Sutra de Lotus - 20 - 08 - 12 PDF
Sutra de Lotus - 20 - 08 - 12 PDF
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2009
Copyright 2007 por Marcos Ubirajara de Carvalho e Camargo
Ttulo Original
The Wonderful Dharma Lotus Flower Sutra
U245s
CDD 294
2009
Todos os direitos desta edio reservados
Editorama Editora Ltda.
Av. So Gabriel, 201, cj. 1608
01435-001 So Paulo SP
Telefone (11) 3704-7314
As notas e comentrios introduzidos nesta traduo do Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa
para a lngua portuguesa falada no Brasil so da autoria e inteira responsabilidade de seu tradutor
Marcos Ubirajara de Carvalho e Camargo.
Captulo
Introduo
Introduo
Assim eu ouvi.
1. Grande cidade murada na antiga ndia, segundo se acredita, que continha novecentas mil casas e foi destruda por grandes
incndios que irromperam em sete ocasies.
2. Santos que optaram por no atingir o Nirvana para auxiliar outros a trilhar o caminho de Iluminao.
3. Em Pali, Bodhisattva significa um ser que aspira pelo estado de Buda ou pela Iluminao. Um Mahasattva um Bodhisattva do
Grande Veculo, do ensino Mahayana Verdadeiro.
4. Suprema e Perfeita Iluminao (Anuttara-Samyak-Sambodhi).
5. Dharanis so mantras extensos. A raiz man significa pensar, enquanto o sufixo tra exprime um instrumento, um recurso de
acionamento. Atravs da meditao profunda (Samadhi), adquire-se uma verdade; atravs do dharani, ela fixada e retida na
memria.
6. Esta a primeira referncia que aparece no sutra de que Bodhisattvas e Mahasattvas presentes na cena da iluminao recente
do Buda (na ndia) so, na verdade, seus discpulos desde o remoto passado. Caso contrrio, como poderiam ter acumulado
tantos mritos?
Introduo 9
L estava o filho de Vaidehi, o Rei Ajatashatsu, com seu squito de vrias
centenas de milhares de seguidores. Cada um fez reverncia aos ps do
Buda, postou-se ao lado e tomou o assento.
Naquela ocasio, o Honrado pelo Mundo, circundado pela Assembleia
de Quatro Tipos de Crentes, recebeu oferecimentos e foi honrado, venerado
e elogiado. Ento, em prol dos Bodhisattvas, pregou um Sutra do Grande
Veculo chamado Infinitos Significados, uma Lei para instruir Bodhisattvas,
da qual o Buda guardio e mentor8.
Aps o Buda ter pregado este Sutra, ele se sentou em posio de ltus
e entrou no Samadhi9 do Lugar de Infinitos Significados, corpo e mente
imveis.
Naquela ocasio, caiu dos cus uma chuva de Flores de Mandarava,
Flores de Mahamandarava, Flores de Manjushaka e Flores de Mahaman-
jushaka, que se espraiou sobre o Buda e toda a grande assembleia. Todo o
universo Bdico tremeu de seis formas diferentes.
Naquele momento, toda a grande assembleia de Monges, Monjas, Lei-
gos, Leigas, Seres Celestiais, Drages, Yakshas, Gandharvas, Asuras, Garudas,
Kinnaras, Mahoragas, seres humanos e no-humanos, bem como os Reis
Menores, os Reis Sbios Giradores de Roda, todos obtiveram o que nunca
haviam possudo antes. Eles regozijaram, alegraram-se, juntaram as palmas
das mos e, com pensamento nico, fitaram fixamente o Buda.
Ento, o Buda emitiu uma luz do tufo de cabelos brancos de entre suas
sobrancelhas, que iluminou dezoito mil mundos ao leste, sem omitir nenhum
deles, desde abaixo do inferno Avichi at acima do cu Akanishtha. Desse
mundo Saha eram vistos todos os seres viventes nas seis direes10 naquelas
terras; alm disso, eram vistos todos os Budas presentes naquelas terras e
todos os Sutras e as Leis pregadas por aqueles Budas eram ouvidos11.
Tambm eram vistos os Monges, Monjas, Leigos e Leigas naquelas terras
que praticaram e atingiram a Via12.. Ademais, eram vistos os Bodhisattvas e
8. O Grande Veculo (chamado Incomensurveis Significados, uma Lei para instruir os Bodhisattvas), ou Veculo nico que, de
acordo com o Sutra de Ltus, deve ser entendido do ponto de vista dos 10 (dez) estados de vida como o estado de Bodhisattva.
So eles: 1-Inferno, 2-Fome, 3-Animalidade, 4-Ira, 5-Tranquilidade, 6-Alegria, 7-Erudio, 8-Absoro, 9-Bodhisattva e 10-Buda.
Os estados de Erudio, Absoro e Bodhisattva so tambm chamados de 3 (Trs) Veculos e referem-se aos ensinos pr-Sutra
de Ltus. A grande distino deste Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa para todos os ensinos anteriores e posteriores
versar sobre uma Lei para instruir Bodhisattvas.Assim, a chave para a sua compreenso est em estabelecer nas profundezas das nossas
vidas o estado bsico de Bodhisattva. Em Pali, Bodhisattva significa um ser que aspira pelo estado de Buda ou pela Iluminao.
Esse ser no um erudito, sbio ou santo, mas um ser cuja essncia iluminada e que est determinado a tornar-se Buda.
9. Estado de profunda meditao ou hiperconscincia que abarca todos os fenmenos.
10. Mundos do Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranquilidade e Alegria.
11. Mundo do Buda.
12. Mundos da Erudio e Absoro; tambm conhecidos como Mundos dos Ouvintes e Pratyekabudas.
Introduo 11
Atravs dessas causas e condies,
a terra est toda adornada e purificada,
e, nesse mundo,
a terra treme de seis modos diferentes.
Ento, todos na multido
dos Quatro Tipos de Crentes exultam
e, em corpo e em pensamento,
obtm o que nunca antes possuram.
Introduo 13
puxadas por juntas qudruplas
com armaes e plios floridos,
carruagens ricamente ornamentadas.
Manjushri,
eu vejo monarcas reais que,
visitando aquelas cortes do Buda,
perguntam acerca da Via insupervel.
Ento, abandonam suas terras aprazveis,
palcios, ministros, harns,
e, raspando suas barbas e seus cabelos,
vestem-se com os robes do Dharma.
Em outros momentos,
so vistos Bodhisattvas lutando com vigor heroico
e penetrando as profundezas das montanhas
para refletir sobre a Via do Buda.
So vistos, tambm,
aqueles que abandonaram o desejo,
que vivem em constante solido,
praticando profundamente
a Meditao para o Samadhi
e atingindo as cinco penetraes espirituais15.
Em outras,
so vistos Bodhisattvas,
de profunda sabedoria e slida determinao,
capazes de questionar os Budas
e aceitar e apreender tudo o que ouvem.
Alm disso,
so vistos discpulos do Buda,
com sabedoria e Samadhi perfeitos que,
com absoluta perfeio,
pregam o Dharma para as multides.
Alegremente, eles pregam o Dharma,
transformando todos os Bodhisattvas,
derrotando, dessa forma, os exrcitos de Mara,
e fazendo soar o tambor do Dharma.
15. So seis as Penetraes Espirituais do Budismo: divaya-cakesus olho celestial, que v as coisas nos cus; divaya-srotra
ouvido celestial,que ouve as coisas dos cus; parachitta-jnana que sabe os pensamentos dos outros; purya-nivasanusmetijnana
que conhece as vidas passadas; rodhividhi-jnana que est em todos os lugares; asravaksaya-jnana que preenche todas
as coisas.
Introduo 15
So vistos tambm aqueles
com preceitos perfeitos, intactos,
com modos de reverncia inspiradora,
cuja pureza como a de prolas preciosas,
com a qual eles buscam a Via do Buda.
So vistos Bodhisattvas
que contemplam a natureza de todas as Leis
como livres do aspecto da dualidade,
como sendo um espao vazio.
Manjushri,
novamente so vistos Bodhisattvas que,
aps os Budas terem entrado em extino,
fazem oferecimentos s suas relquias.
So vistos discpulos do Buda
construindo torres votivas e templos
incontveis, como as areias do Ganges,
para adornar esses reinos e essas terras.
As torres cravejadas de joias, altas e belas,
possuem cinco mil Yojanas de altura
e duas mil Yojanas de largura.
Cada torre ou templo adornado com mil cortinas
e estandartes envolventes,
feitos de gemas preciosas
e sinos cravejados de joias
que repicam harmoniosamente.
Introduo 17
Todos os seres celestiais, drages, espritos,
humanos e no-humanos,
com incenso, flores, e msica instrumental,
constantemente fazem oferecimentos.
Manjushri,
todos os discpulos do Buda
adornam as torres e os relicrios,
fazendo oferecimentos s relquias do Buda.
Espontaneamente, os reinos e as terras
tornam-se magnificamente finos, delicados e raros,
como a rainha das rvores celestiais
quando suas flores desabrocham.
16. Tornam-se igualmente iluminados. Adquirem a mesma iluminao do Buda ou viso do Buda. Nessa viso, o Bodhisattva
Maitreya do presente se revela ser o discpulo vido de Fama do passado, e o Bodhisattva Manjushri era ento o Mestre da Lei
Luz Maravilhosa como ser visto adiante.
Introduo 19
Quatro Nobres Verdades, atravs da qual se pode superar o nascimento, a
velhice, a doena e a morte para atingir o Nirvana; para aqueles que bus-
cavam ser Pratyekabudas, ele respondia com a Lei dos Doze Elos da Cau-
salidade; em prol dos Bodhisattvas, ele respondia com os Seis Paramitas,
fazendo-lhes atingir o Anuttara-Samyak-Sambodhi e alcanar a sabedoria
que abarca todos os fenmenos17.
Ento, existiu outro Buda, tambm chamado Brilho da Chama do Sol e
da Lua, e ento um outro Buda, tambm chamado Brilho da Chama do Sol
e da Lua, e assim por diante, tendo existido vinte mil Budas, todos com o
mesmo nome, Brilho da Chama do Sol e da Lua, e com o mesmo sobreno-
me, Bharadvaja.
Maitreya, seria de se esperar que todos aqueles Budas, do primeiro ao
ltimo, tendo o mesmo nome, Brilho da Chama do Sol e da Lua, fossem por-
tadores dos dez ttulos e que a Lei que eles pregassem fosse boa no incio,
no meio e no fim.
Antes de o ltimo Buda deixar seu lar, ele teve oito filhos reais. O pri-
meiro era chamado Inteno; o segundo, Boa Inteno; o terceiro, Inteno
Ilimitada; o quarto, Inteno Preciosa; o quinto, Inteno Crescente; o sexto,
Inteno Livre de Dvidas; o stimo Inteno Ressonante; e o Oitavo, Inten-
o da Lei. Os oito prncipes eram de impressionante virtude e emancipa-
o, e cada um reinou sobre quatro continentes.
Quando os prncipes souberam que seu pai havia deixado o lar e al-
canado o Anuttara-Samyak-Sambodhi, todos renunciaram suas posies
reais e deixaram o lar tambm. Eles decidiram-se pelo Grande Veculo e
constantemente praticaram a conduta Brahman. Todos se tornaram Mes-
tres da Lei, tendo plantado, na presena de dez milhes de Budas, as razes
da benevolncia.
Naquela ocasio, o Buda Brilho da Chama do Sol e da Lua pregou um
Sutra do Grande Veculo chamado Infinitos Significados, uma Lei para ins-
truir Bodhisattvas, uma Lei da qual os Budas so guardies e mentores.
Quando terminou a pregao daquele Sutra, ele, em meio assembleia,
sentou-se na posio de ltus e entrou no Samadhi do Lugar dos Infinitos
Significados; seu corpo e pensamento estavam inertes. Ento, dos cus
caiu uma chuva de flores de Mandarava, flores de Mahamandarava, flo-
res de Manjushaka e flores de Mahamanjushaka, que se espraiou sobre o
17. Esses so os tambm chamados Trs Veculos (do Ouvinte, do Pratyekabuda e do Bodhisattva) que, mais adiante, o Buda revela
serem meros ensinos expedientes, ou meios hbeis, para conduzir as pessoas ao caminho do Buda, neste caso, o Grande Veculo.
Introduo 21
Depois da passagem do Buda extino, o Bodhisattva Luz Maravilhosa
manteve o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa por um perodo de oitenta
pequenos kalpas, expondo-o para os outros. Todos os oito filhos do Buda Brilho
da Chama do Sol e da Lua serviram ao Bodhisattva Luz Maravilhosa como seu
mestre. O Bodhisattva Luz Maravilhosa ensinou-os e converteu-os, fazendo com
que se tornassem firmemente estabelecidos no Anuttara-Samyak-Sambodhi.
Os prncipes, tendo feito oferecimentos a ilimitadas centenas de milha-
res de milhes de Budas, alcanaram a Via do Buda. O ltimo deles tornou-se
um Buda chamado Tocha Ardente.
Em meio aos oitocentos discpulos do Bodhisattva Luz Maravilhosa, ha-
via um chamado vido de Fama, que era grandemente apegado ao lucro e
aos oferecimentos. Embora tenha lido e recitado muitas escrituras, ele no as
compreendeu e esqueceu quase tudo o que houvera aprendido. Por essas ra-
zes, ele era chamado vido de Fama. Mas, por ter tambm plantado boas ra-
zes, ele pde encontrar ilimitadas centenas de milhares de milhes de Budas,
fazendo-lhes oferecimentos, honrando-os, venerando-os e elogiando-os.
Maitreya, poderia o Bodhisattva Luz Maravilhosa ser qualquer outro? Eu
mesmo o fui. E o Bodhisattva vido de Fama era voc mesmo!
Os prodgios agora vistos no diferem daqueles. Assim, em minha opi-
nio, hoje o Tathagata pregar o Sutra do Grande Veculo chamado Flor de
Ltus da Lei Maravilhosa, uma Lei para instruir Bodhisattvas, uma Lei da qual
os Budas so guardies e mentores.
Naquele momento, Manjushri, em meio assembleia, desejando reafir-
mar o significado das suas palavras, falou em versos, dizendo:
Introduo 23
Os Honrados pelo Mundo, naquelas assembleias,
proclamavam os profundos significados da Lei.
Em todas as terras Bdicas,
havia multides de Shravakas, incontveis;
atravs da iluminao da luz do Buda,
todas aquelas assembleias eram completamente vistas.
Havia tambm Monges
que residiam nas florestas da montanha,
rigorosamente observando os puros preceitos,
como se guardassem prolas brilhantes.
Tambm eram vistos Bodhisattvas
praticando a doao,
a pacincia, e assim por diante,
em nmero como as areias do Ganges,
iluminados pela luz do Buda.
Eram vistos tambm Bodhisattvas
que haviam entrado profundamente
na Meditao para o Samadhi,
com mentes e corpos tranquilos e imveis,
procura da Via Insupervel.
Tambm eram vistos Bodhisattvas que conheciam
a marca da extino tranquila da Lei.
Cada um dentro da sua terra Bdica pregava a Lei,
buscando o caminho do Buda.
Introduo 25
com relao ao princpio do no-refluxo da existncia,
em pensamento penetrou-o totalmente;
ele ser o prximo a tornar-se Buda,
chamado Corpo-de-Pureza,
e salvar incontveis multides.
Os sinais presentes so
como os pressgios do passado,
so meios hbeis dos Budas.
18. Uma referncia ao Buda Shakyamuni ou ao prprio Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa.
19. Nessa passagem, sutilmente o Bodhisattva Manjushri coloca o Bodhisattva Maitreya na terceira pessoa e passa a dirigir-se a uma
segunda pessoa (Tu). Tu, mortal comum, que agora te encontras diante do Leo dos Shakyas, desejoso de entender o que so
esses auspiciosos sinais em versos: o mestre do Dharma era eu (este Sutra de Ltus que vos fala), louvado pelo Buda como o
olho do mundo, refgio para todos, em quem podemos ter f, capaz de honrar e promover o repositrio do Dharma (Tu).
Introduo 27
O Buda agora emite essa luz brilhante20
para ajudar a revelar o significado do selo real.
Todos agora compreendem e,
com o pensamento nico,
juntam as palmas das mos e esperam;
o Buda far cair a chuva da Lei
para satisfazer todos aqueles
que buscam o Caminho.
20. Uma luz que revela o Verdadeiro Aspecto de Todos os Fenmenos, que so como defeitos, imperfeies, distores e discordncias
dentro de um Cristal Perfeito. Pois, tudo o que se manifesta no mundo fenomenolgico deixa atrs de si um vazio impondervel,
ao qual retornar quando a anarmonia que rege o fenmeno da sua existncia for eliminada (em 20/06/2006 17h).
Meios hbeis
Meios hbeis
Naquela ocasio, o Honrado pelo Mundo despertou serenamente do
seu Samadhi e disse Shariputra: A sabedoria de todos os Budas extrema-
mente profunda e ilimitada. O portal para essa sabedoria difcil de com-
preender e difcil de adentrar. Ele no pode ser conhecido por qualquer dos
Ouvintes ou Pratyekabudas21.
Qual a razo? Os Budas, desde o passado, tm encontrado incont-
veis centenas de milhares de dezenas de milhares de milhes de Budas,
praticando exaustivamente as ilimitadas Leis das Vias daqueles Budas. Eles
so forjados com coragem e vigor, e seus nomes so conhecidos em toda
a parte. Eles atingiram a mais profunda Lei, jamais conhecida antes, e pre-
gam-na de acordo com o que apropriado22, mas seu significado de difcil
compreenso.
Shariputra, desde que atingi o estado de Buda, tenho proclamado ex-
tensivamente os ensinos verbais por meio de vrias causas, condies e
analogias. Atravs de incontveis meios hbeis, tenho conduzido os seres
viventes, levando-os a libertarem-se de todos os apegos.
Por que assim? Porque o Tathagata j aperfeioou seus meios hbeis,
sua sabedoria e viso.
Shariputra, a sabedoria e a viso do Tathagata vasta, ampla, profunda
e de longo alcance. Ele penetrou profundamente, sem restries, os pode-
res ilimitados e sem impedimentos, a coragem, a concentrao em Medita-
o e os Samadhis da emancipao, abarcando todas aquelas Leis nunca
antes obtidas.
Shariputra, o Tathagata capaz de fazer vrias distines, pregando
claramente todas as Leis. Suas palavras so ternas e deleitam os coraes
das multides.
Shariputra, essencialmente falando, o Buda tem a completa
compreenso de todas aquelas ilimitadas e abrangentes Leis nunca
antes obtidas.
Chega, Shariputra. No necessrio falar mais. Por que assim? Como a
insupervel Lei alcanada pelo Buda a mais rara e difcil de compreender,
somente os Budas podem dominar o conhecimento acerca do Verdadeiro
21. Ouvintes e Pratyekabudas correspondem s pessoas dos 2 (dois) Veculos (erudio e absoro). Por essa razo, apregoava-se
nos ensinos pr-Sutra de Ltus que essas pessoas no podiam atingir a iluminao.
22. Utilizando-se de Meios Hbeis, que a essncia deste captulo.
23. Dessa primeira grande admoestao do Buda, denotada at pelo tom de suas palavras, depreende-se que mesmo os discpulos
como Shariputra, considerado o maior em sabedoria, e sendo assim uma pessoa dos 2 (dois) veculos, podero compreender o que
est para ser revelado. Todavia, mais adiante, o Buda o adverte:Com relao s Leis pregadas pelos Budas, deve-se dar lugar ao gran
de poder de f.
24. Uma interpretao para os aspectos enumerados : 1. Aparncia: o mais importante dos dez aspectos, atravs da qual se
revelam os demais, e corresponde ao aspecto fsico do ser. Em termos do Santai (Trs Verdades da Transitoriedade,
No-Substancialidade e Caminho-Mdio), corresponde ao aspecto transitrio, ou impermanncia de todos os fenmenos; 2.
Natureza: esprito ou aspecto no-substancial incorporado aos seres viventes; 3. Entidade: caminho-mdio, significando a no-
dualidade de matria (corpo) e vacuidade (no-substncia), mas a sua unicidade no Ser; 4. Poder: potencial de transformao que um
ser possui, podendo exerc-lo sobre si mesmo e sobre o ambiente no qual vive. Pode ser traduzido como Sujeito (Ti Buda Shakya
muni) ou sabedoria subjetiva. Esse potencial transforma-se em uma fora transformadora atravs da ao; 5. Influncia: pode ser
entendida como a resposta do ambiente presena do Ser, ou Realidade Objetiva (Kyo Buda Muitos Tesouros) que sustenta a vida
de um Ser. Esses aspectos de Poder e Influncia podem ser compreendidos tambm a partir do princpio Budista da inseparabilidade
entre o Ser e o Meio Ambiente, chamado Esho-Funi.6. Causa Inerente: o conjunto de causas boas e ms que existem inerentemente
num Ser vivente. Essas causas diferem entre os seres e podem ou no se manifestar; 7. Relao: uma causa externa ou circunstncia
de vida que pode criar as condies para a manifestao de uma Causa Inerente; 8. Efeito Latente: est associado Causa Inerente,
existindo sempre como um resultado potencial para as causas inerentes da vida de um Ser; 9. Efeito Manifesto: na presena de uma
Relao ou Causa Externa, uma Causa Inerente produz um Efeito Manifesto como um resultado concreto. Esses quatro aspectos
podem ser entendidos como a Lei da Causalidade, ou Lei Mstica da Causa e Efeito, ou Saddharma-Pundarka, que literalmente
significa Lei Maravilhosa do Ltus (causa e efeito simultneos); 10. Consistncia do Princpio ao Fim: Significa que, em termos dos
mundos das dez direes (dez estados de vida), h uma perfeita consistncia entre os nove aspectos da vida de um Ser; isto , um
Ser no estado de Fome apresenta os nove aspectos (aparncia, natureza, entidade etc.) do estado de Fome. Uma outra traduo
encontrada para este aspecto No Diferente, significando exatamente essa perfeita consistncia e integridade. O que temos
ento? O Ser (o mortal comum) ladeado pelos Budas Shakyamuni e pelo Buda Muitos Tesouros, em meio a todos os seres de todos
os mundos das dez direes, iluminados pela Lei Mstica da Causa e Efeito. Objetivamente, esta a realidade do mundo do Buda,
ou seja, a Verdadeira Entidade de Todos os Fenmenos em sua integridade. Se existe um objeto para espelhar essa realidade, esse
objeto deve incorpor-la de forma totalizante e integral. Todavia, essa viso totalizante, integral e simultnea das caractersticas sem
pre manifestas de todos os fenmenos somente os Budas compartilham e o fazem na sua iluminao. De forma conclusiva, ainda
que essa realidade pudesse ser descrita em termos da racionalidade humana, e que as distines empregadas com este fim so
meramente meios hbeis para descrever essa realidade, ela s pode ser penetrada pelos olhos do Buda.
Meios hbeis 31
No lugar da iluminao,
eu experimentei a fruta
e tenho pleno conhecimento e viso de tudo.
O grande efeito e retribuio dessas prticas,
as vrias naturezas, aspectos e significados
so tais que somente eu e os Budas das dez direes
podemos compreender essas questes.
Os muitos discpulos
que fizeram oferecimentos aos Budas,
que eliminaram todas as falhas,
e que viveram a sua ltima encarnao;
nem a fora de pessoas como essas
o suficiente para compreend-la.
Ainda que o mundo fosse todo preenchido
com pessoas como Shariputra,
e que juntas consumissem
seus pensamentos para mensur-la,
elas no conseguiriam penetrar a sabedoria do Buda.
Suponha, novamente,
que Bodhisattvas resolutos em suas prticas
tenham feito oferecimentos a incontveis Budas,
que tenham domnio dos princpios
e das suas finalidades,
que esto aptos a pregar a Lei,
cujo nmero seja como o arroz,
o cnhamo, o bambu,
e a cana que preenchem as terras das dez direes;
e que eles tenham pensamento nico
e maravilhosa sabedoria,
e que todos juntos estivessem a meditar sobre ela
atravs de numerosos kalpas
como as areias do Ganges,
ainda assim eles no poderiam conhecer
a sabedoria do Buda.
E, Shariputra,
aquela Lei inconcebvel,
infalvel, mais profunda e sutil
eu alcancei perfeitamente
e somente eu conheo o seu aspecto,
juntamente com os Budas das dez direes.
Meios hbeis 33
Shariputra,
saiba que as palavras dos Budas nunca diferem.
Com relao s Leis pregadas pelos Budas,
deve-se dar lugar ao grande poder de f.
Quando essas Leis do Honrado pelo Mundo expirarem,
a verdade e a realidade devem ser pregadas.
