluo 125/CNJ). Enfim, a lei enfatiza os aspectos qualitativos do sistema de
13.140/2015 explicita que o consenso entre as resoluo de conflitos em sacrifcio dos aspectos
partes envolvendo direitos indisponveis, mas quantitativos avaliados segundo critrios de
transigveis, deve ser homologado em juzo, produtividade e eficincia.
exigida a oitiva do Ministrio Pblico (art. 3, No entanto, as polticas pblicas voltadas
2). No h dvida, portanto, que a mediao para o incremento da mediao e a regulao
instituda no sistema brasileiro de resoluo de da matria, especialmente a lei da mediao e
conflitos corresponde aos modelos conceituais o Novo Cdigo de Processo Civil, veem-na como
de mediao avaliativa, mediao
integrativa ou mediao construtivista.23
Esta foi, tambm, a perspectiva adotada
24 MINISTRIO DO TRABALHO E EMPREGO.
no Manual do Mediador, produzido pelo Manual do Mediador. Braslia: MTb, SRT, 1996, p. 11.
Ministrio do Trabalho, segundo o qual a 25 RODRIGUES, Douglas Alencar. Breves notas
sobre o instituto da arbitragem e o Direito do Trabalho. In:
mediao a interveno destinada a produzir GENESIS Revista de Direito do Trabalho, n. 72, dezembro
um acordo, uma interveno autocompositiva de 1998, apud VILLATORE, Marco A. Csar. Mediao na
soluo de conflitos de trabalho e o direito comparado.
que apresenta s partes a possibilidade Disponvel em: <http://www.mouraborges.adv.br/MB2_
mediacao%20na%20solucao%20de%20conflitos%20
de%20trabalho.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2016.
26 MASONI. Op. cit, p. 23. Traduo livre:
proposta de soluo do mesmo. atividade subordinada e residual, explicvel unicamente
23 O sentido desta modalidade conceitual de na hiptese de fracasso do acordo autonomamente
mediao ser explicitado oportunamente. perseguido pelas partes.
11
Mediao
Artigos
12
Mediao
Artigos
13
Mediao
Artigos
14
Mediao
Artigos
com o fato de que diversas experincias pr- o caso, podem ser designados pelo Poder
existentes - parte delas desenvolvidas fora do Judicirio - mediadores judiciais - ou pelas
poder judicirio e oriundas de iniciativas de prprias partes mediadores extrajudiciais
atores sociais no integrantes do Poder Judicirio (arts. 4, 9, 11 e 46). Entretanto, a ambos
-foram invocadas nos discursos de justificao se aplicam as hipteses de impedimento e
da nova poltica e nos considerandos da suspeio a que se sujeitam os juzes (art. 5).
norma administrativa do CNJ. Na mediao judicial, as partes devero
Trataremos, a seguir, to somente da se fazer acompanhar de advogado, ressalvadas
mediao que o propsito desse artigo, sob o as excees legais - Leis n 9.099/95 e
enfoque da novel legislao. 10.259/01 (art. 26). Os mediadores judiciais,
Por meio da Lei 13.140, de 26 de junho de cuja remunerao ser fixada pelos tribunais e
2015, j em vigor, a mediao foi reconhecida suportada pelas partes, devero ser graduados,
como meio de soluo de controvrsias no no mnimo h dois anos, em curso superior
somente entre particulares, mas, tambm, reconhecido pelo MEC e possuir capacitao
como instrumento autocompositivo no mbito em escola ou instituio de formao
da administrao pblica. Qui, em razo da de mediadores, reconhecida pela Escola
multivocidade do termo, o legislador lanou Nacional de Formao e Aperfeioamento de
mo de tcnica legislativa incomum e explicitou Magistrados, ENFAM, ou pelos tribunais, desde
o conceito de mediao. O art. 1 da lei, que em observncia aos requisitos mnimos
pargrafo nico, assim dispe: estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justia
em conjunto com o Ministrio da Justia (art.
Considera-se mediao a atividade tcnica 11). Os tribunais mantero, a requerimento
exercida por terceiro sem poder decisrio,
dos interessados, cadastro dos mediadores
que, escolhido ou aceito pelas partes,
habilitados a atuar na mediao judicial.
as auxilia e estimula a identificar ou
desenvolver solues consensuais para a Na mediao extrajudicial, qualquer
controvrsia. pessoa devidamente capacitada para fazer
mediao e que goze da confiana das
Destacam-se, neste espao, alguns partes poder funcionar como mediador,
aspectos da lei que se consideram relevantes independentemente de possuir vnculo com
para os propsitos deste trabalho. instituies ou rgo de controle (art. 9).
Podem ser objeto de mediao os A mediao extrajudicial poder resultar de
direitos disponveis e os indisponveis que clusula de mediao (previso contratual) ou
admitam transao, prevista, neste ltimo caso, convite de uma das partes, aps instaurado o
a homologao judicial. Os mediadores so litgio, caso em que o no comparecimento
equiparados a servidor pblico, para os efeitos enseja responsabilidade da parte ausente
da legislao penal. por 50% por cento das custas e honorrios
A mediao pode ser pessoal ou virtual. sucumbenciais, se vencedora em procedimento
A mediao poder ser, tambm, judicial ou arbitral ou judicial.
extrajudicial. Por isso, os mediadores, conforme Cabe ao mediador conduzir o
15
Mediao
Artigos
16
Mediao
Artigos
pode ser precedido de concurso pblico, com escolha das partes interessadas.
publicao anual pelo tribunal responsvel. De forma adequada ao estgio em que se
Assegura-se aos tribunais a faculdade de instituir encontra a mediao no Brasil, Luchiari conclui
quadro prprio de conciliadores e mediadores que no h no Poder Judicirio nacional uma
a ser preenchido mediante concurso de provas mediao pura, por isso, alerta que todos os
e ttulos. Contudo, as partes podero escolher constructos expostos em sua obra, referentes
conciliador, mediador ou instituio privada mediao, englobam a conciliao.38
de mediao que no sejam cadastrados no O ponto culminante da poltica de
tribunal. A mediao e a conciliao podero institucionalizao e valorizao dos meios
ser realizadas a ttulo de trabalho voluntrio no judiciais de resoluo dos conflitos
ou mediante remunerao fixada em tabela do a democratizao do sistema de justia, a
tribunal com observncia das regras do CNJ. descentralizao do locus de resoluo dos
O Cdigo converteu em obrigao dos conflitos e a substituio da cultura adversarial
entes federados (Unio, Estados, Municpios pela cultura da cooperao, dilogo e da
e DF) a criao de cmaras de conciliao e pacificao. Nesse sentido, supera-se um
mediao, com a atribuio de dirimir conflitos paradigma, o paradigma do monoplio do
entre rgos e entidades da administrao poder judicirio na soluo das controvrsias.39
pblica e avaliar pedidos de conciliao no Entretanto, o discurso de justificao da
mbito da administrao pblica. O que era novel poltica de administrao de justia, em
mera faculdade, na Lei 13.140/15, passou a ser determinados segmentos, ainda est centrado
obrigao no novo CPC. na velha premissa, uma vez que o implemento
A legislao processual recepciona da poltica tem sido apresentado to somente
explicitamente outras formas de conciliao como estratgia de enfretamento da crise do
e mediao extrajudiciais vinculadas a rgos poder judicirio. Para estes setores, os meios
institucionais ou realizadas por intermdio de alternativos so vistos estrategicamente
profissionais independentes (art. 175, NCPC). como meio de filtragem de demandas e
Em suma, enquanto a Resoluo 125/CNJ desafogamento do poder judicirio e no
refere-se conciliao e mediao judiciais, como instrumento de empoderamento dos
as novas legislaes, o marco regulatrio cidados na definio do seu prprio destino e
da mediao (13.140/15) e o novo Cdigo na autoderminao do modo como pretendem
Processual (13105/15), instituem tambm resolver seus conflitos.
a conciliao e a mediao extrajudiciais,
inclusive aquelas promovidas por instituies
privadas ou conciliadores e mediadores no 38 LUCHIARI, Valeria F. Lagrasta. Mediao judicial.
Rio de Janeiro: Forense, 2012, p. 43.
cadastrados nos tribunais e no Ministrio
39 PELUSO apud CAHALI, Francisco Jos. Curso
da Justia. So vlidas, portanto, tanto a de arbitragem mediao, conciliao, resoluo CNJ
125/2010. 5. ed. So Paulo: RT, 2015, p. 61. WATANABE,
conciliao e a mediao judiciais, quanto
Kazuo. Cultura da sentena e cultura da pacificao.
aquelas praticadas por instituies e atores In: MORAES, Maurcio Zanoide; YARSHELL, Flvio Luiz
(coords.). Estudos em homenagem professora Ada
privados no cadastrados no registro pblico,
Pellegrini Grinover. So Paulo: DPJ, 2005, p. 684-690.
17
Mediao
Artigos
18
Mediao
Artigos
19
Mediao
Artigos
20
Mediao
Artigos
partes por sua iniciativa exclusiva, no curso do magistrado, circunstncias a serem avaliadas
processo, mas fora dele e sem interferncia no por este na conduo do processo. Com efeito,
seu andamento, a no ser quanto sua extino, como j assinalado alhures, o novo modelo
em caso de soluo extrajudicial erigida pelas de tratamento dos conflitos estabelecido na
partes. Resoluo 125/CNJ, na Lei 13.140/15 e no novo
Naturalmente que a mediao judicial CPC consagram o modelo misto de mediao
trabalhista realizada, nos termos da Resoluo (mediao seguida de conciliao, quando o
125/CNJ, implica criao, pelos tribunais do emprego desta tcnica for necessrio), uma vez
trabalho, dos respectivos Ncleos Permanentes acolhidos, no sistema, os conceitos de mediao
de Mtodos Consensuais de Soluo de Conflitos avaliativa, integrativa ou construtivista.
e Centros Judicirios de Soluo de Conflitos Logo, o dever do magistrado de velar
e Cidadania, ou estruturas equivalentes, que pela legalidade dos atos jurdico-processuais
possam cumprir os respectivos objetivos celebrados pelas partes no descaracteriza
institucionais relativos ao desenvolvimento das a mediao. Certo, porm, que caber ao
polticas judicirias de tratamento adequado magistrado a avaliao dos casos em que
dos conflitos47. recomendvel o seu encaminhamento aos
A mediao endoprocessual no exclui Centros Judicirios de Soluo de Conflitos e
a possibilidade de o prprio juiz do trabalho, Cidadania ou instncias equivalentes.
no exerccio do juzo conciliatrio, praticar A oferta da mediao trabalhista
a mediao do mesmo modo que ocorre extrajudicial parece-nos possvel por meio dos
com a conciliao e se valer de algumas sindicatos, aos quais historicamente, no direito
de suas tcnicas quando entender que o brasileiro se conferiu a funo de assistncia
conflito a ser tratado pode ser mais bem rescisria e soluo no judicial de conflitos,
resolvido com o emprego do modelo misto de no respectivo mbito de sua representao,
mediao. Tudo depender do contexto, das como ocorre com a conciliao por intermdio
dimenses objetiva e subjetiva do conflito, de dois institutos j presentes no direito
da aceitao ou solicitao das partes, bem brasileiro h quase duas dcadas: as Comisses
como da disposio, aptido e capacitao do de Conciliao Prvia (art. 625 A-G, CLT) e os
Ncleos Intersindicais de Conciliao Trabalhista
(art. 625-H, CLT)48. Em especial, as instituies
21
Mediao
Artigos
22
Mediao
Artigos
23
Mediao
Artigos
24
Mediao
Artigos
25
Mediao
Artigos
26
Mediao
Artigos
27
Mediao
Artigos
de la confiance peut donc aussi tre la peur et dans des situations de crise au sein dquipes
langoisse. La confiance sera ainsi troitement ou de militaires pourquoi certaines personnes
lie la scurit et la certitude. Dans sa font quelque chose pour un autre membre de
racine, fiable provient aussi de fides et le lquipe, la rponse est trs souvent: parce
portugais pour digne de confiance est dailleurs quil ferait pareil pour moi dans une situation
confivel. similaire . On a donc lide de la confiance
La mfiance sera nfaste pour la prise comme ciment des relations aux autres et
de dcisions en commun, car ellegnre de ncessit pour la survie du groupe et de
lincertitude et donc de linstabilit voire de la lindividu.
peur et des ractions de dfense, alors que la
confiance permettra de gnrer davantage de LA CONFIANCE INDISPENSABLE POUR LA
certitude et donc de la prvisibilit, facilitant la NGOCIATION?
dcision.
Dans les interactions entre des acteurs Est-ce pour autant que la confiance est
et notamment dans le cadre de la ngociation indispensable pour arriver ngocier avec
comme processus de prise de dcision lautre? On considre parfois quon ne peut pas
plusieurs, la confiance sera utile en ce quelle ngocier et arriver un accord sans confiance.
permettra de fluidifier les changes, notamment Pourtant, dans beaucoup de situations, la
par sa relation avec la rciprocit et le don. confiance pralable nexiste pas, on ne connat
Si je fais confiance lautre, je serai, dans pas la personne. De plus,la confiance ne se
lchange, plus ouvert lide de lui donner dcrte pas, elle est donc construite par des
de linformation, de lui faire des concessions, actions dans le temps. Il faut donc savoir
daccepter certaines de ces propositions, et ngocier en dehors de toute confiance. Cela est
donc de prendre le risque dun engagement, qui encore diffrent de la situation de mfiance, o
est un promesse dactions futures. Par contre, la confiance est lenjeu en soi, et proviendrait
si je suis dans la mfiance, toute la dynamique dune mauvaise exprience avec lautre partie
sera plus difficile ou douloureuse, que ce soit au ou en tout cas de ce qui a t peru comme une
niveau du processus dchange dinformations, mauvaise exprience.
ou que ce soit au niveau du contenu,par La confiance quivaut ainsi se rendre
exemple des concessions potentielles avec la vulnrable lautre, je donne ou je me confie
peur de ne pas avoir de retour ou rciprocit. sans savoir si jobtiendrai en retour, ou si lautre
Finalement, lengagement sera un dfi car tiendra ses engagements. Et donc si lautre a
comment avoir foi dans une promesse dactions dans le pass rompu cette confiance par ses
futures envers quelquun de qui on se mfie et actions, cest quil ma bless ou trahi dans les
que lon nestime donc pas fiable? accords ou dans mes attentes. Je ne me perois
La confiance est ainsi troitement relie plus en situation de scurit par rapport lui
ma capacit avoir foi dans lautre pour ou ses paroles et la mfiance sinstalle. Lerreur
maintenir la rciprocit et peut ainsi faciliter la consiste dans ces cas l ne pas ngocier
propension au don. En effet, lorsquon demande le vritable enjeu, celui de la confiance. En
28
Mediao
Artigos
effet, labsence de mfiance est une condition (contenu).4Il est donc motionnel, interfrant
ncessaire la coopration efficace. avec le sentiment de confiance et aussi une
perception dopposition qui peut dominer la
CARACTERISTIQUES DE LA CONFIANCE perception de la relation. Deux cas de figure
ET PARTICULARITES DES SITUATIONS peuvent se prsenter, lexistence dune relation
CONFLICTUELLES. de confiance pralable ou labsence dune
relation pralable. La confiance comporte en
La confiance est un sentiment, et effet toujours une possibilit de tension, par sa
ses caractristiques sont difficilement composante de vulnrabilit et de risque et il
gnralisables. suffit que des attentes explicites ou implicites
Les trois caractristiques que lon retrouve ne soient pas remplies pour que le sentiment
systmatiquement pour tre digne de confiance de trahison apparaisse. Tout conflit est la fois
sont: comptence pour laction spcifique (on un danger de destruction de la relation et une
fait confiance par rapport une attente prcise), opportunit de renforcement de la relation
transparence et congruence dans la manire de en fonction de sa gestion. Le phnomne du
faire et dans la communication (dire ce que lon conflit aura cependant rendu la tche plus
fait et faire ce que lon dit), et fiabilit dans les difficile car il sagit aussi dune perception base
actions et engagements (tenir parole). sur un vcu parfois, et qui comporte en soi un
On pourrait donc faire confiance ses renforcement de cette perception de lautre
ennemis. La confiance nest ainsi pas toujours comme ennemi. La notion mme que lautre
accompagne de sentiments de bienveillance. mest oppos cr les conditions de la mfiance
Dans certaines situations, ce sera bien sr le cas: et rend la confiance difficile. En effet, ces pr-
si je dois cohabiter avec quelquun au travail ou jugs ou post-jugs suite limpact de certaines
dans la vie prive, sa bienveillance devient une actions de lautre vont conditionner mes
caractristique ncessaire pour ma scurit et penses et mon analyse (notamment par des
donc pour lui faire confiance. biais tels que la perception slective et le biais
Dans le cadre dinterventions en de confirmation, qui me feront slectionner
situations de conflit ou de post-conflit, la des lments qui me confirment dans mon
situation est videmment particulire.Le conflit prjug), dtermineront mes actions et
peut tre dfini comme une interaction entre comportements de protection voire dattaque
des acteurs, qui est perue par au moins lun face lautre, et finalement entraneront
des acteurs comme une frustration prsente
ou venir des ses propres proccupations
(objectifs, droits, motivations) et est vcue 4 PEREZ NUCKEL, Ricardo. Systmes de gestion
des conflits par les entreprises: analyse stratgique et
comme une opposition au niveau relationnel:
juridique de la prvention et rsolution des diffrends,
cognitif (penses) et motionnel (ressenti), thse en cours, Paris, Universit de Paris 1, cit
dans FORASACCO Corinne, PEREZ NUCKEL, Ricardo.
comportemental (actions) et des rsultats
Lencyclopdie de laudit social et de la responsabilit
socitale, Chap. 32 Gestion des conflits et audit social,
une fertilization croise pour lorganisation.. Ed. Ems
management &socit, 2012.
29
Mediao
Artigos
comme rsultat une spirale descalade ngative durables. La diffrence principale entre un
du conflit par des mcanismes daction et de accord et un accord efficace rsidera en effet
raction (dynamique base sur le schma de sur le rtablissement dun minimum de relation
lapprentissage double boucle ou double entre les protagonistes pour accepter dtre
loop learning5). Il sagira donc avant tout de interdpendants et donc dtre vulnrables
travailler sur ces prjugs lors des interventions lautre. Sinon, il sagira simplement dune
de transformation des conflits. Le mdiateur transaction finale, ou dun accord qui restera
aura ainsi pour rle de casser les bastions de lettre morte (comme dans de nombreux cas
croyances afin douvrir les champs du possible daccords de paix qui sont suivis par des annes
pour remettre les parties en mouvement. de conflits sanglants, par exemple les Accords
dArusha de 2000 et la reconstruction de paix
LA MDIATION COMME OUTIL DE au Burundi). Le travail sur la relation est donc
DCONSTRUCTION DE LA MFIANCE POUR essentiel pour la transformation du conflit.
FACILITER UNE RCONCILIATION NECESSAIRE Le processus de mdiation sera un
POUR ALLER VERS UN FUTUR DURABLE. catalyseur pour reconnatre lhistoire et le vcu
des parties dans lespoir de les accompagner vers
Plutt que de parler de reconstruction de une autre relation.Les diffrentes tapes de la
confiance, qui est effectivement un objectif mdiation: invitation, accueil, reprsentations
plus long terme, une premire tape dans des de la ralit et comprhension mutuelle auront
interventions sensibles est la dconstruction de pour objectif de modifier les perceptions
la mfiance. Lide principale est de casser les rciproques et donc la ralit de la relation afin
forteresses de certitudes et de peurs de lautreet que celle-ci permette nouveau denvisager
de faire merger des parties les conditions ou des hypothses de solution et un engagement
possibilits dactions futures plus satisfaisantes pour le futur.
que la situation actuelle ou quune spirale
destructrice. LA DCONSTRUCTION DE LA MFIANCE POUR
Le dfi principal grer est bien sr la BATIR UNE RELATION FONCTIONNELLE.
conviction que les impacts des actions de lun
ne sont que le reflet dintentions nfastes Linvitation des parties en mdiation
nourries lgard de lautre. Sans une vritable marque dj le dbut du changement des
action de rconciliation pour apaiser ce vcu relations et du systme conflictuel en place.
ngatif assimil une trahison ou agression, La possibilit dun autre type de relation de
selon quil y ait eu confiance pralable ou confiance apparat dans la relation au tiers qui
non, les parties ne pourront pas prendre intervient. Cette phase est souvent inexistante
de dcisions communes ou dengagements ou minimise dans les ouvrages de mdiation,
et cest pourtant une phase essentielle pour le
succs de la mdiation. Linvitation permettra
5 ARGYRIS, Chris, SCHN, Donald. Organizational au mdiateur dacqurir une lgitimit auprs
learning: a theory of action perspective. Ed. Addison-
des parties. Celle-ci sera justement caractrise
Wesley, 1978.
30
Mediao
Artigos
par une relation de confiance. Le mdiateur cadre, avec dautres dynamiques proposes et
pourra ainsi dexemplifier et structurer une contrles par le mdiateur. On commence donc
relation de scurit, au travers de sa posture et par valoriser les acteurs pour leur dmarche,
de lexplications de son rle et ses intentions, et on rappelle ensuite les limites et enjeux de
de transparence et congruence par lexplication linterventions pour ensuite annoncer et valider
des enjeux et dfis de la mdiation, de les principes de fonctionnement qui permettent
comptence par les explications du processus, de au mdiateur de rassurer et scuriser les
et finalement de fiabilit par la mise en place parties (le respect mutuel, la confidentialit)
dtapes et conditions claires pour la mise en et dtre congruent dans ce quil annonce en
uvre de la mdiation. Pour gagner ladhsion termes de posture, de timing et dtapes. Cest
au processus, il cherchera comprendre la lopportunit pour le mdiateur dtre clair sur
situation en facilitant la verbalisation des ses intentions et le motif de chacune des tapes
enjeux et en posant des questions ouvertes afin de dmarrer une dynamique dexplication
et sans jugements, et il posera clairement avant dinviter rapidement la prise de parole.
les limites de son intervention en tant que Cest aussi le premier accord commun entre
tiers extrieur, multi-partial et le cadre de les parties sur les manires de faire et tre en
confidentialit et de libre adhsion qui apporte relation. Ces micro-accords sont essentiels car ils
scurit aux protagonistes. Il demandera commencent conditionner des engagements
lexpression du consentement au processus et sur des actions qui pourront tre vrifis
rpondra aux peurs, doutes et objections et par lautre, et cest les actions qui redonnent
finalisera linvitation par un plan daction avec confiance lorsquelles sont respectes.
des tapes claires. Cet accord donn par les
parties de se retrouver nouveau avec lautre DES RPRESENTATIONS DE LA REALIT
est lacceptation de reprendre le risque de la JUXTAPOSES ET NON OPPOSES.
relation et de la vulnrabilit.
La table-ronde comportera trois premires Les reprsentations de la ralit
tapes orientes sur le rtablissement constituent une phase narrative qui est
dune relation fonctionnelle: laccueil, les essentielle la dynamique de la mdiation.
reprsentations de la ralit (avec les histoires Dune part, le mdiateur devient tmoin
du conflit et de ses effets) et la comprhension sans jugement de lhistoire, ce qui permet
mutuelle avec la clef de vote essentielle de aux deux parties dexister aux yeux de celui-
la reconnaissance de limpact du conflit sur ci par son coute et de verbaliser limpact du
chacun. conflit sur elles. Dautre part, ce que les parties
vont entendre est diffrent de ce quelles
UN CADRE SECURISANT ET BIENVEILLANT PAR ont entendu jusque l de lautre pour deux
LA STRUCTURATION DE LACCUEIL. raisonsprincipales : la manire dont on parle
au mdiateur pour chercher lui montrer
Laccueil est le dbut de la rencontre quon est celui qui est raisonnable et dans
des protagonistes du conflit dans un autre le juste , pour le sduire, est diffrente de
31
Mediao
Artigos
32
Mediao
Artigos
jamais, ce conflit sera toujours partiintgrante sur les autres. Cest ainsi en posant un cadre
et port par ces personnes. Cest ce qui rend dhonntet, de congruence et de scurit que
les conflits familiaux tragiques lorsque lune des la vulnrabilit des acteurs pourra sexprimer
parties dcde. nouveau et que la mfiance pourra tre
Une fois que la mfiance nest plus l, dconstruite pour commencer reconstruire
la possibilit dune autre relation et dautres une relation et ventuellement la confiance
solutions rapparat, mais la scurit aura malgr les blessures passes.
besoin de garanties, de solutions concrtes Certains parlent de justice douce, mais
qui permettent, mme si on est nouveau on se rend bien compte quil sagit plutt dun
vulnrable de minimiser les risques. Cela chemin difficile portant lespoir de ressortir du
implique de poser le vrai problme sur la conflit grandi et vritablement libr.
table: le problme de la confiance suffisante
pour prendre des dcisions et agir ensemble. Pardonner et se rconcilier avec nos
ennemis ou nos tres aims nest pas de
Plusieurs outils et techniques existent, mais
prtendre que les choses sont diffrentes
le principe est simple: comment garantir de ce quelles sont. Ce nest pas de se
concrtement une minimisation du risque taper sur le dos et se dtourner de ce qui
dtre vulnrable lautre? Le tiers aura une est mal. La vraie rconciliation expose
autonomie et une distance qui lui permettra de lhorreur, labus, la douleur, la vrit. Cela
pourra mme parfois rendre les choses
guider les parties dans linvention de possibilits
pires. Cest une entreprise risque mais qui
et la recherche de garanties. On peut, par en vaut la peine, parce quau final, seule
exemple, imaginer des solutions de contrle une confrontation honnte avec la ralit
et vrification, de rpartition du pouvoir et peut apporter une vritable gurison.
dautonomie, de sanctions ou compensations, Une rconciliation superficielle ne peut
apporter quune gurison superficielle.. 8
dtapes pralables, de progression dans les
changes, de ballons dessai Au final ce qui
importe dans la phase dengagement, cest de
RFRENCES BIBLIOGRAPHIQUES
sassurer que chacun est en scurit suffisante
pour reprendre le risque de la relation lautre.
ARGYRIS, Chris, SCHN, Donald. Organizational
Cest ce dpart nouveau qui permettra de se
learning: a theory of action perspective. Ed.
remettre marcher, dabord doucement et par
Addison-Wesley, 1978.
petites tapes.
En conclusion, la mdiation, comme
CHAPMAN, Gary, THOMAS, Jennifer. The five
processus dintervention dun tiers dans un
languages of apology: how to experience
conflit permet de dconstruire les relations de
healing in all your relationships. Ed. Northfield
mfiance entre les acteurs par sa structuration
Publishing, 2006.
et son essence mme. Il sagit en effet dun
processus de responsabilisation des acteurs,
qui doivent rpondre de leurs actes, rflchir
8 TUTU, Desmond. No future without forgiveness.
leurs motivations et assumer leur impact
Ed. Doubleday, 2000.
33
Mediao
Artigos
34
Mediao
Artigos
35
Mediao
Artigos
processo legal pois passaram a figurar como do dilogo e da tolerncia com o dissenso e a
momento obrigatrio no itinerrio processual. diversidade. 1
Cumpre dizer tambm que a mediao/
conciliao, na forma em que se encontram 1) HISTRICO
positivadas, demonstram a preocupao do
legislador, fiel construo doutrinria desses A mediao, historicamente em nosso
meios alternativos (adequados) de soluo do ordenamento jurdico, sempre esteve associada
conflito, com as relaes jurdicas continuadas ou conhecida como conciliao, como informa
e com a sua pacificao ao longo do tempo e de o professor Kazuo Watanabe 2.
forma duradoura, especialmente em relao Faz parte da Histria do Brasil desde a
mediao. poca da colnia, nas Ordenaes Filipinas de
A sua superioridade em relao 1603 (Livro III, T.20, 1), com a preocupao
soluo jurisdicional, reconhecida pelos que j se manifestava pela soluo consensual
estudiosos da matria, decorre exatamente do dos conflitos.3
efeito pedaggico que acarretam no sentido Com a Proclamao da Independncia,
de criar nas partes a conscincia de que os mais precisamente na Constituio de 1824,
problemas futuros, surgidos no curso da fixou-se verdadeira poltica pblica de soluo
relao jurdica, podem ser por elas resolvidos, de conflitos, com a previso de que nenhum
independente de um terceiro, aspecto que processo seria iniciado caso no se registrasse
representa verdadeiro avano civilizatrio nas ou se tentasse a reconciliao das partes como
relaes interpessoais e sociais. constava de seu art. 161.4
Nesse passo necessrio registrar que Nesse perodo a conciliao tinha
a conciliao (e no a mediao) se confunde como agente principal o juiz de paz, (art. 162 da
com a prpria histria da Justia do Trabalho Constituio de 1824), ou seja, toda atividade
em funo de sua origem administrativa e da em torno da conciliao se baseava em sua
estrutura paritria que, at certo momento, atuao.
caracterizou-a. Aspectos polticos, entretanto, no
A previso da conciliao no novo permitiram que se ampliasse essa atuao e
CPC, com a relevncia agora dada a ela, serve que se consolidasse uma verdadeira poltica
para justificar a importncia que sempre lhe pblica de soluo consensual dos conflitos,
foi atribuda no campo trabalhista, e a sua
colocao, na condio de norma fundamental
do processo, apenas confirma o acerto histrico
1 FREITAS JNIOR, Antnio Rodrigues. Sobre a
do procedimento trabalhista. relevncia de uma noo precisa de conflito. Revista do
Nas palavras acertadas de Freitas Advogado, Ano XXXIV, n. 123, agosto de 2014, p. 18.
