Lugar de Medico e Na Cozinha
Lugar de Medico e Na Cozinha
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Sobre a obra:
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Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edio pode ser utilizada ou
reproduzida em qualquer meio ou forma, seja mecnico ou eletrnico , nem
apropriada ou estocada em sistema de banco de dados sem a expressa
autorizao da editora.
PRODUO EDITORIAL:
Editora Alade
REVISO:
Bia Nunes de Sousa
FOTOGRAFIAS COLORIDAS:
Luiz Henrique Nogueira Cabral
FOTOGRAFIAS P&B:
Meninos do Projeto Oficina Sensibilizando o Olhar
ILUSTRAES:
Doutor Alberto Peribanez Gonzalez
e-ISBN: 978-85-7881-167-9
2013
Alade Editorial Ltda.
Rua Hildebrando Thomaz de Carvalho, 60
04012-120, So Paulo, SP
Tel.: (11) 5572-9474 e 5579-6757
www.alaude.com.br
Sobre as fotografias P&B deste livro
Agradeo para todo o sempre os pes, pizzas, bolos, tortas e doces, alm de
outros milhares de alimentos feitos com amor e carinho pela minha me amada,
dona Inez. Pelo ensino dos refogados com azeite, cebola e alho, base de nossa
culinria ibrica. Pela alegria de servir.
s galinhas caipiras e aos churrascos com arroz de carreteiro feitos com amor
e carinho pelo meu pai amado, coronel Mrio, que ensinou tambm o amor aos
animais, s crianas, a plantar rvores, a acender fogueira, a respeitar a
natureza, a criar galinhas e cavalos, coletar ovos e extrair leite para a nutrio da
famlia. Agradecimentos extensivos ao av Celidnio e s avs Marica e Baby,
que foram mestres de meus pais.
Aos amigos de cozinha, aqui e na Alemanha, pelas trocas de informao,
feijoadas regadas por legtima cerveja branca. Pelo ensino de po integral, com
trigo modo na hora, alm de sopas e pratos deliciosos feitos pela amiga Anne
Buchholz. Pelos ensinos de nutrio clnica trazidos pela professora Gabi, da UnB,
e de alimentao vegetariana trazidos pelo amigo e mdico Marcos Freire Jr., de
Braslia.
s deliciosas hallacas e arepas e toda a sorte de comida venezuelana, incluindo
os hambrgueres de kombis portuguesas e empanadas criollas. Aos carinhosos
pratos llaneros. Aos restaurantes chineses e japoneses, seus y akisobas, sukiy akis,
sushis e sashimis (acompanhados dos respectivos sorrisos orientais), aos
restaurantes italianos com suas pizzas, pastas al dente, molhos e garons
tradicionais. Aos restaurantes familiares rabes, com suas esfihas, quibes e
kaftas. Aos kebabs turcos de rua.
A todos os quiosques aconchegantes na porta de hospitais, com seus cafezinhos,
joelhos, empadinhas, coxinhas e bolinhos. A toda a indstria alimentcia,
lanchonetes e bistrs, que se organizaram para produzir alimentos em srie. A
todos os aniversrios regados a refrigerantes, bolos com coberturas de chocolate,
balinhas, brigadeiros, cachorros-quentes e msica estridente.
Aos meus professores da escola mdica de graduao da UCV, em Caracas, e
da UnB, em Braslia. Aos colegas de residncia em cirurgia da UnB e de ps-
graduao do Instituto de Pesquisa Cirrgica de Munique. Aos colegas cientistas
da Fiocruz no Rio de Janeiro. Aos funcionrios, professores e alunos da
Universidade Estcio de S e UERJ.
indstria de equipamentos de alta tecnologia mdica, ao desenvolvimento de
terapias genticas, de clulas-tronco e de drogas cada vez mais seletivas e com
menos efeitos colaterais, esforos que vm sendo efetivos na caminhada do
homem, mantendo as famlias unidas por mais tempo.
transmutao e s foras evolutivas. Ao meu av Firmino Peribanez, pela
herana espiritual do stio Nirvana. Ao mestre Jos Rubens, pelo primeiro copo
de vegetal. Janana, que veio com o trigo germinando nas mos. s minhas
filhas Maria Victoria, Ana Sofia e Mariah, pela alegria de viver. Maria Luiza e
turma do Terrapia, a Gabriel Cousens do Tree of Life, Marly Winckler da
Sociedade Vegetariana Brasileira, a Ludwig Wagner, Rafael, Fbio, Rodrigo,
Beatriz, Nino, Gabi, Daniela, e aos parceiros da Oficina da Semente.
A Jesus Cristo e irmandade essnia em sua vida eterna. Ao mestre Hipcrates
em sua sempre atualidade. Ao mestre Gabriel e irmos da Unio do Vegetal. Aos
mdicos e arte infinita da medicina. Aos que esto chegando.
Agradeo todo amor. com amor que fao este livro. amor sendo devolvido
a todos vocs, que me formaram como sou, com meus defeitos e virtudes,
ensinando a fazer de outra forma o po, os bolos, os pratos regionais e
internacionais, os pratos rpidos, a pensar em nova forma de distribuio dos
alimentos, a pensar nova forma de viver. A promover sade aos doentes e uma
vida mais longa e saudvel a todos.
Devolvo-lhes com gratido, e dentro de suas linguagens, a culinria da vida, a
mais deliciosa de todas as culinrias, manifestao intensa de unio entre os
homens e o primeiro e definitivo passo no caminho para a paz.
Sumrio
Capa
Sobre as fotografias P&B deste livro
Gratido
Sumrio
Prefcio
Apresentao
Os princpios deste trabalho
PARTE 1
CAPTULO 1 - A moderna maneira antiga
Os essnios
Hipcrates no Rio de Janeiro
O mdico Jesus
Hbitos de vida de populaes longevas: a sade primitiva
CAPTULO 2 - Estamos todos doentes?
A paz intestinal
Por que estamos adoecendo?
O fim da era dos antibiticos
CAPTULO 3 - Maneiras e maneiras de produzir e consumir alimentos
A degradao do solo e dos alimentos
A horta Dona Inez
CAPTULO 4 - A luz no fim do tnel
Alimentos funcionais
Nutracutica
Probitica e prebitica
Benefcios da prebitica e da probitica para o organismo
No existem plantas medicinais
Vamos entender sinergismo
Medicina integrativa
PARTE 2
CAPTULO 5 - Vivendo com comida viva
A cozinha viva
Terrapia
Lixo amigo
Cozimento e bactrias
CAPTULO 6 - O po da vida
Segredos da padaria viva
Aditivos alimentares permitidos pela Vigilncia Sanitria
CAPTULO 7 - As novas fontes de protena
A ousadia de Colombo
A neura das protenas
Brotos e verduras
Outras fontes de protenas no reino vegetal: algas
CAPTULO 8: Gorduras e gordinhos
Somos todos gordinhos
Sculo XXI: estamos comendo ranos
Dr. Jeky ll e Mr. Hy de
Vamos comer gorduras cruas
Cuidado para no se engordurar
Castanhas e nozes
CAPTULO 9: Doce vida
Tudo o que voc queria saber sobre acares e farinhas, mas ningum teve
coragem de lhe contar
Com os senhores, o glucagon
Combinaes de frutas
CAPTULO 10 - A gua da vida
gua limpa e estruturada
Sangue bom
CAPTULO 11 - Os heris da alimentao
Os nutracuticos
Misses nutracuticas
Alguns nutracuticos
CAPTULO 12 - Um novo jeito de comer
A transio para a alimentao viva
A Oficina da Semente
S Jesus salva
A germinao como nova marca biolgica
PARTE 3
CAPTULO 13 - O preparo dos alimentos vivos
Escovao e limpeza dos alimentos
Germinao: a gua desperta
Como fazer brotar
Sementes adequadas para a germinao
Cuidados com o uso de gros
Cascas
Mastigao e macerao
CAPTULO 14 - Equipamentos da cozinha viva
Segredos de liquidificador
Biossocadores
Socadores de madeira
Garimpagem com colher de pau
Graduao de densidades
Liquidificao seca
Marchas e velocidades
Coadores e panelas furadas
Facas
Dicas para abrir cocos
Ralao
O auxlio luxuoso do processador
Espremedores, extratores e centrfugas
CAPTULO 15 - Tcnicas de crulinria
Hidratao
Desidratao
Prensagem
Marinadas
Refogue, no afogue
Desamidao
Amornamento
Temperando
PARTE 4
CAPTULO 16 - Para entender as receitas
CAPTULO 17 - Leites da terra
CAPTULO 18 - Nctares e sucos
CAPTULO 19 - Pratos amornados
CAPTULO 20 - Pastas e pats
CAPTULO 21 - Saladas e sushis
CAPTULO 22 - Molhos
CAPTULO 23 - Lanches e sobremesas
CAPTULO 24 - Pes, pizzas, cookies e crackers
CAPTULO 25 - Tortas, bolos e doces
Anexo - Resumos de artigos cientficos sobre alimentao crua
Glossrio
Referncias bibliogrficas
Prefcio
Esse livro resume a anttese de tudo o que pude ver em seu mundo moderno.
Representa o que hoje vocs chamam de 'ecologia humana'. Nele mostramos em
detalhes como o bem-estar dos indivduos profundamente influenciado por
fatores ambientais a qualidade do ar, da gua e dos alimentos, a topografia da
terra e os hbitos gerais de vida. Enfatizamos a correlao entre mudanas nesses
fatores e o aparecimento de doenas. Vocs tm nmeros assustadores de doenas
e ainda surgem novas enfermidades. No percebem a relao disso com a
degradao ambiental e o uso de alimentos sem vitalidade? Eu sugeriria que os
'planos de sade' passassem a chamar-se 'planos de doena', denominao mais
adequada. Em 2.400 anos, a promoo da sade ainda engatinha. Conclamo a
classe mdica aqui presente a uma nova revoluo cientfica: a da preveno
consciente das doenas pelo restabelecimento das conexes do homem com a
natureza, para que possam surgir os verdadeiros 'planos de sade'.
As pregas intestinais fazem com que a rea do intestino aumente trs vezes.
Um aumento adicional de sete a dez vezes garantido por centenas de milhares
de pregas minsculas, as vilosidades. E, ainda por cima, dentro das vilosidades,
na borda das clulas intestinais, esto as microvilosidades (bordas em escova) que
fazem essa rea aumentar mais 15 a 40 vezes.
A rea de absoro intestinal da ordem de 200 m 2 em um adulto jovem,
equivalente a um campo de 25 por 8 metros.
Hipcrates j dizia em 400 a.C. que somos aquilo que comemos. uma
verdade absoluta. Mas hoje a cincia da probitica deixa claro que somos o que
temos de bactrias em nosso intestino . Nosso respeito por elas aumenta a cada
dia: a qualidade das bactrias que ocupam o intestino determina nossa sade.
Hipcrates era um analista dotado de grande intuio e percebeu tudo isso pela
observao e anotao de dados.
Os alimentos cozidos, irradiados, embutidos, os acares e as gorduras
saturadas so os alimentos prediletos de bactrias hostis. Alimentando-se assim,
mantemos em nosso intestino um viveiro de serpentes venenosas, que
transformam tudo o que aparece em toxinas fortssimas e degradam substncias
presentes nessa forma de dieta em produtos que fabricam o cncer, podendo agir
diretamente na parede do intestino ou ser absorvidos, gerando um enorme
problema para nosso corpo se livrar. Causa surpresa que esses alimentos sejam
considerados inofensivos pela Sade Pblica.
Michael Gershon, um eminente pesquisador americano, publicou em 2002 o
livro O segundo crebro. Simultaneamente, no Brasil, foi publicado pelo doutor
Helion Pvoa o livro O crebro desconhecido. So leituras interessantssimas
acessveis a leigos (com algum sacrifcio). Nosso tubo digestivo, feioso, na
obscuridade abdominal, capaz de produzir puns e coc, na verdade um crebro
sensvel, pensante, emocionvel, irritvel, magovel. Alm de ter memria
emocional, capaz de emitir sinais transmissores sutis ao crebro branquinho e
chique l de cima, na cabea. Assim, o que temos nos intestinos pode influenciar
nosso pensamento e nossa felicidade. De forma anloga, a cincia comprovou
que o uso de tranquilizantes ou terapia pode fazer uma pessoa melhorar no
mbito psicolgico, mas se nada mudar na alimentao, os intestinos desses
mesmos indivduos continuaro a apresentar suas prprias psiconeuroses.
Existem milhes de neurnios no tubo digestivo, fazendo-o senhor de seu
prprio controle, e h relativamente poucas conexes com o sistema nervoso
central, alm das fibras vagais. O que mais surpreendente ainda: se fossem
desligados de vez todos esses circuitos integrativos, ainda assim o tubo digestivo
seria capaz de funcionar com algum grau de coordenao. Segundo Gershon, a
voz do crebro certamente se faz ouvir no intestino, mas no em linha direta com
todos os membros da congregao entrica . Esse e outros fatos comprovados
pela cincia levaram os fisiologistas a determinar o que hoje se denomina de
diviso entrica do sistema nervoso, ou seja, a parte do sistema nervoso
relativa especificamente aos intestinos.
O tubo digestivo tem importantes efeitos sobre o comportamento humano.
um complexo computador de informaes do ambiente, que pode harmonizar-se
com o hospedeiro ou rebelar-se contra ele. Por exemplo, existem pessoas
desconfiadas, raivosas, rancorosas e agressivas. No verdade que dizemos
fulano de tal vive enfezado ? Sim! Vive cheio de fezes. Existem os medrosos,
sem vontade, sem mpeto, depressivos. Frente aos problemas da vida, no fato
que se borram de medo ? o intestino solto. So dois opostos emocionais que
definem grandes grupos de pessoas. E o enjoado ? Est to atribulado com suas
vsceras sobrecarregadas que implica com tudo e com todos e provavelmente
terminar por ganhar uma bela pedra na vescula. Esses pacientes peregrinam
sem consolo pelos consultrios mdicos mundo afora.
A ecologia intestinal pode ser a responsvel por determinar condutas
planetrias. Um dono de multinacional enfezado investe dinheiro no acmulo de
bens (tal qual faz com as fezes), polui o meio ambiente, no est em harmonia
consigo e nem com o planeta. Um presidente de uma potncia econmica ou um
grande general borra-se de medo de ser atacado e declara guerra a um pas
devastado economicamente. A dona de casa comilona acaba enjoando da vida.
Anlise resolve? No. Anlise trabalha o crebro chique, branquinho, limpinho
dentro da cabea. O que resolve mesmo um pensamento em desarmonia a
correo da flora intestinal. Essa correo d origem a grandes transformaes
no plano mental, at que o indivduo alcance uma mudana de paradigma, uma
mudana no plano espiritual. Mas no adianta apenas corrigir o hbito intestinal,
pois ainda assim o mal o que sai da boca . Existem pessoas que, mesmo
havendo substitudo a flora intestinal, mantm atitudes fora de harmonia. Outras,
mesmo em meio a todo tipo de alimentos, brotam para a vida espiritual.
A serotonina o mediador do pensamento. Nossas lembranas, nossos sonhos,
nossa vontade de viver dependem dessa substncia, absorvida da dieta e
transformada na intimidade do tecido intestinal. A serotonina tambm o
vigilante do intestino. ligada resposta da defesa imune e a efeitos flagrantes
nos movimentos intestinais. Se ingerirmos uma substncia que aumenta a
quantidade de serotonina em nosso corpo e estivermos com flora intestinal em
desequilbrio, o tubo digestivo iniciar contraes vigorosas que resultaro em
vmitos e diarreia, um mtodo fantstico de limpeza!
