Flora Kidd - Adorável Tortura (Sabrina Edição de Natal 02) - 1
Flora Kidd - Adorável Tortura (Sabrina Edição de Natal 02) - 1
Flora Kidd - Adorável Tortura (Sabrina Edição de Natal 02) - 1
Passionate Pursuit
Flora Kidd
Divrcio, divrcio...
A palavra martelava-lhe a mente, enfiava-se em seu peito com agudeza e a
crueldade de um punhal. Samantha no podia mais se iludir. Era preciso abandonar a ilha
de Antigua, aquele paraso terrestre incrustado no mar do Caribe, e voltar a nebulosa
Londres, abandonando um marido que nem sequer a tocava, h 2 anos!
E como faziam falta suas carcias...
Pena que em Antigua ela deixaria para sempre a felicidade e a esperana de amar!
Porqu seu marido, Craig Clifton, era o nico homem capaz de despert-la para a vida e
acender em seu corpo a chama da paixo.
Digitalizao: Dada H.
Reviso: Carmita
CAPTULO 1
entusiasmada com seu emprego. Trabalhava numa editora que publicava no apenas
jornal, mas vrias revistas, inclusive uma dirigida especificadamente ao pblico feminino.
Exercia suas funes no departamento de publicidade da revista feminina, cuidando dos
anncios. Procurava aprender tudo o que podia a respeito da produo de uma revista,
pois tinha a ambio de um vir a ser a editora-chefe.
Jovem e entusiasmada, cheia de ideias feministas que tinham sido incutidos por
sua me, uma mulher muito politizada. Samantha era o mesmo tempo um pouco ingnua
e ignorante das escusas manobras de bastidores que levavam as grandes companhias a
engolir as pequenas. Nunca tinha ouvido falar da Empresa Clifton, uma companhia
canadense proprietria de uma cadeia de jornais na Austrlia e no Canad, e que
procurava meios de adquirir um jornal ingls.
Quando lhe solicitaram para acompanhar um homem chamado Craig Clifton at as
salas onde era produzida a revista feminina, Samantha no tinha a menor idia de que
era o herdeiro de uma empresa que faturava milhes. Agora se lembrava de que havia
gostado dele assim que o vira. Apreciou o fato de ele trat-la em p de igualdade e de lhe
fazer perguntas inteligentes a respeito da revista.
Craig ouvia suas respostas com ateno, sem deixar de fita-la sequer por um
momento com aqueles olhos cinzentos e observadores.
Depois que se despediram, Samantha no pensava em rev-lo e ficou
sinceramente surpreendida quando ele voltou no dia seguinte ao departamento de
publicidade convidando-a para ir ao teatro naquela mesma noite. Ela aceitou, muito
contente, pois se tratava do musical Evita, que desejava muito ver mais para o qual no
tinha conseguido entradas at aquele momento.
Nas semanas seguintes os dois se encontraram muitas vezes. Descobriram que
tinham muitos interesses em comum e apreciavam a companhia um do outro. Em nenhum
momento Craig falou de seu relacionamento com Howard Clifton, o milionrio dono de
jornais ou porque se encontrava na Inglaterra. Disse apenas que era do Canad, morava
e vivia em Toronto e estava na Inglaterra a fim de representar a empresa em que
trabalhava.
De repente Craig desapareceu de sua vida to abruptamente como tinha surgido,
sem comunicar que ia embora e sem dizer se voltaria.
Samantha ficou magoada e surpreendida consigo mesma, pois sempre havia se
considerado muito liberada em suas atitudes com o sexo oposto. No era de seu feitio
apaixonar-se por um homem que o conhecesse h pouco tempo.
Aquela havia sido a pior primavera de sua vida, pois lutara para esquec-lo e tinha
fracassado. Seus dias e noites eram invadidos pela lembrana de Craig e seus beijos.
Ento na noite de uma sexta-feira de junho, quando deixava o escritrio, ele surgiu diante
dela, como se nunca tivesse partido. Ignorando as duas pessoas que a acompanhavam,
beijou-a na boca e lhe fez aquela proposta absolutamente inesperada:
Quer se casar comigo, Samantha?
Ela sentiu-se to feliz ao v-lo que se atirou em seus braos.
Quero, sim, sem dvida! declarou.
Samantha percebeu que o carro diminuiu a marcha. Deixou as recordaes de lado
e olhou pela janela. A estrada descia por uma colina e ela viu as guas azuis de uma
pequena baa, guardada por dois rochedos.
Logo chegaram a um porto aberto, seguindo por uma alameda junto qual se
alinhavam imponentes palmeiras. A alameda terminava no ptio forrado de lajotas de
pedra, para a qual davam as arcadas de uma construo baixa e comprida. As paredes
muito brancas brilhavam ao sol e as janelas estavam cobertas por toldos azuis e verdes.
O carro mal tinha acabado de parar quando um homem desceu os degraus,
aproximando-se. Era Jeremiah Smith, o mordomo de Howard Clifton, e estava todo
vestido de branco. Era srio e calmo e em seus olhos muito negros havia uma expresso
de tristeza.
Seja bem-vindo, sr. Craig ele disse, com as tpicas boas maneiras e a voz
macia dos moradores de Antgua. Abriu a porta para Samantha e foi at o bagageiro.
Pode deixar que eu levo as malas, sr. Craig. Acho que o senhor vai querer tomar um
banho e mudar de roupa, no mesmo? Eu o acompanho at seu quarto.
Obrigada, Jeremiah. Como vai? Perguntou Craig, demostrando interesse e
considerao.
No posso me queixar, senhor, no posso me queixar... disse Jeremiah de
bom humor, pegando as malas e olhando para Samantha. O sr. Farley perguntou pela
senhora. Disse que est sua espera, na piscina.
Farley?! exclamou Craig, sem disfarar uma leve irritao. H quanto
tempo ele est aqui?
Chegou na semana passada disse Samantha.
Mas ele deveria estar na universidade. O semestre ainda no terminou.
Parece que no tem passado muito bem e Carla decidiu que ele deveria
descansar informou Samantha, com alguma hesitao.
Craig ficou muito aborrecido. Praguejou baixinho e, com ar decidido, entrou em
casa. Samantha hesitou durante alguns segundos antes de segui-lo.
O vestbulo estava forrado com Lajotas e a moblia se resumia a alguns divs muito
simples, em cima dos quais se viam almofades verdes.
Havia uma porta de vidro, que dava para a piscina.
Samantha foi at l e sentou-se a uma das mesas cobertas por um guarda-sol. O
jovem que nadava na piscina deu algumas braadas em sua direo e saiu. Era magro e
no muito alto. Suas costelas apareciam sob a pele bronzeada. Tinha os cabelos negros,
encaracolados e to compridos que chegavam pelos ombros. Seus olhos, a exemplo dos
de sua me, Carla Clifton, eram grandes e negros. Farley sentou-se ao lado de
Samantha.
Ele chegou? perguntou.
Sim.
Voc lhe contou que estou aqui?
No. Foi Jeremiah quem contou, ao me dar seu recado, Craig perguntou por que
voc est aqui.
E...
E disse que voc est doente e Carla achou melhor que descansasse alguns
dias.
O que ele disse?
No tenho certeza, mas parece que ficou aborrecido. Samantha sorriu.
Quer dizer ento que est zangado comentou Farley, desanimado Meu
Deus, o que eu fao? Craig vai ficar maluco quando descobrir que sa da universidade.
Eu no sabia disso!
Nem eu, at est manh, quando decidi no voltar mais. No importa o que meu
pai ou Craig digam, mas o fato que no posso voltar. No sou feito de pedra. Se por
acaso eu voltar, terei mais uma depresso nervosa. No aguento mais. Farley colocou
a mo sobre a de Samantha. Graas a Deus voc est aqui, Samantha! Sabe o que
enfrentar Craig e lhe dizer como se sente, no mesmo? Entende perfeitamente o que
se chocar contra a vontade dele.
Creio que sim...
Voc no quer falar ele a meu favor? o rapaz pediu em um tom de splica.
no quer procurar convenc-lo de que no levo o menor jeito para seguir carreira no
mundo dos negcios? Diga que o que mais desejo ser um cantor, divertir as pessoas
com minhas msicas, como minha me costuma fazer...
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Tentarei.
Obrigado, obrigado ele murmurou, beijando a mo de Samantha. Gosto
muito de voc. Sabia disso? Preferia que no tivesse casado com aquele mostro
insensvel que meu irmo. Gostaria de poder ir embora com voc, para sempre...
Farley, pare com isso! Por favor, comporte-se ela protestou, tentando retirar a
mo.
De repente algum se aproximou e Samantha levantou os olhos.
Craig, usando um mai minsculo, contemplava as mos dela, entrelaadas com
as de Farley.
CAPTULO II
nas areias amareladas e as ondas, de um verde muito claro, vinham morrer na praia. Sob
um jirau de madeira, construdo especialmente para abrig-las, havia duas pranchas de
windsurfe.
Samantha tirou o longo vestido de algodo. Usava um mai negro, com listras
azuis, muito justo, e que lhe valorizava o corpo bem-feito. Pegou uma das pranchas
levando-a at a beira da gua. Ajustou ento o mastro no centro da prancha e empurrou-a
para dentro do mar, at ela flutuar. Em seguida subiu, certificou-se de que lado o vento
soprava e desfraldou a vela.
A prancha avanou, impelida pelo vento que inflava a grande vela vermelha e
amarela. Samantha se equilibrou, dobrou os joelhos contrapondo-se fora do vento, e a
prancha deslizou com velocidade ainda maior.
semelhana de uma borboleta provida de uma nica asa, a prancha avanou
pelas guas rasas da baa. O vento assobiava e Samantha entregou-se totalmente ao
prazer de velejar. Seguiu em frente at chegar a uma ponta da areia, nas proximidades de
um rochedo.
Logo que se viu perto da praia soltou a vela, que pendeu e caiu no mar. Ento
empurrou a prancha para o raso, tirou o mastro do orifcio central e estendeu a vela para
secar. Deitou-se em seguida na areia, sabendo que ali ningum viria perturb-la, pois a
pequena praia era praticamente inacessvel. S se poderia chegar at l num bote ou
numa prancha de windsurf.
Era bom estar sozinha por um tempo e sentir o sol aquecer sua pele; estava
contente por ter descoberto aquele lugar maravilhoso, no muito distante da residncia
dos Clifton, Farley no apreciava o windsurfe e jamais a acompanhava em suas
expedies, desde que ela havia chegado ilha.
Deitada de bruos, Samantha fecho os olhos. No poderia expor-se ao sol durante
muito tempo e pretendia ficar ali apenas alguns minutos, a fim de queimar um pouco mais
os braos, pernas e ombros.
Que tranquilidade! Ouvia apenas o barulho suave do mar, o vento assobiando de
mansinho entre as folhas das palmeiras e s vezes alguma gaivota.
No entanto sua mente no estava nada tranquila. Achava-se mergulhada na mais
completa confuso, devido presena de Craig.
Seria verdade o que Carla dissera? Howard a teria convidado para se hospedar
naquela casa s por saber que Craig viria, se tivesse certeza da presena dela ali? Abriu
os olhos e, tomando um punhado de areia, deixou-o escapar pelos dedos. Se Craig
realmente quisesse t-la encontrado, naqueles dois ltimos anos, nada o impediria de vla em Londres. Sabia onde ela morava, onde trabalhava, mas nunca a procurava, desde
que se separaram, e jamais lhe pedira voltar a viver com ele em Toronto.
Teria concordado caso ele pedisse? Teria partido para uma reconciliao, se ele
desse o primeiro passo nesse sentido? No fundo, sabia que sim. Desejava que ele
surgisse subitamente, declarando que a amava e que no conseguia viver sem ela.
Algumas vezes, quando estava deprimida, tinha mpetos de se demitir do emprego e
tomar um avio para o Canad. Diria ento a Craig que j no suportava mais ficar
sozinha e que no desejava outra coisa alm de voltar a fazer parte da vida dele.
Somente o orgulho e a recordao de Morgana a tinham impedido de ceder a esse
impulso.
Morgana..., ela pensou e fechou os olhos, vindo-lhe mente a imagem daquela
criatura.
Morgana Taylor tinha cabelos ruivos e revoltos que lhe molduravam o rosto magro
e triangular; seus olhos, muitos escuros, possuam de vez em quando uma expresso
trgica e os lbios eram carnudos e sensuais, sempre pintados de vermelho. Ela era filha
de um milionrio canadense, mas tinha adquirido uma bela reputao como autora de
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romances bem escritos sobre a causa feminista. E um dia Craig deveria se casar com
essa mulher...
Morgana havia surgido subitamente na mesa dos Clifton, num jantar em benefcio
do Centro dos Escritores, em Toronto. Sua pele muita clara e os cabelos ruivos eram
ressaltados pelo vestido negro que usava. Cumprimentara Craig com uma voz macia e
aveludada lanando-lhe um olhar provocador; um verdadeiro convite para a cama, como
tinha parecido a Samantha. Ele se levantara, muito educado, apresentando Morgana a
Samantha.
sua mulher? Meu querido, no tinha a menor idia de que voc fosse casado!
Quando isso aconteceu? E onde?
H quase um ano em Londres dissera Craig, sorrindo Imagine, daqui a
pouco vamos comemorar o nosso primeiro aniversrio juntos!
Morgana sentara-se ao lado de Craig, e a partir desse momento monopolizara a
ateno dele, dirigindo-lhe a palavra em voz baixa e ignorando completamente a
presena de Samantha, Bill e Judy Felton, alm de alguns escritores muito conhecidos
que a empresa convidara para jantar.
Quem ela? Samantha perguntara a Judy, quando as duas foram at o
toalete.
a mulher com quem Craig iria casar, antes de conhecer voc em Londres.
E eles estavam noivos?
No exatamente. Morgana no se prende a convenes antiquadas como um
noivado, mas era ponto pacfico que iriam se casar. Eles se conhecem h anos. Conrad
Taylor, o pai de Morgana, presidente de uma grande companhia de investimentos, e
Howard Clifton sempre encararam esse casamento com grande interesse. Ele poderia
significar tambm a unio de duas fortunas imensas.
E porque no deu certo?
Ningum sabe. Por que voc no pergunta a Craig?
Samantha fizera isso ainda naquela noite, quando se preparavam para dormir, na
elegante casa situada em um dos bairros da moda, nos arredores de Toronto.
Judy me contou que voc e Morgana Taylor estiveram para se casar ela havia
dito de repente, ao se deitar.
mesmo? ele respondera com indiferena, vestindo a cala do pijama.
E verdade ou no? ela insistiu, um tanto incomodada com o que estava
sentido.
Samantha estava casada com Craig h quase um ano e tinha acabado de perceber
que desconhecia inteiramente a vida do marido antes que ele a tivesse conhecido. Estava
apaixonada e fascinada demais pelo lado fsico de seu casamento para pensar nas
mulheres que ele teria encontrado at ento. Pela primeira vez naquela noite soubera o
que significava sentir cimes, o que a deixava chocada.
Do que voc est falando? perguntou Craig, deitando-se ao lado dela.
Algum dia voc pretendeu casar com a Morgana Taylor?
Craig apagou o abajur e, depois de puxar Samantha para bem junto de si, passoulhe um brao em torno da cintura, entrelaando suas pernas com as dela. Ao sentir o
cheiro msculo que se desprendia daquele corpo. Samantha sentiu o desejo se apoderar
dela.
A nica mulher com quis casar foi voc ele murmurou, beijando-a e pondo um
ponto final naquela conversa.
No foi, porm, o fim de Morgana. Ela surgia a todo momento, nas festas dadas
pelos amigos de Craig, nos jantares a que ele e Samantha eram convidados, no clube de
iatismo, no clube de golfe...
Em todos esses lugares procurava monopolizar a ateno de Craig; ela o beijava e
abraava, dizendo muito sorridente a Samantha que seu afeto era o de uma irm.
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provavelmente teria decidido que ser mulher de um rico homem de negcios com a
mentalidade de um playboy no era bem o que voc queria. Se esperasse, teria
descoberto o que est sabendo agora e teria toda liberdade para mudar de idia. Quer
continuar casada com ele?
No sei... Ainda no me fiz esta pergunta. Eu me sinto to confusa! No comeo
fui muito feliz! Eu o amava e gostava de estar em sua companhia. Detesto quando ele
viaja e me deixa sozinha. No sei o que fazer de mim.
