Campo Landeliano

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Sergio de Moraes Bonilha Filho

campo landeliano

Dissertao apresentada ao Departamento de Artes Plsticas


da Escola de Comunicaes e Artes da Universidade de So Paulo,
como exigncia parcial para obteno do Ttulo de Mestre em Artes,
sob orientao da Profa. Dra. Branca Coutinho de Oliveira

So Paulo
2010

Defesa realizada em

Ao infinito de formas e seres.

Agradecimentos sinceros a todos que apoiaram o desenvolvimento desta


pesquisa, especialmente querida orientadora, Branca de Oliveira, e aos
professores Silvia Laurentiz e Rogrio da Costa, que encorajaram esse salto
ao desconhecido. Igualmente, Luciana Ohira, sempre solidria e generosa,
companheira inseparvel nos experimentos e pesquisas dos quais derivou este
trabalho.

Resumo
Esta dissertao consiste em pesquisa sobre virtualidades possivelmente presentes
nas teorias que incentivaram as primeiras tentativas de transmisso eletromagntica
sem fios em fins do sculo XIX, reportando tambm ao deslocamento dessas
teorias em direo a outras reas do conhecimento. Aps breve retrospectiva
do processo de inveno do rdio - no qual concorreram esforos de diversos
pesquisadores como James Clerk Maxwell, David Edward Hughes, Heinrich
Rudolf Hertz, Nikola Tesla, Roberto Landell de Moura e Guglielmo Marconi - o
estudo rev vasta literatura relacionada ao campo da Parapsicologia, tentando
encontrar informaes mais detalhadas sobre contatos interdimensionais
semelhantes aos descritos por Roberto Landell de Moura, Nikola Tesla e Thomas
Alva Edison em depoimentos concedidos mdia impressa no incio dos anos
1900. Finalmente, consiste numa fabulao potica a partir desse contexto.

Palavras-chave
inveno do rdio, transcomunicao instrumental, contato interdimensional,
eletromagnetismo, Roberto Landell de Moura, Nikola Tesla, artes visuais,
filosofia.

Abstract
This is a survey of virtual potentialities of the inventions related to the early
development of wireless technology at the end of nineteenth century, as well
as its recurrence in other areas of knowledge from there onward. After a brief
historical review on the radio invention (involving several scientists as James
Clerk Maxwell, David Edward Hughes, Heinrich Rudolf Hertz, Nikola Tesla,
Roberto Landell de Moura and Guglielmo Marconi) goes into a wider literature
review on the parapsychology field wich brings more detailed information on
interdimensional contacts as the ones described by Roberto Landell de Moura,
Nikola Tesla and Thomas Alva Edison at newspapers and magazines in the early
1900s. As a result this is also a poetical view about this context.

Keywords
invention of radio, instrumental transcommunication, interdimensional
contacts, electromagnetism, Roberto Landell de Moura, Nikola Tesla, visual
arts, philosophy.

Sumrio
1 - INTRODUO
1.1 - apresentao ....................................................................... 19
1.2 - objetivos ............................................................................. 20
1.3 - metodologia ........................................................................ 21
2 - DISCUSSO
2.1 - des-Procusto ....................................................................... 25
2.2 - notas landelianas ................................................................. 26
2.2.1 - intrito ............................................................................. 26
2.2.2 - sobre o Elemento R .......................................................... 27
2.2.3 - o Perianto ......................................................................... 28
2.2.4 - estenicidade e eletricidade ............................................... 31
2.2.5 - o Elemento Universal ....................................................... 34
2.2.6 - dois fragmentos ................................................................ 36
2.2.6.1 - The Telephotorama ...................................................... 36
2.2.6.2 - senza titolo .................................................................. 37
2.3 - chamadas em espera ............................................................. 37
2.3.1 - Augusto de Oliveira Cambraia .......................................... 38
2.3.2 - Thomas Alva Edison ......................................................... 38
2.3.3 - Oscar DArgonnel ............................................................. 40
2.3.4 - Coelho Neto ...................................................................... 42
2.3.5 - Prspero Lapagesse ........................................................... 43
2.3.6 - Attila Von Szalay .............................................................. 43
2.4 - Electronic Voice Phenomenon (EVP) ................................... 44
2.4.1 - achado inesperado ............................................................. 45
2.4.2 - o fenmeno se repete ........................................................ 47

2.4.3 - interrupo: preciso ponderar sobre a pesquisa ............... 49


2.4.4 - repeties em forma de experimento ................................. 51
2.4.5 - as gravaes tornam-se surpreendentes ............................. 52
2.4.6 - divulgao dos experimento .............................................. 56
2.4.7 - conseqncias da pesquisa ................................................ 57
2.4.8 - consideraes finais .......................................................... 59
2.5 - Estao Luxemburgo ............................................................ 60
2.5.1 - a Conferncia de Darmstadt .............................................. 61
2.5.2 - sincronias interdimensionais, alguns exemplos ................. 69
2.5.3 - pesquisadores vrios auxiliam na Estao Luxemburgo .... 72
2.5.4 - Marduk e o Rio da Eternidade ........................................... 75
2.5.5 - limitaes dos contatos ..................................................... 77
2.6 - notas laboratoriais ................................................................ 79
2.6.1 - do acesso aos materiais ..................................................... 80
2.6.2 - da localizao do laboratrio ............................................. 82
2.6.3 - do mtodo aplicado ........................................................... 82
2.6.4 - achados sonoros e numricos ............................................ 83
3 - CONCLUSO ........................................................................ 84
3.1 - recorrncias tericas ............................................................ 85
3.2 - consideraes finais ............................................................. 86
4 - BIBLIOGRAFIA .................................................................... 91
5- APNDICE ............................................................................. 95
6 - ANEXO .................................................................................. 104

CAMPO LANDELIANO

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1 - INTRODUO
1.1 - apresentao
Operam como gume as circunscries histricas de fatos e nomeaes que
fixam autorias individuais a eventos e inventos, cindindo a vida sob a fico
do antes e depois abruptos, num diapaso surdo que exclui circunstncias
prvias e ulteriores em favor de um sistematizar, no raro, vassalo de interesses
convenientemente omitidos e avessos ao jorro do tempo. Assim, inversamente
a tal modus operandi e sem nenhum intento que busque diminuir o mrito de
Guglielmo Marconi (Bolonha, 1874 - Roma, 1937) frente ao aperfeioamento
das transmisses por mdias naturais1, tem-se em mira, neste breve retrospecto
que se segue, remontar profuso intelectual de um contexto do qual pde
emergir este notvel invento, o Rdio.
Consta nos devidos autos que, previamente publicao dos experimentos
de Heinrich Hertz entre 1887 e 1888 (Hamburgo, 1857 - Bonn, 1894),
James Clerk Maxwell (Edimburgo, 1831 - Cambridge, 1879) ao longo da
dcada de 1860 j havia burilado em sua forma final a teoria moderna do
eletromagnetismo - Maxwell provara por vias tericas que uma fora eltrica
pode, em determinado referencial, ser considerada magntica se analisada
noutro ou vice-versa - e tambm David Edward Hughes (Londres, 1831 Londres, 1900) havia demonstrado em 1878 a teoria de Maxwell, transmitindo
e recebendo ondas eletromagnticas entre dispositivos separados por centenas
de metros. Paralelamete, Nikola Tesla (Smiljan, 1856 - Nova Iorque, 1946)
e Alexander Stepanovich Popov (Krasnoturyinsk, 1859 - So Petesburgo,
1906) pesquisavam mtodos para transmisses eletromagnticas sem fios,
apresentando ao longo da dcada de 1890 substanciais aperfeioamentos das
tcnicas empregadas por Hertz.
1 ) expresso frequentemente utilizada por Nikola Tesla, referindo-se s transmisses
eletromagnticas sem fios.

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BONILHA, S.

Desta feita, podemos entender a razo do xito de Marconi em sua demonstrao


de 1895 ser considerado por muitos como fruto de uma condensao de idias que
poca efervesciam em torno do nefito campo das telecomunicaes. Por outro
lado, outros tantos consideram-se satisfeitos com a idia de que tal demonstrao
tenha inaugurado um invento em si, permanecendo polmica a questo, mesmo
tendo o supracitado inventor italiano passado por dois famosos processos
jurdicos2, a Suprema Corte dos EUA considerou falsa a reclamao de Marconi que afirmava nunca ter lido as patentes de Tesla - determinando como inexistentes
quaisquer inovaes em seu trabalho e creditando ao Sr. Nikola Tesla a autoria
da primeira rdiotransmisso. Mas isso no tudo, houveram outros importantes
fluxos neste plano de acontecimentos, os quais abordaremos mais adiante.

1.2 - objetivos
O presente trabalho constitui esforo investigativo bastante circunscrito s
condies histricas que concorreram para o surgimento das radiocomunicaes
em nosso planeta e noutros orbes, tendo portanto interesse nas decorrncias
eclpticas proporcionadas por eventuais pontes que da puderam partir.
Apoiado principalmente em mbito bibliogrfico, tem como fonte irradiadora
um espectro de pesquisadores que em conjunto vm atuando consistentemente
desde a segunda metade do sculo XX ou, em alguns casos, desde as primeiras
pesquisas relativas eletricidade. Todavia, a imensa riqueza de informaes - que
dos relatos e documentos eflui - materializa-se tambm em mbito laboratorial
para dar aos olhos e ouvidos um dispositivo receptor de ondas bastante sensvel
a variaes eletromagnticas locais. Assim, pesquisa terica, prxis e o prprio
ambiente do laboratrio fundem-se numa s obra, orientada sondagem de um
limite que no se pode precisar.
2 ) Sir Oliver Joseph Lodge tambm requerira autoria sobre algumas patentes registradas
por Marconi, entretanto, no teve sucesso em suas requisies.

CAMPO LANDELIANO

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1.3 - metodologia
A partir de uma fase inicial menos direcionada, pautada por breves estudos
dos mecanismos de recepo/transmisso radiofnicas e por um vaguear
relativamente incnscio de objetivos definidos, formulou-se o presente plano
de pesquisa. Seria portanto fantasiosa qualquer tentativa de isolamento dos
elementos disparadores da sistematizao que se segue, ainda assim, faz-se
mister ressaltar a importncia de alguns fatores como, por exemplo, a patente de
nro. 645576, System Of Transmission Of Electrical Energy (vide ANEXO A),
registrada nos Estados Unidos da Amrica pelo ilustrssimo Sr. Nikola Tesla em
maro de 1900. Emana desse invento - apoiado numa sutil plasticidade de idias
- a percepo de vastides ainda sem margens definidas; v-se, ento, dessas
espiras de aplicaes quase especulativas, ondularem individuaes ainda no
nomeadas pela rgia cincia que, mais adiante, haveria de enclausurar boa parte
das freqncias sobre as quais trataremos nas sesses vindouras.
Se, por um lado, tornava-se duvidosa a histrica nomeao de Guglielmo
Marconi como autor individual, por outro, pudemos perceber que desde as
primeiras horas de sua inveno estavam j presentes muitas das virtualidades
do rdio, tornando-se fundamental uma busca por inventores adjuntos que, por
sua vez, levariam-nos necessariamente a assuntos correlatos, descortinando uma
fascinante rede de pesquisadores a operar em diferentes dimenses.
Aparentemente, alm de Tesla e Marconi, Thomas Edison, Landell de Moura,
Friedrich Juergenson, Theo Locher, Maggy Harsch, Karl Goldstein, Snia
Rinaldi, Peter Bander, Sir Francis Burton e muitos outros estavam j conectados
por um emaranhado de linhas, cujo princpio remontava a meados do sculo
XIX. Portanto, tornava-se necessria alguma sistematizao que pudesse
esclarecer os principais ramais dessa rede. Assim, delinearam-se duas frentes
simultneas quando da formalizao de nossa metodologia; a saber:

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BONILHA, S.

I) Reviso de toda literatura relativa ao modo operativo e trajetria dos autores


arrolados pesquisa;
II) Montagem e operao de aparelho baseado na patente nro. 645576, invento
citado em escritos relativos s experincias narradas por Nikola Tesla ao longo
de seu artigo Talking With The Planets.
Quanto a este segundo item, ressaltemos sua importncia metodolgica, haja
visto que promove certa imprevisibilidade pesquisa, determinando uma
porta de entrada para dados atualmente indisponveis em mdias impressas e
nas demais formas de documentao s quais teramos acesso. Procedamos
portanto leitura do referido artigo, tendo como inteno o esclarecimento de
nosso interesse por tal:
I can never forget the first sensations I experienced when it dawned
upon me that I had observed something possibly of incalculable
consequences to mankind. I felt as though I were present at the birth
of a new knowledge or the revelation of a great truth. Even now,
at times, I can vividly recall the incident, and see my apparatus as
though it were actually before me. My first observations positively
terrified me, as there was present in them something mysterious, not
to say supernatural, and I was alone in my laboratory at night; but at
that time the idea of these disturbances being intelligently controlled
signals did not yet present itself to me. / The changes I noted were
taking place periodically, and with such a clear suggestion of number
and order that they were not traceable to any cause then known to
me. I was familiar, of course, with such electrical disturbances as are
produced by the sun, Aurora Borealis and earth currents, and I was as
sure as I could be of any fact that these variations were due to none of
these causes. The nature of my experiments precluded the possibility
of the changes being produced by atmospheric disturbances, as has
been rashly asserted by some. It was some time afterward when the
thought flashed upon my mind that the disturbances I had observed
might be due to an intelligent control. Although I could not decipher
their meaning, it was impossible for me to think of them as having
been entirely accidental. The feeling is constantly growing on me
that I had been the first to hear the greeting of one planet to another.
A purpose was behind these electrical signals; and it was with

CAMPO LANDELIANO

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this conviction that I announced to the Red Cross Society, when it


asked me to indicate one of the great possible achievements of the
next hundred years, that it would probably be the confirmation and
interpretation of this planetary challenge to us.
[TESLA, 1901, p.4].
Imaginamos desnecessrios quaisquer comentrios adicionais, dada a
envergadura e seriedade prprias ao autor das ltimas linhas. Entretanto, antes
de passar adiante, sublinhemos - em atitude de proservao - as seguintes
palavras: I could not decipher their meaning, it was impossible for me to
think of them as having been entirely accidental.

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BONILHA, S.

CAMPO LANDELIANO

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2 - DISCUSSO
2.1 - des-Procusto
Se permanece a Histria seccionada por foras que dela excluem acontecimentos
imprprios lgica procustiana que oficiosamente a escreve, esforcemo-nos
para seguir noutras direes, rumo a espaos mais amplos e idias menos
cristalizadas. Com isso em vista, retomemos o legado deixado por Roberto
Landell de Moura (Porto Alegre, 1861 - Porto Alegre, 1928), inventor que,
j em junho de 1900, demonstrara publicamente seus inventos em So Paulo,
ocasio pela qual publicou-se a seguinte nota oficial no Jornal do Commrcio:
No domingo prximo passado, no Alto de SantAnna, cidade de S.
Paulo, o Padre Roberto Landell fez uma experincia particular com
vrios apparelhos de sua inveno. No intuito de demonstrar algumas
leis por elle descobertas no estudo da propagao do som, da luz e da
electricidade atravz do espao, da terra e do meio aquoso as quaes
foro coroadas de brilhante exito. / Esses apparelhos eminentemente
praticos so como tantos corollarios deduzidos das leis supracitadas.
/ Assistiro esta prova, entre outras pessoas, o Sr. P. C. P. Lupton,
representante do Governo Britanico, e sua famlia.
[FORNARI (1960) 1984, p.25].
Tem-se notcia de que os testes iniciais de Landell, realizados entre 1892 e 1893,
precederam as primeiras transmisses radiotelegrficas de Guglielmo Marconi
- realizadas em 1895 - e sabe-se que, conforme indica o artigo acima, sua
apresentao oficial deu-se seis meses antes da primeira transmisso de udio
por Reginald Aubrey Fessenden (Quebec, 1866 - Bermudas, 1932) realizada
s em dezembro de 1900 no Canad. Entretanto, desde ento, registrou-se
oficialmente o nome de Fessenden como pioneiro mximo desse avano e
pouco se falou sobre o Padre Roberto Landell de Moura, permanecendo, ainda
hoje, no campo das suposies o porqu da desateno que lhe foi dedicada...
Pois bem, deve estar a acuidade do leitor j a propor hipteses vrias

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BONILHA, S.

em torno da questo. Entretanto, pedimos que guarde vosso interesse para o


rico contedo a partir do qual pudemos humildemente elencar momentos
especficos, diga-se de passagem, importantssimos ao desenvolvimento de
nossas posteriores linhas. Alm disso, seria redundante qualquer investida de
nossa parte no sentido de granjear os devidos louros ao singular Landell de
Moura, haja visto, serem suficientes as inovadoras formulaes que sua obra
props e ainda prope.

2.2 - notas landelianas


2.2.1 - intrito
Ao gentio que naquele 03 de junho de 1900 reunira-se em torno das
demonstraes do Padre Landell foram apresentados vrios aparelhos capazes
de ligar o Alto de Santana Avenida Paulista por transmisses de voz e sinais
telegrficos; inventos surpreendentes que s podem ter derivado de um intelecto
afeito aos experimentos levados a cabo por pesquisadores como aqueles citados
na apresentao deste volume.
Imagina-se portanto que tal afeco pelo referido campo tenha surgido do contato
de Landell com estudos sobre eletromagnetismo - poca bastante recentes quando de sua estada em Roma, na qualidade de estudante da Universidade
Gregoriana. Desdobraram-se seus estudos em dedues prprias que, j
no incio da dcada de 1890, postulavam para alm das limitaes tcnicas
ento vigentes. Deu-se, portanto, durante o perodo em que permanecera em
Campinas a explicitao destes trs princpios fundamentais que ampararam as
demostraes apresentadas em meados do ano de 1900:
1) Todo movimento vibratrio que at hoje, como no futuro, pode
ser transmitido atravs de um condutor, poder ser transmitido
atravs de um feixe luminoso; e, por esse mesmo fato, poder ser
transmitido sem o concurso desse agente.

CAMPO LANDELIANO

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2) Todo movimento vibratrio tende a transmitir-se na razo direta


de sua intensidade, constncia e uniformidade de seus movimentos
ondulatrios, e na razo inversa dos obstculos que se opuserem
sua marcha e produo.
3) Dai-me um movimento vibratrio to extenso quanto a distncia
que nos separa desses outros mundos que rolam sobre nossa cabea,
ou sob nossos ps, e eu farei chegar minha voz at l.
[LANDELL, apud FORNARI (1960), 1984, pp.41-42]
Parece-nos desnecessria qualquer explicao adicional acerca desses bem
redigidos postulados, em cujas palavras ainda vibram sentidos mais amplos do
que se pode ou pde perceber a olhos nus. Prossigamos ento valendo-nos das
palavras registradas pelo prprio inventor em seu Caderno A - atividade que
se dava de prprio punho, entremeada por desenhos de inventos e anotaes
cotidianas - o que, com alguma sorte, nos levar a uma breve imerso em seus
pensamentos, conduzindo a entendimentos mais aprofundados nos sero teis
em relao aos planos subseqentes.