2 WATANABE, Kazuo. Mediao como Poltica
Jnior, tem-se agora a substituio da cultura
Pblica Social e Judiciria. Revista do Advogado:
da arena pela cultura da alteridade. Abandona- Mediao e Conciliao, So Paulo, Ano XXXIV, n. 123,
agosto de 2014, p. 35.
se o espetculo da discrdia para construo de
3 WATANABE, Kazuo, ob. citada, p. 35-36.
espaos institucionais orientados pelo estmulo
4 WATANABE, Kazuo, ob. citada, p. 36.
36
Mediao
Artigos
37
Mediao
Artigos
38
Mediao
Artigos
39
Mediao
Artigos
40
Mediao
Artigos
de previso doutrinria, utilizou-se o termo obtida a composio bsico, sendo certo que
autocomposio, acrescentando que a atuao a sua utilizao contraria o prprio esprito da
judicial dever ocorrer preferencialmente com o conciliao, que se funda na livre manifestao
auxlio de conciliadores e mediadores judiciais. de vontade, pelo que sequer deveria ser
Embora com previso de audincia mencionada na norma legal.
para atuao dos conciliadores e mediadores, Quanto ao mediador, faz referncia
certo, pelos dizeres da norma anterior, que ao tipo de controvrsia em que dever atuar,
a participao de conciliadores e mediadores devendo desempenhar um papel de facilitador
pode se dar a qualquer tempo, na tarefa de para que as partes estabeleam, por si
auxiliar o Juiz em obter a autocomposio. prprias, a melhor forma de solucionar as suas
Como auxiliares da justia, na forma pendncias.
prevista no art. 149, natural que figurem ao O art. 166, em seu caput, trata
lado dos auxiliares tradicionais do juiz, como, dos princpios que devem reger a atuao
por exemplo, o perito e o oficial de justia, de mediadores e conciliadores, referindo-
dentre outros, sujeitando-se tambm arguio se expressamente independncia (em
de impedimento e suspeio (art. 148, II, do relao aos envolvidos no devendo existir
Novo CPC). qualquer vnculo de sujeio com as partes) e
Os arts. 165/175 representam imparcialidade (confunde-se com o princpio
uma espcie de desdobramento da parte anterior, mas se refere ausncia de interesse
principiolgica fixada nos artigos iniciais do na soluo do litgio favoravelmente a um dos
cdigo, como forma de manter coerncia com a contendores; impe-se que seja idntica
profisso de f feita pelo legislador em relao imparcialidade que se exige do magistrado).
aos princpios fixados em sua parte introdutria. A autonomia da vontade figura
O art. 165, caput, prev a criao de tambm na referida norma legal, representando
Centros Judicirios de Soluo Consensual o respeito que se deve ter vontade das partes
de Conflitos nos Tribunais que, alm de se na confeco do acordo ou mesmo o seu
responsabilizar pela marcao de sesses e desejo de no se submeter ao procedimento
audincias, tm a incumbncia de desenvolver da mediao ou conciliao; confidencialidade
programas para estimular a autocomposio. (como consequncia do prprio nome,
O seu 1 prev que os Tribunais definiro essencial na atuao do conciliador/mediador,
a organizao e composio dos Centros, pois a publicidade das tratativas fator de
observadas as normas do Conselho Nacional de inibio para que se chegue ao objetivo da
Justia CNJ. composio, exceo quanto s questes de
O 2 do mesmo artigo trata do ordem pblica, crimes, etc. - 1 do art. 166.
conciliador, fixando os casos e as caractersticas O 2 trata de mais uma exceo em que a
do litgio objeto de sua atuao e, fiel extenso testemunha est escusada de depor).
de seu papel, permite que apresente soluo A oralidade e a informalidade so
para a controvrsia. A vedao de se fazer uso complementares na medida em que as questes
do constrangimento e intimidao para que seja mencionadas sem o respectivo registro,
41
Mediao
Artigos
42
Mediao
Artigos
Nelson Nery e Rosa Nery lembram trabalhista, que tem itinerrio procedimental
que, no Cdigo de tica dos Conciliadores/ prprio, inclusive porque a realizao da
Mediadores Judiciais, art. 7 do Anexo III da Res. audincia em que se tentar a conciliao
125/2010 do CNJ, o conciliador e o mediador independe da vontade das partes. Nada
ficam absolutamente impedidos de prestar impede, todavia, que sejam utilizados aspectos
qualquer servio profissional aos envolvidos em da regulamentao da audincia de conciliao/
processo de mediao sob a sua conduo, por mediao prevista no Novo CPC, como, por
prazo indeterminado, mas que agora, por fora exemplo, a pena imposta s partes pelo no
da hierarquia das normas, h de prevalecer o comparecimento injustificado.
prazo previsto no Novo CPC. 18 A designao das audincias ocorrer
O art. 173 trata da excluso do caso no estejam presentes os bices previstos
quadro de conciliadores e mediadores, com em seu caput e que seja de interesse das partes,
apurao em processo administrativo, nas registre-se ambas as partes, pois o desinteresse
hipteses de culpa ou dolo na conduo do de apenas uma delas no inviabiliza a realizao
procedimento ou quando infringir o princpio da audincia.
da confidencialidade, bem como atuar quando O conciliador ou o mediador, onde
esteja impedido ou suspeito, com a previso da houver, atuar necessariamente nessas
hiptese de seu afastamento at a instaurao audincias, admitindo-se a realizao de mais
do referido processo. de uma audincia.
A criao de cmaras de mediao O 8 prev multa para ambas as
e conciliao no mbito administrativo e at partes, com base de clculo diversa, e o no
mesmo a promoo e acelerao de termo de comparecimento injustificado audincia
ajuste de conduta tm previso no art. 174. considerado como ato atentatrio dignidade
O art. 175 abre a possibilidade de outras da justia. H uma aparente incongruncia
formas de conciliao e mediao extrajudiciais na leitura conjugada dos 3 e 8 do art.
regulamentadas por legislao especfica, como 334, pois, se a intimao do autor, de forma
tambm a aplicao da regulamentao contida imperativa, ser feita na pessoa de seu
no CPC s cmaras privadas de conciliao e advogado, como ele (autor) poder ser apenado
mediao. pelo no comparecimento audincia visto que
Cabe tambm mencionar a atuao a intimao no pessoal.
dos conciliadores e mediadores nas audincias As partes devem estar acompanhadas
de conciliao previstas no art. 334, obrigatrias de advogado, podendo constituir representante
pela dico do referido dispositivo legal. por meio de procurao especfica, com poderes
A rigor pode-se dizer que esse para negociar e transigir. Aqui me parece que
dispositivo no tem aplicao ao procedimento com atribuies semelhantes s do preposto na
Justia do Trabalho, porm, mais reduzidas, mas
com capacitao para se chegar transao.
18 NERY JNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria Para Didier, na mesma linha do
Andrade. Comentrios a Cdigo de Processo Civil. So
entendimento supra, o advogado pode atuar
Paulo: Ed. Revista dos Tribunais 2015, p. 651.
43
Mediao
Artigos
nessa condio, o que no se confunde com relevncia que o legislador d tica na atuao
as atribuies de preposto que tem funes dos mediadores/conciliadores.
processuais mais amplas, como depor pela Em termos de processo do trabalho,
parte, no incorrendo na vedao do art. 34 do pode-se dizer, com Homero Batista Mateus da
Cdigo de tica da OAB, porquanto no exerccio Silva,20 que impossvel a prtica da mediao
de atividades tpicas da advocacia, como a na Justia do Trabalho por parte do juiz. No
negociao e assinatura do termo de acordo. 19 entanto, possvel superar alguns bices
A autocomposio ser reduzida a com uma maior aproximao entre juiz e
termo e homologada por sentena, devendo jurisdicionado e tambm em razo da matria
ser respeitado o intervalo de 20 minutos na sua com a qual obrigado a lidar, de conotao pr-
designao ( 11 e 12). judicial.
No se trata, portanto, na linha de
CONCLUSO raciocnio adotado por Homero Batista, de
qualquer disparate a utilizao de tcnicas de
Indiscutivelmente a previso da mediao pelo juiz do trabalho nas hipteses
mediao/conciliao no Novo CPC, com o em que a lei prev a sua atuao com equidade,
espao normativo a elas atribudo, representa como tambm deve despertar o interesse
uma evoluo no tratamento das formas das partes para a conciliao e fomentar a
de soluo do conflito e uma mudana de cooperao.
paradigma quanto exclusividade ou pelo menos A realidade brasileira necessita
ao papel de destaque que tradicionalmente se dessa intermediao, como afirma o referido
emprestava soluo jurisdicional. autor, dada a escassez de espaos de dilogo
Alm de fazer parte obrigatoriamente e a abundncia de rudos na relao capital
do procedimento, com audincia de conciliao e trabalho, com a necessidade de que sejam
ou de mediao, a mediao e a conciliao estabelecidas pontes de comunicao.
passam a ter regulamentao especfica,
inclusive quanto forma de atuao dos REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
mediadores e dos conciliadores, o que, de resto,
presta reverncia s normas fundamentais do DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual
Cdigo, (arts 1 a 12), em que se tem inscrita a Civil: introduo ao direito processual civil,
soluo consensual dos conflitos como objetivo parte geral e processo de conhecimento. 17.
primordial do processo. Ed., Salvador: Ed. Jus Podium, 2015.
A previso de princpios informadores
de atuao do mediador e conciliador um DUBUGRAS, Regina Maria Vasconcelos. A
aspecto da maior importncia na normatizao
sobre o tema, porquanto deixa evidenciada a
44
Mediao
Artigos
45
Mediao
Artigos
MEDIAO EXTRAJUDICIAL:
O CONFLITO PELO DIREITO E PELO AVESSO
46
Mediao
Artigos
ou costume na cultura de soluo dos conflitos? Quando Aristteles, antes de tantos, falou
Que entraves ela encontrar para a realizao de um processo complexo do amoldamento das
de seus propsitos assumidos como sendo regras em abstrato a uma realidade cheia de
legtimos pela CPC/2015? nuances, ele cuidava do processo de decidir,
mas tambm, inadvertidamente talvez, de
O TECIDO DO DIREITO todos os processos de superao da cena do
conflito.
Para Aristteles, o encontro do justo em Diferentemente do escopo limitado do
cada caso no se faz mediante uma armao processo judicial, a mediao admite (exige
lmpida, mas pela descoberta do ponto mdio a mesmo) a deduo de mgoas, de dissensos, de
partir da apreenso de variveis que se expem incmodos, mal-estar recproco, palavras ditas a
de forma arestosa e irregular. A melhor justia esmo, porque tudo isso pode romper o ritmo do
decorre da medio de circunstncias por conflito e direcionar as partes para uma tessitura
uma rgua malevel2. Para encontr-la, pode argumentativa mais conciliatria. Na mediao,
ser necessrio um terceiro precipuamente portanto, medem-se escalas da vida, pelas vozes
identificado com a figura do juiz, mas que que debatem com profundidade muito maior
tambm pode ser um ator qualquer que do que se apresenta para o percurso adversarial
propicie a (inter)mediao dos interesses e do processo com as pretenses deduzidas pelas
que promova a descoberta da mediana num partes em exerccio de contraditrio.
processo de acertamento de diferenas que Nada simples, porm. Ainda que
muito raramente se resolvem numa equao de no haja dvida sobre a qualidade maior da
proporcionalidades aritmticas. mediao sobre a soluo imposta pela deciso
A mediao sempre se d pela apropriao do Poder Judicirio, a qual ainda deve se
dialtica dos elementos recuperados e avaliados submeter lentido da execuo compulsria,
da histria das partes, transportada para o ele no representa um automtico na
presente. Na geometria do conflito, igualar as assimilao pelos atores do conflito no Brasil.
propores demanda um denominador comum As dificuldades vo desde o desconhecimento,
que no dado pelo acaso. Ele se molda na ao volume ainda pequeno dos agentes capazes
reconstruo argumentativa da histria, na de realizar a mediao, ao excesso de pessoas
ponderao de circunstncias pela dialtica que que vivem do conflito. Finalmente, no h como
se produz nas idas e vindas do (re)conhecimento discernir com preciso se a mediao atinge,
do conflito. Em outras palavras, ele se baseia preponderantemente, os conflitos judicializados
na reconstruo pela narrativa do conflito ou judicializveis, ou se ela abarca aqueles que
embebida nas dimenses da compreenso sequer chegariam ao mbito da Justia, tudo a
equitativa. Assimiladas pelas partes no convvio depender de uma anlise que no verse apenas
orientado pelo mediador. a quantidade, mas que abrange a qualidade dos
agentes responsveis pela mediao.
Voltar a Aristteles, portanto, significa
apenas reafirmar a ancestralidade da questo,
2 Cf. ARISTTELES, 2002, p. 159-160.
47
Mediao
Artigos
48
Mediao
Artigos
49
Mediao
Artigos
50
Mediao
Artigos
Judicirio funcione bem, mas de considerar que comunidade8 lidem com questes como
a adeso ao novo sistema proposto depender ameaas de despejo e brigas entre vizinhos,
muito dos resultados que ele oferecer e do sem que os casos precisem chegar Justia 9.
modo como isso for sendo absorvido como Outro objetivo seria solucionar conflitos com
uma modelo de vivncia da cultura jurdica de empresas prestadoras de servio 10.
soluo de conflitos. Ainda que possa haver treinamento dos
Aos pesquisadores do direito, cabe mediadores pelo Tribunal de Justia, o centro
discutir a experincia e conhec-la na medida para mediao de conflitos um exemplo de
em que ela for se assentando. espao para a busca de soluo extrajudicial.
A inaugurao do espao, com a presena
A MEDIAO EXTRAJUDICIAL de autoridades pblicas, corrobora o esforo na
ideia de internalizao de uma nova cultura na
No jornal de um domingo, 27.12.2015, soluo dos litgios. No h como negar, porm,
foi manchete num canto de pgina final do a explorao da imagem do centro de mediao
primeiro caderno: Prefeitura entrega centro como se o ato de inaugurao fosse suficiente
para mediao de conflitos. Em cima dela, h para deflagrar a funcionalidade do espao para
uma foto onde esto, sorridentes, o Prefeito os fins previstos. A visibilidade, transfundida
do Rio de Janeiro (Eduardo Paes) e o Secretrio em propaganda para os agentes pblicos,
Municipal de Habitao e Cidadania, Srgio no significa o fornecimento adequado do
Sveiter, que teria dito: servio prometido e, principalmente, que as
pessoas sejam atradas pela promessa e por sua
- Os moradores vo resolver no s os concretizao.
seus problemas em relao s pessoas
O centro de mediao atende o
daqui [do Morro da Coroa, no Catumbi],
sentido prefigurado no art. 175 do CPC/2015,
mas tambm em relao a empresas. Aqui
tem uma problemtica muito grande com que explcito no sentido de que no se
a Light e a Oi. Uma vez que os mediadores excluem outras formas de conciliao e
forem treinados pelo tribunal, passam a mediao extrajudiciais vinculadas a rgos
ter um diploma, e o que for resolvido aqui,
institucionais ou realizadas por intermdio de
depois de assinado, ter valor legal junto
profissionais independentes, que podero ser
Justia7.
regulamentadas por lei especfica; ressalva no
pargrafo nico a aplicao dos dispositivos no
O Centro Municipal de Mediao que couber, s cmaras privadas de conciliao
Comunitria do Rio, cuja primeira unidade e mediao.
essa do Morro da Coroa, foi criado com a Mas preciso enfrentar com muita
pretenso de que mediadores da prpria
51
Mediao
Artigos
coragem o risco de a ideia no pegar como uma a um melhor modo de resolver conflitos.
soluo absorvida pela prtica e pela cultura. Vem-me sempre lembrana o escritrio
Uma lei nova, como o CPC/2015, carrega multidisciplinar que as amigas montaram na
muitas promessas, cuja realizao depende de dcada de 90 para a soluo extrajudicial de
uma assimilao espontnea do seu contedo conflitos, especialmente os de famlia, e o fato
e de um uso que se faa naturalmente. de elas no terem clientes. Os advogados no
Bons resultados so um chamariz. Correo aceitavam bem a ideia de perder o cliente. As
nos agires tambm. Rapidez essencial. partes no tinham acesso informao sobre
Ausncia de artificialismo e de procedimentos sua existncia.
burocratizantes so fundamentais. Por isso, H um tipo de demanda, em que h
o porvir das projees das perspectivas necessidade de formalizao judicial dos
antecipadas pelo Cdigo se faro no tempo e na resultados, que podem ser magnificamente
disperso variada dos espaos. O direito deve acertados pelos processos de mediao. Os
enfrentar esse cenrio de muitas variantes. problemas ligados a divrcios e sucesso so
No caso da mediao extrajudicial, para exemplares.
que realmente haja uma representatividade Um conhecido narrou a histria da
na conteno do volume das demandas, seria famlia de muitos irmos que vem passando
necessria a certeza de haver espaos de necessidades porque no consegue resolver o
mediao acessveis, com nmero suficiente de inventrio dos pais. H um litgio fomentado
pessoas bem formadas, que pudessem acolher, por um deles, que faz com que todos vivam
de forma legtima e eficiente, as partes que a incerteza quanto ao status econmico da
normalmente se dirigiriam aos rgos do Poder famlia. Enquanto no se acertam, os bens
Judicirio. Seria necessrio ainda que tanto desvalorizam e o inventrio fica mais caro.
as partes, como os advogados assimilassem Pode-se dar formalmente a indicao de que
bem essa possibilidade do tratamento dos uma mediao seria ideal ou, no simples dos
conflitos. Tudo est a depender do resultado: fatos, que eles deveriam se reunir para tentar
para as partes no acerto dos problemas, para resolver suas pendncias, deveriam todos falar
os advogados com a abertura de novos campos sobre elas, armados de um conhecimento
no mercado de trabalho. No se pode ser prvio da dimenso jurdica relevante das
ingnuo a imaginar que, num mbito de tanta questes. No entanto, a mera possibilidade de
concorrncia pelo xito profissional, a opo por partir para uma outra perspectiva de acerto no
no litigar decorra de razes meramente ticas. bem assimilada porque ela no tem lastro na
H tambm, de um ponto de vista da retrica cultura que vivenciam.
da litigiosidade, o alerta que pe em dvida sempre interessante ver a posio
a definitividade do acerto pela mediao. A do CPC/2015 toda voltada para a soluo
possibilidade de litigar e de recorrer ao Poder negociada, quando se tem como contraponto
Judicirio, tornando provisrio tudo que de comparao a experincia do direito e do
no tenha a eficcia da coisa julgada, um processo do trabalho.
empecilho que deve ser suplantado pela adeso Ainda que se referindo apenas
52
Mediao
Artigos
53
Mediao
Artigos
demonstram, com o relato das experincias, E nesse ponto que cabe tocar no aspecto
uma base metodolgica que os conduz apontado para razo principal para o incentivo
procedimentalmente e que tem as seguintes da soluo negociada: Ser que a mediao,
premissas nas quais se baseiam para as opes especialmente a mediao extrajudicial, pode
argumentativas: a) o poder do entendimento, funcionar como uma barreira para o excesso de
que abrange a compreenso da matria ftica e litigiosidade?
da matria jurdica discutida muitas vezes para Num pequeno artigo, publicado em
o aclaramento em dois momentos distintos do 2000, Franois Ost prope, desde o ttulo,
percurso da mediao; b) a responsabilidade das uma indagao: Excesso de direitos, abuso
partes (e de seus advogados, se for o caso) nas processual? E, para expor o que ele chama
manifestaes e assunes; c) a importncia do de religio jurdica e culto do processo,
trabalho conjunto (working together) optando suscita uma avaliao de contingncias que
pela discusso conjunta e compartilhada em passa pela descrio (onde expe aspectos
todas fases em vez de sucessivos encontros quantitativos apurados quanto ao volume de
separados tendo o mediador como tradutor das processos), pela explicao e pela avaliao15.
expectativas; d) o descobrimento do que est Ao elencar as razes do problema, refere-se ao
no substrato do nvel visvel em que as partes papel desempenhado pelos legisladores, com a
experimentam o conflito.12 inflao de direitos e de aes, criadas nas leis,
Eles ressaltam a diferena em relao ao em grande medida abertas interpretao e ao
processo judicial que est no fato de o processo preenchimento dos juzes16, os quais tambm
da mediao escapar da argumentao respondem pelo problema, na medida em que
polarizada entre certo/errado, ganhar/perder13. alimentam a litigiosidade ao darem solues
A distino mais relevante, porm, est na pedaggicas e que implicam a formulao de
sobreposio da ideia de adeso sobre a da regras muito gerais17.
coero, que s enunciada quando se avaliam Mas, quando se analisa o quadro em
riscos jurdicos de parte a parte14. projeo para a mediao extrajudicial,
A dvida que vem do livro, cuja interessam dois aspectos levantados que,
abordagem faz da leitura uma experincia segundo Ost, seriam um trivial e outro
bastante agradvel, est em imaginar que especulativo:
aquela experincia possa se espraiar como algo
regular ou corriqueiro e mesmo prefervel Trivial: seria impertinente (mesmo
quando a interrogao frise a
tradio, ainda que vivenciada sob o espectro
impertinncia) sugerir que o aumento
da morosidade e da ineficincia da soluo considervel do nmero de advogados
judicial. se relacionaria com o superconsumismo
54
Mediao
Artigos
55
Mediao
Artigos
pode ser confundido nem com o juiz, nem com com a conscincia de que o drama humano
advogado que se compara ao pirmano que e suas solues oscilam entre a tragdia e a
controla um incndio. Cumpridas as projees, comdia. E a conscincia disso pode permitir
dele se espera uma atuao que ponha os certa inventividade e imaginao para a atuao
litigantes na trilha da reconstruo de suas dos vrios grupos que vo se dedicar mediao
vidas. dentro das necessidades e das possibilidades da
O cronista repara que h muitos filmes realidade deste pas.
sobre divrcios e quase todos so comdias 20:
O AVESSO DO AVESSO DO AVESSO
Creio que isso acontece porque aquilo que
nos parece um drama insuportvel quando
H elementos da experincia brasileira
somos ns a viv-lo, parece a quem est de
que apontam para um outro cenrio de
fora uma comdia mais ou menos estpida,
mais ou menos incongruente, mais ou mediao. Um artigo resume com bastante
menos chata, mais ou menos extravagante. proficincia o uso da mediao mais como
Mas sempre uma comdia 21. uma intermediao, pela formao de redes
para a soluo de questes junto a rgos
Essa reflexo sobre o conflito, pblicos. No se trata simplesmente de
relativizando-o na comparao com outros restabelecer a comunicao entre pessoas que
eventos da vida cotidiana, e transportando-o no conseguiam enxergar a extenso de seus
para a esfera de outra relao correlata, problemas, mas de dar conhecimento e meios
um caminho muito apropriado no circuito da para que os interessados cheguem soluo de
mediao. E conclui: conflitos para o que imprescindvel a gesto
de interesses junto a rgos pblicos os mais
Moral da histria: em caso de divrcio
diversos. Num breve relato sobre a experincia
tente olhar para todo o processo a partir
do Programa Plos de Cidadania, todos os
de fora. Lembre-se do que dizia Charles
Chaplin: A vida uma tragdia quando exemplos implicam essa abertura de canais,
vista de perto e uma comdia quando vista essa intermediao junto a rgos pblicos,
de longe22. seja para formalizar guarda de crianas, seja
para dar incio a investigao policial23.
A mxima de Chaplin talvez sirva para Pode-se falar num efeito benfazejo da
dar o necessrio tom crtico s expectativas mediao, nesses casos, que dar s partes
muito ingnuas de assimilao dos processos ou aos interessados um poder que decorre do
de mediao, sem que haja a experincia conhecimento de sua situao jurdica, ou seja,
disseminada de seu uso, em substituio ao
litgio. preciso observar o cenrio de longe,
23 ORSINI, Adriana Goulart de Sena; SILVA,
Nathane Fernandes da. A mediao como instrumento
de efetivao dos direitos humanos e de promoo da
20 AGUALUSA, 2016, p. 2.
cidadania. Disponvel em: <http://www.publicadireito.
21 AGUALUSA, 2016, p. 2. com.br/artigos/?cod=92262bf907af914b>. Acesso em:
22 AGUALUSA, 2016, p. 2. 18.fev.2016.
56
Mediao
Artigos
da forma como se d o encontro em sua vida Essa normalmente a introduo para algo
dos vetores de juridicidade a prever direitos, complicado. Na pergunta estava o marido da
deveres, faculdades. Esse saber permite irm dela que queria trazer a amante e a filha
parte decidir sobre si. E essa uma esfera da que tiveram para morar em casa deles. E a
mediao que decorre da pedagogia do direito. mulher dele, a irm da consulente, estava com
Ela no est no registro dos livros especializados a autoestima baixa, achando que deveria ceder.
com casos de grande monta, de significativa Dali a alguns dias, chega ela de manh com
repercusso financeira ou existencial. nova interrogao. Dessa vez era a me idosa
Est ali na miudeza dos dias e num estado que fizera uma permuta de imvel no longe da
de mediao que pode se fazer num canto de terra em que nascera e a troca era por um bem
rua quando algum pergunta a outrem o que pior. No tinha fruta. S branquiara.
acha de certo problema. Nos dois casos, a soluo jurdica fcil,
Ainda que no se presuma que isso se arrolada em artigos de lei e em conceitos.
deva acontecer em um lugar especfico, como Sabe-se como comear o litgio, como fazer
uma resposta ideia do CPC/2015 de alastrar a petio, quais os requisitos, as presunes,
a experincia da soluo negociada, isso o que procurar na lei e na forma do processo.
representa um empoderamento que pode Mas, ao ouvir essas histrias e as dos porteiros,
permitir pessoa um domnio maior sobre das faxineiras, de todas as pessoas que cruzam
sua posio diante dos outros na famlia, no o dia, h sempre um desassossego da soluo
trabalho, na cidade, perante os rgos pblicos, pelo muito procedimento, pelo muito papel,
perante as empresas. pelo muito aonde ir para atingir as propostas
No comum dos dias, no corriqueiro deles, formais.
a mediao pode ser ou um meio que se impe Pode-se perder alguns minutos e explicar
no curso dos acasos para estimular as pessoas riscos, possibilidades, modelos formais de regra.
soluo dos prprios conflitos. Ele propaga- Pode-se perder alguns minutos e explicar as
se na informalidade invisvel dos processos variveis, dizer o que inegocivel, enfatizar os
pelos quais se municiam os interessados com o absurdos e, assim, devolver a pessoa ao cerne
conhecimento do direito e com a reflexo sobre dos problemas para o exerccio da conversa.
sua vida. No preciso dar aula. No preciso Pode-se estimular o consulente a conversar.
um cenrio montado em que se d a cada um Dizer irm que ela vale mais do que isso tudo e
o seu papel: mediador, partes, advogados. Nos que ela tem que dizer no quele marido. Dizer
encontros casuais em torno dos conflitos e dos pessoa que trocou o imvel como se sentiam,
direitos, esto as pessoas com quem dividimos como a me era idosa e no pode decidir isso
o dia a dia (o porteiro, a faxineira, a cozinheira, sozinha, como a troca prejudica a famlia.
o garom). Elas normalmente querem soluo, Passadas algumas semanas, pode-se criar
querem resolver um problema, um conflito. coragem de voltar ao problema e perguntar o que
Pode ser hoje uma lembrana de algum aconteceu. A resposta pode focar o resultado de
que cortou uma manh, com o chamado uma ao efetiva. Uma conversa com o marido
para a dvida: Posso fazer uma pergunta? da irm que expe o conhecimento dos fatos
57
Mediao
Artigos
Referncias bibliogrficas
58
Mediao
Artigos
Mayara de Carvalho
Doutoranda em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. Mestra em Cincias Jurdicas
pela Universidade Federal da Paraba. Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande
do Norte. advogada e professora, com formao e pesquisa em resoluo de conflitos.
59
Mediao
Artigos
60
Mediao
Artigos
61
Mediao
Artigos
62
Mediao
Artigos
estratgico do advogado como ferramenta para dos advogados estimula a busca pelos mtodos
obter sucesso no julgamento. Para ele: autnomos de resoluo de conflitos. Para
ele, a nova proposta que o processo judicial
[...] volta baila a necessidade de seja considerado como a ltima opo para os
equilibrar valores e dimensionar reaes. O
litgios12.
combativo que no seja profissionalmente
Na mesma trilha, Julie Macfarlane
preparado desordena o processo e pe a
perder justas pretenses do constituinte. O assevera que a despeito da centralidade da
cordato que no seja enrgico permite que advocacia contenciosa no imaginrio popular,
a sorte dos interesses diretos do cliente seja atualmente comum um advogado de um
conduzida pelo advogado do adversrio e
escritrio de advocacia ter pouca ou nenhuma
pelo juiz que ficou exposto a postulaes e
experincia em processos judiciais13.
argumentos vindos de um s10.
Adriana Sena refora esse entendimento
ao exteriorizar suas crticas ao fenmeno da
Entretanto, caso seja assimilado o
judicializao:
fenmeno que aconteceu em outros pases, a
tendncia de que os rightswarrior, ou seja,
A Justia aparece como ltimo refgio
os advogados beligerantes percam espao para de um ideal democrtico desencantado;
os profissionais qualificados para solucionarem procura-se a Justia como uma muralha
conflitos por outros mtodos. Paul Carrington contra o desabamento interior, com
reconhece que o que as pessoas trazem ao os juzes chamados a preencher uma
funo clerical, abandonada pelos
tribunal todo o resto da nossa vida nacional
antigos titulares. Surge uma sociedade de
e comunitria, falsidade, avareza, brutalidade, litigantes, onde no se tenta resolver as
preguia e negligncia so os materiais com os questes extrajudicialmente. A democracia
quais trabalhamos11. gera o paradoxo de fragilizar os laos
Pases com experincias democrticas sociais, onde cada cidado libera-se de
seus magistrados naturais e entrega o
mais consolidadas, como Inglaterra, Frana e
destino de tudo ao juiz estatal14.
Canad, tm adotado as formas autnomas de
resoluo de conflitos: como a negociao, a
O Cdigo de Processo Civil est em
conciliao, justia restaurativa e a mediao,
sintonia com esses entendimentos ao dedicar
que tm prevalecido sobre a adjudicao judicial.
norma fundamental determinando ao Estado a
Um dos fatores determinantes, apontados pelo
promoo da soluo consensual de conflitos.
ingls Neil Andrews, econmico.
O alto custo do processo, o tempo de
durao, bem como a elevada remunerao
12 ANDREWS, p. 32
13 MARCFARLANE, Julie. The new lawyer how
settlement in transforming the practice of law.Vancouver:
UBC Press, 2008, p. 1
10 Apud, MATTOS, Leonardo Nemes de. O poder 14 ORSINI, Adriana Goulart De Sena Rev. Trib.
do advogado na conduo do processo civil: propostas Reg. Trab. 3 Reg., Belo Horizonte, v.46, n.76, p.93-114,
para ampliao. Tese de Doutorado. USP, 2009, p. 89 jul./dez.2007. Disponvel em: <http://www.trt3.jus.br/
11 Apud, ANDREWS, Neil. O moderno processo escola/download/revista/rev_76/Adriana_Sena.pdf>.
civil. So Paulo: RT, 2010, p. 247 Acesso em: 30 jun. 2016.
63
Mediao
Artigos
64
Mediao
Artigos
65
Mediao
Artigos
66
Mediao
Artigos
jurdica, mas a animosidade entre os envolvidos solucionar o conflito com tica, promovendo
no conflito perdura. A consequncia da no a cidadania, contribuindo para a efetivao
soluo do conflito , por muitas vezes, de direitos e reduo de desigualdades, e
vivenciada pelo retorno das partes ou apenas para assim, promover a justia e assegurar a
uma delas ao Judicirio. liberdade.
