Zorba, o Buda
Zorba, o Buda
Zorba, o Buda
Meu rebelde, meu novo homem, Zorba o Buda. A humanidade tem acreditado ou
na realidade da alma e na ilusoriedade da matria, ou na realidade da matria e na
ilusoriedade da alma. Voc pode dividir a humanidade do passado em espiritualistas
e materialistas.
Mas no houve um nico filsofo, sbio ou mstico religioso do passado que tenha
declarado essa unidade; todos eles estavam a favor de dividir o homem, chamando
um lado de real e o outro lado de irreal. Isso tem criado uma atmosfera
esquizofrnica em todo o planeta.
Voc no pode viver apenas como um corpo. Isso o que Jesus quer dizer quando
declara: "Nem s de po vive o homem" - mas essa somente meia verdade. Voc
no pode viver apenas como conscincia; voc no pode viver sem o po. Voc tem
duas dimenses em seu ser e ambas as dimenses devem ser satisfeitas, devem
receber iguais oportunidades de crescimento. Mas o passado tem sido ou a favor de
uma e contra a outra, ou a favor da outra e contra a primeira.
Isso tem criado infelicidade, angstia e uma tremenda escurido, uma noite que
tem durado milhares de anos, que parece no ter fim. Se voc escuta o corpo, voc
se condena; se voc no escuta o corpo, voc sofre fica faminto, fica pobre, fica
sedento. Se voc escutar somente a conscincia, o seu crescimento ser desigual;
sua conscincia crescer, mas seu corpo definhar e o equilbrio ser perdido. E no
equilbrio est a sua sade, no equilbrio est a sua totalidade, no equilbrio est a
sua alegria, est a sua cano, est a sua dana.
notvel, uma sociedade afluente, uma riqueza nas coisas mundanas; e no meio de
toda esta abundncia, um homem pobre, sem uma alma, completamente perdido no sabendo quem ele , no sabendo porque ele , sentindo-se quase como um
acidente ou um capricho da natureza.
Uma situao estranha... No Ocidente, a cada seis meses eles tm que jogar
produtos lcteos e outros alimentos no oceano, no valor de bilhes e bilhes de
dlares, em virtude da superproduo - e eles no querem superlotar seus
depsitos, no querem baixar seus preos e destruir sua estrutura econmica. Por
um lado, mil pessoas estavam morrendo por dia na Etipia, e ao mesmo tempo o
Mercado Comum Europeu estava destruindo tanta comida que o custo desta
destruio era de dois bilhes de dlares. Esse no o preo do alimento, mas sim
o preo de lev-lo e jog-lo no oceano. Quem responsvel por essa situao?
O homem mais rico do Ocidente est procurando por sua alma e se sente vazio,
sem nenhum amor, somente cobia; sem nenhuma orao, somente repetindo
como papagaio palavras que lhe foram ensinadas nas escolas dominicais. Sem
nenhuma religiosidade - sem sentimentos para com outros seres humanos, sem
reverncia pela vida, pelos pssaros, pelas rvores, pelos animais - a destruio
muito fcil.
O Ocidente perdeu sua alma, sua interioridade. Cercado por insignificncias, pelo
tdio, pela angstia, ele no est se encontrando. Todo o sucesso da cincia tem
provado ser intil, porque a casa est cheia de tudo, mas o dono da casa est
faltando.
Aqui no Oriente, o dono est vivo, mas a casa est vazia. difcil estar alegre com
os estmagos vazios, com os corpos doentes, com a morte sua volta; impossvel
meditar. Assim, temos sido desnecessariamente perdedores. Todos nossos santos e
todos nossos filsofos - espiritualistas e materialistas, ambos - so responsveis por
esse imenso crime contra o ser humano.
Sua rebelio consiste em destruir a esquizofrenia do homem, destruir a diviso destruir a espiritualidade como contrria ao materialismo e destruir o materialismo
como contrrio espiritualidade.
Ele um manifesto de que o corpo e a alma esto juntos, de que a existncia est
repleta de espiritualidade, de que at mesmo as montanhas esto vivas, de que at
mesmo as rvores so sensitivas, de que a existncia inteira ambas... ou talvez
uma nica energia expressando-se de duas maneiras - como matria e como
conscincia. Quando a energia est purificada, ela se expressa como conscincia;
quando a energia est crua, no purificada, densa, ela se manifesta como matria.
Mas a existncia inteira nada mais do que um campo de energia.
Zorba o Buda a mais rica possibilidade. Ele viver a sua natureza ao seu mximo.
Ele cantar canes desta terra.
