Graciliano Ramos Realismo Socialista
Graciliano Ramos Realismo Socialista
Graciliano Ramos Realismo Socialista
Marina de Oliveira 1
RA 2730022
Janice Costa 2
RA: 2730014
RESUMO
1 INTRODUO
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mas continuou tendo pontos em comum com ele. Ele no pretende fazer uma
literatura falando de coisas agradveis; ele rejeita, ento, a literatura burguesa. Para
a burguesia, os outros no teriam motivo para estar descontentes. Esses literatos,
ento, no questionam conflitos importantes. Graciliano Ramos questionava a
literatura que se entregava ao subjetivo em termos semelhantes, pois quando o
ficcionista envereda por temas subjetivos, tende a fazer criaes mais ou menos
arbitrrias, complicaes psicolgicas, s vezes um lirismo atordoante, espcie de
morfina, poesia adocicada, msica de palavras (RAMOS, APUD. MORAES, 2014).
A literatura de Graciliano Ramos fortemente marcada pelo convvio de perto
que ele teve com os sofrimentos que provinham da opresso econmica em
Pernambuco e na cidade alagoana de Palmeira dos ndios, onde chegou a ser
prefeito.
Assim, Vidas Secas, embora no sugira o socialismo como soluo, expe as
brutalidades no serto nordestino, articulando diversos elementos: o homem e seu
destino errante numa paisagem calcinada e rida. Os bichos, a seca, a humilhao,
o todo compe um quadro que realista que remete a Emile Zola e o retrato que ele
fez, no sculo XIX, da vida entre os trabalhadores das minas. Essa forte
preocupao social e essa denncia chocante interessa ao ponto de vista da classe
operria e, ao no florear uma realidade spera, serve como denncia da opresso
semi-feudal no Nordeste, assim como do latifndio, problemas profundamente
enraizados na realidade nacional e at hoje presentes.
Vidas secas expe, sem meias verdades, o entorno de brutalidades no
serto. [...] Procurei auscultar a alma do ser rude e quase primitivo que mora
na zona mais recuada do serto, observar a reao desse esprito bronco
ante o mundo exterior, isto , a hostilidade do meio fsico e a injustia
humana. Por pouco que o selvagem pense e os meus personagens so
quase selvagens , o que ele pensa merece anotao (RAMOS apud
MORAES, 2014).
curioso notar que, embora apresente adjetivos crticos no que diz respeito
ao sertanejo, tal como bronco, rude, primitivo, bastante notria, em seus
romances, a injustia humana voltada contra esses camponeses. Ao invs de
cham-lo de preguioso e sup-lo analfabeto e ignorante, o narrador de Vidas Secas
apresenta interesse humanista pelos humildes, cuja voz importante escutar. Era
uma voz ignorada, escutada por poucos at ento.
Ao dar voz aos camponeses do mais profundo serto, faz o que a esttica
socialista prope: leva os oprimidos e suas questes at um campo em que eles no
estavam presentes ou no tinham sua voz escutada. Ele exibe as excluses e no
usa preconceitos para torn-las mais digerveis. Numa carta para Portinari, ele
analisa a curiosa relao entre realidade e esttica, observando que existiam
modelos reais para as obras dele e do amigo. Ambos vinculam-se ao povo humilde
dos grotes, retratando-os e dando-lhes voz. Comenta Graciliano Ramos:
Voc fixa na tela a nossa pobre gente da roa. No h trabalho mais digno,
penso eu. Dizem que somos pessimistas e exibimos deformaes; contudo
as deformaes e a misria existem fora da arte e so cultivadas pelos que
nos censuram (RAMOS apud MORAES, 2014).
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para debate, ento, nem na academia e nem no mercado. Sempre que se trata do
romance realista socialista, h questes polticas um tanto quanto que turvam o
debate e deixam em segundo plano os debates estticos.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS