Ppa - D Territorial Volume II - Visão Estratégica Nacional

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MINISTRIO DO PLANEJAMENTO, ORAMENTO E GESTO

SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E INVESTIMENTOS ESTRATGICOS

Estudo da Dimenso Territorial


para o Planejamento
Viso Estratgica
Nacional II
MINISTRIO DO PLANEJAMENTO, ORAMENTO E GESTO
SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E INVESTIMENTOS ESTRATGICOS

ESTUDO DA DIMENSO TERRITORIAL PARA O PLANEJAMENTO


VOLUME II - VISO ESTRATGICA NACIONAL

Braslia
2008
Copyright 2008 Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto

Qualquer parte desta publicao pode ser reproduzida, desde que citada a
fonte.

Disponvel em: http://www.planejamento.gov.br/planejamentoterritorial


Tiragem desta edio: 1000 exemplares
Impresso no Brasil
1 edio 2008

MINISTRIO DO PLANEJAMENTO, ORAMENTO E GESTO


SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E INVESTIMENTOS
ESTRATGICOS
Esplanada dos Ministrios, bloco K, 3 andar
Telefone: 55 (61) 3429-4343
Fax: 55 (61) 3226-8122
70040-906 Braslia-DF

Esta publicao uma realizao do Ministrio do Planejamento, Oramento


e Gesto (MP) em parceria com Centro de Gesto e Estudos Estratgicos
(CGEE) no mbito do Contrato de Prestao de Servios n27/2006, em
01/09/2006; Processo n03300.000415/2006-91, publicado no D.O.U. de
04/09/2006, seo 3, pgina 96; no D.O.U. de 19/9/2006, seo 3, pgina
85; e no D.O.U. de 27/7/2007 (Termo Aditivo).

Catalogao: DIBIB/CODIN/SPOA/MP

Brasil. Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto. Secretaria de


Planejamento e Investimentos Estratgicos - SPI.
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento: Volume II - Viso
Estratgica Nacional / Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto.
Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratgicos. Braslia: MP,
2008.

185 p.

1. Poltica econmica. 2. Planejamento territorial. I. Ttulo

CDU: 338.2
Equipe Tcnica responsvel pela elaborao deste volume:

Rosana Barros Boani Pauluci Coordenadora de Mdulo


Antonio Carlos Filgueira Galvo
Bertha Koiffmann Becker Consultora
Constantino Cronemberger Mendes
Gilda Massari Coelho Consultora
Mrcio de Miranda Santos
Thiago Marques Ferreira
Viso Estratgica
Nacional

II
Sumrio
PREFCIO......................................................................................................... 9
APRESENTAO.......................................................................................... 13
LISTA DE SIGLAS......................................................................................... 17
1. INTRODUO........................................................................................... 19
2. METODOLOGIA DE CONSTRUO
DA VISO ESTRATGICA NACIONAL................................................ 21
2.1 Modelo Terico de Foresight do CGEE.............................................21
2.2 Desenvolvimento Metodolgico de Elaborao
da Viso Estratgica Nacional.....................................................................24
2.3 Principais Conceitos Adotados ............................................................27
3. VALORES E OBJETIVOS ESTRATGICOS..................................... 31
4. BASES DA ESTRATGIA TERRITORIAL DE
DESENVOLVIMENTO................................................................................ 37
4.1 Fundamentos Gerais...............................................................................37
4.2 Referncias Territoriais...........................................................................48
5. REFERENCIAIS DE FUTURO PARA A CONSTRUO
DE ESTRATGIAS NACIONAIS.............................................................. 83
5.1 Imperativos Globais e Linha do Tempo..............................................83
5.2 Fatos Portadores de Futuro...................................................................95
5.3 Escolhas Estratgicas e Determinantes Nacionais............................97
6. VISO ESTRATGICA NACIONAL E A CONCEPO
DO PAS QUE QUEREMOS.....................................................................103
6.1 Construo do Brasil Policntrico......................................................112
6.2 Vetores de Desenvolvimento Territorial............................................116
7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS...................................................145
8. ANEXO I PARTICIPANTES DE DISCUSSES..........................157
9. ANEXO II VETORES DE DESENVOLVIMENTO
TERRITORIAL X FATOS PORTADORES DE FUTURO .............. 161
10. ANEXO III LINHA DO TEMPO POR HORIZONTE
TEMPORAL...................................................................................................171
11. ANEXO IV RELAO DE DIRETRIZES ESTADUAIS
COMPILAO..............................................................................................175
Volume II - Viso Estratgica Nacional

PREFCIO

A Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratgicos SPI, do


Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto MP, apresenta o Estudo
da Dimenso Territorial para o Planejamento, desenvolvido em parceria
com o Centro de Gesto de Estudos Estratgicos - CGEE que servir para
subsidiar a insero da dimenso territorial no planejamento governamental.

O estudo ora apresentado insere-se no esforo do Governo Federal de


instrumentalizar o debate acerca da necessidade de se olhar o territrio como
base do desenho das polticas pblicas de mdio prazo que dialogue com a
viso de longo prazo.

O estudo aborda o territrio de forma no-convencional com uma metodologia


de planejamento governamental que incorpora a dimenso territorial como
orientador da ao pblica programtica.

O combate s desigualdades, regionais e sociais, deve estar no foco das polticas


pblicas. Assim, parte importante da estratgia de planejamento territorial
implica a promoo do desenvolvimento das regies menos dinmicas do
pas.

A Constituio Federal de 1988, que definiu o Plano Plurianual, organizou de


forma regionalizada a ao pblica pela primeira vez.

Os instrumentos de ao pblica devem considerar a necessidade da


regionalizao dos gastos desde a formulao da poltica pblica, a partir das
necessidades identificadas pelos cidados, at a avaliao dos impactos dessas
polticas.

Nos anos 70 e 80, o Brasil perdeu sua capacidade de planejamento com a crise
da dvida e a hiperinflao. Na dcada de 90, o pas alcanou a estabilidade
da moeda com o Plano Real, mas foram necessrias fortes medidas de ajuste
fiscal que tiraram do Estado brasileiro sua capacidade de investimento e
afetaram fortemente o crescimento econmico, prejudicando a retomada das
aes de planejamento.

9
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Hoje o cenrio mudou e o pas tem conseguido manter a estabilidade


macroeconmica e crescimento, possibilitando ao governo o resgate do
planejamento das aes pblicas que observado nos diversos planos
nacionais, tais como o Plano Nacional de Logstica e Transportes, o Plano
Decenal Energtico, o Plano de Desenvolvimento da Educao, Programa de
Acelerao do Crescimento PAC e Territrios da Cidadania.

Inserir a dimenso territorial no planejamento significa eleger o territrio


como plataforma de integrao das polticas pblicas e, assim, situar-nos no
cerne do debate acerca da eficincia e qualidade dos gastos pblicos. Para
isso, precisamos incorporar metodologias, ferramentas e prticas modernas
orientadas para resultados e foco no cidado.

O Estado brasileiro precisa de polticas pblicas capazes de garantir igualdade


de oportunidades, os direitos bsicos de cidadania e o desenvolvimento
sustentado, organizadas em planos de mdio e longo prazo com estabilidade
de fluxo oramentrio e financeiro a fim de garantir a concluso do que foi
iniciado.

Devemos superar a viso setorial incorporando a dimenso territorial. Ao se


estabelecer os territrios como base das demandas sociais, torna-se mais fcil
a compreenso das causas do problema a ser enfrentado e a priorizao das
aes a serem implementadas.

Tanto na rea social, como nas polticas educacionais, de sade, ou nas questes
de infra-estrutura e segurana, os diagnsticos dos territrios deveriam ser a
primeira referncia para a delimitao da ao e a priorizao dos gastos,
garantindo que a populao beneficiada com a ao pblica seja a que mais
necessita da ajuda do Estado e no apenas aqueles mais bem capacitados
institucionalmente.

Da mesma forma, o planejamento territorial favorece o dilogo federativo


focado no enfrentamento das fragilidades e potencialidades de cada um
dos entes, alm de abrir canais de participao com a sociedade, cobrando
nova postura dos movimentos sociais, agora co-responsveis pelas polticas
pblicas.

10
Volume II - Viso Estratgica Nacional

Para se integrar de forma competitiva no cenrio internacional, o Brasil


precisa aumentar o grau de coeso do desenvolvimento entre as regies, de
forma a potencializar a diversidade das foras produtivas, incorporando novos
agentes econmicos com a formao de um mercado de massa dinamizador
do mercado interno.

Espera-se com a publicao dos principais resultados do Estudo da


Dimenso Territorial para o Planejamento, estar contribuindo para que o
Estado avance o seu olhar estratgico sobre os rumos que se deseja para o
desenvolvimento nacional, ao mesmo tempo em que se municia para alcanar
maior qualidade do gasto pblico.

Paulo Bernardo Silva


Ministro do Planejamento, Oramento e Gesto

11
Volume II - Viso Estratgica Nacional

APRESENTAO

O presente Estudo tem por objetivo subsidiar a abordagem da dimenso


territorial no planejamento nacional, procurando contribuir para responder
s inquietantes indagaes que desenharo o nosso futuro: Como estaro
distribudas a capacidade produtiva, a rede de oferta de servios e a infra-
estrutura ao longo do territrio nacional daqui a vinte anos? Onde estaro as
pessoas, para onde se daro os fluxos migratrios? Quais os impactos territoriais
das novas tecnologias? Enfim, qual o Brasil que queremos ter em 2027?

O Estudo procurou apresentar alternativas de aes para se alcanar uma


organizao territorial do pas que promova o desenvolvimento sustentvel de
suas diversas regies e a reduo das desigualdades sociais e regionais. Nessa
linha, sete grandes diretrizes orientaram o desenvolvimento do projeto:

1. Superao das desigualdades sociais e regionais.


2. Fortalecimento da unidade (coeso) social e territorial.
3. Promoo do potencial de desenvolvimento das regies.
4. Valorizao da inovao e da diversidade cultural e tnica da
populao brasileira.
5. Promoo do uso sustentvel dos recursos naturais encontrados no
territrio brasileiro.
6. Apoio integrao sul-americana.
7. Apoio insero competitiva e autnoma do pas no mundo
globalizado

O Estudo estruturou-se formalmente em oito mdulos, envolvendo


atividades e produtos complementares e articulados entre si. Os oito mdulos
compreendem o marco inicial, um servio de georreferenciamento e seis
linhas principais de atividades. A organizao metodolgica permite dividi-
las em duas partes principais: uma associada s definies de contexto e aos
referenciais bsicos de suporte da operao de montagem de uma carteira
de investimentos, compreendendo as atividades e produtos relacionados aos
mdulos 2, 3 e 4; outra relacionada s atividades de estruturao e tratamento
dos investimentos selecionados para a carteira, abordando os produtos e
atividades dos mdulos 5, 6 e 7.

13
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

O Mdulo 1 (Marco Inicial) tem como objetivo definir as bases conceituais e


metodolgicas do Estudo, bem como apresentar o detalhamento dos outros
sete mdulos, com a descrio das atividades, produtos, cronograma fsico-
financeiro e estrutura de gesto do Estudo.

Este Mdulo 2 (Viso Estratgica) apresenta uma viso estratgica para


o territrio nacional no horizonte de 2027, considerando os referenciais
temporais intermedirios de 2011 e 2015, que coincide com os anos de
concluso dos prximos dois Planos Plurianuais (2008/2011 e 2012/2015).
Para tanto, lana novo olhar sobre o territrio nacional, identificando
seis grandes regies homogneas, para as quais identifica vetores de
desenvolvimento. Foram analisados os imperativos globais e determinantes
nacionais que impem obstculos ou oferecem oportunidades ao projeto de
estruturao de uma nova organizao do territrio nacional, assim como
identificados os principais fatos portadores de futuro que podero influenciar
essa trajetria.
O Mdulo 3 (Regies de Referncia) construiu uma regionalizao em duas
escalas (macrorregional e sub-regional) para o territrio brasileiro que permite
subsidiar a escolha e localizao de projetos de investimentos, bem como a
articulao de polticas pblicas. Foram considerados critrios econmicos,
ambientais e sociopolticos na definio das regies, que tm em conta o
papel desempenhado pelas cidades na organizao do territrio, dada a fora
de polarizao em sua rea de influncia. Ainda, a aposta na estratgia de
desconcentrao e desenvolvimento mais equilibrado do pas levou escolha
de novos plos, vrtices de uma rede policntrica de cidades, estrutural para
a nova organizao territorial pretendida.

O Mdulo 4 (Estudos Prospectivos - Escolhas Estratgicas) objetivou


realizar anlises prospectivas sobre setores tais como transportes, energia,
comunicaes, infra-estrutura hdrica, saneamento, habitao e temas
como meio-ambiente, demografia e inovao , os quais tm repercusses
importantes na dinmica e organizao territorial atual e futura do pas.
Adotando abordagem multidisciplinar, almejou-se explorar os futuros
possveis a mdio e longo prazo, em exerccio de antecipao para subsidiar
a tomada de deciso. Ademais, buscou-se examinar as polticas pblicas e
apontar as estratgias que poderiam ser adotadas para aproximar o pas do
futuro desejado para 2027. Como resultado desse processo foram selecionadas
- luz dos imperativos globais, determinantes nacionais, elementos de futuro

14
Volume II - Viso Estratgica Nacional

e gargalos (identificados pelos mdulos 2 e 4) - 11 iniciativas ou grandes


linhas de ao que moldam a jornada de desenvolvimento territorial do Brasil
nos prximos 20 anos.

O Mdulo 5 (Carteira de Investimentos) lanou-se identificao de conjunto


de iniciativas estratgicas, compreendendo as dimenses econmica, social,
ambiental e de informao/conhecimento. Sua elaborao considerou dois
momentos distintos: um levantamento de iniciativas j existentes no mbito
do governo federal e do setor produtivo, as quais seriam objetos de anlise
dos mdulos 6 e 7. Esses mdulos, por sua vez, indicaram, como resultado
de suas avaliaes, o grau de distanciamento/ proximidade da carteira de
investimentos proposta e os objetivos perseguidos para a organizao
territorial futura do pas. Aps essa anlise, a equipe do mdulo 5 procedeu
a complementao da carteira, com iniciativas que aproximassem o territrio
nacional trajetria almejada.

O Mdulo 6 (Impactos Econmicos da Carteira de Investimentos) analisou


os impactos socioeconmicos da carteira de investimentos nas regies de
referncia identificadas no mdulo 3, alm de o fazer tambm para as unidades
federativas. A metodologia para gerao de cenrios setoriais e regionais
articula modelos de Equilbrio Geral Computvel nacional, insumo-produto
interestadual e mdulos de decomposio microrregionais (econometria
espacial). Foram feitas simulaes para o curto (perodo de 4 anos, fase de
implantao dos projetos) e mdio prazos (fase de operao dos projetos).
Dadas as caractersticas do modelo, os investimentos da carteira atinentes a
desenvolvimento agrrio, meio-ambiente, educao e sade no puderam ser
avaliados . Vale destacar, no entanto, que tais investimentos foram avaliados
sob o ponto de vista da sustentabilidade (mdulo 7).

O Mdulo 7 (Avaliao da Sustentabilidade da Carteira de Investimentos)


compreendeu a anlise de sustentabilidade da carteira de investimentos por
regio de referncia, por meio da construo e do teste de um modelo de
avaliao de sustentabilidade, como processo simplificado de Avaliao
Ambiental Estratgica. Partiu-se da anlise da situao atual de sustentabilidade
de todas as unidades federativas e se estimaram os impactos provenientes da
implantao e operao dos diferentes agrupamentos setoriais da carteira de
investimento nos territrios.

15
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

O mdulo 8 (Servios de Georreferenciamento) contempla a sistematizao


das informaes utilizadas nos vrios mdulos do Estudo em bases
georreferenciadas.

Com este Estudo, tm sido geradas contribuies para o aperfeioamento da


funo planejamento no pas , notadamente no que se refere considerao
da dimenso territorial do desenvolvimento na formulao, gesto e
implementao das polticas pblicas.

Os principais resultados do Estudo so agora disponibilizados em sete


volumes, a saber:

Volume I Sumrio Executivo


Volume II Viso Estratgica Nacional
Volume III Regies de Referncia
Volume IV Estudos Prospectivos - Escolhas Estratgicas
Volume V Carteira de Investimentos
Volume VI Impactos Econmicos da Carteira de Investimentos
Volume VII Avaliao de Sustentabilidade da Carteira de Investimentos

As opinies expostas no estudo refletem o trabalho tcnico desenvolvido


pelos pesquisadores, que certamente vm enriquecer as discusses no mbito
do Governo Federal, dos demais entes federativos e das entidades da sociedade
civil que se debruam sobre os temas abordados.

Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratgicos


Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto

16
Volume II - Viso Estratgica Nacional

LISTA DE SIGLAS

AND Agenda Nacional de Desenvolvimento


BR3T Projeto Brasil Trs Tempos
BRIC Brasil, Rssia, ndia e China
CDES Conselho Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social
CGEE Centro de Gesto e Estudos Estratgicos
CT&I Cincia, Tecnologia e Inovao
IEA/USP Instituto de Estudos Avanados da Universidade de So Paulo
IIRSA Iniciativa de Integrao da Infra-Estrutura Regional Sul-americana
IPCC Painel Intergovernamental em Mudanas do Clima
LDO Lei de Diretrizes Oramentrias
LOA Lei Oramentria Anual
NAE/PR Ncleo de Assuntos Estratgicos da Presidncia da Repblica
NIC National Intelligence Council
ONU Organizao das Naes Unidas
P&D Pesquisa e Desenvolvimento
PAS Plano Amaznia Sustentvel
PIB Produto Interno Bruto
PNDR Poltica Nacional de Desenvolvimento Regional
PPA Plano Plurianual
SPI/MP Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratgicos do
Ministrio do Planejamento Oramento e Gesto
TIC Tecnologias de Informao e Comunicao
VESA Viso Estratgica Sul-Americana

17
Volume II - Viso Estratgica Nacional

1. INTRODUO

Pensar o futuro de uma nao um projeto complexo e desafiador. No aceitar


esse desafio condenar o pas a vagar pelo tempo, sem rumo definido e sem
saber se estamos realmente caminhando em direo a um futuro desejado. Num
pas de recursos escassos, escolher uma boa rota, aproveitar oportunidades e
precaver-se de escolhas erradas essencial (Wright e Spers, 2006).

A obteno de mais informaes sobre eventos futuros se faz por meio


de estudos prospectivos, de tal forma que as decises de hoje sejam mais
solidamente baseadas no conhecimento tcito e explcito disponvel (Coelho,
2001). A atividade prospectiva se define como um processo mediante o qual
se chega a uma compreenso mais plena das foras que moldam o futuro de
longo prazo e que devem ser levadas em conta na formulao de polticas, no
planejamento e na tomada de deciso. A atividade prospectiva est, portanto,
estreitamente vinculada ao planejamento (Coates, 1985).

Os exerccios de prospeco buscam entender as foras que orientam o


futuro, promover transformaes, negociar espaos e dar direo e foco s
mudanas. Tais estudos so conduzidos de modo a construir conhecimento,
ou seja, buscam agregar valor s informaes do presente para transform-las
em conhecimento e subsidiar os tomadores de deciso e os formuladores de
polticas, destacando rumos e oportunidades para os diversos atores sociais.

Este documento est estruturado de forma a apresentar no Captulo 2 a


metodologia de construo da viso estratgica nacional, contando para isso
com a descrio do modelo terico de foresight do CGEE, o desenvolvimento
metodolgico da elaborao da viso e os principais conceitos adotados1.
O Captulo 3 apresenta argumentos sobre os valores e objetivos que
fundamentam a construo da viso. No Captulo 4 faz-se a apresentao e
discusso das bases da estratgia territorial do desenvolvimento: fundamentos
gerais, referncias territoriais e vises contemporneas de futuro. O Captulo
5 traz uma observao seguida de anlise dos referenciais de futuro para a
construo das estratgias nacionais: imperativos globais e linha do tempo,
fatos portadores de futuro, determinantes nacionais e escolhas estratgicas.
E, finalmente, o Captulo 6 apresenta a concepo estratgica do Pas que
1 Estes conceitos foram adotados para a construo do Mdulo 2 - Viso Estratgica Nacional no mbito do Projeto do
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento.

19
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

queremos: construo do Brasil policntrico, vetores de desenvolvimento


territorial e o enunciado da Viso Estratgica Nacional.

O Anexo I contempla minimamente a relao de participantes de discusses


em fruns especficos2. No Anexo II, demonstra-se, por meio de matriz
de relacionamento, a relao entre Vetores de Desenvolvimento Territorial
e Fatos Portadores de Futuro, por Territrio da Estratgia. O Anexo III
apresenta a linha do tempo com os eventos distribudos no mais por
dimenso, mas pela data possvel de ocorrncia. Para aqueles eventos cuja
previso se situa entre duas faixas temporais, a opo metodolgica foi aloc-
los numa data intermediria, entre o perodo inicial e final. Finalmente, o
Anexo VI apresenta a relao compilada de diretrizes estaduais.

O desenvolvimento do Mdulo 2 foi conduzido, em larga medida, juntamente


com o Mdulo 4. Tal opo fundamentou-se na possibilidade de contar com
um grande nmero de especialistas setoriais e temticos para a discusso
das perspectivas de futuro para o Brasil e o mundo. Nesse sentido, foram
identificados fatos portadores de futuro, tendncias e questes estratgicas,
que contriburam para a reflexo, discusso e construo da Viso Estratgica
Nacional. Vale destacar o nmero de pessoas envolvidas nas discusses sobre
a construo do futuro para o Pas que queremos.

Quadro 1: Reunies e participantes de discusses de contedos


includos na construo da Viso Estratgica Nacional

Reunies de discusso Quantidade

Reunies de discusso do contedo do Mdulo 2 (no necessariamente integrais) 14


Workshop prospectivos 6

Entrevistas estruturadas 5

Participantes (inclusives especialistas em suas especialidades) Quantidade


Participantes das discusses 374

2 As discusses, entrevistas e workshops foram realizados no mbito do Mdulo 2 Viso Estratgica Nacional e
Mdulo 4 Estudos Prospectivos Setoriais e Temticos Referenciados no Territrio do Projeto do Estudo da Dimenso
Territorial para o Planejamento.

20
Volume II - Viso Estratgica Nacional

2. METODOLOGIA DE CONSTRUO DA VISO


ESTRATGICA NACIONAL

A metodologia utilizada na construo da Viso Estratgica Nacional


tem fundamento no conceito de foresight e na abordagem metodolgica
desenvolvida pelo Centro de Gesto de Estudos Estratgicos (CGEE) para a
conduo de estudos de futuro, com as adaptaes necessrias aos objetivos
do Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento.

2.1 Modelo Terico de Foresight do CGEE


Atualmente existe uma extensa lista de campos de estudo relacionados com a
temtica de explorar o futuro. A denominao mais utilizada internacionalmente,
particularmente por estudos em mbito governamental, e que adotada pelo
CGEE, o foresight, que inclui meios qualitativos e quantitativos para monitorar
pistas e indicadores das tendncias de desenvolvimento e seu desenrolar, e
melhor e mais til quando diretamente ligado anlise de polticas e suas
implicaes. O foresight nos prepara para as oportunidades futuras.

Estudos prospectivos constituem poderosos auxiliares do planejamento e


do gerenciamento dos nveis de incerteza, porm precisam estar inseridos
em um contexto planejado, isto , estar embasados em diretrizes e
necessidades pr-estabelecidas. Sua efetividade est intrinsecamente ligada
a um desenho metodolgico adequado, o qual s pode ser obtido a partir
de uma delimitao precisa das questes a serem respondidas, do tipo de
resposta desejada, da orientao espacial, do escopo do tema, bem como
da estruturao de uma rede de atores capazes de se articularem de forma
a buscarem consensos e comprometimentos necessrios implementao
das linhas de ao identificadas.

O modelo terico organizado apresentado na Figura 1 e foi construdo


levando-se em conta a estrutura metodolgica proposta por Horton (1999) e
aprimorada a partir das idias de Conway e Voros (2002). Seguiu tambm as
orientaes do Handbook of Knowledge Society Foresight (2002).

A conduo de exerccios prospectivos no CGEE busca seguir o modelo


terico apresentado abaixo, considerando quatro grandes conjuntos para
sua execuo:

21
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

1. Definio de Objetivos - So as diretivas estratgicas que


fundamentam o estudo.
2. Seleo de Tpicos - Uma vez definidos os objetivos para o
estudo prospectivo, so selecionados os tpicos considerados
prioritrios a partir do reconhecimento das questes crticas a
serem respondidas.

Figura 1 Modelo terico de foresight do CGEE

3. Implementao do Exerccio Prospectivo - Este passo, de modo geral,


dividido em trs fases. Cada fase agrega valor em relao seguinte,
criando uma cadeia que transforma informao em conhecimento e
este em estratgia. A cada fase, tem-se um nvel maior de complexidade,
diminuindo o nvel de incerteza e aumentando o potencial de contribuio
dos resultados do exerccio ao processo de tomada de deciso.

22
Volume II - Viso Estratgica Nacional

Fase inicial - Esta fase corresponde coleta, organizao e resumo das


informaes disponveis sobre o tpico ou tema sob anlise, utilizando
para isso estudos, diagnsticos, anlises e sistemas de inteligncia,
de forma a construir um melhor entendimento sobre o entorno
do problema. Identificam-se oportunidades e ameaas, foras e
fraquezas e delimitam-se os fatores sociais, tecnolgicos, econmicos,
ambientais, polticos e valores culturais que potencialmente impactam
o tema/tpico sob estudo. De modo complementar, so identificados
e mobilizados os demais atores relevantes.
Exerccio Principal - Durante o exerccio principal, esto presentes
processos de traduo e interpretao acerca das tendncias
correntes e das possibilidades futuras, utilizando tcnicas de previso
e de prospeco (forecast e foresight). Enfatiza-se, nessa fase, a ampla
participao de especialistas, grupos de interesse e tomadores de
deciso, fortalecendo as redes criadas e o aprendizado coletivo. O
resultado esperado enriquecer o conhecimento existente com
um melhor entendimento dos condicionantes envolvidos e das
possibilidades apresentadas para o futuro.
Fase de disseminao - Nessa fase, busca-se disseminar os resultados
e reforar o comprometimento dos atores que participaram da etapa
anterior com as decises que decorrerem dela a partir de procedimentos
de validao, divulgao e assimilao para audincias mais amplas.
Os resultados esperados so o estabelecimento de consensos e
comprometimentos e a transformao do conhecimento acumulado em
estratgicas e propostas passveis de serem apropriadas pelos tomadores
de deciso, buscando a expanso da percepo das opes estratgicas.

4. Tomada de Deciso - Nesta fase, busca-se selecionar as opes


estratgicas mais adequadas dentre as identificadas como possveis,
partindo da interao com principais tomadores de deciso. Os resultados
esperados envolvem a definio de mecanismos e instrumentos para
implementao das opes selecionadas, bem como a identificao de
outros temas para aprofundamento e anlise futura.

A Figura 2, a seguir, apresenta o modelo expandido da metodologia atualmente


em uso pelo CGEE. A idia central dessa abordagem proporcionar
flexibilidade ao planejamento das aes, tendo em vista o alto nvel de
incerteza associado aos ambientes complexos.

23
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Figura 2 Esquema expandido do modelo terico do CGEE


para estudos prospectivo

2.2 Desenvolvimento Metodolgico de Elaborao da


Viso Estratgica Nacional
Em sua fase de planejamento, a metodologia proposta levou em conta a
definio dos seus principais elementos, tais como: horizonte temporal, atores
envolvidos, prazos, organizao e gesto do processo; ferramentas e tcnicas
a serem empregadas, consultas a especialistas, parcerias para a execuo e
relao com as iniciativas j existentes.

Em funo da natureza deste Projeto, selecionaram-se tcnicas e ferramentas


utilizadas em estudos de futuro com base no conceito de foresight, sendo as
mais freqentes a realizao de notas tcnicas, reviso de literatura, sesses de
brainstorming, workshops para a produo de snteses e cruzamentos temticos
e setoriais, painis de especialistas e workshops de validao. Importante
destacar que muitas dessas tcnicas e ferramentas selecionadas visaram,
tambm, proporcionar espao para amplo aprendizado coletivo, construo
de consensos e mapeamento de divergncias, processos intangveis de grande
valor que resultam da aplicao da abordagem utilizada pelo CGEE. Trata-se,
portanto, de abordagem atual, que tem por inteno explorar idias no contexto
prospectivo, enfrentando possveis trajetrias para o desenvolvimento.

24
Volume II - Viso Estratgica Nacional

As anlises referentes construo da Viso Estratgica Nacional consideram


eventos com ocorrncias provveis localizadas em 2015 e 2027. A figura
abaixo apresenta o fluxo de elaborao de produtos3 a partir da definio dos
objetivos que norteiam toda a operao.

Considerados os objetivos definidos pelo projeto de estudo, a Viso


Estratgica Nacional foi construda por meio de um processo estruturado,
que originou trs produtos intermedirios. Tal processo constituiu-se, em
grande medida, de: (1) desenvolvimento de novos estudos com referenciais
internacionais (anlise de estudos internacionais realizados) e a anlise de
estudos temticos e setoriais j conduzidos pelo CGEE; (2) anlise integrada
dos estudos considerados, com as discusses e entendimentos produzidos
nos demais mdulos deste projeto (como apresenta a Figura 4); (3) interao
com especialistas nacionais e internacionais em temas e setores prioritrios
(por intermdio de outros estudos, conduzidos paralelamente pelo CGEE).

Figura 3 Fluxo de elaborao de produtos da Viso Estratgica


Nacional, a partir dos Objetivos

3 Estes produtos foram elaborados no mbito do Mdulo 2 - Viso Estratgica Nacional do Projeto do Estudo da
Dimenso Territorial para o Planejamento.

25
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Figura 4: Etapas e inter-relao entre os mdulos do Projeto de Estudo


da Dimenso Territorial para o Planejamento, no que se refere
construo da Viso Estratgica Nacional

O primeiro estudo referente construo da Viso Estratgica Nacional, Vises


Contemporneas de Futuro produto 1, teve como objetivo relacionar vises
de futuro existentes. Contempla a compilao e anlise de entendimentos
postos at aqui sobre as perspectivas de futuro para o Brasil e o mundo, tendo
por base estudos nacionais e internacionais j realizados e disponveis.

O segundo momento envolveu o desenvolvimento do estudo Estratgia


Territorial do Desenvolvimento Brasileiro produto 2, que construiu os
fundamentos de uma viso estratgica nacional, considerando uma nova
territorializao e a identificao preliminar de vetores de desenvolvimento
territorial, alm de uma perspectiva do ordenamento do territrio brasileiro para
o horizonte temporal de 2027. Incorpora, ainda, entendimentos produzidos
por outros mdulos4 do Projeto de Estudo da Dimenso Territorial para o
Planejamento.

Em seguida, o terceiro momento contemplou a elaborao da Viso Estratgica


Consolidada (preliminar) produto 3, que consolida as informaes contidas
nos produtos 1 e 2 do Mdulo 2, alm de incorporar: (a) resultados preliminares

4 Mdulo 3 Regies de Referncia e Mdulo 4 Estudos Prospectivos Setoriais e Temticos Referenciados no


Territrio.

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Volume II - Viso Estratgica Nacional

dos exerccios prospectivos setoriais e temticos realizados no Mdulo 45;


(b) resultados do Mdulo 3 Regies de Referncia; (c) resultados de outros
estudos prospectivos realizados pelo CGEE; (d) entendimentos produzidos
nos mdulos6 5 e 6.

Vale destacar que essa etapa incorporou maior inter-relacionamento com


os Mdulos 3 e 4 (ver nota 5), como pode ser observado na Figura 5. A
efetividade dessa inter-relao obtida por meio de anlises de estudos
setoriais, temticos e regionais realizadas nos Mdulos 3 e 4 (ver nota 5),
reunies de coordenao com especialistas de todos os Mdulos, e por meio
da consulta a especialistas (entrevistas estruturadas).

Por fim, a composio da Viso Estratgica Nacional incorpora: (1) os


resultados finais dos Mdulos 3 e 4 (ver nota 5); (2) a reviso das bases
constitutivas da viso, com seus fundamentos, anlise da organizao
territorial atual do Brasil e vises de futuro; (3) a reviso da linha do tempo,
tendo em vista novos estudos apresentados; (4) a reviso e adequao dos
fatos portadores de futuro; (5) a definio da relao mais precisa entre
vetores de desenvolvimento territorial, fatos portadores de futuro e escolhas
estratgicas; e (6) o enunciado final da Viso Estratgica Nacional. Prev,
ainda, a validao da Viso Estratgica Nacional com especialistas.

2.3 Principais Conceitos Adotados


Apresentam-se, a seguir, os conceitos norteadores da construo da Viso
Estratgica Nacional, de forma a possibilitar um entendimento mais claro
do que estar sendo desenvolvido e sobre as orientaes tericas que
fundamentam o seu processo de construo.

Configurao territorial
Compreende a distribuio de elementos, processos e relaes sociais no
territrio em um dado momento (Coraggio, 1980).

Determinantes nacionais
So questes de mbito nacional, sobre as quais se tem governabilidade e que
condicionam opes e escolhas estratgicas do pas.

5 Mdulo 4 Estudos Prospectivos Setoriais e Temticos Referenciados no Territrio.


6 Mdulo 5 Carteira de Investimentos e Mdulo 6 Impactos da Carteira de Investimentos por Regio de
Referncia.

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Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Fatos portadores de futuro


So fatos mutantes ou portadores de mutaes associados a acontecimentos
ou inovaes capazes de afetar um sistema, ao estabelecer pontos de inflexo
em tendncias observadas, ou determinar escolhas irreversveis por partes de
atores importantes (Prigogine, apud Dagnino, 1997). No mbito do estudo,
so considerados pontos orientadores para a identificao e seleo de vetores
de desenvolvimento territorial.

Gargalos nacionais
So obstculos que dificultam a operacionalizao de estratgias, planos e
programas ou que afetam diretamente os seus resultados.

Imperativos globais
So questes relacionadas com o planejamento nacional sobre as quais se tem
pouco ou nenhum controle, ou ingerncia, e que restringem as possibilidades
de modelar o futuro.

Linha do tempo (Timeline)


a seqncia de eventos de diferentes naturezas, organizados em ordem
cronolgica e posicionados ao longo de uma linha temporal. A linha do
tempo pode apresentar uma evoluo histrica ou posicionar, no futuro, a
data provvel de ocorrncia de eventos possveis.

Organizao Territorial
Compreende uma configurao territorial para a qual possvel identificar as
relaes legais e fenmenos que a explicam.

Prospeco
A atividade prospectiva se define como um processo mediante o qual se
chega a uma compreenso mais plena das foras que moldam o futuro de
longo prazo e que devem ser levadas em conta na formulao de polticas, no
planejamento e na tomada de deciso. A atividade prospectiva est, portanto,
estreitamente vinculada ao planejamento (Coates, 1985).

A obteno de mais informaes sobre eventos futuros se faz por meio de


estudos prospectivos, de tal forma que as decises de hoje sejam mais solidamente
baseadas no conhecimento tcito e explcito disponvel (Coelho, 2001).

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Volume II - Viso Estratgica Nacional

Regio
A regio resultado da prtica dos detentores do poder e da prtica social
coletiva que demarca um territrio. Corresponde a um nvel de agregao
das coletividades locais e seus territrios no interior do Estado-Nao,
que tem em comum as diferenas de base econmica, poltica e cultural em
relao s demais, capazes de gerar uma identidade prpria da populao, que
se manifesta numa finalidade social e poltica prpria e em modos especficos
de relacionamento com o poder hegemnico (Becker, 1986).

Tendncias
So padres evidenciados a partir da anlise da ocorrncia de eventos no
passado. Permitem estabelecer previses sobre o futuro, construdo na hiptese
de que as coisas mudam na mesma direo e no mesmo ritmo que no passado e
no presente. (University of Arizona, 2007; Prospectiva Madrid 2014, 2006).

Territrio
O conceito tem varias razes, mas medida que se construram e se
consolidaram os Estados-Nao, o territrio passou a ser identificado com
sua base geogrfica, o sustentculo fsico da soberania nacional. Territrio
o espao da prtica. Por um lado, o produto da prtica espacial, que inclui a
apropriao efetiva ou simblica de um espao e implica a noo de limite
componente de qualquer prtica , manifestando a inteno de poder sobre
uma poro precisa do espao. Por outro lado, tambm um produto usado,
vivido pelos atores, utilizado como meio para sua prtica. A territorialidade
humana uma relao com o espao que tenta afetar, influenciar ou controlar
aes a partir do controle do territrio. a face vivida do poder.

Territrio da estratgia
So territrios abrangentes definidos como tal por realar os traos
fundamentais da organizao territorial do pas. Justificam-se no estudo
por servirem de base para o delineamento dos vetores estratgicos de
desenvolvimento, relacionando-se com as escalas macro e sub-regionais que
referenciam as carteiras de investimento.

Valores
So virtudes desejveis ou caractersticas bsicas positivas que se quer adquirir,
preservar e incentivar (Unicamp, 2004).

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Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Vetores de desenvolvimento territorial


Compreendem as principais linhas de referncia para a estruturao das
estratgias de desenvolvimento associadas s principais unidades que do
nexo atual organizao territorial do pas. Os vetores devem orientar a
estruturao das carteiras de investimento que detalham as iniciativas de ao
sugeridas pelo Estudo.

Viso estratgica nacional


Descreve, em termos ideais, o pas que se deseja para o futuro de mdio
e longo prazos, a partir dos resultados esperados de polticas, programas e
projetos estratgicos. A viso estratgica d direcionamento e inspirao para
a fixao de metas para um projeto nacional (Unicamp, 2004).

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Volume II - Viso Estratgica Nacional

3. VALORES E OBJETIVOS ESTRATGICOS

Pensar o desenvolvimento brasileiro futuro implica lidar com as trajetrias


provveis de evoluo do pas luz de imperativos globais, determinantes
nacionais, escolhas estratgicas e fatos portadores de futuro que podem moldar
essa jornada. A atual organizao territorial do Brasil pode ser superada pela
ao decidida dos seus cidados, a partir de uma estratgia que organize as
aes de desenvolvimento no todo e em cada frao do Territrio Nacional
e se oriente pelas configuraes futuras desejveis e viveis no horizonte
adotado. Para isso, necessrio estabelecer objetivos claros e pactu-los
amplamente com a sociedade.

Na conduo dessa tarefa, algumas referncias importantes podem ser


invocadas. Um conjunto de instrumentos normativos e de planejamento,
oriundos de processos constitucionais ou iniciativas governamentais recentes,
podem servir a esse propsito, emprestando maior solidez s orientaes
contidas na viso estratgica nacional. Ao longo do atual Governo, quatro
referenciais7 se destacam:

O Plano Plurianual vigente (PPA 2004-2007), coordenado pelo


Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto (MP), elemento
principal de referncia de nosso Estudo;
A Agenda Nacional de Desenvolvimento (AND), emanada pela
instncia mxima de representao social junto ao Poder Executivo,
representada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento
Econmico e Social (CDES);
O Projeto Brasil 3 Tempos (BR3T), coordenado pelo Ncleo
de Assuntos Estratgicos da Presidncia da Repblica (NAE),
orientado para referenciais estruturais e de longo prazo da economia
e sociedade brasileiras;
A Viso Estratgica Sul-Americana (VESA), articulada ao esforo
da Iniciativa de Integrao da Infra-Estrutura Regional Sul-
americana (IIRSA).

7 No incio do segundo mandato do Presidente Lula, foi lanado o Programa de Acelerao do Crescimento PAC, que
abrange o perodo de 2007-2010 e visa promover o desenvolvimento por meio de um amplo conjunto de investimentos em
infra-estrutura e um grupo de medidas de incentivo e facilitao do investimento privado. O seu lanamento ocorreu quando
o Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento j estava em sua fase final e no ser objeto de anlise na concepo
da Viso Estratgica Nacional, que tem uma perspectiva de mdio e longo prazos. Por outro lado, constitui um elemento
fundamental da elaborao da Carteira de investimentos (Mdulo 5 do Projeto de Estudo da Dimenso Territorial para o
Planejamento).

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Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Todos esses documentos assinalam rumos para o desenvolvimento territorial


brasileiro e servem de base para escolhas iniciais desse Estudo. H referncias
indispensveis como, por exemplo, a proposta de adoo de um modelo de
consumo de massas incorporada ao PPA 2004-2007 ou a prioridade absoluta
para a reduo das desigualdades sociais e regionais sugerida pela AND. Dessa
forma, se h um contedo normativo implcito na escolha dos objetivos da
viso estratgica nacional, o uso dos referenciais oficiais de planejamento
reduz o grau de arbitrariedade nela envolvido.

Propor rumos para o desenvolvimento brasileiro no se coaduna,


necessariamente, com a satisfao dos desejos de todas as fraes da populao.
A superao dos eventuais conflitos de interesse pressupe a utilizao dos
instrumentos democrticos existentes para uma efetiva validao social dos
valores, objetivos e opes estratgicas selecionadas.

A estratgia territorial de desenvolvimento parte de valores que conformam


toda a construo do Estudo. Adotou-se como referncia o conjunto de
valores declarados na Agenda Nacional de Desenvolvimento (CDES, 2005)
pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social, que mescla
representaes dos poderes constitudos com representaes mais amplas da
sociedade civil. So eles:

Democracia;
Liberdade;
Eqidade;
Identidade Nacional;
Sustentabilidade;
Respeito diversidade sociocultural;
Soberania.

Esses valores j apontam, em larga medida, para os objetivos que se definem


frente. Espelham anseios maiores da sociedade nacional em pleno exerccio
da democracia. Em parte, apresentam dimenses essenciais da nacionalidade,
muitas delas pouco consideradas em projetos anteriores de desenvolvimento,
especialmente em momentos de menor liberdade poltica.

Ao lado dos valores, um conjunto de fundamentos e outro de meios


esclarecem aspectos importantes a considerar na seleo dos objetivos do

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Volume II - Viso Estratgica Nacional

Estudo, justificando-se pela aderncia ao seu objeto especfico principal,


o territrio. Toda a concepo proposta de desenvolvimento parte da
considerao direta de que o territrio referncia indispensvel e decisiva
para alcance dos objetivos pretendidos. Isso reala o significado de alguns
fundamentos e meios que organizam os princpios e espaos preferenciais de
atuao subjacentes viso de desenvolvimento defendida no Estudo.

Os quatro fundamentos principais, abordados com maior profundidade no


prximo captulo, representam alicerces indispensveis da viso, pois sem
eles o conjunto de objetivos poderia assumir composio diversa da que se
apresenta mais frente. So eles:

O modelo de consumo de massas, j incorporado em suas linhas


gerais no PPA 2004-2007, que assinala uma trajetria sustentada
de expanso da economia e que conjuga progresso tcnico e
distribuio de renda;
O atendimento simultneo dos princpios de eqidade e eficincia,
que habilita outro caminho de desenvolvimento para o pas, reduzindo
desigualdades e aproveitando potenciais inexplorados de organizao
social produtiva em diversas partes do territrio nacional;
O papel do Estado como articulador das estratgias e promotor das
iniciativas de desenvolvimento, personagem indispensvel para fazer
frente s tendncias de esgaramento das identidades nacionais;
O significado do territrio como elemento-guia capaz de fazer
convergir as escolhas estratgicas do desenvolvimento brasileiro e
de informar a soluo do problema das desigualdades.

De outra parte, cabe destacar um conjunto de meios, como espaos essenciais


de interveno. De uma forma ou de outra, os meios esto presentes no elenco
de iniciativas que se pretende propor para cada um dos compartimentos
territoriais. So referncias obrigatrias para a estratgia de desenvolvimento
de qualquer frao territorial e sintetizam o que mais importante de se
modificar para o alcance de outra organizao territorial. Identificam-se
quatro meios:

O sistema de logstica, que concorre para ampliar a acessibilidade


dos agentes, insumos e mercadorias e se desdobra num conjunto
expressivo de redes de infra-estrutura.

