1001 Dicas Pronto Socorro (1, 2, 3, 4)
1001 Dicas Pronto Socorro (1, 2, 3, 4)
1001 Dicas Pronto Socorro (1, 2, 3, 4)
2014
INTRODUO
O fator determinante que me fez tomar a deciso de escrever a srie "1001 dicas de Pronto-
socorro", com 4 volumes, foram as besteiras que fiz quando comecei a fazer plantes.
Desconhecia totalmente a rotina de um mdico de Pronto-socorro!
Se eu tivesse tido uma orientao, por menor que fosse, teria errado bem menos e passado menos
vergonha por no saber, sequer, fazer certa uma simples exrese de unha, uma sutura, prescrever
um medicamento, fazer um pedido de exame, realizar pequenos procedimentos cirrgicos, etc.
Chamei a enfermeira mais antiga, e lhe fiz humildemente a seguinte pergunta: Como voc acha que o
professor resolveria esse caso? Imediatamente ela comeou a me ensinar tudo, passo a passo.
bvio que ela nunca tinha feito tais procedimentos, mas havia presenciado tantos, que sabia
exatamente como resolv-los. Comecei a respeit-la tambm quanto aos seus conhecimentos. Antes,
eu a considerava apenas uma companheira de trabalho.
Achava que apenas trabalhvamos juntos, mas nossas funes eram diferentes: eu era o mdico, e ela
era a enfermeira. No PS isso no existe. Estamos no mesmo barco, e assim que o barco navega em
qualquer lugar do Brasil!
No so todos os mdicos que podem. S os preparados. Ser mdico plantonista ter coragem
acima de tudo, principalmente aqui em nosso Pas onde tudo difcil e complicado.
A dificuldade comea na Faculdade, quando no temos Ensino suficiente para termos autoconfiana
para atender bem um paciente, principalmente no Pronto-socorro quando no nos deixam fazer nada,
s olhar. Alguns dizem que estou errado, mas a realidade essa, doa a quem doer.
No estou aqui fazendo qualquer crtica, mesmo porque, no tenho esse direito. J presenciei mdico,
literalmente, fugindo do planto e mesmo assim no o critiquei porque sei como difcil E muito!
Talvez isso pudesse ter sido evitado, se o tal mdico tivesse um mnimo de formao voltada para o
paciente de Pronto-socorro.
o que pretendo com essa srie de E-books. NO IMPORTA SUA IDADE OU EXPERINCIA -
NO DESISTA!
Por outro lado, acho um absurdo o fato de mdico que nunca fez um planto de PS (geralmente
especialista em alguma coisa), quando chamado ao PS para um parecer (a famosa retaguarda),
maltrate o plantonista em todos os sentidos, tendo como escudo o pouco que sabe da sua
especialidade.
ESPERO QUE ENTENDAM QUE O OBJETIVO DESSE LIVRO NO ENSINAR MEDICINA!
VOC J MDICO! ALGUNS LEMBRETES FORAM INSERIDOS (em todos os volumes) PARA
FACILITAR A COMPREENSO DAS DICAS!
Este volume contm dicas verdadeiramente valiosas, numa linguagem simples, fceis de memorizar,
mas so de muita importncia no Pronto-socorro e na UPA:
6-Como fazer pequenas cirurgias: suturas, reparao de ferimentos atingindo nervos ou vasos,
tenorrafia, retirada de lipoma, retirada de cisto sebceo; exrese de verrugas e outras leses de pele;
7-Como um mdico retira um berne (larva da mosca dermatobia hominis);
ACLS e ATLS
Todo mdico que queira fazer plantes em Pronto-socorro ou Unidade de Pronto Atendimento (UPA),
como quer o Governo, deve fazer esses cursos.
Como tudo no Brasil pago, resolveram terceirizar e cobrar (muito) do mdico a aquisio desses
conhecimentos, como se os mdicos fossem us-los em seus consultrios para auferirem lucros.
Ser que nunca vo entender que esse conhecimento sempre ser direcionado ao atendimento de
urgncia/emergncia da populao em geral, e deve ser considerado um bem pblico?
Ser que nunca vo entender que o ACLS ou ATLS deve ser considerado obrigatrio no revalida?
Ser que nunca vo entender que o ACLS ou ATLS no deve ser considerado um curso, e sim um
programa curricular obrigatrio? Pensem, e me deem a resposta quando puderem ou souberem.
No possvel aprender o ACLS ou ATLS em nico curso! Faa vrios, at entender toda a dinmica
do Curso. Quem disse que fez uma vez e aprendeu tudo, mentiu!
Digo isso porque muitos mdicos, mesmo aps terem feito esses cursos, me fazem perguntas
diversas, mas uma me chamou a ateno: Voc pode me ensinar a intubar? Imediatamente eu
respondi com outra pergunta: Ao vivo e a cores? De todo o Curso, voc s no sabe isso? Para
minha surpresa, a resposta foi sim.
Como um dos objetivos do "1001 DICAS" esse, vamos em frente:
Em primeiro lugar, gostaria de salientar que no h como ensinar a intubar (segundo o Caldas Aulete,
entubar tambm est certo) ao vivo e a cores por vrios motivos; o principal que eu precisaria
estar junto de voc quando aparecesse um caso no PS que realmente necessitasse desse
procedimento.
Em segundo lugar, eu tentaria intubar o mais rapidamente possvel, e no poderia perder tempo
ensinando voc, com risco de perder o paciente.
Em terceiro lugar, enquanto eu estivesse tentando intubar, voc no iria ver e nem entender nada
porque a viso de quem est intubando muito restrita, e no d para parar e mostrar o que se est
fazendo, com risco de perder a manobra.
A manobra que se faz para intubar um paciente de Pronto-socorro bem diferente do que um
anestesista faz para uma cirurgia eletiva. Muito diferente, por motivos bvios! Portanto, ningum
pode ensinar voc a intubar um paciente de PS, nem um anestesista! Voc tem que aprender
sozinho!
Imagine um paciente de PS que j chega na pior condio fsica possvel, nvel de saturao de
oxignio baixo e caindo cada vez mais, etc.
Voc est sozinho no planto e se ele no for intubado rapidamente, morre! O que voc precisa saber
para, pelo menos, tentar intubar? As dicas so:
1-Uma base terica forte, fortssima, do procedimento (esta a principal dica). Voc deve sempre
se imaginar fazendo uma intubao seguindo essas dicas.
2-Colocao de um coxim (existe coxim especfico, mas no so todos os PS que tm. Se no tiver,
improvise com travesseiro, etc.) interescapular, mais ou menos ao nvel de T1 (primeira vrtebra
torcica) para fazer a extenso moderada do pescoo. Se voc estender demais, vai estreitar, mais
ainda, a orofaringe.
3-Com a mo esquerda, tracione a ponta da lngua utilizando gazes abertas para no escorregar,
num movimento conjunto com a lmina curva e comprida do laringoscpio que est sendo dirigida
pela sua mo direita, forando a base da lngua para cima e para o lado esquerdo.
Quando a lngua estiver bem tracionada para fora e para a esquerda, solte a ponta da lngua e segure
o conjunto todo (gaze, lmina e lngua) com a mo esquerda.
No segure s pelo cabo do laringoscpio porque vai escapar tudo, e voc ter que comear tudo
de novo.
Com a mo direita, agora livre, pegue a sonda endotraqueal (com fio guia) e com a prpria
iluminao do laringoscpio, que agora est sendo dirigido pela sua mo esquerda (se necessrio,
pea mais iluminao para a enfermeira, mas no afrouxe a mo esquerda), introduza-a na traqueia,
e no no esfago que o PRIMEIRO ORIFCIO A SER VISUALIZADO, por isso muitos erram a!
A traqueia est um pouco mais anterior e para cima.
4-Retire o fio guia, e faa a ausculta pulmonar bilateral para ter certeza que a sonda est na traqueia
e no dentro de um brnquio (geralmente o esquerdo, devido anatomia), e se estiver, tracione um
pouco para fora. Insufle o balo de conteno (5 a 7 ml), e pronto: VOC INTUBOU! Nunca mais
voc vai se esquecer de como se faz uma intubao!
Esta explicao parece um tutorial, e ! LEIA E RELEIA AT MEMORIZAR. Uma pergunta a voc:
Algum consegue ensinar isso?
Muitas vezes, o prprio paciente ao dar entrada no Pronto-socorro j d uma pista importante sobre
seu diagnstico. Observe tudo: fcies, leses de pele, claudicao, se ele est com a mo no local
da dor, seu olhar, seus movimentos Etc.
Ao iniciar a anamnese (se possvel), considerando que voc j tem os dados sobre presso arterial,
pulso e temperatura, lembre-se do que viu, e dirija sua ateno para esses pontos.
O exame fsico tem que ser rpido porque voc est num Pronto-socorro, e no no seu consultrio
particular.
Aqui, vamos dividir o exame (bem diferente da faculdade) em cinco regies anatmicas: Cabea,
pescoo, trax, abdome e membros.
CABEA: Simetria, leses, abaulamentos, afundamentos, presso intraocular (palpe levemente com
os dedosdeve ser proporcional Presso Arterial), pupilas e conjuntivas (hemorragia
subconjuntival sugere trauma de trax).
TEMPO: 15 SEGUNDOS.
TRAX: Nunca faa a ausculta do trax com o estetoscpio por cima da roupa do paciente. J
difcil sem a roupa, imagine dessa maneira.
Aproveite para observar se h sinais de traumatismos ou alguma leso de pele, tipo hemangioma, na
regio dorsal. Muitas leses passam despercebidas pelo paciente e podem ser graves. O
Hemangioma maligno uma delas.
Divida a ausculta em 6 pontos do trax dorsal: superior, mdio e inferior. Trax anterior: V
rapidamente para os pontos de ausculta valvares, verificando ritmo (principalmente) e sopros.
TEMPO: 60 SEGUNDOS.
ABDOME: Palpar rapidamente todos os rgos como aprendeu na Faculdade. A ausculta
obrigatria. NO SE ESQUEA de palpar e auscultar a aorta abdominal. Muitos pacientes chegam
com dor consequente rotura da aorta por aneurisma. O fim vocs j sabem!
TEMPO: 60 SEGUNDOS.
MEMBROS: Verificar pulso, temperatura local, mobilidade ativa e passiva. Exame neurolgico s
se o caso exigir, no deve ser prioridade. Encaminhe para o neurologista, depois! TEMPO: 15
SEGUNDOS.
Note bem: estas condutas no so estanques, podem e devem ocorrer ao mesmo tempo. Exatamente
por isso que ser mdico plantonista no para qualquer um!
Esta uma pergunta que quase todos os mdicos plantonistas, iniciantes ou no, fazem. Os aparelhos
de RX diferem quanto ao tamanho e potncia (50 mA, 500 mA etc.). Quanto maior a potncia,
maior a nitidez da imagem. Alguns s fazem extremidades. No PS geralmente o menor, quando tem!
Considere, para efeito didtico, dois elementos: Um emissor de raios-X e um receptor (filme).
Tipos:
RX contrastado: Geralmente com Brio (uso oral) e com compostos iodados (uso endovenoso).
PA=Pstero-anterior
T=Tangencial
A=Axial
RX (PA): Os raios-X entram pela regio posterior (paciente em posio anatmica) e saem pela
regio anterior, sensibilizando o receptor (filme) que est encostado na regio anterior.
Como a regio posterior est mais distante do filme sua imagem aparecer ampliada.
Exemplo: Se voc quiser visualizar os pulmes, deve pedir incidncia em PA e no em AP, porque
desta maneira os pulmes estaro mais distantes do filme e a imagem aparecer ampliada. Em PA,
as costelas posteriores tambm aparecero ampliadas.
RX (AP): Exatamente o inverso de PA.
Como fazer o pedido: Num receiturio comum escreva o nome do paciente, e mais abaixo, o tipo de
exame que voc quer:
Exemplos:
RX de Trax (PA + P)
RX de Crnio (AP + P)
RX de coluna cervical (AP + P) ou (AP + P +OD +OE) + AP com a boca aberta para visualizar a
apfise odontoide. Muitas fraturas dessa vrtebra passam despercebidas, com consequncias
desastrosas.
RX do sacro (AP + P)
RX dos seios paranasais (NM+FN). NM=apoio da cabea (sobre o filme) no nariz (naso) e queixo
(mento). FN=apoio da cabea no osso frontal (fronto) e no nariz (naso). A incidncia , obviamente,
sempre PA.
*Sempre pedir incidncia em perfil. Algumas patologias s podem ser vistas no perfil.
*Perfil direito ou esquerdo? Depende de qual imagem voc quer ver ampliada.
Nunca escreva: RX dos pulmes. Os motivos so bvios: os pulmes esto dentro do trax, e no
h como isolar o resto das estruturas que tambm so visveis ao RX. Nunca escreva RX da tbia,
RX do rdio, RX da cabea, etc. Excees: calcneo, fmur, e clavcula.
RX Tangencial: incidncia mais usada para visualizar estruturas que podem ficar sobrepostas
dificultando o diagnstico, exemplo: fratura de clavcula.
Exemplos:
RX contrastado EED = do esfago, estmago, e duodeno.
RX Enema opaco= enema usando geralmente o brio como contraste para visualizar o reto, sigmoide
e parte do intestino grosso.
RX Deglutograma= Estudo radiolgico usando contraste iodado (geralmente) via oral para
diagnosticar disfagia orofarngea.
RX de crnio (AP+P)
RX dos seios da face (NM+FN+P) = naso-mento, fronto-naso e perfil (para visualizar melhor o seio
frontal).
RX de coxa (AP+P).
RX de perna (AP+P).
RX de joelho (AP+P) - existe a incidncia para tnel intercondleo em casos especiais (visualizao
de corpo livre intra-articular, fratura de cndilo femoral, hemartrose com AP+P normais, etc.).
RX de tornozelo (AP+P).
RX do brao (AP com Rotao interna(RI) e AP com rotao externa(RE))-no existe perfil.
RX do cotovelo (AP+P).
RX do antebrao (AP+P).
RX do punho (AP+P) ou (AP+P+O) - para visualizar melhor os ossos do carpo. A oblqua feita
com o punho na posio do ato de escrever.
Para toda medicao h uma reaolembre-se sempre disso. O melhor medicamento aquele
que voc tem experincia em us-lo!
Acho constrangedor para o paciente, escrever Uso retal ou Uso vaginal, por exemplo.
Prefiro escrever e explicar a maneira de usar. Tambm escrevo na seguinte ordem: primeiro os
injetveis, depois os de via oral, por ltimo os de uso retal, e os tpicos.
EXEMPLOS DE RECEITA: Para o Sr (a): ABC
Uso externo
Pingar 2 gotas no olho direito 3 x (ou vezes) por dia... por 10 dias
XYZ 150 mg supositrios.................................... 1 cx.
Aplicar 1 x noite
Uso interno
Note que essa receita autoexplicativa, no h necessidade de constranger o paciente usando duas
vezes a mesma palavra. Curiosidade: Pacientes do sexo feminino preferem balconistas da farmcia
tambm do sexo feminino. ESTAMOS NO BRASIL!
NO CAMPO posologia: escreva a dose diria. Exemplo: 1 comp., VO, 3 x (vezes) por (ao dia)
dia. Circule a via de ministrao. No escreva mais nada.
NO CAMPO assinatura do emitente: coloque seu carimbo e assine, mesmo que no campo
Identificao do emitente esteja impresso o nome do Hospital.