Voc poderia arranjar um trabalho. Ser que no consegue uma colocao em
alguma editora de Toronto?
Craig no deixa.
No deixa? Mas como ele pode fazer isso?
Vive dizendo que no quer que eu trabalhe. Se eu arranjar um emprego, ele vai
interferir e me impedir de ser contratada. Sugeriu que entrasse para algum grupo de
mulheres que trabalhasse com assistncia social e foi o que fiz, mas no me acostumei.
No acreditava que minha filha um dia fosse permitir que um homem a
dominasse desse jeito! Ento no v que cometeu um erro ao se casar com ele?
Mas eu amo Craig!
Pare de dizer bobagens! O amor romntico mito e quanto mais cedo voc
perceber, melhor. Craig Clifton apressou esse casamento antes que voc tivesse tempo
de pensar. Provavelmente no conseguiria lev-la para a cama sem antes prometer que
colocaria uma aliana em seu dedo. Voc sempre teve algumas reservas quanto ao sexo
antes do casamento.
No verdade! Craig jamais me pediu para dormir com ele antes de casarmos.
Mas ento por que ele, que afinal de contas vai herdar milhes de dlares,
escolheu justamente voc?
Eu costumava pensar que ele gostava de mim por aquilo que eu sou...
murmurou Samantha, sentindo-se muito infeliz.
Mas agora no tem tanta certeza assim...
De fato, no. Oh, mame, no sei o que fazer!
Fique aqui por mais tempo e deixe Craig dar o primeiro passo.
Samantha concordou imediatamente com aquela sugesto e demorou um ms
para que Craig se manifestasse. De repente ele apareceu e ela ficou to feliz ao v-lo que
se esqueceu de todas as suas dvidas que surgiu uma discusso entre eles.
Prefiro morar perto de Londres ela declarou.
Por que?
Porque me ofereceram um emprego.
Onde?
No corpo editorial da revista O Mundo da Mulher.
Ela agora pertence a Clifton.
Eu sei. Lembro que foi por isso que voc esteve aqui no ano retrasado. Veio
fechar a compra da revista.
Posso exercer presses e fazer a revista retirar a oferta.
Se voc fizer isso, eu o deixarei. Craig, ser que voc no enxerga que no
sirvo para ser sua mulher? No fui criada para ficar trancada em casa, sem fazer nada.
Quero voltar a trabalhar e provar que posso fazer carreira na rea editorial! Samantha
fez uma pausa e repetiu as palavras de sua me. No deveria ter me casado com
voc, quando me pediu. Era prefervel esperar, mas voc me apressou.
Craig ficou muito plido, mas no discutiu mais com ela. Tambm no solicitou que
voltasse para o Canad e ficou a estud-la friamente durante alguns momentos.
Est bem. Entendi o recado. Voc quer se separar e assim ser. Talvez ns dois
precisemos de algum tempo para descobrir se realmente desejamos ficar casados. Ele
sorriu com ironia. Acho que apressei voc, no mesmo? Foi preciso ... Craig se
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Ele estava de p, ao lado dela, e gostas de gua lhe escorriam pelo corpo
bronzeado. Junto a Craig se encontrava a outro prancha de windsurfe, pousada sobre a
areia.
Como sabia que estava aqui?
Vi voc sair da praia e resolvi segui-la ele disse, sentando-se ao seu lado.
Como v, ainda sei manobrar uma prancha de windsurfe... Lembra o quanto nos
divertimos, quando voc tomou as primeiras lies nas Bahamas?
A expresso de Craig era francamente sensual e ele sorriu, como se quisesse dar
um outro sentido ao que dizia. Ao falar em diverso, ele se referia implicitamente ao fato
de que, naqueles dias, Samantha tinha aprendido a fazer amor. Era uma maneira sutil de
tocar na intimidade que havia existido entre eles.
Algo de muito perturbador se agitou no ntimo de Samantha, em reao ao modo
como ele a encarava e isso lhe despertava o desejo.
L estava ele, bem perto, irradiando uma forte sensualidade. Bastava Samantha
estender um pouco a mo e tocaria aquela coxa peluda e musculosa.
Craig se estendeu subitamente na areia, colocando as mos debaixo da cabea.
E aqui estamos, tomando sol, embora voc alegasse que tinha muito o que fazer
... ele comentou.
No ser por muito tempo disse ela, levantando-se. Vou voltar.
Samantha fez meno de pegar a prancha, mas, quando menos esperava,
tropeou e caiu. No mesmo instante Craig procurou ajuda-la.
O que aconteceu?
Ora, voc muito bem o que aconteceu ela disse com irritao, livrando-se
dele com um gesto brusco. Foi voc quem estendeu a perna e me fez tropear!
Samantha se levantou imediatamente, decidida a entrar no mar, mas Craig
segurou-a pelo pulso. Ela lhe deu um empurro, mas tropeou novamente e perdeu o
equilbrio, caindo no mar. Subitamente ele a agarrou pela perna.
Samantha afundou e engoliu um bocado de gua. Presa pelos braos musculosos
de Craig, foi puxada para a superfcie. Ele a obrigou a se levantar e apertou-a de tal forma
de encontro ao corpo que ela sentiu a perturbadora prova de sua virilidade bem junto de
si.
Samantha o encarou. Havia uma ameaa sensual no modo como os lbios de
Craig se abriam medida que se aproximavam dos dela. Lutando o quanto podia contra a
paixo que ameaava domin-la, ela tentou mais uma vez livrar-se dele.
No, Craig, no quero, no quero!
Claro que quer, meu amor! Ns dois queremos. J faz tempo, muito tempo...
ele murmurou com voz rouca de desejo, comeando a beij-la, enquanto com as mos
lhe acariciava todo o corpo.
Ela precisou apelar a todos as suas reservas de autocontrole para no
corresponder quele beijo. Quando finalmente Craig se afastou, Samantha partiu para o
ataque.
Voc no mudou nem um pouco, no mesmo? Ainda acha que pode aparecer
quando bem entende e controlar a situao, mesmo depois de dois anos de separao, e
isso sem a menor explicao e sem levar em conta os meus sentimentos. Por favor, me
solte. Quero ir embora. No aguento mais este lugar. Voc estragou tudo, vindo para c.
Craig a soltou imediatamente a ela foi fincar o mastro na prancha.
Julgou que ele a seguiria, mas quando se voltou para olh-lo ele corria em direo
ao mar. Protegendo os olhos contra os reflexos do sol na gua. Samantha o viu
mergulhar.
Craig surgiu mais adiante, afastando-se rapidamente, por meio de braadas
vigorosas. Com uma expresso de tristeza, ela ajustou o mastro prancha. Craig sempre
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tinha sido um amante forte e de poucas palavras indo diretamente ao que desejava. O
mesmo acontecia com ela, at surgir Morgana...
Vamos ver quem chega primeiro na praia? Ele gritou, aparentemente no se
importando com o fato de ter sido rejeitado.
Samantha sentiu-se um tanto desencorajada. Jamais conseguiria sequer abalar
aquele homem. Nunca poderia mago-lo, a exemplo do que ele lhe fazia.
Est bem, mas voc tem que me dar vantagem. No sou to boa quanto voc
numa prancha de windsurfe.
As duas pranchas deslizaram sobre o mar e, na nsia de chegar antes de Craig,
Samantha fez algumas manobras ousadas. Por duas vezes o mastro e a vela giraram,
jogando-a dentro do mar. Nesses momentos Craig se aproximava, perguntava aos gritos
se ela estava bem e esperava at que subisse na prancha e voltasse a velejar.
Samantha chegou praia antes dele, mas no sabia se isso havia acontecido por
velejar mais rapidamente do que Craig ou se ele tinha permitido que vencesse. Em
seguida levaram as pranchas, velas e mastros para o pequeno abrigo sob as rvores.
Voc vai ver seu pai agora? ela perguntou, julgando que deveria lembra-lo de
seus deveres. Carla ficou preocupada, pois voc no foi v-lo, quando chegou em
casa.
Sim, ela me disse comentou Craig com certa frieza. Mas voc me conhece
muito bem... H certas coisas que devem vir em primeiro lugar.
O que voc quer dizer com isso?
J fiz voc lembrar que ainda minha mulher e que tenho o direito de beij-la
quando quiser. Agora posso visitar meu pai e tentar descobrir o que tem na cabea
declarou Craig, dando um passo adiante. E beijou-a com impulsividade, antes que
Samantha pudesse dizer qualquer coisa.
Ela quase perdeu o equilbrio, diante daquela inesperada e apaixonada
demonstrao de amor e dessa vez no conseguiu controlar suas reaes. Quis se apoiar
nele para no cair no cho, mas Craig se afastou rapidamente em direo casa.
CAPTULO III
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No, no admitiria de modo algum ficar l e ser tratada daquele jeito! Partiria
imediatamente!
Quando chegou em casa, Craig j tinha entrado. Ao entrar no vestbulo deu com
Farley, que, pelo visto, eia sair. Usava uma cala de algodo e uma camiseta azulmarinho.
Por que voc partiu daquele jeito? Por que no ficou e me ajudou, conforme
prometeu? ele se queixou.
Sinto muito...
Ela havia esquecido completamente a promessa de ajud-lo a explicar a Craig por
que no queria voltar para a universidade. Quando Craig surgira diante deles, sentira-se
confusa como sempre, preocupada unicamente com suas reaes.
O que foi que ele disse? perguntou. Voc foi agredido pelo fato de no
querer voltar a estudar?
No, de modo algum! Ele parecia no estar nem um pouco interessado em mim.
Disse que no se importava com o que eu quero fazer com minha vida, pois precisava
pensar em coisas mais importantes. Disse mais, que eu poderia fazer o que bem
entendesse e at mesmo ir para o inferno, contanto que isso no lhe custasse nada. Em
seguida falou para minha me calar a boca e se retirou. Imagino que ele tenha ido atrs
de voc, no?
Sim. Quer dizer que voc no voltar para a Universidade de Harvard?
No. Vou para Toronto, assim que conseguir reservar uma passagem. Mas
agora preciso ir at o Hotel Miramar buscar os Taylor, que viro jantar conosco.
Os Taylor? perguntou Samantha, sentindo um aperto na garganta.
Isso mesmo. Conrad Taylor e sua filha Morgana. Ao que parece, vieram at aqui
visitar papai. At logo.
Farley, me espere ela disse, correndo atrs dele. Eu...prometi a Pamela e
a Ken Wallis que os encontraria no hotel. Devo jantar com eles, mas primeiro preciso me
trocar. Espere, por favor.
Est certo. Aguardo voc no carro.
Samantha dirigiu-se rapidamente ao quarto. Do banheiro vinha barulho do chuveiro
e imaginou que Craig estivesse l, removendo o sal da pele e dos cabelos. No teria
tempo de fazer o mesmo. Abriu o guarda-roupa, retirando um jeans, uma blusa, um suter
e roupa de baixo. Ps tudo numa sacola, pegou a bolsa, certificando-se antes que a
carteira e o passaporte estavam dentro dela, tirou o vestido e o mai, ps outro vestido
bem esportivo, de algodo branco estampado com flores coloridas, escovou rapidamente
os cabelos e saiu correndo do quarto, pois o chuveiro tinha sido desligado.
Farley estava sua espera no Cadillac, conforme o prometido, e, embora lhe
entregasse a sacola para guardar, ele no disse nada. Da a pouco seguiam pela estrada
estreita, em direo a Falmouth.
O rapaz estacionou o carro na frente do hotel, um prdio de tijolos aparentes
importados da Inglaterra, terminado em 1788 e que fora inicialmente sede da
administrao do porto. Depois tornou-se um hotel e um dos pontos de encontro favoritos
dos iatistas de todo o mundo.
Seu terrao era um dos lugares preferidos de Samantha. As belas casuarinas
proporcionavam uma sombra deliciosa e dele se enxergavam as guas azuis da baa.
Possua uma atmosfera de serenidade e todas as vezes em que Samantha ia l, sentia
que poderia ficar sentada para sempre numa das confortveis poltronas, ouvindo as
pessoas conversarem em torno dela e tomando de vez em quando um gole de alguma
bebida agradvel.
Estou aqui! algum exclamou de um dos cantos do terrao, acenando.
Pamela explicou Samantha a Farley. Os Taylor devem estar l dentro.
Imagino que sim. A que horas voc quer voltar para casa?
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Era o Falco Azul, o iate de Howard Clifton, no qual havia feito um cruzeiro com
Craig atravs das Bahamas. Ela apertou os lbios e procurou dominar a tristeza que
sentia. Tinha passado momentos to felizes naquele iate! Jamais os esqueceria,
constatou, sentindo-se um tanto deprimida.
Sabe quem o proprietrio?
Samantha percebeu que Ken lhe dirigia a palavra.
Pertence a Howard Clifton.
Tem algum parentesco com voc?
Somente pelo casamento. Pelo visto Pamela no tinha contato nada ao
marido. ... meu sogro.
Seria o mesmo Howard Clifton, proprietrio de uma cadeia de jornais no Canad
e na Inglaterra, um multimilionrio? perguntou John Wallis, com curiosidade. Ele tinha
vindo para junto do leme e sentar-se diante de Samantha.
Exatamente. Samantha sentiu um certo alvio ao ver Pamela surgir com uma
bandeja de caf. presidente da Clifton.
Foi o que pensei. Ainda outro dia, no bar do hotel, ouvi uma conversa de que
Conrad Taylor espera adquirir a Empresa Clifton. A pessoa que estava comigo me
apontou Taylor. Ele est hospedado no hotel, com sua filha. Aquilo no quis dizer
absolutamente nada para mim, mas imagino que signifique muito para voc. Naturalmente
deve estar a par da transao, no?
No, s fiquei sabendo agora. Eles... isto , os Clifton, no conversaram a
respeito de negcios comigo.
Para grande alvio de Samantha, Pamela abordou outros assuntos e os Clifton e
Taylor foram deixados de lado. Quando acabaram de tomar o caf o iate j tinha deixado
a baa, navegando em direo ao alto-mar.
As velas foram iadas, o motor desligado e o vento impulsionou o iate.
Se o vento continuar a soprar desse jeito, a viagem ser muito tranquila
observou Ken. No teremos muito o que fazer, a no ser tomar banho de sol e dormir.
Aps ajudar Pamela a lavar a loua do caf da manh, Samantha foi at o convs
e sentou-se na frente do mastro, protegida por sua sombra. O iate furava bravamente as
ondas e ao longe avistava-se uma ilha. Suas montanhas, envoltas numa neblina
avermelhada, contrastavam com o cu incrivelmente azul. Era Montserrat, conhecida
como a ilha Jardim. Olhando para o outro lado, Pamela no via o menor sinal de terra,
apenas o mar imenso, que se estendia em direo a um horizonte sem fim.
Mudou de posio e esticou as pernas, para bronze-las. Pamela se aproximou,
oferecendo-lhe um copo de suco de frutas misturado com gua de coco.
Voc encontrou um bom lugar para evitar o calor observou, sentando-se.
O convs fica muito quente a esta hora. Est gostando do iate?
muito confortvel.
To confortvel quanto ao iate de Howard Clifton? Imagino que voc tenha
viajado nele.
Viajei, sim. O Slftide mais largo e talvez no to rpido quanto ao Falco azul.
Fez-se um breve silncio, enquanto ambas tomavam o suco. A deliciosa mistura de
abacaxi, suco de laranja e gua de coco acalmou a sede de Samantha.
Detesto fazer perguntas sobre a vida particular dos outros, mas estou intrigada
com voc, Samantha. Se eu lhe perguntasse por que se separou de seu marido, voc
diria?
Sim. No tenho nada a esconder. Decidi que no posso voltar para Toronto e
viver o tipo de vida que se espera da mulher de um executivo rico. Quero prosseguir a
minha carreira em Londres. Craig no gostou da minha deciso e sugeriu que nos
separssemos durante dois anos, a fim de descobrir o que queramos. Ontem nos
encontramos pela primeira vez, durante todo esse tempo.
23
E...
Ele se comportou como se a separao tivesse chegado ao fim.
Mas no o que voc sente, no?
Nada mudou. Ele no est mais apaixonado por mim do que quando nos
casamos. No passo de uma pausa em sua agenda de negcios, que deve ser encaixada
entre outros assuntos mais importantes, tais como organizar a Empresa Clifton, fechar
contratos e ganhar dinheiro. Alm do mais, existe Morgana Taylor.