33
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

A rede de cidades, que organiza a estrutura urbana do territrio


e responde pelas condies para as suas conexes nacionais e
internacionais.
O sistema de cincia, tecnologia e inovao, que irradia novos
padres tecnolgicos e determina o comportamento desejado das
estruturas de produo e consumo.
O padro de oferta de bens e servios, que estabelece o perfil
socioprodutivo e determina as bases para a interao espacial,
espelhando o padro de especializao dos territrios.

Os fundamentos percorrem alguns elementos centrais do debate nacional


sobre o planejamento nacional e territorial, de forma a assinalar referncias
importantes que amparam as opes adotadas no Estudo. Os meios, por outro
lado, representam o substrato pelo qual transitam as orientaes com vistas
a um novo ordenamento territorial nacional, ou seja, o lcus preferencial de
incidncia das estratgias.

Os valores, fundamentos e meios concorrem para dar suporte e coerncia ao


conjunto de sete objetivos da estratgia proposta:

1. Superar as desigualdades sociais e regionais (condiciona os


demais)8;
2. Fortalecer a unidade (coeso) social e territorial;
3. Promover os potenciais de desenvolvimento sustentvel das
regies;
4. Valorizar a inovao e a diversidade cultural e tnica da
populao;
5. Promover o uso sustentvel dos recursos naturais;
6. Apoiar a integrao sul-americana;
7. Apoiar a insero competitiva autnoma no mundo globalizado.

Transformar a organizao territorial brasileira, substituindo-a por um


novo ordenamento territorial, envolve assumir estratgias ousadas de
desenvolvimento. As escolhas dependem, em ltima instncia, de decises
polticas que, dentro de certos limites, podem ser adaptadas s condies

8 A hierarquia entre o primeiro objetivo e os demais no nasce aqui, mas na Agenda Nacional de Desenvolvimento
(AND). A idia de um enfrentamento prioritrio das desigualdades como meio de transformar o Brasil surgiu com fora
na agenda aprovada pelos empresrios, sindicalistas, pesquisadores, gestores pblicos e outras lideranas expressivas da
sociedade brasileira que integram o CDES.

34
Volume II - Viso Estratgica Nacional

especficas de uma regio ou localidade.


O Estado pode e deve retomar a conduo de um projeto nacional de
desenvolvimento, ajustando-se s novas condies que se impem para o
exerccio de seu tradicional papel social. Tambm se obriga a ouvir cada vez
mais a sociedade e a compartilhar internamente estratgias e iniciativas entre
os vrios entes federados constitudos. A sociedade, em contrapartida, tender
a estar mais participativa e atenta aos movimentos dos temas que a afetam.

Neste pas de grandes contrastes, os avanos em termos de coeso social e


econmica esto ligados aos processos que viabilizam a reduo de desigualdades
sociais e regionais. imprescindvel manter a viso de conjunto, em que as
orientaes emanadas para uma determinada frao territorial sejam pensadas
em harmonia com as definidas para os outros territrios. Almeja-se construir
um resultado para todo o territrio nacional e isso tem seu preo.

A viso estratgica nacional ganha, assim, consistncia inequvoca no conjunto


dos objetivos propostos e na maneira singular de interpret-los.

Figura 5 - Bases constitutivas da estratgia de desenvolvimento territorial

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Volume II - Viso Estratgica Nacional

4. BASES DA ESTRATGIA TERRITORIAL DE


DESENVOLVIMENTO

As estratgias de desenvolvimento tomam por base referncias que amparam


as escolhas adotadas. A estratgia de desenvolvimento aqui proposta baseia-
se em trs referncias principais:

Um conjunto de fundamentos gerais, que qualificam aspectos


essenciais das rotas traadas para a ao;
Um ponto de partida territorial, o retrato do Brasil que se quer
modificar - que uma interpretao da atual organizao espacial/
territorial e de suas caractersticas principais;
Uma viso do futuro, apta a colocar as reflexes estratgicas em
confronto com fatos, processos, determinantes e imperativos que
orientam a linha do tempo considerada.

4.1 Fundamentos Gerais


A definio de uma estratgia territorial para o desenvolvimento brasileiro
pode buscar referncias em diversas composies de valores, fundamentos
e objetivos. A concepo aqui defendida, inspirada na Agenda Nacional de
Desenvolvimento elaborada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento
Econmico e Social, toma por base quatro fundamentos principais, que so
abordados em maior detalhe neste item:

O modelo de consumo de massas;


A composio entre os princpios de eqidade e eficincia;
O papel do Estado;
O significado do territrio.

Os quatro fundamentos apresentam estreita articulao entre si. No h como


promover o consumo de massas no pas sem estimular, simultaneamente, uma
reduo das desigualdades; tampouco, no h como avanar na direo de
conciliar dinmica e igualdade, sem a cumplicidade ativa e o respaldo do Estado;
ou ainda, no h como efetivamente obter resultados nesses campos, sem que
se utilize largamente o territrio como ponto de articulao das iniciativas.

importante assinalar que o Brasil, j h alguns anos, tem um desempenho


geral convergente com esses quatro fundamentos da estratgia territorial.

37
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Isso confirma que o momento favorvel para a intensificao dos


esforos realizados e a ampliao e refinamento da estratgia territorial de
desenvolvimento.

4.1.1 O MODELO DE CONSUMO DE MASSA


O PPA 2004-2007 adotou como estratgia para o desenvolvimento do Brasil o
modelo de consumo de massas. O modelo contempla uma efetiva possibilidade
de organizao de um novo ciclo de crescimento sustentado do pas, aps
vrios anos de desempenho insatisfatrio da economia. Ao contrrio do antigo
modelo de substituio de importaes9, que podia ser compatvel com a
concentrao de renda, ele se ancora numa elevao persistente do rendimento
e consumo das famlias trabalhadoras, que se associam dinamicamente aos
investimentos em infra-estrutura fsica tradicional e inovao tecnolgica.
A auto-alimentao desses dois componentes promove um crculo virtuoso
capaz de sustentar o crescimento da economia e propiciar a transformao
social do pas.

Barbosa e Bielschowsky (2007), principais propositores, assim descrevem


o modelo:

Dado um crescimento qualquer, macroeconomicamente slido e capaz de


promover a expanso dos investimentos, a modalidade consolida-se ao longo do
tempo pelo estabelecimento gradual de um crculo virtuoso que opera da seguinte
forma (...): a) Os investimentos se traduzem em aumento da produtividade e das
exportaes; b) A elevao da produtividade beneficia equilibradamente a lucros
e rendimentos das famlias trabalhadoras. c) Esses rendimentos se transformam
em consumo popular continuamente ampliado; e d) A ampliao do consumo
provoca a expanso dos investimentos e o progresso tcnico.

O modelo demanda um esforo concertado de poltica, pois se apia tanto


na elevao da produtividade e competitividade da estrutura produtiva
quanto do consumo e rendimentos dos trabalhadores, processos que
j se encontram em curso na economia brasileira. Em sentido oposto s
percepes muito difundidas na anlise econmica, o cerne desse duplo
movimento reside no fato, j amplamente constatado pela literatura, de que
o consumo popular estimulado pela elevao da renda se orienta para os

9 Para uma anlise do modelo de substituio de importaes, cf. Furtado (1972 e 1974), Tavares e Serra (1972),
Rodriguez (1981), Mantega (1984) e Bielschowsky (1988).

38
Volume II - Viso Estratgica Nacional

segmentos modernos da economia, de maior produtividade e mais afetos


incorporao de inovaes.

O avano do modelo no Brasil tem sido paulatino, na esteira da reformulao


da prioridade das polticas direcionadas transferncia de renda s populaes
mais carentes e da lenta retomada dos investimentos. Pode ser passvel de
acelerao pela via da melhor organizao de um conjunto amplo de polticas
pblicas que alimentam seus principais circuitos e desestimulam obstculos
porventura existentes.

O estmulo necessrio ao crculo virtuoso do consumo de massas nasce do


aproveitamento das economias de escala e de escopo derivadas da ampliao
do tamanho do mercado, da incorporao de novas tecnologias e recorrente
recurso inovao e seus processos, do deslocamento de mo-de-obra dos
setores tradicionais para os modernos ou, ainda, da transformao dos
padres de produo dos setores atrasados; processos que tendem a reforar
aumentos de produtividade do sistema.

Para Carneiro (2006), a sustentao do modelo por prazo mais longo


(...) precisa ser um movimento em pina: permitir a um contingente
cada vez maior do universo de mais de 56 milhes de famlias brasileiras
(que representam um potencial de despesa de cerca de US$ 700 bilhes,
equivalente ao PIB da Austrlia) o acesso aos bens de consumo que
a moderna tecnologia torna cada vez mais baratos e permitir que a
produo desses bens se faa a preos competitivos ao longo de toda a
cadeia produtiva.

No Brasil de hoje, alguns fatores contribuem de forma expressiva para


aumentar as possibilidades do modelo. Dentre outros, cabe assinalar a
janela de oportunidade demogrfica ora vivida pelo pas. Por um perodo de
aproximadamente mais duas dcadas, o Brasil contar com uma combinao
favorvel de taxas declinantes de crescimento populacional que se faro
acompanhar por um aumento da proporo relativa das pessoas em idade
ativa no conjunto total da populao. Alm disso, a elasticidade-emprego
do PIB vem se elevando sistematicamente nos ltimos anos e observa- se
uma tendncia benigna de aumento relativo da demanda por mo-de-obra
no mercado de trabalho, o que amplia as chances de apropriao de maiores
fatias da renda pelos trabalhadores.

39
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

O consumo de massa mostra-se igualmente compatvel com o crescimento das


exportaes. Os ganhos gerais de competitividade e o avano do setor agrcola
moderno, em que o pas detm vantagens comparativas naturais, pavimentam
o caminho para a gerao de impulsos que auxiliam na sustentao dinmica
do modelo.

Algumas caractersticas negativas da realidade brasileira, como assinalam


Barbosa e Bielschowsky (2007), podem se fazer presentes, o que atrapalha a
viabilizao do modelo:

A estratgia de crescimento por consumo de massa tem boas chances de xito, mas
requer a implementao de polticas de distribuio de renda e de investimentos
fixos e em inovao tecnolgica. So esses os dois mbitos fundamentais, j que
neles residem as principais barreiras sua operao: i) So historicamente frgeis
os mecanismos de transmisso do aumento de produtividade aos rendimentos das
famlias trabalhadoras; ii) Tem sido muito baixa a propenso a investir e a
inovar na economia brasileira.

No obstante as dificuldades, hoje o Brasil dispe de um quadro


macroeconmico favorvel, que permite cogitar esforos de poltica pblica
que amenizem traos histricos indesejados da economia brasileira. Se as
iniciativas sociais j geraram frutos expressivos, no campo das polticas
ativas de desenvolvimento ainda necessrio superar velhos preconceitos
e agressivamente estimular uma mudana comportamental da estrutura
produtiva em busca de outro patamar de relaes com a inovao10.
Desnecessrio assinalar que o fortalecimento do processo de gerao autctone
de inovaes pode e deve estar articulado aos caminhos da internalizao de
inovaes, num processo igualmente de auto-alimentao11.

O dilogo entre o modelo de consumo de massas e a estratgia territorial


de desenvolvimento do pas se d em bases tericas convergentes. Em
princpio, como argumentam Barbosa e Bielschowsky (2007), ambas as
estratgias de desenvolvimento pertencem mesma tradio heterodoxa e
desenvolvimentista, que ainda conta com a parceria provvel da que identificam
como inovao e competitividade, de inspirao neoschumpteriana.
H, no obstante, nuances num e noutro olhar que permeiam certa distino

10 Segundo a Pesquisa de Inovao Tecnolgica PINTEC 2005 (IBGE 2005), apenas 5.046 empresas declaram
dispndios em P&D no Brasil.
11 Cf. IBGE (2005), Negri et alli (2006) e Dahlman (2007).

40
Volume II - Viso Estratgica Nacional

dessas concepes estratgicas. Os que se associam vertente da integrao


territorial defendem que a moderna concepo do desenvolvimento inova na
abordagem multiescalar do territrio, desde o local ao global, o que propicia a
obteno de resultados mais eficazes para a melhoria da qualidade de vida das
populaes. Acreditam que nenhuma estratgia macro pode mais dispensar
um dilogo com as diversidades sociais e regionais do pas. O territrio conta,
e no pode ser desconsiderado.

Se a estratgia territorial para o desenvolvimento brasileiro est perfeitamente


amparada pelos preceitos do modelo de consumo de massas, a abordagem
territorial o qualifica, ajustando-o s mltiplas realidades que o pas congrega.
Os investimentos em infra-estrutura e inovao constituem, igualmente, seus
instrumentos preferenciais de ao. E, por fim, reivindicar prioridade relativa
circunstancial para a reduo das desigualdades contribui para aumentar a
probabilidade de que o Brasil possa se transformar em um pas desenvolvido.
Da por que se torna importante, nesse momento, discutir a harmonia da
relao entre eqidade e eficincia.

4.1.2 A COMPOSIO ENTRE OS PRINCPIOS DE EQIDADE E


EFICINCIA
O crescimento uma condio necessria e indispensvel ao desenvolvimento
brasileiro, porm a efetiva transformao social, anseio da maioria da
populao, reclama enfrentamento direto e objetivo das desigualdades
sociais e regionais.

A histria do Brasil no sculo passado mostra que adotar uma trajetria de


crescimento no suficiente para que o pas alcance efetivo desenvolvimento12.
As vrias dcadas seguidas de crescimento econmico intenso no
foram suficientes para permitir que o Brasil superasse a condio de pas
subdesenvolvido ou em desenvolvimento e ocupasse lugar no conjunto
das naes desenvolvidas. Milhes de dlares de investimentos ao longo
daqueles anos permitiram ao Brasil modernizar-se parcialmente, gerar riqueza
comparvel do primeiro mundo para certa frao da populao, construir
uma estrutura produtiva significativa, mas no criar um caminho persistente
de mudana social, que tornasse substancialmente melhor a vida do conjunto
dos seus cidados.

12 Segundo Maddison (1989), o Brasil foi o pas que mais cresceu no mundo entre 1900 e 1980.

41
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Por essa razo, ao contrrio do que prevaleceu no passado, o desafio de reduzir


desigualdades assume, hoje, uma natural ascendncia em qualquer estratgia
de desenvolvimento que se organize para o pas (CDES, 2006).

Os ltimos vinte anos de letargia atestaram a profundidade dos impactos da


globalizao sobre a sociedade brasileira. No contexto da adeso s foras
neoliberais, ancoradas na suposta superioridade dos princpios do mercado,
destruiu-se a antiga mquina de crescimento sem que novas orientaes
estratgicas fossem concebidas e implantadas (Barbosa e Bielschowsky, 2007
e Dahlman, 2007). A liderana do Estado na mobilizao das foras sociais em
torno construo de trajetrias de desenvolvimento foi desarticulada com a crise
dos padres monetrios e financeiros vigentes e a assuno de novas orientaes
para a ordem global instituda. O fenmeno da hiperinflao manifestou-se com
fora na passagem de uma ordem mundial para outra, determinando esterilizao
de grande parte da riqueza financeira acumulada nas dcadas de forte dinamismo
e desnacionalizao relativa de ativos. Diante do novo modo de regulao da
ordem social, no cabia mais o velho modelo de desenvolvimento.

Em direo oposta, a redemocratizao do pas abriu espao para outro


modelo de desenvolvimento brasileiro. A base democrtica em consolidao
torna cada vez mais possvel rearticular politicamente esse pas de extremos.
Tambm impe olhar para outras dimenses, inverter o essencial das estratgias
passadas e redefinir a hierarquia dos objetivos do desenvolvimento.

O crescimento precisa ser matizado pela mudana social, de forma que


parcelas expressivas da populao tenham assegurados os seus lugares e a
incluso em uma nova ordem social. Assim, critrios de eqidade, eficincia,
coeso e competitividade devem pr-se lado a lado na organizao de um novo
modelo de desenvolvimento nacional, capaz de aplicar maior dinmica no
sistema econmico, alm de solidarizar o tecido social brasileiro, construindo
uma trajetria de superao das desigualdades13.

O Brasil, claro, no pode dispensar os efeitos positivos que o crescimento


econmico pode propiciar, em especial aps duas dcadas de relativa estagnao
na economia. Tampouco pode desperdiar o enorme esforo realizado nos

13 Debate semelhante foi travado no seio da Unio Europia e est relatado nas posies do Relatrio Sapir, que
apresentou proposta para reconciliar os preceitos de eqidade e crescimento na estratgia de investimentos dos Fundos
Estruturais. Cf. Sapir et alli (2003)

42
Volume II - Viso Estratgica Nacional

ltimos anos para conquistar novos mercados e gerar saldos comerciais. Na


sociedade global dos ciclos nervosos do dinheiro mundial que circula por
todos os cantos do planeta, a velocidade acelerada dos capitais e a necessidade
de inovao contnua, movimentos institudos pela revoluo cientfica e
tecnolgica da microeletrnica, da informao e das comunicaes, continuaro
a estimular transformaes (Harvey, 1999). A logstica integrada dos vetores de
produo, circulao e processamento induziro o avano da globalizao, o
crescimento econmico e modificaro a organizao dos territrios.

As finanas e a cincia, tecnologia e inovao esto no epicentro das


mudanas, reorientando fluxos de investimento, propondo novos padres de
consumo, suscitando novas bases para as infra-estruturas de comunicaes,
energia e transporte e gerando os impulsos dinmicos mais significativos que
o sistema econmico mundial requer (Galvo, 2005). No entanto, embora
determinantes na conformao da nova economia mundial, no organizam
processos autnomos de mudana, dissociados de outros processos sociais,
econmicos e ambientais. Resultam, convm lembrar, de decises humanas
e polticas, que possibilitam, dentro de certos limites, ajuste s condies
especficas de uma nao, regio ou local.

A associao da estratgia territorial com o modelo de consumo de massas


parece promissora quanto possibilidade de se tratar, de maneira simultnea,
dos requerimentos de eqidade e eficincia. O equilbrio desejado entre esses
dois princpios, no entanto, reclama considerao objetiva do papel do Estado
como condutor principal da estratgia de desenvolvimento.

4.1.3 O PAPEL DO ESTADO


Na esteira das orientaes neoliberais das ltimas dcadas do sculo XX,
propugnou-se o modelo de um Estado mnimo, destitudo de maiores papis
na orientao da economia e na regulao das relaes sociais, sem fora
para interferir decisivamente nos fluxos globais de comrcio e de capitais.
A instncia nacional deixaria de representar o elemento de referncia
bsico das estratgias de desenvolvimento, o que abriria espao para uma
articulao global-local mais profcua e promissora, destituda dos vcios que
caracterizaram o perodo no Ps II Grande Guerra.

O modelo neoliberal do Estado no mais se coloca na agenda atual, ainda


que persistam arautos que defendem seus princpios at hoje. Ele teve maior

43
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

influncia nos receiturios de organismos internacionais para os pases em


desenvolvimento, como condio para enquadramento inicial aos ditames da
ordem global vigente. Nesse sentido, subsistem algumas mudanas que aquele
modelo patrocinou, a exemplo da poltica de cmbio flutuante, requisito para
os movimentos globais dos capitais.

A idia de um Estado apartado das relaes sociais e econmicas, mero


garantidor das posturas e decises do mercado, que foi incessantemente
defendida para os pases perifricos como norma, no mais se mantm. A
crtica ao Estado desenvolvimentista mostrou-se inadequada, mesmo que nos
marcos e no estrito interesse da globalizao.

No entendimento atual, o Estado cumpre papel decisivo na organizao


das iniciativas de desenvolvimento e deve reassumir funes importantes
que foram aparentemente perdidas na transio de paradigmas associada
implantao da nova ordem global. A organizao de novos arranjos de
poltica pblica, fundamentais para o futuro do pas, uma preocupao
central deste Estudo sobre a dimenso territorial do planejamento.

As nacionalidades alimentam-se das identidades culturais e sociais e


principalmente dos sonhos comuns de desenvolvimento. Mas as desigualdades
sociais e regionais tendem a questionar uma unidade nacional irrestrita e a
gerar tenses que podem prejudicar o ritmo do desenvolvimento e dissipar
solidariedades, representando uma fragilidade constitutiva do arranjo poltico-
territorial. A esse respeito, um elemento importante na definio dos novos
arranjos do Estado a funo de distenso poltico-social que a organizao
federativa do Estado ajuda a promover.

Como ressalta Furtado (1999, p.39), o federalismo (...) o conceito mais


amplo que tem sido utilizado para expressar a idia de que a organizao
poltica deve basear-se na solidariedade e na cooperao, no na compulso.
As jurisdies superpostas sobre o territrio criam condies para que
percepes polticas distintas ou mesmo antagnicas possam conviver
lado a lado, reduzindo as chances de conflito14. Um projeto nacional de
desenvolvimento pode ser negociado e posto em marcha com a flexibilidade

14 Para Riker (1987, p. 15) a vantagem do federalismo que no se opera uma unio fraca e instvel entre as partes, como
nas Alianas, nem uma submisso total, com seus problemas de fraca identidade interna, como no Imprio. O pacto de
poder situa-se, dessa forma, no meio do espectro de opes de organizao dos Estados nacionais.

44
Volume II - Viso Estratgica Nacional

necessria para acomodar, na margem, as variaes provocadas por projetos


regionais ou locais que apresentam agendas alternativas de conduo de aes,
desde que no conflitem com o essencial do projeto maior.

A barganha federativa, territorial por definio, estimula as partes a dirimirem


seus conflitos e pactuarem posies. A questo bsica que ela pode conciliar
a necessidade de comando central de certas dimenses do projeto nacional
de desenvolvimento com a autonomia dos governos estaduais e locais. Estes
podem, assim, operar suas prprias iniciativas dentro de marcos mais gerais
pr-estabelecidos. A esse respeito, o debate no pode se restringir oposio
entre a centralizao ou descentralizao das aes. Segundo Furtado (1999):

No Brasil, a luta pelo federalismo est ligada s aspiraes de desenvolvimento


das distintas reas. No se coloca o problema de choque de nacionalidades, de
agresses culturais ligadas a disparidades tnicas ou religiosas. Mas sim o da
dependncia econmica de certas regies com respeito a outras, da assimetria
nas relaes, de transferncias unilaterais de recursos encobertas em polticas de
preos administrados.

Furtado est certo em valorizar a instncia regional num pas de dimenses


continentais. Isso possibilita um espao efetivo para articular iniciativas que
precisam mobilizar as mais variadas foras sociais. A integrao nacional, pea
inquestionvel do sonho de desenvolvimento, no pode mais se fazer sem que
se produza um equilbrio mnimo das unidades federadas. E o planejamento
territorial, no sentido defendido por Furtado, pode vir a ser uma ferramenta
importante na costura de um projeto de desenvolvimento adequado.

O papel de polticas ativas de desenvolvimento organizadas sob a liderana


do Estado e compromissadas pelos vrios segmentos sociais parece um
componente importante para a redefinio de novos rumos para o pas no
contexto de uma sociedade que se democratiza. Os sinais de mudana so
positivos nesse cenrio.

4.1.4 O SIGNIFICADO DO TERRITRIO


H um conjunto de posturas inovadoras na conduo de polticas pblicas
que qualificam de outra forma o papel do territrio. Segundo Batchler et alli
(2003), em anlise para o caso europeu, algumas evolues conceituais tm
tido impacto sobre as tendncias de longo prazo das polticas pblicas:

45
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Troca de objetivos de poltica na direo do apoio competitividade


regional;
Declnio dos tradicionais instrumentos de poltica orientados pela
demanda (em especial, nos esquemas de ajuda aos negcios) em
favor dos instrumentos mais leves articulados do lado da oferta;
Contrao das reas cobertas com ajuda regional;
Crescimento das iniciativas de desenvolvimento locais, de baixo
para cima;
Maior preciso na definio dos alvos espaciais (em especial, reas
urbanas) e setoriais (clusters) das polticas;
Mudanas na governana das polticas (descentralizao, parcerias e
coordenao das polticas);
Um crescente interesse na sustentabilidade e na incluso social.

As tendncias assinaladas mudam a concepo de como o territrio influencia


e organiza o conjunto de iniciativas de desenvolvimento15 O territrio no
mero palco das aes, mas representa, em si mesmo, um elemento das
relaes sociais e econmicas mundiais.

Um primeiro ponto a realar o da revalorizao das regies. As regies no so


mais tratadas apenas como provedoras passivas de insumos ao desenvolvimento.
Agora, consideradas como estruturas scio-espaciais ativas, dispem de
capacidade para aprender (learning regions) e podem ser orientadas para
ajustar-se aos ditames mutantes da competio. O ambiente socioeconmico e
os traos histrico-culturais e scio-geogrficos da regio so decisivos para o
sucesso competitivo (Simmie, 1997; Landabaso, 1997; Cooke e Morgan, 1998).
A capacidade de inovar e de gerar ganhos suplementares com a maior eficincia
produtiva no so considerados atributos apenas das empresas, mas de todo o
tecido social e da teia de colaboradores, territorialmente situados, que amparam
as virtudes e debilidades de uma estrutura produtiva. Desenvolver um ambiente
de negcios favorvel obteno de ganhos econmico-financeiros um dos
principais desafios das polticas pblicas (Galvo, 2005).

As polticas pblicas encontram nas escalas sub-regionais e locais uma melhor


possibilidade de articulao das aes com a gama variada de atores e demais
grupos sociais, que assim obtm melhor resposta aos problemas da agenda.

15 O Marco Inicial do Estudo, CGEE (2006), aborda no Captulo Territrio e Desenvolvimento algumas dessas
caractersticas emergentes da nova abordagem territorial.

46
Volume II - Viso Estratgica Nacional

E isso muda radicalmente a forma de organizar as aes no territrio. Com


relao ao passado, a operao prxima ao tecido social local representa
um divisor de guas para com as polticas territoriais passadas, definidas no
mbito macro, tpicas do perodo entre o Ps II Grande Guerra e os anos
1970. Hoje, a articulao dos vrios planos escalares, do local ao regional, ao
nacional e ao global, propicia resultados mais eficazes, mais robustos.

O territrio ganha agora maior expresso para ajudar a promover, neste pas
de grandes contrastes e desigualdades, uma substantiva reverso de valores e
um refinamento de estratgias que condicionam e fazem convergir as escolhas
associadas trajetria desejada de desenvolvimento.

Para o pas, essas convices ganham maior amplitude no contexto da


redemocratizao e da globalizao, no singular avano de foras centrpetas
e centrfugas que podem abalar os fundamentos de nossa unidade poltica,
econmica e social. O aparente paradoxo entre a reconhecida unidade lingstica
e poltica e a efervescente diversidade social e cultural do pas continental
representa uma chave para a estruturao de um projeto de nao desenvolvida,
apta a prover qualidade de vida para seus cidados, dinmica econmica para o
ambiente de negcios e estabilidade poltica para as suas instituies.

No Brasil, o peso da globalizao ficou evidente com o surgimento de ilhas


de crescimento na periferia e bolses de pobreza no centro, sobretudo nas
metrpoles. Fez-se sentir tambm na presso ambiental refletida pelos novos
recortes territoriais constitudos pelas reas protegidas, bem como pelos
movimentos sociais organizados com base em novas relaes locais globais
16
. A importncia de se operar em prol da inovao nas diversas agendas
territoriais deve ser posta, frente s necessidades de encontrar resposta para
as crescentes presses competitivas.

No plano instrumental, a negociao coletiva de programas de


desenvolvimento abrangentes e integrados, de carter plurianual, com
processos mais recorrentes de planejamento e avaliao estratgicos, so
os elementos centrais da gesto associada com a nova concepo territorial
do desenvolvimento.

16 A multiplicidade de territrios e conflitos que embasou a viso de fragmentao da economia, da sociedade e do


territrio (Pacheco, 1996) insinua olhares mais atentos sobre a complexa teia de interesse dos grupos sociais envolvidos
no debate do desenvolvimento. Becker (2004) tem chamado insistentemente ateno sobre esse ponto na questo da
Amaznia.

47
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Em suma, o territrio retoma, assim, sua importncia clssica como fundamento


do poder do Estado, mas em um contexto mais complexo que o anterior. Nesse
cenrio, essencial estruturar e desenvolver uma viso estratgica que resgate
a tica nacional e a recoloque em sua expresso federativa, desdobrando-a
nas escalas e instncias relevantes, de forma a animar uma slida articulao
poltica em torno dos objetivos do desenvolvimento. Mais ainda, esse olhar
nacional que prega a unidade e a integrao territorial do pas cobra agora
tambm outro olhar sobre a Amrica do Sul, abrindo novas perspectivas para
a integrao dos pases do continente. A insero autnoma do Brasil nos
circuitos financeiros e econmicos globais requer essa outra condio - e no
demais explorar essa nova vertente.

4.2 Referncias Territoriais


A feio territorial mais caracterstica do Brasil a desigual distribuio da
populao, da riqueza e do potencial natural no contexto de sua grande
extenso continental. Historicamente construda, essa caracterstica ainda
mais acentuada hoje, condicionada por uma dinmica socioeconmica e poltica
que incidiu de modo bastante heterogneo sobre o territrio. Dessa maneira,
como definir unidades territoriais relevantes para que se possa conceber uma
estratgia de desenvolvimento para o Brasil? Que caractersticas do territrio
devem ser levadas em considerao para tal finalidade? preciso identificar
os traos principais que justificam seccionar o vasto territrio brasileiro e
organizar suas diferenas e semelhanas mais significativas.

4.2.1 ORGANIZAO ATUAL DO TERRITRIO BRASILEIRO


Uma nova configurao do territrio nacional emergiu como expresso
da dinmica econmica e poltica nas ltimas duas dcadas. A nfase nas
exportaes sobretudo da agroindstria e dos minerais e a privatizao
das redes de circulao e comunicao geraram uma logstica poderosa das
corporaes, que tende a apagar a diferenciao regional mais consolidada que
permanece no imaginrio da sociedade e do governo. Na mesma direo, mas
em sentido oposto, o avano das iniciativas no campo da seguridade social,
como a previdncia rural e os mecanismos de transferncias monetrias diretas
para cobertura das carncias sociais agudas bolsa famlia e assemelhados
- promoveu paulatina distribuio da renda em favor das camadas menos
abastadas da populao, movimento que foi acelerado nos ltimos anos. No
contexto de baixo dinamismo do perodo, essas trajetrias contraditrias
tenderam a se anular, produzindo variaes quase imperceptveis na
usual forma agregada com que se olha para o conjunto do pas. Trata-se

48
Volume II - Viso Estratgica Nacional

de uma configurao territorial cujas bases so bem distintas daquelas que


se observavam no contexto do acelerado crescimento econmico que se
processou em dcadas anteriores.

O desafio da superao das desigualdades sociais e regionais, portanto, que se


acentuou ao longo do sculo XX, permanece intacto. Uma anlise da configurao
territorial do pas termina por demonstrar uma primeira diviso persistente,
expressa por uma linha diagonal que secciona o Norte e o Nordeste do Centro-
Sul, dividindo o pas em duas fraes: A e B (conforme Cartograma 1).

Cartograma 1: A Diagonal bsica que divide o territrio nacional


Venezuela
Guiana
Guiana Francesa
Colmbia Suriname

Boa Vista

Macap
Equador Belm
Sao Lus
Manaus
Fortaleza
Teresina Natal
Joo Pessoa
Recife
Peru Rio Branco Porto Velho Macei
Palmas
Aracaju

Salvador

Brasilia
Bolvia Cuiab
Goinia
B

Campo Grande Belo Horizonte


Vitria
Paraguai Rio de Janeiro
So Paulo
Curitiba
Chile
A
Florianpolis

Porto Alegre

Argentina Uruguai

49
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Praticamente todas as variveis socioeconmicas relevantes, como a renda, a


educao, a sade e outras, destacam no mapa do Brasil a diferena marcante
entre duas fraes do territrio, uma ao norte e outra ao sul, divididas por
uma linha que passa pela regio das cidades de Porto Velho, Sinop, Braslia e
Vitria (Cartograma 1).

Curiosamente, a nica varivel que constitui exceo a esse padro a desigualdade


pessoal de renda, cujas caractersticas principais se distribuem de maneira
relativamente uniforme por todo o Territrio Nacional (Galvo, 2005).

Cartograma 2: Educao 2000

Boa Vista

Macap

Belm

So Luis
Manaus Fortaleza

Teresina Natal

Joo Pessoa
Recife

Porto Velho Macei


Rio Branco Palmas Aracaj

Salvador

Braslia
Cuiaba
Goinia

Belo Horizonte Vitria


Campo Grande

Rio de Janeiro
So Paulo Brasil
Microrregies Geogrficas
Curitiba % de pessoas com mais de 15 anos
de idade e com menos de 4 anos
de estudo em 2000
Florianpolis 0.00 - 18.00
18.01 - 25.30

Porto Alegre 25.31 - 36.10


36.11 - 52.10

52.11 - 63.20
63.21 - 74.55
Rodovias

Fonte: IBGE - Censo Demogrfico 2000 (originalmente produzido pelo Ministrio da Integrao Nacional para a PNDR)

50
Volume II - Viso Estratgica Nacional

A ttulo de exemplo, toma-se o Cartograma 2, que relaciona para cada uma das
558 microrregies geogrficas a proporo da populao com mais de quinze
anos de idade e menos de quatro anos de estudo. Como esse, o Ministrio
da Integrao Nacional desenvolveu, nas mesmas bases, vrios outros
cartogramas que seguem o mesmo desenho bsico, incluindo o prprio mapa
de referncia da Poltica Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR).

Cartograma 3: Trs anis baseados em biomas e densidade populacional


Venezuela
Guiana
Guiana Francesa
Colmbia Suriname

Boa Vista

Macap
Equador Belm
Sao Lus
Manaus
Fortaleza

1 Teresina Natal
Joo Pessoa
Recife
Porto Velho
Peru Rio Branco Macei
Palmas
Aracaju

Salvador

Bolvia Cuiab Brasilia


Goinia
2
Campo Grande Belo Horizonte
3 Vitria
Paraguai Rio de Janeiro
So Paulo
Curitiba
Chile
Florianpolis

Porto Alegre

Argentina Uruguai

Outros critrios de anlise sugerem ainda novos recortes imprescindveis


compreenso dos elementos da atual organizao territorial brasileira, pea
essencial para a definio de estratgias de desenvolvimento. Eles delimitam
a existncia de trs grandes anis (1, 2 e 3, apresentados no cartograma 3) que

51
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

segmentam o mapa do Brasil em sentido oposto ao da diagonal anteriormente


assinalada, do noroeste ao sudeste. Cada anel relaciona-se, no geral, com
padres distintos de densidade demogrfica e, juntos, sugerem graus
diferenciados de antropizao dos territrios, realando formas distintas de
articulao das respectivas estratgias aos objetivos estabelecidos.

No primeiro caso, isolou-se, para efeito da construo da estratgia de


desenvolvimento territorial, o bioma da Floresta Amaznica, caracterizado
aqui como aquele delimitado pelas linhas divisrias das sub-regies Amaznia
Ocidental e Amaznia Central, tal como definidas no Plano Amaznia
Sustentvel PAS (Cartograma 4).

Cartograma 4: Plano da Amaznia Sustentvel PAS

52
Volume II - Viso Estratgica Nacional

No outro caso, destaca-se a poro litornea do territrio, num reconhecimento


da perda de importncia relativa dos laos de unio entre os ncleos urbanos
principais e suas reas de influncia contguas, em especial no Norte e Nordeste
(Cartograma 5). Naturalmente, a opo de reconhecer a separao desses conjuntos
territoriais importa igualmente em assumir que apresentam problemticas
peculiares de desenvolvimento e, portanto, uma orientao estratgica singular.

Enquanto o cartograma da densidade populacional (Cartograma 5) revela a


concentrao do povoamento na faixa litornea e no Centro-Sul, o bioma da
Floresta Amaznica singulariza uma vasta extenso territorial, ainda com elevado
grau de preservao ambiental. Como parte da Amaznia Legal oficial, exclui
aquela frao de territrio regional que abriga as mais pesadas iniciativas de
ocupao promovidas ao longo dos ltimos anos.

Cartograma 5: Densidade populacional (Hab/km2)

Boa Vista

Macap

Belm
So Luis
Manaus Fortaleza

Teresina Natal

Joo Pessoa
Recife
Porto Velho Macei
Rio Branco Palmas Aracaj

Salvador

Braslia
Cuiaba
Goinia

Belo Horizonte Vitria


Campo Grande

Rio de Janeiro
So Paulo
Brasil
Curitiba Microrregies Geogrficas
densidade populacional ( Hab/Km2 )

0.00 - 1.00
Florianpolis
1.01 - 11.00
11.01 - 29.00
Porto Alegre 29.01 - 54.00

54.01 - 219.00
219.01 - 5500.00
Rodovias

Fonte: IBGE - Censo Demogrfico 2000 (originalmente produzido pelo Ministrio da Integrao Nacional para a PNDR)

53
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

O cruzamento da diagonal inicial com os trs anis produz cinco conjuntos


territoriais. No entanto, a posterior subdiviso do territrio que compreende a
poro central norte-nordestina, com o reconhecimento do tradicional problema
do Semi-rido, delimita, ao final, seis territrios da estratgia (Cartograma 6):
1. Bioma Florestal Amaznico; 2A. Centro-Oeste; 2B1. Centro-Norte; 2B2.
Serto Semi-rido Nordestino; 3A. Litoral Sudeste-Sul; 3B. Litoral Norte-
Nordestino. Estes territrios compreendem o essencial para a construo da
concepo estratgica defendida e devem habilitar um dilogo com as escalas
regionais de referncia que organizam os investimentos sugeridos no Estudo.

Cartograma 6: Territrios da estratgia


Venezuela
Guiana
Guiana Francesa
Colmbia Suriname

Boa Vista

Macap
Equador Belm
Sao Lus
Manaus
3B Fortaleza

1 Teresina Natal
2B1 Joo Pessoa
Recife
Peru Rio Branco Porto Velho Macei
Palmas
2B2 Aracaju

Salvador

Bolvia Cuiab
Goinia Brasilia
2A
Campo Grande Belo Horizonte
3A Vitria
Paraguai Rio de Janeiro
So Paulo
Curitiba
Chile
Florianpolis

Porto Alegre

Argentina Uruguai

54
Volume II - Viso Estratgica Nacional

No meio da zona central da configurao atual do territrio nacional,


prevalece uma vasta rea cuja ocupao foi se intensificando nos ltimos anos,
impulsionada pelo avano da agroindstria capitalista e pelo mais importante
movimento concreto da poltica de desenvolvimento regional brasileira, que
foi a instalao da nova capital do pas, Braslia, com sua conexo com a
vizinha Goinia e seus eixos de acesso ao Centro-Sul, em direo ao Tringulo
Mineiro e So Paulo e a Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

Cartograma 7: Grau de urbanizao

Boa Vista

Macap

Belm
So Luis
Manaus Fortaleza

Teresina Natal
Joo Pessoa
Recife
Porto Velho Macei
Rio Branco Palmas Aracaj

Salvador

Braslia
Cuiab
Goinia

Belo Horizonte Vitria


Campo Grande

Rio de Janeiro Brasil


So Paulo Microrregies Geogrficas
grau de urbanizao (%)
Curitiba
20.71 - 38.78
Florianpolis
38.79 - 53.77
53.78 - 67.56
Porto Alegre 67.57 - 82.52

82.53 - 95.80
95.81 - 100.00
Rodovias

Fonte: IBGE - Censo Demogrfico 2000 (originalmente produzido pelo Ministrio da Integrao Nacional para a PNDR)

Alguns outros indicadores concorrem tambm para dar suporte s linhas que
ordenam esses seis grandes compartimentos territoriais. A extensa diagonal

55
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

que atravessa todo o territrio, desde Porto Velho at o litoral capixaba, logo
acima de Vitria, marcando a desigualdade social em termos econmicos e de
acesso s redes de circulao, informao, proviso de servios pblicos etc.,
divide tanto o anel litorneo quanto o central.

As condies da logstica, a partir das dotaes relativas de infra-estrutura


econmica, bem como a estrutura urbana, com seu papel na proviso de servios
pblicos essenciais, representam os elementos de diviso mais importantes.
No caso do litoral brasileiro de Belm a Rio Grande, o corte acima de Vitria
Territrio 3B - reconhece a existncia de uma maior debilidade de recursos
logsticos no Nordeste e no Norte do pas - um desafio da agenda futura de
desenvolvimento. No caso da zona central do Brasil, a diagonal nos lembra
os diferentes padres de urbanizao entre aqueles dois grandes territrios,
ainda que os recursos logsticos associados a eles apresentem deficincias
semelhantes. No Territrio 2A, o padro de urbanizao existente se aproxima
do vigente no litoral desenvolvido, representado pelo Territrio 3A.

Cada uma dessas reas merece anlise objetiva em separado em qualquer


estratgia de desenvolvimento que se pretenda organizar para o Brasil.

Pensar o futuro da configurao territorial brasileira pensar como se pode


transformar a realidade do pas em busca de uma trilha de superao de ao menos
algumas dessas grandes marcas de diviso do territrio nacional. Em outras
palavras, requer imaginar quais so os vetores estratgicos de desenvolvimento que
permitem gerar impulsos dinmicos de desenvolvimento para as diversas regies
de referncia e sub-regies delimitadas, de forma a possibilitar uma convergncia
dos nveis de renda per capita e de qualidade de vida da populao.

4.2.2 RELAO ENTRE OS TERRITRIOS DA ESTRATGIA E AS


REGIES DE REFERNCIA
A literatura cientfica sobre planejamento aceita que a regio, a escala territorial
convencionalmente entendida como intermediria entre o nacional e o local,
um meio indispensvel para explicar os padres espaciais produzidos por
processos econmicos e sociais e para planejar atividades que visam intervir
nesses padres. E tal atributo no desaparece com a formao de novas escalas
supranacionais e sub-regionais. Pelo contrrio, na Unio Europia afirma-se
o poder da regio como escala territorial privilegiada para valorizao das

56
Volume II - Viso Estratgica Nacional

trocas e da coeso social, evitando a formao do arquiplago econmico que


tende a se construir nas grandes cidades mundiais.

O poder da regio no provm apenas de vantagens econmicas de escala,


mas tambm de sua dimenso sociopoltica e cultural. A regio resultado da
prtica dos detentores do poder e da prtica social coletiva que demarca um
territrio. Corresponde a um nvel de agregao das coletividades locais e seus
territrios no interior do Estado-Nao, que tem em comum as diferenas
de base econmica, poltica e cultural em relao s demais, capazes de gerar
uma identidade prpria da populao, que se manifesta numa finalidade social
e poltica prpria e em modos especficos de relacionamento com o poder
hegemnico (Becker, 1986). Em outras palavras, um territrio de coeso
funcional e poltico-simblico, cujo comando centrado numa cidade.

Como fruto de relaes sociais, as regies no so estticas, estando em


contnua reestruturao, seja a partir das prticas sociais, seja induzida por
uma ao deliberada governamental quando oportuna a sua formao.
Neste ltimo caso, trata-se de um processo de regionalizao.

No que interessa Viso Estratgica Nacional, a revalorizao da regio em


vrias escalas d-se pela dinmica da globalizao, pela dinmica nacional, pelo
significado histrico-cultural que representa num pas de extenso continental
e, sobretudo, pela forte e persistente desigualdade socioeconmica existente.
A tradio regional nas polticas pblicas no Brasil atesta essa importncia.

A construo de uma viso estratgica da dimenso territorial do


desenvolvimento brasileiro demanda um olhar sobre o conjunto de todo o
territrio nacional e tambm de suas relaes com o continente sul-americano
e o resto do mundo. Mas, para estabelecer prioridades concretas de ao,
necessrio responder questo sobre que lugares - e tambm como e com
que ritmo - devem receber os esforos visando ao desenvolvimento nacional.
Em outras palavras, uma concepo estratgica para o desenvolvimento
territorial requer que se identifiquem os elementos essenciais de distino
e articulao do territrio no horizonte de planejamento considerado (entre
2007 e 2027), incluindo a definio de unidades territoriais de referncia para
as aes, a almejada organizao territorial a ser construda e, por fim, as
provveis trajetrias de evoluo dos diversos compartimentos territoriais.

