Budismo X Espiritismo PDF
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Budismo e Espiritismo
abuso da liberdade que lhe foi conferida, pois nestes casos, ele cede
aos maus instintos" (questo 735). A matana de outros seres
humanos, um crime aos olhos de Deus, pois "aquele que tira a vida
de seu semelhante, interrompe uma vida de expiao ou de misso e
nisso est o mal " (o esprito imortal, assim o criminoso atinge o
corpo fsico, sem destruir o ser em s mesmo). Mesmo na guerra a
destruio de outros seres condenvel pois a guerra significa
"predominncia da natureza animal sobre a espiritual e satisfao
das paixes. Nesse estado de barbrie, os povos conhecem apenas
o direito do mais forte (...)" (questo 742) e ela desaparecer da face
da Terra "quando os homens compreenderem a justia e praticarem
a lei de Deus. Ento todos os povos sero irmos". (questo 743).
Lei de Sociedade: "Deus fez o homem para viver em
sociedade. Deus no deu em vo ao homem a palavra, bem como
todas as outras faculdades necessrias vida de relao" (questo
766). "Nenhum homem possui todos os conhecimentos; e pela
unio social que eles se complementam uns aos outros, a fim de
assegurarem o bem-estar mtuo e progredirem. Eis porque, tendo
necessidade uns dos outros, so feitos para viver em sociedade e
no isolados" (comentrio de Kardec a questao 768).
- Anlise
"O verdadeiro Esprita no o que cr nas comunicaes, mas o que
procura aproveitar os ensinamentos dos Espritos. De nada adianta
crer, se sua crena no o faz dar sequer um passo na senda do
progresso, e no o torna melhor para o prximo" - Mximas
extradas do ensinamento dos espritos, Allan Kardec, O Espiritismo
em sua mais simples expresso.
Tanto o Espiritismo como o Budismo enfatizam a necessidade da
vivncia de seus ensinamentos. Conhecimento sem prtica intil.
As quatro nobres verdades, constatando que o sofrimento resultado
de nossa ignorncia e nos mostrando os meios para supera-lo, so
perfeitamente concordantes com os ensinamentos espritas. A
vivncia delas se enquadra dentro das leis morais reconhecidas
pelos Espritas e so maneiras diferentes de expressar as mesmas
regras morais ensinadas por Jesus. A diferena na enfse dada ao
sofrimento, que no Budismo o ponto de partida e para o Espiritismo
uma conseqncia da inferioridade de nosso mundo, no chega a ser
motivo de divergncia. interessante porm o leitor ter em mente
essa pequena sutileza.
Para o Espiritismo o objetivo do progresso espiritual a felicidade
do ser, consequentemente tambm a libertao do sofrimento, porm
o prprio sofrimento pode ser um instrumento benfico para o esprito
atingir a felicidade - mostrando-lhe as conseqncias de seus erros,
incentivando-o ao esforo para progredir, forando-o a avanar
quando estagnado. Como o Espiritismo considera a lei do progresso
uma lei natural, a qual todos os seres esto sujeitos, alm das
situaes decorrentes da lei da Causa e Efeito h outras escolhidas
pelo prprio esprito. Vidas entre grandes dificuldades, situaes bem
suportadas pelo esprito, servem-lhe de oportunidades de testar seu
valor e de adquirir conhecimentos e virtudes que o auxiliaro no seu
progresso espiritual.
Objetivos
- Budismo
"Segundo o Budismo, o homem que traa a rota do seu prprio
destino. Assim, Gautama Buda, exortava seus discpulos a que eles
mesmos fossem seus prprios refgios, ou ajudas. Estimulava em
cada um o autodesenvolver-se, porque, mediante seu prprio esforo
e dedicao, o homem tem em suas mos o poder de libertar-se da
escravido, da ignorncia e de todo o sofrimento" (cap. "Budismo
como Cincia, Moral e Filosofia", Budismo, Psicologia do
Autoconhecimento).
O Budismo busca a transformao do ser atravs da destruio da
iluso do "eu", superao da ignorncia. Compaixo e sabedoria
como resultado da destruio total do egoismo. Libertao do
sofrimento encerrando-se o ciclo de causa e efeito atravs do
desapego ao resultado das aes, fim do "eu" e do "meu"(sem que
isso signifique exatamente extino total do ser);
Na escola
Mahayana, uma grande nfase dada ao ideal do Bodhisattva. O
Bodhisattava o ser que j atingiu todas as condies para a
libertao final, para o Nirvana, porm prefere manter-se em contato
com este mundo a fim de auxiliar na libertao dos demais seres. O
voto do aspirante ao Bodhisattva, justamente de buscar o despertar
em beneficio de todos.