Ah, sim, aquela escritora esquisita que conhecemos no hotel. Ela qualquer
coisa, no? profundamente egosta, pior do que qualquer homem. O que ela a ver com
seu marido?
Ele a conhece h anos. Creio que sua amante.
Meu Deus! Como foi que uma garota como voc acabou se envolvendo com
esse tipo de gente? Agora comeo a entender por que voc quis participar deste cruzeiro
conosco. No poderia ficar em Antgua enquanto a tal de Morgana estava l, sobretudo
por saber o que existe entre ela e Craig. Estou certa?
Sim, se bem que eu tenha decidido partir antes de saber que Morgana viria at a
ilha.
Tinha medo dele?
Sim, de certo modo.
Meu Deus, ele por acaso no... bateu em voc, violentou ou fez qualquer coisa
no gnero, no mesmo?
Oh, no! Samantha no conseguiu deixar de sorrir ao observar a expresso
aterrorizada de sua amiga. Talvez eu tenha dado a voc uma impresso falsa. No
receio o que Craig possa fazer comigo. que... tenho medo de ficar na mesma casa que
ele, ou, melhor dizendo, no mesmo quarto.
Percebo. Sim, agora percebo claramente. Voc no tem medo desse homem,
mas de como vai reagir na presena dele. Teme experimentar as emoes que a
proximidade de Craig possa despertar em voc. Tenho a impresso de que ainda est
apaixonada por ele e sente raiva de si mesma por isso. Est fugindo de si mesma e no
dele, no acha?
Creio que sim... murmurou Samantha, sentindo-se muito infeliz e encarando a
verdade a respeito de si mesma. Oh, Pamela, achei que tudo ia ser to diferente
quando concordei em casar com ele! Acreditava que estaramos juntos o tempo todo e
dividiramos tudo.
, pelo visto voc tinha grandes expectativas... E quanto durou esse
casamento? Um ano e meio? muito pouco tempo para se chegar a uma concluso,
Samantha.
Mame vive dizendo que eu no deveria ter casado naquele momento, pois,
segundo ela, eu era jovem demais, imatura.
Imagino. A sra. Lewis provavelmente tinha razo. Agora isso no tem mais
importncia, Samantha. Voc tomou uma atitude. A prxima cabe a Craig. Naturalmente
algum vai dizer a ele para onde voc foi, no?
Sim, Farley vai contar a ele. No espero, porm, que Craig faa alguma coisa.
Para ser sincera, no espero que ele faa absolutamente nada.
Pamela no disse nada, mas havia uma expresso de ansiedade em seu olhar,
enquanto estudava o rosto de Samantha.
Bem, vamos nos revezar com Ken e John Ela props. Voc fica no leme e
eu farei o resto. Puxa, como o iate est indo ligeiro! Mal se percebe Antgua e Montserrat
comea a ficar para trs.
Quanto tempo vai demorar para avistarmos Nevis?
A ilha surgiu no horizonte no meio da tarde. Ao longe parecia uma enorme
montanha, envolta em neblina, e seu pico dava a impresso de estar coberto de neve.
24
sol que despontava no cu azul se refletia sobre o mar, pondo manchas de prata nas
ondas muito brancas.
Assim que deixaram para trs o perigoso estreito, onde as rochas despontavam,
John iou as velas. Mais uma vez o vento soprou, no to forte como na vspera, e Ken
previu que chegariam a St. Barthelemy no incio da tarde.
Velejaram junto costa de St. Kitts, coberta de luxuriante vegetao. Atrs deles
Nevis mudava de cor, envolta na bruma. O Slfide se afastou cada vez mais, at a ilha
parecer um tringulo azul desenhado por uma criana num papel igualmente azul.
De repente algo surgiu a distncia. Seria outro iate que os seguia?
Acho que estamos sendo seguidos disse John, bem-humorado, pegando o
binculo.
o iate de casco azul, aquele que vimos em Charlestown ontem noite?
perguntou Pamela exprimindo o pensamento que ocorrera a Samantha.
Creio que no disse John, olhando atentamente. Est navegando com
uma velocidade dos diabos. Acho que uma catamar.
, sim, e na rapidez com que se desloca vai nos ultrapassar logo. No h menor
sinal do iate azul.
Samantha sentiu a tenso diminuir um pouco e deu as costas para as ilhas de
Nevis e St. Kitts, procura de outras novidades. Durante o resto do dia no olhou sequer
uma vez para trs, embora em alguns momentos tivesse mpetos de ver se o iate azul os
seguia.
CAPTULO IV
26
Ao chegarem baa de Corossal entraram numa aldeia que parecia ter sido
transportada pedra por pedra do litoral da Bretanha. Algumas mulheres, apesar de
descaladas, usavam os toucados tradicionais que seus ancestrais tinham trazido da
Frana, h muitos e muitos anos.
Pamela e Samantha observaram um grupo de mulheres tecendo chapus de palha,
ao lado de folhas de palmeiras, que tinham sido postas a secar ao sol durante duas
semanas e das quais se faziam tambm cestas e esteiras. O cho da sala onde
trabalhavam era feito de pinho, polido por vrias geraes de ps descalos que
passaram por l. Uma cortina florida ocultava a entrada de um quarto. Em um dos cantos
estava pendurada uma rede. As galinhas entravam e saam da sala.
Crianas de pele clara e olhos azuis olhavam atravs das janelas, cheias de
curiosidade diante da presena dos turistas. Por detrs de suas cabecinhas loiras surgiam
os hibiscos em flor.
Aps comprar dois chapus, Samantha e Pamela voltaram at a encruzilhada,
seguindo pela estrada da esquerda, que ia dar na baa de la Sainte Jeanne. Encontraram
uma praia em forma de meia-lua, toda sombreada por palmeiras, e nadaram um pouco,
antes de dar uma espiada nas aldeias vizinhas.
O sol se punha quando regressaram a Gustavia, indo diretamente ao hotel aonde
tinham combinado encontrar Ken e John. Os dois j estavam no terrao, tomando um
drinque. De l tinha-se uma vista panormica do porto e dos vrios iates e barcos. O mar
estava uma verdadeira piscina e o valor do dia ainda pairava no ar, bem como o perfume
das vrias flores que enfeitavam os jardins.
Acho que estou conseguindo enxergar o Slfide daqui disse Pamela.
Parece que h outro iate ancorado bem perto.
o iate azul informou Kent. Ele estava chegando quando John e eu fomos
a bordo, hoje tarde, levar nossas compras.
Voc no viu quem o manobrava? perguntou Samantha, tentando demostrar
pouco interesse, mas tremendo interiormente.
Um sujeito algo, muito bronzeado. Parecia estar sozinho.
Voc falou com ele? indagou Pamela.
No. Ele tambm no nos dirigiu a palavra. Estava ocupado demais em ancorar
e recolher as velas. O iate o Falco Azul.
Samantha olhou para a baa, mas era impossvel ver o Slfide, pois o sol quase
tinha se posto.
Mais tarde, aps um delicioso jantar no elegante restaurante do hotel, voltaram
para o iate e ela viu o Falco Azul a pequena distncia, ancorado naquelas guas calmas
que refletiam a luz da lua. As janelas do camarote estavam iluminadas, mas no havia
sinal de quem quer que fosse a bordo.
Na manh seguinte o iate ainda estava l, tranquilo e aparentemente deserto.
Samantha foi com John a bordo do Zodaco, a fim de comprarem po fresco.
Um sujeito algo, bronzeado... No tinha a menor dvida de que Craig se
encontrava no iate. Aquela noite ele tinha dormido a apenas alguns metros de distncia e
o fato de estar to prximo a atormentou, todas as vezes em que ela acordou durante a
noite. Por que ele viera? O que estava fazendo em Gustavia? Por que no tinha ficado em
Antgua? Por acaso a estava seguindo? Ou era apenas coincidncia o fato de ter
ancorado to prximos ao Slfide?
Naquela hora to matinal as ruas estreitas da cidade estavam tranquilas e o ar era
fresco. Eles sentiram o cheiro gostoso e inconfundvel do po fresco e em breve
encontraram uma padaria. Compraram vrios pezinhos e duas dzias de croissants,
recm-sados do forno.
Assim que terminaram as compras, voltaram para os cais, onde tinham amarrado o
Zodaco perto de alguns degraus. De repente surgiu diante deles um sujeito alto, com
27
cabelos lisos e negros. Vestia uma camiseta de mangas curtas, que moldava seu peito
amplo e musculoso.
Samantha estava para descer os degraus, carregando o po, mas deu um passo
atrs e olhou ansiosamente sua volta, como se estivesse procurando um lugar para se
esconder.
Ol, Samantha disse Craig com a maior calma, nem um pouco surpreendido,
como se tivesse plena certeza de que a encontraria naquele exato lugar e naquele exato
momento. Pelo que vi, voc assaltou uma padaria ele comentou tirando os culos
escuros.
longe daqui? Esse po est cheirando bem.
Aquele encontro sbito a tirou do srio e Samantha nem sequer sabia como
descrever o caminho que levava padaria. Sua boca e seus lbios estavam secos e
atravs de sua fina camiseta o po quente, apertado de encontro ao peito, comeava a
incomod-la. No conseguia tirar os olhos de Craig, sem saber o que dizer. Todo o seu
corpo tinha profunda conscincia da presena poderosa daquele homem, do tom
amorenado de sua pele queimada de sol, do brilho de seus olhos, de suas pernas
musculosas, pois ele usava uma bermuda. Percebeu vagamente que John indicava o
endereo da padaria.
Obrigado disse Craig, entendendo a mo. Meu nome Craig Clifton e sou
do iate Falco Azul.
John Wallis. Vimos seu iate ontem. Voc tambm estava em Charlestown, na
ilha de Nevis, no?
Estava, sim. Craig olhou de soslaio para Samantha, que ainda se mantinha
em silncio e no conseguia descer os degraus em direo ao Zodaco, pois ele barrava a
passagem. No vi vocs por l acrescentou, olhando para John.
que fomos passar a noite em outra ilha. O mar estava muito agitado, no porto
de Charlestown.
Nem me diga! O Falco Azul jogou como nunca e no consegui pregar o olho a
noite toda. Ainda bem que tudo aqui est mais calmo e consegui descansar um pouco.
Pretendem partir hoje?
Sim, aps o caf da manh.
Vo para muito longe?
Para o lado francs da ilha de St. Martin, enseada dos Pinhos. Parece ser um
bom lugar para se ancorar.
Sim, j ouvir dizer. Tambm me contaram que l um bom lugar para se nadar e
mergulhar. Provavelmente vamos nos encontrar.
Craig olhou mais uma vez para Samantha, acenou brevemente para John e se
afastou em direo cidade.
esse o Clifton com quem voc se casou? perguntou John, descendo os
degraus juntamente com Samantha.
Sim.
Samantha transpirava e no se sentia vontade. O suor escorria por sua pele e
seu corao batia descompassadamente.
Acha que ele seguiu voc at aqui?
No sei ela disse, acomodando-se no bote.
Mas ento a presena dele uma coincidncia muito grande observou John,
ligando o motor.
O barulho e a distncia tornavam a conversa difcil. Samantha sentiu um certo
alvio quando borrifos de gua do mar caram sobre sua pele, aliviando-a.
Voc o viu? perguntou Pamela, assim que ela subia a bordo do iate. Ele
saiu de seu iate logo aps a partida de vocs.
28
Sim, estivemos com ele. Estvamos voltando quando ele chegou. Samantha
colocou as compras sobre um banco.
E o que foi que ele disse? indagou Pamela, sem disfarar a curiosidade que
sentia.
Apenas al.
E voc, o que respondeu?
Nada, quer que corte este abacaxi para voc?
Sim, por favor. Pamela abriu uma gaveta e tirou dela uma faca afiada,
entregando-a amiga. Voc no o cumprimentou?
No...no consegui dizer nada. Pegando a faca, Samantha comeou a
descascar a fruta. Ele disse a John que provavelmente nos veria na baa dos Pinhos.
Pamela, ser que de l eu consigo ir at o aeroporto, nas proximidades de Phillipsburg?
Acho que no, a menos que voc disponha de um carro. A julgar pelo mapa, a
baa dos Pinhos um lugar muito afastado e a maior parte das pessoas s consegue
chegar l por meio de barco. Pamela estava pondo a mesa na pequena sala e olhou-a,
intrigada. Por qu? Est pensando em nos deixar?
Creio que sim, se formos para um lugar onde haja um aeroporto. Sabe para
onde Ken pretende ir, aps deixar a baa dos Pinhos?
Ele falou em ir a Anguilla, onde pretende passar uns dois dias. L mora um
antigo colega de escola, que tem um hotel.
Pamela comeou a pr gua fervente na cafeteira e logo em seguida sentou-se.
Voc voltou a ficar perturbada, s porque o viu murmurou.
No imaginei que Craig fosse me seguir e no sei por que fez isso.
Ora, vamos! claro que sabe por que ele a seguiu! Quer v-la e conversar com
voc. Samantha, voc no pode viver fugindo desse homem. Se ele nos seguir at a baa
dos Pinhos, pretendo convid-lo para jantar conosco.
Oh, no! Por favor, Pamela. Ser muito constrangedor.
Constrangedor para quem? Por acaso est preocupada com o fato de Ken, John
ou eu nos sentirmos constrangidos s porque voc e Craig, aps dois anos de separao,
esto novamente juntos? Pois no precisa se preocupar. Conhecemos muitos casais que
no vivem mais juntos mais ainda continuam amigos e apreciam a companhia um do
outro. No que nos diz respeito, Craig uma pessoa interessada em iatismo, que
provavelmente tem muitas idias a trocar conosco e que, talvez, posso nos dar conselhos
e informaes a respeito da navegao nestas ilhas. Ns certamente no ficaremos
incomodados em t-lo conosco.
Samantha no disse nada e comeou a cortar o abacaxi em fatias.
Alm do mais, gostarei muito de conhecer um homem que manobrou seu iate
sozinho, debaixo da maior tempestade, s para alcanar sua mulher... prosseguiu
Pamela. E fez uma pausa, como se quisesse proporcionar a Samantha a oportunidade de
dizer algo, mas ela permaneceu num silncio obstinado. Se por acaso ficar
constrangida com a presena dele, voc pode ir para a praia, ou at mesmo a outro iate.
Pelo que li, a baa dos Pinhos parece ser um verdadeiro paraso tropical; belas praias,
palmeiras e coqueiros, guas claras e profundas... Com tudo isso deve haver muitos iates
por l.
Ainda assim preferia que voc no convidasse Craig. No quero v-lo. No
desejo nenhuma aproximao. Foi por isso que vim com voc, mas no imaginei que ele
me seguiria. Oh, por favor, Pamela, no o chame para vir a bordo hoje noite. Por favor!
Est bem, mas no posso falar por Ken! Se ele quiser convidar Craig, no posso
fazer nada para impedir. Ele o comandante e, neste iate, a palavra dele lei, conforme
voc j deve ter notado.
Notei, sim. Voc sempre faz o que ele manda? perguntou Samantha em tom
de brincadeira.
29
menor idia da distncia. Mas ser que ela queria realmente ir? Queria de fato continuar
fugindo de Craig?
Deitando-se de bruos, ela comeou a desenhar letras na areia. Formou-se um
nome: Craig... com um gemido Samantha encostou a cabea na areia, no lugar exato
onde tinha escrito aquele nome que tanto a perturbava.
O que deveria fazer? Parar de fugir? No tinha muitas opes, se Ken Wallis no a
queria mais a bordo do iate e se Craig viesse at a baa dos Pinhos. Fora uma atitude
infantil deixar Antgua s pressas.
Por acaso teria fugido, conforme a sugesto de Pamela, para testar Craig e ver se
ele a seguiria? Pois bem, isso tinha acontecido. E o que provava? Seria uma
demonstrao de amor? No, era apenas um indcio de que ele se recusava a ser
derrotado, quando duas vontades entravam em combate.
Samantha ficou muito tempo na praia, tentando decidir o que faria em seguida.
Percebeu aos poucos que queria desistir de fugir e abandonar a Craig, fazer o que ele
bem entendesse. Era preciso enfrentar o fato de que, apensar de tudo o que aquele
homem tivesse dito ou feito, aps dois anos de separao ainda estava apaixonada por
ele e queria ficar onde ele estivesse. Se pelo menos pudesse fazer algo em relao a
Morgana Taylor!
