Fundamentos de Matemática I PDF
Fundamentos de Matemática I PDF
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Matemtica I
Neri Terezinha Both Carvalho
Carmem Suzane Comitre Gimenez
2 Edio
Florianpolis, 2009
Governo Federal
Presidente da Repblica: Luiz Incio Lula da Silva
Ministro de Educao: Fernando Haddad
Secretrio de Ensino a Distncia: Carlos Eduardo Bielschowky
Coordenador Nacional da Universidade Aberta do Brasil: Celso Costa
Comisso Editorial
Antnio Carlos Gardel Leito
Albertina Zatelli
Elisa Zunko Toma
Igor Mozolevski
Luiz Augusto Saeger
Roberto Corra da Silva
Ruy Coimbra Charo
Laboratrio de Novas Tecnologias - LANTEC/CED
Coordenao Pedaggica
Coordenao Geral: Andrea Lapa
Coordenao Pedaggica: Roseli Zen Cerny
Ncleo de Formao: Nilza Godoy Gomes
Ncleo de Pesquisa e Avaliao: Claudia Regina Flores
Ficha Catalogrfica
C331f Carvalho, Neri Terezinha Both
Fundamentos de matemtica I / Neri Terezinha Both Carvalho,
Carmen Suzane Comitre Gimenez. 2. ed. Florianpolis : UFSC/
EAD/CED/CFM, 2009.
207 p.
ISBN 978-85-99379-73-8
Captulo 1
Elementos da Histria dos Nmeros
e Sistemas de Numerao em
Diferentes Bases
3) Gregos (cerca de 600 anos a.C.) - sistema aditivo, base 10. Usa-
vam 27 smbolos: 24 eram as letras do alfabeto e 3 eram letras
que, na poca, j estavam em desuso. Alm dos smbolos, usa-
vam tambm acento nas letras; com isso, conseguiam repre-
sentar nmeros at 10 000 com apenas 4 letras e acentos.
Atividade
1) Faa uma busca bibliogrfica e consulte alguns livros que
abordam os diferentes sistemas de numerao segundo os
povos. Evidencie caractersticas de cada sistema como, por
exemplo: os smbolos usados, a base, se o sistema aditivo,
multiplicativo ou posicional. Faa um resumo de, no mximo,
duas pginas.
O sistema indo-arbico
O nosso sistema de numerao relativamente recente; antes da era
crist, cada civilizao tinha seu prprio sistema, o que dificultava
as atividades de comrcio. No podemos precisar exatamente a ori-
gem do nosso sistema; smbolos semelhantes aos nossos foram en-
contrados na ndia, em colunas de pedra de um templo construdo
por volta de 250 a.C. Nesta poca, eram usados smbolos especiais
para as potncias de 10, mas, no h registro de um smbolo para o
zero e a notao posicional no aparece. A maior parte dos histo-
riadores situaram o final do desenvolvimento do sistema, com uso
pleno e sistemtico do zero e a notao posicional, entre os sculos
IV e VII d.C.
Por volta do ano 800, o sistema foi levado a Bagd e foi adotado pelos
rabes. Por volta de 825, o persa al-Kowarizmi descreveu o sistema,
atribuindo-o exclusivamente aos indianos. Ao se deslocarem atra-
vs das costas do norte da frica e depois at a Espanha, os rabes
levaram estes trabalhos e tambm outras importantes obras gregas
traduzidas para o rabe, difundindo a cultura grega na Europa. A
obra de al-Kowarizmi perdeu-se, mas, existe uma traduo latina do
sculo XII, o Liber Algorismi, que contribuiu para a introduo do
sistema e suas formas de calcular no mundo ocidental. Tambm as
obras de Fibonacci Liber Abaci e de Sacrobosco Algorismus Vulga-
ris, do sculo XIII, descrevem o sistema e suas vantagens em relao
ao sistema romano. Cpias manuscritas destes trabalhos podem ser
18
Atividade
2) Faa um esquema, explicando o sistema posicional indo-ar-
bico. Considere que este esquema voc utilizar para explicar
a estrutura do sistema posicional indo-arbico a uma pessoa
leiga (Esquema deve ser simples e claro).
Atividade
3) Pesquise e elabore um texto de no mximo 15 linhas sobre o
que representou a Escola Pitagrica no contexto da evoluo
dos nmeros.
524 = 500 + 20 + 4.
Voc sabe o que um O que fizemos usando potncias de 10 (no sistema de numerao
sistema de numerao decimal), podemos fazer usando potncias de qualquer outro n-
decimal?
mero?
O 10 indica a base. Veja que abcd = a.103 + b.102 + c.10 + d . Esta ma-
Veja que num sistema
neira de expressar o nmero abcd chama-se representao polinomial posicional decimal,
de abcd na base 10. dependendo da posio,
o algarismo representa
unidades, dezenas,
Vejamos como fica a representao polinomial na base 10 de alguns centenas, milhares etc.
nmeros.
Exerccio resolvido
1) Dar a representao polinomial na base 10 dos seguintes nmeros:
a) 5832
Notemos que 5832 = 5000 + 800 + 30 + 2 e tambm temos que:
5000 = 5.103 ; 800 = 8.102 e 30 = 3.10 . Assim,
b) 142
Veja que 142 = 100 + 40 + 2 = 1.100 + 4.10 + 2 = 1.102 + 4.10 + 2 .
Logo: 142 = 1.102 + 4.10 + 2 .
c) 206
Temos que 206 = 200 + 0 + 6 = 2.100 + 0.10 + 6 = 2.102 + 0.10 + 6 .
Portanto: 206 = 2.102 + 0.10 + 6 .
a) 320
b) 20351
c) 7809354
Temos que:
Exerccios resolvidos
Como obter a representao na base b de um nmero a dado na sua
representao decimal? Vamos estudar o procedimento a partir de
exemplos.
2) Escrever 59 na base 2.
De acordo com o que vimos at agora sabemos que precisaremos de A escolha das letras
a e b para representar
12 smbolos. Consideremos ento os smbolos: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9,
os algarismos 10 e 11
a = 10, b = 11 os algarismos para representar um nmero na base 12. arbitrria.
Desafio
Qual o nmero (935)15 na base 10 ?
Exerccios propostos
2) Escreva o nmero 25 na base 2 .
Atividade
5) Voc capaz, agora, de fazer alguma conjectura, ou de compre-
ender possveis dificuldades dos alunos de 5a srie, por exem-
plo, quanto compreenso do sistema de numerao decimal?
Discuta com seus colegas.
1) 59 3 2) 19 3 3) 6 3 4) 2 3
29 19 1 6 0 2 2 0
2
28
De onde temos:
Isto ,
59 = 19.3 + 2 = (6.3 + 1).3 + 2 = [(2.3 + 0).3 + 1].3 + 2 =
= [(2.3 + 0).3 + 1].3 + (0.3 + 2) = 2.33 + 0.32 + 1.3 + 2 .
Assim: 59 = (2012)3 .
Exerccios propostos
Resolva os exerccios usando o procedimento das divises sucessi-
vas.
Operaes em base 10
a) Adio: Determinar 352 + 764 .
Sabemos que:
Ento:
Assim:
346 13 = (3.102 + 4.10 + 6) (1.10 + 3) =
= 4.103 + 4.102 + 9.10 + 8 = 4498 .
Sabemos que:
Vejamos:
Logo:
148 76 = (1.102 + 4.10 + 8) (7.10 + 6) =
= (102 + 4.10 7.10) + (8 6) =
= 1.102 + (4 7).10 + 2
Ou seja: 148 76 = 72 .
32
Exerccios propostos
12) Efetue: (243)5 + (431)5 .
Assim:
(531)7 (13)7 = (5.7 2 + 3.7 + 1) (1.7 + 3) = 5.73 + 15.7 2 + 3.7 2 + 9.7 + 1.7 + 3 =
= 5.73 + (2.7 + 1).7 2 + 3.7 2 + (7 + 2)7 + 1.7 + 3 =
= 5.73 + 2.73 + 1.7 2 + 3.7 2 + 7 2 + 2.7 + 1.7 + 3 =
= 7.73 + 5.7 2 + 3.7 + 3 = 7 4 + 5.7 2 + 3.7 + 3 =
= 1.7 4 + 0.73 + 5.7 2 + 3.7 + 3 = (10533)7 .
33
Vejamos o algoritmo:
a) 3x1 = 3 .
d) 1x1 = 1
e) 1x3 = 3
f) 1x5 = 5
Assim, temos:
(531)7
(13)7
(2223)7
+ (531 )7
(10533)7
1) 5 3 = 2 o coeficiente de 80 .
Ento:
(235)8 (173)8 = (2.82 + 3.8 + 5) (1.82 + 7.8 + 3) =
= (2.82 + 3.8) (1.82 + 7.8) + (5 3) =
= (2.82 ) (1.82 ) + (3 7).8 + 2 =
= (1.82 + 1.82 ) (1.82 ) + (3 7).8 + 2 =
= (1.82 ) (1.82 ) + (8 + 3 7).8 + 2 =
= 0.82 + 4.8 + 2 = (042)8 = (42)8 .