57
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

As grandes linhas mestras da configurao territorial do pas devem


naturalmente conversar com a nova regionalizao que se prope para o
planejamento territorial brasileiro,17 fortalecendo as respostas multiescalares
para as orientaes estratgicas estabelecidas no Estudo.

Para efeito da construo da viso estratgica, o conjunto de regies de


referncia, nos mbitos macro e sub-regional, pode ser integrado a um
marco conceitual mais largo, como o analisado no item anterior, que reala
apenas os traos fundamentais da organizao territorial do pas. Esse marco
abrangente, verdadeiro esboo da resultante de foras que impulsionam os
processos de conformao do territrio, fornece base para uma estratgia
de desenvolvimento, devendo ser redutvel aos referenciais espaciais que
organizaro os investimentos propostos.

A viso estratgica nacional ancorada no territrio, que parte dos seis


territrios propostos no item anterior, denominados Territrios da Estratgia,
compatvel com as escalas das regies de referncia do Estudo, em especial
com a sub-regional (118 sub-regies), e destas com a macrorregional (11
macrorregies).

Os seis territrios, que no so regies em si, guardam relao com a


compreenso dos traos de homogeneidade/heterogeneidade que organizam
o mapa brasileiro. As 11 macrorregies e as 118 sub-regies dizem respeito
a uma outra tradio terica, fundada na polarizao urbana, crucial para
discutir o comando efetivo sobre o territrio. O cruzamento dessas duas
tradies ajuda a desvendar nexos fundamentais do territrio em direo
construo de estratgias de desenvolvimento.

Os seis grandes territrios articulam-se s sub-regies construdas no Mdulo


3 Regies de Referncia na forma do Cartograma 8, apresentado a seguir.
Cada uma das sub-regies delimitadas integra-se a cada um dos seis territrios
estratgicos de maneira unvoca. Assim, cada territrio da estratgia pode ser
lido como um conjunto de sub-regies, cada qual podendo organizar agendas
concretas de ao compatveis com os objetivos maiores do Estudo.

17 Vide concepo regional do Mdulo 3 Regies de Referncia.

58
Volume II - Viso Estratgica Nacional

Cartograma 8: Relao entre os territrios da estratgia


e as sub-regies

Boa Vista

Macap

Belm
So Luis
Manaus Fortaleza

Teresina Natal

Joo Pessoa
Recife

Porto Velho Macei


Rio Branco Palmas Aracaj

Salvador

Braslia
Cuiab
Goinia

Belo Horizonte Vitria


Campo Grande

Territrios
Rio de Janeiro
So Paulo Bioma Amaznico
Centro-Oeste
Curitiba
Centro-Norte
Semi-rido
Florianpolis
Litoral Sul-Sudeste
Litoral Norte-Nordeste
Porto Alegre

Os diferentes aspectos metodolgicos que organizam os seis territrios vis-


-vis as onze regies de referncia escala macro justificam uma mediao
necessria da escala sub-regional, que constitui passagem obrigatria para que
um dilogo se estabelea entre ambas.

59
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Conforme demonstra o Cartograma 9, o peso das cidades e da centralidade


espacial clssica como organizadora do territrio, elemento principal na
constituio das regies de referncia escala macro, contrastado com a
ao das foras destrutivas da globalizao sobre a organizao territorial,
que prevaleceram nos ltimos anos e foram consideradas com maior nfase
na conformao dos seis territrios da estratgia. Assim, a viso que organiza
esses seis territrios no guarda uma correlao unvoca e direta com a que
organizou a escala macro.

Cartograma 9: Relao entre os territrios da estratgia e as macrorregies

Boa Vista

Macap

Belm
So Luis
Manaus Fortaleza

Teresina Natal

Joo Pessoa
Recife
Porto Velho Macei
Rio Branco Palmas Aracaj

Salvador

Braslia
Cuiab
Goinia

Belo Horizonte Vitria


Campo Grande

Rio de Janeiro
So Paulo
Curitiba Territrios
Bioma Amaznico
Florianpolis Centro-Oeste
Centro-Norte
Semi-rido
Porto Alegre
Litoral Sul-Sudeste
Litoral Norte-Nordeste

Como conseqncia, a escala sub-regional constitui caminho obrigatrio de


traduo de toda a orientao estratgica com as demais escalas de referncia

60
Volume II - Viso Estratgica Nacional

do Estudo, emprestando um sentido de baixo para cima montagem da


concepo do territrio, que aproxima as agendas de investimentos das foras
sociais relevantes em mbito local e regional.

Na escala sub-regional, os 118 centros polarizadores, com suas reas de


influncia, ganham maior relevncia e autonomia metodolgica, facilitando a
aproximao aos nexos estratgicos mais gerais de interpretao do territrio.
De qualquer forma, reforar os nexos da hierarquia urbana interna em seu
papel de organizadora do territrio objetivo declarado do Estudo, que
caminha na direo de ampliar a unidade e coeso social e territorial do pas.

Os seis grandes territrios compreendem marcos estratgicos que se articulam


com a organizao espacial vigente e subsistem em meio a essas polaridades mais
antigas. Esses territrios orientam a formao de novas centralidades, com o
reconhecimento de suas agendas especficas. A intencionalidade na constituio
de novos plos faz parte da estratgia geral para construo de um novo Brasil do
futuro, que busque subverter a concentrao urbana litornea predominante.

4.3 VISES CONTEMPORNEAS DE FUTURO


O fim do sculo XX combinou uma srie de acontecimentos de natureza
econmica, poltica, social e tecnolgica, que transformaram o modo de viver
do homem. Pode-se falar em uma nova era de desenvolvimento, impulsionada,
sobretudo, pelo conhecimento. Tais acontecimentos contriburam para a
instalao de um ambiente em que situaes caticas e mudanas bruscas
tornaram-se habituais. O nmero crescente de escolhas possveis aumentou o
nvel de complexidade da tomada de deciso em um perodo de turbulncia em
que no h sinal de estabilidade no futuro, ou, segundo Nonaka & Takeuchi
(1995), a nica certeza a incerteza.

Uma revoluo tecnolgica com base na informao e no conhecimento


transformou o modo de pensar, de produzir, de consumir, de negociar, de
administrar, de comunicar, de viver, de morrer e de fazer guerra. Constituiu-
se, a partir de ento, uma economia global dinmica no planeta, ligando
pessoas e atividades importantes de todo o mundo.

Estudiosos de futuro so unnimes em alertar que, nesse mundo de


constantes transformaes com potencial de acelerao nos prximos anos,
h uma necessidade premente de aprendizado e de adaptao. Acredita-

61
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

se que haver um novo mundo tecnolgico e cognitivo para se viver nos


prximos 50 a 100 anos. Novas formas de comunicao e relacionamento
individual e coletivo, novos desafios de aprendizado por conta das grandes
quantidades de informaes disponveis para os cidados, novos tratamentos
mdicos, novos avanos na fronteira do conhecimento, com nveis crescentes
e elevados de convergncia entre as reas de conhecimento, e at mesmo as
pequenas mudanas na vida cotidiana, vo transformar o modo como se vive
e como se trabalha.

A globalizao atua de forma seletiva, incluindo e excluindo segmentos


de economias e sociedades das redes de informao, riqueza e poder que
caracterizam o novo sistema dominante. A individualizao do trabalho deixa
os trabalhadores merc da prpria sorte, tendo de negociar seu destino em
vista de foras de mercado e mudana constante. (Castells, 1999).

Aumentam os desafios soberania dos Estados-Nao como lcus de


hegemonia, frente, tanto a presses para sua minimalizao, quanto quelas
para a descentralizao e para a maior projeo de novos atores no cenrio
mundial blocos regionais, organismos multilaterais e, particularmente, os
grandes grupos financeiros e multinacionais. Observa-se a implementao de
uma ampla gama de instrumentos cada vez mais complexos (e muitas vezes
ainda invisveis) como forma de contrabalanar os efeitos do grau elevado de
exposio das economias ao novo ambiente (Cassiolato, 1996).

Nesse contexto, o papel dominante do Estado de agente coordenador,


indicativo, no sentido de orientar e articular agentes, sendo a sociedade
de determinado territrio co-responsvel e comprometida com o
processo de desenvolvimento.

Para o Brasil, o grande desafio para a construo do futuro a apropriao


da integrao e a coeso do pas em diversas dimenses, articulando
mecanismos que possam, recorrentemente, ativar a variedade e a criatividade
brasileiras, valorizando a diversidade territorial nacional e as potencialidades
da expanso interiorizada.

Buscando entender as foras que orientam o futuro, estudos prospectivos vm


sendo crescentemente utilizados por empresas e governos, visando promover
transformaes, dar foco s mudanas, aproveitar oportunidades e preparar-

62
Volume II - Viso Estratgica Nacional

se para enfrentar ameaas. Na construo da Viso Estratgica Nacional,


estudos prospectivos realizados por instituies nacionais e internacionais
foram avaliados de forma a agregar informaes sobre diferentes vises do
futuro que auxiliassem na concepo de futuros possveis para o Brasil. Os
resultados resumidos desses estudos so apresentados a seguir.

4.3.1 EXERCCIOS PROSPECTIVOS INTERNACIONAIS


Muito pode acontecer em 20 anos, horizonte temporal definido para o Estudo
da Dimenso Territorial para o Planejamento. No incio da dcada de 1990,
a China era uma economia comunista centralizada e a Unio Sovitica ainda
existia. Poucas pessoas haviam ouvido falar na Internet e o e-mail ainda estava
longe das atividades cotidianas.

Os prximos 20 anos traro mudanas profundas para o mundo. Dentre os


principais elementos do presente que contribuem para conformar o nosso
futuro destacam-se:

O processo de globalizao, gerador de uma forte interdependncia


das economias mundiais;
O avano acelerado do desenvolvimento tecnolgico, criando reas
de convergncia, particularmente novas aplicaes das biotecnologias,
das tecnologias da informao e comunicao e das nanotecnologias;
A excluso social, criando tenses constantes mesmo em pases
desenvolvidos;
A entrada de novos atores nos mercados tradicionais, China em
particular;
Mudanas significativas nas necessidades, expectativas e desejos
dos consumidores (preocupao ecolgica, conscincia do seu
papel como consumidor, consolidao dos valores democrticos na
sociedade);
Uma nova governana com poder crescente dos atores no-
governamentais, em especial o papel desempenhado pelas
organizaes da sociedade civil em mbito local, regional e
mundial;
Os movimentos migratrios, criando novos fluxos em todos os nveis;
A escalada do terrorismo internacional e mudana no paradigma
conceitual de segurana nacional.

63
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Somam-se aos pontos acima, os contedos dos relatrios do Painel


Intergovernamental em Mudanas do Clima (IPCC)18, sobre as mudanas
climticas globais, que criam uma nova tenso relacionada ao futuro da
humanidade e a real possibilidade de reverter os processos em andamento.

Segundo Habermas (1999), o sistema econmico internacional, no qual


os Estados definem as fronteiras entre a economia interna e as relaes de
comrcio exterior, se transforma, no mbito da globalizao dos mercados, em
uma economia transnacional. Nesse contexto, importante perceber que a
economia mundial um organismo nico e que nenhum Estado, independente
de seu sistema social ou situao econmica, pode se desenvolver de forma
alheia a essa realidade. (Gorbachev, 1988)19. A perda da autonomia significa,
entre outras coisas, que o Estado isolado no mais capaz, por suas prprias
foras, de defender seus cidados contra os efeitos externos de decises de
outros atores, nem contra os efeitos em cadeia de processos cuja origem se
situa fora de suas fronteiras.

Segundo Sachs (2007), o desafio que se coloca para o mundo atual


como aprender a viver em paz, de maneira sustentvel em um mundo
superpovoado. O planeta est explodindo em termos humanos, econmicos
e ecolgicos. Este , portanto, o grande desafio mundial: aprender a viver em
um mundo superpovoado e interconectado, o que resulta em uma presso
sem precedentes para a sociedade humana e o ambiente fsico.

Pode-se dizer que h trs desafios principais que se colocam para as sociedades
futuras. Tais desafios esto interconectados e amplificam ou provocam mudanas
abruptas, riscos e respostas no-lineares s ameaas que enfrentamos:

O primeiro desafio est relacionado ao que Crutzen (2007) chamou de


cena antropolgica ou antropocena (do ingls anthroposcene).
Pela primeira vez na histria, os sistemas fsicos do planeta (fluxos
qumicos, clima, habitats, biodiversidade, processos evolutivos) esto
fortemente ligados s aes humanas que hoje determinam grande
parte dos processos ecolgicos, qumicos e biofsicos da Terra, tais
como o ciclo hidrolgico, o ciclo de carbono, o ciclo de nitrognio,

18 IPCC, sigla em ingls para Intergovernmental Panel on Climate Change.


19 Discurso s Naes Unidas em 1988, reimpresso em um suplemento especial da publicao Soviet Life (Vida Sovitica),
fevereiro de 1989. Apud Castells, 1999.

64
Volume II - Viso Estratgica Nacional

a localizao e extino de espcies e os habitats fsicos bsicos.


Nunca na histria da humanidade o controle desses processos
fundamentais foi to influenciado pela atividade humana.
O segundo desafio comum geopoltico e Sachs (2007) o chama
de Era da Convergncia. Representa a noo de que o mundo
est mais conectado do que nunca, onde o desenvolvimento
econmico, pelo menos nos ltimos duzentos e cinqenta anos,
foi impulsionado pelo avano tecnolgico em reas que agora
se disseminam rapidamente, abrindo perspectivas de reduzir as
diferenas econmicas existentes entre pases ricos e pobres. Um dos
resultados que, possivelmente, haver uma mudana fundamental
de poder econmico e, importante no esquecer, o poder poltico
caminha junto a ele. China, ndia e outras economias emergentes
esto aumentando sua influncia e seu peso econmico no mundo
pela sua capacidade de se beneficiar da tecnologia, mola propulsora
do desenvolvimento econmico.
O terceiro desafio representado pelos elos mais fracos. Num mundo
interconectado, todos os pases so afetados pelo que acontece em
outras regies do planeta e muitas vezes de forma surpreendente. Isso
cria grandes necessidades e responsabilidades bsicas, para a prpria
sobrevivncia da humanidade, de atender os elos mais fracos, localizados
em partes do mundo onde as pessoas morrem porque so to pobres
que no conseguem, sequer, se manter vivas. Mais ainda, aqueles
lugares onde, em virtude da situao geogrfica, clima, ocorrncia de
epidemias, entre outras constataes, h grandes desafios para alcanar
um bom nvel de desenvolvimento e de qualidade de vida.

Vale destacar novamente o pensamento de Wright e Spers (2006), em que:

Pensar o futuro de uma nao , portanto, um projeto complexo e desafiador.


No aceitar esse desafio condenar o pas a vagar pelo tempo, sem rumo definido
e sem saber se estamos realmente realizando progresso em direo a um futuro
desejado. Num pas de recursos escassos, escolher uma boa rota, aproveitar
oportunidades e precaver-se de escolhas erradas essencial20.

As observaes acima evidenciam que as mudanas previstas no contexto


internacional afetam, profundamente, o futuro do Brasil. Analisar estudos

20 Grifo dos autores deste documento.

65
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

prospectivos para identificar cenrios internacionais no visa, pura e simplesmente,


estabelecer as condies para fortalecer a competitividade nacional. Tal anlise
faz-se necessria para que se tenha uma viso de como outros pases esto
enfrentando os seus futuros possveis, como colocam o futuro do Brasil e
da Amrica do Sul em perspectiva e, mais importante, como os seus planos
nacionais podem afetar a sociedade mundial e, em particular, a brasileira.

Em sntese, importante saber como o Brasil se posiciona em cenrios


internacionais e, a partir de ento, recolher os ensinamentos necessrios para a
tomada de deciso que oriente o desenvolvimento nacional em termos sociais,
econmicos, ambientais, culturais, tecnolgicos, considerando as foras externas
que podem interferir de forma positiva ou negativa em nossos resultados.

Apresentam-se, a seguir, os principais aspectos de estudos realizados por


instituies nacionais e internacionais que analisam a situao atual e apresentam
algumas perspectivas de futuro. Evidentemente, cada estudo tem um vis,
decorrente de quem o elaborou ou da finalidade qual se destina, e deve ser
avaliado no contexto em que foi feito. Nesse sentido, buscou-se identificar,
sobretudo, os imperativos globais21 que sero considerados na construo da
viso estratgica nacional.

Como Ser o Mundo em 2020 (Mapping the Global Future)


O documento Mapping the Global Future Report of the National Intelligence
Councils 2020 Project (NIC, 2004) o terceiro documento, disponvel para
consulta, preparado pelo Conselho Nacional de Inteligncia, dos Estados
Unidos, que busca uma viso de longo prazo do futuro. Os relatrios
anteriores Global Trends 2010 e Global Trends 2015 identificaram sete foras
propulsoras das mudanas globais: demografia; recursos naturais e meio
ambiente; cincia e tecnologia; economia global e globalizao; governana
nacional e internacional; conflitos futuros; e o papel dos Estados Unidos.

Esses estudos mostram como tendncias chave globais podero se comportar


nos prximos quinze anos, de forma a influenciar os eventos mundiais.
Consciente de que h muitos futuros possveis, o terceiro relatrio americano
apresenta quatro diferentes cenrios para 2020, contemplando possibilidades
e descontinuidades potenciais distintas e buscando uma viso aberta dos
desenvolvimentos possveis.

21 So questes relacionadas com o planejamento nacional sobre as quais se tem pouco ou nenhum controle, ou
ingerncia, e que restringem as possibilidades de modelar o futuro.

66
Volume II - Viso Estratgica Nacional

Refletem uma viso da inteligncia americana sobre o mundo e, evidentemente,


so focados naqueles pontos relacionados s preocupaes maiores daquele
pas, quais sejam, a manuteno de sua hegemonia global e a segurana
nacional. Embora essas sejam as preocupaes dominantes, o estudo apresenta
uma viso relacionada s questes geopolticas que delinearo o mundo nos
prximos 15 anos.

Quadro 2: Certezas relativas e principais incertezas em 2020 - NIC

Certezas relativas Principais incertezas


A globalizao tende a se tornar menos ocidentalizada. A globalizao introduzir economias atrasadas no cenrio mundial;
pases asiticos estabelecero novas regras para o jogo.
A economia mundial ser substancialmente maior. A distncia entre ricos e pobres aumentar por conta da fragilidade de
certas democracias ou em conseqncia das crises financeiras.
O crescente nmero de empresas globais facilita a disseminao de A facilidade de conectividade desafia os governos.
novas tecnologias.
A emergncia da sia e o surgimento de novos pesos mdios A emergncia da China/ndia ocorrer suavemente.
econmicos.
O aumento do nmero de idosos nas potncias mundiais. A capacidade da Unio Europia e do Japo para acomodar mo-de-obra
estrangeira, adaptar sistemas de previdncia social e integrar imigrantes;
a EU se tornar uma superpotncia.
Suprimento de energia suficiente para atender demanda global. Instabilidade poltica nos pases produtores de petrleo; crise no
suprimento mundial.
Poder crescente de atores no-governamentais (ONGs). Desejo e capacidade das naes para acomodar esses atores.
O Isl poltico continuar a ser uma fora poderosa. Impacto da religio sobre a estabilidade dos pases, aumentando o
potencial para o conflito; crescimento da ideologia do Jihad.
Armas de destruio em massa mais Oriente Mdio, sia e frica. No se sabe se haver mais ou menos potncias nucleares; mais
facilidade para os terroristas conseguirem armas biolgicas, qumicas,
radiolgicas ou nucleares.
Arco de instabilidade espalha-se no Oriente Mdio, sia e frica. Essa instabilidade precipitar eventos que levaro queda de diversos
regimes.
No provvel que algum conflito deflagre uma guerra mundial. Capacidade de administrar zonas de conflito e competio por causa de
recursos.
Temas ambientais e ticos sero cada vez mais debatidos. Novas tecnologias criam ou resolvem novos problemas ticos.
Os EUA continuam a ser o mais poderoso ator nos setores econmico, Outros pases desafiaro Washington mais abertamente, caso os EUA
tecnolgico e militar. percam a posio de lder cientifico e tecnolgico.

Vises de futuro relacionadas demografia, aos recursos naturais e ao meio


ambiente, cincia e tecnologia, economia global e governana so destacadas
e consolidam vises de outros estudos sobre o futuro feitos por diferentes
instituies internacionais e opinies de especialistas no-governamentais de
todo o mundo.

67
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

O Quadro 2 acima consolida alguns dos principais resultados e apresenta um


conjunto de certezas relativas e as principais incertezas crticas, identificadas
pelo estudo do Conselho Nacional de Inteligncia americano.

Dimenso Global 2022 (Brasil 3 Tempos)


No contexto do Projeto Brasil 3 Tempos22, coordenado pelo Ncleo de
Assuntos Estratgicos (NAE) da Presidncia da Repblica e conduzido com
apoio do CGEE, o Instituto de Estudos Avanados (IEA) da Universidade
de So Paulo realizou um estudo de elaborao de cenrios para o Brasil,
no horizonte de 2022, com foco na dimenso global. Essa parte do BR3T
representa uma viso brasileira das questes internacionais23.
Ao delimitar a dimenso global24, o Projeto Brasil 3 Tempos menciona seis
temas: soberania nacional, insero internacional, multilateralismo, processos
decisrios mundiais, alianas estratgicas e ONU.
A primeira delas diz respeito trajetria dos Estados Unidos, que tem hoje
uma proeminncia indiscutvel no sistema internacional. Apesar de seu
tamanho e de seu dinamismo, a economia americana padece de problemas
conhecidos que podem compromet-la a mdio ou longo prazo: o baixo nvel
de poupana e o grau muito elevado de endividamento (pblico e privado).
At o momento, o financiamento dos crescentes dficits, interno e externo,
tem sido feito sem maior dificuldade, dada a disposio de investidores de
todo o mundo de aplicarem seus ativos em ttulos denominados em dlares.
O que ocorrer, entretanto, se a confiana na solidez da economia americana
e em sua capacidade de pagamento for, por algum motivo, abalada?

A hiptese anunciada de uma crise financeira nos Estados Unidos no pode


ser descartada e, se ocorrer, ter impacto em todo o mundo. A superioridade
militar dos Estados Unidos parece ser o elemento mais consistente de sua
condio presente de superpotncia. Com pleno domnio areo e martimo,
e com as armas eletronicamente guiadas de que dispem, os Estados Unidos
detm os meios para, em princpio, vencer qualquer conflito convencional
em que possam estar envolvidos. O problema que o desafio militar que
enfrentam de outra natureza e, para fazer face a ele, preciso ocupar o

22 CADERNOS NAE. Projeto Brasil em 3 Tempos. Braslia: Ncleo de Assuntos Estratgicos da Presidncia da
Repblica, Secretaria de Comunicao de Governo e Gesto Estratgica, 2004. 120 p.
23 Os trechos compilados foram divulgados em trabalho publicado na revista Estudo Avanados (Caderno NAE,
2004), no qual os coordenadores do estudo sobre a dimenso global do projeto BR3T - Sebastio Cruz e Ricardo Sennes
- indicam algumas das linhas de fora que devero estabelecer o elo entre o sistema internacional presente e o que haver
no futuro, em um horizonte de vinte anos.
24 O termo global muito amplo. Globais so todos os processos, econmicos, sociais, polticos e culturais - alm
daqueles que emergem na relao do homem com a natureza - que transcendem o territrio de um ou de alguns
Estados.

68
Volume II - Viso Estratgica Nacional

terreno e incorrer em um nmero de baixas que a sociedade americana tem,


cada vez mais, imensa dificuldade em aceitar.

O segundo vetor de mudanas, destacado por Cruz (2006), consiste no


processo de construo da Unio Europia. O ceticismo quanto a esse
projeto grande em muitos setores, no entanto, olhado em perspectiva, de
1952 quando foi criada a Comunidade do Carvo e do Ao aos dias de
hoje, o acervo acumulado pela Europa respeitvel.

Na produo de uma identidade europia, a implantao da poltica externa


e de segurana comum decisiva, mas integrar as perspectivas de pases de
tradies e vnculos externos to distintos quanto a Inglaterra, a Frana e a
Alemanha, de cuja confluncia depende em grande medida o futuro daquele
projeto, tarefa bastante problemtica. No entanto, alguns fatores contribuem
para a sua materializao. Um deles a integrao, j em estgio avanado, da
indstria blica; o outro a problemtica de segurana, a qual para a Europa
que tem uma expressiva populao de imigrantes e faz fronteira com muitas
das regies mais conturbadas do planeta configura-se em termos muito
distintos do que para os Estados Unidos.

A terceira fora a considerar a ascenso da China no cenrio econmico


mundial. A pergunta que se coloca : pode-se esperar que aquele pas
mantenha taxas de crescimento prximas das que vem experimentando nos
ltimos anos? Muitos analistas afirmam que no e apontam uma srie de
distores situao pr-falimentar de milhares de empresas; fragilidade
do sistema bancrio chins; quantidade de crditos irrecuperveis; questes
ambientais; qualidade dos produtos, entre outros que a condenariam a se
debater em grave crise financeira no curto prazo. Mesmo que tenham razo,
como reagiria a China a uma crise dessa natureza? Com que prontido
conseguiria super-la?

H ainda outros temas relevantes como a recuperao econmica e os


conflitos tnicos na Rssia; o desenrolar da crise no Oriente Mdio com
nfase na guerra no Iraque, na desestabilizao de regimes tradicionais da
regio e na crise j avanada em torno do programa nuclear iraniano , e a
lenta, mas aparentemente segura, elevao da ndia condio de grande
potncia, entre outros.

69
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Outra grande preocupao para os prximos 20 anos se o sistema internacional


manter a configurao unipolar que apresenta hoje ou se deslocar em direo
a uma estrutura multipolar, considerando as mudanas acima mencionadas.

O estudo realizado no Projeto BR3T Dimenso Global identificou,


mediante consulta Delphi25, 20 eventos que foram considerados na verificao
da probabilidade de acontecimento nos horizontes temporais de 2007, 2015
e 2022. So relacionados, a seguir, aqueles que devem compor o cenrio
mais provvel para 2022 (com 60% ou mais de probabilidade de ocorrncia),
segundo os respondentes da pesquisa eletrnica realizada pelo NAE com o
apoio do CGEE:

Aumento da importncia global na utilizao de fontes renovveis


de energia;
Consolidao da liderana do Brasil no espao sul-americano, com
o aumento das obrigaes econmicas, polticas e de segurana da
decorrentes;
Aumento do poderio econmico e militar da China e afirmao da
identidade poltica europia, que reduzem a primazia dos EUA na
economia e na poltica mundial;
O Brasil passa a ter assento e relevo em foros importantes, apesar de
suas deficincias econmicas relativas;
Forte crescimento das exportaes agropecurias brasileiras, a
despeito de presses contrrias a pretexto de defesa do meio
ambiente, leis de patentes e normas trabalhistas;
A Rssia integra-se economia europia em termos comerciais e de
infra-estrutura.

BRICs - O caminho para 2050 (Dreaming with Brics)


O estudo Dreaming with BRICs: The Path to 2050, elaborado pelo Goldman
Sachs, um dos mais prestigiosos bancos de investimento internacionais, parte
do princpio de que a economia mundial passar por mudanas profundas ao
longo dos prximos 50 anos. O objetivo do estudo dar subsdios para os
investidores, com uma perspectiva de longo prazo, focando em aspectos chave

25 O mtodo Delphi explora a experincia coletiva dos membros de um grupo em um processo interativo, em que se
busca a efetiva utilizao do julgamento intuitivo, com base nas opinies de especialistas e de pessoas que tenham interesse
pelo tema estudado. A consulta repetida algumas vezes at se alcanar o consenso e reduo do vis individual, de
idiossincrasias e de respostas que evidenciem ignorncia sobre o assunto abordado. O dissenso muitas vezes acatado por
representar opinio privilegiada.

70
Volume II - Viso Estratgica Nacional

do desenvolvimento e globalizao que envolvem a participao dos pases em


desenvolvimento como elementos de transformao do cenrio global.

Um ponto fundamental do trabalho desenvolvido pelo Goldman Sachs


refere-se ao crescimento gerado pelos grandes pases em desenvolvimento,
particularmente Brasil, Rssia, ndia e China (BRICs), e que devero se
tornar potncias na economia mundial numa dimenso muito maior do que
os investidores esperariam.

O estudo contm vises de futuro baseadas em anlises do comportamento


da economia mundial e apresenta informaes bastante relevantes quando se
olha o futuro de uma perspectiva econmico-financeira.

O estudo, ainda que focado nos aspectos econmico-financeiros, falho ao


no considerar com maior nfase os aspectos sociais e ambientais que esto
e estaro na ordem do dia das discusses internacionais, particularmente no
que se refere s questes que envolvem as mudanas do clima, que afetam,
indistintamente, todos os pases, desenvolvidos ou no.

De acordo com esse estudo, o Brasil o nico pas, dentre os BRICs, cuja
experincia de crescimento recente tem sido significativamente menor do que
as taxas projetadas. Nos ltimos 50 anos, a taxa mdia de crescimento do
PIB brasileiro chegou a 5,3%, mas vem caindo, particularmente ao longo da
ltima dcada, quando a taxa mdia de crescimento foi de 2,9%. A excessiva
dependncia do financiamento externo e o endividamento pblico durante
a crise do petrleo e durante o Plano Real tornaram o esforo de ajuste
particularmente difcil. Isso explica, em parte, a forte queda nas taxas de
crescimento. O processo de ajuste tambm causou reduo nos investimentos,
o que contribuiu para a depreciao do capital, com importantes conseqncias
para a produtividade.

Integrao Sul-Americana
As vises de futuro quanto a Amrica do Sul foram obtidas, principalmente,
a partir dos estudos realizados pelo National Intelligence Council (NIC) e
pela Iniciativa para a Integrao da Infra-estrutura Regional Sul-Americana
(IIRSA), alm de outros estudos prospectivos realizados por instituies
latino-americanas.

71
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Em primeiro lugar, importante destacar que, segundo Couto (2006), a


Amrica do Sul um conceito ainda fluido. A regio, para alm dos seus
contornos geofsicos, ainda est em construo. A proximidade geogrfica
no resultou, ao longo da histria, em uma articulao robusta entre os pases
da regio. Certamente, o espao sul-americano est mais articulado no incio
do sculo XXI do que estava h cem anos. No entanto, a dinmica dos fluxos
intra-regionais ainda no apresenta um comportamento que permita aferir
que tenha alcanado o nvel que suas potencialidades sugeririam.

A Amrica do Sul tambm no uma regio homognea. Os desequilbrios e


desigualdades observados no interior de seus pases extrapolam para o nvel
intra-regional. H uma geografia diferenciada das desigualdades, o que leva a
interpretar o desequilbrio como estrutural no continente sul-americano. Isso
torna a definio de objetivos comuns para a regio um exerccio bastante
complexo. Tamanha heterogeneidade dificulta a afirmao de uma identidade
regional prpria.

Nesse contexto, importante ter em mente o papel dos Estados no esforo de


construo da regio, tanto na rea econmica, quanto nas reas social, cultural
e cientfico-tecnolgica. Os Estados devem reforar seu papel de organizadores
do territrio, atentando para a integrao aos fluxos regionais e globais, que
condicionam a insero das sociedades na economia globalizada.

O trabalho desenvolvido pelo NIC (2004) apresenta algumas vises do


futuro da regio, no horizonte de 2020, e identifica um conjunto de fatores
de influncia e agentes propulsores de mudana, a evoluo da regio e o
seu significado. As concluses indicam que a regio no incio do sculo XXI
apresenta luzes e sombras. Houve avanos no que tange a democratizao,
algum desenvolvimento institucional e um amplo consenso sobre as virtudes
da estabilidade econmica. No entanto, os resultados sociais so poucos, o
crescimento econmico instvel, h uma perda de legitimidade dos atores
polticos e perda de importncia internacional. A ordem poltica das sociedades
latino-americanas encontra-se envolta em novas formas de crises.

Para 2020, o estudo do NIC indica que a herana do comeo do sculo se


far sentir: os latino-americanos sero mais maduros e precavidos quanto
importncia da democracia e das polticas macroeconmicas, porm lidaro
com problemas sociais, baixa institucionalizao e crises recorrentes de

72
Volume II - Viso Estratgica Nacional

governabilidade. Sero poucos os pases com oportunidade de convergir com


as oportunidades de desenvolvimento, o que far crescer a lacuna entre a
regio e os pases desenvolvidos. Os pases e regies que fracassarem em
encontrar um rumo de desenvolvimento econmico, poltico e social estaro
envolvidos em processos de crise e reverso.

Estas projees tornam ainda mais premente a implementao de um plano de


desenvolvimento integrado da Amrica do Sul que permita regio encontrar
um caminho prprio que traga maior equidade e competitividade aos pases
isoladamente e regio como um todo.

No que tange posio brasileira em relao integrao sul-americana, a


prpria Constituio brasileira estabelece que A Repblica Federativa do
Brasil buscar a integrao econmica, poltica, social e cultural dos povos
da Amrica Latina visando formao de uma comunidade latino-americana
de naes26.

O governo Lula tem reforado a idia de que a Amrica do Sul deve ser vista
como referncia regional da poltica externa brasileira. Em seu discurso de
posse, ao identificar a construo de uma Amrica do Sul politicamente
estvel, prspera e unida como prioridade da Poltica Externa, apontou a
revitalizao do Mercosul como um meio para esse processo, e no mais
um fim em si mesmo. Afirmou, ainda, que o Brasil apoiaria os arranjos
institucionais necessrios para que possa florescer uma verdadeira identidade
do Mercosul e da Amrica do Sul.

Segundo Costa (1999), nos prximos 20 anos, a Amrica do Sul necessitar


investir vrios bilhes de dlares na construo de ferrovias e rodovias, de
centrais hidreltricas, de obras hidrulicas e de infra-estrutura urbana, se quiser
escapar do crculo vicioso do subdesenvolvimento de que, ainda, vtima.

Estes grandes projetos devero concentrar-se em trs setores da infra-


estrutura econmica:

No transporte, incluindo transporte fluvial e martimo, portos, redes


ferrovirias, redes rodovirias, transporte areo, e a interconexo

26 Artigo quarto, pargrafo nico da Constituio da Repblica Federativa do Brasil (1988).

73
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

eficiente dessas redes com armazns e instalaes de carga e descarga


em geral;
Em obras hidrulicas, incluindo canais de irrigao, as centrais
hidreltricas, os canais navegveis e a distribuio de gua para o
consumo industrial e urbano;
Em sistemas de gerao e distribuio de energia eltrica.

A Iniciativa para a Integrao da Infra-estrutura Regional Sul-Americana


(IIRSA) foi criada em 2000 com o objetivo principal de desenvolver a
infra-estrutura regional num marco de competitividade e sustentabilidade
crescentes, de maneira a gerar as condies necessrias para assegurar regio
um padro de desenvolvimento estvel, eficiente e eqitativo, identificando
os requerimentos de tipo fsico, normativos e institucionais necessrios, e
procurando mecanismos de implementao que promovam a integrao
fsica em nvel continental.

O trabalho dos pases na IIRSA tem avanado na conformao de um


planejamento estratgico em processo de consolidao, que inclui a Viso
Estratgica Sul-Americana (VESA), as Vises de Negcios dos Eixos, a anlise
do portflio de projetos e os avanos nos Processos Setoriais de Integrao.

Em matria de processos setoriais, a Iniciativa desenvolveu estudos de


diagnstico de caracteres regionais e props alinhamentos de ao de curto,
mdio e longos prazos para os seguintes Processos Setoriais de Integrao:

Tecnologias de informao e comunicao;


Sistemas operativos de transporte areo;
Facilitao dos trnsitos de fronteira;
Sistemas operativos de transporte martimo;
Integrao energtica;
Sistemas operativos de transporte multimodal;
Instrumentos para o financiamento de projetos de integrao fsica
regional.

A Agenda de Implementao Consensuada 2005-2010 constituda por


um primeiro conjunto de 31 projetos de integrao acordados pelos pases a
partir dos resultados alcanados durante a fase de planejamento territorial e
de ordenamento da Carteira de Projetos IIRSA e que, por suas caractersticas,

74
Volume II - Viso Estratgica Nacional

tm um alto impacto na integrao fsica sul-americana (na sua maioria


projetos-ncora e associados).

Reflexes sobre os Estudos Prospectivos Internacionais


Da leitura de estudos internacionais recentes, mencionados nos itens acima,
sobre como poder ser o futuro em horizontes de 20 a 30 anos, alguns pontos
tornam-se claros:

A questo demogrfica: no h dvidas de que a populao mundial


aumentar, envelhecer e ser mais urbana, nos prximos anos. A
concentrao do crescimento da populao ocorrer nos pases com menor
nvel de desenvolvimento.

A globalizao: o processo de globalizao da economia tambm no


dever ser alterado. O que dever ocorrer uma mudana nos atores
que hoje ocupam a cena principal. As grandes economias emergentes,
particularmente China e ndia, devero ser as grandes foras propulsoras da
economia mundial, ameaaro a supremacia econmica dos Estados Unidos
e ultrapassaro a dos grandes pases europeus. O Brasil, dependendo de
como for a sua estratgia e seu desempenho nos prximos anos, poder ser
um grande ator nesse cenrio mundial, em nvel similar ao dos mencionados
pases asiticos.

Mudanas do clima, conservao e uso dos recursos hdricos e energia:


esses so temas interconectados e que estaro no centro das discusses ao
longo dos prximos anos, uma vez que influenciam, de maneira intensa, a vida
em todo o planeta. As mudanas no clima, s quais o uso dos combustveis
fsseis est relacionado, podero causar escassez de gua para consumo
humano, agrcola e industrial, o que poder aumentar a fome no mundo e um
sem nmero de outros efeitos em cadeia.

Cincia, Tecnologia e Inovao: o desenvolvimento cientfico e


tecnolgico dever ter um papel central nas mudanas que devero ocorrer no
cenrio global. A tecnologia de informao e comunicao, a biotecnologia,
a nanotecnologia, as cincias cognitivas e a convergncia entre elas tero
grande impacto na vida dos cidados e na competitividade dos pases. Entre
as mltiplas aplicaes, a curto e mdio prazo, da convergncia tecnolgica,
encontram-se aquelas direcionadas biomedicina e sade humana, e alguns

75
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

de seus produtos j esto sendo testados, ou mesmo usados, na atualidade


como, por exemplo: implantao de processadores miniaturizados para o
diagnstico precoce de doenas; tcnicas nanotecnolgicas para melhorar
a bioatividade e a biocompatibilidade dos implantes; biossensores e
biochips integrados em redes complexas de avaliao diagnstica; nova
engenharia tecidual a partir de arranjos celulares auto-organizveis ou
de materiais biomimticos; pele artificial e transporte de drogas em
nanoescala; agentes autnomos inteligentes para o reparo de partes do
corpo; aplicaes biomdicas da nanotecnologia como transplantes de
cclea e retinianos; estimulao - via computador - de reas do crebro para
recuperao de movimentos em animais paralisados e uso de clulas tronco
nanoencapsuladas em estruturas direcionveis para correo de distrbios
neurodegenerativos.

Governana: Cada vez mais os Estados sero questionados e instados a


ouvir a sociedade que, por sua vez e em funo da crescente conectividade,
ser mais participativa e atenta aos movimentos dos governos em temas que
a afetam.

Trabalho: O trabalho ser cada vez mais globalizado. O processo de


terceirizao que atingiu, numa primeira etapa, funes que exigiam menor
qualificao devero passar a abranger tcnicos qualificados.

Ao lado dessas certezas relativas, algumas incertezas crticas se destacam:

O comportamento da economia americana pode colocar em


risco a estabilidade econmica mundial, pois o seu alto nvel
de endividamento interno, a relativa desvalorizao da moeda e
excessiva concentrao de riqueza podem conduzir o pas a um
quadro de depresso.
Poder haver descontinuidade no crescimento econmico da China,
por questes econmicas, polticas, ambientais ou sociais, o que
afetar a economia em escala.
Turbulncias polticas internacionais, relacionadas, sobretudo,
expanso da cultura fundamentalista islmica, e seus reflexos nas
sociedades asiticas e europias.
A situao da Unio Europia que necessita superar algumas
dificuldades para se consolidar como grupo coeso, lidar com o

76
Volume II - Viso Estratgica Nacional

envelhecimento da populao e a crescente imigrao, que pode se


acentuar ainda mais caso as perspectivas trazidas pelas mudanas do
clima provoquem mais fome nos pases africanos. Alguns estudos
apontam para uma viso bastante pessimista do futuro da Unio
Europia, enquanto outros indicam que ela manter um papel
relevante no cenrio internacional.
Expanso da AIDS, de pandemias e o aparecimento de novas e velhas
doenas resultantes das mudanas do clima afetaro, sobretudo, os
pases menos desenvolvidos.
As energias fsseis devero continuar sendo utilizadas ainda em maior
escala nos prximos 20 anos. Grandes reservas esto localizadas em
pases com instabilidade poltica, o que poder dar incio a conflitos
internacionais em torno da disputa pela energia. Por outro lado, novos
desenvolvimentos tecnolgicos podero tornar viveis algumas fontes
alternativas como, por exemplo, o hidrognio, o que alteraria por
completo o cenrio previsto por diferentes estudos prospectivos.

No que concerne Amrica do Sul, as anlises que vm sendo feitas,


particularmente tomando por base acontecimentos recentes, apontam para
um clima tenso no que diz respeito viso internacional sobre a regio.
A eleio dos novos presidentes da Venezuela, Bolvia e Equador, e os
discursos e providncias tomadas em relao, principalmente, ao uso dos seus
recursos naturais, tm levado a uma preocupao crescente dos investidores
internacionais. A alternncia entre governos democrticos, populistas e
autoritrios, caracterstica da regio, pode reduzir os investimentos estrangeiros
pela falta de confiana na manuteno de polticas econmicas estveis.

Caso isso ocorra, a viso internacional sobre a regio poder privilegiar


apenas aqueles que parecem mais confiveis do ponto de vista do equilbrio
macroeconmico e da manuteno de regras estveis ou, em caso extremo, excluir
a regio como centro atrativo e privilegiado para investimentos de grande vulto.

Por outro lado, Brasil e Chile aparecem na maioria dos estudos em situao de
destaque: o primeiro, pelo tamanho do pas e de sua economia e, sobretudo,
pelo seu potencial de crescimento; o segundo, pelos resultados apresentados
nos ltimos anos com altos ndices de crescimento econmico.

77
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

O processo de integrao econmica na regio dever buscar condies


mais favorveis ao conjunto de pases em um ambiente global de grande
competitividade. H conflitos de interesse em torno da questo energtica,
envolvendo Brasil e Bolvia.

Um ponto importante diz respeito s regies de fronteira, particularmente no


que tange ao crescente fluxo migratrio na regio, questes ambientais e de
segurana. Uma das principais ameaas Amrica do Sul est relacionada ao
crime organizado, trfico de drogas e organizaes para-militares que atuam
na regio e que podem vir a intensificar suas aes.

4.3.2 EXERCCIOS PROSPECTIVOS NACIONAIS


O Brasil acumulou, desde a dcada de 1940, uma experincia razovel em
matria de planejamento governamental. Desde os primeiros exerccios,
logo aps a Segunda Guerra, o Estado brasileiro empreendeu diversas
tentativas de planejamento do futuro e de organizao do processo de
desenvolvimento econmico27.

A Constituio Federal de 1988 instituiu o Plano Plurianual (PPA) como o


principal instrumento de planejamento de mdio prazo do governo brasileiro,
devendo estabelecer, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas
da administrao pblica federal, para as despesas de capital e outras delas
decorrentes e para as relativas aos programas de durao continuada.

Nos anos 90, o Pas retoma esforos para constituir uma capacidade de
planejar com uma perspectiva de mais longo prazo e motivar pensadores
nacionais a refletirem sobre o futuro do pas e do mundo. Um exemplo disso
o documento Brasil 2020, elaborado conjuntamente com o Programa
Avana Brasil do Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso,
contendo cenrios prospectivos para um horizonte de 20 anos.

