Teoria e Critica Pos-Colonialistas

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BONNICL Thomas. Teoria e crtica ps-colonialistas.

In: BONNICI, Thomas &


ZOLIN, Lcia Osana (orgs.). Teoria literria: abordagens histricas e tendncias
contemporneas. 3li edio revista e ampliada. Maring: Eduem (Editora da
Universidade de Maring), 2009, p.257-285.

Na teoria e crtica ps-colonialistas os textos so interpretados "politicamente",


baseiam-se na ntima relao entre o discurso e o poder.

A formao da literatura ps-colonial resultado da experincia da colonizao, da


tenso com o poder colonial e das diferenas com os pressupostos do centro imperial.

Trs momentos da literatura ps-colonial:


(1) Textos literrios produzidos por. representantes do poder colonial (viajantes,
administradores, esposas dos colonizadores, religiosos).
(2) Textos literrios produzidos por nativos, mas sob superviso colonial
(religiosos nativos, classe intelectual educada na metrpole, protegidos dos
colonizadores).
(3) Textos literrios escritos por nativos a partir de certo grau de diferenciao dos
padres da metrpole, at sua ruptura total.

A crtica ps-colonialista questiona o cnone literrio:


Harold Bloom em seu livro O cnone ocidental (1995) insiste sobre a autonomia do
esttico e deplora qualquer ideologia na critica literria; j os adeptos do Ps-
modernismo (multiculturalismo, feminismo, Novo Historicismo, afrocentrismo) dilatam
a abrangncia do cnone.

A releitura e a reescrita
A releitura uma estratgia para ler textos literrios ou no-literrios e, dessa maneira,
garimpar suas implicaes imperialistas e trazer tona o processo colonial, fazendo
emergir nuances coloniais que o texto esconde.
A reinterpretao uma maneira de reler os textos oriundos das culturas da metrpole e
da colnia para focalizar os efeitos incisivos da colonizao sobre a produo literria,
registros histricos, discursos cientficos e anais dos administradores coloniais. A
releitura a desconstruo das obras dos colonizadores, de nativos a servio dos
colonizadores e de escritores nacionais. Pe em evidncia a ideologia do colonizador e o
processo da colonizao.
A reinterpretao trabalha com o ps-colonialismo para subverter o texto metropolitano.

As estratgias s~bversivas revelam:


(1) a forma de dominao
(2) a resposta criativa a esse fato.
Isso acontece quando
(1) se denuncia o ttulo de "centro" que as literaturas europias deram a si mesmas e
(2) se questiona o ponto de vista europeu que polariza o centro e a periferia.

Estratgias para analisar uma obra do ponto de vista colonial:

1) Passar de uma atitude que define a literatura como enaltecedora e transcendente


ara uma viso de literatura inseri da no contexto histrico e no espao geo oltico.
2) Perceber como as obras de certos autores aprofundaram o imperialismo, o
colonialismo e o patriarcalismo, especialmente quando supem que os leitores sejam
do sexo masculino e brancos.
3) Classificar o autor segundo o esquema representando os trs momentos da literatura
s-colonial.
4) Detectar na fico a ambigidade ameaadora do nativo e da mulher diante da
ideolo . dominante da con uista.
5) Descobrir o silncio absoluto, escondendo o sistema escravagista, a objetificao da
mulher e o aviltamento dos nativos, embora mascarados atrs de manifestaes de
ri uezas e de atriarcalismo.
6) Investigar o aprisionamento do espao colonial e ps-colonial pelo texto europeu ou
ela teoria literria oriundos das metr les renascentistas ou modernas.

A reescrita
A reescrita um fenmeno literrio que consiste em selecionar um texto cannico da
metrpole e, atravs de recursos da pardia, produzir uma nova obra escrita do ponto de
vista da ex-colnia. A reescrita faz parte do contradiscurso para demonstrar os mtodos
empregados pelo discurso da periferia contra o discurso dominante do centro imperial.
Logicamente, a reescrita desemboca na subverso dos textos cannicos e na reinscrio
dentro do processo subversivo.
Ex: A tempestade de Augusto Boal
Utopia selvagem de Darcy Ribeiro
Calib pea de Marcos Azevedo

Jane Eyre (1847) de Charlotte Bront foi reescrita pela caribenha Jean Rhys (1890-
1979) como Wide Sargasso Sea (1966);

Robinson Cruso (1719) de Daniel Defoe foi reescrito pelo sul-africano lM.
Coetzee (nascido em 1940) e intitulado Foe.

A finalidade da reescrita
(1) a substituio de textos
(2) a conscientizao das instituies acadmicas
(3) a relistagem da hierarquia dos textos e
(4) a resconstruo dos textos cannicos atravs de leituras alternativas.

Alguns temas principais em romances negros britnicos


. escravido, degradao do negro, deslocamento, excluso, luta pela incluso, sujeito
fragmentado, identidade e subjetividades, abertura ao outro.

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