Volpi
Volpi
Volpi
A EMOO DA COR
28 de maro a 29 de maio de 2014
VOLPI
VOLPI 3
AD
AD
VOLPI
A EMOO DA COR
" bastante difcil encontrar-se um pintor de mais tranquilo e radical alheamento de sua prpria
obra. Isolado, trabalha com afinco e independncia. Trabalha pela necessidade, imperiosa de seu
esprito, como que guiado por estranhas foras que o impelem, subjugando todo o seu eu,
narcotizando todas as suas energias. Absolutamente sincero, real, um colorista de invulgar
riqueza e dramaticidade (...). Sabe cantar as cores, mesmo as violentas, em sinfonia de exata
orquestrao. sua psique de artista. Na sua produo todas as tonalidades se entrelaam
possuindo o timbre argentino da harmonia. (...) Sua pintura ricamente construda, estranhamente
disciplinada, sem nenhuma concesso ao brilho, ao virtuosismo e nem mesmo fantasia. Arte
pura, sem artifcio. (...) Planimetria perfeita, colorido justo, atmosfera, vibratibilidade, so os
atributos que vivem na sua tela e que se prolongam em todos os outros trabalhos. (...) Algumas
de suas [obras] revelam gnio. So originais. No copiam os modelos conhecidos. Perturbadora(s)
na exuberncia do colorido. No que o artista seja um improvisador de sinfonias gritantes. Muito
pelo contrrio. um regente que ordena todas as notas e harmonias em partitura clara, grandiosa,
numa gama de perfeita unidade." 1
Surpreendentemente, o texto acima, uma avaliao irretocvel da obra de Volpi, foi escrita pelo
crtico de arte Virglio Maurcio, em 1935 2. O artigo, intitulado Volpi, o Wagner da pintura, foi
publicado no jornal O Imparcial, e resgatado por Marco Antonio Mastrobuono no seu livro Alfredo
Pinturas e Bordados. 3
O texto refere-se s suas paisagens, naturezas-mortas e retratos, mas deixa claro, para quem
sabe ver, que o Volpi de 1975, com suas Ogivas vibrantes, j estava contido no Volpi de 1935.
Artista de rara qualidade, ele envelheceu como um vinho de safra excepcional, aprofundando
aromas.
Alfredo Volpi uma rara unanimidade na arte brasileira. talvez o artista que acumula o maior
nmero de retrospectivas e livros publicados. Sua obra foi analisada, aplaudida, incensada e
dissecada por quase todos os crticos de arte do pas, dos anos 1930 at hoje. Sempre teve
admiradores fiis, como o amigo e artista Ottone Zorlini, que chegou a realizar na sua casa uma
retrospectiva de Volpi, apenas com obras de sua propriedade; foi adotado pelo articulado grupo
dos artistas concretos nos anos 1950, e depois teve sua volta os chamados volpistas - que o
acompanharam at o fim. O grupo, composto por amigos, colecionadores e marchands, foi a
origem do Instituto Alfredo Volpi de Arte Moderna que, entre outras aes, catalogou 2.239
obras do artista, proporcionando aos pesquisadores um amplo material de estudo.
Na realizao desta exposio verifiquei que muito raro algum ter um s Volpi. A magia que
se desprende de sua obra to poderosa que torna-se quase um vcio. Em todas as casas, dos
trinta colecionadores que cederam obras para esta mostra, ouvi a frase: Os meus Volpis so os
mais lindos que eu conheo. E, muito alm do cabotinismo, existe uma verdade nessa afirmao,
pois a convivncia com uma obra de Volpi vai revelando infinitas sutilezas: o grau de diluio das
Virglio Maurcio da Rocha (Lagoa da Canoa, 4 de abril de 1892 - Belo Horizonte, 13 de dezembro de 1937) foi um pintor, mdico,
jornalista, crtico de arte e escritor brasileiro. Fundou e manteve em So Paulo a revista O Mensrio de Arte.
2
O Imparcial, So Paulo, 20 de maio de 1935
3
Publicado pelo Instituto Alfredo Volpi de Arte Moderna, So Paulo, 2013.
1
VOLPI
VOLPI 5
AD
AD
tintas, a aplicao mais forte ou leve das pinceladas, a harmonia das cores e muitas outras
filigranas. Olhar atentamente um trabalho do artista mergulhar no seu universo, compreender
a essncia de sua famosa frase: Meu problema de forma, linha e cor.