1-campo fechado;
2-campo fenestrado;
3-luvas esterilizadas,
4-fio absorvvel;
5-fio inabsorvvel tipo mononylon ou equivalente, ns 000,0000,00000: 3-0, 4-0, 5-0 (leia 3 zero,4
zero,5 zero), com agulha traumtica (seco triangular). Com agulha atraumtica (seco cilndrica)
s em alguma eventualidade;
9-soro fisiolgico;
11-porta-agulhas;
17-foco de luz.
1-FERIMENTO CORTANTE.
2-FERIMENTO CORTO-CONTUSO.
3-FERIMENTO LCERO-CONTUSO.
Coloque luvas esterilizadas, aplique o degermante com uma ou duas compressas de gaze no local que
voc pretende aplicar a anestesia, aplique o anestsico (no use com vasoconstritor em
extremidades), e a seguir lave bem o ferimento com gua corrente e sabo lquido. Se no for
possvel, lave com soro fisiolgico (no economize soro).
Troque de luvas, aplique novamente o degermante, coloque primeiro o campo fenestrado (para isolar
a microrea), a seguir coloque os campos fechados para isolar toda a rea que achar necessria para
evitar contaminao. Prenda os campos com Bakaus.
Verifique se a rea est anestesiada, se no, complete a anestesia (utilize sempre a menor quantidade
possvel de anestsicolembre-se de que ele ser absorvido).
Examine com a ponta dos dedos se existe mais alguma coisa que voc no viu, por exemplo:
ferimento na cabea com afundamento do crnio, corpo estranho, etc.
Examine o ferimento, sempre com o foco de luz, para determinar a extenso e se atingiu planos
profundos ou alguma estrutura nobre: vasos, tendes, nervos, e ossos. No se esquea de palpar o
fundo do ferimento!
A- FERIMENTO SUPERFICIAL:
Faa sutura simples com pontos separados utilizando o fio mononylon com agulha triangular
(traumtica) (o calibre do fio medido em ordem inversa, quanto maior o nmero, menor o calibre)
que voc acha que ter uma boa resistncia. Exemplos: Ferimento na face: mononylon 00000(ou 5-0).
Outros locais: mononylon 0000 (ou 4-0) ou 3-0 (000).
Sutura simples tipo Donatti (este tipo considerado isquemiante, e como abrange uma rea maior,
deve ser usado). No aperte muito, apenas o suficiente para manter uma boa aproximao das bordas
teciduais. O objetivo da sutura APROXIMAO PERFEITA e no AMARRAO! O processo de
cicatrizao completar seu trabalho, no se preocupe!
Neste caso, obviamente a fscia muscular foi cortada, suture-a com fio inabsorvvel com pontos em
U, apertando at que haja boa aproximao das bordas do msculo.
NO SUTURE O MSCULO.
NO FAA NADA, chame um neurocirurgio que far a neurorrafia (bainha ou funicular). No caso
de ferimento na mo, um ortopedista cirurgio de mo, poder faz-la.
D 2 pontos cardeais na bainha seguindo o vasa nervorum como referncia para que os funculos
fiquem alinhados.
No corte os fios. Inverta os fios e tracione-os para rodar a bainha. D mais dois pontos, sempre
seguindo o vasa nervorum.
Feito isso, complete a sutura usando mononylon 5-0 ou 6-0 com agulha cilndrica (atraumtica),
pontos em U.
Pelo menos se evita o neuroma, e tudo ficar mais fcil se o neuro cirurgio precisar refazer.
S a sutura da bainha (bem realizada) em nervos com calibre maior como o N.radial, N.ulnar,
N.mediano, etc., suficiente para a recuperao total do nervo!
A- ARTEROLAS: Faa a ligadura com fio inabsorvvel, d um ponto transfixante (a agulha penetra
transversalmente na arterola) como garantia de que a ligadura no ir se soltar. CERTIFIQUE-SE de
que no haver comprometimento da irrigao. EXEMPLO: a artria digital NO UMA
ARTEROLA.
B- ARTRIA: Duas vias de acesso com abbocath de maior calibre possvel, para Soro Fisiolgico,
etc. Chame o cirurgio vascular.
Enquanto espera, se no tiver a pina bulldog, pare a hemorragia da seguinte forma: Corte 2 (dois)
pedaos do equipo de soro, encape as pontas de um Kelly e faa a hemostasia sem apertar muito,
apenas o suficiente (a presso exercida tem que ser ligeiramente maior que a presso arterial). Os
pedaos do equipo evitam traumatizar a artria.
O garroteamento usando esfigmomanmetro pode ser uma alternativa, mas por pouco tempo.
Obs. Se a artria atingida for de grande calibre, como a ARTRIA FEMURAL, por exemplo, trata-
se de uma emergncia e s existe uma alternativa: a compresso digital. Coloque rapidamente
uma luva, introduza o dedo no local do ferimento e comprima a artria at bloquear o
sangramento. Se no conseguir, amplie o ferimento sem anestesia mesmo, pois esta a ltima
chance que o paciente ter para sobreviver. O cirurgio vascular decidir o que fazer depois.
3: FERIMENTO LCERO-CONTUSO
Procedimento inicial igual ao tipo anterior (procedimento padro). Como neste tipo as bordas so
irregulares, voc tem que suturar dando uns pontos cardeais para definir uma reconstruo como se
fosse um quebra-cabea.
Procedimento inicial igual aos outros (procedimento padro). Obviamente, se houver grande perda
necessria a presena de um cirurgio plstico e outros. No um caso para voc, se tiver
retaguarda.
Se no tiver, faa a aproximao dos tecidos da melhor maneira e depois encaminhe com cobertura
antibitica.
Coloquei este item visando uma leso que ocorre muitas e muitas vezes num Pronto-socorro, e o
mdico plantonista tem enorme dificuldade.
Esta leso, a princpio, no tem como ser reparada a no ser que voc utilize uma tcnica simples de
ROTAO DE RETALHO chamada VY.
Voc faz uma inciso em V na polpa digital que sobrou, com a ponta do V voltada em direo
prega digital distal e a parte de cima do V vai ficar alinhada com a parte que sobrou da unha.
Descole, um pouco, esse retalho com a ponta do bisturi (em ngulo de 45) at voc conseguir
suturar este retalho na unha com mononylon 3-0.
Faa a sutura do que sobrou do V com mononylon 4-0. Observe que a sutura ter a forma de um
Y, por isso: VY.
5: FERIMENTO DESCOLANTE
Procedimento inicial padro. Este tipo de leso geralmente descola uma rea grande do tecido
celular subcutneo.
Neste caso voc tem que deixar a leso totalmente limpa, lave bem com soro fisiolgico para retirar
restos de sangue. Retire todo o tecido necrosado, faa a hemostasia e suture sem deixar espao
morto, portanto, comece aproximando com pontos separados usando fio absorvvel de dentro para
fora: aproxime as partes mais profundas at chegar ao plano da pele.
Faa sutura da pele com Donatti simples para dar mais resistncia, mas deixe o maior espao
possvel entre eles para facilitar a drenagem e absoro pelo algodo.
O curativo muito importante. Tem que ser do tipo compressivo, utilizando gazes, algodo hidrfilo
sobre as gazes e atadura de crepe.
A compresso feita pela quantidade de algodo e gazes que voc coloca, e no pelo aperto na
atadura de crepe.
No use algodo ortopdico, no hidrfilo.
No economize algodo!
A rea que foi descolada precisa ficar pressionada para no acumular lquido seroso e sangue, e
evitar complicaes.
Anestesia local. Observe atentamente se o peristeo foi atingido, e se houve fratura no deixe parte
do peristeo se interpondo no foco da fratura. Se necessrio, amplie (em Z) o ferimento para
visualizar melhor porque isso muito comum.
Aproxime (se possvel) com 1 ponto em U as bordas do peristeo com fio absorvvel. No utilize
fio inabsorvvel (mononylon) porque o peristeo uma estrutura que causa dor (o fio inabsorvvel
vai funcionar como corpo estranho). Essa uma das causas de dor crnica que impedem a
fisioterapia, e acaba trazendo rigidez articular.
Faa a tenorrafia (sutura de tendo) utilizando mononylon 5-0, pontos pequenos em U sem apertar
muito porque o tendo extensor no submetido a tenses exageradas, realiza apenas a extenso do
dedo.
Faa um teste, movimentando passivamente o dedo para ter certeza que o tendo no est aderido ao
peristeo. Sutura da pele com mononylon. Resumindo: So feitas 3 reparaes cirrgicas distintas
(peristeo, tendo e pele). Imobilizao com frula de alumnio.
EXEMPLO 2: Ferimento cortante na regio anterior da mo (palma da mo) com leso de tendo
flexor.
Obs. Todas as leses dos tendes flexores so difceis de serem reparadas. Existe at um diagrama
da mo onde se podem ver os locais de maior dificuldade devido a sequelas (a bainha adere ao
tendo e ocorre impotncia funcional, com perda total ou parcial do movimento). Esse um dos
motivos de existir a especialidade cirurgia da mo.
Como nem sempre (quase nunca) possvel contar com essa especialidade, resolvi escrever este
artigo e espero seja de muita utilidade.
Geralmente o peristeo no atingido, mas se for, deixe como est! No faa nada.
TENORRAFIA: Como se trata de um tendo que submetido a fortes tenses, como todo tendo
flexor (por isso contido por uma bainha), bem possvel que voc tenha muita dificuldade em
encontrar a parte proximal, porque esta foi rapidamente tracionada pelo msculo
correspondente, mas sempre dentro da bainha.
Fixe a parte proximal com uma agulha descartvel, transfixando transversalmente tudo, inclusive a
bainha.
Com um Kelly pequeno, prenda a parte proximal do tendo, o mais perto possvel da rotura, sem
apertar muito.
Retire a agulha, tracione um pouco e torne a fixar o tendo com a agulha descartvel.
Estando agora as duas partes visveis e sem tenso entre elas, faa a tenorrafia usando mononylon 5-
0 com 2 agulhas (uma agulha em cada ponta).
Utilize dois fios, um para cada parte do tendo. Comece com a parte proximal.
Remova as agulhas presas aos fios, e amarre os fios correspondentes das partes (proximal e distal)
com ns cirrgicos aproximando bem as duas partes.
Faa um reforo na Tenorrafia com 2 pontos pequenos em U, usando mononylon 5-0 ou 6-0. Retire
a agulha descartvel.
Faa um teste da tenorrafia, movimentando passivamente o dedo. Suture a bainha com mononylon 5-0
ou 6-0. Sutura da pele com mononylon 4-0. Curativo simples. Imobilizao do dedo com tala gessada
(no antebrao, mo e todos os dedos) por 10 dias. Movimentao ativa precoce. Toxoide tetnico.
Antibiticos.
NOTA: Para todos os tendes de outras regies anatmicas o procedimento o mesmo, devendo-se
guardar as devidas propores entre os materiais a serem utilizados, e o tempo de imobilizao. Por
exemplo: Tenorrafia do tendo de Aquiles - mesmo procedimento utilizando fios de grosso calibre:
mononylon zero ou 2-0, mersilene, seda ou equivalente. Tempo de imobilizao gessada: mais ou
menos 4 semanas. Uso de muletas por 2 meses. Incio de fisioterapia aps 4 meses. Outro exemplo:
Tenorrafia do tendo flexor do carpo: mesmo procedimento, fio mononylon 4-0, imobilizao por 3
semanas, movimentao ativa por mais 2 semanas.
Os tempos de imobilizao so estimados, pois podem variar de acordo com gravidade da leso
(corte ou lacerao), e com a resistncia da sutura (tenorrafia).
Exrese de lipoma ou cisto sebceo no so casos de PS, mas por um problema socioeconmico,
somos impelidos a faz-la.
Faa anestesia local apenas da pele (fazendo botes anestsicos) em cima do tumor, no injete
anestsico no lipoma!
Faa uma inciso reta com bisturi de lmina 15, do tamanho exato do lipoma, ou um pouco menor,
bem em cima do tumor como se fosse dividi-lo ao meio, sempre no sentido das linhas de fora da
pele para que no haja tenso exagerada no local, com a movimentao do corpo.
Como este tumor no encapsulado, basta divulsionar com um Kelly curvo e ele se solta facilmente.
Ocasionalmente, um kocher pode ser usado para tracion-lo enquanto divulsiona. Sutura com
mononylon 4-0. Cuidado para no deixar espao morto. Curativo simples.
Deixe este fragmento elptico de pele, aderido ao cisto (isso vai evitar o rompimento deste).
Divulsione um pouco, e depois prenda com um Kelly (no use kocher, pode perfurar o tumor) o
fragmento elptico de pele aderido ao tumor subjacente.
Tracione-o desta maneira at descol-lo por divulso dos planos profundos. Por se tratar de tumor
encapsulado evite romper a cpsula, por isso no tenha pressa!
Note que o excesso de pele foi retirado junto com o tumor, assim no h necessidade de correo.
Curativo simples.
2- obrigatrio retirar no mnimo 2(dois) milmetros de pele normal como margem de segurana.
Anestesia local, inciso elptica, retirar toda a leso (no descole do plano inferior! Retire em
bloco). Pontos simples. Curativo simples.
Toda leso de pele, a princpio, deve ser enviada para Exame Anatomopatolgico, a no ser que
voc ache desnecessrio: Coloque a pea num frasco de boca larga contendo soluo de formalina a
10% (voc pode preparar esta soluo: 100 ml de formalina pura comercial e 900 ml de gua da
torneira).
Esta soluo obrigatoriamente tem que ter um volume de, no mnimo, 10 (dez) vezes maior que a
pea.
Identifique o frasco com: nome do paciente, regio anatmica da qual foi retirada, data, e hora. Envie
imediatamente para o laboratrio de anatomia patolgica.
Em pacientes adultos, a anestesia pode ser dispensada a pedido do paciente, mas melhor no
dispensar.
bvio que voc vai optar pela segunda opo, que a correta.
Construa um gancho cortante utilizando uma agulha descartvel (tamanho proporcional regio, neste
caso: agulha 25x7 ou menor). Com um Kelly reto, dobre a ponta cortante (bisel) da agulha at atingir
90 ou 100 graus. Se a ponta quebrar, continue tentando ou troque de calibre.
Proteja os olhos do paciente com vrias compressas de gaze, fixe-as com esparadrapo.
Segure a agulha com a mo direita. Segure a leso com dois dedos da mo esquerda.
Introduza, delicadamente, essa ponta cortante dentro do orifcio, e depois corte a pele (sempre
obedecendo s linhas de fora) tracionando de dentro para fora, sempre pressionando levemente
com a mo esquerda.
Cuidado para no atingir o berne. Siga alargando o orifcio at que voc visualize uma parte do
berne, a ento, com uma leve presso com a mo esquerda, o berne ficar parcialmente exposto.
Com um Kelly curvo, retire-o.
Faa antissepsia do local, e no suture (como voc obedeceu s linhas de fora, a cicatriz ser
mnima). Curativo com micropore. Antibiticos, se achar que deve prescrever.
COMO UM MDICO RETIRA UM ANZOL
Como retirar:
A retirada bem simples: anestesia local, corte a base do anzol (onde a linha presa) com um
alicate, e, com um porta- agulhas, termine de passar o anzol. Antissepsia, curativo simples. Toxoide
tetnico.
Obs. Se o anzol for muito grande, utilize um alicate comum de uso geral, reto, e de ponta fina (lavado
e esterilizado com germkill, degermante ou lcool iodado) em substituio ao porta-agulhas.
Como preparar lcool iodado: Deve ser preparado a 5%, ou seja: 50 ml de Tintura de Iodo e 950
ml de lcool. Ainda um excelente antissptico!
Se o abscesso for grande introduza sempre um ou mais drenos de Penrose, deixando de fora mais ou
menos dois centmetros.
