Exegese Gn.12.1-3 Leandro

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NDICE

NDICE............................................................................................................................1
INTRODUO.............................................................................................................2
I ESTUDO HISTRICO........................................................................................4
1.1
1.1
1.2
1.3

LIVRO..............................................................................................................4
AUTOR............................................................................................................6
DATA, LOCAL E OCASIO DA ESCRITA......................................................18
DESTINATRIO E MENSAGEM......................................................................20

II ESTUDO CONTEXTUAL................................................................................22
2.1 CONTEXTO HISTRICO DA PASSAGEM...........................................................22
2.2 CONTEXTO LITERRIO DA PASSAGEM............................................................27
2.2.1 Contexto Prximo..............................................................................27
2.2.2 Contexto Remoto...............................................................................31
2.3 ESTRUTURA DO CONTEXTO.............................................................................43
III ESTUDO TEXTUAL........................................................................................47
3.1
3.2
3.3
3.4
3.5
3.6
3.7

ANLISE E TRADUO DO TEXTO..................................................................47


GNERO LITERRIO DA PASSAGEM................................................................50
ESTRUTURA DO TEXTO....................................................................................52
PALAVRAS CHAVES...........................................................................................53
ASPECTOS GRAMATICAIS.................................................................................69
MENSAGEM PARA A POCA DA ESCRITA........................................................71
TEOLOGIA DO TEXTO (MENSAGEM PARA TODAS AS POCAS)......................75

IV APLICAO......................................................................................................80
V CONCLUSO......................................................................................................84
VI BIBLIOGRAFIA................................................................................................86
APOSTILAS

SUPLEMENTOS......................................................................................90

INTRODUO

Com certeza um dos assuntos de estudo no Velho Testamento,


sobre as alianas divinas. A pura magnitude e escopo deste assunto
j so formas suficientes para encorajar muitos a falar sobre este
assunto. Virtualmente toda escola de interpretao bblica hoje tem
chegado a apreciar a significao das alianas para a compreenso
da mensagem distintiva das Escrituras. Devido riqueza dessas
passagens nas Escrituras e a profundidade, cremos que podemos tirar
coisas imprescindveis para nossas vidas e solues com toda cautela
para algumas questes que requerem definies.
Em especial escolhemos a passagem de Gn 12:1-3, pois nosso
argumento desempenhar uma compreenso clara diante de uma
anlise exegtica da passagem, mediante a correta compreenso das
iniciativas de Deus em estabelecer alianas com Abrao que se
refletiria na histria da humanidade. Ser lanado slido fundamento
para desemaranhar a questo complexa da relao dos dois
testamentos com o pacto abrmico.
Alm disso, proponho tambm a fazer uma avaliao teolgica
e aplicativo, tentando responder algumas perguntas, em que o
chamado de Abrao teve reflexo na histria? E tambm numa
perspectiva de quais foram s implicaes messinica? E quais as
implicaes para ns hoje? Como todas as famlias da terra seriam
abenoadas atravs do chamado de Abrao?

A fim de um esclarecimento melhor, apresentaremos, No


captulo I, primeiramente, questes referentes autoria, data dos
eventos como descritos, local e ocasio, ou seja, o que ocasionou a
escrita, porque o livro de Gnesis foi escrito, dando um aspecto geral
do livro e o seu propsito. No captulo II, estudaremos o contexto da
passagem em geral, dando tanto uma viso prxima como remota,
apresentando assim uma estrutura geral do contexto e a relao com
outros textos. No captulo III, trabalharemos com o texto em si,
criteriosamente verificando cada palavra e seu significado, logo aps
observaremos o gnero literrio da passagem, depois faremos uma
anlise de alguns aspectos gramaticais e palavras chaves do texto.
nossa esperana de que esta obra possa ser de Edificao
para os colegas de todas as persuases teolgicas na apresentao
do trabalho. Que o senhor da aliana nos abenoe nesta exposio
em andamento, de tal maneira que se inflame nossos coraes a
termos uma maior convico da grandiosidade e da soberania de
Deus na histria e no cumprimento da Sua promessa graciosa e do
Seu chamado em nossas vidas mediante Cristo Jesus.

I ESTUDO HISTRICO

1.1

Livro

Nome
Os Judeus designavam esse livro de conformidade com sua
primeira palavra hebraica, Breshith (no princpio). Nos tempos
talmdicos era ele igualmente chamado de livro da criao do
mundo. O ttulo (Gnesis se deriva da LXX, segundo a traduo de
2:4a: esta a gneses dos cus e da terra) e dos ttulos
subseqentes, em 5:1; 6:9; 10:1; 11:10; 11:27; 25:12 etc. Esse termo
significa origem, fonte, gerao, e tem sido adotado pela maioria das
tradues como ttulo do livro1.
Objetivo
1 Histrico: Nesta rea com certeza o livro de gnesis nos traz
grandes informaes, por ser um livro singular no seu relato da
histria da criao, pois descreve o comeo dos acontecimentos
direcionado pelo Deus criador, segundo. Ellisen no seu comentrio
introdutrio de gnesis ele diz que:
Gnesis Proporciona uma narrativa autntica da origem nobre do
homem ao ser criado por Deus, sua queda ignbil no pecado, com as devidas
conseqncias de corrupo e julgamento, e a introduo do reino de Deus e
dos programas redentores na terra2.
Cf Edward J.Young. Introduo ao Antigo Testamento. (Ed Vida Nova SP 1964) p.
52
2
Stanley A. Ellisen. Conhea melhor o Antigo Testamento. (Ed Vida SP 1991) p. 20
1

de se observar que Gnesis tem o seu propsito histrico no


sentido que, muitas coisas que esto na Bblia est fora da
possibilidade de investigao cientfica, como aquelas que dizem
respeito f: Criao, origem do homem, dilvio, narrativas
patriarcais3. A inteno de Gnesis, no apresentar a histria
completa de todas as naes, mas somente o relato especializado da
implantao do Reino Teocrtico no Mundo e do Plano de Redeno
da Humanidade. O Livro explica tambm o Cosmo, e atribui a um
nico relato a primeira causa do Universo.
2 - Teolgico: O livro de Gnesis, no seu propsito primrio no
teolgico, mas devemos observar que tm vrios temas teolgicos
importantes tratados no livro como; A Criao de Deus, que
demonstra a Pessoa e o Seu carter, Majestade, Soberania, Poder,
Sabedoria, Eternidade etc. Mostra a Pessoa do Deus que governa e
coopera na histria do Mundo e a forma de como Ele se relacionou
com o homem desde o princpio.
Este livro apresenta temas que apontam para Jesus, Ele elegeu
soberanamente em Cristo o seu povo da aliana para derrotar a
Satans (3:15) e para abenoar o mundo depravado (12:1-3). Relata a
queda do homem, as Alianas de Deus com o homem. Encontramos
vrias citaes no Novo Testamento referentes ao livro de Gnesis
para provar a mensagem naquela poca. Um exemplo disso Paulo,
na sua carta aos Romanos falando sobre a soberania de Deus, relata
a histria de Jac e Esa, que esto registradas no livro de Gnesis.
3 - Literrio: Este um ponto por demais imprescindvel para se
entender e dar o valor devido ao livro de Gnesis. O Gnero literrio
deste livro segue o plano lgico e detalhado da revelao de Deus a
Moiss, do princpio de todas as coisas, da formao da nao
israelita, e tambm de outros povos do mundo.
Portanto o livro de Gnesis uma narrao da revelao de Deus
a Moiss, onde os personagens desse livro sempre so apresentados
como seres humanos reais, descrevendo os seus defeitos e pecados
3

Cf J. D. Douglas. O Novo Dicionrio da Bblia, (Ed Vida Nova SP 1998) p. 661

cometidos. A maneira como se define o gnero do livro importante,


pois se interpretarmos como uma lenda, uma histria fictcia,
certamente o valor e a preciosidade do livro se perder. Muitos hoje
tm interpretado o livro de Gnesis dessa perspectiva, tratando-o
com um carter lendrio. Julius Wellhausen diz que:
O carter do livro do Pentateuco que inclui o livro de Gnesis lendrio, pois
os narradores pr-mosaicos em seu tempo eram todos lendrios, e que criadores de
gado nmades invariavelmente tinham averso instintiva pela escrita, logo
impossvel que tais homens possam ter transmitido as histrias de suas famlias,
por si mesmas destitudas de importncia, de outra maneira que no oralmente, ou
seja, atravs de lendas4.

Mas, no entanto deve se observar que a opinio de Wellhausen


constituda, sobre hiptese. Mas na verdade as probabilidades do
estado de cultura da poca apontam que a tradio e as informaes
arqueolgicas contidas nos livros so fortes, no sentido de que os
hebreus, na era patriarcal estavam familiarizados com a arte de
escrever, e assim demonstrar a verdadeira narrao histrica de
Moiss.

1.1

Autor
Concernente a autoria de Gnesis em particular, nada existe no

prprio livro explicito, citando o nome afirmando qual o seu autor.


Mas segundo a tradio hebraica bblica Moiss considerado o autor
do livro de Gnesis e tambm dos demais quatro primeiros livros que
so denominados, Pentateuco. Ento se conclui uma vez que este
livro annimo integra o Pentateuco, no possvel estabelecer a sua
autoria parte da composio dos Livro em cinco volumes.

Autoria mosaica
Evidncias Interbblicas

Josh McDowell. Evidncia Que Exige Um Veredito, (Ed Candeia SP 1997), Vol 2, p
113
4

a) Testemunho do Pentateuco - Quando paramos para ler os


escritos que denominamos Pentateuco percebemos que existem
vrias narrativas que demonstram ser Moiss o autor do livro de
Gnesis que faz parte essencialmente do Pentateuco, que est
relacionado ao surgimento da nao de Israel, liderado por Moiss.
Vrios textos bblicos do Pentateuco comprovam isto.
Em xodo, Deus diz a Moiss acerca das Leis Ex 20:22 23:33; A
Aliana de Deus com Israel Ex 24:1-11; quando o Senhor se refere
renovao da Aliana Ex 34:1-26 manda a Moiss que registre a as
palavras; 12:1-28 etc.
Em Levtico Deus fala a Moiss com relao instruo das leis
de sacrifcio Lv 1-7; na consagrao do servio sacerdotal Lv 8:1-36;
sobre a vida cotidiana Lv 19:37; Leis sobre festas religiosas Lv 23:144.
No livro de Nmeros Deus convoca o povo de Israel atravs de
Moiss, para um recenseamento Nm 1:1-4; Na santificao do povo
em relao s coisas contaminadas Nm 5:1-31; No reconhecimento da
terra pelos espias Nm 13:1, 2.
Em Deuteronmio Moiss faz o seu discurso durante quase o fim
da sua vida, recapitulando tudo que Deus o havia falado Dt 1-33.
Vemos assim as prprias reivindicaes do Pentateuco autoria de
Moiss quanto ao livro de Gnesis.

b) Outros Livros do Velho Testamento - Os livros do antigo


testamento do total apoio e declaram ser Moiss o autor do livro de
Gnesis, que est includo no livro da lei. Jz 3:4 testifica que os
mandamentos de Deus dado a seus pais tinham sido transmitidos por
intermdio de Moiss.
Relatos nos livros de Crnicas, Reis, Esdras e Neemias, relatam
ser Moiss o autor do livro da lei. Lei de Moiss 1Rs 2:3; escrito no
livro de Moiss Ed 6:18; Ne 13:1; igualmente em 2Cr 23:18; 2Rs
23:25; Ed 3:2. Ento essas referncias confirmam a autoria de Moiss,

como autor de Gnesis. Young, no seu comentrio introdutrio


confirmando a referncia de outros autores do Antigo Testamento a
autoria de Moiss faz o seguinte comentrio:
As referncias a Moiss, nos livros dos profetas, so bastante raras. Em sua
maioria os profetas falam sobre lei Is 1:10. O sentido da palavra lei em cada
instncia um ato difcil de precisar. Entretanto a nica lei autoritativa reconhecida
no Antigo Testamento a lei de Moiss e os profetas se referiam justamente a essa
lei. O que o testemunho do Antigo Testamento pressupe que havia em existncia
um livro escrito conhecido como Lei, e que o contedo dessa Lei foi dado pelo
Senhor a Moiss5.

c) Testemunho do Novo Testamento - Na verdade,


impossvel negar a autoria de Moiss do livro de Gnesis em todo o
Novo Testamento, pois quase todos os autores fazem meno de
Moiss em seus relatos. Nos Evangelhos escritos para contar a
histria e os acontecimentos da vida de Jesus. Em suas narrativas
sobre o discurso de Jesus, Ele faz citao de Moiss, Ex: Mt 19:8; Mc
10:5.
O Apostolo Joo no seu evangelho, registra o discurso de Jesus
dizendo sobre o que verdadeiramente condenava e acusava a
incredulidade dos fariseus perante o Pai no Ele, mas os escritos de
Moiss que prediziam a vinda de Jesus, e que suas palavras estavam
em consonncia com a palavra de Deus dada a Moiss J 5:44-47.
Joo cita outros textos falando sobre Moiss, tanto no seu evangelhos
como em sua carta: J 7:19; 1:17; Ap 15:3.
No livro de Atos, que descreve o incio da igreja primitiva liderada
pelos apstolos, tambm h referncias da autoria de Moiss do Livro
de Gnesis: At 3:22; 13:39; 26:22; 28:23 etc.
Paulo que escreveu boa parte do Novo Testamento, sendo o autor
que mais tm livros, tambm confirma a autoria de Moiss, na
maioria de suas cartas s igrejas: Rm 10:5, 19; 1Co 9:9; 2Co 3:15 etc.