A sombra das palmeiras se tornou mais comprida e Samantha percebeu que o sol
se punha por trs das colinas de St. Martin. Tudo estava mergulhando no mais absoluto
silncio. No se ouvia nenhum barulho, a no ser o das olhas agitadas pelo vento e o
eterno murmrio da gua. Um estranho receio de ter sido abandonada naquele lugar to
isolado se apoderou de Samantha e ela se levantou s pressas. As colinas agora estavam
escuras e gua tinha reflexos dourados e avermelhados.
Subiu s pressas o pequeno morro que separava uma praia da outra. Seus ps
doam, pois pisava em conchas afiadas, meio enterradas na areia.
Finalmente chegou outra praia. A baa estava diante dela e ao longe viam-se as
colinas envoltas nas brumas. Os iates de Phillipsburg tinham partido, o mesmo
acontecendo com o Slfide. Um nico iate estava l, ancorado, e sua quilha azul refletia os
ltimos raios do sol... Samantha sentiu a excitao se apoderar de seus nervos. Craig, to
hbil em caar nas florestas de seu pas, estava a sua espera de sua presa. O que
aconteceria agora?
Soprou uma rajada de vento fresco e Samantha estremeceu. Nadaria at o
pequeno barco que se via beira da praia ou ele viria at ela? Lembrou-se da mscara e
dos ps-de-pato, mas no conseguiu encontra-los. Quando volto praia percebeu que o
barco se aproximava.
Craig veio remando e, ao chegar praia, saltou.
Estava sua espera ele disse com a maior calma. Est pronta para subir a
bordo?
Sim ela murmurou, um tanto desapontada.
Por que? Afinal de contas, o que esperava? Uma recepo mais quente, mais
apaixonada? Mas por que Craig deveria agir assim, quando ela havia resistido a suas
carcias na praia de Antgua?
Quando foi que o Slfide partiu? ela indagou, subindo no barco.
H uma hora. John me entregou sua bagagem. Craig empurrou o barco para
dentro da gua e subiu sentando-se e comeando a remar. Por que voc partiu com os
Wallis?
Eles me convidaram para fazer este cruzeiro antes de eu voc viesse para
Antgua. Eu no quis perder essa oportunidade.
Mas voc no tinha a inteno de voltar para Antgua.
No.
Por que no?
32
Quando voc chegou, eu disse que no poderia permanecer na casa de seu pai,
enquanto voc estivesse l. E quando descobrir que Morgana tambm estava l, precisei
partir. Oh, Craig, como pode fazer uma coisa dessa? Como foi convid-la para se
hospedar na ilha quando sabia que eu estaria l?
Ainda sente cimes dela?
Samantha no disse nada. Admitir que sentia cimes de Morgana seria reconhecer
que ainda o amava, seria o mesmo que dizer que Craig ainda lhe pertencia. Ele, ento, a
acusaria de ser excessivamente possessiva. Samantha permaneceu em silncio,
contemplando os ltimos clares do sol por entre as nuvens escuras.
No convidei Morgana para vir a Antgua disse Craig. Ningum ficou mais
surpreendido do que eu quando ela apareceu com Conrad na casa de papai. Farley me
deu o seu recado ele prosseguiu, mal conseguindo disfarar a irritao que sentia.
Fiquei furioso ao saber que voc tinha ido embora. Tomei um avio para Antgua apenas
para v-la e pr um ponto final em nossa separao.
S que presumiu, como muita arrogncia, que eu no concordaria. Aps dois
anos de silncio, sem me escrever, sem entrar em contato comigo, simplesmente
imaginou que eu estaria encantada em prosseguir com o nosso casamento e que
receberia voc de braos abertos. No faltava mais nada! Samantha se interrompeu e
seu peito arfava de indignao.
Chegou a vez de Craig ficar calado; apenas o rudo das guas, quando os remos
penetravam nela. O barco aproximou-se do iate azul e se encostou nele. Craig agarrou a
pequena escada de corda que pendia da amurada do iate, a fim de impedir que o barco
se afastasse.
Suba ele ordenou e Samantha obedeceu, pois no lhe restava alternativa.
Ele a seguiu, tirou os remos do barco, amarrou na popa do iate e foi para perto de
Samantha.
Craig estava to prximo que ela conseguiu sentir o calor que desprendia daquele
corpo. Sentiu subitamente vontade de cair em seus braos e encostar a cabea em se
peito. No entanto, em vez de estender a mo e toc-lo, ela deu um passo para trs.
Prepare algo para ns comermos, enquanto io as velas. Em seguida
partiremos.
Para onde?
Voltaremos para Antgua. Teremos de navegar contra o vento e enfrentar uma
corrente martima, mas faremos o percurso em umas dozes horas, se lanarmos mo da
vela e do motor.
Mas est escuro observou Samantha, olhando o mar, agora escuro. No
poderamos partir de manh?
Poderamos, sim, mas quanto mais depressa eu voltar com voc, melhor ele
respondeu de um jeito enigmtico. Craig foi at a caixa de luz e ligou a chave.
Imediatamente o camarote se iluminou.
A geladeira est cheia de comida observou, saindo para o convs.
Voc poderia me dar uma explicao disse Samantha, chamando-lhe a
ateno.
Em relao a que?
Poderia explicar por que quer estar comigo em Antgua amanh de manh. Ah,
sempre a mesma coisa! Nunca me deu a menor satisfao e no entanto sempre esperou
que eu entendesse por que voc queria fazer determinadas coisas. Eu tinha que
concordar com elas. Creio que voc esperou demais...
Craig no disse nada e Samantha julgou que ele iria at o mastro a fim de iar a
vela, sem dar sequer uma resposta sua observao.
Ele, no entanto, hesitou e voltou a olhar para ela.
33
Talvez eu tenha mesmo esperado muito coisa de voc. Est bem, tentarei dar
uma explicao. Quero que voc volte comigo para Antgua o mais cedo possvel.
Gostaria que ficasse l durante alguns dias, possivelmente no mais do que uma semana,
mas o suficiente para convencer os eternos curiosos de que a nossa separao chegou
ao fim, de que no vamos nos divorciar. capaz de fazer isso? Ou ser que estou
esperando demais de voc, como de costume?
Voc...quer que eu finja que a nossa separao terminou?
J que voc no deseja que ela termine, creio que ter mesmo de fingir.
Quero saber no que isso implica, antes de concordar ela declarou, olhando
para o camarote.
Lembranas dos momentos agradveis que tinha passado com Craig naquele lugar
se apoderaram dela de repente e Samantha quase chorou.
Ns poderamos nos comportar como se ainda fssemos casados disse
Craig, um tanto vago, Sairamos juntos, faramos tudo como antes.
Como, por exemplo... dormir juntos? Antes de partir da casa de seu pai, notei
que voc se instalou no meu quarto sem mesmo perguntar se podia.
Ento isso que est incomodando voc! Mas se no dividirmos um quarto todo
mundo vai supor que a nossa separao no chegou ao fim. Voc no pode deixar de
concordar com isso.
De fato, no...
No precisamos fazer amor quando estivermos sozinhos no quarto. No vou
forar voc a fazer nada que no queira.
Pode ter certeza disso. A nica coisa que peo um pouco do seu tempo.
E depois?
Poder voltar para Londres, se quiser replicou Craig, dando de ombros, como
se aquilo pouco lhe importasse. De qualquer maneira pense no assunto e me
comunique a sua deciso antes de chegarmos a Antgua. Agora vou iar as velas.
Craig se afastou e Samantha foi para o camarote. Pegou a sacola, tirou o mai
mido e ps a calcinha, uma camiseta, um suter e jeans, alm de calar sandlias de
couro. De volta ao camarote principal, abriu a pequena geladeira, tirando um pacote de
carne moda. Em breve preparava alguns hambrgueres e os punha para cozinha na
frigideira.
Quando os sanduches ficaram prontos, o motor do Falco Azul funcionava todo
e o iate deslizava atravs do oceano. Samantha levou a comida para o convs,
colocando-a sobre uma mesinha fixada no cho perto do leme. Craig o manejava e o iate
agora deixar para trs a entrada estreita da baa.
Voltando ao camarote, Samantha preparou duas grandes xcaras de caf e as
levou para fora. Sentou-se num canto, encarando Craig e comendo com grande apetite o
sanduche que havia preparado. As estrelas pareciam danar no cu de um azul
profundo, enquanto o iate oscilava. As colinas da ilha de St. Martin no passavam agora
de formas negras e o mar apresentava reflexos prateados.
A lua est surgindo observou Craig e Samantha voltou-se para o Oriente. A
lua surgia por entre as palmeiras da baa dos Pinhos, iluminando aos poucos aquela
fantstica paisagem.
No era a primeira vez que Samantha velejava com Craig luz da lua e ala sentiu
uma certa alegria de estar na companhia dele naquele momento. Encarou-o e percebeu
que ele no tirava o olho dela.
E ento? ele perguntou e Samantha no precisou perguntar o que ele queria.
Est bem concordou ela. Permanecerei durante algum tempo a seu lado,
na casa de seu pai.
Obrigado.
34
CAPTULO V
antes de voltar para casa. Vamos sentar aqui, meu bem? Ele fez a pergunta com
grande ternura e lanou um olhar significativo para Samantha.
Ela concordou e Craig manteve o brao em torno de seus ombros, enquanto
procuravam uma mesa num canto afastado. Sentaram-se um ao lado do outro e uma
garonete veio atend-los. Quando ela se voltou para entrar no hotel quase se chocou
com a Morgana, que os tinha seguido.
Pode trazer caf para mim disse garonete com voz autoritria, sentandose numa cadeira, na extremidade da mesa. Devo dizer que me alegro com a sua volta,
Craig. O sr. Clifton se recusou a ver papai, enquanto voc estava ausente. Carla diz que
ele no quer discutir negcios sem que voc esteja perto. Com um gesto nervoso,
Morgana abriu a bolsa e tirou um mao de cigarros e um isqueiro de ouro. Como voc
pode imaginar, papai quase chegou a ficar irritado. No gosta de esperar, mesmo num
lugar to agradvel quanto este.
Morgana, voc no precisava ter vindo com ele. Sua presena no era
necessria disse Craig, com frieza.
A ruiva ficou muito plida, e seus olhos lanaram fagulhas. A atmosfera se tornou
subitamente muito tensa, enquanto os dois se encaravam. Finalmente ela se ps a rir,
jogando a cabea para trs.
Oh, querido, eu adoro quando voc faz o papel de homem de negcios, duro e
mando ela disse, inclinando-se e tocando a mo de Craig, que estava pousada sobre
a mesa. Vou contar a papai que voc disse, mas no v pensar que andei perdendo
tempo desde que cheguei. Tenho me divertido muito! Conheci um homem fascinante.
oficial aposentado da Marinha e arquelogo amador. Ele me contou histrias muito
interessantes sobre a ilha. Meu bloco de anotaes est cheio.
Morgana comeou a falar sobre tudo o que tinha aprendido em relao ao passado
de Antgua. Como sempre se dirigia unicamente a Craig, fixando-lhe os olhos,
monopolizando-o completamente e ignorando a presena de Samantha. Nem mesmo
quando a garonete trouxe o caf ela se interrompeu, contando sobre o stio arqueolgico
que tinha ido visitar na vspera, numa propriedade particular, onde antes havia uma
aldeia indgena.
Brendan disse que os testes de carbono indicam que os fragmentos de cermica
e os ossos de peixe datam de 1100 a.C., mas as camadas mais profundas recuam a mais
de sete sculos. Disse tambm que antes de os caribes chegarem aqui, pouco antes da
viagem de Colombo, os aruaques viviam num verdadeiro paraso. Esta ilha, que era
apropriada para acampamentos indgenas, h tantos e tantos sculos, perfeita para o
turismo hoje em dia.
Nada tinha mudado. As coisas continuavam como sempre. Morgana falava sem
parar, monopolizando a ateno de Craig. Por que Samantha havia concordado em voltar
com ele? Deveria saber que tudo seria exatamente assim. Como iria suportar aquela
situao? Olhou de relance para Craig. Ele tinha terminado de comer e observar a xcara
de caf, enquanto Morgana continuava a falar. Por acaso estaria prestando ateno nela?
Seria difcil dizer.
Subitamente, como se percebesse que Samantha o olhava, ele a encarou. Sorriu
ligeiramente, mas com muita ironia, e em seus olhos surgiu um brilho divertido, enquanto
fazia com a cabea um gesto quase imperceptvel, em direo a Morgana. Deu uma
piscadela maliciosa e Samantha sentiu subitamente uma onda de afeto por ele. A exemplo
dela, Craig achava o monlogo de Morgana extremamente tedioso. De repente ele se
manifestou:
Cale a boca, Morgana.
Ela parou de falar na hora, sem acreditar no que tinha acabado de ouvir, e piscou
os olhos muito pintados.
Voc disse alguma coisa, querido?
36
Disse para voc calar a boca. Samantha e eu velejamos a noite toda e viemos
at aqui na esperana de tomar o caf da manh em paz. No estamos com vontade de
ouvir o enredo do seu prximo livro. Confesso que para mim ele parece bastante chato.
Acha que algum vai querer ler isso?
Samantha ficou tensa, espera de que Morgana explodisse diante da grosseria de
Craig e procurou disfarar, servindo-se de mais caf. Morgana, pelo visto, levou algum
tempo para observar o que ele tinha dito, pois fez-se um breve silncio, carregado de
eletricidade. Ela ento falou com a maior calma:
Algumas vezes eu me entusiasmo demais, no mesmo? Mas isso s acontece
quando estou na sua companhia, querido. Olhou para Samantha e sorriu. Sabe,
estou to acostumada a contar a Craig tudo o que me acontece. Sempre fiz confidncias,
como uma irm faz com seu irmo... Seu sorriso se transformou aos poucos numa
espcie de careta e em seus olhos havia uma expresso desagradvel, enquanto ela
continuava a fitar Samantha. Ou como uma mulher faz com seu marido ela
acrescentou, em tom provocante.
Mas voc no minha irm, nem minha mulher. Ento precisa me contar tudo o
que lhe acontece, eu no preciso ouvir isso declarou Craig, fazendo um sinal
garonete para que lhe trouxesse a conta.
Ainda assim Morgana no se retirou. Voltando-se para Craig, inclinou-se sobre a
mesa e acariciou-lhe os cabelos.
Como voc est irritado hoje de manh! Imagino que no tenha dormido muito
bem ontem noite. Est certo, vou ficar muda. Samantha pode falar no meu lugar. Se a
memria no me engana, ela nunca teve muito o que dizer e a falta de conversa pode ser
to aborrecida quanto o excesso. Morgana voltou a olhar para Samantha e seu sorriso
brilhante mal disfarava o desprezo e a raiva que sentia naquele momento. Diga uma
coisa, voc dois se reconciliaram? Esto juntos novamente?
Estamos, sim disse Craig, com rispidez.
Meu bem, seria muito bom se voc deixasse sua mulher falar de vez em
quando. Eu me dirigi a ela. Se voc ficar muito dominador, ela vai voltar a fugir. No
mesmo, querida Samantha?
Morgana desafiou-a com o olhar e Samantha precisou lanar mo de todo o
autocontrole para no se levantar e dizer tudo o que pensava daquela mulher, antes de se
retirar. Percebeu subitamente que era exatamente isso que Morgana queria que ela
fizesse. Ficou onde estava e, dominando a raiva que sentia, retribuiu o desafio com um
sorriso amvel, ao mesmo tempo em que segurava o brao de Craig, acariciando-o.
No, j cansei de fugir. Craig e eu estamos novamente juntos e pretendemos
continuar assim, no mesmo, meu bem?
Sem dvida, meu anjo... ele murmurou, encarando-a. Samantha sentiu-se
aliviada, pois Morgana no conseguia ver o brilho irnico no olhar de Craig.
Bem, s resta lhes dar os parabns e desejar tudo o que h de melhor disse
Morgana, levantando-se. Devo me apressar. Prometi me encontrar com Brendan no
estacionamento s onze e meia e est na hora. Ele vai me levar para dar um passeio
pelas colinas e mais tarde iremos at St. John, atravs da floresta que fica do outro lado
da ilha. Vou contar a papai que voc est de volta, Craig.