Para se evitar a judicializao
permanente, o advogado deve oferecer ao REFERNCIAS
cliente a opo pelos mtodos consensuais mais
geis, econmicos e socialmente construtivos. BARBOSA MOREIRA, Jos Carlos. O futuro da
preciso trabalhar com o olhar voltado a uma Justia: alguns mitos. In: ______. Temas de
soluo adequada. Direito Processual. 8 Srie. So Paulo: Saraiva,
O dever de cooperao, estipulado 2004. p. 1-14.
no art. 6, do CPC/2015, impe ao advogado
a participao para contribuir para o bom CALAMANDREI, Piero. Il processo come giuoco.
andamento do processo, facendo si chequalsiasi Rivista di diritto processuale. Anno V, n. 1,
processo si svolga nelcontraddittoriotrale parti, Padova, 1950. p. 3-31.
in condizionidiparit, davanti a giudiceterzo
e imparciale, com garanzie legali di CARVALHO, Jos Murilo de. Cidadania no Brasil:
ragionevoledurata24. o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilizao
A atuao colaborativa, destina-se brasileira, 2012.
a fazer com que os homens se falem, que
desenvolvam uma relao intersubjetiva sem COMMOGLIO, Luigi Paolo. Etica e tcnica del
giusto processo. Turim: G. Giappichelli, 2004
violncia, com que os desejos e s paixes,
incrustados nos stos do humano se COMMOGLIO, Luigi Paolo. Etica e tcnica del
exteriorizem25. giusto processo. Turim: G. Giappichelli, 2004,
A proposta de soluo autnoma significa p. 63.
uma ampliao da mentalidade, visando a
GAMBOGI, Lus Carlos Balbino. Direito: razo
pluralizar os mtodos para se almejar o acesso e sensibilidade as intuies na hermenutica
ordem jurdica justa. A adoo de prticas jurdica. Belo Horizonte: Del Rey, 2006, p.133.
adequadas ao caso especfico o mtodo mais FISS, Owen. Um novo processo civil: estudos
norte-americanos sobre jurisdiao, constituiao
democrtico, participativo e efetivo.
e sociedade. Sao Paulo: Revista dos Tribunais,
Logo, o advogado, reconhecendo- 2004.
se partcipe, atua construtivamente para
GAMBOGI, Lus Carlos Balbino. Direito: razo
e sensibilidade as intuies na hermenutica
jurdica. Belo Horizonte: Del Rey, 2006.
24 COMMOGLIO, Luigi Paolo. Etica e tcnica del
giusto processo. Turim: G. Giappichelli, 2004, p. 63.
25 GAMBOGI, Lus Carlos Balbino. Direito: razo GOLDSCHMIDT, James. Teora general
e sensibilidade as intuies na hermenutica jurdica.
Belo Horizonte: Del Rey, 2006, p.133. delproceso. Barcelona: Editorial Labor, 1936.
67
Mediao
Artigos
Coleccin Labor, Seccin VIII, Cienciasjuridicas, Apud, ANDREWS, Neil. O moderno processo
n. 386. civil. So Paulo: RT, 2010, p. 247
MARCFARLANE, Julie. The new lawyer how Comisso de elaborao do Novo Cdigo de
settlement in transforming the practice of law. Processo Civil busca a agilidade, a simplicidade
Vancouver: UBC Press, 2008 e a efetividade como seus princpios de ao.
http://solweb-5.tjmg.jus.br/audiencia/1_
MATURANA, Humberto; VERDEN-ZOLLER, reuniao.pdf
Gerda. Amar e brincar: fundamentos esquecidos
do humano. So Paulo: Palas Athena, 2004. NUNES, Dierle. STRECK, Lenio Luiz. CUNHA,
Leonardo Carneiro da (Coord.). Comentrios
ao Cdigo de Processo Civil. So Paulo: Saraiva,
MOORE, Christopher W. O processo de 2016, p. 43.
mediao. 2 ed. Porto Alegre: ARTMED
JUNIOR, Humberto Theodoro, Primeiras lies
ORSINI, Adriana Goulart De Sena Rev. Trib. Reg. sobre o NCPC. Forense, 2016, p.
Trab. 3 Reg., Belo Horizonte, v.46, n.76, p.93-
114, jul./dez.2007. Disponvel em: <http:// CNJ. Justia em nmeros. Disponvel em: <
www.trt3.jus.br/escola/download/revista/ http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/pj-
justica-em-numeros>. Acesso em: 01 jul. 2016.
rev_76/Adriana_Sena.pdf>. Acesso em: 30 jun.
2016.
68
Mediao
Artigos
1 VIANA, Mrcio Tlio. Conflitos coletivos do 3 BOFF, Leonardo. Apud Mrcio Tlio Viana, ob.
trabalho, in Presente e futuro das relaes de trabalho cit., p. 308.
- Estudos em homenagem a Roberto Arajo de Oliveira 4 Cincia que se dedica ao estudo aprofundado
Santos. Coord. Georgenor de Sousa Franco Filho; So do ser humano. um termo de origem grega, formado
Paulo, LTr, 2000, p.308. por anthropos (homem, ser humano) e logos
2 Ob. cit., p. 309. (conhecimento).
Doutor e mestre em direito das relaes sociais pela PUC-SP; Professor da UFRN
e do Damsio, Desembargador do TRT da 21a Regio; Membro da Academia
Brasileira de Direito do Trabalho e do Instituto Brasileiro de Direito Processual
IBDP.
69
Mediao
Artigos
70
Mediao
Artigos
as questes do tempo e do custo do processo7, sua pretenso; quais os caminhos para que se
se todo aquele que tivesse um direito material resolva o conflito?
violado batesse s portas da jurisdio estatal, Quando surge um conflito, conforme a
ocorreria o fenmeno da multiplicao das lio de Arajo Cintra, Grinover e Dinamarco,
aes judiciais no pas. Basta pensarmos, a sua eliminao pode-se verificar por obra
e.g., o frequente desrespeito aos direitos do de um ou de ambos os sujeitos dos interesses
consumidor. conflitantes ou por ato de terceiro. Na primeira
Eis que surge o instituto da mediao, hiptese, um dos sujeitos (ou cada um deles)
consistente na participao de um terceiro, consente no sacrifcio total ou parcial do
em prol de uma autocomposio, ou seja, da prprio interesse (autocomposio) ou impe
soluo negociada, excluda a provocao da o sacrifcio do interesse alheio (autotutela). Na
jurisdio estatal. Seria como uma briga entre segunda hiptese, enquadram-se a defesa de
vizinhos que se resolve sem que um precise terceiro, a conciliao, a mediao e o processo
entrar na justia contra o outro, mas o acordo (estatal ou arbitral).8
decorre da intermediao de um amigo comum, Sob uma vertente mais didtica, costuma
que age como facilitador, at mesmo para que se relacionar as seguintes formas de soluo
haja a reunio entre os contendores. dos conflitos: 1) Jurisdio estatal: resoluo do
Na esteira da preocupao com o conflito mediante uma ao que ser julgada
crescimento das demandas judiciais e do pelo Poder Judicirio; 2) Arbitragem (para
estrangulamento do poder Judicirio, uma alguns jurisdio privada): tcnica de soluo
estrutura cada vez mais hipertrofiada e de difcil de conflitos por meio da qual os conflitantes
funcionamento, veio a Lei n. 13.140/2015, com aceitam que a soluo de seu litgio seja decidida
uma minuciosa regulamentao da mediao por uma terceira pessoa, em tese da confiana
no Brasil. Recebida sob aplausos, aps rpido
de ambos; 3) Autotutela: soluo imposta, por
(?) debate decidiu o legislador que tal lei no se
meio da fora, geralmente de ordem fsica, por
aplicaria, como de resto o instituto da mediao
um dos litigantes contra o outro; 4) Conciliao:
j no se aplicava (?), aos conflitos trabalhistas.
ocorre quando um terceiro (conciliador) atua
Qual o porqu disso? Isso bom ou mal?
como intermedirio entre as partes tentando
facilitar o dilogo a fim de que os litigantes
2. MECANISMOS DE SOLUO DOS
cheguem a um acordo; e 5) Mediao: tambm
CONFLITOS
ocorre quando um terceiro (mediador) se
coloca entre os litigantes e tenta conduzi-los a
Fulano quer algo de outrem e este no lhe
um consenso.
satisfaz; eis o conflito. Mas fulano persiste em
Preferimos, buscando uma construo
didtica, fazer primeiro uma classificao
antecedente. Os conflitos podem ser
7 Sem falarmos na dificuldade especfica de
acesso Justia do Trabalho, pois em estando empregado,
naturalmente o risco de ser despedido impede que o
trabalhador ajuze demanda, ainda que legtima, em face
de seu empregador. 8 Ob. cit., p. 22.
71
Mediao
Artigos
72
Mediao
Artigos
judicial, s partes facultado conciliar. Tal luz do NCPC, est apenas na tcnica que
conciliao exige, para a sua validade, sentena empregada.
homologatria. Na Justia do Trabalho, se for Na realidade, a conciliao, em sentido
em sede de dissdio coletivo, ainda que as partes lato, o resultado da composio amigvel
conciliem na primeira sentada, imediatamente, entre as partes em litgio, o que pode ocorrer
faz-se necessria sentena normativa que extra ou judicialmente, como sob a facilitao
homologue, se for o caso, os termos da de magistrado ou de outrem.
conciliao. A conciliao homologada equivale Uma vez a conciliao ocorrendo j
a uma sentena com trnsito em julgado, tanto instaurado o processo judicial, resta claro que
que, para desconstituir termo de conciliao o acordo homologado consubstancia hiptese
homologado, requer-se ao rescisria.10 de heterocomposio. Se a composio
J na perspectiva da conciliao construda ocorre antes ou fora do juzo, sem interveno
no sob a vista do juiz mas a partir da figura do Estado-Juiz, teremos hiptese de
do conciliador, central no mbito dos juizados autocomposio. Mas, e a mediao, onde se
especiais cveis, tem-se regime diverso. situa?
No Novo CPC, a conciliao regulada H quem diga que a mediao
pelos art. 165 a 175. Destarte, j o art. 165, seja autocomposio, h quem a afirme
2 e 3, do NCPC, prev diferenas entre heterocomposio.11
conciliao e mediao, na medida em que o A nosso ver, o conciliador, e eventualmente
conciliador tem uma participao mais ativa no o juiz, agem como mediadores. Quanto ao
processo de negociao, atua preferencialmente magistrado, para que ele atue, pressupe-
nos casos em que no houver vnculo anterior se que haja um processo em juzo, pelo que a
entre as partes e sugere solues para o litgio. conciliao implicar em heterocomposio.
J o mediador auxilia as partes a compreender O conciliador previsto no digesto processual
as questes e os interesses em conflito, de civil, por igual, atuar em juzo, pelo que o
modo que eles possam, pelo restabelecimento consenso ser endoprocessual e estabelecer
da comunicao, identificar, por si prprios, heterocomposio.
solues consensuais que gerem benefcios Portanto, a genuna mediao aquela
mtuos; atua preferencialmente nos casos em que ocorre sem que tenha se feito necessrio
que houver vnculo anterior entre as partes; e o ajuizamento de ao judicial, portanto
no prope solues para os litigantes. Portanto, consistindo em tcnica autocompositiva de
a diferena entre mediao e conciliao, conflitos. o caso de uma mesa redonda na
Superintendncia Regional do Trabalho, onde o
auditor atua como facilitador e cujo resultado
de sua atuao exitosa consiste na elaborao
10 Na esfera trabalhista a Smula n. 259 do C. TST
categrica: Termo de conciliao - Ao Rescisria. S por
ao rescisria atacvel o termo de conciliao previsto
no pargrafo nico do artigo 831 da Consolidao das
Leis do Trabalho." 11 Posio de Arajo Cintra, Grinover e Dinamarco,
conforme exposto no captulo 2.
73
Mediao
Artigos
74
Mediao
Artigos
75
Mediao
Artigos
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
76
Mediao
Artigos
78
Mediao
Artigos
79
Mediao
Artigos
estreita relao entre ela e a regulao sentimentos, conforme explica Luiz Warat6.
processual, estabelecendo-se assim os rumos importante ressaltar que a mediao
a serem tomados, com a finalidade de impedir um meio eficaz na resoluo dos conflitos,
polarizaes que possam considerar a mediao no entanto, no serve como um facilitador do
como sendo uma justia de segunda classe, ou acesso justia e nem como remdio para a
como forma de conteno dos casos e correo ineficcia da administrao pblica7.
das insuficincias que chegam ao Judicirio. Nesse vis, tem-se que no cabe
Conforme observado por Daniela mediao efetuar cortes temporais ou a busca
Monteiro Gabbay, o discurso de combate pela verdade real, ela apenas colocar em contato
morosidade processual pela mediao (...), os conflitantes e facilitar a comunicao entre
no pode perder de vista que quando se abre eles, que devero ser cooperativos e, juntos,
uma nova porta aos conflitos, esta porta no buscarem a melhor soluo para seu caso, sem
apenas de sada (...), mas tambm de entrada que haja uma autoridade determinando o que
de novos conflitos5. devem ou no fazer.
Dessa forma, indispensvel o bom Um grande obstculo universalizao
funcionamento do Judicirio, tendo em que vista da mediao justamente no que tange
que a mediao coexiste de maneira autnoma, essa postura cooperativa das partes, que
desempenhando o papel de resoluo de no imbudas desse esprito colaborador,
conflitos de forma diversa, e no como uma impossibilitam a mediao, devendo o
simples alternativa ao processo tradicional. mediador relatar a impossibilidade de uma
Nesse sentido, importante observar soluo consensual naquele momento.
que, na mediao, as partes participam Alm do fato de que existem relaes que
de uma experincia relacional em que so simplesmente no podem ser resolvidas pela
protagonistas, sendo necessrio que haja a mediao, por falta de cooperao das partes,
cooperao e que as suas atuaes se deem existe ainda um problema mais grave.
de forma proativa e colaborativa, podendo-se, A utilizao da mediao tem sido
assim, inferir que nem todas as relaes so abordada como maneira de se concluir
mediveis e nem todos os conflitos humanos rapidamente processos, antes que eles venham
podem ser resolvidos de forma definitiva. a somar na j catica estatstica de acumulao
A Escola Transformativa da mediao
d nfase no resultado, na transformao
das partes, no objetivando o acordo, mas
6 WARAT, Luis Alberto. O ofcio do mediador, v. 1.
a transformao das pessoas e dos seus Florianpolis: Habitus, 2001.
7 PINHO. Humberto Dalla Bernardina de., ALVES.
Tatiana Machado. Novos desafios da mediao judicial
no Brasil: A preservao das garantias constitucionais
5 GABBAY. Daniela Monteiro. Mediao e a implementao da advocacia colaborativa.
e judicirio: condies necessrias para a Disponvel em <https://www.academia.edu/16597269/
institucionalizao dos meios autocompositivos de NOVOS_DESAFIOS_DA_MEDIAO_JUDICIAL_
soluo de conflitos. So Paulo, 2011. Disponvel em NO_BRASIL_A_PRESERVAO_DAS_GARANTIAS_
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2137/ CONSTITUCIONAIS_E_A_IMPLEMENTAO_DA_
tde-24042012-141447/en.php> Acesso em 26 jan 2016. ADVOCACIA_COLABORATIVA> Acesso em 27 jan. 2016.
80
Mediao
Artigos
81
Mediao
Artigos
pode ter aberto mais uma porta para a entrada REFERNCIA BIBLIOGRFICA
de demandas. Pois a mediao paralela
CANADO TRINDADE, Antnio Augusto.
e complementar ao judicirio, com lgicas
Derecho Internacional de los Derechos
prprias. A existncia de mltiplas formas de Humanos: esencia y trascendencia. Mxico:
soluo de conflitos no significa apenas a Editorial Porra, 2007
sada, mas tambm novas oportunidades de
FAORO, Raymundo. Os donos do poder:
entradas.
formao do patronato poltico brasileiro. 10.
Por sua vez, a prpria ideia de mediao ed. So Paulo: Globo, 2000. 2v.
no compatvel com celeridade processual
e nem se prope a isso. O mediador pretende GABBAY. Daniela Monteiro. Mediao
e judicirio: condies necessrias
a composio, a construo de uma soluo
para a institucionalizao dos meios
conjunta e que seja satisfatria a todos os autocompositivos de soluo de conflitos.
envolvidos. No se trata de simplesmente So Paulo, 2011. Disponvel em <http://www.
acelerar para que as partes entrem em um teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2137/tde-
24042012-141447/en.php> Acesso em 26 jan
acordo e acabem com a demanda (ideia
2016.
popularizada na conciliao), mas sim, de
uma construo conjunta da soluo que seria PINHO, Humberto Dalla Bernardina de. A
benfica para todos. mediao e a necessidade de sua sistematizao
no processo civil brasileiro. V.11 n.11, 2013.
Um processo complexo como o da
Disponvel em <http://www.e-publicacoes.uerj.
mediao no pode ser apressado ou acelerado br/index.php/redp/article/view/18068> Acesso
para cumprir prazos processuais. As partes em 26 jan 2016
devem estar dispostas a construir esta soluo
PINHO. Humberto Dalla Berbardina de.,
em conjunto, sem presso de tempo como
PAUMGARTTEN, Michele Pedrosa. Os
costuma ocorrer nas salas de conciliao em efeitos colaterais da crescente tendncia
que existe uma fila de processos aguardando e judicializao da mediao. Revista Eletrnica
as audincias devem ser breves. de Direito Processual REDP. v. XI, n.11, 2013.
Disponvel em < http://www.e-publicacoes.uerj.
Alm disso, a construo de uma soluo
br/index.php/redp/article/view/18068/13322>
envolve no apenas um mediador, mas Acesso em 26 jan 2016
profissionais de inmeras reas que, juntos,
devem contribuir para auxiliar as partes na PINHO. Humberto Dalla Bernardina de., ALVES.
Tatiana Machado. Novos desafios da mediao
busca de uma soluo positiva em seu caso.
judicial no Brasil: A preservao das garantias
A mediao pode, portanto, durar meses e constitucionais e a implementao da
demandar vrias sesses. advocacia colaborativa. Disponvel em <https://
Como se percebe, a mediao no www.academia.edu/16597269/NOVOS_
DESAFIOS_DA_MEDIAO_JUDICIAL_NO_
um instrumento para promover celeridade
BRASIL_A_PRESERVAO_DAS_GARANTIAS_
processual. Trata-se, portanto, de uma viso CONSTITUCIONAIS_E_A_IMPLEMENTAO_
deturbada do instituto que massifica os DA_ADVOCACIA_COLABORATIVA> Acesso em
conflitos e em nada se parece com a realidade 27 jan. 2016.
de um Estado Democrtico.
82
Mediao
Artigos
83
Mediao
Artigos
85
Mediao
Artigos
86
Mediao
Artigos
extraprocessual.17 Existem ainda aqueles que Sem dvida alguma, tanto a conciliao
diferenciam mediao e conciliao pelo fato quanto a mediao exigem muito do
de que, no primeiro, o terceiro interveniente profissional de soluo de conflitos, o que pode
escolhido pelas partes enquanto, no segundo, justificar a afirmao de Watanabe de que os
no cabe s partes a escolha desse terceiro.18 juzes preferem proferir sentena ao invs de
Aps ler muito a respeito dos conceitos, tentar conciliar as partes para a obteno da
das definies e das diferenas que a doutrina soluo amigvel dos conflitos. Sentenciar, em
especializada identifica e que se aplicam a um muitos casos, mais fcil e mais cmodo do
ou a outro dos termos em questo, encontrei que pacificar os litigantes e obter, por via de
explicaes que me satisfazem. Segundo Juliana conseqncia, a soluo dos conflitos.21
Demarchi, No entanto, injusto seria no frisar
a dificuldade real que se apresenta diante
A conciliao a tcnica no adversarial dos Magistrados e Servidores das unidades
mais adequada resoluo de conflitos
judicirias espalhadas pelos diversos ramos
objetivos, como os que surgem em
do Judicirio brasileiro que se vem diante do
decorrncia de acidentes de trnsito, por
exemplo. As partes no se conheciam dilema celeridade processual versus pacificao
anteriormente e o nico vnculo social.
existente entre elas a necessidade de Segundo Lagrasta Neto, mediao e
reparao dos danos causados. Trata-
conciliao no se voltam apenas soluo
se de relacionamento meramente
do conflito, antes, devem buscar a pacificao
circunstancial.19
dos conflitantes.22 Para este autor, existe a
necessidade de mudana na estratgia na
Mais adiante, Demarchi conclui que,
soluo de conflitos, com intensa utilizao de
o mtodo da conciliao de menor meios alternativos, previsto o engajamento
complexidade e mais rpido que o da de todos os lidadores do Direito, includos os
mediao, pois, em conflitos com aspectos servidores da Justia, e o treinamento dos
subjetivos preponderantes, nos quais h
estudantes, desde os bancos acadmicos para
uma inter-relao entre os envolvidos, tais
que o objetivo amplo e irrestrito de acesso
como os conflitos que envolvem questes
familiares, mostra-se mais adequado o a uma ordem jurdica justa seja alcanado e
emprego da mediao, que exige melhor a sociedade seja levada a uma mudana de
preparo do profissional de soluo de mentalidade.23
conflitos, mais tempo e maior dedicao,
vez que preciso esclarecer primeiramente
3. Justia do Trabalho: Mudana de Paradigma
a estrutura da relao existente entre as
partes (como as partes se conheceram, A Conciliao como Cultura
como foi/ seu relacionamento), bem
como a estrutura do conflito, para, depois, Dentre todas, a Justia do Trabalho
tratar das questes objetivas em discusso
, indubitavelmente, a que apresenta maior
(valor da penso alimentcia, regime de
relao com os meios consensuais de soluo de
visitas etc.).20
conflitos. Desde seu surgimento com as Juntas
87
Mediao
Artigos
88
Mediao
Artigos
89
Mediao
Artigos
90
Mediao
Artigos
91
Mediao
Artigos
17 VEZZULLA, 2001, p. 80 ss. apud LAGRASTA Regio Metropolitana. Nos ltimos dois anos, para a
NETO, 2007, p. 12. realizao das Semanas Nacionais pela Conciliao
18 SCALASSARA, 2007 pp. 73 e 75. agendadas pelo Conselho Nacional de Justia, o
19 DEMARCHI, 2007, p. 54. TRT-PR, por intermdio da Comisso Organizadora
20 Ibid, p. 55. da Semana Nacional pela Conciliao, presidida
21 WATANABE, ob. cit., p. 7. pelo Desembargador Mrcio Dionsio Gapski,
22 LAGRASTA NETO, ob. cit., p. 12-13. firmou convnio com essas IES e proporcionou
23 Ibid, p. 11, grifos do autor. treinamentos sobre tcnicas de conciliao aos
24 Pesquisa recente realizada pela Diviso Acadmicos de Direito inscritos no convnio. Esses
de Apoio Comisso de Conciliao do TRT- Acadmicos puderam atuar como auxiliares de
PR obteve os seguintes resultados dentre os 24 Magistrados nas audincias conciliatrias realizadas
Tribunais Regionais do Trabalho existentes no durante as Semanas pela Conciliao de 2008 e
pas: 15 possuem setores de certa forma voltados 2009. Em 2008, mais de 400 acadmicos de Direito
conciliao (TRT-1 Regio, Seo de Apoio inscreveram-se no Evento da Semana Nacional pela
Conciliao; TRT-2 Regio, Juzo Auxiliar de Conciliao do TRT-PR e aproximadamente 260
Execuo; TRT-3 Regio, Juzo Auxiliar de Precatrio cumpriram todas as fases: Treinamento, Estudo e
e Juzo Auxiliar de Conciliao em 1 instncia; TRT- Preparao dos Autos e Semana da Conciliao.
4 Regio, Subdiviso do Projeto Conciliar que atua Naquele ano, foram designadas em torno de
em Precatrios e na fase de Recursos de Revista; TRT- 2.500 audincias conciliatrias. Em 2009, para as
5 Regio, Juzo de Conciliao de 2 Instncia que aproximadamente 1.000 audincias realizadas, 190
atua em fase de Recurso de Revista; TRT-7 Regio, foram os acadmicos inscritos, e 120 concluram as
Juzo de Precatrios; TRT- 9 Regio, Juzos Auxiliares fases do evento: Seminrios, Estudo e Preparao
de Conciliao de 1 e 2 Graus e de Precatrios; dos Autos e Semana da Conciliao.
TRT-10 Regio, Juzo Auxiliar de Precatrios e de
Conciliao em 1 Grau; TRT-12 Regio, Ncleo de Publicao original:
Conciliao; TRT-13 Regio, Servio Especializado SIQUEIRA NOBILE, M. G. C.. Mediar, Conciliar,
de Apoio a Precatrios; TRT-14 Regio, Juzo Pacificar: Um Artigo Pela Pacificao. In:
Auxiliar de Precatrios; TRT-15 Regio, Juzo Gunther, L. E., Santos, W. F. L, Gunther, N.
Auxiliar de Precatrios e Juzo de Conciliao em 1 G. S.. (Org.). JURISDIO: Crise, Efetividade
Grau (execuo); TRT-16 Regio, Juzo Auxiliar de e Plenitude Institucional - Volume III. 1ed.
Execuo que atua tambm com precatrios; TRT- Curitiba: Juru Editora, 2010, v. , p. 263-274.
17 Regio, Juzo Auxiliar de Precatrios; TRT-18
Regio, Cmara Permanente de Conciliao; TRT-
23 Regio, Ncleo de Conciliao de 1 Grau.)
25 SILVA, 2007.
26 A Justia do Trabalho do Paran tem
incentivado tambm a disseminao da cultura
da conciliao entre Acadmicos de Direito das
Instituies de Ensino Superior (IES) de Curitiba e
92
Mediao
Artigos
A APLICABILIDADE DO INSTITUTO
DA MEDIAO AOS CONFLITOS
decisrio, que, escolhido pelas partes, as auxilia em comparao com o que se passa com o
e estimula a identificar ou desenvolver solues mediador6.
consensuais para a controvrsia3. Conforme Ada Pellegrini Grinover,
Como no se apresenta como um julgador, conciliao e mediao distinguem-se porque,
coloca-se o mediador entre (in medio) os na primeira, o conciliador, aps ouvir os
interessados, buscando facilitar a composio contendores, sugere a soluo consensual
do conflito: sugere caminhos (sem fix-los), do litgio, enquanto na segunda o mediador
apara possveis arestas, valoriza certos dados trabalha mais o conflito, fazendo com que
porventura desconsiderados; enfim, zela para os interessados descubram as suas causas,
que as partes no percam o foco dos pontos removam-nas e cheguem assim, por si ss,
relevantes da pendncia, perdendo-se em preveno ou soluo da controvrsia7.
detalhes de pormenor4. Diferentemente do juiz e do rbitro, o
Na mediao, segundo Marco Antnio mediador no decide e as partes no perdem
Csar Villatore, as partes que no conseguem para que alcancem um acordo. No importa,
um acordo direto designam um terceiro, mesmo, que esse acordo no seja a melhor sada
chamado de mediador, que dever tentar jurdica, desde que consciente e lcito. Basta que
aproxim-los para que cheguem a um resultado seja a opo mais adequada, orientada e eleita
final que lhes seja satisfatrio5. pelos envolvidos. Justa na acepo exata da
Muitas vezes as expresses mediao necessidade e do interesse das partes. Mesmo
e conciliao so tomadas como sinnimas, que no se chegue a uma soluo definitiva ou a
ainda que de forma imperfeita. Ambas as um acordo, a mediao sempre abre um canal
palavras constituem espcies do gnero possibilidade de reformulao e mudana
resoluo paraestatal de conflitos. Pode-se, tica e cultural8.
no entanto, diferenciar os vocbulos por conta Para que o mediador tenha credibilidade
de o conciliador ter uma postura proativa, com e possa realizar um bom trabalho, deve, em
uma intensidade participativa maior junto princpio: a) no ter preferncia em determinar
aos contraditores e com o objeto litigioso, o contedo do que for acordado pelas partes;
b) no deve ter autoridade para impor uma
deciso vinculante s partes; c) saber que as
partes no chegam a um acordo completo
3 BRASIL. Lei n 13.140, de 26 de junho de 2015.
Dispe sobre a mediao entre particulares como meio
de soluo de controvrsias e sobre a autocomposio de
conflitos no mbito da administrao pblica. Disponvel
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015- 6 MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Ob. cit., p.
2018/2015/Lei/L13140.htm>. Acesso em: 29.fev.2016. 276.
4 MANCUSO, Rodolfo de Camargo. A resoluo 7 GRINOVER, Ada Pellegrini. O processo: estudos
dos conflitos e a funo judicial no contemporneo estado e pareceres. So Paulo: Ed. DPJ, 2006. p. 610.
de direito. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. p. 280- 8 ZAPPAROLLI, Clia Regina. A experincia
281. pacificadora da mediao: uma alternativa
5 VILLATORE, Marco Antnio Csar. Aspectos contempornea para a implementao da cidadania e
gerais da soluo extrajudicial de conflitos em pases do da justia. In MUSZKAT, Malvina Ester (Org.). Mediao
MERCOSUL. Revista do Tribunal Regional do Trabalho da de conflitos: pacificando e prevenindo a violncia. So
Dcima Quinta Regio, n 18, set/2002, (p. 50-56.). p. 52. Paulo: Ed. Summus, 2003. (p. 49-76).
94
Mediao
Artigos
95
Mediao
Artigos
96
Mediao
Artigos
Pblico do Trabalho que, em muitas ocasies, de Conciliao Intersindical, que podem ser
pode resultar no instrumento extrajudicial de criados mediante negociao coletiva entre
resoluo de conflitos de interesses coletivos e sindicatos pertencentes a categorias diversas,
difusos que se denominam Termo de Ajuste de como metalrgicos, bancrios, vigilantes,
Condutas ou Termo de Compromisso18. etc. Conforme dispe o art. 625-A da CLT,
Quando se estudam os conflitos do as empresas e os sindicatos podem instituir
trabalho deve-se compreend-los como Comisses de Conciliao, de composio
podendo existirem sob a forma coletiva ou paritria, com representantes dos empregados
individual. Os conflitos individuais envolvem e dos empregadores, com a atribuio de tentar
pessoas individualmente consideradas. Os conciliar os conflitos individuais do trabalho20.
conflitos coletivos, no entanto, envolvem Qual seria a natureza jurdica das
questes atinentes a grupos econmicos e Comisses de Conciliao Prvia? A melhor
profissionais e so solucionados conforme as orientao direciona-se a consider-las como
normas de Direito Coletivo do Trabalho19. tendo natureza jurdica de mediao, pois seu
As Comisses de Conciliao Prvia objeto fundamental de conciliar dissdios
foram reguladas pela Lei n 9.958, de 12 de individuais entre empregado e empregador e
janeiro de 2000, que acrescentou os arts. 625- no dizer o direito aplicvel ao litgio. Essas
A e 625-H Consolidao das Leis do Trabalho. comisses, na verdade, no decidem, nem
Podem essas Comisses ser constitudas na devem homologar a resciso do contrato de
empresa, valendo para seu empregador. Ou trabalho. Possuem elas, desse modo, natureza
podem ser constitudas para um grupo de de rgo privado, de soluo de conflitos
empresas, nas quais a conciliao feita para extrajudiciais, e no pblico21.
todos os empregados pertencentes ao grupo Historicamente, nos conflitos individuais,
de empresas, mesmo que cada empresa tenha as partes buscam a soluo direta no Judicirio.
atividade distinta. Ou podem ter natureza As Comisses de Conciliao Prvia, criadas
sindical, estabelecidas por acordo coletivo entre pela Lei n 9.958/2000, direcionaram-se a
o sindicato da categoria profissional e a empresa mudar essa situao. Com esse mecanismo,
ou empresas interessadas, valendo apenas no que objetiva harmonizar demandas, as partes
mbito da empresa ou empresas acordantes. contam com mais um recurso para obter
Podem, ainda, ter natureza intersindical, a soluo de conflitos sem que tenham de
quando criadas pelo sindicato dos trabalhadores recorrer ao Judicirio. Assim, a conciliao
e pelo sindicato dos empregadores mediante perante uma das Comisses de Conciliao
conveno coletiva, quando a conciliao vale Prvia uma modalidade de mediao para a
para toda a categoria. Por fim, os Ncleos soluo do conflito individual22.
