O documento descreve a evolução histórica da educação física ao longo dos tempos, desde os primeiros homens até civilizações antigas como a Grécia e Roma, passando pela Idade Média e Renascimento. Também aborda brevemente os sistemas educacionais de povos como os chineses, hindus, gregos e romanos, além de trazer informações sobre a educação física no Brasil desde o período colonial até a ditadura militar.
Direitos autorais:
Attribution Non-Commercial (BY-NC)
Formatos disponíveis
Baixe no formato TXT, PDF, TXT ou leia online no Scribd
O documento descreve a evolução histórica da educação física ao longo dos tempos, desde os primeiros homens até civilizações antigas como a Grécia e Roma, passando pela Idade Média e Renascimento. Também aborda brevemente os sistemas educacionais de povos como os chineses, hindus, gregos e romanos, além de trazer informações sobre a educação física no Brasil desde o período colonial até a ditadura militar.
O documento descreve a evolução histórica da educação física ao longo dos tempos, desde os primeiros homens até civilizações antigas como a Grécia e Roma, passando pela Idade Média e Renascimento. Também aborda brevemente os sistemas educacionais de povos como os chineses, hindus, gregos e romanos, além de trazer informações sobre a educação física no Brasil desde o período colonial até a ditadura militar.
Direitos autorais:
Attribution Non-Commercial (BY-NC)
Formatos disponíveis
Baixe no formato TXT, PDF, TXT ou leia online no Scribd
O documento descreve a evolução histórica da educação física ao longo dos tempos, desde os primeiros homens até civilizações antigas como a Grécia e Roma, passando pela Idade Média e Renascimento. Também aborda brevemente os sistemas educacionais de povos como os chineses, hindus, gregos e romanos, além de trazer informações sobre a educação física no Brasil desde o período colonial até a ditadura militar.
Direitos autorais:
Attribution Non-Commercial (BY-NC)
Formatos disponíveis
Baixe no formato TXT, PDF, TXT ou leia online no Scribd
Fazer download em txt, pdf ou txt
Você está na página 1de 20
FACULDADES INTEGRADAS DE JACAREPAGUÁ
DIRETORIA ACADÊMICA NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTES Apresentação Este módulo contém o processo histórico, social e político da orige m e evolução da história da Educação Física, análises, ideologias, objetivando o rientações e como suporte teórico em suas atividades de ensino. Espera-se, que v ocê utilize os conhecimentos aqui oferecidos em reformulações pessoais e profiss ionais. 1- O processo histórico social e político da origem e evolução da Educaç ão Física e Esportes. 1.1 – Estudos teóricos e práticos da história da Educação Física O mundo em que vivemos sofre constantes transformações. Sociedades se mod ificam à medida que os valores são alterados de acordo com a evolução dos tempos . De acordo com essa dinâmica evolutiva, podemos considerar a educação, e por co nseguinte a Educação Física como área do conhecimento e como elemento fundamenta l no processo de desenvolvimento do homem. Para compreendermos melhor o valor da Educação Física, reconhecendo-a como disciplina capaz de inferir direta e favor avelmente na formação integral do indivíduo, analisaremos sua evolução em síntes e histórica. O homem não nasceu pulando, saltando, jogando. Todas essas atividad es corporais foram constituídas em determinadas épocas históricas como resposta a determinados estímulos, desafios ou necessidades humanas. FATOS NA EVOLUÇÃO NO TEMPO E ESPAÇO CAUSAS E EFEITOS NA SOCIEDADE INVESTIGAÇÃO C ONHECIMENTO DAS FONTES TEORIA DA EVOLUÇÃO DO HOMEM África 4.000.000 1os Homídeos > Australopitecos > Homo sapiens sapiens Homo habilis > Homo erectos > Homo sapiens > d h l 2 IDADE DA PEDRA EOLÍTICO PALEOLÍTICO NEOLÍTICO MEGALÍTICO PRÉ-HISTÓRIA GRANDES DIVISÕES DA HISTÓRIA IDADE DOS METAIS COBRE BRONZE FERRO ANTIGA (aC e dC) HISTÓRIA MEDIEVAL MODERNA CONTEMPORÂNEA Homem primitivo Para garantir sua subsistência e adaptar-se às condições do meio ambiente, o homem primitivo possuía muitas qualidades físicas, para sobreviver; estava constantemente exercitandose, com isso, aprendeu naturalmente a caçar, p escar, nadar, construir, lutar, defender-se – exercícios úteis que lhe permitiam satisfazer as suas principais necessidades, impostas na sua relação com a natur eza e com os outros homens. EOLÍTICO > pedra não trabalhada PALEOLÍTICO > pedra lascada NEOLÍTICO > pedra polida MEGALÍTICO > grandes monumentos Examinando atentamente a historia da Antigüidade, podemos inferir que, assim com o os exercícios físicos, os jogos e as danças já faziam parte da língua do homem . Existem vestígios de que eram continuamente praticados de diferentes formas; j ogos de mímica, de lutas , danças guerreiras ou religiosas(como por exemplo, em agradecimento ou reverência aos deuses de sua crença). Enfim, sem saber, o homem descobria maneiras de exteriorizar seu estado de espírito e seus sentimentos. C ompreendemos que o ser humano não vive isoladamente. Ao longo dos tempos, o home m foi se agrupando, constituindo pequenos povos, que, por sua vez, foram se tran sformando em diferentes civilizações, cada qual originando sua própria cultura. Atualização do corpo também se modificou em função das novas necessidades do seu meio de convivência. 3 SISTEMAS EDUCACIONAIS PRIMITIVOS CHINESES HOANG TI (3000 aC) Imperador guerreiro, pregava exercícios físicos com finalidad es higiênicas e terapêuticas além do caráter guerreiro. CONFÚCIO Grande moralista e sábio Visava regenerar os costumes e levantar a mora l da sociedade com exercícios físicos DINASTIA CHU (1122 a 255 aC) Alcançou o maior esplendor de sua cultura ATIVIDADES Luta Tiro ao arco Danças Esgrima de sabre Tsu-Chu (semelhante ao fute bol) Caça Boxe DECLÍNIO DAS ATIVIDADES Filosofia de vida baseada na inanição. “O homem sábio nu nca deixa de repousar e meditar” ( TaoTsé ) Budismo “meditação religiosa diária“ Brahmanes sacerdotes, juizes Mercador HINDUS (DIVIDIDOS EM 5 CASTAS) Guerreiro Agricultor Párias Desprezados e excluídos da sociedade. Gregos e romanos A ginástica nome que originou na Grécia, “... visava ao aperfei çoamento físico, à beleza e à harmonia de forma, por meio de exercícios e jogos praticados nos ginásios...” Possuía importância fundamental na cultura desse pov o, que foi também o criador dos Jogos Olímpicos. Os jogos eram realizados de qua tro em quatro anos, em olimpíadas, e celebrados com muita pompa. Eram homenagens aos deuses gregos e ainda uma forma pacífica de reunir 4 suas populações que viviam em guerra. Para as mulheres existiam ginásios especia is adequados à prática da ginastica cujas as atividades preferidas eram as corri das e as danças. Quando conquistaram a Grécia, os romanos possuíam outra visão