- Espiritismo
"O objetivo essencial do Espiritismo melhorar os homens, no que
concerne ao seu progresso moral e intelectual" Mximas extradas
do ensinamento dos espritos, Allan Kardec, O Espiritismo em sua
mais simples expresso." assim que, pela prtica do Espiritismo e
com as instrues dos Espritos elevados, pode o homem adquirir
essa preciosa cincia da vida: a disciplina das emoes e das
sensaes, o domnio de si mesmo, essa arte profunda de se
observar e, depois, de se assenhorear dos secretos impulsos de seu
prprio ser". Lon Denis, Aplicacao Moral e Frutos do Espiritismo,
No Invisvel FEB
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famlia e nosso filho picado por uma cobra. A reflexo sobre a dor,
portanto, deve nos incitar a tomar o caminho do conhecimento. (...) "
Matthieu Ricard, Ao sobre o mundo e ao sobre s mesmo, O
Monge e o Filsofo, Ed. Mandarim
A iluso de um "eu" individual leva ao egoismo e a considerar as
coisas deste mundo como permanentes. Este apego leva ao
sofrimento. O homem deve libertar-se dessa ignorncia,
compreender que tudo impermanente (transitrio) e a ter atingido
a felicidade. O ser que age para se libertar da ignorncia, seguindo
as regras do caminho ctuplo, vive longe dos extremos - nem o
ascetismo exagerado, muito menos o apego desmesurado aos bens
materiais - da a expresso "caminho do meio". Pelo ideal do
Bodhisattva, h a valorizao do esforo para melhorar o mundo e
trazer a felicidade para todos. O Budista deve sempre agir para
diminuir o sofrimento, onde e da maneira que lhe for possvel.
- Espiritismo
"172 - Todas as nossas diferentes existncias realizam-se na Terra ?
No, vivemo-las nos diferentes mundos: as da Terra no so as
primeiras nem as ltimas, porm das mais materializadas e distantes
da perfeio.173 - A cada nova existncia corporal a alma passa de
um mundo a outro ou lhe possivel viver muitas vidas no mesmo
planeta ? Pode reviver vrias vezes no mesmo planeta, se no
estiver suficientemente avanada para passar a um mundo
superior." O Livro dos Espritos
O mundo material transitrio, temos uma percepo limitada da
realidade devido as nossas limitaes de entendimento e de
percepo. Como o mundo fisico uma escola na jornada evolutiva
do ser, e as vissitudes da vida material desafios para o esprto, o
verdadeiro esprita deve sempre procurar melhorar a s mesmo e,
consequentemente, melhorar tambm seu modo de agir no mundo.
Assim, pela lei de caridade e pela prtica da sabedoria, o esprita
deve sempre procurar melhorar a situao de seu prximo e da
sociedade em que vive. O Espiritismo no aprova os extremos, nem
o ascetismo exagerado nem o apego aos bens materias. Somos
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- Budismo
Os fenmenos mentais tm como precursora a mente, fundam-se na
mente, so feitas da mente.
Se um homem fala ou age com mente corrupta,
Em conseqncia sofrimento o segue, como a roda
nos passos do boi (que puxa a carroa). Os fenmenos mentais tm
como precursora a mente,
fundam-se na mente, so feitas da mente;
Se um homem fala ou age com mente pura,
Em conseqncia felicidade o segue, como a sombra,
que no vai embora. Os versos gmeos, Dhammapada
O homem totalmente responsvel por seu destino. Tudo o que
lhe ocorre devido a lei de causa e efeito e ele tem o livre arbitrio
relativo (condicionado por seu carma passado, que o coloca em uma
situao mais ou menos dificil no presente) para agir e mudar seu
futuro. No h graa divina ou interveno de um criador no destino
individual de cada um. Grupos sociais - por serem formados de
individuos com atuao em comum, portanto com compromissos
similares com a lei de causa e efeito - tambm tem o seu "karma"
coletivo. Da mesma maneira que com o individuo, um grupo social
totalmente responsvel por seu destino, pois o que lhe ocorre
conseqncia
dos
atos
de
seus
menbros.