Os estudos e iniciativas selecionados para compor o referencial de base


para a construo da Viso Estratgica Nacional, apresentados a seguir,
foram elaborados no Governo do Presidente Luiz Incio Lula da Silva
com a inteno de estabelecer orientaes estratgicas e diretrizes para

27 MP, 2002. Dentre as iniciativas dos diferentes governos, destacam-se o Plano Salte (1947), do Governo Eurico Dutra,
que foi o primeiro ensaio de planejamento econmico do Brasil; o Plano de Metas do Governo Juscelino Kubistcheck
(1956); e os Planos Nacionais de Desenvolvimento (I e II) dos governos Mdici e Geisel.

78
Volume II - Viso Estratgica Nacional

o desenvolvimento do pas, em diferentes horizontes temporais: Agenda


Nacional de Desenvolvimento (AND), Plano Plurianual (PPA 2004-2007) e
Projeto Brasil 3 Tempos (BR3T).

Agenda Nacional de Desenvolvimento (AND)


A Agenda Nacional de Desenvolvimento (AND)28, concebida pelo Conselho
Nacional de Desenvolvimento Econmico, teve como proposta ser o marco
balizador das possibilidades do pas relacionadas a um projeto de desenvolvimento
nacional, a ser compartilhado e empreendido pelo governo e a sociedade.
Segundo seus realizadores, o seu contedo se aproxima de um traar de roteiro,
um delineamento de caminho a ser trilhado para construir um pas melhor.

Foi concebida de forma a ser considerada como fundamento para a


estruturao dos entendimentos sobre a viso estratgica nacional e teve
como pressuposto o fato de que a construo de uma sociedade democrtica
e prspera requer uma institucionalidade geradora de mais igualdade social e
de mais democracia. Alm disso, considera que a condio fundamental para
a construo de uma sociedade cidad o pleno desenvolvimento de todos os
seus integrantes. A sustentabilidade ambiental e a proteo da biodiversidade
so, tambm, pressupostos importantes do projeto de desenvolvimento
nacional e devem presidir todas as aes e iniciativas governamentais,
empresariais e da sociedade civil organizada.

Para fins deste projeto, a leitura dos pressupostos da AND fornece elementos
preciosos para a eleio de premissas e determinantes nacionais que devero
orientar a abordagem da dimenso territorial do desenvolvimento nacional no
planejamento governamental de longo prazo, em particular no que se refere
carteira prioritria de projetos a serem inseridos nos prximos PPAs.

Plano Plurianual 2004/2007


O processo de planejamento do Governo Federal caracteriza- se como um
conjunto de conceitos, estruturas e procedimentos, cujo principal objetivo
implementar as decises governamentais voltadas para o desenvolvimento
econmico e social do pas.

A Constituio Federal estabelece os instrumentos fundamentais para a


viabilizao do processo de planejamento que se configuram no Plano

28 CDES/SRI/PR (2006).

79
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Plurianual (PPA); na Lei de Diretrizes Oramentrias (LDO) e na Lei


Oramentria Anual (LOA). O PPA, por estabelecer de forma regionalizada
diretrizes, objetivos e metas da administrao pblica federal, o principal
instrumento de planejamento, por conseguinte, de mudana econmica e
social com vistas ao desenvolvimento do pas.

O Plano Plurianual (PPA) 2004-2007 foi construdo como pea-chave


do planejamento social e econmico do Governo, de forma a inaugurar
um modelo de desenvolvimento de longo prazo destinado a promover
transformaes estruturais na sociedade brasileira.

O Plano foi orientado para responder estratgia de desenvolvimento de


longo prazo estabelecida pelo Governo, conforme enunciada a seguir:

Incluso social e desconcentrao de renda com vigoroso crescimento do


emprego; crescimento ambiental sustentvel, redutor das disparidades regionais,
dinamizado pelo mercado de consumo de massa, por investimentos e por elevao
da produtividade; reduo da vulnerabilidade externa por meio da expanso das
atividades competitivas que viabilizam o crescimento sustentado; e fortalecimento
da cidadania e da democracia.

O PPA 2004-2007 definiu as seguintes dimenses: social, econmica, regional,


ambiental e democrtica.

O Plano contribui, portanto, para a construo da viso estratgica nacional,


ao apontar gargalos que impedem um eficiente desenvolvimento nacional
e que precisam ser resolvidos no curto prazo. Aponta ainda diretrizes que
buscam resolver questes relativas excluso social e m distribuio de
renda, com crescimento sustentado, por meio da gerao de riqueza em
escala suficiente para elevar o volume de investimentos e a massa salarial do
pas. Refora tambm a certeza de que o Brasil dispe de todos os elementos
necessrios para o crescimento do PIB a taxas superiores a 4% ao ano.

Projeto Brasil 3 Tempos (BR3T)


O Projeto Brasil 3 Tempos foi elaborado entre 2004 e 2005 pelo Ncleo
de Assuntos Estratgicos (NAE) da Presidncia da Repblica, com o apoio
do CGEE. Teve como centralidade a anlise das potencialidades estratgicas

80
Volume II - Viso Estratgica Nacional

do pas, buscando identificar reas, metas prioritrias e os atores sociais


capazes de implement-las. Os horizontes temporais do BR3T tm o seguinte
significado: 2007 - incio de um novo mandato de governo, em mbitos
federais e estaduais; 2015 - ano em que se atingiro as Metas do Milnio; 2022
- ano em que o Brasil comemorar os 200 anos de sua independncia.

O projeto teve como ponto de partida um diagnstico que visou compreender


a situao atual e analisar as possveis trajetrias para a construo de
cenrios e de metas intertemporais para o pas nos trs horizontes temporais
considerados. No mbito do projeto, so estabelecidas oito dimenses de
estudo (institucional, econmica, sociocultural, territorial, do conhecimento,
ambiental e global), em relao s quais foram estabelecidas perspectivas
estratgicas para gargalos nacionais, cujas solues sero buscadas pelo
posterior planejamento de programas, projetos e/ou atividades e aes.

Reflexes sobre os Estudos Prospectivos Nacionais


Os referenciais adotados por este estudo (AND, Brasil 3 Tempos,
PPA 2004-2007, dentre outros) contm reflexes importantes sobre as
dimenses que foram consideradas neste projeto, dado o alto grau de
transversalidade que apresentam.

Dos estudos considerados, fica claro que o grande desafio do Brasil retomar
o crescimento da economia de maneira vigorosa e permanente, reduzindo
assimetrias sociais, e, para tal, recuperar a capacidade de planejamento do
pas, em seus aspectos tcnicos, institucionais e culturais. Trata-se, portanto,
da adoo de instrumentos institucionalizados de planejamento, fundamentais
para o aperfeioamento da capacidade de pensamento estratgico do Estado.

Atualmente, o Brasil preenche a maior parte dos requisitos para iniciar um


processo duradouro de crescimento e de reduo de desigualdades, dentre
os quais se destaca a progressiva estabilidade macroeconmica. No entanto,
a conduo desse processo com vistas a um futuro pretendido depender de
escolhas acertadas, de compromissos a serem estabelecidos entre as diversas
foras polticas e atores e, ainda, de determinao na implementao das
mudanas necessrias a curto, mdio e longo prazo.

81
Volume II - Viso Estratgica Nacional

5. REFERENCIAIS DE FUTURO PARA A


CONSTRUO DE ESTRATGIAS NACIONAIS

A reunio e anlise de textos de diferentes autores e procedncias realizadas


no mbito do Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento29,
principalmente relacionadas aos estudos prospectivos nacionais e
internacionais (Mdulo 2), aos estudos regionais (Mdulo 3) e aos estudos
prospectivos setoriais e temticos (Mdulo 4), assim como as discusses,
workshops, reunies e entrevistas com especialistas, no mbito dos trs
Mdulos, permitiram a identificao dos imperativos globais e, posteriormente,
a definio de uma linha do tempo, levando em considerao dois horizontes
temporais (2007-2015 e 2016-2027).

Com os entendimentos produzidos pelos estudos descritos, a partir de


anlises de resultados dos exerccios prospectivos das dimenses do Mdulo
4 Estudos Prospectivos Setoriais e Temticos por Regio de Referncia
e, principalmente, levando em considerao os imperativos globais e a
identificao preliminar de seus possveis impactos, identificaram-se fatos
portadores de futuro com maior impacto no desenvolvimento territorial
brasileiro.

A partir de anlises e discusses, juntamente com questes estratgicas


levantadas conclusivamente pelo Mdulo 4, foi possvel definir escolhas
estratgicas que contaram ainda com a fundamentao dos determinantes
nacionais, de forma a possibilitar, mais frente, o rebatimento e anlise dos fatos
portadores de futuro e escolhas estratgicas nos seis territrios da estratgia.
Definem-se, portanto, estrategicamente opes para o desenvolvimento
territorial brasileiro, tendo como pressupostos as bases constitutivas da Viso
Estratgica Nacional.

5.1 Imperativos Globais e Linha do Tempo


Qualquer linha do tempo est sujeita a restries, pois nem todos,
necessariamente, concordam, aprovam ou ratificam as previses feitas. O que
se pretende aqui listar eventos possveis, abrindo espao para concordncias
ou discordncias quanto s previses, seja em relao data (demasiado cedo
ou demasiado tarde?), seja com a idia em si (demasiado absurda?).

29 Mdulo 2 Viso Estratgica Nacional; Mdulo 3 Regies de Referncia; Mdulo 4 Estudos Prospectivos Setoriais
e Temticos por Regio de Referncia.

83
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Trens Maglev de levitao magntica, transporte de carga em zepelins,


lixo transformado em energia, carros movidos a hidrognio, ecovilas auto-
suficientes e limpas, computadores que lem a mente humana, materiais
inteligentes tudo isso pode parecer invivel como parte de nosso cotidiano
nos prximos 20 ou 30 anos. No entanto, olhando para 10, 20, 30, 40, 50 atrs,
percebe-se que muitas das coisas que ocorreram tambm pareciam absurdas.
A tecnologia evoluiu do primeiro vo ao vo espacial at a Lua em cerca de
60 anos. Esse pode ser considerado um feito notvel, mas, no incio do sculo
XX, seria impensvel que, antes do seu trmino, o homem pousaria na Lua.

Nos prximos 20 anos, ser possvel conviver com a nanotecnologia, a


biotecnologia, as tecnologias de informao e comunicao (TICs) e as cincias
cognitivas - e todas trazendo impactos para a vida humana -, que hoje parecem
mgicas, mas que sero completamente normais para a prxima gerao.

A linha do tempo definida neste trabalho cobre apenas uma pequena amostra
do que est por vir. Buscou-se selecionar aqueles eventos, identificados a
partir da anlise de resultados de estudos realizados, que tm uma correlao
mais intensa com os elementos constitutivos da Viso Estratgica Nacional.
Em alguns casos, os eventos representam vises diferenciadas, porque no
estamos falando de um futuro, mas de futuros possveis.

Apresentam-se, a seguir, os imperativos globais e a linha do tempo a


eles relacionada, considerando os elementos com potenciais de grandes
clivagens nos horizontes temporais definidos. O nvel global contempla
elementos com perspectivas de impacto no mundo de forma mais genrica,
que tambm podem se refletir em impactos e preocupaes para um
planejamento de pas. O segundo nvel, o nacional, traz elementos mais
relacionados a impactos nacionais, mais prximos de terem associadas
aes de Estado ou de governos.

5.1.1 DEMOGRAFIA E INFRA-ESTRUTURA SOCIAL


Em 2027, a Terra ter cerca de 8 bilhes de habitantes cerca de 2 bilhes
a mais que hoje - e a maioria viver em cidades. A expectativa de vida ser
crescente, tanto nos pases desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento.
Como resultado, o mundo futuro ser moldado, em grande medida, pelas
megatendncias relacionadas s mudanas na demografia e na urbanizao.

84
Volume II - Viso Estratgica Nacional

O desafio maior o de assegurar suprimentos adequados de energia, gua potvel


e outras necessidades bsicas e, ao mesmo tempo, garantir a sustentabilidade
dos processos produtivos no planeta, bem como a mobilidade, a segurana, a
sade, o comrcio global e a proteo ambiental. A migrao entre fronteiras
e de pases mais pobres para pases mais desenvolvidos ser uma das grandes
questes a serem enfrentadas no futuro.

No Brasil, o crescimento demogrfico seguir a tendncia dos pases


desenvolvidos de ritmo de natalidade declinante e envelhecimento da
populao, com o aumento da longevidade. Nos prximos vinte anos, dever
haver uma menor proporo de jovens, mas, tambm, maior proporo da
populao na idade ativa no conjunto total, o que configura um momento
promissor para o desenvolvimento do pas.

Quadro 3: Linha do tempo


Eventos relacionados a Demografia e Infra-estrutura Social
Nvel 2007-2015 2016-2027
Um bilho de pessoas vivem em favelas, 90% nos pases em
desenvolvimento dos quais 40% na ndia ou China. (2007, Idade mnima para aposentadoria passa para 75 anos em
Millenium Project). decorrncia da crise na previdncia nos paises desenvolvidos.
Pela primeira vez, a populao mundial urbana supera a rural. (2016, Technology Timeline).
(2008, ONU). A taxa de idosos na populao japonesa atinge 46%. (2020,
A taxa de declnio da fora de trabalho japonesa passa a ser de Foresight 2020).
Global

1% ao ano. (2010, Foresight 2020). Emigrao de habitantes de pases ricos intensificada. (2025,
Migraes dos pases pobres para os pases ricos intensificada. WFS).
(2010, WFS). Robs e ambientes inteligentes melhoram os cuidados e a
Demografia e Infra-estrutura Social

Gripe aviria: mutao gentica provoca contgio de humanos independncia dos idosos. (2025, WFS).
para humanos e 25 milhes de pessoas podem ser infectadas. A Terra tem cerca de 8 bilhes de habitantes, 60% deles vivendo
(2012-2015, Millenium Project). em cidades. Nos pases em desenvolvimento este percentual de
70 milhes de Baby Boomers comea a se aposentar nos Estados 80%. (2027, ONU).
Unidos. (2014, Toossi)
Nvel 2007-2015 2016-2027
Um bilho de pessoas vivem em favelas, 90% nos pases em
desenvolvimento dos quais 40% na ndia ou China. (2007,
Millenium Project).
Pela primeira vez, a populao mundial urbana supera a rural. O Brasil tem 55 milhes de contribuintes e 20 milhes de
(2008, ONU). beneficirios da Previdncia Social. (2020, IPEA).
A taxa de declnio da fora de trabalho japonesa passa a ser de A populao acima de 50 anos maior do que a de jovens e
Nacional

1% ao ano. (2010, Foresight 2020). crianas menores de 15 anos. (2025, IBGE).


Migraes dos pases pobres para os pases ricos intensificada. Brasil tem 232 milhes de habitantes. (2027, Cedeplar).
(2010, WFS). Esperana de vida ao nascer: 77 anos. (2027, IBGE).
Gripe aviria: mutao gentica provoca contgio de humanos Taxa de fecundidade de 1,8 mais baixa que taxa de reposio.
para humanos e 25 milhes de pessoas podem ser infectadas. (2027, Mdulo 4).
(2012-2015, Millenium Project).
70 milhes de Baby Boomers comea a se aposentar nos Estados
Unidos. (2014, Toossi)

85
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

A urbanizao tender a acentuar o padro atual de emergncia de


cidades mdias e pequenas, com reduo da migrao para as metrpoles
e reorganizao da conectividade entre cidades e entre elas e sua rea de
influncia, recompondo a organizao regional e sub-regional do territrio.

A imigrao de outros pases sul-americanos e africanos poder se intensificar


no Brasil, como j ocorre da Colmbia para a Venezuela e de vrios pases
para Argentina.

5.1.2 EDUCAO E TRABALHO


Na sociedade do conhecimento, a informao e o conhecimento
constituem o seu principal ativo intangvel e gerador de riqueza. Nesse
contexto, a educao e o aprendizado so fatores importantes para a reduo
de assimetrias sociais e como foras estimuladoras do desenvolvimento
econmico. As escolas, nos prximos vinte anos, devero se confrontar
com mudanas nos mtodos de ensino e disparidades de acesso
tecnologia. As TICs alteraro de forma intensa o processo de ensino e
aprendizado, inclusive o papel do professor nas salas de aula. No cerne
da diferena da cultura escrita para a eletrnica, est a mudana de um
mtodo de aprendizado contemplativo para um experimental. A nova
cultura eletrnica colocar professores e alunos em meio a experincias em
tempo real e, muitas vezes, ainda no totalmente processadas e estruturadas,
como no ensino convencional. A comunicao, a interatividade e o
trabalho em rede transformaro professores e alunos de consumidores a
produtores de informao. A educao a distncia dever adquirir novas
escalas, internacionalizando-se. Por outro lado, crescero as desigualdades
em conhecimento e habilidades entre os diferentes grupos de estudantes
devido ao acesso diferenciado aos recursos tecnolgicos.

O trabalho ser cada vez mais globalizado. O processo de terceirizao


que atingiu, numa primeira etapa, funes que exigiam menor qualificao
dever passar a abranger tcnicos qualificados. Os empregadores necessitaro
de indivduos que possam gerenciar grandes quantidades de informao,
resolver problemas complexos, adaptar-se s mudanas com flexibilidade e
criatividade e trabalhar em equipe. O teletrabalho ser cada vez mais comum,
sendo realizado em pequenos centros providos de TICs e prximos aos
locais residenciais. O ensino dever ser capaz de atender a tais necessidades,
formando pessoas que tenham essas habilidades.

86
Volume II - Viso Estratgica Nacional

Quadro 4: Linha do tempo Eventos relacionados Educao e Trabalho


Nvel 2007-2015 2016-2027
Idade mnima para aposentadoria passa para 75 anos em
decorrncia da crise na previdncia nos paises desenvolvidos.
(2016, Technology Timeline).
A escolaridade mdia mundial de 9,1 anos; na Amrica Latina
A fora de trabalho mais idosa e mais feminina. (2020,
Global

este valor cai para 7,4 anos. (2010, Foresight 2020).


Educao e Trabalho

Foresight 2020).
Os empregados nas empresas pertencem a quatro geraes
O nmero de mulheres nas universidades supera o de homens.
diferentes. (2012-2015, WFS).
(2027, Millenium Project).
Passa a vigorar, nos Estados Unidos, a idade mnima de 65 anos
para aposentadoria. (2027, Giambiagi).

A PEA atinge 74 milhes. (2010, IPEA).


130 mil escolas pblicas contam com ferramentas de informtica.
Nacional

(2010, Estado de So Paulo) A PEA atinge 82 milhes. (2020, IPEA).


A PEA atinge 79 milhes. (2015, IPEA).
Um computador por aluno. (2012-2015, Mdulo 4).

No Brasil, a educao e a gerao de conhecimento ainda esto aqum


dos patamares que nos garantiriam um lugar de destaque na sociedade
do conhecimento. Nesse sentido, importante ter uma perspectiva futura
que assegure a qualidade da educao, levando em considerao todos os
nveis de ensino, quais sejam: educao bsica (ensino infantil, fundamental
e mdio); educao profissional e tecnolgica; educao superior; e educao
continuada de jovens e adultos.

5.1.3 CINCIA, TECNOLOGIA E INOVAO


A Cincia, a Tecnologia e a Inovao (CT&I) tero espetacular avano
nos prximos anos, constituindo um elemento de importncia maior no
reordenamento global. Sua fronteira, nas prximas duas dcadas, residir na
integrao de disciplinas como as tecnologias da informao e comunicao,
a biotecnologia e campos associados, a nanotecnologia e reas da cincia dos
materiais, as cincias cognitivas e sociais.

Haver grande evoluo nas taxas de inovao, reduzindo, cada vez mais,
o tempo entre as descobertas e suas aplicaes, entre os laboratrios e a
produo comercial, com profundos impactos na sade, segurana, negcios
e comrcio. Em outras palavras, novas concepes oriundas da convergncia
tecnolgica ou da transdisciplinaridade do conhecimento estaro em marcha,
revolucionando a base tcnico-cientfica da sociedade e mesmo os princpios
da aprendizagem e capacitao cientfica e tecnolgica.

87
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Quadro 5: Linha do tempo Eventos relacionados


Cincia, Tecnologia e Inovao
Nvel 2007-2015 2016-2027
45% da populao tm telefone, 27% tm telefones celulares,
80% tm acesso TV. (2007, Millenium Project).
16% do mundo est conectado internet, VOIP representa 75%
dos servios de voz. (2027, Millenium Project).
ndia lana computador de 10 dolares. (2009, The Times of ndia). Sistemas wireless usados extensivamente na produo
Microrob transmite imagens do corpo humano fora do alcance agropecuria. (2020, Rand).
dos catteres. (2009, Wired). Biomateriais para implante no corpo humano para regenerao
A populao virtual de 50 milhes; 80% dos usurios ativos da de tecidos e reparo in-situ so alternativas para cirurgia. ((2020,
Internet tm uma second life. (2011, Salomon). Horizon Scanning Centre).
LCD domina mercado de displays. (2011, Sherwood). Dispositivos de comunicao para acesso informao em
Global

O mercado global da nanotecnologia chega a 2,6 trilhes de qualquer lugar (ubquo). (2020, Rand).
dlares. (2012, NAE). Produo de energia a partir de hidrognio responde por 25% da
50% da populao mundial tem acesso internet. (2015, matriz energtica mundial. (2020, CGEE).
Cincia, Tecnologia e Inovao

Technology Timeline). O uso generalizado de TICs permite o armazenamento


Televiso pela internet TV sobre IP. (2008-2011, Mdulo 4). e recuperao de dados dos pacientes, melhorando o
Diagnstico mdico completo em 1 chip. (2012-2015, WFS). acompanhamento e o atendimento remoto. (2020, Foresight
Sistemas de identificao por rdio frequncia usados 2020).
amplamente para identificar e rastrear objetos. (2015, Horizon
Scanning Centre).
Redes de banda larga disponveis em qualquer lugar a qualquer
momento. (2015, Horizon Scanning Centre).

Brasil ocupa a 12 posio entre os maiores usurios de banda


larga, com 1,6 milho de usurios. (2007, World Internet
Statistics).
Brasil ocupa a sexta posio na preferncia dos investidores
internacionais de P&D. (2008, European Commision JRC)
Etanol de cana-de-acar substitui 5% da gasolina mundial.
O Brasil o terceiro maior mercado de computadores do mundo.
(2016, CGEE)
Nacional

(2010, Intel).
Biodiesel responde por 35% da matriz energtica nacional..
Brasil investe 2% do PIB em CT&I. (2010, CGEE).
(2016, CGEE)
Brasil forma 15 mil doutores por ano. (2010, CAPES).
INPE ter lanado 11 novos satlites (2020, JC Online)
Lanamento do satlite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestre
CBERS4. (2011, INPE).
Internet: novo padro de IP (Ipv6) adotado no pas. (2011, IETF).
O Brasil responsvel por 1% do mercado nanotecnolgico,
correspondendo a US$ 26 bilhes. (2012, NAE).

Necessariamente, o processo de desenvolvimento sustentvel do pas passar


pelo aperfeioamento de seu sistema de Cincia, Tecnologia e Inovao.
Apesar da razovel infra-estrutura de Cincia e Tecnologia, do nmero
de mestres e doutores formados a cada ano e da criao recente de novos
instrumentos pelo governo nos ltimos anos (Lei da Inovao, Fundos
Setoriais, entre outros), a interao entre as Instituies (pblicas e privadas)
de Cincia e Tecnologia e as empresas ainda incipiente. Os indicadores
nacionais, quando comparados com os de outros pases emergentes, mostram
que o Brasil ainda necessita empreender esforos, particularmente no que diz
respeito inovao.

88
Volume II - Viso Estratgica Nacional

importante destacar que os principais fatores de mudana tecnolgica


(consolidao de valores como a democracia nas sociedades modernas,
preocupao ecolgica crescente e acelerao no fluxo de bens e de
informao) remetem os sistemas nacionais de cincia, tecnologia e inovao
para outro patamar de governana, com destaque para o papel representado
pelas organizaes da sociedade civil. Cresce, tambm, a importncia do papel
das cincias sociais nas anlises montante e jusante do desenvolvimento
tecnolgico, em especial no que se refere ao processo de inovao.

5.1.4 ECONOMIA E INFRA-ESTRUTURA LOGSTICA


O crescimento da economia mundial dever manter nveis similares aos
observados nos ltimos 30 anos, graas ao aumento da produtividade e
crescente importncia das economias emergentes mais dinmicas. Os EUA
devero manter a hegemonia nos prximos 20 anos, mas tendem a perder
espao para os grandes pases emergentes, particularmente China e ndia,
indicando que a mudana do centro de gravidade da economia mundial para
a sia dever se efetuar num futuro mais distante.

Quadro 6: Linha do tempo Eventos relacionados Economia e Infra-


estrutura Logstica
Nvel 2007-2015 2016-2027

2,5 bilhes de pessoas vivem com menos de US$2 por dia.


sia aumenta sua participao no PIB mundial para 43%, mas
(2007, Millenium Project).
a renda per capta permanece menor do que nas economias
Pases em desenvolvimento contribuem com metade da economia
Global

desenvolvidas ocidentais. (2020, Foresight 2020).


mundial. (2008-2011, Millenium Project).
Economia e Infra-estrutura Logstica

100 milhes de carros vendidos em todo o mundo, sendo 40%


China o novo centro petroqumico mundial (2012-2015, Mdulo
das vendas na sia. (2020, Foresight 2020).
4 Indstria Qumica).
China a segunda economia mundial. (2015, Goldman Sachs).

PIB de US$668bi, representando US$3.417 per capta. (2010,


PIB brasileiro de US$1.695bi, representando US$7.781 per
Goldman Sachs).
Nacional

capta. Brasil a 9 economia mundial. (2025, Goldman Sachs).


Balana comercial brasileira volta a ser deficitria. (2014,
PIB brasileiro de US$2.800bi, representando US$12.000 per
Cedeplar).
capta e a 7 economia mundial. (2025, Macroplan).
PIB brasileiro de US$952bi (2015, Goldman Sachs).

89
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

O papel da Unio Europia no contexto global depender de sua capacidade


de superar seus problemas internos (estagnao, envelhecimento da
populao e grande contingente de imigrantes, entre outros) e construir
efetivamente um bloco econmico poderoso, integrando culturas, estruturas
sociais e idiomas diferentes.

A frica, o Oriente Mdio e o Sul da sia (exceto ndia) sero as regies


com maior concentrao de pobreza e menor desenvolvimento. O futuro da
Amrica do Sul vai depender de sua capacidade de superar os grandes gargalos
apresentados no presente (baixo nvel de desenvolvimento, desigualdade
social, baixo nvel de escolaridade, corrupo, insegurana etc.).

Uma incerteza crtica diz respeito ao comportamento da economia americana,


tendo em vista que seus impactos afetam a economia de todo o mundo. J
se observam algumas turbulncias no mercado americano, que podem se
acentuar em 2008-9.

5.1.5 ENERGIA
A demanda de energia, at 2027, aumentar em torno de 60% em relao
a 2000, devido ao crescimento da populao mundial e ao progresso
econmico. Os combustveis fsseis respondero por 40% das emisses de
CO2, em 2020. O petrleo, o carvo e o gs natural devero permanecer
como as fontes energticas mais utilizadas, devendo esta ltima apresentar
um crescimento expressivo.

O mundo, no entanto, no dever ser monoenergtico, como o foi no


sculo XX. Devido ao possvel esgotamento dos combustveis fsseis e s
presses ambientais, as matrizes energticas devero ser diversificadas e cada
regio buscar utilizar suas vantagens comparativas para produzir energia,
aumentando a participao das fontes renovveis (biomassa, solar, elica,
hidrognio etc.) e da energia nuclear.

No longo prazo, a energia nuclear ser uma opo energtica importante, para
fazer face s necessidades mundiais sem a conseqente gerao de dixido
de carbono e outros poluentes da atmosfera. No entanto, alguns problemas
precisam ser resolvidos: os custos relativamente altos; os efeitos adversos
percebidos pela sociedade em relao segurana, meio ambiente e sade;

90
Volume II - Viso Estratgica Nacional

riscos potenciais advindos da proliferao; e desafios no resolvidos na gesto


no longo prazo dos dejetos nucleares.

Para os pases industrializados comprometidos com as metas do Protocolo de


Kioto, o uso de biocombustveis representa, a curto e mdio prazo, uma das
formas mais efetivas de reduzir as emisses lquidas de gases de efeito estufa
associadas ao consumo energtico no setor de transporte.

Quadro 7: Linha do tempo Eventos relacionados Energia


Nvel 2007-2015 2016-2027

Competio por recursos energticos acompanhada por ruptura


no suprimento de petrleo. (2020, NIC).
Consumo mundial de energia: 607 quadrilhes de Btu. (2020,
DOE).
Combustveis renovveis representam 10% de todo combustvel
Clulas combustvel tm custos competitivos. (2010, WFS).
de transporte na Europa (2020, Holt-Gimnez).
Combustveis renovveis suprem 5,75% de todo combustvel de
Veculos vendidos: Hbridos (32%); Gasolina (26%);
transporte na Europa. (2010, Holt-Gimnez).
Biocombustvel (19%); Eletricidade (15%); Hidrognio (9%).
Mercado global de etanol de cerca de 66 bilhes de litros.
(2020, ONU).
Global

(2010, Mdulo 4).


Energia nuclear responde a 40% da matriz energtica mundial.
Consumo mundial de energia de 511 quadrilhes de Btu.
(2020, CGEE).
(2010, DOE).
A demanda de petrleo dos pases em desenvolvimento
Manuteno do potencial competitivo do petrleo. (2008-2011,
representa 41% do total mundial.A China representa 11%. (2020,
Mdulo 4).
Foresight 2020).
Etanol como commodity global. (2012-2015, Mdulo 4).
Consumo mundial de energia: 654 quadrilhes de Btu. (2025,
Energia

DOE).
Consumo de etanol alcana 88,6 bilhes de litros. ( 2025, CGEE).
Aumento significativo das fontes renovveis, energia nuclear e
hidrognio na matriz energtica mundial. (2027, CGEE).

Consumo de energia eltrica: 941 TWh. (2025, EPE).


Brasil exporta 20 bilhes de litros de etanol. (2025, Mdulo 4).
Mercado nacional de biodiesel corresponde a 1 bilho de litros,
Demanda de energia per capita atinge 2,3 toneladas equivalentes
com produo regionalizada. (2008, NAE).
de petrleo. (2027-2030, EPE)
Consumo de energia eltrica 443,5 TWh. (2010, EPE).
Quatro energticos so necessrios para abranger 77% do
Brasil exporta 13,3 bilhes de litros de etanol. (2010, Mdulo 4).
Nacional

consumo: petrleo, energia hidrulica, cana-de-acar e gs


Risco de dficit de energia eltrica. (2012, EPE).
natural. (2027-2030, EPE).
A produo de etanol de 30 bilhes de litros. (2013, Mdulo 4).
45% de toda energia consumida no pas renovvel. (2027-
Consumo de energia eltrica: 566,8 TWh. (2015, EPE).
2030, EPE).
A demanda de biodiesel representa 1,5 bilho de litros. (2015,
A produo domstica de gs natural se eleva para cerca de 250
Mdulo 4).
milhes de m/dia e o consumo para 267 milhes. (2027-2030,
EPE).

Nesse contexto, o Brasil tem vantagens comparativas: sua matriz energtica


relativamente limpa, com predomnio da hidroeletricidade, e tem condies
privilegiadas para a produo de biocombustveis, destacando-se o etanol
de cana-de-acar.

91
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

5.1.6 MEIO-AMBIENTE
O aquecimento global constitui, sem dvida, um imperativo na medida em
que seu controle pelo homem de eficcia relativa e incerta e de resultados
obtidos somente no longo prazo. Os esforos para mitigao desse problema,
a serem realizados nas prximas duas ou trs dcadas, determinaro em
grande parte o aumento da temperatura global mdia no longo prazo e os
impactos correspondentes (secas, inundaes, elevao do nvel mdio dos
mares, perda de biodiversidade, alteraes em ecossistemas etc.).

Quadro 8: Linha do tempo Eventos relacionados a Meio-Ambiente


Nvel 2007-2015 2016-2027
Mudanas climticas tm impactos na sade humana: novas
Custos gerais e os riscos traduzidos pelas mudanas climticas
doenas, emergncia e re-emergncia de doenas infecciosas,
equivalem a uma perda de 5% do PIB mundial por ano. (2008-
ondas de calor afetando a sade principalmente de pessoas
2011, Mdulo 4).
idosas. (2016-2027, Mdulo 4).
Riscos para as sociedades humanas e ecossistemas aumentam
Global

O reduzido suprimento de gua na China impacta a economia


Meio Ambiente Energia

significantemente devido ao aquecimento global. (2008-2011,


global. (2016-2027, Mdulo 4).
Mdulo 4).
O custo dos desastres ecolgicos relacionados ao aquecimento
Novos sistemas de monitoramento ambiental permitem
global atinge US$150 bi por ano. (2020, WFS).
compreender mudanas nos sistemas ocenicos e terrestres, na
Entre 30 e 75 milhes de pessoas tm problemas com falta
atmosfera e estratosfera, em tempo real (2008-2011, Mdulo 4).
dgua na Amrica Latina. (2025, Mdulo 4).

As temperaturas sobem entre 0,5 e 1,8 C nas regies tropicais


Brasil responde pela captao de US$ 1 bilho, representando do pas (2016-2027, Mdulo 4).
10% do mercado internacional de crditos de carbono (2010, Diminuio das chuvas durante a estao seca nas regies
Nacional

NAE). tropicais. (2016-2027, Mdulo 4).


Emisses de CO2 decorrentes do desmatamento correspondem a Elevao do nvel do mar entre 6 a 10 cm, pondo em risco as
quase 74% das emisses nacionais (2007-2011, Mdulo 4). regies costeiras do litoral brasileiro. (2016-2027, Mdulo 4).

Evidncias resultantes de observaes em todos os continentes mostram


que muitos sistemas naturais vm sendo afetados pelas mudanas climticas
regionais. A temperatura mdia global dever aumentar, de acordo com
previses mais otimistas, entre 1 e 2 C nas prximas duas dcadas. Os
impactos dessas mudanas afetam todos os pases, o que dever promover
novos posicionamentos frente ao tema e uma atitude mais pr-ativa dos
governos, impulsionados pela sociedade. Nesse contexto, o Brasil conta com
importantes vantagens comparativas a serem adequadamente exploradas:
altas biodiversidade e disponibilidade de gua doce (12% do total global),
matriz energtica limpa, entre outras.

Os pases de grande extenso territorial tm uma vantagem relativa adicional


face a esse processo, dada a diversidade de seus ambientes naturais, que incluem

92
Volume II - Viso Estratgica Nacional

possibilidades de migrao, no mdio e longo prazo, de espcies para altitudes


e latitudes maiores, o que determina que seus territrios sejam atingidos de
forma diferenciada pelas mudanas anunciadas. Este o caso do Brasil.

Vale a pena frisar que outros problemas ambientais como, por exemplo, a
anunciada escassez da gua, no so apenas imperativos da natureza, mas,
sobretudo, problemas decorrentes do padro de consumo, do planejamento
e da gesto dos recursos. Esto, portanto, associados s aes humanas,
potencialmente passveis de correo.

5.1.7 AGROINDSTRIA
Haver alimentos em quantidade suficiente para alimentar a populao mundial
em crescimento, mas a distribuio no ser igualitria e milhes de pessoas em
algumas regies do mundo (frica, Sul da sia) permanecero famintas.

Quadro 9: Linha do tempo Eventos relacionados Agroindstria


Nvel 2007-2015 2016-2027

Centralidade da China na China na nova dinmico dos fluxos de Agricultura representa 70% do uso da gua (2016-2027,
comrcio de alimentos. (2008-2011, Foresight Institute). Mdulo 4).
Comercializao de alimentos funcionais e nutracuticos. (2008- Maior instabilidade nas safras de commodities por causa das
Global

2011, Mdulo 4). mudanas climticas globais (eventos extremos). (2016-2027,


Disponibilidade de alimentos ameaada pela produo de Foresight Institute).
biocombustveis. (2012-2015, Mdulo 4). O consumo de carnes atinge 303 milhes de toneladas, sendo
Rastreabilidade dos alimentos generalizada (2012-2015, 115 milhes nos pases desenvolvidos e 188 naqueles em
Mdulo 4). desenvolvimento (2020, FAO).
Agroindstria

Expanso do cultivo da cana para fins energticos. (2008-2015,


Mdulo 4).
Brasil se consolida como principal fornecedor de carne bovina
Nacional

Brasil o maior exportador de soja em gro e representa 54,5%


para o mercado asitico. (2012-2015, Mdulo 4).
do mercado mundial. (2016, MAPA).
Demanda adicional de leo de soja de 2,5 milhes de toneladas.
(2012-2015, Mdulo 4).
Brasil exporta 50 milhes de toneladas de soja. (2014, USDA).

Por outro lado, as questes relacionadas ao ambiente - notadamente a


provvel escassez de gua, secas e inundaes, aliadas ao uso intensivo da
gua na agricultura - podero modificar o panorama agrcola, tornando

93
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

infrteis algumas reas hoje produtivas. Haver necessidade de novos


desenvolvimentos cientficos e tecnolgicos de forma a aumentar a
produtividade agrcola. Nesse contexto, o Brasil dever ser um dos grandes
fornecedores de alimentos para o mundo, considerando sua posio
privilegiada em termos de dimenso territorial, diversidade de ambientes
naturais e disponibilidade de terras frteis e gua.

5.1.8 ORDEM GLOBAL


Importante imperativo da globalizao, a ordem global situa-se na dimenso
poltica das relaes entre Estados. Em que pese o fortalecimento de instituies
multilaterais e suas presses para reduzir a soberania dos Estados, o sistema
adotado por cada Estado ainda tem papel relevante no cenrio mundial. E as
maiores potncias tendem a dominar as instituies multilaterais mediante a
definio de suas agendas.

O contexto que se configura nas prximas dcadas caracterstico do


caos sistmico que precede a mudana de hegemonia, disputada por vrias
potncias. Tal contexto ter efeitos no Brasil. Trata-se do declnio relativo da
economia norte-americana, embora os Estados Unidos ainda mantenham o
poder militar; do esforo intenso da Europa em consolidar a Unio Europia
e manter a sua influncia econmica e poltica; e da ascenso da China como
potncia econmica e aumento do poder militar, expresso recentemente
(janeiro de 2007) num mssil que atinge diretamente os satlites.

Manter uma posio de equilbrio na Amrica do Sul, como o Brasil est


mantendo, tem altos custos polticos e econmicos. O pas necessita fortalecer
a integrao sul-americana por razes econmicas (sobretudo no que tange
energia) e polticas, referentes a um maior peso das vozes sul-americanas no
cenrio global. Necessita tambm manter suas relaes com as grandes potncias
- Estadas Unidos e Unio Europia porque um importante interlocutor
sul-americano. Tal posio, para ser fortalecida, requer a implementao de
aes concretas para alcanar um desenvolvimento autnomo.

O problema da governabilidade no se esgota na questo da hegemonia. O


incremento da conectividade global por meio de mltiplas redes acarretar
interaes mais intensas e rpidas. No que tange governabilidade dos
Estados, desafios se acentuaro, provavelmente por meio de maior cooperao
internacional, sobretudo quando houver interesse de organizaes complexas

94
Volume II - Viso Estratgica Nacional

e redes transnacionais ligadas a grupos privados ou grupos de interesse com


forte poder de presso.

Quadro 10: Linha do tempo Eventos relacionados


Ordem Global e Governana
Nvel 2007-2015 2016-2027

2,3 bilhes de pessoas (36%) vivem em ditaduras. (2007,


Millenium Project).
Global

O Isl permanece como uma fora ponderosa. (2020, NIC).


A privacidade do cidado ameaada pela evoluo das
Agroindstria

TICs (2012-2015, WFS).

2,3 bilhes de pessoas (36%) vivem em ditaduras. (2007,


Nacional

Millenium Project).
A privacidade do cidado ameaada pela evoluo das
TICs (2012-2015, WFS)

Destaca-se a importncia da internacionalizao crescente dos movimentos


sociais que tm no Frum Social de Porto Alegre o seu smbolo maior e
na Amrica Latina um forte campo de organizao. O relativo fracasso em
Nairbi (janeiro de 2007) no eliminar a fora desses movimentos que,
graas Internet, mudaram sua estratgia para mltiplas aes dispersas, mas
continuaro organizados. No ser excessiva a hiptese de que valores sociais e
polticos socializados possam reduzir a nfase no mercado, hoje dominante.

5.2 Fatos Portadores de Futuro


Fatos portadores de futuro so identificados como elementos associados a
acontecimentos ou inovaes capazes de afetar um sistema, ao estabelecer
pontos de inflexo em tendncias observadas ou determinar escolhas
irreversveis por partes de atores importantes.

Em princpio, os fatos portadores de futuro foram identificados nos


exerccios prospectivos setoriais e temticos do Mdulo 4. Num segundo
momento, foram realizadas anlises e a segunda identificao foi efetuada a
partir dos imperativos globais, de forma a considerar premissas e objetivos do
estudo. Isso significa que foram consideradas as tendncias e vises de futuro
nacionais e internacionais, extraindo da elementos que poderiam provocar
uma ruptura da situao existente.

95
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

As premissas e objetivos serviram para orientar a seleo dos fatos portadores


de futuro que poderiam determinar escolhas, que resultariam em mudanas
claras nas tendncias apresentadas, e de forma a sugerir reaes especficas para
o Brasil. Apresentam-se, a seguir, aqueles fatos considerados mais relevantes
para a construo de uma Viso Estratgica Nacional, fundamentada na
concepo do desenvolvimento territorial brasileiro.

Quadro 11: Fatos Portadores de Futuro


Dimenso Fatos Portadores de Futuro
Aumento da populao mundial, em particular da populao idosa, gera necessidades e servios distintos nas
FPF1
reas de habitao e saneamento, sade, assistncia social e lazer.

Demografia e infra- Fluxo internacional de pessoas, destruio e contato do homem com ecossistemas naturais no antropizados
FPF 2
estrutura social aumentam possibilidades de surgimento de novas doenas e pandemias associadas a doenas existentes.

Metropolizao policntrica transforma o fenmeno das cidades mundiais e requalifica a hierarquia de conexo
FPF 3
dos nodos relevantes que articulam e comandam as redes da ordem global.

Alteraes nos padres de consumo em mercados locais e globalizados induzem constituio de mecanismos
controlados pela sociedade de regulao, padronizao, normalizao, voltados para a qualidade, segurana e FPF 4
sustentabilidade de produtos industrializados e commodities.

Aumento da mobilidade pessoal e da movimentao de carga em mbitos local, regional e global leva a uma
integrao inteligente (comunicao wireless, por exemplo) e maior articulao dos sistemas de transporte
FPF 5
areo, rodovirio, ferrovirio, aquavirio e dutovirio: a logstica - entendida como vetor de produo, transporte e
processamento - redesenha as redes de infra-estrutura.

Economia e infra- Crescimento da economia global com base nas finanas e na tecnologia acirra as desigualdades de renda entre
FPF 6
estrutura logstica indivduos, potencializa conflitos na sociedade e recupera espaos de regulao estatal.

Uso intensivo de produtos derivados da biodiversidade brasileira altera padres de competitividade nas indstrias
FPF 7
de fitoterpicos, cosmticos, alimentos e produtos madeireiros.

O uso estratgico dos recursos naturais, tais como gua e outros minerais de aplicao industrial e energtica
FPF 8
acirram conflitos locais e globais.

Segmento de pequenas e mdias empresas de base tecnolgica - motor dinmico de desenvolvimento econmico
FPF 9
acoplado s reas de bio, nano e TICs e na convergncia entre elas - valoriza as dimenses intangveis do capital.

Convergncia tecnolgica (NBIC - Nano, Bio, TICs e Cogno) como elemento transformador dos sistemas de
FPF 10
produo industrial, o que requer novo perfil de recursos humanos e novo patamar de capacitao tecnolgica.