Digo assembleia de Ouvintes e queles
que buscam o Veculo da Iluminao Provisria
que eu os levarei a libertarem-se dos sofrimentos
e a atingirem o Nirvana.
O Buda usa o poder dos meios hbeis,
demonstrando a doutrina dos Trs Veculos,
de tal maneira que os seres viventes,
aprisionados em muitas situaes,
possam delas se libertar.
Meios hbeis 35
esperam com as palmas das mos unidas,
esperanosamente.
Rogam para ecoar o som sutil, oportunamente,
para dizer como essa Lei realmente .
Seres celestiais, drages, espritos e outros,
em nmero como as areias do Ganges,
Bodhisattvas que buscam o estado de Buda,
em nmero de oitenta mil,
e Reis Sbios Giradores de Roda
que chegam de mirades de milhes de terras,
com as palmas das mos unidas
e pensamentos reverentes,
todos desejam ouvir acerca do caminho supremo.
Com relao a isso, o Honrado pelo Mundo disse a Shariputra: Uma vez
que voc tenha honestamente solicitado por trs vezes, como posso deixar
Meios hbeis 37
de pregar? Ouam atentamente agora, pensem a respeito dessa Lei com
benevolncia e estejam atentos e concentrados nela; eu a explanarei em
detalhes em vosso benefcio.
Tendo o Buda dito essas palavras, cinco mil Monges, Monjas, Leigos e
Leigas presentes na assembleia levantaram-se dos seus assentos, fizeram
reverncia ao Buda e retiraram-se. Qual foi a razo? As razes de suas ofensas
eram profundas, graves, e eles eram de tal arrogncia que alegavam haver
obtido o que no haviam obtido ainda e certificavam-se daquilo para o que
no estavam certificados ainda. Com falhas como essas, eles no poderiam
ficar. O Honrado pelo Mundo permaneceu em silncio e no os conteve.
O Buda ento disse a Shariputra: Minha assembleia agora est limpa
dos seus galhos, ramos e folhas, e somente os troncos permanecem. Sha-
riputra, excelente que aqueles de grande arrogncia tenham se retirado.
Agora, devem ouvir atentamente que eu a pregarei para vocs.
Shariputra disse: Assim seja, Honrado pelo Mundo. Desejo alegremente
ouvi-la.
O Buda disse a Shariputra: Uma Lei maravilhosa como essa pregada
somente ocasionalmente pelos Budas, os Tathagatas, assim como a flor de
Udumbara aparece somente uma vez num grande perodo de tempo.
Shariputra, todos deveriam compreender que aquilo que o Buda diz
por suas palavras no de forma alguma em vo ou falso. Shariputra, todos
os Budas pregam a Lei de acordo com o que apropriado, mas sua inteno
difcil de compreender. Qual a razo? Eu preguei extensivamente todas
as Leis atravs de incontveis meios hbeis, vrias causas e condies, ana-
logias, parbolas e expresses. Essa Lei no pode ser compreendida atravs
do discernimento (ponderao) ou da distino (anlise)26. Somente os Bu-
das podem compreend-la. Por que isto? Todos os Budas, os Honrados pelo
Mundo, somente aparecem no mundo em razo de causas e condies de
uma grande importncia.
Shariputra, qual o significado de Todos os Budas, os Honrados pelo
Mundo, somente aparecem no mundo em razo de causas e condies de
uma grande importncia?. Os Budas, os Honrados pelo Mundo, aparecem
no mundo porque desejam levar os seres viventes a vislumbrarem a sabe-
doria e a viso dos Budas e a purificarem-se. Eles aparecem no mundo por-
que desejam demonstrar a todos os seres viventes a sabedoria e a viso dos
26. Isto , no uma Lei que a racionalidade humana possa equacionar ou compreender.
27. Essa passagem estabelece inequivocamente o Veculo nico do Buda, que significa haver somente uma Via para a consecuo
do estado de Buda: a Via do Bodhisattva (o mortal comum que se tornar Buda). Esse intrprete refere-se essa Lei sutil do
Veculo nico do Buda como Via Recproca, porque ela biunvoca, significando que existe somente uma Via para o
aparecimento do Buda nesse mundo: a Via do Bodhisattva (o Buda tornado mortal comum). Essa a Verdadeira Joia Real deste
Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa, que nos revela que a verdadeira e nica causa para o aparecimento do Buda nesse
mundo tornar os seres viventes iguais a Ele.
28. Esta passagem descredencia os ensinos provisrios dos Trs Veculos como um caminho para compreender a Grande Lei, repu
tando-os meramente como meios hbeis ou preparatrios.
Meios hbeis 39
Shariputra, todos os Budas somente ensinam e convertem Bodhisat-
tvas29 porque eles desejam demonstrar aos seres viventes a sabedoria e
a viso do Buda, porque eles desejam despertar os seres viventes para a
sabedoria e a viso do Buda e porque eles desejam levar os seres viventes
a entrar na sabedoria e na viso do Buda.
Shariputra, Eu, agora, tambm ajo como eles. Sabendo que os seres vi-
ventes possuem vrios desejos aos quais os seus coraes esto profun-
damente apegados, de acordo com as suas naturezas bsicas, e atravs de
vrias causas e condies, analogias, parbolas e o poder dos meios hbeis,
eu prego a Lei para eles.
Shariputra, tudo isso feito de maneira que eles possam atingir o Ve-
culo nico do Buda e a Sabedoria que abarca Todas as Espcies.
Shariputra, nos mundos das dez direes, no h sequer dois veculos,
quanto mais trs. Shariputra, todos os Budas aparecem no mundo man-
chado pelas cinco impurezas, quais sejam: a impureza do kalpa (tempo), a
impureza da aflio, a impureza dos seres viventes, a impureza da viso, e a
impureza da vida. por essa razo, Shariputra, que na era da confuso devi-
da impureza do kalpa, os seres viventes so pesadamente carregados de
impurezas; por serem miserveis, ambiciosos, invejosos e ciumentos, eles
plantam as razes da insalubridade. Por essa razo, todos os Budas, atravs
do poder dos meios hbeis, dentro do Veculo nico do Buda, fazem distin-
es e pregam como se fossem trs.
Shariputra, se um discpulo meu autodenomina-se Arhat ou Pratyeka-
buda, mas nunca ouviu ou soube que de fato todos os Budas, os Tathagatas,
somente ensinam e convertem Bodhisattvas, ento ele no um discpulo
do Buda, nem um Arhat nem um Pratyekabuda30.
Alm do mais, Shariputra, deve-se saber que Monges e Monjas que
alegam ter atingido o estado de Arhat e alegam estar em sua ltima en-
carnao antes de atingir o Nirvana, mas que no decidem resolutamente
buscar o Anuttara-Samyak-Sambodhi, so, na realidade, pessoas de arro-
gncia desmedida. Por que assim? Porque impossvel que qualquer
Monge que tenha atingido o estado de Arhat no conhea ou entenda
29. Os Budas do passado, do futuro e do presente ensinam e convertem somente Bodhisattvas, sendo este o nico veculo para
atingir a Iluminao. Por essa razo, o Buda afirma: Essas Leis so todas em prol do Veculo nico do Buda.
30. Acredito ser essa a segunda grande admoestao do Buda neste sutra. O profundo significado dessa passagem que as pessoas
(incluindo Monges e Monjas) que ouvirem, aceitarem e acreditarem nesse ensino so Bodhisattvas. Apenas ao presumir que
sejam Arhats ou Pratyekabudas, estaro destruindo a semente de sua prpria iluminao; estaro contrariando o exato mago
desse ensino; obstruiro o caminho que as leva ao encontro de Buda. A frase ento ele no meu discpulo nem Arhat nem
Pratyekabuda coloca essa pessoa como algum de descrena incorrigvel.
Meios hbeis 41
o Buda os conhece a todos completamente.
Usando causas, relaes, analogias, expresses,
parbolas e o poder dos meios hbeis,
Eu os fao exultar.
Agora,
o tempo apropriado para pregar o Grande Veculo.
As nove31 divises da minha Lei
so pregadas de acordo com os seres viventes,
com a inteno de conduzi-los ao Grande Veculo.
31. Correspondendo aos 9 (nove) estados de vida, do estado de Inferno ao de Bodhisattva. Nesse caso, todos os estados de vida,
e no apenas o Trs Veculos, so colocados como meios expedientes para conduzir os seres viventes ao Grande Veculo, que
est contido em cada um dos estados de vida.
Meios hbeis 43
ele as utiliza para salvar os seres viventes32.
Tendo eu mesmo certificado
ser este o caminho supremo,
a Lei do Grande Veculo
da igualdade entre todas as coisas,
se eu fosse ensinar a minha inteno
atravs do pequeno veculo,
mesmo que para um nico ser humano,
eu estaria pecando por mesquinhez e avareza;
mas tal coisa jamais aconteceria.
32. Nessa passagem torna-se claro ser o estado de Bodhisattva a residncia do Buda neste mundo, fazendo-o salvar seres viventes.
Assim como as profundas prticas de Bodhisattva constituem o nico veculo para se atingir o estado de Buda, a recproca
verdadeira; isto , o Buda entra neste mundo unicamente atravs do Bodhisattva, pois, seu nico propsito converter e ensinar
o Grande Veculo, da igualdade entre todas as coisas. A voz de quem ensina este sutra a voz do Buda.
Portanto, Shariputra,
fao uso dos meios hbeis para eles,
pregando de forma a cessar o seu sofrimento
e mostrando-lhes o Nirvana.
Embora eu fale do Nirvana,
esta no ainda a verdadeira extino.
Todos os fenmenos, desde o seu surgimento,
esto sempre marcados pela extino tranquila.
Uma vez que os discpulos do Buda
Meios hbeis 45
tenham percorrido esse Caminho,
ento, numa era posterior, eles se tornaro Budas.
Eu detenho o poder dos meios hbeis e,
por isso, demonstro a Doutrina dos Trs Veculos.
Todos os Honrados pelo Mundo, entretanto,
pregam a Doutrina do Veculo nico.
Agora, todos vocs nesta assembleia
devem eliminar por completo as suas dvidas.
As palavras de todos os Budas so as mesmas:
h somente o Veculo nico, no dois.
Se h seres viventes
que se encontraram com Budas no passado,
ouviram a Lei, praticaram a doao,
os preceitos, a pacincia,
e um forte esforo de meditao para o Samadhi,
para a sabedoria, e assim por diante,
Meios hbeis 47
Aqueles que pintaram imagens brilhantes do Buda,
adornadas com as marcas distintivas
de suas centenas de bnos,
se fizeram eles mesmos
ou empregaram outras pessoas,
todos atingiram a Via do Buda.
Todos os Tathagatas,
atravs de incontveis meios hbeis,
ajudam todos os seres viventes
a adentrar a sabedoria sem falhas do Buda.
Entre aqueles que ouvem a Lei,
nenhum falhar em se tornar Buda.
Meios hbeis 49
incontveis portais da Lei,
eles estaro, de fato, fazendo-o
em prol do Grande Veculo.
Todos os Budas,
Honrados Duplamente Realizados,
sabem que todos os fenmenos
so eternamente desprovidos de uma natureza.
A semente do estado de Buda
germina das causas e condies;
sendo assim, eles pregam o Veculo nico.
Esta Lei permanece latente e imutvel,
residindo eternamente nos aspectos mundanos.
Alcanando a compreenso disso
no Lugar da Iluminao,
o Mestre Guia ensina-o atravs dos meios hbeis.
33. Perfazendo 21 (vinte e um) dias. Esse perodo de 21 dias aparece no Captulo 28 O Incentivo do Bodhisattva Universalmente
Meritrio , como uma medida da intensidade da prtica para aqueles que queiram perceber a presena do Buda.
Meios hbeis 51
eu pensei em assuntos como estes:
A sabedoria que obtive sutil,
maravilhosa e insupervel,
mas os seres viventes so de pouca capacidade,
apegados ao prazer e cegos pela deluso;
seres como esses como podero se salvar?.
Meios hbeis 53
de mirades de milhes deles,
todos com pensamentos reverentes
e aspirando ao estado de Buda.
Eles haviam ouvido, dos Budas anteriores,
ensinamentos da Lei atravs de meios hbeis.
Isso me fez pensar:
A razo pela qual o Tathagata aparece
ensinar a sabedoria do Buda,
e agora o tempo est exatamente correto.
Meios hbeis 55
Mestres do Mundo,
trabalham atravs de meios hbeis,
vocs no devem mais ter dvidas.
Deixem seus coraes encherem-se de alegria,
porque agora sabem que atingiro o Estado de Buda.
A Parbola
A Parbola
Com relao a isso, Shariputra, com alegre entusiasmo, levantou-se, jun-
tou as palmas de suas mos e fitou reverentemente a face do Honrado pelo
Mundo e disse ao Buda: Agora, ao ouvir o som da Lei do Honrado pelo Mun-
do, meu corao alegra-se por ter obtido o que nunca antes obtivera.
Qual a razo? No passado, eu ouvi uma Lei tal como esta do Buda e vi os
Bodhisattvas receberem profecias da sua consecuo do Estado de Buda, mas
ns no fazamos parte disso34. Eu estava profundamente magoado por ter
perdido a esperana de atingir as ilimitadas sabedoria e viso do Tathagata.
Honrado pelo Mundo, quando decidi residir sozinho nas florestas da
montanha, aos ps das rvores, sentado ou caminhando, eu continuamente
tinha este pensamento: Todos ns, igualmente, entramos na natureza da
Lei. Por que o Tathagata conduziu-nos atravs da Lei do Pequeno Veculo?
O erro nosso, no do Honrado pelo Mundo.
Qual a razo? Se ns tivssemos esperado pela preleo da causa para
atingir o Anuttara-Samyak-Sambodhi, ns certamente teramos sido conduzi-
dos atravs do Grande Veculo. Porm, ns no compreendemos que os meios
hbeis eram pregados de acordo com o que era apropriado. Portanto, quando
ouvimos a Lei do Buda ao encontr-lo pela primeira vez, imediatamente a en-
tendemos, a aceitamos, a consideramos e nos certificamos.
Honrado pelo Mundo, h muito, dia e noite, eu tenho me repreendido
continuamente. Agora, ouvi do Buda o que nunca tivera ouvido antes, essa
Lei sem precedentes, nunca antes conhecida, e que eliminou todas as mi-
nhas dvidas. Meu corpo e minha mente esto felizes e eu estou em paz.
Hoje, de fato, sei que sou um verdadeiro discpulo do Buda, nascido da palavra
do Buda, convertido a partir da Lei; assim, venho compartilhar da Lei do Buda.
Naquele momento, Shariputra, desejando enfatizar o significado de
suas palavras, falou em versos dizendo:
34. Referindo-se a ele prprio, Shariputra, e s demais pessoas dos dois veculos (Erudio e Absoro), cuja iluminao foi profetizada
pela primeira vez neste Sutra de Ltus, no captulo dos Meios Hbeis. Ali o Buda esclarece que os dois veculos acima so meros
meios hbeis para conduzir os seres ao veculo nico (Bodhisattva). A profecia consiste dos ltimos versos do captulo dos Meios
Hbeis: Shariputra, agora voc sabe que a Lei de todos os Budas como essa. Atravs de milhes de meios hbeis, eu prego
a Lei Insupervel de acordo com o que apropriado. Mas, aqueles que no a estudam nunca a compreendero. Uma vez
que vocs j sabem que todos os Budas, Mestres do Mundo, trabalham atravs de meios hbeis, vocs no devem mais ter
dvidas. Deixem seus coraes encherem-se de alegria, porque agora sabem que atingiro o estado de Buda.
A Parbola 59
Frequentemente, via o Honrado pelo Mundo
elogiando todos os Bodhisattvas,
e assim foi, por dias e noites,
em que ponderava sobre assuntos como este.
Agora eu ouvi o som do Buda,
oportunamente pregando a Lei que no tem falhas,
difcil de conceber,
e que conduz os seres viventes ao lugar da iluminao.
A Parbola 61
de Budas, em prol da Via Insupervel, constantemente o ensinei e o con-
verti. E voc, atravs da longa noite, acompanhou-me e recebeu a minha
instruo. Usei de meios expedientes para conduzi-lo a nascer dentro da
minha Lei.
Shariputra, no passado eu lhe ensinei a decidir-se pelo caminho do
Buda, mas voc se esqueceu completamente disso, tendo dito para si mes-
mo que j houvera atingido a extino.
Agora, novamente, desejando retomar o caminho, voc tem praticado
de acordo com os seus votos passados. Eu, em prol dos Ouvintes, prego este
Sutra do Grande Veculo intitulado O Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravi-
lhosa, uma Lei para instruir Bodhisattvas e da qual os Budas so guardies
e mentores.
Shariputra, numa era futura, aps ilimitados, inumerveis, inconceb-
veis kalpas, tendo feito oferecimentos a alguns milhares de mirades de mi-
lhes de Budas, tendo reverentemente mantido a Lei correta e tendo com-
pletado o caminho praticado pelos Bodhisattvas, voc se tornar um Buda
chamado Tathagata Brilho da Flor, Merecedor de Ofertas, de Conhecimento
Correto e Universal, de Lucidez e Conduta Perfeitas, um Bem-Aventurado
que Compreende o Mundo, um Mestre Insupervel, um Heri Justo e Des-
temido, um Buda, um Honrado pelo Mundo.
Seu pas ser chamado Livre de Impurezas. Seu cho ser plano, puro
e adornado, tranquilo, prspero e abundante em seres celestiais. Essa terra
ter seu solo de lpis- lazli e oito estradas entrecruzadas, ladeadas com
cordas de ouro, as quais tero fileiras de rvores feitas das sete joias, cons-
tantemente floridas e carregadas de frutos.
O Tathagata Brilho da Flor tambm ensinar e converter seres viven-
tes atravs dos Trs Veculos. Shariputra, quando este Buda vier ao mundo,
embora no seja uma era de maldade, em razo dos seus votos passados,
ele ensinar a Lei dos Trs Veculos.
Aquele kalpa ser chamado Adornado com Grandes Joias. Por que ser
chamado Adornado com Grandes Joias?. Porque, naquela terra, os Bodhi-
sattvas sero considerados Grandes Jias.
Aqueles Bodhisattvas sero em nmero ilimitado, incontvel, inconce-
bvel, alm do alcance dos clculos ou analogias. Exceto atravs do poder
da sabedoria do Buda, ningum ser capaz de saber o seu nmero.
Quando eles desejarem andar, flores feitas de joias sustentaro os
seus passos. Esses Bodhisattvas no sero como aqueles que apenas
impem seus pensamentos. Eles plantaram as razes da virtude por lon-
go tempo e, na presena de ilimitadas centenas de milhares de mirades
A Parbola 63
tero rvores multicoloridas feitas das sete joias,
constantemente florescendo e carregadas de frutos.
A Parbola 65
Ns, tambm, somos como ele,
e seguramente nos tornaremos Budas,
sendo os mais honrados e supremos
atravs de todos os mundos.
A Parbola 67
eles respondiam com felicidade, falou-lhes o seguinte: As coisas com as
quais vocs realmente gostariam de brincar so raras e difceis de obter.
Se vocs no as aceitarem, certamente se arrependero mais tarde. Coisas
como: uma variedade de carros puxados por carneiros, puxados por cervos
e por bois36, encontram-se agora do lado de fora da casa para o seu diver-
timento. Saiam todos rapidamente desta casa em chamas e eu darei tudo
quanto vocs queiram.
Ento, as crianas, ouvindo seu pai falar desses preciosos brinquedos
que correspondiam exatamente aos seus maiores desejos, impeliram-se
avidamente acotovelando-se uns aos outros em louca disparada, todos bri-
gando para sair da casa em chamas.
Naquele momento, o velho homem, ao ver que todos os seus filhos
haviam sado em segurana e encontravam-se sentados no cho beira da
rua, sem mais nenhum obstculo, sentiu-se em paz e cheio de satisfao.
Ento, todas as crianas falaram ao seu pai, dizendo: Pai, os finos brin-
quedos que o senhor prometeu-nos instantes atrs, os carros puxados por
carneiros, os carros puxados por cervos e os carros puxados por bois, por
favor, d-nos agora.
Shariputra, naquela ocasio o velho homem deu igualmente a todos os
seus filhos uma grande carroa. A carroa era alta e ampla, adornada com
uma infinidade de joias entrelaadas, circundada por balastres e pndu-
los com sinos nos seus quatro lados. Alm disso, era coberta com plios
adornados com vrios tipos de joias preciosas e raras, estirados com cordas
de joias e pingentes com borlas floridas. A carroa era forrada com belos
tapetes e seus assentos, de almofadas rosadas. Era puxada por um grande
boi branco de delicada aparncia, de grande fora muscular, que tinha um
pisar suave, to leve como o vento, tendo tambm muitos criados que as
seguiam e as protegiam.
E por que assim? Aquele velho homem possui ilimitados bens e for-
tuna, e todas as espcies de armazns lotados at transbordar. Portanto, ele
refletiu assim: Minhas posses so ilimitadas. Eu no daria s minhas crian-
as carros pequenos e inferiores. Todos esses adolescentes so crianas a
quem eu amo sem parcialidade. Possuindo grandes carroas feitas das sete
joias, infinitas em nmero, eu as darei igualmente a cada um. Por qu? Se
eu as desse para um pas inteiro, elas no escasseariam; quanto menos se as
desse para minhas crianas!.
36. Constituindo os 3 (Trs) Veculos, utilizados como um meio hbil para conduzir os filhos atravs da nica e estreita porta de
sada da casa em chamas.
37. Mundo Trplice, onde imperam os trs maus domnios da existncia, a saber: o domnio dos desejos, o domnio da matria e o
domnio espiritual. Referindo-se ao Honrado pelo Mundo: Ele nasce no Mundo Trplice; isto , Ele, o Buda, o mortal comum
que, nascido no mundo trplice, numa casa em chamas, o faz entre os seres viventes para ensin-los e convert-los, permitindo-lhes
alcanar o Anuttara-Samyak-Sambhodi. Assim como a via do Bodhisattva o nico e verdadeiro portal para o estado de Buda,
esta via tambm o nico e o verdadeiro portal para o ingresso do Buda no mundo trplice, ou a nica e verdadeira causa do
advento do Buda nesse mundo.
38. Trs Venenos: avareza, ira e estupidez.
A Parbola 69
Ele v todos os seres viventes sendo chamuscados pelo nascimen-
to, velhice, doena, morte, dor e misria. Eles se sujeitam aos vrios sofri-
mentos em funo dos Cinco Desejos39, da riqueza e do lucro. Em razo
do apego e da ganncia, alm de no presente se sujeitarem a todo tipo de
sofrimentos, no futuro sujeitar-se-o aos sofrimentos do inferno, em meio
aos animais ou espritos famintos. Se nascidos no mundo celestial ou em
meio aos seres humanos, eles sofrero da pobreza e da aflio, do sofrimen-
to de serem separados de quem amam, do sofrimento de estarem juntos
de quem odeiam e todos os vrios sofrimentos como esses. Mesmo assim,
os seres viventes mergulham nesse marasmo, nos esportes recreativos, in-
conscientes, desavisados, sem susto ou temor. Eles no se tornam saciados
em seus desejos nem buscam a libertao. Na casa em chamas do Mundo
Trplice, eles correm de um lado para outro. Embora encontrem tremendos
sofrimentos, eles no esto preocupados.
Shariputra, tendo visto isto, o Buda pensa: Eu sou o pai dos seres viven-
tes. Eu poderia resgat-los desse sofrimento e dessa dificuldade e dar-lhes
a ilimitada e incomensurvel alegria da sabedoria do Buda para divertirem-
se com ela.
Shariputra, o Tathagata, alm disso, ainda pensa: Se eu meramente
usasse o poder espiritual e o poder da sabedoria e deixasse de lado os
meios hbeis, dotando todos os seres viventes dos poderes da sabedoria,
da viso e da coragem do Tathagata, mesmo assim eles no estariam ap-
tos a serem salvos. Por que assim? Porque os seres viventes ainda no se
libertaram do nascimento, da velhice, da doena, da morte, da dor e da mi-
sria. Eles esto sendo chamuscados na casa em chamas do Mundo Trplice.
Como eles poderiam compreender a sabedoria do Buda?
Shariputra, exatamente como aquele velho homem, embora ele tivesse
um poderoso vigor fsico e braos fortes, no os utilizou, mas simplesmente
fez uso de meios hbeis com diligncia para salvar todas as crianas do
desastre na casa em chamas e, posteriormente, deu a cada uma delas uma
grande carroa adornada com preciosas joias. Da mesma forma, o Tathaga-
ta, embora tenha poderes e coragem, no os utiliza.
