Zarathustra e Os Gathas

Fazer download em doc, pdf ou txt
Fazer download em doc, pdf ou txt
Você está na página 1de 3

Zarathustra e os Gathas

"Vale mais uma hora de sábio


que a vida inteira de tolo"
Adágio popular

Ilustração de tapete da antiga Pérsia


A fim de que se possa entender bem o pensamento de Zarathrusta[1] temos que
considerar o universo em dois planos, o plano Transcendente e o Imanente - a criação.

O Mazdeísmo estabelece-se basicamente no dualismo, a existência de dois deuses


Arimã e Ozmud. Zarathrusta veio mostrar que esse dualismo não existia na eternidade,
na transcendência, que ele somente tem sentido na imanência, tal como preconizam
outras doutrinas monísticas. A dualidade é uma condição filha da polaridade, segundo
conceitos herméticos.
O dualismo atribuído ao zoroastrianismo é mal interpretado, pois
mesmo que o Mazdeísmo popular fale de dois deuses eternos - Arimã
e Ozmud - baseado em um dos Gathas, o Spenta Mainyu, que cita
que o Santo Espírito criativo oposto a Angra Mainyu, o Espírito Hostil,
na verdade não foi isto o que Zoroastro fez ver. Inúmeras vezes ele
menciona a existência de Um Deus único - Ahura Mazda. Disse que a
dualidade existe somente como manifestação do conflito que
acontece no coração humano e não no universo material. É a luta
constante entre mal o bem nos seres humanos, um dualismo apenas
de natureza ética, portanto.

A duplicidade divina era voga quando Zaratrusta esteve em missão


na terra e foi ele quem recolocou o conceito de divindade suprema
em seu devido lugar, contudo com o transcorrer dos séculos ocorreu
o ressurgimento do dualismo cósmico fazendo voltar a idéia de um
Universo dividido em duas partes, uma regida pelo "Deus Bom" e a
outra pelo "Mau Espírito", mesmo que, segundo os ensinos do
Gathas e os trabalhos originais do Profeta, tendam a mostrar a
existência somente do dualismo ético.

Zarathustra ensinou que Ahura Mazda regula o universo por Asha, a


lei de precisão. O Asha ao nível físico representa as leis no universo
aquilo que os cientistas tentam entender, como as leis de gravidade,
de campos elétricos e magnéticos.
Por outro lado, no Asha ao nível psicológico está a força poderosa da
verdade, enquanto no nível espiritual representa a fusão da ordem e
verdade que conduze o ser pelo caminho de retidão. Verdade, ou
retidão, é estar fazendo a coisa certa, no momento certo, no lugar
certo, com os meios certos para alcançar o propósito certo (Dhalla).
Retidão é a lei universal que representa ordem, evolução, progresso
e projeção.

Zarathustra ensinou que "Ahura


Mazda deu para todo ser humano
uma Vohu Manoh ( Mente Boa)
para ajudá-lo a seguir no caminho
da retidão. Isto é o que nos faz
tão diferente de todas as outras
espécies neste planeta. Nós fomos
dotados de uma mente de forma
que podemos pensar e distinguir,
separar, diferenciar e escolher
entre direito e injustiça, bem e
mal ".
Antigo Templo no Irã (antiga Pérsia)

"Ahura Mazda está em acordo com Asha[2] e ele quer que nós promovamos este
caminho de asha, ashoi e ashem. De acordo com esta lei ações boas produzem
recompensas boas e mal geram conseqüências ruins". Um cientista que trabalha
em um laboratório, um matemático que resolve uma fórmula, uma mãe que quer a
sua família, um estudante que luta com a lição de casa, um músico compondo ou
criando música bonita e uma pessoa que aconselha e que auxilia o necessitado se
agem com verdade e integridade está plenamente implementando Asha em suas
nas vidas".