e m relação à pratica de exercícios físicos seu objetivo era a preparação dos indi víduos para a guerra, sem nenhuma finalidade moral ou estética. Um exemplo disso era os brutais e sangrentos jogos de combate de gladiadores, organizados por el es, e que provocavam o maior entusiasmo nas platéias presentes. GRÉCIA - UTILITA RISMO GUERREIRO CONSTANTE ESPARTA ATENAS CRIANÇA Apresentada ao pai que o adotava ou não Até 6 anos brinquedos Esferístic a (com bola) Entregue ao Estado Rudimentos de gramática Música Aos 12 anos Ginás tica fácil (flexionamento) Aos 18 anos Educação atlética guerreira CRIANÇA Defeituosa sacrificada Livre até 7 anos Entregue ao Estado Regime comum Alimentação sóbria Exercícios violentos Após 13 anos Regime mais violento Exercícios militares Roubava para comer Punida violentamente LOCAIS E ATIVIDADES PALESTRA: (particular) dimensões restritas, banho quente, du chas e lutas GINÁSIO: (gummos - nu) conjunto de lugares para a educação da mocid ade, pistas de corridas a pé, lançamentos exercícios corporais. ESTÁDIO: Pistas cobertas com ginásios e palestras, prélios (batalhas, lutas e pelejas esportivas ) JOGOS FÚNEBRES: Corrida de carros, pugilato, combate armado, tiro ao alvo, arr emesso de peso de lança e luta. JOGOS GREGOS: Festas populares, cerimônias pan-h elênicas, manifestações desportivas. JOGOS OLÍMPICOS: (em honra à Júpiter) Lutas , corrida a pé, pentatlo (salto, disco, dardo, luta, corrida), corrida armada, p ugilato, corrida de carros e de cavalos. 5 Para as mulheres existiam ginásios especiais adequados à prática da ginástica cu jas as atividades preferidas eram as corridas e as danças. ROMA – LOCAIS E ATIVI DADES CRIANÇA Colocada aos pés do pai que o reconhecia ou não. Até 7 anos cuidados mat ernos com educação em casa com escravo grego ou escolas denominadas “Ludus”. Men ino aos 12 anos ia para a escola dirigida pelo grammaticus e aprendia sobre os p oetas latinos e gregos. ANFITEATRO Combate de gladiadores e feras ESTÁDIO Exercícios eqüestres, canto, m úsica, poesia TERMAS Banhos quentes, duchas, fricções e banhos a vapor. Aos 16 anos escola de retórica, política e forense. Aos 18 anos exercícios físic os militares e estéticos gregos DESPORTOS Corrida de carros, cavalos, luta de gladiadores, atletismo e competiçõ es navais. Idade Média e Renascimento Na época medieval, predominavam os torneios e os duel os entre cavaleiros e cavaleiras que apesar de serem realizados de forma muito s olene eram muito violentos sobretudo devido ao armamento utilizado: lanças e esp adas. Na renascença, recuperou-se a concepção dos gregos: uma educação voltada p ara o homem de forma integral: “O físico, o intelectual e a moral”, retomando de ssa forma o valor da atividade física. SÉCULO IV: (Imperador Teodósio) queda dos Jogos Olímpicos pela suplementação das antigas crenças das divindades olímpicas pelo cristianismo. 6 JUSTAS E TORNEIOS: Esgrima, arco e flecha, marchas e corridas a pé. CRUZADAS: Or ganizadas pela Igreja nos séculos XI, XII e XIII, exigiram preparação militar. C AVALARIA: Cavaleiro, nobre a serviço das causas justas e ideais da Igreja. Parti cipava das Justas, Torneios e caças feudais. No Brasil A Educação Física no Bras il nos leva à época do descobrimento: os portugueses quando chegaram aqui encont raram indígenas habituados à prática de atividades físicas, da mesma forma que o homem primitivo, pois os mesmos possuíam habilidades naturais e, na luta pela s obrevivência, praticavam natação, arco e flecha, corridas, saltos, pesca, canoag em, montaria, lutas e outros. Outra contribuição indígena foi o jogo de peteca. Na época da escravidão, uma cultura foi introduzida pelos escravos africanos: ca poeira, que é a mistura de dança, jogo e competição de demonstrar o sentimento d e emoção e saudade de um povo. A elite dominante dessa época dividia o trabalho em manual e intelectual. Baseada nessa postura, resistia na inclusão da ginástic a nas escolas, pela semelhança com o trabalho manual, que era destinado aos escr avos. Dois documentos nortearam os princípios da Educação Física. O primeiro foi a Carta Régia de 04/12/1810 que introduzia a ginástica alemã (uma tentativa de equiparar no mesmo grau de importância o intelecto e o físico do homem) na Acade mia Real Militar. Nesse momento instalavase a função higienista, pois era import ante terem homens fortes, sadios, robustos com condutas morais e intelectuais pa ra o desenvolvimento do Brasil. O segundo documento foi o Parecer de Rui Barbosa no Projeto 224/1882- “Reforma do Ensino Primário...”, que reforçava a importânc ia da ginástica nos currículos escolares. No período pré-guerra(1930), as exigên cias continuavam sendo de corpos atléticos e disciplinados, pois precisava-se ga rantir a defesa da pátria. Após a Segunda Guerra Mundial (1945), o escolanovismo buscava estimular o interesse do aluno e sua auto-realização (1961). Na década de 70, presenciou-se a existência de um regime autoritário de poder: a Ditadura Militar. Em função dessa nova perspectiva política, o sistema educacional foi to talmente inúmeras mudanças em nossa sociedade. A educação baseou-se na Pedagogia Tecnicista, que tinha como princípios a racionalidade e a eficiência. Foi um pe ríodo marcado pela meta da produtividade. Com a privatização do ensino (sobretud o das Universidades que deveriam reserva-se às elites) foram criadas inúmeras in stituições universitárias. A Instituição do decreto 68.450, de 1971, manteve a ê nfase na aptidão física, tanto na organização das atividades como em seu control e e avaliação. Se por um lado o Regime Militar favoreceu a expansão da Educação Física, pois houve um aumento significativo de suas escolas, por outro, a qualid ade do ensino ficou seriamente comprometida. Principalmente devido ao comportame nto de professores e profissionais da área que, influenciados pelas característi cas da política educacional vigente, e com uma postura totalmente autoritária, a presentavam uma forte tendência em valorizar o rendimento físico, a perfeição e o domínio dos movimentos adquiridos por meio da aplicação de métodos rígidos de automatização e adestramento, para se atingir um melhor desempenho esportivo. 1. 