Young. Introduo ao Antigo Testamento. Op.Cit. p 51

Evidncias Extrabblicas
a) Tradio Judaica - Tanto em pocas mais remotas at as
mais atuais tm reconhecido a autoria de Moiss de Gnesis. Por isso
a tradio diz que Moiss essencialmente o autor de Gnesis e o
mesmo produto Dele embora ele tenha empregado pores antigas
j existentes e tambm usado da tradio Oral. Young da uma posio
definida pelos conservadores relacionados tradio Judaica, fazendo
uma citao:
O Pentateuco conforme se encontra, histrico do tempo de Moiss; e que
Moiss foi seu autor real, ainda que talvez tenha sido revisado e editado por
redatores posteriores, adies essas to inspiradas e to verazes como o resto, no
h duvidas. (A Scientific Investigation of Old Testament, 1929, p. 11)6.

No decorrer da histria entre os vrios escritos judaicos existem


muitos

confirmam

autoria

de

Moiss

do

Pentateuco.

ECLESISTICO, coletnea apcrifa, e que foi escrito no ano de 180


a.C. O TALMUDE, um comentrio judaico sobre a lei (Tora), que data
de aproximadamente 200 a.C. E a MISHNAH, uma interpretao e
legislao rabnica, e que data de mais ou menos 100 a.C. atriburam
ambos a Moiss7.
Testemunho de homens que faziam parte da famlia judaica do
testemunho, de tudo aquilo que eles leram e que seus pais os
contaram, pois vinham de varias geraes. H tambm historiadores
judeus que testemunham ser Moiss o autor de Gnesis e de todo o
Pentateuco. Como Exemplo disso Josh Macdowell, documenta em seu
livro testemunhos como esses. FILO, um Filosofo e Telogo judeu, que
nasceu aproximadamente em 20 d.C, defendendo a autoria de
Moiss. FLVIO JOSEFO, historiador judeu do sculo 1 a d.C, declarou
em sua obra, Josefo Contra Apion (11:8)8.

b) Tradio Crist.
6
7
8

Young, Introduo ao Antigo Testamento. Op Cit. p 52


Josh McDowell, Evidncia Que Exige Um Veredito. Vol 2, Op Cit. p 149
Cf.Ibdem, pp. 149-150.

10

JUNLIO, um oficial imperial da corte de Justiniano I,


imperador bizantino em 527-565 d.C., defendeu a autoria
de Moiss do Pentateuco segundo pode ser vito em seu
dialogo com um de seus discpulos9.

Lencio de Bizncio sc. 6o d.C. declara: quanto a estes


cinco livros, todos do testemunho de que eles so obra de
Moiss.

Os pais da igreja tambm comprovaram a autoria de


Moiss do Pentateuco sendo eles: Mileto, bispo de sardes
175 d.C., Crio de Jerusalm 348-386 d.C., Hilrio 366 d.C.,
Rufino 410 d.C., Agostinho 430 d.C.

Listas Cannicas antigas: O Pentateuco foi atribudo a


Moiss nas listas cannicas formuladas e aceitas pela
igreja antiga. 1 - Dialogo de Timteo e quila, 2 A Sinopse
(revista por Lagarde), 3 A lista dos cnones Apostlicos, 4
Inocente I (417 d.C.)10.

b) Qualificaes de Moiss - Moiss reconhecido como o


homem mais erudito da antiguidade e como aquele que reivindicou
escrever sob a direo de Deus (Ex 17:14; 34:27; Dt 31:9-24; At 7:22).
Nenhum outro autor da antiguidade foi assim identificado 11. Moiss
foi criado de Fara, e conforme relembrou Estevo, foi educado em
toda a cincia dos egpcios, (At 7:22). Num pas em que a cultura era
superior a de qualquer outra nao do crescente Frtil12.
Educao Foi educado na corte real do Egito, e recebeu
instruo

em

disciplinas

acadmicas

que

ali

eram

altamente

desenvolvidas13.

Josh McDowell, Evidencia Que Exige Um Veredito. Vol 2, Op. Cit. p


Josh McDowell. Op. Cit. pp 150-151.
11
Stanley A. Ellisen. Op. Cit. p 16
12
Gleason Archer. Enciclopdia de dificuldades bblicas. (Ed Vida SP1998). p 55
13
Josh McDowell. Op. Cit. p 147.
9

10

11

Tradio - De seus ancestrais israelitas, Moiss deve ter


recebido as leis orais que eram obedecidas na mesopotmia, de onde
Abrao tinha vindo. Sua me e parentes consangneos, Moiss deve
ter recebido conhecimento pleno da vida dos patriarcas, desde Ado
at a Jos; e, com base nessa riqueza da tradio oral, ele teria
recebido todas as informaes contidas no livro de Gnesis14.
Tempo quarenta anos no Egito, quarenta anos Midi, e mais
quarenta em peregrinaes pelo deserto so tempo suficiente para
que Moiss

fizesse toda as pesquisas e juntasse todo o material

necessrio para que escrevesse todo o Pentateuco, e transmitisse


para o povo.
Familiaridade com a Geografia como Moiss residiu por a
regio do Egito em Midi, e no Sinai, Moiss adquiriu um grande
conhecimento de toda a redondeza conforme se evidencia nos seus
escritos.
Motivao Moiss teria tido o mximo de incentivo para
compor seus livros, por todos os relatos integrais do tratado gracioso
de Deus para com os ancestrais dos israelitas antes da migrao da
famlia de Jac ao Egito. Outro incentivo tambm parte do Prprio
Deus que designa Moiss para fundar uma nova nao. Portanto
Moiss tinha todos os incentivos e as qualificaes para compor essa
obra magnfica.

Autoria no mosaica
A autoridade da Bblia, diz que Moiss foi o autor do Pentateuco,
que inclui o livro de Gnesis. Durante muito tempo essa teoria no foi
contestada, mas depois do sculo XVII, ela tem comumente sido
contestada por muitos durante na histria. Entre tantas existem
algumas que so mais conhecidas no meio acadmico e tem sido
aceito com mais afinidade nos meios liberais ou neo-ortodoxos.
14

Gleason Archer. Op. Cit. p 55

12

Ento importante que vejamos algumas teorias dos principais


estudiosos e suas escolas, que denominamos de Alta Crtica.

1 Teoria Documentria.
Jean Astruc nasceu a 19 de maro de 1684 em Suave,
Languedoque, na Frana. Seu pai fora protestante, mas com a
renovao do dito de Nantes, entrou na igreja romanista. Em 1753
apareceu a obra de Astruc sobre o livro de Gnesis com o titulo:
Conjecturas a Respeito do livro de Gnesis do Memorando Original
que Moiss Teria Usado na Composio do Livro de Gnesis. 15.
Astruc contendia que havia documentos distintos no livro de
Gnesis, discernveis primeiramente atravs do uso notvel dos
nomes divinos Elohim e Yahwh, nos captulos iniciais. Entendia que o
fenmeno dos nomes divinos no pode ser usado como critrio para
testar outras passagens do Pentateuco alm do livro de Gnesis 16.
Embora tenha crido assim desse modo, continuou defendendo a
autoria de Moiss dos documentos.
Segundo Young existem algumas causa para a apresentao de
sua tese: 1 As repeties de alguns acontecimentos; 2 Dois nomes
diferentes de Deus; 3 Essa distino s aparece em Gnesis e
xodo; 4 Alguns acontecimentos so relatados no Gnesis antes de
outros quebrando a ordem cronolgica17.

2 A Hiptese Fragmentria.
Essa teoria surge com a publicao de um livro escrito por
Alexander Geddes no ano de 1800 Critical Remarks em Londres.
Geddes considerado o pai da Hiptese Fragmentria 18. Nessas obras
Geddes divide o Pentateuco em uma srie de fragmentos desconexos
e sem sentido. Dessa maneira acaba desassociando a harmonia e a
15
16
17
18

Young, E. J. Op. Cit. p 127


Josh McDowell. Evidncia Que Exige um Veredito. Op. Cit p 78
Young E. J. Introduo ao Antigo Testamento. Op. Cit. p 128
Ibdem. p 132

13

ordem cronolgica, pois segundo ele o Pentateuco foi escrito na


poca de Salomo e juntamente com ele teria sido compilado pela
mesma pessoa o livro de Josu, e seriam documentos de diversas
pocas, inclusive anteriores a Moiss, que teriam sido costurados uns
aos outros. Entre 1802 e 1805, o estudioso alemo, Johann Vater,
desenvolveu a teoria de Geddes. Procurou demonstrar o crescimento
gradual do Pentateuco, a partir de fragmentos isolados, afirmando ter
havido um mnimo de trinta e oito diferentes fontes fragmentrias19.

3 Hiptese ou Teoria Suplementar.


Em 1823, Heinrich se levantou contra a hiptese fragmentria
em seu livro, Die Komposition der Gnesis Kritish Untersucht, na
qual defendeu a unidade do livro de Gnesis. Essa teoria defendia
que o documento bsico era somente um, o E (Elohsta), combinado
com

complemento

principal,

documento

(Jovsta) 20.

Subseqentemente, inmeras verses dessa hiptese foram surgindo


em cena, e vrios de seus criadores, como de Wette (1840), insistiram
que no teria havido apenas uma suplementao, mas trs21.

3 Teoria da Cristalizao.
Em 1845, Ewald rejeitou sua prpria teoria suplementar. Em seu
lugar ofereceu a idia de que em vez de um suplementador teria
havido cinco diferentes narradores, que teriam escrito pores
diversas do Pentateuco, em perodos diferentes, ocupando um espao
de cerca de setecentos anos22. Ewald tambm, afirmava que o livro
de Deuteronmio foi uma obra independente, adicionada aos livros
anteriores em cerca de 500 a.C. Outros estudiosos, que defendiam
uma verso mais simples dessa teoria, foram August Knobel (1861) e
E. Schraeder (1869)23.
19
20
21
22
23

Josh McDowell. Evidncia que Exige um Veredito. Op. Cit. p 78


Young. E. J. Op. Cit. p 135
Josh McDowell. Op. Cit. p 79
Young. E. J. Op. Cit. p 139
Josh McDowell. Op. Cit. p 79

14

4 Teoria documentria Modificada.


Exatamente cem anos aps o aparecimento da obra de Astruc,
Hermann Hupfeld

resolveu remover

a dificuldade

de maneira

inteiramente diferente. Em sua importante obra, Die Quellen der


Gnesis

und

die

Art

ihrer

Zusammensetzung

von

neuem

untersucht.24 Em 1835 ele tenta demonstrar: a) J no era um


suplemento, mas sim um documento contnuo; b) O documento E
seria formado por dois documentos separados, chamados de S e E; c)
Esses documentos foram editados por algum redator; d) Havia um
documento posterior chamado de documento D, segundo ele o
arranjo

cronolgico

dos

documentos

seria:

primeiro

Elosta

(sacerdotal) S; o segundo Elosta E; o documento Jeovista, J; e o


documento Deuteronmio, D. Ficando assim S, E, J e D.

5 Hiptese ou Teoria Documentria Final.


Wellhausen fez repousar a hiptese documentria (mais tarde
chamada de Hiptese de Graf-Wellhausen) sobre o ponto de vista
evolutivo da histria, prevalecente nos crculos filosficos da poca 25.
Grande parte da metodologia da Alta Crtica radical sublinhada por
alguns importantes pressupostos. Os crticos no se mostram
inferiores no que concerne habilidade, erudio, etc. A rea
problemtica no alguma falta de conhecimento da parte dos
crticos, acerca de evidncias, mas antes, a hermenutica ou
abordagem deles a critica da Bblia, escudada em seu ponto de vista
global26.
Wellhausen que foi o que mais colaborou para a elaborao final
dessa teoria, em suas obras, acreditava e defendia a posio de que a
antiga religio de Israel no passava de um impulso religioso natural,
uma expresso espontnea, ele tambm combinou um sistema de
24
25
26

Young. E. J. Op. Cit. p 140


Josh McDowell. Op. Cit. p 80
Ibdem. p 89

15

datas dos chamados vrios documentos, onde combinou uma


reconstruo

particular

evolucionria

da

histria

de

Israel.

formulao final desta teoria esta:


a)

Documento J: datado por volta do ano de 850 a.C.,


proveniente do reino do Sul, cuja autoria desconhecida,
iniciando-se com a criao e se estendendo at o final do
reinado de Davi. Seria esse documento uma coleo pica da
literatura onde estava evidente o nacionalismo israelita.
Onde se encontram aparies antropomrficas de Deus e
milagres.

b)

Documento E: tem sua autoria atribuda a um sacerdote ao a


um profeta de Betel, que escreveu sob a influencia de Elias,
tendo escrito no reino do Norte por volta do ano de 750 a.C.,
comeando seu relato por Abrao e terminando com Josu,
quer com a histria religiosa de Israel ensinar o povo.

c)

Documento D: escrito aproximadamente em 650 a.C.,


perdido e reencontrado no reinado de Josias no ano de 621
a.C., sua autoria atribuda a um sacerdote de Jerusalm.

d)

Documento P (cdigo sacerdotal): de autoria desconhecida,


escrita por volta de 500-450 a.C. formando basicamente por
tradies mosaicas antigas depois do exlio.

Esta teoria descarta completamente Moiss como o autor de


qualquer dos livros do Pentateuco, afirmando que os livros que
compem da forma que conhecemos hoje s surgiram por volta do
ano 200 a.C27.