Voc pode fazer vrios drenos de Penrose, cortando uma luva de ltex na forma de anis com a
largura que desejar, a partir do punho da luva. Corte novamente os anis, e voc ter drenos de mais
ou menos 15 cm de comprimento.
Se o abscesso for pequeno demais, introduza uma ponta de gaze que, por capilaridade, funcionar
como um dreno e impedir o fechamento precoce da inciso, que a maior funo de qualquer tipo
de dreno.
Antissepsia com povidine, colocao do campo fenestrado e fech-lo um pouco usando um Bakaus,
para isolar melhor o local.
Anestesie na forma de bloqueio dos nervos digitais (troncular). Use agulha 10 x 4,5 em uma seringa
de 5 ml.
Outra forma de fazer anestesia local a circunscrita, raramente, descrita em livros brasileiros,
mas que funciona muito bem: aplique pouca quantidade de anestsico sem vasoconstritor em 4
pontos: Base da unha, nos dois cantos e na polpa digital com introduo da agulha em direo base
da unha (no debaixo da unha).
Aplique lentamente o anestsico medida que for introduzindo a agulha, at que o leito ungueal mude
a colorao de rosa para plido. Esta anestesia super-rpida, mas dura menos que a troncular.
Introduza a tentacnula com a concavidade voltada para cima para no lesar a matriz ungueal. Faa
movimentos em leque at descol-la. Retire a unha usando um kocher.
Com viso direta, corte longitudinalmente, e remova totalmente a parte da matriz que voc
selecionou (sem matriz, no haver unha), usando um bisturi de lmina 15 (no use o serrilhado de
nenhuma pina para raspar o leito ungueal. Use a prpria lmina do bisturi, muito mais confivel).
Cuidado para no deixar parte da matriz na base do leito ungueal, pois haver recidiva.
O policresuleno (Albocresil), em soluo concentrada, pode ser usado para remover os restos da
matriz ungueal, mas acho que este procedimento se justifica apenas em caso de recidiva, e ainda sim,
com reservas. A soluo lcool-fenol tambm deve ser evitada.
Curativo compressivo com pomada de antibitico para prevenir infeco, e evitar que as gazes
fiquem aderidas ao leito ungueal.
Utilizar atadura de crepe estreita para complementar o curativo. Obs. Se a atadura de crepe for larga
demais para o caso, corte-a transversalmente ao meio, com o bisturi, sem retirar da embalagem, com
trao pelas extremidades (pea para a ajudante de sala tracionar a outra ponta).
muito frequente no PS, caso de paciente com corpo estranho localizado em lugares quase
impossveis de se imaginar.
A maior parte deles pode ser retirada pelo mdico plantonista sem maiores consequncias. Alguns,
s por especialistas da rea. Ouvi falar de vrios casos, mas no vale comentar.
Tive a oportunidade de atuar em um caso raro (corpo estranho ou ferimento de trax?): Foi o
de um paciente que deu entrada no PS com um fragmento de ferro liso, de mais ou menos 3 cm de
comprimento, do tipo que pedreiro usa, cravado no hemitrax anterior direito onde aparecia s uma
pequena parte. RX, de m qualidade, aparentemente normal.
O paciente estava lcido, no havia sinais de hemotrax e nem de pneumotrax (por incrvel que
parea). Por um segundo, passou pela minha cabea retirar o fragmento.
Tinha feito o seguinte raciocnio: Se o paciente est bem, por que no tirar? O fragmento no deve ter
atingido nada de importante E se precisar, fao drenagem do pneumotrax Naquele instante
estava deixando de ser mdico, e estava agindo como um leigo que pensando no sofrimento do
paciente, queria ajudar. Acho que Deus me iluminou, imediatamente mudei de ideia, e chamei um
competente cirurgio de trax (ainda bem que tinha um de planto).
O paciente foi levado ao centro cirrgico, anestesiado, e preparado. A toracotomia foi feita com o
fragmento ainda no mesmo lugar.
Com viso direta, o fragmento foi retirado e tudo complicou: hemotrax grave, hemorragia que foi
difcil de controlar, o resto vocs podem imaginar. Se eu tivesse retirado o fragmento, o paciente
fatalmente teria morrido.
Teria perdido um paciente por achar que sabia resolver. Aprendi que o pior mdico aquele que
acha que sabe!
Muitos corpos estranhos, em diferentes localizaes, s podem ser retirados no Centro Cirrgico, e
pelo especialista da rea!
NO PS:
RX simples da regio em (AP + P): Se o corpo estranho (geralmente projtil de arma de fogo ou
presso) estiver no subcutneo, retire-o. Se estiver localizado profundamente ou num grande
msculo, no faa nada.
Trate o paciente, e no o corpo estranho: tente reparar as leses que o corpo estranho fez ao
entrar!
Com 3 fragmentos de agulha descartvel, e com formas diferentes, faa uma colagem com
esparadrapo em 3 pontos diferentes ao redor do orifcio de entrada. Com um fragmento de agulha,
maior um pouco e reto, faa uma colagem na regio oposta (dorsal) da mo, na projeo do orifcio
de entrada.
Pea outro RX da mo em AP. Voc ter 4 pontos de orientao para fazer a inciso conforme o
procedimento padro, e retirar o corpo estranho.
Nunca tente retirar fragmento de agulha de costura sem marcao pelo RX. S utilize garrote para
evitar sangramento, se souber us-lo.
Colrio anestsico se necessrio. Use um cotonete embebido em soro fisiolgico e tente retirar, se
no sair porque est preso na crnea.
Coloque bastante pomada oftlmica com antibitico, curativo com tampo, e encaminhe ao
Oftalmologista.
Obs. Se houver diminuio da presso intraocular, pela palpao, no faa nada, coloque um tampo
e encaminhe como urgncia!
Pingue vrias gotas de um vasoconstritor nasal (se no tiver, improvise com uma soluo de
adrenalina 1:2000), pea para o paciente assuar o nariz apenas daquele lado, retire o excesso, pingue
novamente e repita a operao at visualizar o corpo estranho. Se for pequeno, retire-o com uma
pina articulada tipo Hartmann. Se no conseguir, no adianta continuar, encaminhe!
Se o corpo estranho for um inseto vivo, pingue algumas gotas de ter ou lcool, e depois o retire com
a pina apropriada: Pina auricular tipo baioneta LUCAE. No use a pina auricular articulada tipo
HARTMANN se no tiver experincia, porque voc pode lesar o conduto ou o tmpano. Encaminhe!
4-VERIFICAR PUPILAS: Anisocoria = procurar por sinais de TCE. Se no encontrar nada: Suporte
com 2 vias de acesso venoso com Abbocath 16, instalar soro fisiolgico somente para manter veia.
Aplicar dexametasona 10 mg IV, e encaminhar com urgncia ao neurologista.
Obs. Ultimamente, tm-se usado Haldol (haloperidol). Muito cuidado porque ele pode desencadear
uma reao extrapiramidal (descrita em outro captulo deste livro!).
Fazer um Eletrocardiograma para saber, pelo menos, (alm de outros dados importantes) se h
sobrecarga do ventrculo esquerdo. D uma ideia da idade dessa hipertenso. Desejvel fazer
exame de FO (fundo de olho)! Encaminhar para o cardiologista, sempre!
Para Emergncias use sempre a via venosa (Abbocath sempre). Para Urgncias, via oral e
sublingual! Alguns esquemas possveis:
3-METILDOPA: Aldomet 500 mg, 2 comp. via oral +Furosemida via oral =observar exceo.
5-NITRITO: melhor que seja usado nos casos de angina e IAM. No deve ser usado como
hipotensor puro.
Se a Presso Diastlica cair demais, abaixo de 11 ou 10 mmHg h um risco enorme de AVC, e IAM
(por baixa perfuso tecidual). Se o paciente estiver em uso de inibidores da fosfodiesterase-5
(Viagra,Levitra ou Cialis) no use, pois haver grave hipotenso. NICA EXCEO: Aneurisma
dissecante da aorta! Risco: intoxicao por tiocianato, e cianeto (pouco frequente).
8-HIDRALAZINA:
Se aparecer convulso, esta facilmente revertida com SULFATO DE MAGNSIO VIA IV.
Nota: Em todos os casos que podem ser liberados, faa uma receita para casa com os mesmos
medicamentos que usou na crise moderada, mas em doses de manuteno. Se a crise ocorreu porque
o paciente parou de tomar medicamentos: sempre orientar para voltar a tomar os mesmos
medicamentos e retornar ao mdico que os prescreveu.
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INTRODUO
2-Dermatologia no PS: Sndrome de Stevens-Johnson, Psorase, Eczema, Acne vulgar, Acne roscea,
Herpes simples, Herpes zoster, Pediculose, Escabiose (sarna), lcera varicosa, lcera arterial,
Impetigo, Erisipela, Celulite, Furunculose, Verrugas, Varicela, Febre maculosa, Molusco contagioso,
Ectima, Ectima contagioso, Urticria (+angioedema) e Tungase (ou Tunguase).
3-Intoxicaes medicamentosas: como usar o carvo ativado, como fazer lavagem gstrica;
5-Intoxicao alcolica;
7-Choque anafilticoanafilaxia;
8-Cetoacidose diabtica;
9-Infeco urinriapielonefrite;
10-Grandes queimaduras;
12-Sangramento uterino;
13-Sangramento anal;
14-Epistaxe tamponamentos.
**
uma doena de aparecimento abrupto: dor abdominal varivel em intensidade, nuseas, vmitos e
diarreia.
Exame fsico do abdome: dor difusa palpao, no h massa palpvel, DB negativo e RHA
aumentados. Temperatura normal ou pouco elevada.
Tratamento no PS:
Se houver febre alta ou se os sintomas forem muito intensos, deve ser considerada a
hiptese de:
Nota: Teoricamente nenhum habitante normal, da flora intestinal de um indivduo, pode causar
doena.
E.coli (algumas cepas) e Giardia esto presentes em quase 80% das pessoas causando diarreia ao
menor desequilbrio da flora intestinal normal. Atualmente, a infestao por Giardia s tratada
quando causa sintomas.
1-Reidratao oral: Receitar Sais para hidratao oral (sdio, potssio, bicarbonato/citrato e
glicose): 1 envelope diludo em 1 litro de gua filtrada ou fervida.
Indicada para os casos no complicados.
Estimular a ingesto dessa soluo acrescentando algum suco com sabor artificial. Pelo menos 1/3
do volume dirio ingerido deve ser composto por essa soluo.
Nenhuma restrio alimentar est indicada, com exceo do leite e seus derivados porque,
nesses casos, ocorre uma deficincia transitria de lactase (enzima) levando a um quadro de
intolerncia lactose, piorando os sintomas!
Loperamida, fosfato de codena, etc.: no devem ser usados para aliviar os sintomas de diarreia
porque prolongam a doena. O Buscopan pode ser usado.
Antibiticos: Prescrever s quando houver sangue vivo nas fezes, sinais precoces de toxemia,
irite, artralgia ou quando a doena est se prolongando muito.
Caso no haja melhora, suspenda os medicamentos, e aps 3 a 4 dias pea coprocultura com
antibiograma, sempre mantendo o paciente hidratado.
1- Salmonella: Ocorre em 60% dos casos. Via de contaminao: ovos, leite, e carne suna.
Sintomas: diarreia leve.
3-Staphylococcus aureus: ocorre em menos de 10% dos casos. Via: ingesto de carne e doces
contaminados.
Sintomas: Apenas vmitos que ocorrem 1 a 6 horas depois).
4- Clostridium perfringens: em menos de 5% dos casos. Via: carne preparada sem higiene e
reaquecida.
Sintomas: Apenas diarreia, 12 a 24 horas depois.
Nota: dor abdominal no hipocndrio direito e febre alta, so sinais e sintomas sugestivos de
Abscesso heptico, pea Ultrassonografia.
Tratamento no PS: Metronidazol 500 mg (1comp=250 mg) a cada 12 horas, por 10 dias.
REAO EXTRAPIRAMIDAL
Em muitos casos ocorrem: movimentos involuntrios dos braos, pernas (parece com a sndrome das
pernas inquietas), mos, etc. Esses sintomas podem durar muito tempo (at 24 horas) por isso devem
ser tratados no PS!
DERMATOLOGIA NO PS
Como j foi referido, o objetivo do "1001 dicas" no ensinar medicina, porque voc j
mdico, e sim o que possvel se fazer no PS. Alguns lembretes foram inseridos para facilitar a
memorizao.
muito comum (por motivos socioeconmicos, e mesmo com o programa Mais mdicos)
pacientes com leses de pele procurando atendimento no PS por absoluta falta de alternativa!
Abaixo, algumas doenas mais frequentes no PS:
1-SNDROME DE STEVENS-JOHNSON
a nica urgncia em dermatologia: erupo bolhosa aguda na pele e mucosas atingindo todo o
corpo do paciente.
Atinge as conjuntivas. Acho que a nica erupo cutnea que atinge as conjuntivas.
Necessita de avaliao oftalmolgica diria.
O uso de corticoides no PS deve ser feito com uma s dose de hidrocortisona, 1g, IV, e o
paciente imediatamente encaminhado.
Nota: vi s um caso at hoje! O paciente estava tomando Alopurinol diariamente. Encaminhei para a
Unidade de Queimados do Hospital das Clnicas, e no fiquei sabendo o resultado final.
2-PSORASE
Leses descamativas cinzentas, crnicas, com eritema, geralmente na regio anterior dos joelhos,
cotovelos e no couro cabeludo, mas que pode acometer qualquer regio do corpo, ou o corpo quase
inteiro.
Diagnstico no PS:
Sinal de Auspitz: com uma esptula de madeira, raspe a leso e aparecer microssangramentos
puntiformes. No h presena de infeco associada.
Obs. Ainda no existe cura. J se tentou metotrexato, hidroxiureia, ciclofosfamida, retinoides, etc., e
sem sucesso. O mecanismo desconhecido, mas a reagudizao est intensamente relacionada a
distrbios psicolgicos.
3-ECZEMA
Tratamento:
Associao de corticoide e antibitico, na forma de loo ou creme.
Nunca receite pomada (s deve ser usada em leses secas).
Exemplos: Omcilon AM creme (no fabrica mais, receite um genrico), Quadriderm, Dipropionato
de betametasona + gentamicina.
Obs. Antes de cada aplicao do creme, a leso deve ser lavada com gua e sabo neutro (sem
corantes).
No caso de eczema de contato: o simples ato de afastar o alrgeno j suficiente para a cura total,
mas se a leso for extensa receite Dexametasona creme a cada 6 horas.
ACNE VULGAR
Outros antibiticos: Cefalexina e Clindamicina so excelentes antibiticos para Acne, mas podem
causar Colite Pseudomembranosa (de difcil tratamentovide GECA).
5-ACNE ROSCEA
uma inflamao crnica que atinge adultos em torno dos 30 anos.
Inicia-se na regio central da face, tem semelhana com a acne vulgar com ppulas e pstulas,
mas mantm-se restritas face e com telangiectasias (o que no ocorre na acne vulgar).
Pode atingir o nariz (geralmente em homens) de uma forma invasiva, por uma infiltrao
granulomatosa, levando a uma grande deformidade nasal (Rinofima), facilmente reconhecida
visualmente e popularmente conhecida como elefantase nasal, cujo tratamento cirrgico ou
por laser.
O tratamento da acne roscea se baseia no uso de antibiticos (os mesmos da acne vulgar) por
longo tempo.
6-HERPES SIMPLES
Muitos classificam em Herpes genital, Herpes labial, e quando ocorre em outra regio do corpo:
em Herpes simples.