2 – As atividades físicas na Antigüidade e sua evolução China – Como Educação Fí sica as origens mais remotas da história falam de 3000 a.C. lá na China. Um cert o imperador guerreiro, Hoang Ti, pensando no progresso do seu povo pregava 7 os exercícios físicos com finalidades higiênicas e terapêuticas além do caráter guerreiro. O tratamento pela água era muito utilizada e o prático de exercício f ísico e a massagem, eram consideradas uma necessidade vital. Índia – No começo d o primeiro milênio, os exercícios físicos eram tidos com uma doutrina por causa das “Leis de Manu”, uma espécie de código civil, político social e religioso. Er am indispensáveis às necessidades militares além do caráter fisiológico. Buda, a tribuía aos exercícios o caminho da energia física, pureza dos sentimentos, bond ade e conhecimento das ciências para a suprema felicidade do Nirvana (no budismo , estado de ausência total de sofrimento). O yoga, tem suas origens na mesma épo ca retratando os exercícios ginásticos no livro “Yajur Veda” que além de um apro fundamento da medicina ensinava manobras massoterápicas e técnicas de respirar. Japão – A história do desenvolvimento das civilizações sempre esbarra na importâ ncia dada à Educação Física, quase sempre ligado aos fundamentos médicos- higiên icos, fisiológicos, morais, religiosos e guerreiros. A civilização japonesa tamb ém tem sua história ligada ao mar devido sua posição geográfica além das prática s guerreiras feudais: os samurais. Egito – Dentre os costumes egípcios estavam o s exercícios Gimmicos revelados nas pinturas de paredes das tumbas. A ginástica egípcia já valorizavam o que se conhece hoje como qualidades físicas como: equil íbrio, força, flexibilidade e resistência. Já usavam, embora rudimentares, mater iais de apoio tais como tronco de árvores, pesos e lanças. Grécia – Sem dúvida n enhuma, a civilização que marcou e desenvolveu a Educação Física foi a Grécia, a través de sua cultura. Nomes como: Sócrates, Platão, Aristóles e Hipócrates cont ribuíram e muito, para a Educação Física e a Pedagogia atribuindo conceitos até hoje aceitos na ligação corpo e alma através das atividades corporais e da mímic a. “Na música a simplicidade torna a alma sábia; na ginástica da saúde ao corpo” Sócrates. É de Platão o conceito de equilíbrio entre o corpo e espírito ou ment e. Os sistemas metodizados e em grupo, assim como os termos halteres, atleta, gi nástica, pentátlo, entre outros, são uma herança grega. As atividades sociais e físicas eram uma prática até a velhice lotando os estádios destinados a isso. Ro ma – A derrota militar da Grécia, não impediu a invasão cultural grega nos roman os que combatiam a nudez da ginástica. Sendo assim, a atividade física era desti nada às práticas militares. A célebre frase ”Mens sanna en corpore sano” de Juve nal, vem desse período romano. Idade Média – A queda do império romano também fo i muito negativo para a Educação Física, principalmente com a ascensão do cristi anismo que perdurou por toda a Idade Média. Oculto ao corpo era um verdadeiro pe cado sendo também chamado por alguns autores, de “Idade das Trevas”. Realizavam- se apenas as lutas e os torneios, que eram combates praticados entre os nobres. A Renascença – Depois de quase ter sido abandonada na Idade Média, iniciou-se um movimento na Itália, que é concebida como berço da Educação Física moderna, ond e se criaram escolas de Educação Física e também foram editados livros. Como, o homem sempre teve interesse no seu próprio corpo, o período da Renascença fez ex plodir novamente a cultura física, as artes, a música, a ciência e a literatura. A beleza do corpo, antes pecaminosa, é novamente explorada surgindo grandes art istas como Leonardo Da Vinci (1452-1519), responsável pela criação utilizada até hoje das regras proporcionais do corpo humano. 8 Consta desse período o estudo da anatomia e a escultura de estátuas famosas como por exemplo a de David, esculpida por Michelâgelo Buonarroli (1475-1564) consid erada tão perfeita que os músculos parecem ter movimentos. A dissecação de cadáv eres humanos deu origem a anatomia como a obra clássica “De Humani corpores fábr ica” de Andrea Vesalius (1514-1564). A volta da Educação Física escolar se deve também nesse período a Vitório de Feltre (13781466) que em 1423 fundou a escola “La Casa Gilcosa” onde o conteúdo programático incluiu os exercícios físicos. Il uminismo – O movimento contra o abuso de poder no campo social chamado de Ilumin ismo, surgido na Inglaterra no século XVII deu origem a novas idéias. Como desta que dessa época os alfarrábios apontam: Joan Jaques Rousseau (1712-1778) e Johan n Pestalozzi (17461827). Rousseau propôs a Educação Física como necessária na ed ucação infantil. Segundo ele, pensar dependia de extrair energia do corpo em mov imento. Pestalozzi foi precursor da escola previamente popular e sua atenção est ava focada na execução correta dos exercícios. Idade Contemporânea – A influênci a na nossa ginástica localizada começa a ser desenvolver na Idade Contemporânea e quatro grandes escolas foram as responsáveis por isso: a alemã, a nórdica, a f rancesa e a inglesa. A Alemã, influenciada por Rousseau e Pestalozzi, teve como destaque Johann Cristoph Friederick Guts Muths (1759-1839) considerado pai da gi nástica moderna. A derrota dos alemães para Napoleão deu origem a outra ginástic a. A turnkunst, criada por Friederick Ludwig Jahn (1788-1825) cujo fundamento er a força, “Vive Quem é Forte”, era seu lema e nada tinha a ver com a escola. Foi ele que inventou a barra fixa, as barras paralelas e o cavalo, dando origem à Gi nástica Olímpica. A escola voltou a ter seu defensor com Adolph Spless (1810-185 8) introduzindo definitivamente a Educação Física nas escolas alemãs, sendo incl usive um dos primeiros defensores da ginástica feminina. A escola nórdica escrev e a sua história através de Nachtegall (1777-1847) que fundou seu próprio instit uto de ginástica (1799) e o Instituto Civil de Ginástica para formação de profes sores de Educação Física (1808). Por mais que um profissional de Educação Física seja desligado da história, pelo menos algum dia já ouviu em falar em ginástica sueca, um grande trampolim para o que se conhece hoje. Per Henrik Ling (1766-18 39) foi o responsável por isso levando para a Suécia as idéias de Guts Muths apó s contato com o instituto de Nachtegall. Ling dividiu sua ginástica em quatro pa rtes: a Pedagogia – voltada para a saúde evitando vícios posturais e doenças; a militar – incluindo o tiro e a esgrima; a médica – baseada na pedagogia evitando também as doenças e a estótica - preocupada com a graça do corpo. Alguns fundam entos ideológicos de Ling valem até hoje tais como: o desenvolvimento harmônico e racional, a progressão pedagógica da ginástica e o estado de alegria que deve imperar uma aula. Claro, isso depende do austral e o carisma do profissional. Um dos seguidores de Ling, o major Josef G. Thulin introduz novamente o ritmo musi cal à ginástica e cria os testes individuais e coletivos para verificação da per formance. A escola francesa teve como elemento principal o espanhol naturalizado Francisco Amoros Y Ondeano (1770-1848). Inspirado em Rabeias, Guts, Jahn e Pest alozzi dividiu sua ginástica em civil e industrial, militar, médica e cênica. Ou tro nome francês importante foi G. Dêmey (1850-1917). Organizou congresso, curso s (inclusive o superior de Educação Física), regeu o Manual do Exército e também era adepto à ginástica lenta, gradual, progressiva, pedagógica, interessante e motivadora. O método natural foi defendido por Georges Herbert (1850-1917): corr er, nadar, trepar, saltar, empurrar, puxar e etc. A nossa Educação Física, a bra sileira, teve grande influência na Ginástica Calistenia criada em 1829 na frança por Phoktion Heinrich Clias (1782-1854). A escola inglesa baseava-se nos jogos e nos esportes, tendo como principal defensor Tomas Arnold (1795-1842) embora nã o fosse o criador. Essa escola também ainda tem a influência de Clias no treinam ento militar. 