(235)8
(173)8
(042)8 .
a) 5 3 = 2
Exerccios propostos
14) Resolva
a) (235)6 + (143)6
b) (342)6 x(14)6
c) (431)5 + (213)5
d) (421)5 x(13)5
e) (1010) 2 (101) 2
f) (6305)7 x(35)7
+ 0 1 2 3 4
1
2
3
4
x 0 1 2 3 4 5 6
1
2
3
4
5
6
a) (10101) 2 ;
b) (10001000) 2 ;
c) (1110011) 2 ;
d) (1001101) 2 .
a) Aditivos;
c) um sistema multiplicativo;
a) Nmero de smbolos;
b) Base;
c) Tipo de smbolos.
Resumo
Neste captulo, estudamos um pouco da Histria dos Nmeros e dos
Sistemas de Numerao de diferentes povos. Estudamos os nme-
ros decimais em diferentes bases, e mostramos como determinar a
representao polinomial de um nmero numa base dada. Tambm
exploramos os algoritmos das operaes de adio, multiplicao e
subtrao em bases diferentes da decimal.
Captulo 2
Conjuntos Numricos Naturais e
Inteiros
i) O zero pertence a S;
Em linguagem simblica:
(0 S ) (a S a + S ) S = .
44
A adio uma funo que leva cada par de nmeros naturais ( x, y ) x e y so chamados
soma x + y , ou seja, a funo representada por +, que associa ao parcelas
elemento ( x, y ) de x o elemento x + y de .
+ :
Simbolicamente:
( x, y ) x + y
x, se y = 0
onde x + y = + + +
x + b = ( x + b) , se, y 0 e y = b .
45
3 + 2 = (3 + 1+ ) = (3 + 1) + = (3 + 0+ ) + = [(3 + 0) + ]+ = (3+ ) + = 4+ = 5 .
:
( x, y ) x. y
0, se x = 0 e
x. y = + +
b y = by + y, se, x 0 e x = b
Propriedades da adio em
Exerccio resolvido
1) Efetue mentalmente as operaes dadas abaixo. Em seguida,
escreva a expresso numrica usada na resoluo mental que
voc realizou.
a) 765 + 372
= 700 + 300 + 60 + 70 + 5 + 2 =
(propriedade associativa da adio)
47
b) 89 + 54
i) 89 + 50 + 4 = (89 + 1) + 50 + 3 =
= [(89 + 1) + 10] + 43 = 100 + 43 = 143
Exerccio proposto
1) Efetue mentalmente, depois escreva a expresso numrica uti-
lizada na operao e indique as propriedades manipuladas no
processo.
a) 5709 + 697
b) 350 + 528
c) 9 + 88
Propriedades da multiplicao em
E a subtrao e a diviso em ?
Isto quer dizer que a relao que associa ao par (a, b) o elemento
(b a ) no uma funo. Portanto a subtrao no uma operao
em . Por exemplo: no h como calcular 2 3 no universo dos
nmeros naturais.
E a diviso em ?
Propriedades da relao :
Demonstrao.
Demonstrao.
Hiptese: a b e b a .
Tese: a = b .
Mas,
a = a + 0 = b + y = (a + x) + y = a + ( x + y ) a + 0 = a + ( x + y ) .
Demonstrao.
Hiptese: a b e b c .
Tese: a c .
O que se fez?
.....
.....
.....
...
.....
.....
.....
...
= { , 5, 4, 3, 2, 1, 0, 1, 2, 3, 4, 5,}.
2.2.1 Operaes em
Em esto definidas as operaes de adio, a multiplicao e a
subtrao.
Adio:
+ : x
( a, b) a + b
a + b a soma ou total e a e b so as parcelas.
53
Propriedades da adio em
a) 3 + 2 = 3 + (1 + 1) = (3 + 1) + 1 = 4 + 1 = 5 .
Multiplicao em
2 + 2 + 2 + 2 + 2 = 5x2 .
: x
(a, b) a.b
Propriedades da multiplicao
D) Propriedade distributiva:
Demonstrao.
Tese: a = b .
(a + c) + (c) = (b + c) + (c) ,
a + [c + (c)] = b + [c + (c)] ;
Demonstrao.
Demonstrao.
Tese: (1).a = a .
Demonstrao.
Tese: a = 0 ou b = 0 .
Subtrao em
a b = a + (b) .
Note que subtrair Assim, a subtrao em uma funo que associa cada par (a, b)
somar o oposto. ao nmero a + (b) , ou seja:
: x
(a, b) a + (b)
2.2.2 Proposies em
Os resultados a seguir, que chamaremos proposies, decorrem
das operaes e das propriedades j demonstradas.
Demonstrao.
Tese: (a b) + b = a .
(a b) + b = [a + (b)] + b .
(a + b) = (a ) + (b) .
Faremos a demonstrao
em duas partes: Demonstrao.
primeiramente mostraremos
que (-a) b = -(ab) e depois Mostremos que (a ).b = (a.b) . De fato,
que a(-b) = -(ab); com
isto teremos provado a (a ).b = [(1).a ].b = (1).(a.b) = (ab) .
igualdade -(ab) = (-a)b =
a(-b). Na primeira e terceira igualdades usamos P3 e, na segunda igualdade,
usamos a propriedade associativa da multiplicao.
Demonstrao.
Tese: (a ) = a .
1) se a > 0,
2) se a < 0,
60
Demonstrao.
Demonstrao.
Hiptese: a, b, c inteiros, ac = bc e c 0 , ac = bc .
Tese: a = b .
ac + (bc) = bc + (bc) .
ac + (bc) = bc + (bc) = 0 .
Demonstrao.
Tese: (a b) = b a .
De fato,
(a b) + (b a ) = [a + (b)] + [b + (a )] =
= a + [(b) + b] + (a ) = a + 0 + (a ) = a + (a ) = 0 .
Logo, pela propriedade do oposto, segue que o oposto de
(a b) (b a ) , ou seja,
( a b) = b a .
Demonstrao.
De fato:
Exerccio proposto
2) Resolva a equao seguinte, explicando cada passo
x + 45 = 3 x 7 .
a b (b a ) + .
a + x = a + (b a ) = a + [b + (a )] = b + [a + (a )] = b + 0 = b0 .
Propriedades da relao em
Sejam a, b e c .
Demonstrao.
Hiptese: a .
Tese: a a .
De fato, a a = 0 + a a .
63
Demonstrao.
Hiptese: a, b , a b e b a .
Tese: a = b .
i) a b b a +
ii) b a a b +
Demonstrao.
Hiptese: a, b e c ; a b e b c .
Tese: a c .
a b b a +
b c c b + .
Logo: (b a ) + (c b) + , portanto:
a < b b a *+ e b > a b a *+ .
1) a > 0 0 < a a 0 *+ ( a ) *+
0 + [(a )] *+ 0 ( a ) *+ ( a ) *+ a < 0
Ou seja, a *
Por 1
i) a b a + c b + c, para todo c
iii) a b e c 0 ento bc ac .
Demonstrao de (i).
Assim, b + c a + c .
Reciprocamente se (b + c) (a + c) + e como
(b + c) (a + c) = b a , temos que (b a ) + . Logo a b .
Demonstrao de (ii).
Demonstrao de (iii).
ac bc + .
Portanto, bc ac .
Demonstrao.
a + (b) b + (b) .
(b) (a ) .
i) Se a 0 e 0 b ento ab 0
ii) Se a 0 e b 0 ento ab 0
Demonstrao de (i).
Se a 0 e 0 b ento a e b + ; tambm (a ) + .
0 + [(ab)] = 0 ab + . Portanto ab 0 .
66
Demonstrao de (ii).
Se a 0 e b 0 ento 0 a + e 0 b + ; assim,
a + e b + . Portanto (a ).(b) + e a.b + . Logo,
0 a.b .
i) a > 0 ou
ii) a = 0 ou
Exerccio proposto
3) Resolva a inequao seguinte, explicando cada passo:
2 x 22 3 x + 7 .
Por exemplo: 17 = (17), pois 17 < 0; 157 = 157, pois 157 > 0 .
3 5 = 2 = 2; 8 (3) = 5 = 5; 2 (1) = 3
Demonstrao.
a = 0 a = 0 ou a = 0 a = 0 .
Demonstrao.
Demonstrao.
a = a 0 . Portanto, a = a 0 a = a , ou seja, a 0 a .
a = a < 0 < a = a .
Demonstrao.
Se a 0, b 0 ento ab 0 . Logo ab = ab = a . b
Se a 0, b 0, a = a, b = b e ab 0 .
Se a 0, b 0 temos a = a. b = b e 0 ab .
Tambm a . b = (a ).(b) = ab .
Mas, ab = ab . Logo ab = a . b .