Importante notar que o ser - no ciclo de reencarnaes - pode
nascer como qualquer criatura sensciente. No h nada que impea
que um homem renasa em um animal e vice-versa, se os seus atos
o levarem a tal condio.
- Espiritismo
"O nosso estado psquico obra nossa. O grau de percepo, de
compreenso, que possuimos, o fruto de nossos esforos
prolongados. Fomos ns que o fizemos ao percorrer o ciclo imenso
de sucessivas existncias. O nosso invlucro fludico, sutil ou
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Atitude perante a F
- Budismo
"Exatamente como as pessoas verificam a pureza do ouro
queimando-o no fogo, cortando-o e o examinando numa pedra de
toque, da mesma forma, monges, deveis aceitar minhas palavras
depois de submet-las a um exame crtico e no por reverncia a
mim" Buda, citado pelo Dalai Lama no livro "Transformando a
Mente"."Sua f deve ser racional, baseada na inteligncia, para que
quando as pessoas questionarem e tentarem refutar sua crena e
prtica voc esteja apto a sustentar seus argumentos; no pode
cultivar uma f cega. Por isso, deve basear sua crena em um
alicerce firme. Com inteligncia, voc estar invulnervel a
questionamentos. Do contrrio, como dizem os mestres Kadampa, "a
f isoladamente como um cego, que pode ser levado por outra
pessoa a qualquer lugar se lhe faltar sabedoria". Assim, a f
sustentada pelo conhecimento indispensvel prtica budista,
enquanto que crena e compaixo exercidas isoladamente so
caractersticas comuns a todas as principais religies. Por isso,
cultivando f com base no alicerce correto, voc ser racional e
firme". Dalai Lama, cap. Principais meditaes Lamrim, O Caminho
da Felicidade.
A doutrina Budista fundamenta-se em constataes feitas por
Buda, que podem ser verificadas por qualquer pessoa. Naturalmente
o esforo de verificao exige longo trabalho de preparao interior pois o campo de pesquisas a prpria mente humana e tem por
ferramenta a meditao. Com uso da meditao, o homem pode
estudar a si mesmo e os seus processos mentais, desfazendo os
enganos que o prendem a ignorncia e ao mesmo tempo
transformando-se para atingir a iluminao. Do ponto de vista
Budista, a meditao uma disciplina espiritual que permite controle
sobre nossos pensamentos e emoes. Sob controle eles podem ser
analisados e selecionados. Podem ser focados em objetivos
determinados, levando a uma observao mais cuidadosa e
profunda. Basicamente h a meditao "shamatha" - permanncia
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IV - Prtica
Impacto na sociedade
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- Budismo
"Que eu seja motivo de prazer
De acordo com a vontade de todos os seres sencientes
E sem interferncia, como so a terra
a gua, o fogo, o vento, as ervas medicinais e florestas.Que eu seja
caro aos seres sencientes
Como sua prpria vida, e que eles me sejam caros.
Que seus pecados frutifiquem para mim
E todas as minhas virtudes para eles.
(...)
Enquanto perdurar o espao,
Enquanto persistirem os seres sencientes,
Que eu tambm possa permanecer
Para dissipar as desgraas do mundo."
Estrofes de textos budistas citadas pelo Dalai Lama para explicar os
ideais de um Bodhisattva Do livro Transformando a Mente.
O Budismo considera que a fonte dos problemas economicos e
sociais o apego ao "eu", o "egoismo". Sua influncia visa diminuir o
egoismo nos individuos e atravs da melhora do individuo, melhorar
a sociedade. Considera que todos os seres senscientes (que buscam
a libertao do sofrimento) tem direitos e que devem ser tratados
com compaixo.
- Espiritismo
"O homem que se ilumina conquista a ordem e a harmonia para si
mesmo. E para que a coletividade realize semelhante aquisio, para
o organismo social, faz-se imprescindvel que todos os seus
elementos compreendam os sagrados deveres de auto-iluminao"
Emmanuel, mdium Francisco Cndido Xavier, da resposta a
questo 234, O Consolador - FEB."Na hora atual da humanidade
terrestre, em que todas as conquistas da civilizao se subvertem
nos extremismos. o Espiritismo o grande iniciador da Sociologia,
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Organizao Interna
- Budismo
[1] - Vide "O Livro dos Mdiuns" (cap. XXIX - Reunies e Sociedades
e XXX - Regulamento da Sociedade Parisiense de Estudos Espritas)
ou
"Obras
Pstumas"
("Constituio
do
Espiritismo").