7 Concluses Finais a Respeito da Alta Crtica.


A pretensiosa teoria da Alta Crtica, destrutiva, no passa, na
realidade, de mais uma grande fraude religiosa que se infiltrou no
seio de igrejas, atravs a tolerncia do chamado liberalismo

27

Ibdem. pp 80-81

teolgico, no ltimo sculo28. O maior problema de wellhausen e de


todos aqueles que seguiram sua escola foi a sua teologia, no foi falta
de preparo mais sim a sua hermenutica ou abordagem deles
crtica da Bblia, escudada em seu ponto de vista global.
As discusses dentro da rea da crtica da Bblia so efetuadas ao
nvel de concluses ou respostas, ao invs de serem efetuadas ao
nvel de pressupostos ou ao nvel de nossas bases de raciocnio 29.
Uma das principais fraquezas da escola radical da Alta Crtica era que
em grande parte de suas anlises e de suas concluses quanto ao
isolamento de alegados documentos, tudo estava baseado, quase
exclusivamente, sobre suas prprias desenvolvimento e processo de
compilao das supostas fontes, com pouca referncia a informaes
mais objetivas e verificveis, que estavam sendo oferecidas pela
arqueologia.
Outro problema grave na teoria de Graf-Wellhausen o da histria
da religio de Israel, na verdade, uma assero de que, dentro das
pginas do Antigo Testamento, encontramos um perfeito exemplo de
evoluo religiosa, desde o animismo, nos dias dos patriarcas,
passando pelo henotesmo e chegando at o monotesmo 30. O
conceito de desenvolvimento histrico foi a principal contribuio dos
crticos liberais exegese do Antigo Testamento.
A Alta Crtica est completamente morta, exceto quando ela
considera a Bblia. Aqui mantida tenazmente. interessante notar,
que o ponto onde a alta crtica mais tem se apoiado, a cincia, serve
para mostrar o quanto alta crtica tem se tornado anticientfica e
avessa a aplicao em suas teorias do chamado mtodo cientfico. J
fato comprovado e aceito em todo o mundo que em relao
literatura secular a alta crtica aps um curto perodo de vida est
completamente

morta.

Pois

os

seus

pressupostos

no

so

sustentveis e tornam-se cada vez amais dispares. No entanto


Allan A. Mac Rae. O Assalto da Alta Crtica Contra as Escrituras. Apostila
traduzida pelo prof. Sebastio Arruda.
29
Josh McDowell. Op. Cit. p 89
30
Josh McDowell. Op, Cit. p 93
28

quando olha para a Bblia os defensores da chamada crtica tendem a


aplicar em relao a Ela todas as suas teorias 31. Hoje a cincia como a
arqueologia tem trabalhado incessantemente e como resultado de
seu trabalho tem comprovado e concordado com muitas declaraes
Bblicas.
Quase duzentos anos se passaram desde Jean Astruc e sua
tentativa de dividir o livro de Gnesis, e ainda hoje os eruditos liberais
que vieram depois dele ainda no foram felizes e nem tem
concordado entre si na melhor forma de analisar satisfatoriamente o
Pentateuco e tanto as idias de Astruc, bem como a qualquer uma
que tenha vindo depois dele, principalmente Graf-wellhausen devem
ser completamente rejeitadas, pois aceita-las implica mudar tudo o
que se cr acerca de Deus e da escritura. No podemos aceitar como
vlidas e racional nenhuma teoria que se baseia em fatos como: 1
Desenvolvimento evolutivo das instituies religiosas; 2 Nomes
divinos para dividir a Escritura; 3 Repeties de histrias paralelas,
quando na verdade a exegese pode mostrar que no existem.

1.2

Data, Local e Ocasio da Escrita.

difcil, dar datas exatas de passagens e em alguns casos


impossvel. No caso em que nos encontramos a nica maneira de dar
uma data ao livro de Gnesis em que Moiss escreveu, tentar
concentrar o livro com circunstancias histricas conhecidas da prpria
histria relatada do povo de Israel, no tempo de Moiss.
Segundo

arquelogos

Moiss

viveu

no

perodo

da

histria

conhecido como idade do bronze, datado, portanto aproximadamente


entre 1550 e 1200 a.C. Mas muitas datas tm sido sugeridas para a
escrita de Gnesis, as duas mais conhecidas e aceitas so 1445 a.C. e
1290 a.C., mas a data de 1445, tem sido a preferncia por causa da
evidncia interna, encontrada no livro de I Rs 6:1, que relata Salomo
31

Allan A. Mac Rae. Op. Cit.

construindo o templo do Senhor no quarto ano de seu reinado sobre


Israel, o qual era 480 anos depois que os israelitas haviam sado do
Egito,

lembrando

que

quarto

ano

de

seu

reinado

foi

aproximadamente em 965 a.C. e somados aos 480 anos, o resultado


que o livro tenha si do escrito em 1445 a.C32.
Embora as matrias para a composio do livro tenham sido
transmitidas a ele atravs dos cinco sculos antes da poca da
migrao de Jac para o Egito, Moiss poderia ter escrito o livro de
Gnesis enquanto estava no exlio em Midi, mas no achamos que o
tenha feito, pois lhe faltavam motivaes e mesmo inspirao divina
para tal empreitada33.
Gnesis provavelmente foi redigido durante a primeira parte da
peregrinao pelo deserto, enquanto procurava instruir Israel sobre as
verdades fundamentais divinas e o programa da aliana de Deus para
coma nao34. Como diz Milton Fisher: a experincia de Israel e o seu
relacionamento

ajusta-se

maravilhosamente

bem

ao

conhecido

padro da sociedade contempornea de Israel.35


Quando pensamos a ocasio que levou Moiss a escrever o livro
chegamos a algumas concluses. 1 Moiss estava no meio de um
povo, onde as pessoas tinham muitos deuses, diz a histria que havia
muitos templos, a religio era intimamente relacionada com a
poltica36. E no meio de todo esse povo pervertido estava o povo de
Israel, que se encontrava escravizado, por quase 400 a 430 anos nas
mos dos egpcios.
Portanto com todos essas observaes, tendo em vista todo esse
cenrio do deserto, mais precisamente quando o povo saia do Egito
pode, concluir-se, que este foi o momento propcio para este trabalho,
pois fazendo a relao das qualificaes que ele tinha para tal funo,
seu conhecimento e principalmente a necessidade de instruir e
R. F. YongBlood. The Book of Genesis. 1982, Michigan. Baker Book House. p 15.
Cf. Gerard Van Groningen. Revelao Messinica no Velho Testamento. (Ed LPC
1995). p 92
34
Stanley A. Ellisen. Op. Cit. p 18
35
Philip Wesley Comfort. A Origem da Bblia.(Ed CPAD SP 1998). p 142.
36
Samuel J. Schultz. A Histria de Israel no Antigo Testamento. (Ed Vida Nova SP
1995). p45
32
33

preparar aquele povo para uma vida de liberdade onde eles deveriam
se constituir em povo santo de Deus, o momento era adequado e
desejvel para tal tarefa.

1.3

Destinatrio e Mensagem

Moiss a figura chave das narrativas do Pentateuco, de Gnesis


a Deuteronmio. Em todo o Antigo Testamento ele considerado o
fundador da religio de Israel, promulgador da lei, organizador das
tribos quanto ao trabalho e adorao, alm de lder carismtico 37.
Como muito bem afirmou Gerard Van Groningen: Temos diante de
ns revelao divina em palavras humanas escritas por Moiss. O
tempo e o ambiente de Moiss esto tambm escritos no texto
bblico. Moiss escreveu como legislador, profeta, lder e organizador
de Israel.38
Ento Moiss tendo todas essas funes e qualificaes, junto
nao de Israel, justamente para eles que Moiss escreve,
destinado e preocupando-se em escrever o Pentateuco, que inclui o
livro de Gnesis, para um povo recm liberto da escravido no Egito
enquanto se dirigiam para as terras da promessa de seu Deus, Moiss
procurava estabelecer no meio do povo um relato exato de sua
origem em Abrao, sua responsabilidade para com Deus devido
aliana firmada anteriormente com o patriarca e seus descendentes.
Um dos propsitos de Moiss, na sua mensagem de relatar o
passado do relacionamento dos seus ancestrais com Deus, Antes do
dilvio, o monotesmo prevalece quase universalmente. Os castigos
divinos, por ocasio do dilvio e da torre de Babel, foram motivos pela
Cf. William S. LaSor, David A. Hubbard, Frederic W. Bush. Introduo ao
Antigo Testamento. (Ed Vida Nova 1999). p 69
38
Cf. Gerard Van Groningen. Op. Cit. p 92
37

insolncia e rebelio do povo. A idolatria tambm motivou o posterior


castigo divino ao Egito.
O livro tem tambm por objetivo relatar a Israel como ele foi
escolhido dentre todas as naes do mundo para ser o povo de Deus,
no por merecimento daquele povo pequeno e sem mritos, mas
devido s misericrdias de Deus, podemos tambm falar que o livro
a histria da graa de Deus estabelecendo Israel para Si mesmo como
Seu povo39.
Enfim o livro de Gnesis segundo afirma Young: fornece um breve
sumrio da histria da revelao divina, desde o princpio at que os
israelitas forma levados para o Egito e estavam prontos para se
formarem em nao teocrtica. O livro historia a criao do mundo,
do homem, a aliana de Deus com o homem, a queda do homem no
pecado, o pacto da graa, e as vidas dos patriarcas.40
Podemos citar que sua mensagem transmite ao povo Israelita uma
narrativa autntica da origem e queda do homem, que tendo sido
criado por Deus de modo excelente cai em pecado, trazendo sobre si
conseqncias de seus atos, bem como sendo alvo da misericrdia de
Deus que executa a redeno atravs de Seu Filho que viria do povo
por Ele escolhido. Teologicamente podemos ver em suas pginas
salientando a soberania de Deus sobre tudo, e a responsabilidade do
homem para com o Deus soberano41.

Cf. H. C. Leupold. Exposition Of Gnesis Vol 1. (Michigan. Baker Book House,


1942). p 9
40
Cf. E. J. Young. Op. Cit. p 53
41
Stanley A. Ellisen. Op. Cit. p 20
39

II ESTUDO CONTEXTUAL

2.1 Contexto Histrico da Passagem

Certamente podemos observar que o cenrio religioso da


passagem, ou relacionamento pessoal com Deus, figura proeminente
em quase todo o livro de Gnesis. Antes do dilvio, o monotesmo
prevalece quase universalmente. Os castigos divinos, por ocasio do
dilvio e da torre de Babel, foram motivados pela insolncia e
rebelio do povo. Na poca de Abrao, a idolatria se tinha alastrado
tanto na Caldia como no Egito. A idolatria se motivou o posterior
castigo divino ao Egito42.
A ao de Gn 1-11 retrata os inevitveis resultados do pecado
no mundo, subjugando e corrompendo tudo o que toca. Comeando
com a independncia e desejos egostas, o pecado sai do corao e
da vontade e atinge o lar, a famlia, e os descendentes e a sociedade
em geral. No dilvio, Deus teve de quase destruir a raa humana afim
de salva-la.
A vida de Abrao uma histria da ddiva da aliana. Na
histria de Abrao e de sua aliana com Deus, o programa redentor
divino apresentado como a resposta do Criador ao dilema do
homem no pecado. De um mundo emaranhado em idolatria (Js 24:2),
Deus selecionou Abrao como um homem de f a fim de que fosse o
42

Cf. Stanley. A. Ellisen. Op. Cit. p 20

22

recipiente da sua graa e das suas alianas, sendo que, atravs delas,
o seu programa redentor seria executado43.
Na poca em que Abrao viveu foi onde o quadro geral da
religio era considerado como a era patriarcal, e que tinha comeado
numa poca anterior. Deus o Deus pessoal do pai patriarcal e seu
cl (em vez de um Deus ligado a localidades e santurios, como entre
os cananeus). Ele garante uma aliana unilateral e promete proteo
divina. Evidencia-se que a religio patriarcal no crena israelita
posterior retroprojetada no passado. Alguns aspectos, o uso regular
do nome divino El, em vez de Jav; a ausncia do nome Baal; a
imediao do relacionamento entre Deus e o patriarca, sem a
interveno do Sacerdote, profeta ou culto; falta de referncia a
Jerusalm, indicam esse fato44.
Portanto, o fato que foi apresentado suficiente para permitir a
concluso de que Abrao , de fato, personagem histrico. pouco
provvel que referncias especificas a algum delas seja atestada em
outras fontes, porque as narrativas patriarcais so histrias familiares.
Os prprios patriarcas eram chefes de cls seminmades que, em
vida, exerceram pouca influencia fora de seu crculo familiar.
A Jornada de Abrao de Har, no nordeste da Mesopotmia,
para Cana (Gn 12: 4-6), combina bem com as condies conhecidas
por parecerem ao perodo de Idade Mdia do Bronze II. (2000/19501800 a.C.). Essa era experimentou uma condio de vida estvel,
pacifica e prspera. Em particular abriram-se estradas entre Cana e
o nordeste da Mesopotmia. Nesse perodo, a maioria das cidades
mencionadas

nas

narrativas

patriarcais

existia,

Siqum,

Betel,

Hebrom, Dota e Salm45.


