BECKER, Beatriz. Jornalismo Audiovisual de Qualidade.
BECKER, Beatriz. Jornalismo Audiovisual de Qualidade.
BECKER, Beatriz. Jornalismo Audiovisual de Qualidade.
Resumo
O artigo prope uma reflexo sobre parmetros de qualidade nas prticas do telejornalismo e do webjornalismo audiovisual, em funo dos processos de hibridizao de suportes e linguagens mediados pelas tecnologias digitais; questionando
o jornalismo como forma de conhecimento. Num momento em que as atividades
de ver TV e acessar a internet se misturam, o texto apresenta ainda referncias
tericas para a construo do conceito jornalismo audiovisual e para estudos das
narrativas noticiosas na televiso e na web marcadas pela multimidialidade e
pela interatividade.
Palavras-chave:
Prof. Dra. do
Departamento
de Expresso e
Linguagens e do
Programa de Psgraduao da Escola
de ComunicaoUFRJ. Possui
Doutorado (2002)
e mestrado (1992)
em Comunicao e
Cultura pela Escola
de Comunicao da
UFRJ (1992) , e psdoutorado realizado na
PUC-SP (2005)
Abstract
The article proposes a reflection about parameters of quality in the practices of TV
news and of audiovisual webjournalism, in function of the trials of hybridization
of supports and languages mediated by the digital technologies; questioning
Journalism as form of knowledge. At a time when activities like watching TV
and accessing the internet are mixed, the text also presents theorical references
for the construction of the concept audiovisual journalism and for studies of the
news narratives on television and Web marked by the multimediality and by the
Interactivity.
Key words:
96
Telejornalismo na
Era Digital. Trabalho
apresentado no 6 Encontro
Nacional de Pesquisadores
em Jornalismo SBPJor
2008.
1
97
audiovisuais jornalsticos correspondem a menos de 10% das notcias das homepages. Os estudos das narrativas jornalsticas na
TV e na Internet sugerem uma desmistificao do poder do texto
audiovisual de modelar a vida social e homogeneizar todos os
sentidos na atualidade. Isso no significa negar a realidade do
mundo ofertada pela mdia, assumir as imagens como espelho do
real ou rejeit-las como simulacros e representaes falsas, mas
poder reconhecer que notcias que utilizam a linguagem audiovisual e recursos multimdia so constitudas por modos de dizer,
de perceber e de intervir na experincia e na vida social, mas
seus efeitos de sentidos tambm dependem do modo como interagimos com a TV e fazemos uso do computador. As narrativas jornalsticas audiovisuais, tanto na TV, quanto na internet so aqui
nomeadas prticas de jornalismo audiovisual porque ao identificar transformaes nas narrativas dos telejornais e apontar caractersticas discursivas do webjornalismo audiovisual observase que essas distintas narrativas tm sofrido influncias mtuas
e passam por um processo de hibridizao mediadas pelas tecnologias digitais. As atividades de ver TV e acessar internet, e
mais especificamente de assistir ao telejornal e de acompanhar
as notcias audiovisuais publicadas na web, comeam a se fundir.
(MURRAY apud CIRNE, FERNANDES, PRTO, 2009, p.104).
necessrio reconhecer que h maneiras distintas de trabalhar
o material audiovisual e modos singulares de organizar idias e
fazer uso de um conjunto de caractersticas narrativas e de recursos tcnicos, compreensveis e facilmente identificveis pelo
receptor e/ou usurio associados a dispositivos tcnicos distintos que reconhecemos como gneros2 discursivos. A convergncia
tecnolgica e a tendncia utilizao simultnea de diferentes
suportes e linguagens na construo das narrativas jornalsticas
audiovisuais, porm, promovem um apagamento dessas diferenas. Os novos formatos de notcias que incorporam a linguagem
audiovisual e os recursos multimdia demandam um aprofundamento da reflexo crtica sobre a aplicao do conceito de gnero
com caractersticas narrativas estveis e sobre as prticas do
telejornalismo e do webjornalismo audiovisual, o que exige uma
elaborao inovadora de referncias tericas. A introduo da
dimenso da anlise televisual associada semiologia dos discursos sociais e teoria crtica do discurso, especialmente a partir das contribuies de Casetti e Chio ( 1999), Pinto ( 1995 ) e
Fairclough ( 2001), constitui-se em uma perspectiva terica relevante no estudo das narrativas jornalsticas audiovisuais. Essa
estratgia se justifica porque existe uma carncia significativa
de estudos e de obras de cunho terico-metodolgico, voltadas ao
exame dos processos de significao e sentido no campo especfico da produo televisual (DUARTE, 2004, p.5) e tambm do
Estudos em Jornalismo e Mdia - Ano VI - n. 2 pp. 95 - 111 jul./dez. 2009
Assume-se a definio do
conceito de gnero discursivo
apresentada por Mikhail
Bakhtin, porque uma
teoria consistente, flexvel
e adaptvel s anlises do
audiovisual contemporneo.
Como afirma Bakhtin:
a riqueza e diversidade
dos gneros discursivos
imensa, porque as
possibilidades da atividade
humana so inesgotveis
e porque em cada esfera
da prxis existe todo um
repertrio de gneros
discursivos que se diferencia
e cresce medida que se
desenvolve e se complexifica
a prpria esfera. (BRAIT,
2005, p.155)
2
98
Nesse sentido,
a partir de
parmetros de TV
e jornalismo de
qualidade, reafirmase a necessidade
de oferecer
subsdios para
distinguir entre
as reportagens
televisivas e
os contedos
audiovisuais
noticiosos
publicados no
ciberespao que
guardam alguma
inventividade
esttica e temtica,
e as notcias que
no oferecem
relatos jornalsticos
pertinentes
compreenso da
realidade histrica
99
produo, distribuio e consumo de informaes. Mas, a definio de notcia ainda problemtica porque tambm envolve o
ethos jornalstico e a cultura profissional. A notcia , simultaneamente, um registro da realidade social e um produto dela, e as
caractersticas de cada meio influem na estruturao das notcias (Vizeu 2005, p.13). H, porm, diferentes e complementares
teorias das notcias e ainda no podemos apontar a existncia
de uma teoria completa. Alsina (2009, p.14-15) prope que a
notcia uma representao social da realidade cotidiana, gerada institucionalmente e que se manifesta na construo de um
mundo possvel. Sodr (2009, p.71) revela que h uma diferena
entre notcia e acontecimento. A notcia factual constitui-se como
um relato (micronarrativo) de um acontecimento inscrito na realidade histrica e suscetvel de comprovao, emergncia da
ocorrncia ou fato bruto, segue-se a busca social de sentido para
ela, e, finalmente, a sua neutralizao explicativa pela narrativa do acontecimento (SODR, 2009, p.71). Sem dvida, a narrativa noticiosa restaura uma falha, confirma a previsibilidade
da ordem e tambm instaura um questionamento do Jornalismo
como forma de conhecimento.
A perspectiva funcionalista indica o carter socializante dos
relatos jornalsticos, mas sugere que o jornalismo tem se desenvolvido para atender s demandas de um volume enorme de informaes da sociedade capitalista, reproduzindo valores dominantes da sociedade. No entanto, ainda que o jornalismo expresse e atenda aos interesses hegemnicos, possui caractersticas
prprias como forma de conhecimento social e ultrapassa, por
sua potencialidade histrica, a mera funcionalidade ao sistema
capitalista, um processo que implica em um fazer e em um saber especficos (GENRO FILHO, 1987, p.20, p.67-68). O Jornalismo capaz de revelar aspectos da realidade social cotidiana que
no so alcanados por formas de conhecimento mais prestigiadas em nossa cultura, ainda que os discursos jornalsticos sejam
sempre condicionados pelo modo particular como os jornalistas
vem o mundo, a rotina produtiva e os objetivos das organizaes onde trabalham, as condies tcnicas e econmicas para a
realizao de suas tarefas e os conflitos de interesses que esto
implicados na circulao social da informao (Meditsch, 1997,
p.10). Um dos principais problemas do Jornalismo como forma de
conhecimento a falta de transparncia destes condicionantes.
O Jornalismo reproduz a sociedade em que est inserido, suas
desigualdades e suas contradies. No entanto, nenhum modo de
conhecimento disponvel est imune a isto.
A tecnologia tambm segue diferentes tendncias de desenvolvimento, usos e significados, e apropriada pelas pessoas conforme seus hbitos e necessidades. No determina a sociedade,
Estudos em Jornalismo e Mdia - Ano VI - n. 2 pp. 95 - 111 jul./dez. 2009
Um dos principais
problemas do
Jornalismo
como forma de
conhecimento
a falta de
transparncia
destes
condicionantes.