Esteroides
So frequentemente usados na composio de pesticidas e herbicidas,
chegando ao homem pelo consumo direto de vegetais ou da carne de animais. Os
danos hormonais permanentes causados a animais por esses derivados do
estrognio apresentam consequncias trgicas em nosso organismo. No Brasil
muito comum a aplicao desses hormnios na avicultura, piscicultura e na
pecuria clandestina, que, infelizmente, abastece cerca de 50% do mercado
nacional. Sua aplicao visa ao aumento da massa muscular e do peso dos
animais. As consequncias dessas substncias no organismo so imprevisveis, j
que so capazes de interferir no equilbrio endcrino e na imunidade humana,
mesmo em quantidades mnimas.
A cultura do fast-food
O pequeno papel nutricional e os riscos para a sade de calorias vindas de
amido e de protenas vazias envolvidas por gordura hidrogenada entupidora de
artrias foram vivenciados pelo cidado americano Martin Spullock em seu
documentrio Supersize me (A dieta do palhao): alimentou-se durante 30 dias
exclusivamente de produtos da rede de lanchonetes McDonald's. No 21o dia, j
apresentava sinais de esteatose heptica, deposio de gorduras no fgado que
pode ser considerada condio pr-cirrose. Aumentou 11 quilos, a presso
arterial subiu, tornou-se preguioso, e segundo o depoimento da namorada,
perdeu o apetite sexual. O que chocante que essa empresa centra seus
esforos na disseminao desses hbitos alimentares justamente entre as
crianas em idade escolar. O excesso do mineral fsforo nesse tipo de
alimentao contribui ainda mais para a desmineralizao ssea precoce.
Crianas dependentes de alimentos fast-food apresentam, em regra, rejeio por
alimentos saudveis como hortalias, legumes e mesmo frutas doces.
A horta Dona Inez
O stio Nirvana um lugar que considero sagrado. Nele brinquei os dias felizes
de minha infncia e agora posso ver minhas filhas correndo com os ps na terra.
Graas dedicao de meu pai, essa propriedade no foi desmembrada e
permanece gloriosa e milagrosamente rural, na ilha de Guaratiba, rea de
reserva ambiental, rural e arqueolgica dentro do municpio do Rio de Janeiro (a
43 quilmetros em linha reta da avenida Rio Branco). Tem dois morrotes, um
coberto por mata atlntica e outro por relva, em que habita uma famlia de
corujas. Segundo seu Z Vieira, que tem mais de 80 anos de idade, elas esto l
desde que meu av Firmino comprou a propriedade, nos anos 1950. Tem dois
riachos, um que passa pelos fundos e o outro por dentro da propriedade. Dos sete
poos existentes, trs esto ativos, por estarem longe dos leitos d'gua: um serve
gua lmpida para minha casa e para a de meu pai; outro rega as hortas, com
uma gua um pouco mais mineralizada. O ltimo o mais recente, e usado
para duchar os cavalos aps o trabalho.
um patrimnio inacreditvel, que, se os leitores me perguntarem quanto
vale, no saberei dizer por duas razes: a primeira que o valor deve ser mesmo
astronmico, por causa da deplorvel especulao imobiliria que tomou conta
do verde bairrinho, custa de muitas rvores derrubadas, rios transformados em
esgotos e muros vergonhosos que vm descaracterizando seu maior atrativo que
exatamente a paisagem verde. A segunda razo que essa terra que dentro
do atual paradigma s tem valor se for vendida supera qualquer avaliao, pois,
ainda nativa e virgem de produtos qumicos, a Guaratiba tem o potencial de
albergar chcaras biognicas, produtoras de hortalias autnticas com o uso de
tcnicas ecolgicas, em um mercado cada vez mais consciente e vido por
produtos verdadeiros.
Foi logo aps iniciar meus estudos na prtica da alimentao orgnica e crua
que senti a necessidade de conhecer a terra mais de perto. Por ter o privilgio de
haver uma rea disponvel no stio Nirvana, iniciei os primeiros passos na
horticultura orgnica. A intuio me levou atitude mais certa: contratei uma
pessoa que pudesse dedicar-se integralmente tarefa. Essas pessoas so raras
nos dias de hoje, mas espero que em breve sejam muitas. muito importante
que esse parceiro especial seja bem atendido em suas necessidades. Ele
precisar de muita concentrao e firmeza, para saber com exatido se os
canteiros de couve requerem uma revirada de terra, ou se os ps de manjerico
devem ser renovados, assim como a hora certa de plantar as mudas de rcula e
alface. Seu trabalho no tem interrupo. Quando o clima est fresco, hora de
plantar mudas, mesmo que seja domingo. Quando desaba um tor em um
feriado, ele deve estar l para cobrir os canteiros mais delicados. Se o sol est
escaldante, regra no vero da Guaratiba, o tempo de rega triplicado.
O cuidado com uma horta orgnica uma forma de arte, integrada terra e
s foras da natureza. Em uma horta, podemos vivenciar todos os tipos de
fenmenos que envolvem a vida: as transformaes, as regeneraes, as
integraes, os ciclos de energia e a percepo de que somente pela devoo em
todos os nveis de produo que podemos chegar produo de alimentos de
alta qualidade. E aqui esto embutidos conceitos que fogem totalmente queles
que so doutrinados nas academias de cincia agrria.
Em primeiro lugar, envolve-se pelo amor dedicado em todos os nveis a tudo o
que puder ser feito para adicionar energia ao solo e ao alimento, em prticas que
nos permitem a absoro de nveis mais altos de energia de nosso alimento, que
a principal forma de direcionar a energia do prprio planeta. o conceito de
alimento autntico, que leva o alimento a um nvel superior de qualidade.
O objetivo a produo de alimentos altamente nutritivos e energizados, ao
mesmo tempo em que se protege o solo para as geraes vindouras. Os
produtores envolvidos nessa aventura aprofundam-se a cada ano no ciclo
nutricional solo-planta-animal, buscando cada vez mais aperfeio-lo. Os
alimentos autnticos contrastam com os gigantes do agrobusiness
(agroempresas), que j visualizaram nos orgnicos um importante filo de
novos lucros, mas ignoram o compromisso da agricultura na produo de
alimentos de alta qualidade. A abordagem autntica uma resposta essa
transio do pequeno produtor para uma agricultura orgnica de larga escala.
Quando dei por mim, j havia formado uma rede de parceiros que recebiam
as verduras de minha horta em domiclio e contribuam diretamente para a
manuteno do pequeno e informal negcio. J estava comprometido com 40
pessoas ou famlias que percebiam nessas hortalias uma virtude especial.
Muitos de meus parceiros visitavam a horta frequentemente, j que ela se situa
a um mximo de 50 quilmetros do morador mais distante. Vrios recebiam
minha visita semanalmente, com sacola na mo. Nessa curta visita, s segundas-
feiras noite pura medicina de famlia trocvamos informaes sobre os
efeitos benficos ocorridos na sade ou sobre o circunstancial aspecto mirrado da
chicria. Formava-se, ento, uma cumplicidade indita, pela qual meus clientes
se mantinham fiis,
mesmo nos momentos que uma estiagem prolongada ou uma invaso de
insetos enfeiassem o aspecto visual da planta, quase selvagem.
Eles sabiam, pelo mesmo sistema de troca de informaes, que o principal
nutriente est circulando na seiva dessas folhas verdes: l estaro as bactrias que
trazem sade para os intestinos, l estaro os minerais balanceados para
equilibrar e estimular a sntese do sangue, a clorofila, as enzimas, vitaminas e os
cofatores que, de forma sinrgica, determinaro a elevao da imunidade.
Sabem que o aspecto visual exuberante de uma planta cultivada com tcnicas
artificiais pode estar escondendo substncias qumicas extremamente nocivas.
Aqueles que recebiam as verduras da horta Dona Inez semanalmente sabiam
como utiliz-las em sucos, em pratos mornos, em nctares ou em saladas, pois
foi ensinado a eles, em uma mesa de madeira localizada debaixo de um p de
jamelo, dentro da mesma horta. Nessas ocasies, manhs de bem-estar e
alegria, os comensais traziam algumas frutas e sementes germinadas, e
iniciavam-se os preparativos que culminavam em uma mesa rica em alimentos
orgnicos e crus, doces ou salgados. De que serviriam quiabo, jil e almeiro,
caqui, jambo e jamelo se passssemos o resto de nossa vida rejeitando
injustamente seu paladar?
Curiosamente, utilizei-me de uma rea de no mximo 1.000 metros quadrados,
tirando uma saca com nove verduras diferentes por semana, durante trs anos
ininterruptos, para at 40 entregas semanais! O solo da Guaratiba arenoso,
condenado pela escola agrria vigente para cultivo de hortalias! Muitos
disseram que nada resistiria s temperaturas trridas do vero carioca. Qual foi o
mistrio? Em ordem de importncia: a mo de seu Geraldo, gua de poo,
composteiras sempre bem abastecidas de lixo amigo, rotao de canteiros,
insetos fazendo parte do ecossistema, e verduras selvagens misturando-se s
cultivadas.
O surgimento de uma peste visto como um desequilbrio, e a soluo para o
problema a correo do desequilbrio e no o tratamento dos sintomas.
Lembro-me da peleja para eliminar o pulgo nos dias de sol a pino do primeiro
vero, com agrotxicos naturais como fumo e outros produtos carssimos. No ano
seguinte, uma informao de que o cravo-de-defunto seria a planta ideal para
corrigir o problema: a chegada das joaninhas atradas pelas flores amarelas de
cheiro forte determinou o fim do ciclo dos pulges. Trata-se de uma abordagem
agrcola holstica, semelhante abordagem holstica da sade humana.
Objetivam-se colheitas cada vez mais vigorosas e sadias, imbudas de poderes
prprios que as tornem resistentes a pestes. As sementes que compro so livres
de pesticidas, e nunca utilizo espcies geneticamente modificadas. Agindo assim,
percebo estar em sintonia com o ecossistema, com a sade de meus parceiros,
com a economia local e com a do planeta.
No cantinho da horta constru uma capela em que est a imagem de Nossa
Senhora com o menino Jesus e que recebe os primeiros raios da luz solar, que
rompe as ondulaes do macio da Pedra Branca todas as manhs. Todas as
vezes que l estou, e mesmo distante, meu ser vibra em oraes para que esse
pequeno laboratrio a servio da humanidade possa ter vida eterna. Com o nome
e a fora de minha me, Dona Inez. Com a guarnio da Me Terra, que a todos
ns gerou.
CAPTULO 4
A luz no fim do tnel
Alimentos funcionais
Alimentos funcionais: Desafios para o novo milnio foi o tema do V
Simpsio de Nutrio de Karlsruhe, Alemanha, que aconteceu em outubro de
2000. O encontro enfocou a relao entre trs elementos-chave de nossa poca:
alimentos, nutrio e sade.
Alimento funcional qualquer alimento que tenha um impacto positivo na
sade do indivduo e no desempenho fsico e mental, adicionalmente a seu valor
nutritivo intrnseco. um alimento (e no uma cpsula, um tablete ou p)
derivado de ingredientes de ocorrncia natural, que pode e deve ser consumido
como parte da dieta diria. Tem uma funo particular quando ingerido, podendo
regular processos vitais especficos, como o aumento dos mecanismos biolgicos
de defesa do organismo contra influncias ambientais, preveno de doenas,
influncia positiva nas condies fsicas e mentais, e reduo do processo de
envelhecimento.
Atualmente, esto disponveis a probitica, a prebitica e a simbitica, os
fitoqumicos antioxidantes, os lipdios estruturados e cidos graxos poli-
insaturados, os peptdeos bioativos, as fibras da dieta, os elementos minerais e
oligoelementos, com comprovados efeitos sobre a sade.
Nutracutica
O termo nutracutica foi cunhado em 1989 pela Fundao para Inovaes em
medicina, fundao educacional estabelecida em Nova York, EUA, para o
encorajamento de descobertas na medicina. Era necessrio que essa rea de
rpido crescimento no conhecimento mdico tivesse um nome prprio.
Um nutracutico pode ser definido como qualquer substncia que possa ser
considerada um alimento, ou parte de um alimento, e que promova benefcios
mdicos como a preveno e o tratamento de doenas. Os nutracuticos variam
de nutrientes isolados, suplementos dietticos e dietas, alimentos desenhados por
engenharia gentica, produtos herbais, e produtos processados, como cereais,
sopas e bebidas. Alguns nutracuticos:
Fibras dietticas
cidos graxos poli-insaturados
Protenas, peptdeos, aminocidos e cetocidos
Minerais
Vitaminas antioxidativas
Outros antioxidantes (glutationa, selnio, etc.)
Lactobacillus acidophilus
Lactobacillus bulgaricus
Lactobacillus delbreukii
Lactobacillus caseii
Lactobacillus caucasicus
Lactobacillus fermenti
Lactobacillus plantarum
Lactobacillus brevis
Lactobacillus helveticus
Lactobacillus leichmannii
Lactobacillus lactis
Bacillus licheniformus
Bacillus subtilis
Bifidobacteria bifidus
Benefcios nutricionais
Produo de vitaminas, disponibilidade de minerais e
micronutrientes
Produo de enzimas digestivas importantes (-galactosidase)
Efeitos de barreira e restaurao do epitlio
Diarreia infecciosa, diarreia associada a antibiticos, diarreia
por irradiao
Reduo dos nveis de colesterol
Estmulo do sistema imunolgico e preveno do cncer
intestinal
Melhora da motilidade intestinal e alvio da constipao
Resistncia colonizao bacteriana e aderncia
Manuteno da integridade das mucosas (intestinal, respiratria,
etc.)
O ato de cozinhar um ato de amor. Pelo menos deveria ser. Foi assim que
aprendi com minha famlia e em minhas peregrinaes pelo mundo. Mas se o
ato de cozinhar expresso de amor, foi na cozinha viva que descobri o amor
perfeito.
Comeando pela ausncia do calor, de panelas fervendo, do fogo e seus
perigos, a ausncia de gorduras nas bancadas, nas superfcies, nas paredes.
Mesmo com a bancada em grande atividade e com restos espalhados, o que
acontece em preparos maiores, tudo limpo. No h restos de animais mortos.
No h dor. O vaso de flor em cima da prateleira demarca: o espao amigvel.
Sobre uma velha estante, vidros: um, dois, trs... 21 tipos de sementes em tons
pastel, que do um toque decorativo todo especial. Lembro-me dos tempos do
um, dois, feijo com arroz . Tenho em minha casa 21 variedades de sementes,
cereais, leguminosas e castanhas e, se quiser buscar mais, chego fcil a 40. Sobre
um canto da bancada pequena, mas muito limpa, esto potes de vidro, potes de
loua, cadinhos e peneirinhas cheias de sementes, que vibram em sua umidade
feliz, de renascena, no processo silencioso e sagrado da germinao. Parece
que d para ver os raios de energia que saem delas. Alis, toda a cozinha
irradiante.
Dezenas de vidros menores tm temperos que secam, molham, aquecem,
esfriam, amargam, azedam ou adoam. O freezer, o forno de micro-ondas e
mesmo o fogo no existem mais; obsoletos, tornaram-se parte de um passado
triste. Um simples fogareiro de duas bocas, que guardo sobre uma prateleira,
surge quando necessrio, para amornar aquele prato de sementes ou aquela sopa.
