Leibniz - Monadologia
Leibniz - Monadologia
Leibniz - Monadologia
Monadologia
Gottfried
Leibniz
1. A Mnada de que aqui falaremos no outra coisa
seno uma substncia simples, que entra nos compostos;
simples quer dizer sem partes. Teodicia, 1O.
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6. Assim, pode-se dizer que as Mnadas s poderiam
comear ou terminar de uma s vez, ou seja, s poderiam
comear por criao e terminar por aniquilao, ao passo
que o que composto comea e termina por partes.
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9. preciso mesmo que cada Mnada seja diferente de
cada uma das outras. Pois nunca h na natureza dois
Seres que sejam perfeitamente iguais um ao outro e nos
quais no seja possvel encontrar uma diferena interna
ou fundada em uma denominao intrnseca.
1O. Dou tambm por aceito que todo ser criado est
sujeito mudana, e por conseguinte a Mnada criada
tambm, e mesmo que esta mudana seja contnua em
cada uma.
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ou da conscincia, como se ver adiante. E nisto os
cartesianos equivocaram-se muito, ao desconsiderarem
as percepes de que no nos apercebemos. Foi isso
tambm que os fez acreditar que s os espritos eram
Mnadas e que no havia Almas dos animais nem outras
entelquias; e confundiram, com o vulgo, um longo
atordoamento com morte no sentido rigoroso, o que
os fez ainda cair no preconceito escolstico das almas
inteiramente separadas, havendo mesmo reforado nos
espritos mal formados a opinio da mortalidade das
almas.
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ampliada e conservando as mesmas propores, de
maneira que se possa entrar nela como em um moinho.
Feito isso, ao visit-la por dentro s encontraremos
peas que se pem reciprocamente em movimento
e nunca algo que explique uma percepo. Portanto,
tem de se busc-la na substncia simples e no no
composto ou na mquina. E s isso que podemos
encontrar na substncia simples, ou seja, as percepes
e suas mudanas. E tambm apenas nisso que podem
consistir todas as aes internas das substncias simples.
Prefcio Teodicia.
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Neste estado, a alma no difere sensivelmente de uma
simples Mnada; mas, como este estado no duradouro
e a alma subtrai-se dele, ela algo mais.
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o atordoamento. este o estado das Mnadas
simplesmente nuas.
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28. Os homens agem como os animais quando as
consecues de suas percepes s se efetuam pelo
princpio da memria, semelhana dos mdicos
empricos, que possuem simplesmente a prtica sem a
teoria; e somos meramente empricos em trs quartos
de nossas aes. Por exemplo, quando se espera que
amanh raie o dia, procede-se como um empirista,
porque sempre foi assim at hoje. S o astrnomo julga,
nesse caso, segundo a razo.
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32. E o de razo suficiente, em virtude do qual
consideramos que nenhum fato pode ser verdadeiro ou
existente, nenhum enunciado verdadeiro, sem que haja
uma razo suficiente para que seja assim e no de outro
modo, ainda que com muita frequncia estas razes no
possam ser conhecidas por ns. Teodicia, 44 e 169.
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coisas da natureza e diviso dos corpos at o infinito.
H uma infinidade de figuras e de movimentos presentes
e passados que entram na causa eficiente desse meu ato
presente de escrever, e h uma infinidade de pequenas
inclinaes e disposies de minha alma, presentes e
passadas, que entram na sua causa final. Teodicia,
36, 37, 44, 45, 49, 52, 121, 122, 337, 34O-344.
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41. Donde se segue que Deus absolutamente
perfeito, pois a perfeio no seno a grandeza da
realidade positiva considerada precisamente, pondo
parte as restries ou os limites das coisas que os tm.
E onde no h limites, ou seja, em Deus, a perfeio
absolutamente infinita. Teodicia, 22; Prefcio
Teodicia.
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45. Assim, s Deus (ou o Ser necessrio) tem o privilgio
de ter de existir necessariamente, se possvel. E, como
nada pode impedir a possibilidade do que no encerra
nenhum limite, nenhuma negao e, por conseguinte,
nenhuma contradio, isto suficiente para se conhecer
a existncia de Deus a priori. Tambm a provamos
pela realidade das verdades eternas. Mas acabamos de
prov-la tambm a posteriori, posto que existem seres
contingentes que s podem ter sua razo ltima ou
suficiente no ser necessrio, que possui em si mesmo a
razo de sua existncia.
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ou produes segundo o princpio do melhor. E isto
corresponde ao que nas Mnadas criadas constitui
o Sujeito ou Base, a Faculdade Perceptiva e a
Faculdade Apetitiva. Mas em Deus estes atributos so
absolutamente infinitos ou perfeitos; enquanto nas
Mnadas criadas ou nas Entelquias (ou perfectihabies,
como traduziu esta palavra Ermolao Barbaro) no
passam de imitaes, proporcionais perfeio delas.