Sempre aparece com o seguinte aspecto: Vrias vesculas pequenas formando um buqu,
circundadas por um halo avermelhado.
Essas vesculas podem se juntar, e formarem uma bolha grande que se rompe, parecendo uma ferida
comum.
O herpes labial sempre se inicia exatamente na juno da pele com o lbio. Leso s no lbio no
herpes!
Transmisso apenas por contato ntimo.
O vrus permanece dentro das clulas neuronais (forma latente), e nos fibroblastos. No tem cura.
Ocorre recidiva por qualquer agresso somtica ou psquica, sofrida pelo organismo. Exemplos:
Exerccios fsicos extenuantes, febre, exposio exagerada ao sol, estresse, terapia com
corticosteroides, etc.
OUTROS LOCAIS:
2- Panarcio herptico: acomete os dedos das mos e dos ps. H febre, e hipertrofia ganglionar
regional.
4- Meningite;
5- Encefalite;
Tratamento: Aciclovir creme 5 x por dia, e Aciclovir via oral: 1 comprimido 200 ou 400 mg, 5
vezes por dia (no precisa tomar noite).
O cloridrato de Valaciclovir 500 mg (Valtrex), VO, 2 vezes por dia, tambm pode ser usado. Sua
desvantagem o preo. muito caro para os nossos padres. Se o aciclovir no estiver funcionando
s resta essa alternativa.
Casos graves (4, 5, 6, 7), encaminhar para internao.
7-HERPES ZOSTER
Causado pelo mesmo vrus que causa a varicela ou catapora (varicela zoster).
Em algumas regies do Brasil conhecido como cobreiro, e atinge todo o trajeto do nervo
comprometido, mas nunca ultrapassa a linha mediana do corpo.
Inicia-se como uma ardncia e dor no trajeto do nervo que vai ser acometido.
Aps algum tempo (varivel) que as leses, em forma de vesculas, comeam a aparecer.
Em casos raros as vesculas aparecem no incio e no fim do trajeto do nervo, mas os sintomas so
os mesmos.
fcil confundir com o Herpes simples se voc no examinar o final do trajeto nervoso.
A gravidade dessa doena est diretamente relacionada com o nervo acometido: uma infeco
viral de um nervo intercostal bem mais simples de tratar do que uma infeco do nervo trigmeo,
principalmente o ramo oftlmico.
Tratamento:
O tratamento se restringe reduo da dor, e ao uso de Aciclovir 400 mg VO, 5 vezes por dia.
Cloridrato de Valaciclovir 1000 mg (Valtrex), VO, 3 vezes por dia.
Parece que a exposio luz fluorescente pode ajudar em alguns casos.
muito comum a ocorrncia de neurite ps-herptica. Parece que o uso de corticoides pode
favorecer o aparecimento da neurite.
Tm-se observado que o uso de corticoides promove uma melhora rpida do quadro, mas, em
contrapartida, aumenta muito a chance de o paciente desenvolver Neurite Ps-Herptica.
Diante disso, prudente no utilizar corticoide em pacientes que tenham nervos importantes
acometidos.
Paradoxalmente, a neurite ps-herptica melhora com corticoides!
Outros antivirais esto ainda em fase experimental.
No receitar AAS para febre ou dor, devido possibilidade de aparecer a Sndrome de Reye (falncia
neurolgica e heptica).
Convm lembrar, novamente, que o AAS nunca deve se usado para febre, em crianas.
8-PEDICULOSE
Quando ocorre no corpo: Pediculus corporis, que raro, acomete pessoas que vivem em ambientes
deplorveis.
Quando ocorre na regio pubiana: Phthirus pbis, conhecido popularmente como chato,
considerado uma DST.
Embora os caros sejam diferentes, o Tratamento o mesmo: Ivermectina na dose de 200 mcg por
kg de peso. (contraindicao: Crianas com menos de 15 kg ou em menores de 5 anos, gravidez ou
amamentao). A Pirimetrina (permetrina ou anlogos) pode ser usada para eliminar os ovos
(lndeas) e ninfas.
O Benzoato de benzila a 20% em uma nica aplicao, tambm mata os caros adultos, ovos e ninfas,
mas j existem caros resistentes.
9-ESCABIOSE (SARNA)
Locais mais frequentes: Espao interdigital, dedos, punhos, cotovelo, arola mamria, rea
genital e regio periumbilical.
As leses so tipo papular, com sulcos lineares (tneis) terminando numa leso mais elevada (onde
est o caro), conhecida como eminncia acariana ou granuloma acariano.
muito fcil fazer essa pesquisa, voc mesmo pode fazer: faa uma pequena raspagem do granuloma
acariano, utilizando uma lmina de bisturi n 15, e coloque o raspado sobre uma lmina. Pingue uma
gota de soro fisiolgico, cubra com a lamnula, e observe ao microscpio com aumento de 40 vezes.
Voc ver o caro!
Essa presso aumentada promove leso capilar que leva fibrose, que leva baixa nutrio da pele,
que se torna fina, suscetvel infeco, e a qualquer trauma, formando uma leso ulcerada sempre
com tendncia a aumentar.
Ocorre mais em mulheres obesas com histria de varizes e trombose venosa profunda (TVP).
Tratamento:
Reduo do peso corporal, e uso de meias elsticas. Tratar patologia de base (geralmente
diabetes subclnico).
Curativo dirio: com creme contendo antibiticos, e eventualmente corticoides. Exemplo: Em
uma cuba rim, abra uma cpsula de Amoxicilina 500 mg e misture seu contedo a 20 g de
Dexametasona creme.
2- Arteriais:
Pode estar associada Hipertenso, diabetes, doena arterial de Buerger (causada por
tabagismo) e Artrite reumatoide.
11-IMPETIGO
Tratamento: Limpeza com gua, e sabo com uma esponja fina, para remover as pequenas bolhas.
Como caracterstica, elas se desfazem facilmente, no resistindo lavagem.
12-ERISIPELA
Como caracterstica, a placa eritematosa est edemaciada e possui bordas ntidas: limites
precisos com a pele normal.
13-CELULITE
Caracteriza-se por uma infeco parecida com a erisipela, mas bem mais profunda, atingindo todo o
tecido celular subcutneo.
Dor ao tato, calor local, grande eritema, edema e com limites imprecisos (diferente da erisipela),
febre e calafrios.
Tratamento: Penicilinas (amoxicilina com clavulanato, de preferncia) por, pelo menos, 10 dias.
14-FURUNCULOSE
No PS, isso pouco interessa porque no h como adivinhar qual tipo de Estafilococo o agente
causador.
Como primeiro tratamento, deve ser receitado Cefalosporina de 1 gerao: Cefalexina 500 mg a
cada 6 horas, por 10 dias.
Caso haja recidiva (Staphylococcus aureus resistente), receitar Ciprofloxacino 500 mg cada 12
horas por 7 a 10 dias (no h indicao de cefalosporina de 3 gerao), e esterilizar o paciente.
Sabe-se que o estafilococo encontrado nas fossas nasais, e na regio perineal. Essas regies
devem ser esterilizadas com pomada de mupirocina 2 vezes por dia, durante 10 dias.
15-VERRUGAS
Tratamento:
Verruga vulgar: Verrux (ou similares) no local, uma ou duas vezes por dia por 3 meses. Exrese
cirrgica est indicada.
Condiloma venreo: Podofilina a 25% deve ser aplicada no local, duas vezes por dia, 4 dias
(descansar 4 dias, e repetir o tratamento).
O cido tricloroactico (TCA) a 90 % pode ser usado para destruir a base do condiloma aps sua
remoo com anestesia local (corte rente pele).
Uma bactria do gnero Rickettsia (Rickettsia rickettsii) causa febre alta, cefaleia, mialgia,
erupes cutneas nas palmas das mos e na planta dos ps.
Como tambm pode causar petquias, equimoses, hemorragias e ictercia, muitas vezes
confundida com Dengue, leptospirose, sepse e farmacodermia.
Como nem sempre existe exantema, prudente iniciar o tratamento com Doxiciclina em
qualquer paciente que apresente o quadro laboratorial descrito acima, sem esperar os
resultados laboratoriais confirmatrios.
uma doena transmitida pelo carrapato estrela, cujo hospedeiro silvestre a capivara que se
encontra presente em grande nmero nas reas urbanas, devido poltica governamental atual.
Quando reconhecida precocemente (muito difcil), facilmente tratada com Doxiciclina na dose de
100 mg cada 12 horas por 10 dias.
Quando o diagnstico tardio, torna-se grave e com alto ndice de mortalidade (80%).
Muitas vezes encontra-se o carrapato sugando o sangue do paciente, no momento do exame fsico.
Interessante considerar que a transmisso no ocorre no momento da picada, como na Dengue.
H necessidade de pelo menos 4 horas para haver transmisso.
18-MOLUSCO CONTAGIOSO
So leses cutneas causadas por vrus, muito elevadas, que aparecem quase sempre no pescoo,
face, trax e tm, como caracterstica, um orifcio centrado sobre elas.
19-ECTIMA
Devem ser tratadas com Amoxicilina com clavulanato (875+125), cada 12 horas, durante 10 dias,
alm de limpeza com gua e sabo removendo as crostas.
Aplicar, nas leses, mupirocina (pomada) uma vez por dia.
Pode causar glomrulo nefrite difusa aguda (GNDA), da a necessidade de tratamento urgente.
20-ECTIMA CONTAGIOSO
21-URTICRIA
Parasitose atingindo a pele, popularmente conhecida como bicho-de-p, causada por uma pulga
hematfaga chamada Tunga penetrans.
Est presente em solos arenosos (nunca ocorre em solos argilosos) de currais e chiqueiros.
Muito frequente em stios e fazendas, mas tambm existe na rea urbana.
Onde h sunos, h tunguase.
Atinge preferencialmente os sunos e o Homem.
A fmea penetra parcialmente na pele (dos ps) somente aps a fecundao.
Nota-se um abaulamento amarelado, com um ponto central mais escuro (ovos).
Causa um prurido constante e irritante.
O tratamento feito pela retirada manual da fmea com uma agulha esterilizada ou um palito
de madeira (pontiagudo) previamente mergulhado em lcool.
Em infestaes pequenas est indicado o curativo oclusivo com thiabendazol creme por 24
horas.
Em infestaes extensas, considere o uso de thiabendazol, VO, 30 mg por kg, cada 12 horas, por
5 dias.
Utilize antibiticos se houver infeco secundria.
INTOXICAES MEDICAMENTOSAS
Ao atender um paciente com histria de ingesto excessiva de medicamentos, lembre-se que os mais
frequentes so: AAS, paracetamol, benzodiazepnicos (diazepam, etc.), antidepressivos
tricclicos (amitriptilina, etc.) e barbitricos.
Tratamento no PS:
No fique perdendo tempo em saber exatamente a quantidade ingerida, faa o suporte com 2 vias
de acesso venoso usando cateter 16, controles gerais: pulso, presso arterial, temperatura, e
determine Glasgow.
Prepare uma lavagem gstrica para pacientes com tempo de ingesto menor que 4 horas (se
tiver dvida quanto ao tempo, opte por fazer a lavagem),
Instale uma sonda naso-gstrica, a mais calibrosa que o paciente suportar, e inicie a lavagem
gstrica com no mximo 250 ml de gua ou soro (aquecidos at 38 C) de cada vez, repita
muitas vezes at que o lquido aspirado esteja bem limpo.
3- Seu mecanismo de ao devido sua capacidade de adsorver os compostos que esto na luz
intestinal, bem como, os que tm circulao entero-heptica.
A primeira dose deve ser drenada, pela sonda gstrica, cerca de 30 minutos depois.
As doses subsequentes devem ser deixadas para serem eliminadas com as fezes.
5- Pode ser utilizado por at 3 dias, dependendo da dose ingerida, e evoluo do paciente.
6- No eficaz nas intoxicaes por lcalis corrosivos (exemplo: soda custica), alcois, sais de
ferro, ltio, e digoxina.
Obs. Existem somente duas contraindicaes para a lavagem gstrica ou uso de carvo ativado:
produtos corrosivos (pela possibilidade de rotura do esfago ou estmago), e produtos derivados
de hidrocarbonetos (pela possibilidade de pneumonite aspirativa).
Outro fator complicador: nas farmcias do SUS esses medicamentos raramente faltam, pois os
mdicos clnicos so os que mais receitam antidepressivos tricclicos!
INTOXICAES POR BARBITRICOS
Tratamento: manter as vias areas permeveis, hiperidratar por um bom acesso venoso, e instalar
monitor cardaco.
Encaminhar para hemodilise (que muito efetiva para barbitricos), somente se no houver
melhora com o uso de lavagem gstrica e carvo ativado (deve ser sempre a primeira escolha).
Intoxicaes por outras substncias: ligar sempre para o Centro de Intoxicaes, cujo nmero dever
estar, por lei, afixado na sala de emergncia de todo PS.
INTOXICAO ALCOLICA
No existe nenhum medicamento que possa aumentar o metabolismo do lcool.
A glicose tem sido usada, mas no h base cientfica que comprove sua eficcia para aumentar o
metabolismo do lcool, portanto, deve ser usada somente se o paciente estiver com hipoglicemia (o
que pode ocorrer durante a hidratao), mas sempre aps a aplicao de Tiamina (vitamina B1),
e no como primeira medicao (um erro comum no PS)!
Em caso de agitao psicomotora, utilizar o Diazepam via IM, na menor dose possvel. Sugesto:
Diluir 1 ampola de diazepam em 20 ml de gua destilada, e aplicar 2 ml, IM, por hora.
Se necessitar usar a via venosa, use-o na forma pura ou diludo em gua destilada, lentamente (5
mg cada 2 minutos) para diminuir o risco de parada respiratria.
No caso especfico de coma alcolico, deve-se seguir a mesma rotina de uma intoxicao
medicamentosa: Sonda nasogstrica, lavagem gstrica, carvo ativado e monitorizao
cardaca.
Aplicar Tiamina (vitamina B1) 100 mg via IM para evitar complicaes neurolgicas!
Deve ser ministrada antes da glicose, caso o paciente esteja com hipoglicemia, porque pode
precipitar a Encefalopatia de Wernicke (confuso mental, distrbio oculomotor e ataxia
cerebelar) por depleo (pelo metabolismo da glicose) do pouco que resta de Tiamina no organismo
do paciente.
A velocidade de eliminao do lcool pelo organismo (enzima lcool desidrogenase) de, mais
ou menos, 10 g por hora (ou 0,015 mg % por hora), e nada muda isso.
A melhor conduta a expectante!
Manter Tiamina (Vitamina B1) IM por 5 dias.
Existem muitos tipos de agrotxicos, mas quase todos derivados dos abaixo descritos:
O quadro clnico se instala de alguns minutos a 12 horas, e est relacionado ao local onde h
excesso de acetilcolina:
No Sistema Nervoso Central (SNC): Podem ocorrer ataxia, psicose, cefaleia, agitao, confuso,
sonolncia, tremores, convulso e coma.
Tratamento no PS: o uso de atropina essencial, tanto ao nvel do SNC quanto ao do SNA.
A dosagem emprica. Adultos: 2 a 4 mg via IV ou IM (Organofosforados), e 1 a 2 mg via IV ou IM
(carbamatos).
Repetir esta dosagem em 5 a 10 minutos, mas diluda em 500 ml de soro (SF ou SG) controlando a
velocidade de infuso, de acordo com o quadro clnico, at apresentar sinais de atropinizao:
Taquicardia e ruborizao da pele (um timo critrio para ajuste da dose), que deve ser mantida
por pelo menos 24 horas.
Encaminhar o paciente para internao.