O calor, na verdade, vem das sementes e das castanhas germinadas, vem da vida
que delas brota. o calor da vida, que acende milhes de fogueirinhas dentro de
nossas clulas, aquecendo-nos por dentro.
De que serve comer a semente cozida se ela est morta e far de nosso corpo
seu tmulo? Mais vale comer uma semente que, se plantada, gera uma moita, da
qual brotaro milhares de sementes, ou a fruta de uma rvore de cuja semente
brotar outra rvore, que dar centenas de frutos todos os anos. Uma vez esqueci
uma panela de barro com restos de sementes de lentilhas que fizera amornado.
Fui passar o fim de semana no stio. Quando voltei, j estava nascendo uma
plantinha, com folhinhas e tudo! Eu olhei aquilo e pensei: o que estaro fazendo
dentro de mim as sementes que eu comi?
Olho para a geladeira bem velha e charmosa, que funciona no frio mnimo.
Pode abrir: cenouras e beterrabas com folhas, espinafre, salsa, couve, acelga,
almeiro, chicria, alface, cidreira... Quer ver um jardim? Abra a geladeira de
uma cozinha viva. Quando temos o prazer de ter a horta ao redor da casa, nem
de geladeira precisamos. Basta caminhar entre os canteiros e colher as verduras
que quisermos. Quer ver muitas frutas? Olhe para a fruteira de uma cozinha viva.
Na culinria crua, as frutas no so mero complemento, mas os ingredientes
principais e inalterados dos cremes, tortas, mousses e pavs, junto a castanhas e
frutas secas. Dependendo da poca, a cozinha tem cheiro de abacaxi, de pssego,
de manga ou de caju.
Na hora de lavar equipamentos, talheres e louas, mais uma surpresa: como as
gorduras utilizadas so poli-insaturadas, elas saem praticamente com gua e
muito pouco sabo biodegradvel. Nenhum leo pesado ou saturado vai para
dentro de nosso sangue ou para os mananciais de gua. Nenhuma gordura
saturada cola nas paredes da cozinha ou das artrias.
Em uma estante de madeira, descansam diversas bandejinhas, nas quais
crescem os brotos de girassol e de trigo. Esto prontos para uso, basta aparar um
mao de brotos e junt-los ao leite da terra com energia vital mxima. Considero
a estante de brotos um local nobre, no s pela possibilidade de gerar alimentos
com grande vitalidade, mas tambm por incluir o elemento terra em nossa
cozinha.
A cozinha viva dos mais abastados pode funcionar com os mais variados
apetrechos. So aparelhos sofisticados como centrfugas, processadores, moinhos
eltricos de grama de trigo e de gros de trigo germinados, desidratadores e
muitos outros. Mas o maior impacto da cozinha viva na outra ponta da escala
social: os que vivem na falta de recursos. Em um congresso mundial de
vegetarianismo acontecido em Florianpolis, assisti a um vdeo com o
depoimento contundente de um senhor, morador de uma comunidade, que
transformou a cozinha de seu barraco em um espao vivo. Parece at um sonho
ver que simples barracos, com suas cozinhas apertadas, possam receber os anjos
da gua, do ar e da luz do sol e iluminar-se com a fora das sementes
germinadas.
fruto do trabalho ainda inicial, porm vigoroso, da doutora Maria Luiza
Nogueira e do Projeto Terrapia, na Fiocruz.
Terrapia
A silhueta do imponente castelo mourisco destaca-se sobre o morrote coberto
de frondosas rvores. Seus arabescos, capitis, arcos e colunas deixam uma
lembrana inesquecvel para o visitante. O passado, marcado pelo pioneirismo e
tradio, une-se a um presente de modernidade, competncia e liderana na
produo cientfica nacional nesse osis, em meio ao rido deserto da avenida
Brasil, na cidade do Rio de Janeiro. Estamos na Fundao Oswaldo Cruz
(Fiocruz). Vinculada ao Ministrio da Sade brasileiro, desenvolve aes na rea
da cincia e da tecnologia em sade, incluindo atividades de pesquisa bsica e
aplicada, ensino, assistncia hospitalar e ambulatorial de referncia, formulao
de estratgias de sade pblica, informao e difuso, formao de recursos
humanos, produo de vacinas, medicamentos, equipamentos diagnsticos e
reagentes, controle de qualidade e desenvolvimento de tecnologias para a sade.
Em inmeros edifcios, cientistas trabalham incessantemente em biologia
molecular, celular, imunologia, fisiologia e inmeras outras reas do
conhecimento. No Hospital Evandro Chagas, dentro da Fiocruz, acompanham-se
portadores de doenas infectocontagiosas procedentes de reas endmicas de
todo o pas. Tambm na Fiocruz est a Escola Nacional de Sade Pblica e um
centro de sade multidisciplinar, que aplicam os mais novos recursos na
promoo da sade.
Dentro desse mbito surgiu o Projeto Terrapia, que se utiliza de uma rea
anteriormente degradada, na qual agora crescem girassis, amoreiras, rculas,
couve, hortel-pimenta e manjerico, entre muitas outras plantas, dentro de belos
jardins e canteiros de pedras. Nesse laboratrio vivo, ao ar livre, h tambm uma
horta selvagem, ou seja, uma horta que ningum sulca com enxadas ou
ferramentas, mas que simplesmente um emaranhado de plantas selvagens
comestveis.
Todas as quartas e quintas-feiras, a horta abre-se ao pblico visitante, que pode
caminhar entre os canteiros, conhecer o funcionamento das composteiras, colher
plantas tradicionais ou selvagens e preparar o leite da terra, feito de maneira
coletiva, com mas, sementes e as recm-colhidas plantas comestveis como
caruru, ora-pro-nbis, beldroega, tiririca e trapoeraba. Iniciam-se, logo aps,
pequenas aulas e exposies prticas sobre germinao de sementes, culinria
viva e temas relativos sade e natureza. A concluso dos trabalhos matinais
um almoo multicolorido e multissaboroso, feito a 20, 30 mos. Reunidos ao
redor das mesas, tambm ao ar livre, somos todos comensais de uma ceia de
puros alimentos funcionais.
Nesse ambiente, sob a superviso zelosa da mdica e colega Maria Luiza, pude
passar um ano seguido aprendendo muitos dos princpios mencionados neste
livro. O projeto est se desenvolvendo, surgem novos participantes, sejam eles
cientistas ou donas de casa. Esses ensinamentos esto se difundindo para diversos
centros de sade do Rio de Janeiro e vizinhanas, e o projeto j dispe de uma
cozinha viva, feita com conscincia, pequenina, simples e prtica, que pode ser
visitada e copiada por pessoas de baixa renda, como o senhor que aparece no
vdeo institucional mencionado anteriormente.
Lixo amigo
O lixo que se produz em uma cozinha viva sempre abundante, e orgnico
tambm: cascas de sementes e frutas, bagao dos sucos, restos de terra das
bandejas, sobras que geram grande volume toda semana. Mas os porteiros do
prdio em que eu morava desconheciam esse lixo, pois eu o guardava em
recipientes plsticos vedados. Todos os fins de semana, retirava meu lixo do
prdio sem que ningum percebesse e despejava em composteiras na horta do
stio, para que novamente se transformasse, graas aos mesmos organismos do
solo, em terra viva. Eu mesmo ainda no havia percebido esse mistrio da
culinria viva.
Um dia, tive de procurar um objeto que foi jogado no lixo e enfiei os braos na
composteira, situada dentro da horta Dona Inez. No achei o objeto, mas senti
nas mos o calor da vida: uns 40C. Aquele enorme ventre gestava a terra, que
em nove meses estava pronta para ser usada nos canteiros da horta e da roa, de
onde vinham os alimentos que servimos mesa. O ciclo da energia e da matria
estava completo, dentro e fora de minhas mos. Antes, eu estava um pouco
ansioso, mas aquele momento inesquecvel apoderou-se de mim, trazendo-me
uma profunda serenidade. As mos j no reviravam o composto, mas o
acariciavam. Esqueci o que buscava naquele momento e gostei do que encontrei:
o retorno ao ventre da me que a todos ns gerou, vertebrados ou no, e que um
dia ir nos receber com o mesmo amor.
Pergunto aos leitores: algum dia passou pela cabea de vocs que o lixo pode
ser um grande amigo? Algo que lembre nossa me? Algo que se parea com
vida? Lgico que no! O conceito de lixo que temos de algo ftido, repugnante,
contaminado, cheio de baratas e ratos, com latas e vidros cortantes. Os lixeiros,
ento, so heris, que vencem o medo e carregam esses sacos escuros com
cheiro de podrido para lugares em que os abutres disputam com crianas os
dejetos contaminados de nosso cotidiano. O lixo custa caro para os cofres do
governo, quando deveria ser fonte de riquezas. O lixo polui a natureza, porm
deveria voltar para ela. Mais uma vez, tive de admitir que somos aquilo que
comemos, at mesmo na hora de jogar fora o que sobrou de nossos repastos.
Ah sim! Lembram-se do objeto perdido? Era uma bailarina de loua de minha
filha. Foi encontrada meses depois, entre os ps de alface, adubando o
canteiro!
Cozimento e bactrias
Quando cozinhamos os alimentos, elevamos sua temperatura a mais de 100oC.
Para com-los, no entanto, devemos aguardar que a temperatura caia para 40oC,
para no queimarmos a boca ou a lngua.
A nica vantagem desse mtodo seria o da suposta esterilizao do alimento.
Mas, se quisermos comer alimentos que foram autoclavados pelo cozimento,
devemos faz-lo no exato momento em que chegam aos mencionados 40oC. O
alimento cozido composto de matria desvitalizada. Perde os nutrientes vitais e
os nutracuticos. Enzimas, biomoduladores e antioxidantes so destrudos pelo
fogo. Resta a suposta esterilidade.
As bactrias boas ou ms so seres extremamente laboriosos, que
trabalham sem parar sobre a matria desvitalizada. Ao cabo de uma hora,
replicam-se aos milhes, instalando colnias e produzindo toxinas! As cubas de
um restaurante self-service ou os potes trmicos da dieta hospitalar so timas
estufas, e o alimento desvitalizado um excelente meio de cultura para o
crescimento bacteriano. A contagem bacteriana aps algumas dezenas de
minutos pode atingir valores astronmicos (ver na tabela abaixo).
J em um prato amornado, as bactrias presentes no ambiente no encontram
matria desvitalizada para degradar. Os tecidos vegetais so picotados ou ralados,
mas esto repletos de fitonutrientes e de agentes antioxidantes. Esto vivos. As
sementes que utilizamos podem germinar mesmo aps o amornamento. Com
isso, o crescimento bacteriano mnimo. Obviamente, o calor do amornamento
atia as bactrias presentes, mas a contagem bacteriana ser
significativamente inferior ao equivalente cozido. Tambm no se deve comer
pratos amornados horas aps seu preparo, pois j haver produtos de
fermentao enzimtica e proliferao bacteriana. Como a culinria crua no
abre mo do alimento de origem orgnica, estaremos ingerindo bactrias
homeostticas do solo em estado ativado. Probitica com amor. Amornada.
Acidulantes
cido tartrico e cido fosfrico.
Reguladores de acidez
Tartarato monossdico, tartarato dissdico, tartarato monopotssico, tartarato
dipotssico, tartarato duplo de sdio e potssio, fosfato monossdico, fosfato de
sdio monobsico, monossdio di-hidrognio monofosfato, fosfato dissdico,
fosfato de sdio dibsico, dissdio hidrognio monofosfato, fosfato
monopotssico, monofosfato monopotssio, fosfato hidrognio dipotssico,
monofosfato dipotssico, fosfato diclcico, fosfato dibsico de clcio, ortofosfato
diclcico, fosfato triclcico, fosfato tribsico de clcio, ortofosfato triclcico.
Antioxidantes
Palmitato de ascorbila, estearato de ascorbila, tocoferol, alfatocoferol, galato
de propila, terc-butil-hidroquinona, butil-hidroxianisol, butil hidroxitolueno, citrato
de isopropila (mistura), citrato de isopropila (mono).
Aromatizantes
Todos os autorizados.
Conservantes
cido srbico, sorbato de sdio, sorbato de potssio, sorbato de clcio.
Emulsificantes
Todos os autorizados e alginato de propileno glicol, polioxietileno (8) estearato,
polioxietileno (20) monolaurato de sorbitana, polioxietileno (20) mono-oleato de
sorbitana, polioxietileno (20) monopalmitato de sorbitana, polioxietileno (20)
monoestearato de sorbitana, polioxietileno (20) triestearato de sorbitana, steres
de cido diacetil tartrico e cidos graxos com glicerol, steres de cido diacetil
tartrico e mono e diglicerdeos, steres de cidos graxos com propileno glicol,
estearoil-2-lactil lactato de sdio, estearoil-2-lactil lactato de clcio,
monoestearato de sorbitana, triestearato de sorbitana, monooleato de sorbitana,
monopalmitato de sorbitana.
Espessantes
Todos os autorizados.
Estabilizantes
Todos os autorizados e alginato de propileno glicol, polioxietileno (8) estearato,
polioxietileno (20) monolaurato de sorbitana, polioxietileno (20) mono-oleato de
sorbitana, polioxietileno (20) monopalmitato de sorbitana, polioxietileno (20)
monoestearato de sorbitana, polioxietileno (20) triestearato de sorbitana, steres
de cido diacetil tartrico e cidos graxos com glicerol, steres de cido diacetil
tartrico e mono e diglicerdeos, steres de cidos graxos com propileno glicol,
estearoil-2-lactil lactato de sdio, estearoil-2-lactil lactato de clcio,
monoestearato de sorbitana, triestearato de sorbitana, mono-oleato de sorbitana,
monopalmitato de sorbitana.
Melhoradores de farinha
Todos os autorizados e quantum satis dixido de enxofre, anidrido sulfuroso,
sulfito de sdio, bissulfito de sdio, metabissulfito de sdio, metabissulfito de
potssio, sulfito de potssio, sulfito de clcio, bissulfito de clcio, sulfito cido de
clcio, bissulfito de potssio, fosfato monoclcico, fosfato monobsico de clcio,
ortofosfato monoclcico, fosfato diclcico, fosfato dibsico de clcio, ortofosfato
diclcico, fosfato triclcico, fosfato tribsico de clcio, ortofosfato triclcico,
fosfato de amnio monobsico, monoamnio monofosfato, fosfato de amnio
dibsico, cloridrato de l-cistena, azodicarbonamida, perxido de benzola,
protease (Aspergillus niger).
Fermentos qumicos
Todos os autorizados e fosfato monoclcico, fosfato monobsico de clcio,
ortofosfato monoclcico, fosfato diclcico, fosfato dibsico de clcio, ortofosfato
diclcico, fosfato triclcico, fosfato tribsico de clcio, ortofosfato triclcico,
difosfato di-hidrognio dissdico difosfato de sdio, pirofosfato dissdico,
difosfato di-hidrognio monoclcio, difosfato de clcio, fosfato cido de alumnio
e sdio, alumnio fosfato de sdio cido.
Lembre-se: todos esses componentes qumicos podem estar dentro do po
vosso de cada padaria .