Demonstrao.
i) Se (a + b) < 0 ento
a + b = (a + b) = a + (b) a + b = a + b .
A = {2, 3, 4,}
O menor elemento de A 2 .
O menor elemento de B 8 .
Demonstrao.
Hiptese: a, b * .
71
Conseqncias:
Exerccios propostos
4) Explique qual propriedade ou definio foi usada em cada
passagem da demonstrao abaixo: Para todos a, b e c intei-
ros tem-se: a (b c) = ab ac .
Demonstrao.
Resumo
Neste captulo, apresentamos os conjuntos dos nmeros naturais e
dos nmeros inteiros (chamados conjuntos numricos), bem como
as operaes de adio e multiplicao em com as respectivas
propriedades: associativa, comutativa, elemento neutro, cancela-
mento e anulamento.
Bibliografia comentada
DOMINGUES, Hygino H. Fundamentos de Aritmtica. So Paulo:
Atual, 1991.
Captulo 3
Divisibilidade e Algoritmo da Diviso
3.1 Divisibilidade em e em
Nosso estudo de divisibilidade ser no conjunto dos nmeros intei-
ros; faremos a comparao com as definies e resultados no con-
junto sempre que algum fato diferente ocorrer na transio de
para . Comeamos com as definies abaixo, apresentadas nos
dois conjuntos. Como voc pode notar, a definio de divisor em
se estende de modo natural aos nmeros inteiros. Caso no seja
especificado o conjunto, voc deve considerar como universo de
trabalho.
Definio 1. Divisibilidade em
Definio 2. Divisibilidade em
Exemplos
a) (a )(b )(a + b = 0)
b) (x )(b )(b + x = b)
(a, b ) (a | b n / b = a.n) .
Podemos concluir, ento, que o nico caso em que o zero pode assu-
mir o papel de divisor o caso (iii), quando a = b = 0 . Por este moti-
vo, a partir de agora, estaremos considerando sempre divisores no
nulos, ou seja, quando escrevermos a divisor de b , voc pode
considerar a 0 .
Propriedades da divisibilidade
Demonstrao.
82
Demonstrao.
Tese. a divisor de c .
c = a.x .
c = (a.n).m = a.(n.m) .
Demonstrao.
Tese: a = b ou a = b .
Por hiptese, temos que existem inteiros s ou t tais que b = a.s (1) e
a = b.t (2). Substituindo (1) em (2) temos a.1 = (a.s ).t = a.( s.t ) ; como
a 0 (Obs.3) podemos cancel-lo e teremos 1 = s.t .
s = t = 1 ou s = t = 1 .
83
Demonstrao.
Hiptese: a divisor de b .
Por hiptese, temos que existe n inteiro tal que b = a.n ; multipli-
cando ambos os membros da igualdade por um inteiro k qualquer
obtemos b.k = (a.n).k = a.(n.k ) , ou seja, a divisor de bk .
Demonstrao.
Hiptese: a b e a c .
Tese: a (b + c) e a (b c) .
Demonstrao.
Tese: a divisor de c .
84
Demonstrao.
Hiptese: a divisor de b e b 0 .
Tese: a b .
Exerccios resolvidos
1) Um nmero divisvel por 2 chamado um nmero par. Mos-
tre que a soma e o produto de dois nmeros pares tambm
um nmero par.
Exerccios propostos
1) Se um nmero inteiro divisor de um produto, podemos afir-
mar que ele tambm divisor dos fatores? Justifique.
182 12
62 15
2
1) para a = 43 e b = 5
2) para a = 114, b = 7 .
114 7
44 16
2
11 = 7.1 + 4 .
110 + 4 = 7.10 + 40 + 4
114 = 7.10 + 44 .
Exemplos
1 caso: a 0 e b > 0
i) Existncia
i) r S
ii) Unicidade
Para provar que q e r so nicos, suponhamos que existam s e t De modo geral, para
inteiros, s, t *+ , tais que a = b.s + t , com 0 t < b . A unicidade ser provarmos que um nmero
que satisfaz uma condio
provada se mostrarmos que q = s e r = t . nico, supomos que existe
outro nmero satisfazendo
a condio e provamos que
Temos ento duas igualdades:
eles devem ser iguais.
a = b.q + r , com 0 r < b e a = b.s + t , com 0 t < b
e podemos escrever
b.q + r = b.s + t
b.q b.s = t r
b( q s ) = t r .
91
Sabemos que a < 0 ; logo, pelo 1 caso, temos que existem q ' e r ' *+
tais que a = b.q '+ r ' , com 0 r ' < b . Vamos analisar os casos
r ' = 0 e r ' > 0:
Para quaisquer a e b , existem q ', r ' tais que a = b .q '+ r ' , com
0 r'< b .
Como b = b , temos: a = (b).q '+ r ' = b.(q ') + r ' . Logo, existem
q = q ' e r = r ' inteiros tais que a = b.q + r , com 0 r < b .
92
S = {(57 12.1), (57 12.2), (57 12.3), (57 12.4)} = {45, 33, 21, 12
9}.}.
Note que no h elementos comuns nestes conjuntos: eles Dois conjuntos so disjuntos
so disjuntos, dado qualquer inteiro x , ele pertence a ape- quando no possuem
elementos comuns.
nas um dos trs conjuntos A, B ou C .
Exerccios resolvidos
3) Determine o menor nmero natural de 4 algarismos diferen-
tes que seja divisvel por 21.
r 0 1 2 3 4 5 6
n = 15.r 0 15 30 45 60 75 90
Faa a verificao da
resposta do problema Resposta. Os nmeros procurados so 0, 15, 30, 45, 60, 75 e 90 .
sempre que possvel; isto
far com que voc possa
corrigir eventuais erros, Observao. Voc pode verificar se resolveu corretamente o pro-
dando-lhe autonomia blema fazendo a diviso euclidiana dos valores encontrados por
para validar a resposta.
7 e observando se o quociente o dobro do resto. Por exemplo,
Torne-se independente do
gabarito! 60 = 7.8 + 4, r = 4 e q = 8 = 2.4 .
96
10a + b = 4a + 4b
10a + (4a ) = 4b + (b)
6a = 3b
3.2.a = 3.1.b
2a = b .
Esta igualdade nos fornece uma relao entre os algarismos a e b.
Vejamos agora as possibilidades para a e b que vo gerar os nmeros
procurados:
a 1 2 3 4 5
b = 2.a 2 4 6 8
10 no um
n = 10a + b 10.1 + 2 = 12 10.2 + 4 = 24 10.3 + 6 = 36 10.4 + 8 = 48
algarismo!
Teste 12 = 4.(1 + 2) 24 = 4.(2 + 4) 36 = 4.(3 + 6) 48 = 4.(4 + 8)
Exerccios propostos
3) Determine o maior nmero natural de 5 algarismos diferentes
que seja divisvel por 17 .
i) d divisor de a e d divisor de b;
Exemplos
2) mdc(21,15) = 3 pois:
divisores de 21: 1, 3, 7 e 21
divisores de 15: 1, 3, 5 e 15
3 o mximo divisor comum de 21 e 15 .
3) mdc(16,35) = 1 pois:
divisores de 16: 1, 2, 4, 8 e 16
divisores de 35: 1, 5, 7 e 35
1 o mximo divisor comum de 16 e 35 .
99
Demonstrao.
Hiptese: a e a 0 .
Tese: mdc(a, 0) = a .
Demonstrao.
Hiptese: a, b * e a b .
Tese: mdc(a, b) = a .
Logo, mdc(a, b) = a .
100
divisores de 32: 1, 2, 4, 8, 16 e 32 .
divisores de 12: 1, 2, 3, 4, 6 e 12 .
divisores de 12: 1, 2, 3, 4, 6 e 12 .
divisores de 8: 1, 2, 4 e 8 .
Demonstrao.
mdc(a, b) = mdc(b, a ) ,
Exemplos
1) Calcular mdc(128,82)
46 = 1.36 + 10 ; logo,
mdc(128,82) = mdc(82, 46) = mdc(46,36) = mdc(36,10) .
a = 2.2 + 0 ; logo,
mdc(128,82) = mdc(82, 46) = mdc(46,36) = mdc(36,10) =
= mdc(10, 6) = mdc(6, 4) = mdc(4, 2) = mdc(2, 0) = 2 .
Assim, mdc(128,82) = 2 .
quociente 1 1 1 3 1 1 2
128 82 46 36 10 6 4 2
resto 46 36 10 6 4 2 0
Assim, mdc(128,82) = 2 .
quociente 1 9 1 1 2
53 48 5 3 2 1
resto 5 3 2 1 0
mdc(53, 48) = 1 .
quociente 2 3 2
96 42 12 6
resto 12 6 0
quociente 9 1 2
58 6 4 2
resto 4 2 0
O mdc(58, 6) = 2 .
Exerccios propostos
7) Calcule:
a) mdc(2356, 234)
b) mdc(123,876,345)
c) mdc(491,34)
104
Exemplos
Demonstrao.