Ele meramente utiliza-se da sabedoria e dos meios hbeis para resga-
tar os seres viventes da casa em chamas do Mundo Trplice, pregando para
eles os Trs Veculos: o veculo do Ouvinte (erudio), o veculo do Pratyeka-
buda (absoro) e o veculo do Buda (Bodhisattva).
39. Cinco Desejos: comida e bebida; sono; sexo; bens materiais; e fama.
A Parbola 71
Shariputra, semelhantemente quele velho homem que, vendo todas as
suas crianas escaparem corajosamente da casa em chamas para um lugar se-
guro, e considerando suas posses de ilimitados bens e fortuna, deu a todos os
seus filhos uma grande carroa, assim faz o Tathagata, que igualmente o pai
de todos os seres viventes. Quando ele v incontveis milhes de seres viven-
tes usando o portal dos ensinamentos do Buda para fugir do temeroso e do
perigoso caminho do sofrimento do Mundo Trplice para atingir o bem-estar
do Nirvana, ele tem esse pensamento: Eu tenho uma ilimitada e vasta sabedo-
ria, poderes, coragem, e assim o completo repositrio das leis Bdicas. Todos os
seres viventes so meus filhos. Darei a todos eles uma grande carroa, no lhes
permitindo ganhar a extino individual, mas os fazendo transpor a extino
individual obtendo a verdadeira extino do Tathagata40. Tendo escapado do
Mundo Trplice, todos os seres viventes estaro aptos a brincar com os dons da
meditao Dhyana, da concentrao e da emancipao do Buda, e assim por
diante; todos esses dons de uma mesma caracterstica e tipo, apreciados pelos
sbios e capazes de produzir o mais puro, maravilhoso e supremo bem-estar.
Shariputra, assim como aquele velho homem que primeiro usou as trs
carroas para atrair suas crianas e, ento, mais tarde, presenteou-as com uma
grande carroa adornada com joias e supremamente confortvel, no cul-
pado de falsidade; da mesma forma o Tathagata no culpado de falsidade
pregando os trs veculos para atrair os seres viventes e, mais tarde, conduzi-los
somente atravs do Grande Veculo. Qual a razo? O Tathagata tem ilimitada
sabedoria, poderes e coragem, possui o repositrio das Leis e capaz de dar a
todos os seres viventes a Lei do Grande Veculo. Nem todos os seres viventes, to-
davia, so capazes de aceit-la. Shariputra, em razo dessas causas e condies,
voc deve saber que os Budas, usando o poder dos meios hbeis, dentro do
Veculo nico do Buda, fazem discriminaes e pregam como se fossem trs.
O Buda, desejando enfatizar o significado de suas palavras, falou em ver-
sos, dizendo:
40. Observa-se que o Buda faz a distino entre os Veculos do Ouvinte, do Pratyekabuda e do Bodhisattva; enquanto os dois primeiros
so distintos pela prtica individual (para si), o Bodhisattva distinto pela prtica em prol dos seres viventes. Enquanto os dois
primeiros buscam a extino individual, o Bodhisattva transpe o portal para a verdadeira e absoluta extino do Tathagata.
A Parbola 73
Goblins e trolls estavam por toda parte.
Yakshas e espritos malignos
estavam comendo carne humana.
41. Nesse contexto, podem ser entendidas como os estados do inferno, da fome, da animalidade e da ira; os mais inferiores dentre
os 10 (dez) estados.
A Parbola 75
Como os bandos de chacais j estavam mortos,
monstruosas bestas malvolas
disputavam entre si para devor-los,
enquanto vagalhes de fumaa malcheirosa
permeavam todos os quatro cantos.
Naquela ocasio,
o proprietrio da casa estava do lado de fora da porta
quando ouviu algum dizer:
Todas as suas crianas, h instantes atrs,
entraram naquela casa para brincar.
Sendo jovens e incautos,
eles se deleitam na brincadeira
e apegam-se diverso.
Naquele momento,
o velho homem ainda teve esse pensamento:
agindo dessa forma,
minhas crianas aumentam a minha aflio e angstia;
agora, nesta casa,
no h mais uma simples coisa que oferea prazer,
todavia, todas essas crianas
esto entorpecidas com suas diverses.
No considerando as minhas instrues,
elas sero tragadas pelas chamas.
42. Eis uma boa descrio do Inferno dos Incessantes Sofrimentos. Seu lugar o Mundo Trplice; seu caminho a ampla estrada
de seis pistas, quais sejam os seis caminhos da existncia, desde os estados da alegria e da tranquilidade, em que se
encontravam as crianas, at os mais baixos estados passando pela ira, animalidade, fome e inferno, todos descritos em detalhes;
seus meandros so os trs maus caminhos da existncia, quais sejam a avareza, a ira e a estupidez; sua metfora uma casa
decrpita em chamas; e sua sada a estreita porta, a estrada de uma nica pista, qual seja o Grande Veculo que o Buda,
utilizando-se de um meio hbil, prega como se fossem trs: Ouvinte (erudio), Pratyekabuda (absoro) e Bodhisattva.
A Parbola 77
carroas puxadas por cervos
e carroas puxadas por um grande boi
esto l fora agora.
Assim, venham todos vocs,
porque constru essas carroas
especialmente para vocs.
Como e o quanto desejarem,
vocs podem brincar com elas.
Digo-lhe, Shariputra,
eu sou assim tambm,
A Parbola 79
o mais honrado entre todos os sbios,
o pai dos mundos.
Digo-lhe, Shariputra,
que todos vocs so minhas crianas,
A Parbola 81
e eu sou o vosso pai.
Atravs de muitos kalpas,
vocs tm sido queimados por muitas misrias,
e eu tenho salvado a todos,
conduzindo-os para fora do Mundo Trplice.
Embora anteriormente eu tenha dito
que vocs teriam passado extino,
tratava-se apenas de um fim ao ciclo
do nascimento e da morte,
e no a verdadeira extino.
O que vocs obtero agora
nada mais do que a sabedoria do Buda.
A Parbola 83
reverentemente fazendo oferecimentos,
bem como ouvindo essa Lei.
Quando a pregares,
aqueles que so capazes de compreender o que dizes,
ento, estaro vendo-me e estaro vendo-te,
e tambm a sangha de Monges,
bem como todos os Bodhisattvas.
Voc, Shariputra,
obteve acesso a este Sutra atravs da f.
Quanto mais no verdadeiro
com relao aos outros Ouvintes.
Esses Ouvintes,
somente em razo da sua f nas palavras do Buda,
concordaro com este Sutra.
Mas, isso est alm do alcance
das suas prprias sabedorias.
44. Nessa passagem o Buda refora, em sua terceira grande admoestao, para que este Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa
no seja transmitido descuidadamente, imprudentemente, s pessoas que no possuam a f para aceit-lo e compreend-lo,
sob pena de destruirem as sementes para se tornarem Budas.
A Parbola 85
Eles sofrero a retribuio da ofensa,
porque eles destruram as suas sementes de Buda45.
Eles podem tornar-se camelos
ou podem nascer em meio aos asnos,
sempre carregando pesadas cargas,
surrados com varas e aoites,
pensando apenas em gua e capim,
e nada mais sabendo.
Eles sofrero uma retribuio como essa
por terem caluniado este Sutra.
45. Isto explica a forma no-humana assumida por aqueles que recebem a retribuio por terem caluniado este Sutra.
A Parbola 87
esses so os lugares por onde andaro.
Eles sofrero tais retribuies
por caluniarem este Sutra.
Digo-lhe, Shariputra,
se eu fosse pregar sobre as ofensas
daqueles que caluniam este Sutra,
eu no terminaria nem ao final de um kalpa.
Por essas razes, digo-lhe, expressamente,
para no pregar este Sutra
em meio queles sem sabedoria.
A Parbola 89
usem vrias condies causais,
parbolas e frases
para pregar a Lei sem impedimentos,
para pessoas como essas,
voc pode preg-lo.
Digo-lhe, Shariputra,
se eu fosse pregar acerca das caractersticas
daqueles que buscam a via do Buda,
durante exaustivos kalpas, eu no terminaria.
46. Compreendo que no se deve recorrer aos outros sutras nem mesmo para defender a superioridade do Sutra da Flor de Ltus
da Lei Maravilhosa, o qual perfeitamente dotado e autoprotegido.
A Parbola 91
Captulo
F e compreenso
F e compreenso
Naquela ocasio, os sbios e os longevos Subhuti, Mahakatyayana,
Mahakashyapa, Mahamaudgalyayana47, tendo ouvido do Buda uma Lei
como eles nunca ouviram antes, a concesso da profecia do alcance do
Anuttara-Samyak-Sambodhi de Shariputra, sentiram-na como sendo uma
Lei muito rara. Eles levantaram-se dos seus assentos, saltaram de alegria,
ajeitaram seus robes, descobriram seus ombros direitos, colocaram seus jo-
elhos direitos no cho, em pensamento nico juntaram as palmas das suas
mos, inclinaram-se respeitosamente, olharam fixamente a face do Honra-
do pelo Mundo e falaram ao Buda, dizendo:
Ns, que pertencemos cpula da Sangha e somos avanados na ida-
de48, dissemos a ns mesmos j ter atingido o Nirvana, que no tnhamos
mais nenhuma responsabilidade e que no seguiramos adiante para al-
canar o Anuttara-Samyak-Sambodhi.
O Honrado pelo Mundo, desde o passado, tem pregado a Lei exaustiva-
mente. Sentados aqui por todo esse tempo, com nossos corpos cansados,
estivemos meramente meditando sobre o vazio, sem forma e sem desejos;
no nos deleitando nas Leis dos Bodhisattvas, nos seus Samadhis plenos de
encanto, na sua ao de purificao das terras Bdicas, ou na sua ao de
aprimoramento dos seres viventes.
Qual a razo disso? O Honrado pelo Mundo levou-nos a escapar do
Mundo Trplice, obtendo a certificao para o Nirvana. Alm disso, agora
j estamos avanados nos anos e, quando o Buda instruiu os Bodhisattvas
sobre o Anuttara-Samyak-Sambodhi, ns no elevamos um simples pensa-
mento no anseio de alcan-lo.
Agora, na presena do Buda, tendo ouvido-lhe profetizar sobre o Anut-
tara-Samyak-Sambodhi dos discpulos Ouvintes, nossos coraes rego-
zijaram entusiasticamente e obtivemos o que nunca houvramos obtido
antes. Nunca pensamos que agora pudssemos subitamente estar aptos
a ouvir essa Lei rara. Alegramo-nos profundamente, tendo ganhado inco-
mensurveis benefcios.
como se, sem que as tivssemos procurado, incontveis gemas pre-
ciosas tivessem tornado-se nossas.
F e compreenso 95
te. Tais eram os adornos, a majestade e a autoridade das suas virtudes me-
ritrias. Quando o pobre filho viu seu pai, detentor de tal poder, ele imedia-
tamente sentiu medo e pesar por ter vindo ali. Secretamente ele pensou:
Este homem talvez seja um rei, ou algum igual a um rei. Este no um
lugar para me empregar. Acho melhor ir para um vilarejo pobre onde haja
um quarto para me hospedar, trabalhar e onde eu possa facilmente obter
roupas e comida. Se eu ficar aqui mais um pouco, posso ser forado a traba-
lhar. Com esse pensamento, ele se retirou apressadamente.
Ento, o velho homem rico, sentado no trono de Leo, vendo seu fi-
lho, reconheceu-o e seu corao alegrou-se enormemente, tendo pensado:
Agora tenho algum a quem possa legar meus bens, fortuna e tesouros.
Tenho constantemente pensado em meu filho, mas no pensava em v-lo.
Ento, to subitamente, ele retorna e o meu desejo satisfeito. Embora esti-
vesse velho e decrpito, preocupava-me com ele em silncio e com pesar.
Ele, ento, enviou empregados para segui-lo e traz-lo de volta. L,
os empregados rapidamente apreenderam-no. O pobre filho assustado
gritou em protesto: No cometi nenhuma ofensa. Por que estou sendo
preso? Os empregados apressadamente agarraram-no e arrastaram-no
de volta. O pobre filho pensou para si: Sou inocente e, no entanto, estou
sendo preso. Certamente, isto significa que morrerei. Apavorado, ele des-
faleceu e caiu no cho.
O pai viu seu filho a distncia e disse aos empregados: No preciso
desta pessoa. No o force a vir. Borrifem gua fria em seu rosto para reco-
br-lo, mas no falem nada mais com ele. Por que assim? O pai sabia que
a deciso do seu filho era pelo que era inferior e rebaixado e que a sua
prpria nobreza era uma fonte de dificuldades para o seu filho. Portanto,
embora tivesse certeza que aquele era seu filho, ele habilmente se refreou
evitando dizer: Este meu filho. O empregado disse para o filho: Libertarei
voc agora. Voc pode ir para onde desejar. O pobre filho ficou encantado,
tendo ganhado o que nunca houvera possudo antes. Levantou-se do cho
e foi para um vilarejo pobre em busca de roupas e comida.
Ento, o velho homem, desejando induzir seu filho, utilizou-se de um
meio hbil e secretamente enviou duas pessoas, macilentas e indignas na
aparncia, dizendo-lhes: Vocs devem ir l e gentilmente falar com aquele
pobre homem. Digam-lhe que h um lugar para ele trabalhar aqui, onde
ele ganhar o dobro. Se ele concordar, tragam-no e ponham-no para tra-
balhar. Se ele indagar sobre o que ele ter de fazer, digam-lhe: voc est
sendo contratado para varrer e juntar estrume. Ns dois trabalharemos
juntos com voc.
F e compreenso 97
feio para tanto. Continuou no mesmo lugar, ainda incapaz de abandonar
suas ideias subalternas49.
Decorrido um curto tempo, o pai soube que seu filho tinha tornado-se
mais calmo, que havia tomado uma grande deciso e abandonado suas
ideias anteriores. Sabendo que seu prprio fim estava prximo, ele orde-
nou a seu filho para convocar ministros, Kshatriyas e magistrados. Quando
estavam todos reunidos, ele lhes falou, dizendo: Todos os senhores devem
saber que este meu filho, gerado por mim. Numa certa cidade, ele me
deixou e se afastou para sofrer de desolao, pobreza e misria por cerca
de cinquenta anos. Seu nome original era tal e tal, e meu nome era tal. H
muito tempo, na minha cidade natal, eu o procurava ansiosamente. Este
realmente meu filho. Eu sou realmente seu pai. Todos os meus bens e fortu-
na agora pertencem a este meu filho, e tudo aquilo que pago ou recebido
do seu conhecimento.50
Honrado pelo Mundo, quando o pobre filho ouviu o que o seu pai esta-
va dizendo, regozijou-se enormemente, tendo obtido o que nunca houvera
tido, e pensou: Originalmente, eu no tinha ideia de buscar nada, e agora
este tesouro veio para mim por si mesmo.
Honrado pelo Mundo, o grande e rico velho o Tathagata. Ns so-
mos todos como os filhos do Buda. O Tathagata sempre diz que somos
seus filhos.
Honrado pelo Mundo, em razo dos trs tipos de sofrimentos, temos
passado muitos tormentos entre os nascimentos e as mortes. Enganados e
ignorantes, apegamo-nos s Leis menores.
Hoje, o Honrado pelo Mundo forou-nos a pensar sobre abandonar-
mos o estrume das discusses frvolas sobre a Lei. Aumentamos a nossa
capacidade para merecer o pagamento do dia do Nirvana. Tendo alcanado
isto, nossas mentes exultaram enormemente, ficamos contentes, dizendo
para ns mesmos que, atravs da diligncia e do vigor, aquilo que tnhamos
ganhado na Lei do Buda era abundante.
Todavia, o Honrado pelo Mundo, tendo conhecimento pleno de que
nossos pensamentos estavam apegados aos desejos inferiores e se deleita-
vam nas Leis menores, deixou-nos seguir nossos prprios caminhos e no
especificou para ns dizendo: Todos vocs tero uma parte no tesouro da
sabedoria e da viso do Tathagata.
49. como abraar este Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa, o tesouro secreto dos Budas, e continuar preso aos desejos
mundanos e s noes dos ensinamentos provisrios; todas essas coisas relacionadas s necessidades subalternas. Com relao
a isso, o Pai afirma: Agora, no h diferena entre Eu e voc.
50. Que so as retribuies e os benefcios da Lei.
F e compreenso 99
Seu pai, preocupado com ele,
procurou-o nas quatro direes at que,
cansado de procur-lo,
estabeleceu-se numa certa cidade,
onde construiu uma casa para si
e satisfez-se com os Cinco Desejos.
Sua casa era ampla e suntuosa,
com muito ouro e prata,
madreprolas e lpis-lazli,
elefantes, cavalos, gado e ovelhas,
carruagens puxadas mo,
palanquins e charretes,
esposas e criados
e uma multido de empregados.
Mas, ento,
como ele se tornou velho e decrpito,
encheu-se de preocupaes com o seu filho.
Dia e noite, tinha somente um pensamento:
Minha hora da morte est prxima.
Meu tolo filho deixou-me
j h cerca de cinquenta anos.
De tudo o que h nos meus celeiros e armazns,
o que no lhe daria?.
Ento, o velho,
sentado no Trono de Leo,
viu seu filho a distncia
e silenciosamente o reconheceu.
F e compreenso 101
O pobre filho chorou em desespero
e desmaiou, caindo no cho.
Essas pessoas agarraram-me!
Certamente serei morto!
Por que, procura de comida e roupa,
vim a este lugar?.
O velho sabia que seu filho era tolo e mesquinho:
Ele no me compreenderia se lhe dissesse.
Ele no compreenderia que sou seu pai.
Da sua janela,
o velho frequentemente vigiava seu filho,
relembrando que ele era tolo, mesquinho
e comprazia-se em trabalho servil.
Ento, o velho vestiu um robe sujo e surrado
e, segurando uma p de estrume,
foi para onde seu filho estava.
Habilmente, aproximando-se dele, disse-lhe:
trabalhe com diligncia51,
porque aumentarei o seu salrio,
dar-lhe-ei leo para os ps,
abastec-lo-ei de comida e bebida,
51. O Buda utilizava-se dos meios hbeis, que so as prticas dos ensinos inferiores, para aproximar-se e encorajar seus filhos. Mas
sua verdadeira inteno contempl-los com o Grande Veculo, sua incomensurvel fortuna, tornando-os iguais a ele nos
benefcios da Lei Insupervel.
F e compreenso 103
que agora, na presena do seu pai,
havia obtido essas preciosas joias,
esses palcios para morar,
e todo o tipo de riquezas,
regozijou-se grandemente,
tendo ganhado o que nunca antes possura52.
52. O que esta parbola nos revela que, ao encontrarmos o Verdadeiro Ensino, ainda no estamos prontos para herdar os benefcios
da Grande Lei. Embriagados pelos desejos deste mundo Saha, ainda profundamente iludidos pelas sensaes que ele oferece,
pelas vises errneas e pelo apego, buscamos unicamente saciar as nossas necessidades errando nos caminhos das doutrinas
inferiores. Mesmo entre os chamados discpulos maiores, a observao dos preceitos e a busca do Nirvana consistiam ainda numa
prtica orientada para si mesmos. Ento, o Buda, atravs de meios hbeis, incentiva-nos a cultivar as virtudes de um Bodhisattva.
Manifestando-se a ns de diversas formas, s vezes afagando-nos, s vezes tratando-nos com extremo rigor, est sempre presente em
nossas vidas para ensinar a Grande Lei em prol dos Bodhisattvas. No havendo nenhuma outra razo para o seu advento, sua
verdadeira inteno nos tornar iguais a Ele em seus benefcios e poderes para salvar os seres viventes e purificar as terras do Buda.
F e compreenso 105
Todos ns, atravs da longa noite,
praticamos e cultivamos a Lei da vacuidade.
Tendo ganhado a libertao do Mundo Trplice
com seus sofrimentos, aflies e calamidades,
vivemos a nossa encarnao final
objetivando o Nirvana residual.
De acordo com os ensinamentos do Buda,
atingimos a Via que no falsa
e assumimos que tnhamos retribudo,
com isso, a benevolncia do Buda.
Nesse dia,
ns ganhamos o que nunca antes possumos!
Aquilo para o que ns no tnhamos expectativa
53. Esse equvoco advinha das divises cannicas estabelecidas pelos Trs Veculos.
F e compreenso 107
por kalpas to numerosos quanto as areias do Ganges,
exaurindo nossos pensamentos em reverncia,
ou ainda mais, se oferecssemos vestimentas
de inestimvel delicadeza e valor,
e todos os tipos de mantos, poes medicinais,
esculturas de madeira de sndalo,
vrias gemas preciosas,
ou torres votivas e templos,
forrando seus pisos com finas indumentrias;
mesmo que com tais coisas
fizssemos oferecimentos,
atravs de kalpas numerosos
como as areias do Ganges,
ainda assim nunca o retribuiramos.
F e compreenso 109
Captulo
Ervas medicinais
Ervas medicinais
Naquela ocasio, o Honrado Pelo Mundo disse a Mahakashyapa e a
todos os grandes discpulos: Excelente! Excelente! Kashyapa falou muito
bem acerca dos verdadeiros mritos e virtudes do Tathagata. exatamen-
te como ele disse. Alm disso, o Tathagata possui ilimitados, inconcebveis
Asamkhyas de mritos e virtudes. Se vocs fossem falar sobre eles ao longo
de incontveis milhes de kalpas, no poderiam esgot-los.
Kashyapa, saiba que o Tathagata o Rei de todas as Leis. Nada daquilo
que ele ensina falso. Ele proclama extensivamente todas as Leis atravs da
sabedoria e dos meios hbeis, e quaisquer que sejam as Leis que ele prega,
todas elas conduzem mais profunda de todas as sabedorias.
O Tathagata contempla e conhece as tendncias de todos os Fenme-
nos. Ele tambm conhece as profundezas dos processos mentais e pensa-
mentos de todos os seres viventes, penetrando-os sem obstrues. Alm
disso, ele possui uma extrema e clara compreenso de todos os Fenmenos
e instrui os seres viventes acerca de todas as sabedorias.
Kashyapa, imagine trs mil sistemas de trs mil grandes mundos cada
um e gramas, rvores, florestas, bem como as muitas variedades de ervas
medicinais, com seus diferentes nomes e cores, com suas montanhas, rios,
vales e plancies cultivadas. Imagine tambm que uma espessa nuvem es-
palha-se sobre esses trs mil sistemas de trs mil grandes mundos cada um,
fazendo chover igualmente em todos os lugares ao mesmo tempo e fazen-
do com que a sua umidade chegue a cada parte. Gramas, rvores, florestas
e ervas medicinais aquelas de pequenas razes, pequenos troncos, peque-
nas ramagens e pequenas folhas; aquelas de razes, troncos, ramagens e
folhas de tamanho mdio; ou aquelas de grandes razes, grandes troncos,
grandes ramagens e grandes folhas; todas as rvores, sejam grandes ou pe-
quenas, de acordo com o seu tamanho pequeno, mdio ou grande todas
recebero a sua poro. Da chuva de uma mesma e nica nuvem, de acor-
do com a sua natureza, elas crescem, florescem e frutificam. Embora elas
cresam do mesmo cho e sejam umidificadas pela mesma chuva, mesmo
assim, todas as gramas e rvores so diferentes.
Kashyapa, saiba que o Tathagata tambm assim. Ele se manifesta no
mundo como uma grande nuvem emergente; e com sua poderosa voz ele
recobre o mundo com seus seres celestiais, humanos e Asuras; assim como
aquela grande nuvem recobre trs mil sistemas de trs mil grandes mundos.
Em meio grande assembleia, ele anuncia: Eu sou o Tathagata, Merecedor
de Ofertas, de Conhecimento Correto e Universal, de Lucidez e Conduta Per-
O Demolidor da existncia,
o Rei do Dharma manifesta-se no mundo,
e, de acordo com os desejos dos seres viventes,
ele ensina a Lei de variadas formas.
O Tathagata,
no necessitando de venerao por essa sabedoria,
profunda e imensurvel,
permaneceu por longo tempo em silncio
acerca desse assunto,
no se precipitando ou se apressando em seguir adiante.
Aqueles com sabedoria, se a ouvirem,
sero capazes de entend-la e compreend-la;
mas aqueles de escassa sabedoria duvidaro
e, desse modo, a perdero por um longo tempo.
Por essa razo, Kashyapa,
ela pregada de acordo com as suas capacidades,
empregando-se vrias causas e condies
para conduzi-los a uma viso correta.
Kashyapa,
saiba que ela como uma grande nuvem
emergindo sobre o mundo e recobrindo tudo.
Uma nuvem de sabedoria repleta de umidade,
iluminada com flashes luminosos
e vibrante como o rugido dos troves.