CAPTULO 7
As novas fontes de protena
Mas agora vos falarei de coisas misteriosas, pois, em verdade vos digo, a
relva humilde mais do que alimento para o homem e para o animal. Ela
esconde sua glria debaixo de um aspecto despretensioso. o ponto de
encontro entre os reinos terreno e celestial.
Torna-se essencial que esses alimentos sejam reduzidos da dieta, para que o
terreno biolgico volte ao normal e elimine-se a micose que a maioria das
pessoas alberga em seu prprio sangue. Algumas pessoas necessitam de uma
retirada bem mais radical. Devem ser evitados quaisquer adoantes, com
exceo da estvia. A estvia uma erva que vem sendo utilizada para adoar os
alimentos. Essa planta no apresenta calorias ou carboidratos em sua
composio. Na realidade, o esteviosdeo, princpio ativo da estvia, capaz
mesmo de reduzir a glicose do sangue.
Mas o grande desafio mesmo chegar a alimentar-se prescindindo dos
acares e dos sabores doces. No necessitamos do diagnstico de diabete para
eliminar os doces alimentares de nossas vidas. Podemos transformar nossa vida e
torn-la doce. Doce para mim o abrao da mulher e das filhas, doce reunio de
amigos, doces conversas, doces realizaes. Mergulhar o corpo, beber, banhar-se
e limpar os intestinos com gua doce.
Alm disso, existe um mar de doces ao nosso redor: melancias, laranjas,
limas, tangerinas, cenouras, mas, morangos, uvas, abacaxis, cajus, abboras,
ervas-doces, gua e polpa de coco. Se soubermos combinar bem esses presentes
da me natureza, no faltaro os sabores de festa, de alegria, de clcio, de
energia e de crescimento em nossa vida.
Doces so drogas que enganam o paladar de crianas em fase de crescimento.
Doces so guloseimas cozidas com acar. Atingem sensores do paladar que
estimulam centros de prazer. So os preferidos das crianas. Existe, no entanto,
uma diferena fundamental entre os doces crus, a base de frutas vivas, secas,
castanhas, coco e amendoim, e os doces cozidos, com fartas quantidades de
acar, produtos lcteos adocicados e farinha branca.
Enquanto os doces crus (com frutas e castanhas) adicionam clcio ao sistema
e estimulam a digesto e as bactrias benficas por serem enzimticos e
probiticos, os doces cozidos na forma de chocolates, biscoitos e doces de
confeitaria, de casamentos e aniversrios empacam a digesto e promovem um
massacre na microbiota (flora) intestinal benfica, sobrecarregam o pncreas e
o fgado, retiram o clcio dos ossos e dentes, enfraquecem a imunidade e
causam disbiose intestinal, promovendo um bolo fecal ftido, seja compacto ou
diarreico.
O que parece mais perverso nessa histria que adultos, e em especial
crianas em idade de crescimento, procuram os doces por necessidade de clcio.
Na natureza, o clcio confere sabor doce s frutas que o contm: mangas,
morangos, bananas, jacas, melancias e o prprio leite so abarrotados de clcio.
Mesmo entre os morangos, sero mais doces aqueles que forem plantados em
solos calcreos.
O acar um impostor, que artificialmente substitui o paladar das fontes de
clcio da natureza e age no organismo de forma inversa: reduz a absoro de
clcio e furta esse mineral dos ossos e dentes. Em sua busca intuitiva e instintiva
pelo clcio, as crianas em idade de crescimento tornam-se as mais vulnerveis
dependncia qumico-metablica de acar. Lucro certo para a assistncia
mdico-dentria, indstria farmacutica e alimentcia de biscoitos, chicletes e
doces, e para as redes de lanchonetes.
Crianas podem e devem ser atradas para o mundo da revitalizao por
intermdio do colorido mgico e dos sabores estonteantes que s as frutas sabem
ter. Elas o fariam de modo natural, na sua busca instintiva por clcio, mas ns,
adultos, as subvertemos com doces biocidas de acar. As receitas deste livro
incluem, alm dos doces crus, alguns tipos de leites de amndoas, de gergelim e
de coco, deliciosos e de fcil aceitao pelas crianas.
Tenho tido surpresas gratificantes ao fazer intervenes radicais no cardpio de
aniversrio de crianas com docinhos e bolos biognicos. Cheguei a pensar em
um grande fiasco, por causa da fidelidade do paladar das crianas de hoje,
dependentes do acar. Mas qual no foi a minha surpresa ao ver que a
meninada avanava nas bolinhas de manga cobertas por coco ralado, de
amendoim com passas de uva, ou no bolo de aniversrio feito com nozes e polpa
de coco-verde, com o mesmo furor que nos tradicionais brigadeiros e casadinhos
de leite condensado e acar no convidados para a festa. Beberam nctares
de tangerina, gua de coco com baunilha, melancia, e no vi nenhuma criana
perguntar por guaran ou coca-cola.
Um pai, sim, reclamou drasticamente, e levou suas crianas, aps o
aniversrio de minha filha, a uma lanchonete, segundo ele para que no
ficassem tristes . Maravilhoso tambm foi fazer bolos de casamento base de
figos crus, com cobertura de caju e tmaras, de manga com cobertura de nozes,
musses de manga com maracuj, doces de pitanga, sorvetes de banana com
canela, e ver os adultos avanando. Uma senhora dizia, ao repetir pela terceira
vez o bolo: Eu no acredito, eu no acredito . E eu respondia: Pode comer
vontade .
Combinaes de frutas
As frutas so surpresas constantes para o paladar. Mudam de sabor e
intensidade a cada semana, vo ficando raras, depois desaparecem por alguns
meses. Mas brasileiras, por exemplo, h o ano todo e vm do planalto
catarinense. Mas, se observarmos bem, as mas fuji ocorrem de maio a
dezembro. No intervalo, de dezembro a maio, h as mas gala. H algum
tempo, eu apenas percebia que gostava de umas mas e nem tanto de outras,
achava que era coincidncia. Mas agora sei claramente qual o tipo de ma
que quero, qual o tipo de sabor, qual a consistncia, qual o teor de acar e de
cido.
As frutas tero um sabor especial se forem orgnicas ou, melhor ainda,
procedentes do nosso prprio quintal. Mas como nem sempre possvel ter
plantas no quintal, e nem mesmo ter um quintal, proponho um bom exerccio
para o leitor. Procure saber que frutas so especficas de cada poca do ano. Se
voc observar bem, algumas tero incidncia maior no vero ou no inverno.
Como consequncia, o preo cai, configurando a regra: quanto mais barata
estiver a fruta, maior a quantidade de fitonutrientes e melhor para nossa sade .
De fato, quanto maior a colheita, mais cair o preo da fruta. Uma colheita farta
significa que a terra est oferecendo com alegria tudo o que est nela e,
coincidentemente, tudo de que necessitamos naquela poca do ano: fitonutrientes,
vitaminas, enzimas, minerais, protenas e gorduras.
Como parte do exerccio de sade, devemos frequentar as feiras de bairro. Os
feirantes esto vivos, no so como as frias prateleiras do supermercado. Eles
conversam conosco, interagem, oferecem frutas para provar, cantarolam e, o
melhor de tudo isso, trazem informaes mais importantes do que qualquer
revista ou livro, com a simplicidade e a alegria que lhes so peculiares.
Outra regra importante combinar frutas ctricas com ctricas, doces com
doces e neutras com todas. O objetivo principal economizar energia digestria.
As frutas doces requerem maior quantidade de amilases na digesto, enquanto as
frutas cidas necessitam de menos, tendo, por isso, uma digesto mais leve.
Quase todas as frutas so ctricas. Por exemplo, alm das laranjas, tangerinas
e limes, as frutas silvestres como amora, pitanga, pitomba ou jamelo so todas
ctricas. Seguimos com jambo, carambola, abacaxi, ma, manga, maracuj,
goiaba, ameixa roxa, figo, uva, caju, etc. Isso ocorre porque quase todas essas
frutas, quando frescas, tm alto teor de cidos ctrico, ascrbico (vitamina C) e
benzoico, entre muitos outros, todos com grandes poderes nutracuticos.
Frutas doces como banana, jaca, fruta-do-conde e fruta-po so assim
consideradas por serem mais alcalinas quando recm-colhidas, e pelo alto teor
glicmico quando ingeridas.
Frutas desidratadas como damasco, passas brancas ou pretas, tmara e ameixa
aumentam muito seus nveis de acar e so matrias-primas bsicas para
produo de tortas, pavs e bolos, formando glacs e coberturas, mas, como
mantm sua acidez de origem, permitem sua perfeita combinao com as frutas
ctricas.
As frutas neutras so mamo, abacate, gua e polpa de coco-verde.
As frutas solitrias so a melancia e os meles, que no combinam com nada,
chegando a ser indigestos se misturados s outras frutas. Mas so deliciosas e
altamente calricas, o que as torna importantes para os atletas em fase de
competio, devendo ser ingeridas isoladamente.
As frutas devem ser consideradas tambm no contexto da constituio fsica e
metablica de cada um. Um importante objetivo a ser alcanado o de
introduzir as frutas em sua vida. Uma vez atingida essa meta o que j um
grande mrito podem ser adotadas tticas de individualizao nutricional,
digestria e metablica para suprir as necessidades individuais ou decorrentes de
desequilbrios fisiolgicos.
CAPTULO 10
A gua da vida
gua limpa e estruturada
Muito se comenta sobre a gua: que a origem da vida, que o solvente
universal, que ocupa a maior parte da superfcie terrestre, que o maior
componente da matria viva, e que parte predominante de nosso corpo. A gua
potvel apenas 1% da gua da Terra. O Brasil detm uma parte significativa
dessa gua potvel: 15% de toda gua do mundo.
Mas podemos perceber, tristemente, que a maior parte dos mananciais de
gua do Rio de Janeiro est poluda com matria fecal, resduos txicos de
produtos de limpeza, tintas, solventes, detergentes, pilhas, lixo e pesticidas. Com
profunda dor no corao, pode-se observar que, em alguns lugares, a gua brota
de uma fonte lmpida e j recebe o primeiro efluente de fossa sptica em apenas
100 metros de trajeto. Passei grande parte de minha infncia dentro do riacho
que corta o stio Nirvana. Minha me dizia: no bebam a gua . Mas eu e meu
irmo Ricardo bebamos. Hoje, nem os animais podem mais beber a gua do
riacho, que se torna cada dia mais escura.
Os peixinhos dourados e os pitus de garras ameaadoras eram nossos
brinquedos aquticos. Costumvamos pesc-los com uma peneira ou com um
leno branco e depois os devolvamos ao rio. Hoje temo pela integridade de
minhas filhas se alguma delas escorregar e cair nas guas rasas do crrego, cada
dia mais seco, ftido e escuro. Em alguns lugares da Guaratiba, j se chegou ao
requinte de crueldade de manilhar os crregos, j que, com o efluente macio de
esgotos, formou-se um cheiro insuportvel de fezes humanas, alm do
crescimento de ratos, baratas e mosquitos da dengue. Tudo isso assistido
passivamente pela Prefeitura local, que ainda no foi capaz de despertar para o
fato de que a cidade maravilhosa, carto postal do mundo, que ser sede das
Olimpadas em 2016, perde em ritmo acelerado e desenfreado suas belezas
naturais, at mesmo dentro de reas de proteo ambiental.
Um dia, meditando, refleti sobre o que est acontecendo. Esse riacho deve ter
pelo menos cem mil anos, servindo gua incessantemente a bactrias, moluscos,
crustceos, peixes, pssaros, animais e ndios que povoaram densamente a
extica regio. Milnios, milnios e milnios. Sculos, sculos e sculos.
Migraes humanas chegaram ao continente e o riachinho j estava l, sem
nome e sem poluio, drenando gua das verdes montanhas para os manguezais
de vida fervilhante da restinga.
Se fizssemos um grfico comparando o tempo de existncia do crrego com
o tamanho da restinga da Marambaia, uns 42 quilmetros, o perodo de invaso
desordenada cerca de 20 anos daria um palmo da restinga. Nesse palmo de
ocupao, no existem mais ndios, nem animais selvagens, poucos pssaros,
alguns peixes ainda sobrevivem e j desaparecem crustceos e moluscos.
A poluio permite que apenas as bactrias anaerbicas possam existir nas
sufocantes guas poludas pela ignorncia, que no poupa ricos ou pobres,
poderosos ou humildes. Em um palmo de restinga da histria do riacho
Cabaceiras, e de todos os provedores de guas doces ao manguezal da
Marambaia, nossa presena humana na Guaratiba foi capaz de desoxigenar e
eliminar a vida superior em simplesmente 100% deles. Resta mesmo sepult-los
com manilhas, conforme iniciativa original de um grupo de moradores local. E
com o apoio da Prefeitura.
Venho trabalhando para sentir a paz dentro de minhas guas internas. A paz que
resulta de um sangue menos cido, mais equilibrado do ponto de vista eltrico, e
menos viscoso. Mas s poderei chegar felicidade completa quando houver uma
reverso desse holocausto luz do dia. O poder pblico inoperante, j se sabe.
Resta a ns mesmos comearmos a pensar como poderemos reverter tais
atrocidades por intermdio de mutires e de trabalhos em grupo.
Um frio corre em minhas veias. Fica bvio que aquela gua que corre dentro
do riacho massacrado reflete exatamente o sangue que corre dentro de meus
vasos e de todos aqueles que participam do impiedoso linchamento ambiental.
Quem sabe, se conseguirmos limpar a gua que corre nas veias, passemos e
enxergar melhor as guas cristalinas do riacho, quem sabe poderemos ouvir
melhor a doce msica das guas, quem sabe poderemos utilizar a mesma gua,
agora poluda, para nossos banhos e de nossos filhos, em dias de calor.
Quem sabe?
Sangue bom
Em um dia de vero, nos anos 1970, eu era um macaquinho com 10 anos de
idade, montado em um galho de mangueira do stio Nirvana. Minha atividade era
comer mangas, tirando-as dos talos, arrancando a casca com os dentes e atirando
o que sobrasse de volta terra. Ao retirar uma manga bem suculenta, um
esguicho de gua jorrou do galhinho e me molhou o rosto. No meu pensamento
infantil, fui capaz de registrar esse momento at os dias de hoje. Aquela seiva,
com perfume de um saudoso vero, era a gua da vida.
Em pleno sculo XXI, algum procura me vender um frasco com gua de
propriedades medicinais. Preo do frasco com 50 ml: 30 reais. Outro me
apresenta um produto engarrafado com uma planta do Tahiti que far milagres
em meu corpo. A garrafa custa 140 reais. Filtros de gua desionizam, ozonizam,
magnetizam, energizam. guas minerais so Lindoia, Caxambu, Perrier e muitas
outras. A Coca-Cola e a Nestl saem comprando freneticamente fontes de gua
mineral no Brasil, seguidas por outras multinacionais. O mundo est se
preparando para um racionamento geral de gua.
Enquanto isso, na Oficina da Semente, abro um coco, preparo um liquidificado
de mas com folhas de morango, extraio o nctar de tangerinas ou ordenho o
leite da terra, lembrando-me do que Jesus disse aos doentes no Evangelho
Essnio:
A gua que nos vem pelas frutas e verduras orgnicas e cruas totalmente
diferente da mais cara de todas as guas minerais. uma gua biolgica,
coloidal, que contm enzimas ativas, minerais, nutracuticos e bactrias
benficas. Como um presente da natureza, Deus nos oferece todos os seus
soldados da cura junto com a gua estruturada. Ficam empacotados naquela
fruta, como paraquedistas concentrados dentro de um avio. Basta uma mordida,
e os valentes se atiram aos milhares, em um mergulho profundo e velocssimo no
cu de nossos corpos. Com seus trajes especiais e treinamento especializado,
chegam exatamente ao ponto vulnervel e executam difceis e complexas
misses. Depois do dever cumprido, enrolam seus paraquedas e retornam
caminhando ou nadando para suas unidades.