Hiptese: a, b, d , d = mdc(a, b) .
Exerccio resolvido
6) Encontre todos os possveis nmeros naturais cujo produto
4800 e cujo mdc 20 .
i) mdc(a, b) = 20 e
1 12 20 240 20
3 4 60 80 20
Demonstrao.
Tese: a c .
Exerccio resolvido
7) Seja k um nmero natural. Mostre que se 2 k e 3 k , ento 6 k .
Exerccios propostos
8) O mdc de dois nmeros naturais 48 e o maior deles 384 .
Ache o outro nmero.
12) O mdc de dois nmeros 50. Para se chegar a este resultado pelo
Algoritmo de Euclides (processo das divises sucessivas), os quo-
cientes obtidos foram, pela ordem, 1, 2 e 6. Ache os nmeros.
os divisores inteiros de 52 so
1, 2, 4, 13, 26, 52, 1, 2, 4, 13, 26, 52 e
os divisores inteiros de 44 so
1, 2, 4, 11, 22, 44, 1, 2, 4, 11, 22, 44 .
52 = (2).44 + 36
44 = 1.36 + 8
36 = 4.8 + 4
8 = 2.4 + 0 .
O mdc o divisor da ltima diviso feita (aquela que tem resto zero),
ou seja, 4 . Experimente calcular mdc(96, 72) pelas divises su-
cessivas. Voc ver que o resultado coincide com o mdc(96, 72) .
Isto nos leva a definir o mdc no universo dos nmeros inteiros da
seguinte maneira:
Exemplos
53 = 48.1 + 5
48 = 5.9 + 3
5 = 3.1 + 2
3 = 2.1 + 1
5 = 53 + (1).48
3 = 48 + (9).5
2 = 5 + (1).3
1 = 3 + (1).2
Vejamos:
Colocando 48 e 53 em evidncia,
1 = 48.(1 + 9 + 1 + 1) + 53[(9) + (1)] + (9).5
1 = 48.12 + (10).53 + (9).5 .
Observe, agora, que ainda falta mais uma substituio, pois ainda
aparece o resto 5 ; no lugar do 5 coloque 5 = 53 + (1).48 , ou seja:
Eliminando os colchetes,
1 = 48.21 + 53.(19) .
Portanto,
1 = 53.(19) + 48.21 .
Exerccios propostos
15) Calcule mdc(54,15) e determine pelo algoritmo de Euclides
dois nmeros inteiros s e t tais que mdc(54,15) = 54.s + 15.t .
Etapa 1. Determinao de s e t :
quociente 1 2
6 4 2
resto 2 0
114
6 = 1.4 + 2
2 = 6.1 + 4.(1); s = 1 e t = 1
90 = 6.45 + 4.(45) .
Demonstrao.
Alm disso, toda soluo da equao pode ser expressa desta forma,
para cada soluo particular ( x 0, y0).
x = x0 + b1t
para t percorrendo o conjunto .
y = y0 a1t
x0 = 45 ; y0 = 45 ; d = mdc(6, 4) = 2 .
x = 45 + 2t
y = 45 3t
soluo da equao 6 x + 4 y = 90 .
Como toda soluo desta forma, para cada valor de t , vamos pro-
curar os valores de t de maneira que x e y sejam positivos; em ou-
tras palavras, vamos analisar para quais valores de t temos:
i) para que ocorra x = 45 + 2.t > 0 , devemos ter 45 > 2t ; isto signi-
fica que t pode assumir todos os valores positivos mas os valo-
res negativos variam de 1 a 22 , uma vez que (2).(22) = 44
e 45 > 44 . Assim, x = 45 + 2.t > 0 ocorre para t 22 .
ii) para que ocorra y = 45 3.t > 0 , devemos ter 45 > 3t ; isto
significa que t no pode assumir valores positivos. E a par-
tir de qual valor negativo de t ocorre 45 > 3t ? Para todos
os valores negativos estritamente menores do que 15 , uma
vez que 3.(15) = 45 e 3.(16) = 48 e 45 > 48 . Assim,
y = 45 3.t > 0 ocorre para t 16 .
117
t -22
t -16
-22 t -16
Exerccios propostos
17) Dar a soluo geral das seguintes equaes diofantinas:
a) 3 x + 4 y = 20
b) 5 x 2 y = 2
c) 24 x + 138 y = 18
d) 18 x 20 y = 8
e) 26 x + 39 y = 65
18) Dividir 100 em duas parcelas positivas de modo que uma seja
mltiplo de 7 e outra seja mltiplo de 11.
20) Uma editora usa dois tipos de caixas para transporte de li-
vros: a caixa A para 20 livros e a caixa B para 100 livros. Qual
a menor quantidade de caixas necessria para embalar 1500
livros, usando os dois tipos? Quantas caixas de cada tipo?
mltiplos de 12 12 24 36 48 60 72 84
mltiplos de 15 15 30 45 60 75 90 105
i) m mltiplo de a e m mltiplo de b .
mmc(a, b) = mmc(b, a ) .
i) a m e b m
ii) Se a c e b c , ento m c .
i) a 0 e 0 0
Consequncias da proposio 10
Corolrio
Proposio resultante de
Corolrio 1. Sejam a e b nmeros naturais com a 0 . Se a b ento uma verdade j demonstrada;
mmc(a, b) = b . conseqncia direta de uma
proposio demonstrada.
Demonstrao. Fonte: http://www.priberam.pt/
dlpo/dlpo.aspx
Hiptese: a b , a 0 .
Tese. mmc(a, b) = b .
m = a. y e m = b.x .
121
Demonstrao.
Tese: m = a. y e m = b.x .
d .a.c = a.d . y
Exemplos
13.mmc(a, b) = 5.13.26
12.mmc(a, b) = 84.72
12.mmc(a, b) = 84.6.12
mmc(a, b) = 84.6 = 504
122
Exerccio resolvido
8) Determine todos os possveis pares de nmeros naturais cujo
mdc 12 e cujo mmc 240 .
b) a 240 e b 240 .
x y a b
1 20 12 240
4 5 48 60
Exerccios propostos
21) Calcule:
a) mmc(648,140)
b) mmc(132, 64)
mdc(a, b).mmc(a, b) = a . b
mdc(26,8) = mdc(26,8) = 2
Se a = d . x e b = d . y , ento m = a . y e m = b . x .
Exerccios propostos
25) Calcule:
b) mmc(20, 74)
32) Determine dois nmeros cuja soma 120 e cujo mmc 144 .
125
m) .
Notao. a cngruo a b mdulo m denotado por a b(mod
4) ento b a (mod
ii) se a b(mod 4) , para todos a e b inteiros.
4)
Prova. Hiptese: a b(mod
4)
Tese. b a (mod
4) e b c(mod
iii) se a b(mod 4) ento a c(mod
4) , para quais-
quer a, b e c inteiros.
4) e b c(mod
Prova. Hiptese: a b(mod 4)
4)
Tese: a c(mod
(a b) + (b c) = 4 s + 4t
a b + b c = 4( s + t )
a c = 4( s t )
4) .
o que significa que 4 divisor de a c . Logo, a c(mod
m) e b c(mod
iii) se a b(mod m) ento a c(mod
m) .
Exemplos
7)
Assim, temos que 25 + 48 4 + 41(mod
25.48 = 1200
4.41 = 164
1200 164 = 1036
1036 = 7.48 mltiplo de 7 .
7) .
Logo, (25.48) (4.41)(mod
62 = 36; 22 = 4
36 4 = 32 = 4.8 mltiplo de 4 .
Logo, 62 22 (mod
4) .
63 = 216; 23 = 8
Logo, 63 23 (mod
4) .
129
m) e
PC1) Sejam a, b, c, d e m inteiros com m > 1 . Se a = b(mod
m) , temos:
c d (mod
m)
1) (a + c) (b + d )(mod
m)
2) (a c) (b d )(mod
m)
3) a.c b.d (mod
4) a n b n (mod
m) , para todo n 1 .
Demonstrao.
(2) Exerccio!
ac bd = m(cx by )
m) .
Logo, ac b.d (mod
m) se e
PC2) Sejam a, b e m inteiros, com m > 1 . Ento a b(mod
somente se a e b tm o mesmo resto na diviso euclidiana
por m .
130
Demonstrao.
m)
( ) Hiptese: a b(mod
(mx + r1 ) (my + r2 ) = km
mx my km = r2 r1
m( x y k ) = r2 r1 .
a b = (mx + r ) (my + r ) = mx my + r r = mx my = m( x y )
m) .
Logo, a b = m( x y ) e m a b ; por definio, a b(mod
se 221 1(mod
7) e 22 4(mod
7) ento 221.22 1.4(mod
7) .
Exerccios propostos
33) Encontre o resto da diviso de 542 por 8, sem efetuar a conta.
a) 89 (244 1) b) 97 (248 1)
Resumo
O principal teorema apresentado neste captulo foi o Algoritmo da
Diviso.