Alguns mdicos prescrevem vitamina K, via IM, em todos os casos de Epistaxe (mas no pedem
Tempo de Protrombina), mas como a dose de vitamina K sempre insuficiente, o paciente retorna ao
PS!
3- Uma anamnese bem conduzida e o Tempo de Protrombina podem elucidar o caso. A conduta a
ser tomada depende desses dois parmetros.
6- Tratamento no PS:
Inicie imediatamente vitamina k 10 mg, IM, a cada 6 horas. Manter esta medicao por 24 horas aps
o Tempo de Protrombina se normalizar.
ANAFILAXIA
Caracteriza-se por espasmo de laringe, cianose, dispneia e hipotenso. Vmitos podem ocorrer.
Tratamento no PS:
1- uma luta contra o tempo: Fenergan IM, Adrenalina IM, Hidrocortisona IM (pela ordem).
No se preocupe com a dosagem, utilize sempre dose alta.
2- A via IM deve ser sempre usada enquanto voc espera um acesso venoso, que nem sempre
rpido, ganhando tempo!
3- Depois de conseguido o acesso venoso, repita a medicao via IV comeando pela Adrenalina
e Hidrocortisona.
A dor abdominal s adquire importncia, nesses casos, se persistir aps a correo da cetoacidose.
Ao exame fsico, o paciente apresenta um odor peculiar: o hlito cetnico (cheiro de acetona) e
pode estar um pouco confuso, mas raramente entra em coma (muito frequente na hipoglicemia).
Fazer sempre o teste de cetona urinria em qualquer paciente que apresente hiperglicemia e
algum sinal de descompensao glicmica.
Tratamento no PS:
2- Embora exista a acidose, esta no precisa ser tratada com bicarbonato de sdio.
1-Via intravenosa (IV) utilizando insulina regular 4 a 8 unidades em 1000 ml de soro fisiolgico
para correr em 1(uma) hora, ao mesmo tempo em que hidrata o paciente.
Repetir mais 1000 ml para correr em 2 horas, e a seguir 500 ml cada 2 horas. Quando a glicemia
chegar em 250 mg/dl reduza a dose de insulina pela metade, ou menos, at a resoluo da
cetoacidose.
2-Via subcutnea (SC) utilizando anlogo da insulina rpida: Insulina aspart, lispro ou glulisina.
Iniciar com 0,3 unidades por kg, seguido de 0,1 unidades por kg, e por hora, at que a glicemia
chegar a 250 mg/dL. Depois mantenha com 0,05 a 0,1 unidades por kg, e por hora at a resoluo do
quadro.
Obs. A via SC somente deve ser utilizada na cetoacidose SEM COMA, em paciente
normovolmico e sem nenhuma doena associada!
INFECO URINRIA
Muito comum no PS: atinge principalmente mulheres devido uretra mais curta e maior contato
com o microambiente vaginal contaminado (devido proximidade).
3- Geralmente causada por cepas de bactrias que normalmente so habitantes da flora intestinal.
A E.coli responsvel por cerca de 80% dos casos.
4- Quando ocorrem vrias vezes em pouco espao de tempo, deve-se obrigatoriamente pensar em
alterao anatmica, calculose, ou estenose de uretra (muito frequente). Pedir cistoscopia.
5- Tratamento no PS: Antibiticos com espectro para Gram negativos (E.coli, Proteus mirabilis,
etc.).
Mulheres na menopausa e com infeces urinrias recorrentes, est indicado o uso de creme
vaginal com estrgeno que foi provado diminuir acentuadamente a reinfeco porque torna o
pH vaginal mais cido.
Interessante notar que em muitas regies do Brasil, a E.coli j se tornou resistente ao Sulfametoxazol
+ trimetoprim, outrora o medicamento de escolha!
A infeco urinaria por patgenos incomuns, ou de origem hospitalar (40% das infeces
hospitalares) diferente quanto ao agente etiolgico e quanto ao tratamento, e no constitui um
objetivo do "1001 DICAS"!
QUEIMADURAS
As mais frequentes so as queimaduras por agentes que produzem calor excessivo (energia trmica,
qumica e eltrica).
So divididas didaticamente em:
1-Quanto profundidade:
2-Quanto extenso:
Tratamento:
1-Via de acesso venoso (mesmo se o local estiver queimado) com cateter tipo abbocath de grosso
calibre(16).
Use sempre o Ringer Lactato: infundir 50% do volume calculado nas primeiras 8 horas
(considerar a hora do acidente) e 50% nas 16 horas seguintes, mantendo a diurese em 0,5 a 1,0 ml
/kg/hora.
5- Analgsicos:
Dipirona IV.
Morfina: 1 ml=10 mg diludo em 9 ml de soro fisiolgico a 0,9 %. Aplicar, IV, 0,5 a 1 ml para cada
10 kg de peso corporal, ou seja: 1 mg/10 kg.
Obs. Nas queimaduras de 1 e 2 graus a dor forte porque as terminaes nervosas no foram
lesadas. Nas de 1 grau (Eritema solar) pode-se associar um creme com anestsicos, anti-
histamnicos ou corticoide em baixa concentrao. Exemplo: Dexametasona creme (1 mg/g) +
lidocana a 5 % = diluir 10 g de cada em 1/2 copo de gua filtrada para aplicar em grandes reas.
6- Curativo: Limpe a ferida com gua e clorexidina degermante a 2 %, ou com gua e sabo neutro.
Cobrir com gazes embebidas em sulfadiazina de prata a 1 %, gaze seca, algodo hidrfilo, e enfaixar
com atadura de crepe.
Face e rgos genitais: aplicar sulfadiazina a 1 % e deixar toda a rea exposta.
J vi paciente, que foi atingido por raio, permanecer em observao na UPA por apenas 6 horas, e
depois liberado com receita para casa. Um absurdo!
As alteraes eletrocardiogrficas, na queimadura por eletricidade, demoram pelo menos 24
horas para se manifestarem!
A necessidade de escarotomia com fasciotomia (para descomprimir vasos e nervos) deve ser
avaliada na UTQ.
Sempre utilize uma base fraca para limpeza do ferimento, por exemplo: Soluo de bicarbonato de
sdio. Curativo igual.
Limpeza do ferimento com cido fraco, por exemplo: Acido actico (use vinagre se necessrio).
Curativo igual. Toxoide tetnico.
DOR ABDOMINAL
No existe nenhum mdico que j no tenha errado, no uma, mas vrias vezes!
Entenda que muito raro um PS ter uma infraestrutura mnima para realizar exames subsidirios,
portanto, o diagnstico tem que ser baseado em evidncias clnicas.
1- INFECO:
A - APENDICITE:
Dor com incio insidioso, mas que rapidamente se localiza no flanco direito.
No h massa palpvel.
A febre pode, ou no, estar presente. Geralmente, o paciente se automedica com analgsicos, e
antitrmicos.
Tratamento no PS:
Via de acesso venoso com cateter e encaminhar para cirurgia. Sem medicao.
B- DIVERTICULITE:
H massa palpvel.
Tratamento no PS: Via de acesso venoso com cateter e encaminhar para internao (80% tratamento
clnicoantibioticoterapia, e 20% cirurgia.).
DB positivo.
Leucograma normal.
Sem febre, e teste positivo para gravidez.
Tratamento no PS: Via de acesso venoso, estabilizar o paciente, e encaminhar rapidamente para
cirurgia!
3-OBSTRUO INTESTINAL:
Volvo de sigmoide.
Tumores.
4-ISQUEMIA:
H grande desproporo entre a queixa de dor (fortssima) e o exame do abdome que muitas vezes
est flcido.
Sem febre.
Hemograma normal.
Tratamento no PS:
Via de acesso venoso. Analgsicos fortes, tipo Tramadol ou Morfina. Use, pelo menos, o dobro da
dose convencional! No economize analgsicos!
Encaminhar para Cirurgia imediata.
Muitos casos de abdome agudo terminam em peritonite, mas nem todos comeam!
Muitos mdicos confundem abdome agudo com peritonite (acham que so sinnimos).
Nota: Analgsicos e antitrmicos no devem ser usados porque podem mascarar o quadro, adiando
sua deciso.
SANGRAMENTO UTERINO
Muito frequente, ocorre mais nos extremos das idades: menor que 19 anos e acima de 45.
Existem inmeras causas que s o especialista, atravs de exames, poder determinar.
Tratamento no PS:
A funo do mdico plantonista interromper o sangramento, e encaminhar o paciente.
Como regra:
1-Sangramento de baixa ou mdia intensidade com hemoglobina pouco alterada, sem alterao
hemodinmica, e beta HCG negativo:
Receitar AINH via IM (cetoprofeno ou diclofenaco) como inibidor das prostaglandinas, e continuar
com Ibuprofeno 600 mg cada 12 horas, por via oral at que a paciente seja atendida pelo
Ginecologista.
Receitar Estrgenos conjugados (Premarin drgeas 2,5 mg) 4 vezes ao dia, por via oral, tambm
uma boa alternativa: Faz cessar o sangramento em 48 horas. Deve ser usado principalmente em
sangramentos de intensidade moderada.
Voc deve providenciar, pelo menos, dois acessos venosos com cateter grosso n 16, e estabilizar a
paciente.
Em casos assim, a vida da me deve ser priorizada.
Se voc tiver dvida, coloque a paciente em posio ginecolgica, introduza o espculo, e observe o
colo do tero: em algumas regies do Brasil ainda so provocados por instrumentos perfurantes que
invariavelmente deixam leses no colo do tero.
SANGRAMENTO ANAL
Pode ser devido a traumatismo, fissura anal, plipo, hemorroidas, cncer do reto e cncer do
intestino grosso.
O exame do nus feito da seguinte maneira: Pea para o paciente baixar a roupa, se inclinar para
frente, e com as suas prprias mos, forar a abertura dos glteos.
Usando uma lanterna, faa o exame visual.
Geralmente o paciente procura o Pronto-socorro devido dor causada por um trombo no mamilo
hemorroidrio, que se encontra exteriorizado, ou por sangramento!
Obs. Banho de assento no resolve! S piora! O calor local melhora, mas no dessa forma, pois
uma posio que s aumenta a presso na veia retal, piorando a hemorroida!
EPISTAXE
Um conceito tem que ficar bem claro:
Cerca de 90% das hemorragias nasais so epistaxes, e ocorrem na regio anterior do septo nasal.
muito rara em crianas menores de 2 anos, e quando ocorrer, pense sempre em Trombocitopenia
ou Sndrome do Espancamento (maus tratos).
1- Trauma:
3- Corpo estranho:
Sangramento com secreo purulenta associada, mais frequente em crianas, e em pacientes com
distrbios psiquitricos.
4- Tumores:
O mais frequente o nasoangiofibroma: Pacientes jovens com sangramento unilateral, e de repetio.
5- Alteraes anatmicas:
Desvio do septo, irritantes qumicos, tais como solventes de cola, descongestionantes tpicos, uso de
cocana (que pode causar perfurao do septo).
6- Discrasias sanguneas:
Doena de Von Willebrand, hemofilia, leucemias, mieloma mltiplo, prpura trombocitopnica, e
pacientes submetidos hemodilise.
7- Malformaes vasculares:
Aneurisma e outras alteraes vasculares, principalmente se o paciente tiver histria de cirurgias de
cabea e pescoo. Correspondem a 25% das epistaxes posteriores (as outras so consideradas
idiopticas).
A Hipertenso nunca causa epistaxe, mas dificulta o tratamento, prolongando sua durao.
Muitos mdicos acham que o aumento da presso arterial funciona como um gatilho, rompendo a
parede vascular. Fosse assim, haveria hemorragias em outras reas, e ao mesmo tempo!
Geralmente a epistaxe associada (no causada) hipertenso posterior, grave, e com grande chance
de se repetir.
9- Anticoagulao:
*Corticoides nasais: todos deixam a mucosa muito frivel e sensvel, pois at um espirro pode
causar epistaxe anterior.
Exame fsico com o paciente sentado: determinar se a epistaxe anterior (por rinoscopia) ou
posterior (por oroscopia).
Tratamento no PS:
Estabilizao do paciente.
Pedir hemograma e coagulograma (pelo menos o tempo de protrombina) se for possvel, pois muitos
PS no tem estrutura para exames.
Aplicar vitamina K via IM.
Limpar a fossa nasal com uma soluo de adrenalina 1:1000 + lidocana ou soro fisiolgico a 0,9%.
Muitas vezes, s essa limpeza faz cessar a epistaxe pelo efeito vasoconstritor da adrenalina.
Estando a fossa nasal bem limpa, possvel visualizar o vaso que estava sangrando.
Faa uma cauterizao com Nitrato de prata ou TCA (cido tricloroactico a 90%) iniciando ao
redor do vaso, e depois diretamente nele porque essas substncias no agem na presena de
sangramento ativo. Cada aplicao deve obedecer a um intervalo de 10 a 20 segundos.
Obs.
Para aplicar o TCA, quebre, torcendo, uma esptula de madeira, e no fragmento mais pontiagudo
enrole uma fina camada de algodo hidrfilo.
O TCA deve ser aplicado em quantidade mnima, e no pode escorrer para tecidos adjacentes.
Passe um fio de seda, grosso, pela narina (pode ser por dentro de uma sonda fina) e pince-o pela
orofaringe.
Amarre uma ou duas gazes (dobradas e embebidas em pomada de neomicina) na extremidade do fio
(deixe uma pequena parte do fio visvel oroscopia, que servir para retirar o tamponamento), e
tracione o conjunto at o sangramento parar.
INTRODUO
Fazer Plantes Mdicos no uma tarefa fcil. Quando se pensa que sabe, aparece um caso diferente.
Muitos mdicos atuam nas Unidades de Pronto atendimento do Governo (UPA), e atendem casos
fora da sua especialidade.
Na verdade, todos os PS e UPAs funcionam como ambulatrios mdicos onde aparece de tudo, alm
de urgncias e emergncias.
O paciente no sabe o que urgncia, e o mdico s sabe que no urgncia ao atend-lo.
Por esse motivo (a diversidade de patologias) o mdico de PS tem muita dificuldade em resolver
casos que seriam fceis para outras especialidades.
Mdicos recm-formados, ou no, tambm tm muita dificuldade. Quando comecei a fazer plantes,
no Hospital das Clnicas de So Paulo, fiz todas as besteiras possveis!
TODOS OS LIVROS DA SRIE "1001 DICAS DE PRONTO-SOCORRO" TM O MESMO
OBJETIVO: COMO DIAGNOSTICAR E TRATAR UM PACIENTE DE PS COM
CONHECIMENTOS PONTUAIS, MAS EFICAZES!
Este e-book vai tornar o seu planto mais fcil e tranquilo: as dicas esto numa linguagem simples,
mas so abrangentes, fceis de memorizar e facilitam a tomada RPIDA de decises!
Espero que entendam que o objetivo desse livro no ensinar medicina! Voc j mdico! Alguns
lembretes foram inseridos para facilitar a compreenso das dicas.
***
HIPOTERMIA
No PS, tem aumentado muito o nmero de pacientes com hipotermia (de grau leve a moderado)
devido s pssimas condies socioeconmicas de parte importante da populao, que vive nas ruas
em condies sub-humanas e, como quase sempre est associada ao uso de drogas e lcool,
facilmente despercebida.
Muitos casos no so diagnosticados porque no se faz uso de termmetros de baixa temperatura.
Muitos profissionais de enfermagem no so treinados para essa situao. Acham que s a febre
um sinal de problema.