Reconhecido em vida como um mestre, Volpi era muito tmido, queria apenas pintar. O crtico e
estudioso de sua obra, Olvio Tavares de Arajo, relata que, convidado pelo ento governador
Paulo Egydio Martins para almoar no Palcio dos Bandeirantes, no dia de seus 80 anos, Volpi
achou melhor convid-lo para ir sua casa. E ele foi. No fim do almoo, ao autografar um
trabalho para o governador, perguntou ingenuamente: Eh! Como mesmo o seu nome?.
Recebeu inmeras homenagens para as quais tinha que sair de casa, vestir-se bem, falar com
muita gente, receber e agradecer elogios. No gostava de nada disso, e um dia desabafou com
Olvio: A Glria uma coisa chata!
Volpi nasceu em Lucca, na Itlia, em 14 de abril de 1896, era o terceiro filho de Ludovico di Luigi
e Giuseppa Gasparini. Sua famlia emigrou para o Brasil em outubro de 1898. Aos doze anos de
idade foi trabalhar na seo de encadernao de uma tipografia. J gostava de misturar cores e
brincava com uma aquarela comprada com seu prprio dinheiro. Em 1912 comeou a trabalhar
como pintor-decorador de residncias. L aprendeu a misturar as tintas, preparar o reboco, e
marcar os esboos. Em pouco tempo foi promovido a decorador. Seus primeiros trabalhos
pessoais datam de 1914 e eram realizados sobre papelo, reproduzindo paisagens ou registrando
situaes do seu cotidiano.
Em 1918, a realizao de uma decorao mural abriu novas possibilidades para o jovem arteso.
O trabalho foi feito juntamente com o pintor Orlando Tarqunio e este incentivou Volpi a pintar,
a buscar seu caminho como artista, mostrando a ele as possibilidades da Grande Arte,
desvinculada do uso decorativo - uma distino que ele guardaria para sempre. H que se
observar que, essa busca se daria em nvel bastante modesto. A educao formal de Volpi no
passou do primrio; ele sempre falou com forte sotaque, maltratando tanto o portugus quanto
o italiano...e precisava trabalhar. Assim, ele no foi estudar numa academia, e vivia muito longe
das experimentaes dos nossos modernistas, mas tinha algum acesso ao que ocorria na Europa.
Numa estratgia de sobrevivncia, os imigrantes italianos viviam quase isolados. Seus
relacionamentos externos eram apenas voltados para o trabalho, afora isso falavam sua lngua
natal, casavam entre si e liam jornais como o Fanfulla, mas, segundo o crtico Lorenzo Mammi:
Era um ambiente confuso e com frequncia ingnuo, mas no desprovido de vivacidade nem
de todo desatualizado, graas sobretudo intensa imigrao de artistas europeus e ao vaivm
dos bolsistas do estado que iam estudar na Europa. O crtico tambm aponta as tendncias
vigentes no perodo: Impressionistas, pontilistas e macchiaioli eram aliados naturais contra a
pintura acadmica(...) Eram linguagens mais modernas, mesmo que os objetivos fossem
modestos, e as poticas conservadoras. 4
Volpi praticava o que era conhecido na poca como manchas, pinturas de observao, em
geral realizadas em suportes de pequenas dimenses e materiais simples como madeira ou
carto. Trabalhava com pequenas pinceladas, pastosas, iluminando detalhes, num vago
impressionismo, mas, em algumas dessas obras j possvel perceber uma grande sensibilidade.
Em 1925 ele participou de sua primeira exposio coletiva, no Palcio das Indstrias, e vendeu
uma obra que retratava sua irm costurando.
No ano seguinte, levado por amigos, assistiu conferncia ministrada por Marinetti, o terico do
futurismo italiano, no teatro cassino Antrtica, e sobre ela declarou anos depois: mas eu no via
4
trabalho... s via aquelas poesias que eles declamavam e mais nada... no trouxeram trabalho
aqui...5
Em 1927 Volpi conheceu Benedita da Conceio, chamada por todos de Judite, com quem
viveria por 45 anos, at morte dela. Seu casamento, formalizado apenas em 1943 6, foi mais um
fator de isolamento de Volpi. Judite era negra e o relacionamento deles era encarado com
restries pela sociedade da poca. Assim eles viviam num mundo prprio, cercados apenas
pelos amigos.
Outro acontecimento decisivo ocorreu para Volpi em 1933. Ele foi apresentado a Francisco
Rebolo, tambm pintor-decorador. Levado por ele passou a frequentar as sesses de modelo
vivo no Palacete Santa Helena, na praa da S, onde ento se reuniam Mario Zanini, Manoel
Martins, Humberto Rosa, Flvio Pennacchi, entre outros. Eles tinham muitos pontos em comum:
eram imigrantes e precisavam trabalhar, mas queriam ser artistas, por isso dividiam custos do
atelier e dos modelos, e partilhavam experincias pintando juntos os subrbios da cidade de
So Paulo - com sua paisagem cada vez mais rala. Posteriormente ficaram conhecidos como o
Grupo Santa Helena, sem que na poca tivessem qualquer pretenso de ser um movimento.