Bibliografia complementar
DOMINGUES, Hygino H. Fundamentos de Aritmtica. So Paulo:
Atual, 1991.
Captulo 4
Teorema Fundamental da
Aritmtica
135
Captulo 4
Teorema Fundamental da Aritmtica
1) p 0 e p 1 e
2) os nicos divisores de p so 1 e p .
Exemplos:
1) p 0 e p 1 .
2) Os nicos divisores em de p so 1 e p .
b = 1 ou b = 1 ou b = p ou b = p .
1) p 0, p 1 e p 1 e
2) os nicos divisores de p so 1, 1, p e p .
99 = 99 > 1 e 99 = (3).33 .
Demonstrao.
Demonstrao.
Demonstrao.
Demonstrao.
Exemplos
2) Fatorar 540 .
Exerccios propostos
1) Decomponha em fatores primos os nmeros:
36938, 9999, 583, 1890, 7183, 10857, 9812, 51262, 20305 .
Por exemplo:
342 = 2.32.19 .
Todo nmero natural n
admite o 1 e o prprio
Pela definio de divisibilidade, so divisores de 342 = 2, 3, 19 ,
nmero n como divisores. 32 = 9 , 2.3 = 6 , 2.32 = 18 , 2.19 = 38 , 3.19 = 57 , 32.19 = 171 , 2.3.19 = 114 ,
Estes so chamados e os divisores 1 e 342 .
divisores imprprios de n.
Os outros possveis divisores
de n so chamados divisores Pergunta. Como fatorar nmeros inteiros negativos?
prprios.
i) em 34 = (1).2.17 , os primos 2 e 17
Exerccio resolvido
1) Determine o menor inteiro positivo x , de modo que o produto
de x por 6 615 seja um quadrado.
Resoluo.
= (32.5.7).(32.5.7) = (32.5.7) 2 .
Exerccios propostos
4) Encontre o menor nmero inteiro positivo pelo qual devemos
multiplicar 6 776 de modo que este produto seja a terceira po-
tncia de um nmero.
144
a) 180
b) 351
c) 3546
Demonstrao do Teorema 3.
Exerccios propostos
6) Prove que o produto de trs nmeros consecutivos divisvel
por 6.
Clculo do mdc
Calcular mdc(1500,525)
Clculo do mmc
Calcular mmc(825,315)
Generalizando:
Nmero de divisores
234 = 2.32.13
148
Generalizando:
Exerccios resolvidos
2) Sejam m = 26.33.52 , n = 2r.3s.5t e x = 25.54 . Escreva as condies
que devem satisfazer r , s e t para que n seja divisor comum
de m e x .
i) expoente r
m = 2.2.2.2.2.2.33.52 e x = 2.2.2.2.2.54
149
ii) expoente t
m = 26.33.5.5 e x = 25.5.5.5.5 .
a) mdc(a.b)
b) mmc(b, c)
Resoluo.
a) a = 3.3.19.71.71 ; b = 2.3.3.3.3.3.19.61
mdc(a, b) = 3.3.19 = 171
b) b = 2.3.3.3.3.3.19.61 ; c = 2.2.2.2.19.19.71
mmc(b, c) = 24.35.192.61.71
Exerccios propostos
11) Achar um nmero n sabendo que satisfaz as condies :
a) n um cubo
b) n admite 16 divisores
Resumo
Como dito na introduo, estudamos neste captulo nmeros pri-
mos, o Teorema Fundamental da Aritmtica e diferentes estratgias
de clculo do mdc e mmc usando fatorao. Vimos, tambm, que
a fatorao de um nmero permite-nos obter informaes diversas
sobre o nmero como: quantidade de divisores, se o nmero um
quadrado, um cubo ou outra potncia.
Bibliografia comentada
DOMINGUES, Hygino H. Fundamentos de Aritmtica. So Paulo:
Atual, 1991.
Este livro, j citado no captulo anterior, uma obra que, alm de desenvolver
o contedo, prope exerccios interessantes. Sugerimos a consulta deste
livro ao estudante que busca mais informaes sobre o tema.
Captulo 5
Princpio de Induo
155
Captulo 5
Princpio de Induo
afirmaes deste tipo podem ser provadas para todo nmero natu-
ral a partir de um nmero dado, sem verifica-los um a um, o que
seria impossvel. Ao contrrio do que parece, um mtodo dedutivo
de demonstrao. Voc conhece o efeito domin? Basta um leve
toque no primeiro e todos os outros caem. com esta idia que voc
vai comear a trabalhar agora.
1 + 3 + 5 + + (2n 1) = ?
157
n = 1, 1 = 1 = 12
n = 2, 1 + 3 = 4 = 22
n = 3, 1 + 3 + 5 = 9 = 32
n = 4, 1 + 3 + 5 + 7 = 16 = 42
n = 5, 1 + 3 + 5 + 7 + 9 = 25 = 52 .
x = n 2 + n + 41 um nmero primo n 0 .
Casos particulares:
n = 0, x = 41
n = 1, x = 43
n = 2, x = 47
n = 3, x = 53
n = 4, x = 61
n = 5, x = 71
n = 6, x = 83
n = 7, x = 97
n = 8, x = 113
n = 9, x = 131
Mas, para n = 40 , teremos
3) Analisemos as afirmaes:
n3 n divisvel por 3 ,
n5 n divisvel por 5
n 7 n divisvel por 7
Exemplos:
1 = 12 verdadeiro.
Suponhamos que:
1 + 3 + 5 + + (2k 1) + (2k + 1) = (k + 1) 2 ,
Logo: 3n 1 mltiplo de 2 , n 1 .
161
Princpio de Induo
Princpio de Induo:
Seja a um nmero inteiro.
Mais exemplos
n(n + 1)
4) 1 + 2 + 3 + ... + n = , n 1 ( n a quantidade de naturais
2
consecutivos somados).
1(1 + 1) 2
1) n = 1 , = = 1 . OK.
2 2
2) Hiptese de induo: para k fixo, k 1 ,
k (k + 1)
1 + 2 + 3 + ... + k = .
2
Nosso objetivo, agora, provar que a igualdade verdadeira se
acrescentarmos mais uma parcela. Note que estamos fazendo
a induo sobre a quantidade de parcelas somadas. Assim, o
que queremos provar a igualdade,
(k + 1)(k + 2)
1 + 2 + ... + k + (k + 1) = .
2
Vamos desenvolver o membro da esquerda e usar a hiptese
de induo.
k (k + 1)
1
+ 2 3 + ... +k + (k + 1) =
+ + (k + 1) =
HI 2
k k
= (k + 1) + (k + 1) = (k + 1)( + 1) =
2 2
k + 2 (k + 1)(k + 2)
= (k + 1)( )= .
2 2
162
n(n + 1)
Logo, 1 + 2 + ... + n = verdadeira para todo n 1 .
2
5) 7 divisor de 23n 1, n 0
1
6) 1.2 + 2.3 + 3.4 + ... + n(n + 1) = (n + 1)(n + 2)n , n 1
3
A induo aqui ser feita sobre o nmero de parcelas soma-
das.
1 1 6
1) Para n = 1 , (1 + 1)(1 + 2).1 = (2)(3).1 = .1 = 2.1 . Logo vale
3 3 3
para n = 1 (uma parcela).
1
1.2 + 2.3 + 3.4 + ... + k (k + 1) = (k + 1)(k + 2)k .
3
Nosso objetivo provar a igualdade
(k + 1)(k + 2)(k + 3)
1.2 + ... + k (k + 1) + (k + 1)(k + 2) = .
3
Vamos desenvolver o membro da esquerda e usar a Hiptese;
note que a parcela acrescentada o produto (k + 1)(k + 2) .
163
a) x n .x m = x n + m
b) ( x n ) m = x n.m
Demonstrao:
Exerccios propostos
1) Prove que: n3 n divisvel por 6 , n 1 .
n(2n + 1)(n + 1)
4) Prove que: 12 + 22 + 32 + ... + n 2 = , n 1 .
6
5) Prove que: 2n > n 2 , n 5 .
Resumo
Estudamos, neste captulo, um mtodo de demonstrao, chamado:
Primeiro princpio de induo que consiste do seguinte:
Bibliografia comentada
SOMINSKI, I. S. Mtodo de induo matemtica. So Paulo: Atual,
1996.
Captulo 6
Nmeros racionais
6.1 Introduo
Os nmeros racionais aparecem pela primeira vez nas sries ini-
ciais do Ensino Fundamental, com a idia de frao; na quinta e
na sexta sries do Ensino Fundamental o assunto retomado sob
o ponto de vista de um conjunto numrico com operaes pr-
prias e novos algoritmos. O que era o pedao de um todo passa
a ser tratado como nmero. um assunto que requer uma abor-
dagem cuidadosa para que o estudante possa fazer essa transio
de modo natural. Muito importante tambm neste contexto so as
diferentes representaes de um nmero racional.