Vou dar uma palavrinha com ele, se ainda estiver no hotel disse Craig,
levantando-se e pegando a conta que a garonete lhe trouxera. No demoro muito,
Samantha. Vou telefonar para casa e pedir Jeremiah que mande o Cadillac vir nos buscar.
Sozinha mesa, Samantha viu Craig e Morgana se afastarem em direo
entrada do hotel. Ambos eram altos e tinham muitas coisas em comum; a nacionalidade, a
educao, a riqueza... Mais uma vez sentiu aquele horrvel cime de Morgana tomar
conta de si, apesar da atitude um tanto rude que Craig tivera com aquela mulher.
37
Samantha juntou as mos, tensa, e engoliu em seco. No tinha sido nada fcil
fingir que a separao havia terminado, e que mais uma vez eles eram um casal que se
amava. Teria sido convincente? E por acaso Morgana precisaria ser convencida?
Ela franziu o cenho, inquieta com aquele pensamento. Mais uma vez, desde que
Craig lhe pedira para voltar para Antgua e ficar l alguns dias, fingindo que a separao
chegar ao fim, Morgana imaginou por que ele estaria querendo que todo mundo soubesse
dessa reconciliao. Precisaria perguntar as razes, mas o que ele diria?
Quando Craig voltou ao terrao e acenou para ela, indicando que viesse ao seu
encontro, ele estava acompanhado pelo homem alto e grisalho que se encontrava na
companhia de Morgana h quatro dias.
Acho que voc ainda no conhece Samantha, no mesmo? disse Craig
com amabilidade Samantha, quero lhe apresentar Conrad Taylor.
Havia um brilho de inimizade nos olhos negros de Conrad, a exemplo do que tinha
acontecido com Morgana, e ele a cumprimentou com muita frieza.
Muito prazer ele disse secamente, voltando-se para Craig. Vou pensar no
que voc acaba de dizer e depois me comunico com voc, meu filho. Deu um tapinha
nas costas de Craig e voltou para o hotel.
Bem, pelo visto passamos muito bem pelo primeiro teste! observou Craig,
bem-humorado. Obrigado por no ter perdido o controle quando Morgana foi agressiva.
O carro deve estar nossa espera no estacionamento. Vamos.
David Smith, filho de Jeremiah e chofer e jardineiro de Howard Clifton, estava
espera deles e da a pouco percorriam a estrada que levava a Falmouth.
Falei com Carla pelo telefone. Ela ficou contente por voc voltar comigo disse
Craig. Segundo ela meu pai sente falta das suas leituras. Aproveitei a oportunidade e
contei-lhe que a nossa separao chegou ao fim e que voc ficar conosco o tempo que
eu ficar.
Samantha olhou para ele: o rosto bonito no revelava seus pensamentos e
sentimentos; os olhos contrastavam mais do que nunca com a pele bronzeada. Craig a
encarou com firmeza, sem o menor trao de ironia no olhar.
Por que voc quer que todo mundo acredite que a nossa separao chegou ao
fim? Tem algo a ver com seus negcios?
Talvez ele disse num tom evasivo, olhando pela janela.
John Wallis ouviu dizer que Conrad Taylor espera assumir a presidncia da
Clifton. Foi por isso que ele veio a Antgua conversar com seu pai?
Onde foi que ele ouviu isso?
No bar do hotel. verdade?
Talvez. Conrad espera voltar a discutir com o papai a possibilidade de fundir sua
empresa com a nossa, possibilidade que ele levantou h dois anos. At agora no teve
muita sorte.
porque seu pai se recusa a discutir o que quer que seja com Conrad sem que
voc esteja presente.
De fato. Voc bem esperta, no? Ouviu tudo o que Morgana dizia, embora
desse a impresso de que morria de sono. Craig se aproximou um pouco mais e
cruzou as pernas. Meu pai disse a Conrad que no abordaria o assunto com ele, a
menos que eu estivesse l. Assim sendo, convidou voc para vir at aqui, sabendo que
eu tambm viria.
Ainda assim no entendo por que voc quer fingir que a nossa separao
terminou.
Voc no precisa entender. Tudo o que tem a fazer ser meiga e gentil como
sempre e me seguir, como fez at agora. No ser muito difcil e haver algumas
recompensas para ns dois disse ele, com ternura.
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Antes que Samantha pudesse tomar alguma atitude ele lhe deu um beijo
perturbador. Samantha estremeceu e abriu os lbios, convidando-o involuntariamente a
beij-la e a explorar a doura de sua boca. Imediatamente Craig ficou excitado. Seguiu-se
um momento de grande intensidade, em que ele se limitou a roas os lbios nos dela, em
seguida se afastou.
Por mais que eu quisesse aceitar o seu convite e prolongar a experincia, no
temos tempo para isso agora, Samantha... Mais tarde voltaremos a tentar...
E, se fosse voc, no contaria muito com isso ela declarou, fingindo uma
calma que estava longe de sentir e procurando se dominar para ele no perceber que seu
corao batia descompassadamente e que mal conseguia respirar.
O carro agora descia a colina alm da qual se via a pequena baa, em frente
residncia dos Clifton.
Lembre que voc prometeu no me forar a fazer nada que eu no quiser fazer
ela disse, muito tensa, olhando para as guas da baa.
Esteja certa de que vou manter a minha promessa.
Sensvel s menores mudanas no estado de esprito de Craig, Samantha
percebeu um certo tom de ironia na voz dele e o encarou. Seu rosto parecia esculpido em
madeira e estava imvel. Apenas os olhos exprimiam zombaria.
Tenho a impresso de que voc gosta de ser beijada por mim ele
acrescentou com certo cinismo.
Pois est redondamente enganado ela afirmou, percebendo que o carro tinha
parado. David provavelmente morria de curiosidade e ouvia a conversa.
Sei que no estou replicou Craig, rindo e acariciando a nunca de Samantha.
Por favor, abra a porta, David disse Samantha, trmula, sentando-se na beira
do banco, numa tentativa de ser livrar daquele contato perturbador. Quero descer.
Sim, senhora.
David apertou o boto no painel e as duas portas de trs se abriram
automaticamente. Samantha desceu e saiu rapidamente em direo casa.
Carla estava espera deles no vestbulo. Sorriu e deu um abrao apertado em
Samantha.
Que bom ver voc novamente! Farley procurou me atormentar, dizendo que
voc no voltaria, mas Craig explicou o que aconteceu. Disse que tinha partido com
alguns amigos e que ele iria ao seu encontro e a traria de volta.
Farley foi para Toronto? perguntou Samantha, tirando sua sacola da mo de
Craig.
Sim. Viajou ontem. Vamos at o quarto de Howard? Ele disse que queria ver
vocs assim que chegassem.
Gostaria de tomar um banho e trocar de roupa antes de v-lo. E tambm de
lavar os cabelos.
Pois v disse Craig um tanto tenso. Irei diretamente ao quarto de papai e
voc nos encontrar assim que estiver pronta. Como que ele est passando. Carla?
Bem. Neste momento aquele rapaz est com ele disse Carla, afastando-se
com Craig.
Que rapaz?
Esqueci o seu nome. do jornal de Londres. Howard no lhe contou que
esperava um jornalista? Ir resolver com ele aquela questo dos artigos...
A voz de Carla se tornou apenas um murmrio e Samantha no ouviu o resto do
que ela ia dizer.
Para sua grande surpresa sentiu-se contente por estar de volta sute confortvel.
Estava em casa e, aps viver confinada em um iate durante alguns dias, era bom poder
gozar de muito espao, espalhar suas roupas pelo cho enquanto se despia e andar nua
de um quarto para o outro. O melhor de tudo, porm, era o conforto proporcionado por
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uma enorme banheira cheia at a borda, onde poderia deitar-se e relaxar, sabendo que
no seria incomodada durante algum tempo.
Nem mesmo por Craig...
Ora, s faltava essa! Samantha sentou-se, num gesto brusco, e a gua se
esparramou pelo cho. Estava profundamente irritada consigo, pois tinha deixando a
imagem de Craig interferir em seus pensamentos.
Pelo visto, ele no precisava estar no quarto para perturb-la...
Afinal de contas, o que ele pretendia? Por que queria que ela ficasse em sua
companhia durante alguns dias e fingisse que a separao chegara ao fim? Craig evitava
qualquer definio.
Voc no precisa entender, ele dissera quando estavam no carro, beijando-a
depois.
No queria pensar naquele beijo e muito menos em suas reaes.
Tudo aquilo no passou de um ato reflexo, ela argumentou para si mesma,
ensaboando vigorosamente os cabelos.
Seus lbios tinham reagido involuntariamente ao toque dos lbios de Craig, pois j
estavam acostumados ao seu calor e sua seduo.
Ela, no fundo, no desejara retribuir aquele beijo, no tivera a inteno de convidar
Craig a prolong-lo, animando-o a desfrutar com ela as delcias do prazer. Ou no seria
verdade?
Samantha suspirou e voltou a deitar-se na banheira.
Tentaremos de novo mais tarde, ele dissera.
Sabia perfeitamente que Craig cumpriria a promessa e continuaria tentando, at
pr abaixo suas frgeis defesas. Ele no tinha mudado nada! Ainda era o homem por
quem se apaixonara havia quatro anos.
Continuava sendo dominador, direto, forte...
Samantha ps-se de p, fechou a cortina e abriu o chuveiro.
Se voc ficar muito dominador ela voltara a fugir, no mesmo, querida
Samantha?, a voz irritante de Morgana lhe soava nos ouvidos.
Morgana se enganara. No tinha fugido de Craig por desaprovar suas atitudes
dominadoras, constatou, enquanto saa da banheira e se enxugava com uma toalha
felpuda. Tinha escapado unicamente porque no conseguia dividi-lo com Morgana.
Era muito feliz at o dia em que ela apareceu, admitiu, enquanto enxugava os
cabelos com um secador. Maldita Morgana! Por que estava sempre por perto? O que
estava fazendo em Antgua? Por que se interpunha entre Craig e ela? Por qu? Por qu?
Seria de fato amante de Craig? Samantha desligou o secador e, indo para o quarto,
abriu a porto do armrio. Deveria existir um modo de descobrir se eles ainda tinham um
caso. Quem poderia dizer?
Carla? Samantha sacudiu a cabea, enquanto escolhia um vestido de algodo
verde. No, duvidava de que Carla, to bondosa e maternal, soubesse muita coisa a
respeito de Morgana, pois o relacionamento entre Craig e sua madrasta era pouco ntimo.
Ele jamais a tinha encarado como uma substituta de sua me. Quando Howard Clifton
desposou Carla, Craig j estava em um internato, nos arredores de Ontrio. Passava a
maior parte das frias com sua me, na Inglaterra, e quase no via Carla. Era muito
pouco provvel que ela soubesse algo sobre seu relacionamento com Morgana.
Samantha se vestiu e comeou a se maquilar. A cor do vestido lhe valorizava a pele
bronzeada e lhe acentuava o brilho dos olhos verdes.
Jamais poderia competir com a aparncia vistosa de Morgana, mas at que era
bem atraente... Tinha a pele boa, os cabelos finos e brilhantes, e os olhos possuam uma
expresso suave.
Craig, pelo visto, parecia ter sempre apreciado demais sua aparncia. Parecia...
Samantha ficou tenta. A estava a dificuldade. No tinha certeza se ele a amava
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realmente, pois nunca lhe dissera. Parecia am-la, pois a pedira em casamento, mas
nunca lhe havia dito nada. Achava que fazer com ela fosse o suficiente.
No entanto, se Craig passara a infncia e boa parte da adolescncia num colgio
interno e se viajava com frequncia para a Inglaterra, como era possvel que fosse ntimo
de Morgana? Era estranho que ela no tivesse pensado nisso at ento. Claro que a
pessoa que ela deveria interrogar era o prprio Craig! Tinha tentado, porm suas
respostas sempre eram evasivas ou indiferentes, quando ele no caoava dela por ser
ciumenta e possessiva.
Samantha saiu do quarto e foi para a sala de estar. O vendo soprava, dobrando as
folhagens nos vasos e os canrios pulavam de c para l em suas gaiolas douradas.
Como voc v, os canrios esto se comportando de um jeito muito esquisito
comentou Carla. Acho que mais tarde teremos chuva. O ar est mido e as nuvens
esto se acumulando no cu. Acho que fazer a sesta. Howard tambm precisa descansar.
Por favor, no permita que Craig e o jornalista o faam falar durante muito tempo.
Farei o que for possvel disse Samantha.
Bateu porta, quando chegou sute de Howard. No houve resposta e ela entrou
no aposento espaoso. Como estava situado na ala leste, ficava mergulhado na sombra a
maior parte do dia, mas, naquele momento, at mesmo l o ar estava mido e quente.
No havia ningum no quarto e ela o atravessou, indo at o ptio.
Howard estava sentado numa espreguiadeira. Usava cala de algodo, uma
camisa branca e um chapu de palha, que escondia seus olhos cor de avel.
Que bom que voc voltou, Samantha! ele disse, sorrindo.
Eu tambm fiquei contente.
Ela sorriu e lhe estendeu a mo, percebendo com surpresa que estava sendo
sincera. Sentia-se feliz por ter voltado. Abandonando-se a um impulso de afeto, inclinouse e beijou o rosto de Howard.
Como est se sentindo?
Muito melhor, agora que voc e Craig esto juntos ele disse, apertando-lhe a
mo. Sr. Barry, quero lhe apresentar minha nora, Samantha. Este Lyndon Barry, do
Dirio de Notcia, o Jornal ingls da Clifton.
Lyndon! A cabea de Samantha girou e no mesmo instante ela ficou alagada de
suor. Lyndon em Antgua? Ela fez o possvel para se controlar e olhou para o rapaz, que a
encarava como se no conseguisse acreditar no que via.
Samantha! ele exclamou, ficando de p e esbarrando num gravador. O
que est fazendo aqui?
Vocs j se conhecem? perguntou Craig com rispidez. De braos cruzados,
ele estava sentado mesa, diante de Lyndon.
Claro que sim! disse Lyndon, que ainda fitava Samantha com ar de incrdulo.
Ela forou um sorriso, desejando ao mesmo tempo que o rapaz sumisse de l.
Ol, Lyndon. Que surpresa, no? Craig, como voc deve saber, a revista em
que eu trabalhava e o Dirio de Notcias funcionam no mesmo prdio. Assim Lyndon e eu
nos vimos mais de uma vez.
Percebo resmungou Craig, lanando-lhe um olhar glacial.
Mas no sabia que ela... isto , que Samantha era sua mulher disse Lyndon.
Sabia, e claro, que era casada, mas... Ele se interrompeu, confuso e olhou para
Samantha com certa mgoa.
Sempre usei o meu nome de solteira no trabalho e naturalmente Lyndon no
poderia saber o meu nome de casada Clifton.
Naturalmente disse Craig e ela o encarou, preocupada. Os lbios dele se
contraram, numa expresso carregada de ironia. Acabou de entrevistar meu pai,
Barry?
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Que bom! No gostaria que voc fizesse o que a me dele fez comigo disse
Howard, e a amargura com que se exprimia chocou Samantha.
Mas o que foi que ela lhe fez? murmurou, pensando na bela Ashley, que no
tinha compreendido seu marido.
Casou comigo pelo dinheiro e assim pde se divorciou, tambm por dinheiro
ele disse, com frieza. Isso coisa que acontece sempre, mas no pretendo ficar de
lado e deixar que ocorra com Craig. Est me ouvindo? Howard a encarou, com ar de
desafio. No fiquei imaginando que vai se divorciar de meu filho, acusando de
crueldade mental ou qualquer coisa no gnero e extorquir dele um milho de dlares. Se
houver divrcio, ser ele quem pedir!
No... haver divrcio disse Samantha, trmula.
Foi o que eu disse ao sr. Barry. Disse a ele tambm que desfaa imediatamente
esse boato. Gostaria de saber quem comeou essa histria toda. Voc poderia tentar
descobrir, Samantha.
Vai tentar.
Agora estou muito cansado. Vem a uma tempestade. Todo mundo se sente
irritado e nervoso quando se forma um temporal. Se no quiser brigar com Craig, fique
afastada dele at a chuva cair. disse Howard com uma risada irnica, que o fazia se
assemelhar ao filho. Chame Jeremiah, por favor.
Ele fechou os olhos e Samantha se levantou. Gostaria de lhe perguntar se ele
desconfiava de quem havia espalhado o boato, mas ele estava plido e exausto, o que a
fez mudar de idia
Vou dar o seu recado a Jeremiah ela disse, tocando de leve o ombro de
Howard e entrando em casa.