Abrao no era idlatra, mas vivia rodeado de idolatria. No
principio o homem tivera UM Deus; e, no jardim do den, vivera em
ntima comunho com Ele. Todavia, com seu pecado e o banimento, o
homem perdeu seu primitivo conhecimento de Deus; e, tateando nas
43
44
45

Ibdem. p 18
Willian S. LaSor, David A. Hubbard, Frederic w. Bush. Op. Cit. p 47
Ibdem. p 45

23

trevas em busca de uma soluo para os mistrios da existncia,


chegou a ponto de adorar as foras da natureza que lhe pareciam ser
as fontes da vida.
Tambm os reis, vistos que eram poderosos, chegaram a ser
deificados. Muitas cidades e naes tinham seu fundador como seu
principal: Assur, pai dos assrios, e tornou-se o deus principal deste; e
Marduque (Ninrode), fundador da cidade de Babilnia, tornou-se o
deus principal desta. Para que os deuses parecessem ser mais reais,
faziam imagens que os representavam; depois as prprias imagens
vieram a ser adoradas como deuses. Deste modo o homem
precipitou-se do monotesmo original no abismo de inumerveis
cultos idlatras politesticos, alguns dos quais, na prtica, eram
indescritivelmente vis e abominveis46. Ur ficava na terra de
Babilnia; e os babilnicos possuam muitos deuses e deusas.
Adoravam o fogo, o sol, a lua, as estrelas e vrias foras da natureza.
Abrao apesar de ter seus ancestrais idlatras. Existem lendas
que dizem haver sido Abrao perseguido em criana, por se recusar
adorar dolos. Mas na verdade que Abrao chegou a conhecer a
Deus por uma revelao direta do Senhor. Alm disso, aceitando os
nmeros como se acham nos caps. 5 e11, a vida de No estendeu-se
at ao nascimento de Abrao; e a vida de No coincidiu por 600 anos
com a de Metusalm, enquanto a de Metusalm coincidiu por 243
anos com a de Ado. Assim, Abrao podia ter recebido diretamente
de Sem a narrao do dilvio, feita por No, e a de Ado e do Jardim
do den, feita por Metusalm47.
Abrao tinha sessenta anos de idade quando sua famlia deixou
Ur e foi para Har.48 A Bblia no relata o motivo de Ter saiu de Ur
dos Caldeus e nem porque foram para Har. A Bblia relata que seu
destino seria a terra de Cana (Gn 11.31), mas que eles foram at
Har e l permaneceram. Har destacou-se por ter sido santurio da
H. H. Halley. Manual Bblico.(Ed. Vida Nova, SP, 1997). p 93
Ibdem. p 94
48
Champlin & Bentes. Enciclopdia de Bblia Teologia e Filosofia. Volume 1 A-C. p.
18.
46
47

24

Lua e tambm grande centro comercial da Mesopotmia. 49 E talvez o


motivo da permanncia ali era apenas o de viver em cidade prospera,
mas isto incerto. Josefo nos informa que Ter saiu da Caldia porque
concebeu averso pelo lugar, porque l perdeu seu filho Har. 50
Podemos assim imaginar que ou foi por tristeza ou por revolta que
Ter deixou a Caldia, j que no sabemos como aconteceu a morte
de Har.
Josefo ainda relata que Abrao tenha adotado L, j que no
tinha filhos e que Abrao foi o primeiro homem que ousou dizer que
existe um s Deus; que o Universo obra das suas mos e que
unicamente sua bondade e no s nossas prprias foras que
devemos atribuir toda a nossa felicidade.51
interessante, porm, analisar o que Josefo relata que o que
levava Abrao a falar dessa maneira, era, que depois de ter
atentamente considerado o que se passa sobre a terra e sobre o mar,
o curso do sol, da lua e das estrelas, que ele (Abrao) tinha
facilmente deduzido que h um poder superior que regula seus
movimentos, e sem o qual todas as coisas cairiam na confuso e na
desordem; porque elas por si mesmas no tm poder algum para nos
proporcionar os benefcios que delas haurimos, mas elas os recebem
dessa potncia superior, qual esto absolutamente sujeitas, o que
nos obriga honrar somente a Ele e a reconhecer o que lhe devemos
por contnuas aes de graas.52 Assim o reconhecimento do Deus
Todo-Poderoso a Abrao veio apenas da observao da natureza.
difcil de crer assim e principalmente acreditar que estas
palavras tenham motivado Deus a ordenar que Abrao sasse da sua
terra porque estava sendo perseguido por causa dessas palavras, pois
assim, continua Josefo em seus relatos: Os caldeus e os outros povos
da Mesopotmia no podendo tolerar essas palavras de Abrao,
levantaram-se contra ele. Assim, por ordem de Deus e com seu
Money, Netta Kemp de. Geografia Histrica do Mundo Bblico.(Ed. Vida, Belo
Horizonte, 1996). p 89
50
Cf.Josefo. Histria dos Hebreus.(Ed CPAD, Rio de Janeiro, 1992). p 55.
51
Ibdem. p 55.
52
Ibdem. p 55.
49

25

auxlio, ele saiu do pas para ir morar na terra de Cana. 53 Ao que


parece Josefo apresenta o chamado de Abrao apenas como um
livramento do Senhor e que foi pelos mritos de Abrao em
reconhecer Deus na Revelao Geral que teve ou mereceu este
auxlio. Contudo no assim que relata o texto bblico.
A histria de Abrao relatada no texto bblico de Gnesis
11.27 a 25.11. Young chama este trecho de Geraes de Ter 54. E
continua: O tema principal desta seo a vida do patriarca
Abrao. Abrao foi chamado de sua terra em resposta a uma trplice
promessa, e a respeito de cada elemento dessa promessa foi
severamente testado.

a) A promessa de uma terra. Gn 12.7; 13.15,17; 15.7,18;


17.2; 24.7; 28.4,14.
Mas:

Abrao foi forasteiro de uma terra. 12.10; 17.8; 20.1; 21.23,24;


23.4.

A terra estava ocupada por outros. 12.6; 13.7; 15.18-21.

Por duas vezes a fome o obrigou a sair da terra. 12.10 e segs.;


20.1 e segs.

Seus descendentes seriam forasteiros numa terra estranha.


15.3.

A terra foi invadida por governantes distantes. 14.1 e segs.

Abrao teve que comprar um lugar de sepultamento. 23.1 e


segs.

b. A promessa de bno universal. 12.3; 18.18; 22.18.

53
54

Mas:

Por duas vezes Abrao deu origem a dificuldades. 12 e 20.

Ibdem. p 55.
Young. Op. Cit. p 63.

26

Abrao e L tiveram de separar-se. 13.5 e segs.

Reis estrangeiros lutaram contra ele. 14.

Ele precisou protestar perante Abimeleque. 21.22 e segs.

2.2 Contexto Literrio da Passagem

2.2.1 Contexto Prximo.

O texto de Gnesis 12.1-3 vem logo aps a genealogia de Sem


da qual ele est intimamente ligado por um waw consecutivo,
indicando assim, sua relao com esta genealogia como sendo parte
desta.
A estrutura literria da passagem que registra o chamado de
Abrao (Gn 10, 11) governada pela frase hebraica elleh toledot,
estas so as geraes ou este o relato de. Registram-se trs
relatos: (1) o da raa humana como se desenvolveu imediatamente
aps o dilvio (10. 1-11.9); (2) um relato mais pormenorizado dos
descendentes de Sem (11. 10-26); o relato da famlia de Abrao, isto
, seu pai Ter, seus irmos, sua esposa (11. 27-32). Essa estrutura
literria nos d uma viso geral do contexto humano universal de
Abrao, depois a linha especfica de seus ancestrais e, finalmente, o
cl do qual ele prprio, com sua esposa Sara, foi separado55.
Existem especificamente quatro fatores altamente relevantes
para o contexto do chamado de Abrao que devem ser mencionados.
(1) apresentado unidade da raa humana. No o
ancestral comum (depois do dilvio) como Ado o era antes da
queda. Os trs filhos de No eram da mesma natureza humana e da
mesma carne e sangue humanos que seu pai. Enquanto os animais,
aves, peixes e plantas foram criados com diferena inerentes, e
deveriam desenvolver-se segundo sua prpria espcie, a humanidade
55

Cf. Gerard Van Groningen. Op. Cit. p 122

27

foi criada como uma unidade. O apstolo Paulo, pregando a poltica e


filsofos atenienses, deu nfase verdade de que de um homem
Deus fez todas quantas naes h de homens (At 17:26). Este fato
a unidade da raa humana de suprema importncia na
considerao a respeito de quem deveria ser Messias por vir e
especialmente a respeito daqueles para quem ele havia de vir.
(2) Afirma-se claramente a diversidade dentro da raa
humana unificada. A diversidade segue as linhas da prognie de No.
Mas, dentro dessas trs linhas, mais diversidade ainda veio a
desenvolver-se. Este indubitavelmente o ponto de referncia a
Ninrode, e de quem se diz que deslocou da Babilnia para a Assria
(Gn 10. 8-12). Tal diversidade foi ainda aumentada pela localizao
geogrfica em que cada grupo se estabeleceu. E essa diversidade,
isto , o desenvolvimento da raa em entidades nacionais, de
importncia em nosso estudo da revelao do Velho Testamento
relativa ao Messias. O prprio Messias, bem como toda linha de seus
ancestrais, viria de uma famlia especfica, que era parte de um cl,
que, por sua vez, era parte de um grupo (nao incipiente) que vivia
em uma rea geogrfica especifica. Esses ancestrais especificamente
selecionados, e finalmente o prprio Messias, fora chamados para
servir a raa humana inteira, que foi feita de uma carne e sangue,
colocado em uma posio rgio, e incumbida de servir como viceregente de Deus.
(3) O relato da construo da torre de Babel informa-nos da
rebelio da espcie humana contra a vontade de Deus de ter a
humanidade unificada espalhada por toda a terra, enchendo-a,
submetendo-a e governando sobre ela. Foi uma rebelio contra a
vontade de Deus de ter a humanidade resistia diversificao por
meio da qual as ricas potencialidades dentro da humanidade real
criada poderiam ser desenvolvidas e aumentadas sob a providncia e
a graciosa redeno de Deus. Acima de tudo, foi uma rebelio contra
o plano de Deus de libertar a humanidade do julgamento divino
contra o pecado e o mal, por meio da semente da mulher. Os homens

28

buscaram estabelecer sua prpria via de escape maldio


pronunciada no den, ira de Deus contra i pecado e ao divino
julgamento que viria sobre os que fazem o mal.
(4) O ponto alto da passagem (Gn 10,11) a referncia
famlia de Abrao, que foi tirada de Ur da Caldia por Ter, a caminho
de Har, onde se estabeleceu (11. 31,32). Esta descrio factual
completa a descrio do ambiente para o relato do chamado
especfico a Abrao para servir a Deus no desenrolar do plano
messinico, por meio do qual todos os diversos povos constituintes da
humanidade real decada poderiam receber a plena libertao do
pecado e da culpa, ter a maldio do pacto de Deus deles removida a
ser plenamente restaurados ao seu real status, posio e funo
originais, em que Deus tinha posto a humanidade no tempo da
criao56.
Na realidade seu contexto prximo inicia-se em Gnesis 11.10,
introduzida pela expresso estas so as geraes de Sem.

termina em Gnesis 12.9 quando tendo sido chamado pelo Senhor


atendido este chamado. A histria de Abro inicia-se em Gnesis
11.27, introduzida pela expresso so estas as geraes de Ter,
onde uma melhor traduo devido ao contexto deveria ser esta a
histria da famlia de Ter, devido ao estilo da narrativa histrica ser
to detalhada e apresentar fatos da vida pessoal deles. Dando assim
uma nota introdutria muito importante para uma boa interpretao
de Gnesis 12.1-3, como j vimos acima. Estas informaes so
importantes,

pois

no

decorrer

da

histria

vemos

como

isto

influenciaram no comportamento de Sarai e de Abro. E que o


chamado descrito em Gnesis 12.1-3, foi o segundo chamado de
Abro, ou melhor, foi a confirmao do chamado, j que somos
informados em Atos 7.2-4 que Abro recebeu seu chamado em Ur dos
Caldeus e no em Har.
Assim Abrao recebe a confirmao do seu chamado agora com
mais detalhes e com ordens a cumprir e promessas para desfrutar. E
56

Ibdem. p 123

29

atende o chamado e sai da Har seguindo para uma terra que ele no
conhecia. (Hb 11.8). A entrada de Abrao em Cana, em (Gn 12: 4-9),
Har, cerca de 965 Km ao noroeste de Ur, 643 Km ao nordeste de
Cana, foi o primeiro lugar em que Abrao parou. Sara de Ur
procura de uma terra onde pudesse edificar uma nao livre da
idolatria, e sara sem saber para onde ia, Hb 11:8. Mas Har j era
uma regio bem povoada, com estradas para a Babilnia, Assria,
Sria, sia Menor e Egito, por onde marchavam constantemente
caravanas e exrcitos. Assim, depois de morto seu pai Ter, Abrao,
ao chamado de Deus, passou adiante a procurar uma terra menos
povoada.
Siqum, primeiro lugar de Cana onde parou, no centro exato da
regio, ficava num vale de extrema beleza, entre os montes Ebal e
Gerezim. A construiu um altar a Deus, mas logo prosseguiu viagem
para o sul, continuando na explorao da terra. Betel, 32 Km ao sul
de Siqum, 16 ao norte de Jerusalm, foi seu prximo lugar de
parada. Situava-se num dos mais elevados pontos de Cana, de onde
se descortinava magnfico panorama em todas as direes. Abrao
seguia na direo dos cumes da cordilheira, provavelmente porque o
Vale do Jordo, ao oriente, e a plancie martima costeira, ao ocidente,
j estavam suficientemente povoados.
Em Betel tambm levou um altar, como mais tarde faria em
Hebrom e como fizera em Siqum, no s em reconhecimento a
Deus, mas igualmente como uma declarao publica de sua f
perante o povo, no meio do qual viera habitar. Ele deve ter gostado
de Betel, pois foi a que ficou ao voltar do Egito, at sua separao de
L57.

2.2.2 Contexto Remoto

57

H. H. Halley. Op Cit. p 94, 95

30

A marca especfica de Gnesis 1.11 acha-se nas bnos no


den, para No e para Abrao. A promessa de Deus, no sentido de
abenoar todos os seres criados, sendo anunciada no incio da
narrativa pr-patriarcal (1.22, 28), em pontos estratgicos no decurso
da sua narrativa (5.2; 9.1), e na sua concluso (12.1-3), firmam-se o
tema, a unidade e os permetros da teologia de Gnesis 1-11.58
extrema importncia a contribuio unificada da discusso e
entendimento da Criao, da Queda, e do pecado individual do
homem diante de Deus. No entanto, a forma cannica da mensagem
conforme a temos em Gn 1-11 exige do interprete muito mais do que
estes escassos resultados. Na Queda, o homem colocado diante de
Deus, mas tambm est localizado numa sociedade e no estado,
conforme captulo 4 e 6. Alm disto, o homem recebeu muito mais do
que a sua vida e sucessivas maldies. O padro dos eventos em
todos os onze captulos est por demais estritamente entrelaados
para ser deixado ao lado pelo exegeta ou telogo. Quanto estrutura,
exibem a justaposio da ddiva divina da beno com a revolta do
homem. A palavra divina de beno o ponto inicial de todo tipo de
aumento e de domnio legtimo; segue aps a tragdia central da
seo o Dilvio e termina a seo com a beno do prprio
evangelho. A revolta do homem, do outro lado, se evidencia
primariamente nas trs catstrofes que so: a Queda, o Dilvio, e a
destruio da torre de Babel. Aqui, tambm, a palavra divina est
presente; somente que se trata de uma palavra de julgamento e no
de beno.
Nem sequer ritmo trplice de beno e maldio, de esperana
e condenao, resume-se por ai. O alvo de Deus para a histria,
embora fosse marcado pelas intervenes da Sua palavra em
conjunturas

criticamente

importantes,

recebeu

oposio

da

continuada rejeio destas bnos divinas nas reas da famlia (4:116), realizaes culturais (vv, 17-24), uma doutrina do trabalho

Walter C. Kaiser, Jr. Teologia do Antigo Testamento. (Ed Vida Nova SP 1980). p
73
58

31

(2:15), o desenvolvimento da raa humana (5; 10; 11:10-32), e do


estado (6:1-6).
A linha dupla do fracasso do homem e da palavra especial da
parte de Deus, oferecendo graa ou beno, pode ser representada
como segue:

O Fracasso do Homem

1 A Queda (Gn 3)

A Beno da Parte de Deus

a) A promessa de uma Semana (Gn

3:15).
2 O Dilvio (Gn 6-8)

b) A promessa de que Deus

habitar nas
tendas de Sem (Gn 9:25-27).
3 A Disperso (Gn 11)

c) A promessa de beno em

escala
mundial (Gn 12:1-3).