1x = 0 2x = 0 3x = 0 (1) x = 0 (2) x = 0
1x = 1 2x = 1 3x = 1 (1) x = 1 (2) x = 1
1x = 2 2x = 2 3x = 2 (1) x = 2 (2) x = 2
1x = 3 2x = 3 3x = 3 (1) x = 3 (2) x = 3
1x = 1 2 x = 1 3 x = 1 (1) x = 1 (2) x = 1
1x = 2 2 x = 2 3 x = 2 (1) x = 2 (2) x = 2
1x = 3 2 x = 3 3 x = 3 (1) x = 3 (2) x = 3
171
2x = 1 2x = 3 (2) x = 1 (2) x = 3
4x = 2 4x = 6 (4) x = 2 (4) x = 6
6x = 3 6x = 9 (6) x = 3 (6) x = 9
(2) x = 1 (2) x = 3 2 x = 1 2 x = 3
(4) x = 2 (4) x = 6 4 x = 2 4 x = 6
(6) x = 3 (6) x = 9 6 x = 3 6 x = 9
1 3 1 3
2 2 2 2
a
= / a , b , b 0 .
b
a
1) = / a , concluso que resulta da ampliao que
1
fizemos.
a
Observao 2. Na representao de um nmero racional, a o
b
numerador e b o denominador.
a
Observao 3. Note que um nmero racional igual a zero quan-
b
do seu numerador igual a zero.
Tarefa
Pesquise qual a origem das palavras numerador e denominador.
Comentrios:
Alguns exemplos
1
a) ma representa a quantidade correspondente a um
2
dos pedaos que resulta da diviso da ma em duas partes
iguais.
1
b) de 30 balas representa a quantidade correspondente a
3
um dos pedaos que resulta da diviso de 30 por trs, ou
seja, 10 balas.
2
c) de 100 reais representa a quantidade correspondente a
5
dois dos pedaos que resulta da diviso de 100 reais por 5 ,
ou seja, 2.(100 5) = 2.20 = 40 reais.
3 6
2) Sobre fraes equivalentes. Os nmeros racionais e
4 8
provm das equaes 4 x = 3 e 8 x = 6 respectivamente. Como
8 x = 6 resulta da multiplicao por 2 em ambos os membros
3 6
de 4 x = 3 , e so duas representaes do mesmo nmero racio-
4 8
6 3
nal. Note que se obtm de pela multiplicao por 2 do
8 4
6 3
numerador e do denominador; e so fraes equivalentes.
8 4
Pensando em uma frao como parte de um todo, dividir o
todo em 4 partes iguais e tomar 3 resulta na mesma quantida-
de obtida se dividirmos o todo em 8 partes iguais e tomarmos
6 . Veja o clssico desenho que aparece nos livros didticos:
3 3 12 9
Outras representaes do nmero racional so: , , , etc.
4 4 16 12
Voc deve ter percebido que um nmero racional tem ento uma in-
finidade de representaes; podemos escolher trabalhar com aquela
que for mais adequada, dependendo da situao. Por exemplo, se
174
5
temos o nmero e necessitamos trabalhar com denominador 45 ,
9
5 5.5 25 5 25
podemos substituir por = pois = .
9 5.9 45 9 45
Exerccios propostos
1) Subtraindo-se um mesmo nmero do numerador e do deno-
8 8
minador da frao , obtm-se uma frao equivalente a ?
12 12
3
3) Que frao da hora o minuto? Quantos minutos h em de
5
hora?
2
6) Soma-se 7 ao denominador da frao . Quanto se deve so-
14
mar ao numerador para obter uma frao equivalente?
6.3 Operaes em
Para definir as operaes em , usaremos as operaes em e
suas propriedades (captulo 2), propriedades estas que no gostara-
mos de perder no processo de ampliao. Considerar um nmero
racional como soluo de uma equao nos permite encontrar uma
maneira de operar os novos nmeros de modo que a estrutura de
se mantm tambm em . como se fizssemos o processo de
operar de trs para frente: considerando que as propriedades de
se mantm em , como posso operar com os novos nmeros?
175
6.3.1 Adio em
Consideramos dois nmeros racionais x e y . Como os elementos
do conjunto so solues de equaes, temos que existem a, b, c e
d inteiros, b e d no nulos, tais que
1) x soluo de bx = a
2) y soluo de dy = c .
3) bdx = ad e
4) bdy = bc
a c
Definio. Dados dois nmeros racionais e , com a, b, c e d
b d
inteiros, b 0 e d 0 , definimos sua soma como:
a c ad + bc
+ = .
b d bd
Exemplos
3 13 9 52 61
Ento + = + = .
8 6 24 24 24
61 122
Como = , pois 61.2 = 122 e 24.2 = 48 , obtemos o mesmo
24 48
resultado.
6 3 6 3.7 + 1.6 27
6) 3 + = + = = .
7 1 7 1.7 7
(Observe que para efetuar o algoritmo da adio em preci-
3
samos representar o nmero inteiro 3 como ).
1
6 6
Um nmero como 3 + pode ser anotado por 3 e chamado
7 7
um nmero misto. De modo geral se q, a e b so inteiros, o
a a
nmero q representa a soma q + .
b b
Propriedades da adio em
a
A3) Para todo nmero racional (com a e b inteiros e b 0 ),
b
0 a 0 a
existe o nmero racional tal que + = .
1 b 1 b
Demonstrao. O candidato a ser o elemento neutro da adio em
0
o nmero inteiro 0 , que em representado por (pode-
1
ramos ter escolhido qualquer outro denominador, mas 1 o mais
conveniente neste caso; lembre das fraes equivalentes!). Vamos ve-
a 0 a.1 + b.0 a + 0 a
rificar que ele satisfaz a condio: + = = = .
b 1 b.1 b b
(Note que usamos as propriedades das operaes em no numera-
dor).
0
Anotaremos o elemento neutro por 0 , como em .
1
a
A4) Para todo nmero racional (com a e b inteiros e b 0 ),
b
r a r
existe um nmero racional tal que + = 0 .
s b s
r
Demonstrao. Estamos procurando um nmero racional que so-
s
a
mado com resulte zero; observemos que:
b
a r a.s + b.r 0 .
+ = =
b s b.s 1
Mas a ltima igualdade ocorre quando a.s + b.r = 0 , ou seja, quando
a
a.s e b.r so opostos. Como o nmero dado, quais valores de-
b
vero tomar s e r para que a.s = (b.r ) ? Fazendo s = b e r = a
obtemos: a.b = [b.(a )] , uma afirmao verdadeira pelas proprie-
a
dades das operaes em (verifique!). Assim, o oposto de em
b
a a a a
= . Note que tambm pode ser o oposto de , uma vez
b b b b
a a
que = (por qu?).
b b
178
6.3.2 Subtrao em
A subtrao em definida como em : subtrair somar o opos-
to.
a c
Definio. Dados dois nmeros racionais e , com a, b, c e d
b d
inteiros, com b 0 e d 0 , definimos sua diferena como:
a c a c ad bc
= + ( ) = .
b d b d bd
Exemplos
4 5 4 5 4 5 4.6 9.5 24 45 21 21
7) = + ( ) = + ( ) = = = = .
9 6 9 6 9 6 9.6 54 54 54
3 7 3 7.8 3.1 56 3 53
8) 7 = = = = .
8 1 8 1.8 8 8
7 5 75 2
9) = = .
4 4 4 4
Exerccios propostos
7) Uma piscina enchida por duas torneiras. A primeira, sozi-
nha, encheria a piscina em 2 horas, e a segunda, em 5 horas.
Que frao do tanque enchida pelas duas torneiras em uma
hora?
1 3
9) A quadra de vlei tem 20 metros de comprimento por 12
2 4
metros de largura. Quantos metros a mais tem o comprimento
em relao largura?
179
5 18 7 8
10) Quanto se deve subtrair de cada uma das fraes , , ,
3 13 4 5
para se obter um inteiro?
6.3.3 Multiplicao em
Consideramos dois nmeros racionais x e y. Da mesma forma como
fizemos para a adio, temos que existem a, b, c e d inteiros, b e d no
nulos, tais que:
1) x soluo de bx = a e
2) y soluo de dy = c .
a c ac
= .
b d bd
Exemplos
7 4 7.4 28
10) = = .
11 9 11.9 99
1 3 1 3
11) 3 = = .
4 1 4 4
180
5 7 5.7 35
12) = = = 35 .
1 1 1 1
Propriedades da multiplicao em
1 a 1.a a
= = .
1 b 1.b b
5 c
1) Para o racional : qual o nmero racional que multiplicado
8 d
5
por resulta 1?
8
5 c 5.c
Para que ocorra = 1 , devemos ter = 1 , ou seja, as fra-
8 d 8.d
5.c 1
es e so equivalentes. Mas as fraes equivalentes a
8.d 1
1
so aquelas cujo numerador igual ao denominador; ento
1
teremos 5.c = 8.d , com c e d nmeros inteiros. Esta igualda-
5
de ocorre para c = 8 e d = 5 . Assim, o inverso de em o
8
8
nmero .