Encontrou Jeremiah no corredor.
O sr. Craig telefonou o criado disse. Deixou um recado. Foi at St. John e
volta mais tarde.
Obrigada. O sr. Clifton est muito cansado e pediu que voc fosse v-lo. Se
Craig ou mais algum telefonar, estou em meu quarto, Jeremiah.
Sim, senhora.
CAPTULO VI
Samantha estava deitada na cama e, atravs da janela que dava para o ptio,
observava os jogos de luz e sombra o concreto em volta da piscina.
Por que Craig tinha ido a St. John? Por acaso fora ao encontro de Morgana? Teria
combinado um encontro com ela na capital, quando entraram no hotel? Por acaso aquela
pequena cena que se passara no terrao fora apenas uma farsa, executada por Craig e
Morgana com a inteno de lev-la a pensar que no havia entre eles tanta intimidade
assim? A rudeza de Craig com a ruiva, no teria sido apenas um fingimento intencional, a
fim de ocultar a verdade?
Ela se voltou inquieta na cama, desejando poder desligar sua imaginao, como
faria com um aparelho de tev. Lembrou-se de que o sofrimento no havia chegado ao
fim. No tinha o menor direito de imaginar onde ele se encontrava, s porque no estava
a seu lado naquele momento. Craig no precisava ficar grudado nela o tempo todo.
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no volta comigo? Tenho certeza de que todo mundo vai gostar de v-la novamente na
revista.
Mas j no trabalho mais l. Voc deve saber que a direo deu ordens para
reduzir o corpo de editores. Eu fui cortada.
Voc foi posta na rua? exclamou Lyndon, olhando-a sem acreditar no que
acabara de ouvir. Mas me disseram que voc pediu demisso!
No. Fui vtima das medidas de economia.
Que medidas de economia? Ningum mais da revista foi despedido!
Mas Marilyn Dowell, a editora-chefe, disse o contrrio, comunicando que tinha
recebido ordens diretamente de ... Samantha arregalou os olhos e entendeu pela vez o
significado do que ia dizer. Marilyn disse que recebeu ordens superiores para fazer
cortes em sua equipe...
E agora voc sabe quem estava por trs dessas ordens, no ? Samantha, voc
foi manipulada e enganada por um velho muito astuto ou, possivelmente, pelo filho dele.
Por que ficar aqui? Volte comigo para a Inglaterra amanh.
No, no posso. Agora preciso ir. Adeus, Lyndon. Foi to bom v-lo novamente!
Ela se afastou rapidamente e tomou um txi. Tinha parado de chover e o cu se
limpava. medida que o txi subia pelas colinas ela viu a lua surgir no horizonte.
porta da casa Jeremiah surgiu diante dela, como que por um passe de mgica.
Sabe aonde est o sr. Craig? ela indagou.
Ele disse que iria dar um passeio pela praia e talvez nadasse em seguida. Eu o
avisei para tomar cuidado. A tempestade, com toda certeza, deve ter deixando o mar
agitado e...
Samantha se retirou, sem ouvir o que Jeremiah dizia. Deixou a bolsa em cima de
uma cadeira, saiu de casa e se dirigiu aos degraus que levavam at a praia. Postes
colocados a pequenos intervalos iluminavam o caminho, mas assim que ela pisou na
areia macia da praia ficou confusa com as sombras das palmeiras, que se agitavam ao
vento, e no conseguiu ver ser Craig andava ou no pela beira do mar.
As guas refletiam as luzes dos postes, bem como a lua que despontava.
Samantha procurou distinguir uma cabea ou um brao fendendo as guas. No
conseguiu avistar ningum. Percorreu lentamente a praia, olhando sua volta, com a
esperana de ver Craig, e aos poucos a raiva comeou a se atenuar, dando lugar
ansiedade. E ele tivesse ido nadar e, encontrando dificuldades inesperadas, tivesse se
afagado?
Quando chegou ao final da praia parou de andar, pois no queria subir pelos
rochedos. Voltou apressada para o lugar de onde viera, sem saber se gritava ou no pelo
nome de Craig. Desistiu, pois ele no conseguiria ouvir sua voz, abafadas pelo barulho
surdo das ondas que morriam na praia. Durante todo esse tempo no tirava os olhos das
ondas e da sombra das rvores. De repente Craig surgiu diante dela, vindo da cabana
pequena onde estavam guardadas as pranchas de windsurfe.
Estava sua procura! ela exclamou, assustada. Onde que voc andou?
Estava no mar.
Jeremiah me disse que avisou voc de que no seria prudente nadar hoje
noite. Como no conseguiu encontr-lo, cheguei a pensar que ... Oh, no suporto pensar
nisso! ela murmurou, estremecendo.
Voc ficou muito ansiosa? Craig parecia bastante surpreendido.
Claro que sim. S ento ela ousou encar-lo. Sua pele e seus cabelos
estavam molhados e refletiam a luz da lua. Sempre fico preocupada quando voc se
entrega a esportes perigosos, como o mergulho e o esqui aqutico.
Pois voc deveria mergulhar e esquiar comigo. Pelo menos ficaria sabendo de
que se trata. Saberia o quanto sou cuidadoso, como no corro riscos e obedeo a todas
as regras de segurana.
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Mas como eu poderia ir com voc? Nunca me convidou! Depois de certo tempo
comecei a pensar que voc no fundo, no queria que eu o acompanhasse a nenhum lugar
e fiquei imaginando por que se casou comigo.
Samantha no tinha a menor inteno de dizer aquilo a Craig. Pretendia acusa-lo
de t-la despedido da revista e declarar que no iria fingir que tudo estava bem apenas
para satisfazer o pai dele. Comunicaria que, no dia seguinte, tomaria um avio para
Londres e desta vez o deixaria para sempre. A raiva, no entanto, deu lugar preocupao
e ansiedade. S ento percebeu o quanto o amava e como desejava que a separao
tivesse realmente terminado.
No sabia disso ele disse baixinho, dando um passo em direo a ela. Seus
olhos brilhavam como as gotas de gua que lhe cobriam o corpo. Voc nunca me disse
como se sentia e, passado algum tempo, comecei a pensar que, no fundo, no se
importava comigo. Casou-se porque eu era um partido, como muitos de meus amigos e
parentes viviam me dizendo. Enfim, voc me quis porque eu sou rico. At mesmo na
cama, voc no se abandonava inteiramente. Estava sempre se contendo, at me dar a
impresso de que no queria fazer amor. Ele fez pausa para enxugar a gua que
escorria dos cabelos para o rosto e prosseguiu, num tom carregado de aspereza: Voc
ainda se recusa a se entregar, a vir ao me encontro e hoje descobrir por qu. Esteve com
Lyndon Barry hoje noite, no?
Abalada pela acusao de que se casara com Craig unicamente pelo dinheiro e de
que era uma mulher fria. Samantha o encarou, decidida a protestar, mas incapaz de fazlo. Queria lhe explicar que sua dificuldade para fazer amor, se prendia ao fato de estar
convencida de que ele amava Morgana.
No verdade? ele perguntou, como certa brutalidade. Voc no foi ao
hotel para ver Barry?
Fui... fui, sim ela gaguejou. Fui v-lo. Tinha de explicar por que no havia
contado a ele que eu era casada com voc e...
No precisa se desculpar. Apenas fico surpreendido por voc ter voltado to
cedo. Julguei que passaria a noite com ele.
Oh!
Samantha ferveu de indignao. Sentiu mpetos de esbofete-lo por aquele insulto
e chegou a levantar a mo. Subitamente tudo ficou claro e ela o enxergou como
realmente era. Seu corpo estava banhado pelo claro da lua e ele a encarava numa
evidente atitude de desafio. Aquele era o homem por quem se apaixonara havia quatros
anos; o homem com que havia se casado e ao lado de quem passara momentos mgicos.
Agora pretendia esbofete-lo por ter insinuado que ela andava dormindo com outro
homem? O que estava acontecendo com eles? Por que brigavam daquele jeito?
Acho...que voc est com cime ela declarou em tom de caoada, da mesma
forma como Craig costumava caoar dela, todas as vezes que se opunha sua amizade
com Morgana.
Em vez de agredi-lo, Samantha estendeu o brao e encostou de leve em seu peito.
Pois no ouse duvidar! Ela estava para retirar a mo, mas Craig a impediu de
fazer o menor gesto, dando um passo adiante. Quando Jeremiah me contou que voc
foi, senti vontade de ir at hotel, dar um murro em Lyndon Barry e traz-la de volta!
Agora sabe como me sinto todas as vezes em que voc est com a Morgana!
Mas voc no tinha o menor motivo para sentir cime dela!
Tinha, sim! Samantha retrucou, se afastando e tentando, sem sucesso, livrarse dele. Sempre que ela aparece, quando estamos juntos, tenta monopolizar voc e
me fazer sentir que no sou desejada. E pelo que sei, voc e ela tm um caso h anos.
E da? Craig apertou-lhe o pulso com toda a fora, puxando-a brutalmente de
encontro ao corpo. Samantha tentou se afastar, mas ele a imobilizou. Seu rosto estava
bem junto ao dela e ele falou baixinho ao seu ouvido, enviando-lhe ondas de
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sensualidade por todo o corpo: Pelo que sei, voc tem um caso com Lyndon Barry h
dois anos e vive com ele. Talvez ele seja a razo por que procurou um advogado, com a
inteno de se divorciar de mim.
Mas como... quem lhe disse que fui consultar um advogado?
No importa, eu sei. Por acaso pretende negar?
No murmurou.
Ela tremia e teve de ser apoiar em Craig. Atravs do leve tecido de seu vestido
sentiu os poderosos msculos das coxas dele enquanto era amparada. Apoiava a mo
contra o peito de Craig e sua pele estava quente e molhada, incitando-a a acaricia-lo. O
fato de estar to junto dele despertava desejo. Desesperada, tentou mais uma vez livrarse daquela proximidade perturbadora.
Craig, me solte! murmurou. Oh, por favor, me solte!
Agora no. S quando eu conseguir o que quero de voc ele murmurou.
Suas mos comearam a acariciar as costas de Samantha e ele a puxou para junto
de si. De repente ela sentiu ele lhe abaixava o zper do vestido.
Voc prometeu que no faria isso protestou, mas sem grande convico e
no se esforando para repelir Craig. Aquilo, de resto, no era possvel, pois o desejo
circulava por suas veias como chamas e ela queria unicamente se abandonar queles
impulsos selvagens que se apoderavam de todo seu ser. Por favor! suplicou
Samantha, erguendo a cabea para encar-lo.
Seus lbios se abriram e seus olhos se fechavam, num convite para que Craig a
beijasse, embora tivesse a inteno de lhe pedir para solt-la.
Por favor o qu? isto que voc quer que eu faa, no? Os lbios viris
roaram os dela, enquanto ele lhe abaixava o vestido, que caiu a seus ps. S prometi
no fazer o que voc no quiser que eu faa ele murmurou com a voz rouca de desejo,
contemplando aquele corpo nu. Eu te quero Samantha.
A seu toque os seios de Samantha pareceram desabrochar como um boto de rosa
ao calor do sol. A chama escura do desejo consumiu as frgeis defesas que ele havia
levantando contra Craig. Abraou-o e cravou as unhas na carne macia de seus ombros,
beijando-o com avidez.
Entregues ao calor da paixo, foram-se deitando na areia e seus corpos se
entrelaaram. O luar se escoando pelas folhas das palmeiras, batia naquelas peles nuas.
A alguns metros de distncia as ondas se arrebentavam na praia. A areia, que no tinha
sido atingida pelo mar, ainda estava quente e se assemelhava a um leito acolhedor, que
abrigava aqueles corpos.
Craig a acariciou, procurando dominar-se, como se sentisse dificuldade em
controlar o desejo de possu-la. Ela reagiu com mais espontaneidade e havia tambm
uma certa violncia no modo como o tocava. A necessidade de possuir e ser possuda era
uma loucura temporria, uma fria deliciosa e que tudo consumia. Ambos se beliscavam,
se arranhavam, se lambiam e se mordiam, numa tentativa desesperada de exprimir seus
sentimentos. A posse foi uma sbita exploso de sensaes h muito reprimidas.
Soluando de alvio, com as lgrimas lhe escorrendo pelo rosto, Samantha ficou
abraada a Craig e, lentamente uma sensao deliciosa comeou a circular por seu
corpo. Todas as suas tenses afrouxaram e ela jamais sentira isso. Queria ficar para
sempre com a cabea apoiada nos braos de Craig, sentindo os dedos dele lhe
acariciando os cabelos, ouvindo o vento soprar atravs das rvores.
Tantas vezes ela havia ficado assim, aps fazer amor com Craig, nos primeiros
tempos de casamento... Isso fora antes de Morgana entrar em cena e, com resultado,
Samantha comeou a reagir mal aos beijos e aos toques de Craig, fechando-se em si
mesma.
No, sua relao com ele nunca fora to boa quanto aquela noite.
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Ela jamais se sentira to completa, como se todas as suas nsias tivessem sido
completamente satisfeitas. Mas por que se sentia assim?
Simplesmente pelo fato de ter-se abandonado inteiramente, sem temer as
consequncias, por no ter conseguido controlar a paixo, que pusera abaixo todas as
suas barreiras.
Durante alguns momentos Samantha experimentou uma grande liberdade de corpo
e alma, como se o fato de fazer amor com Craig a tivesse feito abandonar uma priso
qual se condenara a viver para sempre, desde que se havia separado dele.
Mas eles estavam juntos apenas para manter as aparncias durante alguns dias,
possivelmente uma semana, e em seguida regressaria a Londres, se quisesse. Craig no
a amava como ela desejava ser amada. Se amasse, teria pedido para ficar ao seu lado
para sempre. Agora mesmo ele a tinha usado, tratando-a como a mulher a quem amava,
mas como a um objeto sexual. Toda a alegria e o prazer que experimentara se esgotaram,
dando lugar revolta. Empurrando-o, Samantha sentou-se. Craig fez o mesmo e seu
brao nu encostou no dela. A jovem o repeliu, receosa de voltar a sucumbir mais uma vez
s atraes daquela pele bronzeada, com o cheiro do mar daquelas coxas musculosas e
da magia contida em seus dedos.
O que h? ele perguntou.
Voc se aproveitou da situao. E agora, o que vou fazer?
Eu me apoderei daquilo que me pertence ele disse com um toque de
arrogncia, deslizando a mo pelas coxas dela. E tambm lhe dei algo acrescentou,
em um tom provocador. Voc no pareceu se importar... E se entregou com uma
liberdade de que eu nunca presenciei. Foi bom, bom demais, e haver muito mais, se
voc quiser, mas no aqui e sim na cama. Poderemos dormir juntos.
No, no! Ela se afastou, pois queria evitar a todo custo a tentao, e
levantou-se. No posso suportar que voc me toque! declarou, beira da histeria.
Samantha se vestiu s pressas e, num gesto nervoso, tentou fechar o zper.
Samantha, meu amor! Craig estava de p e se aproximava.
No! Ela pegou as sandlias e saiu correndo em direo aos degraus.
Samantha, volte aqui! gritou Craig, mas ela no parou.
Estava decidida a fugir dele, temerosa do poder que aquele homem tinha sobre sua
pessoa. Subiu rapidamente os degraus, entrou na casa e foi correndo para sua sute. L
chegando, foi diretamente at o quarto de vestir, escancarou as portas dos armrios e
tirou as malas e os vestidos aos soluos.
O que voc est fazendo? Craig entrou no quarto e bateu a porta com toda
fora. Ele tambm tinha corrido, estava ofegante. Seus olhos fuzilavam.
No est vendo? replicou Samantha, arrumando as malas s pressas. Vou
embora!
Agora! ele perguntou, caminhando para perto da cama, em cima da qual
estava a mala.
Sim, agora. No posso fazer o que voc me pediu. No posso ficar e fingir que
est tudo bem, sobretudo se voc pretende se aproveitar da situao para fazer amor
comigo. Eu me recuso a ser tratada como um brinquedo.
E para onde pretende ir a esta hora da noite? Para o hotel? Naturalmente vai se
encontrar com Barry? Pois saiba que no admito! Voc pertence a mim e no a ele!
No verdade! ela protestou, cometendo o engano de encar-lo.
