Webjornalismo
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WEBJORNALISMO
:: TEXTO E HIPERTEXTO,
HIPERTEXTO E HIPERMÍDIA ::
Já no caso de um hipertexto, nos confrontamos com um tipo de texto que não está
inteiramente manifesto e “feito”, que permite conexões, expansões e ligações.
De modo que essa reserva potencial é um dos fatores mais cruciais que
diferencia um hipertexto jornalístico de um mero texto. As diferenças existentes
entre ler um texto “normal” e um “hipertexto” são muitas, principalmente porque
a potencialidade e a virtualidade estão muito mais presentes no hipertexto, sendo
que este permite um maior aprofundamento no assunto, uma conexão rápida com
outros conteúdos semelhantes, um mergulho mais radical em informações
pormenorizadas (mesmo que às vezes conflitantes e contraditórias).
Talvez por isso possamos dizer que quando estamos frente a um hipertexto,
em nossa tela de computador, não estamos meramente frente a um texto único, mas
sim frente a algo parecido com um depositório de muitos textos, alguns dos quais o
leitor selecionará para ler, outros que rejeitará e deixará em seu estado de mero
material de reserva. “Um hipertexto é uma matriz de textos potenciais...” (LÉVY: p. 40),
como comenta muito pertinentemente Pierre Lévy. Poderia ser dito igualmente que
um hipertexto é uma espécie de texto inicial que oferece, em seu interior, muitos
outros textos potenciais. Lévy enxerga nisso, inclusive, uma espécie de retorno de
uma certa conjuntura que caracterizava a comunicação oral, como ele explica no
trecho a seguir:
Mas é claro que as transformações trazidas pela Internet como novo meio de
comunicação extrapolam e muito esta mera inovação que chamamos “hipertexto” -
tanto que muitos preferem expandir esse conceito um tanto limitado (e talvez até
mesmo condenado a se tornar obsoleto, apesar de seu surgimento tão recente!) e
falam já em termos de “hipermídia”, um conceito muito mais complexo, vasto e
abrangente dentro do qual o hipertexto se enquadraria como uma mera categoria
entre tantas outras. Beth Saad destaca que
Falar sobre o jornalismo e as novas formas que ele irá encarnar na chamada
Era Digital não é assunto de pouca importância, considerado que o setor de
informação e comunicação, dentro do qual o jornalismo se enquadra,
Mas é evidente que exige-se das empresas uma grande agilidade em termos
de acolhimento de novidades tecnológicas e modificação de estratégias no
ambiente digital, já que
Do mesmo modo que não podemos constatar (nem desejar) nenhuma radical
transformação nos valores éticos que permeiam o jornalismo em sua encarnação
sob a forma digital, também podemos dizer que, mesmo com todas as
transformações impostas ao jornalismo com a chegada das novas tecnologias, certas
funções tradicionais dentro da profissão não se tornaram, de modo algum,
ultrapassadas ou obsoletas. Uma destas funções é a do editor, que permanece sendo
uma figura de relevância crucial dentro de uma publicação voltada para a Web.
Isso porque
:: DO UNIDIRECIONAL AO BIDIRECIONAL ::
Uma das mais radicais transformações diz respeito ao papel do receptor das
informações. Tradicionalmente, o leitor de um jornal ou de uma revista permanecia
como uma espécie de receptor passivo de informações prontas, entregues a ele
pelas empresas jornalísticas de sua escolha, sendo que seu espaço para interação,
sugestão e comentários era muito restrito – sem falar que ele não contribuía em
nada com a confecção das matérias e com o fornecimento de conteúdo. Com a
Internet toda essa realidade muda e os receptores de informação deixam de ser
passivos e passam a ter a possibilidade de uma verdadeira interatividade com os
produtores da informações, podendo inclusive se tornarem contribuidores e
produtores de conteúdo.
:: IMEDIATISMO e
TRANSFORMAÇÕES NA LEI DA OFERTA E DA DEMANDA ::
Por isso se fala numa suposta “inversão de forças” que estaria ocorrendo
entre oferta e demanda como uma consequência inelutável das novas tecnologias:
as empresas jornalísticas no mundo digital não mais “produzem
proporcionalmente ao que o público consegue consumir”, já que na Internet há a
possibilidade de que uma oferta maior que a demanda, por assim dizer, ou seja,
uma “superprodução de informação” que não será inteiramente aproveitada por
cada um dos usuários, mas que ficará livre para ser explorada livremente. Não
custa lembrar que a Web não sofre tanto com a “limitação espacial” que aflige os
jornais e revistas, que têm espaços específicos e limites de páginas e de caracteres
que não podem ser ultrapassados, o que constitui uma dificuldade para passarem
seus conteúdos – enquanto que “a quantidade de informações na World Wide Web
é ilimitada” (SAAD: 2003).