As guas estruturadas do interior das clulas dos frutos da terra relacionam-se
diretamente com as guas estruturadas do interior de nossas clulas. importante
que possamos equilibrar as guas da Me Terrena com nossas guas internas.
Dentro de nosso corpo temos trs lagos com guas estruturadas, mas com
diferentes elementos em cada uma delas. Temos a gua intravascular, que o
sangue, mais rico em protenas, ocupado por glbulos vermelhos e brancos,
imunoglobulinas e plaquetas. Dependendo da refeio, estar repleto de
nutrientes (aminocidos, carboidratos, gorduras, vitaminas, etc.). Temos a gua
intersticial, que banha as clulas por fora, composta de um plasma escasso em
protenas, portanto muito menos denso e viscoso. E, por ltimo, o mais vasto lago,
o intracelular, a gua que habita o interior de nossas clulas, repleto de protenas
e veculo de todas as reaes que envolvem a vida. Independentemente de a qual
lagos pertenam, nossas guas internas so todas coloidais, biolgicas: so
estruturadas.
Quanto mais estoque de gua estruturada houver em nossas clulas, mais
sade haver em nossos sistemas biolgicos. Quanto mais gua estruturada no
interior das clulas, mais equilbrio ocorrer entre os ons celulares como o
clcio, o potssio e o sdio, que transitam de um lado para o outro da membrana
celular, determinando o equilbrio coloido-osmtico, e, consequentemente, o
equilbrio eletroqumico, com estabilizao da membrana celular.
Em um estudo com ressonncia nuclear magntica, pode-se comprovar que
clulas com cncer apresentam uma quantidade de gua estruturada intracelular
significativamente inferior de clulas sadias. Glbulos vermelhos
desequilibrados em suas cargas eltricas por baixa oferta de oxignio atraem-se
e empilham-se dentro dos capilares, obstruindo seu fluxo e determinando m
perfuso dos tecidos, fatos que podem ser detectados com microscpios
intravitais.
Certa vez, um participante da Oficina da Semente me abordou com a seguinte
questo: Mas muito complicado achar uma fruta, abrir, sujar as mos... Como
vou fazer isso no meu trabalho? bvio que a indstria de enlatados e
engarrafados aposta nesse item. Basta puxar o anelzinho ou desatarraxar a tampa
que ele estar bebendo imediatamente seu suco ou sua gua mineral. No
estruturada.
Existe uma diferena significativa entre a gua coloidal e a gua mineral no
que tange tenso superficial. A gua no estruturada, como a gua destilada,
tem uma tenso superficial de 73 dinas/centmetro (d/cm). O suco de cenoura
apresenta tenso de superfcie de 30 d/cm, ou seja, menos da metade da gua
mineral. Aps oito horas, a tenso superficial do suco de cenoura pula para 68,
estando, aps 24 horas, com a mesma tenso superficial da gua no estruturada,
73 d/cm. Menor tenso superficial significa menor esforo para transpor fases
(de lquido para slido, por exemplo). Ou seja, a gua estruturada tende a
ultrapassar mais facilmente as membranas corporais, o que a torna altamente
absorvvel, seja pela pele, mucosas ou pelo tubo digestivo.
Misso 2
Naves laranja irradiam energia solar, com tropas ctricas vidas para cumprir
suas misses. As laranjas so espremidas por uma mquina e jogadas em uma
lata de alumnio. Horas depois, haver baixas completas dos soldados limonenos,
tangeritinas, giberelinas e cido abscsico, todos fatores de suporte da imunidade
especfica. Apenas alguns mantimentos deles sobram, boiando. Para compensar
o gosto que se perder, adicionam-se flavorizantes artificiais, vitamina C isolada
e acar. Um jovem atleta bebe bastante suco em lata, para no perder a
competio, mas ficar gripado e afastado por uma semana.
Misso falha.
Relatrio da misso 2:
A dieta industrializada contempornea engarrafada, enlatada, irradiada e
pasteurizada privada de nutracuticos e adicionada de substncias artificiais
nocivas, sal, gorduras hidrogenadas e acar para conservar e dar sabor.
Misso 3
Naves roxas esto dependuradas na frondosa rvore sobre um novo ponto de
nibus. Elas querem ser absorvidas, para que suas sementes sejam espalhadas.
Alguns moradores mancham suas roupas quando elas se atiram dos galhos,
pedindo-lhes que as comam, para que se curem de diabete e hipoglicemia, de
m digesto e de inflamaes. Outros moradores queixam-se que as frutas roxas
mancham o calamento de concreto. Aps reunio da associao de moradores,
o centenrio p de jamelo cortado pela prefeitura e pe-se uma palmeira em
seu lugar.
Misso falha. Perda da nave me.
Relatrio da misso 3:
A maior parte dos agentes nutracuticos est sobre nossas cabeas; no entanto,
desprezada e eliminada.
Misso 4
Uma criana muito bela passeia numa feira de bairro com o av. Ela est
encantada com a profuso de cores e fragrncias de uma banca de frutas. O
vendedor aproxima-se da menina e oferece-lhe um pequeno cacho de uvas
roxas, lavado ali mesmo com gua corrente. A menina agradece e come. Vov,
est uma delcia! Coma uma! O vov, cado de amores pela neta, compra mais
um cacho e seguem os dois enamorados pela buclica rua da Vila Isabel,
saboreando as uvinhas. Centenas de milhares de soldados de Luz mergulham
freneticamente no velho tubo digestivo do av, mas encontram o estmago
digerindo um pastel de carne. Borbulhas de cido e proteases atacam a mistura
de carne, amido e gorduras como um cardume de piranhas vorazes. Milhares das
valentes molculas encontram seu fim ali mesmo, destrudas pelo suco gstrico
anormalmente cido. O banho cruel e impiedoso, e elas ficam retidas no
estmago, que no abre a sada para o duodeno. Muito gs se produz nas reaes
e o concentrado cido volta para a boca, queimando por onde passa. O vov para
de comer as uvas: Coma voc, netinha, uvas me do azia! .
Apenas algumas tropas resistem s queimaduras e aos banhos qumicos, mas,
mesmo assim, atiram-se ao duodeno, no qual recebem novo ataque qumico,
dessa vez custico. So os sucos alcalinos da vescula biliar e do pncreas,
bombeados desesperadamente por esses rgos para digerir a enorme oferta de
gordura saturada da fritura e o amido do pastel. As baixas so ainda maiores.
Resta agora apenas uma tropa, que estava protegida na polpa de uma uva. Os
soldados saem discretamente. J esto no jejuno (intestino delgado), onde existe
certa calmaria. No encontram, no entanto, sada para o sangue, e recebem
ataques de enzimas da superfcie em escova do intestino. Os soldadinhos so
hbeis e vo flutuando nas ondas peristlticas, nas quais j vo realizando alguns
reparos. Observam centenas de portinhas que se abrem nas escovas celulares.
So muito pequenas para os soldados, mais so permeveis aos mantimentos que
eles trazem: vitaminas, minerais, oligoelementos e antioxidantes mergulham
diretamente no sangue, facilitados pelo organismo do av, carente desses
preciosos nutrientes.
De repente, surgem portas grandes. So as clulas M, quartis de defesa
imunolgica. O sargento ordena: Atravessem agora! . Os soldados enzimticos,
muito grandes para passar nas portinhas em escova, mergulham agora pelos
orifcios imunes. Caem em quartos blindados, nos quais diversos soldados de
defesa do corpo fortemente armados vigiam seus movimentos. As armas
qumicas podem dissolv-los em milsimos de segundos. Um sistema
computadorizado de rastreamento analisa e identifica os heris, que, para o
corpo, no passam de enzimas intrusas. As informaes armazenadas so
transmitidas para o comando central, localizado no DNA da clula M. A resposta
do comando central imediata: Enzimas autorizadas! Direcionamento imediato
para o tecido cerebral . Uma rampa se abre e os soldados so atirados em um
pequeno riacho de sangue, que vai se tornando cada vez mais caudaloso. Esto
agora na corrente sangunea central, na qual encontram os mantimentos que
haviam passado primeiro pela borda em escova. Elas passam pelos fiscais do
fgado, que simplesmente abrem-lhe as portas e oferecem novos mantimentos.
Pulam agilmente no corpo de enormes protenas do plasma e seguem,
confiantes, rumo misso final: o crebro.
A paisagem aterradora. Vias principais de suprimento foram interrompidas
pelas foras de oxidao e obstruo. Vrias clulas nervosas esto mortas,
enquanto outras suplicam por oxignio. Os soldados da fora de obstruo
destroem as paredes dos vasos, nos quais nenhuma clula se entende, em meio a
nuvens de fumaa e fragmentos das exploses oxidativas. Restos rebeldes de
medicamentos anti-inflamatrios, anticoagulantes e anti-hipertensivos destroem
tudo o que veem pela frente. Clulas de defesa mortas interrompem mais ainda o
caminho. As enzimas e os nutracuticos da uva chegam ao local e iniciam
imediatamente o reparo da parede dos vasos com colas moleculares, apagam
fogueiras oxidativas, desfazem as obstrues com ps atmicas, regeneram
clulas moribundas com ativao de seus sistemas enzimticos de energia e
retorno de oxignio.
Aps a frentica batalha, o sangue volta a circular lentamente na regio do
crebro e a pequena tropa marcha vitoriosa com os uniformes em trapos,
chamuscadas e feridas pelas ruelas capilares em runas. Clulas cerebrais
aplaudem, emocionadas, os heris que vieram da modesta uva. O acidente
vascular cerebral do vov foi adiado, no ser na feira, junto netinha. Resta
saber quantos vasos sero ainda ocupados pelas foras de obstruo, e se os
soldados da Luz chegaro a tempo de salv-los.
Misso cumprida temporariamente.
O av sorri para a neta e eleva a mo cabea, que est doendo. Ela olha para
o rosto do vov, que tanto ama. Na sua barriguinha repousa ainda o leite da terra
preparado pela mame, a partir de mas, sementes germinadas e verduras
orgnicas. Todo seu corpinho brilha na celebrao da alegria de viver, tomado
por ondas de luz que irradiam pelos olhinhos inocentes, enquanto as pequenas
mas habilidosas mos colhem as uvas do cacho e levam-nas boca encarnada.
Os soldadinhos da Luz nada tm a fazer. Por no encontrarem enxurradas cidas
e custicas, passam ntegros pelo vioso tubinho digestivo e transitam em grande
quantidade para o sangue e para dentro das clulas, atravs de todas as
correntezas e os riachos do corpo, em silenciosa e solene ronda de paz. Misso
rotina.
Relatrio da misso 4:
O sistema digestrio, constantemente desafiado por alimentos
altamente calricos, proteicos e gordurosos, torna-se
impermevel a agentes nutracuticos. A destruio cida e
custica a regra nesses casos, o que justifica o uso de cpsulas
intestinais e no da forma natural.
Indivduos com seus sistemas digestrio e endcrino
comprometidos pelo padro diettico vigente no interagem
bem com as frutas e os alimentos em sua forma natural,
passando a rejeit-los.
As enzimas e todas as macromolculas (molculas de alto peso)
podem ser absorvidas pelo trato gastrintestinal, como ocorre no
ciclo entero-heptico, sem a necessidade de serem partidas pela
digesto. As clulas imunolgicas (clulas M) e o sistema de
Pey er podem, aps decodificao da sequncia de
aminocidos, permitir a absoro ou promover a quebra da
macromolcula. um fenmeno discutido em uma nova
modalidade de estudo: a imunoenzimologia.
A origem de quase todas as doenas conhecidas o territrio da
microcirculao. Uma pequena leso no revestimento vascular
pode evoluir de forma geomtrica, e comprometer todo o
organismo. exatamente nesse nvel em que agem os
nutracuticos.
Um organismo vivo quando est em equilbrio levemente
alcalino, abastecido de bactrias da terra, em perfeita
oxigenao, luz solar, alegria e amor. Os nutracuticos trafegam
livremente pelos tecidos, em grande oferta e baixa necessidade.
A mudana no hbito alimentar pode adiar por dcadas uma
doena fulminante ou mesmo reverter suas sequelas. Tal fato,
to bvio, esbarra em dogmas e idiossincrasias originados das
indstrias alimentcia e farmacutica, e embutidos em
currculos de muitas escolas de medicina, Farmcia e Nutrio.
Mesmo com o esclarecimento total desses fatos, e a noo perfeita dos riscos
sade, preferncias alimentares individuais nocivas requerem um grande
trabalho para ser modificadas.
Alguns nutracuticos
Muitos nutracuticos j foram mencionados nas linhas deste livro
(betacaroteno, por exemplo), mas citarei aqui alguns outros, que a cincia vem
desvendando como poderosos reparadores da sade.
Resveratrol
uma substncia produzida pelas uvas em resposta ao fungo Botrytis cinerea,
que est presente nas suas cascas, com mais intensidade nas uvas roxas. Os
produtores de vinho anunciam sua presena nos vinhos tintos com razo, pois o
lcool tende a fixar esses componentes fenlicos. Devemos sempre repetir que
no estamos interessados em potncia, mas em equilbrio. Quem no quiser
ingerir lcool pode obter esse precioso nutracutico de uvas, do amendoim (mas
lembre-se de que o amendoim velho um celeiro de fungos!) e de razes. A
maior propriedade do resveratrol manter a integridade do endotlio
(revestimento interno) vascular frente s leses causadas por agentes qumicos
(radicais livres), endgenos (homocistena) ou microbiolgicos. Essas leses do
incio ao processo de formao da placa de ateroma. Alm do efeito protetor
sobre o endotlio vascular, encontrou-se tambm uma potente atividade
anticancergena e efeitos sobre distrbios da mente (cognitivos).
cido elgico
O Instituto do Cncer Hollings, da Universidade do Sul da Califrnia, conduziu
um estudo de nove anos de durao para analisar os efeitos desse componente
natural de nozes, tomates, morangos, cerejas, acerolas, uvas, melancias e toranja
(grapefruit). Foram estudados 500 pacientes com cncer do colo uterino e
percebeu-se que esse nutracutico determinava o retardamento da fase G da
mitose das clulas cancerosas em apenas 48 horas, inibindo, com isso, a diviso
celular cancerosa. Em cultura de clulas, mostrou inibio de clulas tumorais de
pncreas, esfago, pele, clon e prstata. Testes clnicos em clulas humanas
mostraram que o cido elgico impede a destruio do gene p53 por mediadores
tumorais. O cido elgico , portanto, considerado um dos mais importantes
inibidores naturais do cncer.
Q uercitina
um dos muitos bioflavonoides ctricos, como a rutina, a hesperidina, a
vitamina P, flavonas e flavonoides. So eficazes protetores do endotlio
(revestimento) capilar, e aplicam-se nas fragilidades capilares e insuficincia
venosa (varicosidades, hemorroidas, doena vascular e retinopatia diabtica).
Encontra-se em forma natural em ma, couve-flor, alho, cebola, rabanete,
alho-por, nir e cebolinha. Em sinergismo com as vitaminas do complexo C,
apresenta efeitos marcantes na inibio de crescimento tumoral.