Toda essa histria nos traz lies maravilhosas que ir nos d


direo e uma viso mais ampla do texto da chamada de Abrao, pois
se observarmos esse texto, ele est intimamente ligado aos
acontecimentos dos captulos anteriores. A grande runa da primeira
desobedincia humana, a distoro tirnica do poder poltico, e as
orgulhosas aspiraes unidade numa base humanstica levaram aos
juzos da Queda, do Dilvio e da disperso da raa humana. Os
fatores teolgicos achados em cada crise que perpetuam o juzo
divino foram os pensamentos, imaginaes e planos de um corao
maligno (Gn 3:5-6; 6:5; 8:21; 9:22; 11:4). A palavra salvadora de
Deus, no entanto, era suficiente para cobrir toda falha. Juntamente
com os temas de pecado/julgamento, veio uma palavra nova, com
respeito a um descendente (3:15), uma raa entre a qual Deus

32

habitaria (9:27), e a beno das boas novas oferecidas a cada nao


sobre a face da terra (12:3).
Os versos de Gnesis 12.1-3 seguem diretamente Gn 11:31 e
no comeam um estgio novo de narrativa. Ns somos informados
agora que foi em Har que Abro recebeu a chamada de Deus para
deixar sua terra e a sua parentela, e agora a cada de seu pai
tambm includa. Uma vez mais ele tem que sair de licena da sua
localizao estabelecida. Movendo l de Ur com o seu pai e sua
famlia e adotando isto como a sua ptria por uma longa permanncia
ele mais uma vez chamado para se mover. Assim, ele deveria partir
e esperar ento as direes de Deus com respeito ao destino da sua
jornada.
Esta chamada de Deus, porm, incluiu uma rica promessa. A
Abro foi prometido que os seus descendentes se tornariam uma
grande nao, um novo povo, um povo peculiar cuja histria inteira
se originaria com ele. Esta promessa requereu uma f muito grande
da parte de Abro, porque, do ponto de vista humano, no havia
nenhuma probabilidade que isto aconteceria. Abro no tinha filhos;
Sarai era estril (11:30). Esta promessa tambm inclua uma bno
especial e honra na declarao, Eu farei seu nome grande.
A segunda parte da promessa incluiu a declarao que o Abro
seria uma bno a outros, at mesmo para todo os povos da terra.
Esta promessa na verdade entra na forma de um imperativo, Seja
uma bno. Abro haveria de se tornar personificao de Deus
abenoando aos seus companheiros da raa humana. Isto explicado
mais adiante em verso 3, eu abenoarei os que o abenoam, e quem
o amaldioar eu amaldioarei.
Esta declarao posterior precisa de alguns esclarecimentos. O
que Deus declarou que a atitude dele para os membros da raa
humana de Abro seria determinada pela atitude deles para com
Abro. Os que agiriam favoravelmente para com Abro ganhariam o
favor de Deus. Os que cuja inclinao para com Abro fosse hostil e
mal cairia debaixo da maldio de Deus. Isto indicou claramente

33

aquele Abro teve uma relao distintiva a Deus. Abro era o amigo
de Deus, e ele foi escolhido desfrutar de um companheirismo especial
com Ele. Esta bno e maldio se trataram do favor ou desfavor de
Deus nas vidas deles.
Ainda outro fator includo na promessa de Deus, sero
abenoados Todos os povos da terra em ti. Esta declarao revela
at mesmo mais claramente que a promessa se tratou de mais que
bnos materiais. Seria inconcebvel que o que Deus prometeu que
aqui era que todos os povos na terra prosperariam materialmente
atravs Abro.
O que, ento, seria a bno com que o todo de humanidade
seria abenoado? Em absoluta certeza a bno seria o oposto da
maldio que veio sobre a humanidade em conseqncia da Queda.
Ento, esta bno somente no uma bno geral, mas importa a
um invalidando da maldio. Esta, em troca, a realizao da
promessa materna cedida Gnese 3:15. Deus prometeu Abro que o
Proto-evangelho seria percebido nele, quer dizer, na sua semente
(note uma grande nao no v.2). Abro prepararia o modo e
estabeleceria a linha da qual a semente da mulher viria. Ns temos
que assumir ento que o patriarca foi familiarizado com a promessa
materna.59
De fato a declarao de promessa achada em Gnese 12 s
um esboo daquele propsito divino que d forma ao Velho
Testamento e para a histria do mundo. Quando ns prosseguimos
lendo na Bblia que ns percebemos que estas primeiras promessas
do para o povo judeu a sensao de identidade deles. Ento estas
primeiras promessas so desenvolvidas. Em momentos crticos na
histria de Israel, so ampliadas vrias dimenses do propsito bsico
de Deus e so reveladas.60
Assim, quando se fala da terra prometida, quando se fala em
aliana lembra-se de Deus, quando em povo escolhido, e muitas das
Cf. AAlders. Bible Students comentary Gnesis Vol 1. p. 268-270.
Cf. Richards, Lawrence. The Teachers Commentary. (Wheaton, IL: Victor Books
1987).
59
60

34

vezes quando se fala no Israel de Deus (i.e. nos salvos), lembra-se e


cita-se a vida ou a f de Abrao. Verificamos isto tanto no Velho
Testamento como e principalmente no Novo.
O contedo desta promessa era basicamente trplice: um
descendente, uma terra, e uma beno para todas as naes da
terra. Se pudssemos selecionar uma nfase nesta srie, o lugar
principal caberia ao ltimo destes itens. Em cinco ocasies separadas
os patriarcas foram designados como beno para todas as naes:
Abrao em Gnesis 12:3; 18:18 e 22:17-18; Isaque em 26:3-4; e Jac
em 28:13-14. De fato, a beno de alcance mundial era o propsito
inteiro da primeirssima declarao da promessa em 12:2-3.
Com relao promessa feita de uma descendncia, ou seja, de
um herdeiro, haveria de abranger um nmero to grande, que, de
modo hiperblico, haveria de rivalizar o nmero das estrelas no cu
ou de gros de areia beira do mar. O drama de possveis obstculos
e frustraes que poderia ter bloqueado de modo permanente a
inteno divina neste ponto, ocupou uma boa parte do registro
histrico desta era. A esterilidade parece ter importunado de modo
tenaz a Abrao. Mas nem sequer o esforo por Abrao para conservar
esta descendncia haveria de contar, pois a vida inteira deste filho
(de cada um que haveria depois dele) era inteiramente uma ddiva
da parte de Deus.
As promessas com relao s terras que seriam herdadas por
Abrao e sua descendncia foi extremamente contnua em todas as
narrativas.

As

promessas

ancestrais

foram

cumpridas

pela

colonizao posterior da ter feita sob o comando de Josu. Esta por


sua vez, veio a ser um sinal ou penhor da concesso completa da
terra que ainda seria feita no futuro, assim, como lugar escolhido por
Jav para seu povo. Porque assim como a promessa de um filho tinha
sido cumprida tambm haveria um transbordamento aqui, na
promessa quanto a terra61.

61

Walter Kaiser. Op. Cit. p 94

35

No terceiro elemento da herana na promessa, da qual seria o


clmax, era que Abrao, e cada filho sucessivo da promessa teriam de
ser a fonte de beno; de fato seriam a pedra de toque da beno por
eles, porque cada um deles era o mediador de vida para as naes,
quanto a Abrao, Isaque e Jac. Em toda a Escritura podemos ver
todo cumprimento das promessas de Deus comeada em Abrao.

No Velho Testamento

1 Crnicas 16.15-17 - Lembra-se perpetuamente da sua aliana, da


palavra que empenhou para mil geraes; da aliana que fez com
Abrao e do juramento que fez a Isaque; o qual confirmou a Jac por
decreto e a Israel, por aliana perptua,
xodo 2.24 - Ouvindo Deus o seu gemido, lembrou-se da sua
aliana com Abrao, com Isaque e com Jac.
Ex 6.3-5 - Apareci a Abrao, a Isaque e a Jac como Deus TodoPoderoso; mas pelo meu nome, O SENHOR, no lhes fui conhecido.
Tambm estabeleci a minha aliana com eles, para dar-lhes a terra de
Cana, a terra em que habitaram como peregrinos. Ainda ouvi os
gemidos dos filhos de Israel, os quais os egpcios escravizam, e me
lembrei da minha aliana.
Ex 6.8 - E vos levarei a terra a qual jurei dar a Abrao, a Isaque e a
Jac; e vo-la darei como possesso. Eu sou o SENHOR.

Moiss intercedendo pelo povo apela para a aliana


Ex 32:13 - Lembra-te de Abrao, de Isaque e de Israel, teus servos,
aos quais por ti mesmo tens jurado e lhes disseste: Multiplicarei a
vossa descendncia como as estrelas do cu, e toda esta terra de que
tenho falado, d-la-ei vossa descendncia, para que a possuam por
herana eternamente. (cf. Dt 9.26-29)

36

Js 24.3 - Eu, porm, tomei Abrao, vosso pai, dalm do rio e o fiz
percorrer toda a terra de Cana; tambm lhe multipliquei a
descendncia e lhe dei Isaque.
2 Rs 13:23 - Porm o SENHOR teve misericrdia de Israel, e se
compadeceu dele, e se tornou para ele, por amor da aliana com
Abrao, Isaque e Jac; e no o quis destruir e no o lanou ainda da
sua presena.

O Senhor Cumpriu a Promessa da possesso de terra


Neemias 9.7-8 - Tu s o SENHOR, o Deus que elegeste Abro, e
o tiraste de Ur dos caldeus, e lhe puseste por nome Abrao.
Achaste o seu corao fiel perante ti e com ele fizeste aliana, para
dares sua descendncia a terra dos cananeus, dos heteus, dos
amorreus, dos ferezeus, dos jebuseus e dos girgaseus; e cumpriste as
tuas promessas, porquanto s justo. (o destaque meu)
Neemias faz citao de Abro para recordar o Senhor da sua
aliana, ciente que o povo foi infiel, mas que o Senhor fiel. Ele apela
para a aliana para pedir perdo.
Neemias 9.32 - Agora, pois, Deus nosso, Deus grande,
poderoso e temvel, que guardas a aliana e a misericrdia, no
menosprezes toda a aflio que nos sobreveio, a ns, aos nossos reis,
aos nossos prncipes, aos nossos sacerdotes, aos nossos profetas, aos
nossos pais e a todo o teu povo, desde os dias dos reis da Assria at
ao dia de hoje. (o destaque meu)
Deus se apresenta, chamado, invocado e conhecido como
Deus de Abrao:
Gn 19.29; 24.12, 27, 42, 48; 26.24; 28.4,13; 31.42, 53; 32.9; x 3.6,
15, 16; 4.5; 1 Rs 18.36; 1 Cr 29.18; 2 Cr 30.6; Sl 47.9;
Outros textos relacionados:

37

Gn 13.14,15; Gn 15; 17.9; 18.18; 35.12; 48.15-16; 50.24; x


33.1; Nm 32.11; Dt 1.8; 6.10; 9.5, 30.20; 34.4; 2 Cr 20.7; Sl 105.4-11;
Is 41.8-10; 51.2; Ez 33.24 e Mq 7.20.