2.2.2 - sobre o Elemento R


Como o urnio, o hlio, o rdio e tantos outros corpos radioativos, o
elemento R, tambm ele, se mostra dotado de certas propriedades que
nos inclinam a admitir que elas residem no tomo dos corpos que o
revelam, como propriedades que lhe so inerentes.
Disse dos corpos, porque penso que ele se encontra em todos
os corpos, conquanto no manifeste com igual intensidade as suas
propriedades radioativas do elemento R. Encontrei-o pela primeira vez
no corpo humano, e por muito tempo prosseguindo a minha pesquisa,
com o fim de conhecer a sua natureza, tive, um dia, a feliz idia de
verificar se os corpos magnticos naturais ou artificiais permanentes
possuam ou no o elemento R, pela analogia com o espectro magntico
que me ofereciam estas radiografias que eu obtivera, mediante o
elemento R. E tendo obtido de um electromagntico permanente em

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BONILHA, S.

forma de U e nas mesmas circunstncias que obtivera o espectro do


corpo humano semelhante ao do electromagntico, cheguei concluso
que no corpo humano, como nos diamagnticos, existia o elemento R, e
que suas propriedades residiam no tomo do elemento R.
Da cheguei a estas concluses:
1 Que, como j disse, todos os fenmenos que se observam nos
corpos diamagnticos so devidos a esse elemento R;
2 que esse elemento R, tanto nos corpos inorgnicos como orgnicos,
se transforma em energia magntica, eltrica, calorfica, luminosa,
ondulatria e radiante;
3 que se no h atrao ou repulso entre os corpos diamagnticos
devido a esses corpos se acharem em estado que impossibilita o
fenmeno da coercibilidade. Os outros fenmenos, porm, de induo
e de transformao de energia do elemento R em magnticos, eltricos
etc., podem se dar, como de fato se do.
[LANDELL, apud FORNARI (1960), 1984, pp.126-127]

2.2.3 - o Perianto
1 Todo o corpo humano est como que envolvido de um elemento
de forma vaporosa, mais ou menos densa, segundo a natureza ou o
estado do indivduo ou ambiente em que ele se acha. Esse elemento,
quando adquire uma tenso capaz de vencer os obstculos que se
opem sua expanso, escoa do corpo humano sob forma de descargas
disruptivas ou silenciosas, tal qual como sucede com a eletricidade.
E os fenmenos que nestas ocasies se do, tm muita analogia com
os eltricos estticos e dinmicos, com relao aos outros corpos
semelhantes.
2 Pelo que, cheguei concluso de que se trata de um fenmeno que
constitui uma variedade dos fenmenos produzidos pela eletricidade ou
pela causa da eletricidade, do calor, da luz etc.
3 Em todo caso, para facilitar o estudo do elemento R que existe no

CAMPO LANDELIANO

29

corpo humano, atribuo-o ao perianto, porque, como o seu nome est


dizendo, ele um efeito do elemento R, como a tenso eltrica um
efeito da eletricidade que se acumula em volta dos condutores.
4 No posso atribu-lo eletricidade existente no corpo humano,
porque, como veremos em outros lugares, se de um lado oferece muita
analogia com a eletricidade, por outro lado apresenta-se com certas e
determinadas caractersticas que me obrigam a distingui-lo, ou dar-lhe
nome de Perianto ao efeito e causa o elemento R, isto , da vida de
relao entre o psiquismo superior e inferior.
5 O perianto por si invisvel; mas, por intermedirio de certas luzes,
pode tornar-se visvel, e at mesmo ser fotografado, se usarmos ou
intercalarmos entre o corpo, cujo perianto estudamos, e a luz especial,
uma plancha ou papel apropriado.
6 Um pequeno animal, preferivelmente de plo curto, posto nestas
circunstncias e dentro de um tubo apropriado, se mediante uma
mquina pneumtica a mercrio for se fazendo pouco a pouco o vcuo,
ver-se-, quando o animal permanecer quieto, em estado de agonia, que
na plancha se desenhar, sob forma vaporosa, a figura do animal. Verse- mais que, ao expirar o mesmo essa forma elevar-se- na plancha.
7 Poder-se- ver tambm diretamente quando, mediante certas
luzes, se puder conseguir o fenmeno da interferncia dos raios. E
h casos em que, quando a condensao se torna bem densa, com
certas e determinadas luzes, removendo o animal, no lugar em que ele
se achava permanecer, por instantes, o seu perianto, formando um
duo dele, que, no raras vezes, em vez de se apresentar sob a forma
branca e vaporosa, se mostra compacto e colorido, com as cores
naturais no animal, devido tambm luz. O que prova que o perianto
devido a uma vibrao de um elemento mais sutil que o ar.
8 Do que acabamos de dizer, podemos tirar os seguintes corolrios:
1 que o perianto, em circunstncias apropriadas, pode ser
fotografado, justificando seu nome, isto : coisa que envolve o corpo
humano sob uma capa ou zona vaporosa, mais ou menos densa;
2 que ele pode ser transportado da placa natural da retina para
a de uma cmera fotogrfica. E da as seguintes concluses: a) que
no corpo humano existe um elemento que d origem aos fenmenos
do perianto e conseqentes corolrios; b) que pode ser fotografado
direta ou indiretamente; c) que certas qualidades de luzes influem

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BONILHA, S.

para que ele possa ser fotografado, como tambm para que se
torne visvel a olhos nus; d) que ele pode, semelhana de um duo
do indivduo, represent-lo sob formas unicamente vaporosas, ou
tambm com cores naturais; e) que, se esse indivduo estiver sob
ao do hipnotismo ou de qualquer outro estado anormal capaz de
mudar-lhe a personalidade, o seu perianto, neste caso, apresentar
as feies da personalidade que ele supe ser no momento; f) que,
devido ao perianto, no repugna que, em certos estados anormais,
o indivduo possa apresentar o seu duo sob formas vaporosas
mais ou menos condensadas e mais ou menos durveis, consciente
ou inconscientemente, como geralmente sucede, junto a si ou
distanciado; g) que, segundo o grau de condensao, poder tornarse palpvel ou resistente, simulando todos os fenmenos da vida
psico-orgnico devido ao prolongamento dinmico, no sendo o que
ele ento apresenta seno um reflexo do corpo do indivduo que o
produziu, de forma que se o indivduo falar ou mover qualquer parte
do corpo enquanto o seu perianto age aparentemente, este ltimo
deixar de agir incontinenti; h) que tanto os bons como os maus anjos
podem dele se utilizar para simular os fenmenos da vida de relao,
mas que neste caso ( exceo de um milagre) que se verifica o
que acima dissemos: quando o perianto, sob ao do bom ou do mau
esprito, age, se o corpo do indivduo que o produziu age, ele deixar
incontinenti de agir, precisamente na forma que o indivduo age; i)
que, provavelmente, o fenmeno da bilocalizao tem seu princpio na
condensao do perianto, quando o fenmeno se opera naturalmente,
muito embora por leis ainda no bem conhecidas. E muitos outros
fenmenos como do hipnotismo, do magnetismo, do espiritismo, dos
sonhos em ao, do sonambulismo etc.
[LANDELL, apud FORNARI (1960), 1984, pp.127-129]
Pedimos licena ao leitor para indicar que a teorizao acima tem estreita
conexo com a cmara bioeletrogrfica construda por Landell na primeira
dcada do sculo XX, alis, cujo pioneirismo fora muito bem descrito por
Hamilton de Almeida:
Dcadas antes dos cientistas soviticos, considerados, oficialmente, os
descobridores do efeito Kirlian, padre Landell realizou experincias
sobre o fenmeno. O que a histria diz que, em 1939, dois tcnicos
em eletrnica, o casal sovitico Semyon e Valentina Kirlian,
inventaram um novo processo fotogrfico denominado fotografia

CAMPO LANDELIANO

31

de campo radiante. (...) De forma simplificada, a tcnica Kirlian


consiste em dirigir um campo eltrico de alta freqncia, entre 75
mil e duzentos mil ciclos por segundo, atravs de um objeto a ser
fotografado e da respectiva chapa fotogrfica. Aparentemente, o
campo eltrico faz irradiar um espcie de luminescncia sobre a
chapa. Os Kirlian perceberam, desde o incio, que suas fotografias
mostravam alguma forma de energia intimamente relacionada com a
vida. (...) H poucos anos descobriu-se que a fotografia Kirlian pode
ser usada no diagnstico precoce de muitas doenas, especialmente o
cncer. As doenas causam mudanas de cor nos campos energticos
fotografados. O efeito Kirlian (efeito Landell?) aparece registrado
em seus manuscritos sob o ttulo O perianto(...) Padre Landell no
ficou s na teoria. Ele conseguiu fotografar o efeito. E escreveu:
A radioatividade humana existe, como o amigo poder verificar
examinando estas radiografias produzidas pela radioatividade dos
meus polegares. (...) Igncio Landell de Moura contou que, quando
seu tio morreu, achou, nos seus pertences, uma caixa cheia de coisas
e uma poro de chapas fotogrficas. Mandou ampliar as fotos e
viu coisas misteriosas, que no soube explicar o que era. Inocente,
levou todo material a um padre que imediatamente o recolheu e nunca
mais devolveu, alegando que aquilo poderia comprometer a Igreja.
[ALMEIDA, 1984, pp.67-69]

2.2.4 - estenicidade e eletricidade


Antes de proceder leitura do prximo tpico, permita o leitor que faamos
nova interrupo para precav-lo diante ao fato de que o padre Landell escrevera
sobre vrias formas de energia, unindo frentes aparentemente separadas em
suas pesquisas. Embora tal unicidade possa causar algum escndalo a nossos
olhos, considere-se que, assim como Landell de Moura, outros pesquisadores
de sua poca tambm puderam produzir inventos e teorias alheios s barreiras
acadmico-cientficas que s mais adiante seriam impostas, no mais das vezes
como resultado de costumes e pressupostos culturais. Feita a observao,
voltemos leitura:

32

BONILHA, S.

SOBRE A ANALOGIA EXISTENTE ENTRE A ESTENICIDADE, OU O


ELEMENTO R E A ELETRICIDADE
1 Como a eletricidade, a estenicidade acumula-se sempre na
superfcie do corpo humano. Como a eletricidade, a estenicidade nos
corpos esfricos distribui-se homogeneamente por toda a superfcie,
e nos corpos de forma elipside ou oval acumula-se nas extremidades
de dimetro maior.
2 Como a eletricidade, quanto mais alongado for o elipside maior
ser a quantidade de estenicidade acumulada nas extremidades de
maior dimetro, resultando, como sucede com a eletricidade, que,
se o corpo estenizado terminar em ponta, como os da forma ovide,
a estenicidade adquirir nela a tenso necessria para vencer a
resistncia do ar e escapar-se.
3 Por isso, aproximando-se a mo desse ponto, logo a
reconheceremos pela sensao de um sopro capaz de fazer oscilar
o pndulo estnico especialmente preparado para esse fim. E esse
sopro que por analogia chamei de vento estnico o resultado
da repulso que a estenicidade exerce sobre as molculas do ar,
carregado de igual estenicidade positiva ou negativa.
4 E h indivduos que, devido talvez a um fenmeno de
interferncia, vem, no escuro e ainda em plena claridade, uma luz
plida ou colorida acompanhar o escoamento da estenicidade, ou
melhor; a estenicidade escoar-se sob a forma visvel de uma luz
plida ou colorida.
5 Como a eletricidade, a estenicidade retida superfcie
dos corpos e no se irradia, como o calor, em virtude da pouca
condutibilidade do ar seco.
6 Isso levou-me a considerar o corpo humano revestido de uma
camada de estenicidade que, como a eletricidade, sendo novamente
acrescentada, se torna mais espessa ou mais densa da o ter-lhe eu
dado, por analogia, o nome de espessura ou densidade estnica.
7 Considerando-se como se supe em relao eletricidade que
a estenicidade seja um fluido, cujas molculas esto em um estado de
contnuo movimento de repulso, devemos admitir que, quando ela
est acumulada no corpo humano, se esforce por abandon-lo, o que

CAMPO LANDELIANO

33

no consegue em virtude da resistncia que o ar lhe oferece. A este


fato, tambm por analogia, dei o nome de tenso estnica.
8 A estenicidade, como a eletricidade, manifesta-se por efeitos
mecnicos, fsicos e qumicos que ocorrem no corpo humano.
possvel at que tenham uma e mesma origem, e que no sejam seno
modalidades ou variedades de manifestao de uma mesma causa
eficiente material, ainda no bem definida. Isto quanto sua origem
remota. Quanto prxima de seus fenmenos, como a eletricidade,
a estenicidade, nos efeitos mecnicos, se manifesta pelo atrito, a
frico, a presso, a toro etc.
9 Nos efeitos de origem fsica pelo calor, a mudana de
temperatura e o estado moral, fsico e intelectual da pessoa.
10 Nos efeitos qumicos e todas as reaes que se do no
organismo humano, as quais constituem das mais copiosas fontes de
estenicidade dinmica.
11 Por ltimo, verificamos que, como a eletricidade, assim tambm
a estenicidade manifesta os fenmenos ditos de atrao e repulso,
e que, como na eletricidade, esto sujeitos s leis seguintes: 1
As atraes e repulses variam na razo inversa do quadrado das
distncias; 2 as atraes e repulses estnicas so proporcionadas
s quantidades de estenicidade de que os corpos esto animados. (...)
SOBRE OS EFEITOS DA ESTENICIDADE DISTNCIA
1 H muitos fenmenos que no encontrariam a sua explicao sem
a existncia desse elemento ainda no bem definido, a que dei o nome
de estenicidade.
2 este elemento que, em certas circunstncias, produz, no
espao ambiente, movimentos, perturbaes idnticas s que lhe
imprimem os fenmenos maxim psquicos, devido s grandes ou
intensas modificaes da alma humana, modificaes essas que se
propagam ondulatoriamente atravs do mesmo elemento etreo em
que as ondulaes eltricas ou magnticas se propagam, as quais,
encontrando um outro organismo em perfeito sincronismo com o
que produziu tais ondulaes, por um fenmeno de reversibilidade,
se transformam nos mesmos fenmenos que ocasionaram tais
modificaes no elemento estnico. Tal qual como sucede com

34

BONILHA, S.

uma mquina de projeo, a qual projeta na tela aquelas mesmas


figuras que provocaram, atravs do raio luminoso, as vibraes
correspondentes figura que as produziu.
3 Os fenmenos de telepatia, da viso a distncia, como
tambm o da transmisso do pensamento, isto : dos movimentos
correspondentes cerebrais sobre a ao do pensamento, tm neste
elemento a sua origem.
[LANDELL, apud FORNARI (1960), 1984, pp.139-142]

2.2.5 - o Elemento Universal


Terminologias parte, muitas das idias de Landell encontram ressonncia
em teorizaes ulteriores como, por exemplo, as do fsico David Bohm.
Este propusera, em 1980, que a matria como uma pequenina onda nesse
tremendo oceano de energia, dotada de relativa estabilidade e carter
manifesto, enquanto aquele publicara, j em 1924, breve artigo veiculado pelo
jornal ltima Hora de Porto Alegre declarando que tudo quanto tem feito
o autor destas linhas obedece s suas teorias sobre a unidade das foras e
harmonias do universo, outrora muito combatida, porm hoje admitida por ele,
e outros mais felizes conseguiro confirm-la com os fatos [LANDELL, apud
ALMEIDA, 1984, pp.73-75), relao de idias que se confirma em postulados
gravados no Caderno A sob o ttulo O ELEMENTO UNIVERSAL, das quais
reproduzimos pequeno excerto:
1 Tenho-me ocupado por vrias vezes desse elemento,
principalmente quando falei sobre o radium. Mas s agora procurarei
defini-lo.
2 Esse elemento a que me reporto no , como talvez supem os que
me lem, o ter. Este, conquanto muito se parea com ele pela sua
subtilidade ou iminente fluidez ou estado de desagregao, todavia,
difere muito do elemento universal de que falo, sobretudo quanto

CAMPO LANDELIANO

35

ao seu estado de fluidez ou desagregao. Se afirmarmos que o ter


constitui a partcula mais pequena a que se pode reduzir a matria,
tal afirmao apenas relativa aos meios que possumos; quanto ao
elemento universal, este sim, constitui a extrema diviso a que se pode
realmente reduzir a matria.
3 Assim que afirmamos: 1 que esse elemento universal, ou
melhor: que as partculas que o constituem so, por sua natureza
insecvel, absolutamente indivisveis; 2 que o elemento universal,
conquanto material, um corpo simples, porque no compe de
outras partculas; 3 que por isso mesmo no tem extenso,
propriamente falando; 4 que o tomo-suporte em que reside
aquilo por que os corpos so o que so e se diferenciam uns dos
outros; 5 que idntico em todos os corpos, variando somente
devido a sua interna estrutura nos corpos, dos quais ele a clulame onde reside o protoplasma, ou aquilo em virtude do que os corpos
so o que so, segundo as leis secundrias que regem o universo; 6
que as mesmas leis que regem a composio e decomposio dos
tomos e molculas que ele define na categoria dos corpos simples
e compostos, seja quanto s suas qualidades, seja quanto s suas
propriedades fsicas, qumicas, biolgicas; 7 que esse o elemento
sobre o qual atuam os agentes fsicos, qumicos ou biolgicos, dando,
sob sua ao, origem ao mineral, ao vegetal e ao animal.
4 E o que se opera nesse microcosmo, em escala sempre crescente
opera-se e observa-se em todos os corpos, desde os mais simples
e rudimentares at aos mais complexos, desde os mais pequenos e
imperceptveis vista aos maiores e gigantescos, tais como os que
flutuam nos espaos, em volta de ns.
5 De maneira que podemos afirmar, sem temor de erro, que h
no mundo somente duas coisas que realmente so indestrutveis:
o tomo-suporte primrio, ou substancial, da forma substancial,
ou primria, o qual serve de suporte matria-suporte, e a forma
primria, ou substancial, dos corpos.
[LANDELL, apud FORNARI (1960), 1984, pp.146-148]

36

BONILHA, S.

2.2.6 - dois fragmentos


Inventos e teorias presentes em documentos incompletos - alguns parcialmente
destrudos, outros com pginas faltantes - encontram-se aos montes em meio
s anotaes de Landell de Moura. Entretanto, por esforo de alguns daqueles
que tiveram acesso aos escritos originais do inventor, parte desses trabalhos
pde ser resgatada a partir de relatos e esparsos fragmentos. Indicando extensa
pesquisa, dois impressionantes inventos landelianos foram trazidos de volta
luz por Hamilton de Almeida em 1984: o Telephotorama e um sugestivo
telecomunicador, cujo ttulo permanece oculto.