O Jornalismo
reproduz a
sociedade em que
est inserido, suas
desigualdades e
suas contradies.
No entanto,
nenhum modo
de conhecimento
disponvel est
imune a isto
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mas reproduz suas diferenas e seus diversos modos de existncia e de expanso, gerando uma profunda transformao na contemporaneidade (Castells, 2007, p.246). As tecnologias digitais
intervm nas rotinas produtivas do jornalismo e geram novos
formatos de notcia como o texto informativo no linear marcado
pela multimidialidade e pela interatividade. No hipertexto o leitor navega priorizando os links que desejar, e se esta perspectiva no transforma o estilo jornalstico marcado pela conciso,
pela sntese, pela clareza e a objetividade (SODR, 2009, p.208)
provoca mudanas nos modos de apropriao dos relatos jornalsticos, sobretudo no telejornalismo e na construo de notcias
que utilizam a linguagem audiovisual e recursos multimdia na
internet, podendo gerar possibilidades de atribuir outros sentidos experincia da realidade social representados e construdos
nas enunciaes dos acontecimentos. A digitalizao no condio para a convergncia, mas promove uma acelerao antes
impensada na vida social. Para Jenkins (2008, p.27-28) a convergncia no deve ser compreendida apenas como um processo tecnolgico que une mltiplas funes dentro dos mesmos aparelhos
porque tambm define transformaes mercadolgicas, culturais
e sociais, e dependende da participao ativa dos consumidores.
Segundo Manovich (2001), novas experincias de linguagens so
geradas a partir da unio de banco de dados s narrativas. E o
hipertexto tambm traz novas possibilidades de escrita e de leitura (JOHNSON, 2001, p.83-84). Compreender como o ciberespao oferece outras maneiras de elaborar as narrativas, estabelecendo relaes entre cinema, jogos e literatura uma proposta
de Murray (2003), que descreve a transformao de uma mdia
para outra como um processo evolutivo. H quase sessenta
anos, quando a TV era inaugurada no Brasil, as notcias eram
lidas ante uma cmara. Levou anos para o aprimoramento de novas tcnicas que tirassem proveito da nova mdia: filmagens com
cmeras mais leves e em maior quantidade, transmisses ao vivo
de diferentes locaes numa mesma cobertura, vdeos gravados,
artes e grficos. Hoje, as fronteiras formais e materiais entre os
suportes e as linguagens foram dissolvidas, as notcias so compostas das mais diversas fontes. A diferenciao entre os meios
j no to evidente e as novas tecnologias permitem inovao
e gerao de mltiplos contedos simultneos e diferentes. Mas,
as passagens que se operam entre a fotografia, o cinema, o vdeo
e as mdias digitais so marcadas por tenses e ambiguidades
(MACHADO, 2007, p.77). A conscincia crtica dos efeitos das
novas tecnologias demanda uma reflexo para onde toda essa hibridizao nos conduz nas rotinas produtivas do jornalismo, at
porque a funo da mdia de organizar e hierarquizar a realidade nos relatos dos acontecimentos ocorre de forma mais expressiEstudos em Jornalismo e Mdia - Ano VI - n. 2 pp. 95 - 111 jul./dez. 2009
Hoje, as fronteiras
formais e materiais
entre os suportes
e as linguagens
foram dissolvidas,
as notcias so
compostas das mais
diversas fontes. A
diferenciao entre
os meios j no
to evidente e as
novas tecnologias
permitem inovao
e gerao de
mltiplos contedos
simultneos e
diferentes
101
Um Panorama da
Produo Jornalstica
Audiovisual no Ciberespao,
as experincias das redes
colaborativas. Trabalho
apresentado no GT Estudos
de Jornalismo Comps
2009.
3
102
a alfabetizao digital tem transformado os cibernautas ordinrios em prosumidores em ingls, prosumer procede da fuso de
duas palavras: producer (produtor) e consumer (consumidor),
e o advento dos prosumidores antecipa o fim da era dos meios
massivos e da produo centralizada de imagens, uma vez que o
ambiente digital estimula a criatividade e a autonomia (ISLAS,
2007, p.74).