Mais do que qualquer tcnica ou tema, o importante para Volpi foi a oportunidade de conviver
com iguais, o que o levou a frequentar as principais exposies, a ter acesso a livros de arte e a
trocar vivncias. Tambm marcante foi o encontro com Ernesto de Fiori com o qual, mais do que
tcnica, aprendeu um conceito que iria revolucionar sua obra: o de separar o assunto da
pintura.
Na segunda metade dos anos 1930 comeou a viajar com frequncia para Itanham, onde Judite
estava residindo por recomendao mdica. A cidade praiana era pequena, com casas coloniais
e uma bela luz. A disposio quase esquemtica da arquitetura encontrava eco na pintura do
naf Emygdio de Souza que l residia. Volpi comeou a pintar junto com ele, admirando sua
capacidade de sntese, de reduo essncia. Foi um ponto de inflexo na obra de Volpi. Nesse
perodo o artista pintou muito a paisagem e o mar, mas aos poucos foi abandonando e deixou
o assunto, deixou de observar a paisagem para pintar o que ficava retido em sua memria. Foi
um momento de abertura de muitas possibilidades, e o artista estava dividido entre elasbuscando seu caminho.
Revelando seu lado antropfago, Volpi tambm testou solues que o encantaram em Matisse,
Czanne e Dufy, entre outros artistas. Mas, apesar de sua conhecida modstia, Volpi nunca
admitiu ter tido influncia de ningum - o que de certa forma verdadeiro, pois apenas adejou
por elas.
No ms de abril de 1944, Volpi realizou sua primeira exposio individual, na Galeria It, em So
Paulo, com texto de apresentao de Mrio Schenberg. Em fato indito para a poca vendeu
todos os quadros. Ao comentar a mostra Srgio Milliet observa esse artista que est testando
alternativas: (...) a grande variedade de telas expostas poderia ter provocado alguma
desorientao no pblico. primeira vista, essa obra que resulta em trinta anos de trabalho no
apresenta uma linha precisa de evoluo. Mas um exame atento destaca logo inmeros
denominadores comuns em todas as telas. 7
Ainda no mesmo perodo, outra mudana fundamental ocorreu na obra de Volpi, ele deixou de
Entrevista a Radha Abramo, 5 de abril de 1976.
Em todas as cronologias de Volpi publicadas at hoje, o casamento datado em 1942. Recente pesquisa de Marco Antonio
Mastrobuono localizou o documento original, de 1943, reproduzido integralmente no j citado livro Alfredo pinturas e bordados.
7
MILLIET, Srgio in Dirio crtico, 30 de abril de 1944
5
VOLPI
VOLPI 7
AD
AD
lado o leo e passou a trabalhar com a tmpera. O artista, que j preparava os chassis e as telas
para suas obras, passou a criar tambm as suas tintas. A tmpera uma tcnica antiga na qual
os pigmentos so misturados a um aglutinante, em geral o ovo. Seu tempo de secagem muito
rpido o que faz com que o tracejado do pincel torne-se visvel. Volpi resgatou todo o
aprendizado de pintor-decorador de afrescos da sua juventude e incorporou as caractersticas
da tmpera ao seu trabalho, obtendo um resultado inteiramente pessoal que se tornaria sua
marca. A tcnica tambm deu a ele uma cultivada liberdade pois no era mais preciso usar as
cores industriais e aguardar o demorado processo de secagem da tinta a leo. Com o tempo seu
domnio da tmpera foi atingindo a excepcionalidade, e iria torn-lo dono e senhor da Cor.
Contribuiu ainda mais para isso a sua nica viagem Europa, em 1950, na qual conheceu a obra
de Giotto, Piero della Francesca e Margaritone - mestres da tmpera. Todos os relatos sobre o
artista registram as muitas visitas que fez a Pdua para visitar a Capella degli Scrovegni.
No incio da dcada de 1950 Volpi acentuou a dimenso bidimensional de suas telas. Iniciou as
pinturas de fachadas e na sequncia verticalizou as imagens, que se desdobraram em faixas,
numa sntese cada vez maior. A originalidade de sua obra no passou desapercebida da crtica.