Valorizao do meio rural a partir do desenvolvimento de rotas alternativas para a produo de substncias por
FPF 11
vias biotecnolgicas, que anteriormente eram obtidas por rotas de produo qumica.
Cincia, Tecnologia
e Inovao
Conhecimento como determinante da capacidade do pas em inovar implica passar grandes contingentes de
FPF 12
pessoas de nvel mdio para nveis superiores de formao.

Universalizao da incluso digital altera profundamente os padres de educao, comrcio, governana e de


FPF 13
relacionamento social (second life - relacionamento virtual em paralelo s relaes cotidianas entre pessoas).

96
Volume II - Viso Estratgica Nacional

Dimenso Fatos Portadores de Futuro


Aumento dos nveis de educao da sociedade e maior disseminao da informao sobre questes ambientais
de natureza global (mudanas do clima, poluio, perda da biodiversidade etc.) conduzem valorizao dos FPF 14
servios prestados pelos ecossistemas naturais.
Meio Ambiente
Escassez de gua potvel, decorrente de aes destrutivas do homem, aumento da populao humana e
mudanas climticas globais, causam conflitos regionais e fome, mas valoriza esse recurso como uma commodity FPF 15
global e estimula novos sistemas de gesto integrada dos recursos hdricos.

Atingimento de limites globais de extrao e produo de derivados de fontes fsseis provocam o surgimento
Energia de estratgias agressivas de produo de energia a partir de fontes alternativas (hidrognio, nuclear, biomassa, FPF 16
elica, solar, entre outras).

Alterao das relaes e novas formas de teletrabalho com o uso intensivo de TICs ampliam as possibilidades de
FPF 17
flexibilizao e terceirizao em vrios setores da economia.
Educao e
Emprego simultneo para quatro geraes de trabalhadores reconfigura o mercado de trabalho. FPF 18
Trabalho
Competncias, habilidades e atitudes (CHA) so mais valorizadas pelo mercado de trabalho em geral,
FPF 19
reposicionando o valor da educao formal.

Uso concorrente da terra para a produo de energia e alimentos e avano das possibilidades de explorao dos
FPF 20
recursos do mar alteram padres existentes de produo e consumo de alimentos (energticos e proticos) e de energia.
Agroindstria
Baixa disponibilidade de mo-de-obra no meio rural fortalece modelos de produo de base tecnolgica e familiar
FPF 21
para o provimento de alimentos e matrias-primas alinhadas com necessidades futuras.

Integrao fsica da Amrica do Sul provoca aumento do fluxo de bens, pessoas e capital no continente, em
FPF 22
especial nas articulaes com a regio andina e caribenha.

Questes econmicas (energia), sociais (pobreza, direitos humanos) e ambientais (clima, biodiversidade,
Ordem Global e desertificao, gua) de natureza global levam ao fortalecimento de estruturas de governana multilaterais e FPF 23
Governana aumento da participao de movimentos sociais organizados.

Questes associadas aos limites do interesse pblico e da gesto privada em reas estratgicas como recursos
hdricos, biodiversidade, ordenamento territorial, entre outros implicam o desenvolvimento de novos modelos FPF 24
institucionais de gesto e governana.

Os fatos portadores de futuro so considerados pontos fundamentais que


orientam a identificao e aprimoramento dos vetores de desenvolvimento
territorial, por sua capacidade de antecipar mudanas de rumos significativas
e importantes para o estabelecimento de estratgias.

5.3 Escolhas Estratgicas e Determinantes Nacionais


A definio de estratgias precisa considerar algumas escolhas e apropriar
elementos de futuro que interferem e moldam os vetores que orientam as
agendas de cada territrio, de forma a serem capazes de reordenar o territrio
nacional e estabelecer uma trajetria de desenvolvimento sustentvel para o
Brasil no horizonte dos prximos vinte anos.

97
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

As escolhas so, sobretudo, resultados das exaustivas discusses e anlises


realizadas no mbito do Mdulo 4 Estudos Prospectivos Setoriais e
Temticos por Regio de Referncia, assim como das discusses realizadas
nas reunies de coordenadores de Mdulos do Estudo. Metodologicamente,
questes essenciais foram formuladas a partir do cruzamento das anlises
dos setores e temas. Tais escolhas, amparadas pelos determinantes nacionais,
constituem fatores chave para organizar os vetores que devem orientar o
reordenamento territorial do pas.

A fundamentao que relaciona determinantes nacionais e escolhas


estratgicas passa pelo prprio conceito de determinantes estabelecido, ou
seja, so questes de mbito nacional, sobre as quais se tem governabilidade
e que condicionam as opes de desenvolvimento do pas. No presente
Estudo, foram identificados a partir dos gargalos nacionais, das premissas e
objetivos da Viso Estratgica Nacional, e pautaram-se, ainda, nas diretrizes
estratgicas estabelecidas pela Agenda Nacional de Desenvolvimento. Nesse
sentido, representam elementos que apiam a definio de estratgias e que
condicionam os vetores de desenvolvimento territorial.

Cabe analisar os conjuntos determinantes nacionais e as escolhas


estratgicas, ao alcance da vontade poltica nacional, que se prope para a
sociedade brasileira nos prximos anos. A concepo estratgica do Pas
que queremos assume tambm, para alm dos fatos portadores de futuro,
escolhas associadas que igualmente informam os vetores de desenvolvimento
territorial, que sero tratados posteriormente. Vale destacar que no existe
correspondncia biunvoca para determinantes e escolhas estratgicas, uma
vez que os primeiros guardam relao com entendimentos macroespaciais,
enquanto as escolhas reportam um rebatimento mais prximo ao territrio.

Um determinante nacional se sobrepe aos demais por tratar da superao


de desigualdades nacionais e regionais significa admitir que, em 2027,
plausvel supor que as desigualdades estaro superadas. A sociedade
brasileira ser mais igualitria, sem disparidades de gnero e raa, com
renda e riqueza bem distribudas e vigorosa mobilidade social ascendente. O
deslocamento da diagonal da incluso/excluso ter incorporado a poro
Norte-Nordeste do pas, embora no de modo homogneo. A desigualdade
se situar num novo patamar em que as populaes carentes tero muito
melhores condies de vida.

98
Volume II - Viso Estratgica Nacional

Quadro 12: Principais escolhas estratgicas (Mdulo 4 Estudos


Setoriais e Temticos por Regio de Referncia)
EE 1 Constituir um Sistema de Cincia,Tecnologia e Inovao maduro.

EE 2 Orientar o sistema produtivo em direo a um novo padro de comportamento que favorece a inovao e a competitividade sistmica.

Fortalecer as opes integradoras da logstica, com base na multimodalidade dos transportes, na diversificao de fontes de energia e
EE 3
na integrao sul-americana.

EE 4 Superar gargalos nas telecomunicaes e promover a difuso dos servios e a incluso digital das pessoas.

EE 5 Patrocinar os usos mltiplos sustentveis da gua.

EE 6 Valorizar os servios ambientais prestados pelos ecossistemas.


Revisar os paradigmas que organizam a economia rural (reforma agrria; relaes de trabalho; legislao ambiental; padres de
EE 7
produo e financiamento).
EE 8 Fortalecer as estruturas de produo e comercializao associadas agro energia.

Conceder prioridade s aes voltadas para a melhoria da qualidade de vida nos meios urbano e metropolitano (habitao, saneamento
EE 9
e transportes pblicos).
Buscar a universalizao e a melhoria da qualidade no atendimento populao na educao, na sade e na assistncia social,
EE 10
respeitando as diversidades tnicas, sociais e culturais.

No que tange ao acesso sade, habitao, saneamento e segurana pblica,


outros determinantes nacionais definem-se com destaque: em 2027, o Estado
brasileiro, seguindo o que estabelece a constituio, garantir acesso universal
a um sistema de sade de qualidade, tendo como premissa o atendimento
prioritrio populao de menor renda e a preveno de doenas. Um
programa de habitao e saneamento bsico garantir melhor qualidade de
vida populao e colaborar para a reduo da mortalidade infantil e de
doenas endmicas. A ao integrada dos trs nveis de governo nas reas
urbanas e metropolitanas com elevada vulnerabilidade social amplificar o
acesso de todos aos direitos sociais e fortalecer a unidade familiar bsica. A
integrao nacional da investigao e represso s diversas modalidades de
crime organizado e corrupo colaborar para a reduo da criminalidade e
mortalidade como resultado da violncia.

A primeira escolha refere-se construo de um sistema de inovao maduro,


preferencialmente descentralizado, j que a cincia, a tecnologia e a inovao
devem presidir e compor o cerne das estratgias de ao do poder pblico.
fundamental a ampliao da interao com o setor privado; investir em reas
estratgicas no cobertas ainda, buscando trabalhar com a transversalidade
setorial. Considerar a descentralizao de investimentos, com vistas ao
desenvolvimento de outros centros com efetivo potencial.

99
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

O determinante nacional correspondente aponta para o desenvolvimento


sustentvel por meio da Cincia, Tecnologia e Inovao, de forma a
viabilizar a efetiva insero do Brasil na sociedade do conhecimento e o
desenvolvimento sustentvel, baseados no aproveitamento inteligente dos
recursos naturais, nos recursos humanos qualificados e na infra-estrutura
de CT&I ampliada. A revoluo cientfica e tecnolgica dar-se-, sobretudo,
mediante os conhecimentos gerados pelas parcerias estabelecidas entre
universidades, institutos de P&D e empresas.

Outra escolha aponta para orientaes que colocam o sistema produtivo


a servio de um novo padro de desenvolvimento, substituindo a nfase
na produo de commodities pelo fortalecimento da indstria difusora de
progresso tcnico. Para isso concorre uma terceira escolha, que acentua os
papis da multimodalidade e das opes integradoras de logstica, posto
que interferem na competitividade sistmica e no aproveitamento dos
potenciais produtivos regionais. Tais escolhas tambm esto amparadas pelo
determinante descrito anteriormente.

Em relao infra-estrutura logstica, o determinante de redes de cidades


para a integrao do territrio complementa os entendimentos e descreve: em
2027, o pas contar com uma infra-estrutura logstica eficiente e competitiva,
integradora do territrio, da economia e da sociedade nacionais. A logstica dever
constituir um sistema de vetores de produo, circulao e processamento da
produo, condio no apenas do desenvolvimento e da coeso nacionais, mas
da acelerao de seu ritmo de desenvolvimento, crucial para o pas, e constitui
um dos determinantes fundamentais da reestruturao do territrio.

A importncia das telecomunicaes e a incluso digital impem a necessidade de


destacar essa dimenso da logstica. A escolha estratgica recai sobre a superao
dos gargalos identificados nas telecomunicaes e na difuso e democratizao
do acesso aos servios que habilitam amplo processo de incluso digital.

Ampliao da escolaridade mdia e melhoria da qualidade do ensino brasileiro


definem outro determinante nacional, que aponta para uma populao
brasileira com maior acesso escolaridade mdia e educao bsica (do ensino
infantil ao mdio) universalizada. Isso abrir possibilidades para a melhoria
da qualificao profissional, com oferta ampla de cursos profissionalizantes
e acesso mais democrtico ao ensino superior. A qualidade do ensino estar

100
Volume II - Viso Estratgica Nacional

assegurada pela melhor qualificao e valorizao do magistrio, bem como


pela transformao da escola em espao atrativo, em termos de infra-estrutura
e equipamentos. A escola ser o grande indutor da incluso digital.

Uma quinta escolha recai sobre os recursos hdricos e a compatibilizao


das disponibilidades para usos econmicos (gerao de energia, irrigao,
abastecimento industrial, navegao fluvial, pesca e aqicultura), ambientais e
de abastecimento humano.

A sexta escolha compreende um campo de ao conceitualmente novo que se


reporta prestao de servios ambientais pelos ecossistemas, envolvendo diversos
tipos de servios que se associam promoo de usos sustentveis, conservao
e manuteno dos recursos naturais e recuperao dos ecossistemas.

A reviso dos paradigmas que organizam a economia rural, que envolve


uma reforma fundiria, a reviso das relaes de trabalho, um aparato legal
s questes ambientais e os novos padres de produo agropecuria e
agroindustrial, em atendimento a requisitos de qualidade e produtividade e de
segurana alimentar, constituem uma stima escolha importante.

A oitava escolha refere-se ao fortalecimento marcante das estruturas de


produo e comercializao de produtos associados agro energia, que
incorporam desde a produo de etanol at a produo de outras fontes
menos tradicionais de biomassa, como o biodiesel.

A priorizao das iniciativas do meio urbano metropolitano, com foco na


habitao, no saneamento e nos transportes pblicos, compreende a nona
escolha estratgica, que tem papel importante para a reduo das desigualdades
sociais e regionais no pas.

Por fim, a dcima escolha estratgica, como no poderia deixar de ser, recai
sobre o conjunto das polticas sociais, com nfase na sade, educao e
assistncia social, em busca de almejados objetivos de universalizao do
atendimento populao e de resgate da dvida social para os segmentos
menos favorecidos.

101
Volume II - Viso Estratgica Nacional

6. VISO ESTRATGICA NACIONAL E A


CONCEPO DO PAS QUE QUEREMOS

Tentativas recentes de formular estratgias para o desenvolvimento brasileiro


contemplaram aspectos essenciais que foram considerados na formulao da
Viso Estratgica Nacional. Duas dessas idias mereceram destaque, porque
abordam questes e fundamentos de base muito afins com o Estudo da
Dimenso Territorial para o Planejamento.

A primeira formulao considerada, contida no Projeto Brasil 3 Tempos30,


contempla a idia de futuro como um processo a ser construdo de forma
compartilhada pelo governo e pela sociedade. Nesse sentido, o processo de
cooperao entre o Estado e a sociedade seria o caminho para a construo
de um Projeto Nacional sob a forma de um conjunto de metas e objetivos
consolidados com o cenrio prospectivo pactuado nacionalmente.

Na segunda formulao, a AND, define-se a construo de uma sociedade


democrtica e prspera, que requer uma institucionalidade geradora de
mais igualdade social e de mais democracia. A perspectiva de evoluo
do pas requer o reforo dos espaos pblicos e uma efetiva socializao
das oportunidades, o que exige ao direta do Estado diante do quadro de
expressivas desigualdades sociais e regionais. Tal apoio na orientao estratgica
das aes e na articulao e mediao dos amplos e variados interesses dos
diversos grupos sociais mais que necessrio para uma governana eficaz
dos processos de desenvolvimento. Esse quadro institucional inovador deve
ser construdo mediante um pacto social e poltico e a conformao de um
Estado eficiente e apto a estabelecer regras claras e capaz de superar nichos de
insegurana jurdica. Para a AND, trata-se da construo de viabilidades para
organizar um processo que deve conter alternativas polticas para superar os
entraves estruturais que se interpem ao desenvolvimento nacional.

As questes discutidas nos captulos anteriores, no trabalho de elaborao


de uma viso estratgica nacional, compreenderam pilares de sustentao da
estratgia de construo do Brasil do futuro, ou seja: um pas com desigualdades
sociais e regionais superadas ou, pelo menos, reduzidas drasticamente; coeso
do ponto de vista social e territorial; promotor do potencial das suas vrias

30 Estudos realizados pelo Ncleo de Assuntos Estratgicos da Presidncia da Repblica.

103
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

regies, que valoriza a inovao e a diversidade cultural e tnica da populao


brasileira; promotor do uso sustentvel dos recursos naturais; integrado
com os demais pases sul-americanos e inserido de maneira competitiva e
autnoma no cenrio internacional.

A sntese, denominada Viso Estratgica Nacional, que organiza o


conjunto articulado de idias sobre o futuro, o territrio e os caminhos a
percorrer para o alcance de um novo Brasil no horizonte de 20 anos pode,
agora, ser enunciada:

Uma nao tropical e democrtica, coesa territorial e socialmente, atenta aos


determinantes do desenvolvimento sustentvel, com uma economia densa e
dinmica, integrada soberanamente no mundo e no continente sul-americano,
que valoriza a diversidade ambiental, cultural e tnica, em que seus cidados tm
condies de vida digna, com liberdade, segurana e paz social.

A declarao explicita a concepo de Pas que queremos, orientando


para a estruturao de um projeto de nao guiado por objetivos de coeso
econmica, social, territorial e poltica e, que pensa o pas com maior
integrao interna, com menores desigualdades regionais e sociais e uma
maior insero internacional.

A concepo de Pas que queremos ganha expresso concreta na estratgia-


sntese de construo de um Brasil policntrico e na definio de vetores
de desenvolvimento territorial. Para os prximos 20 anos, essa concepo
deve fornecer previses sobre a evoluo territorial, aqui considerada por
meio dos vrios exerccios realizados no Estudo da Dimenso Territorial
para o Planejamento31.

O futuro desejado para o Brasil em 2027 pode ser antevisto pela intensidade
da modificao da configurao do territrio nacional observada em 2007
frente aos impulsos provocados pelos imperativos globais, determinantes
nacionais e fatos portadores de futuro e, sobretudo pelas iniciativas
desdobradas dos vetores de desenvolvimento que incidem sobre os seis
territrios da estratgia definidos.

31 Especialmente no Mdulo 2 Viso estratgica nacional e no Mdulo 6 Impactos da carteira de investimentos


por regio de referncia.

104
Volume II - Viso Estratgica Nacional

De forma complementar, para a definio da Viso Estratgica Nacional,


foi fundamental um olhar sobre o conjunto de todo o Territrio Nacional e
tambm de suas relaes com o continente sul-americano e o resto do mundo.
Para estabelecer, contudo, prioridades concretas de escolhas estratgicas, foi
necessrio responder questo sobre que lugares - e tambm como e com que
ritmo - devem receber os esforos visando ao desenvolvimento nacional.

Aps enunciar a Viso Estratgica Nacional, procura-se materializar a


imagem do Brasil do futuro em 2027, desse pas que queremos, por meio
da representao cartogrfica das trajetrias inercial, intencional e ideal de
evoluo do indicador-sntese da renda domiciliar per capita. Para alm de
outros aspectos, esse indicador espelha com maior amplitude os resultados a
que se pretende chegar, auxiliando na compreenso do alcance e consistncia
das iniciativas sugeridas no Estudo.

Os cartogramas apresentados a seguir traam as trs trajetrias analticas


principais para o comportamento da varivel renda domiciliar per capita,
evidenciando as distintas evolues possveis da respectiva configurao
territorial do pas:

O primeiro (Cartograma 10), que se pode denominar de


macroeconmico tendencial, apresentada a configurao territorial
alcanada na hiptese de uma simples extrapolao das condies
macroeconmicas vigentes.
O segundo (Cartograma 11) apresenta o esboo do ponto de
chegada da mesma varivel na hiptese de implementao da
carteira preliminar de investimentos sugerida no mdulo 5 e
interpretada pelo modelo de impactos territoriais desenvolvido no
mdulo 6 do Estudo;
O terceiro (Cartograma 12), apresentado em verso original no
produto 2 do mdulo, compreende o desenho de uma configurao
ideal exeqvel da renda domiciliar per capita no Brasil de 2027.

A configurao ideal do pas concebe uma imagem de futuro que no se


compromete com o quadro macroeconmico apresentado no exerccio
tendencial realizado no Mdulo 6. A hiptese tendencial reala a possvel
configurao do pas no futuro por meio da extrapolao de uma taxa de
investimentos natural, sem que haja uma estratgia de interveno organizada.

105
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Por fim, demonstra-se a configurao que resulta das intervenes delineadas


a partir da apropriao de uma carteira de investimentos preliminar, ainda
no ajustada integralmente aos objetivos almejados no Estudo.

O Cartograma 10 revela que, no cenrio macroeconmico tendencial, existe


forte probabilidade de manuteno da desigualdade regional atual. A diferena
entre as posies das regies de referncia (ao nvel macro) contidas nas faixas
inferior e superior da renda domiciliar per capita atinge a mais de 6 vezes.

Cartograma 10: Renda domiciliar per capita 2027 (tendencial)

Boa Vista

Macap

Belm
So Luis
Manaus Fortaleza

Teresina Natal
Joo Pessoa
Recife
Porto Velho Macei
Rio Branco Palmas Aracaj

Salvador

Braslia
Cuiab
Goinia

Belo Horizonte Vitria


Campo Grande

Rio de Janeiro
So Paulo
Curitiba Brasil - Macrorregies
Renda Domiciliar Percapita 2027

Florianpolis 89.405 - 133.663


133.664 - 220.785
220.786 - 292.222
Porto Alegre
292.223 - 392.346

392.347 - 507.864
507.865 - 1230.268

106
Volume II - Viso Estratgica Nacional

No Cartograma 11, demonstra-se que a apropriao da carteira preliminar


de investimentos permite que o Brasil seja capaz de alcanar, no longo
prazo, resultados positivos, mas que ainda no so suficientes para reduzir a
patamares mnimos os desequilbrios territoriais atuais.

A reduo das desigualdades mais satisfatria no cenrio ideal (Cartograma


12). Enquanto no cenrio construdo a partir dos investimentos programados
na carteira preliminar a diferena entre as macrorregies contidas nas faixas
inferiores e superiores da renda domiciliar per capita atinge, ainda, cerca de 4
vezes, no cenrio ideal essa diferena cai a duas vezes.

Cartograma 11: Renda domiciliar per capita 2027 (carteira)

Boa Vista

Macap

Belm
So Luis
Manaus Fortaleza

Teresina Natal
Joo Pessoa
Recife
Porto Velho Macei
Rio Branco Palmas Aracaj

Salvador

Braslia
Cuiab Goinia

Belo Horizonte Vitria


Campo Grande

Rio de Janeiro
So Paulo
Brasil - Macrorregies
Curitiba Renda Domiciliar Percapita 2027

93.82 - 133.663
Florianpolis 133.664 - 220.785
220.786 - 292.222

Porto Alegre 292.223 - 392.346

392.347 - 507.864
507.865 - 1290.382

107
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Cartograma 12: Renda domiciliar per capita 2027 (ideal)

Boa Vista

Macap

Belm
So Luis
Manaus Fortaleza

Teresina Natal
Joo Pessoa
Recife
Porto Velho Macei
Rio Branco Palmas Aracaj

Salvador

Braslia
Cuiab
Goinia

Belo Horizonte Vitria


Campo Grande

Rio de Janeiro
So Paulo
Brasil - Macrorregies
Curitiba Renda Domiciliar Percapita 2027

90.006 - 133.663
Florianpolis 133.664 - 220.785
220.786 - 292.222

Porto Alegre 292.223 - 392.346

392.347 - 507.864
507.865 - 920.000

A carteira final de investimentos deve aproximar-se um pouco mais do cenrio


ideal. Uma estratgia nacional de desenvolvimento que interfira em trajetrias
que acenam com a estabilidade da configurao territorial do pas condio
indispensvel para mudar a sociedade brasileira em direo a outro patamar
de qualidade de vida da populao.

Os trs cenrios apresentados com base nas trajetrias analticas de evoluo


da distribuio regional da renda domiciliar per capita compreendem insumos

108
Volume II - Viso Estratgica Nacional

importantes para a construo da viso estratgica nacional. Mesmo que a


configurao final da carteira de investimentos no esteja disponvel nesse
momento, nem as anlises de qualificao previstas nos mdulos 6 e 7, j
possvel antever o intervalo de confiana em que as proposies do Estudo
devem se situar.

Outro indicador bsico, relativo educao, ajuda a fornecer imagens de um


pas futuro diferente, mesmo que no haja a possibilidade de comparao direta
com exerccios embasados nos modelos dos mdulos 6 ou 7 ou com a carteira
de investimentos preliminar, utilizados no caso anterior da renda domiciliar per
capita. O indicador utilizado a proporo da populao sub-regional com mais
de 15 anos e menos de 4 anos de estudo. E pela maneira como se pode construir
uma hiptese de evoluo da varivel e margem de variao compatvel com o
quadro macroeconmico estimado, acredita-se exeqvel, desde que com ampla
disposio poltica, reduzir a nveis mnimos e residuais na maior parte do territrio
nacional a proporo de pessoas com menos de 4 anos de estudo na populao.

Como expresso no Cartograma 13, configurao por sub-regies da proporo


de habitantes de mais de 15 anos e menos de 4 anos de estudo acompanha
aquela apresentada para a renda domiciliar per capita no mesmo ano de 2000,
em que se sobressai um Brasil dividido em dois, um ao norte e outro ao sul.

A educao varivel estratgica decisiva para o desenvolvimento. Na


implementao da estratgia de desenvolvimento, o indicador para a educao
deve evoluir mais celeremente at o Brasil de 2027. Dessa forma, arbitrou-
se como uma situao factvel e desejvel para o perodo 2000-2027 que
nenhuma sub-regio tenha, naquele ltimo ano, mais de 20% de sua populao
de 15 anos e mais com menos de 4 anos de escolaridade. Adota-se, ainda, o
critrio de que a distribuio de freqncia do indicador apresente uma maior
homogeneidade territorial.

No cenrio projetado para 2027 (Cartograma 14), construdo com os mesmos


limites da distribuio da varivel de 2000 para auxiliar a comparao, os
territrios teriam praticamente eliminado os problemas mais graves de educao
bsica, embora se deva admitir que 4 anos de estudo represente muito pouco
para os padres atuais de exigncia de qualificao da fora de trabalho. Na
expresso mais geral do mapa de 2027, as desigualdades remanescentes no
tm significado maior para as aspiraes de desenvolvimento dos diversos
territrios, conformando um quadro nico nacional.

109
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Os resultados conjuntos desses indicadores renda domiciliar mdia per


capita e proporo de populao com menos de 4 anos de estudo expressos
territorialmente, construdos de maneira cautelosa e desatrelada de uma
compreenso maior das carteiras finais de investimentos sugeridas no Estudo,
apontam para uma concluso: perfeitamente possvel construir um Brasil
mais equnime, socialmente justo e economicamente dinmico no horizonte
de 20 anos que se adotou.

Cartograma 13: Proporo de pessoas com menos de 4 anos de


estudo sobre populao total de 15 anos e mais de idade por sub-
regies de referncia - 2000

Boa Vista

Macap

Belm
So Luis
Manaus Fortaleza

Teresina Natal
Joo Pessoa
Recife
Porto Velho Macei
Rio Branco Palmas Aracaj

Salvador

Cuiab Braslia
Goinia

Campo Grande Belo Horizonte Vitria

Rio de Janeiro Brasil - Sub-regio Geogrfica


So Paulo % de pessoas com mais de 15 anos
de idade e com menos de 4 anos de
Curitiba estudo em 2000

57.229 - 63.192
Florianpolis
47.687 - 57.228
32.094 - 47.686
Porto Alegre 23.484 - 32.093

16.753 - 23.483
15.233 - 16.752

Fonte: IBGE - Censo Demogrfico 2000.

110
Volume II - Viso Estratgica Nacional

Os mapas do Brasil de 2027, deliberadamente borrados por sua expresso


nos seis grandes territrios da estratgia, assinalam um Brasil possvel
substancialmente melhor na sua coeso social e regional e na sua integrao
econmico-produtiva. Um Brasil mais preparado para enfrentar os efeitos das
foras que tm impedido seu caminho para ser uma Nao desenvolvida.

O Brasil sugerido suporta dois pressupostos futuros para a organizao


estrutural: (1) a construo de um pas policntrico e (2) os vetores de
desenvolvimento territorial definidos para cada um dos seis territrios da
estratgia, que sero tratados a seguir.

Cartograma 14 Proporo de pessoas com menos de 4 anos de


estudo sobre populao total de 15 anos e mais de idade por sub-
regies de referncia - 2027

Boa Vista

Macap

Belm
So Luis
Manaus Fortaleza

Teresina Natal
Joo Pessoa
Recife
Porto Velho Macei
Rio Branco Palmas Aracaj

Salvador

Braslia
Cuiab Goinia

Belo Horizonte Vitria


Campo Grande

Rio de Janeiro Brasil - Macrorregies


So Paulo % de pessoas com mais de 15 anos
de idade e com menos de 4 anos de
Curitiba estudo em 2027

47.687 - 57.288
Florianpolis
32.094 - 47.686
23.484 - 32.093

Porto Alegre 16.753 - 23.483

15.234 - 16.752
0.00 - 15.233

Fonte: IBGE - Censo Demogrfico 2000.

111
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

A construo de um Brasil policntrico abrange uma proposta de nova


configurao do territrio, que remete s escolhas dos ncleos urbanos
capazes de atrair as foras sociais na direo de uma maior interiorizao
e equalizao do desenvolvimento nacional. Esses ncleos herdam maiores
responsabilidades na conduo das estratgias.

Os vetores de desenvolvimento orientam as aes compatveis com


caractersticas especficas regionais que devem ser levadas em considerao
na formulao dos projetos ou blocos de investimento das carteiras. Os
vetores mantm conexo estreita com as regies de referncia que organizam
o comando das fraes especficas do territrio e interagem, no incio do
horizonte de planejamento, com os planos de desenvolvimento regionais
(Plano Amaznia Sustentvel, Planos Estratgicos de Desenvolvimento
do Centro-Oeste e do Nordeste e Plano Estratgico de Desenvolvimento
Sustentvel do Semi-rido) e os planos de governos estaduais estabelecidos
para os prximos anos.

6.1 Construo do Brasil Policntrico


O territrio representa um guia capaz de orientar a interveno do Estado.
A estratgia territorial de desenvolvimento sustentvel para o pas tem como
ponto de partida a adoo das trs escalas geogrficas de anlise: os 6 territrios
da estratgia, as 11 macrorregies e as 118 sub-regies (Cartograma 15). Essa
concepo multiescalar do territrio compreende uma sntese de processos
histricos, polticos, econmicos, sociais e ambientais que se consolidaram
na configurao atual observada do pas. Podem-se distinguir nela tambm
os diversos Brasis, fraes combinadas do Territrio Nacional, mas que
guardam especificidades.

Na primeira escala, as aes esto orientadas por fatos, escolhas ou diretivas


de planejamento associados aos grandes territrios estratgicos. Os vetores de
desenvolvimento territorial, analisados em maior detalhe frente, constituem
sua expresso mais acabada. A segunda escala, macrorregional, permite definir a
linha de comando das aes, a partir dos grandes ncleos urbanos consolidados
que orientam o planejamento na dimenso regional. A ltima escala, sub-regional,
aproxima o raio da ao de um conjunto de municpios que conformam uma
rede de relaes sociais e econmicas, capitaneadas por alguns ncleos urbanos
de menor ordem. As duas ltimas escalas comportam a representao direta do

112
Volume II - Viso Estratgica Nacional

campo de ao da carteira de investimentos, referncia para a identificao dos


elementos relevantes da agenda macro ou sub-regional.

A identificao das onze macrorregies considera a prevalncia de 18


macropolos que, apresentando nveis de consolidao e mesmo de grandeza
diferenciados, comandam a atual organizao territorial. Onze deles so
inquestionveis plos urbanos organizadores de seus espaos de influncia,
enquanto sete, propostos como novos macropolos, so passveis de aes
complementares para, de fato, exercerem o papel descentralizador que lhes
atribudo neste Estudo.

Cartograma 15: Territrios da estratgia, macrorregies e sub-regies

Boa Vista

Macap

Belm
Manaus So Luis Fortaleza

Teresina Natal
Joo Pessoa
Recife
Rio Branco
Porto Velho Macei
Palmas Aracaju

Salvador

Cuiaba Braslia
Goinia

Belo Horizonte Vitria


Campo Grande
So Paulo
Rio de Janeiro Territrios
Bioma amaznico
Curitiba
Centro-Oeste
Florianpolis
Centro-Norte
Semi-rido
Porto Alegre
Litoral Norte-Nordeste
Litoral Sul-Sudeste
Macrorregio
Sub-Regio

A proposio de outros vinte e dois subpolos que conformam sub-regies


estratgicas, leva em considerao a hierarquia de ncleos de segunda ordem,
a localizao geogrfica e o potencial produtivo das vrias sub-regies. Evitou-

113
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

se selecionar subpolos na rea Sul-Sudeste por razes ligadas ao seu maior


desenvolvimento e a capacidade mais ampla e estruturada da sua rede de
cidades, exceo de trs subpolos que tm o objetivo de facilitar a integrao
com os pases limtrofes do Cone Sul.

Assim, foram escolhidos os seguintes agrupamentos para a construo de


uma rede de cidades mais policntrica a partir das concluses do Mdulo 3:

Bioma da Floresta Amaznica: Boa Vista, Macap, Rio Branco e


Santarm (nvel sub-regional), Itaituba (nvel local), Cruzeiro do Sul
e Tabatinga (nvel geopoltico);
Litoral Norte-Nordeste: Belm e So Lus (nvel macrorregional).
Centro-Norte: Palmas (nvel macrorregional), Marab, Imperatriz,
Araguana e Barreiras (nvel sub-regional), Eliseu Martins e Souza
(nvel local).
Semi-rido: Petrolina-Juazeiro, Crajub (Crato, Juazeiro do Norte
e Barbalha), Montes Claros, Tefilo Otoni e Vitria da Conquista
(nvel sub-regional).
Centro-Oeste: Cuiab, Porto Velho, Campo Grande e Uberlndia
(nvel macrorregional), Sinop (nvel sub-regional).
Sul-Sudeste: Cascavel, Chapec e Santa Maria (nvel sub-regional).

A representao dessas escolhas nos territrios estratgicos e nas macrorregies


est contida no Cartograma 16, a seguir. Observe-se que os novos macropolos
propostos (pontos verdes) tendem a se situar na rea centro-ocidental do pas
(Palmas, Cuiab, Campo Grande, Uberlndia, Porto Velho, Belm e So Luiz),
como forma de refor-la, contrabalanando a influncia daqueles centros
considerados j consolidados (pontos vermelhos), predominantemente
situados na parte mais oriental ou litornea do pas.

No so escolhidos novos macropolos no territrio litoral sul-sudeste, j


fortemente consolidado por seus grandes ncleos como Belo Horizonte, Rio
de Janeiro, So Paulo, Curitiba e Porto Alegre. O mesmo ocorre, por razes
distintas, nos territrios Bioma Amaznico e Semi-rido. No primeiro caso,
por conta da necessidade de conter uma maior antropizao da floresta e,
no segundo caso, pelo fato de constituir uma rea em que os macropolos
predominantes esto situados fora, no litoral.

114
Volume II - Viso Estratgica Nacional

Ao mesmo tempo, as escolhas dos subpolos (pontos azuis, azuis claros e


rosas) privilegiam o interior ou fortalecem as reas mais prximas s fronteiras
com os pases vizinhos. Nesse particular, encontram-se as cidades de Santa
Maria, Chapec e Cascavel (no territrio sul-sudeste, mais especificamente na
macrorregio Extremo Sul), Rio Branco, Boa Vista e Macap (no territrio
Bioma Amaznico, compreendendo as macrorregies de Manaus e Belm-
So Luiz); em complemento, no Bioma Amaznico, como as aglomeraes
geopolticas de Cruzeiro do Sul e Tabatinga.

Cartograma 16: Relao entre os territrios da estratgia,


macrorregies e plos

Boa Vista

Macap

Santarm So Luis
Belm

Fortaleza
Manaus
Marab
Tabatinga Itaituba
Imperatriz

Sousa

Crajuba -
Araguana Crato - Recife
Cruzeiro do Sul Juazeiro do Norte -
Eliseu Martins
Barbalha
Porto Velho
Juazeiro Petrolina
Rio Branco Palmas

Sinop Barreiras Salvador Macropolos Consolidados

Novos macropolos
Braslia Vitria da Conquista

Aglomeraes sub-regionais
Cuiaba Montes Claros
Aglomeraes Locais
Goinia Tefilo Otoni

Aglomeraes Geopolticas
Uberlndia

Belo Horizonte
Macrorregies
Campo Grande Belm-So Lus

Rio de Janeiro
Belo Horizonte
Brasil Central
So Paulo
Brasil Central Ocidental
Cascavel
Curitiba Extremo Sul
Fortaleza
Chapec
Manaus
Recife
Santa Maria Porto Alegre Rio de Janeiro
Salvador
So Paulo
Territrios Estratgicos

115
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

6.2 Vetores de Desenvolvimento Territorial


Os valores e os objetivos almejados serviram de base para a definio de uma
estratgia territorial de desenvolvimento, amparada por uma compreenso
acerca do futuro, com seus imperativos globais, determinantes nacionais e fatos
portadores de futuro, e manifesta por meio de vetores de desenvolvimento
para cada um dos seis territrios da estratgia.

A articulao entre os territrios estratgicos, as macrorregies e os novos


plos escolhidos cumpre importante papel na organizao das estratgias,
consubstanciadas nos vetores de desenvolvimento, que devem orientar as
foras que comandam o territrio. Os vetores compreendem as principais
referncias de orientao das aes de desenvolvimento e informam as
carteiras de investimento sugeridas pelo Estudo.

6.2.1 Bioma Florestal Amaznico (Territrio 1)


O Bioma da floresta equatorial amaznica compreende uma frao expressiva
de cerca de um tero da rea de todo o territrio nacional. A cobertura
vegetal encontra-se preservada na maior parte, mas o bioma envolve tambm
ecossistemas de transio e cerrados. Essa poro da Amaznia conserva ainda
hoje as principais caractersticas de seu patrimnio natural, social e cultural.
O Bioma apresenta, em funo disso, grande apelo no debate internacional
sobre desenvolvimento sustentvel e meio ambiente.

O novo padro de desenvolvimento sustentvel para a organizao da base


produtiva regional ter efeitos positivos no avano do processo de integrao sul-
americana e global, a partir de formas inovadoras de lidar com questes como a
gesto da gua, a explorao da madeira, o uso da biodiversidade e a produo de
alimentos e os modais de integrao fsica condizentes com a natureza da regio.

O territrio oferece bens naturais que interessam ao mercado global e posio


estratgica para a integrao sul-americana e a defesa nacional. A tendncia
que se impe o domnio cada vez maior de conhecimentos tcnicos e
cientficos para a produo em favor de uma transformao industrial e no
a mera exportao de matrias-primas.

O vetor de desenvolvimento mais importante para o Bioma Amaznico


a revoluo tcnico-cientfica associada biodiversidade, para valorizar
decisivamente os produtos da floresta e de suas guas. Para avanar nessa

116
Volume II - Viso Estratgica Nacional

direo, indispensvel superar os tradicionais problemas do setor de CT&I,


especialmente com a ampliao dos investimentos nas instituies de P&D,
universidades, pequenas e mdias empresas e com a multiplicao de recursos
humanos qualificados.

Cobra-se ateno para a agenda correspondente de pesquisa e desenvolvimento


e sua interface com as mais importantes cadeias produtivas regionais. A
produo de frmacos, de fitoterpicos e cosmticos, de alimentos e bebidas
regionais, de madeira certificada e industrializada, mveis e outros artefatos,
de fibras vegetais etc., cada qual com sua complexidade, precisa evoluir para
se tornar a base de uma economia tecnologicamente avanada, adaptada ao
meio, nica no mundo.

Vetor fundamental para o desenvolvimento o empreendedorismo regional,


que abra espao para novas fronteiras da inovao social. Em uma regio forjada
em regime semi-escravo, com baixas densidades demogrficas e dificuldade de
acesso aos servios bsicos e informao e comunicao, a maior parte da
populao foi excluda da possibilidade de ter e desenvolver iniciativas. Cabe
gerar atividades que valorizem a cultura regional. o caso do saber local em
lidar com o trpico mido, da msica, do artesanato, da culinria e do turismo.

O terceiro vetor o de implantao de uma logstica integrada e adequada


s especificidades da rea. A intermodalidade, amparada pela constituio de
novos vetores logsticos, deve prever a articulao prioritria das hidrovias
tradicionais com modalidades ainda pouco incorporadas aos trajetos atuais, com
nfase crescente, onde couber, no transporte areo. A diversificao energtica
envolve possveis campos complementares, como os biocombustveis. Quanto
energia, as exigncias de capilaridade espacial so um critrio importante na
seleo dos projetos e definio de redes de distribuio.

A Amaznia j uma floresta urbanizada, na medida em que, em 2000, 70%


da sua populao j habitava ncleos urbanos, mas com grandes distores
quanto ao seu tamanho e distribuio e com escassas relaes entre os
ncleos. A transformao das dbeis redes de cidades em um sistema urbano
constitui um vetor crucial de desenvolvimento, capaz de melhorar a proviso
de servios bsicos populao. Uma estratgia de melhor estruturao
da rede urbana com fortalecimento no s das capitais estaduais como de
cidades mdias estrategicamente localizadas abre a perspectiva para o avano
institucional que anima a cidadania democrtica.

117
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

O bioma demanda, ainda, inovao institucional de peso, que se relaciona ao


fortalecimento da presena do Estado e dos instrumentos de ordenamento
territorial. O trato da questo fundiria e a definio de regras claras para
regular a propriedade rural e urbana so os maiores problemas a enfrentar.
Novos desafios institucionais sero gerados com a integrao continental.
Destaca-se, nesse sentido, a questo da gua, o ouro azul do sculo XXI,
capaz de gerar guerras para control-la.

Uma estratgia de desenvolvimento do bioma passa pela escolha de novos


centros secundrios nos limites do territrio (Cartograma 17), tendo em vista
a necessidade de restringir uma maior antropizao do bioma e tambm de
fortalecer as reas de fronteira, ampliando as condies para a integrao
com os pases vizinhos.

Cartograma 17: Bioma Amaznico e regies de referncia

Venezuela
Guiana

Guiana
Suriname
Francesa
Colmbia Boa Vista

Oiapoque

Rorainpolis Macap

Cabea do Cachorro
Santarm
Maraj

Manaus Abaetetuba

Tef

Alto Solimes Altamira


Itacoatiara

Itaituba

Lbrea Macropolos Consolidados

Nvel Sub-regional
Cruzeiro do Sul Nvel Local

Nvel Geopoltico
Rio Branco
Macrorregies
Belm - So Luis
Manaus

Peru

118
Volume II - Viso Estratgica Nacional

O territrio do bioma florestal amaznico abarca duas macrorregies de


referncia, polarizadas por Manaus e Belm-So Luiz. Esse territrio
comandado, em sua maior extenso, por Manaus e, em sua poro mais
oriental, por Belm, mesmo que este centro esteja includo no territrio do
Litoral Norte-Nordestino. Seis novos plos procuram reduzir a influncia dos
ncleos principais na regio, Manaus e Belm. No primeiro caso, 3 subpolos
Santarm, Boa Vista e Rio Branco -, 2 plos geopolticos Tabatinga e
Cruzeiro do Sul - e 1 plo local Itaituba - constituem as referncias para
uma ao orientada que procura interiorizar o desenvolvimento da regio.

No segundo caso, a escolha do subpolo de Macap, na sobreposio do


Bioma com a macrorregio de Belm-So Luiz, constitui tambm uma forma
de valorizar a fronteira norte do pas, em complemento ao papel semelhante
exercido pelo subpolo de Boa Vista, bem como pelos demais subpolos
fronteirios na fronteira ocidental.

O cruzamento entre os vetores do Bioma, o conjunto de escolhas estratgicas,


os fatos potencialmente promotores de rupturas de tendncia e os objetivos
esto representados no Quadro 13, a seguir. Para cada vetor so definidas
suas filiaes principais com cada um daqueles conjuntos (escolhas, fatos
portadores e objetivos) e sugeridos os balizamentos crticos necessrios no
curso da implementao das respectivas estratgias.

Quadro 13: Relao entre vetores de desenvolvimento, fatos portadores


de futuro, escolhas estratgicas e objetivos Territrio 1
Fatos Portadores de Escolhas
Ordem Vetores Objetivos
Futuro Estratgicas
Revoluo tcnico-cientfica associada biodiversidade e FP7; FP8; FP10;
VDT
aos recursos naturais, de forma a agregar valor aos produtos FP11; FP12; FP15; EE1; EE2; EE5; EE6 O1; O3; O4; O5; O7
11
e processos derivados dos ecossistemas amaznicos. FP20; FP22; FP24

FP4; FP7; FP9; FP12;


VDT Empreendedorismo regional abrindo espao para novas
FP14; FP17; FP18; EE1; EE2; EE7; EE8 O1; O3; O4; O7
12 fronteiras de inovao social.
FP19; FP21

Logstica integrada e adequada s especificidades da regio,


VDT FP5; FP10; FP13;
envolvendo o planejamento integrado das atividades de EE3; EE4; EE8 O1; O2; O6; O7
13 FP16; FP20; FP22
produo, circulao e comercializao.