Lutena e zeaxantina
Esto presentes nos vegetais de cor amarela e verde (pimentes, milho, rcula,
couve, espinafre, verde da beterraba, agrio e mostarda). Apresentam efeitos
flagrantes na proteo aos olhos, particularmente sobre a degenerao macular.
O metabolismo da viso altamente oxidativo, e esses nutracuticos protegem,
com a ingesto diria, a retina e seus componentes celulares dos radicais livres.
Indol-3-carbinol
um potente antioxidante encontrado nas paredes celulares de vegetais como
brcolis, couve-flor, repolho e couve-de-bruxelas em seu estado cru. Apresenta
efeitos importantes no metabolismo dos estrognios e na proteo do tecido
mamrio e de rgos reprodutores das leses celulares oxidativas. Contrape-se
aos radicais livres, protege os rgos controlados por estrognio e mantm o
equilbrio hormonal intracelular. Faz parte dos componentes indlicos com
diferentes metablitos que multiplicam seus efeitos sobre o corpo humano.
Folato
uma vitamina solvel do complexo B encontrada de forma natural nos
alimentos folhosos. O nome vem do latim folium (folha). Desde o incio das
pesquisas sobre esse constituinte, entre 1930 e 1940, obtinha-se o folato de folhas
escuras, como as de espinafre, e pecebia-se seu efeito na preveno da anemia
da gravidez. O folato auxilia na produo e manuteno de novas clulas, o que
de suma importncia em perodos de rpida diviso celular, como ocorre na
infncia e na gravidez. O folato necessrio na sntese de DNA e de RNA, e
auxilia na preveno de falsas transcries e mudanas no DNA, sendo assim
protetor das clulas contra o cncer. O folato necessrio para a sntese normal
de glbulos vermelhos e preveno de anemia em adultos e crianas. Mais
recentemente, discute-se o papel dos folatos no metabolismo e manuteno de
nveis plasmticos estveis do aminocido homocistena, cujo excesso implica na
formao precoce de placas de ateroma.
Licopenos
So carotenoides encontrados em tomates crus, desidratados ou levemente
cozidos. Seu maior feito o de prevenir a oxidao da frao de colesterol
lipoprotena de baixa densidade (LDL), sendo responsvel pela reduo do
risco de desenvolvimento de aterosclerose e da doena coronariana, de acordo
com estudo recentemente publicado na revista cientfica Lipids. Nesse estudo foi
demonstrado que o consumo dirio de produtos de tomate, que provm pelo
menos 40 mg de licopenos, foi suficiente para determinar drstica reduo na
oxidao de LDL do plasma.
Alil sulfdeos
Promovem o odor caracterstico do alho e do nir, por causa dos componentes
sulfricos (enxofre) conhecidos como alil sulfdeos. Junto a outros fitoqumicos
do alho, tornam-se importantes protetores da funo cardaca. Ao reduzir a
viscosidade do sangue, atuam de forma importante na reduo da resistncia
vascular perifrica, e, com isso, na reduo de nveis pressricos na hipertenso
arterial. Adicionalmente, apresentam poderes de inibir o crescimento de fungos e
bactrias. Estudos preliminares esto mostrando atividade bloqueadora dos
parasitas da malria. So coadjuvantes na inibio de crescimento tumoral.
cido lurico
Tornou-se um famoso nutracutico por sua capacidade de inibir o crescimento
viral, bacteriano e de protozorios. Seu efeito na destruio de vrus com capa
lipdica j bem descrito na literatura. Por tratar-se de um poderoso protetor de
infeces, a natureza tratou de faz-lo um dos componentes do leite materno.
Uma vez recebendo o cido lurico, o corpo transforma essa molcula em um
cido graxo denominado monolaurina, que a substncia responsvel pela
proteo de lactentes de infeces virais, bacterianas ou por protozorios.
Encontra-se na natureza de forma abundante na polpa do coco-verde, que
rejeitada e eliminada por praticamente todos os vendedores de coco ambulantes.
Na polpa do coco encontra-se ainda o cido caprlico, de propriedades sinrgicas
e semelhantes.
mais uma vez importante lembrar que a complexidade atingida pela
natureza ao estocar esses nutracuticos em simples e deliciosas frutas e produtos
de horta orgnica no pode ser reproduzida em laboratrio, em sucessivas
tentativas de fragmentar o que perfeito de forma integrada.
O cozimento, congelamento, irradiao por micro-ondas, e todos os possveis
tipos de processamento industrial s conduziro eliminao desses
nutracuticos, junto s j conhecidas vitaminas, protenas, aminocidos, enzimas,
gorduras sadias, carboidratos leves e toda a mistura balanceada de gua
estruturada e mineral, que s a natureza pode conceber.
Estas linhas resumidas s do uma amostra da infinidade de estudos que ainda
esto em andamento, e de muitos que ainda viro, para que finalmente a verdade
seja revelada e toda uma reformulao da produo e distribuio de alimentos
possa ocorrer, para que possamos reverter de forma simultnea e definitiva os
processos degenerativos caractersticos dos pases desenvolvidos, e os
infecciosos, nutricionais e tambm degenerativos dos pases que ainda no
alcanaram o grau de desenvolvimento.
CAPTULO 12
Um novo jeito de comer
Com as mos ao volante, descanso os olhos nas belas ondas do mar da reserva
ecolgica Chico Mendes, entre o Recreio e a Barra da Tijuca. A velocidade
mxima permitida 60 km/h, a preferida da velha perua. O sujeito ultrapassou
em via proibida por sinalizadores sonoros, a uns 100 km/h. Dentro do carro com
vidros escuros no v as nuances do pr do sol, no respira o ar marinho que vem
das ondas. Mas o letreiro do vidro informa, taxativo: S Jesus salva .
Eu penso na discrepncia entre discurso e atitude. Na estao de metr do
Largo da Carioca, um senhor quase se atira em cima de mim com uma bblia na
mo. Voc j leu a bblia? Ns precisamos conhecer cada frase que est escrita
na bblia! S assim saberemos agir em nome de Deus e livrarmo-nos de nossos
pecados! Eu ouo alguns argumentos trazidos com entusiasmo pelo profeta do
asfalto. Respirando, aguardo o momento certo (ele fala bastante) e respondo: Eu
tento seguir risca os mandamentos divinos, mesmo sem ler a bblia .
Impossvel , responde ele. Eu rebato: O que o senhor entende por 'no
matars?' . Significa que no devo matar meu irmo , responde convicto.
No s o seu irmo. Significa que no deveremos matar coisa alguma, nem
homens, nem animais, nem o alimento que vai para as nossas bocas, pois, se
comermos comida viva, a mesma nos vivificar, mas se matarmos a nossa
comida, a comida morta nos matar tambm. Quem disse isso? Jesus disse.
E onde est escrito? No Evangelho Essnio da Paz , respondo. Ele d um
muxoxo, desiste da pregao e segue seu caminho. Eu sigo o meu.
Um novo papa assume o comando da Igreja Catlica, a maior religio
monotesta sobre a Terra. Os temas preferidos nas reportagens abordam uma
possvel resistncia do novo episcopado aos temas de aborto, uso de
anticoncepcionais e preservativos, eutansia, entre muitos outros, at mesmo se o
padre Marcelo Rossi deve ou no cantar. Mas nada se discute a respeito do uso da
carne pelo clero. Carne que vem pela morte, sob tortura fsica e psicolgica, de
animais inocentes. Mudanas de hbitos que ocorreram h pouco tempo, mais
precisamente no Conclio Ecumnico de 1965, que reduziu as objees da Igreja
ao consumo da carne. Em 1990, o bispo Desmond Tutu, da frica do Sul, disse
em uma palestra a uma universidade americana: Nos jardins de Deus, todos
somos vegetarianos .
Algo est mudando, no entanto. Os preceitos trazidos pelos Adventistas do
Stimo Dia foram recebidos por vises de uma senhora de nome Ellen White,
em 1863, nas quais o anjo Gabriel lhe revelava prticas em sade e alimentao
vegetariana para estar em harmonia com Deus. Por essa razo, os adventistas
so considerados modernos cristos vegetarianos. Os hospitais adventistas, entre
eles o Silvestre, no Rio de Janeiro, servem dieta vegetariana a seus pacientes
internados. Cozida, fato, porm vegetariana, e muito saborosa.
A dieta vegetariana a dieta bsica espiritual do judasmo e consistente com
a maior parte dos seus ensinamentos-chave. Uma dieta assim automaticamente
kosher, atendendo aos preceitos morais da Tor:
No usars seu corpo dado por Deus para matar as criaturas de Deus, sejam
elas humanas, animais ou de qualquer tipo .
Yajur Veda 12:32
Para comear, preciso armazenar suas sementes. O vidro timo para isso,
e no s um material bonito, mas tambm higinico, lavvel e transparente.
Pode-se comprar vidros em lojas de departamentos ou obt-los de reciclagem,
reaproveitando, por exemplo, vidros de palmito ou de tomate seco. Na pequena
cozinha do Terrapia existem modelos feitos com garrafas PET que so prticos e
acessveis a todos.
Aps tirar as sementes do reservatrio, elas devem ser lavadas
abundantemente dentro de uma bacia. Utilizo para enxaguar as sementes filtros
de gua corrente. Devemos enfiar os dedos nas sementes imersas e rod-las,
para que soltem as impurezas e o joio. Nesse momento, percebe-se tambm se
existem sementes parasitadas, que flutuam, e pode-se ver os carunchos
flutuando. Deve-se adotar os critrios mencionados em Cuidados com o uso de
gros, adiante, para seguir ou no com a germinao.
Os resduos so escorridos e as sementes vo para a imerso em gua. As
tigelas do tipo pirex so bem apropriadas; so baratas, bonitas e fceis de
encontrar. Existem em tamanhos pequeno, mdio e grande, e permitem um
ajuste individual s necessidades (quantidades) de germinao. Na Oficina da
Semente, utilizo tigelas mdias, que permitem germinao de 250 a 500 g de
sementes; uso peneiras de nilon que se encaixam com certa folga nas tigelas,
garantindo uma perfeita imerso na gua e facilidade no enxgue da semente,
permitindo a germinao mida dentro da prpria tigela, logo aps a lavagem.
Aps a imerso, aguarda-se o tempo necessrio para que cada semente se
manifeste conforme as tabelas mostradas. Nesse momento, entra em jogo o
equilbrio entre umidificao e limpeza. As sementes devem ser enxaguadas, da
forma mais frequente possvel, para que soltem produtos intermedirios da
germinao, como os fitatos e outros, que na natureza protegem as sementes dos
predadores, mas que para nosso alimento so cidos e at mesmo txicos. Se
esquecermos por tempo demasiado nossas sementes na peneira, estaremos
tambm germinando culturas de fungos, que no devem fazer parte na
alimentao crua.
Existe uma dica para quando necessrio ausentar-se, deixando as sementes
em germinao segura: a geladeira. importante lembrar que o frio da
geladeira seco, o que leva nossas sementes desidratao. Resolve-se o
problema envolvendo-as, com pirex e peneira, em um pano limpo e molhado.
Quando do nosso regresso (um mximo de 24 horas) devemos enxaguar tudo
abundantemente em gua.
Existem diversas outras formas de estocar, deixar de molho, germinar e lavar
as sementes. Esses so os mtodos utilizados na Oficina da Semente, mas deixo
os leitores a cargo de sua prpria criatividade, e para consultas a outros grupos de
trabalho. Quando se atinge o ponto ideal, nossa semente estar macia e
mastigvel. Cumpre agora prov-las para assegurar-se de que o paladar est
primoroso. Assim, faremos por tentativa e erro, at descobrir os detalhes de cada
tipo de germinao, por nossa prpria conta. Saberemos tambm quais so as
sementes que mais nos agradam (de 40 tipos disponveis, utilizo 25 em mdia) e
as que so acessveis ao nosso bolso.
Se desejarmos brotos verdes, devemos, aps a germinao, espalhar as
sementes sobre uma bandeja de plstico coberta com 3 centmetros de terra
vegetal e deix-las crescer durante uma semana, regando-as diariamente.
Devem receber luz solar direta por algumas horas. No resto do dia, basta que
recebam luz indireta. Forma-se uma graminha, vida por luz, de 10 a 20
centmetros de altura e de um verde muito profundo, que pode ser mastigada,
espremida em moinho ou adicionada ao leite da terra. Deve-se apar-la pela
base e lav-la de forma simples com gua. Afinal de contas, essa verdura
orgnica foi plantada por voc mesmo! Ganha muita importncia por ser uma
planta viva colhida de dentro da cozinha. Seu sumo extrado apresenta uma
fluorescncia verde. O sabor sui generis, e os efeitos na sade so imediatos.
Sementes adequadas para a germinao
Trigo
uma semente completa. Deve-se comear a aventura da germinao por
ela. Existem cultivares brasileiros, entre os quais se pode encontrar o trigo
orgnico. Vrios supermercados j vendem o trigo culinrio. um gro passvel
de estar parasitado, dependendo do lote (ver Cuidados com o uso de gros
adiante). A germinao fcil, e as sementes tornam-se macias e de sabor
delicioso, no precisando ser descascadas, podendo ser usadas na confeco de
pes, tortas e massas cruas, do leite da terra, substituindo o arroz como cereal
central da dieta em pratos frios ou amornados. Para coroar, essa semente bblica
d origem grama de trigo se deixada seguir brotando sobre a terra. Enfim,
podemos dedicar um bom tempo de nossa iniciao biognica ao mestre trigo.
Centeio, cevada e tritculo
So semelhantes ao trigo, mas so cereais mais primitivos. So utilizados de
maneira parecida, mas adquirem um grau de maciez inferior ao do trigo.
Lentilhas, feijes e gro-de-bico
As lentilhas rosa vm da Sria e so deliciosas, mas caras (1 quilo custa, em
mdia, 14 reais). No necessitam ser descascadas, mas devem ser bem lavadas
porque soltam um gosto forte de sabo . J as lentilhas marrons devem ser
debulhadas aps o molho e deixadas em germinao cobertas por pano mido.
Os feijes-preto e mulatinho, que fazem parte da vida do brasileiro, so aqui
substitudos por outros, o moy ashi e o azuki, que germinam melhor e tm sabor
delicioso. O gro-de-bico deve ser debulhado aps o molho e deixado como as
lentilhas marrons. Gosto de fazer assim para quebrar menos polos germinativos,
os narizinhos das sementes. Quaisquer umas dessas sementes so ingredientes
perfeitos no sabor, sendo nutrientes de alto valor para crianas em fase de
crescimento, pela riqueza em clcio, ferro e protenas. So as leguminosas que
substituem, com todas as vantagens mencionadas, o feijo cozido na culinria
viva.
Soja
Essa leguminosa requer tratamento culinrio especial. Depois de posta de
molho, deve ser debulhada, como se faz com outras leguminosas. Alm de ser
usada como feijo, pode ser processada com castanhas, nozes e temperos, para
ganhar o sabor encorpado que a torna substituta da carne vermelha, e usada na
confeco de hambrgueres ou almndegas. um gro estratgico para aqueles
que querem reduzir o consumo desse tipo de alimento ou para atletas
vegetarianos, por seus altos teores de protena. Deve-se evitar as espcies
geneticamente modificadas e procurar as orgnicas, j disponveis. uma das
sementes mais relacionadas reduo da incidncia de cncer de mama entre
as mulheres, e de prstata entre os homens. So baixas as incidncias desses dois
tipos de cncer entre os orientais, que consomem soja diariamente.