9 A Calistenia – É por assim dizer, o verdadeiro marco do desenvolvimento da ginás tica moderna com funcionamentos específicos e abrangentes destinada à população mais necessitada: os obesos, as crianças, os sedentários, os idosos e também as mulheres. Calistenia, segundo Marinho (1980) citado por Marcelo Costa, vem do gr ego kallos (belo), sthenos (força) e mais o sufixo “ia”. Com origem na ginástica sueca apresenta uma divisão de oito grupos de exercícios localizados associando música ao ritmo dos exercícios são feitos a mão livre usando pequenos acessório s para fins corretivos, fisiológicos e pedagógicos. Os responsáveis pela fixação da calistenia foram: o Dr. Dio Lewis e a (A. C. M.) Associação Cristã de Moços com proposta inicial de melhorar a forma física dos americanos que mais precisav am. Por isso mesmo, deveria ser uma ginástica simples, fundamentada na ciência e cativante. Em função disso Dr. Dio Lewis era contra os métodos militares sob a legação que as mesmas desenvolviam somente a parte superior do corpo e os esport es atléticos não proporcionavam harmonia muscular. Em 1860 a calistenia foi intr oduzida nas escolas americanas. No Brasil dos anos 60 começou a ser implantada n as poucas academias pelos professores da A. C. M. ganhando cada vez mais adeptos nos anos 70 sempre com inovações fundamentadas na ciência. Sendo assim o Dr. Wi llian Skarstrotron, americano de origem sueca, dividiu a calistenia em oito grup os diferentes do original: braços e pernas, região póstero superior do tronco, p óstero inferior do tronco, laterais do tronco, equilíbrio, abdômen, ombros e esc ápulas, os saltos e as corridas. Nos anos 80 a ginástica Aeróbica invadiu as aca demias do Rio de Janeiro e São Paulo abafando um pouco a calistenia. Como na Edu cação física sempre há evolução também em função dos erros e acertos. Surge entã o, ainda no final dos anos 80 a ginástica localizada desenvolvida com fundamento s teóricos dos métodos da musculação e o que ficou bom da calistenia. A ginástic a aeróbica de alto impacto causou muitos microtraumatismos por causa dos saltito s em rítimos musicais quase alucinantes. A musculação surgiu com uma roupagem no va ainda nos anos 70 para apagar o preconceito que algumas pessoas tinham com re lação ao halterofilismo. Hoje, sob pretexto da criatividade, a ginastica localiz ada passa por uma fase ruim com alguns professores ministrando aleatoriamente, a ulas sem fundamentos específicos com repetições exageradas, fato que a ciência j á reprovou, principalmente se o público alvo for o cidadão comum. 1.3 – Evolução da Educação Física e do Esporte Moderno no Brasil e no Mundo Nos anos 90, o esp orte passa a ser visto como meio de promoção à saúde acessível a todos, manifest ada de três formas: esporte educação, esporte participação e esporte performance . A Educação Física finalmente regulamentada é de fato e de direito uma profissã o a qual compete mediar e conduzir todo o processo. Atletismo É a essência das o limpíadas. Sua origem vem dos jogos da Grécia Antiga, quando guerreiros disputav am os louros da vitória de Zeus uma corrida de 80 m. Na era moderna, participa d esde da primeira edição das Olimpíada. A primeira medalha da história foi dada a um saltador triplo, o americano James Connely, em Atenas. Nas corridas, nos sal tos e nos lançamentos, o atletismo vem sendo o coração dos jogos, competições e olimpíadas no mundo atual. Badminton O badminton começou como esporte-exibição n a Olimpíada de Seul, em 1988, e foi oficializada em Barcelona. Tem muita tradiçã o no leste e no sudeste asiático-indonésios, malaísios, sul-coreanos e chineses, dominam as competições internacionais. 10 Basquete Foi idealizado pelos americanos, no século passado, para suprir a falta de uma atividade coletiva. Um dos jogos mais populares em todo o mundo é pratic ado por vários países. Beisebol Com grande tradição nos EUA, o beisebol vem send o dominado nas competições internacionais por Cuba. Ciclismo Pouco popular no Br asil, o ciclismo é sinônimo de paixão na Europa e em alguns países latinos, como a Colômbia. A mountain bike é a modalidade mais praticada no nosso País. Esgrim a É um dos esportes olímpicos mais nobres e sua origem remonta à própria necessi dade do homem se defender. Ficaram célebres em filmes e livros, os duelos na Eur opa de séculos atrás, quando o homem lavava sua honra na ponta da espada. Atualm ente, os duelos prosseguem, mas somente no campo esportivo e com a devida proteç ão. Futebol Esporte mais popular do mundo, foi recordista de público em Barcelon a. Ultimamente, com a participação de atletas profissionais desde 84, transformo u-se em uma mini copa do mundo. Em Atlanta o futebol feminino fez sua estréia. G inástica Artística A Ginástica Artística é um dos esportes mais fascinantes pela beleza dos movimentos dos atletas. As evoluções realizadas nos outros aparelhos parecem dignos de homens e mulheres feitos de elástico. Ginástica Rítmica É uma modalidade irmã da Ginástica Artística. Distribui medalha individual pela soma nas diversas provas. Combina os movimentos do corpo com elementos acrobáticos, s empre acompanhados por música. Levantamento de Peso É um dos esportes mais tradi cionais dos jogos olímpicos. A modalidade acabou ficando famosa pelos casos de d opin. Handebol Começou a ser desenvolvido na Europa por volta de 1920, motivo pe lo qual os europeus são os mestres neste esporte, possuindo o atual campeão mund ial e o atual campeão olímpico. É um esporte vigoroso com alto grau de contato f ísico e muita ação. É praticado atualmente em todos os continentes. Judô A luta, originária do Japão, nasceu da observação de um filósofo que notou que galhos m ais flexíveis não se rompem com o peso leve. A sabedoria oriental resultou nesta arte marcial, que por ser considerada completa, despertou o interesse de outras culturas e passou a ser praticada em vários países. No Brasil, não poderia ser diferente. A corrida às academias é intensa. II) Análise histórica da Educação F ísica no Brasil 2.1 – A Educação Física e Esportes, enquanto