Uma vez que o leitor digital, ao invés de ser um mero receptor passivo de
informações prontas e limitadas, como era enquanto leitor de jornais e revistas
tradicionais, ele transforma-se em alguém que participa muito mais ativamente do
processo de constituição e construção da “informação”: seleciona os caminhos por
onde irá passear pelas veredas digitais, tem seu percurso particular de acordo com
os links que escolherá clicar e abrir, poderá contribuir ele mesmo com novo
conteúdo...
:: A BITZAÇÃO DA INFORMAÇÃO
E A REDEFINIÇÃO DA MÍDIA DE MASSA ::
O que significa, claro, que grande parte das empresas tradicionais vê-se
diante de uma dilema tendo que “migrar”, por assim dizer, de um ambiente
analógico para um digital, de um universo onde o importante eram os átomos para
outro onde impera o reinado do bit, muitas delas tendo dificuldades para
transformarem adequadamente seus conteúdos do modo analógico para o digital,
outras não conseguindo ao certo como prestar no mundo da Internet os serviços do
mesmo modo e com a mesma eficácia que conseguiam no mundo “concreto”, por
assim dizer.
Não serão poucas as empresas tradicionais que acabarão por sucumbir ou ter
muito de seu poderio e influência enfraquecidos casam não consigam embarcar de
fato na rodovia digital, enquanto empresas antes de pequeno ou médio porte agora
têm diante de si a possibilidade de um crescimento rápido, caso consigam adaptar-
se melhor e com mais criatividade ao universo da Web.
“Agora imagine que o último degrau (ou fase) não ocorra em uma
gráfica de impressão, mas sim que os bits sejam entregues a você,
leitor, como bits. Você pode preferir imprimi-los em sua casa para
que possa aproveitar todas as conveniências de uma HARD COPY
(para a qual o uso de papel re-utilizável é recomendado, para que
todos nós não necessitemos de uma enorme pilha de papel em
branco a ser impresso). Ou talvez você prefira fazer o download
deste bits direto para o interior do seu laptot, palmtop, ou até
mesmo, algum dia, para o seu “receptor” perfeitamente flexível,
totalmente colorido e de alta-resolução, à prova d'água (que
acontece de se parecer exatamente com uma folha de papel e
cheirar como uma, também, se isso lhe agrada).” (NEGROPONTE:
1995, p. 56)
Claro que o autor, neste trecho, faz uma pequena brincadeira com suas
profecias ao imaginar o futuro da informação e do consumo do jornalismo. Mas
não deixa de ser algo plausível que imaginemos que realmente surgirão, cada vez
mais, diferentes aparelhos, dos mais diversos formatos e estilos, alguns parecendo
livros ou revistas, que serão uma espécie de PC em miniatura, conectados à
internet, e que estarão programados para fazer download de bits de certas
empresas – as editoras do novo mundo digital... - e exibi-las na tela de um modo
que poderá, é claro, sinergizar texto, foto, vídeo, aúdio e muito mais. Não é
completamente absurdo imaginar um tempo, num futuro não muito distante, em
que comprar jornais ou revistas feitos de papel seja algo obsoleto, um costume para
entrar nos livros de história como uma curiosidade de tempos idos, e que a
humanidade do futuro vá lidar com a informação sempre através de uma interface
gráfica que transmuda bits em mensagens visuais.
Uma suspeita que alguns podem ter diz respeito à possibilidade do “fim do
escrito”, ou ao menos das forças tradicionais do texto escrito e impresso que
conhecemos... Com a fusão de várias mídias em uma só, nesta salada de frutas da
Internet em que se mistura texto, imagens, vídeos, sons, animações e anúncios,
estará condenada ao nada a forma tradicional de apresentação de um texto? Ou
será isso ser apocalíptico demais? Pierre Lévy filosofa:
Como se sabe, Pierre Lévy via com muito otimismo a perspectiva da criação de
uma certa “inteligência coletiva” através do desenvolvimento das tecnologias de
informática e comunicação, de certo modo prolongando as boas profecias que fazia
o também otimista Marshall McLuhan. Segundo Lévy,
Pode ser que um otimismo tão grande se preste ao escárnio de alguns, mas
poucos negariam o fato de que a Internet permite a criação de conteúdos através de
várias mãos e vários cérebros, dispersos no espaço e separados no tempo, de modo
que tem todo sentido do mundo falar em uma “inteligência coletiva”, distribuída
em toda parte, que produz (e não pára nunca de produzir) novos conteúdos.
Pensemos em qualquer website jornalístico exclusivamente virtual e no modo como
há a possibilidade de que as matérias ali veiculadas tenham sido produzidas nos
mais diversos estados da nação, ou mesmo no exterior, juntando-se ali naquele
espaço da Web.
:: CONSIDERAÇÕES FINAIS ::
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MARTIN, Chuck. The Digital Estate: Strategies for Competing, Surviving and Thriving
in an Internetworked World (Nova York: McGraw-Hill, 1996).
EVANS, Philip & WUESTER, Thomas. Blown To Bits: How The Economic Of
Information Transforms Strategy. Boston: Harvard Business School Press, 2000, p. 39.