Encantado com o trabalho do artista, o crtico e colecionador Theon Spanudis apresentou Volpi
para a tambm crtica Maria Eugnia Franco, e ela chamou Mrio Pedrosa para conhecer o
artista. Em 1953, o crtico ingls Herbert Read, do jri da Bienal Internacional de So Paulo,
defendeu com entusiasmo a obra de Volpi. E ex-aequo com Di Cavalcanti ele recebeu o prmio
de Melhor Pintor Nacional.
Dessa poca so os primeiros mastros e bandeiras pintados por Volpi, inspirado pela viso de
uma festa junina: (...) estava s, esperando o horrio do trem, de madrugada, fui dar uma volta,
ento tive este impacto, vi aquelas bandeiras. Tudo fechado com essas bandeiras, me emocionou
isso... Fiz uma tentativa, ento compus as fachadas com as bandeiras. Mais tarde, ento, consegui
resolver s com bandeiras. 8
A obra de Volpi tambm despertou o interesse dos artistas concretos que, naquele momento,
se articulavam com muita fora. Dcio Vieira e Fiaminghi tinham ateli prximo casa do artista
e estavam sempre com ele, assim como Waldemar Cordeiro, Mrio Pedrosa e Haroldo de
Campos. Estimulado por eles, Volpi realizou, no final da dcada de 1950, uma srie de pinturas
de rigor bidimensional conhecida como a fase concreta de sua obra.
Comentando a sua relao com o concretismo, em entrevista Folha de S. Paulo, de 28 de
setembro de 1975, disse Volpi: (...) A questo que sempre pintei as minhas pinturas que
saem, nunca fui atrs de corrente alguma. Os concretistas me convidaram, fui expor com eles...
mas nunca pensei em seguir algum ou qualquer corrente.
Apesar da afirmao, o fato que Volpi teve nesse perodo uma produo de caractersticas
concretistas, com o uso de formas e cores puras. Mas, no por muito tempo... breve ele
abandonou a composio ortogonal, suas linhas adquiriram luminosidade e vibrao, e a
conteno de cores se desfez.
Na dcada de 1960, na retomada do tema das fachadas e bandeiras, Volpi introduziu o movimento
nas suas composies: o vento enfuna as bandeirinhas; sacode mastros e fitas... A cor cresce e
as formas se simplificam, janelas e portas tornam-se apenas sugestes.
Outros elementos, como velas e barcos, aparecem em vagas aluses, assim descritas por Clarival
do Prado Valladares: So as telas tmpera, desses ltimos 5 anos, em que o espao constri
do espelho das guas, de reflexos geometrizados e ordenados, com um mnimo de interferncia
descritiva, quando muito, uma ponta de mastro, ou uma flmula de gvea, ou o espectro de um
barco. 10
Mas as plidas cores se transformam, o movimento torna-se mais efetivo, fitas agitam-se ao
vento por entre mastros listrados, que balanam nas guas. Desse embate, entre encontros e
vazios, nasce a chamada fase cintica, com tons contrastantes e acentuada presena de cores
como o preto, o branco e o vermelho.
Paralelamente Volpi faz experincias com as bandeirinhas, no mais vistas como um elemento
figurativo, mas como um mdulo: um quadrado do qual foi tirado um tringulo. E o artista as
coloca alinhadas, enfileiradas, estruturadas por mastros, justapostas, em formaes triangulares,
e em jogos ticos com o uso de vazados. Usa todas as cores: clarssimas, escuras, fortemente
contrastadas, ou apenas complementares. E gradua as pinceladas, que podem ser fortes, sutis,
muito aparentes, horizontais ou em ebulio.
Em meados de 1970, j com 80 anos, Volpi realiza as chamadas Ogivas, e nelas entrega-se
inteiramente Cor. So construes que se repetem, praticamente idnticas, e nas quais Volpi
faz infinitas permutaes cromticas.
O artista ainda assistiu grande exposio, no Museu de Arte Moderna de So Paulo,
comemorativa dos seus 90 anos, falecendo em 28 de Maio de 1988.
Apesar do grande nmero de obras, esta exposio, apresentada na Galeria Almeida e Dale,
apenas um recorte da obra de Volpi. No esto representados, por exemplo, seus santos e
madonas, a fase negra, ou os ladrilhos. Em contrapartida, a mostra propicia a compreenso do
processo de trabalho do artista ao fazer um mergulho em alguns temas que ele tratou
obsessivamente: o percurso das casarios s fachadas verticalizadas, a curta mas marcante
experincia concreta, a trajetria dos mastros pintura cintica e a das bandeirinhas s ogivas.
Foi bastante difcil selecionar entre belssimas obras colocadas s disposio pela generosidade
dos colecionadores. A todos agradeo.