Lembrete: Os pacientes nessas condies geralmente apresentam bradicardia, e hipotenso por
desidratao (era de se esperar taquicardia), cianose, confuso mental (que pode ser confundida
com o uso de drogas), depresso respiratria e, obviamente, extremidades frias.
Lembre-se de que a intoxicao medicamentosa (principalmente por antidepressivos ou
benzodiazepnicos), tambm pode causar hipotermia.
Tratamento no PS:
Suporte com pelo menos 2 acessos venosos, com cateter 16.
Recuperar a volemia com soro glicofisiologico (medir glicemia antes) aquecido at 41 C.
Suporte: Oxignio, monitor cardaco, dosar sdio, cloro e potssio.
Gasometria com acidose metablica: ministrar bicarbonato de sdio somente se houver
aumento persistente do cloro aps infuso do Soro Glicofisiolgico. Somente a correo da
volemia suficiente para reverter a acidose.
Pedir exames para tentar diagnosticar uma doena de base.
Geralmente, possvel conseguir a reverso do quadro com a utilizao de mtodos fsicos. Se
no houver cobertor trmico utilize bolsas, ou qualquer outro recipiente plstico, com gua
quente.
Se no houver reverso, pense em hipotireoidismo, insuficincia adrenal e AVC.
A sondagem vesical obrigatria para medir a diurese, pois comum a leso renal por
hipotenso, podendo haver necessidade de hemodilise.
EMBOLIA PULMONAR
Ocorre por um trombo na Artria Pulmonar ou em seu ramo, originado geralmente das veias do
sistema venoso profundo dos membros inferiores.
No um diagnstico simples porque a Trombose Venosa Profunda (TVP) no membro inferior,
nem sempre est presente.
caracterizada pela presena de:
Colapso pulmonar;
Dispneia sbita;
Dor torcica inspirao;
Hipotenso;
Sudorese;
Taquicardia.
Quando existe hemoptise, o diagnstico se torna mais fcil!
Exame fsico:
1- Cianose por baixa saturao de oxignio;
2- Ausculta pulmonar com sibilos(no confundir com asma);
3- Dilatao das veias jugulares;
4- Fgado e bao aumentados;
5- Edema dos membros inferiores;
6- Sinais de TVP (concomitante ou em recuperao).
Cerca de 20 % das mortes sbitas so devidas Embolia Pulmonar.
Quando se fala em embolia pulmonar, pensa-se logo em cogulo por ser o mais frequente, mas
pode ser: mbolo de bolha de gs (embolia gasosa); gordura (embolia gordurosa); lquido
amnitico (embolia amnitica).
Condies predisponentes:
Anticoncepcionais;
Fraturas (embolia gordurosa);
Imobilizao gessada de membro inferior;
Tempo prolongado na posio sentada (viagem de avio);
Estados de hipercoagulabilidade (principalmente sndrome paraneoplsica);
Trombose venosa profunda (TVP) prvia;
Puerprio (embolia amnitica);
Infarto do miocrdio;
Insuficincia cardaca;
DPOC;
AVC;
Cirurgias;
Politraumatismos;
Faixa etria acima de 40 anos;
Falta de profilaxia anticoagulante em pacientes predispostos.
Tratamento no PS:
1- Heparina no fracionada (HNF):
80 unidades por kg de peso (dose de ataque), seguidos de 18 unidades por kg de peso, e por
hora. Aplicao IV contnua.
2- Heparina fracionada:
Usar a dose de 5000 unidades SC, a cada 4 horas.
Associar sempre warfarina, 5 mg por dia, porque demora 5 dias para ter efeito total, quando a
heparina poder ser retirada.
No h risco de hemorragia pelo uso concomitante de warfarina!
Obs. Antes de tudo, o paciente deve ser estabilizado segundo a rotina de PS, conforme descrito em
vrios captulos deste livro.
CLICA NEFRTICA
RX de abdome em AP:
Os clculos de urato so rdio-transparentes. Podem ser vistos os clculos de clcio e de fosfato
de magnsio, nas projees do sistema urinrio.
Tratamento no PS:
Anti-inflamatrios no hormonais (AINH), de preferncia o Cetoprofeno (Profenid) ou o
Diclofenaco (Voltaren 75 mg), todos via IM.
O Profenid pode ser associado Dipirona 1g e administrado via IV, diludos em 100 ml de SF 0,9%.
Podem ser usados, se necessrio, a Morfina e seus derivados, entre eles o Tramadol (Tramal
IM).
Buscopan composto no funciona na maioria dos pacientes: A dor aliviada, retornando depois de
pouco tempo e ainda promove o desagradvel efeito colateral dos anticolinrgicos (secura na
boca por baixa produo de saliva e constipao intestinal).
Se precisar usar antiemticos: cuidado com a reao extrapiramidal, que pode ocorrer com o uso
de metoclopramida, e at mesmo com bromoprida.
REAO EXTRAPIRAMIDAL
Lembrete: Reao extrapiramidal ou liberao extrapiramidal uma sndrome causada por uma
disfuno do sistema extrapiramidal, que controla todos os movimentos do corpo.
O paciente apresenta sintomas de agitao (vontade incontrolvel de sair do ambiente, gritar,
rezar, movimentar-se de um lado para outro), uma sensao de morte iminente, opresso
retroesternal, dispneia, angstia, ansiedade, sensao de falta de autocontrole e de que no
reconhece o ambiente (principal).
Em muitos casos, movimentos involuntrios dos braos, pernas (parece com a Sndrome das
pernas inquietas), mos, etc..
Importante: a presena de apenas um dos sintomas descritos caracteriza Liberao extrapiramidal!
Sem tratamento, esses sintomas demoram muito para regredirem!
RETENO URINRIA
A causa mais comum de reteno urinria (em homens) a Hiperplasia Prosttica Benigna (HPB).
Geralmente 60 % dos casos.
No h nenhuma relao entre o tamanho da prstata e a ocorrncia de reteno urinria.
O mecanismo provvel um infarto de alguma rea da prstata causando inflamao, edema,
com compresso do colo da bexiga e uretra proximal, ou uma distoro da anatomia local
provocada por distenso exagerada da bexiga devido ao uso de diurticos (muito comum em
mulheres), bloqueadores do canal de clcio e os anticolinrgicos.
Outras causas: Clculo de bexiga, carcinoma de prstata, bexiga neurognica, gravidez, e ps-
parto.
TRATAMENTO no PS:
Sondagem vesical utilizando uma sonda de Folley de pequeno calibre, bem lubrificada (cuidado
para no lesar a uretra).
No use sonda de alvio (em homens ou mulheres), porque fatalmente o paciente retornar.
A drenagem no pode ser muito rpida, devido ao risco de hematria por descompresso brusca
da parede vesical e da uretra.
Drenagem suprapbica no se aplica ao tratamento de rotina no PS, mas pode ser feita em
casos extremos, quando o bexigoma est muito grande, e impede a passagem da sonda de
Folley ou cnulas para drenagem intermitente.
Utiliza-se para a puno, uma agulha grossa com mandril do tipo usado para raquianestesia.
Faa a puno rente snfise pbica.
Enquanto isso, voc deve seguir tentando passar uma sonda de Folley fina, pois assim que a
presso no colo da bexiga diminuir um pouco, a sonda passa!
Encaminhar ao urologista com receita de Norfloxacino 400 mg cada 12 horas, e com sonda de
demora.
COLELITASE
Pacientes que procuram o PS com febre, dor no hipocndrio direito, e ao exame fsico existe dor
no ponto de Murphy (ponto formado pelo encontro de duas linhas imaginrias: Linha hemi
clavicular direita e a linha do rebordo costal), provavelmente, est com colelitase ou colecistite
aguda.
Se estiver ictrico, provavelmente est com coledocolitase associada.
Nesse caso a cirurgia deve ser imediata, pois sempre h colangite associada. A ultrassonografia
importante para confirmar a litase e descartar tumor .
Se o caso se enquadrar "nos 5 F's": Female, fertily, fat, forty, family (mulher, frtil, gorda, quarenta
anos mais ou menos, histria familiar), certamente est com colelitase ou colecistite crnica
calculosa.
Hemograma: leucocitose.
TGO e TGP pouco aumentadas.
O RX simples do abdome mostrar vrios clculos pequenos ou clculo nico e grande.
Muitos mdicos plantonistas se esquecem de pedir esse exame, e ficam tentando conseguir uma
ultrassonografia de urgncia.
Tratamento no PS:
Colecistite aguda: Cirurgia (quanto mais precoce, melhor).
Colecistite crnica calculosa: Buscopan composto associado a antibiticos que so excretados
pela bile. Exemplo: Ampicilina 500 mg VO cada 6 horas ou Doxiciclina 100 mg VO cada 12 horas.
No prescreva Morfina (Dolantina, Demerol, etc.) ou Tramal, porque causam espasmo do
esfncter de Oddi, piorando o quadro!
Encaminhar para cirurgia.
Qualquer um sabe que o exame padro ouro para diagnstico da colecistite aguda a
ultrassonografia, que mostrar, alm dos clculos, espessamento da parede vesicular.
Infelizmente, pouqussimos PS contam com esse recurso. CONTINUE COM O RX SIMPLES DO
ABDOME!
Nota: Vale lembrar que 5 a 10% dos casos de colecistite no so devidos a clculos biliares
(colecistite alitisica) principalmente em imunodeprimidos, e o Ultrassom s mostra
espessamento da parede. Praticamente, s ocorre em pacientes debilitados por doena crnica,
pacientes de UTI, e nos imunodeprimidos.
HIPOGLICEMIA E HIPERGLICEMIA
HIPOGLICEMIA:
Na maioria das vezes ocorre por erro de clculo da dose de insulina ou hipoglicemiantes orais.
Causas menos frequentes so por: insuficincia heptica; hepatoma; Doena de Addison.
LEMBRETE IMPORTANTE: Hipoglicemia associada sudorese, confuso mental, tremores,
taquicardia e em casos de longa durao podem ocorrer em pacientes idosos vtimas de maus
tratos que evoluem para o Coma, hemiparesia ou Infarto cortical cerebral. Preste ateno!
Faa uma infuso de glicose via IV (SGF 500 ml + 2 ampolas de glicose a 50%).
Quando no for possvel um acesso venoso rpido ou se este for demorar, ministre 50 ml de glicose a
50% (a mesma das ampolas) via oral.
Considere a possibilidade de passar uma sonda nasogstrica para ministrar a glicose.
Estabilizar o paciente, principalmente o desequilbrio hidreletroltico.
OTITES
OTITE EXTERNA:
Mais comum em adultos.
Geralmente ocorre por uma infeco secundria a um eczema do conduto auditivo ou trauma local
pelo uso de objetos.
Muito dolorosa, s vezes fica difcil fazer a otoscopia porque o conduto est edemaciado e
quase ocludo.
No PS a melhor conduta :
Receitar corticoide de depsito, tipo Diprospan IM (melhora rpida da dor), antibitico Amoxilina +
clavulanato (Clavulin BD 875/125 mg - respectivamente) cada 12 horas, e Otosynalar 5 gotas a cada
2 horas, dependendo da dor.
LARINGITE AGUDA
Muito frequente. causada por rinovrus ou adenovrus. Incio agudo, com tosse, faringite, e
secreo mucosa lmpida.
Pode complicar com sinusite, Otite media aguda e at pneumonia, por isso receite antibiticos se
a secreo estiver com aspecto purulento, tosse exagerada, e dor de garganta.
No confundir com coriza alrgica, quando s um antialrgico suficiente.
SINUSITE
Ocorre, geralmente, aps uma infeco viral ou bacteriana das vias areas superiores.
causada frequentemente por H.influenza, Streptococus pneumoniae ou pyogenes.
Exame: Dor presso digital sobre o seio paranasal afetado. O Paciente se queixa, sempre, de
cefaleia, e a febre est presente em 80% dos casos.
No PS:
Receitar Clavulin BD (Amoxicilina com clavulanato) 875/125, VO, cada 12 horas, por 7 a 10
dias.
Receitar descongestionante tpico nasal tipo Otrivina (o paciente precisa estar deitado e com a
cabea pendente por, pelo menos, 3 minutos para que a vasoconstrio ocorra ao nvel do
meato).
Azitromicina 500 mg VO por dia, durante 6 dias, e Claritromicina tambm podem ser usados.
Lembre-se que esses antibiticos tm sua absoro diminuda em 90% se houver alimentos
(principalmente leite) no estmago. Necessitam de 3 horas de jejum, e o paciente pode se alimentar
somente 1 hora depois!
Sempre receitar corticoide sistmico se houver cefaleia intensa ou edema exagerado da mucosa
nasal: Geralmente uma ampola de corticoide de depsito tipo Diprospan IM ou Celestone soluspan
IM, suficiente.
O RX dos seios da face mostra espessamento da mucosa do seio afetado e, eventualmente, nvel
lquido.
Pode haver necessidade de puno maxilar (encaminhar o paciente).
FARINGOAMIGDALITE
1-Viral:
Ocorre em cerca de 75 % em crianas de zero a 3 anos de idade.
Rinovrus em 20% dos casos.
Esta incidncia vai diminuindo com a idade.
Acomete adultos tambm!
caracterizada por hiperemia da mucosa, disfagia, dor, mas sem exsudato purulento.
Febre baixa, mialgia, cefaleia, rouquido, coriza e espirros.
comum ocorrer conjuntivite.
Preste ateno: NO H ADENOPATIA CERVICAL!
Tratamento no PS:
Se voc tiver certeza de que no h infeco bacteriana secundria (geralmente h), receite
AINH e analgsicos. Caso contrrio, trate como se fosse bacteriana.
2-Bacteriana:
Pelo menos 30% so devidas ao Streptococus pyogenes!
No h coriza, constipao nasal, conjuntivite, espirros e tosse!
Preste ateno: SEMPRE H ENFARTAMENTO GANGLIONAR CERVICAL, vula
edemaciada e petquias (no ocorrem na viral) no palato mole.
Tratamento no PS: Penicilina benzatina (pode ocorrer anafilaxia - cuidado), Amoxilina com
clavulanato (suspenso oral) para:
Crianas pequenas: 125 mg (2,5 ml) cada 8 horas.
Crianas maiores: 250 mg (5 ml) cada 8 horas por 7 dias.
A dose determinada pelo estado geral, e no pelo peso, existe grande margem de segurana quanto
toxicidade.
Adultos:
Amoxilina com clavulanato (Novamox, Clavulin BD, etc.) na proporo 875/125
respectivamente, cada 12 horas, por 7 dias.
Exemplo de receita: Clavulin BD 875/125..... Tomar 1 comprimido cada 12 horas, por 7 dias.
Orientar para ingesto de comidas e bebidas frias, calor local s piora!
CONJUNTIVITE
1-Viral:
Geralmente causada por Adenovrus, mas pode ser por um enterovrus ou coxsakie (ambas
hemorrgicas).
Altamente contagiosa.
A transmisso dura at 14 dias aps o incio.
O vrus pode permanecer vivo at 78 horas fora da conjuntiva, em objetos e utenslios de uso
comum: atravs das mos atinge o olho.
Por esse motivo, responsvel por grandes epidemias.
2-Bacteriana:
Geralmente causada por estreptococos, estafilococos e H. influenza.
A conjuntiva tem aspecto purulento durante todo o dia, no s pela manh.
Preste ateno: ao exame, h a PRESENA DE HALO BRANCO (por transparncia da crnea)
ao redor da ris. A conjuntiva est parcialmente hiperemiada, e raramente hemorrgica.
Tratamento: Colrios de antibiticos, tipo Cloranfenicol colrio, Gentamicina colrio, Tobramicina
colrio (Tobrex). Este ltimo parece ser o mais indicado! Colrios de fluorquinolonas tambm
podem ser usados (gatifloxacino, etc.)