fenômenos culturais da sociedade moderna Na década de 80, a Educação Física sofreu uma crise de ide ntidade que originou uma 11 mudança nas políticas educacionais. O enfoque que passou a priorizar o desenvolv imento psicomotor do aluno, valorizando a sua prática também nas séries iniciais e não somente nas séries do Ensino Fundamental. Apesar de muitos progressos obt idos, por meio de inúmeros movimentos, debates, discussões e realizações, a Educ ação Física ainda necessita de mudanças. Sobretudo para convencer a sociedade e até mesmo o corpo docente, constituindo por profissionais de outras áreas, de se u real valor, pois mesmo sendo reconhecida como uma área essencial ainda fica “m arginalizada”. Um exemplo disso são os horários das aulas em desacordo com as ne cessidades de suas especificidades, bem como locais inadequados e materiais, ins uficientes para obtenção dos resultados esperados. Encontramos na década de 90, um despertar da população para sua saúde, não a saúde como ausência de doenças, mas aquela comprometida com a qualidade de vida, assunto que cada vez mais está se tornando indispensável nos diversos setores da sociedade. A partir disso, obs ervamos nos tempos atuais que as recomendações para qualquer programa de qualida de de vida, giram ao redor de fatores como: alimentação controlada, mudanças de hábitos adequados (fumo e álcool), atividades de lazer, cultura e, principalment e, atividades físicas. De alguma maneira cada um de nós procura encontrar um equ ilíbrio para manter-se saudável. Programas de ginásticas laboral, atendimentos d e personal trainer, consultorias para atividades físicas e de lazer tornam-se aç ões concretas para uma nova consciência corporal, inclusive abrindo campos de tr abalho ao profissional da Educação Física. As doenças ocupacionais, problemas de postura, estresse, sedentarismo, depressão, cardiopatia e outros, segundo espec ialistas na área de saúde, estão se tornando os grandes males do século XXI. Cer tamente seriam minimizados se, desde a fase escolar, o aluno fosse orientado e p reparado para ser um indivíduo ativo, não sedentário e habituado à pratica de at ividades físicas. É justamente por isso que se evidencia a necessidade de integr ação da Educação Física com outras áreas do conhecimento, pelas inúmeras possibi lidades de contribuição para melhorar da qualidade de vida aos indivíduos por me io de uma educação relevante, responsável e realmente comprometida com o momento histórico evolutivo. Com isso, torna-se necessário que o ser humano esteja cons tantemente se aperfeiçoando como indivíduo e como ser social para poder se inter -relacionar com esse mundo transitório, em todos os aspectos de caráter sócio-po lítico econômico-cultural, buscando dessa forma melhorar sua qualidade de vida, fator mais essencial à sua humanização. 2.2 – As questões éticas e morais do esp orte na atividade profissional da Educação Física O desenvolvimento moral do ind ivíduo, que resulta das relações entre afetividade e a racionalidade, encontra n o universo da cultura corporal um contexto bastante peculiar, no qual a intensid ade e a qualidade dos estados afetivos experimentados corporalmente nas práticas da cultura de movimento literalmente afetam as atitudes e decisões racionais. A vivência concreta de sensações de excitação, irritação, prazer, cansaço e event ualmente até dor, junto a mobilização interna de emoções e sentimentos de satisf ação, medo, vergonha, alegria e tristeza, configuram um desafio a racionalidade. Desafio no melhor sentido de controle e de adequação na expressão desses sentim entos e emoções, pois se processa em contextos em que as regras, os gestos, as r elações interpessoais, as atitudes pessoais e as suas conseqüências são claramen te delimitadas. E, habitualmente, distintos dos experimentados na vida cotidiana . Aqui reside a riqueza e o paradoxo das práticas da cultura corporal particular mente nas situações que envolvem interação social, de criar uma situação de inte nsa mobilização afetiva, em que o caráter ético do indivíduo se explica para si mesmo e para a outro por meio de suas atitudes, permitindo a tomada de consciênc ia e a reflexão sobre esses valores mais íntimos. O que se quer ressaltar é a po ssibilidade de construir formas operacionais de praticar e refletir sobre esses valores, a partir da constatação de que apenas a prática das atividades e o disc urso verbal do professor resultam insuficiência na sua transmissão e incorporaçã o pelo 12 estudante. O respeito mútuo, a justifica, dignidade e a solidariedade podem, por tanto, ser exercido dentro de contextos significativos, estabelecidos em muitos casos de maneira autônoma pelos próprios participantes. E podem, para além de va lores éticos tomados como reverência de conduta e relacionamento, tornam-se proc edimentos concretos a serem exercidos e cultivados nas práticas da cultura corpo ral. No caso específico dos jogos, esportes e lutas, certamente não se pode esta belecer uma relação direta entre uma atitude pautada na ética dentro e fora da s ituação de jogo, ou seja, ser junto no jogo não suplica necessariamente ser junt o nas relações sociais concretas e objetivas. Nesse universo de situações, porta nto, podem-se valorizar a possibilidade de construção coletiva e a prioridade da s regras e os acordos firmados entre os participantes. Pois quando ocorre um des cumprimento do que foi combinado se estabelece uma relação de responsabilidade p ela conseqüências das atitudes intrínsecas à própria atividade. Ao interagirem c om os adversários, os alunos podem exercer o respeito mútuo, buscando participar de forma leal e não violenta. Confrontar-se com um resultado de um jogo e com a presença de árbitro permite a vivência e o desenvolvimento da capacidade de jul gamento de justiça (e de injustiça). Principalmente nos jogos, em que é fundamen tal que se trabalhe em equipe, a solidariedade pode ser exercida e valorizada. N os jogos, esportes e lutas, em que existem regras delimitando as ações, surgem d ois elementos interessantes para a discussão de valores éticos: um deles é a sim ulação de fator e outro é a figura do árbitro. Por exemplo, num jogo de futebol, um atacante entra na área, dribla o jogador da defesa, mas adianta demais a bol a e, ao perceber que perdeu a jogada, imediatamente se lança ao chão, simulando ter sofrido uma falta. Essa situação pode ser pano de fundo para uma interessant e discussão, pois apesar das possíveis “vantagens” resultantes da simulação, o j ogador segue sendo responsável por um ato que sabe desonesto. A figura do árbitr o potencializa uma situação; na medida em que perante aos jogadores transferirem a responsabilidade moral para o juiz, incorporando a figura do árbitro do jogo, com