Têrs Princpios Da Individualizao Da Vida (Sanseken)

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Três Princípios da Individualização da Vida (sanseken)(1)

(Brasil Seikyo, edição nº 1676, 23/11/2002, página A6.)

A vida manifesta seus diferentes aspectos e revela seu caráter distinto no mundo
real. Todas as formas de vida têm qualidades individuais e únicas.
Os três princípios da individualização da vida (sanseken) constituem-se nos cinco
componentes da vida (go’on seken), no ambiente dos seres vivos ou ambiente social (shujo
seken) e no ambiente natural (kokudo seken). Os seres vivos são indivíduos que manifestam
a qualquer momento um dos dez estados. Os cincos componentes são os elementos
constituintes que se unificam temporariamente para formar um ser vivo, e o ambiente é
onde os seres vivos conduzem suas atividades. Podemos julgar os três princípios da
individualização como as três dimensões do mundo fenomenal no qual os dez estados se
manifestam.
Os cincos componentes da vida são:

1) Forma (shiki): O aspecto físico da vida, o qual possui atributos como forma e cor. A
forma também indica os órgãos sensoriais — olhos, ouvidos, nariz, língua e corpo — por meio
dos quais percebemos o mundo exterior.

2) Percepção (ju): É a função de receber as informações externas por meio dos seis órgãos
sensoriais (os cinco sentidos mais a “mente”, que integra as impressões sensoriais).

3) Concepção (so): Função pela qual a vida compreende e elabora idéias sobre aquilo que foi
percebido.

4) Volição (gyo): É o desejo de agir com relação àquilo que foi percebido e sobre o qual foi
concebida uma idéia.

5) Consciência (shiki): É a função de discernir, fazer avaliações, distinguir o bem do mal


etc. Ao mesmo tempo, age para apoiar e integrar as demais quatro funções.

Em termos dos aspectos físicos da vida, a “forma” corresponde ao aspecto físico e


os outros quatro, aos aspectos espirituais. Entretanto, uma vez que o corpo e a mente são
inseparáveis, os cincos componentes devem ser compreendidos como um todo.
As diferenças dos dez estados manifestam-se em cada um dos cincos componentes.
Uma pessoa no estado de Inferno perceberá e reagirá a um certo fenômeno de uma forma
absolutamente diferente do que faria no estado de Buda. O carma que ela cria também
será diferente. Assim, as ações dos cinco componentes são coloridas pelo carma individual
formado em sucessivas existências e também agem para acumular mais carma. “On”, de
go’on, traduzido como “componentes”, significa “acumular” e “obscuro ou véu”. Nos estados
não iluminados da vida, os cincos componentes agem para “acumular” sofrimento e
“obscurecer” a natureza de Buda. Quando baseados no estado de Buda, agem para acumular
boa sorte e são cobertos de benevolência.
Três Princípios da Individualização da Vida (sanseken)(2)
(Brasil Seikyo, edição nº 1677, 30/11/2002, página A6.)

Os cinco componentes da vida expressam-se de diferentes modos de acordo com


suas dez condições. Ao mesmo tempo, os seres vivos mostram distinções de acordo com seu
ambiente. Assim, enquanto o princípio dos cinco componentes analisa o ser vivo em suas
funções físicas e psíquicas constituintes, o princípio do ambiente do ser vivo (kokudo seken)
o considera um indivíduo integrado capaz de interagir com seu ambiente. O princípio do
ambiente dos seres vivos (shujo seken) pode também ser interpretado no plural, para
indicar todos os outros seres vivos com quem o indivíduo se relaciona, ou seja, o ambiente
social.
Nesse sentido, o princípio dos seres vivos aponta para a verdade de que vivemos
num estado de permanente inter-relação e dependência mútua com outros seres vivos.
O princípio do ambiente natural significa o local onde os seres vivos habitam e do
qual dependem para sua sobrevivência. Nele se incluem os seres insensíveis, como as
montanhas, rios, plantas etc. Não somente os seres vivos mas sua terra possui
inerentemente os dez estados. Entretanto, ela não tem condições de vida independente.
De acordo com o princípio da unicidade da vida e seu ambiente, ela manifesta o
estado de Inferno, Tranqüilidade, Bodhisattva etc. em resposta à condição de vida
daqueles que nela habitam. A implicação mais significativa aqui é a de que se pode
transformar o ambiente por meio da elevação do estado de vida. A iluminação não reside em
qualquer princípio especial. Ao contrário, pela evidência de seu estado de Buda inato
qualquer pessoa pode tornar seu ambiente na “terra do Buda”.
Os três princípios da individualização servem também para explicar as diferenças
entre os seres vivos. As diferenças mais básicas expressas nos três princípios são aquelas
dos dez estados.
Segundo o Grande Mestre Tient’ai, “uma terra deste mundo possui também os dez
fatores”. O ambiente contém todos os dez fatores e cada um deles, por sua vez, é dotado
dos dez estados e, assim, teoricamente, o ambiente pode manifestar o estado de Buda.
Enfim, os três princípios estão inerentes em nossa vida. Portanto, quando
abraçamos o Gohonzon e aprofundamos nossa fé, manifestamos o estado de Buda em nossa
existência individual.
Os três princípios da individualização da vida apareceram pela primeira vez no
Daitido Ron de Nagarjuna, porém quem os desenvolveu como um componente do princípio de
itinen sanzen (três mil mundos em uma existência momentânea da vida) foi Tient’ai. De
acordo com esse princípio, cada um dos cem mundos decorrentes da possessão mútua dos
dez estados contém os dez fatores e, por meio dos três princípios da individualização,
chega-se aos três mil mundos.

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