97
Mediao
Artigos
98
Mediao
Artigos
99
Mediao
Artigos
Lei n 13.105, de 13.03.2015 (CPC). Tais leis so do Trabalho, essa matria j tratada em
aplicveis na soluo de conflitos trabalhistas? normatizao especfica (Portaria n 818/95, do
Discute-se a aplicabilidade, ao Processo Ministro do Trabalho, e Decreto n 1.572/95,
do Trabalho, de algumas regras previstas na Lei que tratam do cadastramento de mediadores
n 13.105, de 16.03.2015, Seo VI, Captulo III, perante o Ministrio do Trabalho e Emprego).
Ttulo IV, sobre os conciliadores e mediadores Desse modo, esses dispositivos do Novo CPC no
judiciais (Novo CPC). tero aplicabilidade ao Processo do Trabalho33.
No h dvida que a nova Lei 13.140, Aplica-se, por outro lado, o caput do art.
de 26.06.2015, que dispe sobre a mediao 168 do Novo CPC, quando possibilita que as
entre particulares, no se aplica ao Processo partes possam escolher, de comum acordo, o
do Trabalho. Isso em razo de a lei mencionada conciliador, o mediador ou a cmara privada de
dizer, no pargrafo nico do art. 42: a mediao conciliao e de mediao. Consoante lio de
nas relaes de trabalho ser regulada por lei Bruno Freire e Silva, no Processo do Trabalho
prpria. tambm h essa liberdade, na escolha de
Pode-se considerar digna de meno a mediadores e conciliadores34.
novidade do inciso V do art. 139 do Novo CPC, Os Municpios, agora, tambm podero
que considera incumbncia do Juiz, na direo ter cmaras de conciliao e mediao.
do processo, promover a qualquer tempo, Consoante o art. 174 do Novo CPC, a Unio,
a autocomposio, preferencialmente, com os Estados, o Distrito Federal e os Municpios
auxlio de conciliadores e mediadores judiciais. criaro cmaras de mediao e conciliao, com
Essa regra tem, sem dvida, por fora atribuies relacionadas soluo consensual
dos arts. 769 da CLT e 15 do NCPC, aplicao de conflitos no mbito administrativo.
subsidiria ao Processo do Trabalho31. Essa regra, sem correspondncia no CPC
Refere Bruno Freire e Silva que o inciso V de 1973, estabelece trs hipteses para essas
do art. 139 do Novo CPC teve total inspirao cmaras: a) diminuir conflitos envolvendo
no Processo do Trabalho, que tem como um de rgos e entidades da administrao pblica;
seus principais princpios a conciliao32. b) avaliar a admissibilidade dos pedidos de
O Novo CPC, no art. 167, dispe, no resoluo de conflitos, por meio de conciliao,
caput, que conciliadores, mediadores e no mbito da administrao pblica; c)
cmaras privadas de conciliao e mediao promover, quando couber, a celebrao de
devero ser inscritos em cadastro nacional termo de ajustamento de conduta. Portanto,
e em cadastro de tribunal de justia ou de no s no mbito dos processos judiciais, mas
tribunal regional federal, que manter registro tambm em sede de rgos administrativos,
de profissionais habilitados, com indicao de devero ser criadas cmaras de conciliao e
sua rea profissional. Entretanto, no Processo
100
Mediao
Artigos
101
Mediao
Artigos
GEVAERD, Luiz Fernando. Mediao de conflitos: SCHIAVI, Mauro. Manual de direito processual
fator de apaziguamento social. Rio de Janeiro: do trabalho. 10. Ed. So Paulo: Ed. LTr, 2016.
CIMA - Centro Internacional de Mediao e
Arbitragem. 1994. SILVA, Bruno Freire e. O novo CPC e o processo
do trabalho I: parte geral. So Paulo: Ed. LTr,
GRINOVER, Ada Pellegrini. O processo: estudos 2015.
e pareceres. So Paulo: Ed. DPJ, 2006.
TOLEDO, Patrcia Therezinha de. Soluo
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito extrajudicial dos conflitos do trabalho: Brasil,
processual do trabalho. 10. Ed. So Paulo: LTr, Espanha e Itlia. So Paulo: Ed. LTr, 2005.
2012.
VALERIANO, Sebastio Saulo. Comisses de
MANCUSO, Rodolfo de Camargo. A resoluo dos conciliao prvia e execuo de ttulo executivo
conflitos e a funo judicial no contemporneo extrajudicial na justia do trabalho. So Paulo:
estado de direito. So Paulo: Revista dos Ed. LTr, 2000.
Tribunais, 2009. p. 280-281.
VILLATORE, Marco Antnio Csar. Aspectos
MARTINS, Sergio Pinto. Direito processual do gerais da soluo extrajudicial de conflitos
trabalho. 34. Ed. So Paulo: Ed. Atlas, 2015. em pases do MERCOSUL. Revista do Tribunal
Regional do Trabalho da Dcima Quinta Regio,
MELO, Andr Lus Alves de. Novo CPC prope n 18, set/2002, (p. 50-56.).
cmaras de conciliao e mediao municipais.
Revista Eletrnica Consultor Jurdico. ZAINAGHI, Domingos Svio. Mediao de
22.02.2016. Disponvel em: http://www.conjur. conflitos: mecanismo eficaz na resoluo de
com.br/2016-fev-22/andre-melo-cpc-preve- conflitos trabalhistas. In SILVA, Luciana Aboim
102
Mediao
Artigos
103
Mediao
Artigos
1 DELGADO, Maurcio Godinho. Direito Coletivo do Trabalho. 4. Ed. So Paulo: LTr, 2011, p. 238.
Mestre em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais; pesquisadora/
bolsista pela FAPEMIG; advogada da Clnica de Trabalho Escravo e Trfico de Pessoas da UFMG;
104
Mediao
Artigos
para que as partes conciliem. para que possam decidir sozinhas os problemas
que enfrentam. Em suma e, de forma mais
3o O mediador, que atuar
importante, cabe ao mediador estabelecer um
preferencialmente nos casos em
que houver vnculo anterior entre as dilogo verdadeiro entre as partes.
partes, auxiliar aos interessados a Por isso, afirma Sandro Augusto de Souza
compreender as questes e os interesses que a tcnica de mediar:
em conflito, de modo que eles possam,
pelo restabelecimento da comunicao, mtodo que apresenta maior
identificar, por si prprios, solues tangibilidade em fase pr-instrutria,
consensuais que gerem benefcios quando ainda se enfrenta o nascedouro
mtuos.2 da controvrsia, podendo ser aplicado,
entretanto, em qualquer fase processual
Inicialmente, na Justia do Trabalho, e, se do interesse das partes, at mesmo
comum tratar da mediao como instrumento antes do processo judicial.5
105
Mediao
Artigos
106
Mediao
Artigos
107
Mediao
Artigos
108
Mediao
Artigos
que, no quadro comparativo das emendas feitas dos Magistrados da Justia do Trabalho
durante tal fase legislativa, no houve qualquer ANAMATRA, justificando-se sua incluso
pelo carter indisponvel dos chamados
alterao nesse tocante.17 At o momento,
direitos sociais (os direitos trabalhistas,
definia-se apenas que a lei se aplicaria s formas previstos no artigo 7 da Constituio),
consensuais de resoluo de conflitos, incluindo que devem ser considerados pelos meios
mediaes trabalhistas, da seguinte forma: alternativos de resoluo de conflitos
trabalhistas, em razo do princpio da
Art. 41. Aplica-se esta Lei, no que irrenunciabilidade que informa a base
couber, a outras formas consensuais axiolgica e epistemolgica de toda a
de resoluo de conflitos, tais como legislao trabalhista.20
mediaes comunitrias, escolares, penais,
trabalhistas, bem como quelas levadas a A justificativa de proteger os direitos
efeito nas serventias extrajudiciais. 18 indisponveis poderia dar a entender no ser
do interesse dos magistrados do trabalho
Ao receber o projeto de lei do Senado, qualquer tipo de mediao. Porm, essa
a Cmara dos Deputados, no entanto, efetuou interpretao pode ser refutada pelo segundo
diversas mudanas.19 Durante o exame do PLS requerimento de emenda ao substitutivo feito
517/2011 pela Comisso de Constituio e pelo mesmo deputado, quando se props que o
Justia e de Cidadania da Casa (transformado art. 43 ditasse sobre a possibilidade de mediar
ento em PL 7.159/2014), o deputado federal extrajudicialmente conflitos trabalhistas:
Alessandro Molon props duas mudanas ao
texto original, atendendo a pedidos da prpria Art. 43 Nos conflitos que versem sobre
Associao Nacional dos Magistrados da Justia relaes de trabalho ou direitos trabalhistas
do Trabalho - ANAMATRA: em geral, admitir-se- mediao
extrajudicial entre particulares, na forma
e para os efeitos desta lei, exclusivamente
Sugerimos a emenda aditiva supracitada
nos seguintes casos:
em atendimento Associao Nacional
I Nos casos de interesses difusos,
coletivos e individuais homogneos,
quando mediados por rgo do Ministrio
Pblico do Trabalho, ou quando uma das
Projeto de Lei do Senado n 517, de 2011. 11 fev. 2014.
Disponvel em: <http://legis.senado.leg.br/mateweb/ partes solicitar ao Ministrio do Trabalho
arquivos/mate-pdf/144947.pdf>. Acesso em: 20 fev. e Emprego a designao de mediador, que
2016. convidar as demais partes;
17 SENADO FEDERAL. Quadro comparativo do II Na negociao coletiva tendente
Projeto de Lei do Senado n 517, de 2011. 11 fev. 2014.
participao dos trabalhadores nos lucros
Disponvel em: <http://legis.senado.leg.br/mateweb/
arquivos/mate-pdf/144945.pdf>. Acesso em: 20 fev.
2016.
18 SENADO FEDERAL. Texto final revisado do
Projeto de Lei do Senado n 517, de 2011. Cit.. 20 CMARA DOS DEPUTADOS. Justificativa
19 SENADO FEDERAL. Substitutivo da Cmara dos da Emenda ao Substitutivo (ESB) n 8 CCJC ao
Deputados n 9, de 2015, ao Projeto de Lei do Senado n SBT 1 CCJC ao PL 7169/2014. Disponvel em:
517, de 2011. Disponvel em: <http://www.senado.leg.br/ < htt p : / / w w w. ca m a ra . go v. b r / p ro p o s i co e s We b /
atividade/rotinas/materia/getPDF.asp?t=165738&tp=1>. fichadetramitacao?idProposicao=865885>. Acesso em:
Acesso em: 20 fev. 2016. 20 fev. 2016.
109
Mediao
Artigos
110
Mediao
Artigos
111
Mediao
Artigos
CMARA DOS DEPUTADOS. Projeto de lei n CMARA DOS DEPUTADOS. Parecer n 4 da CCJC
7.169, de 19 de feveiro de 2014. Dispe sobre ao PL 7.169/2014. 25 mar. 2015. Disponvel em:
a mediao entre particulares como o meio <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/
alternativo de soluo de controvrsias e fichadetramitacao?idProposicao=1150186>.
sobre a composio de conflitos no mbito da Acesso em: 20 fev. 2016.
Administrao Pblica; altera a Lei n 9.469, de
10 de julho de 1997, e o Decreto n 70.235, de 6 CMARA DOS DEPUTADOS. Parecer n 1 da CTASP
de maro de 1972; e revoga o 2 do art. 6 da Lei ao PL 7.169/2014. 30 abr. 2015. Disponvel em:
n 9.469, de 10 de julho de 1997. Disponvel em: < http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/
<http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/ fichadetramitacao?idProposicao=613829>.
fichadetramitacao?idProposicao=606627>. Acesso em: 20 fev. 2016.
Acesso em: 20 fev. 2016.
DELGADO, Maurcio Godinho. Direito Coletivo
CMARA DOS DEPUTADOS. Justificativa da do Trabalho. 4. Ed. So Paulo: LTr, 2011, p. 238.
Emenda ao Substitutivo (ESB) n 8 CCJC ao
SBT 1 CCJC ao PL 7169/2014. Disponvel em: MTE. Manual do mediador. 2. Ed. Braslia:
<http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/ MTE, SRT, 2002. Disponvel em: <files.dp-
fichadetramitacao?idProposicao=865885>. online.webnode.com.br/.../Manual%20do%20
Acesso em: 20 fev. 2016. mediador.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2016.
112
Mediao
Artigos
pdf>. Acesso em: 20 fev. 2016. bunal Pleno, julgado em 13/05/2009, DJe-200,
23 out. 2009. EMENT VOL-02379-01 PP-00129
SENADO FEDERAL. Quadro comparativo do RIOBTP v. 21, n. 250, 2010, p. 18-47. Dispon-
Projeto de Lei do Senado n 517, de 2011. 11 vel em: <http://stf.jus.br/portal/jurisprudencia/
fev. 2014. Disponvel em: <http://legis.senado. listarJurisprudencia.asp?s1=%28ADI%24%2ES-
leg.br/mateweb/arquivos/mate-pdf/144945. CLA%2E+E+2160%2ENUME%2E%29+OU-
pdf>. Acesso em: 20 fev. 2016. +%28ADI%2EACMS%2E+ADJ2+2160%2EA-
CMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://
SENADO FEDERAL. Substitutivo da Cmara dos tinyurl.com/d6aacln>. Acesso em: 20 fev. 2016.
Deputados n 9, de 2015, ao Projeto de Lei do
Senado n 517, de 2011. Disponvel em: <http:// STF. ADI 2139, Relator(a): Min. Cr-
www.senado.leg.br/atividade/rotinas/materia/ men Lcia, julgado em 01/02/2010, publica-
getPDF.asp?t=165738&tp=1>. Acesso em: 20 do em DJe-027 12 fev. 2010. Disponvel em:
fev. 2016. <http://stf.jus.br/portal/jurisprudencia/lis-
tarJurisprudencia.asp?s1=%28ADI%24%2ES-
SENADO FEDERAL. Quadro comparativo do CLA%2E+E+2139%2ENUME%2E%29+-
Substitutivo da Cmara dos Deputados n 9, NAO+S%2EPRES%2E&base=baseMonocrati-
de 2015, ao Projeto de Lei do Senado n 517, cas&url=http://tinyurl.com/d9nko6s>. Acesso
de 2011. 11 fev. 2014. Disponvel em: <http:// em: 20 fev. 2016.
legis.senado.leg.br/mateweb/arquivos/mate-
pdf/166954.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2016. TRT3. RO 00259-2008-075-03-00-2. Des.
Rel. Antnio lvares da Silva. DJ-JT 31 jan. 2009.
SENADO FEDERAL. Projeto de Lei do Senado Disponvel em: <http://as1.trt3.jus.br/consul-
n 246, de 19 nov. 1996. Disponvel em: ta/redireciona.htm?pIdAcordao=646424&aces-
<http://www25.senado.leg.br/web/atividade/ so=a5266b971764cad7cd52f7dd55b9e99a>.
materias/-/materia/30214>. Acesso em: 20 fev. Acesso em: 20 fev. 2016.
2016.
TST. RR 139900-53.2005.5.05.0003, Rela-
SOUZA, Sandro Augusto de. (Coord.) A tor Ministro: Pedro Paulo Manus, Data de Julga-
mediao pr-processual e a composio de mento: 29/08/2012, 7 Turma, Data de Publica-
conflitos em fase pr-instrutria. Inovaes do o: DEJT 31 ago. 2012. Disponvel em: <http://
Projeto de Lei 7169/2014. Novos paradigmas aplicacao5.tst.jus.br/consultaunificada2/intei-
e ferramentas celeridade da Justia do roTeor.do?action=printInteiroTeor&format=ht-
Trabalho. Disponvel em: <https://ead. ml&highlight=true&numeroFormatado=RR%20
trt9.jus.br/moodle/pluginfile.php/22502/ -%20139900-53.2005.5.05.0003&base=acor-
mod_resource/content/8/Pesquisa%20-%20 dao&rowid=AAANGhAAFAAAJHTAAX&dataPu-
Media%C3%A7%C3%A3o%20-%20TRT9%20 blicacao=31/08/2012&localPublicacao=DEJT&-
-%20FINAL.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2016. query=>. Acesso em: 20 fev. 2016.
113
Mediao
Artigos
114
Mediao
Artigos
por sua vez, podem ser classificados como de auxili-las, aproximar as respectivas vontades
natureza jurdica, que se origina da divergncia e estimul-las composio, cujo teor, no
de interpretao de normas jurdicas existentes, entanto, ser decidido pelas prprias partes.
ou de natureza econmica, quando envolve No mbito trabalhista, a mediao
reivindicaes econmico-profissionais dos dos conflitos coletivos pode ser realizada,
trabalhadores ou pleitos dos empregadores por exemplo, pelo Ministrio do Trabalho e
perante estes, visando alterar condies Emprego, nas denominadas mesas redondas, e
existentes na respectiva empresa ou categoria2. pelo Ministrio Pblico do Trabalho.
Ressalta-se que a preveno de conflitos
3. OS MEIOS DE SOLUO DOS CONFLITOS e, caso ocorram, a busca de sua soluo, so
E A MEDIAO essenciais para a efetivao do Direito do
Trabalho. Para o alcance de tais objetivos
A fim de viabilizar o convvio social, fundamental a implementao de instrumentos
desenvolveram-se mecanismos de soluo processuais coletivos criados ou mantidos
dos conflitos coletivos, que podem ser pela Constituio Federal de 1988 -, como o
autocompositivos ou heterocompositivos. inqurito civil, o termo de ajuste de conduta e a
A autocomposio ocorre quando as partes ao civil pblica -, que so capazes de prevenir
envolvidas no conflito resolvem-no direta e parte significativa dos conflitos trabalhistas
autonomamente, por meio da negociao e de solucionar outra grande frao de forma
coletiva. Esta pode ser impulsionada por coletiva, contribuindo decisivamente para a
mecanismos de autotutela, como a greve, ou efetividade dos direitos trabalhistas e para a
pela mediao. celeridade da prestao jurisdicional3.
Na heterocomposio, por sua vez, a
soluo do conflito coletivo cabe a um terceiro, 4. A ATUAO DO MINISTRIO PBLICO DO
a quem as partes entregam a sua resoluo, TRABALHO NA SOLUO DE CONFLITOS E
como no caso da arbitragem, ou mesmo no OS TERMOS DE AJUSTE DE CONDUTA
conseguem impedir, com seu impasse, que
o terceiro intervenha, como na hiptese do O Ministrio Pblico do Trabalho
dissdio coletivo. No curso de um processo adquiriu, na Constituio Federal de 1988,
heterocompositivo, tambm podem atuar novo perfil e variados instrumentos que lhe
mecanismos de autotutela, como a greve, ou conferem papel de relevo no ordenamento
mesmo a mediao. jurdico nacional. a partir da que ele se
A mediao consiste em uma tcnica insere definitivamente no mbito do Ministrio
por meio da qual um terceiro imparcial aos Pblico em geral, como instituio essencial
interesses das partes em conflito busca existncia do Estado brasileiro nos moldes
115
Mediao
Artigos
116
Mediao
Artigos
117
Mediao
Artigos
recusa em negociar com o sindicato; o sindicato da demanda, quando necessria, pois elimina a
compromete-se a no mais deflagrar greve fase de conhecimento. E, por tratar de conflitos
abusiva e a empresa, a cumprir determinada metaindividuais, o termo de ajuste evita a
clusula da conveno coletiva de trabalho, ou multiplicao de aes individuais e, portanto,
a no mais atrasar o pagamento do salrio ou decises dissidentes, contribuindo, assim, para
do PLR, ou mesmo a no realizar dispensa em a segurana jurdica8.
massa sem negociao prvia e efetiva com o Apenas quando no possvel ou
sindicato. conveniente a assinatura do termo de ajuste,
Como se constata pela experincia ajuizada a correspondente ao civil pblica,
diria, a utilizao do termo de ajuste de conduta pois, por mais rpida que seja a sua tramitao,
adquire especial importncia no mbito das o resultado, alm de duvidoso, ser mais
relaes de trabalho, em razo de ser grande demorado. Em determinados casos, quando
a conflituosidade causada pelo corriqueiro no se obtm a concesso de uma antecipao
desrespeito dos direitos dos trabalhadores7. de tutela de cunho preventivo, a ao chega
Como observado de maneira perspicaz por a perder o seu objeto, pela ineficcia do
Mrcio Tlio Viana, os direitos trabalhistas, ao provimento que vier a ser dado aps o decurso
contrrio dos direitos civis, tendem a no ser de certo lapso temporal9.
cumpridos espontaneamente. Uma pessoa que Por se tratar de soluo consensual,
sasse de um estabelecimento sem pagar pelo o termo de ajuste de conduta goza de maior
produto adquirido seria imediata e fortemente aceitao por parte de seu signatrio em
repreendida, ao passo que o mesmo no comparao com uma deciso imposta pelo
ocorre com o empregador que deixa de pagar o Poder Judicirio, o que lhe assegura maior
adicional de horas extras a seu empregado. efetividade, com menor possibilidade de
O termo de ajuste de conduta visa, descumprimento10.
portanto, ao cumprimento da ordem jurdica Por vezes a tarefa de reduzir a termo
de forma espontnea, simples, clere e com
menor custo para o Estado, contribuindo para
o desafogo do Poder Judicirio ao propiciar a
8 Hugo Nigro Mazzili destaca o enorme proveito
resoluo extrajudicial do conflito. Por consistir social propiciado pelo termo de ajuste de conduta, j
que, por intermdio desse instituto, evitam-se milhares
em ttulo executivo extrajudicial, tambm
de lides no nascedouro.. MAZZILI, Hugo Nigro. Tutela dos
reduz consideravelmente a durao e o nus interesses difusos e coletivos. 7 ed. So Paulo: Saraiva,
2014. p. 166.
9 MELO, Raimundo Simo de. Ao Civil Pblica
na Justia do Trabalho. p. 104.
7 Ilustrativamente, em correio realizada 10 A propsito, a doutrina destaca que alcana
pela Corregedoria do Conselho Nacional do Ministrio superior ndice de efetividade o avenado ante o
Pblico no Estado do Amazonas em 2009, constatou-se sentenciado, tendo em vista que a parte assume um
a existncia de um maior nmero de termos de ajuste maior compromisso, em termos psicolgicos, quando
de conduta firmados perante o Ministrio Pblico da soluo por este ajustada em relao imposta pelo
do Trabalho, em comparao com os demais rgos ente estatal, at porque esta resvala, em regra, em
ministeriais (Ministrio Pblico Federal, Ministrio descontentamento.. SILVA, Luciana Aboim Machado
Pblico Militar e Ministrio Pblico do Estado do Gonalves da. Termo de Ajuste de Conduta. So Paulo: LTr,
Amazonas). 2004. p. 53.
118
Mediao
Artigos
119
Mediao
Artigos
120
Mediao
Artigos
121
Mediao
Artigos
122
Mediao
Artigos
obrigaes relativas ao meio ambiente de prever qualquer fator de risco, o qual, inclusive,
trabalho no previstas expressamente em pode surgir com a evoluo da sociedade, das
normas legais, as quais, por vezes, encontram- relaes de trabalho e das tcnicas produtivas22.
se desatualizadas, interessante invocar o 5. CONCLUSO
exemplo do Direito italiano, lembrando sempre
que o Direito comparado fonte formal Em razo de os conflitos entre
subsidiria do Direito brasileiro (artigo 8, empregadores e trabalhadores serem
caput, da CLT). inevitveis, pois a contraposio de interesses
O Cdigo Civil italiano de 1942 prev, entre capital e trabalho inerente ao sistema
em seu artigo 2.087, intitulado tutela das capitalista, necessrio desenvolver e
condies de trabalho, que o empregador implementar mecanismos eficientes e cleres
obrigado a adotar no exerccio de sua atividade para se alcanar a observncia concreta dos
as medidas que, segundo as especificidades direitos trabalhistas. Nesse sentido, destacam-
do trabalho, a experincia e a tcnica, so se as formas de soluo extrajudicial dos
necessrias para tutelar a integridade fsica e a conflitos.
personalidade moral dos trabalhadores. O Ministrio Pblico do Trabalho, no
Como ressaltado pela doutrina italiana, exerccio de sua elevada misso constitucional
trata-se de uma norma aberta, que permite de defesa dos direitos coletivos lato sensu na
que seja exigida do empregador a adoo de seara laboral, depara-se corriqueiramente
todas as medidas necessrias para a proteo com conflitos coletivos de trabalho. Entre os
da sade e da segurana do trabalhador, instrumentos utilizados pelo rgo Ministerial
inclusive com a aplicao das novas tecnologias destaca-se o termo de ajuste de conduta, que
e do conhecimento produzido pelas pesquisas propicia maior agilidade e efetividade tutela
cientficas mais recentes21. dos direitos difusos, coletivos e individuais
Tal norma, que exige do empregador homogneos ao viabilizar a soluo extrajudicial
a mxima segurana tecnologicamente do conflito.
possvel, permite que sejam supridas as O termo de ajuste pode concretizar a
lacunas das normas de sade e segurana no autocomposio, quando o Ministrio Pblico
trabalho, que obviamente no so capazes de
123
Mediao
Artigos
124
Mediao
Artigos
125
Mediao
Artigos
O GESTOR MEDIADOR
Marcella Pagani
Marcella Pagani
127
Mediao
Artigos
128
Mediao
Artigos
pensa o outro, muda-o e sabe que a mudana ao estabelecer o dilogo entre as partes,
e o crescimento decorrem da confiana, da deve utilizar um tom de voz eficiente, de
lealdade, que levar ao amor. maneira calma e incisiva. Ele modelo de
O mediador deve zelar pelos comportamento para as partes.
princpios ticos que norteiam a mediao: Segundo o autor, os gestos do mediador,
confidencialidade, competncia, seu modo de se comunicar e seu semblante
imparcialidade, neutralidade, independncia, influenciam as partes. Os gestos, se bem
autonomia, respeito ordem pblica e s leis utilizados, podem evitar situaes desagradveis
vigentes12. ou repeties desnecessrias15
A lio que Para Serro16
129
Mediao
Artigos
130
Mediao
Artigos
131
Mediao
Artigos
132
Mediao
Artigos
31 Ibidem, p. 115.
133
Mediao
Artigos
134
Mediao
Artigos
Direito Fraterno. Santa Cruz do Sul: EDINISC, da Crise do Judicirio e ao Acesso Justia.
2011. Disponvel em:< http://www.unisc.br/ Maurcio Gabriele. 2013.
portal/upload/com_editora_livro/e_book_ 155f. Dissertao (Mestrado) Uninove, 2013.
mediacao.pdf>. Acesso em: 5/2/2015.
MENDES, Maria Lcia Ribeiro de Castro Pizzoti. In
GMEZ, Salvador Morillas. Pistas de fraternidade Estudos avanados de mediao e arbitragem.
na aplicao do Direito Empresarial. In Direito & Coord. Armando Srgio Prado de Toledo et. al.
Fraternidade: ensaios, prtica forense. Anais/ 1 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
Giovanni Caso [et al] organizadores. So Paulo:
LTr, 2008, p. 89-93. MICHAELLIS, Dicionrio on line. Disponvel
em http://michaelis.uol.com.br/moderno/
JUNQUEIRA, Ktia. Mediao e conciliao: portugues/index.php?lingua=portugues-
reflexes para evitar a judicializao. Revista portugues&palavra=media%E7%E3o. Acesso
Justia & Cidadania, 2012. em 05.2.15.
135
Mediao
Artigos
136
Mediao
Artigos
138
Mediao
Artigos
139
Mediao
Artigos
140
Mediao
Artigos
141
Mediao
Artigos
142
Mediao
Artigos
sempre atribudo ao outro, de quem se espera linguagem, na viso de Lacan. Assim, vamos
a resoluo que nos agrade. Na sociedade construindo a narrativa de nossos atos e
atual aprendemos e somos estimulados a ver atitudes perante o outro. Esta uma grande
o mundo sob a tica do certo e errado, do mudana e fundamental diferena que emerge
vencedor e vencido. Fazer prevalecer nossa do confronto estabelecido entre a mediao e
idia fonte de sucesso e realizao, razo pela outras formas de resoluo de conflitos. Dando
qual desenvolvemos uma forma excludente do a palavra s partes, muda-se o conceito de que
ato de pensar. Com efeito, tnhamos em mente uma terceira pessoa quem decide. Convoca-
que o direito respondia e solucionava todos os as a prpria histria, que interage sempre com
enfrentamentos sobre pretenses antagnicas. este outro, tambm partcipe da construo.
