Lições Da Neurociência-HarvardBusinessReviewAbril2017
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Antes de mais nada, quero rever, de maneira funcional, o conceito de resilincia humana.
A resilincia humana , merecidamente, um dos tpicos mais comentados nas cincias
comportamentais e pode ser considerada o maior determinante de felicidade e sucesso do
ser humano. ela que permite tanto aos indivduos quanto s empresas conquistar a
vitria em uma situao que parecia completamente perdida. Fiando-nos na denotao
original do termo, resilincia a capacidade de se recuperar do estresse e da adversidade.
Contudo, levando em conta 30 anos de pesquisas conduzidas com meus colegas Kenneth
Smith e Michael Kaminsky, ns propusemos e consequentemente descobrimos que a
resilincia no era um fenmeno monoltico reativo, mas, na verdade, consistia em dois
fatores interligados: 1) resistncia preventiva (imunidade) e 2) resilincia reativa
(capacidade de se recuperar da adversidade). A resilincia de dois fatores pode ser aplicada
s pessoas, s agremiaes esportivas e s organizaes. Certamente todos ns
conhecemos pessoas, equipes esportivas e empresas de grande potencial que, no entanto,
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nunca atingiram os patamares previstos por suas aptides. Acreditamos que o motivo mais
comum de um enorme potencial no se transformar em uma grande realizao a falta de
resilincia em uma situao de adversidade.
Por outro lado, histrias notveis de sucesso ocorridas aps momentos de grandes desafios
e fracassos so incontveis. A vida de pessoas lendrias como George Washington (que
teve desempenho catastrfico na Guerra Franco-Indgena uma das frentes de batalhas
que deu origem Guerra dos Sete Anos para depois se tornar comandante-chefe do
exrcito americano e presidente dos Estados Unidos), Abraham Lincoln (enfrentou
depresso crnica, fracasso poltico e a perda de um filho, e ainda assim constantemente
visto como um dos maiores presidentes americanos de todos os tempos), Thomas Edison
(que fracassou milhares de vezes na tentativa de criar uma lmpada que acendesse de
maneira consistente at por fim conseguir produzir a primeira lmpada incandescente do
mundo), Harland Sanders (inventor do Kentucky Fried Chicken, KFC, j com mais de 60
anos, vindo de uma fracassada carreira como advogado), Al Neuharth (com inmeras
tentativas frustradas na rea editorial antes de fundar o USA Today), Bill Clinton (que
cresceu em um ambiente tomado pela violncia domstica, foi vencido em uma eleio
para governador, perdeu apoio do Congresso durante seu segundo mandato como
presidente dos Estados Unidos e sofreu processo de impeachment), e Steve Jobs (que teve
a Apple tirada de si por uma diretoria hostil para, depois, retomar o controle da empresa e
alcanar sucesso ainda maior) e de milhes de outras pessoas menos conhecidas
marcada por momentos fundamentais de grande resilincia.
Por que criar culturas organizacionais de resilincia? H vrias razes. A geopoltica parece
incerta, na melhor das hipteses. As dinmicas nos Estados Unidos, Rssia, Coreia do Sul,
Coreia do Norte, Filipinas e no Oriente Mdio adicionam tenso ao mercado internacional
e em particular aos acordos de comrcio internacional. medida que os mercados
mundiais enfrentam incertezas e reaes hostis pressionam a globalizao, as empresas
precisam mudar para conseguir se adaptar e, com sorte, prosperar.
O espectro do terrorismo paira sobre boa parte do globo, e muitos pases esto reavaliando
o papel dos sindicatos sobre os trabalhadores. Alguns defendem a ideia de que existe uma
rebeldia cultural dentro da gerao Y no que diz respeito s atitudes em relao ao
trabalho. Em uma escala menor, aproximadamente 30% de todas as empresas familiares
sobrevivem at a segunda gerao e apenas 12% resistem at a terceira. Somente 3% das
empresas familiares esto ativas na quarta gerao ou nas seguintes.
Por fim, o relatrio publicado em 2013 pelo eminente Institute of Medicine (IOM) indica
que desenvolver uma organizao resiliente deve ser prioridade.
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a resilincia que permite tanto aos indivduos quanto s empresas conquistar a vitria
em uma situao que parecia completamente perdida.
A criao da cultura organizacional de resilincia
Dada a importncia geralmente reconhecida de criar culturas organizacionais de
resilincia, a pergunta que surge como isso pode ser feito.
O IOM considerou a questo e afirmou que, entre outras tticas, culturas organizacionais
de resilincia podem ser criadas por meio de prticas de liderana (que fomentem a
resilincia nos demais). O relatrio afirma que:
1. Lderes resilientes podem criar o momento decisivo que muda toda uma cultura.
2. Desenvolver lderes resilientes aumentar a resilincia da mo de obra que eles
administram.
3. Prticas de liderana resiliente servem como catalisadores que inspiram os demais a
demonstrar resistncia e resilincia e a superar suas prprias expectativas.
Henry e Stephens, em seu genial tratado sobre sociobiologia, afirmam que um dos
impulsos sociobiolgicos centrais do crebro humano o impulso para integrao social e
conexo (a necessidade de pertencimento). Os fatores que permitiram espcie humana
dominar todas as demais foram inteligncia maior, polegares opositores e esse impulso
biolgico por coeso social, isto , o impulso por pertencer a um grupo (ser parte de algo
maior que o indivduo). A histria nos ensina que h segurana, fora e criatividade
superior derivadas de grupos sinergticos.
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2. Identidade. A demonstrao de quanto a identidade de uma pessoa est ligada
organizao.
7. Tamanho. Quanto maior o grupo, mais difcil promover a coeso. Assim, a criao de
subgrupos funcionalmente interligados pode compensar isso.
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3. O crebro faz suposies. No existe vcuo de informao; se o crebro no recebe
informaes importantes, ele mesmo as cria. Assim, os lderes tm de se comunicar com
preciso e frequncia. Se sua comunicao falha, principalmente na era das redes sociais,
voc perder sua liderana para aquele que estiver, de fato, se comunicando.
Fonte: http://hbrbr.uol.com.br/licoes-da-neurociencia/