O Zoroastrismo diz: "Se nós não vivermos em harmonia com natureza teremos
conseqüências catastróficas, por isto é tão importante fazer deste mundo um lugar
melhor, não só para esta geração, mas para a que vier". "Os seres humanos são
os colegas de trabalho de Ahura Mazda, mas nós não somos escravos Dele. Nós
não somos forçados a fazer algo, ou ser alguém, que não queiramos ser".

O Zoroastrismo não diz que as coisas boas em vida são prejudiciais à vida
espiritual, ou que nós devemos denegrir o mundo material, como apregoavam os
cátaros quando afirmavam que tudo o que for material é expressão do mal.

Zarathustra compôs o Ashem chamada de oração de Vohu. Esta oração contém 12


palavras e a primeira e a derradeira são as mesmas:

Ashem Vohu asti de Vahistem asti de Ushta


Usta ahamaai hyat ashaai vahistai ashem

A primeira linha diz que o caminho de retidão e verdade - asha ou Ashoi - é o


melhor. É (Ushta) a felicidade brilhante porque só a verdade pode trazer felicidade
perpétua para nós. A segunda linha fala não há nenhuma valor em bondade
forçada. A pessoa tem que falar a verdade, ser honesta, ajudar outros porque, pois
só tais virtudes podem trazer felicidade e satisfação neste mundo. Não se deve ser
mentiroso, enganar e ferir os outros, ser mau, sórdido e ganancioso, tudo isto é
prejudicial e isto não pode trazer felicidade. Nossa missão principal na vida é
promover Asha para isso trazer felicidade a tudo e a todos. Promover Asha não só
fará da terra um lugar muito melhor, não apenas para a geração presente, mas
para as gerações do porvir.

Entre os preceitos dos zoroastrianos constam: "Todas as manhãs assim que nós
dermos o nosso primeiro passo devemos pedir um Ashem Vohu e nos propormos a
praticar ações boas agindo com retidão para tornar este mundo um lugar para nós
mesmos e para todo o mundo ao redor de nós".

Verdade espiritual, verdade científica, verdade filosófica, são essenciais ao ser,


pois são as várias manifestações de Asha, ou seja, a verdade de nível de Ahura
Mazda.

A religião de Zarathustra não prevê um código específico de comportamento, mas


um sistema de justiça, e de verdade, ou seja, o atendimento ao Asha. O mal não
está no fato em si, mas nas conseqüências que o ato pode determinar.

"É dever da pessoa e extensivo à cada geração sucessiva usar a mente para
fortalecer os horizontes do conhecimento, averiguar verdade, corrigir o contexto
do mundo e implementar tudo isto nas suas vidas."[3]

O Zoroastrianismo baseia-se num conjunto de 5 canções poéticas chamado Gathas


e que foi composto pelo próprio Zarathushtra e preservado pelos milênios pelos
seus seguidores. Mesmo que muitos outros escritos hajam sido acrescidos ao
Gathas através dos anos ainda assim ele constitui-se a base essencial da doutrina.
Na verdade grande parte desse material perdeu-se em decorrência de destruições
promovidas pelos gregos, muçulmanos, e especialmente pela invasão mongol. O
Gathas foi escrito num idioma muito antigo conhecido como Avestan o qual é
relacionado de perto com o Sânscrito. O texto hindu data do período de 1500-1000
a.C.

No Gathas, Zarathrusta afirma que existe só Um Deus que, embora transcendente


Ele está em relação constante com os seres humanos através de uma série de
atributos. Não especificou o número exato de Atributos, mas sete. Estes atributos
são chamados o Amesha Spentas, ou "Imortais" e cada um deles encarna um
atributo de Deus, como também uma virtude humana. São também símbolos para
os vários setores de Criação:

Vohu Manah - Pensamento Bom - conectado com Animais


Asha Vahishta - Justiça e Verdade - Fogo e Energia
Kshathra - Domínio - Metais e minerais
Spenta Armaiti - Devoção e Serenidade - A terra e terra
Haurvatat - Inteireza - Águas
Ameretat - Imortalidade - Plantas
Spenta Mainyu - Energia Criativa - os seres humanos

Você também pode gostar