2.2.6.1 - The Telephotorama


Outros desenhos chamaram logo a ateno. Num, estava gravado:
The Telephotorama ou A viso a distncia. Data: vinte de agosto
de 1904 - portanto quando padre Landell ainda estava nos Estados
Unidos. O material foi analisado pelos engenheiros da Telebrs, e
mereceu um parecer tcnico, com uma concluso surpreendente:
padre Landell foi um dos pioneiros no desenvolvimento da televiso.
(...) Outra elucubrao do gnio inventivo: em entrevista concedida
ao jornal ltima Hora, de Porto Alegre, de treze de novembro
de 1924, padre Landell falou da idia de criao de um campo
ondulatrio atravs do espao onde baseou a possibilidade de
transmitir a imagem a grandes distncias. E era nesse mesmo
princpio que ele admitia igualmente, a possibilidade de transmitir
as vibraes correspondentes ao logus, ou verbo mental, assim
como hoje se transmitem as vibraes correspondentes palavra
articulada.
[ALMEIDA, 1984, pp.60-62]

CAMPO LANDELIANO

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2.2.6.2 - senza titolo


Certa vez, Berti e outro coroinha conseguiram entrar no seu quarto.
Eles estavam brincando, viram uma caixinha com uns fios e
comearam a mexer num boto. De repente, a caixinha falou alguma
coisa em italiano (assim Berti se recordou) e Padre Landell chegou,
bravo:
-O que vocs esto reinando a? Vocs esto falando com Marconi.
E Berti, que nunca ouvira falar em Marconi, saiu sem entender
nada. A caixinha prosseguiu, deveria ter uns vinte centmetros
de largura por dez de altura, e ele, quase sempre, a mantinha em seu
bolso. Andando na rua, s vezes parava e comeava a se comunicar
com a caixinha, e por isso diziam que ele era louco.
Nas missas, Padre Landell levava a caixinha para o altar e a
colocava prximo ao clice. A um sinal vindo de dentro da caixinha
Padre Landell parava a missa e comeava a falar em italiano com
aquele objeto estranho, que respondia bem baixo. O coroinha, ao
lado dele, tudo presenciava.3
[BERTI (1976), apud ALMEIDA, 1984, pp.49-50]

2.3 - chamadas em espera


Continuaremos nesta seo - guisa duma arqueologia das primeiras
radiotransmisses - calcados em fragmentos a partir dos quais tentaremos
reconstruir um cenrio mental deste perodo que se estende dos anos 1920
aos 1950. Infelizmente, bem menos documentados que os perodos anterior
e posterior, estes quase quarenta anos de experimentaes j voltadas aos
contatos interdimensionais passaram quase despercebidos aos olhos da histria.
Entretanto, os poucos registros aos quais se tem acesso constituem panorama
gradual do processo sobre o qual miraremos daqui por diante.
3 ) Benedicto Olegrio Berti, fora coroinha em Mogi das Cruzes em 1906 aos 11 anos.

38

BONILHA, S.

2.3.1 - Augusto de Oliveira Cambraia


Embora situado mais ao primeiro que ao segundo perodo acima citados, este
pesquisador representa importante registro para nossa trilha. Extrado do livro
Transcomunicao Instrumental de Sonia Rinaldi, o relato a seguir indica
claramente a natureza pioneira desse pesquisador:
Concomitantemente s agruras do gnio Landell, algum mais cogita
da possibilidade de se contactar os mortos por aparelhos. Augusto de
Oliveira Cambraia, portugus radicado no Rio de Janeiro. Em 1909
chegou a construir um equipamento, que ele denominou Telgrafo
Vocativo Cambraia, tendo inclusive obtido a patente, conforme
registro no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro.
O curioso que para se obter uma patente, necessrio arrolar
a descrio do produto. No caso, foi assim que Augusto Oliveira
Cambraia o fez: (o aparelho) destina-se transmisso de
correspondncia universal, sendo feito com espritos iluminados.
Serve para obter da falange de espritos a correspondncia para o
engrandecimento moral e espiritual do Planeta Terra.
No existe nenhuma referncia quanto aos resultados de seu
equipamento, porm sabemos que no perodo inicial da evoluo
da Transcomunicao, mais do que um aparelho, era requerida
tambm uma energia especial, prpria de mdiuns de efeitos fsicos.
Desconhecendo se Cambraia possua ou no tais habilidades,
impossvel saber se obteve sucesso ou no com o seu Telgrafo
Vocativo. Esse tipo de energia ainda foi requerida por varias dcadas
frente, vindo a se tornar dispensvel s nos anos 90.
[RINALDI, 1997, p.11]

2.3.2 - Thomas Alva Edison


Correram no ano de 1920 em jornais de diversos pases informaes sobre
um novo projeto que, como descrito na manchete da American Magazine de

CAMPO LANDELIANO

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outubro daquele ano, indicava estar Edison Trabalhando para Comunicarse com Outro Mundo. Certamente, muitas das notcias versavam em tom
sensacionalista, aumentando ou distorcendo os fatos, todavia, da entrevista
oficial concedida pelo inventor, publicada aos 30 de outubro de 1920 no
peridico Scientific American, pode-se depreender declaraes bastante
claras acerca dos princpios envolvidos na pesquisa em questo:
Se nossa personalidade sobrevive, ento estritamente lgico e
cientfico presumir que ela retm a memria, o intelecto e outras
faculdades e conhecimentos que adquirimos nessa terra. Portanto,
se a personalidade existe depois daquilo que chamamos morte,
razovel concluir que aqueles que abandonam esta terra gostariam de
comunicar-se com aqueles que aqui deixaram. (...) se este raciocnio
est correto, ento, se pudermos produzir um aparelho to delicado,
que possa ser afetado, ou movido, ou manipulado (...) por nossa
personalidade, tal como ela sobrevive na vida que vem a seguir, tal
instrumento, quando estiver nossa disposio, dever registrar
alguma coisa.
[EDISON (1920), apud NUNES, 1990, p.30]
Imagina-se que tal pesquisa tenha transcorrido em silncio para evitar
propaganda negativa companhia de Edison, pois, inventos muito mais
factveis e perfeitamente demonstrveis j haviam resultado em ataques
contra o inventor como, por exemplo, descreve este trecho da obra de Camille
Flammarion:
Assistia eu, certo dia, a uma sesso da Academia de Cincias, dia
esse de hilariante recordao, em que o fsico Du Moncel apresentou
o fongrafo de Edison douta assemblia. Feita a apresentao,
ps-se o aparelho docilmente a recitar a frase registrada em seu
cilindro. Viu-se ento um acadmico de idade madura, de esprito
compenetrado, saturado mesmo das tradies de sua cultura clssica,
nobremente revoltar-se contra a audcia do inovador, precipitar-se
sobre o representante de Edison e agarr-lo pelo pescoo, gritando:
Miservel! Ns no seremos ludibriados por um ventrloquo!
Senhor Bouillaud, chamava-se este membro do Instituto. Foi isso a

40

BONILHA, S.

11 de maro de 1878. Mais curioso, ainda, que seis meses aps, a


30 de setembro, em uma sesso anloga, sentiu-se ele muito satisfeito
em declarar que, aps maduro exame, no constatara no caso mais
do que simples ventriloquia, mesmo porque no se pode admitir que
um vil metal possa substituir o nobre aparelho da fonao humana.
Segundo esse acadmico, o fongrafo no era mais do que uma iluso
de acstica.
[FLAMARRION (1954), apud GOLDSTEIN, 1992, pp.31-32
Em relao s idias externadas na entrevista Scientific American, sabese apenas que Edison, num artigo publicado em 1926 no New York Times,
posteriormente negara as declaraes de 1920 e que nunca foram divulgados
resultados positivos sobre a pesquisa supracitada.

2.3.3 - Oscar DArgonnel


As pesquisas de DArgonnel, desenvolvidas entre os anos 1910 e 1920 no Rio de
Janeiro, resultaram no mais antigo registro de contato interdimensional por vias
eletrnicas claramente documentado. O carioca Oscar DArgonnel publicou em
1925 um pequeno volume intitulado Vozes do Alm pelo Telefone, narrando
os contatos telefnicos que recebera e tambm esquemas, diagramas e dados
tcnicos dos aparelhos empregados nos experimentos.
Segundo Sonia Rinaldi [RINALDI, 1997, pp.12-15], os registros de DArgonnel
deixam claro que esses contatos eram possveis mediante a cooperao
energtica de dois mdiuns: seu irmo e seu sobrinho, marcando a existncia,
naquele caso, de uma comunicao interdimensional de natureza mista, entre a
Transcomunicao Medinica (TCM) e a Transcomunicao Instrumental (TCI).
Seu comunicante do Lado de L tinha o nome de padre Manoel (que informava
trabalhar com grande equipe de espritos aqui na Terra), e seus contatos
telefnicos estabeleceram forte amizade entre ambos no decorrer dos anos.

CAMPO LANDELIANO

41

Estava DArgonnel ao telefone de sua casa, conversando com a


entidade padre Manoel, quando o primeiro reclama da falta de
clareza da ligao. Padre Manoel, ento, liga simultaneamente para
o telefone do sobrinho do interlocutor a fim de haurir foras,
conforme explicou. Logo aps um ruido, DArgonnel ouve a voz de
seu sobrinho, estabelecendo uma conversa a trs. O padre diz pelo
telefone: Est vendo como minha voz est boa agora ?.
Em outro dilogo, verifica-se o teor das conversas:
(OD) Como voc se chama ?
(voz) Manoel dos Santos Silva.
(OD) De onde voc est falando?
(voz) Da caixa de distribuio da Praia de Botafogo...
(OD) Ningum ai ouve a voz?
(voz) Ningum.
Mas DArgonnel no se dera por convencido de imediato e realizara testes
necessrios comprovao do carter interdimensional dos contatos que
recebia. Aps a participao numa reunio do Grupo Esprita Experimental, o
pesquisador pedira entidade Padre Manoel dos Santos Silva que exatamente
no momento em que ele chegasse de retorno sua casa, logo o telefone tocasse
e que o comunicante dissesse algo estranho como: quantos pes comeu o rei?
Em seguida, que a entidade declinasse todos os nomes dos membros daquele
grupo e mais o da dona da casa.
Dito e feito, por mais que desse voltas, exatamente no momento em que
abriu a porta de casa, tocou o telefone. Ao retirar do gancho ouviu: Sou eu.
Quantos pes comeu o rei?. Depois disso, DArgonnel admitiu para si mesmo
a autenticidade dos contatos, concluindo, bem humorado, -Agora tememos
que os padres venham a querer exorcizar os telefones!!!

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BONILHA, S.

2.3.4 - Coelho Neto


Totalmente contrrio crescente doutrina kardecista, o escritor Coelho Neto,
membro fundador da Academia Brasileira de Letras, passou nos anos 1920 por
experincias muito similares s de Oscar DArgonnel e, embora totalmente
ctico em relao ao assunto, teve, da imanncia dos fatos que o arrebataram,
estmulo necessrio publicao da seguinte declarao em forma de artigo no
Jornal do Brasil:
Combati, com todas as minhas foras, o que sempre considerei a
mais ridcula das supersties. Essa doutrina, hoje triunfante, no
teve, entre ns, adversrio mais intransigente e cruel do que eu. (...)
Minha estrada de Damasco foi meu escritrio (...) onde soou uma
voz do alm, voz amada, cujo eco no morre no meu corao (...)
Ouvi minha prpria neta. Reconheci-lhe a voz, a doce voz que era a
msica de minha casa. Mas no foi s a voz que me impressionou, que
me fez sorrir e chorar, seno o que ela dizia. Ainda que duvidasse,
com toda a minha incredulidade, haveria de convencer-me, tais
eram as referncias a pequenina voz do Alm fazia a fatos da vida
que conosco vivera. Ouvi toda a conversa e compreendi que estamos
nos aproximando da Grande Era. O finito defronta o infinito... onde
a que ficou j no sofre como antes sofria, porque o que era antes
esperana tornou-se certeza...
(Jornal do Brasil, artigo de Coelho Neto, em 1923, sob o ttulo
Converso).
No se sabe quais tcnicos invisveis colaboraram nessa comunicao,
entretanto, podemos sup-la idntica quela da caixa de distribuio da
Praia de Botafogo. V-se aqui um acontecimento, muito provavelmente, de
intenes direcionadas a efeitos estratgicos para a alterao dos modos sob os
quais percebemos as virtualidades dos meios de comunicao.

CAMPO LANDELIANO

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2.3.5 - Prspero Lapagesse


No ano de 1933 publicou-se na Revista Internacional de Espiritismo, descrio
e diagrama da construo de um aparelho, que o autor chamara de Aparelho
Medinico Eltrico. Prspero Lapagesse, catarinense, expunha ento seu
projeto em detalhes tcnicos, cujo teor deixava claros seus objetivos:
Sirvo-me da presente para levar ao vosso conhecimento (...)
que depois de detidas investigaes (...) cheguei concluso da
construo de um aparelho elctrico para substituir o mdium, pois
tenho observado, contra minha vontade, falhas em comunicaes
espritas, atribuindo-as ao mdium, que por cansao ou prpria
interferncia a causa de to desagradveis falhas. / O schema
anexo substituir vantajosamente o mdium, pois nunca se cansaria.
Alm disso, seria a maior prova da Verdade esprita, pois onde quer
que houvesse corrente elctrica, teramos as comunicaes com
nossos queridos falecidos desafiando qualquer exame.
Alm de possibilitar contatos interdimensionais em udio, o aparelho
possibilitaria a comunicao por imagens fotogrficas e radiogrficas; um projeto
audacioso, mas nunca concretizado. Segundo Sonia Rinaldi, (Lapagesse) foi
duramente criticado at abandonar seus projetos e, decepcionado, retirar-se
do meio esprita - ao que adiciona - talvez, se tivesse tido a chance, quem
sabe o Brasil no precisaria ter aguardado mais 20 anos para ver florescer na
Europa o mesmo plano [RINALDI, 1997, pp.17-18].

2.3.6 - Attila Von Szalay


Entre os anos 1930 e 1970, o fotgrafo novaiorquino Attila Von Szalay
desenvolvera pesquisas em torno da aquisio de contatos interdimensionais,
inicialmente sozinho e depois em conjunto com Raymond Bayless (a partir dos
anos 1950) e Dr. Scott Rogo (dos anos 1960 em diante).

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BONILHA, S.

Szalay conseguira captar em 1936 contatos de qualidade rudimentar atravs de


um gravador de discos Packard Bell a agulha e, a partir de 1947, captara com
maior clareza alguns contatos atravs de um gravador de fios Sears Roebuck.
Mas fora dos anos 1950 em diante que, empregando gravadores de fita
magntica, conseguira contatos inteiramente claros e dera inicio divulgao
de suas pesquisas junto a Raymond Bayless, com quem publicara um artigo no
peridico Journal of the American Society for Psychical Research em 1959.
J nos anos 1960, trabalhando em conjunto com Dr. Scott Rogo, Bayless e
Szalay concluram que as gravaes teriam origem acstica e no eletrnica,
sendo resultantes de efeitos produzidos por faculdades medinicas de Attila
Von Szalay. Portanto, como bem aponta o Dr. Hernani Guimares [1996,
p.218], os contatos por meios eletrnicos de fato iniciam-se somente quando
dos achados de Friedrich Jrgenson, assunto que ser abordado em detalhes ao
longo da seo seguinte.

2.4 - Electronic Voice Phenomenon (EVP)


Este campo de pesquisa inaugurado pelos trabalhos de Friedrich Jrgenson
(Odessa, 1903 - Estocolmo, 1987) permanece ainda controverso apesar das
evidncias j registradas em forma de gravao sonora e mesmo aps a
condecorao de Jrgenson com a Comenda da Ordem de So Gregrio, o
Grande, recebida em 1969 diretamente das mos do Papa Paulo VI como forma
de reconhecimento da autenticidade das vozes recebidas via EVP.
Portanto, estando o assunto ainda sob ataque, evitaremos narrativas secundrias
que possam suscitar crticas desnecessrias. Dessa forma, as pginas seguintes
apresentam majoritariamente palavras do prprio Jrgenson, publicadas em sua
clebre obra, Telefone para o Alm, originalmente editada em alemo sob

CAMPO LANDELIANO

45

o ttulo Sprechfunk Mit Verstorbenen. Adicionaremos, entretanto, algumas


informaes biogrficas que podero auxiliar na leitura que se aproxima.
Jrgenson, nascido em territrio poca pertencente ao Imprio Russo, partira
ainda criana para a Estnia, de onde se mudara quando jovem para Berlim e em
seguida para a Palestina. Alguns anos depois, fixara residncia em Milo mas,
devido Segunda Gerra Mundial, transferira-se para Estocolmo, onde passaria
a maior parte de sua vida a partir de ento. Formado em Canto Lrico e Belas
Artes, dedicara-se ao canto operstico por breve perodo e pintura durante
toda a vida, tendo tambm - mais esporadicamente - direcionado seus talentos a
produes cinematogrficas de teor documental. Das itinerncias s quais fora
forado e da formao musical erudita, Jrgenson ganhara fluncia em muitas
lnguas (russo, sueco, dinamarqus, alemo, idiche, italiano e ingls) e apurada
audio, qualidades estas que o tornaram extremamente gabaritado para a
pesquisa do EVP (fenmeno geralmente constitudo por contatos truncados,
realizados em diversos idiomas e entonaes de difcil compreenso).