Apesar de todo o progresso, inevitvel Ao reconhecer sua prpria narrativa, o
que o sistema jurdico dominante, reforado envolvido se conecta com o que lhe prprio
pelo entendimento segundo o qual, na esteira e, dessa forma, as partes se inserem na histria,
da doutrina de Hans Kelsen, o que no tomando conscincia de seus direitos e deveres,
est juridicamente proibido est identificando e avaliando seus erros, acertos e
permitido, resolva os conflitos declarando a novas possibilidades.
vitria de um sobre o outro. A partir do confronto estabelecido
A mediao apresenta o conflito sob mediante a interveno de um terceiro, na
o ponto de vista da possibilidade, sendo ele relao transferencial, novos saberes so
parte da diversidade do prprio sujeito. Pode construdos: saber de si, saber do outro, saber
ser vista como instrumento de troca pessoal e do conflito, fonte de legitimidade e possibilidade
social, capaz de ir mais alm do que poderia de construo.
se constitusse apenas um obstculo, de modo Dar voz s partes implica escutar e
a converter-se em valiosa oportunidade para respeitar as narrativas, reveladoras das
aprofundar o desenvolvimento das habilidades diferentes percepes de cada um sobre o
sociais, aperfeioar as relaes interpessoais conflito e seu contexto, como verses legitimas.
e intergrupais, tudo isso sob a perspectiva de Para tanto, necessrio um aporte terico, no
que o conflito, bem gerenciado, essencial sentido de que o mediador no pode acreditar
mudana. nas verses simplesmente por submisso ao
Para Michael Fullan,16 No se pode ter princpio da imparcialidade. Reafirma-se, aqui,
aprendizagem organizacional sem aprendizagem a supremacia do subjetivo sobre a realidade
individual e no se pode aprender em grupo objetiva, luz da psicanlise.
sem processar conflitos. Importante ressaltar que, para tornar
Somos sujeitos constitudos na eficaz esta forma de escuta, o mediador precisa
estar familiarizado, como acima j se ressaltou,
ao fator subjetividade. Sabendo que cada parte
tem a sua verdade e sob a gide da mesma
16 Apud CHRISPINO e Chrispino Conflitos na
Escola: Modos de transformar -Dicas para refletir e faz sua demanda, o mediador, pessoa eleita e
exemplos de como lidar-Imprensa Oficial do Estado de
aceita pelas partes, traz consigo a premissa da
So Paulo, 2009, p. 30-31)
143
Mediao
Artigos
144
Mediao
Artigos
145
Mediao
Artigos
edificao da tica, no como um conceito, nem Introdutrias sobre Psicanlise. Rio de Janeiro.
um modelo, mas uma prtica, uma promoo Imago. 1996
da relao com o Outro e com o Outrem.
Impe-se, portanto, a reconfigurao da HOFNUNG, Michle Guillaume- La Mdiation
relao de indivduos e grupos com o prprio QUE SAIS JE ? Paris - Press Universitaires de
direito para que o eco dos enganos vividos France,-Puf 1995
no se faa soar e o preldio dos novos tempos
anuncie uma justia ainda mais acolhedora. JABLKOWSKI, Gabriela Irina e GUILLERMO, Mario
Gonzles. Configurando escenas colaborativas
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS em la escuela: aportes y experincias de
mediacin y dilogos facilitados. 1 Ed. Buenos
ALMEIDA, Tania - Caixa de Ferramentas em Aires: 12ntes, 2011.0p
Mediao- SP Dash Editora
JONES, Tricia -Resoluo de conflictos
AURLIO, Novo Dicionrio verso 5.0, 3 Ed. nuevos desenhos. Nuevos contextos Hacia
Positivo una mediacion exitosa entre pares lneas e
directrices. derechos humanos.
BACELLAR, Roberto Tcnicas de Conciliao e
Mediao nos juizados especiais.-20 LACAN , Jaques -O Seminrio Livro 20 Mais,
Ainda- Rio de Janeiro: J. Zahar-LACAN, J. (1998).
BAUMAN, Zigmunt, Sobre os paradigmas da Escritos. Rio de Janeiro: J. Zahar e LACAN, J.
cincia e da sociedade de seu tempo N, (2008). O Seminrio: Livro 16. De um Outro ao
Modernidade Lquida. Rio de Janeiro, Zahar Ed, outro. Rio de Janeiro: J. Zahar
1994
LEVINS ,Emanuael -Autrement qutre ou au-
CALCATERRA, Rubn A Mediacin Estratgica del de lessence, 1974
Gedisa Editorial-2002-
NICCIO , Camila Silva, A mediao diante da
CHRISPINO e Chrispino Conflitos na Escola: reconfigurao do ensino e da prtica do direito:
Modos de Transformar -Dicas para refletir e desafios e impasses socializao jurdica1
exemplos de como lidar-Imprensa Oficial do Meritum Belo Horizonte v. 7
Estado de So Paulo, 2009
NICOLAU, Gilda, artigo intitulado Entre
EMAP So Paulo Revista dos Tribunais Mediao e Direito elementos para uma nova
ratio jurdica , Meritum, Belo Horizonte
FREIRE, Airton A Pa(lavra) Fortaleza- Ed Wise
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Direito de Famlia:
FREUD, S Edio Standard Brasileira das Obras uma abordagem psicanaltica. Belo Horizonte:
Psicolgicas Completas Vol. XV. Conferncias Del Rey, 2003.
146
Mediao
Artigos
147
Mediao
Artigos
Monya A. Kian
Gerente de Progamas da ONG Whitaker Peace & Development Initiative sediada
em Los Angeles, EUA, Mestre em Estudos da Paz e da Justia Universidade de
San Diego, CA EUA, 2007, Bacharel em Estudos Internacionais Universidade
de Washington, 2004, Diplomada pelo Instituto de Estudos Polticos de Paris
Sciences Po, 2003.
148
Mediao
Artigos
Em que pese seja certo que os campos a situao dos campos de refugiados Lugufu I e II,
organizados pelas Naes Unidas protegem os localizados na provncia de Kigoma, no noroeste
refugiados das circunstncias ameaadoras que da Tanznia, que estiveram instalados no pas
ocorrem em suas terras natais, a vida dentro para abrigar refugiados oriundos da Repblica
do campo no est imune a conflitos internos Democrtica do Congo,7 entre os anos de 1996
e disputas entre os prprios refugiados. Alis, e 2009, ano em que aqueles refugiados que no
os campos de refugiados so locais propcios tinham ainda optado por serem repatriados
para conflitos. O deslocamento dos refugiados foram relocados para os campos de Nyarugusu.
e o abandono (ou retirada) de seus lares poca de nossa visita, julho de 2007, o conflito
provoca a ruptura de suas estruturas sociais era uma questo alarmante em decorrncia da
e comunitrias, alm de for-los a viver lado falta de espao e de recursos para abrigar cerca
a lado com pessoas estranhas e submetidos de 60.000 refugiados congoleses no local. Os
a muitas presses e desconfortos.5 De acordo refugiados congoleses fugiram para o oeste
com a ACNUR, a ocorrncia de crimes maior da Tanznia em 1996 e incio de 1997 devido
entre as pessoas deslocadas de seus lares, e os instabilidade poltica e violncia criada em
meios disponveis para reparao e proteo sua terra natal como resultado da derrubada
dos refugiados dentro dos campos so em geral do regime de Mobutu Sese Seko por Laurent-
bastante inadequados. A ACNUR est bastante Dsir Kabila.
sobrecarregada alm de ter poucos recursos; Em fevereiro de 1997, o campo de
contudo, a exigncia vital de proteger os Lugufu I foi instalado pela ACNUR com o objetivo
refugiados de violncias ainda maiores no pode de acomodar a chegada desses refugiados
ser comprometida, a despeito dessas restries. congoleses. Com o ressurgimento das guerras
Assim, indispensvel que instituies para a no Congo, em 1998, mais congoleses buscaram
resoluo de conflitos dentro dos campos de abrigo no pas vizinho, o que fez com que a
refugiados sejam promovidas e fortalecidas em ONU se visse obrigada a parar seus esforos em
conjunto com as outras medidas tomadas pela busca da repatriao voluntria dos refugiados
ONU e pelos governos locais que fornecem asilo e instalasse o campo de Lugufu II para
aos refugiados. acomodar o restante dos refugiados.8 Em 2005,
A Tanznia apresenta uma longa e aproximadamente 100.000 refugiados residiam
slida histria como um dos pases que mais nesses campos.9
recebe refugiados na frica; em, 2001, chegou
a ter mais de meio milho de refugiados como
consequncia dos conflitos tnicos em Ruanda,
7 Repblica Democrtica do Congo, antiga colnia
Burundi e no Congo.6 O presente artigo analisou belga e anteriormente denominada Zaire (1971-1997).
Neste artigo, a referncia ao pas ser feita por meio da
forma reduzida, Congo.
8 Shelly Dick, Review of CORD community
services for Congolese Refugees in Tanzania, United
5 UNHCR, Operation Protection in Camps and Nations High Commissioner for Refugees Evaluation and
Settlements: A reference guide of good practices in the Policy Analysis Unit. Dezembro de 2002, 3. Traduo livre.
protection of refugees and other persons of concern. 9 Logan Cochrane, Working with Refugees in
United Nation High Commissioner for Refugees (Geneva: Lugufu Refugee Camp. RESPECT. http://respectrefugees.
UNHCR Agency Press, 2006), 27. Traduo livre. org/ezine/2006/ezine20060714_camp.shtml. Acesso em
6 Ibid, 14. 14 de julho, 2006. Traduo livre.
149
Mediao
Artigos
Quando de nossa visita aos campos de conflitos internos entre os refugiados por meio
refugiados, aproximadamente 10 anos aps suas de seu aval aos tribunais locais, a prevalncia
instalaes, pudemos verificar in loco como o de conflitos como furtos e violncia domstica,
gerenciamento das disputas e a diminuio dos agresses e assdio era uma realidade nos
conflitos, juntamente com a necessidade de se campos de Lugufu. Em que pese a frequncia e
promover a reconciliao entre os integrantes a intensidade desses conflitos tenha diminudo
de uma populao to grande de refugiados, desde a instalao dos campos em 1997 e 1998,
realmente uma tarefa complexa e contnua. o fato deles continuarem ocorrendo era uma
Com o objetivo de promover a justia indicao da fragilidade dos tribunais locais e
e a conciliao dentro de todos os campos de de eventuais outras tentativas de soluo de
refugiados que mantm ao redor do mundo, conflitos institucionalizadas no campo.
a ONU organiza centros formais e informais O propsito da pesquisa foi
de resoluo de conflitos que so conduzidos compreender os esforos de resoluo de
pelos prprios refugiados. A Mediao nesses conflitos organizados e existentes nos campos
campos lotados e com poucos recursos a de Lugufu e analisar como essas instituies
poltica mais vivel a ser promovida na busca poderiam ser melhoradas. 11 No presente
por justia, convivncia pacfica e resoluo de artigo, apresentado um resumo e algumas
conflitos entre os refugiados porque permite consideraes sobre a situao encontrada.
que eles mesmos lidem (e resolvam) seus
conflitos. A instalao e o gerenciamento METODOLOGIA
dos centros de mediao conduzida pelos
prprios refugiados nos campos de Lugufu I e A pesquisa de campo foi conduzida
II auxiliou na promoo de equidade, dilogo e integralmente por Kian e toda a interao foi
na resoluo de conflitos e disputas de cunho feita no idioma francs com os refugiados
civil. Diferente do que ocorre nos tribunais congoleses que falavam o idioma. No nico caso
institucionalizados, os centros de mediao em que um dos refugiados a ser entrevistado
dos refugiados, conhecidos como tribunais no falava francs, um refugiado bilngue
locais,10 no impem nenhum nus financeiro para os idiomas suali12 e ingls auxiliou na
para a ACNUR ou para o Governo da Tanznia comunicao.
(GOVT). Pelo contrrio, esses centros auxiliam Ao todo, mais de 70 refugiados congoleses
na promoo da segurana e proteo dos foram entrevistados individualmente ou em
refugiados por meio da mediao, de modo grupo. Dentre os entrevistados, a maioria eram
eficiente e barato.
Apesar dos esforos da ACNUR em
promover uma soluo de cunho popular para os
11 A pesquisa foi apresentada em forma de
dissertao por Kian como requisito parcial para a
obteno do ttulo de Mestre em Estudos da Paz e da
10 O nome tradicional de todas as instituies Justia na Universidade de San Diego, EUA, em agosto de
conduzidas por refugiados envolvidos na soluo de 2007.
conflitos nos campos organizados pela ACNUR ao 12 Uma das lnguas oficiais de alguns pases
redor do mundo "Comisso Tradicional de Soluo da frica como Qunia, Tanznia e Uganda, alm de
de Conflitos" - traduo livre. Em Lugufu, eles so ser tambm falada no oficialmente na Repblica
tipicamente chamados de "tribunais locais." Democrtica do Congo.
150
Mediao
Artigos
151
Mediao
Artigos
152
Mediao
Artigos
lideres entrevistados eram lderes de suas vilas Tanto os refugiados juzes quanto lderes
e mediadores no Congo, e, portanto, tinham podiam atuar como mediadores e aplicavam
experincia em aplicar as leis costumeiras e as leis costumeiras congolesas nas instncias
mediar conflitos. Entretanto, muitos refugiados apropriadas para resolver conflitos. No entanto,
escolhiam se tornar lderes no campo para obter qualquer deciso desses juzes poderia ser
experincia nessa rea e, desse modo, alcanar revogada pelos refugiados lderes, uma vez
melhores posies quando retornassem ao que eles eram pessoas respeitadas e eleitas
Congo. Apenas conflitos que no apresentavam para servir um encargo e ter mais poder.21 De
uma ameaa fsica dentro dos campos eram fato, a hierarquia dos refugiados lderes era
tratados pelos refugiados lderes ou pelos muito parecida com aquela de um sistema de
refugiados juzes nos tribunais. Eles e os tribunal distrital, no qual o Lder do Campo tem
membros do grupo VSG da Viso Mundial autoridade para rever qualquer deciso emitida
Tanznia colaboravam com a ACNUR e com o pelos lderes de posio hierarquicamente
MAI reportando casos de violncia domstica e inferior. Alm disso, os lderes das vilas e
estupro. das quadras nas quais as partes conflitantes
O propsito dos refugiados lderes e residiam observavam as relaes entre elas, e
juzes dos tribunais era mediar conflitos entre sesses de acompanhamento eram geralmente
os refugiados de maneira consistente com conduzidas por esses lderes para determinar
os mtodos culturais tradicionais praticados o progresso dos participantes da mediao,
no Congo. Os lderes do campo eram eleitos aps a sesso. poca da pesquisa, os juzes
anualmente pela comunidade refugiada e nos tribunais mediavam em mdia entre 10
iniciavam suas tarefas aps completarem com e15 casos por ms com o auxlio dos refugiados
sucesso um exame simples criado pelo GOVT lderes.
e que consistia de poucas questes orais Alm dos tribunais locais que tinham
para determinar a capacidade intelectual e mandato para solucionar conflitos de ordem
condies fsicas dos lderes. Eram os lderes do no criminais, muitas associaes ad hoc eram
campo que indicavam os juzes, chamados de estabelecidas no campo pelos refugiados para
Kiuno, para aturarem nos tribunais locais, e eles tambm auxiliar nas resolues de conflitos.
tambm elegiam os membros da Sungusungus Por exemplo, a Sociedade dos Agricultores
para colaborar com a polcia da Tanznia. A para o Desenvolvimento Agrcola e Social
possibilidade de nepotismo na indicao dos (SADAS),22 estava bastante engajada na soluo
juzes nos tribunais locais foi brevemente de conflitos entre os refugiados de Lugufu por
investigada durante a pesquisa, j que vrios meio de mediao, sesses de aconselhamento
refugiados foram questionados durante as
entrevistas sobre o assunto; contudo, as
respostas eram sempre no sentido de que
21 Entrevista com Refugiado n. 1 e trs refugiados
os juzes eram escolhidos de maneira justa e mediadores no tribunal local em Lugufu II; 25 de julho de
razovel. 2007.
22 Traduo livre do francs Solidarit Paysanne
Pour le Developpement Agricole et Social (SOPADAS).
SADAS uma associao ad hod que esteva estabelecida
nos campos de Lugufu e fora criada em 29 de novembro
Comunitrios da ACNUR; 25 de julho de 2007. de 2001.
153
Mediao
Artigos
familiar, seminrios de educao para a paz, conversas bem como da observao das
e doaes de bens agrcolas e animais de operaes de campo em Lugufu, percebeu-se
criao para famlias pobres que estavam que a distribuio das responsabilidades entre
prestes a perder suas famlias em decorrncia as instituies era geralmente justa e clara.
de atraso no pagamento de dotes. poca, A ACNUR e o escritrio para assuntos de VSG
a SADAS conduzia entre cinco e oito casos da Viso Mundial promoviam as diretrizes
por ms com o auxlio de nove mediadores estabelecidas pelos regulamentos da ONU e do
(4 mulheres e 5 homens). Todos os sbados, MAI e, ocasionalmente, organizavam seminrios
uma equipe de trs mediadores (1 mulher e e treinamento sobre resoluo de conflitos,
2 homens) visitavam as vilas para ver quais alm de fornecer os recursos necessrios para
conflitos precisavam de mediao.23 Enquanto as equipes dos tribunais locais. Em que pese a
a SADAS e outras associaes de refugiados clareza da limitao de recursos e de pessoal,
semelhantes no tinham a influencia dos percebeu-se que esses grupos interagiam bem
tribunais locais, muitos refugiados preferiam e que cada um oferecia servios visando auxiliar
receber auxlio dessas associaes do que dos na reduo dos conflitos internos em Lugufu.
tribunais institucionalizados. Nos tribunais, os Os tribunais locais colaboravam de modo
refugiados tinham de pagar uma taxa pequena eficaz com a ACNUR, o MAI e o escritrio para
na forma de uma doao em espcie como assuntos de VSG da Viso Mundial, mantendo
forma de expressar seu respeito e gratido aos comunicao constante com esses rgos e
lderes, o que certamente era uma imposio encaminhando relatrios mensais e anuais para
pesada para aqueles refugiados miserveis. o escritrio da Viso Mundial.25
Mais ainda, a corrupo era um problema
grave tambm entre os refugiados e, desse HISTRICO DOS CONFLITOS NOS CAMPOS
modo, muitos refugiados perdiam a confiana DE LUGUFU
no sistema de tribunais locais.24 Apesar da
SADAS e de outros grupos civis organizados em Praticamente todos os refugiados
Lugufu serem benficos porque auxiliavam na entrevistados nos campos de Lugufu atestaram
promoo da coeso dentro do campo, eles a alta ocorrncia de conflitos dentro dos
acabavam se sobrepondo aos tribunais locais, campos. De acordo com um jovem do
ACNUR e Viso Mundial. Outro problema ensino mdio e que apresentava bastante
dessas associaes era que elas no tinham de conhecimento, os conflitos em Lugufu podiam
prestar contas para a ONU, tampouco para o ser caracterizados como: (1) problemas entre
MAI ou aos tribunais locais. familiares resultantes das presses extremas
Dos dados coletados durante as de cunho financeiro e psicolgico decorrentes
da vida dentro do campo, (2) problemas entre
famlias de tribos diferentes, (3) problemas
23 De acordo com o Diretor de Servios
Comunitrios da ACNUR, essas associaes ad hoc eram
mais ativas nos sbados porque os agentes da ACNUR
no trabalhavam durante os finais de semana, o que 25 Informao verificada por meio de entrevistas
possibilitava s associaes agirem de modo mais livre. com os agentes da ACNUR, com o Comandante Regional
24 Entrevista com um mediador na SADAS, do MIA, conselheiros de VSG, e refugiados mediadores
Refugiado n. 2; 22 de julho de 2007. nos tribunais locais tanto de Lugufu I quanto II.
154
Mediao
Artigos
155
Mediao
Artigos
pequenas, e prostituio eram outros conflitos solues para situaes em que o conflito est
que surgiam porque muitos refugiados estavam oculto, solues essas que sejam mutualmente
desesperados por dinheiro.30 aceitveis. Por fim, o objetivo e benefcio final
Outra fonte de conflito e insegurana da mediao que ela no apenas soluciona ou
em Lugufu eram as tenses entre os diferentes gerencia um conflito, mas transforma as mentes
grupos tnicos e tribais que l se encontravam. das partes em conflito de modo positivo.32
Ademais, a cultura congolesa altamente No contexto especfico de nossa
patriarcal, o que acarretava tenses entre pesquisa, a Mediao foi uma resposta
homens e mulheres. Na realidade, segundo pragmtica para os conflitos em Lugufu, uma
quase todos os refugiados entrevistados nesta vez que os mecanismos para garantia da lei e da
pesquisa, a vasta maioria dos conflitos no campo ordem disponveis pelo GOVT e pela ACNUR se
ocorria entre cnjuges, sendo tanto de natureza mostraram bastante inadequados e mnimos,
fsica quanto verbal. Como agravante, pode-se no que diz respeito vigilncia policial. Ademais,
destacar o fato de que questes relacionadas o nmero de agentes da ACNUR era pequeno
violncia sexual, especialmente a domstica, demais em relao aos milhares de refugiados
se nem sempre recebem a ateno devida no que estiveram em Lugufu, impossibilitando
Brasil atual, qui recebiam h praticamente Agencia da ONU atender de maneira isolada
uma dcada em uma comunidade de refugiados a necessidade de solucionar os conflitos
cujos lderes eram, em sua grande maioria, existentes dentro dos campos.
homens. Os tribunais locais possibilitavam
aos refugiados solucionar eles mesmos seus
OS BENEFCIOS DA MEDIAO prprios conflitos, o que se mostrou altamente
vantajoso para os refugiados uma vez que eles
Segundo um refugiado lder em eram extremamente desconfiados de pessoas
Lugufu I bastante respeitado, a Mediao estranhas auxiliando na soluo de seus conflitos
importante porque promove a amizade, e internos.33 Alis, muitas vtimas de violncia
tambm possibilita que as pessoas dependam sexual no denunciavam polcia ou mesmo
uma das outras para conselhos... promove aos tribunais locais os abusos por medo de que
a comunicao, o que ajuda as pessoas a se a famlia do agressor viesse molestar a vtima.
aproximarem.... a Mediao muito importante A Mediao podia garantir o sigilo dos conflitos
na cultura congolesa.31 A Mediao se dos refugiados e solucionar problemas sem a
mostrou essencial nos campos de Lugufu necessidade de interveno dos tanzanianos ou
porque possibilitava aos refugiados envolvidos da ACNUR.
em um conflito a oportunidade de dar voz s Os centros de mediao conduzidos
suas preocupaes. O processo de mediao pelos refugiados tambm ajudavam a ACNUR e
tambm possibilita s partes em conflito buscar o pas hospedeiro porque solucionavam muitos
30 Entrevista com agentes de VSG no escritrio da 32 Jennifer E. Beer with Eillen Stief, The Mediators
Viso Mundial da Tanznia; 17 de julho de 2007. Handbook. (Gabriola Island: New Society Publishers,
31 Entrevista com o Lder do Campo de Lugufu I, 1997), 15.
Refugiado n. 4; 23 de julho de 2007. 33 Human Rights Watch, 27. Traduo livre.
156
Mediao
Artigos
157
Mediao
Artigos
separadamente para alcanar uma melhor que podia ser especialmente danoso em casos
compreenso dos interesses por trs de suas relacionados a violncia sexual.42
posies. Depois da fase de coleta de dados, o Assim, apesar dos esforos da ACNUR
mediador esforava-se para definir a natureza na promoo de equilbrio de gnero,
do conflito e, na sequencia, ele/ela decidia por atitudes patriarcais e machistas ainda afetam
aplicar a lei costumeira quando aplicvel, ou dar negativamente as mulheres na mediao.43
s partes a oportunidade de buscar solues No Campo de Nduta, tambm na Tanznia,
diferentes para o conflito (quando ausente lei que abrigava refugiados do Burundi, a
costumeira relevante/relacionada). Depois da organizao Human Rights Watch constatou a
aprovao e resumo da lei costumeira aplicvel permanncia de violncia domstica apesar do
ou da soluo gerada pelas partes, o mediador envolvimento do abashingatahe (mediadores
dava conselhos, mudando, assim seu papel de locais da sociedade do Burundi) porque eles
facilitador para conselheiro. Frequentemente, so tipicamente refugiados homens mais
os mediadores davam conselhos conjugais s velhos.44 Como resultado, muitos dos acordos
partes, ensinavam tica Crist, e explicavam a alcanados na mediao so superficiais, e
eles que precisavam ser pacientes e tolerantes o conflito persiste depois que as partes se
com as dificuldades de serem refugiados.39 afastam da presena do mediador local porque
O Lder do Campo de Lugufu I afirma com os mediadores no so neutros e as partes no
preciso que A ACNUR tem confiana em ns revelam abertamente as informaes.
para resolver conflitos, e realmente os centros De modo semelhante, os mediadores
de mediao conduzidos pelos refugiados congoleses em Lugufu I e II eram tipicamente
em Lugufu resolviam muitos problemas.40 refugiados homens mais velhos que
Uma grande deficincia percebida nesses conquistaram um nvel elevado de respeito,
centros relacionava-se ausncia frequente segurana e confiana da comunidade
de neutralidade do mediador. Segundo um para promover a paz e a conciliao. Essas
refugiado, os mediadores aqui no so neutros, tendncias culturais e de gnero podiam fazer
mesmo nos tribunais, porque no so imparciais com que esses mediadores no fossem neutros
para todas as partes e para todas as tribos.41 durante a mediao, especialmente no que
Ademais, suas decises so respeitadas, diz respeito s mulheres. De acordo com um
mas elas sempre favorecem os homens. Isso grupo de mulheres refugiadas mediadoras, a
fazia com que os mediadores restringissem importncia de se ter as vozes das mulheres no
sua neutralidade e, consequentemente, suas processo de mediao igualmente importante
habilidades de ganhar a confiana das partes, o para que o conflito no perdure e as mulheres
continuem insatisfeitas.45 Essas perspectivas
158
Mediao
Artigos
159
Mediao
Artigos
Isso terrvel.49 Ademais, muitos refugiados com as razes dos inevitveis conflitos internos
acusavam os mediadores de ficar com essas que se desenvolvem dentro dos campos.
doaes para si prprios ao invs de aplic-los Os centros de mediao conduzidos pelos
em benefcio da comunidade refugiada. refugiados em Lugufu apresentavam o potencial
A questo do pagamento nos tribunais para proteger os refugiados congoleses e
tambm levanta a questo de remunerao promover justia, conciliao e coexistncia.
dos refugiados mediadores por seus servios. Com a soluo de uma variedade de conflitos
Todos os mediadores entrevistados em ambos mediados em Lugufu, os refugiados congoleses
os campos nos tribunais locais e na SADAS puderam viver com maior segurana e a
afirmaram seu desejo em serem remunerados proteo pretendida pela ACNUR.
pelos servios prestados. poca da pesquisa, Ao tempo em que existiam vrios
todos os mediadores, lderes das vilas, e mesmo mecanismos em Lugufu para lidar com
o lder do campo trabalharam voluntariamente os conflitos internos, muitos problemas
de segunda a sexta-feira, 6 horas por dia. Eles continuavam ocorrendo no apenas por conta
diziam que mesmo um salrio modesto entre da pobreza, do tribalismo e do patriarcado,
$10 e $60 dlares por mediador por ms mas essencialmente porque as mentalidades
aumentaria significativamente suas motivaes, dos refugiados no mudavam. Suas percepes
e, desse modo, melhoraria suas habilidades de sobre ns e eles, e dos outros grupos
lidar com os conflitos. Ademais, eles afirmavam sendo inferiores e errados permaneciam
que isso tambm contribuiria para o aumento as razes fundamentais dos conflitos. Os
do nmero de mulheres nos tribunais locais, j refugiados, sem a menor sombra de dvidas,
que as mulheres se sentiriam mais dispostas a vivem vidas extremamente difceis, porm,
deixar seus lares e crianas por algumas horas conforme afirmado por Kreisberg, existem
por dia. Sem sombras de dvida, os mediadores condies piores que a coexistncia.... [oque]
de Lugufu mereciam ser financeiramente pode ser o prenncio do aumento da paz, do
compensados pelos servios prestados; avano da conciliao, e do alcance de mais
entretanto, devido falta de recursos sua justia.50 A coexistncia em Lugufu (e no Congo)
remunerao no era algo realizvel. no precisava ser um fenmeno causador de
conflitos. Com instituies de resoluo de
CONCLUSO conflitos, como os tribunais locais, o MAI a
ACNUR, as igrejas, os centros desportivos, a
A segurana dos refugiados no deve polcia da Tanznia e a Sungusungu, os conflitos
estar restrita instalao de um policiamento em Lugufu continuavam a ser gerenciados e
pesado nos campos de refugiados. Ao contrrio, aliviados.
programas eficazes de proteo aos refugiados A educao o melhor mtodo de mudar
precisam incluir instituies dinmicas e a percepo negativa das pessoas, alm de ser
responsveis para solucionar conflitos e lidar a melhor maneira de promover a aquisio de
160
Mediao
Artigos
161
Mediao
Registro Especial
COM A PALAVRA,
ROBERTO BACELLAR
1) Quais so as diferenas entre conciliao e mediao
e seus princpios norteadores?
Roberto Bacellar: Para dirimir questes de um nico vnculo a conciliao o meio adequado.
A conciliao nossa velha conhecida. focada e destina-se a questes de um nico vnculo, onde
no h relao anterior entre as partes e o mediador pode sugerir solues para um acordo. Lei de
Mediao (Lei 13.140/2015) define a mediao como atividade tcnica exercida por terceiro imparcial
sem poder decisrio, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou
desenvolver solues consensuais para a controvrsia. Pelo Novo CPC (Lei 13.105/2015) adequada
pra causas em que j exista relacionamento anterior entre as partes.
Hoje alguns princpios so comuns tanto mediao quanto arbitragem, como o da confidencialidade
que essencial para que as partes se sintam inteiramente a vontade para ofertar propostas, falar, se
emocionar e ao lado dele o da independncia que independncia do prprio processo consensual,
relativamente ao processo adversarial. Antes a conciliao era uma fase, agora ela prpria juntamente
com a mediao so verdadeiramente processos independentes. No se deve contar nada do que
aconteceu na fase consensual ao juiz que vai julgar a causa. So muitos elementos que aproximam -
mas tambm distinguem a conciliao da mediao.
Roberto Bacellar: A mediao nova e destina-se a tratar de relaes multiplexas - de vrios vnculos,
mesmo que no sejam jurdicos e no integrem o processo. O sistema judicirio est acostumado a
tratar s da lide e dizer o que no est nos autos no est no mundo.O objeto da mediao mais
amplo e todas as questes levantadas devem receber ateno do mediador, mesmo que decorram
de outros fatos no especificados e de relaes diversas das inicialmente apresentadas. A postura
do mediador mais passiva em relao ao mrito na medida em que ele no pode sugerir solues
162
Mediao
Registro Especial
e deve apenas ampliar a discusso, abrir o leque de possibilidades, a fim de que a comunicao se
estabelea de maneira a facilitar que os interessados possam, a partir das questes levantadas, alm
da lide, compreender seus interesses e encontrar por eles prprios as solues que entenderem
adequadas. Deve, porm o mediador ter uma postura mais ativa em relao investigao dos fatos,
ao estabelecimento da comunicao, ao levantamento das questes e identificao dos interesses. A
partir da os prprios interessados estimulados pelo mediador podero perceber, por eles mesmos,
os interesses comuns e encontrar as solues consensuais a partir de propostas por eles reveladas
com a finalidade do encontro de benefcios mtuos.