Teve a sensao de que suas pernas no a sustentavam ao v-lo queimado de sol,
praticamente nu, no fosse pelo mai, exibindo um corpo atltico e perturbador.
Voc me pertence, sim! insistiu Craig, avanando em direo a ela. Ainda
usa a aliana que lhe dei e continua sendo minha mulher, aos olhos da lei. Isso no
mudou e no vai mudar, a menos que eu decida. Voc no ir a lugar nenhum hoje
noite. Vai ficar aqui.
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Movendo-se com uma agilidade que a tomou de surpresa, Craig agarrou a mala,
virou-a e todas as roupas se espalharam pelo cho. Juntou-as, jogou-as dentro do
guarda-roupa e fechou as portas.
Voc no vai sair ele reafirmou, com arrogncia.
Mas voc no pode me obrigar a ficar. No h como me obrigar, se eu me
recusar. Posso ir sem as minhas roupas. Preciso apenas da minha bolsa. Oh, onde ser
que ela est?
Samantha olhou sua volta, um tanto confusa, e lembrando subitamente onde
tinha deixado a bolsa, abriu a porta do quarto e saiu correndo pelo corredor.
Dirigiu-se s pressas para o vestbulo. A bolsa no mais se encontrava onde havia
sido deixada. Sem ela no poderia partir. Tomada de profundo desnimo, voltou
lentamente para o quarto. No poderia passar a noite em um hotel de St. John e muitos
menos voar para a Inglaterra sem dinheiro e passaporte.
Teria de esperar at o dia seguinte, na esperana de que Jeremiah tivesse
guardado a bolsa. Agora estava cansada e emocionalmente exausta para pensar em
tomar uma atitude.
Quando ia entrar na sute cruzou com Craig, que usava uma elegante cala preta e
um suter cinza. Ele parou, assim que a viu.
Como? Ainda no foi embora? indagou, com profunda ironia.
E nem vou. No consigo encontrar minha bolsa. Eu a deixei sobre uma cadeira
no vestbulo, antes de ir para a praia, e sem ela no tenho condies de partir.
Samantha endireitou os ombros, levantou o queijo e o encarou fixamente. No tinha a
inteno de passar a noite com Lyndon, conforme voc imaginou. Isso jamais aconteceu
entre ns. Nunca tivemos um caso e nem eu quero ela concluiu, em atitude de desafio,
como se estivesse fazendo uma declarao de guerra.
Craig, muito tenso, encarou-a com ar de suspeita durante um momento e, aos
poucos , foi relaxando.
Est bem, acredito em voc. Desculpe pelo que disse ainda h pouco. Ele fez
uma pausa e seus olhos comearam a brilhar novamente. No pedirei desculpas pelo
que aconteceu na praia. Eu a desejei e voc tambm me desejou. Isso vem acontecendo
entre ns desde que nos encontramos no aeroporto.
No, no verdade...
verdade, sim. Por que acha que a segui quando voc foi velejar com aqueles
seus amigos? Voc minha mulher, Voltei a encontr-la, aps dois anos de separao, e
queria fazer amor com voc. uma reao natural e primitiva, se quiser, mas no me
envergonho dela. Craig estendeu a mo, como se quisesse toc-la mas mudou de
idia. Est bem, est bem! disse, irritado. Voc no precisa se afastar desse jeito.
No pretendo toc-la novamente. No pode partir sem a bolsa? Espero que Jeremiah a
tenha guardado num lugar seguro. Quer que eu v perguntar aonde est? Creio que ele e
Elena j se deitaram mas posso bater porta do quarto deles, se for necessrio.
Oh, no! Por favor, no os incomode. Eu pego a bolsa de manh. Conforme
voc disse, no irei a nenhum lugar noite, a no ser para a cama.
Por que no faz isso? ele sugeriu. O quarto ser inteiramente seu.
Encontrarei outro lugar para dormir. Boa noite.
Craig se retirou e fechou a porta.
CAPTULO VII
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Fui ver Lyndon, o jornalista que o entrevistou. Perguntei onde ouviu o boato e
ele disse que tudo partiu de uma mulher que se encontrava hospedada no hotel. Pela
descrio que ele fez adivinhei que se tratava de Morgana Taylor.
Ah! E onde voc acha que ela obteve essa informao?
No tenho a menor idia Samantha interrompeu-se, pois no gostou do
pensamento que acaba de lhe ocorrer. A menos que Craig tenha conversado com ela...
Ontem noite ele me disse que sabe que eu consultei um advogado em Londres, a
respeito do divrcio, mas no tenho a menor idia de como ele descobriu.
Fui eu quem lhe contei disse Howard, com rispidez.
Quando?
Assim que recebi a informao de Londres.
Oh, no entendo! disse Samantha, bastante perturbada. No disse que a
ningum que iria procurar um advogado, a no ser a Lyndon Barry. S ontem que ele
ficou sabendo que sou casada com Craig. Como foi que o senhor descobriu?
Tinha chegado at a grade, no fim do ptio, e Howard contemplava a bela vista da
baa. A seu lado Samantha estudava aquele perfil de gua. Era, sem dvida, um homem
muito astuto.
Fui informado por certas pessoas de Londres, que trabalham para a companhia
e que vivem de olho em voc, a partir do momento em que decidiu se separar de Craig.
Quer dizer que fui espionada? ela indagou, horrorizada com aquela
declarao. Como o senhor foi capaz de fazer uma coisa destas?
Chame de espionagem, se quiser ele replicou, sem se deixar abalar pela
acusao. Agora posso lhe dizer que Craig se casou com voc s para me desafiar.
Conrad Taylor e eu h muito discutamos a possibilidade de fuso de nossas empresas e
pretendamos consolidar essa fuso atravs do casamento de Craig com Morgana.
Conrad chegou mesmo a estabelecer o casamento com condio essencial para essa
fuso. Craig se recusou a cooperar e foi para a Inglaterra, onde acabou se casando.
Como voc no de famlia rica eu fiquei desconfiado e cheguei a acreditar que se casou
com ele devido sua riqueza e posio social. Da a pouco mais de um ano voc voltou
para a Inglaterra e insistiu em arranjar um emprego. Achei que as minhas suspeitas se
confirmavam e mandei vigi-la. Como lhe disse ontem, no queria que voc fizesse com
Craig o que Ashley fez comigo. Assim que soube que voc consultou um advogado decidir
agir.
Como assim?
Eu a convidei a vir para c, aps tomar providncia para que voc fosse
dispensada da revista. Assim no poderia usar o trabalho como pretexto.
Quer dizer que foi o senhor quem pressionou Marylyn Dowell!
No costumo pressionar ningum declarou Howard Clifton, com muita frieza.
Simplesmente dou ordens e exijo que sejam cumpridas.
Mas eu poderia no ter aceitado o seu convite. O que a senhora faria, nesse
caso?
Mas voc aceitou. Veio at aqui e o mesmo aconteceu com o Craig, conforme
eu esperava. Ontem voc mesma disse que a separao chegou ao fim e que no haver
mais divrcio. Fico contente por saber que meu pequeno plano deu certo. Tive igualmente
a oportunidade de conhece-la melhor. Minha cara, durante sua permanncia cheguei
concluso de que no se casou com Craig por dinheiro. Casou com ele porque o amava,
no mesmo?
E... como foi que o senhor descobriu?
Ouvindo, observando e tambm porque, pelo visto, voc no hesitou em aceitar
o meu convite. Esperava ouvir notcias de Craig e at mesmo se encontrar com ele aqui,
no?
Sim... murmurou Samantha.
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queria partir. Ficaria at o fim da semana, conforme Craig tinha pedido, e s ento tomaria
uma deciso.
possvel que voc no queira voltar, no mesmo? , havia sugerido Howard
Clifton.
Como aquele homem era esperto e malicioso! Como a tinha estudado bem,
analisando com preciso seu comportamento! Parecia conhec-la melhor do que ela
mesma e tinha adivinhado os motivos que a levaram a consultar um advogado. Quando
terminaram os dois anos estipulados por Craig para a separao, ele no dera o menor
sinal de vida. Samantha, desesperada, pretendia pedir ao advogado que entrasse em
contato com ele sugerindo um divrcio, na esperana de que ele tomasse alguma atitude.
Antes que conseguisse agir, Howard foi informado e interferiu. Foi despedida do emprego,
de acordo com as instrues dele, e recebeu o convite para ir a Antgua. Conforme
Lyndon dissera, ela havia cado numa armadinha, alis com toda facilidade, e voltara a se
encontrar com Craig.
Craig, por sua vez, viera porque sabia que ela estaria presente. Alis no fazia o
menor segredo em torno do assunto. Seguira-a atravs das ilhas quando ela partira com
os Wallis porque queria fazer amor com ela e pedir-lhe para fingir que a separao havia
chegado ao fim.
Samantha mordeu o lbio. Seria possvel que o tivesse entendido mal e que ele, no
fundo, desejasse reatar o casamento? No era possvel, pois Craig havia estipulado um
limite de tempo, talvez no mais do que uma semana. Em seguida ela poderia regressar a
Londres se quisesse. No teria agido assim se quisesse que Samantha ficasse com ele.
Mas por que Craig queria que ela fingisse? Seria apenas para satisfazer seu pai,
conforme Lyndon havia sugerido? Ou haveria alguma outra razo? Ela no tinha como
saber. Mas por acaso teria de saber? Craig no poderia fingir que a separao acabara
pelo fato de am-la e quer-la de volta?
Samantha vestiu um mai, ps uma sada de praia e saiu do quarto. Tinha a
inteno de praticar um pouco de windsurfe. O tempo estava timo, o vento soprava firme
e o sol esquentava. Seria prefervel aquilo a ficar sentada em casa, tentando analisar a
situao dela com Craig, imaginando o que ele estaria fazendo na cidade e se fora ao
encontro de Morgana.
Durante meia hora Samantha percorreu a pequena baa em vrias direes,
praticando o windsurfe com uma habilidade cada vez maior. No caiu na gua uma vez
sequer. Refrescada pelo exerccio, guiou a prancha at sua praia favorita, pretendendo
tomar um pouco de sol antes de voltar para casa.
Aproveitou a oportunidade de estar sozinha, tirou o mai e o colocou sobre uma
pedra para secar. Em seguida deitou-se de costa na areia quente e fechou os olhos. A paz
e a tranquilidade eram fantsticas. O sol no estava excessivamente aquente e acariciava
sua pele, queimando as partes que no costumavam ser expostas. As ondas batiam de
leve, de encontro aos rochedos, e o vento sussurrava por entre as folhas das palmeiras.
Reinava a mais completa paz.
Voc costuma vir aqui com frequncia?
Assustada, Samantha abriu os olhos rapidamente e sentou-se, cobrindo os seios
com os braos. Olhou sua volta, mas no viu ningum. A praia estava deserta e
nenhuma outra prancha de windsurfe tinha se aproximado. A seu lado no havia nenhum
homem alto, bronzeado...
Levantou-se e vestiu o mai, pois poderia haver algum entre os rochedos,
espionando. Voltou a deitar-se, desta vez de bruos, e fechou os olhos, esperando sentir
uma vez a paz de esprito que aquele lugar encantado lhe proporcionava.
Sentia-se, no entanto, intranquila. Diante de si s enxergava Craig, s ouvia sua
voz, calma e profunda, zombando dela. Descobriu que ansiava por sua presena.
Gostaria realmente de ter-lhe ouvido a voz.
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Oh, minha cara! Sinto tanta pena de voc! to ingnua, to fcil de conduzir!
Saiba que no preo para um homem como Craig. Ele sofisticado demais para uma
criatura como voc. Imagino s os argumentos que deve ter usado para convenc-la a
no se divorciar dele. Naturalmente foi encorajado pelo pai, pois Howard no querer que
voc se divorcie e pea uma penso. Ele detesta perder dinheiro desse jeito. No me
espantaria se Howard lhe oferecesse dinheiro para voc fingir que a separao terminou.
Em outras palavras, ele no hesitaria em compra-la.
Pois voc se engana! Ele no me comprou disse Samantha, cerrando os
punhos com mais fora ainda. Estava indignada. Por favor, me deixa passar disse,
mas Morgana voltou a barrar o caminho, sorrindo, mais falsa do que nunca.
Mas ento a coisa pior que eu pensava... ela murmurou. Os dois
conseguiram convenc-la... Voc est cometendo um erro terrvel. Esperava que tivesse
aprendido com o primeiro erro.
Como assim?
Eu me refiro ao fato de ter se casado com Craig. Imagino que tenha se
apaixonado por sua aparente honestidade. Isso no deixa de ser uma tentao, sobretudo
quando combina com a riqueza, com a capacidade de praticar esportes perigosos e com
a reputao de um verdadeiro gnio das finanas. Imagino que voc teve diante de si um
verdadeiro prncipe encantado, que veio resgat-la da pobreza.
No verdade! No sou como Cinderela e nunca vivi na pobreza.
Mas acredito que viveria feliz para sempre com Craig aps casar-se com ele,
no mesmo? Quanta ingenuidade! Acho inacreditvel que ainda existam mulheres como
voc. No sei como pode continuar a agir assim, em face da realidade. Naturalmente
deve pensar que Craig foi fiel durante os dois anos em que esteve separada dele. Posso
lhe garantir que no e voc conseguir se divorciar dele com a maior facilidade.
No quero ouvir mais uma palavra! Deixe-me passar! Samantha chegou a
agarrar o brao de Morgana, que a encarou com dio e, de repente, tirou o corpo.
Desesperada, ela tentou se equilibrar, mas no conseguiu. Por trs dela no havia
nada, a no ser os degraus que levavam a outro patamar, alguns metros abaixo.
Samantha gritou e tudo girou sua volta; as rochas, os arbustos e rvore. Finalmente se
chocou contra alguma coisa e desmaiou.
Demorou muito tempo antes que ela recobrasse a conscincia. Quando acordou
estava deitada em sua cama e sentia dores em todo o corpo. O quarto estava quase na
escurido e ela imaginou como teria chegado at l. Pensar era um esforo, pois sua
cabea doa demais, mas recordou que tinha ido praticar windsurfe e que tivera pressa
sbita de ver Craig, de lhe comunicar algo...Por acaso o teria encontrado?
O esforo era demais e comeava a sentir-se tonta novamente. Como teria
chegado at l? No se lembrava de ter entrado na casa. Lembrava-se apenas de ter
voltado praia, aps o que guardara a prancha e encontrara Morgana.
A ruiva lhe havia barrado a passagem, impedindo-a de ir at a casa, ao encontro de
Craig. Morgana sempre estava entre os dois! Atormentava-a e a empurrava, quando ela
tentava passar, fazendo-a perder o equilbrio e cair!
Oh, no! Ela deu um gemido abafado e imediatamente algum se aproximou.
Samantha!
Era a voz de Craig. Finalmente o encontrara! E agora, o que lhe diria? Abriu os
olhos e tentou erguer a cabea. Uma dor aguda se apoderou de todo o pescoo e ela
gritou.
No se mexa. Craig sentou-se na beira da cama, ao lado dela. Voc no
de fazer o menor movimento, at o mdico vir examin-la. Corri um grande risco,
trazendo-a para c assim que a encontrei. Voc no sabe o que aconteceu? Como foi que
caiu? Tropeou?
A garganta de Samantha estava seca e era difcil falar.
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CAPTULO VIII
Uma semana mais tarde Samantha voou de Antgua para Londres, sem ter notcias
de Craig. Resistiu firmemente insistncia de Carla e Howard, que queriam a todo custo
que ela prolongasse sua permanncia at se recuperar inteiramente.
No havia ningum sua espera no aeroporto, o que no era nada surpreendente,
pois no tinha avisado seus amigos. Do aeroporto telefonou para Thea Johnson, uma
amiga de infncia, com quem dvida um apartamento antes de ir para Antgua. Thea
estava um tanto apressada, pois era muito cedo e se preparava para ir trabalhar. Disse
que poderia voltar para o apartamento, pois suas coisas estavam l e ningum tomara os
eu lugar.
Voc est com a chave, no , Samantha?
Sim.
Pois ento venha diretamente para c. Ns nos veremos bem mais tarde, pois
vou sair com um amigo aps o trabalho. Ento falaremos sobre a sua viagem. Aposto que
est muito bronzeada! Bem, tenho de sair. At logo!