mais um elemento que pode ser manipulado. Ou seja, toda simulação não perce bida pelo juiz torna-se legítimo e em muitos contextos era capacidade de simulaç ão é tão valorizada como as habilidades técnicas. Em ambas as situações a discus são deve incluir a dimensão pessoal da ética no valor atribuído às atitudes cert as ou erradas, positivar ou negativar, construtivas ou destrutivas. Deve incluir , ainda, a dimensão social da ética que atribui valores às atitudes pessoais, e que em muitos contextos, acaba por legitimar a transferência de responsabilidade das atitudes pessoais para o grupo ou para o Juiz. O futebol profissional, atua lmente, traz elementos para essa discussão, na medida em que as tentativas de si mulação são consideradas passíveis de punições pela regra e, em algumas transmis sões pela TV, existe um comentarista específico para o árbitro. A apreciação do esporte-espetáculo permite conhecer e diferenciar as referências de valores e at itudes presentes nas práticas culturais corporal exercidas profissionalmente, na s quais, obviamente, a vitória, a derrota, a regra e a transgressão da regra adq uirem outra conotação, outro tipo de conseqüência. O profissional que está realm ente convencido do quanto o seu trabalho é fundamental torna-se uma referência i mportante para seus alunos, pois, em suas aulas é capaz de mobilizar aspectos af etivos, sociais, éticos, morais e outros de maneira intensa e explícita, o que f az dele um conhecedor das principais necessidades de seus alunos. 2.3 – Sua infl uência no contexto escolar, contextualizado e perspectivas. A infância é a idade do lazer por excelência. O tempo totalmente liberado faz com que a criança dese nvolva a especialidade de brincar, exceto durante o período escolar. As tendênci as administrativas atuais, bem como a informatização de serviços nos alertam par a um provável aumento do tempo livre, ou seja, o tempo disponível para outras at ividades as quais acreditamos que o ser humano ainda não está preparada a realiz ar, pois, praticamente, 13 passa os melhores anos de sua vida trabalhando. Concluímos, desta forma, que a f unção educativa do lazer, consideradas muitas vezes uma atividade não prioritári a, é necessidade humana. O lazer por suas características (a espontaneidade, a l udicidade, a livre escolha), e o caráter relativamente desinteressado, deve ser incorporado ao cotidiano da criança tornando-se um espaço privilegiado para a aq uisição de informações e conhecimentos e para vivência da cultura, constituindo- se em importante caminho para o crescimento pessoal e social do indivíduo. Volta ndo à Educação Física, consideramos que as obrigatoriedades da vida escolar (que hoje em dia inicia-se cada vez mais cedo), estão muitas vezes desvinculadas da realidade da criança, que necessita, principalmente nas séries iniciais, de temp o para brincar e, portanto, aprender brincando, o que será sempre mais prazeroso e enriquecedor. A proposta é promover e buscar a educação para o lazer, por mei o da alegria e da brincadeira, considerando o vasto conhecimento da cultura infa ntil, repleta de significados, historicamente elaborados e muitas vezes ignorado s pelas instituições de ensino. Superando barreiras e preconceitos, descobrimos habilidades e belezas, equilibrando eficiência e eficácia, enfim, vivenciando re lações espaciais e temporais, estamos favorecendo o autoconhecimento, sempre em busca da felicidade e da cidadania. A escola não pode negar como fato histórico a corporeidade humana, a infinita de gestos, expressões, movimento que os seres humanos foram e são capazes de realizar, originando jogos, brincadeiras, danças, esportes, lutas, diferentes formas de ginásticas e constituindo, desta forma, o verdadeiro patrimônio lúdico da humanidade. O grande desafio da Educação Física é propiciar ao educando o conhecimento do seu corpo, usando-o como instrumento de expressão e satisfação de suas necessidades, respeitando suas experiências an teriores e dando-lhe condições de adquirir e criar novas formas de movimento. Co nsideramos que o movimento humano só se concretiza por meio do corpo do homem. E sse movimento integra uma totalidade e não somente o ato motor, mas toda e qualq uer ação humana que vai desde a expressão até o gesto mecânico. Não é apenas o c orpo que entra em movimento, mas o homem todo que age e se movimenta. A Educação Física deve associar o corpo, a emoção, a consciência, a busca do prazer, fazen do o aluno sentir-se bem com o seu corpo no tempo e no espaço. Entendemos que é necessário desenvolver uma concepção de educação física em que a atividade intel ectual e a atividade corporal em vez de se confrontarem, se harmonizarem de form a a melhor integrarem o ser humano no seu relacionamento: eu – o outro – os obje tos – o mundo. Os currículos escolares deverão ter seus conteúdos compatíveis co m as experiências vividas pelo aluno, servindo como ponto de partida para a aqui sição de novos conhecimentos mais elaborados. A sistematização desses conteúdos que são representados por ginástica, jogos, esportes e dança deve considerar ain da as características de maturação, as diferenças individuais, as necessidades e os interesses do aluno, sendo desenvolvidos em um ambiente lúdico, onde a liber dade de expressão, a oportunidade de reflexão, discussão e questionamento, o tra balho de equipe estejam garantidos, e que o aluno possa, por meio do movimento, se relacionar com o seu próprio corpo, com o outro e com o meio social. 14 2.4 – Transformações da Educação física no Brasil e suas multiplicações na práti ca profissional nos dias de hoje A Educação Física no Brasil foi pensada enquant o prática nas escolas com propósitos profiláticos, morais e culturais. Por falta até mesmo de formação adequada, muitos professores – chamados no passado de “in strutores” – aplicavam para crianças exercícios praticados nos quartéis. Entre o s profissionais, sempre houve controvérsia quanto ao tipo de atividades físicas que deveriam ser ministradas para escolares. Havia aqueles que defendiam os exer cícios ginásticos e, de outro lado, os que destacavam a recreaçào. Não é de hoje que se manifestam discursos a respeito da importância daq Educação Física Escol ar como uma questão de prevenção da saúde. Azevedo (1920) apontava para a educaç ão física uma intervenção social, de modo a ensinar hábitos de higiene aos aluno s e, ao mesmo tempo, a desenvolver um corpo sadio. São 80 anos pregando para que os alunos entendam a relevância da Educação Física Escolar, mas pelo visto, fic ou apenas a exigência prática de promover recreação. A prática pela prática. Edu cação Física e Desporto A partir dos anos 70, aplica-se uma política oficial de expansão da prática do desporto, o que se tornou um