Roberto Bacellar: Fazemos no sistema judicirio muitas conciliaes e muitas vezes ficamos
na superfcie dos problemas, matamos processos e no resolvemos o caso na sua integralidade.
O desafio do mediador tanto no NCPC quanto na Lei de Mediao ser o de colher das pessoas
aquilo que verdadeiramente importa (o interesse), mesmo que para isso uma sesso de mediao
possa se desdobrar por vrios dias. A mediao exige mais tempo, tempo esse que normalmente
ns magistrados no dispomos. O papel desses auxiliares ser multiplicar a capacidade do juiz em
situaes em que ele no poderia destinar seu tempo s para aquela relao, para aquele caso.
Roberto Bacellar: Os juzes do trabalho, no Brasil, em sua grande maioria, realizam pessoalmente as
audincias conciliatrias e em face das peculiaridades das relaes de trabalho consideram essencial
essa providncia a fim de ter melhores condies de avaliar eventuais desequilbrios de poder.
Conforme essa tica h efetivamente razes sustentveis que justificam que o juiz do trabalho presida
pessoalmente as audincias conciliatrias. O problema que tem sido apontado a partir desse enfoque
o de que muitas vezes o juiz do trabalho (por ter um excesso grande de atividades) no destina
tempo suficiente para as audincias de conciliao. Caso houvesse uma adequada coordenao das
atividades e a audincia de conciliao ou de mediao fosse dirigida por um servidor ou por outro
163
Mediao
Registro Especial
auxiliar da justia (conciliador ou mediador) as partes teriam mais tempo para conversar e talvez
encontrar uma soluo consensual mais adequada para o caso.
Roberto Bacellar: A capacitao dos auxiliares fundamental. Sem capacitao no possvel fazer
uma conciliao ou mediao de forma adequada. A atividade no intuitiva uma atividade tcnica
que exige formao e aperfeioamento permanentes. O sucesso dos mtodos consensuais est na
capacitao dos terceiros (mediadores e conciliadores).
I JORNADA
PREVENO E SOLUO EXTRAJUDICIAL DE LITGIOS
22 e 23 de agosto de 2016
Braslia - DF
REALIZAO: Centro de Estudos Judicirios do Conselho da Justia Federal
Ministro OG FERNANDES
Corregedor-Geral da Justia Federal e Diretor do Centro de Estudos Judicirios
COORDENAO:
Ministro Luis Felipe Salomo
Coordenador Geral da Comisso Cientfica
Ministro Antonio Carlos Ferreira
Coordenador Cientfico de Arbitragem
Professor Kazuo Watanabe
Coordenador Cientfico de Mediao
Professor Joaquim Falco
Coordenador Cientfico de Outras Formas de Solues de Conflitos
ENUNCIADOS APROVADOS
ARBITRAGEM
2 - Ainda que no haja clusula compromissria, a Administrao Pblica poder celebrar compromisso
arbitral.
3 - A carta arbitral poder ser processada diretamente pelo rgo do Poder Judicirio do foro onde
se dar a efetivao da medida ou deciso.
5 - A arguio de conveno de arbitragem pode ser promovida por petio simples, a qualquer
momento antes do trmino do prazo da contestao, sem caracterizar precluso das matrias de
165
Mediao
Registro Especial
13 - Podem ser objeto de arbitragem relacionada Administrao Pblica, dentre outros, litgios
relativos: I ao inadimplemento de obrigaes contratuais por qualquer das partes; II - recomposio
do equilbrio econmico-financeiro dos contratos, clusulas financeiras e econmicas.
MEDIAO
14 - A mediao mtodo de tratamento adequado de controvrsias que deve ser incentivado pelo
Estado, com ativa participao da sociedade, como forma de acesso Justia e ordem jurdica justa.
15 - Recomenda-se aos rgos do sistema de Justia firmar acordos de cooperao tcnica entre si
e com Universidades, para incentivo s prticas dos mtodos consensuais de soluo de conflitos,
bem assim com empresas geradoras de grande volume de demandas, para incentivo preveno e
soluo extrajudicial de litgios.
166
Mediao
Registro Especial
17 - Nos processos administrativo e judicial, dever do Estado e dos operadores do Direito propagar
e estimular a mediao como soluo pacfica dos conflitos.
18 - Os conflitos entre a administrao pblica federal direta e indireta e/ou entes da federao
podero ser solucionados pela Cmara de Conciliao e Arbitragem da Administrao Pblica
Federal CCAF rgo integrante da Advocacia-Geral da Unio, via provocao do interessado ou
comunicao do Poder Judicirio.
167
Mediao
Registro Especial
168
Mediao
Registro Especial
36 - Para estimular solues administrativas em aes previdencirias, quando existir matria de fato
a ser comprovada, as partes podero firmar acordo para a reabertura do processo administrativo
com o objetivo de realizar, por servidor do INSS em conjunto com a Procuradoria, procedimento de
justificao administrativa, pesquisa externa e/ou vistoria tcnica, com possibilidade de reviso da
deciso original.
38 - O Estado promover a cultura da mediao no sistema prisional, entre internos, como forma de
possibilitar a ressocializao, a paz social e a dignidade da pessoa humana.
40 - Nas mediaes de conflitos coletivos envolvendo polticas pblicas, judicializados ou no, dever
ser permitida a participao de todos os potencialmente interessados, dentre eles: (i) entes pblicos
(Poder Executivo ou Legislativo) com competncias relativas matria envolvida no conflito; (ii)
entes privados e grupos sociais diretamente afetados; (iii) Ministrio Pblico; (iv) Defensoria Pblica,
quando houver interesse de vulnerveis; e (v) entidades do terceiro setor representativas que atuem
169
Mediao
Registro Especial
41 - Alm dos princpios j elencados no art. 2 da Lei 13.140/2015, a mediao tambm dever ser
orientada pelo Princpio da Deciso Informada.
42 - O membro do Ministrio Pblico designado para exercer as funes junto aos centros, cmaras
pblicas de mediao e qualquer outro espao em que se faa uso das tcnicas de autocomposio,
para o tratamento adequado de conflitos, dever ser capacitado em tcnicas de mediao e
negociao, bem como de construo de consenso.
170
Mediao
Registro Especial
53 - Estimula-se a transao como alternativa vlida do ponto de vista jurdico para tornar efetiva
a justia tributria, no mbito administrativo e judicial, aprimorando a sistemtica de preveno e
soluo consensual dos conflitos tributrios entre Administrao Pblica e administrados, ampliando,
assim, a recuperao de receitas com maior brevidade e eficincia.
54 - A Administrao Pblica dever oportunizar a transao por adeso nas hipteses em que houver
precedente judicial de observncia obrigatria.
171
Mediao
Registro Especial
61 - Os gestores, defensores e advogados pblicos que, nesta qualidade, venham a celebrar transaes
judiciais ou extrajudiciais, no mbito de procedimento de conciliao, mediao ou arbitragem, no
respondero civil, administrativa ou criminalmente, exceto se agirem mediante dolo ou fraude.
64 - Os dirigentes mximos de entes estatais que exploram atividade econmica podem delegar
sua rea jurdica a capacidade de intervir na resoluo de litgios extrajudiciais provocados por
clientes, em virtude de falhas ocorridas na realizao de negcios, emitindo manifestao de
carter mandatrio s demais reas da instituio com a finalidade de indenizar (patrimonial e/
ou extrapatrimonialmente) ou solicitar providncias que reparem o dano causado aos clientes, de
acordo com a legislao e jurisprudncia pertinentes.
65 - O emprego dos meios consensuais de soluo de conflito deve ser estimulado nacionalmente
como poltica pblica, podendo ser utilizados nos Centros de Referncia da Assistncia Social (CRAS),
cujos profissionais, predominantemente psiclogos e assistentes sociais, lotados em reas de
vulnerabilidade social, esto voltados ateno bsica e preventiva.
66 - fundamental a atualizao das matrizes curriculares dos cursos de direito, bem como a criao
de programas de formao continuada aos docentes do ensino superior jurdico, com nfase na
temtica da preveno e soluo extrajudicial de litgios e na busca pelo consenso.
172
Mediao
Registro Especial
67 - Nos colgios recursais, o relator poder, monocraticamente, encaminhar os litgios aos Centros
Judicirios de Soluo de Conflitos e Cidadania.
70 - Quando questionada a juridicidade das decises tomadas por meio de novas tecnologias de
resoluo de controvrsias, deve-se atuar com parcimnia e postura receptiva, buscando valorizar e
aceitar os acordos oriundos dos meios digitais.
72 - As instituies privadas que lidarem com mediao, conciliao e arbitragem, bem como
com demais mtodos adequados de soluo de conflitos, no devero conter, tanto no ttulo de
estabelecimento, marca ou nome, dentre outros, nomenclaturas e figuras que se assimilem ideia
de Poder Judicirio.
173
Mediao
Registro Especial
78 - Recomenda-se aos juzes das varas de famlia dos tribunais onde j tenham sido implantadas as
oficinas de parentalidade que as partes sejam convidadas a participar das referidas oficinas, antes da
citao nos processos de guarda, visitao e alienao parental, como forma de fomentar o dilogo
e prevenir litgios.
80 - A utilizao dos Comits de Resoluo de Disputas (Dispute Boards), com a insero da respectiva
clusula contratual, recomendvel para os contratos de construo ou de obras de infraestrutura,
como mecanismo voltado para a preveno de litgios e reduo dos custos correlatos, permitindo a
imediata resoluo de conflitos surgidos no curso da execuo dos contratos.
82 - O Poder Pblico, o Poder Judicirio, as agncias reguladoras e a sociedade civil devero estimular,
mediante a adoo de medidas concretas, o uso de plataformas tecnolgicas para a soluo de
conflitos de massa.
174
Mediao
Registro Especial
84 - O Poder Pblico inclusive o Poder Judicirio e a sociedade civil devero estimular a criao,
no mbito das procuradorias municipais e estaduais, de centros de soluo de conflitos, voltados
soluo de litgios entre a Administrao Pblica e os cidados, como, por exemplo, a Central de
Negociao da Procuradoria-Geral da Unio.
85 - O Poder Pblico inclusive o Poder Judicirio e a sociedade civil devero estimular a criao,
no mbito das entidades de classe, de conselhos de autorregulamentao, voltados para a soluo
de conflitos setoriais.
175
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
176
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
177
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
178
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
RESOLVE:
CAPTULO I
179
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
180
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
CAPTULO II
CAPTULO III
181
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
Seo I
182
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
183
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
Seo II
184
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
185
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
186
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
187
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
188
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
CAPTULO IV
189
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
190
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
III execuo;
IV - precatrios;
VI dispensas em massa.
191
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
192
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
193
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
CAPTULO V
DO PORTAL DA CONCILIAO
194
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
CAPTULO VI
195
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
Art. 2 (...)
196
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
ANEXO I
197
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
ANEXO II
198
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
199
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
todos; e
200
Mediao
Cdigos e Leis
PODER JUDICIRIO
JUSTIA DO TRABALHO
CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIA DO TRABALHO
201
Mediao
Cdigos e Leis
Art. 1o Esta Lei dispe sobre a mediao como meio de soluo de controvrsias entre
particulares e sobre a autocomposio de conflitos no mbito da administrao pblica.
Pargrafo nico. Considera-se mediao a atividade tcnica exercida por terceiro imparcial
sem poder decisrio, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou
desenvolver solues consensuais para a controvrsia.
CAPTULO I
DA MEDIAO
Seo I
Disposies Gerais
I - imparcialidade do mediador;
III - oralidade;
IV - informalidade;
VI - busca do consenso;
202
Mediao
Cdigos e Leis
VII - confidencialidade;
VIII - boa-f.
Art. 3oPode ser objeto de mediao o conflito que verse sobre direitos disponveis ou sobre
direitos indisponveis que admitam transao.
2oO consenso das partes envolvendo direitos indisponveis, mas transigveis, deve ser
homologado em juzo, exigida a oitiva do Ministrio Pblico.
Seo II
Dos Mediadores
Subseo I
Disposies Comuns
Art. 4oO mediador ser designado pelo tribunal ou escolhido pelas partes.
Pargrafo nico. A pessoa designada para atuar como mediador tem o dever de revelar s
partes, antes da aceitao da funo, qualquer fato ou circunstncia que possa suscitar dvida
justificada em relao sua imparcialidade para mediar o conflito, oportunidade em que poder ser
recusado por qualquer delas.
Art. 6oO mediador fica impedido, pelo prazo de um ano, contado do trmino da ltima audincia
em que atuou, de assessorar, representar ou patrocinar qualquer das partes.
Art. 7o O mediador no poder atuar como rbitro nem funcionar como testemunha em
203
Mediao
Cdigos e Leis
processos judiciais ou arbitrais pertinentes a conflito em que tenha atuado como mediador.
Art. 8oO mediador e todos aqueles que o assessoram no procedimento de mediao, quando
no exerccio de suas funes ou em razo delas, so equiparados a servidor pblico, para os efeitos
da legislao penal.
Subseo II
Art. 9o Poder funcionar como mediador extrajudicial qualquer pessoa capaz que tenha a
confiana das partes e seja capacitada para fazer mediao, independentemente de integrar qualquer
tipo de conselho, entidade de classe ou associao, ou nele inscrever-se.
Art. 10. As partes podero ser assistidas por advogados ou defensores pblicos.
Subseo III
Dos MediadoresJudiciais
Art. 11. Poder atuar como mediador judicial a pessoa capaz, graduada h pelo menos dois
anos em curso de ensino superior de instituio reconhecida pelo Ministrio da Educao e que tenha
obtido capacitao em escola ou instituio de formao de mediadores, reconhecida pela Escola
Nacional de Formao e Aperfeioamento de Magistrados - ENFAM ou pelos tribunais, observados
os requisitos mnimos estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justia em conjunto com o Ministrio
da Justia.
Art. 12. Os tribunais criaro e mantero cadastros atualizados dos mediadores habilitados e
autorizados a atuar em mediao judicial.
1oA inscrio no cadastro de mediadores judiciais ser requerida pelo interessado ao tribunal
com jurisdio na rea em que pretenda exercer a mediao.
Art. 13. A remunerao devida aos mediadores judiciais ser fixada pelos tribunais e custeada
pelas partes, observado o disposto no 2odo art. 4odesta Lei.
Seo III
204
Mediao
Cdigos e Leis
Do Procedimento de Mediao
Subseo I
Disposies Comuns
Art. 14. No incio da primeira reunio de mediao, e sempre que julgar necessrio, o mediador
dever alertar as partes acerca das regras de confidencialidade aplicveis ao procedimento.
Art. 15. A requerimento das partes ou do mediador, e com anuncia daquelas, podero
ser admitidos outros mediadores para funcionarem no mesmo procedimento, quando isso for
recomendvel em razo da natureza e da complexidade do conflito.
Art. 16. Ainda que haja processo arbitral ou judicial em curso, as partes podero submeter-
se mediao, hiptese em que requerero ao juiz ou rbitro a suspenso do processo por prazo
suficiente para a soluo consensual do litgio.
1o irrecorrvel a deciso que suspende o processo nos termos requeridos de comum acordo
pelas partes.
2oA suspenso do processo no obsta a concesso de medidas de urgncia pelo juiz ou pelo
rbitro.
Art. 17. Considera-se instituda a mediao na data para a qual for marcada a primeira reunio
de mediao.
Art. 18. Iniciada a mediao, as reunies posteriores com a presena das partes somente
podero ser marcadas com a sua anuncia.
Art. 19. No desempenho de sua funo, o mediador poder reunir-se com as partes, em
conjunto ou separadamente, bem como solicitar das partes as informaes que entender necessrias
para facilitar o entendimento entre aquelas.
Art. 20. O procedimento de mediao ser encerrado com a lavratura do seu termo final, quando
for celebrado acordo ou quando no se justificarem novos esforos para a obteno de consenso,
seja por declarao do mediador nesse sentido ou por manifestao de qualquer das partes.
205
Mediao
Cdigos e Leis
Subseo II
Da MediaoExtrajudicial
Art. 21. O convite para iniciar o procedimento de mediao extrajudicial poder ser feito por
qualquer meio de comunicao e dever estipular o escopo proposto para a negociao, a data e o
local da primeira reunio.
Pargrafo nico. O convite formulado por uma parte outra considerar-se- rejeitado se no
for respondido em at trinta dias da data de seu recebimento.
I - prazo mnimo e mximo para a realizao da primeira reunio de mediao, contado a partir
da data de recebimento do convite;
1o A previso contratual pode substituir a especificao dos itens acima enumerados pela
indicao de regulamento, publicado por instituio idnea prestadora de servios de mediao,
no qual constem critrios claros para a escolha do mediador e realizao da primeira reunio de
mediao.
2oNo havendo previso contratual completa, devero ser observados os seguintes critrios
para a realizao da primeira reunio de mediao:
I - prazo mnimo de dez dias teis e prazo mximo de trs meses, contados a partir do
recebimento do convite;
206
Mediao
Cdigos e Leis
Subseo III
Da Mediao Judicial
Art. 24. Os tribunais criaro centros judicirios de soluo consensual de conflitos, responsveis
pela realizao de sesses e audincias de conciliao e mediao, pr-processuais e processuais, e
pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposio.
Art. 25. Na mediao judicial, os mediadores no estaro sujeitos prvia aceitao das partes,
observado o disposto no art. 5odesta Lei.
Art. 26. As partes devero ser assistidas por advogados ou defensores pblicos, ressalvadas as
hipteses previstas nasLeis nos9.099, de 26 de setembro de 1995, e10.259, de 12 de julho de 2001.
Pargrafo nico. Aos que comprovarem insuficincia de recursos ser assegurada assistncia pela
Defensoria Pblica.
Art. 27. Se a petio inicial preencher os requisitos essenciais e no for o caso de improcedncia
liminar do pedido, o juiz designar audincia de mediao.
Art. 28. O procedimento de mediao judicial dever ser concludo em at sessenta dias, contados
da primeira sesso, salvo quando as partes, de comum acordo, requererem sua prorrogao.
Pargrafo nico. Se houver acordo, os autos sero encaminhados ao juiz, que determinar o
arquivamento do processo e, desde que requerido pelas partes, homologar o acordo, por sentena,
e o termo final da mediao e determinar o arquivamento do processo.
207
Mediao
Cdigos e Leis
Art. 29. Solucionado o conflito pela mediao antes da citao do ru, no sero devidas custas
judiciais finais.
Seo IV
Art. 30. Toda e qualquer informao relativa ao procedimento de mediao ser confidencial
em relao a terceiros, no podendo ser revelada sequer em processo arbitral ou judicial salvo se as
partes expressamente decidirem de forma diversa ou quando sua divulgao for exigida por lei ou
necessria para cumprimento de acordo obtido pela mediao.
I - declarao, opinio, sugesto, promessa ou proposta formulada por uma parte outra na
busca de entendimento para o conflito;
Art. 31. Ser confidencial a informao prestada por uma parte em sesso privada, no podendo o
mediador revel-la s demais, exceto se expressamente autorizado.
CAPTULO II
208
Mediao
Cdigos e Leis
Seo I
Disposies Comuns
Art. 32. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios podero criar cmaras de
preveno e resoluo administrativa de conflitos, no mbito dos respectivos rgos da Advocacia
Pblica, onde houver, com competncia para:
1oO modo de composio e funcionamento das cmaras de que trata ocaputser estabelecido
em regulamento de cada ente federado.
2oA submisso do conflito s cmaras de que trata ocaput facultativa e ser cabvel apenas
nos casos previstos no regulamento do respectivo ente federado.
3oSe houver consenso entre as partes, o acordo ser reduzido a termo e constituir ttulo
executivo extrajudicial.
Art. 33. Enquanto no forem criadas as cmaras de mediao, os conflitos podero ser dirimidos
nos termos do procedimento de mediao previsto na Subseo I da Seo III do Captulo I desta Lei.
Pargrafo nico. A Advocacia Pblica da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municpios, onde houver, poder instaurar, de ofcio ou mediante provocao, procedimento de
mediao coletiva de conflitos relacionados prestao de servios pblicos.
209
Mediao
Cdigos e Leis
Seo II
Dos Conflitos Envolvendo a Administrao Pblica Federal Direta, suas Autarquias e Fundaes
Art. 35. As controvrsias jurdicas que envolvam a administrao pblica federal direta, suas
autarquias e fundaes podero ser objeto de transao por adeso, com fundamento em:
3o A resoluo administrativa ter efeitos gerais e ser aplicada aos casos idnticos,
tempestivamente habilitados mediante pedido de adeso, ainda que solucione apenas parte da
controvrsia.
5oSe o interessado for parte em processo judicial inaugurado por ao coletiva, a renncia
ao direito sobre o qual se fundamenta a ao dever ser expressa, mediante petio dirigida ao juiz
da causa.
Art. 36. No caso de conflitos que envolvam controvrsia jurdica entre rgos ou entidades
de direito pblico que integram a administrao pblica federal, a Advocacia-Geral da Unio dever
realizar composio extrajudicial do conflito, observados os procedimentos previstos em ato do
Advogado-Geral da Unio.
210
Mediao
Cdigos e Leis
Art. 37. facultado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios, suas autarquias e
fundaes pblicas, bem como s empresas pblicas e sociedades de economia mista federais,
submeter seus litgios com rgos ou entidades da administrao pblica federal Advocacia-Geral
da Unio, para fins de composio extrajudicial do conflito.
Art. 38. Nos casos em que a controvrsia jurdica seja relativa a tributos administrados pela
Secretaria da Receita Federal do Brasil ou a crditos inscritos em dvida ativa da Unio:
III - quando forem partes as pessoas a que alude ocaputdo art. 36:
211
Mediao
Cdigos e Leis
prevista nosincisos VI,XeXI do art. 4oda Lei Complementar no73, de 10 de fevereiro de 1993, e
naLei no9.469, de 10 de julho de 1997.(Redao dada pela Lei n 13.327, de 2016)(Produo
de efeito)
Art. 39. A propositura de ao judicial em que figurem concomitantemente nos polos ativo e passivo
rgos ou entidades de direito pblico que integrem a administrao pblica federal dever ser
previamente autorizada pelo Advogado-Geral da Unio.
CAPTULO III
DISPOSIES FINAIS
Art. 41. A Escola Nacional de Mediao e Conciliao, no mbito do Ministrio da Justia, poder
criar banco de dados sobre boas prticas em mediao, bem como manter relao de mediadores e
de instituies de mediao.
Art. 42. Aplica-se esta Lei, no que couber, s outras formas consensuais de resoluo de
conflitos, tais como mediaes comunitrias e escolares, e quelas levadas a efeito nas serventias
extrajudiciais, desde que no mbito de suas competncias.
Pargrafo nico. A mediao nas relaes de trabalho ser regulada por lei prpria.
Art. 43. Os rgos e entidades da administrao pblica podero criar cmaras para a resoluo
de conflitos entre particulares, que versem sobre atividades por eles reguladas ou supervisionadas.
Art. 44. Os arts. 1oe 2odaLei no9.469, de 10 de julho de 1997, passam a vigorar com a seguinte
redao:
1oPodero ser criadas cmaras especializadas, compostas por servidores pblicos ou empregados
pblicos efetivos, com o objetivo de analisar e formular propostas de acordos ou transaes.
3oRegulamento dispor sobre a forma de composio das cmaras de que trata o 1o, que devero
ter como integrante pelo menos um membro efetivo da Advocacia-Geral da Unio ou, no caso das
212
Mediao
Cdigos e Leis
5oNa transao ou acordo celebrado diretamente pela parte ou por intermdio de procurador para
extinguir ou encerrar processo judicial, inclusive os casos de extenso administrativa de pagamentos
postulados em juzo, as partes podero definir a responsabilidade de cada uma pelo pagamento dos
honorrios dos respectivos advogados. (NR)
1oNo caso das empresas pblicas federais, a delegao restrita a rgo colegiado formalmente
constitudo, composto por pelo menos um dirigente estatutrio.
2oO acordo de que trata ocaputpoder consistir no pagamento do dbito em parcelas mensais e
sucessivas, at o limite mximo de sessenta.
3oO valor de cada prestao mensal, por ocasio do pagamento, ser acrescido de juros equivalentes
taxa referencial do Sistema Especial de Liquidao e de Custdia - SELIC para ttulos federais,
acumulada mensalmente, calculados a partir do ms subsequente ao da consolidao at o ms
anterior ao do pagamento e de um por cento relativamente ao ms em que o pagamento estiver
sendo efetuado.
4oInadimplida qualquer parcela, aps trinta dias, instaurar-se- o processo de execuo ou nele
prosseguir-se-, pelo saldo. (NR)
Art. 45. ODecreto no70.235, de 6 de maro de 1972, passa a vigorar acrescido do seguinte art. 14-A:
Art. 14-A.No caso de determinao e exigncia de crditos tributrios da Unio cujo sujeito passivo
seja rgo ou entidade de direito pblico da administrao pblica federal, a submisso do litgio
composio extrajudicial pela Advocacia-Geral da Unio considerada reclamao, para fins do
disposto noinciso III do art. 151 da Lei no5.172, de 25 de outubro de 1966- Cdigo Tributrio
Nacional.
213
Mediao
Cdigos e Leis
Art. 46. A mediao poder ser feita pela internet ou por outro meio de comunicao que
permita a transao distncia, desde que as partes estejam de acordo.
Art. 47. Esta Lei entra em vigor aps decorridos cento e oitenta dias de sua publicao oficial.
Art. 48. Revoga-se o 2odo art. 6oda Lei no9.469, de 10 de julho de 1997.
DILMA ROUSSEFF
Nelson Barbosa
214
Mediao
Sinopses
ASSDIO SEXUAL
No Brasil, a mediao no mbito penal no admitida, todavia, o filme Assdio Sexual traz
um olhar interessante do ponto de vista global do instituto.
Feita a partir do livro homnimo escrito por Michael Crichton, estrelado por Michael Douglas
e Demi Moore, a histria tem como foco a questo do assdio sexual dentro de uma empresa, a
DigiCom. O espectador forado a exercer a crtica sobre como as alegaes desse sentido podem
destruir uma carreira e se a denncia tratada da mesma maneira, sendo o assediador do sexo
feminino ou masculino.
Conta-se a histria de Tom Sanders, que acredita na possibilidade de ascender na sua bem-
sucedida carreira de executivo da DigiCom, uma empresa que desenvolve sistemas de computador.
Todavia, perde o cargo de diretor para uma mulher, Meredith Johnson, que foi preterida para a
funo. Os dois j so velhos conhecidos, em virtude de uma ligao amorosa que tiveram no
passado. A partir da, o que comea com uma disputa meramente profissional se transforma numa
acusao de assdio sexual, num clima de suspense e sabotagem empresarial.
O ttulo faz referncia s leis americanas que exigem que empresas de capital aberto
divulguem informaes ao mercado, buscando maior tica e transparncia nos negcios. Na
pelcula, o instituto da mediao utilizado, ento, para evitar um processo judicial no mbito
penal, mas que tambm teria consequncias desastrosas sob o enfoque empresarial.
Assdio Sexual
215
Mediao
Sinopses
A REDE SOCIAL
umfilme biogrficodirigido porDavid Fincher e conta a histria vivida pelo hacker Mark
Zuckerberg (Jesse Eisenberg), analista de sistemas da Universidade de Harvard, criador da rede social
Facebook e seus desdobramentos. O filme intercala dois dos processos pelos quais Zuckerberg se
envolveu durante a fundao do site, sendo mostrado simultaneamente aos acontecimentos.
Mark possui um temperamento difcil e seus atos o levam a ter uma atitude antitica com
as garotas da faculdade. Aps o trmino do seu namoro, Mark Zuckerberg publica todos os seus
pensamentos em seu Blog, denegrindo a imagem da sua ex-namorada Erica Albright(Rooney Mara)
e, simultaneamente, cria um website FaceMash para medir a beleza das estudantes de Harvard.
Mark se torna malquisto pelas alunas da Universidade e depois que as visitas do site fazem os
servidores de Harvard carem, Mark punido pela Universidade com seis meses de suspenso.
Todas essas atitudes de Mark chamam a ateno dos gmeos Cameron e Tyler Winklevoss
(Armie Hammer), da equipe de remo, e seu parceiro Divya Narendra, que j possuam um projeto
de rede social (Harvard Connection). Estes estudantes propem um emprego a Mark como
desenvolvedor da rede, porm Mark se utiliza deste emprego com o intuito de coletar ideias para
um projeto seu (Thefacebook). Para o desenvolvimento de seu projeto busca o apoio de seu colega
e co-fundador, um brasileiro, Eduardo Saverin (Andrew Garfield), que investe dinheiro para manter
o servio e seus primeiros usurios. Com o intuito de expandir seus negcios, Mark coloca Sean
Parker (Justin Timberlake) diretor financeiro no lugar de seu colega e co-fundador.
A rede social Facebook transformou-se em um sucesso pelo mundo. O sucesso, todavia, leva
o jovem Mark a ter complicaes em sua vida social e profissional.
A Rede Social
216
Mediao
Sinopses
Em razo de inmeros conflitos havidos com Mark, Saverin acabou perdendo as aes que
tinha sobre o Facebook de 34% para 0,03%. Assim, o co-fundador do Facebook procurou a justia, a
fim de reaver sua porcentagem sobre o site.
Os autores do Harvard Connection, deixados de lado por Mark, tambm buscam apoio na
justia, utilizando-se da Mediao, para sanar o prejuzo.
O acordo feito com os irmos Winklevoss foi de US$ 65.000.000, sendo desconhecido o valor
do acordo firmado com Eduardo Saverin.
217
Mediao
Notcias
30/09/2016
O TRT-GO lanou na manh desta sexta-feira, 30/9, o Frum de Conciliao Virtual, ferramenta
que vai permitir o contato direto entre as partes do processo por meio de chat, em que podero
conversar e entrar em acordo nos processos trabalhistas. O lanamento foi feito pelo presidente
do Tribunal, desembargador Aldon Taglialegna, e contou com a presena de juzes, servidores e
advogados.
Para utilizar a ferramenta, o interessado deve clicar no link de Conciliao Virtual, que j est
disponvel no site do Tribunal, ou acess-la pelo ambiente de consulta processual. O seu funcionamento
assemelha-se ao das redes sociais. Ns somos um dos pioneiros no uso dessa ferramenta e eu
acredito que ela vai impulsionar e muito as conciliaes no TRT18, afirmou o desembargador Aldon
Taglialegna.
Conciliao Virtual
Quando uma das partes acessa o chat, imediatamente a parte contrria recebe um e-mail com
o link para acessar a conversa. Os acordos podero ou no ser mediados on-line por um conciliador do
Centro Judicirio de Soluo de Conflitos e Cidadania. Aps entrarem em acordo, as partes devero
preencher e assinar eletronicamente um termo de acordo, disponvel na mesma plataforma, o qual
ser posteriormente homologado por um juiz. As conciliaes podero ser feitas em qualquer fase
do processo.