Carregando as malas com certa dificuldade, Samantha tomou o metr. Uma hora e
meia mais tarde, exausta da longa viagem, chegou ao pequeno apartamento. Estava
exatamente como o havia deixado e parecia que fazia tanto tempo... Tinha a impresso
de aquela viagem se dera h um ano, mas no fazia nem um ms que havia partido para
Antgua.
No desfez as malas, mas se deitou e dormiu quase o dia inteiro.
Quando acordou j era noite e, aps preparar uma refeio ligeira, telefonou para
seus pais, avisando de sua volta. No lhes contou que estivera com Craig, pois no
queria discutir com a me. Quanto menos ela soubesse das complicaes de seu
relacionamento com ele, melhor.
Tambm no disse nada a Thea, falando apenas da beleza das ilhas que tinha
percorrido, dos Wallis e de algumas outras pessoas que conhecera.
Isso est me parecendo um verdadeiro paraso! disse Thea com um suspiro.
Talvez seja uma boa idia eu comear a economizar para ir at l o ano que vem. O
que pretende fazer agora?
Procurar um emprego.
No vai encontrar com facilidade, ainda mais no seu ramo.
Thea no se enganara. No final de sua primeira semana na Inglaterra, apesar de
ter feito vrias entrevistas, no conseguiu emprego.
Na sexta-feira de manh, enquanto pensava em ir a Epping passar o fim de
semana com o pais, recebeu um telefonema.
Aqui quem fala Marilyn Dowell, Samantha. Como vai?
Bem, obrigada. E voc?
Mais ou menos. Aproveitou bem a viagem a Antgua?
Sim, mas como sabe que fui para l?
Algum no escritrio deve ter feito um comentrio. Samantha, voc est
trabalhando no momento?
No. Se estivesse voc no me encontraria em casa numa manh de sextafeira, no mesmo?
Imagino que no. No gostaria de voltar a revista?
Exercendo que funo? perguntou Samantha, com certa cautela.
A mesma de antes.
O que aconteceu com os cortes por medidas de economia?
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Samantha teve a impresso de que seus nervos tinham alcanado o limite mximo
de resistncia. Voltou-se para fugir, mas Thea fechou a porta.
Thea! Por favor, fique!
Preciso sair, meu bem. Tenho um encontro. Vou dormir fora. At logo!
Thea!
Samantha quis ir correndo at a porta, mas Craig lhe barrou a passagem.
Voc vai ficar aqui comigo ele disse, autoritrio como sempre. Tem que me
explicar muitas coisas.
Voc tambm tem muitas explicaes para me dar ela retrucou, erguendo o
queixo, numa atitude petulante.
Est bem. Vamos conversar. Craig notou o quanto ela estava plida e
cansada e sua expresso se suavizou. Voc parece fatigada. Venha sentar aqui.
Ele pegou a mo de Samantha e, embora ela achasse que no devesse
corresponder ao gesto, o calor daqueles dedos era to reconfortante que no resistiu,
deixando Craig leva-la para o sof, onde sentou-se rapidamente, pois suas pernas
comeavam a tremer.
Voc no quer comer ou beber nada? ele perguntou.
J comi respondeu Samantha, sem ter coragem de encar-lo.
Uma bebida at que iria bem, mas no sei o que temos em casa.
Cerveja e um resto de vinho do Porto, segundo me disse sua amiga. Tenho,
porm, uma garrafa de conhaque na minha sacola. Voc sabe que jamais viajo sem ela,
mas tomo o conhaque para fins puramente medicinais disse Craig, com ar zombeteiro.
Ou quando quer espantar o frio... ela murmurou, encostando-se nas
almofadas e fechando os olhos.
Ou caso precise entreter uma mulher atraente, como est acontecendo agora.
Samantha abriu os olhos e viu Craig indo para a cozinha. Poderia partir naquele
momento, enquanto ele estava ocupado... No entanto sentia-se cansada de fugir do amor
e de suas exigncias.
No h copos para conhaque e teremos de nos contentar com estes disse
Craig, voltando para junto dela.
Voc ps bebida demais! Desse jeito vou acabar ficando alta.
E da? Por que se preocupa tanto? Est em boa companhia! ele afirmou,
sentando-se ao seu lado. Se voc ficar bbada eu a carrego para a cama. Bem, fao
um brinde a ns dois. Aps tomar um gole, Craig colocou o copo sobre a mesa.
Pode comear, se quiser e me conte por que partiu de Antgua com tamanha pressa.
Conforme deve estar lembrado, voc sugeriu que eu poderia voltar para Londres
depois que a nossa combinao chegasse ao fim. Como voc foi para Toronto, presumi
que no desejava prosseguir com o nosso arranjo. Assim que me senti bem, decidi voltar.
Voc poderia ter se manifestado antes de partir da casa de seu pai, comunicando sua ida.
Por que esse silncio?
Craig mudou de posio, tomou mais um gole de conhaque e, inclinando-se,
apoiou os cotovelos nos joelhos. Nessa posio Samantha conseguia distinguir-lhe
apenas o perfil, o queixo proeminente, o nariz e os cabelos muito negros, que lhe cobriam
a orelha e a nuca.
Tive de viajar a Toronto para cuidar de negcios. Do jeito como voc se
comportou, depois que fizemos amor na praia, deduzi que no estava mais disposta a
continuar com a nossa combinao. Imaginei que no se importaria muito se eu partisse
sem dizer nada. Cheguei mesmo a ter a impresso de que voc ficaria aliviada, se eu me
afastasse mais uma vez. Ele esvaziou o copo e o pousou sobre a mesa. Pretendia
regressar a Antgua assim que pudesse, pois queria saber se voc havia se recuperado
da queda. Queria tambm acabar com a nossa separao. Achei que voc no estaria em
condies de fugir de novo. Pelo visto me enganei.
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Fez-se uma breve pausa, durante a qual Samantha percebeu que Craig no iria
dizer mais nada, esperando que ela se manifestasse.
No me senti aliviada com a sua partida. Ao contrrio, fiquei muito preocupada.
mesmo? Por qu?
Porque no dia em que voc partiu, comecei a me sentir muito melhor e me
lembrei do que ia lhe dizer, pouco antes de me encontrar com a Morgana e ela me
empurrar. Samantha sentiu-se novamente trmula e tomou mais um pouco de
conhaque. Ah, j ia esquecendo... Voc no acredita que eu vi Morgana naquele dia,
no mesmo? Acha que eu imaginei que estava l e me empurrou. sua amiga desde
os tempos da escola e no pode acreditar que ela seja capaz de fazer algo to
desprezvel.
Craig passou os dedos pelos cabelos.
Morgana e eu no ramos to amigos assim em nossa infncia. Na realidade eu
a via raramente e s passamos a nos encontrar com frequncia quando sa da
universidade e fui trabalhar para a empresa de meu pai. Ela costumava me seguir,
aparecendo nos lugares onde eu me encontrava! E como falava! O assunto girava sempre
em torno dela mesma, da grande escritora que viria a ser. A coisa chegou a tal ponto que
eu comecei a entrar em pnico todas as vezes em que me encontrava com ela. Agora sei
com certeza que voc no estava delirando ao dizer que ela a empurrou, mas quando
voc me contou o fato no pude entender que Morgana estivesse l. Acreditei que ela
tivesse partido com aquele homem que havia conhecido. Deve ter dado uma parada em
casa, a caminho do aeroporto. Eu a vi em Toronto, quando voltei para l.
Ah, sei... disse Samantha, tensa.
No precisa ficar desse jeito! No fui procura-la. Ela que me procurou, assim
que soube que eu estava de volta. Comeou a querer tirar informaes a seu respeito,
como sempre, e acabou por se trair.
Como assim?
No lhe contei exatamente o que aconteceu com voc. Disse apenas que voc
estava muito bem. Da ela comentou que voc parecia estar com tima aparncia, na
ltima vez que a viu. Perguntei quando tinha sido. Ela respondeu que voc acabava de
praticar windsurf. Da eu perguntei como sabia que voc tinha praticado windsurfe
naquele dia, j que ela havia partido de Antgua. Nunca vi Morgana ficar to vermelha.
Aproveitei esse constrangimento e a acusei de ter empurrado voc na escada.
E o que ela disse?
Gaguejou, disse que foi um acidente, que voc tentou p-la de lado e que ela se
limitou a se defender.
E da?
Eu pedi a ela que nunca mais se aproximasse de ns. Se ela insistisse, no
hesitaria em acus-la publicamente de tentar agredir voc. Ela ento partiu.
Craig se levantou e foi at a cozinha, voltando com a garrafa de conhaque. Serviuse e voltou a sentar-se ao lado de Samantha.
Bem, agora que nos livramos de Morgana, que tal voc me dizer o que tinha em
mente, quando a encontrou na escada?
Samantha no conseguiu enfrentar o olhar dele e fitou o copo. Subitamente o
sangue comeou a ferver em suas veias e ela sabia perfeitamente que no era a bebida
que provocava aquele efeito, mas o fato de estar to prxima daquele homem.
Como foi que voc descobriu que eu parti de Antgua? ela perguntou,
tentando desviar o assunto.
Meu pai me contou, quando telefonei, esperando falar com voc para dizer que
voltaria logo. Ele me perguntou o que eu faria para impedi-la de ser divorciar de mim.
Desde que soube que consultou um advogado, no pensa em outra coisa. No fundo, acha
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que voc capaz de fazer comigo o que mame fez com ele. uma das razes por que a
convidou a ir a Antgua.
Eu sei. Ele me disse.
Foi tambm por isso que persegui voc atravs das ilhas. a mesma razo que
me levou a lhe pedir para fingir que a nossa separao tinha chegado ao fim.
Para agradar o Howard?
Para que ele se calasse e no pudesse dizer como devo governar a minha vida.
Para que ele no a criticasse mais, dizendo que voc igual a minha me.
E quais eram as outras razes?
Uma delas era convencer Morgana de que ela no deveria ter a menor
esperana em desmanchar o nosso casamento. Sabia que ela pretendia que nos
casssemos, to logo Conrad assumisse a presidncia da Empresa Clifton.
E isso aconteceu?
Sim. Ele e eu conseguimos convencer papai a vender suas aes.
E quanto sua parte?
Vendi antes de papai.
Por qu?
Porque me ofereceram um bom preo e eu queria aplicar o dinheiro em meu
negcio.
Voc tem sua prpria empresa?
Tenho, sim.
Mas nunca me disse nada?
Voc no parecia estar especialmente interessada no que eu fazia quando saa
de casa para trabalhar.
que...eu imaginava que fosse para a Clifton. E qual o seu negcio?
Financio produes para televiso, noticirios, filmes... O futuro est no vdeo e
nos jornais ou revista, pois, gostemos ou no, educamos uma gerao que prefere ver e
ouvir a ler. O negcio est crescendo cada vez mais e quis sair da empresa de meu pai
para poder me dedicar inteiramente a essa iniciativa. Esperava tambm dispor de mais
tempo para minha mulher...
Fez-se uma pausa e Samantha tomou mais um gole de conhaque, certa de que
Craig tinha mais o que dizer.
A razo mais importante que me levou a pedir-lhe para fingir que estvamos
bem que achava que isso acabaria acontecendo. Fui muito otimista. Quando que voc
pretende iniciar o processo de divrcio?
As mos de Samantha se puseram a tremer e ela derramou a bebida na saia.
No pretendo disse, perturbada.
Voc disse que no pretende? ele murmurou, sentando-se mais perto dela.
Aquele perfume to familiar a envolveu.
Nunca tive a inteno de me divorciar de voc ela declarou, cruzando as
mos sobre o joelho, para se impedir de tocar o rosto de Craig, desmanchar as rugas que
tinham surgido recentemente em sua pele morena, criadas por um autocontrole
exagerado e, possivelmente, pelo sofrimento.
Mas ento por que foi consultar o advogado?
Fui pedir a ele para lhe escrever, sugerindo que nos encontrssemos e
discutssemos a possibilidade de um divrcio. Oh, eu simplesmente no sabia o que
fazer! Os dois anos tinham chegado ao fim e voc se manteve silencioso e distante o
tempo todo. Eu tinha de fazer algo para chamar a sua ateno e lembrar que eu ainda
existia, pois voc parecia ter esquecido.
No esqueci de modo algum! Fiz o possvel para que isso acontecesse, me
entregando aos negcios, trabalhando demais, viajando...
Saindo com Morgana... ela interrompeu, num sbito ataque de cime.
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corao. Fiz aquilo que os meus instintos diziam ser bom para mim. Acredito que voc
tenha feito o mesmo.
Sim...penso que sim.
O primeiro ano do nosso casamento foi esplndido ou pelo menos me apareceu
assim. Ento voc comeou a mudar, a dar ouvidos ao que as outras pessoas diziam ao
meu respeito, em vez de ouvir seu prprio corao. E ...precisei deixa-la partir. Tive de
deixa-la aqui em Londres, pois voc disse que era isso que queria. Craig chegou ainda
mais perto dela. No pretendo repetir o meu comportamento. No vou deixa-la nunca
mais. Se fizesse isso, voc fugiria, como fugiu de Antgua. Vou ficar e antes que esta noite
chegue ao fim voc vai confessar que quer a nossa separao termine, tanto quanto eu!
Craig a beijou como tanto ardor que Samantha sentiu seus lbios queimarem. No
tinha a menor defesa. O desejo se apoderou dela e exigia satisfao.
Mas por que voc no veio antes? ela murmurou, quase sem flego. Se
queria acabar com nossa separao, por que no veio quando os dois anos terminaram?
Porque estava espera de notcias suas. Achava que o primeiro passo deveria
ser dado por voc. E foi o que aconteceu, mas no exatamente como eu esperava. A
inciativa partiu do meu pai. Ele me contou da sua visita ao advogado. Eu j estava
decidido a vir at aqui quando ele sugeriu um encontro em Antgua. Foi o que fizemos e
eu comecei a perseguir a minha esposa fugitiva. Espero que a perseguio tenha
chegado ao fim. Tenho razo ou no?
Ele acariciou-lhe suavemente o rosto, olhando-a o tempo todo com uma expresso
de desejo.
Sim murmurou Samantha. Eu ia pr um ponto final na nossa separao...
quando me encontrei com a Morgana nos degraus. Pretendia falar-lhe assim que
melhorei, mas.... voc tinha ido embora e achei que no me amava mais.
Amava sim, e te amo mais do que tudo ele declarou com voz carregada de
paixo. Quer que eu seja novamente seu amante e seu marido, Samantha?
Quero, sim!
Todas as dvidas e suspeitas que a atormentavam se dissiparam diante daquela
declarao de amor e ela agiu obedecendo a seus instintos. Seguiu os impulsos do
corao e o beijou se abandonando sem a menor reserva nos braos dele.
Bem mais tarde, enquanto estavam deitados na cama de Samantha, onde haviam
feito amor, ela lhe fez uma pergunta:
Onde iremos morar?
Onde voc quiser declarou Craig, cheio de generosidade, entrelaando as
pernas com as dela.
Na casa perto de Toronto? ela perguntou, roando o rosto de encontro a seu
peito peludo.
No. Podemos morar aqui em Londres. Vendi a casa.
Voc vendeu aquela casa to bonita? Por qu?
Em primeiro lugar, porque voc disse que a detestava. Em segundo lugar,
porque recebi por ela uma oferta que no tinha condies de recusar.
Ah, s nisso que voc pensa? Comprar, vender e lucrar?
No, nem sempre. Com frequncia penso em voc e no quanto gosto de fazer
amor ou estar juntinho da minha mulher. No, no se afaste. Gosto que fique aqui,
inclinada sobre mim, porque posso fazer o que quero. Beijou-a delicadamente nos
seios. No est contente por eu ter vindo?
Sim ela gemeu e as sensaes mais deliciosa se apoderaram dela.
Voc me ama? Ele perguntou e mais uma vez seus lbios lhe queimaram a
pele, como um rastro de fogo.
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afeto sob uma perspectiva melhor. Sabia que a tinha levado a uma atitude precipitada. Eu
tive de agir assim porque sentia medo de perde-la. O que mais posso dizer, a fim de
convenc-la de que para mim voc mais importante do que qualquer pessoa neste
mundo? Est entendendo o que digo, meu amor?
Estou tentando ela murmurou, emocionada diante da profundidade e da fora
dos sentimentos de Craig. Beijou-o, sabendo, no fundo do corao, que nunca mais
fugiria daquele amor.
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