Q uinoa e linhaa
Quinoa e linhaa so sementes rpidas, apressadinhas em nos trazer vitalidade.
A germinao da quinoa ocorre em trs horas, ainda em imerso! A linhaa
demora mais um pouco para germinar, porm seu contato com a gua forma
uma gelatina aps 30 minutos, tornando-a um ingrediente ideal na confeco de
doces, por combinar bem com frutas. A linhaa, principalmente a dourada, pode
ser batida seca, misturada com gua, sal e gergelim, e seca ao sol: cream
crackers sem farinha! Essas sementes tm alto teor de ligninas, que so
convertidas pelas bactrias intestinais benficas nos fitoesteroides enterodiol e
enterolactona. So os maiores protetores conhecidos do cncer de mama, com
estudos comprobatrios em camundongos e na expresso gnica de humanos. A
linhaa tem alto teor de fibras dietticas sadias e um poderoso estimulante do
sistema imunolgico. Enquanto a linhaa composta de 24% de cidos graxos de
cadeia longa tipo mega-3 (cido decosa-hexanoico e eicosapentanoico), a
quinoa riqussima em cidos graxos do tipo mega-6 (cidos linoleico e
gamalinoleico). Ao ingerirmos essas sementes diariamente, estaremos
oferecendo nutrio direta para o crebro e para o sistema nervoso, sistema
imunolgico e neuroendcrino, e regulando as prostaglandinas, os mais
importantes mensageiros celulares da inflamao.
Girassol, alpiste e abbora
As sementes de girassol, alpiste e abbora vo com casca e tudo para dentro
do leite da terra. Algumas sementes podem ser batidas secas, como o gergelim,
antes do preparo do homus ou do gersal.
Castanhas e nozes
As castanhas e as nozes em geral so bastantes prticas, pois requerem
algumas horas de hidratao submersas em gua e j estaro prontas para o uso
culinrio, tanto para doces como para salgados ou refogados. So excelentes
reservas de gordura e devem estar disponveis nos meses frios e em outras
situaes nas quais as necessidades calricas aumentem.
Cuidados com o uso de gros
M qualidade biolgica
Sementes velhas frequentemente esto parasitadas por insetos. Os carunchos e
gorgulhos (ordem Coleoptera) e as traas (ordem Lepidoptera) so pequenos
besouros e pequenas mariposas que cumprem seu ciclo biolgico completo
dentro das sacas de gros. Isso quer dizer que, mesmo que retiremos das
sementes os insetos adultos, visveis a olho nu, l estaro presentes ovos e larvas,
nas pequenas cavernas que laboriosamente cavam durante a estocagem
demorada. As cavitaes provocadas por insetos do lugar a um segundo grupo
de parasitas: os fungos. Esses microrganismos tambm laboriosos formam
colnias rapidamente, e no haveria problemas se seu produto de excreo (coc
do fungo) no fosse txico para ns. As chamadas micotoxinas causam distrbios
gastrointestinais, neurolgicos e renais, e so causadoras de cncer. Bem
conhecida a aflatoxina do fungo Aspergillus do amendoim parasitado, capaz de
causar cncer de fgado. Algumas micotoxinas so antibiticos, substncias que
devemos evitar nas fontes alimentares.
Justamente as sementes orgnicas, que so as que mais desejamos por no
receberem qualquer tratamento qumico, podem albergar esses parasitas se
estocadas por longo tempo ou de forma imprpria. A presena de parasitas e de
colnias de fungos pode e deve ser detectada pelos usurios e compradores de
sementes. Com uma simples inspeo, podem ser notados gros cariados ,
com manchas, de um branco amarronzado, com mau cheiro, e pela viso direta
dos parasitas. Basta uma dzia de sementes assim para que possamos rejeitar o
lote.
D preferncia s casas tradicionais de gros, distribuidores domiciliares
exclusivos e faa parceria com seus revendedores. Quando comprar sementes j
embaladas, confira a data de processamento. O selo dever estar sempre
presente. Olhe atravs do saco, que deve ser transparente. O mais importante
saber a procedncia das sementes, a data de colheita, o tempo de
armazenamento e a data de comercializao. A infestao parasitria cresce de
forma diretamente proporcional ao tempo de armazenamento. Boas perspectivas
existem com o armazenamento a vcuo, j utilizado em diversas sementes
orgnicas.
Outro momento valioso para retirar uma ou outra semente de m qualidade
durante a lavagem prvia germinao: as sementes que boiam podem ser
eliminadas, pois significa que esto ocas. No momento de descasc-las, que
detalhado, dependendo da semente, pode-se ainda detectar sementes
comprometidas.
(G) = germinadas
(H) = hidratadas
(S) = secas aps lavagem
H tambm algumas siglas direita dos nmeros que designam as quantidades
a serem utilizadas:
ml = mililitros
g = gramas
kg = quilos
MOLHO DE ESCAROLA
Ingredientes:
Fruti: 7 mangas palmer, 20 acerolas frescas, 100 g de damascos (H), 2 cajus,
casca de limo
Sementes e castanhas: 100 g de castanhas-do-par ou de nozes
Temperos: sal marinho
Preparo
Retirar os fils de manga do caroo. Cort-los da maneira sashimi (cortes
transversais simtricos) depositando-os de forma alinhada em prato largo,
entremeando-os com acerola dessementada. Bater o caju com o damasco e uma
pitada de sal at formar um creme, misturando as castanhas ou nozes picadas.
Cobrir as mangas e acerolas com o creme. Salpicar com casca de limo ralado.
Servir frio.
FLAN DE FRUTAS CTRICAS
Origem: Oficina da Semente
Processos: hidratao e liquidificao
Ingredientes:
Fruti: 2 tangerinas ponc, 2 laranjas-pera, 2 laranjas-lima, 1 limo-galego,
200 g de uvas-passas brancas (H), polpa de 3 cocos verdes (usar a gua para
hidratar as uvas-passas)
Sementes: 100 g de linhaa
Preparo
Bater a polpa de coco-verde com as uvas-passas brancas e o sumo do limo-
galego, adicionando um pouco da gua de coco at formar um creme. Misturar a
linhaa com colher. Picar as outras frutas ctricas em cubinhos, depositando-as
em uma tigela. Cobrir com o creme. Salpicar com casca de limo ralado. Servir
frio.
PAV DE JACA COM BANANA
Origem: Oficina da Semente
Processos: hidratao e liquidificao
Ingredientes:
Fruti: 250 g de jaca, 12 bananas d'gua, 2 limes-galegos, 200 g de uvas-
passas brancas (H)
Sementes: 100 g de linhaa
Temperos: cravo, canela, baunilha em fava, sal
Preparo
Bater a jaca com seis bananas, uma pitada de cravo e o sumo do limo-
galego, adicionando pouca gua de coco, at formar um creme. Misturar a
linhaa com colher. Depositar no fundo de um pirex. Bater a seguir o restante das
bananas com canela, baunilha e limo. Depositar sobre a camada de jaca. Servir
frio.
BANANA BRONZEADA
Origem: Oficina da Semente
Processos: fatiagem
Ingredientes:
Fruti: 12 bananas d'gua, 1 limo-galego
Sementes e castanhas: 250 g de castanhas-do-par (H) ou gergelim (G)
Temperos: canela em p
Preparo
Fatiar as bananas, dispondo-as em uma tigela ou tabuleiro, salpicar gotas de
limo e canela. Picotar as castanhas-do-par e espalh-las sobre as fatias de
banana. Opcionalmente, espalhar gergelim germinado. Deixar sob exposio
solar ou calor morno. Servir morno ou sob o sol.
CAPTULO 24
Pes, pizzas, cookies e crackers
PO ESSNIO SALGADO
Origem: Oficina da Semente
Processos: germinao, moagem e desidratao
Ingredientes:
Sementes: 250 g de trigo (G), 125 g de gergelim (G), 250 g de triguilho fino
(S), 125 g de linhaa (S)
Temperos: organo, alecrim, alho, cebolinha, salsa, manjerico e ervas finas,
azeite extra virgem, sal marinho
Preparo
Deixar o trigo na gua durante 8 horas. Germin-lo ao ar com regas de 8 em 8
horas, at 24 horas. Antes de moer, deixar mais uma hora dentro da gua, para
hidratar bem. Realizar a moagem manual ou mecnica. Aps a moagem, a
massa base est pronta. Compor a massa manualmente ou com misturador,
adicionando temperos e azeite extra virgem (3 colheres de sopa). Adicionar
gergelim germinado de maneira semelhante ao trigo. Quando atingir ponto de
massa de po, adicionar triguilho seco para absorver o excesso de gua da
massa. Cobrir a superfcie de vidro, cermica ou metal com triguilho, linhaa,
gergelim, alecrim ou organo secos e iniciar o espalhamento da massa. Com as
mos, alargar o mximo possvel a massa, depositando-a sobre o triguilho ou as
ervas secas. Com o pau de macarro molhado, espalhar mais ainda a massa, at
atingir a espessura de uma barrinha de cereais. Secar com luz solar, chama baixa
ou desidratador. Servir como sanduche, com pats, pastas de sementes
germinadas, tabule e saladas. Servir como pizza com ricota de amendoim, molho
de escarola, calabresa ou ao sugo.
PO ESSNIO DOCE
Origem: Oficina da Semente
Processos: germinao, moagem e desidratao
Ingredientes:
Sementes: 250 g de trigo (G), 125 g de gergelim (G), 250 g de triguilho fino
(S), 125 g de linhaa (S)
Temperos: baunilha, canela, nozes, gergelim seco, uvas-passas, mel, leos de
gergelim e linhaa, sal marinho
Preparo
Deixar o trigo na gua durante 8 horas. Germin-lo ao ar com regas de 8 em 8
horas, at 24 horas. Antes de moer, deixar mais uma hora dentro da gua, para
hidratar bem. Realizar a moagem manual ou mecnica. Aps a moagem, a
massa base est pronta. Compor a massa manualmente ou com misturador,
adicionando temperos e leos de gergelim ou linhaa (3 colheres de sopa).
Adicionar gergelim germinado de maneira semelhante ao trigo. Quando atingir
ponto de massa de po, adicionar triguilho seco para absorver o excesso de gua
da massa. Cobrir a superfcie de vidro, cermica ou metal com triguilho, linhaa
e iniciar o espalhamento da massa. Com as mos, alargar o mximo possvel a
massa, depositando-a sobre o triguilho ou gergelim seco. Com o pau de macarro
molhado, espalhar mais ainda a massa, at atingir a espessura de uma barrinha
de cereais. Secar com luz solar, chama baixa ou desidratador. Servir com frutas e
castanhas, mel, creme de morango, bananas ou ma e geleias. a massa
bsica de tortas e bolos.
PIZZA DA MAMMA
Origem: Oficina da Semente
Processos: germinao, moagem e desidratao
Ingredientes:
Sementes: 250 g de trigo (G), 125 g de gergelim (G), 250 g de triguilho fino
(S), 125 g de linhaa (S)
Temperos: organo, alecrim, alho, cebolinha, salsa, manjerico e ervas finas,
azeite extra virgem, sal marinho
Preparo
Deixar o trigo na gua durante 8 horas. Germin-lo ao ar com regas de 8 em 8
horas, at 24 horas. Antes de moer, deixar mais uma hora dentro da gua, para
hidratar bem. Realizar a moagem manual ou mecnica. Aps a moagem, a
massa base est pronta. Compor a massa manualmente ou com misturador,
adicionando temperos e azeite extra virgem (3 colheres de sopa). Adicionar
gergelim germinado de maneira semelhante ao trigo. Quando atingir ponto de
massa de po, adicionar triguilho seco para absorver o excesso de gua da
massa. Cobrir tigelinhas de loua ou cermica. Secar com luz solar, chama baixa
ou desidratador.
Sugestes de coberturas
Ricota de amendoim (como mussarela)
Molhos de espinafre ou escarola
Fatiados de tomate-cereja
Manjerico, organo
Azeite extra virgem
CREAM CRACKER DE LINHAA
Origem: Tree of Life
Processos: liquidificao seca, desidratao
Ingredientes:
Sementes: 300 g de linhaa dourada (S)
Temperos: gua e sal
Preparo
Bater a linhaa em liquidificador seco at formar um p. Misturar com gua
mineral, at obter uma consistncia firme. Espalhar sobre vidro coberto por um
pouco de linhaa pulverizada. Desidratar ao sol ou em forno brando.
COOKIES DE AVEIA
Origem: Oficina da Semente
Processos: hidratao e liquidificao
Ingredientes:
Fruti: 200 g de uvas-passas (H)
Sementes: 400 g de aveia (H), 100 g de amendoim (G)
Preparo
Bater no liquidificador a aveia hidratada e o amendoim at formar um creme.
Tomar cuidado para que a aveia comprada seja muito fresca, pois isso
importante para o sabor do cookie. Adicionar uvas-passas. Formar os cookies e
depositar sobre um tabuleiro de vidro untado com triguilho seco ou linhaa
dourada. Desidratar sob o sol.
CAPTULO 25
Tortas, bolos e doces
MASSA BSICA
Processos: germinao, hidratao, processamento, liquidificao seca
Ingredientes:
Fruti: ameixa (H), damasco (H), tmaras (H), 250 g de uvas-passas pretas e
brancas (H)
Sementes e castanhas: nozes (H), castanhas-do-par (H), amndoas (H),
amendoim (G), gergelim (G), 250 g de quinoa (G)
Espessadores: triguilho grosso (S), 100 g de linhaa (S)
Temperos: baunilha, canela, nozes, gergelim seco, uvas-passas, mel, leos de
gergelim e linhaa, sal marinho
Preparo
Escolha uma semente e uma fruta seca hidratada. Bata os dois com uma
pitada de sal, em processador com hlices em S, at adquirir uma consistncia o
mais firme possvel. Adicione um espessador (triguilho ou linhaa seca
pulverizada por liquidificao seca) e misture bem, manualmente ou com
misturador de po. Deixe por meia hora no refrigerador. Monte a massa sobre
uma superfcie de vidro grosso. A massa assim j est pronta e pode ser servida
fria. Pode tambm ser aquecida em forno baixo ou desidratada.
RECHEIO BSICO
Ingredientes:
Fruti: Frutas frescas: manga, figo, banana, morango, gua de coco, polpa de
coco, caju, limo. Frutas secas: tmaras, damascos, uvas-passas pretas e
brancas, ameixas
Preparo
Seguir o princpio de combinao das frutas. Podem ser usadas como recheio
de tortas e bolos as receitas j descritas de cremes de frutas, como o creme de
banana, o pav de jaca (doces), de nozes (neutro), de morangos, de limo e o
flan de frutas ctricas (ctricos).
DOCINHOS DE ANIVERSRIO
Origem: Oficina da Semente
Processos: hidratao e liquidificao
Ingredientes:
Fruti: pedacinhos de frutas retiradas com boleador, uvas brancas ou roxas
doces
Sementes e castanhas: castanhas-do-par (H)
Preparo
Envolver com qualquer das massas processadas com castanhas e frutas secas.
Enrolar em coco ralado e pr em forminhas.