Volpi era um homem simples, mas nem um pouco ingnuo, e sua simplicidade era de natureza
monstica. Segundo o mestre do ascetismo Evgrio Pntico um monge assim chamado
porque conversa com Deus noite e dia e no imagina seno as coisas de Deus, sem nada possuir
na terra. solitrio e se dirige a Deus em orao e contemplao incessante. Nada descreveria
melhor o artista:
Alfredo Volpi era um monge da Arte.
Denise Mattar
Curadora
Em 1958 realizou afrescos para a capela de Nossa Senhora de Ftima das Pioneiras Sociais, a
primeira igreja a funcionar em Braslia. Para o projeto de Oscar Niemeyer, uma singular tenda de
concreto, Volpi criou um afresco comovente, com uma santa entre bandeirinhas, em suaves
rosas e azuis. 9
8
9
Volpi em entrevista coordenada por Mrio Schenberg, no Museu da Imagem e do Som de So Paulo, no dia 2 de abril de 1971
Os afrescos, no mais existem, foram recobertos com camadas de tinta, a mando dos padres da capela.
10
Texto de apresentao do catlogo da exposio de Volpi na Petite Galerie, Rio de Janeiro, 1970.
VOLPI
VOLPI 9
AD
AD
VOLPI
Virglio Maurcio da Rocha (Lagoa da Canoa, April 4, 1892 - Belo Horizonte, December 13, 1937) was a Brazilian painter, physician, journalist, art critic
and writer. He founded and maintained in So Paulo the O Mensrio de Arte
magazine.
Early in the decade of 1950, Volpi accentuated the bi-dimensionality of his canvasses. He
began painting faades and then verticalized
the images, which unfolded into strips, in an
increasing synthesis. The originality of his
work did not go unnoticed by the critics. Enchanted by the artists work, critic and collector Theon Spanudis introduced Volpi to
the also critic Maria Eugnia Franco, and she
called Mrio Pedrosa to meet the artist. In
1953, English critic Herbert Read, a member
of the jury of the International Biennial of
So Paulo, enthusiastically defended Volpis
work. And ex-aequo with Di Cavalcanti he received the award of Best National Painter.
From then we have the first flagpoles and
flags painted by Volpi, inspired by the vision
of a June festival: (...) I was alone, waiting
for the arrival of the train, in the early morning, and went for a stroll, when I had this impact, I saw those flags. Everything was
closed with these flags, I was moved... I made
an attempt, and then I composed the faades
with the flags. Later, I managed to solve it
only with flags. 8
Volpis work also awakened the interest of
concrete artists who, at that time, were articulating strongly. Dcio Vieira and Fiaminghi
had a studio near the artists home and were
always with him, as was Waldemar Cordeiro,
Mrio Pedrosa and Haroldo de Campos. Thus
stimulated, Volpi created, at the end of the
decade of 1950, a series of paintings of bi-dimensional rigor known as the concrete
phase of his work.
Commenting his relationship with concretism in an interview to the Folha de S. Paulo
newspaper, of September 28, 1975, Volpi
said: (...) The point is that I always painted
my paintings which come out, I never followed any current. The concrete artists invited me, and I exhibited with them... but I
never thought of following anyone or any
current.
Despite this affirmation, the fact is that
Volpis production, during this period, had
characteristics of concretism, with the use of
pure colors and forms. But, not for long...
soon he abandoned the orthogonal composition, his lines acquiring luminosity and vibration, and the restrained colors were
abandoned.
In 1958, he made frescoes for the Nossa Senhora de Ftima das Pioneiras Sociais chapel,
the first church established in Braslia. For
Oscar Niemeyers project, a sole concrete
tent, Volpi created a touching fresco of a
saint among flags, in soft hues of pink and
blue.9
In the decade of 1960, when reviving the
theme of faades and flags, Volpi added
movement to his compositions: little flags
flutter in the wind; swaying flagpoles and ribbons... Color grows and the forms become
simpler; windows and doors become mere
suggestions.
Other elements such as sails and boats are
vaguely alluded to, and are so described by
Clarival do Prado Valladares: They are
Volpi in an interview coordinated by Mrio Schenberg, at the Museu da Imagem e do Som de So Paulo, on April 2, 1971
In all the Volpis timelines published to date, his marriage is dated as 1942.
A recent research by Marco Antonio Mastrobuono located the original document, from 1943, reproduced entirely in the above-mentioned book Alfredo
Paintings and Embroideries.
6
9
The frescos, that no longer exist, were covered with layers of paint, by order
of the priests of the chapel.
10
Introductory text for the catalogue of Volpis exhibition at the Petite Galerie,
Rio de Janeiro, 1970.