No Novo Testamento

O texto de Atos 7, juntamente Gnesis 15.7, esclarecem que o


chamado de Abrao se deu em Ur dos Caldeus e o que houve em
Har foi a confirmao do chamado ou lhe foi dado apenas mais
esclarecimentos sobre seu chamado, como o Senhor fez outras vezes
no prprio livro de Gnesis. Vejamos a clareza de Estevo ao citar
este episdio da vida de Abrao:
At 7.2-8 - Estevo respondeu: Vares irmos e pais ouam. O
Deus da glria apareceu a Abrao, nosso pai, quando estava na
Mesopotmia, antes de habitar em Har, e lhe disse: Sai da tua terra
e da tua parentela e vem para a terra que eu te mostrarei. Ento, saiu
da terra dos caldeus e foi habitar em Har. E dali, com a morte de seu
pai, Deus o trouxe para esta terra em que vs agora habitais. Nela,
no lhe deu herana, nem sequer o espao de um p; mas prometeu
dar-lhe a posse dela e, depois dele, sua descendncia, no tendo
ele filho. E falou Deus que a sua descendncia seria peregrina em
terra estrangeira, onde seriam escravizados e maltratados por
quatrocentos anos; eu, disse Deus, julgarei a nao da qual forem
escravos; e, depois disto, sairo da e me serviro neste lugar. Ento,
lhe deu a aliana da circunciso; assim, nasceu Isaque, e Abrao o
circuncidou ao oitavo dia; de Isaque procedeu A Jac, e deste, os doze
patriarcas.
O texto de Romanos 4 tambm muito esclarecedor, no que se
refere a Abrao e seu chamado. Aqui Paulo mostra que Abrao foi
justificado pela f e que isto lhe foi imputado por justia. Indicando,
assim que, foi Deus o nico autor dos benefcios de Abrao, que a
obedincia dele era fruto da ao Soberana de Deus em sua vida. E

38

que por esta ao Abrao se tornou nosso pai. E ainda que ns


tambm somos justificados de igual forma, isto , em total
dependncia de Deus.
Em Rm 4:3, relata a justificao de Abrao; os rabinos no
perodo de Paulo ensinavam que Abrao era o nico justo de sua
gerao, e, portanto Deus o elegeu como patriarca de seu povo
escolhido.62 Mas Paulo refuta esta idia, dizendo que creu Abrao a
Deus, e isso lhe foi imputado como justia.Quando Abrao creu no
Senhor, fez a nica coisa que o homem pode fazer, nada! Deus o
chamou, fez-lhe promessas, e Ele se encarregou de cumpr-las. A f
no foi algo meritrio, nem uma mudana de carter, ou de sua
natureza, como algo voluntrio de Abrao, pelo contrrio, o Senhor o
levou a crer, dando-lhe a f, pois f um dom de Deus. E assim
Abrao no possuiu justia prpria, pelo contrrio lhe foi imputada
pela obra meritria de Cristo.63
Rm 9:7, no versculo anterior ele diz ... por que nem todos os
que so de Israel so israelitas.Podemos aqui fazer uma ligao com
os textos de Mt 3:9 e Jo 8:39, que dizem que Deus pode salvar os
gentios, os quais no so da linhagem israelita segundo a carne, e
faz-los pertencer a famlia de Abrao por causa da eleio feita em
Cristo. E isto a extenso da Promessa feita a Abro de que ... em ti
sero benditas todas as famlias da Terra (Gn 12:3).

Atravs da

semente, que era Isaque e no Ismael, como o Senhor havia dito a


Abrao em Gn 17:19 ... na verdade, Sara, tua mulher, te dar um
filho, e chamars o seu nome Isaque, e com ele estabelecerei a minha
Aliana, por Aliana perptua para a sua descendncia depois dele. 64
O texto de Glatas 3.6ss. Tambm muito elucidam sobre o
chamamento de Abrao, aqui se referindo a sua bno de serem
abenoados todos os povos da terra, referindo-se mais precisamente
aos gentios. O texto ainda esclarece sobre o descendente de
W.Barclay. Comentrio a los Romanos, (Terrassa,Espaa, Ed.CLIE, 1995), pp.84
J. Calvin. Instituicin de la Religin Cristiana,(Barcelona,Espaa, FELiR,
1994)Vol. II, pp. 630-631
64
W.R.Newell. Romanos ,versculo por versculo, (Gran Rapids, Michigan, Ed.
PortaVoz, 1991) pp 294-295
62
63

39

Abrao, indicando que as promessas foram feitas a Abrao e ao seu


descendente, e no aos descendentes (v. 16). Esclarecendo que a
herana provinha da promessa de Deus que havia concedido
gratuitamente a Abrao.
Apenas no verso 17 Geisler e Howe nos chamam a ateno para
uma dificuldade a respeito do tempo decorrido de Abrao at a
quando a Lei foi dada.
Eles apresentam o problema da seguinte forma: Em Glatas, o
apstolo afirmou que decorreu um perodo de 430 anos de quando
Deus fez promessas a Abrao (Gn 12.1-3) o que foi cerca de 2000
a.C. at o momento que ele deu a Lei a Moiss o que foi por volta
de 1450 a.C. Isso seria um erro, pois a diferena de mais de 100
anos.
Eles continuam e apresentam a seguinte soluo para o
problema: O tempo a que Paulo se referiu no foi a partir de quando
Deus de incio fez a aliana com Abrao (Gn 12-15), mas de quando
ela posteriormente foi confirmada a Jac (Gn 46), o que se deu por
volta de 1877 a.C. Como o xodo ocorreu por volta de 1447 a.C. (cf. 1
Rs 6.1), resulta uma diferena de exatamente 430 anos.
H uma boa indicao de que Paulo estaria referindo-se ao
tempo da confirmao feita com Jac, e no ao tempo de quando ela
foi estabelecida com Abrao. O texto refere-se com clareza aos 430
anos depois de ser a aliana confirmada por Deus (Gl 3.17). Assim,
esse perodo o que decorre de quando Deus reafirmou as promessas
que fizera a Abrao, para a sua descendncia (sua semente), na
pessoa de Jac. Isso est em Gnesis 46.2-4, e ocorreu cerca de 430
anos antes dos filhos de Israel sarem do Egito.65
O texto bblico de Hebreus 6.13-20, tambm nos fornece fatos
esclarecedores, sobre a promessa, apresentando como imutvel esta
promessa, no pela obedincia de Israel, que deveria ser o canal da
bno para as naes, nem pela obedincia de qualquer homem,
Norman Geisler, Thomas Howe. Manual Popular de dvidas Enigmas e
Contradies da Bblia. (Ed Mundo Cristo SP1999). pp 479-80.
65

40

mas que a promessa era imutvel, porque, Deus fiel a Ele mesmo,
pois visto que no tinha ningum superior por quem jurar, jurou por
si mesmo (v.13). E que ns que somos alcanados por esta promessa
temos a segurana nEle e que Jesus, o descendente de Abrao,
tornou-se

nosso

sumo

sacerdote

para

sempre,

nos

dando

segurana, conforto e ousadia para entrar nos santos dos santos.


Hb 11:8, neste captulo, alm da definio de f, o autor
continua expondo exemplos vivos que se encontravam na memria
de seus leitores (ao que indica eram descendentes de hebreus); e
nos vs. 8:19 relata a respeito de Abrao fazendo um resumo de sua
vida. E aqui o autor faz algumas proposies, como: a f de Abrao
consistiu em mais do que o ato inicial e deixar a cidade de Ur;
estendeu-se a sua experincia na Terra da Promessa.

uma boa

recomendao da f de Abrao que era to tenaz em circunstncia


to incerta.
Em Tg 2:21. Este livro tem como tema f em ao,
considerando que a f separada das obras inativa, inoperante, sem
vida e por conseqncia, no a f no sentido bblico da palavra. E
como exemplo, o autor fazendo meno a Abrao, que ... creu e
obedeceu..., se submetendo a ordem de Deus, de sacrificar a Isaque,
pois ... considerou que Deus era poderoso para at dentre os mortos
o ressuscitar... (Hb 11:18). As obras so resultado da f. E Berkhof
quando se refere aos elementos da f, classifica-os como:
- O elemento intelectual, ocorre num reconhecimento positivo
da verdade revelada, um conhecimento correto, baseado nas
promessas de Deus, mesmo no compreendendo todas as coisas,
suficiente para fornecer ao crente alguma idia das verdades
fundamentais;
-O elemento emocional, se caracteriza por proporcionar uma
forte convico de sua importncia. O elemento da vontade, ou

confiana, inclui uma confiana pessoal no redentor, uma plena


confiana nEle como nica fonte de perdo e vida espiritual. 66
Textos que indicam como era forte o conceito de Filhos de
Abrao: Mt 3.9; Lc 3.8; 13.16; 16.24, 30; Jo 8.33, 37, 39, 40, 52, 53,
56-58; At 13.26; 2 Co 11.22; Hb 2.16. Outros textos: Mt 22.32 (cf. Mc
12.26-27 e Lc 37-38); Lc 1.54-55; 68-75; At 3.13, 25; Hb 11.8-22.

2.3 Estrutura do Contexto

Poucos livros da Escritura revelam as linhas de demarcao


entre suas unidades individuais to claramente quanto se faz em
Gnesis. Isto se deve presena da frmula elleh toledt, usada dez
vezes ao longo de Gnesis. Em alguns pontos aparece prefervel
traduzir a frmula como esta a histria de X. Em outros pontos
estes so os descendentes (ou geraes) de X que parece ser
melhor. A escolha entre estes dois ser determinada pela ocorrncia
dependente principalmente da natureza do seguir material a frmula.
Se a frmula seguida ento por uma genealogia que a preferncia
para a posterior. Se for seguido ento atravs de narrativa que a
preferncia para o anterior. Os dez so (e ns s traduzimos
geraes para indicar continuidade):

2:4a: estas so as geraes dos cus e a terra


5:1a: estas so as geraes de Ado
3. 6:9a: estas so as geraes de No
10:1a: estas so as geraes dos filhos de No
11:10a: estas so as geraes de Sem
11:27a: estas so as geraes de Ter
Cf.Louis Berkhof. Teologia Sistemtica, (Campinas, Luz Para o Caminho, 1990).
Pp 506-509
66

25:12a: estas so as geraes de Ismael


25:19a: estas so as geraes de Isaque
36:1a, 9a: estas so as geraes de Esa
37:2a: estas so as geraes de Jac

Exame mais profundo destas ocorrncias revela que em cinco


deles a frmula seguida de narrativa: #1 (criao), #3 (o dilvio),
#6 (a histria de Abrao), #8 (a histria de Jac), #10 (a histria de
Jos). Nestas cinco frmulas deveria ler-se como nota introdutria
esta a histria de X. Contudo a maioria das verses modernas de
Escritura no consistente. Por exemplo, a pessoa acha para 11:27a
so estas as geraes de Ter (Ra) ou so estes os descendentes
de Ter (TLH).
Os outros cinco todos aparecem como ttulos para genealogias:
#2 (os descendentes de Ado), #4 (os descendentes dos filhos de
No), #5 (os descendentes de Sem), #7 (os descendentes de
Ismael), #9 (os descendentes de Esa).67
O

texto

de

Gnesis

12.1-3

vem

seguindo

uma

destas

genealogias, que como diz Hamilton, deveria ser traduzido como


esta a histria de Ter.
Um contexto maior onde comea o assunto da passagem e
onde termina, seria ento iniciada em Gn 11.27 e terminaria em 12.9.
Esta seo pode ser analisada na seguinte forma:
11:27a

Ttulo: Esta a histria familiar.

27b-30

Famlia de Ter:

27b

Seus filhos

28

morte de Har
29-30 seus outros filhos casam-se

31

jornada de Ter de Ur para Har

Hamilton. The New International Commentary on the Old Testament (The Book
of Gnesis Chapter 1-17)
67

32

morte de Ter

12.1-3 Promessa Divina para Abro


4-6

Jornada de Abro de Har para Cana (Siqum)

7a

promessa Divina

7b

Abro constri um altar

8-9

jornada de Abro de Siqum para Neguebe

Formalmente a seo cai dentro de duas partes principais:


A - palavra divina

vv 1-3

B - resposta de Abro vv 4-9

Ambas subdividindo-se em trs pargrafos:


A Palavra Divina v 1

B Resposta

v1

ordem

v2

promessa

v3

promessa

vv 4-5

jornada

vv 6-7

jornada

vv 8-9

jornada

O Senhor
para
Abro
ir

v4

ele foi
Abro
para

O Senhor

Uma Estrutura do contexto Geral da Passagem

1 - Genealogia de No cap. 10
2 - Construo da Torre de Babel cap. 11:1-6
3 - Senhor confunde a lngua cap. 11:7
4 - Cessa A construo e se espalham por toda a terra cap. 11:8-9
5 - Genealogia de Sem cap. 11:10-27
6 - Abro casa-e com Sarai cap. 11:29
7 - Abro e famlia vo para Har cap. 11:31
8 - Ter pai de Abro morre em Har cap.11:32
9 - O Senhor chama Abro, estabelece a Aliana
cap. 12:1-3
10 - Ele cr e obedece indo para Siqum, em Cana cap. 12:46
11 - Deus define a Terra Prometida para Abro cap. 12:7
12 - Edificou um altar ao Senhor cap. 12:8
13 - Jornada de Abro de Siqum ao Neguebe cap. 12:8-9
14 - A separao de Abrao e L Cap. 13: 1-18
15 - A libertao de L por Abrao Cap. 14: 1-24
16 - O Pacto de Deus com Abrao Cap. 15: 1-21
17 O nascimento de Ismael Cap. 16: 1-16
18 Um Pacto selado pela circunciso Cap. 17: 1-17

III ESTUDO TEXTUAL

3.1 Anlise e Traduo do Texto

^c.r>a;me ^l.-%l, ~r'b.a;-la, hw"hy>


rm,aYOw: Genesis 12:1
`&'a,r>a; rv,a] #r,a'h'-la, ^ybia' tyBemiW
^T.d>l;AMmiW
Palavra

Anlise Gramatical

Raiz
Traduo

rem)
oYw
hw
hy
le)

Waw consecutivo + verbo qal


imperfeito 3ms

rm)

Substantivo prprio

Hwhy

{fr:b
a)
|el

Substantivo prprio

!:l

Preposio
+
Sufixo
pronominal de 2 ms
Preposio + substantivo
comum fs construto + sufixo
pronominal 2 ms

e Traduo

= ele disse E ele disse


= O Senhor

Senhor
Preposio

l)

= para, em Para
direo .
{fr:ba) = Abrao
Abrao

Verbo qal imperativo ms

|lh

= vai, partir, Parta

andar

!:c:r
a)"m

!:l

= de ti

}im =
jere) =
! = teu

De ti

de + De tua terra
terra +

46

!:T:d
alwo
MimU

Waw conjutivo + preposio W = e + }im E


de
+ substantivo comum fs
parentela
=
de
+
construto
+
Sufixo
tedelOm =
pronominal 2ms

ty"Bi
mU

Waw conjuntivo + preposio W = e + }im E de casa


+ substantivo comum ms
= de + tiyaB
construto
= casa
Substantivo
comum
ms bf) = pai + ! = teu pai
construto
+
sufixo
teu
pronominal 2ms
Preposio
l) = para, em Para

!
yibf)
le)

parentela +
tua

tua

direo

jerf)f
h

Artigo definido + substantivo


comum neutro singular

h =
jere)

o,

+ A terra

= terra,

nao

re$A
)
;
e):r
a)

Pronome relativo

re$A) = que

que

Verbo hifil imperfeito 1cs +


sufixo pronominal 2ms

h)r = ele fez ver


+ ! = teu

Eu te farei ver

hl'D>g:a]w: ^k.r,b'a]w: lAdG" yAgl. ^f.[,a,w>


Genesis 12:2

`hk'r'B. hyEh.w< ^m,v.