Ela traz o deleite para todos,
obscurecendo a luz do sol e refrescando a terra.
A nuvem abaixa-se e expande-se
54. Creio que essa passagem nos proporcione um mergulho nas profundezas desse ensino.Usando um singelo e maravilhoso som, eu
proclamo esse princpio (da Lei de um nico sabor).No Captulo 24, o Bodhisattva Som Maravilhoso, ao chegar ao mundo Saha de uma
terra distante chamada Adornada com Pura Luz, revela seu corpo:Os (Grandes) Olhos do Bodhisattva eram como as imensas ptalas de
um ltus azul.Esse Bodhisattva possua o samadhi do Ltus da Lei Maravilhosa, entre outros inmeros samadhis, e foi instrudo pelo
Buda Sabedoria do Rei da Constelao Pura Flor para no menosprezar pelo pequeno tamanho o Buda e os Bodhisattvas que ele
encontraria no mundo Saha, tal como neste captulo o Buda faz chover igualmente para todos os seres, grandes ou pequenos, vendo
a todos como universalmente iguais. Daimoku (que se traduz como Grande Olho) quer dizer ttulo. Esse Bodhisattva, com seus Grandes
Olhos, representa o Ttulo do Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa; e o seu squito de 84.000 (oitenta e quatro mil) Bodhisattvas, que
o acompanhavam, representa o conjunto dos 84.000 caracteres do Sutra de Ltus. Esse Som Maravilhoso atravs do qual o Buda
expe a Lei de um nico sabor e proclama o seu princpio a entoao do ttulo do Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa:Sadharma
Pundarika Sotaram ou Myoho-Rengue-Kyo.Esse samadhi e dharani tm o poder de beneficiar igualmente a todos os seres, assim
como a chuva do Dharma tem um nico sabor e cai igualmente para todas as plantas.
55. Nveis nesse caso tm a conotao dos estados bsicos de vida em que podem se encontrar os vrios seres viventes e as vrias
relaes prprias desses estados. Na passagem acima, o Buda afirma no fazer distino entre os seres, quaisquer que sejam as
circunstncias que cercam suas vidas. Esse ensino ultrapassa aqueles baseados na distino dos 10 (dez) estados de vida, e que
os consideram distintos. Isso no significa que essas diferentes condies de vida no existam; mas que so mutuamente
possudas por todos os seres. isso que est a ser ensinado nessa passagem.
56. Refere-se aos seres dos seis mundos inferiores (Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranquilidade e Alegria).
57. Refere-se s pessoas do estado de Erudio (Ouvintes).
58. Refere-se s pessoas do estado de Absoro (Pratyekabudas).
59. Refere-se s pessoas do estado de Bodhisattva.
60. Deve-se observar que o Buda faz distino desses Bodhisattvas (Mahasattvas) chamados grandes rvores, porque levam a cabo
o trabalho do prprio Buda, ou seja, as prticas visando salvao de todos os seres viventes. Todos os demais tipos enumerados
aqui, at os chamados pequenas rvores, ainda fazem apenas a prtica para si, visando to somente prpria salvao.
Os Ouvintes e Pratyekabudas
residindo nos bosques das montanhas,
vivendo a sua ltima encarnao,
ouvindo a Lei ganham o fruto;
eles so chamados ervas,
e cada um deles cresce.
Se houver Bodhisattvas,
cuja sabedoria inabalvel e slida,
que compreendam completamente o Mundo Trplice,
Concesso de profecias
Concesso de profecias
Naquela ocasio, aps a sua exposio em versos, o Honrado pelo
Mundo pregou para a grande assembleia desta maneira: Meu discpulo,
Mahakashyapa, numa era vindoura, servir e contemplar trs trilhes de
Budas, Honrados pelo Mundo, fazendo oferecimentos, reverncia, veneran-
do-os e elogiando-os; ele proclamar amplamente a ilimitada Grande Lei
de todos os Budas.
Em sua encarnao final, ele se tornar um Buda chamado Brilho da
Luz. Tathagata, Merecedor de Ofertas, de Conhecimento Correto e Univer-
sal, de Lucidez e Conduta Perfeitas, um Bem-Aventurado que Compreen-
de o Mundo, Senhor Supremo, um Heri Disciplinado e Justo, um Mestre
de Seres Celestiais e Humanos, um Buda, Honrado pelo Mundo. Seu pas
ser chamado Virtude da Luz e seu kalpa ser chamado Grande Adorno. O
perodo da sua vida como um Buda durar doze pequenos kalpas; sua Lei
Correta perdurar por vinte pequenos kalpas; a era da sua Lei Adulterada
tambm perdurar por vinte pequenos kalpas.
Seu reinado ser adornado e livre de impurezas ou maldades, de-
graus ou pedras, espinhos ou espinheiros, excrementos ou outras impu-
rezas. Sua terra ser plana, sem lugares altos ou baixos, ravinas ou monta-
nhas. O cho ser feito de lpis-lazli e ladeado por fileiras de rvores de
joias. As estradas sero guarnecidas com cordas de ouro. Flores preciosas
espalhar-se-o, purificando-a inteiramente. Os Bodhisattvas daquela ter-
ra sero em nmero de ilimitados milhares de milhes, a assembleia de
ouvintes ser igualmente incontvel. Nenhuma ao de Mara ter efeito
ali e, embora Mara e seus seguidores existam ali, todos eles protegero
a lei do Buda.
Naquela ocasio, o Honrado pelo Mundo, desejando reforar este prin-
cpio, falou em versos dizendo:
As pessoas,
tanto os seres celestiais como os humanos,
numerosas como as areias do Rio Ganges,
Katyayana far,
com uma variedade de artigos finos e delicados,
oferecimentos aos Budas.
Aps a extino daqueles Budas,
ele construir torres com as sete joias e tambm,
com flores e incenso,
far oferecimentos s suas Relquias.
Como um Buda,
seu nome ser Luz do Ouro de Jambunada.
Ilimitados e inumerveis Bodhisattvas e Ouvintes,
servindo-o por toda a existncia,
adornaro a sua terra.
Naquela ocasio, o Honrado pelo Mundo falou uma vez mais assem-
bleia: Eu agora vos direi que Mahamaudgalyayana far, no futuro, com v-
rios artigos, oferecimentos a oito mil e duzentas mirades de milhes de
Budas, honrando-os e venerando-os. Aps a extino daqueles Budas, ele
erigir para cada um deles uma torre de mil Yojanas de altura por quinhen-
tas Yojanas de largura, feitas das sete joias: ouro, prata, lpis-lazli, madrep-
rola, carnelian, prolas e gata. Ele lhes far oferecimentos de muitas flores,
colares de contas, incenso em pasta, incenso em p, incenso para queimar,
plios de seda e estandartes. Depois, ele ainda far oferecimentos a duas
centenas de mirades de milhes de Budas da mesma maneira.
Ele, ento, se tornar um Buda chamado Tathagata Fragrncia da Ta-
malapatrachandana, Merecedor de Ofertas, de Conhecimento Correto e
Gradualmente,
tendo realizado a Via do Bodhisattva,
numa terra chamada Mente Deleitada,
ele se tornar um Buda chamado
Fragrncia de Tamalapatrachandana.
Seres viventes,
eternamente atormentados pelo sofrimento,
cegos, e sem um guia,
falham em reconhecer
o caminho que pe fim quelas penas
e no sabem buscar a sua libertao.
Durante a longa noite,
os maus destinos multiplicam-se,
enquanto as multides de seres celestiais
reduzem-se em nmero;
vindos da escurido,
eles prosseguem para a escurido,
nunca ouvindo o nome do Buda.
Heri do Mundo,
Honrado Duplamente Realizado,
imploramos apenas que exponha e proclame a Lei
e, atravs do poder da sua grande compaixo e piedade,
salve os seres viventes sofredores e atormentados.
Senhor da Sabedoria,
Rei entre os seres celestiais,
com o canto da kalavinka,
para vs que sois compassivo com os seres viventes,
curvamo-nos reverentemente agora.
Oh, Honrado pelo Mundo,
sois extremamente raro,
aparecendo somente aps longas eras.
Passou-se em vazio
cento e oitenta kalpas sem um Buda.
Os trs maus caminhos esto repletos.
As multides de seres celestiais diminuem.
Agora, o Buda apareceu neste mundo
para atuar como olhos para os seres viventes,
como um refgio para o mundo,
resgatando e protegendo todas as criaturas,
um pai para todos os seres,
tendo compaixo e beneficiando a todos.
Agora, em razo das bnos
obtidas nas vidas passadas,
tornamo-nos aptos a nos reunir
com o Honrado pelo Mundo.
61. Observar que so dez as direes: leste, sudeste, sul, sudoeste, oeste, noroeste, norte, nordeste, abaixo (nadir) e acima (zenith).
62. Referindo-se aos seres viventes presentes na assembleia e que, conforme os dizeres que seguem, j cumpriram os votos de
servir a quarenta bilhes de Budas. A seguir, o Buda Shakyamuni revela-se ser o 16o. filho do Buda Vitria da Sabedoria da
Grande Penetrao, pregador original do Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa. Deve-se atentar para a relao entre o Buda
e os seres viventes presentes na assembleia, pois, no final do captulo anterior, ele proclama:Quanto s minhas prprias e vossas
causas e condies anteriores, eu agora direi: todos vocs, ouam bem!
63. Correspondentes aos Nirvanas do Ouvinte e do Pratyekabuda, que so os dois veculos menores.
Naquela ocasio,
os dezesseis prncipes deixaram o lar
e tornaram-se Shramaneras.
Juntos, eles solicitaram que o Buda proclamasse
extensivamente a Lei do Grande Veculo:
Poderamos, todos ns e nossos seguidores,
trilharmos a Vida do Buda?
Desejamos tornarmos como o Honrado pelo Mundo,
com os olhos da sabedoria e a suprema pureza.
Todos os Shramaneras,
sabendo que o Buda ainda no tinha
deixado o seu (Samadhi) Dhyana,
em prol dos ilimitados milhes em assembleia,
pregaram a respeito
da sabedoria insupervel do Buda.
Cada um deles, sentado no seu Trono da Lei,
pregou este Sutra do Grande Veculo.
Aps o Buda ter ficado
pacificamente quieto (em seu Samadhi),
eles propagaram e ensinaram a Lei.
Cada um dos Shramaneras
levou salvao seres viventes
iguais em nmero aos gros de areia
de seiscentas mirades de Rios Ganges.
Aps aquele Buda ter entrado em extino,
todos aqueles que ouviram a Lei,
qualquer que seja a terra Bdica em que possam estar,
renascero l juntos com seus mestres.
Os dezesseis Shramaneras
completaram as prticas da Via do Buda.
Presentemente, nas dez direes,
cada um atingiu a sua prpria iluminao.
Aqueles que ouvem a Lei, ento,
esto cada um na presena de um Buda.
Aqueles que so Ouvintes
esto gradualmente sendo instrudos na Via do Buda.
Eu era um dos dezesseis.
No passado, eu treinei e converti todos vocs.
Portanto, eu uso meios hbeis
para introduzi-los na sabedoria do Buda.
64. Esto aqui sintetizadas as verdades do no-nascimento e no-extino, j que os Nirvanas provisrios (dos veculos do
Ouvinte e do Pratyekabuda) so um mero meio hbil utilizado pelos Budas para prover um lugar de descanso para aqueles
que buscam o caminho.
A Concesso de profecias
aos quinhentos discpulos
A Concesso de profecias aos quinhentos discpulos
Naquela ocasio, Purnamaitreyaniputra, tendo ouvido sobre a sabedo-
ria e os meios hbeis do Buda que prega a Lei de acordo com o que apro-
priado; tendo ouvido todos os grandes discpulos receberem profecias da
consecuo do Anuttara-Samyak-Sambodhi; tendo ouvido sobre as causas
e relaes das vidas passadas; e tendo ouvido sobre a grande liberdade e
o poder das penetraes espirituais obtidas pelo Buda, e que ele nunca
possuiu, sentiu seu pensamento purificado e exultou-se.
Com isso, ele se levantou do seu assento, curvou-se com a sua cabea
aos ps do Buda e postou-se a um lado, fitando a face do Honrado pelo
Mundo fixamente, sem piscar os olhos.
Ele, ento, pensou: O Honrado pelo Mundo Inigualvel. Suas apari-
es so raras. Ele aquiesce com as vrias disposies dos seres no mundo
e, utilizando-se de meios hbeis com sabedoria e viso, ele prega a Lei para
eles, libertando-os de toda a sorte de ambies e apegos. Ns nunca po-
deramos expressar plenamente em palavras os mritos e as virtudes do
Buda. Somente o Buda, o Honrado pelo Mundo, pode saber nossas mais
profundas intenes e votos do passado.
Naquela ocasio, o Buda disse aos Monges: Vocs vem este Purna-
maitreyaniputra? Eu constantemente o reputo como sendo o maior entre
aqueles que pregam o Dharma e exalto suas vrias qualidades meritrias,
seus vigorosos e diligentes esforos para ajudar a proclamar a minha Lei.
Em meio Assembleia dos Quatro Tipos de Crentes, ele pode demonstrar o
ensino para deleite e benefcio de todos. Ele interpreta perfeitamente a Lei
Correta do Buda, beneficiando enormemente seus companheiros pratican-
tes da conduta Brahman. Com exceo ao Tathagata, no h quem possa
apreciar plenamente a sua eloquncia na discusso.
Nunca digam que Purnamaitreyaniputra apenas apto a proteger,
apoiar e ajudar a propagar somente a minha Lei. Ele tambm esteve na
presena de noventa milhes de Budas do passado, protegeu, apoiou e aju-
dou a propagar a Lei Correta daqueles Budas, sendo o maior em meio aos
pregadores da Lei.
Alm disso, ele compreendeu completamente a Lei do vazio pregada
por aqueles Budas e ganhou as Quatro Sabedorias sem Obstrues. Ele est
sempre apto a pregar a Lei, pura e precisamente, sem dvidas. Ele adquiriu
o poder das penetraes espirituais do Bodhisattva. Ao longo de toda a sua
vida, ele cultivou a conduta Brahman. Todos os Budas contemporneos fa-
laram dele como sendo um Ouvinte, mas isso foi apenas um meio hbil que
65. De acordo com os ensinamentos budistas, existem quatro formas de nascimento envolvendo todos os seres, a saber: do ventre,
do ovo, da umidade (germinao) e da transformao.
O Monge Purna,
tendo aperfeioado as suas virtudes,
ganhar uma terra pura como essa,
com uma multido de sbios de grande dignidade.
Tais so as ilimitadas coisas sobre as quais
eu tenho pregado agora seno de uma forma abreviada.
Kashyapa,
agora voc sabe o futuro
acerca desses quinhentos discpulos
que atingiram o autocontrole.
Com relao aos demais Ouvintes,
seu futuro ser semelhante.
queles que no esto presentes na assembleia
voc deve expor-lhes esses assuntos70.
69. Nos versos acima est a essncia da Transmisso da Veia Vital da Lei.
70. Desta forma, o Buda estende a profecia a toda a multido de Ouvintes e tambm aos que no esto presentes. Lembrando que
o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa uma Lei para instruir Bodhisattvas, o Buda admoesta para que este ensino seja
exposto aos no-presentes.
71. Este o verdadeiro propsito da pregao deste Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa: despertar os seres presentes na
assembleia para a Via do Bodhisattva ou Veculo nico. Em vrias passagens deste sutra, o Buda admoesta: ...um ensino para
instruir Bodhisattvas. No Captulo 2 Meios Hbeis , o Buda faz uma rigorosa admoestao: Shariputra, se um discpulo meu
autodenomina-se Arhat ou Pratyekabuda, mas nunca ouviu ou soube que de fato todos os Budas, os Tathagatas, somente
ensinam e convertem Bodhisattvas, ento ele no um discpulo do Buda, nem um Arhat, nem um Pratyekabuda. Outra
profunda sabedoria contida no ensino do Veculo nico a de que a Via do Bodhisattva nunca deixa de conduzir um discpulo
Iluminao do Buda, pois, para esse discpulo que a abraa, a consecuo de Anuttara-Samyak-Sambodhi foi profetizada pelo
Buda no remoto passado.
72. Somente um Bodhisattva pode receber uma profecia do Anuttara-Samyak-Sambodhi, consagrando o princpio de unicidade entre
Pessoa (Bodhisattva) e Lei (Buda), subjacente ao ensino do Veculo nico do Buda, tambm interpretado aqui como Via Recproca.
A Concesso de profecias
aos aprendizes e adeptos
A Concesso de profecias aos aprendizes e adeptos
Naquela ocasio, Ananda e Rahula tiveram esse pensamento: Temos
constantemente pensado sobre quo felizes seramos se recebssemos
profecias!.
Ento, eles se dirigiram para diante do Buda, curvaram-se com suas
cabeas aos seus ps e disseram: Honrado pelo Mundo, ns tambm po-
deramos participar disso? Pois, somente no Tathagata buscamos nosso
refgio.
Alm disso, somos vistos, conhecidos e reconhecidos por seres celes-
tiais, pessoas e Asuras em todos os mundos. Ananda est sempre ao vosso
dispor, protegendo e ostentando o tesouro da Lei. Rahula o filho do Buda.
Se o Buda assentisse em nos conceder uma profecia para o Anuttara-Sa-
myak-Sambodhi, nossos desejos seriam plenamente satisfeitos e as expec-
tativas da assembleia seriam tambm atendidas.
Ento, os dois mil discpulos Ouvintes, que eram aprendizes ou adeptos,
levantaram-se dos seus assentos, despiram seus ombros direitos e foram
para diante do Buda. Em pensamento nico, eles uniram as palmas de suas
mos e olharam fixamente para o Honrado pelo Mundo, expressando o
mesmo desejo de Ananda e Rahula. E, ento, postaram-se a um lado.
Naquela ocasio, o Buda disse a Ananda: Numa era futura, voc se
tornar um Buda chamado Tathagata Rei do Autocontrole e das Pene-
traes com a Sabedoria Vasta como as Montanhas e Mares, Merecedor
de Ofertas, de Conhecimento Correto e Universal, de Lucidez e Conduta
Perfeitas, um Bem-Aventurado que Compreende o Mundo, Senhor Su-
premo, um Heri que Subjuga e Doma, Mestre de Seres Celestiais e Pes-
soas, Buda, Honrado pelo Mundo. Voc far oferecimentos a sessenta e
dois milhes de Budas, protegendo e mantendo seus repositrios da Lei.
Depois disso, voc obter o Anuttara-Samyak-Sambodhi. Seu pas cha-
mar-se- Estandarte da Vitria Sempre Iado. Essa terra ser pura, tendo
lpis-lazli como solo. O kalpa ser chamado Som Maravilhoso Interpe-
netrante. A durao de vida desse Buda ser de ilimitados milhares de
mirades de milhes de Asamkhyas de kalpas. Se fssemos contar o que
so milhares de mirades de milhes de ilimitados Asamkhyas de kalpas,
no poderamos faz-lo. A sua Lei Correta perdurar no mundo por duas
vezes aquele tempo. A sua Lei Adulterada perdurar pelo dobro do tem-
po da Lei Correta.
Ananda, os mritos e as virtudes do Buda Rei do Autocontrole e das
Penetraes com a Sabedoria Vasta como as Montanhas e Mares sero elo-
73. Embora Ananda tenha sido superado na prtica pelo Buda que desenvolveu constantemente esforos diligentes, tornou-se
um importante guardio da Lei pelo vasto conhecimento que adquiriu, fazendo jus a essa profecia. Nessa passagem, revela-
se um dos mais importantes ensinos do Verdadeiro Budismo, o qual reforado quando da exposio do Captulo 20
O Bodhisattva Sem Desprezo. Este Bodhisattva Sem-Desprezo foi um Monge que no se dedicava ao estudo dos sutras, tendo,
durante a sua vida, reverenciado como Budas todas as pessoas que encontrava. Dessa forma, atingiu rapidamente a Via do Buda.
Em termos relativos, pode-se depreender dessa passagem que estudar e expor este Sutra de Ltus ainda uma tarefa fcil.
Difcil coloc-lo em prtica como o fez o Bodhisattva Sem Desprezo.
10
Os Mestres da Lei
Os Mestres da Lei
Naquela ocasio, o Honrado pelo Mundo, atravs do Bodhisattva Rei da
Medicina, falou aos oitenta mil grandes senhores, dizendo: Rei da Medi-
cina, voc v dentro desta assembleia os ilimitados Seres Celestiais, Reis
Drages, Yakshas, Gandharvas, Asuras, Garudas, Kinnaras, Mahoragas, seres
humanos e no-humanos, bem como Monges, Monjas, Leigos, Leigas, aque-
les que esto procurando tornarem-se Ouvintes, aqueles que esto procu-
rando tornarem-se Pratyekabudas e aqueles que esto buscando a Via do
Buda? Com respeito a esses vrios tipos de seres, todos que na presena do
Buda ouvirem no mais que um verso ou uma sentena do Sutra da Flor de
Ltus da Lei Maravilhosa, ou que tenham mesmo um nico pensamento de
alegria sobre ele, eu concedo profecias da futura consecuo do Anuttara-
Samyak-Sambodhi.
O Buda disse ao Rei da Medicina: Alm disso, aps a extino do Tatha-
gata, se houver algum que oua um simples verso ou uma simples senten-
a do Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa, ou que tenha mesmo um
nico pensamento de alegria sobre ele, eu concedo-lhe igualmente uma
profecia de consecuo do Anuttara-Samyak-Sambodhi.
E ainda mais, se houver algum que receba e ostente, leia e recite, ex-
ponha e ensine, ou faa cpias do Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa,
mesmo que seja um nico verso, olhando para o texto do sutra com reve-
rncia como se ele fosse o prprio Buda74, fazendo vrios tipos de ofere-
cimentos como flores, incenso, contas, incenso em p, incenso em pasta,
incenso para queimar, plios de seda, estandartes, vestimentas e msica, ou
que simplesmente una as palmas das suas mos em reverncia; oh! Rei da
Medicina, saiba que tal pessoa j fez no passado oferecimentos a dezenas
de mirades de milhes de Budas, e na presena daqueles Budas, cumpriu
seus grandes votos. apenas por piedade aos seres viventes que esta pes-
soa nasceu em meio aos seres humanos.
Oh! Rei da Medicina, se algum lhe perguntasse que tipos de seres vi-
ventes tornar-se-o Budas no futuro, voc poderia responder-lhe que essas
vrias pessoas certamente tornar-se-o Budas no futuro. Por que assim?
Se um bom homem ou uma boa mulher recebe e ostenta, l, recita, expe e
ensina, ou copia mesmo que uma nica sentena do Sutra da Flor de Ltus
74. Eis o que podemos entender como o Verdadeiro Objeto de Adorao para a era aps a extino do Buda. Esse Objeto o prprio
Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa,ainda que apenas um verso. Na Nitiren Shoshu, esse Objeto na sua forma mais concisa
o ttulo do Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa, que em caracteres chineses Myoho-Rengue-Kyo.
75. Essa passagem estabelece uma distino para aqueles que penetram nas profundezas do Sutra da Flor de Ltus da Lei
Maravilhosa em sua forma integral.
76. Realizar o trabalho do Tathagata tem o sentido de veicular a entrada do Buda nesse mundo. Isso s possvel atravs do Grande
Veculo ou Veculo do Bodhisattva. Mais adiante, o Buda afirma: Este sutra abre o portal dos meios hbeis da Lei; ou seja, este
Sutra dota o Bodhisattva das habilidades do prprio Buda.
77. Isso, evidentemente, no exclui o devoto. Portanto, abraar o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa significa abandonar a
ideia de que existam pessoas boas ou ms, principalmente entre aqueles que o abraam ou que com esse venham estabelecer
alguma relao atravs do prprio devoto. Ofender essas pessoas constitui grave ofensa. Esse um dos profundos significados
de: entrar no quarto do Tathagata, vestir os robes do Tathagata, sentar no trono do Tathagata. O Buda ainda afirma: o Sutra da
Flor de Ltus da Lei Maravilhosa o mais difcil de crer e o mais difcil de compreender. Em toda a sua extenso est revelada a
verdade: em cada captulo, em cada verso, em cada palavra ou frase, em cada caractere. sutil e revelador em cada som que
produz encantando seres de todas as espcies. Essa grave ofensa significa insultar o Sutra de Ltus na sua ntegra, insultar todos
os Budas do Universo e todos os seres viventes de todos os mundos nas 10 (dez) direes. Por isso, essa ofensa supera aquela
que uma pessoa poderia fazer a 1 (um) Buda. A pessoa que, aps a extino do Tathagata, compreender o profundo significado
deste captulo sobre O Mestre da Lei, o prprio Mestre da Lei; e tambm o seu repositrio, Rei da Medicina.