VOLPI
VOLPI 11
AD
AD
10
I have always painted what I felt, my painting, little by little, transformed itself, it begins with
nature, then slowly drifts away, at times it continues, I never think of what I am doing. I only
think of the problem of line, of form, of color. Nothing else... My paintings have a structure, the
problem is solely the painting, they dont represent anything. This comes little by little, it is
something slow, its a problem, it has always been so.
Alfredo Volpi
VOLPI
VOLPI 13
AD
AD
12
Sem ttulo
Paisagens
VOLPI
VOLPI 15
AD
AD
14
Paisagem
Paisagens
VOLPI
VOLPI 17
AD
AD
16
Casarios
Casarios
VOLPI
VOLPI 19
AD
AD
18
Eu no falo, eu pinto.
Alfredo Volpi
Sem ttulo
I dont talk, I paint.
Alfredo Volpi
VOLPI
VOLPI 21
AD
AD
20
Sem ttulo
Casarios
VOLPI
VOLPI 23
AD
AD
22
Casarios
Casarios
VOLPI
VOLPI 25
AD
AD
24
Fachadas
VOLPI
VOLPI 27
AD
AD
26
Fachadas
Fachadas
VOLPI
VOLPI 29
AD
AD
28
Fachadas
Fachadas
VOLPI
VOLPI 31
AD
AD
30
Brinquedos
VOLPI
VOLPI 33
AD
AD
32
Fachadas
Fachadas
VOLPI
VOLPI 35
AD
AD
34
Fachadas
VOLPI
VOLPI 37
AD
AD
36
um
rouxinegro
canta
no azul Volpi
uma asa
violeta
a escanteio
tringula
no
branco
volpinveste
um vermelho
de vermelhos
e ia a
bandeira
branca
rosgua o
rosa e
abre
para este
canto
onde
o rouxinegro
ogivando-se
azula
e:
re
quadros quadros
volpilminos
haroldo de campos
julho 1972
Concretos
Tmpera sobre tela
69 x 103,2 cm
Dcada de 50
Coleo particular
VOLPI
VOLPI 39
AD
AD
38
Elementos geomtricos
Elementos geomtricos
VOLPI
VOLPI 41
AD
AD
40
Concretos
Concreto
VOLPI
VOLPI 43
AD
AD
42
Concretos
Elementos geomtricos
VOLPI
VOLPI 45
AD
AD
44
Bandeirinhas estruturadas
Fachadas
VOLPI
VOLPI 47
AD
AD
46
Fachadas
Fachadas
VOLPI
VOLPI 49
AD
AD
48
Elementos de fachadas
Fachadas
VOLPI
VOLPI 51
AD
AD
50
Fachadas
Fachadas
VOLPI
VOLPI 53
AD
AD
52
Fachadas
Fachadas
VOLPI
VOLPI 55
AD
AD
54
Fachadas
Fachadas
VOLPI
VOLPI 57
AD
AD
56
Fachadas
Elementos de fachada
VOLPI
VOLPI 59
AD
AD
58
Fachadas
Fachadas
VOLPI
VOLPI 61
AD
AD
60
Fachadas
Fachadas
VOLPI
VOLPI 63
AD
AD
62
Fachadas
VOLPI
VOLPI 65
AD
AD
64
Elementos de fachadas
Only a loner, on his own, can know if he has anything to say or not.
Alfredo Volpi
VOLPI
VOLPI 67
AD
AD
66
Elementos geomtricos
Elementos geomtricos
VOLPI
VOLPI 69
AD
AD
68
Elementos geomtricos
Elementos geomtricos
VOLPI
VOLPI 71
AD
AD
70
Elementos naticos
Elementos naticos
VOLPI
VOLPI 73
AD
AD
72
Faixas e mastros
Faixas e mastros
VOLPI
VOLPI 75
AD
AD
74
Faixas e mastros
Faixas e mastros
VOLPI
VOLPI 77
AD
AD
76
Faixas e mastros
Faixas e mastros
VOLPI
VOLPI 79
AD
AD
78
Faixas e mastros
Faixas e mastros
VOLPI
VOLPI 81
AD
AD
80
Cinticos/Mosaicos
Cinticos/Mosaicos
VOLPI
VOLPI 83
AD
AD
82
Cinticos/Mosaicos
VOLPI
VOLPI 85
AD
AD
84
VOLPI
VOLPI 87
AD
AD
86
VOLPI
VOLPI 89
AD
AD
88
VOLPI
VOLPI 91
AD
AD
90
Bandeirinhas
Bandeirinhas
VOLPI
VOLPI 93
AD
AD
92
VOLPI
VOLPI 95
AD
AD
94
VOLPI
VOLPI 97
AD
AD
96
Ogivas
Ogivas
VOLPI
VOLPI 99
AD
AD
98
Ogivas
Ogivas
VOLPI
VOLPI 101
AD
AD
100
Ogivas
Ogivas
VOLPI
VOLPI 103
AD
AD
102
Minhas bandeirinhas
no so bandeirinhas;
so s o problema
das bandeirinhas.