[2] - As estruturas existentes dentro dos grupos espritas so
puramente
administrativas
e
operacionais.
Ritos
- Budismo
"O ritual - que consiste em molhar o ombro esquerdo, o direito e
depois as costas da imagem - simboliza a purificao da
mente" (Uma breve explicao do ritual de despejar agua em uma
imagem de Buda menino. Este ritual fez parte de uma celebrao
budista que teve lugar no parque Ibirapuera, comemorando o
nascimento, a iluminao e a morte de Buda. "Celebrao faz o
Ibirapuera virar templo budista", Mauro Mug, Jornal O Estado de So
Paulo, 27 de maio de 2002)
"Pense em todos os milhes de homens e mulheres que inclinaram
suas cabeas em orao enquanto acendiam velas. Ser que
algum acredita que Buda, ou qualquer outra imagem do absoluto,
precisa de uma vela para enxergar ou se aquecer ? Acender uma
vela um ato simblico, uma forma ritualizada de oferecer luz a
escurido. A vela simboliza a luz interna e a sabedoria luminosa que
nos guia atravs da escurido da ignorncia e da confuso. A chama
brilhante da vela um lembrete externo da luminosidade interna e da
clareza - a chama viva espiritual que brilha no templo do corao e
da alma". O Despertar do Buda Interior, cap. "Hoje, agora mesmo",
Lama Surya Das, trad. Anna Lobo, ed. Rocco.
No Budismo, os rituais tem um papel importante de auxiliares nas
prticas de meditao e de formas simblicas de expresso dos seus
ensinamentos.
O papel do simbolismo pode ser avaliado em sua correta
dimenso quando se considera que a Doutrina foi ensinada
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V - Concluso
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VI - Anexos
Para conhecer melhor as doutrinas discutidas neste artigo
"No
acredite
em
nada
apenas
por
ter
ouvido.
No acredite nas tradies apenas por terem sido transmitidas
atravs
de
inmeras
geraes.
No acredite em nada apenas porque dito e pregado por muitos.
No acredite em nada apenas porque est escrito em livros
religiosos.
No acredite em nada apenas baseado na autoridade de um mestre
ou
sbio.
Mas depois de muita observao e anlise, quando chegar
concluso de que algo razovel, e que conduz felicidade e ao
benefcio seu e de todos, ento aceite, e viva altura do
ensinamento." - Buda, citao no livro "O Despertar do Buda Interior"
do Lama Surya Das (ed. Rocco).
- Budismo
Recomendo, alm dos livros de Tenzin Gyatso, o XIV Dalai Lama,
os livros "O Monge e o Filsofo" e "O Despertar do Buda Interior". O
"Dhammapada" por outro lado uma leitura obrigatria para se ter
uma idia da essncia dos ensinamentos morais de Buda;
Apenas como curiosidade, os livros "O Monge e o Filsofo" e "A
Fora do Budismo" (vide bibliografia) tiveram participao de autores
franceses e uma observao que salta a vista do leitor esprita o
desconhecimento deles com relao ao Espiritismo (que teve seu
nascimento na Frana, com as obras de Allan Kardec ). Tambm
espanta, para o leitor brasileito, perceber o quanto o materialismo
est impregnado no pensamento desses autores. A posio parece
refletir uma realidade bastante diferente do ambiente intelectual
brasileiro, onde a religiosidade natural do povo brasileiro e a
crescente influncia do Espiritismo e de outras correntes
espiritualistas, tornam o materialismo militante uma exceo.
Devido ao materialismo destes autores, a viso que apresentam
da espiritualidade ocidental, nos dilogos com o Dalai Lama e com o
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Cndido
Xavier
Breve vocabulrio
O Budismo tem uma histria de 2.500 anos, sendo que parte de
seu vocabulrio vem das filosofias muito mais antigas da India, cujas
origens se perdem na noite dos tempos. Desta maneira preciso ter
em mente que qualquer traduo para o nosso idioma sempre
aproximada, que no temos termos exatos para traduzir palavras que
acumulam signficados de milnios de estudos ininterruptos.
Na relao abaixo indicamos se os termos so usados por apenas
uma das duas doutrinas, ou se so comuns as duas. No texto
procuramos indicar as variaes de sentido quando existirem.
Animismo:
Espiritismo - Como o homem nada mais do que um esprito
encarnado, ele tem as mesmas capacidades que um esprto liberto,
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