GELEIAS DE FRUTAS
Origem: Oficina da Semente
Processos: liquidificao, desidratao
Ingredientes:
Fruti: 2 abacaxis, 4 mangas, 7 pssegos, 500 g de jabuticaba, 500 g de
jamelo, 500 ml de suco de laranja
Preparo
Bater a polpa de qualquer uma dessas frutas. Deixar desidratar em pirex at o
fim do dia, se houver sol forte. No h necessidade de adicionar qualquer outro
ingrediente. O sabor destas geleias nico e perfeito para comer com po
essnio ou cracker de linhaa.
JUJUBAS DE ANIVERSRIO
Origem: Tree of Life
Processos: liquidificao e desidratao
Preparo
Utilizar-se dos mesmos ingredientes e procedimentos listados para as geleias
de frutas. Manter a desidratao por mais tempo ou com mais intensidade.
Enrolar em papel celofane colorido.
APFELSTRUDEL MATUSALM
Origem: Oficina da Semente
Processos: picotagem, germinao e desidratao
Ingredientes:
Fruti: 7 mas fuji, 2 limes-galegos, 200 g de uvas-passas pretas (H)
Sementes e castanhas: 250 g de trigo (G), 100 g de gergelim branco (G), 100 g
de nozes (H)
Temperos: sal marinho
Preparo
Da massa
Preparar a massa moendo o trigo germinado, adicionando gergelim
germinado, uma pitada de sal e as nozes. Fazer a base da torta moldando-a sobre
um vidro coberto por triguilho fino seco. Desidratar no sol ou em chama baixa.
Do recheio
Descascar e fatiar as mas em lminas mdias, adicionando gotas de
um limo. Misturar em uma tigela as uvas-passas pretas, uma pitada
de sal e o outro limo. Cobrir as mas e deixar descansar.
Montagem
Sobre a massa desidratada e mantendo o calor morno, despejar o recheio.
Opcionalmente, cobrir com amndoas em lminas. Salpicar com casca de limo
ralado. Servir morno.
TORTA DE BANANA
Origem: Oficina da Semente
Processos: processamento, liquidificao
Ingredientes:
Fruti: 7 bananas d'gua, 2 limes-galegos, 200 g de uvas-passas pretas (H), 1
coco seco, polpa de 2 cocos verdes, 250 g de ameixa seca (H)
Sementes: 250 g de amendoim (G), 50 g de linhaa, 50 g de triguilho fino seco
Temperos: baunilha em fava, sal marinho, canela em p e cravo
Preparo
Da massa
Preparar a massa processando o amendoim com a ameixa hidratada em gua
de coco, at formar uma goma bem homognea. Fazer a base da torta
moldando-a sobre um vidro coberto por triguilho fino seco. Desidratar no sol ou
em chama baixa.
Do recheio
Bater as bananas no liquidificador, com o sumo do limo e canela e/ou cravo.
Misturar a linhaa com colher e deixar resfriar. O recheio adquire assim a
consistncia de um pudim. Despejar dentro da forma da torta.
Da cobertura
Bater a polpa de coco com baunilha. Misturar a polpa de coco batida com o
coco seco ralado. Decorar com uvas-passas. Servir frio, com gua de coco.
TORTA DE LIMO
Origem: Oficina da Semente
Processos: hidratao e liquidificao
Ingredientes:
Fruti: polpa de 7 cocos verdes (usar a gua para hidratar as uvas-passas), 200
g
de uvas-passas brancas (H), 1 limo-galego, 250 g de damascos secos (H)
Sementes e castanhas: 350 g de nozes (H)
Temperos: baunilha em fava, sal marinho
Preparo
Da massa
Processar 250 g de nozes com o damasco hidratado em gua de coco at
formar uma goma bem homognea. Fazer a base da torta moldando-a sobre um
vidro coberto por triguilho fino seco. Desidratar no sol ou em chama baixa e
manter refrigerada.
Do recheio
Bater os ingredientes restantes com 100 g de nozes, uma lasca de baunilha em
fava e uma pitada de sal at formar um creme. Despejar sobre a massa.
Salpicar raspas de limo sobre o recheio. Servir frio.
TORTA MARAVILHA
Origem: Aris le Atham
Processos: hidratao, processamento e liquidificao
Ingredientes:
Fruti: 250 g de uvas-passas brancas (H), 250 g de tmaras secas (H), 4 cajus,
1 limo-galego, 4 mangas
Sementes e castanhas: 250 g de nozes
Temperos: sal marinho
Preparo
Da massa
Processar 250 g de nozes com as uvas passas hidratadas em gua de coco e
uma pitada de sal, at formar uma goma bem homognea. Fazer a base da torta
moldando-a sobre um vidro coberto por triguilho fino seco. Desidratar no sol ou
em chama baixa. Pode-se tambm manter refrigerada.
Do recheio
Tirar as sementes e fatiar as mangas como na preparao do sashimi. Cobrir a
torta com as fatias de manga, despejando algumas uvas-passas hidratadas.
Da cobertura
Bater o caju e as tmaras no liquidificador, adicionando um pouco de gua de
coco at formar uma cobertura cremosa. Cobrir as mangas. Decorar com nozes
picotadas.
TORTA DE NOZES COM DAMASCO
Origem: Oficina da Semente
Processos: hidratao, processamento e liquidificao
Ingredientes:
Fruti: 200 g de uvas-passas brancas (H), polpa de 6 cocos verdes, gua de 1
coco-verde, 150 g de damascos secos (H), 250 g de ameixas secas (H),
12 morangos
Sementes e castanhas: 300 g de nozes (H), 100 g de linhaa (H)
Temperos: baunilha em fava e sal marinho
Preparo
Da massa
Processar 250 g de nozes com as ameixas hidratadas em gua de coco at
formar uma goma bem homognea. Fazer a base da torta moldando-a sobre um
vidro coberto por triguilho fino seco. Desidratar no sol ou em chama baixa. Pode-
se tambm manter refrigerada.
Torta de nozes com damasco
Do recheio
Processar 100 g de uvas-passas brancas com 100 g de nozes hidratadas em
gua de coco e com a polpa de coco-verde, a baunilha em fava e o sal, at
formar um creme. Adicionar a linhaa seca e deixar descansar. Rechear a base
da torta.
Da cobertura
Bater 100 g de uvas-passas brancas com o damasco hidratado em gua de
coco e o restante da polpa de coco, at formar um creme fino. Cobrir o recheio
de forma homognea. Decorar com morangos e nozes.
Processos: germinao, hidratao, processamento, liquidificao seca
Ingredientes:
Fruti: ameixa (H), damasco (H), tmaras (H), 250 g de uvas-passas pretas e
brancas (H)
Sementes e castanhas: nozes (H), castanhas-do-par (H), amndoas (H),
amendoim (G), gergelim (G), 250 g de quinoa (G)
Espessadores: triguilho grosso (S), 100 g de linhaa (S)
Temperos: baunilha, canela, nozes, gergelim seco, uvas-passas, mel, leos de
gergelim e linhaa, sal marinho
Preparo
Escolha uma semente e uma fruta seca hidratada. Bata os dois com uma
pitada de sal, em processador com hlices em S, at adquirir uma consistncia o
mais firme possvel. Adicione um espessador (triguilho ou linhaa seca
pulverizada por liquidificao seca) e misture bem, manualmente ou com
misturador de po. Deixe por meia hora no refrigerador. Monte a massa sobre
uma superfcie de vidro grosso. A massa assim j est pronta e pode ser servida
fria. Pode tambm ser aquecida em forno baixo ou desidratada.
RECHEIO BSICO
Ingredientes:
Fruti: Frutas frescas: manga, figo, banana, morango, gua de coco, polpa de
coco, caju, limo. Frutas secas: tmaras, damascos, uvas-passas pretas e
brancas, ameixas
Preparo
Seguir o princpio de combinao das frutas. Podem ser usadas como recheio
de tortas e bolos as receitas j descritas de cremes de frutas, como o creme de
banana, o pav de jaca (doces), de nozes (neutro), de morangos, de limo e o
flan de frutas ctricas (ctricos).
DOCINHOS DE ANIVERSRIO
Origem: Oficina da Semente
Processos: hidratao e liquidificao
Ingredientes:
Fruti: pedacinhos de frutas retiradas com boleador, uvas brancas ou roxas
doces
Sementes e castanhas: castanhas-do-par (H)
Preparo
Envolver com qualquer das massas processadas com castanhas e frutas secas.
Enrolar em coco ralado e pr em forminhas.
GELEIAS DE FRUTAS
Origem: Oficina da Semente
Processos: liquidificao, desidratao
Ingredientes:
Fruti: 2 abacaxis, 4 mangas, 7 pssegos, 500 g de jabuticaba, 500 g de
jamelo, 500 ml de suco de laranja
Preparo
Bater a polpa de qualquer uma dessas frutas. Deixar desidratar em pirex at o
fim do dia, se houver sol forte. No h necessidade de adicionar qualquer outro
ingrediente. O sabor destas geleias nico e perfeito para comer com po
essnio ou cracker de linhaa.
JUJUBAS DE ANIVERSRIO
Origem: Tree of Life
Processos: liquidificao e desidratao
Preparo
Utilizar-se dos mesmos ingredientes e procedimentos listados para as geleias
de frutas. Manter a desidratao por mais tempo ou com mais intensidade.
Enrolar em papel celofane colorido.
APFELSTRUDEL MATUSALM
Origem: Oficina da Semente
Processos: picotagem, germinao e desidratao
Ingredientes:
Fruti: 7 mas fuji, 2 limes-galegos, 200 g de uvas-passas pretas (H)
Sementes e castanhas: 250 g de trigo (G), 100 g de gergelim branco (G), 100 g
de nozes (H)
Temperos: sal marinho
Preparo
Da massa
Preparar a massa moendo o trigo germinado, adicionando gergelim
germinado, uma pitada de sal e as nozes. Fazer a base da torta moldando-a sobre
um vidro coberto por triguilho fino seco. Desidratar no sol ou em chama baixa.
Do recheio
Descascar e fatiar as mas em lminas mdias, adicionando gotas de
um limo. Misturar em uma tigela as uvas-passas pretas, uma pitada
de sal e o outro limo. Cobrir as mas e deixar descansar.
Montagem
Sobre a massa desidratada e mantendo o calor morno, despejar o recheio.
Opcionalmente, cobrir com amndoas em lminas. Salpicar com casca de limo
ralado. Servir morno.
TORTA DE BANANA
Origem: Oficina da Semente
Processos: processamento, liquidificao
Ingredientes:
Fruti: 7 bananas d'gua, 2 limes-galegos, 200 g de uvas-passas pretas (H), 1
coco seco, polpa de 2 cocos verdes, 250 g de ameixa seca (H)
Sementes: 250 g de amendoim (G), 50 g de linhaa, 50 g de triguilho fino seco
Temperos: baunilha em fava, sal marinho, canela em p e cravo
Preparo
Da massa
Preparar a massa processando o amendoim com a ameixa hidratada em gua
de coco, at formar uma goma bem homognea. Fazer a base da torta
moldando-a sobre um vidro coberto por triguilho fino seco. Desidratar no sol ou
em chama baixa.
Do recheio
Bater as bananas no liquidificador, com o sumo do limo e canela e/ou cravo.
Misturar a linhaa com colher e deixar resfriar. O recheio adquire assim a
consistncia de um pudim. Despejar dentro da forma da torta.
Da cobertura
Bater a polpa de coco com baunilha. Misturar a polpa de coco batida com o
coco seco ralado. Decorar com uvas-passas. Servir frio, com gua de coco.
TORTA DE LIMO
Origem: Oficina da Semente
Processos: hidratao e liquidificao
Ingredientes:
Fruti: polpa de 7 cocos verdes (usar a gua para hidratar as uvas-passas), 200
g
de uvas-passas brancas (H), 1 limo-galego, 250 g de damascos secos (H)
Sementes e castanhas: 350 g de nozes (H)
Temperos: baunilha em fava, sal marinho
Preparo
Da massa
Processar 250 g de nozes com o damasco hidratado em gua de coco at
formar uma goma bem homognea. Fazer a base da torta moldando-a sobre um
vidro coberto por triguilho fino seco. Desidratar no sol ou em chama baixa e
manter refrigerada.
Do recheio
Bater os ingredientes restantes com 100 g de nozes, uma lasca de baunilha em
fava e uma pitada de sal at formar um creme. Despejar sobre a massa.
Salpicar raspas de limo sobre o recheio. Servir frio.
TORTA MARAVILHA
Origem: Aris le Atham
Processos: hidratao, processamento e liquidificao
Ingredientes:
Fruti: 250 g de uvas-passas brancas (H), 250 g de tmaras secas (H), 4 cajus,
1 limo-galego, 4 mangas
Sementes e castanhas: 250 g de nozes
Temperos: sal marinho
Preparo
Da massa
Processar 250 g de nozes com as uvas passas hidratadas em gua de coco e
uma pitada de sal, at formar uma goma bem homognea. Fazer a base da torta
moldando-a sobre um vidro coberto por triguilho fino seco. Desidratar no sol ou
em chama baixa. Pode-se tambm manter refrigerada.
Do recheio
Tirar as sementes e fatiar as mangas como na preparao do sashimi. Cobrir a
torta com as fatias de manga, despejando algumas uvas-passas hidratadas.
Da cobertura
Bater o caju e as tmaras no liquidificador, adicionando um pouco de gua de
coco at formar uma cobertura cremosa. Cobrir as mangas. Decorar com nozes
picotadas.
TORTA DE NOZES COM DAMASCO
Origem: Oficina da Semente
Processos: hidratao, processamento e liquidificao
Ingredientes:
Fruti: 200 g de uvas-passas brancas (H), polpa de 6 cocos verdes, gua de 1
coco-verde, 150 g de damascos secos (H), 250 g de ameixas secas (H),
12 morangos
Sementes e castanhas: 300 g de nozes (H), 100 g de linhaa (H)
Temperos: baunilha em fava e sal marinho
Preparo
Da massa
Processar 250 g de nozes com as ameixas hidratadas em gua de coco at
formar uma goma bem homognea. Fazer a base da torta moldando-a sobre um
vidro coberto por triguilho fino seco. Desidratar no sol ou em chama baixa. Pode-
se tambm manter refrigerada.
Do recheio
Processar 100 g de uvas-passas brancas com 100 g de nozes hidratadas em
gua de coco e com a polpa de coco-verde, a baunilha em fava e o sal, at
formar um creme. Adicionar a linhaa seca e deixar descansar. Rechear a base
da torta.
Da cobertura
Bater 100 g de uvas-passas brancas com o damasco hidratado em gua de
coco e o restante da polpa de coco, at formar um creme fino. Cobrir o recheio
de forma homognea. Decorar com morangos e nozes.
Anexo
A seguir esto os resumos de alguns artigos cientficos que traduzi e que foram
publicados em revistas indexadas, conduzidos em instituies acadmicas de
respeito. Os termos mencionados no esto no glossrio. A maioria dos leitores
poder no compreender o enunciado completo dos artigos, mas poder ater-se
ao ttulo e aos primeiros e ltimos pargrafos, que, em sntese, demonstram os
objetivos do trabalho e as concluses obtidas.
Cabe aqui salientar que todos os resumos mencionados so de protocolos
dirigidos espcie humana sadia ou em estado de enfermidade. As avaliaes
dos comits de tica em pesquisa das instituies de origem desses artigos no
consideram a interveno na dieta como risco, j que:
Ingesta diettica
Questionrio de impacto em fibromialgia (QIF)
Questionrio de sade (SF-36)
Questionrio de qualidade de vida (QQV)
Avaliaes de desempenho fsico