Transformao das dbeis redes de cidades em um sistema FP1; FP2; FP3; FP4;
VDT
urbano, adensando-as e dotando-as de capacidade de prover FP5; FP13; FP17; EE3; EE4; EE9; EE10 O1; O2; O4
14
servios e equipamentos bsicos para a populao e produo. FP18

Inovao institucional relacionada ao fortalecimento da


VDT FP6; FP13; FP22;
presena do Estado e de seus instrumentos de ordenamento EE2; EE7; EE9; EE10 O1; O2; O6
15 FP23; FP24
do territrio.

119
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Todos os objetivos e escolhas estratgicas esto direta ou indiretamente


contemplados pelos vetores de desenvolvimento do bioma, assim como est
sendo considerada ampla gama de fatos portadores de futuro enunciados.
Os vetores de desenvolvimento tambm encontram caminho de dilogo com
os planos de ao 2008/2011 propostos por algumas unidades da federao.
Ainda que o alcance temporal curto desses planos determine a colocao de
questes mais conjunturais na agenda, cabe avaliar a identidade entre elas e
os vetores propostos.

Uma leitura das diretrizes retiradas dos PPA 2008-2011 dos estados do
Amazonas e do Par demonstra existir compatibilidade entre diretrizes
e orientaes estratgicas propostas no Estudo para esse territrio. Como
exemplo, apresentam-se algumas das formulaes que guardam afinidade
com os vetores de desenvolvimento definidos para esse territrio.

Quadro 14: Diretrizes estratgicas dos PPA 2008-2011 dos Estados do


Amazonas e do Par
ESTADO DO PAR
(...) organizao do territrio mais equilibrada;
Integrao de polticas e programas, visando otimizar os resultados da aplicao dos recursos pblicos, por meio da convergncia territorial
e da focalizao em torno de pblico-alvo delimitado;
Valorizao dos recursos naturais, sociais e culturais para o desenvolvimento;
Agronegcio diferenciado e regulado, respeitando os limites impostos pelo marco legal amaznico;
Ampliao do mercado de consumo de massa: apoio agricultura familiar na gerao de alimentos; polticas de emprego e renda
articuladas com a economia solidria; apoio aos Arranjos Produtivos Locais como prioridade na poltica industrial e de inovao;

ESTADO DO AMAZONAS
Desenvolvimento de logstica de exportao, visando ao aumento da competitividade;
Recuperao da capacidade cientfica e tecnolgica do Estado, visando atender s demandas tanto da indstria de tecnologia de ponta,
quanto das potenciais atividades produtivas relacionadas ao manejo da biodiversidade pelas comunidades locais do interior do Amazonas;
Incentivo formao de arranjos produtivos para o manejo sustentvel da biodiversidade do Amazonas com vistas gerao de emprego e
renda para as populaes do interior do Estado;
Promoo de infra-estrutura (transporte, energia, comunicaes) adequada s necessidades da produo e do consumo, considerando as
caractersticas de cada regio.

6.2.2 Litoral Norte-Nordestino (Territrio 3b)


O litoral setentrional de Belm ao Sul da Bahia - uma regio de ocupao
antiga que concentra expressivos contingentes populacionais. Metrpoles
como Belm, Fortaleza, Recife e Salvador dominam o cenrio regional. Ao
lado das demais capitais estaduais, como So Luiz, Natal, Joo Pessoa, Macei

120
Volume II - Viso Estratgica Nacional

e Aracaju, as metrpoles ofertam um conjunto de facilidades infra-estruturais


e servios diferenciados que no se replicam em outros ncleos prximos dos
territrios adjacentes. Nos ltimos anos, a construo de agendas prprias
voltadas para o desenvolvimento da faixa litornea tem determinado uma
diminuio da importncia das relaes com o interior. Com isso, pode-se
argumentar a respeito da formao de uma agenda de iniciativas desatreladas de
suas funes de comando sobre vastas fraes do interior dessas regies, com
os investimentos mais significativos dirigindo-se a empreendimentos tursticos
de vrios tipos, ao comrcio varejista, especialmente shopping centers.

O principal vetor de desenvolvimento nesse territrio , portanto, a promoo


de setores competitivos com alto poder de gerao de emprego e renda. O
turismo, at por sua capilaridade espacial, continua sendo uma opo decisiva
para o desenvolvimento do territrio, a partir da oferta das praias tropicais
que atraem fluxos crescentes de turistas internacionais e nacionais. H,
contudo, outros segmentos que tambm devem ser apoiados, como o caso
do cultural e do social. Empreendimentos ligados a esses segmentos j se
organizam em plos regionais capazes de absorver contingentes expressivos
de mo-de-obra e gerar impulsos dinmicos para a economia.

A diversificao econmico-produtiva de zonas dedicadas secularmente s


monoculturas, como a do acar e do lcool, do cacau e outras de menor
expresso, mais integradas aos fluxos econmicos principais, outro desafio.
A demanda metropolitana em ascenso, a partir da melhoria da condio de
vida das camadas mais pobres da populao, abre lugar para movimentos que
exploram rotas produtivas novas, como na fruticultura. Recursos de logstica
e capacidades tcnico-cientficas localizadas, aliadas posio geogrfica
estratgica desse territrio, habilitam pensar de forma mais desafiadora.

A economia dessa faixa litornea absorveu por muito tempo o essencial


dos fluxos econmicos interioranos, o que permitiu a formao de ativos
importantes, como infra-estruturas porturias, acessos virios, facilidades
educacionais, instituies cientficas e tecnolgicas, que podem ser mobilizados
para o desenvolvimento do territrio. A desconcentrao desses ativos e
a difuso de seu uso so vitais para a construo de um futuro diferente.
Esse entendimento estende- se para o acesso aos bens e servios pblicos
bsicos, como educao, sade ou cultura, bem como aos bens privados, na
perspectiva, por exemplo, da desconcentrao fundiria. Esse o terceiro

121
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

vetor de desenvolvimento: a distribuio ampla de ativos estratgicos pela


populao e pelas sub-regies.

No mdio prazo, espera-se ampliar novamente a espessura dessa faixa,


retomando sua influncia positiva sobre os territrios contguos do agreste e
do serto. Novos projetos de articulao macrorregional e nacional, como as
ferrovias Transnordestina e Norte-Sul, sero decisivos nesse sentido.

Fortalecer e intensificar as relaes que o territrio mantm com o mar e os


ambientes costeiros um vetor de desenvolvimento promissor. A recuperao
da navegao de cabotagem, agora em bases modernas, e a explorao de
recursos minerais e biolgicos marinhos so exemplos importantes de
iniciativas potenciais. O tradicional aproveitamento dos recursos das zonas
costeiras pode ser levado a outro patamar produtivo com as contribuies
necessrias da base tcnico-cientfica regional, sem descuidar dos requisitos
da preservao ambiental e das implicaes das mudanas climticas globais,
que apontam para severos prejuzos potenciais, com destaque para a situao
de Recife, Olinda e Jaboato.

O territrio litorneo da costa do Norte e Nordeste foi palco principal da


industrializao perifrica brasileira, promovida por incentivos fiscais. Adensar
tecnolgica e comercialmente novas e velhas cadeias produtivas regionais,
como o plo petroqumico baiano de Camaari, outro vetor estratgico
desse territrio. As perspectivas de desenvolvimento em base relacionada s
tecnologias de informao e comunicao em torno da regio metropolitana
de Recife, de uma quarta gerao no plo petroqumico baiano, de outra
posio do plo txtil e de confeces cearense so os exemplos mais bvios e
prximos que demandam a organizao de agendas estratgicas especficas.

O territrio da estratgia do litoral norte-nordestino envolve quatro regies


de referncia correspondentes s reas polarizadas por BelmSo Luiz,
Fortaleza, Recife e Salvador.

As macrorregies polarizadas por essas capitais abarcam fraes de outros


territrios estratgicos, mas a capacidade de articular iniciativas no interesse do
desenvolvimento das pores mais interioranas de suas reas de influncia foi
deixada de lado nos ltimos anos, com a letargia do crescimento das ltimas dcadas
e a lgica imobiliria dos nichos mais rentveis do investimento metropolitano.

122
Volume II - Viso Estratgica Nacional

No litoral, Belm e So Luiz constituem grande plo de comando da logstica


implantada para explorao do ferro, mangans e cobre de Carajs, no Par.
Fortaleza outro plo dinmico. Exerce sua influncia em trs regies - litoral,
parte do serto semi-rido e parte do centro-norte -, mas ao turismo e ao
centro fabril litorneo que deve seu crescimento recente. O porto de Pecm, a
siderrgica em formao e a conexo com a ferrovia Transnordestina podem
modificar as condies para que gerem impulsos dinmicos para o interior
sob seu comando.

Cartograma 18: Litoral Norte-Nordeste e regies de referncia

Belm

So Luis

Sobral
Fortaleza

Mossor
Natal

Joo Pessoa

Recife

Macei

Aracaju

Salvador

Macropolos Consolidados

Novos Macro-plos

Macrorregies
Belm - So Luis
Ilhus - Porto Seguro Fortaleza
Recife
Salvador

Recife, centro cultural e histrico dotado de forte identidade regional, conta


com importante conjunto de instituies universitrias e de C&T e com uma
oferta mais ampla de servios complexos, embora tenha perdido posio
econmica relativa por dcadas. A fora da cidade pode ser parcialmente

123
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

recuperada com o aproveitamento mais intenso do complexo porturio de


Suape e de sua futura articulao ferrovia Transnordestina.

Salvador, semelhana do Recife, exerce sua influncia apenas na costa e


sobre vasta frao do serto semi-rido. A indstria petroqumica, o turismo
e o comrcio modernizaram a cidade, mas a logstica parece ser capaz de dar
novo estmulo a esse plo, por exemplo, na ligao por trem com Uberlndia,
e da com So Paulo. Na sua rea de influncia litornea, velhas economias
estagnadas, como o cinturo agroindustrial baiano, precisam de suporte
tcnico-cientfico e comercial para florescer, ocupando espaos potenciais de
mercado mesmo junto ao Centro-Sul do pas.

Quadro 15: Relao entre Vetores de desenvolvimento territorial - Litoral


Norte-Nordestino, Fatos Portadores, Escolhas Estratgicas e Objetivos
Escolhas
Ordem Vetores Fatos Portadores de Futuro Objetivos
Estratgicas
Promoo de setores competitivos com alto poder de FP4; FP7; FP8; FP9; FP10; O1; O4;
VDT 3B.1 EE1; EE2; EE4; EE7
gerao de emprego e renda. FP12; FP13; FP17; FP18; FP21 O7

Fortalecimento e intensificao das mltiplas relaes que o FP5; FP15; FP16; FP20; FP23;
VDT 3B.2 EE3; EE5; EE6 O1; O2;
territrio mantm com o mar e os ambientes costeiros. FP24

Adensamento tecnolgico e comercial de novas e velhas FP4; FP10; FP11; FP12; FP17;
VDT 3B.3 EE1; EE2; EE4; EE7 O1; O4
cadeias produtivas regionais. FP20; FP21

Modernizao e diversificao econmico-produtiva das O1; O3;


VDT 3B.4 FP4; FP9; FP23; FP24 EE1; EE2; EE7; EE8
zonas dedicadas s monoculturas. O5

Distribuio ampla de ativos estratgicos (educao, terra, FP1; FP5; FP8; FP12; FP16; EE4; EE7; EE8; EE9; O1; O2;
VDT 3B.5
infra-estrutura e cultura). FP19; FP23; FP24 EE10 O5

A orientao estratgica, embasada na teia de relaes, apresentadas no


Quadro 15, entre os vetores de desenvolvimento territorial, fatos portadores,
escolhas estratgicas e objetivos reitera os pontos acima abordados. O nico
alvo ausente a integrao sul-americana, posto que o territrio relaciona-se
com esse objetivo de uma maneira mais difusa, sem conexo direta com as
grandes linhas da estratgia de desenvolvimento desse territrio.

Nos planos de governo dos Estados do Cear, Pernambuco e Bahia podem ser
identificadas diretrizes com forte relao com os vetores de desenvolvimento
previstos para o litoral norte-nordestino:

124
Volume II - Viso Estratgica Nacional

Quadro 16: Diretrizes estratgicas dos PPA 2008-2011 dos Estados do


Cear, Pernambuco e Bahia
ESTADO DO CEAR
Papel dado Educao, Cincia e Tecnologia (Educao Bsica, Superior, Profissional, Tecnolgica e Agrotcnica; CT&I);

Fomento de atividades econmicas, de insero social pelo trabalho;

Desenvolvimento econmico e organizao do territrio com incluso social (infra-estrutura hdrica, energia, transporte e
comunicao, logstica, transporte intermunicipal, desenvolvimento urbano e regional);
ESTADO DE PERNAMBUCO
Preocupao com a interiorizao do desenvolvimento;

Apoio infra-estrutura para o desenvolvimento e auto-sustentabilidade hdrica;

Democratizao do Estado (educao, cultura e diversidade, poltica de esportes, sade, direito moradia e saneamento,
saneamento bsico, segurana pblica e combate violncia, Programa Delegacias Inteligentes, Programa Segurana da
Mulher, Programa Segurana das Minorias, cidadania e direitos sociais);
ESTADO DA BAHIA
Apoio produo e melhorias habitacionais em parcerias; cooperativas urbanas e rurais; assistncia tcnica
autoconstruo; subsdios para produo de material de construo;

Coibio do desmatamento, ocupaes irregulares em reas de ocupao permanente na zona costeira, pesca predatria,
poluio das guas; corredor da Mata Atlntica;

Aumento de incentivos para APLs, TIC, redes de biotecnologia e meio ambiente, desenvolvimento de tecnologias alternativas
e limpas de energia; criao de centros de transferncia de tecnologia (CTT);

Concepo da cultura como elemento gerador de emprego e renda; financiamento da comercializao e da produo do
artesanato, regulamentao do micro crdito cultural.

6.2.3 CENTRO-NORTE (TERRITRIO 2B1)


O territrio Centro-Norte uma fronteira em franca ebulio, tanto no que
diz respeito poro de floresta degradada ou de transio, como na parte
dos cerrados e de interface com o Semi-rido, de dinamismo mais recente.
Uma trajetria endgena de desenvolvimento para esse territrio a meta a
alcanar no futuro prximo.

Na rea florestal desmatada localizada na confluncia dos estados do Par,


Maranho e Tocantins, um vetor de desenvolvimento a ampliao intensiva
da logstica disponvel com a estruturao de uma economia mnero-
agroindustrial ativa. A logstica constituda em torno da estrada de ferro

125
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Carajs, da articulao das cidades como Marab, Imperatriz e Araguana e da


construo da ferrovia Norte-Sul pode ajudar a gerar estruturas produtivas
mais densas e diversificadas.

Um segundo vetor recai sobre o aproveitamento de grandes extenses de


terras degradadas e/ou abandonadas pela antiga frente de expanso. O
consrcio agro-silvicultural uma alternativa para absorver o expressivo
nmero de produtores familiares estabelecidos em antigos assentamentos,
cabendo s empresas de explorao mineral de maior porte papel ativo na
promoo dessa recuperao.

Modificar a estrutura da ocupao produtiva dos cerrados e ofertar


alternativas tecnologicamente densas de explorao agro-silvo-pastoril
constitui outro vetor para o desenvolvimento do territrio central do pas.
Novas e promissoras formas de ocupao da rea, como a produo dos
biocombustveis ou mesmo do lcool de cana-de-acar, contribuiro para
solucionar a deficincia da oferta de energia. O leo de babau no Maranho
pode, finalmente, ter o seu potencial de mercado plenamente realizado.

A reestruturao da base produtiva deve permitir desenvolver a


conectividade interna da regio a partir das cidades que cresceram com
a nova dinmica, como Barreiras e Balsas, ou mesmo Palmas, capital
de Tocantins, alm de outros ncleos que podem ser dinamizados para
sustentar cadeias produtivas. Por sua vez, essas e outras cidades mdias
dispersas que se encontram nesse territrio devem servir de base para um
esforo de organizar a proviso de servios pblicos essenciais. Educao
bsica e profissional so elementos decisivos e inadiveis da agenda que
habilita um futuro radicalmente diferente para essas populaes ao longo
de todo o territrio considerado.

O aporte cientfico e tecnolgico necessrio modificao dos padres


atuais e futuros de organizao produtiva ter que ser outro, pois as tmidas
respostas encontradas no permitem a construo de estratgias de ocupao
mais slidas e sustentadas, sobretudo diante da velocidade e profundidade
da mudana tecnolgica em curso no mbito mundial. Uma competncia
tcnico-cientfica dedicada, voltada s questes das atuais formas produtivas,
chave para a formulao de um maior nmero de alternativas viveis de
organizao produtiva.

126
Volume II - Viso Estratgica Nacional

Trs plos exercem influncia nesse territrio, conformando trs regies


diversas: uma sob o comando de Belm-So Luiz; outra sob a liderana de
BrasliaGoinia; e finalmente outra, cobrindo o sul do Piau, sob a influncia
direta de Fortaleza (Cartograma 19).

Cartograma 19: Centro-Norte e regies de referncia

Santa Luzia

Marab

Imperatriz

Araguana

So Felix do Xing Balsas

Floriano-Uruui

Palmas

So Felix do Araguaia

Novos Macropolos
Nvel Sub-Regional
Barreiras Nvel Local

Macrorregies
Belm-So Luis
Brasil-Central
Fortaleza

Belm e So Luiz polarizam a antiga rea da Amaznia transformada, onde


se diversificou a produo com a explorao madeireira e a pecuria bovina
melhorada. A regio tem sido um bolso de pobreza e uma bacia de mo-
de-obra para a expanso da fronteira agropecuria na Amaznia. A dinmica
dessa frao territorial est associada explorao mineral de Carajs, que

127
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

tambm provocou forte desmatamento associado produo de carvo


vegetal para abastecer as guseiras e a siderrgica localizadas em Marab.

Cidades de porte mdio como Marab, Imperatriz e Araguana, estrategicamente


localizadas junto a rodovias e ferrovias como a de Carajs e a Norte-Sul e
articuladas aos plos regionais, revelam a superao da fase de fronteira e a
consolidao do povoamento nessa sub-regio. O Tringulo compreendido
por essa trs cidades constitui o ponto de irradiao de uma nova concepo
de desenvolvimento, que ajude a reduzir a pobreza e a transformar a natureza
da ocupao naquela rea, conforme apresentado no Cartograma 19.

bem diversa a situao do cerrado, domnio histrico da pecuria extensiva


e primitiva e de produtores familiares sobrevivendo em grandes latifndios.
A densidade de populao baixa, e as atividades econmicas mantm
ainda um cunho extensivo, porm com uma nova dinmica decorrente da
expanso da lavoura da soja. So enormes as carncias de infra-estrutura, mas
tambm expressivos os potenciais de crescimento em funo dos potenciais
de ocupao agroindustrial.

Braslia-Goinia constituem um segundo plo na regio e, com apoio


em Palmas, avanam decisivamente sua influncia em direo ao norte,
competindo com o plo de Belm-So Luiz. O territrio do Centro-Norte
abrange parcelas significativas de trs macrorregies polarizadas por Belm-
So Luiz, Fortaleza e Braslia-Goinia. No existe, nesse caso, um ncleo
consolidado que comande esse territrio. Os trs plos influentes sob esse
territrio esto localizados fora dele, reforando a diretriz de se avanar na
estruturao de um comando interno.

Quadro 17: Relao entre vetores de desenvolvimento, fatos portadores


de futuro, escolhas estratgicas e objetivos Territrio 2B1
Escolhas
Ordem Vetores Fatos Portadores de Futuro Objetivos
Estratgicas
Uso intensivo e ampliao da logstica disponvel com a FP4; FP5; FP7; FP9; FP11; EE3; EE4; O1; O2;
VDT 2B1.1
estruturao de uma economia minero - agroindustrial ativa. FP20; FP21 EE7; EE8 O7

Recuperao e aproveitamento das grandes extenses de terra FP8; FP14; FP15; FP16; EE1; EE2; O1; O2;
VDT 2B1.2
degradadas ou abandonadas. FP21; FP23 EE6; EE7 O3; O5

Ocupao sustentvel dos cerrados com adensamento tecnolgico FP4; FP7; FP10; FP11; FP20; EE1, EE2; O1; O3;
VDT 2B1.3
da economia agro-silvo-pastoril. FP21 EE6; EE7; EE8 O5

128
Volume II - Viso Estratgica Nacional

Escolhas
Ordem Vetores Fatos Portadores de Futuro Objetivos
Estratgicas
EE3; EE4;
Fortalecimento dos novos ncleos urbanos e de sua conectividade FP1; FP3; FP5; FP13; FP17;
VDT 2B1.4 EE8; EE9; O1; O2;
interna, ampliando a oferta de servios pblicos essenciais. FP18; FP24
EE10

Montagem de uma competncia tcnico-cientfica dedicada aos FP4; FP10; FP11; FP12; EE1; EE2; O1; O3;
VDT 2B1.5
problemas do territrio FP13; FP14; FP19 EE3; EE4; EE7 O4;

As orientaes contidas na estratgia-sntese do Brasil policntrico avanam


na direo de constituir esse comando a partir do protopolo de Palmas e dos
ncleos urbanos mais densos, compreendidos por Marab (PA), Imperatriz
(MA) Araguana (TO) e Barreiras (BA), ou de carter local, como Eliseu Martins
(PI), ponto final da ferrovia Transnordestina na sua configurao atual.

Os principais vetores de desenvolvimento identificados para o Territrio,


suas relaes com os fatos portadores de futuro, as escolhas estratgicas e os
objetivos esto representados no Quadro 16, acima.

A anlise da relao das estratgias previstas para esse territrio segue tambm
apoiada no plano do Estado do Par, mas com pequenas inseres oriundas
dos planos dos Estados da Bahia e do Mato Grosso. As principais linhas
diretivas dos planos estaduais esto listadas no Quadro 17:

Quadro 18: Diretrizes estratgicas PPA 2008-2011 dos estados do


Par, Bahia e Mato Grosso
ESTADO DO PAR
Busca de um novo modelo de desenvolvimento econmico, para a diversificao da matriz produtiva e dinamizao das zonas de
conservao, novo marco legal de regularizao de atividades, gerao de emprego e renda, investimentos para aumento de produtividade
inovadora e maior presena em mercados, com compromisso de consistncia fiscal;
Convergncia territorial como mtodo de orientao da alocao dos investimentos pblicos e privados com vistas a uma organizao do
territrio mais equilibrada;
Dinamizao da nova economia scio-ambiental, com a melhoria da qualidade de vida e gesto pblica descentralizada;
Superao dos limites dos piores indicadores sociais e de oferta de servios pblicos;
Universalizao dos servios essenciais; garantia de oportunidades a todas e todos e garantia de renda como resultado de dinamizao e
diversificao econmica;
Adequao da estratgia para cada realidade regional, respeitando os aspectos scio-ambientais;

ESTADOS DA BAHIA E DO MATO GROSSO


Resoluo de conflitos fundirios (MT);
Implementao do zoneamento ecolgico-econmico (BA);
Implantao do corredor Leste-Oeste (BA).

129
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

6.2.4 O SERTO SEMI-RIDO NORDESTINO (TERRITRIO 2B2)


O Serto Semi-rido nordestino compreende uma das reas mais vulnerveis
do territrio brasileiro, concentrando contingente populacional expressivo
mais de 10% da populao brasileira em condies sociais desfavorveis,
o que agrava a vulnerabilidade dessa economia ao fenmeno das secas.
O semi-rido constitui um dos maiores desafios para o desenvolvimento
regional no pas.

As medidas tradicionais de polticas (frentes de trabalho e ampliao da


capacidade de armazenamento de gua), sem aes complementares para criar
estabilidade na oferta de alimentos e na renda local (como aquelas apoiadas
no uso racional da terra e gua para produo agrcola de mercado, externo
e interno), apenas contribuem para manter a vulnerabilidade que decorre da
presso demogrfica da rea. A transferncia de renda e os gastos de governo
recorrentes, para assegurar o mnimo de consumo aos sertanejos, devem
se fazer acompanhar de aes transformadoras, que renovem os padres
produtivos da regio.

No obstante a necessidade de atacar os anacronismos da estrutura fundiria


local, o ativo crtico para o desenvolvimento , nesse territrio, a gua.
Promover amplo acesso gua e seu uso sustentvel o vetor estratgico
de maior expresso. No h como negar que a viabilidade do Semi-rido
passa pela ampliao da agricultura irrigada, apesar da controvrsia quanto
amplitude da rea passvel de irrigao. O abastecimento humano tambm
determinante da distribuio da gua, condicionando a montagem de uma
ampla rede sistmica de adutoras e sugerindo, at mesmo, uma possvel
reconfigurao do sistema de cidades, em busca de um fortalecimento de
novos nexos espaciais intra-regionais.

A dinamizao da estrutura produtiva passa pelo apoio e impulso a atividades


regionais adequadas ao ambiente e cultura regionais, seu segundo vetor de
desenvolvimento. o caso da mamona, j previsto como principal insumo
regional para a produo de biocombustvel, da cana-de-acar para produo
do etanol, do algodo, do sorgo, do mel (apicultura) e de alguns minerais.

O impulso ao setor produtivo deve ser acompanhado de aes que


permitam remover as restries ao comrcio e circulao de bens, o que
elege a renovao e ampliao da logstica para ampliar a acessibilidade, a

130
Volume II - Viso Estratgica Nacional

integrao e a revitalizao dos ncleos urbanos como um terceiro vetor de


desenvolvimento. A malha viria , portanto, um elemento fundamental da
acessibilidade local aos mercados regionais, nacional e internacional.

Adensar a base cientfico-tecnolgica na rea, com reforo ao ensino tcnico


profissionalizante, constitui o quarto vetor de desenvolvimento, cabendo aos
institutos de pesquisa nela sediados e seus centros regionais papel destacado
na promoo da inovao, com nfase nas demandas da agropecuria. A
evoluo da criao caprina em direo a outros patamares tcnico-produtivos
um desafio no campo da inovao.

Cartograma 20: Semi-rido e regies de referncia

Quixad
Caxias Teresina Jaguaribe

Sudoeste Potiguar

Cear Meridional Serid


Sousa
Picos Patos Campina Grande
Cariri ou Crajub

Arcoverde

Caruaru

Serto Alagoano
Arapiraca
Petrolina-Juazeiro
Paulo Afonso

Seto Sergipano

Irec Feira de Santana

Vitria da Conquista

Nvel Sub-Regional
Nvel Local
Montes Claros
Macrorregies
Belo Horizonte
Fortaleza
Tefilo Otoni
Recife
Salvador

131
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Por fim, um vetor no menos importante o esforo decisivo em educao,


sade, saneamento, habitao e resgate social por mecanismos de transferncia
de renda que o territrio demanda. Reverter situao social do territrio a
condio necessria para abrir novos horizontes de desenvolvimento.

As quatro metrpoles que polarizam o serto (Fortaleza, Recife, Salvador


e Belo Horizonte), sediadas fora da regio, devem contribuir para essa
transformao. Uma ao conjunta das metrpoles deveria ser cogitada
para dinamizar o semi-rido e aproveitar os elos histricos que unem vastas
camadas da populao regional.

Parte das questes que dialogam com as metrpoles de Fortaleza, Recife e


Salvador foram discutidas antes, quando da abordagem da rea litornea. As
trs regies cujo comando se estende das capitais litorneas para o interior do
Nordeste semi-rido demandam maior renovao nas conexes com os portos
existentes, restabelecendo e revigorando antigas configuraes logsticas,
no que couber. Finalmente, cabe destacar o papel de Belo Horizonte, que
comanda parte do territrio semi-rido e pode dedicar maiores esforos aos
campos do norte do estado mineiro, rearticulando com as facilidades logsticas
de integrao com os plos mais dinmicos do pas os nexos econmico-
produtivos que mantm com vrias localidades daquela rea.

Tambm aqui, o Brasil policntrico encaminha esforos para consolidar


futuras lideranas endgenas no territrio. Plos como Crato-Juazeiro do
NorteBarbalha, Souza, PetrolinaJuazeiro, Vitria da Conquista, Tefilo
Otoni e Montes Claros compreendem os ncleos selecionados para comandar
algumas de suas fraes.

Os vetores selecionados (Quadro 19) apontam na direo da superao das


mais importantes debilidades das estruturas socioeconmicas do territrio.
As suas relaes com os fatos portadores de futuro, as escolhas estratgicas e
os objetivos encontram-se no quadro a seguir.

132
Volume II - Viso Estratgica Nacional

Quadro 19: Relao entre Vetores de desenvolvimento territorial, fatos


portadores de futuro, escolhas estratgicas e objetivos Territrio 2B2
Escolhas
Ordem Vetores Fatos Portadores de Futuro Objetivos
Estratgicas
Ampla socializao do acesso gua e promoo de seu FFP8; FP14; FP15; FP23; O1; O3;
VDT 2B2.1 EE1; EE5; EE6
uso sustentvel. FP24 O5

Dinamizao de atividades adequadas ao ambiente e s FP4; FP9; FP11; FP16; FP20; O1; O2;
VDT 2B2.2 EE2; EE7; EE8
culturas regionais. FP21 O3; O4

Renovao da logstica para ampliar acessibilidade, O1; O2;


VDT 2B2.3 FP3; FP5; FP13; FP16 EE3; EE4; EE9
integrao e revitalizao dos ncleos urbanos. O6; O7

Adensamento da base cientfico-tecnolgica da regio, com FP7; FP9; FP10; FP11; FP12; O1; O2;
VDT 2B2.4 EE1; EE2; EE4
reforo ao ensino tcnico-profissional. FP13; FP17; FP19 O4

Esforo decisivo em educao, sade, saneamento,


FP1; FP2; FP12; FP13; FP14; O1; O2;
VDT 2B2.5 habitao e resgate social por mecanismos de transferncia EE4; EE7; EE9; EE10
FP18; FP19 O3; O4
de renda.

A afinidade de muitas das diretrizes enunciadas nos captulos dos planos


estaduais considerados aos vetores estratgicos estabelecidos para o
desenvolvimento desse territrio pode ser percebida a partir da lista resumida
no Quadro 20, abaixo.

Quadro 20: Diretrizes estratgicas PPA 2008-2011 dos estados do


Cear, Pernambuco e Bahia
ESTADO DO CEAR
Desenvolvimento econmico e organizao do territrio com incluso social (infra-estrutura hdrica; energia; transporte e comunicao; logstica;
transporte intermunicipal; desenvolvimento urbano e regional);
Desenvolvimento econmico (turismo sustentvel; programa de qualificao tecnolgica);
Educao, Cincia e Tecnologia (educao bsica, superior, profissional, tecnolgica e agrotcnica; escola de tempo integral; bibliotecas em escolas
estaduais abertas comunidade; ampliao das redes de escolas tcnicas; fortalecimento dos programas de ps-graduao e novos investimentos
federais para implantao de novas universidades e escolas tcnicas federais);

ESTADO DE PERNAMBUCO
Infra-estrutura para o desenvolvimento e auto-sustentabilidade hdrica (gua e saneamento; poltica de transportes; energia para o desenvolvimento;
poltica ambiental);
Democratizao do estado (educao, cultura e diversidade, poltica de esportes, sade, saneamento bsico, cidadania e direitos sociais, gesto
democrtica do estado)
Interiorizao do desenvolvimento;

ESTADO DA BAHIA
Saneamento (construo de aguadas, cisternas, reservatrios de estocagem da gua pluvial e de enxurradas na zona rural; suporte a poltica de oferta
de gua para as cidades com mais de 5 mil hab, em parceria com governos municipal e federal, atravs de sistemas de adutoras e poos artesianos);
Meio ambiente (revitalizao do rio So Francisco, saneamento ambiental; implementao de ZEE, corredores ecolgicos da caatinga, poltica florestal;
educao ambiental com estratgias para o setor formal e informal);
Transportes (melhoria da rede estadual de estradas, inclusive vicinais; criao de centros de distribuio e armazenamento; implantao do corredor
leste-oeste, especialmente de ferrovias, direcionado para os portos baianos de Aratu, Ilhus e Mara; apoio logstico construo do anel ferrovirio
de So Flix e Cachoeira, integrao do estado com o Oceano Pacfico; construo e ampliao de aeroportos);
Sade (implantao de cursos tcnicos de radiologia, sade bucal e ampliao da oferta de auxiliar e tcnico de enfermagem, implantao de cursos
de residncia mdica nos hospitais dos plos regionais).

133
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

6.2.5 O CENTRO-OESTE (TERRITRIO 2A)


O Centro-Oeste foi palco de um processo longo de ocupao da fronteira
agrcola, intensificada, nos anos 50, com a construo de Braslia. A expanso
da rede rodoviria ligando a regio ao centro-sul do pas e Amaznia
proporcionou o estabelecimento de fazendas agropecurias modernas,
geralmente pertencentes a empresrios provenientes das regies Sul e
Sudeste. Compreende, hoje, o domnio mais pujante da produo de gros,
particularmente da soja que, graas ao pacote tecnolgico desenvolvido no
pas, conseguiu transformar o cerrado a partir da dcada de 1970.

O ponto frgil de toda essa pujante trajetria de desenvolvimento a infra-


estrutura, em especial viria e energtica. As redes se estenderam h pouco
at a regio, que no conta com uma malha viria consolidada. O escoamento
da produo quase toda voltada para o exterior realizado pelos grandes
corredores de exportao at os portos do centro-sul. A busca de reduo
dos custos de transporte para melhor insero competitiva levou abertura
de eixos de circulao na Regio Amaznica, como a hidrovia do Madeira.
Planeja-se o asfaltamento da BR 163, a Cuiab-Santarm. Assim, prover
esse territrio de uma malha logstica adequada em transporte e energia
o vetor estratgico de desenvolvimento mais importante que deve visar, em
simultneo, a exportao e a integrao regional.

A expanso da agroindstria de gros associada da pecuria conforma


um grande cinturo de soja/boi no entorno da floresta amaznica,
estendendo-se hoje a oeste, pela Bolvia, e a leste, at o interior da Bahia,
do Piau e do Maranho. O problema energtico global, com a valorizao
da bioenergia e dos biocombustveis, prenuncia uma tendncia para a
expanso da cana-de-acar que j se faz no centro-sul e de outras
fontes de energia renovveis, inclusive a prpria soja, alm de nova
transformao na atividade agroindustrial.

A trajetria de desenvolvimento do Brasil central nos prximos anos envolver


o desdobramento das apostas econmicas mais significativas j realizadas. A
agroindstria continuar a ter um papel destacado, como fator de articulao
de uma etapa provvel da integrao sul-americana que ultrapassa a mera
conexo logstica. Cada vez mais as produes bolivianas e paraguaias
estaro imbricadas na mesma lgica que se vai construindo para o corao
do continente, e o Brasil dever desempenhar um papel de protagonista

134
Volume II - Viso Estratgica Nacional

na construo dessas novas relaes com os pases vizinhos. Por tudo isso,
consolidar a ocupao agroindustrial contempornea, diversificando-a e
ampliando suas bases de sustentao tecnolgica e financeira constitui o
outro vetor estratgico para o desenvolvimento da rea.

A ocupao dos cerrados, at aqui, tendeu a desrespeitar limites sociais e


ambientais que devero ser crescentemente observados. A questo fundiria
exige uma negociao delicada, mas imprescindvel. No futuro, a estrutura
fundiria precisa refletir um equilbrio necessrio entre agricultura e pecuria
capitalista e familiar, elemento importante na estratgia de desenvolvimento
desse territrio. A resoluo dos conflitos fundirios est relacionada
tambm questo ambiental. Parte do passivo ambiental herdado do
avano desenfreado da cultura de gros deve ser colocada sobre a mesa de
negociaes. A perspectiva de ampliao da rea incorporada aos processos
agrcolas exige maiores cuidados com a preservao e conservao do bioma
dos cerrados. Desenvolver iniciativa que aponte caminhos para superar os
problemas fundirios e ambientais outro importante vetor estratgico de
desenvolvimento desse territrio.

Cabe lembrar que o territrio conta com uma poderosa aglomerao urbana
em torno de um arco que liga Braslia, Anpolis e Goinia. De um lado, a
aglomerao disputa espaos com a fora centrpeta maior que emana do
plo de So Paulo, mas, de outro, compe-se com a rea de influncia direta
desse plo, no eixo que alcana Ribeiro Preto e da ao Tringulo Mineiro
que integra o territrio aqui considerado - e ao sul de Gois. Por essa
via, uma estrutura produtiva industrial, h muito ancorada na agropecuria,
comea a tomar forma diferente, avanando por setores de maior densidade
tecnolgica, como os do complexo metal-mecnico. Tambm crescente o
peso dos servios sofisticados que ganham terreno a partir das duas capitais
e se replicam em Campo Grande, Cuiab e nas cidades mais importantes de
Gois e do Tringulo Mineiro, como Uberlndia.

Fortalecer os elos que se estruturam no arco Braslia-Anpolis-Goinia um


vetor que ajudar essa regio como um plo de atrao de empreendimentos
de base cientfica e tecnolgica e servios de alta complexidade. O
contraponto desse movimento encontrar respostas mais slidas para o
problema das populaes pobres que migram para a rea, em especial para
a periferia de Braslia. Como esse talvez seja um dos maiores problemas

135
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

regionais em gestao no pas, faz sentido intensificar as iniciativas na regio


do entorno da capital, mas com um olhar atento para utiliz-las como fator
de ordenamento territorial.

A melhoria continuada da educao, incluindo-se a a ampliao dos esforos


de ensino tcnico, bem como um avano nas competncias em CT&I
articuladas aos requerimentos do setor produtivo, pode constituir uma
contribuio decisiva para o aumento da competitividade to necessria para
consolidar a base econmica dessa extensa regio.

Cartograma 21: Centro-Oeste e regies de referncia

Porto Velho
Alta Floresta
Vilhena
Ji-Paran

Sinop

Barra do Gara

Cuiab
Rondonpolis
Braslia
Bolvia
Goinia
Pantanal Rio Verde

Uberlndia
Campo Grande

Macropolos Consolidados
Novos Macropolos
Dourados Nvel Sub-Regional
Paraguai
Macrorregies
Brasil-Central
Brasil-Central Ocidental

Finalmente, a posio estratgica desse territrio, cuja extensa faixa de fronteira


coincide com rios navegveis e populaes significativas s suas margens,
indica como vetor de desenvolvimento regional a integrao sul-americana

136
Volume II - Viso Estratgica Nacional

baseada em complementaridade de recursos e projetos conjuntos, capazes de


embasar uma agenda sul-americana de desenvolvimento para o corao do
continente. Um avano com relao aos passos dados na integrao focada
apenas no cone sul do continente.

A liderana dupla desse territrio por BrasliaGoinia, na parte oriental, e


Cuiab e Campo Grande, na parte ocidental, divide as funes de comando
mais significativas. Braslia e Goinia exercem maior influncia no prprio
estado de Gois, em fraes de Tocantins e no oeste de Minas Gerais. Tem
tambm alguma influncia no restante do territrio, na medida em que ele
no polarizado por plos efetivos, mas por protopolos, correspondentes s
capitais estaduais Porto Velho, Cuiab e Campo Grande que, em conjunto,
polarizam outra macrorregio.

Nesse caso, as orientaes estratgicas seguem na direo de consolidar esses


protomacropolos e alguns plos secundrios e locais, como Uberlndia e
Sinop (ver Cartograma abaixo). Ao mesmo tempo em que permite uma maior
interiorizao do territrio, contrabalanando o peso dos macropolos de Braslia e
Goinia, busca tambm fortalecer os laos de integrao com os pases vizinhos.

Os vetores selecionados apontam na direo da superao das mais


importantes debilidades das estruturas socioeconmicas do territrio. Suas
relaes com os fatos portadores de futuro, as escolhas estratgicas e os
objetivos encontram-se no quadro a seguir.

Quadro 21: Relao entre vetores de desenvolvimento, fatos portadores


de futuro, escolhas estratgicas e objetivos Territrio 2A
Fatos Portadores de Escolhas
Ordem Vetores Objetivos
Futuro Estratgicas
Fortalecimento da malha logstica associada aos transportes e FP4; FP5; FP8; FP16;
VDT 2A.1 EE3; EE8 O1; O2;
energia. FP20; FP22

Consolidao da ocupao agroindustrial, ampliando suas bases FP4; FP6;FP7; FP10;


VDT 2A.2 EE1; EE2; EE7 O1; O3;
de sustentao tecnolgica e financeira. FP11; FP20; FP21

Desenvolvimento de Iniciativas que apontem caminhos para FP6; FP20; FP21; FP23; O1; O2;
VDT 2A.3 EE7; EE8
superar os problemas fundirios e ambientais FP 24 O3; O5

Fortalecimento dos elos que estruturam o arco Braslia-Anpolis- FP3; FP5; FP9; FP10; EE1; EE2; EE4; EE9;
VDT 2A.4 O1; O2;
Goinia e conformam a hierarquia da rede urbana do territrio. FP12; FP23 EE10

O1; O6;
Explorao de projetos comuns com pases vizinhos no esprito da FP2; FP3; FP5; FP6;
VDT 2A.5 EE3; EE8 O7
Integrao sul-americana FP8; FP22

137
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Por fim, a relao das diretrizes manifestas nos planos estaduais demonstra
sua compatibilidade com os vetores estratgicos do territrio descritos
anteriormente:

Quadro 22: Diretrizes estratgicas PPA 2008-2011 dos estados do Mato


Grosso e Gois
ESTADO DE MATO GROSSO
Expanso do agronegcio;
Diversificao e adensamento das cadeias produtivas;
Resoluo de conflitos e reestruturao fundiria;
Gesto ambiental do estado;
Integrao com o mercado mundial de alimentos e energia;
Expanso do mercado interno.

ESTADO DE GOIS
Economia competitiva e expanso de investimentos e empregos (infra-estrutura; transporte/logstica e energia; agronegcio; indstria, comrcio e servios;
minerao; turismo);
Qualidade ambiental e responsabilidade social (meio ambiente e responsabilidade social; reverso da degradao ambiental e do esgotamento dos
recursos naturais;
Educao universalizadora de oportunidades;
Conhecimento e inovao tecnolgica (cincia e tecnologia/educao superior);
Interiorizao do desenvolvimento e cidades sustentveis (desenvolvimento regional/urbano e apoio aos municpios; saneamento bsico);
Rede de proteo e incluso social (desenvolvimento e incluso social);
Economia competitiva e expanso de investimentos e empregos (comrcio exterior e relaes internacionais).

6.2.6 O LITORAL SUDESTE-SUL (TERRITRIO 3A)


O territrio litoral sudeste-sul compreende praticamente toda a rea das regies
Sudeste e Sul do pas, com exceo de parte significativa de Minas Gerais. Na
sua totalidade, concentra cerca de 70% da produo e 60% da populao totais
do pas, no obstante o comportamento econmico e demogrfico recente,
em que se apresenta uma tendncia desconcentrao dos maiores ncleos
da regio, So Paulo e Rio de Janeiro. Contudo, esse processo descentralizador
se apresenta de uma forma mais contundente para uma rea que abrange o
interior da regio, o denominado polgono industrial (Diniz, 1993), parte
tecnologicamente mais densa da estrutura produtiva do pas. Segundo Diniz
(2001), o ncleo duro da indstria (mecnica, material eltrico, eletrnico,
material de transportes e qumica) tende a se localizar nas metrpoles de
segundo nvel e em cidades mdias da macrorregio que vai de Minas ao Rio
Grande do Sul, criando uma teia de relaes produtivas que se traduzem em
economias externas, reforando a concentrao macroespacial.