78. Novamente fazendo a distino do Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa dentre todos os sutras do passado, do presente e
do futuro; o Buda faz uma admoestao relativa aos cuidados na sua transmisso por tratar-se do tesouro secreto e essencial
dos Budas. Em seguida, faz meno ao dio e inveja em relao a este sutra nas eras posteriores sua extino.
79. Esta passagem indica que onde quer que seja exposto, lido, recitado, copiado ou guardado o Sutra da Flor de Ltus da Lei
Maravilhosa; aquele lugar torna-se sagrado, torna-se a Terra do Buda. Naquele lugar j se encontra o corpo inteiro do Tathagata,
quais sejam as 32 caractersticas fsicas do corpo do Buda, restando dotar-lhe da voz profunda e de longo alcance.
80. Ento, bons homens ou boas mulheres que queiram expor este sutra devem cultivar a piedade e a compaixo por todos os seres
viventes; devem proceder de forma afvel, gentil e tolerante; devem compreender a vacuidade de todos os fenmenos, ou seja,
o no-nascimento e a no-extino do mundo fenomenolgico.
Rei da Medicina,
saiba que, da mesma forma,
aquelas pessoas que no ouviram
o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa
esto muito longe da sabedoria do Buda.
Aqueles que ouvem este profundo Sutra
compreendero completamente as Leis do Ouvinte.
Este o Rei dos Sutras
e, se houver aqueles que, ao ouvirem-no,
ponderem sobre ele,
saiba que tais pessoas
esto prximas da sabedoria do Buda.
81. As pessoas, para expor este sutra, devem estar imbudas do desejo sincero de salvar as outras pessoas (com grande piedade e
compaixo), nutrir por elas um profundo respeito (tratando-as com gentileza e pacincia), faz-lo com conscincia, desapego aos
valores mundanos, e livres das iluses que os mesmos representam (vacuidade de todos os fenmenos). Em sua escritura intitulada
A Origem de Urabon, Nitiren Daishonin afirma:Os espritos famintos devoradores da Lei renunciam ao mundo para propagar
o Budismo somente porque pensam que, se propagarem a Lei, as pessoas os respeitaro. Buscando a fama e a fortuna mundanas,
gastam toda a sua presente existncia tentando superar os outros em tudo. Eles no ajudam as pessoas e no tentam salv-las, nem
mesmo os seus prprios pais. Tais indivduos so denominados espritos famintos devoradores da Lei, ou aqueles que usam a Lei para
satisfazerem seus desejos.Entenda-se como Lei este Sutra de Ltus, o qual ensina a natureza de Buda inerente a todas as pessoas sem
distino. Aqueles que desta Lei procuram obter benefcios pessoais e, considerando-se superiores, agem arrogantemente sem piedade
ou compaixo, destroem o exato mago deste Sutra de Ltus, podendo ser denominados espritos famintos e devoradores da Lei.
11
O aparecimento da Torre
de Tesouro
O aparecimento da Torre de Tesouro
Naquela ocasio, emergiu diante do Buda uma Torre feita das sete joias.
Ela media quinhentas Yojanas na altura e duzentas e cinquenta Yojanas
na largura. Ela elevou-se da terra e permaneceu suspensa no espao va-
zio, adornada com todos os tipos de objetos preciosos. Possua cinco mil
parapeitos e milhares de mirades de aposentos. Incontveis estandartes
e flmulas tambm lhe serviam de adorno. Colares de joias pendiam-lhe
enquanto mirades de milhes de sinos cravejados de joias ficavam suspen-
sos em seu topo. A essncia de Tamalapatrachandana exalava por todos os
seus quatro lados, perfumando o mundo inteiro. Todos os seus estandartes
e dossis eram feitos das sete joias: ouro, prata, lpis-lazli, madreprola,
carnelian, prolas verdadeiras e gata; alcanando ao alto o palcio dos
quatro reis celestes.
Do Cu Trayastrimsha, choveram flores celestiais de Mandarava como
um oferecimento Torre de Tesouro. Todos os seres celestiais, drages,
Yakshas, Gandharvas, Asuras, Garudas, Kinnaras, Mahoragas, Humanos, no-
Humanos, e assim por diante, milhares de mirades de milhes deles, fize-
ram oferecimentos Torre de Tesouro de todos os tipos de flores, incenso,
contas, estandartes, dossis e msica instrumental, honrando-a e louvan-
do-a reverentemente.
Naquela ocasio, uma voz estrondosa foi emitida da Torre dizendo pa-
lavras elogiosas: Excelente! Excelente! Shakyamuni, Honrado pelo Mundo,
que voc seja capaz de, por meio da sua grande sabedoria da no-distino,
pregar para a grande assembleia o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilho-
sa84, uma Lei para instruir Bodhisattvas da qual os Budas so os guardies
e mentores. como disseste, como disseste, Shakyamuni, Honrado pelo
Mundo, tudo o que disseste verdadeiro e real.
Ento, na Assembleia dos Quatro Tipos de Crentes, vendo a gran-
de Torre de Tesouro suspensa no ar e ouvindo a voz que vinha de seu
interior, todos obtiveram a alegria da Lei e maravilharam-se com essa
ocorrncia sem precedentes. Eles levantaram-se dos seus assentos, jun-
taram as palmas das suas mos reverentemente e postaram-se a um
lado. Nisto, o Bodhisattva Mahasattva chamado Grande Deleite na Pre-
gao, sabendo das dvidas que estavam no pensamento de todos os
seres celestiais, humanos, Asuras e outros seres de todos os mundos, di-
84. Na traduo de Kumarajiva para o chins, este ttulo MYOHO-RENGUEKYO, ... uma Lei para instruir Bodhisattvas da qual os
Budas so os guardies e mentores.
85. O Buda Shakyamuni purificou as terras das 8 (oito) direes tornando-as terras Bdicas. Para isso, transformou-as, tornando-as
livres dos baixos estados, nomeadamente: inferno, fome, animalidade e ira. Livrou-as igualmente dos estados ilusrios ou in
termedirios, a saber: tranquilidade (humanidade) e alegria, correspondendo a seres humanos; e erudio (Ouvinte) e absoro
(Pratyekabuda), estes correspondendo aos seres celestiais. Este captulo sobre O Aparecimento da Torre de Tesouro , em es
sncia, o incio da pregao da Verdadeira Lei, tendo esta sido pronunciada e testemunhada pelo Buda Muitos Tesouros. Por essa
razo so purificadas as terras Bdicas das oito direes, pois o que est para ser pregado um ensino para instruir Bodhisattvas.
As emanaes do Buda que se encontravam naquelas terras das oito direes estavam a pregar ensinos provisrios, atravs
dos meios hbeis, para conduzir os seres a este Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa. Os captulos anteriores a este podem
ser vistos como meros expedientes ou meios hbeis tambm. Agora, o Buda ir revelar a Verdade diretamente para uma
assembleia de Bodhisattvas, agora Mahasattvas. Os Budas que so suas emanaes, e que vm dessas terras j purificadas,
chegam ao mundo Saha acompanhados apenas de um Grande Bodhisattva, pois a entrada de um Buda neste mundo pode
unicamente acontecer atravs do Portal do Bodhisattva ou do Grande Veculo. Esse poder de purificar os mundos das oito
direes que far com que o Buda profetize a iluminao de Devadatta (um ser do estado de inferno) no captulo seguinte.
A compreenso deste poder que torna a pessoa uma verdadeira devota deste Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa.
O Senhor Supremo,
Honrado pelo Mundo,
embora h muito tempo extinto,
dentro desta Torre de Tesouro,
aqui veio em prol da Lei.
Quem no seria diligente em prol da Lei?
86. O Buda diz, em sua preleo sobre entrar no quarto do Tathagata, vestir o robe do Tathagata e tomar o assento do Tathagata,
que essa ltima condio (tomar o assento do Tathagata) significa residir no espao vazio.
Se algum ostentasse
os oitenta e quatro mil repositrios da Lei,
bem como as doze divises dos sutras,
expondo-os para os outros,
levando todos os ouvintes
a obter os Seis Poderes das Penetraes Espirituais,
mesmo que algum pudesse faz-lo,
isso no seria difcil.
87. Atravs dessa exposio do que seriam 6 (seis) atos difceis e 9 (nove) fceis, o Buda admoesta a assembleia sobre a dificuldade
de propagao do Sutra de Ltus aps a sua extino. Esses seis atos difceis relativos ao Sutra de Ltus so: 1. exp-lo; 2. copi-lo
e abra-lo, encorajando outros a faz-lo; 3. l-lo, mesmo que por um instante; 4. abra-lo e exp-lo, mesmo que para uma nica
pessoa; 5. ouvi-lo, aceit-lo e perguntar pelo seu significado; 6. reverentemente ostent-lo, honr-lo e promov-lo.
88. Prtica dhuta significa prtica asctica, de austeridades e de profundo desapego s coisas deste mundo. Neste contexto, signi
fica tambm libertar-se completamente, emancipar-se. Nesta passagem, o Buda descarta as noes de valor, da diligncia, da
observao de preceitos e das prticas de austeridades todas essas relacionadas com os ensinos provisrios , exaltando
unicamente a ostentao do Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa como a verdadeira Via do Buda.
Na era do terror,
algum que possa exp-lo,
mesmo que por um instante,
ser merecedor de oferecimentos
de todos os seres celestiais e humanos89.
89. Assim, o Buda convoca aqueles dispostos a empreenderem a difcil tarefa, atribuindo-lhes distines como pessoas j possuidoras
de valor, diligncia, observadoras de preceitos, discpulos do Buda, olhos do mundo e merecedoras de oferecimentos de todos
os seres celestiais e humanos.
12
Devadatta
Devadatta
Naquela ocasio, o Buda disse aos Bodhisattvas, seres celestiais, huma-
nos e membros da Assembleia dos Quatro Tipos de Crentes: No passado,
ao longo de ilimitados kalpas, eu procurei o Sutra da Flor de Ltus da Lei
Maravilhosa sem preguia ou cansao. Durante muitos kalpas, eu fui um rei
devotado a buscar a Suprema Iluminao com um pensamento obstinado.
Desejando realizar os Seis Paramitas, eu diligentemente pratiquei caridade,
sem nunca regatear quer fossem elefantes, cavalos, os sete artigos raros,
pases, cidades, cnjuges, filhos, serviais, ou mesmo minha cabea, olhos,
tutano, crebro, corpo, carne, mos e ps que eu desse; no poupando mes-
mo a prpria vida.
As pessoas daquela poca tinham vida ilimitada. Em prol da Lei, eu re-
nunciei posio de monarca, deixando o governo para um prncipe da
coroa. Eu fiz soar o tambor do Dharma, anunciando minha busca pela Lei
nas quatro direes dizendo: A quem puder pregar o Grande Veculo para
mim, servirei como um escravo pelo resto da minha vida90!
Naquela ocasio, um vidente veio a mim, o rei, dizendo: Eu possuo uma
escritura do Grande Veculo chamado o Sutra da Flor de Ltus da Lei Mara-
vilhosa. Se voc no me desobedecer, exp-la-ei para voc.
Quando eu, o rei, ouvi as palavras do vidente, saltei de alegria. Ento, se-
gui o vidente suprindo-lhe de todas as suas necessidades: colhendo frutas,
ofertando gua, apanhando lenha, preparando comida ou oferecendo meu
prprio corpo como um colcho para ele, sem sentimento de cansao do
corpo ou da mente. Em prol da Lei, eu diligentemente o servi por milhares
de anos, de tal forma que nada lhe faltasse.
Naquela ocasio, o Honrado pelo Mundo, desejando reforar este signi-
ficado, falou em versos, dizendo:
90. Este um voto feito pelo Buda, h incontveis kalpas, quando, como um Rei, despojava-se de tudo ao procurar o Grande
Veculo. Este voto est em plena concordncia com a admoestao do Captulo 11 O Aparecimento da Torre de Tesouro ,
que diz: Bons homens, aps a minha extino, quem poder receber, ostentar, ler e recitar este Sutra?. Neste presente
captulo, o Rei procura por aquela pessoa quando indaga: quem puder pregar o Grande Veculo para mim.... O
comportamento dos seres celestiais e humanos que oferecem esmolas queles que promovem o Grande Veculo como
o daquele Rei que viria a ser este Buda Shakyamuni. A isto podemos chamar de consistncia do princpio ao fim, ou seja,
os herdeiros da Lei de hoje sero os transmissores da Lei do futuro, bem como os herdeiros do passado so os
transmissores de hoje.
O Buda disse aos monges: O Rei era eu mesmo numa vida anterior, e o
vidente era o presente Devadatta.
devido ao meu bom e sbio conselheiro, Devadatta, que eu atingi
os Seis Paramitas da benevolncia, compaixo, alegria e altrusmo; bem
como as Trinta e Duas Marcas Distintivas e as Oitenta Caractersticas de
Excelncia; tambm a colorao prpura do ouro polido, os Dez Poderes,
Devadatta 205
os Quatro Tipos de Destemor, as Quatro Leis da Atrao91, as Dezoito Pro-
priedades No-Associativas, o poder da via das penetraes espirituais, da
consecuo da imparcialidade, da iluminao correta e o poder de salvar
amplamente os seres viventes. Tudo isto veio a ocorrer graas ao meu bom
e sbio conselheiro92, Devadatta.
Eu anuncio Assembleia dos Quatro Tipos de Crentes que, aps ilimi-
tados kalpas terem passado, Devadatta tornar-se- um Buda93 chamado Ta-
thagata Rei dos Seres Celestiais, Merecedor de Ofertas, de Conhecimento
Correto e Universal, de Lucidez e Conduta Perfeitas, um Bem-aventurado
que Compreende o Mundo, Senhor Supremo, um Heri Disciplinado e Jus-
to, Mestre de Seres Celestiais e Humanos, Buda, Honrado pelo Mundo. Seu
mundo ser chamado Caminho dos Seres Celestiais.
Ele residir no mundo durante vinte kalpas mdios, pregando am-
plamente a Lei Maravilhosa para os seres viventes. Seres viventes em
nmero como as areias do Ganges obtero o fruto do Estado de Arhat.
Ilimitados seres viventes desejaro buscar as condies da iluminao
como Pratyekabudas. Seres viventes em nmero como as areias do Gan-
ges concebero o desejo da Via Insupervel, obtendo a compreenso do
no- nascimento e da no-extino dos fenmenos e atingindo o est-
gio da no-regresso.
Aps o Parinirvana do Buda Rei dos Seres Celestiais, a sua Lei Correta
perdurar no mundo durante vinte kalpas mdios. Uma torre de sessenta
Yojanas de altura e quarenta Yojanas de largura, feita das sete joias, ser
construda para abrigar as Relquias do seu corpo inteiro. Todos os seres ce-
lestiais e humanos faro oferecimentos e reverenciaro a torre maravilhosa
das sete joias usando uma variedade de flores, incenso em p, incenso para
queimar, incenso em pasta, vestimentas, colares, estandartes, dossis de
joias, msicas instrumentais e vocais.
Ilimitados seres viventes obtero o fruto do Estado de Arhat. Ilimitados
seres viventes despertaro para a iluminao do Pratyekabuda. Um incon-
cebvel nmero de seres viventes resolutamente decidir-se-o pela Via do
Buda e encontraro a no-regresso.
91. Four Dharmas of Attraction seriam as quatro foras: gravitacional, eletromagntica, foras fracas e foras fortes; que os cientistas
de hoje tentam unificar?
92. Se, como resultado da ao de opositores ou desafetos, uma pessoa for conduzida ao Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa,
aqueles desafetos devem ser considerados bons conselheiros.
93. Deve-se observar que Devadatta somente se tornar um Buda por fora deste Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa, o qual
revela haver um Buda em cada uma das 10 (dez) direes; sendo as 8 (oito) direes inferiores j purificadas pelo Buda
Shakyamuni no captulo anterior sobre O Aparecimento da Torre de Tesouro, e que preconiza a iluminao de todos os seres
dos dez mundos atravs do Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa.
94. Este Bodhisattva chamado Sabedoria Acumulada estava em dvida e perplexo com a profecia de que Devadatta atingiria a
iluminao no futuro.
Devadatta 207
Todos eles haviam completado as prticas de Bodhisattva e estavam
discutindo entre eles os Seis Paramitas. Aqueles que originalmente ti-
nham sido Ouvintes estavam no espao vazio expondo as prticas dos
Ouvintes. Todos eles estavam agora cultivando o princpio da vacuidade
do Grande Veculo.
O Bodhisattva Manjushri disse a Sabedoria Acumulada: Tal o trabalho
de ensinamento e converso que tenho feito dentro do oceano.
Naquela ocasio, Sabedoria Acumulada recitou esses versos em louvor:
95. Este o princpio da descoberta, que poder ocorrer de forma sbita e irreversvel para todos os seres.
96. Aqui est a reafirmao da dvida que o Bodhisattva Sabedoria Acumulada nutria em seu corao. Este Bodhisattva encontrava-se
preso aos conceitos e doutrinas da iluminao que leva incontveis kalpas para ser atingida. No compreendia o conceito da
iluminao perfeita e imediata, na forma presente, subjacente ao Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa.
97. O Buda polindo-se atravs das dez direes significa que o Estado de Buda incorpora ou outros estados. Esta a verdadeira pos
sesso mtua e este o verdadeiro Itinen Sanzen. Possui ainda o significado sutil de que no apenas os demais estados pos
suem a natureza de Buda inerente, mas tambm o Estado de Buda incorpora os outros estados.
Devadatta 209
preender. Por qu? Porque o corpo de uma mulher impuro e no um
receptculo para a Lei. Como pode voc atingir a suprema Iluminao? A
Via do Buda remota e longa. Somente aps termos atravessado ilimitados
kalpas, suportando diligentemente o sofrimento e acumulando normas
de conduta, completando a prtica de todos os Paramitas, somente ento
poderemos atingir a realizao. E, alm do mais, um corpo de mulher tem
Cinco Obstculos: primeiro, a mulher no pode tornar-se um Rei Brahma
Celeste; segundo, ela no pode tornar-se um Shakra; terceiro, ela no pode
tornar-se um Rei Demnio; quarto, ela no pode tornar-se um Rei Sbio Gi-
rador de Roda; quinto, ela no pode tornar-se um Buda. Como pode ento
uma mulher atingir rapidamente o Estado de Buda98?.
Naquela ocasio, a Menina Drago possua uma prola preciosa, cujo
valor era comparvel ao de trs mil grandes sistemas de mil mundos, que
ela levou para diante do Buda e presenteou-o. O Buda imediatamente a
aceitou. A Menina Drago ento disse Sabedoria Acumulada e ao vene-
rvel Shariputra: Eu apenas ofereci esta preciosa prola e o Honrado pelo
Mundo aceitou-a. Isto foi rpido ou no?.
Muito rpido!, eles responderam.
A menina disse: Com os seus poderes espirituais, prestem ateno
como eu posso tornar-me um Buda muito mais rapidamente do que isto!.
Naquele momento, toda a assembleia viu a Menina Drago subitamen-
te transformar-se num homem e completar as prticas de um Bodhisattva.
Instantaneamente, ela transportou-se para o sul, para o mundo livre de im-
purezas, onde, sentada num ltus de joias, ela atingiu a Iluminao Correta
e Imparcial e incorporou as Trinta e Duas Marcas Distintivas e as Oitenta
Caractersticas Menores. L, em prol de todos os seres viventes das dez di-
rees, ela ps-se a proclamar a Lei Maravilhosa.
Enquanto todos os Bodhisattvas, Ouvintes, seres celestiais, drages e os
demais de todas as Oito Divises, tanto humanos como no-humanos no
mundo Saha, assistiam distncia como a Menina Drago tornou-se um
Buda e pregou a Lei para todos os seres celestiais e humanos, regozijaram-
se grandemente e, reverentemente, prestaram-lhe obedincia de longe.
Ouvindo aquela Lei, ilimitados seres viventes compreenderam-na e torna-
ram-se aptos a atingir o estgio da no-regresso. Incontveis seres viven-
tes receberam profecias da consecuo da Via. O mundo livre de impurezas
98. Shariputra, um discpulo de grande erudio e sabedoria, manifesta a sua dvida fazendo referncia no s condio feminina
da filha do rei Drago como uma restrio para ela atingir a iluminao, mas tambm referindo-se dvida sobre a iluminao
perfeita e imediata que no requer as prticas de ilimitados kalpas para ser alcanada.
99. Este captulo encerra duas importantes revelaes que colocam o Sutra de Ltus em superioridade em relao aos outros sutras.
A primeira a profecia de que Devadatta atingir a iluminao, este que foi um dos grandes perseguidores do Buda
Shakyamuni. A segunda a iluminao da filha do rei Drago, uma mulher. As restries para a consecuo da iluminao do
Buda por mulheres so encontradas nos ensinos provisrios, ou ensinos pr-Sutra de Ltus, os quais devem ser abandonados
para a verdadeira aceitao do Sutra de Ltus. O Buda profetiza tambm a boa-aventurana daquele bom homem ou boa
mulher que, em eras futuras, ao conhecer o captulo Devadatta, ouvi-lo e com um pensamento puro compreend-lo e honr-lo,
no alimentar dvidas. Este captulo remove todos os impedimentos para se atingir o estado de Buda. Todavia, atravs de um
meio hbil, o Buda ensina que a remoo dos impedimentos para se entrar na via de Buda no advm da sabedoria (aqui
representada pelo Bodhisattva Sabedoria Acumulada e Shariputra), mas da f.
Devadatta 211
Captulo
13
100. Tanto os Arhats como os Ouvintes, pessoas que tinham recebido a profecia da iluminao e, como ser visto adiante, as
Monjas superiores (Mahaprajapati e Yasodhara) e suas seguidoras fazem o voto para expor o Sutra de Ltus noutras terras
que no o mundo Saha.
101. Pessoas que atingiram o estgio da no-regresso, ou que giraram a irreversvel Roda Lei.
102. O termo white-robed do original pode tambm significar candidato, que vem do romano e designa uma pessoa proba,
verdadeira e honesta na inteno de servir a Repblica. Para passar essa impresso, aquela pessoa apresentava-se vestindo
uma toga branca. Podemos, ento, relacionar o significado original do termo white-robed com a figura dos polticos.
103. Os versos acima representam o voto dos Bodhisattvas Mahasattvas de, numa era de medo e maldade aps o Buda ter passado
extino, propagar a verdadeira Lei no importando as dificuldades impostas pelos trs poderosos inimigos da Grande Lei,
a saber: 1. Pessoas ignorantes que nos caluniaro com maledicncias, ou atacar-nos-o com espadas ou bastes; 2. Monges
com vises distorcidas, vaidosos e desonestos, que clamaro terem alcanado o que de fato no alcanaram, tendo suas
mentes cheias de arrogncia; 3. Monges maltrapilhos que residem nas florestas. Embora clamem estar no verdadeiro
caminho, eles desprezam aqueles que vivem em meio ao povo. importante salientar que essas palavras foram proferidas
pelos Bodhisattvas Mahasattvas que faziam o seu voto de propagar o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa, e no pelo
Buda que encontrava-se em silncio.
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104. Ao ler atentamente o captulo anterior sobre a Exortao para Abraar o Sutra, percebe-se que somente os Bodhisattvas
Mahasattvas (dentre eles os Bodhisattvas Superiores Rei da Medicina e Grande Deleite na Pregao da Lei) fazem votos de, nas
eras malignas vindouras, abraarem, lerem, recitarem, guardarem e pregarem o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa. Todos
os demais santos (Pratyekabudas) e Ouvintes fazem o voto de pregar o Sutra de Ltus noutras terras que no o mundo Saha.
105. Em resumo, essas so as primeiras normas bsicas para a prtica bem-sucedida de um verdadeiro Bodhisattva Mahasattva. Evi
dentemente, espera-se esta conduta do Bodhisattva mesmo diante dos trs poderosos inimigos citados no Captulo 13
Exortao para Abraar o Sutra. Naquele captulo, os Bodhisattvas Mahasattvas admoestam sobre as dificuldades de abraar o
sutra numa era maligna vindoura e fazem seus votos de assim o fazer no mundo Saha.
106. Dentre essas primeiras normas bsicas das associaes prprias dos Bodhisattvas Mahasattvas de modo a que possam expor
este sutra em prol dos seres viventes, destaca-se a admoestao do Buda quanto s associaes com Monges, Monjas, Leigos
ou Leigas que procurem tornar-se Ouvintes, ou seja, pessoas do estado de erudio e que aderem aos Veculos Menores, como
o Buda diz mais adiante. Conforme j exposto neste sutra, o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa um ensino para instruir
Bodhisattvas.