2.4.1 - achado inesperado


Mais uma vez chegou a primavera em Estocolmo, aquela primavera
tmida de cidade grande, que se pode reconhecer pela sempre
crescente luz do dia e pela extino cada vez mais lenta do rubor
crepuscular do cu noturno. Aproximava-se o tempo em que eu
deveria tomar parte nas escavaes de Pompia.
Naquela primavera resolvemos, minha mulher e eu, passar o fim-desemana no campo. O tempo estava morno, com um sol resplandecente.
O jardim, todo florido, espargia perfume, e desde o amanhecer at o
anoitecer ouvia-se o canto dos pssaros. Na sexta-feira do dia 12 de
junho de 1959, logo no incio da tarde, partimos para o campo. Com a
inteno de gravar o canto de diversos pssaros, levei, pela primeira
vez, o meu gravador de som. (...) No sto da cabana, que ficava um
tanto afastada, coloquei uma fita magntica nova no gravador e pus

46

BONILHA, S.

o microfone perto da janela aberta, onde se estendia uma fina tela de


nylon. Pouco depois, quando um tentilho de faia pousou ali perto,
liguei o aparelho.
Depois que a fita magntica rodou por uns cinco minutos, examinei
a gravao. Mas aquilo que escutei era extremamente estranho. Em
verdade, ouvi um som vibrante e ruidoso, tal uma tormenta, atravs
do qual pude reconhecer, como de uma distncia longnqua, o chilro
baixinho do tentilho.
Meu primeiro pensamento foi de que, provavelmente, um dos
tubos teria sido danificado durante o transporte. No obstante,
liguei novamente o aparelho e deixei rodar a fita. Tudo se repetiu
exatamente como antes: ouvi aquele estranho zunido e o distante
chilrear dos pssaros. Ento, de chofre, soou um solo de clarim, que
executava uma espcie de toque de introduo. Atnito, continuei
a escuta, quando, repentinamente, uma voz de homem comeou
a falar em noruegus. Se bem que a voz soasse baixinho, pude
entender nitidamente as palavras. O homem se referia a vozes de
pssaros noturnos, e eu percebia uma seqncia de sons grasnantes,
sibilantes, murmurantes, entre os quais julguei reconhecer o canto
de um alcaravo. / Sbito, emudeceu o coro de pssaros e com ele o
rudo vibrtil. A seguir, soou o alto gorjeio de um tentilho de faia e,
distncia, ouvia-se o canto dos milharoses. O aparelho funcionava
outra vez perfeitamente.
Mas, na realidade, o que ocorrera? Para mim era um fato evidente
tratar-se da irradiao de alguma emissora norueguesa.(...)
Claro que, em certas circunstncias, um gravador de som pode
funcionar como radiorreceptor. Mas parecia-me esquisito que,
justamente a mim, que estava a procura de cantos de pssaros,
soassem na fita magntica o pio de aves noturnas norueguesas, no
momento exato em liguei o aparelho!
[JRGENSON (1967), 1972, pp.6-8]

CAMPO LANDELIANO

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2.4.2 - o fenmeno se repete


Num dos dias seguintes, por volta das 22 horas estava diante do
gravador de som, ligando e desligando quando, subitamente, percebi
aquele som ruidoso que j me era to familiar. Colocara os fones
auriculares e escutava vozes e rudos a princpio fracos, mas que
pouco a pouco comearam a se desdobrar, numa daquelas irradiaes
especiais de inteligncia desconhecidas e invisveis. Percebia vozes,
sons, msica, comentrios, at que ouvi tocar o telefone na sala do
andar trreo, o que bruscamente me trouxe realidade. Aborrecido,
tirei os fones, deixei o aparelho ligado continuando a gravao e
desci a passos largos a escada, seguido de perto por Carino, o nosso
co.
Era a minha mulher que me telefonara. Falei-lhe rapidamente
da gravao que estava fazendo no momento. Ela queria saber
pormenores e fazia perguntas. Mas eu tinha a impresso de estar
sentado sobre agulhas, inquieto e receoso de que a gravao pudesse
repentinamente ser interrompida. A certa altura, minha ateno foi
desviada para o estranho comportamento de Carino que, de sbito,
contrariamente a seus hbitos, havia-se retirado de mansinho da
sala, disparando escada acima Aps alguns instantes, no quarto
situado acima da sala onde eu me encontrava, ps-se a fazer rudos
com a cadeira colocada frente do aparelho. Todos esses rudos,
naturalmente, deveriam ser gravados na fita. Desliguei rapidamente o
telefone e subi preocupado a escada, de volta ao sto. Carino estava
sentado na cadeira, abanando alegremente a cauda. Levei-o dali
para a cama, coloquei os fones auriculares e, atentamente, comecei a
auscultar. As interferncias aumentaram de volume, e percebi apenas
alguns fragmentos de palavras confusas - e a irradiao parou.
O que descrevo agora, descobri-o somente mais tarde, aps vrias
auscultaes da fita magntica. Houve dois toques de timbales, depois
uma voz oprimida de homem disse: Telefone, Mnica. Continuei
a escutar concentradamente. Seguiu-se o momento em que tocou o
telefone e eu tirei ruidosamente os fones auriculares. Assim que os
coloquei na mesa, a irradiao foi bruscamente interrompida. Escutase ento o barulho que fiz ao sair correndo do quarto. O telefone toca
mais uma vez, percebe-se o rumor de uma porta fechando-se e depois
silncio total.
Da minha conversa no telefone na sala do andar trreo no se

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BONILHA, S.

ouve nada. Escuta-se apenas o leve rudo de rotao da fita. Minha


conversa com Mnica deve ter durado cerca de seis minutos. Em
seguida, ouve-se o rudo de minha entrada no quarto e da colocao
dos fones auriculares. Simultaneamente intercala-se novamente
aquele som ruidoso vibrante; a irradiao continua, sem nada
apresentar de compreensvel. Finalmente, desaparece o som ruidoso,
e eu desligo o aparelho.
Mais tarde ocorreu-me a idia de escutar o que se passara durante
os seis minutos em que falei com minha mulher na telefone, embora,
como j disse, no momento em que tirei os fones auriculares, o
som desaparecera, o que me fez deduzir que a irradiao fora
interrompida. No obstante, escutei tambm essa parte da fita
magntica. A princpio ouvi um som muito alto, que interpretei como a
expresso Carino.
- Involuntariamente, lembrei-me do estranho comportamento de
Carino e ento tornei a examinar atentamente a fita.
Depois da palavra Carino em tiple agudo, reinou completo
silncio durante dois minutos, exatamente. Ento uma agradvel
voz masculina comeou a cantar baixinho - alis, sem palavras - a
primeira estrofe de Volare, uma cano italiana muito conhecida.
Muito a propsito - pensei comigo - pois se algum pode voar,
devem ser vocs, meus amigos invisveis.
Ah, Carino! murmurou repentinamente uma voz de homem, e logo
a seguir se ouve Carino subir a escada. O rudo de suas patas tornase cada vez mais intenso e no momento seguinte Carino abre a porta
encostada.
Carino - dAmmannzio - tu me escutas?, pergunta uma amvel voz
de homem a meio tom. O co pula sobre a cadeira, que bamboleia
com estrpito.
Carino, aqui est o aparelho, a voz ressoou novamente no silncio
do quarto e ento se ouve nitidamente a pergunta: Carino, tu me
conheces?
Como resposta, Carino ps-se a fungar, como se quisesse umedecer a
garganta.

CAMPO LANDELIANO

49

O dilogo no pde prosseguir, pois nesse instante eu subia a escada


ruidosamente, e abrindo precipitadamente a porta corria em direo
mesa, pondo Carino sobre a cama e colocando os fones nos ouvidos.
Logo se fez ouvir o som ruidoso. (...)
Considerei esta prova como um grande progresso, e perguntava a mim
mesmo se a gravao, to ntida, teria alguma relao com as reaes
magnticas da lua cheia.
Ao fazer um retrospecto das ocorrncias daquele vero e outono de
1959, levando em considerao o espao de oito anos e tentando
precisar bem o meu estado de alma naquele tempo, devo reconhecer
que eu me havia transformado interiormente em um gigantesco ponto
de interrogao e que todos os meus sentidos e aspiraes visavam
unicamente a encontrar uma explicao para os fenmenos que
se manifestavam dentro de mim e ao meu redor. (...) Creio que tal
acontecimento, na forma que se processou, absolutamente novo na
histria da humanidade.
[JRGENSON (1967), 1972, pp.14-20]

2.4.3 - interrupo; preciso ponderar sobre a pertinncia da pesquisa


Confesso sinceramente que difcil descrever fatos revolucionrios
desse tipo, e mais difcil ainda viv-los. Por mais interessantes e
fantsticos que sejam, esto sujeitos, na realidade, a se transformar
numa viva cabea de ponte, j que se trata de uma experincia
s realizvel com necessrio discernimento e fora psquica.(...)
Em verdade, cheguei concluso de que as maiores dificuldades e
obstculos encontram-se dentro de ns mesmos e de que as tentativas
de aproximao provindas de uma oculta dimenso de existncia no
seriam realizveis sem a remoo desses obstculos e embaraos; ao
contrrio, conduzir-nos-iam, inevitavelmente, a novos equvocos.
Lembro-me ainda de que, sentindo-me saturado de tudo e colocando
o dedo na tecla para desligar o gravador de som, ouvi nitidamente as
palavras: Bitte warten warten - hr uns an... (Peo esperar, esperar escuta-nos...), pronunciadas por voz de homem. Mas no esperei, nem
quis ouvir mais nada. Coloquei a tampa no aparelho, juntei as fitas

50

BONILHA, S.

magnticas e estava firmemente decidido a acabar, uma vez por todas,


com essa tolice. (...) Passei a ter uma invencvel antipatia contra
tudo que se relacionasse com gravao de sons e, alm disso, nem
sequer conseguia auscultar as fitas magnticas gravadas, a fim de
submet-las a um exame mais srio. No tinha mais qualquer dvida
de que, no tocante aos fenmenos das fitas magnticas, tratava-se
de ocorrncias superfsicas e parapsquicas, que s podiam ser
investigadas de maneira prudente e com imparcialidade, sem idia
preconcebida.
Passou-se o ms de outubro. Meu gravador continuava abandonado
debaixo da escrivaninha. Ento aconteceu algo que me encheu
de assombro e inquietao. Tudo comeou naquele dia em que se
tornaram audveis ao meu redor estranhos fenmenos sonoros. Certa
hora, por exemplo, quando estava sentado no meu estdio escutando
o rumor da chuva, pude distinguir nitidamente exclamaes breves,
palavras inteiras e truncadas, as vezes frases mais longas, vindas
da chuva l fora e que, indubitavelmente, eram sussurradas pela
voz de alguma mulher. As frases com freqncia repetiam-se, sendo
proferidas ora em alemo ou em sueco, e diziam mais ou menos o
seguinte: Kontakt halten! Mit dem Apparat Kontakt halten - bitte
hren - tag kontakt med apparaten - bitte, bitte horen!... {Manter
contato! Com aparelho, manter contato. Favor ouvir (sueco: tag
kontakt med apparaten), favor, favor ouvir!..} Essas palavras
poderiam confundir-se com a crepitao do forno ou com o rugitar do
papel. No havia dvida de que se tratava de um verdadeiro fenmeno
acstico, e no de imaginao, pois reconheci imediatamente a
inflexo e caracterstica da voz feminina que frequentemente se fizera
ouvir nas gravaes anteriores. Apesar de tudo, isto me inquietava,
e eu resistia a esses contatos importunos que p.30 me despertavam
imagens lendrias e histricas de assombrao. Ademais, pensava nos
sintomas de esquizofrenia (personalidade mltipla), em que tpica a
audio de vozes de seres invisveis. Esta particularidade provocoume um grande mal-estar, e embora me sentisse perfeitamente saudvel
e normal, a dvida deixou um afiado espinho dentro de mim.
No me satisfaziam os esclarecimentos fornecidos em tais
circunstncias, por parapsiclogos, espiritualistas, ocultistas,
uflogos e sabe Deus quantos outros istas, pois queria saber tudo
com exatido, queria convencer-me por experincia prpria, e no
apenas contentar-me com explicaes alheias. Com o decorrer do
tempo, tornei-me mais tranqilo mas no vencera ainda a minha

CAMPO LANDELIANO

51

averso ao gravador de som. (...) Ento aconteceu algo que antes


nunca havia acontecido: ouvi claramente a voz amortecida de um
homem falar a uns trs metros de distncia. Dizia em alemo: Hr
mich an, nimm Teil an der Arbeit... (Escuta-me: toma parte no
trabalho...)
Minha respirao parou. Ao mesmo tempo, senti um toque glido no
diafragma. Com um salto, pus-me de p, abri rapidamente a janela
e comecei a respirar profundamente o ar frio do inverno. / Aquilo
foi um choque para mim, mas foi tambm um alvio libertador. Esse
contato - o mais impetuoso de todos - chegara no momento exato. /
Hr mich an, nimm Teil an der Arbeit... No era isso um apelo para
que eu continuasse a prestar a minha colaborao? Nesse momento
tive plena conscincia de que os contatos, iniciados h um ano, no
deviam ter sido interrompidos, pois o fato era evidentemente mais
srio e importante do que fora possvel compreender at ento.
[JRGENSON (1967), 1972, pp.21-34]

2.4.4 - repeties em forma de experimento


Ao ouvir as vozes em alemo, um dos cientistas observou que,
decerto, algum radioamador estava brincando comigo.
- Bem, isso bem verdade - concordei. - Mas os radioamadores
deviam ser videntes, para poderem aproveitar o momento exato em
que eu ligava o gravador de som. (...)
Como sempre, perdurava o meu amor arte, e eu perguntava a mim
mesmo, com o corao oprimido, se teria sido justo abandonar a
pintura, atividade criadora a que antes dedicara toda a minha vida.
A circunstncia de ter abandonado a pintura numa poca em que
comeava a colher a alegria do triunfo pouco me afetava. / O que
me doa era a lembrana de Pompia, onde deveria ter realizado
um trabalho extraordinrio. / Ao invs disso, estava aqui sentado
em Estocolmo, s voltas com um quebra-cabeas e esforando-me
desesperadamente para agrupar num quadro ntido todos esses
inmeros fragmentos.

52

BONILHA, S.

No obstante, jamais um assunto me impressionara e prendera


to profundamente como esses contatos (...) Sob a luz tranqila
da razo pura e simples, o Todo se afigurava uma lenda fantstica
impregnada de excentricidade. Mas as lendas e castelos no ar
nada significam diante da dura realidade. A razo e o bom senso
exigem - e acertadamente - fatos, coisas palpveis, mensurveis, que
possam ser captados por nossos sentidos e devidamente analisados.
Uma pedra, uma gota dgua, um tomo invisvel e tambm uma
frmula matemtica abstrata so assimilveis pelo esprito humano,
por mais complexos que sejam. A razo nossa norma e tambm o
limite que no deve ser ultrapassado. claro que os meus contatos
pelo rdio e pela fita magntica com os habitantes de um mundo
invisvel poderiam parecer ilusrios e lendrios, se no existissem as
respectivas gravaes.
Para minha imensa alegria e alvio, esto diante de mim fitas
magnticas palpveis e reais(...) a prova incontestvel da realidade
de um mundo e de um plano de existncia extraterrenos. O Todo
manifestava-se de modo novo e original, indo muito alm, em sua
importncia, de todos os meus desejos pessoais e expectativas. / As
ocorrncias repetiam-se diariamente e, aos poucos, iam esboando
contornos mais ntidos, que revelavam a fora explosiva da pura
verdade baseada em fatos. (...) Eis as razes por que no poderia
haver nenhum recuo para mim, apesar de todos os quadros que no
pintei e das escavaes perdidas em Pompia, apesar de todas as
dificuldades e possveis golpes.
[JRGENSON (1967), 1972, pp.53-69]

2.4.5 - as gravaes tornam-se surpreendentes


Com relao a Hitler, perguntava a mim mesmo at que ponto poderia
a morte fsica produzir uma transformao no esprito e na alma. Tendo
ele, como paraltico, sofrido de amolecimento cerebral, ento era
de esperar que, com a morte, desapareceria a enfermidade. Se fosse
possvel obter uma prova decisiva (ou, quem sabe, incontestvel) desse
fato, ter-se-ia conseguido a explicao sobre a transformao espiritual
de um doente mental aps a morte. Simultaneamente, o problema da
culpa e da responsabilidade seria examinado sob outro prisma.

CAMPO LANDELIANO

53

A questo de saber se a morte poderia modificar a vida espiritual


do ser humano me parecia da maior importncia, porquanto, pela
influncia de um novo plano de existncia, poderamos conhecer
melhor certos fatos at hoje desconhecidos da pesquisa objetiva. /
Se houvesse possibilidade de sanar uma enfermidades mental aps a
morte, o despertar no Alm implicaria um alvio para os enfermos.
Como reagiriam eles recordao de seus atos? Involuntariamente,
lembrei-me daquelas palavras gravadas no ltimo inverno: Mein Kopf
ist tot - der Tod ist von oben gekommen... (Minha cabea est morta
- a morte veio de cima.) Se estas palavras foram realmente de Hitler,
ento a resposta j fora dada.
Liguei novamente a fita magntica da noite de S. Silvestre de 1959,
e escutei atentamente aquela alquebrada voz de homem no seu
sonolento monlogo: Wir 1eben in der tiefsten Wirrnis... etc. (Ns
vivemos na maior confuso... etc). / Nunca ouvira antes Hitler falar
de modo conformado e tranqilo. A voz soava melanclica, mas no
me foi possvel reconhec-la como a voz de Hitler. Eu acompanhava
interessado a gravao at que aquela voz feminina com sotaque
judaico comunicou, a presena de Hitler. Dera pouca ateno ao fato
por no reconhecer a voz dele, ao ouvir a frase: Heil!... das war
Hitler, er schamt sich nicht! (Salve!... este foi o Hitler, que no se
envergonha!)
Seguiam-se ento aquelas estranhas palavras: Das war Hitler - er
sieht Euch! Ich sage Hitler - er liebt mich! (Este foi Hitler - ele
vos v! Eu digo Hitler - ele me ama!) / O conjunto comeou a ficar
incrivelmente emocionado. Havia ainda outra gravao muito
estranha, feita tambm no inverno de 1959, diretamente atravs
do microfone, pois naquela poca desconhecia a possibilidade
de acoplamento do rdio. Nessa gravao podia-se ouvir
simultaneamente minha voz e meus passos no quarto. De repente,
intercalou-se no gravador um foxe cantador por uma vocalista
feminina. A princpio, julguei que tivesse captado o programa de
alguma emissora sueca, mas logo uma voz alegre de homem psse a cantar acompanhando a melodia: Apparat Gring... - Gring
- wonderful! Wonderful - aah? Hren Gring in Radio... (Aparelho
Gring... Gring maravilhoso! Maravilhoso - aah?... Ouvindo Gring
no rdio...)
A voz no me era desconhecida, eu j a ouvira antes
fragmentariamente, gravando-a. Se essa era mesmo a voz de

54

BONILHA, S.

Gring, soava bastante alegre e at altiva e petulante. Tinha


um tom agradvel, e o ingls estava correto, embora o cantor
parecesse apressado. Evidentemente, no se tratava de um programa
radiofnico, tendo em vista o texto bilnge. Era estranho que Hitler
e Gring, essas duas figuras fundamentalmente diferentes, a quem o
destino reservara os papis principais no incndio mundial nmero
dois, se manifestassem justamente nas minhas fitas magnticas. Hitler
apresentava bizarros monlogos, e Gring cantava alegremente.
Aos poucos comeava a entender que esta encantada ponte
radiofnica parecia abrir possibilidades ilimitadas que, sem
dvida, revelavam-se passo a passo. E se no se manifestaram antes
foi simplesmente por que ainda no havia superado os maiores
obstculos e os meus prprios preconceitos.
A irradiao continuava, e Lena anunciou novo contato. Desta vez
ela sussurrava rpida e nervosamente: Man weckt Stalin!... (Esto
acordando Stalin!...) a seguir, uma voz de mulher disse calmamente
num russo estropiado: No se deve matar - Perdoem-me! disse
uma voz de homem em sueco, num tom gemente com sotaque russo,
e soava como se o homem estivesse meio sonolento. Ouvira algumas
vezes Stalin falar pelo rdio, e posso quase afirmar que reconheci sua
voz, com aquele timbre especial e sua maneira tpica de expresso.
No entanto, mal pude compreender a frase curta, pois a voz falava
em sueco e sobretudo revelava-se transtornada pelo medo. (...) Mais
tarde consegui fazer vrias gravaes com Stalin, cuja voz era to
clara que afastava qualquer dvida e, alm do mais, chamavam-lhe
pelo nome. Noutra gravao, ouvia-se Stalin chamar Hitler por seu
nome prprio, em tom insistente e alto, enquanto Lena comentava
essa breve palestra. Adoelf !, exclamava Stalin com sotaque russo.
/ Was willst du? Ich bin tot... (O que queres? Eu estou morto),
respondeu Hitler distncia.
Em Setembro, ainda continuavam as irradiaes do reino dos mortos.
Entre outros, falou um certo Jakup, tambm chamado Mufti, cuja voz
eu j conhecia de outras gravaes. Falava em alemo e rabe, com
bela e expressiva inflexo, e dava sonoras e estridentes gargalhadas.
Stalin tambm se manifestou, com uma expresso russa no muito
correta, revelando um acentuado sotaque georgiano. Dirigiu-se
a Jakup e disse um tanto divertido: Jakup amigo, ouves? No
brinques... porque se ele no tem medo da alminha morta, ento
Frederico como ns - tambm no tem medo do Diabo chifrudo!