Alfredo Volpi
Ogivas
My little flags arent little flags; theyre only the problem of the little flags.
Alfredo Volpi
VOLPI
VOLPI 105
AD
AD
104
Paisagens
Tmpera sobre tela
81,3 x 65,4 cm
Dcada de 50
Coleo particular
VOLPI
VOLPI 107
AD
AD
106
Alfredo Volpi
(1896 1988)
1927
1933
1935
1942
Expe no XLVIII Salo Nacional de Belas Artes, RJ e no VII Salo do Sindicato dos Artistas
Plsticos, SP. Conhece Mrio Schenberg, que adquire uma marinha de Itanham.
1943
1944
1918-1925 Realiza com Orlando Tarqunio a decorao mural para o Hospital Militar,
SP. O artista estimula Volpi a pintar. Participa da Segunda Exposio
Geral de Belas Artes da Sociedade Paulista de Belas Artes.
1934
Visita a Exposio de Arte Francesa onde aprecia obras de Van Gogh, Czanne, Dufy
e Matisse, entre outros. Participa do 1o Salo de Arte da Feira Nacional de Indstrias, SP.
Recebe Medalha de Prata no XLVII Salo Nacional de Belas Artes, RJ, e o primeiro prmio
em concurso do SPHAN. Participa do I Salo da Osirarte, SP.
1941
1945
Expe em coletivas na Galeria Benedetti e na Galeria Itapetininga, SP. Com outros artistas
trabalha na decorao de baile de Carnaval cuja renda destina-se fundao do Clube dos
Artistas e Amigos da Arte.
1946
1947
1936
1948
1937
Expe no XII Salo do Sindicato dos Artistas Plsticos na Galeria Domus, SP e na coletiva
Art club, na Galeria Livros de Arte, SP.
Faz parte da 1a Exposio da Famlia Artstica Paulista. Bruno Giorgi, recm-chegado da Europa,
aprecia o trabalho de Volpi e o apresenta a Srgio Milliet. Conhece Ernesto de Fiori.
1949
1950
Participa da XXV Bienal de Veneza. Viaja para a Europa, com Mrio Zanini e Paulo Rossi
Osir, l permanecendo por 6 meses. Fica mais tempo na Itlia apreciando Giotto, Piero
della Francesca e Margaritone dArezzo.
1951
Participa de coletiva do Ateli Osirarte, SP. Expe no I Salo Paulista de Arte Moderna, SP
e na I Bienal de So Paulo. Executa pinturas murais e desenha os vitrais da capela do Cristo
Operrio, SP. O psicanalista e crtico de arte Theon Spanudis descobre Volpi, compra com
regularidade a sua produo e a divulga entre a crtica de arte.
1938
1939
1940
VOLPI
VOLPI 109
AD
AD
108
1952
1953
1954
1955
Inaugura sua terceira exposio individual na Galeria Tenreiro, SP. Participa de exposio no
Carnegie Institute, Pittsburgh, da III Bienal de So Paulo e do IV Salo Paulista de Arte Moderna.
1956
Produz a chamada fase concreta na qual exercita solues formais com rigor geomtrico.
1957
1958
Visita do poeta Ungaretti, (da esquerda para
direita) Volpi, Ungaretti, Mario Schenberg,
Ermelindo Fiaminghi, Haroldo de Campos e
Dcio Pignatari, dcada de 1960.
Foto Calixto. Arquivo Olvio Tavares de Arajo
1959
1960
1961
1962
Participa da XXXI Bienal de Veneza. Realiza individual na Petite Galerie, RJ. Participa da
Primeira Bienal Americana de Arte apresentada em Crdoba e Buenos Aires, Argentina. O
texto de apresentao de Antnio Bento.
1963
1964
1965
1966
1967
Participa da exposio A Famlia Artstica Paulista: trinta anos depois, no Auditrio Itlia, SP.
1968
1969
1970
Participa do Panorama de Arte Atual Brasileira, MAM-SP. Recebe o prmio Melhor Pintor.
Integra mostra da Galeria Astria, SP. Expe na Petite Galerie, RJ com apresentao de
Clarival do Prado Valladares.