Pode ser usado conjuntamente antibitico de amplo espectro por via oral, em casos que
apresentem grande edema, e queda no estado geral do paciente ou alguma patologia associada.
3-Tracoma:
Causado por Chlamydia trachomatis que pode estar presente no trato genital dos adultos.
Atinge o revestimento das plpebras superiores (raramente as inferiores), presena de pontos
hemorrgicos (pelo menos 4 pontos).
Causa uma conjuntivite de aspecto bacteriano ou alrgico.
Tratamento: Doxiciclina 100 mg VO a cada 12 horas, por 7 dias ou Azitromicina 500 mg cada 24
horas por 6 dias. Colrios com antibiticos podem ser associados.
4-Alrgica:
Ocorre em pacientes que j tem historia de alergia, principalmente rinite e bronquite.
Nunca atinge a crnea.
A hiperemia conjuntival no obedece a um padro.
No contagiosa.
Pode comear num olho e, posteriormente, atingir o outro.
So tratadas com anti-histamnicos via oral e, eventualmente, com colrios contendo corticoides.
Os medicamentos derivados de substncias estabilizadoras da membrana dos mastcitos
(cromoglicato dissdico) demoram cerca de 7 dias para seu completo efeito, mas devem ser
iniciados junto com a medicao anti-histamnica, e continuados por, pelo menos, um ms.
Outra causa de conjuntivite alrgica por uso de lentes de contato, que podem atingir a crnea
formando lceras com infeco secundria.
Esse tipo de paciente deve ser encaminhado ao oftalmologista.
Receite somente colrio com antibitico, se achar necessrio.
LARINGOTRAQUEOBRONQUITE
Acomete crianas de 1 a 6 anos de idade, mas mais frequente em torno dos dois anos.
Quando voc examinar uma criana no PS com estridor larngeo, saiba que 90 % so por
laringotraqueobronquite.
Tem etiologia viral (parainluenza e vrus respiratrio sincicial- VSR) nas crianas menores, e o
Mycoplasma pneumoniae nas crianas em torno de 5 anos.
A histria quase sempre a mesma: A me refere que a criana estava resfriada h 3 dias, com
tosse, rinorreia, febre baixa, dor de garganta e, subitamente, comeou a piorar (geralmente noite),
apresentando tosse de cachorro, e a febre comeou a aumentar.
Ao exame, presena de estridor larngeo inspiratrio, rouquido, orofaringe hiperemiada sem
pontos purulentos (pelo menos no incio).
Obs. Ausculta de roncos e sibilos s num pulmo altamente sugestiva de corpo estranho.
O objetivo manter as vias areas permeveis.
O uso de nebulizao s com soro fisiolgico um absurdo que se repete em muitos PS. No
tem comprovao cientfica, portanto, burrice usar!
O correto : hidratao via venosa, oxignio, e o uso de corticosteroides.
Essas 3 condutas promovem a reduo acentuada da gravidade dos sintomas, evitando internao
com intubao, e a necessidade de uso de adrenalina.
A Dexametasona a mais indicada e usada porque tem longa durao, e pode ser ministrada via
oral ou parenteral. conveniente fazer uma aplicao IM (dose de ataque) e continuar com a via
oral. A dose 0,15 a 0,6 mg por quilo de peso, cada 8 horas, por 7 dias. Mximo de 10 mg por dia.
Sempre associar antibitico de amplo espectro: Amoxicilina com clavulanato, porque dificilmente
no ocorrer infeco secundria.
Em artigos acadmicos, o antibitico no est indicado porque a maioria das LTB de origem
viral, MAS NO PS ESSA REGRA NO VALE POR MOTIVOS BVIOS!
Em casos mais leves, e em crianas maiores que 5 anos, a Dexametasona pode ser substituda pela
Budesonida na dose 200 mcg via inalatria cada 12 horas, por 5 dias.
A Budesonida tem a vantagem de ter efeito apenas local, mas em muitos lugares do Brasil est
contraindicada pelo preo, e pelas condies de vida da populao!
LARINGITE ESTRIDULOSA
Mais conhecida como Laringite aguda, acomete crianas de 3 meses a 3 anos de idade.
parecida, clinicamente, com a laringotraqueobronquite, mas no tem histria nenhuma (nem na
famlia).
O aparecimento sbito, com coriza, tosse seca, metlica e desconforto respiratrio.
Preste ateno: NO H FEBRE, mas o estridor larngeo semelhante.
Parece ser mais uma reao alrgica do que uma infeco viral.
A etiologia desconhecida.
O tratamento igual ao da laringotraqueobronquite.
Sempre pense em corpo estranho!
SUPRAGLOTITE (EPIGLOTITE)
Era conhecida como epiglotite, mas como atinge tecidos vizinhos, foi renomeada Supraglotite.
Nada contra, mas isso s pode ser coisa de pediatra!
uma emergncia mdica!
H infeco grave da epiglote e das estruturas supraglticas, com obstruo da via respiratria
superior, e alta mortalidade.
Devido incluso da vacina contra H. influenzae no calendrio obrigatrio de vacinao, o nmero
de casos diminuiu muito, mas, em contrapartida, apareceram novos agentes como: S.Aureous,
Klebsiela sp, S.piogenes, cndida, e vrus.
Outra mudana: Essa doena era mais comum em torno dos 3 anos de idade, e agora acomete
crianas maiores de 7 anos, adolescentes e adultos!
OBS. QUEM FAZ O CALENDRIO DE VACINAO SO OS PEDIATRAS QUE NUNCA
FIZERAM UM PLANTO NA VIDA, E COPIAM O CALENDRIO DE OUTROS PASES,
CUJO ESQUEMA FORNECIDO PELA INDSTRIA FARMACUTICA.
So de incio sbito, com toxemia precoce, febre alta, e sinais de obstruo ventilatria (estridor
inspiratrio e baixa expansibilidade pulmonar).
A laringoscopia est contraindicada, pois precipita a obstruo dificultando a intubao.
Tratamento no PS: oxigenioterapia com o paciente sentado, e encaminhamento urgente para UTI
(para intubao eletiva ou traqueostomia).
LARINGOTRAQUETE BACTERIANA
Deve-se suspeitar sempre de corpo estranho em casos onde haja obstruo abrupta sem febre,
sem estridor inspiratrio ou outro sinal de infeco viral ou bacteriana da laringe.
A me muitas vezes refere que a criana engasgou ou ficou roxa por um momento, e logo depois
se recuperou (sic).
Pneumonias de repetio muitas vezes so causadas por corpo estranho ao nvel de bronquolo.
ASMA
Popularmente conhecida como bronquite asmtica, bronquite alrgica ou asma brnquica.
uma doena gentica que pode comear a se expressar em qualquer poca da vida. Os longos
perodos de latncia, caractersticos dessa doena, so confundidos com cura!
Ocorre uma obstruo ao nvel dos brnquios causada por uma reao antgeno-anticorpo.
mediada por inmeras substncias.
A poeira caseira contm os principais alrgenos (caros, fezes de caros, restos bacterianos, etc.).
O paciente se apresenta com tosse, pouco ou nada produtiva, e falta de ar.
A crise ocorre em 80% dos casos devido a uma infeco viral das vias areas superiores.
AINH e betabloqueadores precipitam uma crise aguda e grave. PAREM DE RECEITAR AINH
EM INFECO DAS VIAS AREAS SUPERIORES (IVAS).
Ao exame, o paciente est afebril, dispneico e h a presena de sibilos nos dois pulmes (quando
ocorre s em um pulmo: tumor ou corpo estranho deve ser considerado). Presena de retrao ou
tiragem intercostal.
Nos casos graves NO H sibilncia, e o murmrio vesicular (MV) pode estar ausente.
Tratamento: No PS o tratamento se baseia em tirar o paciente da crise antes que entre em
Estado de Mal Asmtico: gravssimo.
Sempre associar corticoide sistmico: Prednisolona na dose de 0,14 a 2 mg por kg por dia
(mximo de 60 mg por dia), dividida em 2 ou 4 vezes, durante 5 a 10 dias.
O uso de Budesonida (corticoide com pouqussimos efeitos colaterais) suspenso para aerossol
(Pulmicort) est indicado para substituir gradualmente a prednisolona.
O nebulizador ultrassnico no pode ser usado para corticoides!
No receitar mucolticos porque piora a tosse, o brnquio tende a se inflamar e,
consequentemente, aumenta a obstruo.
Receitar antibiticos se houver doena de base que justifique.
Nota: nos casos graves considerar o uso de:
1- Terbutalina - Bricanyl (0,5 mg/ml), aplicar 0,25 mg (0,5 ml) SC a cada 20 minutos, at 3
vezes.
Crianas: aplicar 0,01 mg por kg de peso.
2- Adrenalina 1:1000 (1 mg/ml), aplicar 0,25 a 0,5 mg IM a cada 20 minutos, at 3 vezes.
Crianas: 0,01 mg por kg de peso.
Em crianas, a Aminofilina est contraindicada na crise leve e moderada.
S deve ser usada na UTI e, mesmo assim, se no houver resposta s doses mximas de outros
broncodilatadores e corticoides.
Em casos de crise asmtica, vale muito mais a deciso experiente do mdico de PS, frente ao
paciente, do que os mais variados protocolos.
Sempre utilize o seu protocolo que, obviamente, deriva das suas condies de trabalho!
Sempre deixe o paciente em observao o mximo de tempo possvel.
Encaminhe para internao sempre que a resposta ao seu tratamento no for satisfatria!
PNEUMONIA
Uma Saturao de O2 menor que 90% sugere fortemente o diagnstico, mas o oxmetro de pulso
fornece leituras erradas devidas m perfuso tecidual, cor da pele, etc. alm de no fornecer
nenhum dado sobre a pCO2.
A gasometria obrigatria, e o diagnstico confirmado quando a po2 est menor que 60 mmHg
e a pCo2 maior que 45 mmHg.
Se no puder fazer a gasometria: encaminhe com urgncia!
Observar que esses valores correspondem a indivduos jovens respirando ar ambiente, e ao
nvel do mar. Deve ser feita uma correo de acordo com a altitude, e a idade do paciente.
Note que o PH arterial tambm muito importante: Alcalose respiratria indica hiperventilao
devido hipoxemia, e acidose respiratria indica aumento abrupto da PCO2.
No se esquea de que o sangue para gasometria deve ser transportado envolto em gelo.
Resumindo: O tratamento no PS deve ser orientado para manter as vias areas prvias e
aumentar a pO2 por oxigenao, bronco dilatador, corticoides, etc., e encaminhamento para um
centro com mais recursos.
Aconselho leituras adicionais sobre gasometria, pois um tema com muitas variveis que fogem
do objetivo desse livro.
CRISE CONVULSIVA
caracterizado por convulses subentrantes que levam ao edema cerebral (da a importncia do uso
de Dexametasona), coma, e morte.
Utilize o mesmo esquema acima, mas aumentando a dose para 20 mg de Diazepam puro, IV, em
adultos, e 0,1 a 0,5 mg por kg/por aplicao, em crianas.
Fazer Plantes Mdicos no uma tarefa fcil. Quando se pensa que sabe, aparece um caso
diferente.
Muitos mdicos especialistas que atuam nas Unidades de Pronto atendimento do Governo (UPA)
atendem casos fora da sua especialidade.
Na verdade, todos os PS e UPAs funcionam como ambulatrios mdicos onde aparece de tudo,
alm de urgncias e emergncias.
O paciente no sabe o que urgncia, e o mdico s sabe que no urgncia ao atend-lo.
Por esse motivo (a diversidade de patologias) alguns mdicos de PS tm muita dificuldade em
resolver casos que seriam fceis para outras especialidades.
Mdicos recm-formados, ou no, tambm tm muita dificuldade. Quando comecei a fazer
plantes, no Hospital das Clnicas de So Paulo, fiz todas as besteiras possveis!
TODOS OS LIVROS DA SRIE "1001 DICAS DE PRONTO-SOCORRO" TM O MESMO
OBJETIVO: COMO DIAGNOSTICAR E TRATAR UM PACIENTE DE PS COM
CONHECIMENTOS PONTUAIS, MAS EFICAZES!
Este e-book vai tornar o seu planto mais fcil e tranquilo: as dicas esto numa linguagem
simples, mas so abrangentes, fceis de memorizar e facilitam a tomada RPIDA de decises!
**
Tm significado importante no PS. So causados por: hipoxemia crnica do leito ungueal por
doenas pulmonares; vasculopatias; neuropatias; e hepatopatias crnicas.
Inicialmente, h um amolecimento do leito ungueal seguido de aumento da curvatura da unha, por
embebimento dos tecidos moles adjacentes. Todas as unhas tm cor amarelada!
Geralmente esto associados a:
A- Trax: Carcinoma de brnquio, mesotelioma, timoma, DPOC, pneumoconiose, asma, abscessos,
bronquiectasias, empiema pleural, e fibrose cstica.
B- Ap. cardiovascular: Endocardite, CIA e CIV.
C- Ap. digestrio: Cirrose, Hepatites crnicas, Cirrose biliar primria (rara, mas fatal), Doena de
Crohn, Retocolite ulcerativa crnica, Doena celaca (Sndrome de m absoro).
D- Outros: Tireotoxicose, Malformao arteriovenosa ao nvel braquial bilateral (shunt
arteriovenoso).
Obs. No confundir com a forma familiar, onde o baqueteamento discreto, e a colorao da
unha normal.
2- DORES NO TRAX
Esto entre as queixas mais frequentes no PS. Existem dois tipos a serem considerados no exame
fsico: Dor localizada e dor difusa.
Direcione seu raciocnio para definir rapidamente a qual tipo pertence:
A- Dor localizada:
Fratura de costela;
Pleurite;
Pericardite;
Herpes zoster;
Infarto pulmonar.
SNDROME DE TIETZE: inflamao de uma ou vrias cartilagens costais ao nvel do esterno.
Esta a descrio original, mas a inflamao pode ocorrer em qualquer ponto da costela. O
diagnstico feito localizando o ponto doloroso que quando fortemente pressionado, reproduz
exatamente o sintoma do paciente. Tem como caracterstica, a irradiao da dor para a regio
dorsal do trax.
Como o incio sbito e muito doloroso, pode ser confundida com IAM. O paciente tem sudorese,
taquicardia, etc.. Se no for tratada pode se tornar crnica. Est quase sempre associada ao estresse.
Tratamento no PS: Corticoide(dexametasona) + analgsicos.
Tratamento ambulatorial:
Antidepressivos com propriedades ansiolticas (ex: amitriptilina 12,5 a 25mg por dia).
Corticoide sistmico de depsito (ex: Diprospan IM, Celestone soluspan IM ou Beta 30 IM).
Analgsicos VO.
Massoterapia: massagem com forte compresso digital do ponto doloroso usando
diclofenacodietilammio gel (uma vez noite). A melhora rpida, e a cura total ocorre em 2
semanas.
Infiltrao com corticoides (sempre no ponto mais doloroso) pode ser necessria.
B- Dor difusa:
Angina instvel;
Infarto Agudo do Miocrdio (IAM);
Esofagite de refluxo;
Espasmo esofgico;
Miocardite;
Disseco da aorta.
4- PRURIDO GENERALIZADO
O prurido generalizado um sintoma importante porque pode significar uma doena sistmica.
Muitos fatores esto envolvidos na manifestao do prurido: Cininas, histamina, proteases,
prostaglandinas, cidos biliares, e outras substncias desconhecidas que podem ser produzidas pela
prpria doena, etc.
Muitas vezes, a primeira manifestao das seguintes doenas:
A- Colestase crnica; Exemplo: Cirrose biliar primria (altamente letal).