218
Mediao
Notcias
30/09/2016
O Conselho Superior da Justia do Trabalho aprovou hoje (30), por unanimidade, a resoluo
que vai normatizar a poltica de conciliao e mediao na Justia do Trabalho. Para o presidente do
CSJT, ministro Ives Gandra Martins Filho, a elaborao de uma norma especfica para a Justia do
Trabalho necessria devido s especificidades do ramo.
Cabe ao CSJT dispor sobre esta matria, j que a Justia do Trabalho um ramo especfico e
conta com um Conselho prprio para regulamentar tais questes, frisou. Para ele, a resoluo um
avano e trar um norte e maior segurana aos Tribunais Regionais do Trabalho no que diz respeito
ao tema.
A resoluo diferencia tambm os conceitos entre conciliao e mediao, deixando claro que
a primeira um procedimento de busca de consenso com apresentao de propostas por parte de
terceiro e que contribui com o resultado autocompositivo. J a segunda quando no se faz apresen-
tao de propostas, se limitando a estimular o dilogo. A conciliao em dissdios coletivos tambm
foi regulamentada pelo texto aprovado.
Aps a publicao da resoluo, os TRTs tero 180 dias para se adaptarem s novas regras.
Amplo debate
O texto inicial da resoluo foi elaborado pela vice-presidncia do CSJT, comandada pelo min-
istro Emmanoel Pereira. J a verso final, contou com ampla participao dos ministros do Tribunal
Superior do Trabalho, conselheiros do CSJT, presidentes dos TRTs e coordenadores de ncleo de
conciliao da Justia do Trabalho, considerando tambm todas as sugestes apresentadas durante
a Audincia Pblica do Conselho Nacional de Justia (CNJ) para debate do uso da mediao na Justia
do Trabalho, ocorrida em junho de 2016.
219
Mediao
Notcias
Foi um debate democrtico, que gerou uma resoluo que significa um ponto de congrun-
cia e concordncia dos sujeitos institucionais envolvidos neste debate. A resoluo far com que o
trabalho desempenhado na conciliao seja melhor, mais claro, organizado e sistematizado, fazendo
com que o trabalho que prestamos ao jurisdicionado seja mais efetivo, destacou a desembargadora.
Histrico
O CSJT, entendendo que a situao demandava uma norma especfica da Justia do Trabalho
e que cabe ao CNJ tratar de normas gerais e ao CSJT tratar de normas especficas da Justia do
Trabalho, comeou, a partir de provocao e de uma primeira proposta de Resoluo enviada pela
vice-presidncia do CSJT, discutir o tema, que redundou no ato aprovado em Plenrio hoje.
(Taciana Giesel/)
Diviso de Comunicao do CSJT
220
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
APRESENTAO
221
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
magistrados previamente inscritos na Comisso Temtica que obtivesse os votos favorveis de, pelo
menos, metade mais um dos presentes, seria encaminhada plenria.
O 3 do mesmo artigo, no entanto, previa que se a tese tivesse sido aprovada na respectiva
Comisso Temtica por, pelo menos, dois teros dos votos dos magistrados previamente inscritos
- observado o qurum mnimo de 50 magistrados votantes -, seria considerada definitivamente
aprovada, sendo dispensada sua votao em plenria. A Comisso Temtica, contudo, com o mesmo
qurum poderia enviar a tese aprovada por dois teros dos presentes para aprovao da plenria.
Releva notar, todavia, que conforme o art. 17 do Regulamento apenas as teses aprovadas
pela Assembleia Geral representaro a posio oficial dos Juzes do Trabalho da 9 Regio.
Esse regramento, por conseguinte, acarretou a seguinte classificao com relao s teses
apresentadas e debatidas durante a 6 Semana Institucional. As teses rejeitadas pelas Comisses
Temticas. As teses aprovadas pela Comisso Temtica por maioria simples, porm rejeitadas pela
Plenria. As teses aprovadas pela Comisso Temtica por dois teros dos magistrados previamente
inscritos, observado o qurum de 50 magistrados votantes, mas no submetidas Plenria. E as
teses aprovadas pela Plenria.
Importante reiterar que apenas as teses aprovadas pela Plenria que representam a
posio oficial dos Juzes do Trabalho da 9 Regio.
Ressalte-se, por fim, que durante a votao da Plenria, a Escola Judicial procurou
conhecer as tendncias dos votos dos desembargadores, juzes titulares e juzes substitutos. Assim,
de forma no identificada, facultou-se a cada magistrado alm da votao tradicional - brao
levantado -, tambm o preenchimento de uma cdula em que ratificava o voto e esclarecia o cargo.
Curiosamente, em um caso, houve rejeio da tese atravs da contagem visual, mas aprovao pela
apurao das cdulas.
Abaixo de cada uma das teses aprovadas pela Plenria, haver a indicao dos votos de
desembargadores, juzes titulares e juzes substitutos presentes.
Observe-se que alm das teses aprovadas, publicam-se nessa edio tambm as teses
rejeitadas, de modo que esto sendo publicadas todas as teses apresentadas. Entende-se que a
Semana Institucional da Magistratura do Trabalho por ser um espao de construo do conhecimento,
necessita de transparncia, como, a rigor, tudo que pblico. Nesse sentido, as teses rejeitadas
tambm permitem, de alguma forma, a compreenso dos entendimentos dos Magistrados do
Trabalho do Paran.
222
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Branco/nulo: 1.
TESE
223
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
b) O juiz promove a execuo por dever, de ofcio, o que torna incompatvel o contraditrio
prvio para desconsiderao;
224
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
e) No se exige que a parte requeira provas (CLT, art. 840), pois o prevalece o princpio
inquisitivo consagrado pelo art. 765, da CLT.
f) Pela teoria menor o credor no tem que produzir provas, pois basta a mora.
225
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
2) a responsabilidade direta dos scios decorre de lei, pelo que desnecessrio incidente
para declar-lo, conforme prev o art. 135 do CTN:
226
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
(...)
2 - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas,
personalidade jurdica prpria, estiverem sob a direo, controle ou administrao
de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade
econmica, sero, para os efeitos da relao de emprego, solidariamente
responsveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.
Por fim, se na execuo fiscal, cuja preferncia do crdito tributrio inferior do crdito
trabalhista, se afasta a aplicao do incidente de desconsiderao da personalidade jurdica, o que
dizer sobre o instituto no Direito Processual do Trabalho?
227
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Branco/nulo: 0.
TESE
Trata-se inequivocamente da boa-f objetiva, a mesma referida nos arts. 187 e 422 do
CC com toda sua construo doutrinria e jurisprudencial no mbito do direito material, sobretudo
suas funes de norma hermenutica integrativa, fonte de deveres anexos e limitadora do exerccio
abusivo dos direitos subjetivos.
Interessa, para a tese ora defendida, a boa-f enquanto norma limitadora do exerccio
abusivo de direitos subjetivos, em especial a tcnica venire contra factum proprium.
A tcnica do venire contra factum proprium demonstra que exerce abusivamente seu
direito ou faculdade aquele que, atravs de um primeiro ato, legtimo, gera na parte e at mesmo
no Juzo, a convico (confiana) de que ir seguir determinada conduta, mas, contraditoriamente, a
posteriori, pratica um segundo ato em oposio ao primeiro, gerando prejuzo ao processo.
A abusividade decorre do fato de que o segundo ato viola a confiana suscitada e causa
prejuzo ao processo, em especial ao princpio da durao razovel do processo, previsto no art. 5,
LXXVIII, da Constituio.
Pois bem.
A parte que requer, por petio assinada apenas por advogado, o adiamento da audincia
de instruo para a qual estava devidamente intimada, sob pena de confisso, ao fundamento
de possibilidade de acordo, pratica um primeiro ato no sentido de gerar tanto na parte adversa
quanto no Juzo a convico de que a intimao para a nova audincia deve se dar atravs do mesmo
advogado peticionrio.
228
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Branco/nulo: 0.
TESE
229
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
no tem o condo de implicar a suspenso dos efeitos da sentena atacada, para o que se faria
necessrio o manejo de ao cautelar (Sm. 414, I, TST), e est previsto no art. 893, CLT, limitando-se,
ento, a promover a discusso ftica e probatria na instncia superior.
Tal dimenso de julgamento da matria devolvida ao tribunal ad quem foi abarcada pela
jurisprudncia trabalhista, que entendeu, na Smula 393, que uma vez havendo recurso, haveria
a transferncia ao tribunal da apreciao dos fundamentos da inicial ou da defesa, mesmo no
examinados pela sentena, ainda que no renovados em contrarrazes, desde que nos limites da
impugnao, ideia central que foi mantida com o advento do art. 1.013, 1, NCPC.
E entre os limites de atuao dos tribunais quando da apreciao dos recursos, dispunha o
Cdigo Buzaid, no artigo 515, 3, que nas hipteses de extino do processo sem resoluo do mrito
(art. 267), o tribunal poderia julgar desde logo a lide, se a causa versasse questo exclusivamente
de matria direito e estivesse em condies de imediato julgamento, previso legal que enunciava,
portanto, a chamada teoria da causa madura, que representa o estado do processo em que h plena
aptido processual e probatria para que seja proferida a deciso.
Tal controvrsia se devia ao fato de que, como visto, o artigo 515, 3, do CPC/73,
estabelecia hiptese limitada de incidncia, na medida em que o tribunal somente poderia (e a
terminologia inclusive apontava para a faculdade) julgar a lide em hipteses de extino sem resoluo
de mrito, e cuja demanda se consubstanciasse apenas em questo de direito, e estivesse j em
condies de ser julgada, no obstante o prprio artigo 330, CPC/73, estabelecesse a possibilidade
de imediato julgamento na hiptese de a matria ser tanto de fato, como de direito, desde que no
houvesse mais necessidade de produo de provas.
230
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
prescrio e decadncia (que implicavam julgamento de mrito art. 269, CPC/73) para julgamento
das verbas ento decorrentes, sob a justificativa evitar violao garantia do duplo grau de jurisdio
e no ocorrer supresso de instncia.
Sobre esse aspecto, todavia, defendo o entendimento de que o princpio do duplo grau
de jurisdio no confere a garantia de a parte receber julgamento sobre todos os pontos especficos
da lide, nos limites do que sucumbiu, por mais de um rgo julgador, mas sim, dentro das previses
legais de manejo de recurso, poder us-las de modo a provocar a reviso do julgado, o que tornaria
despicienda a devoluo do processo origem para que, em eventual reconhecimento de vnculo
empregatcio em 2 grau, o Juzo de piso fosse instado a analisar os demais pedidos decorrentes
(horas extras, frias +1/3, 13 salrio, etc.), para que sobre estes pudesse haver a interposio de
recurso, se fosse o caso, posteriormente.
231
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Branco/nulo: 0
TESE
O Cdigo de Processo Civil vigente (Lei n 13105/2015) lanou nova luz sobre a matria,
ao regular o uso de prova emprestada no art. 372, desde que observado o contraditrio:
Art. 372. O juiz poder admitir a utilizao de prova produzida em outro processo,
atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditrio.
232
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
233
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Por fim, impe-se ressaltar que a prvia disponibilizao de laudos constituir importante
argumento conciliatrio e educativo.
A inscrio dos laudos no cadastro eletrnico seria realizada pelas Secretarias das Varas,
por ordem do juiz que comandou a produo da prova.
Branco/nulo: 1
TESE
De acordo com a teoria do ato inseguro existe uma forma certa ou segura de realizar
determinada ao, que seria do conhecimento prvio do operador, e a inobservncia dessa forma
seria fruto de uma escolha consciente do trabalhador, originada em particularidades do prprio
indivduo e, qui, de sua personalidade descuidada, indisciplinada ou negligente (ENAMAT/2016).
234
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
O acidente de trabalho, dessa maneira, seria um evento simples, com origem em uma
ou poucas causas, encadeadas de modo linear e determinstico, normalmente falha dos operadores
que no observaram as normas de segurana prescritas (ENAMAT/2016).
235
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Por outro lado, denomina-se rvore de causas, a tcnica de anlise de acidentes que
possui como um de seus principais pilares de sustentao o conceito de variao, no sentido de que
se deve dar nfase novao de trabalho real, e no em normas, regras ou presunes. Explicar-
se-iam, sob essa perspectiva comportamentos humanos aparentemente irracionais ou inusitados
quando olhados sem a perspectiva do nativo, ou seja, a compreenso daqueles que vivem o
cotidiano do sistema (ENAMAT/2016).
236
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Constata-se, desse modo, a existncia de dois sistemas relativos anlise dos acidentes
de trabalho: o primeiro que investiga o ato isolado do trabalhador; o segundo que busca analisar na
concepo e na organizao do trabalho as causas do evento.
Como forma de se encontrar uma alternativa para os sistemas referidos, foi reconhecido
o Princpio da Falha Segura, segundo o qual se considera seguro o sistema capaz de tolerar erros do
operador sem ocorrncia de acidente.
Esse parece ser, inclusive, o sentido do art. 184 da CLT, segundo o qual:
possvel concordar com essa concluso a partir do princpio de que o ser humano
falvel e o planejamento do trabalho deve considerar essa condio. No entanto, esse princpio, a
meu ver, no afasta, obrigatoriamente, em todos os casos, a culpa exclusiva da vtima. Vale dizer,
ainda que o empregador adote todas as medidas de proteo e segurana no trabalho e organize o
trabalho para tolerar o erro humano, ainda assim possvel a culpa exclusiva da vtima, ou, ao menos
a culpa concorrente.
Nesse sentido:
237
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Brancos/nulos: 5
Observao: a tese havia sido aprovada pela Comisso Temtica por dois teros dos magistrados
previamente inscritos. No entanto, a prpria Comisso Temtica deliberou pelo seu encaminhamento
para deliberao pela Plenria.
TESE
238
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
interessados pudessem utiliz-lo, ante a resistncia de setores do TRT, para os quais o acesso aos
depoimentos gravados dificulta demasiadamente o trabalho dos gabinetes.
Essa resistncia no apenas limitou o acesso dos juzes ao Fidelis, como tambm engessou
os investimentos na manuteno do sistema e no portal de acesso s gravaes, o que fez com que
ele se tornasse incompatvel com programas utilizados, por exemplo, no PJE-JT.
Portanto, com vistas a viabilizar a utilizao do PJE-MDIAS por todos os Juzes do Trabalho
paranaenses interessados, a presente tese no sentido de que o TRT-9 disponibilize, conforme
1 do art. 1 da Resoluo 105/2010 espao para armazenamento dos arquivos em vdeo e udio
gravados pelas Varas do Trabalho do Paran.
239
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
[Emenda aditiva do juiz Fabrcio Nicolau dos Santos Nogueira: por meio de proposta de
alterao regimental.]
Brancos/nulos: 4
TESE
No TRT da 9 Regio os casos que desafiam IUJ so centenas, impondo intensa e profcua
atuao da uniformizao de jurisprudncia, que assume grande realce e importncia em sua
atividade.
240
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
e substitutos.
Observao: tese aprovada com emenda aditiva por maioria da Comisso Temtica (48 votos). A
Comisso decidiu, tambm por maioria, no submeter a tese Plenria.
241
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
da imediatidade, atravs do qual se prestigia a valorao da prova oral realizada pelo juiz que a
colheu. Em grau de recurso o colegiado examinar aspectos relevantes e controvertidos da matria
factual, reformando a deciso de primeiro grau apenas quando no indicadas razes suficientes para
infirmar as suas concluses.
TESE
Ou seja, a prova oral o principal instrumento que possui o trabalhador para fazer valer
o referido princpio que valoriza a realidade.
Existem dois momentos cruciais acerca da prova oral no Processo do Trabalho: o de sua
colheita e o de sua utilizao para o julgamento do processo.
242
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Pois bem. exatamente a valorao da prova oral feita pelo juiz que instruiu e julgou o
processo e ulteriormente submetida anlise do Tribunal mediante recurso interposto por uma ou
pelas partes que objeto dessa tese.
243
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Observao: tese aprovada com emenda aditiva por maioria da Comisso Temtica (60 votos). A
Comisso decidiu, tambm por maioria, no submeter a tese Plenria.
TESE
244
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
s vezes o profissional existe, est apto para exercer o encargo, mas por falta de adequado
conhecimento no se estabelece a necessria comunicao entre ele e o juzo.
Muitas vezes o perito sequer sabe o sentido e o alcance do meio ambiente do trabalho,
pois sua formao exclusivamente a anlise individual do paciente, descontextualizado do meio.
O perito, enquanto auxiliar do juzo, exerce importante funo para a jurisdio e deve
estar devidamente capacitado para auxiliar devidamente a jurisdio.
O CNJ, em 13/07/2016 expediu a Resoluo n 233 que dispe sobre a criao de cadastro
de profissionais e rgos tcnicos ou cientficos no mbito da Justia de primeiro e segundo graus.
245
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Frise-se que esse cadastro no incluiria apenas peritos mdicos, mas tambm engenheiros,
fisioterapeutas, psiclogos, e outros que se fizerem necessrios para a jurisdio trabalhista.
Por fim, saliente-se que a existncia de uma cadastro regional de peritos permitiria,
inclusive, a capacitao dos mesmos pela Escola Judicial.
Observao: tese aprovada com emenda aditiva por maioria da Comisso Temtica (63 votos). A
Comisso decidiu, tambm por maioria, no submeter a tese Plenria.
246
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
TESE
Por vezes, o trabalhador j apresenta, junto com a petio inicial, declarao ou laudo
mdico relatando a existncia de transtorno mental. Ante a um diagnstico j estabelecido, a defesa
do ex-empregador negar a existncia do nexo causal entre o trabalho desenvolvido pelo reclamante
e o transtorno mental.
No entanto, uma leitura mais atenta legislao existente sobre a atuao profissional
do psiclogo permite concluir que esse profissional est habilitado legalmente a realizar percia com
o objetivo de verificar existncia de nexo causal entre o trabalho e o transtorno mental diagnosticado
por mdico.
Com efeito, o art. 13, 1 da Lei n 4119/62 dispe que constitui funo privativa do
psiclogo e utilizao de mtodos e tcnicas psicolgicas com o objetivo de, dentre outros, realizar
o diagnstico psicolgico.
possvel, desde logo, por fora do 2, pargrafo nico, da Lei n 12.842/2013, segundo
o qual incumbe apenas ao mdico o diagnstico e a classificao das doenas, excluir das atribuies
do psiclogo o diagnstico de doenas.
247
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
2 O nexo causal em sade/doena mental no trabalho: uma demanda para a psicologia, http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822007000400015, acesso em 31/8/2016.
248
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
O TST tem reconhecido a validade do laudo realizado por psiclogo, conforme deciso
proferida pela 3 Turma, em acrdo da lavra do Min. Alexandre Agra Monte, nos seguintes termos:
Ao exame.
249
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Conclui-se, ento, que a adoo de tal medida nos feitos que for efetivamente possvel,
alm de impulsionar o andamento processual dando azo ao princpio da celeridade processual, ser
medida de aperfeioamento da anlise destes casos que envolvem os transtornos mentais ligados
ao trabalho.
Observao: tese aprovada por maioria da Comisso Temtica (64 votos). A Comisso decidiu,
tambm por maioria, no submeter a tese Plenria.
TESE
Um importante acrscimo das demandas trabalhistas est diretamente
relacionado ausncia de nus para o reclamante quando, beneficirio da assistncia judiciria
gratuita, formula pedido dependente de prova pericial (Smula n 457 do TST HONORRIOS
PERICIAIS. BENEFICIRIO DA JUSTIA GRATUITA. RESPONSABILIDADE DA UNIO PELO PAGAMENTO.
RESOLUO N 66/2010 DO CSJT. OBSERVNCIA. A Unio responsvel pelo pagamento dos
honorrios de perito quando a parte sucumbente no objeto da percia for beneficiria da assistncia
judiciria gratuita, observado o procedimento disposto nos arts. 1, 2 e 5 da Resoluo n. 66/2010
do Conselho Superior da Justia do Trabalho CSJT).
250
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
para:
Ocorre, no entanto, que a Lei n 13.105/2015 (Cdigo de Processo Civil), no seu art.
1.072, III, revogou expressamente o referido art. 4 da Lei n 1.060/50.3
3 O art. 1.072, III, est assim redigido: Art. 1.072. Revogam-se: (Vigncia) III - os arts. 2, 3, 4, 6, 7, 11, 12 e 17
da Lei no 1.060, de 5 de fevereiro de 1950.
251
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
252
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Art 14. Na Justia do Trabalho, a assistncia judiciria a que se refere a Lei n 1.060, de 5 de fevereiro
de 1950, ser prestada pelo Sindicato da categoria profissional a que pertencer o trabalhador.
1 A assistncia devida a todo aqule que perceber salrio igual ou inferior ao dbro do mnimo
legal, ficando assegurado igual benefcio ao trabalhador de maior salrio, uma vez provado que sua
situao econmica no lhe permite demandar, sem prejuzo do sustento prprio ou da famlia.
2 A situao econmica do trabalhador ser comprovada em atestado fornecido pela autoridade
local do Ministrio do Trabalho e Previdncia Social, mediante diligncia sumria, que no poder
exceder de 48 (quarenta e oito) horas.
3 No havendo no local a autoridade referida no pargrafo anterior, o atestado dever ser expedido
pelo Delegado de Polcia da circunscrio onde resida o empregado.
Saliente-se que esse entendimento no contraria a Smula n 457 do TST, segundo o qual
a Unio apenas custear os honorrios periciais quando o reclamante for beneficirio da assistncia
judiciria gratuita, cuja anlise depender da aplicao da legislao vigente.
253
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Resultado da Plenria mediante contagem visual: 38 de 127 magistrados votaram pela aprovao.
Branco/nulo: 1.
TESE
A nocividade do amianto a sade j fez com que mais de 50 pases o banissem, como
por exemplo, Unio Europeia, Japo, Estados Unidos e os vizinhos Argentina, Chile e Uruguai. O
Brasil, no entanto, um dos 5 maiores produtores de amianto do mundo, ao lado de Rssia, China,
Cazaquisto e Canad.4
A Conveno 162 da OIT devidamente ratificada pelo governo brasileiro tem aplicabilidade
4 http://verbetes.cetem.gov.br/verbetes/ExibeVerbete.aspx?verid=109
254
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Com efeito, a Conveno 162 da OIT ratificada pelo governo brasileiro atravs do Decreto
126/91, segundo Flvia Piovesan, tem hierarquia constitucional porque um tratado de direito
humano est em harmonia com os valores materiais da CF, que tem como base a dignidade da pessoa
humana.5
5 PIOVESAN, Flvia. Direitos Humanos e o Direito Constitucional Internacional. So Paulo: Saraiva, 2008, p. 27.
6 MAZZUOLI, Valrio de Oliveira. O novo pargrafo do artigo 3 da Constituio e sua eficcia. Braslia, v. 42, n.
167, Jul./set. 2005.
7 Disponvel in : http://portal.mte.gov.br/legislacao/convencao-n-162.htm, acessado em 14.10.2014
255
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
De fato, os estados de So Paulo, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e
Pernambuco proibiram o uso do amianto.
O julgamento das aes diretas de inconstitucionalidade (ADI 3357 e 3937) ajuizadas pela
8 www.gazetadopovo.com.br/.../assembleia-acelera-tramite-de-projeto-que-bane-o-amianto-doparana-
3runnx9dxenmx9w2frr09r83w
256
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
O julgamento das aes diretas de inconstitucionalidade (ADI 3357 e 3937) ajuizadas pela
Confederao Nacional dos Trabalhadores na Indstria (CNTI) foi suspenso em 31/10/2012, quando
j tinham votado os relatores Ayres Brito (da 3357) pela constitucionalidade das leis estaduais, e Min.
Marco Aurlio (da 3937) pela inconstitucionalidade das leis estaduais.
Resultado da Plenria mediante contagem visual: 73 de 135 magistrados votaram pela aprovao.
Brancos/nulos: 2.
Observao - 1: A tese havia sido aprovada na Comisso Temtica por mais de dois teros dos
magistrados presentes. Contudo, a Comisso deliberou por envi-la Plenria, que a rejeitou.
Observao - 2: Ao contrrio da contagem visual, atravs da qual a tese foi rejeitada, pela votao
escrita e annima, a tese teria sido aprovada.
TESE
257
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Justifica-se a escolha de Londrina como sede da Turma Recursal, por se tratar da segunda
cidade do Estado em populao (412.894), em nmero de Varas do Trabalho (8) e em nmero de
processos trabalhistas (10.926 aes distribudos em 2015).
Para se ter uma ideia comparativa, a terceira cidade do Estado em populao, nmero de
Varas do Trabalho e processos trabalhistas Maring, com, respectivamente, 267.878 habitantes, 5
Varas do Trabalho e 8.349 aes distribudas em 2015.
Por isso, entende-se necessrio que um maior nmero de municpios seja compreendido
pela competncia recursal da nova Turma. E o critrio proposto para a escolha desses municpios
o topogrfico, ou seja, a facilidade de acesso dos jurisdicionados e advogados at Londrina, seja em
razo da distncia, seja em razo das condies das estradas.
Pode-se afirmar, sem receio de erro, que os Municpios acima referidos atendem esse
requisito. Observe-se, desde logo, os Municpios de Camb, Rolndia, Porecatu e Arapongas que se
encontram na Regio Metropolitana de Londrina.
Outras cidades como Apucarana, por exemplo, distam apenas 53 quilmetros, Santo
Antonio da Platina, 158, Jacarezinho, 153, Venceslau Brs, 218 e a mais distante, Jaquariava, 263.
No tocante aos custos para a instalao da Turma Recursal seriam mnimos. Com efeito,
toda a estrutura administrativa - gabinetes e secretaria - no seria transferida para Londrina, o que
perfeitamente possvel, na medida em que todos os processos em grau de recursos encontram-
se digitalizados. Assim, o nico custo seria a instalao de uma sala de sesses, o que poderia ser
258
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
A mdia de julgamento anual de uma das Turmas do Eg. TRT Mineiro de 6.609,625
processos. E a jurisdio designada para a Turma a ser descentralizada apresenta
mdia de 6.634 recursos anualmente interpostos, nmero que j justifica o
deslocamento, mxime se considerada a demanda reprimida local face distncia
do
rgo de jurisdio.
E cumpre observar que a GRANDE MAIORIA das cidades sedes de Varas do Trabalho
da regio em destaque (oito das dez) esto MAIS PRXIMAS de sede da Turma
Recursal que se pretende instalar (Juiz de Fora) do que da sede do Eg. Tribunal
Regional (Belo Horizonte). H apenas duas excees, com 12 e 26 quilmetros
a mais, o que comprova EFETIVAMENTE A APROXIMAO DO JURISDICIONADO
AO RGO JULGADOR, concretizando democratizao e acesso inspiradores da
259
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Insta salientar que em agosto de 2014, aps audincia pblica na Cmara de Vereadores
de Juiz de Fora, foi feita consulta pblica sobre a permanncia da Turma Recursal tendo o seguinte
resultado (grifou-se):
Com um total de 621 votos a favor e 597 contra, foi aprovada a existncia da Turma
Recursal do Tribunal Regional do Trabalho 3 Regio instalada em Juiz de Fora. O
resultado levou em considerao os votos computados em trnsito.
A consulta pblica votada por advogados de Juiz de Fora e regio foi convocada
pela OAB mineira e realizada no dia 6 deste ms.
O Tribunal Regional do Trabalho da Bahia, aps celebrar convnio com a Ordem dos
Advogados do Brasil Seo Bahia (OAB-BA) definiu, em 12/12/2014 as diretrizes para a implantao
das Turmas Itinerantes. Sero, no mnimo, quatro sesses por ano no interior do estado, sendo pelo
menos uma delas em Itabuna, Barreiras, Porto Seguro e Vitria da Conquista, que recebero os
processos oriundos das demais Varas do Trabalho daquelas regies.11
9 https://www.trt3.jus.br/download/artigos/pdf/17_descentralizacao_turma_recursal.pdf (Acesso em
26/08/2016).
10 http://www.juizdefora-oabmg.org.br/noticias/exibir/1702/Divulgado-resultado-de-consulta-publica-sobre-
instalacao-de-Turma-Recursal-do-TRT-em-Juiz-de-Fora.html (Acesso em 25//08/2016).
11 http://www5.tjba.jus.br/index.php?option=com_content&view=article&id=94069:presidente-do-
tjba-parabeniza-trt-da-5-regiao-e-tjpe-pela-descentralizacao-do-2-grau&catid=55&Itemid=202 (Acesso em
260
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
TESE
26/08/2016.
261
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Pois bem. A nova competncia no foi atribuda Justia do Trabalho sem razes que
no estivessem diretamente vinculadas morosidade das Justias Estaduais sobretudo por fora dos
beneficirios dos processos em que houvesse ganho de causa, ou seja, trabalhadores beneficirios
da justia gratuita que, via de regra, no possuem condies financeiras de custear as despesas do
processo em geral, mas, em especial, honorrios periciais.
Com efeito, no era raro a existncia de peritos mdicos que se dispusesse a realizar
percias relativas a acidente do trabalho quando tinham cincia que o trabalhador era beneficirio
de justia gratuita.
A ausncia do pagamento prvio dos honorrios periciais e, ainda, das custas judiciais
nos cartrios privados retardaram em muito o julgamento de diversos processos onde se discutia
acidente do trabalho nas Justias Estaduais.
Com efeito, a morosidade processual , sem dvida, uma das principais causas do
descrdito do Judicirio, e, provavelmente, uma das razes pelas quais a competncia para processar
e julgar as questes que envolvem acidente do trabalho foi transferida para a Justia do Trabalho,
tida como mais clere.
262
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Ora, como prestao estatal, a razovel durao do processo vincula a atuao dos
rgos do Estado, de modo que sua concreo independe da edio de leis ou diplomas, mas do
redimensionamento de valores plasmados na Constituio.
Por outro lado, na medida em que se trata tambm de direito individual, imprescindvel,
luz da proporcionalidade, identificar os valores que devem ser, preferencialmente, atendidos. E sob
esse prisma, observando-se os valores discutidos pela competncia material trabalhista, justifica-se
a tese da tramitao preferencial dos processos em que se discute acidente do trabalho.
Tanto que o TST, em pelo menos dois momentos recomendou, a adoo dessa
preferncia. Primeiro, por fora da Recomendao Conjunta GP, CGJT n 1/2001; segundo, atravs
do Ato Conjunto n 4 GP, CGJT, de 9/12/2013.
TESE
Cada dia que passa, com mais frequncia, vemos que a parte autora indica, como
testemunha, pessoa que detm demanda trabalhista lastreada, basicamente, nas mesmas
circunstncias e peculiaridades do caso a ser analisado.
Ocorre que essa testemunha naturalmente tem interesse na causa, porque, se a(o)
reclamante obtiver xito na sua demanda, em tese, o mesmo ocorrer com a testemunha, j que
possui idntica pretenso.