novo paradigma para toda a E ducação Física. Naquele período, confunde-se educação física com o desporto, che gando mesmo, em alguns casos, a serem considerados sinônimos. O plano nacional d e educação física e desporto para o período de 1976 a 1979 é uma prova disso e t raz as seguintes observações: “... a atividade física é hoje considerada como um meio educativo privilegiado, porque abrange o ser na sua totalidade. O caráter de unidade da educação, por meio das atividades físicas, é reconhecido universal mente. Ele objetiva o equilíbrio e a saúde do corpo, a aplicação física para a a ção e o desenvolvimento dos valores morais. Sob a denominação comum de educação física e desportiva o consenso mundial reúne todas as atividades físicas dosadas e programadas, que embora pareçam idênticas na sua base, têm finalidade e meios diferenciados e específicos. O meio específico da educação física e a atividade física sistemática, concebida para executar, treinar e aperfeiçoar, de acordo c om a intenção principal que anima a atividade física, ela se desdobra em exercíc ios educativos propriamente ditos, os jogos e os desportos. Face à informalidade de que se reveste sua prática, os jogos e os desportos têm um poder maior de mo bilização que os exercícios educativos, sendo recomendável, portanto, para melho r eficácia de educação física a integração das formas”. O plano apresentava aind a algumas diferenças em relação à Lei n° 6.251/75, que tratava da Política Nacio nal de Educação Física e Desportos, dando uma direção à prática desportiva de fo rma mais explícita. De acordo com seu art. 5°, o Poder Executivo definiu a Polít ica Nacional da Educação Física e Desporto, com os seguintes objetivos básicos: • • • • • Aprimoramento da aptidão física da população; Elevação do nível dos desportos em todas a áreas; Implantação e intensificação da prática dos desportos em massa; Elevação do nível técnico-desportivo das representações nacionais; Difusão dos d esportos como forma de utilização do tempo de lazer. O Plano dava destaque ao conteúdo esportivo, sobretudo aos aspectos educacionais e formativo. Na prática, acabou vingando o desenvolvimento do desporto em si. O ntem e hoje A Educação Física Escolar passou por diversos momentos, teve certa i mportância política, reconhecimento legal, mas cabe indagar por que ela não foi capaz de se consolidar, se legitimar 15 como disciplina nas escolas, junto aos pais e aos demais professores. A Educação Física é oferecida na escola há muitos anos, sua prática foi calcada em ginásti ca e recreação e os objetivos definidos eram voltados para a construção de uma c ultura que levasse o aluno a entender a importância daquela prática. Novas diret rizes, nova cultura Desde 1996, quando da promulgação da LDB, não há mais determ inação de carga horária das disciplinas. A escola é que constrói seu projeto ped agógico e define a carga horária de cada uma. Portanto, é o professor de Educaçã o Física que deve justificar a permanência da sua finalidade, argumentando e con vencendo a comunidade da quantidade de sessões a ser oferecida na escola. Isto r epresenta uma ruptura muito brusca e pegou desprevenidos os professores escolare s, que sempre estiveram sob a capa protetora da obrigatoriedade, sem que tivesse m que se preocupar em demonstrar para os pais, para o corpo docente e até mesmo para os alunos sua finalidade e sua importância para o futuro da sociedade. A re alização de atividades físicas ganha maior relevância a cada dia. O esporte cont inua sendo a grande manifestação da humanidade, como espetáculo ou como forma de lazer. Proliferam academias de ginásticas e é crescente o número de adeptos das atividades físicas, mas na escola, a educação Física está sofrendo um grande im pacto. A disciplina desprestigiada sem finalidade definida, perde espaço e os ex emplos de sua prática de modo geral, a desabona e complica sua posição no contex to educacional. Em contrapartida, as escolas que oferecem o esporte, a iniciação desportiva, convênios com clubes e academias têm uma maior freqüência e ganham um enorme interesse por parte dos alunos e jovens. Significa dizer que os jovens vêem a Educação Física como uma atividade prática? ou que pela difusão da mídia se interessam pela prática de atividades físicas, mas não a da escola, que não atende às expectativas do que se procura? Por que se perdeu esse espaço na escol a? Daqui por diante não haverá mais determinação de quantitativo de sessões sema nais em nenhuma disciplina, as Secretarias de Educação e Conselhos de Educação n ão são mais órgãos diretivos e sim normativos, cabendo à escola construir seu pr óprio currículo de acordo com a realidade da comunidade. Não se trata de uma mis são simples. Ainda vivemos sob a influência de antigos paradigmas e a cultura de aptidão física, iniciação desportiva, formação de equipes representativas, apes ar de todo um discurso de inclusão, de interdisciplinaridade e da importância da Educação Física para a formação integral. O problema não será revertido pela le galidade, pois não há mais amparo legal para determinar a obrigatoriedade de dua s ou três aulas semanais. Não se pode ficar aguardando que os Legisladores atend am apelos dos profissionais e promulguem leis que tornem a Educação Física Escol ar obrigatória em todos os níveis e ciclos de ensino, o que esbarraria em incons titucionalidade, uma vez que nenhuma disciplina terá tratamento diversificado. A Educação Física Escolar deve das oportunidades a todos os alunos para que desen volvam suas potencialidades, de forma democrática e não seletiva, visando seu ap rimoramento como seres humanos. Seja qual for o objeto de conhecimento em questã o, os processos de ensino-aprendizagem devem considerar as características dos a lunos em todas as suas dimensões: cognitiva, corporal, afetiva, ética, estética, de relação interpessoal e inserção social. III) Ideologias que permearam as cor rentes teóricas em Educação Física Escolar e Esportes No século XX, a Educação F ísica escolar sofreu, no Brasil, influências de correntes de pensamento filosófi co, tendências políticas, científicas e pedagógicas. Assim, foi possível resgata r cinco tendências da educação brasileira: A Educação Física Higienista (até 193 0); a Educação 16 Física Militarista (1930 a 1945); a Educação Física Pedagogicista (1945 a 1964); a Educação Física Competivista (após 1964); e, finalmente, a Educação Física Po pular. 