107. No Captulo Doze Devadatta , a filha do Rei Drago, demonstrando ser capaz de atingir a iluminao num instante, recita os
seguintes versos: Tendo compreendido profundamente os aspectos das ofensas e das bnos, pelo seu polimento atravs
das dez direes, agora o maravilhoso e puro Corpo da Lei est completo....
Se houver um Bodhisattva,
na futura era da maldade,
que, com uma mente destemida,
deseje pregar este Sutra,
ele dever aceitar a regra da prtica
e a regra da associao.
Ele dever sempre distanciar-se de reis,
bem como de prncipes, altos ministros e oficiais,
esportes brutais e perigosos;
de chandalas,
inclusive daqueles no-Budistas e Brahmans.
108. Essa segunda regra a que um Bodhisattva Mahasattva deve se associar para expor o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa,
consubstancia aquilo que o Buda anteriormente referiu-se como ocupar o assento do Tathagata, ou seja, ter a percepo de
todos os fenmenos como sendo a vacuidade.
Alm disso,
ele no deve praticar fazendo distines
do que sejam doutrinas superiores,
medianas ou inferiores;
nem doutrinas condicionadas ou incondicionadas,
doutrinas verdadeiras ou no-verdadeiras.
Ele no deve fazer distines
entre homens e mulheres;
ele no deve tentar dominar quaisquer fenmenos,
nem dever tentar conhec-los ou perceb-los.
109. Conclui-se, pelo primeiro conjunto de regras para as prticas bem-sucedidas, que no deve haver qualquer distino entre os
fenmenos, portanto, no se deve procurar a Grande Lei atravs da anlise, da classificao e da individualizao dos mesmos.
A rigor, isto seria o que o Buda chama de retribuio pela discriminao.
Manjushri,
a isto que se chama estabelecimento pacfico
do Bodhisattva no Dharma original,
e assim ele poder, na era futura, pregar
o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa.
Um sbio assim:
cultivando bem suas ideias,
ele residir na paz e no conforto.
Como explanei acima,
os mritos e virtudes desta pessoa
no poderiam ser descritos completamente
atravs de nmeros ou parbolas,
mesmo ao longo de dez milhes de kalpas.
Alm disso, Manjushri, na futura era dos ltimos dias, quando a Lei es-
tiver para extinguir-se, o Bodhisattva que receber, ostentar, ler ou recitar
este Sutra no nutrir sentimentos de inveja, vaidade ou iluses. Ele tam-
bm no ridicularizar ou caluniar aqueles que estudam a Via do Buda,
nem apontar as suas qualidades ou fraquezas. Se houver Monges, Monjas,
Leigos e Leigas que busquem tornar-se Ouvintes, Pratyekabudas, ou que
busquem a Via do Bodhisattva, ele no os atormentar ou lhes causar d-
vidas dizendo-lhes: Vocs todos esto muito longe do Caminho e nunca
obtero a sabedoria de todas as espcies. Por que no? Porque vocs so
descuidados e preguiosos na prtica da Via. Alm disso, ele no discutir
frivolamente a Lei em considerao a argumentos.
Ele nutrir sentimentos de grande compaixo por todos os seres vi-
ventes, considerar todos os Tathagatas como pais compassivos e todos
os Bodhisattvas como grandes Mestres. Sempre, ele reverenciar profun-
110. Nesta passagem, o Buda diz que Monges verdadeiramente instrudos sobre as regras de conduta e as associaes prprias de
um Bodhisattva no estaro sujeitos s perseguies enumeradas no Captulo 13 Exortao para Abraar o Sutra , feitas
pelos Bodhisattvas em seu voto de expor o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa no mundo Saha. As distines utilizadas
pelos Bodhisattvas Mahasattvas quando se referem a uma era vindoura constituem uma retribuio pela discriminao que
fazem: em razo da retribuio pela discriminao que os fenmenos vm a existir ou a no existir, que os faz parecerem
reais ou irreais, criados ou extintos.
Alm disso, Manjushri, na futura era dos ltimos dias, quando a Lei esti-
ver para extinguir-se, o Bodhisattva Mahasattva que ostenta o Sutra da Flor
de Ltus da Lei Maravilhosa nutrir sentimentos de grande benevolncia
tanto por aqueles que vivem em seus lares como por aqueles que deixaram
seus lares. Ele tambm sentir grande compaixo por aqueles que no so
Bodhisattvas.
Ele pensar: Para pessoas assim, falta uma grande motivao. Embo-
ra o Tathagata pregue a Lei habilmente e apropriadamente, eles no ou-
vem, entendem, ou despertam para ela. Eles no indagam no sentido de
compreend-la ou entend-la. Embora essas pessoas no indaguem para
compreender ou entender este Sutra, ainda assim, quando eu atingir o
Anuttara-Samyak-Sambodhi, onde quer que eles surjam, usarei o poder das
penetraes espirituais e o poder da sabedoria para lev-los a permanecer
dentro desta Lei.
Manjushri, aps o Nirvana do Tathagata, o Bodhisattva Mahasattva que
mantiver isto em observncia, a quarta regra, ser livre de erros quando
pregar esta Lei. Ele sempre receber oferecimentos e ser reverenciado,
honrado e elogiado por Monges, Monjas, Leigos, Leigas, reis, prncipes, al-
tos ministros, pessoas do povo, Brahmans, magistrados, e assim por diante.
Os deuses do espao vazio sempre o acompanharo e o serviro com o
objetivo de ouvir a Lei. Se nas vilas ou cidades, selvas ou florestas, algum
desejando formular questes difceis se aproximar dele, todos os deuses,
em benefcio da Lei, o protegero dia e noite e, assim, ele far com que os
ouvintes se alegrem.
Por que isto? Este Sutra protegido pelos poderes espirituais de todos
os Budas do passado, do presente e do futuro111.
Manjushri, atravs de ilimitados kalpas, no possvel sequer ouvir o
nome do Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa, muito menos ver, rece-
ber, manter, ler ou recit-lo.
111. O fato de o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa estar protegido pelos poderes espirituais de todos os Budas das trs
existncias torna igualmente protegidos todos os Bodhisattvas Mahasattvas que levem a cabo o conjunto de regras para a
prtica bem-sucedida e que, assim, no incorrem em erros ao ensinar a Lei.
112. Consubstanciando o mundo trplice dos trs domnios da matria (cinco elementos) do desejo (das aflies) e do esprito
(morte).
113. Da avareza, da ira e da estupidez.
114. Pode-se depreender das passagens acima que o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa o ltimo a ser pregado para aqueles
que buscam a Via do Buda, no havendo outros ensinos que possam super-lo ou segui-lo.
115. Acima, o Buda descreve os auspiciosos sonhos de uma pessoa capaz de observar os quatro conjuntos de regras ao expor e
ensinar o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa. Observe-se que o Buda encerra este captulo colocando esses sonhos
como grandes benefcios e bnos. Evidentemente essa percepo deriva da compreenso de que todos os fenmenos so
vazios, sem ser, sem qualquer constncia eterna, sem aparecimento, nem extino. Outra importante observao a de que,
at este captulo, o Buda prega aos Bodhisattvas Mahasattvas que se tinham reunido vindos das terras das outras direes,
numerosos como as areias de oito rios Ganges, e demais presentes na assembleia, antes do Emergir da Terra dos Bodhisattvas
nunca dantes conhecidos e que residem no vazio sob o mundo Saha.
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Emergindo da terra
Emergindo da terra
Naquela ocasio, na grande assembleia, os Bodhisattvas Mahasattvas
que haviam vindo de outras terras, em nmeros que excedem os gros de
areia de oito Rios Ganges, levantaram-se, juntaram as palmas das mos,
fizeram reverncia e disseram ao Buda: Honrado pelo Mundo, se permi-
tir-nos, aps a extino do Buda, aqui neste mundo Saha, com um sempre
crescente vigor, protegeremos, manteremos, leremos, recitaremos, copiare-
mos e faremos oferecimentos este Sutra e o proclamaremos longnqua e
amplamente atravs desta terra116.
O Buda, ento, disse multido de Bodhisattvas Mahasattvas: Basta!
Bons homens, vocs no necessitam proteger e manter este Sutra. Por que
no? Dentro deste meu mundo Saha h Bodhisattvas Mahasattvas iguais
em nmero s areias de sessenta mil Rios Ganges, cada um deles tem um
squito igual em nmero s areias de sessenta mil Rios Ganges. Aps a mi-
nha extino, todos eles protegero, ostentaro, lero, recitaro e procla-
maro vastamente este Sutra117.
To logo o Buda disse isto, nos trs mil grandes sistemas de mundos
do Mundo Saha, a terra tremeu e abriu-se, e do seu interior ilimitadas
dezenas de bilhes de Bodhisattvas Mahasattvas emergiram simultane-
amente. Todos aqueles Bodhisattvas possuam os corpos da cor dourada,
as trinta e duas marcas distintivas e inconcebvel luz. Eles residiam sob
o Mundo Saha, no espao vazio pertencente a este mundo118. Ouvindo
o som da voz do Buda Shakyamuni, todos aqueles Bodhisattvas vieram
de baixo.
Cada um daqueles Bodhisattvas era um lder que instrua e conduzia
uma grande multido. Cada um tinha um squito to numeroso quanto
os gros de areia de sessenta mil rios Ganges. Alguns outros tinham um
squito to numeroso quanto os gros de areia de cinquenta mil, quaren-
ta mil, trinta mil, vinte mil, ou mesmo dez mil Rios Ganges. Outros ainda
116. Aqui, os Bodhisattvas Mahasattvas reiteram o seu voto de propagar o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa no mundo
Saha. Isso se d aps a exposio pelo Buda das regras monsticas no Captulo 14 Conduta para a Prtica Bem-sucedida ,
que atenuariam ou at eliminariam os percalos preconizados no Captulo 13 Exortao para Abraar o Sutra.
117. Merece destaque a expresso Dentro deste meu mundo Saha. Neste momento, mesmo diante dos insistentes apelos dos
Bodhisattvas Mahasattvas vindos das terras das outras direes e mesmo diante do seu voto de com um sempre crescente
vigor, proteger, manter, ler, recitar, copiar e fazer oferecimentos a este Sutra e o proclamar longnqua e amplamente atravs
desta terra, o Buda no lhes d a incumbncia de levar a cabo esta tarefa fazendo meno aos numerosos Bodhisattvas Maha
sattvas deste seu mundo Saha. Com relao a esses Bodhisattvas da Terra, o Buda afirma: Aps a minha extino, todos eles
protegero, ostentaro, lero, recitaro e proclamaro vastamente este Sutra.
118. Espao vazio pertencente a este mundo, neste sentido, denota o vcuo impondervel donde emerge a fenomenologia do
mundo trplice. A cincia de hoje, sem poder descrev-lo ou mensur-lo, trata essa dimenso simplesmente como vcuo ou
campo primordial.
119. Essa relao pode ser compreendida imaginando-se uma pirmide; sendo que os mais numerosos e ss so os elementos
que se encontram na base da pirmide, crescendo exponencialmente o squito de seguidores medida que aqueles em
menor nmero ocupam as posies acima da base. No vrtice superior da pirmide, encontra-se o Buda Shakyamuni e
no primeiro nvel abaixo se encontram 4 (quatro) posies ocupadas pelos lderes dos Bodhisattvas da Terra. Imagine-se quatro
esferas justapostas sobre as quais se apoia uma esfera ao centro. Este o Real Pico da guia Sagrada. Aqueles que o galgam
trazem consigo um squito de um inconcebvel nmero de seguidores. Essa a inalienvel funo do Bodhisattva, numa
direo; e o inconcebvel poder do Buda de adentrar este mundo salvando todos os seres.
120. O aparecimento dos Bodhisattvas da Terra suscitou dvidas nos membros da grande assembleia, formada por imensurveis
centenas, milhares, milhes de bodhisattvas; e mesmo nos assistentes dos Budas que eram emanaes do Buda Shakyamuni
e tinham chegado de imensurveis milhares, dezenas de milhares, milhes de terras das outras direes.
121. Quando no captulo sobre o Aparecimento da Torre de Tesouro o Buda purifica as terras bdicas, ele o faz nas 8 (oito) direes,
que vo do estado de inferno ao estado de absoro, nomeadamente: inferno, fome, animalidade, ira, tranquilidade, alegria,
erudio e absoro. Todos esses Budas que so suas emanaes, que se originam destas direes, so Budas transitrios de
terras impuras. As duas direes remanescentes (Bodhisattva e Buda) apontam para o espao vazio sob o mundo Saha,
que tudo detm em sua essncia impondervel. Esses Bodhisattvas da Terra, assim chamados, emergem do mundo do Buda
do remoto passado atravs dos seus poderes transcendentais. Eles residem no estado de pureza absoluta e no poderiam ser
conhecidos ou vistos pelos Budas e Bodhisattvas das 8 (oito) direes, onde toda a fenomenologia transitria e impermanente,
a no ser atravs dos poderes do Buda do tempo sem comeo.
122. Ento, esses Bodhisattvas Mahasattvas somente aceitam manifestar-se como Bodhisattvas nos mundos das oito direes;
ou seja, aqueles Bodhisattvas dos mundos das oito direes, semelhana dos Budas, so emanaes desses Bodhisattvas
Originais, so transitrios e impermanentes.
Na cidade de Gaya,
sentando sob a rvore Bodhi,
alcancei a mais correta iluminao
e girei a suprema Roda da Lei.
Somente ento os ensinei e os converti,
fazendo-lhes pela primeira vez
tomar a deciso pela Via.
Agora todos eles residem na no-regresso
e todos se tornaro Budas.
Agora prego a verdade;
vocs devem compreend-la
com um pensamento nico.
Durante infindveis kalpas,
ensinei e converti essas multides.
No passado,
o Buda do Cl dos Shakyas
deixou o lar e dirigiu-se
prxima cidade de Gaya
para sentar sob a rvore Bodhi,
no passando longo tempo desde ento.
Todos aqueles discpulos do Buda,
incalculveis em seu nmero,
praticaram longamente a Via do Buda
e agora possuem o poder
das penetraes espirituais.
Eles estudaram satisfatoriamente a Via do Buda.
Incorruptveis pelas doutrinas mundanas,
como uma Flor de Ltus flutuando sobre a gua,
eles emergiram da terra.
Todos demonstram comportamentos reverentes,
como se j estivessem estado
diante do Honrado pelo Mundo.
Tal coisa difcil de conceber,
como pode ser compreendida?
123. Esta dvida dos Bodhisattvas das terras das 8 (oito) outras direes presentes na assembleia que suscita a revelao
da durao da vida do Buda no captulo seguinte. Esta uma das grandes revelaes do Sutra de Ltus, descortinando os
ensinos essenciais.
16
124. Este o segredo. Deve-se observar que o Buda refere-se a seres celestiais, humanos e asuras no mundo, ou seja, seres das oito
direes, de onde surgiu a multido de Bodhisattvas presentes na assembleia e liderados por Maitreya. O Buda, nesta passagem,
no se dirige multido de Bodhisattvas que emergiram do espao vazio sob o mundo Saha, cujo aparecimento suscitou a
dvida da grande assembleia. Aqueles, chamados Bodhisattvas da Terra, conhecem a Verdade que est para ser revelada.
128. Naqueles filhos que se encontravam fora de si, surgiu o obstculo da dvida. Este remdio a f na verdade subjacente aos
ensinos deste Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa. O Buda lhe confere atributos fsicos, como cor, fragrncia e sabor,
apenas como um meio hbil para explicar a excelncia do remdio.
129. Semelhante fato ocorre com as pessoas que procuram os verdadeiros ensinos do Buda, encontram-nos neste Sutra, mas
continuam atribuladas com as questes mundanas. Enquanto isto ocorre, o Buda permanece oculto. Isto significa que o nico
Buda que uma pessoa pode ver aquele que reside no espao vazio sob si mesma, em seu prprio mago. Neste sentido,
desejar ver o Buda significa desejar tornar-se um receptculo da Lei (Corpo de Dharma) ou desejar vir a ser Buda
(o Bodhisattva). Este o verdadeiro e nico portal do Grande Veculo, da Via Recproca que, em uma direo, faz penetrar
a sabedoria do Buda e, na direo recproca, representa o advento do Buda neste mundo (03/12/2005 5h30).
130. Nessa passagem, o Buda afirma que o estado de Buda possui, alm do estado de Bodhisattva, os demais estados, estando a sua
terra sempre repleta de seres celestiais e humanos; afinal, neste Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa, o Buda prov a
iluminao de todos os seres de todos os mundos das 10 (dez) direes. Isto sugere que, semelhana do Buda e dos
Bodhisattvas da Terra, os seres celestiais e humanos das 8 (oito) direes so tambm emanaes daqueles que se encontram
na Terra do Buda. Sendo emanaes, no h nascimento, nem extino dos seres e de toda a fenomenologia daqueles mundos
das oito direes. A revelao de que os Budas das oito direes so suas emanaes encontra-se no captulo sobre o
Aparecimento da Torre de Tesouro. Por sua vez, a revelao de que os Bodhisattvas das oito direes so emanaes dos
Bodhisattvas da Terra encontra-se no captulo Emergindo da Terra. Neste captulo sobre A Durao da Vida do Tathagata, est
a revelao de que todos os seres celestiais e humanos das oito direes tambm so emanaes daqueles que se encontram
na Terra Bdica. A partir dessas 3 (trs) revelaes, pode-se entender qual a Verdadeira Entidade de Todos os Fenmenos,
geratriz de toda a fenomenologia das dez direes. Um aspecto dessa entidade revelado no captulo Emergindo da Terra,
quando o Buda, juntamente com os 4 (quatro) lderes dos Bodhisattvas da Terra, forma a clula bsica, que possui a forma
piramidal. Essa clula, ao ser replicada, preenche todo o espao sob a Torre de Tesouro, que tambm piramidal com 500 yojanas
de altura e 50 yojanas de lado. Essa entidade tambm representada pelos dois Budas: o Buda Shakyamuni Original, que o
Buda do estado de Buda e corresponde sabedoria subjetiva; e o Buda Muitos Tesouros ou Buda Taho, que o Buda do estado
de Bodhisattva ou o Portal Original e corresponde realidade objetiva. Esses dois Budas encontram-se sentados na Torre de
Tesouro e representam a Verdadeira Entidade de Todos os Fenmenos. Esses so aspectos que o Buda revela e utiliza como
um meio hbil, pois a compreenso da Verdadeira Entidade de Todos os Fenmenos est para alm do que a razo humana
pode conceber ou ponderar.
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131. Por que tais imensurveis benefcios? Ora, a durao da vida do Buda tal como exposta, estando sempre aqui sem nunca
extinguir-se, revela a inerncia do estado de Buda na vida de todos os seres de todos os mundos em todas as direes.
Esse profundo ensino beneficia indistinta e amplamente incontveis seres viventes, bem como Bodhisattvas Mahasattvas.
132. Por que o Tathagata Muitos Tesouros entrou no Nirvana h muito tempo? Porque ele representa a realidade objetiva. Ele o
Buda do estado de Bodhisattva; portanto, ainda um Buda transitrio. No captulo sobre A Durao da Vida do Tathagata
o Buda afirma: ... quando originalmente pratiquei a Via do Bodhisattva, h muito tempo. Isto me faz crer que o Buda Muitos
Tesouros seja o Buda da sua iluminao original, quando o Buda Shakyamuni originalmente praticou a via do Bodhisattva.
por essa razo que este Buda Muitos Tesouros, ou Buda Taho, vem do infinito passado testemunhar a verdade da iluminao
do Buda Shakyamuni no infinito passado, quando da pregao do Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa, e o faz sempre em
benefcio dessa Verdade exclamando: Excelente! Excelente!
133. Ser um adepto do Budismo e seguir os seus preceitos ainda uma opo pelo Pequeno Veculo. A deciso de vir a ser Buda,
isto sim, uma opo pelo Grande Veculo, uma deciso para a consecuo do Anuttara-Samyak-Sambodhi. O Sutra da Flor de
Ltus da Lei Maravilhosa tem este nico objetivo: despertar nas pessoas o Ideal Supremo, conduzindo-as pela Via Insupervel
rumo ao Anuttara-Samyak-Sambodhi (em 07/12/05 5h30).
134. Significa que os benefcios auferidos atravs da f na eternidade da vida do Buda conduziro uma pessoa infalivelmente
iluminao. Significa ainda que os benefcios da f (na eternidade da vida do Buda) superam em muito os benefcios da prtica.
Esta uma clara distino dos mritos e virtudes deste Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa.
Alm disso,
ela poderia observar puramente
os preceitos proibitivos,
sem falha ou omisso,
buscando a via insupervel,
louvada por todos os Budas.
Ainda, ela poderia praticar a pacincia,
estabelecendo-se no Estado de Complacncia,
e, mesmo que a maldade lhe acontecesse,
seu pensamento no seria perturbado.
Tambm, se aqueles que obtiveram o Dharma,
mas que guardam uma arrogncia desmedida,
ridicularizassem-lhe e atormentassem-lhe,
ela seria capaz de suport-los.
Ela poderia ser diligente e vigorosa,
sempre firme em sua resoluo,
ao longo de ilimitados milhes de kalpas,
com pensamento nico e sem lassido.
E, por incontveis kalpas,
ela poderia residir num lugar tranquilo,
sempre depurando seus pensamentos, em viglia,
quer estivesse sentada ou caminhando.
135. O Buda esclarece que aqueles que perseveram nos ensinos provisrios, incluindo os contidos na primeira parte deste Sutra da
Flor de Ltus da Lei Maravilhosa, como as rigorosas regras monsticas para as prticas dos Bodhisattvas descritas no Captulo 14
Conduta para a Prtica Bem-sucedida , obtero benefcios menores do que os dos bons homens e boas mulheres que o
ouam descrever sobre A durao da Vida do Tathagata e com resoluta f, livres de quaisquer dvidas ou hesitaes, acreditem
ainda que por um momento. Esta revelao da durao da vida do Buda, todavia, est exclusivamente contida nos ensinos
essenciais do Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa, aparecendo pela primeira vez no Captulo 16 A Durao da Vida do
Tathagata. Por essa razo, este Captulo to importante, sendo a prpria descrio original da longussima vida do Buda. Neste
ensino, est a profunda doutrina da possesso mtua (ou do Itinen Sanzen), qual seja a inerncia do estado de Buda em todos
os seres de todos os mundos das dez direes.
136. Refere-se aos Bodhisattvas da Terra do Captulo 15 Emergindo da Terra.
137. Nesta passagem, o Buda faz uma distino entre os imensurveis benefcios auferidos se algum ouvir a respeito da longa
durao da extenso da vida do Buda e compreender a importncia dessas palavras e os auferidos por algum que, alm disso,
possa ouvir este Sutra extensivamente; induzir outros a ouvir; mant-lo para si; induzir outros a mant-lo; copi-lo em si;
induzir outros a copi-lo; ou usar flores, incenso, contas, estandartes, bandeiras, dossis de seda, leos fragrantes ou velas para
fazer oferecimentos a este Sutra. Essa distino fundamental, porque o Buda a faz entre aquele que abraa parte do sutra
(que ouve, acredita e entende a longa durao da vida do Tathagata) e aquele que o abraa na ntegra (que possa ouvir este
Sutra extensivamente), levando a cabo prticas de Bodhisattva (induzir outros a ouvir; mant-lo para si; induzir outros a
mant-lo; copi-lo em si; induzir outros a copi-lo etc..).
141. Primeira distino dos benefcios. Refere-se a escolher este Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa dentre os demais ensinos.
142. Segunda distino dos benefcios. Refere-se a quem elege o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa dentre os outros ensinos
e ainda o propaga e faz-lhe oferecimentos.
143. Terceira distino dos benefcios. Refere-se aos que elegem o Sutra de Ltus dentre os outros ensinos, promovem-no, fazem-lhe
oferecimentos e conduzem-se exemplarmente como descrito.
18
Os mritos e virtudes
da alegre concordncia
Os mritos e virtudes da alegre concordncia
Naquela ocasio, o Bodhisattva Maitreya falou ao Buda, dizendo: Hon-
rado pelo Mundo, se um bom homem ou uma boa mulher ouvir este Sutra
da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa e alegrar-se em concordncia com ele,
quantas bnos ele ou ela obter?
Ele, ento, disse este verso:
144. Uma vez que o Buda est referindo-se ao Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa,pai, me, parentes, bons amigos e familiares
podem ser compreendidos como a primeira linhagem do squito de um Bodhisattva da Terra; haja vista ser este Bodhisattva
da Terra um mortal comum da era aps a extino do Tathagata.