Alis, no se pode esquecer: tudo o que a testemunha falar em seu desfavor, pode sem
dvida ser utilizado em seu processo, bastando a parte interessada juntar a Ata de Audincia. A
repercusso direta, porque a confisso pode ser at extrajudicial, vale lembrar.
263
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
por base o artigo 842 da CLT, que prev: Sendo vrias as reclamaes e havendo identidade de
matria, podero ser acumuladas num s processo, se se tratar de empregados da mesma empresa
ou estabelecimento. Isso demonstra o real interesse da testemunha na vitria da parte autora no
processo, j que comunga da mesma pretenso.
Assim, fica evidente que, se ouvida a testemunha, haveria parcialidade na narrao dos
fatos, porque ela materialmente - parte interessada (embora com demanda em processo distinto),
o que no pode ser aceito de colaborador da justia, que deve narrar os fatos com a necessria
iseno de nimo.
De par com tudo isso, sabiamente, o Cdigo de Processo Civil ptrio, em seu art. 447,
3, II, reza que: Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes, impedidas
ou suspeitas. (...) 3 So suspeitos: (...) II - o que tiver interesse no litgio (grifamos).
Nessa mesma linha, em julgamento sobre o tema, a Stima Turma do e. Tribunal Superior
do Trabalho entendeu que a smula n. 357 no se aplica ao caso de testemunha que pleiteia em
ao prpria os mesmos pedidos formulados na ao em que ir prestar depoimento, uma vez que
a referida smula, apenas sinaliza que o fato da testemunha litigar contra o mesmo empregador no
a torna suspeita, no expressando, porm, que a testemunha que tenha ao com idntico objeto
daquela na qual presta depoimento, compromissada e contraditada tambm no suspeita. (TST.
RR 1.306/2000-001-04-00.6 7 T Rel: Min. Ives Gandra da Silva Martins Filho DJU 22/02/2008
Pg. 1091).
A corroborar, imperioso citar a posio do Supremo Tribunal Federal, pelo que se colige
o seguinte aresto:
264
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Portanto, diante de tudo isso, conclui-se que, quando a testemunha tem demanda ancorada
nos mesmos fatos jurdicos, ela tem sim interesse na causa, sendo suspeita. Vale ressaltar, talvez
em demasia, que no o simples fato de se litigar em face da empresa que gera a suspeio da
testemunha, mas sim o fato de ter interesse na causa.
TESE
Ou seja, foram enviados para a Justia do Trabalho pela Justia Estadual todos os processos
ainda no julgados pelo primeiro grau na data da promulgao da EC 45/2004, em que o empregado
pleiteava indenizao decorrente de acidente de trabalho, quando se constatou a existncia de
processos instaurados h mais de 10 ou, at mesmo, 20 anos, sem sequer uma percia mdica.
Ademais, entre as intimaes realizadas pelo cartrio para manifestaes ora das partes,
265
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
ora do perito, transcorriam-se meses, tornando o trabalho pericial uma atividade inesgotvel.
No se pode esquecer que a legislao ordinria deve ser conformada aos princpios
constitucionais, em especial ao da durao razovel do processo.
Nesse sentido, a presente tese visa defender a licitude do procedimento do juiz que
designa audincia especificamente para a apresentao de quesitos, oralmente, pelas partes e para
a imediata resposta oral pelo perito.
Cumpre observar que a CLT, no particular, no omissa ante o disposto no art. 852-H,
4, da CLT, segundo o qual (grifou-se):
Pois bem. De acordo com o 4 do art. 852-H da CLT incumbe ao juiz fixar o prazo para
a realizao da percia, nada falando sobre prazos para apresentao de quesitos. bem verdade
que a permisso para apresentao de quesitos decorre do princpio do contraditrio, de modo que,
mesmo no estando previsto na CLT, inerente prpria percia.
E nesse sentido, a tese de que a fixao de uma audincia com a finalidade exclusiva de
apresentao oral de quesitos com a intimao do perito para responder tambm oralmente aos
266
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
TESE
No entanto, o art. 399 do CPC/2015 dispe que o juizno admitir a recusa da exibio
de documentose o requerido tiver a obrigao legal de exibi-lo.
267
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Assim, lcito ao ru apenas a produo de prova com o fim de demonstrar que houve
motivo escusvel, de fora maior, relativo impossibilidade da juntada do documentoessencial que
a parte estava obrigada a apresentar.
268
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Nesse sentido:
269
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
De acordo com o CPC, O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou
coisa, que se ache em seu poder (art. 355), porm parte incumbe justificar a
no apresentao do documento, cabendo parte adversa demonstrar, por
qualquer meio, que a justificativa no corresponde a verdade (art. 357). E mais,
interpretado a contrario sensu o teor dos incisos I e II, do art. 359, do CPC, tem-se
que a presuno de veracidade desse dispositivo no se aplica quando o requerido
se valer do disposto no art. 357.
Assim, foroso concluir que a negativa de produo da prova oral pelo M. Juzo a
quo configura manifesto cerceamento de defesa, o que afronta o inciso LV, do art.
5, da CF e leva nulidade do julgado, em conformidade com os artigos 794 e 795,
da CLT.
270
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Ante o exposto, provejo o apelo da r para declarar a nulidade dos atos processuais
a partir da audincia de instruo de fls.198/199, inclusive da r. sentena de fls.
205-216, quanto aos tpicos relacionados com a jornada de trabalho do autor,
devendo os autos retornar Vara de Origem para que se proceda a regular instruo
processual especificamente quanto jornada de trabalho do reclamante, dando-se
prosseguimento prestao da tutela jurisdicional, como entender de direito.
[...] No item relativo jornada de trabalho (fl. 207), considerando que a Reclamada
no trouxe aos autos os controles de ponto, bem como a inverso do nus probatrio,
o Juzo reconheceu a jornada de trabalho indicada na petio inicial e deferiu o
pagamento de horas extras.
271
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Nesse sentido, a deciso proferida por esta Turma nos autos 00005-2006-666-09-
00-8 (publicao em 27-06-2008), da qual foi Relator o Exmo. Desembargador
Rubens Edgard Tiemann.
272
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
678-09-00-0 (RO)).
TESE
Para esse mister, ou seja, monitoramento das decises judiciais causadoras de prejuzo
aos empregadores (aspecto que nos interesse na presente tese), possvel utilizar-se da Jurimetria,
cuja definio ora se transcreve:
Mediante o uso da Jurimetria possvel analisar quais as razes que levam o demandante
autor da ao judicial a procurar o Poder Judicirio, assim como o padro de deciso diante dessa
demanda em massa, viabilizando com esse estudo desvelar se o Poder Judicirio eficaz ou no no
combate ao problema massificado representado na demanda individual e quais os impactos reais e
as possibilidades de mudana.
Pois bem. Voltando os olhos a duas situaes empricas recorrentes nos processos
trabalhistas, quais sejam, pedidos de condenao das empresas ao pagamento cumulativo dos
273
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
274
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
TESE
275
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
expressa disposio dos artigos 7, XXII, CRFB/88 e 157 e 167, ambos da CLT.
276
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
porque no passam pelo controle de convencionalidade imposto pela ratificao da C. 155, OIT,
entendo indevida toda e qualquer forma de limitar a percepo cumulada de adicionais pelo trabalho
em condies de risco, tanto entre adicionais de insalubridade ou entre o adicional de periculosidade
e de insalubridade.
TESE
A CLT era, portanto, aplicada por analogia para as justas causas do empregado domstico,
12 Boskovic, Alessandra Barichelo; Villatore, Marco Antonio Cesar. A Conveno n. 189 da OIT, a Emenda
Constitucional n. 72/2013 e o Trabalho Domstico no Brasil - Anlise Socioeconmica. In: ALVARENGA, Rubia Zanotelli;
TEIXEIRA, rica Fernandes. Novidades em Direito e Processo do Trabalho. SP: LTr, 2013, p.248
277
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
ante a omisso da Lei 5859/72, conjuntura que agora, com a especificao das justas causas do
domstico no artigo 27 da Lei Complementar, fica superada.
Eventuais interrupes fora da hora de servio para o empregado que mora no emprego,
ou eventual atendimento emergencial noite no caracterizariam, de modo algum, o sobreaviso,
pois h tambm o princpio da razoabilidade e a justia do trabalho no pode desestimular o cuidado
com o idoso no lar, nem inviabilizar as condies para que o empregador permita ou mantenha
empregado que durma e muitas vezes resida no local do emprego.13 Mas, repisamos: so situaes
278
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
No geral, a aplicao subsidiria da CLT deve se pautar pela proteo, em seu vis de
aplicao da norma mais benfica e condio mais favorvel, bem como emprestar aplicao da lei
protetiva sua mxima efetividade.
Possvel aplicar, por exemplo, a nosso ver, a multa prevista no artigo 477 da CLT em seus
pargrafos 6 e 8.14 A lei complementar no previu penalidade ao empregador que deixe de quitar
a resciso do empregado domstico ento acreditamos que, aqui, uma vez que existe a resciso
formalizada e a indenizao do FGTS, trata-se de hiptese de lacuna, podendo a partir de agora ser
aplicada a multa ao empregador que no observar o prazo legal do artigo 477 da CLT.
Esclarecemos que a multa seria cabvel apenas para o caso de no quitao de parcelas,
conforme entendimento sedimentado dos tribunais, e no para o caso de no homologao de
termo no sindicato no local ou para o caso mera no formalizao da resciso no sistema do e social.
Por exemplo:
em escala de sobreaviso, do qual no se desincumbiu. Recurso ordinrio do reclamante ao qual se nega provimento. TRT-
PR-00715-2012-659-09-00-8-ACO-15185-2013 - 3A. TURMA Relator: ARCHIMEDES CASTRO CAMPOS JNIOR Publicado
no DEJT em 30-04-2013.
14 Art. 477 - assegurado a todo empregado, no existindo prazo estipulado para a terminao do respectivo
contrato, e quando no haja ele dado motivo para cessao das relaes de trabalho, o direto de haver do empregador
uma indenizao, paga na base da maior remunerao que tenha percebido na mesma empresa. (Redao dada pela
Lei n 5.584, de 26.6.1970) .... 6 - O pagamento das parcelas constantes do instrumento de resciso ou recibo de
quitao dever ser efetuado nos seguintes prazos: (Includo pela Lei n 7.855, de 24.10.1989) a) at o primeiro dia til
imediato ao trmino do contrato; ou (Includo pela Lei n 7.855, de 24.10.1989) b) at o dcimo dia, contado da data da
notificao da demisso, quando da ausncia do aviso prvio, indenizao do mesmo ou dispensa de seu cumprimento.
(Includo pela Lei n 7.855, de 24.10.1989) ... 7 - O ato da assistncia na resciso contratual ( 1 e 2) ser sem nus
para o trabalhador e empregador. (Includo pela Lei n 7.855, de 24.10.1989) 8 - A inobservncia do disposto no
6 deste artigo sujeitar o infrator multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento da multa a favor do
empregado, em valor equivalente ao seu salrio, devidamente corrigido pelo ndice de variao do BTN, salvo quando,
comprovadamente, o trabalhador der causa mora. (Includo pela Lei n 7.855, de 24.10.1989)
279
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Georgenor de Sousa Franco Filho afirma que cuida-se de sade, higiene e segurana
em seu sentido estrito, de acordo com as Normas Regulamentares expedidas pelo Ministrio do
Trabalho e emprego... essas normas devem ser aplicadas no trabalho domstico observando suas
peculiaridades, h que haver grande cautela com o uso de desinfetantes, de gs, de inflamveis
em geral, de escadas, de locais com degraus ou rampas. Por isso, poder ser recomendvel que
o empregador domstico fornea Equipamentos de Proteo Individual ao seu empregado: botas,
luvas, mscaras, capacete, culos de proteo. No de afastar a hiptese de extintor de incndio
e sugervel indicar a existncia de degraus e rampa. O aparente exagero dessas medidas poder
revelar-se eficaz no futuro.15
15 Franco Filho, Georgenor de Souza. A Emenda Constitucional 72/13 e o Futuro do Trabalho Domstico. In:
Gunther, Luiz Eduardo e Mandalozzo, Silvana S. Trabalho Domstico. Teoria e Prtica da Emenda Constitucional 72/2013,
Curitiba: Juru, 2014, p. 100/101.
280
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
em altura, esse venha a sofrer um acidente, ir responder pela situao de exposio ao risco, e os
fundamentos jurdicos tendo em vista o artigo 7, XXII da CF e o artigo 19 da nova Lei, podem levar a
uma interpretao que conclua inclusive pela aplicao da responsabilidade objetiva no caso.
Trata-se de exceo, eis que, em regra, pelo artigo 457 da CLT[6] agora incontroversamente
aplicvel ao empregado domstico, as parcelas salariais, abonos, gratificaes integram o conjunto
da remunerao para todos os efeitos, ou seja, as horas extras, as frias, o 13 salrio, o Fundo de
Garantia por Tempo de Servio e eventual aviso prvio em caso de resciso, devem incluir a mdia
dos valores pagos a tais ttulos.
16 Por exemplo, um empregado domstico submetido a limpeza de vrios banheiros utilizados por
muitas pessoas, um empregado de chcara de lazer que utilize produtos com agentes insalubres, um
empregado domstico que trabalho prximo a rea com periculosidade, enfim, devemos sempre lembrar
que a realidade mais criativa que o direito e a hermenutica deve estar sempre pronta a enfrentar os mais
diversos casos, mxime em um pas com caractersticas diversas e extremas entre as regies.
[6] Art. 457 - Compreendem-se na remunerao do empregado, para todos os efeitos legais, alm do salrio
devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestao do servio, as gorjetas que receber.
(Redao dada pela Lei n 1.999, de 1.10.1953) 1 - Integram o salrio no s a importncia fixa estipulada,
como tambm as comisses, percentagens, gratificaes ajustadas, dirias para viagens e abonos pagos
pelo empregador. (Redao dada pela Lei n 1.999, de 1.10.1953)
281
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
O prazo legal e a multa do artigo 477 da CLT podem ser aplicados por analogia eis que
complementam a forma de resciso j prevista na Nova Lei do Contrato de Emprego Domstico.
TESE
Por isso, seu fundamento ltimo est no princpio da solidariedade, em que o valor
17 BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 13 ed. SP: Malheiros, 2003, p. 569.
18 BONAVIDES, P. op. cit., p. 569.
19 BONAVIDES, P. op. cit., p. 569.
282
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
principal est na ajuda recproca, seja entre Estados, seja no mbito do Estado entre grupos -, ou,
no dentro dos grupos, entre as pessoas.20
283
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Pois bem. O meio ambiente do trabalho, por sua vez, est tutelado no inciso VIII do art.
200 da Constituio, assim redigido:
Art. 200 Ao sistema nico de sade compete, alm de outras atribuies, nos
termos da lei:
(...)
284
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
TESE
285
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Por isso, seu fundamento ltimo est no princpio da solidariedade, em que o valor
principal est na ajuda recproca, seja entre Estados, seja no mbito do Estado entre grupos -, ou,
dentro dos grupos, entre as pessoas.24
Pois bem. O meio ambiente do trabalho, por sua vez, est tutelado no inciso VIII do art.
200 da Constituio, assim redigido:
Art. 200 Ao sistema nico de sade compete, alm de outras atribuies, nos
termos da lei:
(...)
21 BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 13 ed. SP: Malheiros, 2003, p. 569.
22 BONAVIDES, P. op. cit., p. 569.
23 BONAVIDES, P. op. cit., p. 569.
24 BONAVIDES, P. op. cit., p. 570.
286
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Nesse sentido, transcreve-se trecho de reportagem publicada pela Agncia Brasil (grifou-
se):
287
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
288
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
TESE
O juiz do trabalho sempre teve incoao na execuo conforme expressa previso do art.
878 da CLT.
Art. 878 - A execuo poder ser promovida por qualquer interessado, ou ex officio
pelo prprio Juiz ou Presidente ou Tribunal competente, nos termos do artigo
anterior.
O CPC em vigor reforou este dever estendendo-o a todos os juzes, acrescendo seus
poderes ao dispor no art. 139: O juiz dirigir o processo conforme as disposies deste Cdigo,
incumbindo-lhe (...) IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-
rogatrias necessrias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas aes que
tenham por objeto prestao pecuniria; (...), e para auxili-lo no exerccio de tal mister autorizou-o
expressamente a valer-se dos meios eletrnicos de indisponibilizao de patrimnio:
289
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Para desmascarar o executado que tenta se esgueirar entre laranjas, pessoas jurdicas
interpostas, empresas de prateleira, ou informaes falsas o juiz do trabalho pode localiz-lo
consultando os cadastros do: Servio Federal de Processamento de Dados SERPRO; Cadastro
Nacional de Empresas CNE; Companhia Paranaense de Energia - COPEL; Sistema de Informaes
Eleitorais SIEL, Banco de Dados da Receita Federal INFOJUD; Restries Judiciais Sobre Veculos
Automotores - RENAJUD; Cadastro dos Clientes do Sistema Financeiro BACEN CCS, Junta Comercial
do Estado do Paran JUCEPAR; Informaes de Segurana Pblica, Justia e Fiscalizao INFOSEG;
e, Servio de Ofcio Eletrnico E-OFCIO, alm de acesso aos cadastros de operadoras telefnicas
e de pesquisas nas redes sociais (facebook, Instagram, Youtube, linkedin), e nos inmeros sites de
busca da internet (google, achei.com, escavador) entre outros.
Se a resposta for negativa em um dos rgos consultados, deve ser tentada consulta aos
demais, mesmo que se refiram ao mesmo banco de dados, pois j foram detectados casos em que o
SERPRO foi inexitoso, mas a parte foi encontrada via INFOJUD.
Alm das consultas cadastrais, a mora do executado justifica medidas de arresto de seus
bens (CLT, art. 883) e consequente quebra de seu sigilo bancrio e fiscal, para localizao e apreenso
de seu patrimnio.
290
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
no qual as empresas so obrigadas a manter sua Escriturao Contbil Digital ECD e Escriturao
Contbil Fiscal ECF, e o acesso aos mesmos ainda est sendo estruturado.
291
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
TESE
O art. 13 da Lei n 7347/85 - que disciplina a ao civil pblica de responsabilidade por danos causados
ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artstico, esttico, histrico, turstico e
paisagstico (VETADO) e d outras providncias - dispe:
No mbito trabalhista, esse fundo a que se refere a lei supra referida, por aplicao
analgica, o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), criado pela Lei 7.998/90 que se presta ao
custeio do Programa do Seguro-Desemprego, do Abono Salarial e ao financiamento de Programas de
Desenvolvimento Econmico.
292
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Ocorre, no entanto, que no existe qualquer fiscalizao sobre a utilizao desses valores,
por mais sria que possa ser a entidade.
Ou seja, as entidades que muitas vezes recebem milhes de reais no prestam contas de
onde dinheiro aplicado.
Ora, h, sem dvida, grande insegurana jurdica aos magistrados que destinam valores
de multas e indenizaes a entidades que no sofrem fiscalizao, nem prestam contas.
293
Mediao
Entrevista
Bibliografia
Semana Institucional
Trata-se de Fundo criado por Lei Estadual e fiscalizado pelo Tribunal de Contas do Estado
do Paran.
Ressalte-se que existe Convnio celebrado entre o Ministrio Pblico do Trabalho - PRT-9
e o Ministrio Pblico do Estado do Paran, cujo objeto a atuao conjunto dos partcipes com
a finalidade de assegurar que os valores com origem nos termos de compromisso de ajustamento
de conduta, condenaes e acordos celebrados em aes judiciais propostos pela Procuradoria
Regional do Trabalho da 9 Regio - MPT sejam destinados ao Fundo Especial do Ministrio Pblico
do Estado do Paran - FUEMP, para utilizao no fomento e promoo de projetos em defesa do meio
ambiente, infncia, juventude e outros direitos difusos e coletivos no Estado do Paran.
294
Mediao
Entrevista
Bibliografia
BIBLIOGRAFIA DISPONVEL:
LIVROS
AMARAL, Ldia Miranda de Lima. Mediao e arbitragem: uma soluo para os conflitos trabalhistas
no Brasil. So Paulo: LTr, 1994. 94 p. Localizao: 331.109.6 A485m
CASELLA, Paulo Borba (Coord.); SOUZA, Luciane Moessa de (Coord.). Mediao de conflitos: novo
paradigma de acesso justia. Belo Horizonte: Frum, 2009. 365 p. ISBN 978-85-7700-237-5.
Localizao: 331:347.18 C337m
295
Mediao
Entrevista
Bibliografia
MIRANDA, Pontes de; MIRAGEM, Bruno (atualizador) ; MARQUES, Cludia Lima (atualizadora) .
Tratado de direito privado: direito das obrigaes: mandato, gesto de negcios alheios sem outorga,
mediao, comisso, corretagem. So Paulo: RT, 2012. T. XLIII, 653 p. ((Coleo tratado de direito
privado: parte especial, 43)). ISBN 978-85-203-4505-4. Localizao: 347 M672t
SOUZA, Zoraide Amaral de. Arbitragem - conciliao - mediao nos conflitos trabalhistas. So
Paulo: LTr, 2004. 237 p. ISBN 85-361-0561-5. Localizao: 331:347.918 S729a
SOUZA NETO, Joao Baptista de Mello. Mediao em juzo: abordagem pratica para obteno de um
acordo justo. So Paulo: Atlas, 2000. 101 p. Localizao: 347.925 S729m
AMORIM, Jos Roberto Neves. O Conselho Nacional de Justia e as polticas pblicas em conciliao
e mediao. In: Gunther, Luiz Eduardo (coord.). Conciliao um caminho para a paz social. Curitiba :
Juru, 2013. p. 214-246 Localizao: 331:347.925 G977c
CARVALHO, Newton Teixeira. Acesso justia e mediao: superando obstculos no direito das
famlias. In: Orsini, Adriana Goulart de Sena. Justia do sculo XXI. So Paulo : LTr, 2014. p. 291-301
Localizao: 347.998.4 O76j
296
Mediao
Entrevista
Bibliografia
concretizador. A mediao judicativo-decisria dos princpios jurdicos. In: MONTESSO, Cludio Jos
(coordenador). Direitos sociais na Constituio de 1988: uma anlise crtica vinte anos depois. So
Paulo : LTr, 2008. p. 359-384 Localizao: 342.7:331 M781d
CHAVES, Manoel Matos de Arajo. Comentrios resoluo 125/10 do Conselho nacional de justia:
princpios da mediao e mediao processual. In: Gunther, Luiz Eduardo (coord.). Conciliao um
caminho para a paz social. Curitiba : Juru, 2013. p. 259-278 Localizao: 331:347.925 G977c
CRUZ, Giselle Fernandes Corra Da. A mediao de conflitos: um novo paradigma ou mais do mesmo?
desafios e perspectivas. In: Orsini, Adriana Goulart de Sena. Justia do sculo XXI. So Paulo : LTr,
2014. p. 321-330 Localizao: 347.998.4 O76j
DESCHK, Joo Paulo Vieira; OPUSZKA, Paulo Ricardo . A mediao como meio alternativo (e possvel)
resoluo de controvrsias. In: Gunther, Luiz Eduardo (coord.). Conciliao um caminho para a paz
social. Curitiba : Juru, 2013. p. 199-210 Localizao: 331:347.925 G977c
FANTINI, Karine Monterio de Castro. Conciliao e mediao em pases da Europa. In: Orsini, Adriana
Goulart de Sena. Justia do sculo XXI. So Paulo : LTr, 2014. p. 377-387 Localizao: 347.998.4 O76j
FRANCO, Doutor Marcelo Ferreira; FRANCO, Marcelo Ferreira . A conciliao e mediao: instrumentos
de fortalecimento da relao entre usurio e concessionria no transporte ferrovirio. In: Seminrio
Conciliao e Mediao : aspectos jurdicos, econmicos e sociais. Conciliao e mediao: aspectos
jurdicos, econmicos e sociais. Rio de Janeiro : AMAERJ, 2013. p. 29-39 Localizao: 347.925(061.3)
S471c
GRINOVER, Ada Pellegrini. Mediao paraprocessual. In: Almeida, Rafael Alves de (Org.). Tribunal
multiportas: investindo no capital social para maximizar o sistema de soluo de conflitos no Brasil.
Rio de Janeiro : FGV, 2012. p. 95-100 Localizao: 347.99 A447t
HASSON, Felipe. Mediao de conflitos decorrentes de relao de consumo: benefcios para empresas,
consumidores e poder judicirio. In: Gunther, Luiz Eduardo (coord.). Conciliao um caminho para a
paz social. Curitiba : Juru, 2013. p. 627-640 Localizao: 331:347.925 G977c
MACHADO, Luciane. A mediao e a arbitragem como soluo dos conflitos trabalhistas. In:
DALLEGRAVE NETO, Jos Affonso, 1965 - (coord.). Direito do trabalho: estudos. So Paulo : LTr, 1997.
p. 565-584 Localizao: 331 D146c
MORI, Amaury Haruo. Princpios gerais aplicveis aos processos de mediao e de conciliao. In:
Gunther, Luiz Eduardo (coord.). Conciliao um caminho para a paz social. Curitiba : Juru, 2013. p.
165-198 Localizao: 331:347.925 G977c
NICCIO, Camila Silva. Direito e mediao de conflitos: entre metamorfose da regulao social e
297
Mediao
Entrevista
Bibliografia
administrao plural da justia. In: Orsini, Adriana Goulart de Sena. Justia do sculo XXI. So Paulo
: LTr, 2014. p. 271-289 Localizao: 347.998.4 O76j
NICCIO, Camila Silva. A mediao frente reconfigurao do ensino e da prtica do direito: desafios
e impasses socializao jurdica. In: Orsini, Adriana Goulart de Sena. Justia do sculo XXI. So
Paulo : LTr, 2014. p. 103-115 Localizao: 341.688 J97
PINHO, Humberto Dalla Bernardina de. A mediao judicial no novo CPC. In: Ribeiro, Darci Guimares
(org.). Desvendando o novo CPC. Porto Alegre : Livraria do Advogado, 2015. p. 67-85 Localizao:
347.91 R484d
RAMIDOFF, Mrio Luiz. Mediao orientada. In: Pimpo, Rosemarie Diedrichs, (coord.). Conciliao:
o paradigma da conciliao como forma de solucionar conflitos. Curitiba : Instituto Memria Editora,
2013. p. 408-429 Localizao: 331:347.925 P644c
THOM, Liane Maria Busnello. A mediao aplicada s aes de execuo de alimentos. In:
TESHEINER, Jose Maria Rosa (coordl). Instrumentos de coero e outros temas de direito processual
civil - estudos em homenagem aos 25 anos de docncia do professor Dr. Araken de Assis. Rio de
Janeiro : Forense, 2007. p. 419-431 Localizao: 347.91/95 T265i
ARTIGOS DE PERIDICO
CINTRA, Najla Lopes. Mediao privada: aspectos relevantes da Lei 13140/2015. Revista dos tribunais
(So Paulo). So Paulo, v. 105, n. 967, p. 69-85, maio 2016.
FARIAS, James Magno Arajo. Jurisdio e mediao: a atuao da Justia do Trabalho para garantir a
proteo dos direitos laborais e a possibilidade de mediao trabalhista no Brasil. Revista do Tribunal
Superior do Trabalho. Porto Alegre, v. 81, n. 2, p. 107-120, abr./jun. 2015.
298
Mediao
Entrevista
Bibliografia
KOURY, Luiz Ronan Neves. Mediao e conciliao no novo Cdigo de Processo Civil: Seus
desdobramentos no Direito Processual do Trabalho. Revista LTr: legislao do trabalho. So Paulo, v.
80, n. 4, p. 414-419, abr. 2016.
LIMA, Eliana Tavares. A mediao como mtodo consensual de resoluo de conflitos. Revista do
direito trabalhista. Braslia, v. 21, n. 6, p. 16-23, jun. 2015.
MEDIAO de conflitos no Direito das Famlias. Revista Jurdica Lex. So Paulo, v. 13, n. 77, p. 50-67,
set./out. 2015.
PEREZ, Adriana Hahn. A nova Lei alem de Mediao. Revista de processo. So Paulo, v. 40, n. 243,
p. 555-581, maio 2015.
REICHELT, Luis Alberto. Consideraes sobre a mediao e conciliao no projeto de novo Cdigo de
Processo Civil. Revista de Direito do Consumidor. So Paulo, v. 24, n. 97, p. 123-142, jan./fev. 2015.
SALOMO, Luis Felipe. O marco regulatrio para a mediao no Brasil. Revista Jurdica Lex. So
Paulo, v. 13, n. 73, p. 116-121, jan./fev. 2015.
SIMES, Isa; LELIS, Rita . Mediao de conflitos e relaes de trabalho. Revista do Ministrio Pblico
do Trabalho na Bahia. [S.l.], n. 5, p. 113-123, maio 2015.
SOUZA, Victor Roberto Corra de. O novo Cdigo de Processo Civil brasileiro e a audincia de
conciliao ou mediao como fase inicial do procedimento. Revista de processo. So Paulo, v. 40,
n. 243, p. 583-603, maio 2015.
TOWNSEND, Elisa Corra dos Santos. Mediao no novo CPC: Estudos de caso e direito comparado.
Revista de processo. So Paulo, v. 40, n. 242, p. 569-598, abr. 2015.
299
Mediao
EDIES
1. Os artigos ou decises devem ser encaminhados anlise do Conselho Editorial, para o e-mail
[email protected]
2. Os artigos sero tcnico-cientficos, focados na rea temtica de cada edio especfica, sendo divulgada
a sequncia dos temas eleitos pela Escola Judicial do TRT-9 Regio, mediante consulta;
3. Os artigos encaminhados Revista Eletrnica devem estar digitados na verso do aplicativo Word, fonte
Arial, corpo 12, espaamento entrelinhas 1,5, modelo justificado, com ttulos e subttulos em maisculas
alinhados esquerda, em negrito. A primeira lauda conter o ttulo do artigo, nome, titulao completa do
autor, referncia acerca da publicao original ou sobre seu ineditismo e uma foto;
5. A publicao dos artigos no implicar remunerao a seus autores, que ao submeterem o texto anlise
autorizam sua eventual publicao, sendo obrigao do Conselho Editorial inform-los assim que divulgada
a Revista Eletrnica;
6. O envio de artigos ou decises no pressupe automtica publicao, sendo sua efetiva adequao ao
contedo temtico de cada edio da Revista Eletrnica pertencente ao juzo crtico-cientfico do Conselho
Editorial, orientado pelo Desembargador que organiza as pesquisas voltadas publicao.
7. Dvidas a respeito das normas para publicao sero dirimidas por e-mails encaminhados
[email protected]
Respeitosamente.
CONSELHO EDITORIAL
300
Mediao
301