O territrio apresenta uma rede urbana complexa, caracterizada por centros


urbanos de alta densidade e com interaes espaciais intensas e de grande

138
Volume II - Viso Estratgica Nacional

diversidade. Sua agenda econmica e social presta ateno necessidade


de reverter as deseconomias de escala e o congestionamento associados
aos problemas urbanos decorrentes da grande concentrao de pessoas e
atividades (violncia, trfego, poluio etc.)

As diretrizes para esse territrio abrangem a consolidao das articulaes


dos seus ncleos principais com os plos e as redes estabelecidas no Cone
Sul, o desenvolvimento das conexes scio-produtivas com os pases
vizinhos e a mudana nas condies de vida nos grandes centros urbanos.
No horizonte de planejamento considerado, essa regio continuar a deter
a liderana econmica e financeira do pas. E tambm a concentrar, no
geral, a parte mais desenvolvida da competncia tcnico-cientfica nacional,
com instituies universitrias, institutos de pesquisa e centros de P&D
empresariais qualitativamente situados no topo do espectro de situaes.

A base tcnico-cientfica do territrio tem papel decisivo na reproduo das


competncias em CT&I de outras regies e assim no deve, por qualquer
razo, ser desestimulada. O Brasil depende dessa capacidade em CT&I
para uma nova gerao industrial a partir da aproximao da fronteira do
conhecimento cientfico mundial e ao estado da arte tecnolgico dos pases
centrais. Fortalecer as competncias em CT&I do territrio, mobilizando-as
para que contribuam diretamente na formao mais intensa de competncias
em outras partes do pas constitui um vetor estratgico importante para o
desenvolvimento nacional.

Um embrio de policentrismo, j constitudo na regio e apoiado na qualidade


da logstica existente, cumpre ser consolidado como vetor de desenvolvimento
a partir das grandes metrpoles e tendo em mira as de pases vizinhos do
Cone Sul. A integrao sul-americana tem nessa regio sua porta de entrada
principal. As relaes transfronteirias aqui, alm de mais desenvolvidas
e tradicionais, continuam a desempenhar o papel de efeito demonstrativo
sobre a perspectiva de avano da integrao continental maior. Por essa
razo, uma estratgia de desenvolvimento do territrio precisa incorporar
claras orientaes para uma integrao sul-americana comercial e social mais
ampla, que se refletem nos maiores fluxos de populaes e mercadorias com
os pases vizinhos associados, preparando melhor a estrutura scio-produtiva
da regio. Estimular projetos de integrao em vrios setores que envolvam

139
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

relao com os parceiros promissores dos pases vizinhos importante vetor


de desenvolvimento a ser materializado com base nas cidades, ampliando as
condies de insero global.

Retomar o desenvolvimento nacional implica reacender a economia da regio


Sudeste-Sul desenvolvida. Uma dinmica sustentada de desenvolvimento
requer, entretanto, o enfrentamento de gargalos importantes. O mais
significativo est relacionado s Regies Metropolitanas, onde o acmulo de
tarefas inconclusas grande. A desigualdade social instaurou-se no seio das
metrpoles sem fazer distino daquelas que outrora foram mais prsperas.
Carncias importantes em habitao, saneamento e outros itens importantes
para uma melhor sociabilidade urbana devem ser objeto de obsessiva ao
dos poderes pblicos institudos, com vistas a sua superao.

Destaque especial deve ser dado aos transportes urbanos, cujos investimentos
requeridos parecem ter se iniciado. Congestionamentos, deficincias de
equipamentos e outros problemas ajudam a reforar a sensao de caos
urbano presente nas metrpoles. Dessa forma, mudar as condies de vida
dos grandes centros urbanos e construir bases mais integradoras para os
diversos segmentos sociais que convivem nesses ambientes outro vetor
fundamental ao desenvolvimento do Sudeste-Sul.

As caractersticas geogrficas e de ocupao territorial desse territrio confere,


tambm, uma posio estratgica privilegiada em termos da explorao
sustentvel dos recursos do mar e dos ambientes costeiros, incluindo no s a
pesca, o transporte, o lazer e a segurana, mas tambm a explorao mineral,
como outro vetor de desenvolvimento desse territrio. Para uma explorao
sustentvel indispensvel o conhecimento dos processos ocenicos e
dos recursos marinhos, o que s pode ser atingido com pesquisa cientfica
e tecnolgica. Torna-se igualmente importante a formao de pessoal e a
divulgao do conhecimento nos mais diferentes nveis da sociedade, a fim de
gerar uma conscincia ambiental sobre o uso do mar e de seus recursos.

O Sudeste-Sul integra quatro macrorregies sob comando de Belo Horizonte,


Rio de Janeiro, So Paulo e Curitiba-Porto Alegre. Esses macropolos j
consolidados exercero ainda grande influncia nesse territrio e mesmo
no pas como um todo. Porm, as orientaes estratgicas provenientes da
proposta de um pas policntrico destacam a escolha de subpolos interioranos

140
Volume II - Viso Estratgica Nacional

da parte mais ao sul (cartograma 22): Cascavel (PR), Chapec (SC) e Santa
Maria (RS). Com isso, uma proposta de reconfigurao das reas de influncia
anteriores passaria pela consolidao desses novos ncleos, que atuariam
tanto no reforo de fluxos mais ao interior do territrio, quanto criao de
vnculos mais estreitos com os pases vizinhos.

Cartograma 22: Litoral Sul-Sudeste e regies de referncia

Governador Valadares
Norte Capixaba
Belo HorizonteIpatinga
So Jos do Rio Preto Divinpolis

Araatuba Ribeiro Preto Barbacena


Vitria
Varginha
Juiz de Fora Campo dos Goytacazes
Presidente Prudente Marlia Volta Redonda
Campinas Pouso Alegre
Rio de Janeiro
Bauru
So Paulo
So Jos dos Campos
Maringa Londrina
Sorocaba

Itapetininga
Paraguai Volta Redonda
Cascavel Ponta Grossa
Guarapuava Curitiba
Joinville
Chapec
Blumenau

Passo Fundo Lages Florianpolis

Tubaro
Santa Maria Caxias do Sul

Porto Alegre
Bag-Uruguaiana

Pelotas

Macropolos Consolidados
Uruguai Nvel Sub-Regional

Macrorregies
Belo Horizonte
Extremo Sul
Rio de Janeiro
So Paulo

A relao entre os vetores de desenvolvimento, os fatos portadores de futuro,


as escolhas estratgicas e os objetivos est descrita no quadro a seguir.

141
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Quadro 23: Relao entre vetores de desenvolvimento, fatos portadores


de futuro, escolhas estratgicas e objetivos Territrio 3A
Fatos Portadores de Escolhas
Ordem Vetores Objetivos
Futuro Estratgicas
Fortalecimento das competncias em CT&I e sua mobilizao para FP6; FP9; FP10; FP11; O1; O2;
VDT 3.1 EE1; EE2; EE4
apoio reproduo das bases de CT&I de outras partes do pas. FP12; FP13 O4;

Consolidao das articulaes das cidades mundiais do pas FP3; FP5; FP6;
O1; O4;
VDT 3.2 com as redes estabelecidas e plos do Cone Sul, ampliando as FP10;FP13; FP17; FP22; EE3; EE9; EE10
O6; O7
condies de insero global autnoma. FP23

Desenvolvimento das possibilidades de articulao da estrutura


FP4; FP5; FP9; FP10;
VDT 3.3 scio-produtiva com pases vizinhos, de forma a aproveitar a EE2; EE6; EE7; EE8 O1; O6
FP11; FP22
densa rede de cidades existente.

Mudana nas condies de vida nos grandes centros urbanos FP1; FP2; FP3; FP4; FP6;
EE4; EE5; EE9; O1; O2;
VDT 3.4 com maior integrao social, acesso a servios pblicos e FP12; FP13; PF17; PF18;
EE10 O4;
reduo da violncia. PF19; PF23

Explorao sustentvel dos recursos do mar e dos ambientes FP5; FP15; FP16; FP20;
VDT 3.5 EE3; EE5; EE6 O1; O2;
costeiros. FP23; FP24

Por fim, uma amostra das diretrizes dos planos de governo selecionados32 serve
para apreender as relaes entre as agendas estaduais vis--vis as estratgias
previstas para esse territrio, por meio dos seus vetores de desenvolvimento:

32 Os Planos de governos considerados foram dos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, So Paulo, Paran e Rio
Grande do Sul.

142
Volume II - Viso Estratgica Nacional

Quadro 24: Diretrizes estratgicas PPA 2008-2011 dos estados de


Minas Gerais, Rio de Janeiro, So Paulo, Paran e Rio Grande do Sul

ESTADO DE MINAS GERAIS


Empresas dinmicas e inovadoras: pacto pela competitividade (infra-estrutura de transporte e logstica, programas de cincia e tecnologia e fomento
produtivo, desenvolvimento agrcola, energia, emprego, turismo);
Eqidade entre pessoas e regies (programas destinados aos segmentos sociais mais vulnerveis, desenvolvimento metropolitano, regional e
consolidao da rede de cidades);
Cidades limpas e seguras (segurana pblica, habitao, saneamento, meio ambiente);

ESTADO DO RIO DE JANEIRO


Gesto pblica com tecnologia da informao, comunicao a servio do cidado (governo eletrnico e modernizao da gesto, estado digital,
incluso digital, fomento ao setor de tecnologia da informao);
Desenvolvimento econmico, infra-estrutura logstica (energia, aeroportos, portos, ferrovias e rodovias); formao e qualificao de mo-de-obra
(qualificao profissional, educao superior, ensino profissional);
Cincia e Tecnologia (desenvolvimento cientfico, inovao tecnolgica, cincia e tecnologia para o desenvolvimento regional, atualizao permanente
de professores);
Interiorizao do desenvolvimento econmico;

ESTADO DE SO PAULO
Implantao de agncias regionais de desenvolvimento;
Implantao de infra-estrutura de pesquisa regional e servios especializados;
Desenvolvimento de projetos de produo mais limpa nas indstrias paulistas;
Promoo de estudos de prospeco de demandas locais e regionais.

ESTADO DO PARAN
Criao de maiores vnculos entre os centros de P&D e o setor produtivo, da expanso da infra-estrutura porturia, da melhoria do sistema rodovirio do
Estado e do acesso de empresas locais ao crdito de longo prazo;
Ampliao do emprego, da cidadania e da solidariedade para o conjunto dos paranaenses.

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL


Inovao, cincia e tecnologia (interiorizao do processo de gerao tecnolgica e difuso da inovao);
Transportes e sistemas logsticos (recuperao da capacidade de investimento; captao de recursos internacionais e parcerias pblico-privadas).

143
Volume II - Viso Estratgica Nacional

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Ordenamento Territorial. In: Ministrio da Integrao Nacional. Para pensar
uma poltica nacional de ordenamento territorial: anais da Oficina sobre a
Poltica Nacional de Ordenamento Territorial, Braslia, 13-14 de novembro
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SAPIR(2003), A. et alli. An Agenda for a Growing Europe Making


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SHERWOOD, J. LCD will dominate display market by 2011.


Disponvel em: http://www.reghardware.co.uk/2007/08/16/instat_research.
Acesso em: 29/08/2007.

SIMMIE, J. (1997). Innovation, Networks and Learning Regions?


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154
Volume II - Viso Estratgica Nacional

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Estudos Avanados 20 (56), 2006.

TAVARES, M. C. e SERRA, J. (1972). Mais alm da estagnao, In:


Da substituio de importaes ao capitalismo financeiro, Ed. Zahar.

UNICAMP. Planejamento estratgico (PLANES - Fase


II). Maro de 2004. Disponvel em: http://72.14.209.104/
search?q=cache:snqWp620MvYJ:www.cgu.unicamp.br/pei/planejamento/
planes_relatorio_atividades_2002-2003.pdf+defini%C3%A7%C3%A3+
valores+%22planejamento+estrat%C3%A9gico%22+filetype:pdf&hl=pt-
BR&gl=br&ct=clnk&cd=1. Acesso em 25-10-2006.

UNITED NATIONS. DEPARTMENT OF ECONOMIC AND


SOCIAL AFFAIRS. The inequality predicament . Report on the World Social
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USA. Department of Energy -DOE. Annual Energy Outlook 2007


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http://www.techne.com.br/artigos/Futuro_Educa%C3%A7%C3%A3o_
Superior.pdf. Jun./06 Acesso em: 30/04/07.

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wfs.org. Acesso em 03/07/2007.

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no futuro: aspectos metodolgicos e cenrios, Revista Estudos Avanados 20
(56), So Paulo, 2006.

155
Volume II - Viso Estratgica Nacional

8. ANEXO I PARTICIPANTES DE DISCUSSES

A relao apresenta o nome de participantes de discusses no mbito do


Mdulo 2 e dos exerccios prospectivos workshops prospectivos, realizados
juntamente com o Mdulo 4 Estudos Prospectivos Setoriais e Temticos.
Vale destacar que tal grupo no discutiu diretamente a Viso Estratgica
Nacional, proposta neste documento, mas os contedos especficos, referentes
s especialidades prprias.

Participantes Instituio
Alexandre Furtado de Azevedo Ministrio do Planejamento
Alice Utida Manica Ministrio do Planejamento
Aline Diniz Amaral Ministrio de Desenvolvimento Social
Aloysio Novais de Carvalho Silva Ministrio do Planejamento
Ana Cristina G. Saraiva Ministrio da Educao
Ana Lcia Brito UFRJ
Andre Luiz Moreira Persegona IP CONSULTORES
ngela Maria Cohen Uller COPPE/UFRJ
Antnio Carlos Filgueira Galvo CGEE
Antonio Jose Teixeira CGEE
Ari Gorenstein Academia/Especialistas
Ariel Ceclio Garces Pares Ministrio do Planejamento
Armando Avena UFBA
Beatrice Kassar do Valle Ministrio do Planejamento
Belmiro Castro Filho USP
Bertha Koiffmann Becker UFRJ
Braulio Dias Ministrio de Meio Ambiente
Bruno Morreti Ministrio do Planejamento
Carlos Americo Pacheco UNICAMP
Carlos Antnio Brando UNICAMP
Carlos Augusto Grabois Gadelha FIOCRUZ
Carlos Nobre INPE
Carmem Silvia Correa Bueno CGEE
Claudio Beato UFMG
Claudio Egler UFF
Claudio Schuller Maciel UNICAMP
Clelio Campolina Diniz UFMG
Constantino Cronemberger Mendes CGEE
Cristiane Vieira Machado FIOCRUZ

157
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Participantes Instituio
Cristiano Angelis Ministrio do Planejamento
Cristina Lopes FINEP
Dalci Maria dos Santos CGEE
Dalmo Marcelo de Albuquerque Lima Consultor
Dbora Nogueira Beserra Ministrio do Planejamento
DemetriosChristofidis UNB
Durval Luiz C. Bravio Ministrio do Trabalho
Eduardo Fagnani UNICAMP
Eduardo Rodrigues da Silva Ministrio do Planejamento
Eduardo Sarmento EMBRAPA
Eduardo Tadao Takahasi UNICAMP
Elaine de Melo Xavier Ministrio do Planejamento
Elisa Malafaia Ministrio do Trabalho
Erminia Maricato USP
Ernesto Carrara Junior Ministrio do Planejamento
Esper Abro Cavalheiro CGEE
Eugenio Andrade Vilela dos Santos Ministrio do Planejamento
Fernado Rizzo CGEE
Flvia Maia Jesini CGEE
Francisco Chang Kae Jung Ministrio do Planejamento
Gerson Narcizo Ministrio do Planejamento
Gilda Massari Coelho CGEE
Guilherme Delgado IPEA
Gustavo Teixeira Lino Ministrio do Planejamento
Gustavo Viana Machado Ministrio do Planejamento
Heloisa Costa UFMG
Hugo Paulo N. L. Vieira CGEE
Igor Vinicius de Souza Geracy Ministrio do Planejamento
Isadora Louzada Hugueney Lacava Ministrio do Planejamento
Joo Carlos Machado SNSA
Jorge Guilherme Franscisconi AXIS
Jos Barat Academia/Especialistas
Jos Carlos Barreto Ministrio do Planejamento
Jos Galizia Tundisi IIE
Jos Martins Rodrigues Ministrio do Planejamento
Jos Rivaldo Melo de Frana Ministrio da Saude
Junia Santa Rosa Ministrios das Cidades
Katia Bernardo Esteves Min. Comunicaes

158
Volume II - Viso Estratgica Nacional

Participantes Instituio
Leandro Freitas Couto Ministrio do Planejamento
Leila A. swerts Ministrio do Meio Ambiente
Lelio Fellows Filho CGEE
Leo Kessel Ministrio da Educao
Lucia Carvalho Pinto de Melo CGEE
Lucia Maria Modesto Pereira Ministrio do Desenvolvimento Social
Luiz Carlos R. Ribeiro Ministrio do Trabalho
Luiz Cesar Loureiro de Azeredo IPEA
Luiz Chomenko FZA
Luiz Fernado Arantes Paulo Ministrio do Planejamento
Manuel Fernando Soares Lousada Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio
Marcelo Aires EMBRAPA
Marcelo Felipe Moreira Persegona IP CONSULTORES
Marcelo Khaled Poppe CGEE
Marcelo Ottoni Durante Ministrio da Justia
Mrcia Catarina David Ministrio do Meio Ambiente
Marcio de Miranda Santos CGEE
Marcio Gimene de Oliveira Ministrio do Planejamento
Marco Antonio Moreira West Ministrio da Justia
Marco Flvio da Cunha Resende UFMG
Maria Angela Campelo de Melo CGEE
Maria Aparecida Stalivieri FINEP
Maria Carlota de Souza Paula CDS/UNB
Maria da Gloria Gohn UNICAMP
Maria do Carmo Bezerra UNB
Maria Elenita Nascimento CGEE
Maria Ieda Costa Diniz Ministrio da Educao
Maria Izabel da Costa Fonseca CGEE
Maria Jos de Freitas Ministrio do Desenvolvimento Social
Mariana Meirelles Nemrod Guimares Ministrio do Planejamento
Mario Benjamn Vera Wall Ministrio do Planejamento
Maurcio Carneiro de Albuquerque Ministrio do Planejamento
Mauro Borges Lemos UFMG
Mauro Cezar Nogueira Ministrio do Planejamento
Mauro Nogueira Ministrio do Planejamento
Neila Cruvinel Palhares CGEE
Nelia Pamplona CGEE
Olga Cristina Lopes de I. Novion Ministrio do Planejamento

159
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Participantes Instituio
Otavio Gondim Pereira da Costa Ministrio do Planejamento
Paulo Csar Gonalves Egler CGEE
Pedro Luiz de Barros Silva UNICAMP
Raquel Porto Mendes Fonseca Ministrio do Planejamento
Regina Gusmo CGEE
Ricardo Ruiz UFMG
Roberto Vizentin Ministrio do Meio Ambiente
Rodrigo Ferreira Simes UFMG
Romualdo Portela de Oliveira USP
Ronaldo C. Garcia IPEA
Rosana Barros Boani Pauluci CGEE
Silvana Macedo Ministrio do Meio Ambiente
Silvia Velho CGEE
Sofia Lerche Vieira UEC
Sonia Draibe UNICAMP
Tnia Bacelar UFPE
Tania Braga UNICAMP
Thereza Carvalho UFF
Valria Rezende de C. Ferreira Ministrio do Planejamento
Victor Alexander Contarato Burns BNDES

160
Volume II - Viso Estratgica Nacional

9. ANEXO II VETORES DE DESENVOLVIMENTO


TERRITORIAL X FATOS PORTADORES DE
FUTURO

DIMENSES Demografia e infra-estrutura social Educao e Trabalho

Emprego simultneo para quatro geraes de trabalhadores reconfigura o mercado


TICs amplia as possibilidades de flexibilizao e terceirizao em vrios setores da
Fluxo internacional de pessoas, destruio e contato do homem com ecossistemas

Competncias, habilidades e atitudes (CHA) so mais valorizadas pelo mercado de


necessidades e servios distintos nas reas de habitao e saneamento, sade,

Alterao das relaes e novas formas de tele-trabalho com o uso intensivo de


naturais no antropizados aumentam possibilidades de surgimento de novas

e requalifica a hierarquia de conexo dos nodos relevantes que articulam e


Metropolizao policntrica transforma o fenmeno das cidades mundiais
Aumento da populao mundial, em particular da populao idosa, gera

trabalho em geral, reposicionando o valor da educao formal. (FPF 19)


doenas e pandemias associadas a doenas existentes.(FPF 2)
TERRITRIO DA
ESTRATGIA

VETOR DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL

comandam as redes da ordem global.(FPF 3)


x
FATO PORTADOR DE FUTURO

assistncia social e lazer. (FPF 1)

de trabalho. (FPF 18)


economia. (FPF 17)
Revoluo tcnico cientfica associada biodiversidade e aos recursos naturais,
de forma a agregar valor aos produtos e processos derivados dos ecossistemas
amaznicos. (VTD 1.1)

Empreendedorismo regional abrindo espao para novas fronteiras de inovao


Bioma Flotestal Amaznico (1)

social.(VTD 1.2)

Logstica integrada e adequada s especificidades da regio, envolvendo o


planejamento integrado das atividades de produo, circulao e comercializao.
(VTD 1.3)

Transformao das dbeis redes de cidades em um sistema urbano, adensando-


as e dotando-as de capacidade de prover servios e equipamentos bsicos para a
populao e produo. (VTD 1.4)

Inovao institucional relacionada ao fortalecimento da presena do Estado e de


seus instrumentos de ordenamento do territrio. (VTD 1.5)

Promoo de setores competitivos com alto poder de gerao de emprego e


renda. (VTD 3B 1)

Fortalecimento e intensificao das mltiplas relaes que o territrio mantm


Litoral Norte-Nordestiono (3B)

com o mar e os ambientes costeiros. (VTD 3B 2)

Adensamento tecnolgico e comercial de novas e velhas cadeias produtivas


regionais. (VTD 3B 3)

Modernizao e diversificao econmico-produtiva das zonas dedicadas s


monoculturas. (VTD 3B 4)

Distribuio ampla de ativos estratgicos (educao, terra, infra-estrutura e


cultura). (VTD 3B 5)

Bioma Flotestal Amaznico (1) Litoral Norte-Nordestiono (3B)

161
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

DIMENSES Demografia e infra-estrutura social Educao e Trabalho

Emprego simultneo para quatro geraes de trabalhadores reconfigura o mercado


TICs amplia as possibilidades de flexibilizao e terceirizao em vrios setores da
Fluxo internacional de pessoas, destruio e contato do homem com ecossistemas

Competncias, habilidades e atitudes (CHA) so mais valorizadas pelo mercado de


necessidades e servios distintos nas reas de habitao e saneamento, sade,

Alterao das relaes e novas formas de tele-trabalho com o uso intensivo de


naturais no antropizados aumentam possibilidades de surgimento de novas

e requalifica a hierarquia de conexo dos nodos relevantes que articulam e


Metropolizao policntrica transforma o fenmeno das cidades mundiais
Aumento da populao mundial, em particular da populao idosa, gera

trabalho em geral, reposicionando o valor da educao formal. (FPF 19)


doenas e pandemias associadas a doenas existentes.(FPF 2)
"TERRITRIO DA
ESTRATGIA"

"VETOR DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL

comandam as redes da ordem global.(FPF 3)


x
FATO PORTADOR DE FUTURO"

assistncia social e lazer. (FPF 1)

de trabalho. (FPF 18)


economia. (FPF 17)
Uso intensivo e ampliao da logstica disponvel com a estruturao de uma
economia minero-agroindustrial ativa. (VDT 2B1 1)

Recuperao e aproveitamento das grandes extenses de terra degradadas ou


abandonadas. (VTD 2B1 2)
Centro-Norte (2B1)

Ocupao sustentvel dos cerrados com adensamento tecnolgico da economia


agro-silvo-pastoril. (VTD 2B1 3)

Fortalecimento dos novos ncleos urbanos e de sua conectividade interna,


ampliando a oferta de servios pblicos essenciais. (VTD 2B1 4)

Montagem de uma competncia tcnico-cientfica dedicada aos problemas do


territrio. (VTD 2B1 5)

Ampla socializao do acesso gua e promoo de seu uso sustentvel. (VDT


2B2 1)
Serto Semi-rido Nordestino (2B2)

Dinamizao de atividades adequadas ao ambiente e s culturas regionais. (VDT


2B2 2)

Renovao da logstica para ampliar acessibilidade, integrao e revitalizao dos


ncleos urbanos. (VDT 2B2 3)

Adensamento da base cientfico-tecnolgica da regio, com reforo ao ensino-


tcnico-profissional. (VDT 2B2 4)

Esforo decisivo em educao, sade, saneamento, habitao e resgate social por


mecanismos de transferncia de renda. (VDT 2B2 5)

Centro-Norte (2B1) Serto Semi-rido Nordestino (2B2)

162
Volume II - Viso Estratgica Nacional

DIMENSES Demografia e infra-estrutura social Educao e Trabalho

Emprego simultneo para quatro geraes de trabalhadores reconfigura o mercado


TICs amplia as possibilidades de flexibilizao e terceirizao em vrios setores da
Fluxo internacional de pessoas, destruio e contato do homem com ecossistemas

Competncias, habilidades e atitudes (CHA) so mais valorizadas pelo mercado de


necessidades e servios distintos nas reas de habitao e saneamento, sade,

Alterao das relaes e novas formas de tele-trabalho com o uso intensivo de


naturais no antropizados aumentam possibilidades de surgimento de novas

e requalifica a hierarquia de conexo dos nodos relevantes que articulam e


Metropolizao policntrica transforma o fenmeno das cidades mundiais
Aumento da populao mundial, em particular da populao idosa, gera

trabalho em geral, reposicionando o valor da educao formal. (FPF 19)


doenas e pandemias associadas a doenas existentes.(FPF 2)
"TERRITRIO DA
ESTRATGIA"

"VETOR DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL

comandam as redes da ordem global.(FPF 3)


x
FATO PORTADOR DE FUTURO"

assistncia social e lazer. (FPF 1)

de trabalho. (FPF 18)


economia. (FPF 17)
Fortalecimento da malha logstica associada aos transportes, energia e
disponibilidade de gua. (VTD 2A 1)

Consolidao da ocupao agroindustrial, ampliando suas bases de sustentao


tecnolgica e financeira. (VTD 2A 2)
Centro-Oeste (2A)

Ampliao dos esforos no ensino profissional e no desenvolvimento de


competncias cientficas e tecnolgicas dedicadas ao territrio.(VTD 2A 3)

Fortalecimento dos elos que estruturam o arco Braslia-Anpolis-Goinia e


conformam a hierarquia da rede urbana do territrio. (VTD 2A 4)

Explorao de projetos comuns com pases vizinhos no esprito da Integrao


sul-americana. (VTD 2A 5)

Fortalecimento das competncias em CT&I e sua mobilizao para apoio


reproduo das bases de CT&I de outras partes do Pas. (VTD 3A 1)

Consolidao das articulaes das cidades mundiais do Pas com as redes


Litoral Sudeste-Sul (3A)

estabelecideas e plos do Cone Sul, ampliando as condies de insero global


autnoma. (VTD 3A 2)

Desenvolvimento das possibilidades de articulao da estrutura scio-produtiva


com pases vizinhos, de forma a aproveitar a densa rede de cidades existentes.
(VTD 3A 3)

Mudana nas condies de vida nos grandes centros urbanos com maior
integrao social, acesso a servios pblicos e reduo da violncia. (VDT 3A 4)

Centro-Oeste (2A) Litoral Sudeste-Sul (3A)

163
"TERRITRIO DA
Litoral Norte-Nordestiono (3B) Bioma Flotestal Amaznico (1)
ESTRATGIA"

DIMENSES

costeiros. (VTD 3B 2)

regionais. (VTD 3B 3)
inovao social.(VTD 1.2)
TERRITORIAL

comercializao. (VTD 1.3)

Distribuio ampla de ativos


emprego e renda. (VTD 3B 1)

Modernizao e diversificao
o planejamento integrado das

com alto poder de gerao de


capacidade de prover servios

econmico-produtiva das zonas

estrutura e cultura). (VTD 3B 5)


e equipamentos bsicos para a
adensando-as e dotando-as de
biodiversidade e aos recursos

espao para novas fronteiras de

Transformao das dbeis redes

populao e produo. (VTD 1.4)

mltiplas relaes que o territrio


ao fortalecimento da presena do
Inovao institucional relacionada

Estado e de seus instrumentos de


Logstica integrada e adequada s

Promoo de setores competitivos


FATO PORTADOR DE FUTURO"

Fortalecimento e intensificao das


de cidades em um sistema urbano,
"VETOR DE DESENVOLVIMENTO

estratgicos (educao, terra, infra-


mantm com o mar e os ambientes
produtos e processos derivados dos

ordenamento do territrio. (VTD 1.5)


Empreendedorismo regional abrindo

atividades de produo, circulao e


ecossistemas amaznicos. (VTD 1.1)

de novas e velhas cadeias produtivas


especificidades da regio, envolvendo

Adensamento tecnolgico e comercial


naturais, de forma a agregar valor aos
Revoluo tcnico cientfica associada

dedicadas s monoculturas. (VTD 3B 4)


Convergncia tecnolgica (NBIC - Nano, Bio, TICs e Cogno) como elemento
transformador dos sistemas de produo industrial, o que requer novo perfil de
recursos humanos e novo patamar de capacitao tecnolgica.(FPF 10)

Valorizao do meio rural a partir do desenvolvimento de rotas alternativas para


a produo de substncias por vias biotecnolgicas, que anteriormente eram
obtidas por rotas de produo qumica. (FPF 11)

Bioma Flotestal Amaznico (1)


Conhecimento como determinante da capacidade do pas em inovar implica em
passar grandes contingentes de pessoas de nvel mdio para nveis superiores
de formao. (FPF 12)
Cincia, Tecnologia e Inovao

Universalizao da incluso digital altera profundamente os padres de


educao, comrcio, governana e de relacionamento social (Relacionamento

164
virtual em paralelo s relaes cotidianas entre pessoas). (FPF 13)

Alteraes nos padres de consumo em mercados locais e globalizados induzem


constituio de mecanismos controlados pela sociedade de regulao,
padronizao, normalizao, voltados para a qualidade e segurana de produtos
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

industrializados e commodities.(FPF 4)

Aumento da mobilidade pessoal e da movimentao de carga em mbitos local,


regional e global, leva a uma integrao inteligente (comunicao wireless, entre
outras) e maior articulao dos sistemas de transporte areo, rodovirio, ferrovirio,
aquavirio e dutovirio: a logstica - entendida como vetores de produo, transporte

Litoral Norte-Nordestiono (3B)


e processamento - redesenha as redes de infra-estrutura. (FPF 5)

Crescimento da economia global com base nas finanas e na tecnologia acirra


as desigualdades de renda entre indivduos, potencializa conflitos na sociedade
e recupera espaos de regulao estatal.(FPF 6)

Uso intensivo de produtos derivados da biodiversidade brasileira altera padres de


Economia e infra-estrutura logstica

competitividade nas indstrias de fitoterpicos, cosmticos e alimentos. (FPF 7)

Uso estratgico dos recursos naturais, tais como gua e outros minerais de
aplicao industrial e energtica acirra conflitos regionais e globais. (FPF 8)

O uso estratgico dos recursos naturais, tais como gua e outros minerais de
aplicao industrial e energtica acirra conflitos globais. (FPF 9)
"TERRITRIO DA
Serto Semi-rido Nordestino (2B2) Centro-Norte (2B1)
ESTRATGIA"

2B2 4)
2B1 3)
2B1 2)

(VDT 2B2 3)
(VDT 2B2 2)
(VDT 2B2 1)
(VDT 2B1 1)
DIMENSES

x
TERRITORIAL

Renovao da logstica para

Esforo decisivo em educao,


tcnico-cientfica dedicada aos
Recuperao e aproveitamento
das grandes extenses de terra

urbanos e de sua conectividade

sade, saneamento, habitao e


Montagem de uma competncia
pblicos essenciais. (VTD 2B1 4)

Adensamento da base cientfico-


com adensamento tecnolgico da

Fortalecimento dos novos ncleos

resgate social por mecanismos de


revitalizao dos ncleos urbanos.
economia agro-silvo-pastoril. (VTD

tecnolgica da regio, com reforo


FATO PORTADOR DE FUTURO"

degradadas ou abandonadas. (VTD


"VETOR DE DESENVOLVIMENTO

Ocupao sustentvel dos cerrados

ampliar acessibilidade, integrao e

transferncia de renda. (VDT 2B2 5)


ao ensino-tcnico-profissional. (VDT
e promoo de seu uso sustentvel.
problemas do territrio. (VTD 2B1 5)

ao ambiente e s culturas regionais.


Ampla socializao do acesso gua
economia minero-agroindustrial ativa.
Uso intensivo e ampliao da logstica

Dinamizao de atividades adequadas


disponvel com a estruturao de uma

interna, ampliando a oferta de servios


Convergncia tecnolgica (NBIC - Nano, Bio, TICs e Cogno) como elemento
transformador dos sistemas de produo industrial, o que requer novo perfil de

Centro-Norte (2B1)
recursos humanos e novo patamar de capacitao tecnolgica.(FPF 10)

Valorizao do meio rural a partir do desenvolvimento de rotas alternativas para a


produo de substncias por vias biotecnolgicas, que anteriormente eram obtidas
por rotas de produo qumica. (FPF 11)

Conhecimento como determinante da capacidade do pas em inovar implica em


passar grandes contingentes de pessoas de nvel mdio para nveis superiores de
formao. (FPF 12)
Cincia, Tecnologia e Inovao

165
Universalizao da incluso digital altera profundamente os padres de educao,
comrcio, governana e de relacionamento social (Relacionamento virtual em
paralelo s relaes cotidianas entre pessoas). (FPF 13)

Alteraes nos padres de consumo em mercados locais e globalizados induzem


constituio de mecanismos controlados pela sociedade de regulao,
padronizao, normalizao, voltados para a qualidade e segurana de produtos
industrializados e commodities.(FPF 4)

Aumento da mobilidade pessoal e da movimentao de carga em mbitos local,


regional e global, leva a uma integrao inteligente (comunicao wireless, entre
outras) e maior articulao dos sistemas de transporte areo, rodovirio, ferrovirio,

Serto Semi-rido Nordestino (2B2)


aquavirio e dutovirio: a logstica - entendida como vetores de produo,
transporte e processamento - redesenha as redes de infra-estrutura. (FPF 5)

Crescimento da economia global com base nas finanas e na tecnologia acirra


as desigualdades de renda entre indivduos, potencializa conflitos na sociedade e
recupera espaos de regulao estatal.(FPF 6)

Uso intensivo de produtos derivados da biodiversidade brasileira altera padres de


Economia e infra-estrutura logstica

competitividade nas indstrias de fitoterpicos, cosmticos e alimentos. (FPF 7)


Volume II - Viso Estratgica Nacional

Uso estratgico dos recursos naturais, tais como gua e outros minerais de
aplicao industrial e energtica acirra conflitos regionais e globais. (FPF 8)

O uso estratgico dos recursos naturais, tais como gua e outros minerais de
aplicao industrial e energtica acirra conflitos globais. (FPF 9)
"TERRITRIO DA
Litoral Sudeste-Sul (3A) Centro-Oeste (2A)
ESTRATGIA"

(VDT 3A 4)
(VTD 2A 3)
DIMENSES

financeira. (VTD 2A 2)
TERRITORIAL

Consolidao da ocupao

Fortalecimento dos elos que


de competncias cientficas e

cidades existentes. (VTD 3A 3)


agroindustrial, ampliando suas

Explorao de projetos comuns

pblicos e reduo da violncia.


redes estabelecideas e plos do
outras partes do Pas. (VTD 3A 1)

cidades mundiais do Pas com as

produtiva com pases vizinhos, de


Fortalecimento da malha logstica

de articulao da estrutura scio-


profissional e no desenvolvimento
Ampliao dos esforos no ensino

com pases vizinhos no esprito da

Consolidao das articulaes das


CT&I e sua mobilizao para apoio
FATO PORTADOR DE FUTURO"

forma a aproveitar a densa rede de


"VETOR DE DESENVOLVIMENTO

bases de sustentao tecnolgica e

reproduo das bases de CT&I de

integrao social, acesso a servios


Desenvolvimento das possibilidades
tecnolgicas dedicadas ao territrio.

estruturam o arco Braslia-Anpolis-

grandes centros urbanos com maior


Mudana nas condies de vida nos
rede urbana do territrio. (VTD 2A 4)
Goinia e conformam a hierarquia da

Fortalecimento das competncias em

Cone Sul, ampliando as condies de


Integrao sul-americana. (VTD 2A 5)
disponibilidade de gua. (VTD 2A 1)

insero global autnoma. (VTD 3A 2)


associada aos transportes, energia e
Convergncia tecnolgica (NBIC - Nano, Bio, TICs e Cogno) como elemento
transformador dos sistemas de produo industrial, o que requer novo perfil de

Centro-Oeste (2A)
recursos humanos e novo patamar de capacitao tecnolgica.(FPF 10)

Valorizao do meio rural a partir do desenvolvimento de rotas alternativas para a


produo de substncias por vias biotecnolgicas, que anteriormente eram obtidas
por rotas de produo qumica. (FPF 11)

Conhecimento como determinante da capacidade do pas em inovar implica em


passar grandes contingentes de pessoas de nvel mdio para nveis superiores de
formao. (FPF 12)
Cincia, Tecnologia e Inovao

166
Universalizao da incluso digital altera profundamente os padres de educao,
comrcio, governana e de relacionamento social (Relacionamento virtual em
paralelo s relaes cotidianas entre pessoas). (FPF 13)

Alteraes nos padres de consumo em mercados locais e globalizados induzem


Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

constituio de mecanismos controlados pela sociedade de regulao,


padronizao, normalizao, voltados para a qualidade e segurana de produtos
industrializados e commodities.(FPF 4)

Litoral Sudeste-Sul (3A)


Aumento da mobilidade pessoal e da movimentao de carga em mbitos local,
regional e global, leva a uma integrao inteligente (comunicao wireless, entre
outras) e maior articulao dos sistemas de transporte areo, rodovirio, ferrovirio,
aquavirio e dutovirio: a logstica - entendida como vetores de produo,
transporte e processamento - redesenha as redes de infra-estrutura. (FPF 5)

Crescimento da economia global com base nas finanas e na tecnologia acirra


as desigualdades de renda entre indivduos, potencializa conflitos na sociedade e
recupera espaos de regulao estatal.(FPF 6)

Uso intensivo de produtos derivados da biodiversidade brasileira altera padres de


Economia e infra-estrutura logstica

competitividade nas indstrias de fitoterpicos, cosmticos e alimentos. (FPF 7)

Uso estratgico dos recursos naturais, tais como gua e outros minerais de
aplicao industrial e energtica acirra conflitos regionais e globais. (FPF 8)

O uso estratgico dos recursos naturais, tais como gua e outros minerais de
aplicao industrial e energtica acirra conflitos globais. (FPF 9)
"TERRITRIO DA
Litoral Norte-Nordestiono (3B) Bioma Flotestal Amaznico (1)
ESTRATGIA"

3B 4)
DIMENSES

costeiros. (VTD 3B 2)

regionais. (VTD 3B 3)
inovao social.(VTD 1.2)
TERRITORIAL

comercializao. (VTD 1.3)

Distribuio ampla de ativos


emprego e renda. (VTD 3B 1)
o planejamento integrado das

com alto poder de gerao de

Modernizao e diversificao
capacidade de prover servios

estrutura e cultura). (VTD 3B 5)


e equipamentos bsicos para a
adensando-as e dotando-as de
biodiversidade e aos recursos

econmico-produtiva das zonas


espao para novas fronteiras de

Transformao das dbeis redes

populao e produo. (VTD 1.4)

dedicadas s monoculturas. (VTD


mltiplas relaes que o territrio
ao fortalecimento da presena do
Inovao institucional relacionada

Estado e de seus instrumentos de


Logstica integrada e adequada s

Promoo de setores competitivos


FATO PORTADOR DE FUTURO"

Fortalecimento e intensificao das


de cidades em um sistema urbano,
"VETOR DE DESENVOLVIMENTO

estratgicos (educao, terra, infra-


mantm com o mar e os ambientes
produtos e processos derivados dos

ordenamento do territrio. (VTD 1.5)


Empreendedorismo regional abrindo

atividades de produo, circulao e


ecossistemas amaznicos. (VTD 1.1)

de novas e velhas cadeias produtivas


especificidades da regio, envolvendo

Adensamento tecnolgico e comercial


naturais, de forma a agregar valor aos
Revoluo tcnico cientfica associada
Atingimento de limites globais de extrao e produo de derivados
de fontes fsseis provocam o surgimento de estratgias agressivas de
produo de energia a partir de fontes alternativas (hidrognio, nuclear,
Energia

biomassa, elica, solar, entre outras). (FPF 16)

Aumento dos nveis de educao da sociedade e maior disseminao da

Bioma Flotestal Amaznico (1)


informao sobre questes ambientais de natureza global (mudanas do
clima, poluio, etc.) conduzem valorizao dos servios prestados pelos
ecossistemas naturais. (FPF 14)

Escassez de gua potvel, decorrente de aes destrutivas do homem,


Meio Ambiente

aumento da populao humana e mudanas climticas globais, causa


conflitos regionais e fome, mas valoriza esse recurso como uma commodity

167
global e estimula novos sistemas de gesto integrada dos recursos hdricos.
(FPF 15)

Uso concorrente da terra para a produo de energia e alimentos e avano


das possibilidades de explorao dos recursos do mar alteram padres
existentes de produo e consumo de alimentos (energticos e proticos) e
de energia. (FPF 20)

Baixa disponibilidade de mo-de-obra no meio rural fortalece modelos de


Agroindstria

Litoral Norte-Nordestiono (3B)


produo de base tecnolgica e familiar para o provimento de alimentos e
matrias-primas alinhadas com necessidades futuras. (FPF 21)

Integrao fsica da Amrica do Sul provoca aumento do fluxo de bens,


pessoas e capital no continente, em especial nas articulaes com a regio
andina e caribenha. (FPF 22)

Questes econmicas (energia), sociais (pobreza, direitos humanos) e


ambientais (clima, biodiversidade, desertificao, gua) de natureza global
levam ao fortalecimento de estruturas de governana multilaterais e
Volume II - Viso Estratgica Nacional

aumento da participao de movimentos sociais organizados.(FPF 23)


Ordem Global e Governana

Questes associadas aos limites do interesse pblico e da gesto privada


em reas estratgicas como recursos hdricos, biodiversidade, ordenamento
territorial, entre outros implicam no desenvolvimento de novos modelos
institucionais de gesto e governana. (FPF 24)
"TERRITRIO DA
Serto Semi-rido Nordestino (2B2) Centro-Norte (2B1)
ESTRATGIA"

2B2 4)
2B1 3)
2B1 2)

(VDT 2B2 3)
(VDT 2B2 2)
(VDT 2B2 1)
(VDT 2B1 1)
DIMENSES

x
TERRITORIAL

Renovao da logstica para

Esforo decisivo em educao,


tcnico-cientfica dedicada aos
Recuperao e aproveitamento
das grandes extenses de terra

urbanos e de sua conectividade

sade, saneamento, habitao e


Montagem de uma competncia
pblicos essenciais. (VTD 2B1 4)

Adensamento da base cientfico-


com adensamento tecnolgico da

Fortalecimento dos novos ncleos

resgate social por mecanismos de


revitalizao dos ncleos urbanos.
economia agro-silvo-pastoril. (VTD

tecnolgica da regio, com reforo


FATO PORTADOR DE FUTURO"

degradadas ou abandonadas. (VTD


"VETOR DE DESENVOLVIMENTO

Ocupao sustentvel dos cerrados

ampliar acessibilidade, integrao e

transferncia de renda. (VDT 2B2 5)


ao ensino-tcnico-profissional. (VDT
e promoo de seu uso sustentvel.
problemas do territrio. (VTD 2B1 5)

ao ambiente e s culturas regionais.