145. Corresponde aqui aos 6 (seis) mundos inferiores (do estado de inferno ao estado de alegria).
146. Estes so os quatro tipos de nascimentos, ou as quatro formas atravs das quais os seres viventes vm a existir.
147. Na ordem: Srotaapanna morre e renasce sete vezes e, finalmente, alcana o estado de Arhat; Sakridagamim ascende aos
cus (depois da morte), regressa uma vez mais terra e obtm, ento, o estado de Arhat; Anagamim no fim da vida ascende
ao 19o paraso e alcana o estado de Arhat; Arhat um santo capaz de viajar pelo espao e assumir diferentes formas. Sua
vida eterna e representa o ltimo estgio alcanado atravs das prticas dos ensinos que tratam dos aspectos transitrios
dos fenmenos. Na ordem, seguem os ensinos que incorporam os aspectos da no-substancialidade aos da transitoriedade.
Finalmente, seguem os ensinos que incorporam o conceito do caminho mdio aos aspectos da no-substancialidade e da
transitoriedade.
148. Nesta passagem o Buda faz a distino entre todos os mritos e virtudes auferidos por aquele filantropo que proporcionou aos
incontveis seres viventes em quatro milhes de kotis de asamkhyas de mundos alcanarem o estado de Arhat, beneficiados
pelos ensinos provisrios; e os benefcios auferidos por uma nica quinquagsima pessoa que ouve apenas um verso do Sutra
da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa (um ensino para instruir Bodhisattvas) e o aceita com alegria. Por que os mritos e virtudes
auferidos por aquele filantropo no superam aqueles de uma quinquagsima pessoa que ouve apenas um verso do Sutra da
Flor de Ltus da Lei Maravilhosa e o aceita com alegria? Ora, porque aqueles ensinos dirigidos para os seres dos seis mundos
no os conduzem Budeidade. Conduzem, quando muito, ao mundo celestial, sendo esses caminhos ainda dominados pela
transitoriedade e pela impermanncia de todos os fenmenos, at atingir o estado de Arhat (aquele que venceu os inimigos,
venceu os demnios do nascimento, da velhice, da doena e da morte, atravs das prticas do pequeno veculo; ou seja, atravs
das prticas para si). Estamos falando da transposio do ciclo da vida e da morte que aprisiona os seres dos seis mundos para
o nirvana provisrio. Este estado de Arhat tambm chamado de estado de erudio ou Ouvinte, stimo estado ou o primeiro
dos quatro nobres caminhos (Erudio, Absoro, Bodhisattva e Buda).
149. Nesta passagem, o Buda faz a distino dos mritos e virtudes para aquele que, alm de encorajar outros a ouvir a Lei, em
pensamento nico, ouve os ensinamentos, l e recita-os e, na grande assembleia, expem-nos em detalhes para outros e
pratica de acordo com os preceitos. Faz essa distino ainda que os mritos e virtudes daqueles que exortam uma pessoa a ir
ouvir a Lei j sejam imensuravelmente grandes, tais como descritos neste captulo.
150. Esta a Lei do Nirvana. Pode-se depreender desta passagem que este grande filantropo o prprio Buda em suas pregaes
anteriores ao Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa, nos seus oitenta anos de pregao dos ensinos provisrios. Percebe-se
tambm ser essa Verdadeira Lei do Nirvana um ensino em prol do Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa, ou um mero meio
hbil para conduzir os seres viventes ao Grande Veculo.
151. Esta uma clara distino entre os benefcios auferidos atravs da apreenso da Lei do Nirvana, que em termos do Sutra de
Ltus ainda um ensino provisrio; e aqueles auferidos atravs da aceitao com alegria de um nico verso do Sutra da Flor
de Ltus da Lei Maravilhosa pela quinquagsima pessoa que o ouve em propagao, e mais ainda por aquele que foi o primeiro
a ouvi-lo e alegrou-se.
152. Num crescendo dos benefcios, o Buda ainda faz distino entre os que ouvem o sutra em primeira mo e respondem com
alegria e aqueles que, ao ouvi-lo no local onde a Lei exposta, encorajam outro a sentar-se e ouvir. Se assim so os benefcios
destes ltimos, quanto mais se uma pessoa em pensamento nico oua e exponha o significado do Sutra praticando-o como
ele ensina, conclui.
19
Os mritos e virtudes
do Mestre da Lei
Os mritos e virtudes do Mestre da Lei
Naquela ocasio, o Buda disse ao Bodhisattva Mahasattva Sempre Vigo-
roso: Se um bom homem ou uma boa mulher receber e ostentar o Sutra
da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa, seja lendo-o, recitando-o, explicando-o
para outros ou copiando-o; aquela pessoa obter oitocentas virtudes meri-
trias dos olhos, mil e duzentas virtudes meritrias dos ouvidos, oitocentas
virtudes meritrias do nariz, mil e duzentas virtudes meritrias da lngua,
oitocentas virtudes meritrias do corpo e mil e duzentas virtudes merit-
rias da mente. Atravs dessas virtudes meritrias, ela adornar as suas seis
faculdades sensitivas, tornando-se inteiramente pura.
Este bom homem ou mulher, purificando dessa forma os olhos fsicos
comuns com os quais ele ou ela foi dotado no nascimento, ver atravs dos
trs mil grandes sistemas de mil mundos, dentro e fora, todas as monta-
nhas, florestas, rios e mares, abaixo at o inferno Avichi e acima at o Pico da
Existncia. Tal pessoa tambm ver todos os seres viventes ali, bem como
suas causas e relaes crmicas, recompensas e retribuies e circunstn-
cias do nascimento. Todas essas coisas ela ver e entender.
Naquela ocasio, o Honrado pelo Mundo, desejando enfatizar este sig-
nificado, falou versos, dizendo:
E assim prosseguindo,
encontrando os cus Brahma,
aqueles que entram no samadhi Dhyana
e aqueles que o deixam,
sentindo seus odores,
ele conhecer a todos.
Os Cus de Suaves Sons e de Pureza Penetrante,
at o Pico da Existncia,
153. Com os benefcios da mente, essa pessoa na sua forma presente conhecer as Leis superiores, medianas e inferiores. Se ela
ouvir no mais que um verso, compreender ilimitados significados e os pregar em plena concordncia com a Lei, entenden
do as caractersticas de todos os fenmenos. Essa pessoa, dotada dos benefcios dos demais rgos sensoriais do corpo e da
mente aqui descritos, reputada pelo Buda como Mestre da Lei, pois o que esta pessoa diz a Lei dos Budas anteriores e,
em razo de ela expor em acordo com esta Lei, ela o faz destemidamente na assembleia. O Buda ainda afirma Embora ele
ainda no tenha atingido a sabedoria sem falhas, ele j possuir as marcas acima descritas. Ao conjunto de benefcios auferidos
pelo Mestre da Lei, e expostos acima, podemos nos referir como atingir a iluminao na forma presente.
20
O Bodhisattva Sem-desprezo
O Bodhisattva Sem-desprezo
Naquela ocasio, o Buda disse ao Bodhisattva Mahasattva Grande Fora:
Voc deve saber que se algum injuria, insulta ou difama um Monge, Mon-
ja, Leigo ou Leiga que ostenta o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa
incorrer em crime pela grande ofensa, recebendo a retribuio conforme
descrito anteriormente. As virtudes meritrias obtidas atravs dos olhos,
ouvidos, nariz, lngua, corpo e mente do portador do Sutra da Flor de Ltus
da Lei Maravilhosa so tambm como descrito acima154.
Grande Fora, certa vez, h ilimitados, incomensurveis, inconcebveis
asamkhyas de kalpas, existiu um Buda chamado Tathagata Rei do Som
Maravilhoso, Merecedor de Ofertas, de Conhecimento Correto e Universal,
de Conduta e Clareza Perfeitas, um Bem-aventurado que Compreende o
Mundo, Senhor Supremo, Heri Disciplinado, Mestre de Seres Celestiais e
Humanos, Buda, Honrado pelo Mundo. Seu kalpa era chamado Isento de
Decadncia e seu pas era chamado Grande Conquista.
Naquela terra, o Buda Rei do Som Maravilhoso pregou a Lei para se-
res celestiais, humanos e asuras. queles que buscavam tornar-se Ouvintes,
ele pregou a Lei das Quatro Nobres Verdades para que transcendessem o
nascimento, a velhice, a doena e a morte, alcanando o ltimo Nirvana.
queles que buscavam tornar-se Pratyekabudas, ele pregou a Lei das Doze
Causas e Relaes. Aos Bodhisattvas, no intuito de conduzi-los ao Anutta-
ra-Samyak-Sambodhi, ele pregou a Lei dos Seis Paramitas, que culmina na
sabedoria do Buda.
Grande Fora, o Buda Rei do Som Maravilhoso tinha a durao da vida
equivalente a kalpas iguais em nmero aos gros de areia de quarenta mi-
rades de kotis de nayutas de Rios Ganges. A sua Lei Correta permaneceu no
mundo durante kalpas iguais em nmero s partculas de p de um con-
tinente Jambudvipa. A sua Lei Adulterada permaneceu no mundo durante
kalpas iguais em nmero s partculas de p de um conjunto de quatro
continentes. Aps beneficiar os seres viventes, ele passou extino.
Aps as suas Leis Correta e Adulterada tornarem-se completamente ex-
tintas, surgiu ainda um outro Buda naquele pas, tambm chamado Tathaga-
ta Rei do Som Maravilhoso, Merecedor de Ofertas, de Conhecimento Correto
e Universal, de Conduta e Clareza Perfeitas, um Bem-aventurado que Com-
154. Ficam claras ento, atravs das circunstncias que cercam a existncia de um ser vivente, as relaes estabelecidas com este
Sutra nas existncias anteriores. As retribuies ou recompensas manifestas na vida de um ser so marcas distintivas das suas
causas e relaes passadas com este Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa.
155. Prevalecia, ento, a ideia de privilgios entre os crentes, com base em conhecimentos e prticas. Isto se devia s distines
atribudas aos Trs Veculos. Essas distines estabeleciam classes de crentes, uns se achando superiores aos outros em
conhecimento e, muitas vezes, achando-se mais capazes de atingir a iluminao do que seus semelhantes. Se esses Monges
de grande arrogncia existiram aps o primeiro Tathagata Rei do Som Maravilhoso ter passado extino, presume-se que
se tratava do incio de uma sucesso de vinte mil kotis de Budas com esse mesmo nome.
156. Brilho da Chama do Sol e da Lua o nome do Buda da exposio original do Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa.
157. Aqui,tantos Budas quanto aqueles citados indica tambm as pessoas comuns s quais este Bodhisattva sempre fez reverncia.
Portanto, servir a um vasto nmero de Budas, segundo este Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa, significa fazer reverncia,
honrar e louvar todos os seres. Esta revelao, certamente, constitui um dos mais profundos segredos deste sutra. Encontrar
um Buda neste mundo extremamente raro. Ento, como servir a incontveis Budas para somente ento atingir a iluminao?
Este um longo caminho que exigiria incontveis kalpas para se atingir a iluminao. Este Sutra da Flor de Ltus da Lei
Maravilhosa, todavia, revela o caminho curto atravs desta passagem. Servir a incontveis Budas uma tarefa que pode ser
levada a cabo numa existncia momentnea da vida, basta para isso enxergar o Buda que existe inerentemente em todos os
seres, reverenci-lo e louv-lo. Isto estar sendo feito ao expor e ensinar este Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa por
toda a parte, a todos os seres, revelando-lhes que, infalivelmente, tornar-se-o Budas. Mesmo seres insensveis, aos quais no
cabe ensinar o sutra, podero ser beneficiados uma vez o sutra lhes seja exposto.
158. To rapidamente em comparao com a necessidade de incontveis kalpas para se atingir a iluminao atravs dos Trs
Veculos praticados por aqueles Monges de grande arrogncia. O Veculo nico o caminho curto seguido pelo Buda
Shakyamuni desde o infinito passado.
159. So os trs tesouros do Budismo: O Buda, a Lei e a Sangha.
160. Esses Monges so como o Grande Peixe, que, enredado nas malhas dos ensinos provisrios, debatendo-se, acaba por agarrar-se
na singela linha do Pescador Benevolente. Dando praia, esse Pescador Benevolente, com a ajuda do seu filho, cuidar de
libert-lo das amarras e grilhes que o ferem e o aprisionam, devolvendo-lhe s guas para recuperar-se da sua fadiga e
ferimentos. Por mais que o Grande Peixe desejasse demonstrar a sua gratido dando praia novamente para fazer ofereci
mentos ao Pescador Benevolente e seu filho, este lhe devolveria sempre s guas para, junto dos demais, levar adiante a sua
funo existencial. Perguntado sobre seu nome, o Grande Peixe respondeu: Monge. Meu nome Monge. O Grande Peixe
aquele Monge que caluniou o Bodhisattva Sem-Desprezo, a tnue e singela linha o ensino do Grande Veculo, difcil de en
contrar, e o Pescador Benevolente o advento do Buda neste mundo, cujo propsito libertar todos os seres viventes das
amarras e grilhes dos ensinos inferiores (em 30/05/2006 3h30).
Naquela ocasio,
a Assembleia dos Quatro Tipos de Crentes
era apegada Lei.
O Bodhisattva Sem-Desprezo
aproximava-se deles e dizia-lhes:
No ouso desprez-los,
porque vocs esto praticando a Via
e tornar-se-o Budas.
Ouvindo aquilo, eles desprezaram-no,
caluniaram-no e insultaram-no;
mas o Bodhisattva Sem-Desprezo resistiu a tudo.
Quando sua punio acabou,
ao final da sua vida, ele veio a ouvir este Sutra
e as suas seis faculdades sensitivas
foram purificadas161.
Atravs do poder das penetraes espirituais,
sua durao de vida foi acrescida
e, em benefcio dos outros,
ele vastamente pregou este Sutra.
As multides, que viviam apegadas Lei,
receberam os ensinamentos deste Bodhisattva
e foram levadas a residir
na Via do Buda com sucesso.
161. Nomeadamente, correspondem s purificaes dos seus olhos, ouvidos, nariz, lngua, corpo e mente, expostas no Captulo 19
Os Mritos e Virtudes do Mestre da Lei.
162. Como fica constatada nesta passagem, a adeso Lei no se deve compreenso da mesma, mas a um ato de pura f. Dentre
os quatro tipos de crentes, aqueles que ouviram e tiveram pura f no Bodhisattva Sem-Desprezo ao dizer Vocs tornar-se-o
Budas criaram as causas para encontrarem numerosos Budas.
163. Budas, neste contexto, so os Budas vistos pelo Bodhisattva Sem-Desprezo em quaisquer pessoas que encontrasse. Este
captulo sobre o Bodhisattva Sem-Desprezo segue uma longa exposio do Buda sobre a severa retribuio recebida por
aqueles que insultam, falam mal ou caluniam o devoto do Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa; e tambm sobre os
benefcios auferidos por aqueles que o abraam. Por qu? Entende-se que, sob o rigor da Lei, este sutra faz distines entre
os benefcios ou as retribuies, mas no faz distines entre as pessoas e os seres em geral. Ao se fazerem distines entre
os seres, fere-se o exato mago deste Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa, tornando impossvel para aqueles que as fazem
agir como o Bodhisattva Sem-Desprezo. A prova disto est que mesmo os quatro tipos de crentes que desprezaram
constantemente o Bodhisattva Sem-Desprezo encontram-se agora na assembleia onde pregado o Sutra da Flor de Ltus da
Lei Maravilhosa. Um verdadeiro Mahasattva ou Bodhisattva do ensino de Ltus ser capaz de fazer distines entre as retribuies
ou benefcios recebidos por cada um dos seres, bem como as causas e relaes que cercam suas vidas. No far, entretanto,
distines entre os seres. Este um ensino sutil. Este Bodhisattva tratar equanimemente todos os seres, encontrando e
reverenciando os incontveis Budas que repousam na natureza intrnseca de todos aqueles seres. Na verdade, s nos
encontramos com este Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa em razo das causas e relaes estabelecidas com este
Bodhisattva Sem-Desprezo no passado. Representamos tambm a sua funo neste mundo ao abraarmos este profundo
ensino. A essncia da vida das pessoas e de todos os seres inequivocamente boa porque possuem a natureza de Buda. Ms
podero ser as causas ou relaes que determinam a sua funo existencial. Deve-se compreender a prpria vida sob esta
tica, e nunca mais vir a pensar que diferente. Assim eu ouvi: V para o jardim e voc encontrar o Buda Dgua. Depois de
encontr-lo, voc o ver por toda a parte (em 17/02/2006 3h).
21
Os poderes espirituais
do Tathagata
Os poderes espirituais do Tathagata
Naquela ocasio, os Bodhisattvas Mahasattvas, numerosos como as par-
tculas de p de mil mundos e que haviam emergido da terra, na presena
do Buda, em pensamento nico, com as palmas das mos unidas, fitaram
fixamente o Buda e falaram-lhe: Honrado pelo Mundo, aps a extino do
Buda, nas terras onde houver emanaes do Buda, nos lugares onde ele tiver
passado extino, pregaremos extensivamente este Sutra. Por qu? Porque
ns tambm desejamos obter esta verdadeira, pura e grande Lei, receb-la,
ostent-la, l-la e recit-la, explic-la, copi-la e fazer-lhe oferecimentos.
Naquela ocasio, na presena de Manjushri e outros, ilimitadas cente-
nas de milhares de mirades de kotis de Bodhisattvas Mahasattvas que h
longo tempo residiam no mundo Saha, bem como dos Monges, Monjas,
Leigos, Leigas, seres Celestiais, Drages, Yakshas, Gandharvas, Asuras, Garu-
das, Kinnaras, Mahoragas, Humanos, no-Humanos, e assim por diante; o
Honrado pelo Mundo manifestou grandes poderes espirituais.
Ele estendeu sua vasta e longa lngua at alcanar os cus Brahma. De
todos os seus poros, ele emitiu luzes de ilimitadas, incontveis cores, cujo
poder de penetrao iluminou os mundos das dez direes. Da mesma for-
ma, todos os Budas sentados nos seus tronos de leo sob as rvores de joias
estenderam suas vastas e longas lnguas e emitiram ilimitadas luzes. Aps
o Buda Shakyamuni e os Budas sentados sob as rvores de joias terem ma-
nifestado seus poderes espirituais durante cem mil anos164, eles recolheram
suas lnguas. Ento, eles tossiram e estalaram seus dedos e aqueles dois sons
por eles produzidos penetraram os mundos Bdicos das dez direes.
A terra tremeu de seis formas diferentes e os seres viventes naqueles
mundos, sejam seres Celestiais, Drages, Yakshas, Gandharvas, Asuras, Ga-
rudas, Kinnaras, Mahoragas, Humanos, no-Humanos, e assim por diante;
atravs dos poderes espirituais do Buda, todos viram, no mundo Saha, os
ilimitados, incomensurveis centenas de milhares de mirades de kotis de
Budas sentados em tronos de leo sob as rvores de joias. Eles tambm
viram o Buda Shakyamuni junto com o Tathagata Muitos Tesouros senta-
dos no trono de leo dentro da Torre de Tesouro. Alm disso, eles viram
ilimitadas, incomensurveis centenas de milhares de mirades de kotis
de Bodhisattvas Mahasattvas, bem como as Assembleias dos Quatro Ti-
164. A nossa galxia, a Via Lctea, tem a sua extenso maior estimada em cem mil anos luz. Isto significa que os raios de luz emitidos
pelo Buda Shakyamuni e suas emanaes, pelo perodo de cem mil anos, abrangeriam toda a galxia chamada Via Lctea, com
seus bilhes de estrelas e incontveis mundos em todas as direes.
165. Neste caso, o que nunca haviam possudo antes significa os olhos Bdicos: viram no mundo Saha. O que o Buda revela nesta
passagem a sua iluminao original, a iluminao de suas emanaes e de todos os seres viventes naqueles mundos.
Evidentemente, aqueles seres viram tal incontvel nmero de Bodhisattvas e Mahasattvas por uma imposio da reciprocidade
da via de Buda. Este poder do Buda decorre da virtude revelada no Captulo Vinte O Bodhisattva Sem-Desprezo.
166. Significa que a pessoa que promove o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa esteve presente na pregao original e um
discpulo original do Buda Shakyamuni.
22
A transmisso
A transmisso
Naquela ocasio, o Buda Shakyamuni levantou-se de seu trono da Lei
e manifestou grandes poderes espirituais. Com sua mo direita, ele tocou
o topo da cabea de ilimitados Bodhisattvas Mahasattvas e disse: Atravs
de ilimitadas centenas de milhares de mirades de kotis de asamkhyas de
kalpas, eu tenho cultivado e praticado a rara Lei do Anuttara-Samyak-Sam-
bodhi. Eu agora a transmito a todos vocs. Devem, com um pensamento
nico, propagar esta Lei, fazendo-a disseminar extensivamente.
Dessa forma, ele tocou o topo da cabea dos Bodhisattvas Mahasattvas
por trs vezes dizendo: Atravs de ilimitadas centenas de milhares de mir-
ades de kotis de asamkhyas de kalpas, eu tenho cultivado e praticado a rara
Lei do Anuttara-Samyak-Sambodhi. Eu agora a transmito a todos vocs. De-
vem receber, ostentar, ler, recitar e proclamar vastamente esta Lei, fazendo
com que todos os seres viventes ouam-na e compreendam-na167.
Por que razo? O Tathagata grandemente piedoso e compassivo, sem
mesquinhez e sem receio. Ele capaz de conceder aos seres viventes a sa-
bedoria do Buda, a sabedoria do Tathagata e a sabedoria que vem por si
mesma168. O Tathagata um grande anfitrio dadivoso para todos os seres
viventes. Sendo assim, todos devem estudar adequadamente as Leis do Ta-
thagata e nunca se tornarem mesquinhos169.
No futuro, se houver um bom homem ou uma boa mulher que creia na
sabedoria do Tathagata, deve expor o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravi-
lhosa para aquela pessoa, fazendo a pessoa ouvir, compreender e obter a
sabedoria do Buda. Se houver seres viventes que no creiam ou aceitem-na,
deve instru-los com alguma outra das profundas Leis do Tathagata, benefi-
ciando-lhes e fazendo-lhes alegrarem-se. Se puder fazer isto, j ter retribu-
do benevolncia dos Budas.
Quando os Bodhisattvas Mahasattvas ouviram as palavras do Buda, uma
alegria em profuso permeou os seus corpos. Com crescente reverncia, eles
curvaram suas cabeas, juntaram as palmas das suas mos, fitaram o Buda
e disseram em unssono: Ns, reverentemente, cumpriremos as ordens do
167. Neste ato, o Buda Shakyamuni faz a Transmisso da rara Lei do Anuttara-Samyak-Sambodhi (iluminao suprema e perfeita),
aos incontveis Bodhisattvas Mahasattvas presentes.
168. Refere-se sabedoria de Buda infinitamente profunda e imensurvel. Uma sabedoria que excede a razo humana e que,
atravs desta, no pode ser alcanada. Por isso, vem por si mesma, emanando daqueles que alcanam a iluminao do Buda.
169. ... nunca se tornarem mesquinhos. A sabedoria e o mrito so atributos que somente o Buda pode conferir a um Bodhisattva,
neste caso, um mortal comum. Esses atributos esto alm daquilo que a razo humana possa conceber, entender ou relacionar
com as coisas do mundo trplice. Nutrir sentimentos de avareza e inveja significa, num sentido, relacionar os atributos da Lei
com os valores mundanos. A inveja e a avareza so tambm as inspiraes dos que buscam a fama e a fortuna, ferindo o exato
mago deste Sutra.
170. Atravs deste voto solene, os Bodhisattvas Mahasattvas recebem a Transmisso da Lei pelo Buda Shakyamuni.
A transmisso 317
Captulo
23
Os feitos passados do
Bodhisattva Rei da Medicina
Os feitos passados do Bodhisattva
Rei da Medicina
Naquela ocasio, o Bodhisattva Rei da Constelao Flor falou ao Buda,
dizendo: Honrado pelo Mundo, como que o Bodhisattva Rei da Medici-
na171 transita atravs do mundo Saha? Honrado pelo Mundo, o Bodhisattva
Rei da Medicina tem empreendido muitas centenas de milhares de mira-
des de kotis de nayutas de rduas prticas, to difceis de levar a cabo. Seria
excelente, Honrado pelo Mundo, se vs concordsseis em explicar um pou-
co172. Ouvindo isto, todos os seres Celestiais, Drages, Yakshas, Gandharvas,
Asuras, Garudas, Kinnaras, Mahoragas, Humanos, no-Humanos, e assim por
diante, e os Bodhisattvas que vieram de outras terras, bem como a assem-
bleia de Ouvintes, alegrar-se-iam.