CAMPO LANDELIANO

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Certa noite, gravei um singular solo de canto. A voz - de um excelente


bartono lembrava vivamente a de Hitler. O texto tambm poderia
ter sido inventado por Hitler, pois correspondia sua mentalidade
pstuma. Naquela poca, ainda no sabia que Hitler fora um
harmonioso bartono, j que s na primavera de 1963 chegara-me
s mos um artigo de jornal muito interessantes redigido por dois
msicos vienenses, que informava que Hitler, na mocidade, fizera um
teste de canto na pera de Viena, mas, por lhe faltar uma casaca, no
lhe foi permitido tomar parte no ensaio geral. Uma simples casaca
poderia talvez ter mudado fundamentalmente o destino da Europa,
conclua humoristicamente o artigo.
Na primavera e no vero de 1962 recebemos inmeras emisses
em quanta. A maior parte das gravaes continha comunicaes
pessoais, trazidas por amigos de infncia e conhecidos. (...) Um
instrumento semelhante a um rob, mas que talvez fosse uma voz
modificada de repentista, anunciou, com uma inflexo metlica, em
alemo: Mlnbo sitzen und hren... Mlarhjden! (Mlnbo sentado
e escutando do... Mlarhjden!) A voz poderia ter acrescentado
tranqilo, feliz e grato, pois eu estava sentado e emocionado diante
do aparelho, feliz como uma criana, por causa dessa excepcional
gravao.
Sero necessrias ainda outras provas? O que poderia ser mais
convincente do que o contedo da fita magntica?
Todo o conjunto representa uma obra-prima de tcnica
quadridimensional, j que se trata aqui de uma irradiao
diretamente do ter que, evidentemente, correu paralela tela do
radar. Essa gravao resiste a todo e qualquer ceticismo, porquanto
fala por si mesma e dispensa maiores comentrios.
J naquela poca, poderia ter dado uma entrevista internacional
imprensa, mas eu hesitava, por julgar ainda no haver chegado o
momento oportuno. / Considerando bem, talvez fosse a minha prpria
falta de confiana que, em parte, me impedia de fazer publicidade.
Chegara tambm concluso de que os mortos esperam dos vivos
algo bem definido, pelo menos com relao queles que gostariam
de participar na construo da nova ponte de comunicao. Era
igualmente claro que o trabalho de comunicao puramente
exterior representava apenas uma parte da construo da ponte.
[JRGENSON (1967), 1972, pp.77-189]

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BONILHA, S.

2.4.6 - divulgao dos experimentos


Nos princpios de junho de 1963, resolvi, pela primeira vez, entregar
para divulgao na imprensa, informaes sobre as minhas pesquisas.
O Dr. Kjell Stenson, chefe da tcnica de som da radiodifuso sueca,
fez declaraes positivas imprensa, depois de uma visita a minha
casa. Se bem que no procurasse esclarecer o fenmeno, assegurou
que no havia qualquer falsificao ou fraude premeditada. Antes de
tudo, dispunha-se - o que correspondia inteiramente aos meus desejos
- a fazer gravaes comigo em Nysund com sua prpria aparelhagem.
No dia 14 de junho, organizei minha primeira entrevista internacional
imprensa, que se realizou em Mlnbo-Nysund e durou mais de sete
horas. Embora ocorressem de vez em quando, acaloradas discusses,
o resultado foi, indubitavelmente, positivo. Diante da imprensa,
esbocei os meus conhecimentos, planos e objetivos da seguinte forma:
difcil saber como se processar a evoluo destes fenmenos.
Mas creio que posso admitir a idia de que est includo no plano
dos construtores da ponte do Alm a realizao, dentro em breve,
de gravaes de fitas magnticas semelhantes no mundo inteiro. (O
que, alis, j est ocorrendo). Entretanto, cumpre-me ressaltar que o
pesquisador que no tenha a mente aberta, arejada e que no revele
senso crtico, jamais poder chegar a resultados positivos. Para
evitar, desde o incio, qualquer tentativa de fraude ou ilusionismo,
seria aconselhvel que se organizassem grupos de pesquisas
com a colaborao de tcnicos de som, de rdio, de eletrnica,
parapsiclogos e outras testemunhas fidedignas, a fim de que se
fizessem gravaes coletivas.
Quanto a mim, enquanto eu viver, tenho o firme propsito de evitar
que se forme em torno dessa ponte de comunicao qualquer
movimento mstico, seita ou escola esotrica. O perigo de
entorpecimento e calcinao espirituais j se dissipou em todas as
organizaes humanas. Jamais representarei o papel de profeta
espiritual ou guia, simplesmente pelo fato de detestar toda tutela
espiritual (...) Com essa finalidade j coloquei disposio dos
pesquisadores interessados a minha cabana da floresta. Contudo,
ela precisa, sob a orientao de tcnicos e especialistas, ser
convenientemente equipada.
O que se seguiu depois era inevitvel. Das profundezas do

CAMPO LANDELIANO

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desconhecido, algo novo, tenaz e objetivo abriu o seu caminho. Algo


nasceu, cresceu e desdobrou-se, no mais podendo ser ignorado.
No que me diz respeito, minha situao mudou da noite para o dia.
Embora certos crculos de doutrina racional no quisessem admitir
de bom grado a existncia do Alm (...) por outro lado, no mais
podiam negar o fenmeno. Ademais, ao exclurem-se quaisquer
hipteses de fraudes ou embustes, aps as investigaes dos tcnicos
em radiodifuso, ningum mais especulou sobre a minha idoneidade.
E graas a todas estas circunstncias, o conjunto da obra avultou em
importncia e autenticidade.
[JRGENSON (1967), 1972, pp.190-192]

2.4.7 - conseqncias da pesquisa


Naturalmente, terminou a minha tranqilidade. Primeiro foi o acmulo
de cartas recebidas. Jornalistas, tcnicos em radiodifuso, em acstica
e cientistas de toda a espcie se faziam anunciar quase diariamente. O
telefone, de repente, transformou-se em um tirano. / Nessa poca, senti
pela primeira vez a fibra elstica, quase metafsica, de que era tecido
o tempo. As horas e os dias voavam cleres, febris. Por mais que me
esforasse em dividir racionalmente as horas do dia, no conseguia dar
conta das tarefas planejadas.
O Prof. Laurent se manifestou tambm favoravelmente na imprensa. E
acrescentou que seria melhor para a cincia provar, se fosse possvel,
que as vozes no provinham dos mortos... / Entrementes, entrei em
contato com o Prof. Hans Bender, de Freiburg, diretor do Instituto de
Pesquisas das zonas fronteirias da Psicologia e de Higiene Psquica.
parapsiclogo, e mostrou-se realmente interessado pelos fenmenos
das vozes.
Procuram-me outros parapsiclogos estrangeiros, e eu recebo as
propostas mais interessantes. Mas a radiodifuso sueca ainda no
chegou a uma deciso. / A televiso entra novamente em contato
comigo. Os jornais repetem frequentemente a pergunta: Quando,
afinal, ouviro as vozes dos espritos na radiodifusora? Editores
suecos e estrangeiros propem-me a publicao de um livro. Decidome por uma editora sueca, na qual anteriormente publicara artigos

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BONILHA, S.

histrico-culturais.(...)
O Prof. Laurent sugere que se faa um teste. Jovens estudantes da
Faculdade de Tecnologia devem auscultar minhas gravaes e citar
o texto. Eu tenho minhas dvidas, pois no conheo a capacidade
de entendimento e concentrao dos jovens, assim como ignoro se
conhecem idiomas estrangeiros. Mas acabei concordando. Primeiro
se verificou que os gravadores de som da Faculdade de Tecnologia
eram bastante antiquados. Sua escala cronolgica difere da minha.
O volume de som est abaixo de qualquer crtica. Nada funciona, e
os jovens comeam a fazer uma poro de disparates. (...) Laurent
mostra-se muito constrangido, mas eu lhe proponho organizar uma
nova demonstrao com o auxlio do meu prprio gravador de som.
Na demonstrao seguinte, o ambiente est bem mais calmo.
Convidei dois amigos, o escritor sueco Sture Lnnerstrand, que
levou ao conhecimento da imprensa mundial o caso Shanti Devi, e
o engenheiro Ivan Treng, estudioso de parapsicologia com bons
conhecimentos tcnicos. Assim o fiz com a inteno de ter duas
testemunhas idneas, que inspirassem confiana, pois Laurent certa
vez observou que talvez se tratasse de sugestes.
O meu aparelho funciona perfeitamente, e eu encontro, sem nenhuma
dificuldade, todos os pontos desejados. Os tcnicos acoplaram um
amplificador ao meu gravador de som, e as vozes logo se fazem
escutar clara e nitidamente. A maioria das palavras por todos
entendida, s havendo divergncias de opinio no tocante s
estrangeiras. Entre os presentes, tambm no havia ningum que
conhecesse o russo, o hebraico ou o idiche. Pouco a pouco aumenta
o interesse, e os estudantes tornam-se mais expansivos, falando alto
numa grande excitao. O ceticismo parece dissipar-se - as vozes
existem e podem ser escutadas por todos. / Sture Lnnestrand dirigese a Laurent e, com a maior naturalidade, pergunta em voz alta:
Prof. Laurent, o senhor ainda acredita que se trata de sugesto?
H um silncio penoso, e depois Laurent responde um tanto
constrangido: No, no, acho que somente em certos casos...
[JRGENSON (1967), 1972, pp.194-212]

CAMPO LANDELIANO

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2.4.8 - consideraes finais


Convm lembrar que no se deve esperar dos mortos prdicas
confortadoras. J bastam as sonoras pregaes que vimos fazendo
durante sculos sobre o amor, a fraternidade, a liberdade, a
igualdade, a justia e a humanidade e que nos fizeram perder a
capacidade de ouvir e ver a realidade e a verdade. No importa
saber se ns mesmos que fracassamos em nossos sistemas
religioso-filosficos. O fato que construmos um mundo de misrias
e conflitos, no qual duas grandes potncias criam um clima de
nervosismo com a ameaa da bomba de hidrognio.
Portanto, no esperamos dos mortos tratados poltico-morais ou
tico-filosficos. Todos esses espalhafatos intelectuais perdem sua
significao no Alm e teremos de abandon-los, queiramos ou no,
juntamente com o nosso livro de cheques, sobre o leito morturio. /
Se pretendermos entender a linguagem simples dos mortos, teremos
de nos libertar da tirania do intelecto, pois onde domina a arrogncia
e a frieza do esprito se entorpecem os sentimentos do corao./
O auscultamento uma arte difcil, que tem de ser aprendida
paulatinamente. No se aplica apenas s fitas magnticas, mas deve
ser exercitada a cada dia e a cada hora. Na nossa poca de extrema
agitao, quem ser capaz de concentrar-se pacientemente para
escutar, de modo atento e equilibrado, todos aqueles que nos dirigem
a palavra? Na realidade, no estamos constantemente preocupados
em perseguir os nossos prprios pensamentos?
Esforcei-me para evitar certas idias gerais como Deus, amor,
espiritualidade, bem e mal. Por dolorosa experincia, sei que
palavras dessa natureza conduzem frequentemente a equvocos,
transformando-se em enormes obstculos.
Basta nos aprofundarmos, por exemplo, na noo de esprito e
espiritualidade. Em geral concebemos o esprito como uma espcie
de antagonismo da materialidade, assim como opomos a energia
matria e a luz escurido. Entretanto, hoje sabemos que, na
essncia, a energia e a matria so iguais e que a energia pode
transformar-se em matria e a matria em energia. Em outras
palavras engendramos a noo de esprito em oposio matria,
sem termos, todavia, com isso descoberto os limites entre um e outra.
Assim, por exemplo, uma flor, no sentido biolgico, compe-se

60

BONILHA, S.

principalmente de gua e, em resumo, representa um processo


fsico reacionrio. Por mais prosaico que possa parecer, isto
absolutamente exato e no pode ser contestado. Mas a flor representa
ao mesmo tempo beleza e graa, que se manifesta por meio da cor,
da forma e do perfume. / A objeo puramente materialista de que
a flor composta de gua, nada muda no caso. O simples fato de
que a gua, combinada com outros elementos, pode contribuir para
a formao de uma flor aumenta ainda mais o prodgio de uma
florescncia, pois o que realmente importa a obra de arte em si
mesma.
Hoje, lamento no ter me formado em fsica-eletrnica. Estou certo
de que um tcnico em fsica poder aperfeioar consideravelmente
as comunicaes com os mortos por antenas dirigidas, filtros e altofalantes. Haveria um enorme progresso se fosse possvel obter uma
recepo sem interferncia, mais ou menos como a que consegui
naquela serena noite de julho. (...) Tentei por vrias vezes encerrar
este livro, mas acontecimentos imprevistos me obrigavam sempre a
continuar a narrao.
[JRGENSON (1967), 1972, pp.228-258]

2.5 - Estao Luxemburgo


A exemplo da abordagem documental por ns empregada na apresentao dos
trabalhos de Friedrich Jrgenson, prosseguiremos calcados em excertos mais
ou menos longos, que mantenham a palavra sempre mais prxima das mos de
seus autores primeiros, neste caso, Maggy Harsch e Theo Locher.
Dedicando-se investigao dos contatos interdimensionais desde os anos
1980, Harsch e Locher conectaram-se a diversos outros pesquisadores,
apresentando contribuio inestimvel queles que pretendam rastrear ligaes
possivelmente invisveis s lentes mais ortodoxas. Ampliemos portanto nosso
enfoque para que nas prximas linhas possamos de fato alar ao campo
landeliano do qual emprestamos o ttulo para a presente dissertao, haja visto

CAMPO LANDELIANO

61

ser essa seo como que um retorno aos postulados de Roberto Landell de
Moura; retorno mesmo - no um retrocesso - posto que emerge da aplicao
prtica daqueles postulados na forma de acontecimentos interdimensionais
gerados por ampla gama de comunicantes, dentre os quais o prprio Landell.

2.5.1 - a Conferncia de Darmstadt


Em outubro de 1988, na localidade de Darmstadt, Maggy Harsch reportou aos
presentes, em longa retrospectiva, os principais acontecimentos e dados tcnicos
das pesquisas desenvolvidas pela Estao Luxemburgo. Dado a importncia e
fluidez do relato, optamos por reproduzir tais informaes a partir do prprio
discurso proferido pela Sra. Harsch quando da supracitada Conferncia:
No somos missionrios, nem lderes espirituais da humanidade
ou instrutores de religio, mas pesquisadores da TC apoiada por
meios tcnicos. Talvez os conhecimentos que adquirimos sirvam
ao desenvolvimento adicional e ajudem outros pesquisadores a
aperfeioar esses transcontatos. (...) Eu gostaria de chamar sua
ateno para o fato de que no pretendemos, de nenhum modo,
colocar-nos no centro das atenes com o resultado das vozes ou com
os amigos espirituais que se manifestam, e tambm no desejamos
impor os nossos pontos de vista. Alm disso, difcil falar sobre
ns mesmos, no por falsa modstia, mas por estarmos cientes de
que o pesquisador individual no importante, mas sim a atuao
harmoniosa em conjunto. O orgulho inicial de pesquisador e a
euforia com os primeiros resultados de vozes ntidas desapareciam
rapidamente diante do pensamento: estamos, de repente, diante de
uma grande responsabilidade e da deciso de esconder ou de divulgar
os resultados das vozes ao pblico. Decidimo-nos pela divulgao
- mas esse no foi apenas um desejo nosso. A dimenso espiritual
tambm o desejava e estou convencida de que os contatos teriam sido
interrompidos caso tivssemos recusado o trabalho conjunto com
outras pessoas e a divulgao. (...)
Todo cuidado aconselhvel, mas muitos j causaram a si mesmos
mais danos devido a cuidados exagerados e ao medo do que se

62

BONILHA, S.

tivessem assumido o risco de confiar. Cada um tem o direito de no


dar crdito ao meu relato. Dvidas e desconfianas fazem parte
do ser humano e no devem ser reprimidas, de forma alguma.
Todavia, devem ser declaradas abertamente (...) Garanto-lhes que
no estamos descrevendo histrias inventadas; estamos relatando
experincias com entidades que se comunicavam por rdio e por
telefone, e que se podem apresentar at na tela de uma televiso.
Eu ficaria muito satisfeita se pudessem dar-me a sua confiana; no
quero influenci-los, mas tambm no quero esconder que o ulterior
desenvolvimento da TC depende, sobretudo, da confiana mtua entre
os pesquisadores. Eu sei que tudo isso parece incrvel; tambm no
devemos aceitar cegamente o que nos comunicado pelo lado de
l. Mas no seria justo, caso se concretizasse aquilo que o Tcnico4
aponta: Os futuros contatos sero desenvolvidos pela unio e
harmonia entre os pesquisadores da TC. Chegou o momento desse
desenvolvimento: agora a concretizao do nosso plano depende
exclusivamente das pessoas!
O fato de o mercado de livros ter retomado o assunto da Vida
depois da morte nos ltimos anos ampliou os nossos conhecimentos.
Tambm os artigos de jornais das sociedades de vozes gravadas
em fitas, na Alemanha, nos USA e na Itlia estimularam nossos
experimentos. Extramos conhecimentos dos relatos de congressos
das sociedades de vozes gravadas em fita, e tentamos fixar tudo o
que pudesse contribuir para contatos mais ntidos. As palestras
do professor dr. Ernst Senkowski, do dr. Ralf Determeyer, da sra.
Hildegard Schfer e de Hans-Otto Knig nos ajudaram bastante.
No queramos ser os nicos com algo de concreto a apresentar,
mas estvamos decididos a apoiar os que abriram um pouco mais a
porta para o outro mundo. Encontravamo-nos com pessoas da mesma
ndole e queramos aperfeioar nossos mtodos de gravao, bastante
primitivos. Freqentamos reunies abertas da sociedade nas quais
o casal Mackes e o casal Jakubowski, com enorme pacincia, nos
iniciaram nas suas tcnicas de gravao com as palavras: Sempre
ficamos contentes quando aparecem novos interessados, e no
poupamos esforos para compartilhar nossos conhecimentos. Talvez
algum dia aparea algum que possa aproveit-los.

4 ) devido ao fato de a sra. Harsch inicialmente ter suposto que essa voz, estranhamente
compassada, era a de um tcnico, a entidade props que ela o chamasse futuramente de
Tcnico.