Palavra

!:&e(
e)w
ywo
g:l
Lwod
fG
!:ker

Anlise Gramatical

Raiz e
Traduo

Traduo

Waw conjuntivo + verbo qal W = e + h&( E farei de ti


imperfeito 1cs + sufixo
= ele far
pronominal 2ms
Preposio + substantivo l = para, por, de + Por nao
comum ms
yOG = nao,
povo
Adjetivo ms
lOdfG
= grande
grande
Waw conjuntivo + verbo piel
imperfeito 1cs + sufixo

= e +

|dB

E abenoarei a ti

47

fbA)
w
hfl:D
agA)
w
!em:
$

pronominal 2ms

= ele abenoa +
= teu

Waw conjuntivo + verbo piel


imperfeito cs cohortativo

h"y:h
w
;
hfkfr
:B

Waw conjuntivo + verbo qal


imperativo ms

W = e + hyh

Substantivo comum fs

hfkfr:B

= e + ldG E tornarei grande


=
ele
torna
grande/clebre

Substantivo
comum
ms {"$ = nome +
construto + sufixo pronominal
= teu
2ms

Teu nome

E sers

= ele
= beno

bno

raoa' ^l.L,q;m.W ^yk,r>b'm. hk'r]b'a]w: Genesis


12:3

`hm'd'a]h' txoP.v.mi lKo ^b. Wkr>b.nIw>


Palavra

Anlise Gramatical

Raiz
Traduo

E Traduo

hfkAr
fbA)
w

Waw conjuntivo + verbo piel W = e + |rB E abenoar


imperfeito 1cs coortativo +
= ele abenoa +
sufixo pronominal
Hf = ela

!
yek:r
fb:m
!:leL
aq:um

Verbo piel particpio mp +


sufixo pronominal 2ms

ro)f)

|rB = ele + ! =

Te abenoarem

teu

Waw conjuntivo + verbo piel W = e + llq = E te desprezarem


particpio ms + sufixo
ele desprezou + !
pronominal 2ms
= teu
Verbo qal 1cs imperfeito
rr)=
ele Eu amaldioarei
amaldioou

48

Uk:r:
bnw

Waw conjuntivo + verbo nifal


perfeito 3cp

= e +
=
ele
abenoado

|rB

!:b

Preposio
+
pronominal 2ms

LoK

Substantivo comum ms

tox:P
:$im
;
hfmf
dA)fh

Substantivo
construto

comum

sufixo

= em +

E abenoadas

foi
= Em ti

teu

fp

Artigo definido + substantivo


comum fs

loK = todo

todo

hfxfP:$im

famlias

= famlias

h = o, a
hfmfdA)
terra, solo, cho

+ A terra
=

49

3.2 Gnero Literrio da Passagem

Segundo a tradio Judico-crist, Moiss foi dirigido pelo


Esprito Santo de Deus, escreveu o livro de Gnesis com o propsito
de fornecer um breve sumrio da histria da revelao divina, desde
o princpio at que os Israelitas foram levados para o Egito e estavam
prontos para se formarem em nao teocrtica. O livro historia a
criao do mundo, do homem, a aliana de Deus com o homem, a
queda do homem no pecado, o pacto da graa, e as vidas de
praticas68. Tendo em vista o verdadeiro pressuposto que a Bblia a
palavra de autoritativa e inerrante de Deus, e que o Pentateuco bem
como o seu contedo e principalmente o livro de Gnesis, o alvo de
muitas controvrsias, parte dessa palavra.
Como quase todo o Antigo Testamento, o gnero da passagem
de Gnesis 12.1-3 narrativa histrica. E sendo narrativa uma
histria. A Bblia contm o que freqentemente chamada, a
histria de Deus uma histria que totalmente verdica,
crucialmente importante, e freqentemente complexa. O propsito da
narrativa histrica Deus ensinar seu povo por meio de fatos
ocorridos de fato. mostrar-nos Deus operando na Sua criao e
entre Seu povo. As narrativas O glorificam, ajudam-nos a entend-lo e
dar o devido valor a Ele, e nos do um quadro da Sua providncia e
proteo.69
O gnero literrio da passagem narrativo histrico, ela tem a
inteno de contar como coisas na verdade aconteceram e a
sucesso natural que as envolveu. A nossa percope tem por objetivo
narrar a histria do povo de Deus e sua redeno no chamado de
Abrao. Em primeiro lugar so histrias familiares, transmitidas
Cf. E. J. Young. Op. Cit. p 53
Gordon D. Fee & Douglas Stuart. Entendes o que ls? (Ed Vida Nova SP 1998).
p 64.
68
69

50

originalmente por tradio oral. Os pastores Nmades no costumam


manter originalmente registros escritos. Eles tm pouco interesse em
associar a histria com os fatos contemporneos. Esses fatos so
problemticos caso esses crculos sejam interpretados como a histria
no sentido moderno. O propsito primrio do autor mostrar os
desdobramentos do chamado de Abrao, desde antes na sua terra
cheia de idolatria. Com esse chamado, Deus faz promessas definitivas
a Abrao (12. 1-3). Os captulos seguintes mostram como Deus
cumpriu essas promessas, apesar de Abrao no ter herdeiro.
Esse tipo de historiografia deve ser reconhecido como um
Passado rememorado, a memria de um povo. A distino entre
esse estilo e o da historiografia nos tempos da monarquia de Israel
no est na realidade histrica dos acontecimentos, mas na maneira
de apresent-la. Nas sociedades primitivas, a tradio oral muito
mais precisa do consegue imagina um leitor ocidental de hoje. A
cultura patriarcal oferecia um ambiente ideal para a transmisso
precisa da tradio: era caracterizada por uma esfera social fechada
selada por laos de sangue e religio. Essas narrativas, portanto, so
tradies vitais mantidas vivas pela memria do povo de Israel70.
Sem dvidas o contexto literrio da passagem o incio da era
patriarcal, onde comea a, desenvolver a histria do povo de Israel, a
comear em Abrao e em sua descendncia. Uma das prova dessas
narrativas histricas so vrios textos e evidncias mais do que
suficientes indicando concluso segura dessas narrativas.

70

Cf. William S. LaSor, David A. Hubbard, Frederic W. Bush. Op. Cit. p 49

51

3.3 Estrutura do Texto

Sairs

* Da tua terra
* Da tua parentela
* Da casa de teu Pai

* De ti farei uma grande nao *


Abenoarei e engrandecerei o
teu nome

E Farei

E abenoarei

Aqueles
que te
abenoarem

E amaldioarei

Que
te
amaldioarem

E todas as
famlias da terra
sero abenoados
em ti.

S tu
uma
beno

52

3.4 Palavras Chaves

HWHY O nome Yahweh traduz o tetragrama hebreu YHWH.


Porque o nome foi escrito originalmente sem vogais, incerto como
deveria ser pronunciado. Embora h discusso considervel relativo
origem e significando do nome, esta designao comum (6,828 vezes
usadas no Velho Testamento) relacionada provvel ao verbo ser. 71
Este nome foi preservado por nossos tradutores em poucas
passagens, mas a palavra SENHOR, normalmente foi substituda por
esta.

LXX

fixou

um

precedente

para

este

curso

quase

invariavelmente adotando a palavra Kuvrio", Senhor, como uma


retribuio, a nica exceo que Prov. 29:26, onde despovth", Rei
ou Dominante, encontrado. difcil colocar uma data exata de
quando o Senhor Deus se revelou ao homem com o nome hwhy,
tendo o significado que possui, ou pelo menos em que perodo da
histria veio adquirir o significado de Deus da aliana. Talvez o
prprio Ado j tivesse uma breve noo do seu significado, quando
no captulo 2 e 3 ele chamado de o Senhor Deus. Mas importante
observar que nenhum nome dos patriarcas do perodo anterior a Jos
ou dos descendentes de Jac possua a forma abreviada de Yavh (Ia,
ou J).
Os que tinham nome ligado a Deus, era com a forma abreviada
de Elohim e no Yavh, dos descendentes de Sete, temos, por
exemplo, Maalalel; os descendentes de No, Abimael; o filho de
Abrao com Agar, Ismael; os lugares por onde Jac passou e nomeou,
como El-Betel, Peniel; o nome de sua esposa era Raquel, e o prprio
nome que o Senhor lhe deu, Israel; os descendentes de Esa, Reuel e
Magdiel; os descendentes de Jac que desceram ao Egito, Jenuel,
Jaleel, Asbel, Jaseel.
Mas como aparece escrito em algumas circunstncias o prprio
Abrao chama Deus de Senhor (Gn. 14:22). Podemos ver que Abrao
71

Paul Enns. The Moody Handbook of Theology, (Chicago, Ill. Moody Press) 1996.

53

j conhecia Deus com o nome Senhor. Mas antes preciso considerar


algumas coisas:
- Quem escreveu Gnesis foi Moiss, que j conhecia o nome de
Deus Yavh (Ex. 3:11-16). E isso foi num perodo de aproximadamente
500 anos depois de Abrao;
- Em Gnesis 12:1-3, relata que Deus faz a sua aliana com
Abrao, mas o Senhor ali no se apresenta, e no diz o seu nome
Yavh;
- Em Gnesis 12:7, Moiss narra que Abrao constri um altar ao
Senhor que lhe aparecera, mas Deus ainda no se revela com o nome
de Yavh;
- Em Gnesis 15, pela primeira vez Deus se revela a Abrao com
o nome de Yavh, e acrescenta... Que te tirei de Ur dos Caldeus para
dar-te a ti esta terra, para herd-la.(vs. 7). Ele diz para trazermos
memria o que ele havia feito, e agora progredir em sua revelao e
extenso da aliana com Abrao. E no v. 18 Moiss registra a
repetio e o desdobramento da aliana, prometendo-lhe um
descendente. Mas antes, no captulo 14:18-24, quando Abrao se
encontra com Melquisedeque, rei de Salm, e Deus chamado de
Senhor, o Deus Altssimo (v.22) por Abrao;
- No captulo 22:14, quando Abrao provado em sua submisso
na ordem do Senhor, de entregar-lhe Isaque seu filho, o texto diz: e
chamou Abrao o nome daquele lugar: o Senhor prover... Deixando
claro que Abrao conhecia Deus pelo seu nome Yavh, o Deus da
aliana.
Jesus reivindicou para si este nome de Deus mais respeitado
pelos judeus, tido como to sagrado que eles nem sequer o
pronunciavam: YHWH (hoje freqentemente pronunciado como Yavh
ou Jeov). EU SOU no a traduo de YHWH. Todavia, trata-se de um
derivado do verbo ser, do qual tambm deriva o nome divino Yavh
(YHWH) em xodo 3.15. Portanto, o ttulo EU SOU O QUE SOU
indicado por Deus a Moiss a expresso mais plena de seu ser

54

eterno, abreviado no v. 15 para o nome divino YHWH. A Septuaginta,


a verso grega do Antigo Testamento hebraico, traduziu o primeiro
uso da expresso EU SOU em xodo 3.14 por Ego eimi. (O grego era
a lngua falada nos dias de Jesus, sendo o idioma em que o Novo
Testamento foi escrito).
Nos dias de Jesus, a forma enftica eu sou (ego eimi) em
grego era ento o equivalente do hebraico Yavh. Dependendo do
contexto podia ser uma maneira imperiosa de dizer: Eu sou! (como
em Joo 9.9), ou podia designar o prprio Deus, o eterno EU SOU.
Em vrias ocasies Jesus empregou o termo ego eimi
referindo-se a si mesmo, na forma unicamente usada para Deus. O
exemplo mais ntido aquele em que os judeus disseram a Jesus:
Ainda no tens cinqenta anos, e viste a Abrao? Jesus respondeulhes: Em verdade, em verdade eu vos digo: Antes que Abrao
existisse, EU SOU (grego: ego eimi). Ento pegaram em pedras para
atirarem nele (Joo 8.57-59). Os judeus quiseram mat-lo pela sua
presuno em declarar-se divino. O Antigo Testamento era claro. O
castigo prescrito para a blasfmia era apedrejamento at a morte
(Levtico 24.16). Jesus atribuiu esse ttulo a si mesmo tambm em
outras ocasies. (Joo 8.24,28; 18.4-6).
Os escritores do Novo Testamento, convencidos de que Jesus
Cristo era Deus, no viram dificuldades em atribuir-lhe passagens do
Antigo Testamento que se referiam a YHWH (Jeov).
Ao iniciar seu Evangelho, Marcos fez uma citao de Isaas: Voz
do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor (Yavh);
endireitai no ermo vereda a nosso Deus (Isaas 40.3). Marcos
interpretou essa passagem como tendo sido cumprida em Joo
Batista, quando este preparou o caminho para Jesus (Marcos 1.2-4;
compare com Joo 1.23).
Paulo citou Joel 2.32: E acontecer que todo aquele que
invocar o nome do Senhor (Yavh) ser salvo. Paulo aplicou essa