O Buda, ento, disse ao Bodhisattva Rei da Constelao Flor: Certa vez,
h muitos kalpas, comparveis em nmero aos gros de areia de ilimitados
Rios Ganges, existiu um Buda chamado Pura Virtude e Brilhante como o Sol
e a Lua, Tathagata, Merecedor de Ofertas, de Conhecimento Correto e Uni-
versal, de Clareza e Conduta Perfeitas, um Bem-Aventurado que Compreen-
de o Mundo, Senhor Supremo, Heri Disciplinado, Mestre de Seres Celestiais
e Humanos, Buda, Honrado pelo Mundo. Aquele Buda tinha oitenta kotis de
grandes Bodhisattvas Mahasattvas e uma grande assembleia de Ouvintes,
iguais em nmero aos gros de areia de setenta e dois Rios Ganges. A dura-
o da sua vida como Buda foi de quarenta e dois mil kalpas. A durao da
vida daqueles Bodhisattvas foi a mesma. Em sua terra, no havia diferentes
gneros, seres infernais, espritos famintos, animais ou asuras, e assim por
diante, no existindo tambm dificuldades. O cho era liso e plano como a
palma de uma mo, feito de vaidurya, adornado com rvores de joias, co-
berto com cortinas de joias e belos estandartes. Essa terra era rodeada por
preciosos vasos e incensrios em toda a parte. Havia terraos feitos das sete
gemas preciosas, um terrao para cada rvore, sendo as rvores separadas
dos terraos por uma distncia de um voo de flecha. Sob cada rvore, senta-
vam Bodhisattvas e Ouvintes. Sobre cada um dos terraos, encontravam-se
centenas de kotis de seres celestiais tocando msicas celestiais e cantando
louvores ao Buda como um oferecimento.
171. O presente o futuro do passado. Sendo assim, todos os Budas pretritos encontram-se aqui, no absoluto repouso de seu
parinirvana, um estado de absoluta pureza. Homenagem aos Budas pretritos.
172. Esta a questo central deste captulo, pois o Bodhisattva Rei da Medicina, em retribuio aos dbitos de gratido, por ter
ouvido o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa, imolou-se perante o Buda Pura Virtude e Brilhante como o Sol e a Lua como
um oferecimento.
Tendo dito este verso, ele disse ao seu pai: O Buda Pura Virtude e Bri-
lhante como o Sol e a Lua ainda est presente desde o passado. Anterior-
mente, aps fazer um oferecimento ao Buda, obtive o samadhi da compre-
enso da fala de todos os seres viventes. Alm disso, ouvi o Sutra da Flor de
Ltus da Lei Maravilhosa com os seus oitocentos mil mirades de kotis de
nayutas de kankaras, vivars, akshobhyas, e assim por diante, de versos. Gran-
de Rei, devo agora retornar e fazer oferecimentos para este Buda.
Dito isto, ele sentou numa plataforma feita dos sete tesouros, iou-se
no espao a uma altura de sete rvores sala, foi presena do Buda, curvou-
se com a sua cabea aos ps do Buda, juntou seus dez dedos e disse este
verso em louvor ao Buda:
175. Essas oitenta e quatro mil urnas com as cinzas do Buda, juntamente com as oitenta e quatro mil torres que as abrigam,
constituem os oitenta e quatro mil caracteres do Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa. No Captulo Onze O Aparecimento
da Torre de Tesouro, o Buda afirma: Dentro desta Torre de Tesouro, encontra-se o corpo completo do Tathagata, significando
que o Sutra de Ltus completo encontra-se dentro de cada um dos seus caracteres. Ainda naquele captulo o Buda diz: ... onde
quer que o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa seja pregado, a Torre de Tesouro com seu corpo completo (do Tathagata)
emerge da terra diante daquele que est pregando e exprime louvores dizendo: Excelente! Excelente!.
176. Aquele que no passado, como Bodhisattva Alegremente Visto Por Todos os Seres, sob a Lei do Sutra da Flor de Ltus da Lei
Maravilhosa exposta pelo Buda Pura Virtude e Brilhante como o Sol e da Lua, foi capaz de alcanar o samadhi em que se pode
manifestar quaisquer formas fsicas. Evidentemente, seu nome faz referncia quele capaz de manifestar, regenerar ou
reconstituir quaisquer formas fsicas por transformao: Rei da Medicina.
177. Porque o corpo completo do Buda est contido em cada caractere do Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa.
178. O samadhi em que se pode manifestar quaisquer formas fsicas obtido pelo Bodhisattva Rei da Medicina, por si s, constitui um
remdio para todos os males advindos da matria, como a dor, a doena, a velhice, a morte e muitos outros sofrimentos
relacionados com as formas fsicas. Quanto mais no deve ser louvado o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa, capaz de
libertar os seres de todos os sofrimentos, tanto os da matria como os do esprito, rompendo o ciclo do nascimento e da morte.
179. Eis uma das mais severas admoestaes do Buda no que se refere propagao do Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa na
era posterior. Neste caso, o Buda faz uma aluso especfica a este captulo sobre os feitos passados do Bodhisattva Rei da
Medicina em retribuio gratido pela obteno do samadhi em que se podem manifestar todas as formas fsicas, que foi
inteiramente devida ao fato do Bodhisattva Alegremente Visto Por Todos os Seres (presente Bodhisattva Rei da Medicina)
ter ouvido o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa.
180. Refere-se ao Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa como o excelente remdio que cura as pessoas que o ouvem de todas
as doenas. Deve-se atentar para o significado da palavra medicina neste contexto: significa remdio, poder de cura, e no
propriamente uma prtica profissional.
181. O fato de o Bodhisattva Rei da Constelao Flor ser louvado pelo Tathagata Muitos Tesouros, que se encontrava no interior da
sua Torre do Tesouro, confere mritos distintivos a este Bodhisattva pela questo que ele colocou e a este captulo no contexto
do Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa por beneficiar ilimitados seres viventes.
24
182. Significa que se trata de um meio hbil, um efeito produzido pelos poderes do Buda para ensinar a Lei.
183. Afirma-se ser 84.000 o nmero de caracteres do Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa, podendo entender-se que Som
Maravilhoso o seu ttulo, isto , o lder desse squito.
184. Faz uma clara referncia a um quinto elemento (kuu), significando a harmonia entre os outros quatro elementos (terra, ar,
fogo, gua).
185. Esta uma outra traduo para o mundo Saha. Traduz-se tambm como Mundo da Tolerncia.
187. Este samadhi, tambm chamado Flor de Ltus da Lei Maravilhosa, e que permite manifestar todos os tipos de corpos, o
mesmo que no passado permitiu ao Bodhisattva Alegremente Visto Por Todos os Seres manifestar quaisquer formas fsicas,
aps a exposio do Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa pelo Buda Pura Virtude e Brilhante como o Sol e a Lua. Este
Bodhisattva Virtude da Flor do presente Captulo 24, foi no passado o Buda Pura Virtude e Brilhante como o Sol e a Lua do
Captulo 23 e ser o Buda Pura Virtude e Brilhante como o Sol e a Lua do Captulo 23 do futuro e que retransmitir este
samadhi para o Bodhisattva Alegremente Visto por Todos os Seres do futuro, hoje Bodhisattva Rei da Medicina. Este Bodhisattva
Som Maravilhoso, transposto do remoto passado graas aos poderes transcendentais do Buda, que j serviu e fez oferendas a
um imensurvel nmero de Budas e que h muito plantou razes de virtude e encontrou centenas, milhares, dezenas de
milhares, milhes de nayutas de Budas iguais em nmero s areias do rio Ganges; o prprio Buda Shakyamuni do presente,
dando consistncia do princpio ao fim. Este poder manifestado pelo Buda Shakyamuni a Verdadeira Possesso Mtua e este
samadhi e dharani chamado Flor de Ltus da Lei Maravilhosa Myoho-Rengue-Kyo a Verdadeira Entidade de Todos os
Fenmenos. Os oitenta e quatro mil Bodhisattvas que acompanham o Bodhisattva Som Maravilhoso so os oitenta e quatro mil
caracteres do Sutra Ltus. Cada um desses caracteres, sendo um Bodhisattva, possui a natureza inerente de Buda, significando
que o samadhi desse Bodhisattva Som Maravilhoso abrange todo o sutra. Mais ainda, a entonao do mantra-dharani chama
do Flor de Ltus da Lei Maravilhosa (Myoho-Rengue-Kyo) corresponde a entoar o Sutra de Ltus em sua ntegra.
188. Flor de Ltus da Lei Maravilhosa o prprio ttulo deste sutra que em snscrito se denota por Saddharma-Pundarka. Quan
do acrescido da palavra (Sutra) da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa, torna-se Saddharma-Pundarka Sotaram, que, em caracteres
chineses, traduz-se por Myoho-Rengue-Kyo.
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189. Aparecendo em algumas tradues como Passagem, esse termo traduzido do original chins para o ingls como gate e
para o japons como fumon; em ambos os casos, significa porto. Entendo que a traduo mais apropriada para o portugus
seja portal, que incorpora um significado mais elevado. Um portal, ou porto, pressupe a passagem nos dois sentidos e isto
faz a diferena. Um Bodhisattva Mahasattva do Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa no um mero aspirante do Anuttara-
Samyak-Sambhodi (num sentido da passagem pelo portal); mas ele incorpora tambm a aspirao do Buda de conduzir
todos os seres para o Anuttara-Samyak-Sambhodi (no sentido inverso da passagem). Isto , a funo do Bodhisattva Mahasattva
do Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa tambm a de um portal de entrada do Buda neste mundo Saha. Essa a razo
do advento de um Bodhisattva deste Sutra de Ltus, sendo este o Veculo nico da salvao de todos os seres, mas tambm
Veculo nico das Prticas Benevolentes do Honrado pelo Mundo e dos seus Poderes Transcendentais.
190. Diversas so as formas de invocar o seu nome: Namu Avalokitesvara Bodhisattva (snscrito), Namu Guanshiyin Bossatsu
(chins), Namu Kanzeon Bossatsu (japons), Homenagem ao Bodhisattva Contemplador dos Sons do Mundo (portugus),
uma vez que este Bodhisattva possui o Samadhi da compreenso dos sons emitidos por todos os seres viventes. Uma outra
forma de invoc-lo atravs do nome do Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa, o qual lhe concedeu os poderes aqui
descritos. Este Bodhisattva considerado a funo da Compaixo do Buda. No Captulo 10 Os Mestres da Lei , o Buda
admoesta o Bodhisattva Rei da Medicina sobre os quesitos para aqueles que queiram expor o Sutra de Ltus aps a sua
extino: Este bom homem ou boa mulher dever entrar no quarto do Tathagata, vestir os robes do Tathagata, sentar no trono
do Tathagata e somente ento expor este Sutra em prol da Assembleia dos Quatro Tipos de Crentes. O Quarto do Tathagata
o sentimento de grande compaixo para com todos os seres viventes. Portanto, a compaixo a primeira condio para o
acesso a esse Portal e representada por este Bodhisattva Contemplador dos Sons do Mundo.
191. Este Bodhisattva Contemplador dos Sons do Mundo possui o samadhi da manifestao de todas as formas fsicas possudo
pelo Bodhisattva Som Maravilhoso do Captulo 24 e pelo Bodhisattva Rei da Medicina do Captulo 23. Este samadhi, obtido
pelo Bodhisattva Virtude da Flor, chama-se (Sutra da) Flor de Ltus da Lei Maravilhosa ou Saddharma-Pundarka (Sotaram) em
snscrito ou Myoho-Rengue-(Kyo) em caracteres chineses.
192. O que lemos nos versos acima descortina trs profundos significados. Primeiro, um Bodhisattva do Mahayana Verdadeiro
(Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa) possui poderes para salvar os seres viventes de todas as suas angstias e aflies.
Como esses poderes transcendentais so atributos do Buda, isto significa que este Bodhisattva manifesta a natureza de Buda
dentro de si. Segundo, todos os seres sensveis e insensveis possuem inerentemente os dez estados, do estado de inferno ao
estado de Buda, sendo este o Samadhi que confere a este Bodhisattva o poder da manifestao de todas as formas fsicas nas
dez direes para cumprir a sua funo de ensinar e salvar a todas as pessoas. Terceiro, este Bodhisattva um Buda do futuro,
ungido pelo prprio Buda Original, sendo esta a razo do advento do Buda neste mundo. Juntos, esses significados revelam a
Verdadeira Entidade de Todos os Fenmenos. Este Bodhisattva acumula a virtude de ser um Portal para a entrada do Buda
nesse mundo, para ensinar atravs dos meios hbeis, beneficiando um incalculvel nmero de seres.
193. Isto significa que o Verdadeiro Objeto de Adorao, Contemplador dos Sons do Mundo, sbio e puro, Dotado de todos os
benefcios; o prprio Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa, seu Nome ou a sua ntegra, representada pelos seus oitenta
e quatro mil caracteres com suas intrnsecas naturezas de Buda, aqui identificados como seres viventes na assembleia; antes,
no Captulo 24, identificados como o squito de Bodhisattvas que acompanharam o Bodhisattva Som Maravilhoso em sua
vinda ao mundo Saha.
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Dharani
Dharani
Naquela ocasio, o Bodhisattva Rei da Medicina levantou-se do seu as-
sento, descobriu seu ombro direito, juntou as palmas das mos, fitou o Buda
e disse: Honrado pelo Mundo, se um bom homem ou uma boa mulher re-
ceber e ostentar o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa, se l-lo ou reci-
t-lo com desenvoltura, ou copi-lo, que bno aquela pessoa ganharia?
O Buda disse ao Rei da Medicina, O que voc pensa? Se um bom ho-
mem ou uma boa mulher fizesse oferecimentos a Budas iguais em nmero
aos gros de areia de oito milhes de kotis de nayutas de rios Ganges, as
bnos que ento ganharia no seriam grandes?
Muito grandes, Honrado pelo Mundo.
O Buda disse: Se um bom homem ou uma boa mulher receber e osten-
tar mesmo que um simples verso de quatro linhas deste Sutra, l-lo, expor
seu significado e praticar de acordo com os seus ensinamentos, seu mrito
e virtude ser extremamente grande.
Naquela ocasio, o Bodhisattva Rei da Medicina disse ao Buda:Honrado
pelo Mundo, eu agora darei aos pregadores do Dharma um mantra dharani
para a sua proteo.
Ele ento falou o mantra, dizendo:
An er. Man er. Mo mi. Mo mo mi. Zhi li. Zhe li di. She li. She li duo wei. Shan
di. Mu di. Mu duo li. Suo li. E wei suo li. Sang Ii suo Ii. Cha yi. E cha yi. E chi ni.
Shan di. She li. Tuo la ni. E lu qie pe suo. Bo zhe pi cha ni. Mi pi ti. E bian duo
luo mi li ti. E tan duo bo li shu di. E jiu li. Mu jiu li. E luo li. Bo luo li. Suo jia
cha. E san mo san li. Fo tuo pi ji li zhi di. Da mo bo li cha di. Seng qie nye jyu
sha mi. Po she po she shu di. Man duo luo. Man duo luo cha ye duo. You lou
duo. You lou duo qiao she liao. E cha luo. E cha ye duo ye. E po lu. E mo rao
nuo duo ye.
Honrado pelo Mundo, este dharani, este mantra espiritual, este encan-
tamento, foi recitado por Budas iguais em nmero s areias de sessenta e
dois kotis de rios Ganges. Se algum fizer mal a este Mestre da Lei, ele ter,
por conseguinte, feito mal a estes Budas.
Ento, o Buda Shakyamuni louvou o Bodhisattva Rei da Medicina dizen-
do: Excelente, excelente, Rei da Medicina, que voc piedosamente proteja
esse Mestre da Lei falando este dharani e, desse modo, beneficiando gran-
demente os seres viventes.
Naquele momento, o Bodhisattva Doador Intrpido disse ao Buda:
Honrado pelo Mundo, eu tambm falarei um dharani para proteger aque-
les que leem, recitam, recebem e aceitam o Sutra da Flor de Ltus da Lei
Dharani 351
tambm desejamos proteger aqueles que leiam, recitem, recebam e man-
tenham o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa e os livraremos do mal.
Caso algum procure as fraquezas desses Mestres da Lei, ele no consegui-
r obter vantagem deles.
Ento, na presena do Buda, elas falaram este mantra:
Yi ti li. Yi ti min. Yi ti li. E ti li. Yi ti li. Ni li. Ni li. Ni li. Ni li. Ni li. Lou xi. Lou xi.
Lou xi. Lou xi. Duo xi. Duo xi. Duo xi. Dou xi. Nou xi.
Suba no topo de nossas cabeas, mas no perturbe este Mestre da Lei.
Nenhum yaksha, rakshasa, esprito faminto, putana, kritya, vetala, ghanta,
omaraka, apasmaraka, yakshakritya, kritya humano, nem febre durante um
dia, ou dois dias, ou trs dias, ou quatro dias, ou alm de sete dias; nem
qualquer febre permanente; nem qualquer tipo de homem, mulher, rapaz,
ou moa o perturbaro, mesmo em seus sonhos.
Ento, na presena do Buda, elas falaram este verso:
194. Nesta passagem, o Buda novamente faz distino dos mritos daqueles que aceitam e promovem simplesmente o nome do
Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa e daqueles que aceitam e promovem o Sutra na sua ntegra. Faz, entretanto, uma
referncia especial a Kunti, a nona das dez filhas de Kishimojin, a me-demnio.
Dharani 353
Captulo
27
Os feitos passados
do Rei Adorno Maravilhoso
Os feitos passados do Rei Adorno
Maravilhoso
Naquela ocasio, o Buda disse grande Assembleia: H muito tempo,
no distante passado, incontveis, ilimitados, inconcebveis asamkhyas
de kalpas, existiu um Buda chamado Sabedoria do Rei Flor da Conste-
lao da Nuvem do Som do Trovo, Tathagata, Arhat, Samyaksambuda.
O nome da sua terra era Adornada pela Luz e o nome do seu kalpa era
Prazer de Ver.
Sob a Lei daquele Buda, existiu um rei chamado Adorno Maravilhoso.
A esposa do rei era chamada Pura Virtude. Ela tinha dois filhos, o primeiro
chamado Repositrio Puro e o segundo chamado Olho Puro. Aqueles dois
filhos tinham extraordinrios poderes espirituais, bnos, virtudes e sabe-
doria. Eles por muito tempo haviam exercitado o caminho praticado pelos
Bodhisattvas dos paramitas dana, shila, kshanti, virya, dhyana e prajna; o
paramita dos meios hbeis, da bondade, compaixo, alegria e da doao,
bem como o Caminho dos Trinta e Sete Preceitos da Lei. Eles tinham com-
preendido e penetrado completamente todos esses caminhos. Eles haviam
tambm obtido o Samadhi da Pureza do Bodhisattva, o Samadhi do Sol e
das Estrelas; o Samadhi da Luz Pura; o Samadhi da Forma Pura, o Samadhi
da Iluminao Brilhante e Pura; o Samadhi do Adorno Extensivo; e o Sama-
dhi do Repositrio da Grande e Extraordinria Virtude. Todos esses Sama-
dhis eles haviam penetrado completamente.
Naquela ocasio, o Buda, desejando guiar o Rei Adorno Maravilhoso e
tambm para ser compassivo e benevolente em relao aos seres viventes,
pregou o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa.
Os dois filhos, Repositrio Puro e Olho Puro, vieram sua me, junta-
ram as palmas das mos e disseram: Ns suplicamos a voc, Me, que nos
permita visitar o Buda Sabedoria do Rei Flor da Constelao da Nuvem do
Som do Trovo. Ns o seguiramos, juntar-nos-amos a ele, far-lhe-amos
oferecimentos e o serviramos. Por qu? O Buda est pregando o Sutra da
Flor de Ltus da Lei Maravilhosa para toda a multido de seres celestiais e
humanos. Ns o ouviramos e o receberamos.
A me disse aos seus filhos: Vosso pai possui uma outra f no-Budista
e est profundamente ligado s doutrinas do Brahmanismo. Vocs deve-
riam indag-lo se ele deseja ir junto.
Com suas palmas das mos juntas, Repositrio Puro e Olho Puro disse-
ram a sua me: Ns somos Prncipes do Dharma e ainda assim nascemos
nesta casa de vises distorcidas!.
195. No cumprimento da misso de fazer o pai de pensamentos herticos conceber o desejo de Anuttara-Samyak-Sambodhi e no
sincero propsito de ir ao lugar do Dharma ao encontro do Buda, nisto est a verdadeira prova de amor filial.
196. Esta a Verdadeira Causa Mstica, que no necessariamente est representada numa pessoa, podendo estar nos fatos ou nas
circunstncias da vida de uma pessoa.
197. As habilidades e as funes destes Bodhisattvas, Rei da Medicina e Medicina Superior, no se limitam a produzir curas para
as doenas deste mundo utilizando-se de poderes transcendentais, mas, efetivamente, salvar os seres viventes conduzindo-os
ao Grande Veculo, fazendo-lhes desfrutar daquilo que nunca obtiveram antes, ou seja, conceber o desejo pelo Anuttara-Sa
myak-Sambodhi.
28
O encorajamento do Bodhisattva
Universalmente Meritrio
(Samantabhadra)
O encorajamento do Bodhisattva
Universalmente Meritrio (Samantabhadra)
Naquela ocasio, o Bodhisattva Universalmente Meritrio, renomado
pela sua liberdade, poderes espirituais e extraordinria virtude, veio do
leste juntamente com incontveis, ilimitados, incalculveis grandes Bodhi-
sattvas. As terras por onde eles passaram tremeram e choveram preciosas
flores de ltus, enquanto incontveis centenas de milhares de mirades de
kotis de tipos de msica tocaram.
Ele estava acompanhado e rodeado tambm por um grande squito
de incontveis seres Celestiais, Drages, Yakshas, Gandharvas, Asuras, Ga-
rudas, Kinnaras, Mahoragas, Humanos, no-Humanos, e assim por diante.
Cada um manifestando os poderes de extraordinria virtude e penetra-
es espirituais.
Chegando ao Monte Gridhrakuta no mundo Saha, eles curvaram-se em
obedincia ao Buda Shakyamuni, circundando-o sete vezes direita e, en-
to, aquele Bodhisattva disse ao Buda: Honrado pelo Mundo, na terra do
Buda Rei Superior da Preciosa Virtude Extraordinria eu ouvi distncia
que, no mundo Saha, o Sutra da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa estava
sendo pregado. Eu venho com incontveis, ilimitadas centenas de milhares
de mirades de kotis de Bodhisattvas para ouvi-lo e receb-lo. Eu apenas
rogo que o Honrado pelo Mundo pregue-o. Aps a extino do Tathagata,
como um bom homem ou uma boa mulher poder obter o Sutra da Flor de
Ltus da Lei Maravilhosa?
O Buda disse ao Bodhisattva Universalmente Meritrio: Se um bom
homem, ou uma boa mulher, alcanar as Quatro Leis, ele obter o Sutra
da Flor de Ltus da Lei Maravilhosa aps a extino do Tathagata. Primeira
Lei, ele o objeto da proteo e de preocupao do Buda. Segunda Lei,
ele detm as razes das virtudes. Terceira Lei, ele penetra o conjunto de
concentraes corretas. Quarta Lei, ele concentra-se na inteno de salvar
todos os seres viventes 198.
Se um bom homem ou uma boa mulher alcanar dessa forma estas Qua-
tro Leis, certo que ele obter este Sutra aps a extino do Tathagata.
O Bodhisattva Universalmente Meritrio, ento, disse ao Buda: Hon-
rado pelo Mundo, nos ltimos quinhentos anos, num mundo turbulento
e de maldade, se houver aqueles que recebam e mantenham este Sutra,
198. Pessoas que renam essas quatro condies so pessoas universalmente conhecidas por serem mantidas em mente pelos
Budas.
199. Tal a indescritvel e imensurvel boa sorte da pessoa que est concluindo a leitura deste Sutra de Ltus.
200. Retiraram-se para seus mundos, iniciando-se a propagao. Da mesma forma, esta traduo do Sutra da Flor de Ltus da Lei
Maravilhosa se tornar conhecida em todo o Universo. Por qu? Porque este Sutra mantido em mente pelos Budas. Porque
os Budas so os mentores e guardies dos profundos segredos nele contidos. O que mais advier sero consequncias das
relaes causais do mundo secular, mas em concordncia plena com os ditos dourados (em 30/07/2006 18h).
1 Introduo ...................................................................................................................................................................... 7
3 A Parbola .................................................................................................................................................................... 57
4 F e compreenso ........................................................................................................................................... 93
22 A transmisso .....................................................................................................................................................315
26 Dharani .........................................................................................................................................................................349