Diferentes experincias informativas no ciberespao so analisadas, a partir da hipertextualidade, uma forma no linear de
estruturar e acessar informaes numa plataforma digital promovendo relaes com outros dados por meio de links; da interatividade, considerando que os membros da audincia podem
iniciar e desenvolver aes plenas de comunicao tanto com o
meio quanto com outros usurios; e da multimidialidade, que
indica a integrao em um mesmo suporte de diferentes formatos
e linguagens (Albornoz , 2007, p.54). claro que a qualidade dos
contedos informativos no depende dessas categorias ( Salaverria, 2005, p.517). Um contedo de um site jornalstico pode
ser excelente sem recorrer a essas possibilidades, at porque um
texto com infinidades de recursos pode carecer de valor informativo. Mas, essas caractersticas narrativas das notcias no ciberespao apresentam novas construes discursivas que devem
ser avaliadas e exploradas. As recentes mudanas provocadas
pelas novas tecnologias de comunicao tm introduzido ainda
diferentes possibilidades de tratamento da imagem e mudanas
significativas no tempo e na velocidade de produo, armazenamento, distribuio e consumo de informaes televisuais. Os
relatos jornalsticos na TV e na web esto mesmo cheios de novidades que desestabilizam o funcionamento da tradicional economia da imprensa. Em momentos de profundas transformaes e
rupturas surgem novas perspectivas que devem ser analisadas.
As prticas jornalsticas audiovisuais experimentam mudanas
expressivas nos formatos de notcias que demandam reflexes
crticas consistentes para valorizar o jornalismo como forma de
conhecimento e para a democratizao da sociedade. A sistematizao de parmetros de qualidade se constitui como referncia
relevante e questo complexa porque as notcias audiovisuais
constituem lugar de referncia expressivo na cultura da mdia e
na organizao da vida social.
As prticas
jornalsticas
audiovisuais
experimentam
mudanas
expressivas nos
formatos de notcias
que demandam
reflexes crticas
consistentes
para valorizar
o jornalismo
como forma de
conhecimento
e para a
democratizao
da sociedade
103
A busca da participao
dos leitores na construo
dos discursos jornalsticos
teve origem nos Estados
Unidos no final do sculo XX
. Uma das primeiras ideias
envolvidas pelo conceito
de civic journalism foi a
de motivar a populao
a escolher candidatos
que se comprometessem
com as necessidades das
comunidades. No Brasil,
o jornalismo pblico no
tem sido adotado como
uma cpia da verso
norte-americana. Segundo
Luiz Martins da Silva
(2002, p.86), o que tem
caracterizado o jornalismo
pblico brasileiro a
inteno de no apenas
servir dos fatos sociais no
que de dramtico, mas
agregar aos valores-notcia
tradicionais elementos de
anlise e de orientao do
pblico quanto soluo
dos problemas, organizaes
neles especializadas e
indicaes de servios
disposio da comunidade.
Esse conceito implica
numa associao entre o
exerccio do jornalismo e
da cidadania. O jornalismo
participativo criado por
comunidades em rede que
valorizam a colaborao
e consiste na produo
de contedo e numa
comunicao em rede.
Bowman & Willis (2003,
p.9) definem o jornalismo
participativo como um
ato de um cidado ou um
grupo de cidados que
desempenham papel ativo
no processo de coletar,
reportar, analisar e
disseminar informao de
um modo independente. O
jornalismo participativo
um fenmeno emergente.
4
104
105
106
de tempo. E se todas as partes do espao podem ser atingidas, nenhuma tem valor especial, logo no haveria razo para se preocupar em garantir o direito de acesso a qualquer uma delas (BAUMAN, 2001, p.136). Se essa reflexo for aplicada na relao entre produo, circulao e consumo de informaes jornalsticas,
poderamos dizer que a demanda do imediatismo e da inovao
que marca a superabundncia de notcias gera relatos cada vez
mais enxutos e descartveis, a instantaneidade tende a esvaziar
os contedos, at porque a durao de uma apurao consistente
de uma fato social bem maior do que o tempo de transmisso e
publicao do relato do acontecimento e est em desacordo com
a lgica da instantaneidade e do mercado. Alm disso, se todas
as notcias se tornam relativamente iguais como as referidas
partes do espao, s faria sentido acess-las se apresentassem
um atributo de qualidade mais evidente, substituindo o valor da
instantaneidade como marca da temporalidade do relato jornalstico pela proximidade de fontes de incerteza e de diversidade.
Nesse sentido, quando a compreenso do tempo na contemporaneidade se transforma, somos provocados por algumas outras
inquietaes: Que tipo de discurso jornalstico preciso construir
frente as novas configuraes do tempo? Que responsabilidades a
prtica jornalstica deve assumir para que nossos jornais e TVs
sejam menos ocupados por fofocas sobre celebridades pblicas
ou por puro entretenimento e pela publicidade? Quais seriam
as caractersticas necessrias para que uma informao jornalstica fosse capaz de promover alguma conscincia crtica sobre
uma determinada realidade histrica? As novas relaes entre
tempoespao, portanto, tambm demandam outras referncias
sobre as prticas jornalsticas que possam reafirm-las como formas de conhecimento superando a homogeneidade dos discursos
e privilegiando o reconhecimento das diferenas.
A prpria hibridizao dos meios marcada por processos interativos e multimidticos e a quebra de uma leitura linear das
mensagens, como j referido, tambm implica na sistematizao
de parmetros de um jornalismo de qualidade de modo relevante
porque as emissoras de televiso e os portais jornalsticos comprometidos com a explorao dos potenciais da web podem buscar aspectos originais e criativos na apurao e na construo
das notcias, incorporando elementos simblicos constitutivos
de valores e identidades diferenciados, promovendo um jornalismo mais contextualizado, mesmo que ainda limitado pelas novas
rotinas de produo e atribuies impostas aos profissionais que
trabalham na TV e na Internet.
Os parmetros de qualidade nas prticas jornalsticas, porm,
suscitam distintas definies e ainda esto sendo contrudos
nas reflexes acadmicas sem a nfase necessria. No devemos
Estudos em Jornalismo e Mdia - Ano VI - n. 2 pp. 95 - 111 jul./dez. 2009
As novas relaes
entre tempo
espao, portanto,
tambm demandam
outras referncias
sobre as prticas
jornalsticas que
possam reafirmlas como formas
de conhecimento
superando a
homogeneidade
dos discursos e
privilegiando o
reconhecimento
das diferenas
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Consideraes Finais
A informao de fatos relevantes para a sociedade ponto central da atividade jornalstica e pressupe um respeito ao interesse pblico, um compromisso com a divulgao do que sirva
para benefcio comum, ou do que se imponha como necessidade
coletiva. As relaes das empresas de comunicao com os poderes pblicos e privados limitam a construo de relatos jornalsticos, assim como as condies de produo, e os recursos
financeiros disponveis para serem investidos em matrias mais
elaboradas. No podemos compreender o jornalismo como uma
atividade filantrpica, a notcia um produto, mas h possibilidade de trabalhar os contedos jornalsticos, garantindo lucros,
com notcias mais contextualizadas. Afinal, as transformaes
podem originar-se parcialmente no discurso (Fairclough , 2001,
p.92), e os discursos jornalsticos representam e constituem a
esfera pblica, o princpio de organizao que permite s pessoas se unirem politicamente. Com base no pensamento de Habermas (2003, p.283-284), o termo jornalismo pblico e o emergente jornalismo participativo se justificariam pela definio
de um modelo de prtica jornalstica que permitiria indivduos
(reivindicantes de uma esfera pblica democrtica) participar, se
reunindo em pblico num espao miditico supostamente aberto para discutir a sociedade, buscar representao e apreender
maneiras de exercer sua cidadania. Mas, nem sempre os ngulos determinados na produo das reportagens com seus diferentes enquadramentos que conferem significados realidade
Estudos em Jornalismo e Mdia - Ano VI - n. 2 pp. 95 - 111 jul./dez. 2009
Observamos
que tambm
no ciberespao
uma produo
jornalstica de
qualidade implica
em diversidade
de acesso e
contedo. Mas,
essas premissas
demandam novas
investigaes
e definies de
percursos tericos e
metodolgicos mais
precisos referentes
s singularidades
e s inovaes
de narrativas
jornalsticas
audiovisuais
hbridas no
meio digital
108
Referncias
ALBORNOZ, Luis A. Periodismo digital: Los grandes dirios em la Red.
Buenos Aires: La Cruja, 2007.
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BECKER, Beatriz e GONZALES, Celeste. The past and the future of BraEstudos em Jornalismo e Mdia - Ano VI - n. 2 pp. 95 - 111 jul./dez. 2009
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