Ampla socializao do acesso gua
economia minero-agroindustrial ativa.
Uso intensivo e ampliao da logstica

Dinamizao de atividades adequadas


disponvel com a estruturao de uma

interna, ampliando a oferta de servios


Atingimento de limites globais de extrao e produo de derivados
de fontes fsseis provocam o surgimento de estratgias agressivas de
produo de energia a partir de fontes alternativas (hidrognio, nuclear,
Energia

Centro-Norte (2B1)
biomassa, elica, solar, entre outras). (FPF 16)

Aumento dos nveis de educao da sociedade e maior disseminao da


informao sobre questes ambientais de natureza global (mudanas do
clima, poluio, etc.) conduzem valorizao dos servios prestados pelos
ecossistemas naturais. (FPF 14)

Escassez de gua potvel, decorrente de aes destrutivas do homem,


Meio Ambiente

aumento da populao humana e mudanas climticas globais, causa


conflitos regionais e fome, mas valoriza esse recurso como uma commodity

168
global e estimula novos sistemas de gesto integrada dos recursos hdricos.
(FPF 15)

Uso concorrente da terra para a produo de energia e alimentos e avano


das possibilidades de explorao dos recursos do mar alteram padres
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

existentes de produo e consumo de alimentos (energticos e proticos) e


de energia. (FPF 20)

Baixa disponibilidade de mo-de-obra no meio rural fortalece modelos de


Agroindstria

produo de base tecnolgica e familiar para o provimento de alimentos e

Serto Semi-rido Nordestino (2B2)


matrias-primas alinhadas com necessidades futuras. (FPF 21)

Integrao fsica da Amrica do Sul provoca aumento do fluxo de bens,


pessoas e capital no continente, em especial nas articulaes com a regio
andina e caribenha. (FPF 22)

Questes econmicas (energia), sociais (pobreza, direitos humanos) e


ambientais (clima, biodiversidade, desertificao, gua) de natureza global
levam ao fortalecimento de estruturas de governana multilaterais e
aumento da participao de movimentos sociais organizados.(FPF 23)
Ordem Global e Governana

Questes associadas aos limites do interesse pblico e da gesto privada


em reas estratgicas como recursos hdricos, biodiversidade, ordenamento
territorial, entre outros implicam no desenvolvimento de novos modelos
institucionais de gesto e governana. (FPF 24)
"TERRITRIO DA
Litoral Sudeste-Sul (3A) Centro-Oeste (2A)
ESTRATGIA"

(VDT 3A 4)
(VTD 2A 3)
DIMENSES

financeira. (VTD 2A 2)
TERRITORIAL

Consolidao da ocupao

Fortalecimento dos elos que


de competncias cientficas e

cidades existentes. (VTD 3A 3)


agroindustrial, ampliando suas

Explorao de projetos comuns

pblicos e reduo da violncia.


redes estabelecideas e plos do
outras partes do Pas. (VTD 3A 1)

cidades mundiais do Pas com as

produtiva com pases vizinhos, de


Fortalecimento da malha logstica

de articulao da estrutura scio-


profissional e no desenvolvimento
Ampliao dos esforos no ensino

com pases vizinhos no esprito da

Consolidao das articulaes das


CT&I e sua mobilizao para apoio
FATO PORTADOR DE FUTURO"

forma a aproveitar a densa rede de


"VETOR DE DESENVOLVIMENTO

bases de sustentao tecnolgica e

reproduo das bases de CT&I de

integrao social, acesso a servios


Desenvolvimento das possibilidades
tecnolgicas dedicadas ao territrio.

estruturam o arco Braslia-Anpolis-

grandes centros urbanos com maior


Mudana nas condies de vida nos
rede urbana do territrio. (VTD 2A 4)
Goinia e conformam a hierarquia da

Fortalecimento das competncias em

Cone Sul, ampliando as condies de


Integrao sul-americana. (VTD 2A 5)
disponibilidade de gua. (VTD 2A 1)

insero global autnoma. (VTD 3A 2)


associada aos transportes, energia e
Atingimento de limites globais de extrao e produo de derivados
de fontes fsseis provocam o surgimento de estratgias agressivas de

Centro-Oeste (2A)
produo de energia a partir de fontes alternativas (hidrognio, nuclear,
Energia

biomassa, elica, solar, entre outras). (FPF 16)

Aumento dos nveis de educao da sociedade e maior disseminao da


informao sobre questes ambientais de natureza global (mudanas do
clima, poluio, etc.) conduzem valorizao dos servios prestados pelos
ecossistemas naturais. (FPF 14)

Escassez de gua potvel, decorrente de aes destrutivas do homem,


Meio Ambiente

aumento da populao humana e mudanas climticas globais, causa

169
conflitos regionais e fome, mas valoriza esse recurso como uma commodity
global e estimula novos sistemas de gesto integrada dos recursos hdricos.
(FPF 15)

Uso concorrente da terra para a produo de energia e alimentos e avano


das possibilidades de explorao dos recursos do mar alteram padres
existentes de produo e consumo de alimentos (energticos e proticos) e

Litoral Sudeste-Sul (3A)


de energia. (FPF 20)

Baixa disponibilidade de mo-de-obra no meio rural fortalece modelos de


Agroindstria

produo de base tecnolgica e familiar para o provimento de alimentos e


matrias-primas alinhadas com necessidades futuras. (FPF 21)

Integrao fsica da Amrica do Sul provoca aumento do fluxo de bens,


pessoas e capital no continente, em especial nas articulaes com a regio
andina e caribenha. (FPF 22)

Questes econmicas (energia), sociais (pobreza, direitos humanos) e


ambientais (clima, biodiversidade, desertificao, gua) de natureza global
levam ao fortalecimento de estruturas de governana multilaterais e
Volume II - Viso Estratgica Nacional

aumento da participao de movimentos sociais organizados.(FPF 23)


Ordem Global e Governana

Questes associadas aos limites do interesse pblico e da gesto privada


em reas estratgicas como recursos hdricos, biodiversidade, ordenamento
territorial, entre outros implicam no desenvolvimento de novos modelos
institucionais de gesto e governana. (FPF 24)
Volume II - Viso Estratgica Nacional

10. ANEXO III LINHA DO TEMPO POR


HORIZONTE TEMPORAL
ANO 2007 2008 2009 2010 2011
A taxa de declnio da fora de trabalho
Um bilho de
japonesa passa a ser de 1% ao ano.
pessoas vivem
Migraes dos pases pobres para os pases
em favelas, 90%
ricos intensificada.
nos pases em
Pases em desenvolvimento contribuem com
desenvolvimento
metade da economia mundial.
dos quais 40%
Televiso pela Internet - TV sobre IP.
na ndia ou
Clulas combustvel tm custos competitivos. A populao
China.
Combustveis renovveis suprem 5,75% de virtual de
2,5 bilhes de
todo combustvel de transporte na Europa. 50 millhes;
pessoas vivem ndia lana
Mercado global de etanol de cerca de 66 80% dos
com menos de computador de
Pela primeira bilhes de litros. usurios
US$2 por dia. 10 dlares.
vez, a Consumo mundial de energia de 511 ativos da
45% da Microrob
populao quadrilhes de Btu. Internet
GLOBAL

populao tem transmite


mundial Manuteno do potencial competitivo do tm uma
telefone, 27% imagens do
urbana petrleo. "second
tm telefones corpo humano
supera a Custos gerais e os riscos trazidos pelas life".
celulares, 80% fora do
rural. mudanas climticas equivalem a uma perda LCD domina
tm acesso TV. alcance dos
de 5% do PIB mundial por ano. mercado
16% do mundo catteres.
Riscos para as sociedades humanas e de displays
est conectado
ecossistemas aumentam significantemente (2011,
Internet, VOIP
devido ao aquecimento global. Sherwood).
representa 75%
Centralidade da China na nova dinmica dos
dos servios de
fluxos de comrcio de alimentos.
voz.
Comercializao de alimentos funcionais e
2,3 bilhes de
nutracuticos.
pessoas (36%)
A escolaridade mdia mundial de 9,1 anos;
vivem em
na Amrica Latina este valor cai para 7,4
ditaduras.
anos.

ANO 2007 2008 2009 2010 2011


PIB de US$ 668bi, representando US$3417
Brasil testa per capita. Lanamento
Esperana de
Mercado vacina contra O Brasil o terceiro maior mercado de do Satlite
vida ao nascer:
nacional de AIDs em seres computadores do mundo. Sino-
72 anos.
biodiesel humanos Brasil investe 2% do PIB em CT&I. Brasileiro de
Brasil ocupa
corresponde saudveis. Brasil forma 15 mil doutores por ano. Recursos
a 12 posio
a 1 bilho de Entra em Consumo de energia eltrica 443,5 TWh. Terrestres -
entre os maiores
litros, com funcionamento Brasil exporta 13,3 bilhes de litros de etanol. CBERS4.
usurios de
NACIONAL

produo o primeiro Brasil responde pela captao de US$ 1 Expanso


banda larga, com
regionalizada. centro do pas bilho, representando 10% do mercado do cultivo
1,6 milho de
Brasil ocupa a voltado para internacional de crditos de carbono. da cana
usurios.
sexta posio transformao Emisses de CO2 decorrentes do para fins
O uso da
na preferncia de desmatamento correspondem a quase 75% energticos.
gua, face
dos medicamentos das emisses nacionais. Internet:
sua escassez,
investidores ainda em teste A PEA atinge 74 milhes. novo padro
apresenta
internacionais produzidos 130 mil escolas pblicas contam com de IP (IPv6)
problemas
de P&D. em escala ferramentas de informtica. adotado no
geopolticos.
industrial. Brasil tem controle de mar jurisdicional de pas.
rea equivalente a 4,4 milhes km2.

171
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

ANO 2012 2013 2014 2015 2016


Gripe aviria: mutao Gripe aviria: mutao
gentica provoca contgio gentica provoca contgio
de humanos para humanos de humanos para humanos
e 25 milhes de pessoas e 25 milhes de pessoas
podem ser infectadas. podem ser infectadas.
China o novo centro China o novo centro
petroqumico mundial. petroqumico mundial.
Diagnstico mdico completo Diagnstico mdico
Idade
em 1 chip. completo em 1 chip.
mnima para
Etanol como commodity Etanol como commodity
aposentadoria
global. global.
70 milhes passa para
O mercado global Novos sistemas de Novos sistemas de
de Baby 75 anos em
de nanotecnologia monitoramento ambiental monitoramento ambiental
Boomers decorrncia
chega a 2,6 permitem compreender permitem compreender
comeam da crise na
GLOBAL

trilhes de dlares mudanas nos sistemas mudanas nos sistemas


a se previdncia
(2012, NAE) ocenicos e terrestres, na ocenicos e terrestres, na
aposentar nos pases
atmosfera e extratosfera, em atmosfera e extratosfera,
nos desenvolvidos.
tempo real. em tempo real.
Estados
Disponibilidade de alimentos Disponibilidade de
Unidos.
ameaada pela produo de alimentos ameaada
biocombustveis. pela produo de
Rastreabilidade dos biocombustveis.
alimentos generalizada. Rastreabilidade dos
Os empregados nas alimentos generalizada.
empresas pertencem a Os empregados nas
quatro geraes diferentes. empresas pertencem a
A privacidade do cidado quatro geraes diferentes.
ameaada pela evoluo das A privacidade do cidado
TICs. ameaada pela evoluo
das TICs.

ANO 2012 2013 2014 2015 2016


Brasil tem 200 Etanol de
milhes de A produo de etanol de 30 Balana cana-de-acar
PIB brasileiro US$
habitantes. bilhes de litros. comercial substitui 5%
952bi.
O Brasil Brasil se consolida como brasileira da gasolina
Consumo de energia
responsvel por principal fornecedor de carne volta a ser mundial.
NACIONAL

eltrica: 566,8 TWh


1% do mercado bovina para o mercado deficitria. Brasil o maior
A demanda de biodiesel
nanotecnolgico, asitico. Brasil exportador de
representa 1,5 bilho de
correspondendo Demanda adicional de leo exporta 50 soja em gro
litros.
a US$ 26 bilhes. de soja de 2,5 milhes de milhes de e representa
A PEA atinge 79 milhes.
Risco de dficit toneladas. toneladas 54,5% do
de energia Um computador por aluno. de soja. mercado
eltrica. mundial.

172
Volume II - Viso Estratgica Nacional

ANO 2020 2021 2025 2027


A taxa de idosos na populao japonesa atinge 46%.
Emigrao de
sia aumenta sua participao no PIB mundial para
habitantes de
43%, mas a renda per capita permanece menor do
O reduzido pases ricos
que nas economias desenvolvidas ocidentais.
suprimento de intensificada.
100 milhes de carros vendidos em todo o mundo,
gua na China Robs e A Terra tem cerca
sendo 40% das vendas na sia.
impacta a ambientes de 8 bilhes de
Sistemas wireless usados extensivamente na
economia global. inteligentes habitantes, 60%
produo agropecuria.
Mudanas melhoram os deles vivendo
Biomateriais para implante no corpo humano
climticas tm cuidados e a em cidades.
para regenerao de tecidos e reparo in-situ so
impactos na independncia Nos pases em
alternativas para cirurgia.
sade humana: dos idosos. desenvolvimento
Dispositivos de comunicao para acesso
novas doenas, Consumo este percentual
informao em qualquer lugar (ubquo).
emergncia e mundial de de 80%.
Produo de energia a partir de hidrognio responde
re-emergncia energia: 654 Aumento
por 25% da matriz energtica mundial.
de doenas quadrilhes de significativo das
O uso generalizado de TICs permite o
infecciosas, Btu. fontes renovveis,
armazenamento e recuperao de dados dos
ondas de calor Consumo de energia nuclear
GLOBAL

pacientes, melhorando o acompanhamento e o


afetando a sade etanol alcana e hidrognio na
atendimento remoto.
principalmente de 88,6 bilhes de matriz energtica
Competio por recursos energticos acompanhada
pessoas idosas. litros. mundial.
por ruptura no suprimento de petrleo.
A agricultura Entre 30 e 75 O nmero de
Consumo mundial de energia: 607 quadrilhes de Btu.
representa 70% milhes de mulheres nas
Combustveis renovveis representam 10% de todo
do uso da guas. pessoas tm universidades
combustvel de transporte na Europa.
Maior problemas com supera o de
Veculos vendidos: Hbridos (32%); Gasolina (26%);
instabilidade a falta dgua na homens.
Biocombustvel (19%); Eletricidade (15%); Hidrognio
nas safras de Amrica Latina. Passa a vigorar,
(9%)
commodities O consumo de nos Estados
A demanda de petrleo dos pases em
por causa das carnes atinge Unidos, a idade
desenvolvimento representa 41% do total mundial. A
mudanas 303 milhes de mnima de
China representa 11%.
climticas toneladas, sendo 65 anos para
Energia nuclear responde por 40% da matriz
globais (eventos 115 milhes aposentadoria.
energtica mundial.
extremos). nos pases
O custo dos desastres ecolgicos relacionados ao
desenvolvidos e
aquecimento global atinge US$ 150 bi por ano.
188 naqueles em
A fora de trabalho mais idosa e mais feminina.
desenvolvimento.
O Isl permanece como uma fora poderosa.

ANO 2020 2021 2025 2027


Diminuio das Brasil tem 232 milhes de habitantes.
O Brasil tem
chuvas durante a Esperana de vida ao nascer: 77 anos.
55 milhes de PIB brasileiro
estao seca nas Taxa de fecundidade de 1,8 mais baixa que
contribuintes e US$ 952bi.
regies tropicais. taxa de reposio.
20 milhes de Consumo de
Elevao do nvel Demanda de energia per capita atinge 2,3
beneficirios da energia eltrica:
do mar entre 6 a toneladas equivalentes de petrleo.
NACIONAL

Previdncia Social. 566,8 TWh


10 cm, pondo em Quatro energticos so necessrios para
Biodiesel responde A demanda
risco as regies abranger 77% do consumo: petrleo, energia
por 35% da matriz de biodiesel
costeiras do litoral hidrulica, cana-de-acar e gs natural.
energtica nacional. representa 1,5
brasileiro. 45% de toda a energia consumida no pas
INPE ter lanado 11 bilho de litros.
As temperaturas renovvel.
novos satlites. A PEA atinge 79
sobem entre 0,5 C A produo domstica de gs natural se eleva
A PEA atinge 82 milhes.
e 1,8 C nas regies para cerca de 250 milhes de m3/dia e o
milhes.
tropicais do pas. consumo para 267 milhes.

173
Volume II - Viso Estratgica Nacional

11. ANEXO IV RELAO DE DIRETRIZES


ESTADUAIS COMPILAO

Relaes dos vetores do Centro-Oeste


(Territrio Estratgico 2A) com os Planos de Governos Estaduais
Ordem Vetores GO MT

VDT 2A.1 Fortalecimento da malha logstica - Economia Competitiva e Expanso de - investimento em infra-estrutura e
associada aos transportes e Investimentos e Empregos (Transporte/Logstica logstica.
energia e Energia)

VDT 2A.2 Consolidao da ocupao - Economia Competitiva e Expanso de - expanso do agronegcio


agroindustrial, ampliando suas Investimentos e Empregos (Agronegcio; - diversificao e adensamento das
bases de sustentao tecnolgica e Indstria, Comrcio e Servios; Minerao; cadeias produtivas
financeira. Turismo;) - conflitos e estrutura fundiria;
- Qualidade Ambiental e Responsabilidade - gesto ambiental do Estado;
Social (Meio Ambiente e Responsabilidade - desacelerao do crescimento
Social) demogrfico e do fluxo migratrio.

VDT 2A.3 Ampliao dos esforos no ensino - educao universalizadora de oportunidades - poltica social do Estado
profissional e nas competncias - Conhecimento e Inovao Tecnolgica (C&T/ - inovao e desenvolvimento tecnolgico
cientficas e tecnolgicas dedicadas Educao Superior)
- Cultura, Movimento e Cidadania (Cultura;
Esporte e Lazer)
- Planejamento, Avano de Gesto e Qualidade
dos servios Pblicos (Gesto Pblica;
Regulao de Servios Pblicos)
- Parceria Estratgia para o Desenvolvimento
(Incluso Econmica)

VDT 2A.4 Fortalecimento dos elos que - Interiorizao do Desenvolvimento e Cidades


estruturam o arco Braslia-Anpolis- Sustentveis (Desenvolvimento Regional/Urbano
Goinia e Apoio aos Municpios; Saneamento Bsico)
- Rede de Proteo e Incluso Social
(Desenvolvimento e Incluso Social)
- Sade de Qualidade Prxima ao Cidado
(Sade)
- Segurana Pblica Integral (Segurana
Pblica e Justia)

VDT 2A.5 Explorao de projetos comuns - Economia Competitiva e Expanso de - integrao com o mercado mundial de
com pases vizinhos no esprito da Investimentos e Empregos (Comrcio Exterior e alimentos e energia.
Integrao sul-americana Relaes Internacionais;) - incipiente expanso do mercado interno;

175
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Relaes dos vetores do Litoral Norte-Nordestino e do Semi-rido com os Planos de Governos Estaduais
Vetores Litoral
Ordem CE PE BA
Norte-Nordestino
VDT 3B.1 Promoo - Desenvolvimento Econmico - Interiorizao do - Turismo (valorizao da cultura
de setores (emprego e renda, micro Desenvolvimento: Instrumentos popular e diversidade cultural)
competitivos e pequenas empresas, de Ao - Desenvolvimento social (fomento
com alto poder desenvolvimento rural, pesca - Infra-estrutura para o de atividades econmicas, de
de gerao de e aqicultura, desenvolvimento desenvolvimento e auto- insero social pelo trabalho)
emprego e renda. industrial, modernizao do sustentabilidade hdrica (gua - Habitao (produo e
comrcio e servios, turismo e Saneamento, Poltica de melhorias habitacionais em
sustentvel) Transportes, Energia para parcerias; cooperativas urbanas
- Educao, Cincia e Tecnologia o Desenvolvimento, Poltica e rurais; assistncia tcnica
(Educao Bsica, Educao Ambiental) autoconstruo)
Superior, Educao Profissional - Sade (consrcios municipais;
Tecnolgica e Agrotcnica; CT&I) produo pblica de
medicamentos, implantao de
redes laboratoriais)

VDT 3B.2 Fortalecimento - Desenvolvimento Econmico - Infra-estrutura para o - Transporte (ampliao e


e intensificao (pesca e aqicultura, desenvolvimento e auto- construo de aeroportos,
das mltiplas desenvolvimento industrial, sustentabilidade hdrica (Poltica duplicao da BR 101; novos
relaes que o modernizao do comrcio e de Transportes, Energia para vetores de expanso urbana)
territrio mantm servios, turismo sustentvel) o Desenvolvimento, Poltica - Meio ambiente (coibir o
com a fronteira Ambiental) desmatamento, pesca predatria,
martima. poluio das guas; corredor da
Mata Atlntica)

VDT 3B.3 Adensamento - Educao, Cincia e Tecnologia - Democratizao do estado - Rural (desenvolvimento rural
tecnolgico (Educao Bsica, Educao (Educao, Cultura e Diversidade, sustentvel identificado com a
e comercial Superior, Educao Profissional Direito Moradia e Saneamento, territorialidade; Reforma Agrria;
de novas e Tecnolgica e Agrotcnica; CT&I) Saneamento bsico) Agricultura Familiar; Servios de
velhas cadeias - Desenvolvimento Econmico - Desenvolvimento econmico Assistncia Tcnica e Extenso
produtivas e Organizao do Territrio com para todos Rural (ATER); Fiscalizao
regionais Incluso Social (Infra-estrutura - Interiorizao do do Trabalho Rural, Apoio a
hdrica, energia, transporte e Desenvolvimento: Instrumentos Agropecuria)
comunicao, logstica, transporte de Ao - Desenvolvimento social (idem)
intermunicipal, desenvolvimento - Educao (aumento de incentivos
urbano e regional); em C&T para APLs, TIC, redes de
biotecnologia e meio ambiente,
desenvolvimento de tecnologias
alternativas e limpas de energia;
criao de CTT)

VDT 3B.4 Diversificao - Desenvolvimento Econmico - Desenvolvimento econmico - Rural (idem)


econmico- e Organizao do Territrio com para todos - Desenvolvimento social (idem)
produtiva de Incluso Social (Idem)
vastas zonas
dedicadas s
monoculturas

176
Volume II - Viso Estratgica Nacional

Relaes dos vetores do Litoral Norte-Nordestino e do Semi-rido com os Planos de Governos Estaduais
Vetores Litoral
Ordem CE PE BA
Norte-Nordestino
VDT 3B.5 Distribuio - Educao, Cincia e Tecnologia - Desenvolvimento econmico - Educao (idem)
ampla de ativos (idem) para todos - Transporte (idem)
estratgicos - Cultura - Interiorizao do - Sade (idem)
(educao, terra, - Desenvolvimento Econmico Desenvolvimento: Instrumentos - Cultura (conceber a cultura como
infra-estrutura e e Organizao do Territrio com de Ao elemento gerador de emprego e
cultura) Incluso Social (idem); - Democratizao do Estado (idem) renda; financiar a comercializao
- Assistncia Social e Segurana e a produo do artesanato,
Alimentar (Rede de Servios regulamentar o microcrdito
scio-assistenciais; Pessoas com cultural)
deficincias especiais; Idosos; - Turismo (idem)
Segurana familiar) - Desenvolvimento social (idem)

Vetores Serto
Ordem Semi-rido CE PE BA
Nordestino

VDT 2C.1 Ampla - Meio ambiente - Infra-estrutura para o - Saneamento (Construo de


socializao do - Desenvolvimento Econmico desenvolvimento e auto- aguadas, cisternas, reservatrios
acesso gua e e Organizao do Territrio com sustentabilidade hdrica (gua de estocagem da gua pluvial e de
promoo de seu Incluso Social (Infra-estrutura e Saneamento, Poltica de enxurradas na zona rural; suporte
uso sustentvel. hdrica, energia, transporte e Transportes, Energia para a poltica de oferta de gua para
comunicao, logstica, transporte o Desenvolvimento, Poltica as cidades com mais de 5 mil
intermunicipal, desenvolvimento Ambiental) hab, em parceria com governos
urbano e regional); municipal e federal, por meio do
- Planejamento e gesto desenvolvimento de sistemas de
adutoras e poos artesianos)
- Meio ambiente (revitalizao do
Rio So Francisco, saneamento
ambiental);

VDT 2C.2 Dinamizao - Meio ambiente - Democratizao do estado - Meio ambiente (implementar
de atividades - Desenvolvimento Econmico (Educao, Cultura e Diversidade, ZEE, corredores ecolgicos da
adequadas ao e Organizao do Territrio com Poltica de Esportes, Sade, caatinga, poltica florestal)
ambiente e Incluso Social (idem) Saneamento bsico, Cidadania - Cultura (idem)
cultura regionais. - Planejamento e gesto e Direitos Sociais, Gesto - Turismo (idem)
- Cultura Democrtica do Estado) - Desenvolvimento social (idem)
- Desenvolvimento Econmico - Interiorizao do - Rural: (idem)
(Turismo sustentvel) Desenvolvimento: Instrumentos
de Ao

177
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Vetores Serto
Ordem Semi-rido CE PE BA
Nordestino

VDT 2C.3 Logstica voltada - Desenvolvimento Econmico - Infra-estrutura para o - Transporte (melhorar rede
para a soluo e Organizao do Territrio com desenvolvimento e auto- estadual de estradas, inclusive
dos problemas de Incluso Social (energia, transporte sustentabilidade hdrica (idem) vicinais; criar centros de
circulao. e comunicao, logstica, - Democratizao do estado distribuio e armazenamento;
transporte intermunicipal); (Gesto Democrtica do Estado) implantar corredor Leste-Oeste,
- Planejamento e gesto especialmente de ferrovias,
direcionado para os portos
baianos de Aratu, Ilhus e Mara;
apoio logstico construo do
anel ferrovirio de So Flix e
Cachoeira, integrar o estado com
o Oceano Pacfico; construo e
ampliao de aeroportos)

VDT 2C.4 Adensamento da - Educao, Cincia e Tecnologia - Democratizao do estado (idem) - Educao (idem)
base cientfico- (Educao Bsica, Educao - Interiorizao do - Sade (idem)
tecnolgica da Superior, Educao Profissional Desenvolvimento: Instrumentos
regio. Tecnolgica e Agrotcnica; CT&) de Ao
- Cultura
- Sade

VDT 2C.5 Esforo decisivo - Educao, Cincia e Tecnologia - Democratizao do estado (idem) - Educao (escola de tempo
em educao e (idem) - Interiorizao do integral; bibliotecas em escolas
ensino tcnico- Desenvolvimento: Instrumentos estaduais abertas comunidade;
profissional de Ao ampliar redes de escolas tcnicas;
fortalecimento dos programas
de ps-graduao e atrair
novos investimentos federais
para implantao de novas
universidades e escolas tcnicas
federais)
- Meio Ambiente (educao
ambiental com estratgias para o
setor formal e informal)
- Sade (implantar cursos tcnicos
de radiologia, sade bucal e
ampliao da oferta de auxiliar e
tcnico de enfermagem, implantar
cursos de residncia mdica nos
hospitais dos plos regionais)
- Turismo (programa de
qualificao tecnolgica)

178
Volume II - Viso Estratgica Nacional

Relao dos vetores Bioma Amaznico (Territrio Estratgico 1) com o PPA Estadual

Ordem Vetores PA (PPA 2008-2011) AM (PPA 2004-2007)

VDT 1.1 Revoluo tcnico-cientfica associada Conservao dos ecossistemas como -Fortalecer o Plo Industrial de Manaus
biodiversidade, para valorizar princpio da estratgia econmica; com foco na produo de componentes
decisivamente os produtos da floresta e valorizao dos recursos naturais, sociais eletrnicos, e o desenvolvimento de
suas guas e culturais para o desenvolvimento. logstica de exportao.
-Recuperar a capacidade cientfica e
tecnolgica no Estado visando atender
s demandas tanto da indstria de
tecnologia de ponta, quanto das
potenciais atividades produtivas
relacionadas ao manejo da biodiversidade
pelas comunidades locais do interior do
Amazonas.

VDT 1.2 Empreendedorismo regional abrindo Universalizao dos servios essenciais; -Incentivar a formao de arranjos
espao para novas fronteiras de inovao garantia de oportunidades a todos e produtivos para o manejo sustentvel da
social. garantia de renda como resultado de biodiversidade do Amazonas com vistas
dinamizao e diversificao econmica. gerao de emprego e renda para as
Buscar novo modelo de desenvolvimento populaes do interior do Estado.
econmico, por meio da diversificao da -Promover a integrao das aes
matriz produtiva existente e dinamizao desenvolvidas pelos rgos de governo,
das zonas de conservao. com vistas implementao sinrgica e
Diversificar a matriz produtiva existente bem sucedida do Programa Zona Franca
nos espaos de expanso e consolidao, Verde em todas as suas dimenses:
buscando os objetivos de: social, econmica e ambiental.
Contribuir com os supervits comerciais -Incentivar a criao e o fortalecimento de
do Brasil expanso e agregao de valor micro e pequenas empresas, com vistas
no setor minerrio; fortalecimento do substituio da importao de produtos
turismo; agronegcio diferenciado e de baixa complexidade tecnolgica, bem
regulado; como reduo da informalidade das
Ampliao do mercado de consumo empresas e seus trabalhadores.
de massa: apoio a agricultura familiar -Criar condies para o aproveitamento
na gerao de alimentos; polticas de do potencial turstico-ecolgico e cultural
emprego e renda articuladas com a amazonense, com vistas gerao de
economia solidria; apoio aos Arranjos oportunidades de trabalho e renda.
Produtivos Locais como prioridade na -Implementar estratgia de segurana
poltica industrial e de inovao; alimentar na entre-safra do pescado para
Dinamizar a nova economia scio- atender as populaes mais carentes.
ambiental
Superar os limites dos piores indicadores
sociais e de oferta de servios pblicos;

VDT 1.3 Logstica integrada e adequada s Convergncia territorial como mtodo de -Prover infra-estrutura (transporte,
especificidades da regio, envolvendo o orientao da alocao dos investimentos energia, comunicaes) adequada s
planejamento integrado das atividades de pblicos e privados com vistas a uma necessidades da produo e do consumo.
produo, circulao e processamento da organizao do territrio mais equilibrada;
produo. Adequao da estratgia para cada
realidade regional, respeitando os
aspectos scio-ambientais.

179
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Relao dos vetores Bioma Amaznico (Territrio Estratgico 1) com o PPA Estadual

Ordem Vetores PA (PPA 2008-2011) AM (PPA 2004-2007)

VDT 1.4 Transformao das dbeis redes Integrao de polticas e programas, -Melhorar a qualidade e a humanizao
de cidades em um sistema urbano, visando otimizar os resultados da do atendimento em sade, com nfase
adensando-as e dotando-as de aplicao dos recursos pblicos, por na recuperao e construo da infra-
capacidade de prover servios e meio da convergncia territorial e da estrutura hospitalar de mdia e alta
equipamentos bsicos para a populao focalizao em torno de pblico alvo complexidade em plos regionais e na
e produo. delimitado; municipalizao da ateno bsica.
-Melhorar as condies de moradia e
saneamento bsico e assegurar o uso
sustentvel dos recursos hdricos.
-Implantar um novo modelo de escola,
tendo como foco a qualidade do ensino.
-Melhorar a segurana da populao
com implementao de polticas pblicas
integradas de preveno violncia.

VDT 1.5 Inovao institucional relacionada ao - Atuao articulada com a estratgia -Implementar, em parceria com governo
fortalecimento da presena do Estado e nacional; federal, municpios e poderes judicirio
de seus instrumentos de ordenamento - Coexistncia de duas economias, e legislativo, polticas integradas para
como o zoneamento ecolgico- identificadas no espao delimitado pelo soluo das questes fundiria, indgena
econmico. Macrozoneamento Ecolgico-Econmico: e ambiental.
i) Matriz produtiva existente ocupando -Implementar um novo modelo de gesto
at 35% do territrio paraense; ii) Nova pblica para o Estado do Amazonas
Economia Scio-Ambiental (Economia orientado para o cidado e pautado pela
Amaznida) ocupando, no mnimo, 65% transparncia, participao e controle da
do territrio paraense sociedade.
-Recuperar a capacidade de
planejamento e gesto do Estado
com foco na incorporao de tcnicas
modernas de gesto e na qualificao
dos servidores.
-Ampliar capacidade de financiamento
das aes governamentais, mediante
estabelecimento de parcerias com
Governo Federal, Iniciativa Privada e
Organizaes No-Governamentais.

Relao dos vetores Centro-Norte (Territrio Estratgico 2B1) com o PPA 2008-2011 Estadual

Ordem Vetores PA

VDT 2B1.1 Uso intensivo e ampliao da logstica disponvel -Novo modelo de desenvolvimento econmico, diversificao da matriz
com a estruturao de uma economia minero- produtiva e dinamizao das zonas de conservao, novo marco legal de
agroindustrial ativa. regularizao de atividades, gerao de emprego e renda, investimentos
para aumento de produtividade inovadora e maior presena em mercados,
com compromisso de consistncia fiscal.

VDT 2B1.2 Recuperao e aproveitamento das grandes -Diversificar a matriz produtiva existente nos espaos de expanso e
extenses de terra degradadas ou abandonadas. consolidao, buscando os objetivos de:
-Dinamizar a nova economia scio-ambiental, com a melhoria da qualidade
de vida e gesto pblica descentralizada;
-Superar os limites dos piores indicadores sociais e de oferta de servios
pblicos

180
Volume II - Viso Estratgica Nacional

Relao dos vetores Centro-Norte (Territrio Estratgico 2B1) com o PPA 2008-2011 Estadual

Ordem Vetores PA

VDT 2B1.3 Ocupao sustentvel dos cerrados com -Conservao dos ecossistemas como princpio da estratgia econmica;
adensamento tecnolgico da economia agro-silvo- valorizao dos recursos naturais, sociais e culturais para o desenvolvimento.
pastoril. -Universalizao dos servios essenciais; garantia de oportunidades a todas
e todos e garantia de renda como resultado de dinamizao e diversificao
econmica.
-Convergncia territorial como mtodo de orientao da alocao dos
investimentos pblicos e privados com vistas a uma organizao do territrio
mais equilibrada;
-Adequao da estratgia para cada realidade regional, respeitando os
aspectos scioambientais.
-Produtos e servios gerados pela nova economia pressupondo conservao
dos ecossistemas existentes e valorizao dos servios ambientais;

VDT 2B1.4 Fortalecimento dos novos ncleos urbanos e de sua -Integrao de polticas e programas, visando otimizar os resultados da
conectividade interna, ampliando a oferta de servios aplicao dos recursos pblicos, por meio da convergncia territorial e da
pblicos essenciais. focalizao em torno de pblico alvo delimitado;

VDT 2B1.5 Montagem de uma competncia tcnico-cientfica -Atuao articulada com a estratgia nacional;
dedicada aos problemas do territrio -Coexistncia de duas economias, no espao delimitado pelo
Macrozoneamento Ecolgico-Econmico: i) Matriz produtiva existente
ocupando at 35% do territrio; ii) Nova Economia Scio-Ambiental
(Economia Amaznida) ocupando, no mnimo, 65% do territrio paraense.

181
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Relao dos vetores do Litoral Sudeste-Sul (Territrio 3A) com os Planos de Governos e PPA Estaduais
PR (PPA 2004-
Ordem Vetores MG RJ RS SP (PPA 2004-2007)
2007)
VDT Fortalecimento - Pessoas - Gesto pblica - Inovao, Cincia Educao, Do ponto de vista dos
3A.1 das instrudas, com tecnologia e Tecnologia Inovao objetivos estratgicos,
competncias qualificadas e da informao (Interiorizao e Cultura: a nfase estar
em CT&I, saudveis (Ensino comunicao a do processo de articulao de centrada:
mobilizando-as fundamental e servio do cidado gerao tecnolgica programas que I - na reduo do
para apoiar mdio, Ensino (Governo Eletrnico e difuso da assegurem o custo como uma das
bases de C,T&I superior, Cultura, e Modernizao da inovao) desenvolvimento condies principais
de outras Sade, Esportes) Gesto, Estado Digital, - Tecnologia da cientfico e de melhoria da
partes do Pas. - Empresas Incluso digital, informao tecnolgico competitividade
dinmicas e Fomento ao Setor - Educao no Estado e sistmica visando
inovadoras: de Tecnologia da - Modernizao da uma maior atrao de novos
pacto pela Informao) gesto pblica e capacitao da investimentos e
competitividade - Desenvolvimento governo eletrnico sua populao, sem comprometer o
(Infra-estrutura Econmico Infra - Associativismo, uma vez que equilbrio fiscal;
de transporte -Estrutura Logstica cooperativismo e tais fatores so, II - na reduo das
e logstica, (Energia, Aeroportos, redes na atualidade, desigualdades sociais
Programas de Portos, Ferrovias e determinantes no s como um dos
C&T, Programas Rodovias); Formao para a aspectos da reduo
de fomento e Qualificao de Mo competitividade do custo, mas tambm
produtivo, de Obra (Qualificao econmica. pela melhoria contnua
Desenvolvimento Profissional, Educao da qualidade de vida
agrcola, Energia, Superior, Ensino da populao paulista;
Emprego, Turismo) Profissional) III - na reduo
- Equidade entre - Cincia e Tecnologia das desigualdades
pessoas e regies (Desenvolvimento regionais;
(Programas Cientfico, A Inovao IV - na qualificao de
destinados aos Tecnolgica, Cincia sua mo-de-obra.
segmentos sociais e Tecnologia para
mais vulnerveis, o Desenvolvimento
Desenvolvimento Regional, Atualizao
metropolitano, Permanente de
regional e Professores)
consolidao da
rede de cidades)

182
Volume II - Viso Estratgica Nacional

Relao dos vetores do Litoral Sudeste-Sul (Territrio 3A) com os Planos de Governos e PPA Estaduais
PR (PPA 2004-
Ordem Vetores MG RJ RS SP (PPA 2004-2007)
2007)
VDT Consolidao - Empresas - Transportes (Rede - Tecnologia da -Infra-estrutura e Estratgias principais:
3A.2 do dinmicas e atual de transportes, informao meio ambiente: Busca de sintonia
policentrismo inovadoras (idem) Transporte rodovirio) - Modernizao da criao de estreita das aes do
apoiado na - Equidade entre - Gesto pblica gesto pblica e maiores vnculos PPA s demandas e
qualidade pessoas e regies com tecnologia governo eletrnico entre os centros potencialidades das
da logstica (Segurana da informao - Agropecuria de P&D e o setor diferentes regies do
existente alimentar, Reforma comunicao a servio (rea de produtivo, da territrio do Estado
olhando as agrria). do cidado (idem) Biotecnologia; expanso da Ao mais articulada
redes do Cone - Desenvolvimento Controle da infra-estrutura entre os diferentes
Sul. Economico sanidade animal porturia, rgos de Governo. A
(interiorizao do e vegetal; da melhoria atuao integrada dos
desenvolvimento Diversificao do sistema instrumentos setoriais
econmico, de culturas; rodovirio do de ao promove
Petrleo, Gs e Cooperativismo e Estado e do maior eficincia das
Recursos Minerais, associativismo) acesso de polticas pblicas.
Petroqumica, Plsticos - Exportaes empresas locais Melhoria da
e Qumica, Indstria (Estimular ao crdito de interface com o
Naval e Mercante, fortemente o longo prazo. setor privado e
Agricultura, Pecuria e aumento do valor administraes
Pesca); Infra -Estrutura agregado das municipais de modo a
Logstica (Energia, exportaes) potencializar parcerias
Aeroportos, Portos, - Transportes e e investimentos no
Ferrovias e Rodovias) Sistemas Logsticos Estado.
(Recuperar a Promoo da
capacidade de articulao e
investimento do convergncia dos
Tesouro; captao programas do Governo
de novos recursos Federal com os do
internacionais e Plano Plurianual do
desenvolvendo Estado
solues de
parceria com a
iniciativa privada
e os municpios
(como nos casos de
PPPs e Pedgios
Comunitrios)
- Turismo
- Modernizao da
gesto pblica e
governo eletrnico

183
Estudo da Dimenso Territorial para o Planejamento

Relao dos vetores do Litoral Sudeste-Sul (Territrio 3A) com os Planos de Governos e PPA Estaduais
PR (PPA 2004-
Ordem Vetores MG RJ RS SP (PPA 2004-2007)
2007)
VDT Aprimoramento - Equidade entre - Desenvolvimento - Tecnologia da -Expanso Iniciativas para
3A.3 da estrutura pessoas e regies Economico informao Produtiva - aprimorar polticas
scio-produtiva (idem) (Interiorizao do - Modernizao da estmulos regionais:
e estmulo a - Cidades limpas desenvolvimento gesto pblica e ampliao Articular a
projetos de e seguras econmico, governo eletrnico de sua base implantao de
integrao com (Segurana Infra -Estrutura - Agropecuria produtiva agncias regionais de
pases vizinhos. pblica) Logstica (Energia, (idem) (agricultura, desenvolvimento;
- Empresas Aeroportos, Portos, - Exportaes indstria, Criar condies
dinmicas e Ferrovias e Rodovias) (Estimular comrcio, de competitividade,
inovadoras: - Gesto pblica fortemente o servios) via identificando e
pacto pela com tecnologia aumento do valor crescimento dos monitorando as aes
competitividade da informao agregado das investimentos para a eliminao
(idem) comunicao a servio exportaes) e aumento da de gargalos que
do cidado (idem) - Transportes e produtividade restringem as
- Transportes (Rede Sistemas Logsticos oportunidades
atual de transportes, (idem) regionais;
Transporte rodovirio) - Turismo Implantar infra-
estrutura de pesquisa
regionais e servios
especializados;
Promover a
implantao de
processos que
incorporem proteo
ambiental e a
segurana industrial;
Promover o
aprimoramento tcnico
aos municpios e
gesto;
Desenvolver projetos
para orientar a
aplicao de recursos
de fundos regionais;

184
Volume II - Viso Estratgica Nacional

Relao dos vetores do Litoral Sudeste-Sul (Territrio 3A) com os Planos de Governos e PPA Estaduais
PR (PPA 2004-
Ordem Vetores MG RJ RS SP (PPA 2004-2007)
2007)
VDT Mudana nas - Cidades limpas - Turismo - Associativismo, -Emprego, Desenvolver projetos
3A.4 condies e seguras (Desenvolvimento cooperativismo e Cidadania e de produo mais
de vida nos (Segurana Institucional, redes Solidariedade limpa nas indstrias
grandes centros pblica, Habitao, InfraEstrutura de - Turismo - ampliao do paulistas;
urbanos Saneamento, Meio Apoio, Fomento ao - Educao emprego, da Promover articulao
com maior ambiente) Turismo, Sistema de - Segurana cidadania e da dos programas
integrao - Equidade entre Informao ao Turista, - Sade solidariedade de atendimento
social pessoas e regies Promoo e Marketing - Saneamento para o s comunidades
(idem) do Turismo) - Habitao conjunto dos indgenas.
- Pessoas - Defesa civil - Igualdade social e paranaenses. Desenvolver
instrudas, - Cultura terceiro setor - Gesto estudos, pesquisa e
qualificadas e - Transportes (Rede - Inovao, Cincia Do Estado - monitoramento de
saudveis (idem) atual de transportes, E Tecnologia promover a regies sujeitas a
Transporte rodovirio, (Interiorizao reestruturao situaes de risco;
Barcas, Trens, Metr, do processo de da administrao Apoiar a implantao
Integrao) gerao tecnolgica pblica, do sistema integrado
- Desenvolvimento e difuso da ampliando de hidrometeorologia
Economico (idem) inovao) sua eficincia, do ESP;
- Energia eficcia e Promover estudos
- Indstria, efetividade; de prospeco de
Comrcio e ampliar a demandas locais e
Servios (Poltica de capacidade de regionais.
Fomento agrcola; gesto do Estado
Polticas de
fomento industrial;
Combinar polticas
de promoo da
competitividade nos
setores tradicionais
com polticas de
estmulo para
a capacitao
competitiva
das empresas
e para novos
investimentos)

185
SPI Ministrio
do Planejamento

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