1- Educação Física Higienista – Para tal concepção cabe a Educação Física um papel fundamental na formação de homens e mulheres sadios, fortes, dispostos à ação. Tal concepção entende que independentemente dar determinações impostas pelas condições de experiência material, o indivíduo pode e deve “adquirir saúde ”. Robustez corporal de certa parcela da juventude, robustez advinda de uma vida de poucas privações, é colocada como paradigma para toda a juventude. E os meio s para alcançar tal padrão são encontrados na adoção de um correto programa de E ducação Física. A Educação Física Higienista é uma concepção que se preocupa em erigir a Educação Física como agente de saneamento público, na busca de uma “soc iedade livre das doenças infecciosas e dos vícios deteriorados de saúde e do car áter do homem do povo”. 2- Educação Física Militarista – É uma concepção que vis a impor a toda a sociedade padrões de comportamento estereotipados, frutos da co nduta disciplinar própria ao regime de caserna. Também se preocupa com a saúde i ndividual e com a saúde pública. Todavia o objetivo fundamental da Educação Físi ca Militarista é a obtenção de uma juventude capaz de suportar o combate, a luta , a guerra. Assim a Educação Física funciona mais como selecionadora de “elites condutoras”, capaz de distribuir melhor os homens e mulheres nas atividades soci ais e profissionais. O papel da Educação Física é de “colaboração no processo de seleção natural”, eliminando os fracos e predominando os fortes, no sentido da “depuração da raça”. Na Educação Física Militarista, a ginástica, o desporto, os jogos recreativos, etc., só tem utilidade se visam à eliminação dos “incapacita dos físicos”, contribuindo para uma “maximização da força e poderio da população ”. A Educação Física Militarista, por sua vez, visa a formação do “cidadão-solda do”, capaz de obedecer cegamente de servir de exemplo para o restaurante da juve ntude pela sua bravura e coragem. 3- Educação Física Pedagogicista – A Educação Física Pedagogicista é pois, a concepção que vai reclamar da sociedade a necessi dade de encarar a Educação Física não somente como uma prática capaz de promover saúde ou disciplinar a juventude, mas de encarar a Educação Física como uma prá tica eminente educativa. E mais que isto, ela vai advogar a “educação do movimen to” como a única forma capaz de promover a chamada “educação integral”. A Educaç ão Física pedagogicista está preocupada com a juventude que freqüenta as escolas . A ginástica, a dança, o desporto, etc., são meios de educação do alunado. São instrumentos capazes de levar a juventude a aceitar as regras de convívio democr ático e de preparar as novas gerações para o altruísmo, o culto, a riqueza nacio nal, etc. A Educação Física é encarada como algo “útil” e bom socialmente e deve ser respeitada acima das lutas políticas dos interesses diversos de grupos ou d e classes. 4- Educação Física Competitivista – Como a Educação Física Militarist a, a Educação Física Competitivista também está a serviço de uma hierarquização e elimitação social. Seu objetivo fundamental é a caracterização da competição e a superação individual como valores fundamentais e desejados para uma sociedade moderna. A Educação Física Competitivista volta-se para o culto do atleta-herói ; aquele a despeito de todas as dificuldades chegou ao pódium. Aqui a Educação F ísica fica reduzida ao “desporto de alto nível”. No âmbito da Educação Física Co mpetitivista, a ginástica, o treinamento, os jogos recreativos etc., ficam subme tidos ao desporto de elite. Desenvolve-se baseado nos avanços dos estudos da fis iologia do esforço e da biomecânica, capazes de melhorar a técnica desportiva. 5 - Educação Física Popular – Ao contrário das concepções anteriormente citadas, a Educação Física Popular ano revela uma produção teórica abundante e de fácil ac esso. A Educação Física Popular se sustenta quase que exclusivamente numa “teori zação” transmitida oralmente entre as gerações de trabalhadores deste país. Boa parte dos documentos (jornais, revistas, etc.) 17 do movimento operário e popular, que poderiam conter uma “teorização” ou pelo me nor relato sobre as práticas de Educação Física autônoma dos trabalhadores, não escapou aos olhos e garras incineradoras das classes dominantes. Todavia, do mat erial existente é possível resgatar uma concepção de Educação Física que, parale la e subterraneamente, veio historicamente se desenvolvendo com e contra as conc epções dominantes. A Educação Física Popular não está preocupe com a saúde públi ca e também, não pretende ser disciplinadores de homens e muito menos está volta da para o incentivo da busca de medalhas. Ela assume um papel de promotores da o rganização e mobilização de trabalhadores. Ela entende que a educação dos trabal hadores está intimamente ligada ao movimento de organização de classes populares para embate da prática social ou melhor para o compromisso cotidiano imposto pe la luta de classes. PRATICANDO... 1 – Identifique três momentos importantes da H istória da Educação Física no Brasil. 2 – Dentre as concepções de cada tendência apresentada, procure destacar os pont os mais importantes entre elas. ATIVIDADES... 1 – Faça uma reflexão sobre: a Educação Física, suas transformaçõe s através dos tempos, sua influência no contexto escolar e na prática profission al nos dias de hoje. 2 – Pesquisar sobre a evolução do esporte moderno no Brasil e no mundo. 18 Bibliografia BETTI, M.. Educação Física e Sociedade. São Paulo: Movimento, 1991. __________. Educação Física e esportes no Brasil: Perspectiva (na história) par a o século XXI. Coletivo de Autores. Metodologia do ensino de educação física. S ão Paulo: Cortez, 1992. BRACHT, V. Sociologia Crítica do esporte: uma introdução . Vitória: UFES Centro de Educação Física e Desportivos, 1997. CASTELLANI FILHO, Lino. Educação Física no Brasil: a história que não se conta. 5 ed. Campinas, 2 000. GHIRALDELLI JÚNIOR, Paula. Educação Física Progressiva. São Paulo: Loyola, 1992. GRIFI, Giampero. História da Educação Física do esporte. Porto Alegre: de Luzato, 1989. KUNZ, Elomar. Educação Física. Ensino e mudanças. Ijuí: Unijuí, 19 91. _____________.Transformação e Didática Pedagógica do esporte. Ijuí: Unijuí, 1991. LOVISOLO, H.. Educação Física: A arte da mediação. Rio de Janeiro: Sprint, 1995. MARINHO, Inezil Pena. A história geral da Educação Física no Brasil. São Paulo: Cia. do Brasil, 1976. _____________. História da Educação Física no Brasi l. São Paulo: Cia. do Brasil, _____________. Paladino da Educação Física no Bras il. MEDINA, João Paulo Subirá. A Educação Física cuida do corpo...e mente. 15 ed . Campinas: Papirus, 2000. MELO, V. A.. História da Educação Física do Esporte n o Brasil. São Paulo: Ibrasa, 1993. MOREIRA, W.. Educação Física e esportes: pers pectivas para o século XXI. Campinas: Papirus, 1992. RAMOS, J. J.. Os exercícios físicos na história e na arte: do homem primitivo aos nossos dias. São Paulo: I brasa, 1983. VARGAS, Angelo. Desporto e tramas sociais. ____________. Rio de Jan eiro: Sprint, 1999. 19