Teodicia, 7, 149, 15O, 87.
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52. E por isto as aes e paixes entre as criaturas so
mtuas. Pois Deus, ao comparar duas substncias
simples, encontra em cada uma delas razes que o
obrigam a acomod-la outra; e, por conseguinte, o que
ativo em certos aspectos passivo de outro ponto de
vista: ativo enquanto o que se conhece distintamente
nele serve para explicar o que acontece em outro, e
passivo enquanto a razo do que lhe acontece encontra-
se no que se conhece distintamente em outro. Teodicia,
66.
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expressem todas as outras, e que seja, por conseguinte,
um espelho vivo perptuo do universo. Teodicia,
13O, 36O.
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parte e particularmente cada Mnada; cuja natureza
sendo representativa no poderia ser limitada, por
coisa alguma, a representar s uma parte das coisas,
ainda que seja verdade que essa representao seja
apenas confusa quanto ao detalhe de todo o universo,
e distinta apenas em uma pequena parte das coisas, isto
, naquelas que so ou as mais prximas ou as maiores
com relao a cada uma das mnadas; de outro modo
cada Mnada seria uma Divindade. No no objeto,
mas na modificao do conhecimento do objeto, que as
Mnadas so limitadas. Todas elas tendem confusamente
ao infinito, ao todo; mas so limitadas e distinguem-se
pelos graus das percepes distintas.
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de uma s vez todos seus recantos ntimos, pois eles se
estendem at o infinito.
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o uso da qual est destinada a roda. Mas as Mquinas
da Natureza, isto , os corpos vivos, so Mquinas
inclusive em suas menores partes at o infinito. E isto
que constitui a diferena entre a Natureza e a Arte, isto
, entre a arte Divina e a Nossa. Teodicia, 134, 146,
194, 4O3.
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69. Assim, no h nada inculto, estril, ou morto
no universo, no h caos, no h confuso seno
na aparncia; seria como se vssemos, de uma certa
distncia, num lago, um movimento confuso e um
tumulto dos peixes do lago, sem que discernssemos os
prprios peixes. Prefcio Teodicia.
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73. isso que faz com que no haja nunca nem
completa gerao, nem morte perfeita, no sentido
estrito, a saber, a que consiste na separao da alma.
E o que chamamos geraes so desenvolvimentos e
crescimentos, assim como o que chamamos mortes so
envolvimentos e diminuies.
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76. Mas isto s meia verdade; julguei, ento, que se o
animal nunca comea naturalmente tampouco termina
naturalmente; e que no s no haver gerao, como
tampouco destruio completa, nem morte no sentido
estrito. E estes raciocnios feitos a posteriori e tirados
das experincias concordam perfeitamente com meus
princpios deduzidos a priori, como acima. Teodicia,
9O.
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quantidade de fora. Entretanto, acreditou que a alma
podia mudar a direo dos corpos. Mas isto foi assim
porque em seu tempo desconhecia-se a lei da natureza
que estabelece tambm a conservao da mesma direo
total na matria. Se a conhecesse, teria cado no meu
sistema da harmonia preestabelecida. Prefcio Teodicia,
22, 59, 6O, 61, 63, 66, 345, 346 ss., 354, 355.
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de imitar algo dele mediante amostras arquitetnicas,
pois cada esprito como uma pequena divindade em
seu mbito. Teodicia, 147.
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88. Esta harmonia faz com que as coisas conduzam
graa pelas prprias vias da natureza, e que este globo,
por exemplo, deva ser destrudo e reparado pelas vias
naturais nos momentos requeridos pelo governo dos
Espritos; para castigo de uns e recompensa de outros.
Teodicia, 18 ss., 11O, 244, 245 e 34O.
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se pudssemos entender suficientemente a ordem do
universo, descobriramos que supera todas as aspiraes
dos mais sbios, e que impossvel faz-lo melhor do que
; no s relativamente ao todo em geral, mas tambm
relativamente a ns mesmos em particular, se estamos
ligados, como devido, ao Autor do todo, no s como
arquiteto e causa eficiente de nosso ser, mas tambm
como nosso Senhor e causa final, que deve constituir
todo o fim de nossa vontade e o nico que pode
fazer nossa felicidade. Teodicia, 134 fin.; Prefcio
Teodicia, 278.
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Traduo
ALEXANDRE DA
CRUZ BONILHA
Reviso
MRCIA VALRIA
MARTINEZ DE AGUIAR