CAMPO LANDELIANO

63

As pesquisas do falecido dr. Konstantin Raudive impressionaram-nos


bastante. Depois da leitura de relatos sobre a sua vida, estvamos
convencidos de que essa importante personalidade tentaria
igualmente, na sua nova forma de existncia, a ligao entre os
dois mundos. Ns o cumprimentvamos regularmente em nossas
tentativas de gravao, at que um dia acreditamos ter ouvido, nas
respostas fracas, a voz de Raudive. Visto que era cedo para afirmar
que tnhamos conseguido o contato com Raudive, aguardamos e
seguimos as instrues tcnicas que, com freqncia, nos eram
transmitidas por gravao de microfone ou de rdio no incio de
1986. Outras vozes se anunciaram: embora fracas, mas com palavras
relativamente compreensveis, elas enfatizavam que devamos
acrescentar um velho aparelho de televiso marca Universum aos
experimentos. Esse aparelho, em preto e branco, estava guardado
na sala das experincias e s no tinha sido removido por se tratar
de um presente do av do meu marido. Na poca do incio dos
experimento o aparelho ainda funcionava. Seguimos essa orientao
e, nos experimentos subseqentes, usamos dois aparelhos de rdio,
o gerador de campo de Hans-Otto Konig e duas lmpadas de UV.
G. Meek e W. ONeil j haviam utilizado lmpadas de UV nos seus
trabalhos de pesquisas. Os aparelhos adicionais foram juntados com
o tempo e, desse modo, surgiu a ponte do Eurossinal MESA. Durante
vrios meses, o equipamento esteve guardado, um aparelho ao lado
do outro, na sala das experincias, porm, sem funcionar como depois
pudemos constatar. Somente na primavera de 1986 recebemos uma
voz particularmente ntida em fita. Essa voz no era audvel do altofalante do rdio, mas somente na reproduo da fita. A mensagem foi
transmitida em idioma luxemburgus: Aqui vero, sempre vero!
No mesmo vero de 1986 o casal Knig renunciou a qualquer
futura colaborao no campo da TC pelo falo de termos fundada
uma sociedade prpria em nosso pas. Menciono essa lamentvel
separao porque o sr. Knig uma pessoa de grande conhecimento
tcnico e poderia prestar uma importante contribuio no sentida de
uma futura unio. Seu trabalho de pesquisas , sem dvida, louvvel.
Foi-nos possvel construir e usar em nossas pesquisas o seu gerador
de campo, a partir das suas instrues. necessrio mencionar isso
aos presentes, nesta data; importante respeitar o trabalho de outros
pesquisadores, no sentido de uma futura unio na TC mesmo que no
ocorram pesquisas conjuntas diretas. (...)
A voz com ritmo de computador que anunciava regularmente os

64

BONILHA, S.

contatos da ponte do Eurossinal, para nossa surpresa surgiu para


responder, e foi desenvolvido um dilogo interessante, que tento
descrever a seguir, com mais detalhes: Faam essa pergunta a
mim, disse a entidade, com voz clara e alta. Quem voc?,
perguntei. A resposta foi: Somos aqueles que somos, difcil explicarlhe, mas no sou um ser energtico, nem de luz, nunca fui humano,
nem animal, nunca encarnei(...). Vocs conhecem o quadro no qual
duas crianas atravessam uma ponte; atrs delas h um ser que as
protege. Assim sou visto por vocs, mas sem as asas. / Caso faa
questo de me dar um nome, chame-me de o Tcnico, j me haviam
confundido, no inicio dos contatos pela ponte do Eurossinal, com um
tcnico humano. Sou realmente um tcnico, no do modo como se
supe. (...)
Depois de algum tempo de experincias positivas e agradveis
com esses contatos extraordinrios, T falou-nos, certo dia, atravs
do GA-1: A TC espalhar-se- pela terra; nada mais impedir
o seu desenvolvimento. Vocs assumiro a tarefa de informar os
interessados, os grupos de iniciados. Acompanharei e apoiarei vocs
nesse trabalho dentro das minhas possibilidades. No sou um ser
onipotente, mas disponho de muito mais habilidade do que os homens.
No se esqueam de que eu tambm no sou infalvel e que ainda me
encontro num processo de aprendizagem. (...)
Alguns meses depois, o grupo Fluxo do Tempo deu instrues
para usarmos um outro aparelho de rdio e adicionamos dois
diodos. Incumbiram-nos de mandar construir um translador de
freqncias, com cujo auxlio os parceiros de dilogo nos ouviriam
melhor. Os contatos atravs do GA-1 foram bem mais ntidos do que
os obtidos atravs da ponte do Eurossinal. (...) p.108 Muitos contatos
atravs do GA-1 no puderam ser gravados, mas foram anotados
por escrito. Isso, durante algum tempo, foi incompreensvel para ns
- afinal de contas, havamos ultrapassado as fronteiras de mundos
estranhos com nossos contatos verbais, e devamos estar preparados
para o fato de que muitas coisas no corresponderiam s nossas
concepes. (...) T disse-nos que utilizava a psique dos pesquisadores
nesses contatos, mas que a contribuio medinica em contatos por
meios tcnicos bem menor do que a de um mdium. A psique se
manifesta at 1/5 nos contatos por meios tcnicos. Os outros 4/5
provem de ns, informou T. Nos experimentos com mdiuns, a psique
se manifesta at 4/5. / Quando eu falo com vocs, dizia T, assumo
traos do carter de ambos, pois necessito transferir-me aos dois.

CAMPO LANDELIANO

65

Como ser no-humano, uma pequena parte de mim deve assumir


traos humanos; de outro modo, no poderiam me compreender. Esses
contatos so formados por vocs dois como ser dual; atravs dessa
unio formou-se uma parte das minhas energias.
Antes do final de 1986 foi anunciado o primeiro registro de imagem
pelo grupo Fluxo do Tempo. O processamento era diferente do mtodo
de Klaus Schreiber. As instrues precisas do grupo Fluxo do Tempo
foram anunciadas por T, atravs da PES. Segundo afirmaes do
grupo Fluxo do Tempo, eles necessitavam, nessa altura, de um canal
medinico de um dos nossos colaboradores. O uso da psique humana
no mais necessrio nos novos experimentos, conforme ficamos
sabendo em 1988. No ano de 1987 aconteceram ainda dois outros
registros em vdeo.
As decises que vocs e outros participantes tomam, ao usar esse
equipamento, liberam inmeros mundos e possibilidades. No efetuem
contatos de GA-1 a no ser que eu os instrua para tal e, assim, os
proteja de surpresas desagradveis. Caso no sigam o meu conselho,
podero correr o perigo de, aps vrios contatos de GA-1 sucessivos,
se encontrarem na manh seguinte num mundo paralelo. Nos contatos
da PES esse perigo no existe, pois no so contatos diretos e se
adaptam melhor dimenso terrena.
Muito do que foi dito por T transcendeu a faculdade da compreenso
humana; todavia, com o passar do tempo, conseguimos entender
suas palavras. Se o nosso mundo, como muitas vezes se disse,
feito de vibraes, concebvel que as vibraes de pensamentos
em outros mundos se tornem realidade e assumam formas materiais.
Na URSS, experimentos com a sovitica Kulagina mostraram que os
pensamentos podem produzir matria. (...)
Em dezembro de 1987, ocorreu um contato verbal atravs de um velho
aparelho de rdio sem dispositivos auxiliares. Uma voz conhecida
e familiar anunciou-se: Friedrich Jrgenson. difcil lembrar e ao
mesmo tempo anotar as palavras na forma em que eram pronunciadas
e concentrar-se no dilogo, sem omitir as delicadas diferenas do
carter da voz e da fala das diversas personalidades. Antes que ele
pronunciasse o seu nome, reconhecemos esse grande pesquisador que
um dia nos mostrou o caminho pela sua voz. Se bem que quisssemos
evitar fazer perguntas de carter pessoal ele falou sobre aquilo
com que nos ocupvamos pessoalmente. Cito um curto trecho da

66

BONILHA, S.

mensagem de Friedrich Jrgenson depois dos cumprimentos: Fui


incumbido de participar-lhes que esta ponte por ora est aberta; tudo
foi bem programado. No precisam se preocupar. No existe o perigo
de foras negativas. A ponte atravs da qual estabelecemos a nova
comunicao dever chamar-se Ponte de Burton.
Seria ir longe demais descrever-lhes, nesta ocasio, todo o dilogo.
Tanto Friedrich Jrgenson como Raudive (R) e T tentaram, na
conversa que se seguiu, restabelecer a nossa confiana. / Eles falaram
sobre os perigos, sobre os esforos e privaes inevitveis na fase
inicial da TC. Eles comunicaram que os seres no terceiro plano ainda
teriam de lidar por muito tempo com perturbaes negativas, at que
atingissem o quarto plano. Eles falaram sobre a importncia da TC e
sobre a disposio das pessoas de apoiar seus esforos. (...)
De janeiro de 1988 em diante, anunciou-se regularmente uma
cientista de nome Swejen Salter. Atualmente, ela a dirigente humana
do grupo Fluxo do Tempo e nos prepara, com seu companheiro
Richard Francis Burton, para as tarefas da TC. / Atravs do seu
conhecimento, as ligaes verbais tornaram-se melhores; sua
percepo dos sentimentos dos outros facilita a compreenso
das pessoas. (...) Alm de Swejen Salter (S) anunciaram-se, neste
ano, muitas outras pessoas falecidas, que se juntaram ao grupo
Fluxo do Tempo, no outro lado. Konstantin Raudive (R) assume
temporariamente os contatos. A ponte de contatos passa por um
processo permanente de mudanas. (...)
Em fevereiro de 1988, os contatos verbais e de vdeo eram bastante
ntidos. A presena de George Meek e de Senkowski parecia causar
uma influncia favorvel nos contatos com a outra dimenso.
Sentimos o mesmo quando chegavam visitantes que se empenhavam
particularmente no estabelecimento de uma organizao mundial em
apoio divulgao, como o dr. Determeyer, Pre Brune e o dr. Locher.
Notamos ultimamente que os resultados dos experimentos na presena
das pessoas mencionadas eram melhores do que nas tentativas que
eram conduzidas unicamente pelo meu marido e por mim.
Em maio de 1988 houve uma transmisso de informaes na difusora
Sudoeste 1 envolvendo o desenvolvimento geral das vozes de fitas e da
pesquisa da TC. Essa transmisso impressionou pela boa elaborao
e objetividade dos comentrios e foi feita por iniciativa de Senkowski
e do jornalista R. Eichelbeck. / Em julho de 1988 foi liberado um

CAMPO LANDELIANO

67

material informativo emissora Rdio Luxemburgo a pedido do


grupo Fluxo do Tempo. O apresentador do programa Histrias
Inacreditveis, Rainer Holbe, levou em considerao o nosso pedido
de no falarmos pessoalmente e de mencionarmos apenas o nome do
nosso grupo de pesquisas. A TC deveria continuar em evidncia, e
no os pesquisadores do fenmeno. Senkowski fez alguns comentrios
nessa ocasio; ele tem o dom especial de informar com preciso e
objetividade, mantendo a necessria distncia. Seu trabalho de
inestimvel valor para o grupo Fluxo do Tempo e para ns. Quando
no compreendemos bem o sentido de uma mensagem, os emissores
do Alm aconselham-nos a entrar em contato com Senkowski. Suas
explicaes j tornaram muitas mensagens mais compreensveis.
No dia 24 de Setembro de 1988 recebemos a visita do telogo francs
Pre Brune, e de dois jornalistas franceses, os srs. Oidier Yaich
e Philippe de Kerorguen. / Tomamos conhecimento, nesse ano, de
muitos esforos positivos de divulgao, tanto de amigos, ajudantes
e colaboradores, como de jornalistas interessados. Nos contatos
pelo rdio, pelo computador e pelo telefone, os responsveis foram
apoiados, tanto quanto possvel, por T, por S, R e pela nossa falecida
amiga Margret Mackes.
A ponte de contatos est sujeita a mudanas constantes. Por esse
motivo, atualmente impossvel proporcionar-lhes planos de
instalao de equipamentos. No existe um plano de ligao da Ponte
de Burton. Podemos informar sobre composies desordenadas de
aparelhagens, como Senkowski por vezes denomina a instalao
dos equipamentos; todavia, planos precisos infelizmente no esto
disponveis. O plano de ligaes algum dia ser realidade, mas no
sem o empenho de pessoas de boa vontade. / Nos dilogos com T
e S, solicitvamos instrues tcnicas e a boa vontade de muitos
pesquisadores. A resposta foi: Procurem orientao no antigo
Sistema Spiricon de G. Meek (Diretor da Metascience). Experimentem
uma combinao de freqncias. No se esqueam de usar a luz
UV; de particular importncia. (...) Interrompemos os contatos
pelo rdio e usamos o telefone e a televiso para as mensagens
mais importantes. Para os experimentos de imagem e som, o velho
aparelho de televiso atualmente o caminho mais seguro. No futuro,
cada vez mais pessoas tero de se dedicar a um desenvolvimento
ulterior. Alguns cientistas podem trazer contribuies teis, e as
pessoas com aptides tcnicas podero aplicar suas habilidades
quando se conseguir interess-los pelo assunto. (...) Vocs

68

BONILHA, S.

devero admitir, disse S, que os seus mtodos de pesquisas esto


superados. Os interessados no podem exigir que pesquisadores
como H. O. Knig ainda continuem viajando com equipamentos
para fazer demonstraes. Os experimentos devem ser realizados em
laboratrios ou institutos.
No incio de Setembro de 1988 T anunciou-se e, num dilogo,
dividiu em trs fases a totalidade das nossas experincias: Na
fase 1, usamos a psique de quatro pessoas para construir a ponte
de contatos do nosso lado para o seu mundo. Nesse meio tempo,
essas pessoas se separaram, o que, todavia, no interrompeu a TC.
Comeou ento a fase 2, que serviu para demonstrar que tambm
podemos fazer contatos sem a ajuda da psique humana, e que a TC,
apesar das dificuldades, no pode ser detida. A fase 2 est no final e
ser terminada em breve. Devemos abandonar os contatos por esse
mtodo, uma vez que as energias esto acabando.
A pergunta sobre o tipo de energia atualmente visado pelo
grupo Fluxo do Tempo foi respondida da seguinte forma por S:
Trabalhamos com a energia orgnica. Pergunte ao professor
Senkowski. Ele poder dar-lhes explicaes. Usamos tambm energias
residuais, que so energias puramente positivas, isentas de influncias
humanas.
Uma citao de S: Nas margens do Rio da Eternidade, no terceiro
plano, as pessoas vivem de modo diferente. Uns ainda esto sentados
junto fogueira do acampamento, como estavam habituados a fazer
nos tempos de sua vida terrena; outros dispem de modernas salas
de congressos e de aparelhos tcnicos e mantm palestras sobre a
continuao da vida depois da morte. Outros no sabem ainda que j
morreram.
Maggy Harsch-Fischbach Presidente do Cercle Dtudes sur la
Transcommunication, Luxemburgo. C. E. T. L.5
[LOCHER & HARSCH (1989), 1997, pp.95-120]

5 ) discurso de Maggy Harsch na reunio de Darmstadt, em 02 de outubro de 1988.

CAMPO LANDELIANO

69

2.5.2 - sincronias interdimensionais, alguns exemplos


Surpreendentemente, o T conhece a descrio do Alm feita pelo
falecido professor Frederic Myers, e citou-a como referncia vrias
vezes. Nos anos de 1924/25, 1927 e 1931 esse falecido co-fundador da
primeira sociedade cientfica de parapsicologia do mundo, a Society
for Psychical Research, transmitiu numerosas descries do Alm,
atravs da famosa automatista* Geraldine Cummins.
*Automatista = Termo proposto por Myers, com o mesmo significado
de Percipiente ou mdium, segundo o Dicionrio de Parapsicologia,
Metapsquica e Espiritismo, de Joo Teixeira de Paula. (N. do T.)
Uma outra declarao do T faz referncia s fortes sensibilidades
dos experimentadores. Essas distorceriam os padres vibratrios,
motivo pelo qual recomenda o equilbrio interior dos participantes.
Algo muito inquietante a afirmao de que a irradiao radioativa
prejudica o corpo astral. Uma guerra atmica traria horrveis
mutaes s geraes vindouras. Isso teria acontecido nos mundos
paralelos. (...)
No que se refere comunicao entre os seres do Alm, T disse
que todos falavam uma lngua nica, comparvel telepatia...
Quando falamos com vocs, traduzimos a nossa linguagem para a
sua linguagem terrena. Pelo conceito terrestre, nossa lngua abrange
27.000 caracteres de escrita. No desejo falar sobre o fenmeno
puramente acstico. A lngua est disponvel imediatamente aps a
morte fsica. / Atravs de suas afirmaes o T demonstrou possuir
conhecimentos precisos sobre a edio de livros na terra. (...)
Segundo afirmaes do T, existem mundos paralelos, nos quais vive
uma espcie de ssias de ns mesmos. Tais mundos de natureza
material (mundos refletidos) seriam concepes, aes e desejos
concretizados, de acordo com o nosso pensamento. Isso talvez
seja comparvel formao do ectoplasma, essa substncia
perispiritual que se forma segundo imagens concebidas, consciente
ou inconscientemente, nos seres vivos. Esses ssias se desenvolveriam
fsica e espiritualmente e continuariam a viver em esferas psmortais, como ns. No que concerne imaginao dos mundos
paralelos: o fundador da astrofsica, professor Friedrich Zoellner,
desenvolveu a tese do espao quadridimensional, que conseguiu
usar satisfatoriamente para explicar os fenmenos de penetrao

70

BONILHA, S.

do mdium Henry Slade: assim como no espao tridimensional


existem inmeros planos paralelos para cada plano, no espao
quadridimensional existiriam inmeros mundos paralelos para cada
mundo tridimensional material. (...)
O professor Senkowski havia anotado algumas linhas com perguntas
a Swejen Salter (S) no seu computador, em Mainz, e as armazenara
num disquete. Numa carta de informaes que S introduziu no
computador do casal Harsch, ela agradeceu pelo disquete e acolheu
os textos sobre fsica do mesmo. Afirmou que os habitantes da terra
no teriam apenas uma outra cosmoviso fsica, mas tambm uma
fsica diferente. Em sua resposta levantou numerosos problemas
sobre medies astronmicas da fsica nuclear, da biologia e de
outras disciplinas, e provou, atravs das suas declaraes, possuir
um enorme conhecimento das cincias naturais. A existncia do
seu texto no computador foi anunciada por vias transauditivas, sob
meno da palavra de cdigo. A impresso original foi feita em
letra pequena, com erros insignificantes. Esse texto de computador,
de 6/2/88, foi acompanhado, na mesma data, por uma imagem
quantitativamente boa de si mesma, na tela da TV. Ocorreu ento um
dilogo entre Senkowski, George Meek e a sra. Harsch, de um lado,
e o T, Raudive, Jrgenson e Klaus Schreiber, falecido em 7/1/88, do
outro lado. Schreiber dirigiu-se a Senkowski dizendo: Meu caro
amigo Ernst, no que exprimia seu orgulho por haver conseguido
concretizar a transmisso da imagem (imagem de Klaus Schreiber
com a mo esquerda sobre o corao, no televisor de uma mulher
do sul da Alemanha!). Senkowski respondeu: Parece, como dantes,
inconcebvel, mas a pura realidade.
Muita coisa permanece incompreensvel para os experimentadores,
como o fato de a constelao dos planetas ser favorvel ou
desfavorvel para os contatos. No incio, um instrumento medidor do
tempo (o metrnomo, entre outros) serviu para o ajuste do ritmo da
fala do Alm. O que tambm incompreensvel para ns a coerncia
entre as ondas cerebrais dos terrestres e a freqncia do rdio.
Rudos que aqui aparecem e interferem devem provir de um aparelho
de mltiplos propsitos do Alm. Tal aparelho e o Cronovisor
possibilitariam uma viso do futuro, alm dos contatos com os
mundos paralelos. Incompreensvel tambm a afirmao de que as
gravaes em fita de transmisses da GA-1 devem ser apagadas 15 a
20 minutos depois, uma vez que por tais contatos seria aberta uma
porta entre as dimenses; as linhas de tempo se alterariam, o que

CAMPO LANDELIANO

71

poderia ser fatal para os experimentadores.


