AULA de LITERATURA: Intertextualidade
AULA de LITERATURA: Intertextualidade
AULA de LITERATURA: Intertextualidade
Contedo:
Noes
de
intertextualidade;
Processo
de
intertextualidade:
afirmar
que
intertextualidade
leitores.
Mais claro ainda dizer:
Textos primeiros inexistem tanto quanto as
puras cpias; o apagar no nunca to acabado
que no deixe vestgios, a inveno, nunca to
nova que no se apoie sobre o j-escrito.
(SCHNEIDER,1990,p.71)
reconhecida
como
enunciada
em
outra
situao,
quer
identifiquemos ou no.
Em termos simples: ao estabelecermos relaes entre os nossos dizeres e os
dos outros no o fazemos apenas os transpondo ao p da letra. Ocorre, isto sim, um
processo de reinterpretao, o qual nos permite julg-los confirmando seus
sentidos ou at mesmo os modificando. Mas como acontece essa modificao?
Vejamos alguns exemplos a seguir.
2. Processo de intertextualidade: exemplos e anlise
A Cano do Exlio de Gonalves Dias, texto-matriz (ou texto-fonte), foi
produzida no primeiro momento do Romantismo Brasileiro, poca na qual se vivia
uma forte onda de nacionalismo, que se devia ao recente rompimento do Brasilcolnia com Portugal. O poeta trata, neste sentido, de demonstrar a verso aos
valores portugueses e ressaltar os valores naturais do Brasil.
por
Affonso
*Ufanista: sm. 1. Patriotismo exagerado. 2. P.ext. Atitude de quem se vangloria exageradamente de alguma coisa.
188022
Cano do exlio
Murilo Mendes
Minha terra tem macieiras da Califrnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
so pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exrcito so monistas, cubistas,
os filsofos so polacos vendendo a prestaes.
A gente no pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em famlia tm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores so mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil ris a dzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabi com certido de idade!
(Poemas,1925)
uma
birra
familiar
dependurada
na
parede.
A visvel insatisfao com tanta estrangeirice no pas retomada com nfase nos
versos 11 e 12, em que confessa como se sente diante da patente invaso. O poeta
no deixa de elogiar sua ptria, fazendo referncia superioridade de nossas flores e
frutos, mas intercala um preo, pois custam cem mil ris a dzia. Como tpica das
intenes modernistas a valorao do que nosso atravs de uma atitude combativa,
dinmica
agressiva.
(Em:
Relquias
da
casa
velha:
13030
3.Proposta de trabalho
Agora, renam-se em duplas e discutam os textos abaixo respondendo s
questes propostas.
Cano do exlio
Fernando Bonassi
Imagem:http://opiniaoecriticabrasil.blogspot.com.br/2011/11/tenho-vergonha-sim.html
Minha terra tem campos de futebol onde cadveres amanhecem emborcados pra
atrapalhar os jogos. Tem uma pedrinha cor-de-bile que faz ruim na cabea da
gente. Tem tambm muros de bloco (sem pintura, claro, que tinta a maior
frescura quando falta mistura), onde pousam cacos de vidro pra espantar malaco.
Minha terra tem HK, AR15, M21, 45 e 38 (na minha terra, 32 uma piada). As
sirenes que aqui apitam, apitam de repente e sem hora marcada. Elas no so mais
as das fbricas, que fecharam. So mesmo dos cambures, que vm fazer
aleijados, trazer tranquilidade e aflio. (Em: Os cem melhores contos brasileiros do
sculo, Objetiva, talo Moriconi, organizador)