A cor comea a predominar sobre a forma, embora continue a usar os mesmos elementos:
fachadas, bandeirinhas e mastros.
1971
Expe na Galeria Ralph Camargo, SP e na Galeria Astria, SP. Recebe prmio Golfinho de
Ouro pela melhor exposio realizada em 1970.
A partir do movimento incorporado a mastros e fitas, cria a fase conhecida como cintica.
1972
1973
VOLPI
VOLPI 111
AD
AD
110
1974
Expe na Galeria de Arte Ipanema, RJ, com apresentao de Jos Roberto Teixeira Leite.
Participa da exposio Quatorze artistas do Brasil moderno, no MEC, SP.
1975
1976
1981
1982
1985
A Dan Galeria, SP, faz a exposio Volpi 89 anos. A Galeria Bonino, RJ, apresenta a
mostra Alfredo Volpi: 1960-1985. Integra as exposies: Obras raras, na Galeria Ralph
Camargo, Quatro mestres, quatro vises: Barsotti, Ianelli, Tomie, Volpi, na Simes de
Assis Galeria de Arte, PR e a sala especial A arte e seus materiais no VIII Salo Nacional
de Artes Plsticas, Funarte, RJ.
1986
1987
Participa da exposio Grupo Santa Helena - Grupo Seibi, na Fundao Armando lvares
Penteado, SP. Integra a exposio Projeto construtivo brasileiro na arte, organizada por
Aracy Amaral, na Pinacoteca do Estado de So Paulo.
1978
Integra a mostra As bienais e a abstrao: a dcada de 50, Museu Lasar Segall, SP. A
Galeria Cosme Velho Galeria realiza a exposio Alfredo Volpi: construtivismo. Tmperas.
Integra a exposio Arte agora III Amrica Latina: geometria sensvel, organizada por
Roberto Pontual.
1979
1988
Volpi e Rebolo, incio da dcada de 1980
Arquivo Olvio Tavares de Arajo
1984
Volpi na dcada
de 1960
Cronologia compilada por Denise Mattar, a partir do catlogo Volpi, MAM-SP, 1972,
org. Aracy Amaral, e da cronologia elaborada por Aida Cordeiro para o livro Volpi,
Sonia Salztein, Ed Campos Gerais Silvia Roesler, Rio de Janeiro, 2000.
Crditos Credits
REALIZAO EXECUTION
Galeria de Arte Almeida e Dale
TEXTO Text
Denise Mattar
DESIGN GRFICO GRAPHIC DESIGN
MMO - Identidade Corporativa
FOTOGRAFIA PHOTOGRAPHY
Bruno Macedo
Jaime Acioli
Joo Angelini
Srgio Guerini
Ding Musa
EQUIPE CREW
Eunice Maria Jesus
Maria do Socorro dos Santos Macedo
Miriam Cristina Vieira Lemes
TRADUO TRANSLATION
Monica K. Higgins Mills
AGRADECIMENTOS ACKNOWLEDGEMENTS
Airton Queiroz
Ladi Biezus
Raul Forbes
Berenice Arvani
Liecil Oliveira
Breno Krasilchik
Luiz Estevao
Ricardo Simon
Cristina Ferraz
Marcelo Xavier
Roberta Arajo
Emerson Leao
Mrcio Lobo
Roberto Baumgart
Emilio Odebrecht
Silvio Frota
Hilda Arajo
Maurizio Mauro
Igor Queiroz
Sylvio Nery
Orandi Momesso
Vera Ferraz
Jaime Roviralta
Paulo Darze
Yolanda Queiroz
Pedro Mastrobuono
Zeev Horovitz
DIREITOS AUTORAIS: todos os direitos autorais foram pagos em 13 de fevereiro de 2014, diretamente no esplio de Alfredo Volpi, em curso perante a 8 Vara da
Famlia e Sucesses da Capital. Nossos especiais agradecimentos, a saber:
1) ao Dr. Rodrigo S. Gouveia, que representou a Galeria Almeida & Dale em juzo;
2) ao esplio de Alfredo Volpi, na pessoa de seu inventariante dativo, Dr. Guilherme Chaves Sant'Anna;
3) Djanira Volpi, na pessoa de seu advogado, Dr. Sidney Maccariello;
4) ao esplio de Alfredo Charles Volpi, na pessoa de sua advogada, Dra. Vnia Arajo;
5) ao Instituto Volpi, na pessoa de seu diretor jurdico, Dr. Pedro Mastrobuono
6) e todas as demais partes habilitadas no inventrio do artista que, ao concordarem com o depsito judicial efetuado, possibilitaram a realizao desta importante
exposio, sua divulgao e respectivo catlogo.