5
9 1
2) Para o racional 9 = , seu inverso ser , uma vez que
1 9
1 9
9 = = 1.
9 9
a b
Desta forma, o inverso de .
b a
1 1
a a a b
Notao. Denotamos o inverso de por , isto , = .
b b b a
Observao 5. Note que o inverso de um nmero racional existe se,
e somente se, o racional no nulo!
6.3.4 Diviso em
a p p
Dados os nmeros racionais, e com 0 , definimos:
b q q
1
a p a p a q aq
= = = .
b q b q b p bp
Exemplos
5 7 5 4 20
13) = = .
13 4 13 7 91
1 1 1 1
14) 3 = . = .
4 4 3 12
1 3 1 3 2 6
15) 3 = = = =6.
2 1 2 1 1 1
a
Teorema. Todo nmero racional x pode ser expresso na forma
b
com mdc (a, b) = 1 .
Demonstrao.
r
Seja x um nmero racional na forma , com r e s inteiros e s 0 .
s
Como r e s so inteiros, existe o mdc (r , s ) , que chamaremos d ,
e existem a e b inteiros, b 0 , tais que r = d .a , s = d .b e mdc
(a, b) = 1 . Ento
r d .a d a a a
= = = 1 = .
s d .b d b b b
r a
Logo a representao irredutvel de .
s b
a 1 8 45
1) Frao prpria: quando a < b . Exemplos: , , .
b 5 14 123
a 4 7 456
2) Frao imprpria: quando b < a . Exemplos: , , .
b 3 2 120
3) Frao decimal: quando o denominador potncia de 10 .
3 9 56
Exemplos: , , .
10 100 1000
4) Frao aparente: quando o numerador mltiplo do denomi-
30 450 98
nador. Exemplos: , , .
5 50 7
5) Frao unitria: quando o numerador 1. Exemplos:
1 1 1
, , .
10 110 56
Exerccios propostos
12) Quanto a tera parte de um meio?
16) Uma garrafa contm dois teros de litro. Quantos litros con-
tm 9 garrafas iguais a esta?
20) Um tanque contendo 750 litros de gua est apenas com seis
dcimos de sua capacidade. Quantos litros de gua haveria no
tanque se estivesse cheio? Quanto falta para ench-lo?
3 2
23) Dos restantes de um bolo, comi . Que frao do bolo
4 3
comi?
2 8
24) Que frao devo somar a para obter ?
3 9
1
25) Qual o nmero que multiplicado por resulta, como produ-
3
3
to, ?
5
2 3
26) Quanto se deve subtrair de para se obter a tera parte de ?
3 5
186
2
27) Uma pea de fazenda, depois de molhada, encolheu de
15
seu comprimento, ficando com 39 metros. Quantos metros ti-
2
28) Imagine um recipiente de um litro ocupado at seus com
3
guaran. Supondo que se queira distribuir esse guaran em
1
copos, cuja capacidade de litro, quantos copos ficaro
5
cheios e que frao de copo sobrar?
b) 43 + 5.101 + 7.142 + (8 + 5) 1 .
187
a
Definio. Um nmero racional positivo quando a.b um n-
b
mero inteiro positivo.
a
Um nmero racional negativo quando a.b < 0 .
b
a
Um nmero racional no negativo quando a.b > 0 ou
b
a.b = 0 .
a a
Observao 9. Note que a igualdade dos racionais e nos
b b
a
permite escrever qualquer nmero racional com denominador
b
positivo. Assim, o conjunto dos nmeros racionais pode ser expres-
a
so por = / a, b e b > 0 . Considerando esta representao
b
a
do conjunto , podemos dizer que um nmero racional posi-
b
tivo quando a > 0 .
i) x y quando y x + ( y x no negativo).
a
Observao 10. Como expressar relao x y fazendo x = e
b
c
y = , com b > 0 e d > 0 ?
d
Acompanhe com ateno:
x y quando y x +
a c c a bc ad
quando = +
b d d b bd
189
bc ad
+ quando bc ad 0 em , ou seja, ad bc .
bd
a c
Logo, podemos dizer que quando ad bc .
b d
3 5
Exemplo: pois 3.6 = 18 4.5 = 20 .
4 6
b) Se x y e 0 z ento xz yz .
c) Se x y e z < 0 ento yz xz .
d) Se x y e z w ento x + z y + w .
Demonstrao.
i) Se x > 0 e x.x 1 = 1 > 0 , x 1 deve ser positivo, uma vez que o pro-
duto de dois racionais positivo quando ambos so positivos ou
ambos so negativos.
Demonstrao.
Demonstrao.
x 1. y 1.x < x 1. y 1. y
( x 1.x). y 1 < x 1.( y 1. y )
1. y 1 < x 1.1
y 1 < x 1
0 < y 1 < x 1 .
x 1. y 1.x < x 1. y 1. y
( x 1.x). y 1 < x 1.( y 1. y )
1. y 1 < x 1.1
y 1 < x 1
y 1 < x 1 < 0 .
x se x 0
| x |=
x se x < 0 .
As propriedades que valiam em tambm valem em . Alm
a a |a|
disso, se x um nmero racional na forma , temos que | |= .
b b |b|
Prove!
192
6.9 Densidade
Dados dois nmeros racionais diferentes, sempre possvel encon-
trar outro nmero racional entre eles; na verdade, possvel encon-
trar uma infinidade de nmeros racionais entre eles! Vamos obser-
var algumas situaes:
1 2
< .
2 3
1 2
O ponto mdio entre e o nmero racional
2 3
1 1 2 1 5 5
z1 = + = = .
2 2 3 2 6 12
1 5 2
Assim, < < .
2 12 3
5 2
Considerando agora os racionais e , achamos o ponto mdio
12 3
entre eles:
1 5 2 1 13 13
z2 = + = = .
2 12 3 2 12 24
5 13 2
Assim, < < .
12 24 3
13 2
Considerando agora os racionais e , achamos o ponto mdio
24 3
29
entre eles, que ser (faa as contas!). Continuando com este pro-
48
cedimento, encontramos uma infinidade de nmeros racionais entre
1 2
e . Note que esta situao no acontecia nos inteiros: entre um
2 3
nmero inteiro a e seu consecutivo a + 1 , no possvel encontrar Note que a idia de
nenhum nmero inteiro. Por causa desta particularidade, dizemos consecutivo no se aplica
a nmeros racionais.
que o conjunto dos nmeros racionais denso na reta, ou seja, en-
tre dois nmeros racionais existe uma infinidade de outros nmeros
racionais. Vamos generalizar:
Demonstrao.
1
Sejam z = ( x + y ) ; z < y , pois:
2
193
x+ y < y+ y
1
x + y < 2y (multiplicando ambos os membros por )
2
1
( x + y) < y
2
z < y.
Exerccios propostos
34) J. J. Sylvester (1814 1897) props o seguinte mtodo para es-
crever um nmero racional x , 0 < x < 1 , como soma das fra-
es unitrias:
1001
37) Ache um nmero racional igual a cuja soma do numera-
715
dor com o denominador seja 48 .
399
38) Ache um nmero racional igual a cuja diferena entre
1463
seu denominador e seu numerador seja 184 .
10r 33r
a) b) .
2r 1 3r 1
43) Sendo n um nmero inteiro, mostre que so irredutveis as
fraes:
n 1 n 1
a) , n 2 b)
n2 2n 1
2n + 1
c) , n 0, n 1 .
2n(n + 1)
44) a) Seja x um nmero racional tal que 0 < x < 1 . Mostre que
1 1
existe r * para o qual tem-se x< .
r +1 r
7
b) Ache r conforme a parte (a) nos seguintes casos: a = ;
22
47
a= .
60
195
7
Vamos exemplificar a situao com a frao ; aprendemos que
25
para responder a primeira pergunta basta dividir 7 por 25 e con-
tinuar a conta, abaixando zeros quando for preciso.
70 25
200 0, 28
00
7 = 0 25+7 .
196
7 10 = 2 25 + 20 . (1)
8 25
Por (2) temos que 20 = .
10
8 25
Substituindo em (1) temos que 7 10 = 2 25 + ;
10
1
Multiplicando ambos os membros por obtemos:
10
1 1 8 25
7= 2 25 + ;
10 10 10
2 8
7 = 25 + 25
10 100
2 8
7 = 25 + ;
10 100
1
Multiplicando ambos os membros por , temos
25
7 2 8
= + , ou
25 10 100
7 2 8
= + 2. (3)
25 10 10
7
A igualdade (3) expressa o nmero como uma soma de fraes
25
cujos denominadores so potncias de 10 (so chamadas fraes de-
cimais), a base de nosso sistema de numerao: sete vinte e cinco
avos igual a dois dcimos mais oito centsimos. Note tambm que
as fraes do membro da direita possuem algarismos em seus nu-
197
2
Experimente agora encontrar a representao decimal de .