As interferncias nas transmisses podem ter muitas causas: com mau
tempo surgem campos de perturbao eletromagnticos, que devero
primeiramente ser despolarizados. (...) A situao se agrava quando
seres inferiores simulam contatos do grupo de Luxemburgo ao T,
motivo pelo qual o grupo de transcomunicadores nem sempre sabe se
realmente o grupo Harsch que se anuncia a eles, atravs de falas
ou entradas no computador. Raudive disse, certa vez, que devemos
imaginar a instalao do Alm como um computador: o que se fala
aqui chega por escrito no Alm. Ocasionalmente, mencionam que
esses contatos requerem energia, que se esgota com o tempo. Quando
certa vez a voz do T comeou a mudar, ele disse que necessitava
sintetizar a voz de outro modo, de remodul-la.
A denominao Ponte do Eurossinal (PES) prende-se ao fato de que
a freqncia do rdio necessitar ser ajustada a cerca de 87 MHz,
perto do Eurossinal. Os componentes da PES so: dois rdios,
um aparelho de TV em preto-e-branco ligado num canal livre, um
gerador de campo segundo Hans-Otto Knig, duas lmpadas de UV
penduradas num suporte, e um alto-falante com filtro. O televisor
ligado a um filtro paramtrico e esse a um amplificador de som que,
por sua vez, ligado a um filtro e a um alto-falante. O ritmo de tempo
parece constituir uma dificuldade particular para os seres do Alm,
motivo pelo qual necessria uma luz fluorescente cuja lmpada
pisque em ritmo de milissegundos. Um microfone porttil transmite
as mensagens do alto-falante para um gravador de fitas. A luz de
uma lanterna eltrica manual deve ser dirigida aos dois receptores
de FM. O motivo de tudo isso ns, humanos, ignoramos. A durao
dos respectivos contatos era de no mximo 10 a 15 minutos. Uma
vez que os trans-sinais no vinham sempre na mesma freqncia, era
necessrio procur-los no dial do aparelho, a cada vez, e sintonizlos com preciso. Pareciam variar entre 87 e 92 MHz. O reajuste
durante o contato era muitas vezes necessrio. As vozes surgiam
de um dos dois aparelhos de rdio, mas ocasionalmente tambm
pela televiso. As transmisses esto ligadas a eventos psquicos
particulares, o que significa que nem todos podem obter vozes com
tal combinao de aparelhos, para fazer as suas perguntas. O casal
Harsch e o seu antigo colaborador tcnico possuem habilidades
medinicas.
[LOCHER & HARSCH (1989), 1997, pp.123-130]

72

BONILHA, S.

2.5.3 - pesquisadores diversos prestam ajuda Estao Luxemburgo


O professor Senkowski, como fsico, examinou essa instalao
tcnica e constatou que no pode tratar-se de manipulaes
enganosas. Vrias transmisses foram conseguidas na sua presena
e na de outros pesquisadores. / Somente na primavera de 1986 os
trs experimentadores de Luxemburgo, aps tentativas pertinazes,
conseguiram as primeiras vozes diretamente do alto-falante do rdio.
Desde ento ocorreram, com freqncia, centenas de palavras em
amplas transmisses.
O conjunto de comunicao recproca GA-1 permitia amplas
e tranqilas comunicaes fluentes nos dois sentidos por alguns
minutos. Alm do rdio com antena, possui ligaes de diodos,
lmpada, microfone, translador de freqncias, entre outros. (...)
Senkowski encontrou uma variedade de normas no emprego dessas
duas combinaes de aparelhos. Essas normas, no seu modo de
atuar, no so explicveis pela fsica atual. As energias psquicas dos
pesquisadores parecem desempenhar um papel importante, porm
nossa cincia acadmica no conhece nenhuma disciplina que estude
as conexes entre a fsica e a psicologia. O fato de no se tratar de
fenmenos ligados ao lugar, mas s pessoas, demonstrado pelas
tentativas realizadas fora da residncia do casal Harsch. A hora
da transmisso das mensagens era, na maioria das vezes, fixada
pelos seres do Alm. Uma vez que as comunicaes eram feitas
em freqncias alternadas, era necessrio regular com preciso
os aparelhos no incio dos experimentas e reajust-los durante os
mesmos. Durante a fala de um ser do Alm pela PES, os sinais do
sistema de Eurochamadas eram mais ou menos bem audveis. Pela
instalao GA-1, as transmisses eram por longo tempo isentas de
interferncias uma vez que as emissoras de rdio vizinhas, de ondas
ultracurtas, estavam nesse momento suprimidas. (...)
No que se refere ao aparecimento de transmisses no computador,
George Meek escreveu na sua revista Unlimited Horizons, na
primavera de 1988 (traduo): Durante vrias semanas, o Tcnico
e Swejen Salter deram instrues a Maggy e Jules, na esperana de
que tais conselhos conduzissem ao emprego do computador como
meio de comunicao recproca. Ao voltar do trabalho, certo dia,
Maggy verificou que o computador havia sido ligado na sua ausncia.
Um emaranhado de letras maisculas e minsculas, com intervalos
ocasionais, linhas em branco e margens irregulares davam a entender

CAMPO LANDELIANO

73

que uma criana havia brincado com as teclas do computador.


Discusses posteriores entre Maggy e Swejen Salter, atravs do
sistema de rdio, melhoraram a comunicao pelo computador ou
processador de palavras at um ponto que deixou o dr. Senkowski e
eu totalmente surpresos com aquilo que em seguida se desenrolaria
diante de nossos olhos. O sr. Senkowski havia preparado perguntas
sobre assuntos... cientficos, e as tinha enviado pelo correio a Maggy,
em Luxemburgo. Recebemos instruo de Swejen Salter, por rdio,
de nos reunirmos na sala do computador. Para nossa grande surpresa,
a impressora produziu, num ritmo de 200 palavras/minuto, duas
pginas inteiras de texto. Esse texto foi impresso totalmente com
letras minsculas, sem espao entre as mesmas, sem pargrafos e,
naturalmente, em lngua alem... Swejen Salter demonstrou possuir
um nvel superior de conhecimento atravs da sua habilidade de usar
meios paranormais para emitir seus comentrios por meio de chips
de um computador de Luxemburgo, sem qualquer ajuda humana... E
provvel que os senhores Tesla, Edison e Marconi ficaro contentes ao
saberem que os seus sonhos malucos sobre um sistema instrumental
de contatos com planos de conscincia mais elevados esto sendo,
finalmente, transformados num sistema refinado e computadorizado
de comunicao recproca. S transmitiu a Senkowski uma frmula
pelo computador relativa a experimentos realizados em Varid (o seu
planeta natal), durante os quais ela faleceu. (...)
S agora era a nova dirigente humana do grupo Fluxo de Tempo,
no qual trabalhavam numerosos outros falecidos, empenhados
no contato com a terra. Assim, anunciaram-se Klaus Schreiber,
Friedrich Jrgenson, J. P. Scherer, Arthur Conan Doyle, Jean E.,
Mich Fischbach e Margret Mackes. O grande inventor Nikola Tesla
teria tambm participado da construo da ponte. (...) A nova
combinao de aparelhos, denominada Ponte de Burton6, era bem
mais simples. Alm do computador e do telefone, consistia apenas de
um rdio ou TV, de um gerador de campo e de duas lmpadas de UV,
cujos fachos de luz se cruzavam.

6 ) A Ponte de Burton denominada assim devido colaborao de Sir Richard Francis


Burton, pesquisador falecido na Terra em 1891, que se anunciou pela primeira vez
Estao Luxemburgo em fins de novembro de 1987 via computador. Burton coordenou
a retomada dos contatos a partir da Estao Fluxo do Tempo logo aps o perodo de
instabilidade que se seguiu ocupao dessa estao por entidades interessadas em
destruir as comunicaes entre Marduk e a Terra.

74

BONILHA, S.

George W. Meek e Prof. Senkowiski (...) empreenderam, em fevereiro


de 1988, uma viagem a vrios pases para promover o intercmbio
de informaes e unir as estaes de TC. Nessa atividade, de
importncia para o futuro, visitaram Luxemburgo, Aachen, Stuttgart,
Udine, Fermo, Zurique e Mainz. Para a viagem a Luxemburgo,
o grupo Fluxo de Tempo planejou uma transmisso de imagens.
Seguindo as instrues de S, conseguiram, na tarde do dia 6 de
Fevereiro, a recepo de uma imagem e a respectiva filmagem em
cmara de vdeo (...) na presena de Meek e Senkowiski (...) Foram
efetuados curtos dilogos entre Senkowiski, Meek e Harsch, de um
lado, e o T, R, Jrgenson e Klaus Schreibeir, do outro lado, nos
quais Klaus Schreibeir, falecido recentemente em 7/1/88, dirigiu-se
a Senkowiski em voz alta e clara (...). Quando o dr. Ralf Determeyer
visitou o casal Harsch no dia 1 de Julho de 1988, R se anunciou
noite: Isso que esto presenciando neste momento um momento
histrico, tanto no vosso lado como no de c. a primeira vez que
uma imagem e o som so transmitidos e recebidos simultaneamente.
Decidi transmitir uma imagem de min mesmo, como me mostro neste
lado, na margem do Rio da Eternidade. (...)
S queixava-se com freqncia do fato de sentir a falta da ajuda de
cientistas no seu lado. De acordo com o tempo terrestre, ela iniciara,
em companhia de Richard Francis Burton, no vero de 1988, uma
viagem de reconhecimento em conjunto com outros habitantes do
planeta Marduk. (...) S relatou o encontro entre cientistas e novos
interessados, cujo interesse conseguiu despertar para um trabalho
em conjunto, como por exemplo Marie Curie e Albert Einstein. /
Alguns no esto interessados numa colaborao como, entre outros,
Alexander Graham Bell, o inventor do telefone. Este recusa-se a
reativar seus antigos interesses terrestres pela comunicao tcnica.
Lamento a sua recusa, disse S, pois Alexander Graham Bell
poderia ter sido uma grande ajuda no aperfeioamento dos contatos
telefnicos.
[LOCHER & HARSCH (1989), 1997, pp.131-152]

CAMPO LANDELIANO

75

2.5.4 - Marduk e o Rio da Eternidade


Segundo contatos recebidos na Estao Luxemburgo, os habitantes do terceiro
plano so pessoas como ns (com um corpo semelhante ao tinham em vida),
porm, moldado num ambiente com condies fsicas e csmicas diferentes;
depois da morte fsica, a existncia prosseguiria num ambiente muito similar
s descries de Frederic Myers quando de seu primeiro relato intermediado
por Geraldine Cummins. Procedamos portanto ao resumo das informaes
transmitidas atravs da Ponte de Burton:
Ns possumos um corpo como o seu. Ele se origina numa outra
base de vibraes mais finas do que o seu mundo de matria
grosseira. Aqui no existem doenas; os membros que faltam crescem
novamente. Corpos que no seu mundo eram atrofiados, aqui so
regenerados. Vivemos em habitaes confortavelmente mobiliadas.
As paisagens so impressionantemente belas. A idade mdia das
pessoas que aqui continuam a viver de 25 a 30 anos. Pessoas que
na terra morrem com idade avanada, acordam aqui totalmente
conscientes, aps um sono regenerador. Esse sono de repouso tem
a durao terrestre de cerca de seis semanas. Nalguns casos pode
durar um pouco menos. As crianas que chegam ao terceiro plano
so carinhosamente recebidas e cuidadas pelos falecidos parentes.
As crianas crescem e continuam a se desenvolver at atingirem a
idade mdia de 25 a 30 anos. Vivemos na companhia de outras formas
de vida, com seres humanos que antes da morte fsica habitavam
outros planetas, com anes, gigantes e gnomos, bem como com seres
incorpreos. Cerca de 60 bilhes de humanides encontram-se aqui
provenientes de todos os mundos existentes. A amizade e a parceria
continuam a ser cultivadas. / A sexualidade no recusada, de
modo algum, pois faz parte do ser humano, sob a condio de que
os dois parceiros sejam harmoniosos e que desejem a sexualidade. /
Tambm os animais continuam a viver no terceiro plano, depois da
morte. No lhes falta nada, e so devidamente cuidados. Comemos e
bebemos como vocs. Nossa alimentao elaborada sinteticamente,
isto , podemos, por assim dizer, materializar alimentos terrestres.
A carne, que ainda apetece a alguns, apenas uma reproduo da
matria, e nenhum animal necessita morrer por causa de outro ser
vivo. Existem aqui tipos de animais desconhecidos na terra, como,
por exemplo, aves paradisacas e borboletas ricamente coloridas. A

76

BONILHA, S.

temperatura bastante agradvel. A personalidade e o carter da


pessoa que aqui chega no so alterados pelo processo mortal. Todos
os seres vivos podem continuar aprendendo. No acordam com novos
conhecimentos no terceiro plano. Os problemas e conflitos psquicos
ainda continuam aqui. O terceiro plano se encontra num planeta que
denominamos Marduk. Esse ltimo separado da terra pelo tempo
e pelo espao e no pode ser situado geometricamente no sistema
solar terrestre. Marduk possui trs sis. O planeta gira em torno de
um sol e iluminado pelos outros dois. Nunca fica totalmente escuro.
O permetro de Marduk calculado em cerca de 127.000 km. Sua
lua maior que a da Terra. Um nico rio percorre Marduk. Move-se
em numerosas curvas por todo o planeta. A maior profundidade do
rio de cerca de 17.000 metros, e a maior largura de 3.700 metros.
O terceiro plano do Alm uma reproduo do esprito humano,
todavia, to real como a Terra. (...) Para estabelecer os contatos com
a Terra, necessitamos nos aproximar dela e nos ajustarmos da melhor
maneira possvel.
Sir Richard Francis Burtom

O Rio da Eternidade estende-se por milhes de quilmetros. s


suas margens vivem todos aqueles que alguma vez foram pessoas.
Existem aqui diferenas substanciais: animais, a vegetao varia de
formas minsculas at sequias, e muitas habitaes so de madeira.
Algumas pessoas ou animais so aqui, por assim dizer, reavivadas
em estado de novas. Esse tambm foi o caso de K. Outras pessoas,
como aquela que vocs chamam de Margret Mackes, vem a ns como
pessoas idosas e rejuvenescem aps um sono regenerador. A razo
dessas diferenas desconhecida. No fim do processo de crescimento
ou rejuvenescimento, conforme o caso, todos aqueles que j foram
pessoas tm uma idade de aproximadamente vinte e cinco a trinta
anos. Os animais tm a idade na qual se sentiam melhor, uma vez que
aqui no existem fatores estticos. Tecidos danificados e at ossos so
regenerados, assim como na terra uma ferida cicatriza, por exemplo,
mas com maior perfeio. Membros podem crescer novamente. Cegos
podem ver de novo, etc. A altura, a cor do cabelo e a cor da pele no
podem ser escolhidos, mas so iguais ao que eram durante a vida
terrena. Aqui, no mundo do rio, chegam seres de todos os mundos
existentes. Assim, vivem aqui gnomos e gigantes em companhia de
seres incorpreos e pessoas do planeta Terra. Os ssias que eram

77

CAMPO LANDELIANO

ligados em muitos paralelos, todavia, no vivem no mesmo lugar do


rio. (...) Eu mesma estou aqui h apenas dois meses, de acordo com o
seu tempo, pois morri no meu mundo Varid em conseqncia de um
desastre (...).
Dra. Swejen Salter
[LOCHER & HARSCH (1989), 1997, pp.153-167]7

2.5.5 - limitaes dos contatos


Segundo Mark Macy, colaborador de George Meek na Terra, desde o ano
2000 no se relatam contatos efetuados a partir das estaes interdimensionais
de Marduk. Supe-se que isso decorra de dificuldades encontradas pelos
comunicadores do grupo Fluxo-do-Tempo quando da anteriormente citada
passagem para a terceira fase de transcomunicaes, pois, como dissera a
entidade no humana o Tcnico, mesmo que as comunicaes cessassem,
esse grupo continuaria sempre trabalhando para melhorar e ampliar os
contatos. Permanecemos sem respostas palpveis para a atual lacuna nos
contatos, entretanto, antes de encerrar esta seo, consideremos as palavras
do Dr. Theo Loccher sobre um contato recebido de Sir Francis Richard Burton
e, em seguida, alguns apontamentos do Dr. Ernst Senkowisk sobre possveis
dificuldades encontradas pelos transcomunicadores de Marduk:
O sucesso da fase inicial serviu exclusivamente para mostrar s
pessoas, com o auxlio de outras, que os contatos tcnicos diretos
entre as dimenses eram possveis. Entraremos brevemente numa
terceira fase, que trar consigo uma alterao (...) quanto
nova aparelhagem; o equipamento de contato com o Alm no
comparvel a um aparelho que pode ser ligado e desligada a belprazer. Pela expresso novo aparelhamento deve-se entender
um sistema que compreende aparelhos auxiliares tcnicos bem
7 ) Extratos de contatos interdimensionais recebidos via computador em forma de textos;
relatos escritos por Sir Richard F. Burton e Dra. Swejen Salter logo aps a expedio de
reconhecimento que realizaram ao longo do Rio da Eternidade em Marduk.

78

BONILHA, S.

como o material humano. (...) Os seres do Alm tambm nos


alertam para o fato de que so limitados, e que nem sempre esto
to adiantados como supomos. (...) No se esqueam, disse-nos
Richard Francis Burton, em dezembro de 1988, pelo computador,
que no somos muito mais avanados do que vocs, pelo menos,
o nosso grupo humano, e nisso incluo todos os humanides... no
sentido tcnico, intelectual ou moral. Nunca se esqueam de que os
cientistas que aqui trabalham so apenas a continuao dos seres
vivos que, na Terra, num invlucro mortal, aprenderam algo e agora
podem construir sobre o mesmo!
[BURTON (1988), apud LOCHER & HARSCH (1989), 1997, p.172]

1. Outras estruturas de conscincia necessitam ajustar-se nossa


compreenso, condicionada Terra. Os sistemas de compreenso
aqui e l so diferentes.
2. Cada acontecimento material-energtico caracterizado como
um ponto quadridimensional no tempo-espao. Nesse padro
de pensamento a seqncia de acontecimentos representa ento
uma linha mundial, uma linha de tempo, e o fluxo de um grupo
de acontecimentos representa um feixe dessas linhas mundiais.
O problema ento que uma entidade do Alm necessita
primeiramente localizar-nos na nossa dinmica de tempo-espao.
Isso dificultado pelo nosso livre-arbtrio: o que faremos e quando;
onde ficaremos?
3. A velocidade do fluxo de tempo aparenta ser diferente aqui e l,
motivo pelo qual os seres do Alm necessitam de sincronizao. Essa
tambm , provavelmente, a razo das denominaes grupo Fluxo de
Tempo e Co-Tempo.
4. Finalmente, as entidades do Alm necessitam produzir efeitos
fsicos no nosso tempo-espao, que, no final, so percebidos
por nossos rgos sensoriais. Senkowski diz ento: Assim
pode ser demonstrado o efeito fsico como produto de energia
X tempo, independentemente do tipo e volume da participao
de componentes psicofisiolgicos dos pesquisadores terrestres.
Portanto, pelo menos uma dessas grandezas necessita
ser manipulada, o que, na prtica, provavelmente no a

CAMPO LANDELIANO

79

transferncia de energia, no sentido fsico comum.