Ele no trair a terra e tambm no trair o cu. Ele reivindicar tudo o que a terra
tem - todas as flores, todos os prazeres - e tambm reivindicar todas as estrelas do
cu. Ele reivindicar a existncia inteira como seu lar.
O homem do passado era pobre porque ele dividia a existncia; o novo homem,
meu rebelde, Zorba o Buda, reivindica o mundo inteiro como seu lar. Tudo o que ele
contm para ns, e temos que us-lo de todas as formas possveis - sem culpa,
sem conflito, sem escolha. Sem escolher, desfrute tudo o que a matria capaz de
oferecer, e aprecie tudo o que a conscincia capaz de oferecer.
Existe uma histria antiga. Em uma floresta, perto de uma cidade moravam dois
mendigos. Obviamente eles eram inimigos um do outro, como todos os profissionais
so - dois mdicos, dois professores, dois santos. Um era cego e o outro era
aleijado, e ambos eram muito competitivos; o dia inteiro eles estavam competindo
entre si na cidade.
Mas uma noite seus casebres pegaram fogo, porque toda a floresta estava em
chamas. O cego podia sair correndo, mas ele no podia ver para onde correr, ele
no podia ver aonde o fogo no havia se espalhado ainda. O aleijado podia ver que
ainda havia possibilidades de escapar do fogo, mas ele no podia correr - o fogo
estava muito forte, muito selvagem - assim, o aleijado podia apenas ver sua morte
se aproximando.
Eles criaram uma grande sntese; eles concordaram que o cego carregaria o
aleijado em seus ombros e eles funcionariam como um nico homem - o aleijado
pode ver e o cego pode correr. Eles salvaram suas vidas. E porque cada um salvou a
vida do outro, eles se tomaram amigos; pela primeira vez deixaram de lado seu
antagonismo.
Zorba cego - ele no pode ver, mas ele pode danar, pode cantar, pode celebrar.
O Buda pode ver, mas ele pode somente ver. Ele pura viso apenas claridade e
percepo - mas ele no pode danar, est aleijado; no pode cantar, no pode
celebrar.
Est na hora. O mundo est pegando fogo; a vida de todos est em perigo. O
encontro de Zorba e Buda pode salvar a humanidade inteira. Este encontro a
nica esperana.
Buda pode contribuir com conscincia, claridade, olhos para ver alm, olhos para
ver aquilo que quase invisvel. Zorba pode dar todo o seu ser viso de Buda - e
no a deixe permanecer apenas uma viso seca, mas faa-a um estilo de vida
danante, celebrativo, exttico.
O embaixador de Sri Lanka escreveu uma carta para mim dizendo que eu deveria
parar de usar as palavras "Zorba o Buda"... porque Sri Lanka um pas budista. Ele
disse: " uma ofensa aos nossos sentimentos religiosos esta sua mistura de
estranhas pessoas, Zorba e Buda".
Zorba o Buda simplesmente significa um novo nome para um novo ser humano, um
novo nome para uma nova era, um novo nome para um novo comeo.
Em uma noite de lua cheia... Eu no sou capaz de esquecer o que ele disse ao seu
patro. Ele estava em sua cabana; foi para fora, com o seu violo estava indo
danar na praia - e convidou o patro. Ele disse: "Patro, somente uma coisa est
errada em voc - voc pensa demais. Vamos! Esta no hora de pensar; a lua est
cheia, e todo o oceano est danando. No perca este desafio".
Ele arrastou o patro pelo brao. Seu patro tentou resistir, porque Zorba era
absolutamente maluco, ele costumava danar na praia todas as noites! O patro
estava sentindo-se embaraado - e se algum chegar e ver que ele est
acompanhando Zorba? E Zorba no estava somente convidando seu patro a ficar
ao seu lado; ele estava convidando-o a danar!
Vendo a lua cheia, e o oceano danando, e as ondas, e Zorba cantando com seu
violo, subitamente o patro comeou a sentir uma energia em suas pernas que
nunca havia sentido antes. Encorajado e persuadido, finalmente ele entrou na
dana, a princpio relutantemente, olhando em volta, mas no havia ningum na
praia no meio da noite. Ento ele esqueceu tudo sobre o mundo e comeou tornou-se um com Zorba-o-danarino, e o Oceano-o-danarino, e a Lua-a-danarina.
Tudo se desvaneceu. Tudo se tomou uma dana.
Eu estou dando a Buda a energia para danar, e eu estou dando a Zorba os olhos
para ver, alm dos cus, os longnquos destinos da existncia e da evoluo.
Fonte: http://luzdaconsciencia.com.br/os-mestres/osho/620-zorba-o-buda.html