3
20 3
20 0, 666...
20
2
Observe que os restos se repetem, dando origem a uma seqncia de
algarismos "6" aps a vrgula. A conta continua indefinidamen-
te, e este fato representado pelas reticncias. Neste caso, dizemos
que a representao decimal uma dzima peridica; o algarismo
(ou algarismos) que se repete chamado o perodo, que em nosso
caso o 6 . Na prtica no usamos esta representao: na maioria
das vezes truncamos o nmero e paramos em duas ou trs ca-
sas decimais. Lembre-se sempre que, quando se faz isso, estamos
198
5 5 5 5
0,55555... = + 2 + 3 + 4 + ...
10 10 10 10
5 5 5 5
> 2 > 3 > 4 > ...
10 10 10 10
1
Observe tambm que cada parcela a anterior multiplicada por .
10
5 5 5 5
Podemos ento pensar na seqncia das parcelas , 2 , 3 , 4 , ...
10 10 10 10
como uma progresso geomtrica (abrevia-se PG) infinita, decres-
1 5
cente, de razo < 1 e primeiro termo igual a Progresses des-
10 10
ta natureza admitem uma soma de todos os seus termos; chamando
o primeiro termo de a1 e a razo de q , a soma dada pela frmula
a1
S= .
1 q
199
Exemplos
2 7 7 7 2 7 7 7
16) 1, 27777... = 1 + + 2 + 3 + 4 + ... = 1 + + ( 2 + 3 + 4 + ...)
10 10 10 10 10 10 10 10
2 7 7 7 2 7 7 7
1, 27777... = 1 + + 2 + 3 + 4 + ... = 1 + + ( 2 + 3 + 4 + ...) .
10 10 10 10 10 10 10 10
A soma entre parnteses a soma dos termos de uma PG in-
1 7
finita, decrescente, de razo e primeiro termo igual a 2 .
10 10
a1
Usando a frmula S = , obtemos:
1 q
2 7 7 7 2 7 7 7
1, 27777... = 1 + + 2 + 3 + 4 + ... = 1 + + ( 2 + 3 + 4 + ...) =
10 10 10 10 10 10 10 10
7
2 2 2 7 10 2 7 90 + 2 9+7 115 23
= 1 + + 10 = 1 + + 2 . = 1 + + = = =
10 1 1 10 10 9 10 90 90 90 18
10
1 2 1 2
17) 0,121212... = + 2 + 3 + 4 + ...
10 10 10 10
O perodo neste caso 12; note que se agruparmos dois em
dois os termos do membro direita, ficamos com:
1 2 1 2 1 2 1 2
0,121212... = + 2 + 3 + 4 + ... = + 2 + 3 + 4 + ...
10 10 10 10 10 10 10 10
Efetuando as adies dos parnteses, temos:
200
1 2 1 2 12 12 12
0,121212... = + 2 + 3 + 4 + ... = 2 + 4 + 6 ...
10 10 10 10 10 10 10
Esta nova soma que aparece direita a soma dos termos
4 2 3 2 3
18) 1, 4232323 = 1 + + 2 + 3 + 4 + 5 + ...
10 10 10 10 10
Separando as duas primeiras parcelas da soma, agrupamos as
outras parcelas duas a duas e ficamos com:
4 2 3 2 3
1, 4232323 = 1 + + 2 + 3 + 4 + 5 + ...
10 10 10 10 10
Procedendo como no exemplo anterior, podemos identificar
uma PG efetuando a soma dos termos entre parnteses:
4 23 23 23
1, 4232323 = 1 +
+ + + + ...
10 103 105 107
23 1
A PG tem primeiro termo igual a 3
e razo igual a ;
10 102
usando a frmula, temos:
23
4 23 23 23 4 3
1, 4232323 = 1 + + 3 + 5 + 7 + ... = 1 + + 10 =
10 10 10 10 10 1 1
102
4 23 102 4 23 990 + 4 99+23 1409
= 1+ + 3 = 1+ + = = .
10 10 99 10 990 990 990
201
9 9 9 9 9
19) 0,999... = + 2 + 3 + 4 + 5 + ...
10 10 10 10 10
Este caso como no exemplo inicial: a soma de uma PG in-
9 1
finita, decrescente, cujo primeiro termo e a razo .
10 10
Temos ento:
9
9 9 9 9 9 9 10
0,999... = + 2 + 3 + 4 + 5 + ... = 10 = = 1.
10 10 10 10 10 1 10 9
1
10
20) 1,9999... = 2
21) 2,9999... = 3
Exerccios propostos
45) Escreva a representao fracionria irredutvel dos seguintes
nmeros racionais:
a) 0, 0305
b) 34, 796
c) 5, 4444
d) 0, 0001
e) 1, 20202020...
f) 3, 41898989...
g) 5, 097777...
h) 34,59999...
202
a) 0,54 b) 42,123
c) 1,59 d) 2, 01
56 456
a) = 0,56 b) = 45, 6
100 10
34
c) = 0, 00034
105
O que voc conclui?
24) Como voc j deve ter notado (exerccio 49), fraes cujo de-
nominador uma potncia de 10 admitem uma representao
decimal finita; por exemplo,
9 234 12 231
= 0,9; = 2,34; = 0, 0012; = 0, 00231; etc.
10 100 104 105
21 345 1 4351
= 1,3125; = 86, 25; = 0, 03125; = 67,984375
16 4 32 64
59 298 1 73
= 2,36; = 2,384; = 0, 2; = 0,1168.
25 125 5 625
a
Teorema. Um nmero racional em sua forma irredutvel admi-
b
te uma representao decimal finita quando o denominador b no
apresentar outros fatores alm de 2 e 5 . A representao ser so-
mente infinita peridica quando o denominador b apresentar pelo
menos um fator primo diferente de 2 e diferente de 5 .
Observao 14. Note que o teorema s pode ser usado para fraes
91
irredutveis! Por exemplo, apresenta o fator 13 no denominador
26
( 26 = 2 13 ) e, mesmo assim, possui uma representao decimal fi-
91 7
nita, pois a frao no irredutvel: = e o denominador 2
26 2
uma potncia de 2 . Logo, a frao admite uma representao deci-
mal finita.
8 7
nria dos nmeros 0,8888... =e 0, 7777... = . Somando-os nesta
9 9
8 7 15 5
nova representao obtemos + = = , cuja representao de-
9 9 9 3
cimal 1, 666...
6.11 Potncias em
A idia de potncia de um nmero que aprendemos em perma-
nece a mesma no conjunto dos racionais, independente da repre-
sentao utilizada. Mas a existncia de inversos em nos permite
definir potncias de expoentes negativos. Veja alguns exemplos:
2
4 4 4 4 4 42
27) = = = .
3 3 3 3 3 32
(0,56 )
3
28) = 0,56 0,56 0,56 = 0,175616 .
2 2 2 11 11 11 1331
29) (1, 2222...) = 1 + 1 + 1 + = =
3
.
9 9 9 9 9 9 729
(lembre-se da obs. 14: s sabemos operar em representao
fracionria ou em representao decimal finita!).
2
5
2
5 1 8 2 82 64
30) = = = 2 = .
8 8 5 5 25
a
Definio. Seja n um nmero inteiro, n 0 e um nmero racio-
b Se n um nmero
nal no nulo. Ento:
inteiro positivo, ento
a
0
n um nmero
i) = 1 . negativo.
b
n
a an
ii) = n .
b b
n
a
n
a 1 b n b n
iii) = = = n .
b b a a
205
a) x n .x m = x n + m
b) ( x n ) m = x n.m
c) ( x. y ) n = x n . y n
xn
d) m = x n m
x
Demonstrao. a), b) e c) demonstram-se por induo, como em
(captulo 5). Demonstra-se d) usando b) e a definio de diviso.
1) a 2 = 2b 2 .
2k 2 = b 2 .
a
Mas isto uma contradio, pois o nmero est em sua forma ir-
b
redutvel (ou seja, no admite fatores comuns) e 2 no pode ser um Isto nos mostra que existe
um campo numrico mais
fator de a e tambm de b . Esta contradio teve origem em nossa amplo que o conjunto dos
suposio da existncia de um nmero racional cujo quadrado 2 . nmeros racionais e voc
j o conhece: o conjunto
Logo, este fato no pode ocorrer, ou seja, no existe um nmero ra- dos nmeros reais, que
cional cujo quadrado 2 . Em outras palavras, o nmero cujo qua- acrescenta ao conjunto
drado 2 no um nmero racional. dos nmeros racionais os
nmeros irracionais, ou
seja, aqueles nmeros que
no podem ser expressos
Exerccios propostos como razo de inteiros. Este
conjunto voc ir estudar
50) Verifique se os nmeros racionais a seguir admitem uma re- com detalhes na disciplina
presentao decimal finita, sem efetuar a diviso: de Introduo ao Clculo.
57
a)
6
78
b)
26
45
c)
256
207