B- Insuficincia renal crnica;
C- Policitemia vera;
D- Hiper e hipotireoidismo;
E- Tumores de origem hematolgica: Doena de Hodgkin, mieloma;
F- Leucemias;
G- Sndrome carcinide;
H- Ferropenia;
I-Hipersensibilidade a medicamentos (sem erupo cutnea);
J- Mastocitose;
K- Diabetes;
L- Tumores cerebrais.
**
FRATURAS
Uma fratura bilateral fechada da difise do fmur, por exemplo, sequestra no mnimo 1000 ml de
sangue.
**
Num PS aparecem fraturas de todos os tipos, e em diferentes localizaes, portanto, vamos nos ater
aqui s Fraturas Fechadas que causam maior dano s estruturas adjacentes:
a que causa maior dano medula espinal por, praticamente, no haver distancia entre a vrtebra
fraturada e a dura-mter, e tambm por que quase sempre acompanhada de luxao (fratura-
luxao).
Vale lembrar que luxao a perda total do contato normal entre duas estruturas articuladas.
Luxao ou subluxao, ambas atingem a medula espinal.
Se ao RX (perfil), houver um achatamento de uma vrtebra maior que 50% da sua altura, h
grande chance de leso neurolgica.
Faa um exame neurolgico: Qualquer suspeita de TRM (trauma rqui medular), encaminhe ao
neurocirurgio.
a fratura mais grave, nessa faixa etria, porque a chance de leso vasculonervosa enorme, alm
da leso da epfise de crescimento do mero que, quase sempre, leva deformidade do cotovelo.
Muitas requerem tratamento cirrgico.
**
Todas so cirrgicas!
Via de acesso venoso com cateter calibroso.
Verifique se h fraturas fechadas associadas.
Verifique se h comorbidades.
Estabilize o paciente.
Encaminhe ao ortopedista com urgncia.
Tente reduzi-las (alinhar os fragmentos sseos) para evitar uma leso vascular maior. Conseguindo
ou no, faa um curativo com gazes secas esterilizadas, e enfaixe com atadura de crepe. Imobilize
com uma tala gessada.
Nunca deixe o foco de fratura desprotegido!
10- Fratura do tornozelo com desvio: uma fratura instvel e precisa de cirurgia (osteossntese).
Chame o ortopedista!
Sobre uma superfcie lisa e impermevel, desenrole a atadura gessada comum (No PS nunca tem
gesso sinttico) fazendo um movimento de vai e vem, controlando a largura, espessura, e o
tamanho que voc quer (faa uma medio grosseira: 1 palmo, 2 palmos...).
Use quantas ataduras gessadas forem necessrias para dar firmeza na tala, quando esta endurecer.
Segurando uma extremidade em cada mo, mergulhe a tala numa cuba com gua, sem soltar as
pontas, e a recoloque sobre a superfcie impermevel. Retire o excesso de gua alisando com as
mos.
Coloque a atadura sobre o membro (j coberto com uma camada de algodo ortopdico), e fixe o
conjunto usando ataduras de crepe.
COMO COLOCAR UMA TALA GESSADA:
Depende de qual osso ou articulao voc quer imobilizar. EXEMPLOS DE LOCAIS DE
IMOBILIZAO:
E- Ombro (em fratura do colo do mero): Face posterior, comeando no antebrao at a regio
axilar com o cotovelo em flexo. Colocao obrigatria de tipoia.
Nesse caso a imobilizao indireta. feita por trao: Os pesos do brao e do gesso exercem uma
fora para baixo.
conhecida como tala gessada pendente.
O paciente deve dormir semissentado.
**
PRONAO DOLOROSA
SINOVITES
uma denominao genrica para toda, e qualquer, inflamao ou infeco que atinja a sinvia de
uma articulao.
As mais frequentes num Pronto-Socorro so:
4- Na osteomielite ou artrite sptica: h imagens de leso ssea ou presena de gs. Febre alta.
Tratamento no PS: A sinovite transitria do quadril, geralmente, se inicia alguns dias aps uma
infeco viral ou bacteriana das vias areas superiores. Receita de AINH, e retorno ambulatorial
com ortopedista, se necessrio.
A cura espontnea, e no deixa sequelas.
SINOVITE TRAUMTICA
TENOSSINOVITE
CISTO SINOVIAL
Ocorre frequentemente no punho, tanto na face anterior como na posterior, e quase sempre
decorrente de tenossinovites de repetio.
Ao exame fsico no se nota nenhum sinal de inflamao.
Geralmente, tem mais ou menos 2 centmetros de dimetro, tem consistncia dura, e pouco
doloroso palpao.
Assim como o cisto de Baker (cisto na regio popltea do joelho), no uma urgncia, mas os
pacientes procuram o PS, principalmente em regies afastadas dos grandes centros.
No sei quem vai ler este e-book, ento vou tentar explicar o que pode ser feito no PS.
O tratamento mais aceito o tratamento cirrgico, mas sabe-se que quando o cisto se rompe
espontaneamente, a cura ocorre em quase 60% dos casos.
Baseado nisso, a conduta no PS pode ser feita da seguinte maneira, tomando-se todos os cuidados de
assepsia, e antissepsia:
Faa um boto anestsico sobre o cisto.
Introduza uma agulha de calibre 10(sem a seringa), e faa uma forte presso digital sobre o
cisto para expulsar seu contedo gelatinoso atravs da agulha.
No use seringa para aspirar. O contedo do cisto incolor, e tem caracterstica gelatinosa (da
a consistncia dura). muito difcil de ser aspirado.
Retire a agulha, e pelo mesmo orifcio, injete 1 ml de xilocana misturada com Corticoide de
depsito, tipo Diprospan ou Celestone soluspan, usando uma seringa com agulha 25x7 at encher o
cisto.
Pressione firmemente o cisto, at que ele se rompa.
Curativo com mupirocina no local da puno, e enfaixamento compressivo com atadura de crepe por
24 horas.
Todo enfaixamento compressivo feito colocando-se muitas gazes sobre o ponto que voc quer
pressionar, e no apertando demasiadamente a atadura de crepe.
sabido que toda vez que se usa corticoide, em qualquer leso ortopdica, um ponto fraco
formado no local.
Por isso, o membro afetado deve ficar em repouso por 15 dias, imobilizado ou no.
Exemplo: Quase todas as roturas do tendo de Aquiles, em esportistas, ocorrem aps infiltrao
de corticoides.
BURSITE
BURSITE DE OLCRANO
Pouco dolorosa.
Quase sempre, se apresenta distendida pela presena de lquido seroso em seu interior.
O tratamento feito aspirando-se esse lquido, e introduzindo 1 ml de xilocana associada a 1 ml
de Celestone soluspan (ou equivalente).
Enfaixamento compressivo.
Geralmente evoluem para a cronicidade, culminando com a bursectomia.
**
No usar soro glicosado para corrigir hipoglicemia: para no dar mais volume.
1-HEMATOMA SUBDURAL AGUDO (HSDA) ocorre em cerca de 30% dos TCEs graves.
Tem 50 a 90% de letalidade.
A causa mais comum o Acidente de trnsito.
causado pela Fora de Cisalhamento (desacelerao brusca) = Trauma indireto.
A maior taxa de mortalidade ocorre com Glasgow menor ou igual a 8.
No TCE grave, sempre pedir tomografia de crnio: o nico exame para hematomas
intracranianos.
NO HSDA A TOMOGRAFIA SEMPRE MOSTRA UM EFEITO DE MASSA COMPRIMINDO
O CREBRO:
Se o hematoma for menor ou igual a 1 centmetro, o tratamento sempre conservador desde
que no haja hipertenso intracraniana (cefaleia, vmitos e alteraes visuais), edema cerebral
ou deficit neurolgico significativo.
Obs. tenha um cuidado maior ao atender esses pacientes: nunca exclua maus tratos, como
causa!
Muito frequente.
Ocorre por privao da oxigenao de parte do crebro por interrupo da artria correspondente.
Pode ocorrer por:
1- No AVC Isqumico:
A presso arterial geralmente est alta. No baixe a presso arterial! Pode estar em 220 x 140
mmHg: no baixe, porque aumenta a extenso da rea lesada.
O uso de nitroprussiato s deve ser feito na UTI.
2- No AVC Hemorrgico:
A PA sistlica no pode ser superior a 180 mmHg (da a importncia da tomografia de crnio, para
estabelecer o tipo do AVC).
3- No AVC Isqumico, se houver fibrilao atrial utilize heparina 5.000 UI, IV.
A glicemia NUNCA PODE SER SUPERIOR A 120 MG% (INDEPENDE DO TIPO DO AVC),
portanto, no use Soro glicosado ou soro Glicofisiolgico.
Utilize insulina regular se necessrio, mas no de forma contnua.
5- O uso de 500 mg de AAS via oral obrigatrio no AVC isqumico!
6- Se houver hipotenso (rara): corrija a volemia com Soro Fisiolgico a 0,9% com potssio ou
Ringer-Lactato, e pea outra glicemia.
Acontece que o Brasil muito grande, e a UTI pode estar longe, ento se conclui que a velocidade
no atendimento muito importante.
O diagnstico feito pela dor retroesternal difusa, aumento das enzimas, e
supradesnivelamento (ou supradesnvel) do segmento ST ou bloqueio do ramo esquerdo.
Ao exame fsico, voc poder observar se h taquicardia (prognstico ruim), sopros, ou terceira
bulha.
SE HOUVER HIPERTENSO, no baixe a presso arterial, sob nenhuma hiptese, para no
aumentar a extenso da necrose. NO IMPORTA O QUANTO ELA ESTEJA ALTA, NO
BAIXE!
O tratamento no PS se restringe a:
Morfina, Oxignio, Nitrato, AAS e Encaminhamento = MONAE.
No PS, o uso de 200 ou 400 mg de amiodarona VO pode reverter uma FA, e deve ser feito.
Mas uma FA, s vezes, s pode ser revertida por cirurgia, da a dificuldade!
So mais frequentes no PS, os casos com ICC descompensada (geralmente por no adeso ao
tratamento ou subdosagem).
O atendimento no PS visa descobrir a causa da descompensao.
PEA ECG, HEMOGRAMA, RX DE TRAX (PA+P), CK-MB, E TROPONINAS.
**
PARADA CARDIORRESPIRATRIA (PCR)
Figura 1 : Assistolia
1-ASSISTOLIA;
2-ATIVIDADE ELTRICA SEM PULSO;
3-FIBRILAO VENTRICULAR OU TAQUICARDIA VENTRICULAR SEM PULSO ( a
causa de 80% das PCR).
*MEMORIZOU? AGORA ESQUEA POR UM TEMPO.
C- FAZER A CIRCULAO MECNICA com 100 massagens externas por minuto. a mais
importante manobra externa. S pare quando obtiver ritmo!
D- DESFIBRILAR COM 360 JOULES com uma p subclavicular direita, e a outra no 5 espao
intercostal esquerdo, na linha axilar mdia (no precisa contar, v logo direo). A
DESFIBRILAO A PRINCIPAL AO!
E- ENQUANTO ISSO: Acesso venoso com cateter calibroso (dois acessos), instalao do
monitor cardaco.
F- REAVALIE (aps pelo menos 1 ciclo de massagem): Lembre-se das figuras acima.
NO ECONOMIZE DESFIBRILADOR (sempre com 360 joules). No se esquea de
desconectar o Oxignio antes de desfibrilar.
J- LIDOCANA: Se no houver resposta com a amiodarona. Dose: 4 ampolas (paciente com mais
ou menos 70 kg) IV (bolus) a cada 5 minutos. Se no houver melhora do ritmo com essas duas
drogas iniciar:
L- Aps a reverso da FV/TVSP: Manter a ltima droga que obteve o ritmo ideal em 500 ml de
soluo fisiolgica, IV, gota a gota.
Verificar a dose total diria depois!
Obs. No pare o que voc est fazendo para fazer as contas de miligramas por kg, etc. Tem que
reanimar, ento reanime! No fique perdendo tempo! Por exemplo: Lidocana de 1 a 1,5
mg/kg.1 ampola=20 mg. Quanto ser que o paciente pesa? Pare com isso!
***
TRAUMATISMO DE TRAX
No PS, o nico procedimento que pode ser feito pelo plantonista a drenagem de trax.
Presena de pneumotrax: Drenar no 2 espao intercostal.
Paciente sentado. Anestesia local.
Sempre faa puno do trax antes de decidir que tipo de drenagem vai usar:
Puno: introduza uma agulha de grosso calibre (10) acoplada a um equipo com SF 0,9%, rente
borda superior da costela at atingir a pleura!
Use seu dedo como freio, para evitar que a agulha atinja estruturas pulmonares.
1- Se houver sada de ar (voc ver as bolhas no equipo), faa uma inciso horizontal na pele e
subcutneo. Divulso romba.
Introduza o dreno multiperfurado rompendo a pleura, e acompanhando o gradeado costal para
no lesar o pulmo. Sempre no sentido oblquo.
Faa uma sutura em bolsa para fixar dreno.
Curativo com quantidade suficiente de gazes para impedir entrada de ar.
Instale a drenagem para pneumotrax conforme modelo abaixo.
Presena de hemotrax (com ou sem pneumotrax associado): Drenar no 5 ou 6 espao
intercostal, na linha axilar mdia.
Mesmo procedimento anterior.
Sempre usar dreno multiperfurado. O calibre do dreno depende do tamanho do paciente. Pode ser
usado calibre de, no mximo, meia polegada (1,25 cm).
2- Se houver sada de sangue pela seringa: instale a drenagem para hemotrax conforme o
modelo abaixo.
OBS.1: Lembre-se que se houver pneumotrax associado, a drenagem SEMPRE no 5 ou 6
espao intercostal.
OBS.2: Sem o uso do aspirador no possvel, por motivos bvios, drenar um hemotrax!
OBS.3: No hemotrax grande, A TORACOTOMIA SEMPRE NECESSRIA para evitar a
paquipleuris (fibrose da pleura, pela irritao causada pelo sangue).
Sempre encaminhe o paciente.
S faa drenagem se o hemotrax for muito grande, e estiver desviando o mediastino.
A fora de aspirao pode ser controlada, suspendendo ou abaixando o respiro mergulhado ("o do
meio") no frasco, ao qual o aspirador est acoplado (segundo frasco). Quanto mais mergulhado,
mais forte ser a aspirao.
Como fazer: Providencie um sistema fechado de drenagem. Se no tiver, construa um dos seguintes
modelos:
PERICARDITE
EXAME FSICO: Ausculta do Atrito pericrdico (som parecido com o de roar um sapato de
couro no outro) localizado EXATAMENTE NA BORDA ESTERNAL ESQUERDA.
Pode ocorrer derrame pericrdico com tamponamento em casos de ferimento no precrdio.
Uma das tcnicas de puno aspirativa, consiste em introduzir uma agulha comprida e de grosso
calibre, com mandril, no lado esquerdo do apndice xifoide, rente ao esterno e, obliquamente,
em direo a um ponto imaginrio no tero proximal da clavcula esquerda.
S faa esse procedimento se voc for o nico mdico disponvel. necessrio treinamento
especfico!
TRATAMENTO NO PS: Dexametasona 10 mg, IV, Analgsicos com AINH, dose nica de
corticoide de depsito (Diprospan), via IM e encaminhar com cpia do ECG (para comparao
posterior).
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Autor: Dr. Benedito Carlos Campos Machado.
1 Edio. 2015.
*Todos os direitos reservados*
Leia: 1001 Dicas de Pronto-socorro - partes 1, 2 e 3.