[SENKOWSKI (1988), apud LOCHER & HARSCH (1989), 1997,
p.190]8

2.6 - notas laboratoriais


Como dissramos de incio, prxis e teoria caminharam lado a lado durante
toda a pesquisa, resultando num plano heterogneo do qual no faria sentido
separar o dispositivo que descreveremos nas prximas linhas. Menos mquina,
mais aos achados que dela pudramos perscrutar pediramos ao leitor especial
ateno para que se possa adentrar nova camada desse embricado conjunto de
informaes aqui colimado.
possvel que venha a parecer inespecfica ou arbitrria a razo de nossa opo
pela montagem de um aparelho baseado na patente nro. 645576 de Nikola Tesla,
porm, no ser difcil perceber sua pertinncia em relao ao experimento.
Para tanto, relembremos o pioneirismo de Tesla quando das primeiras incurses
cientficas em torno das telecomunicaes - poca na qual, nem mesmo este
termo havia sido formulado - e tambm lembremos os relatos da Dra. Swejen
Salter sobre a decisiva participao desse inventor na construo da recmcitada Ponte de Burton.
Nesse sentido, poderia ser igualmente interessante a opo por algum dos
inventos de Roberto Landell de Moura, haja visto que este ltimo, segundo
8 ) A primeira jornada de TC instrumental na Sua foi realizada em 9 de Setembro de
1988, em Berna, dirigida pela Sociedade Sua de Parapsicologia. Os oradores foram
o professor dr. Arthur Hoffmann, o professor Senkowski, da RFA, Jules e Maggy
Harsch, de Luxemburgo, e Theo Locher. No seu segundo discurso terico Senkowski
citou quatro problemas que os seres que se comunicam conosco aparentemente
tm de resolver. Assim como esse evento cientfico, diversos outros foram e tm
sido organizados, entretanto, as recentes trasncomunicaes relatadas tm se dado
majoritariamente via EVP, como no tempo das pesquisas de Jrgenson e Raudive.

80

BONILHA, S.

relata Sonia Rinaldi9, tambm participara intensamente dos trabalhos tcnicos


necessrios aos contatos com a Terra efetuadas a partir do planeta Marduk,
assim como, parece ter tambm conseguido algum sucesso na recepo de
ondulaes interdimensionais quando de sua existncia na Terra. Entretanto,
a escassez de informaes acerca do seu possvel trascomunicador (vide subseo 2.2.6.2 - senza titolo) tornaria demasiado especulativo e at mesmo
contraproducente nosso trabalho laboratorial caso optssemos pela montagem
deste aparelho.
Por fim, ressaltemos dois detalhes bastante decisivos quando da opo pela
patente nro. 645576: no requisio de alimentao eltrica e ausncia
de conexes crosta terrestre. Desses fatores, percebe-se imediatamente
a capacidade de afetao desse invento por meios invisveis aos sentidos
estritamente corpreos, e torna-se clara sua convenincia metodolgica, haja
visto permitir um isolamento ainda maior do aparelho em relao ao entorno
palpvel.

2.6.1 - do acesso aos materiais


Considerando as muitas dificuldades e(ou) impossibilidades de se reproduzir a
rigor algumas das partes do invento de Tesla - seja em razo das imprecises
de algumas das informaes presentes no referido documento, seja em face
das inviabilidades tcnicas que ao longo do processo emergiram - vimonos compelidos a optar por componentes eletrnicos industrializados que
proporcionassem valores (capacitncia, resistividade, condutncia etc.)
concordantes aos descritos na referida patente.
Assim, reunidos os componentes, pudemos proceder montagem, tendo
como base o esquema eletrnico e a lista apresentados abaixo. Essa etapa fora
9 ) [RINALDI, 1997, pp.7-11]

CAMPO LANDELIANO

81

registrada em imagens fotogrficas, das quais escolheramos momentos mais


relevantes do processo (vide apndice I).
01 - recipiente de vidro (invlucro do aparelho)
01 - disco de Plexiglas 3mm (placa-base para montagem dos componentes)
01 - capacitor varivel de valor 60 a 160 Picofarad (C1)
01 - knob compatvel ao capacitor varivel (para ajuste fino)
01 - barra de ferrite para antena (F1)
01 - diodo de germnio 1N34A (D1)
01 - capacitor cermico de valor 0,01 Microfarad; modelo 102 (C2)
01 - resistor de valor 47K (R1)
02 - conectores para painel (entradas das antenas)
04 - plugues para conector do tipo painel (terminais de conexo das antenas)
01 - conector 3.5 mm mono-aural para painel (sada de udio)
01 - miliampermetro para medio de 0 a 200 mA (para medio numrica
dos sinais captados)
02 - fones de cristal (para transduo/audio dos sinais captados)

82

BONILHA, S.

2.6.2 - da localizao do laboratrio


A busca por um local onde se pudesse desenvolver experimentos relativos aos
contatos interdimensionais tomou mais tempo do que se podia prever, gerando
problemas num primeiro momento e grande benefcio logo em seguida.
Felizmente, somente quando j estvamos bastante parametrizados por
estudos tericos de pesquisadores outros, surgira casualmente a oferta de um
imvel adequado aos requisitos metodolgicos depreendidos de tais estudos e
concordante com nossas limitaes pecunirias.
Fora ento eleita como morada da base experimental uma pequena sala do
Edifcio Diederichsen, conjunto arquitetnico multiplano mais antigo da
cidade de Ribeiro Preto e do interior do Estado de So Paulo. Em uso desde
1936, tal edifcio nunca fora descaracterizado, abrigando atmosfera bastante
densa, marcada por vestgios daqueles que ali passaram desde os anos 1930.
Atualmente, a Santa Casa de Misericrdia de Ribeiro Preto administra o
imvel, oferecendo pequenos conjuntos a um preo bastante acessvel, fator de
suma importncia em nosso caso.

2.6.3 - do mtodo aplicado


Tendo como elemento central da captao de energias ondulatrias o diodo de
germnio acima listado, pode-se considerar os demais componentes como peas
auxiliares, destinadas amplificao dessa capacidade reacional do germnio.
Portanto, qualquer dispositivo acessrio diretamente ligado ao aparelho em
questo poderia produzir artefatos de tcnica indesejveis.
Com isso em vista, resumimos ao mximo o arranjo de equipamentos destinados
coleta de dados, deixando apenas um micro-controlador programvel e um
gravador de udio digital junto ao aparelho receptor. As gravaes ocorreram

CAMPO LANDELIANO

83

diariamente, em mdulos de 05 minutos desencadeados automaticamente


pelo circuito micro-controlador, sempre a partir das 23:00 - aproveitando a
reduo de rudos e atividades vizinhas. Foram gravadas as amostras at que se
preenchesse totalmente um disco de tipo MD-80 em qualidade mxima e canal
mono, resultando em 32 gravaes (tempo total do disco / tempo da gravao
diria = nmero de amostras).
Todas as gravaes foram submetidas a anlise grfica via computador
e apreciao acstica de dois pesquisadores convidados, que trocavam
informaes entre si aps as sesses de audio. Dessa forma, chegou-se ao
tabulamento de dados (vide seo 2.6.4) a partir do qual houvemos algumas
possibilidades de interpretao.

2.6.4 - achados sonoros e numricos


Das sesses de escuta e discusso sobre amostras sonoras derivaram relatos
mais subjetivos, porm bastante importantes para a formulao de nossas
hipteses. Ouviram-se em diversos momentos das gravaes repetidos picos
de estranha atividade rtmica e tonal, muito diferentes de quaisquer outros sons
produzidos por seres vivos conhecidos pelos pesquisadores envolvidos.
Desta feita, tentou-se auferir, por meio da traduo grfica das faixas sonoras,
uma anlise numrica que permitisse-nos encontrar alguma lgica ou padro
compreensveis. Mas, talvez por ineficincia do modelo de anlise, talvez
em razo da noo de linguagem sonora que o presente autor carrega, nada
similar aos significantes lexicais terrenos foi identificado por esse caminho.
Apenas a percepo de variaes ainda muito irregulares fora obtida, levandonos acreditar na possibilidade de alguma correlao com as formas de

84

BONILHA, S.

existncia definidas por Rudolf Steiner como almas de grupo, quando de


suas conferncias proferidas na cidade de Colnia em 1908. Segundo Steiner,
os animais so perpassados por correntes que, em nmero infinito, fluem
em todas as direes ao redor da Terra e atuam sobre os animais fluindo
(...) continuamente em movimento circular, em todas as alturas e direes
[STEINER (1908), 1996, p.16].
Portanto, se houvermos captado algo como essas correntes de nmero
infinito, seria impossvel decifrar tamanha profuso de informaes, o que
explicaria as dificuldades encontradas na busca de um padro matemtico ou
sonoro identificveis; por outro lado, se essa energia existe em torno de ns
sem que a percebamos, seria muito difcil encontrar algum dado que no fosse
necessariamente uma distoro dos padres dessa dinmica planetria. Como
bem aponta Raymond Murray Schafer em seu clebre compndio, A afinao
do Mundo [SHAFFER (1977), 1997, p.145], seria algo como tentar ouvir
a Msica das Esferas ou separar da paisagem um som que, por ter sempre
existido, no pode mais ser percebido.

3 - concluso
Revisados os perodos e experimentos que ao longo dos ltimos sculos tem
contribudo para a efetivao de contatos os mais distantes possveis, chegada
a hora de reelaborar em forma de sntese essa avolumada coleo de relatos e
dados pela qual acaba de passar o leitor. Sem visar a extraes taxionmicas
ou cristalizadoras do assunto, separamos em dois blocos nosso ltimo captulo,
um mais objetivo, outro mais reticente.
Enfim, faz-se necessrio assumir a inconclusividade do experimento acima
descrito, sem com isso perder de vista que, tanto a impossibilidade de

CAMPO LANDELIANO

85

comprovar uma idia quanto a impossibilidade de comprovar seu contrrio


podem, igualmente, manter a latncia de uma mesma suspeita. Assim, da
presente dissertao, bem mais do que concluses, espera-se dvidas pertinazes
que promovam algum escape aos enganos usualmente sobrepostos ao incerto e
ao desconhecido, tomando fora de verdade justamente pela falta explicaes
facilmente encadeveis que venham a substituir tais simulacros.

3.1 - recorrncias tericas


Assunto muito freqente na bibliografia sobre a qual nos debrumos foi a
busca por teorias comprobatrias das dimenses paralelas. Cada qual baseada
num certo tipo de retrica/raciocnio/linguagem, porm, todas afeitas idia
de uma possvel heterogeneidade do universo, que poderia abrigar instncias
a um s tempo separadas e unidas entre si. Guardadas as devidas propores,
pde-se encontrar profundas congruncias entre autores de diferentes meios
intelectuais/discursivos como, Friedrich Zllner (catedrtico de Astrofsica da
Universidade de Leipzig; final do sculo XIX), Frederic Myers (co-fundador
da Society for Psychical Research) e o esprito Andr Luis (psicografado por
Chico Xavier em Nosso Lar); os trs autores descrevem a existncia de uma
quarta dimenso, cada qual comprovando-a de um modo. Da mesma maneira,
descries sobre a existncia de um elemento anterior matria e comum aos
vrios momentos do universo tambm aparecem em momentos especficos
da obra de autores igualmente diversos. David Bohm, Hernani Guimares e
Landell de Moura, sob nomenclaturas diferentes, esforaram-se para descrever
essa espcie de fator primevo da existncia, que tanto serviria de base quanto
atravessaria todos os eventos que na infinitude se desenvolvem.
Assim, sem embargo algum - tomando para ns essas possibilidades tericas
sobre a existncia de dimenses paralelas e sobre a presena de um elemento

86

BONILHA, S.

universal capaz de conect-las - poderamos reconsiderar as palavras de


Thomas Edison acerca dos transcontratos, tratando-as simplesmente como uma
breve ilao viabilidade dos contatos telecomunicacionais entre dimenses
distintas:
(...) se a personalidade existe depois daquilo que chamamos morte,
razovel concluir que aqueles que abandonam esta terra gostariam de
comunicar-se com aqueles que aqui deixaram. (...) se este raciocnio
est correto, ento, se pudermos produzir um aparelho to delicado,
que possa ser afetado, ou movido, ou manipulado (...) por nossa
personalidade, tal como ela sobrevive na vida que vem a seguir, tal
instrumento, quando estiver nossa disposio, dever registrar
alguma coisa.
Curiosamente, a adeso de pesquisadores afeitos ao campo da arte tambm tem
sido uma constante ao longo da histria dos contatos interdimensionais. Como
citmos anteriormente, Friedrich Jrgenson era cantor lrico e artista visual,
Attila Von Szalay fotgrafo profissional e Hilda Hirst, que tambm dedicouse com afinco pesquisa do EVP durante os anos 1970, sabemos todos,
legou vasta e reconhecida obra ao campo da literatura. Finalmente, devemos
citar o Dr. Mrio Ramiro, outro artista visual interessado nas pesquisas
sobre transcomunicao instrumental, que, recentemente (2008), publicou
elabordssima tese sobre Fotografia dos Espritos no Brasil, na qual rene
preciosos dados sobre a obteno de contatos interdimensionais na forma de
imagens tcnicas.

3.2 - consideraes finais


J bem prximos do encerramento, assinalemos algumas consideraes finais
importantssimas reviso das informaes anteriores. Comecemos portanto
com as palavras de Michel Foucault, quando de sua Aula Inaugural pronunciada
em dezembro de 1970 no Collge de France:

CAMPO LANDELIANO

87

No interior de seus limites, cada disciplina reconhece proposies


verdadeiras e falsas; mas repele, para fora de suas margens, toda
uma teratologia do saber. O exterior de uma cincia mais e menos
povoado do que se cr (...) talvez no haja erros em sentido estrito,
porque o erro s pode surgir e ser decidido no interior de uma prtica
definida; em contrapartida, rondam monstros cuja forma muda com
a histria do saber. (...) Muitas vezes se perguntou como os botnicos
do sculo XIX puderam no ver que o que Mendel dizia era verdade.
Acontece que Mendel falava de objetos, empregava mtodos, situavase num horizonte terico estranhos biologia de sua poca. (...)
Mendel era um monstro verdadeiro, o que fazia com que a cincia
no pudesse falar nele; enquanto Schleiden, por exemplo, uns trinta
anos antes, negando, em pleno sculo XIX, a sexualidade vegetal,
mas conforme as regras do discurso biolgico, formulava seno um
erro disciplinado. / sempre possvel dizer o verdadeiro no espao de
uma exterioridade selvagem; mas no nos encontramos no verdadeiro
seno obedecendo s regras de uma polcia discursiva que devemos
reativar em cada um de nossos discursos.
[FOUCAULT (1970), 2006, pp.33-35]
Pois bem, faamos agora pequeno esforo para unir o pargrafo acima s
palavras de Gilles Deleuze e Flix Guattari, em Capitalismo e Esquizofrenia,
quando da definio do conceito de mquina de guerra, diferenciando
dois tipos de cincia, uma rgia e outra menor ou nmade: H um
gnero de cincia, ou um tratamento da cincia, que parece muito difcil de
classificar, e cuja histria at difcil seguir. No so tcnicas, segundo a
acepo costumeira, Porm, tampouco so cincias, no sentido rgio ou
legal estabelecido pela Histria. A cincia nmade seria como um modelo
problemtico, e no mais teoremtico a partir do qual o problema no
um obstculo, a ultrapassagem do obstculo, uma projeo, isto , uma
mquina de guerra e a cincia nmade seria portanto todo esse movimento
que a cincia rgia se esfora por limitar, quando reduz ao mximo a parte do
elemento-problema, e o subordina ao elemento-teorema. [DELEUZE;
GATTARI, 2008, p-24-25]

88

BONILHA, S.

Talvez seja excessivo qualquer comentrio de nossa parte em relao aos excertos
recm-citados. Todavia, gostaramos de adicionar uma ltima contraposio
ortogonal, que poder sintetizar sobremaneira os modus operandi, faciendi
e vivendi acadmicos que, interna e externamente, atravessaram, insuflaram e
combateram o presente estudo para lhe dar forma:
O autor aquele que d inquietante linguagem da fico suas
unidades, seus ns de coerncia, sua insero no real. (...) O autor,
no entendido, claro, como o indivduo falante que pronunciou ou
escreveu um texto, mas o autor como princpio de agrupamento do
discurso, como unidade e origem de suas significaes, como foco de
sua coerncia. (...) no que se chama globalmente um comentrio, o
desnvel entre texto primeiro e texto segundo desempenha dois papis
que so solidrios (...) permite construir (e indefinidamente) novos
discursos (...) dizer enfim o que estava articulado silenciosamente
no texto primeiro. (...) O comentrio conjura o acaso do discurso
fazendo-lhe sua parte: permite-lhe dizer algo alm do texto mesmo,
mas com a condio de que o texto mesmo seja dito e de certo modo
realizado.
[FOUCAULT (1970), 2006, pp.24-28]

CAMPO LANDELIANO

91

4 - BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, Hamilton. Padre Landell de Moura, um heri sem glria: o
brasileiro que inventou o rdio, a TV, o teletipo... Rio de janeiro: Editora Record,
2006. 312 p.
__________________. Landell de Moura. 5 Edio. Porto Alegre: Tch!,
1984. 91 p.
ANDRADE, Hernani Guimares. A transcomunicao atravs dos tempos.
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CAMPO LANDELIANO

5 - APNDICE

95

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BONILHA, S.

Nikola Tesla (acima) e Konstantin Raudive (abaixo)

97

CAMPO LANDELIANO

Roberto Landell de Moura

Guglielmo Marconi

George Meek
Friedrich Jrgenson

Dr. Hans Bender

98

BONILHA, S.

Dr. David Bohm

Dr. Friedrich Zllner

Frederic Myers

R. Murray Schaffer

CAMPO LANDELIANO

rplica funcional do Transmissor de Ondas de Roberto Landell

99

100

BONILHA, S.

capacitor varivel

diodos de germnio

capacitor cermico

barra de ferrite

fio de cobre slido (p/ antena)

fio de cobre esmaltado

CAMPO LANDELIANO

101

resistores

componentes utilizados na
montagem do experimento descrito
ao longo da seo 2.6;
fones empregados nas sesses de
anlise/audio;

miliampermetro

plaqueta de identificao

disco tipo MD-80 no qual foram


gravadas as amostras.

102

BONILHA, S.

circuito recm-montado (acima) e em funcionamento (abaixo)

CAMPO LANDELIANO

fachada do edifcio Diederichsen (acima) e ambiente interno (abaixo)

103

104

BONILHA, S.

6 - ANEXOS

CAMPO LANDELIANO

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