55

citao a Jesus, nos seguintes termos: Porque: Todo aquele que


invocar o nome do Senhor, ser Salvo (Romanos 10.13).
Pedro citou o mesmo versculo de Joel: E acontecer que todo
aquele que invocar o nome do Senhor ser salvo (Atos 2.21). A
seguir, quando o povo perguntou o que deveria fazer para ser salvo,
Pedro disse: Arrependei-vos, e cada um de vs seja batizado em
nome de Jesus Cristo... (Atos 2.38). Depois de declarar que a
invocao do nome do Senhor (Yavh) era um pr-requisito da
salvao, Pedro recomendou que fossem batizados em o nome de
Jesus Cristo. Se Pedro no considerasse Cristo como Deus, seria de
esperar que ele ordenasse que fossem batizados em nome de Yavh,
o que estaria de acordo com a prtica e crena judaicas.
Talvez mais importante do que o fato de os discpulos ter dado
essa designao a Jesus seja o de seus inimigos reconhecerem que
ele estava afirmando ser Deus. Uma testemunha hostil sempre uma
prova forte num tribunal.
No havia dvida quanto a quem os lderes judeus pensavam
que Jesus estava proclamando ser. Desse modo, a principal acusao
dos inimigos de Jesus no se concentrava no que ele dizia, mas em
quem ele declarava ser: Deus.72
Podemos concluir que, embora o nome Yavh j esteja no
captulo 2 de Gnesis, somente em Gnesis 14, Deus se apresenta
com este nome. No caso de No, Deus estabelece uma aliana com
ele (Gn. 6:18) e com a sua descendncia (9:9), mas no diz que seu
nome Yavh. O nome aparece desde o captulo 2, porque Moiss
queria descrever o Deus nico, Criador, Dominador, Sustentador, o
Todo Poderoso, Altssimo, o Senhor (Deus da aliana) de Abrao,
Isaque e Jac, e que ele o mesmo que apareceu no Monte Sinai,
quando ele o vocacionou para ser o mediador da Aliana e que
atravs dele libertaria o povo de Israel do Egito; fazendo com que a
aliana que ele havia estabelecido com Abrao fosse lembrada, e
Cf. Josh McDowell & Bart Larson. Jesus uma defesa bblica da sua divindade.
2a edio (Ed Candeia So Paulo, 1994). pp 22-24
72

56

cumprida a promessa feita a ele, a respeito de sua semente (Gn. 17:


9, 10).
Quanto a etimologia do tetragrama hwhy;73 H uma grande
discusso a respeito de sua origem, pois a verdadeira derivao do
nome, sua pronncia e sentido de origem, obscuro, no entanto
podemos dizer que o Pentateuco faz uma ligao do nome Yavh com
o verbo hyh

(Hayh - ele era). O seu sentido pode ser explicado com

base em Gnesis 3:14, onde est traduzido por eu Sou o que Sou
ou tambm pode ser traduzido como eu Serei o que Serei. Est
fortemente associado com Aliana entre Deus e Israel, representando
a promessa divina de cumprir o seu propsito declarado de salvar
Israel do Egito e estabelec-lo na terra prometida. 74 Berkhof diz que o
nome indica a imutabilidade de Deus, no se referindo tanto a
imutabilidade do seu ser essencial, mas sim a imutabilidade de sua
relao com o seu povo.75 E quanto importncia do uso do nome
Yavh importante saber que. Na mentalidade antiga, o nome no
era um simples som, um sopro, mas havia entre ele e seu portador
uma ntima relao substancial. O portador existe em seu nome, e,
por conseguinte, o nome contm uma afirmao sobre a essncia do
seu portador, pelo menos algo do seu prprio poder. 76 Enfim, pode-se
dizer que, Yavh o nome que Deus usa para se revelar com Deus da
Aliana.
Sai da tua terra (v.01): Esta uma ordem dada por Deus a
Abrao a sair da sua terra. A maioria dos comentaristas considera
este imperativo divino como um teste de f: Abro deixar tudo seguro
mais querido para uma terra desconhecida prometida por Deus. Isto
confirmado por 22:2, onde um comando bem parecido para Abrao
prefaciado explicitamente pelo comentrio que Deus testou Abrao
(22:1).77
W. A. Elwell. Enciclopdia Histrica Teolgica, (Ed Vida Nova, SP, 1993), Vol I,
pp. 445-446.
74
B. Milne. Estudando as Doutrinas Bblicas, (Ed ABU So Paulo, 1991). p 64
75
Louis Berkhof. Op. Cit. p 51
76
G. Von Rad. Teologia do Antigo Testamento (So Paulo, ASTE, 1986). Vol I, pp.
188.
77
Wenhan. Word Biblical Commentary- vol 1. p. 274.
73

57

Esta ordem tem como implicao deixar para trs todo o


ambiente pago, idlatra e toda pecaminosidade em geral no qual
Abrao vivia, e que a comear com os de sua casa (Js 24:2). Mas esse
processo de separao no se completou antes do captulo 13,
quando Abrao se aparta do seu sobrinho L, (Gn 13:7-18).

chamamento foi feito pela primeira vez quando Abrao ainda estava
em Ur dos Caldeus, (At. 7:2-4), mas a separao foi gradual.
Primeiro Abrao saiu de sua terra, mas junto com sua parentela
(11:31) moraram em Har, at que seu pai morreu. E Depois se
separa de L com um justo acordo proposto por Abrao. Kidner diz
que razovel pensar que ele estava aguardando pacientemente o
tempo de Deus, at que os laos familiares fossem desfeitos de forma
honrosa.78 O heb. No exige o uso do mais-que-perfeito aqui
(dissera), mas o sentido geral da passagem o exige. Gn. 15.7 e Atos
7.2-4, comparados com este versculo, levantam a questo se houve
duas chamadas, uma em Ur e outra em Har.
As Escrituras parecem requerer que certamente devemos
considerar a chamada pertencente Ur; e ento bem possvel que a
ordem tenha sido repetida em Har. Uma chamada divina havia
ordenado a Abro que se reunisse a uma migrao (possivelmente
geral) de Ur para Har, que estava de partida naquela ocasio. Ter
apresentado como o lder desse movimento do cl de Abro. Em
Har, ento, Deus novamente falou a Abro, desta vez em termos
mais explcitos. Quando ele veio a Har, na Mesopotmia, ele
obedeceu chamada no que tangia a sair da sua terra e parentela
(v.01). Mas quando partiu de Har a fim de ir para Cana, ele deixou a
casa de seu pai (v.01).79 A Bblia no se preocupa em apresentar
detalhes sobre a forma que Deus falou a Abrao, mais deixa claro que
foi de uma forma totalmente concreta e compreensvel. A Bblia,
porm, relata que Abrao era profeta (Gn 20.7), e como bem
sabemos a maneira que Deus se comunicava com seus profetas era
D. Kidner. Gnesis, Introduo e Comentrio, (So Paulo, Vida Nova, 1991), pp
106.
79
Cf. Davidson. O Novo Comentrio da Bblia. p 95-96.
78

58

atravs de sonhos e/ou vises, assim bem pode ter sido um destes
dois meios que Deus utilizou para chamar a Abro.
O local onde foi feita a chamada de Abrao foi Har. Mas os
trechos de (Gn 15:7; Ne 9:7; At 7:2) mostram que tudo se origina em
Ur, talvez por orientao divina direta, que Abrao pde entender, ou,
pelo menos, Deus estava providenciando essa chamada, em sua
forma preliminar, desde Ur, e no somente desde Har, que acabaria
levando Abrao para terra de Cana. O livro de Atos sugere alguma
orientao divina bem definida e mesmo gloriosa80.
Certamente Abrao poderia colocar algumas dificuldades para
Sua no atender ao chamado, pois Ele deixaria amigos famlias e
terra natal. Levaria sua famlia a uma terra estrangeira, forando
assim a aprender outros costumes e a viver em um lugar estranho.
Abrao era homem abastardo em bens como gado, prata ouro
(Gn13:02), belo poder algum avanar em meio afluncia
material.
Esta passagem marca um novo estgio na vida de Abrao, ou
seja, a partir de chamamento de Deus, esta nova era, ele estaria
vivendo sobre o chamado de Deus e debaixo de seus cuidados, sendo
agraciado por seus, recebendo a eleio divina para o servio do
Senhor. Essa chamada de Abrao um emblema da chamada dos
homens, por meio da graa de Deus, para fora deste mudo e dentre
os homens, renunciando s vantagens matrias, no se conformando
com elas, esquecendo-se de sua prpria gente e da casa paterna, a
fim de viver debaixo da vontade de Deus.
Esse mandado de Deus pode implicar tambm na renuncia que
teria de ser feita por Abrao depois de toda a influencia de seus pais,
que eram idlatras. Teria que ter coragem e muita determinao para
isso.

Cf. R. N. Champlin. O Antigo Testamento Interpretado versculo por Versculo


Gnesis - Nmeros. (Ed Candeia So Paulo 2000). p 101.
80

59

Terra que te mostrarei (v.01) - Esta terra no havia sido


indicada, ou descrita, mas somente lhe seria mostrado no tempo
oportuno. No cap. 12:7, quando Abrao chega em Siqum centro de
Cana, o Senhor apareceu-lhe e disse: A tua descendncia darei esta
terra. Aqui o Senhor especifica a terra prometida, Abrao teve que
sair do conhecido para um lugar desconhecido, sendo que obedeceu
indo para um lugar que havia de receber por herana; e saiu sem
saber para onde ele ia (Hb 11:8). Pareceria, por estas palavras e por
Heb. 11.8, que Abro no conhecia seu destino. Em Gn. 11.31 ficou
declarado que era Cana, mas isso poderia ter sido escrito pelo
historiador somente luz dos eventos subseqentes, e no como
revelao da mente consciente de Ter ou Abro. 81
Gn 15:18 deu a descrio da terra, dizendo que as suas
fronteiras se estendiam desde o rio Egito at ao Eufrates. Gn 17: 108, enfatizava que a terra seria uma possesso perptua. E Gn 15:
1-21, explicou que o patriarca possuiria a palavra prometida com
respeito a terra, mas apenas teria uma pequena experincia de estar
pessoalmente na terra, porque a plena realidade seria protelada at
quarta gerao, depois de se encher a medida da iniqidade dos
amorreus (v.16).
Esta beno material ou temporal no deveria ser separada
fora dos aspectos espirituais da promessa de Deus. Nem deveria ser
espiritualizada ou transmutada para tipificar a Cana celestial da qual
a Cana terrestre seria apenas modelo. O texto era enftico,
especialmente o Cap 17, em declarar que a aliana haveria de ser
perptua. J em Gn 13:15, porm o oferecimento da totalidade
daquela terra foi feita a Abrao para sempre. E quando Abrao
tinha noventa e nove anos, esta promessa foi transformada em
aliana perptua. E a terra haveria de ser possesso perptua.
As promessas ancestrais foram cumpridas pela colonizao
posterior da terra feita sob o comando de Josu. Esta por sua vez,
veio a ser um sinal ou penhor da concesso completa da terra que
81

Cf. Davidson. Op. Cit. p. 96.

60

ainda seria feita no futuro, assim como as ocupaes ancestrais


foram

simultaneamente

reconhecidas

como

exposies,

confirmaes e expanses da promessa. Assim sendo, mesmo a


ocupao da terra feita por Josu no esgotou a promessa quanto a
esta terra como lugar escolhido por Jav para o Seu povo. Porque
assim como a promessa de um filho tinha sido expandida para
abranger naquela filiao todos os descendentes do patriarca, assim
tambm havia um transbordamento aqui, na promessa quanto a
terra82.
De ti Eu farei uma grande nao (v.02) - A palavra para
nao

yOG,

normalmente usado das naes pags, mas aqui,

como em 35 :11 e Ex 19 :6, em referncia a Israel, para significar que,


Israel deveria ser grande. Grande nao, claro que, implica mais
que grandes nmeros. Considerando que a grandeza Deus que est
fazendo, envolve verdadeira grandeza em todo sentido. Se sempre
havia uma grande nao, era o Israel. A fora desta palavra deve ser
considerada naturalmente em cima de contra o fato que na ocasio
quando foi falado o Abram no teve nenhum filho. 83
Deus tinha em mira coisas maiores para ele, Israel haveria de
nascer a partir de Abrao. Os prazeres embotam-nos a viso. Deus
desarraigou Abrao e perturbou o seu programa. Deu-lhe uma
promessa, mas no recursos imediatos. Ele teria de esforar-se para
que a promessa tivesse cumprimento. Deus tem um plano, ns temos
de coloca-lo em execuo, tanto quanto isso estiver ao nosso alcance.
Quando as coisas avanam mais depressa do que ns, ento
precisamos de interveno divina. Abrao teve a f suficiente para
pr em execuo promessa divina.
O Senhor primeiro d uma ordem, e agora uma srie de
promessas a Abrao. Uma promessa de fazer Abrao, j velho, uma
grande nao; mas o que significa esta grandeza dos descendentes
de Abrao? Pois ela no foi numerosa (Dt 7:7), nem produziram
82
83

Cf. Walter C. Kaiser, Jr. Op. Cit. p 94


H. C. Leupold. Exposition of Gnesis Volume 1 1-19. pp. 411-12.

61

grandes filsofos, como os gregos, ou um grande sistema poltico e


judicirio, como os Romanos. A grandeza de Israel foi uma grandeza
espiritual, e que, pela definio, foi pelo Esprito de Deus e no pelo
esforo ou empreendimento humano. 84 Ser grande nao significa
mais do que ser numerosa, a fora desta palavra se baseia no fato de
que o Senhor prometeu-lhe ser uma grande nao, sem que Abrao
tivesse pelo menos um filho

85

Mas nesta promessa estava implcita

uma outra promessa que o Senhor faria a ele no vs. 07, e depois de
forma mais clara, no cap. 16:1-16. E nesta promessa Deus ajustou
seu favor com as necessidades e desejos de Abrao, se tornando uma
prova de f, pois Sara era estril.

86

E o apstolo Paulo interpreta corretamente esta promessa em


Romanos 9, expondo de forma mais ampla, explicando quem
realmente so os descendentes de Abrao. Quando Yavh apareceu a
Abrao depois de este patriarca ter chegado em Siqum, aquela
antiga palavra com respeito a um descendente foi representada e
dirigida, desta vez, a Abrao (Gn12: 7). A partir de ento a
importncia desta ddiva de um filho que herdaria a promessa e as
bnos veio a ser um dos temas dominantes da narrativa patriarcal.
Engrandecerei o teu nome (v.02) - Quando o Senhor se
refere ao nome, Ele fala da pessoa de Abrao, pois o nome revelava
o carter, as qualidades, os atributos e a essncia das pessoas. 87 E
tambm o grupo, o cl ao qual pertencia. Abrao havia deixado seu
cl, ele havia perdido sua referncia, e o Senhor promete fazer-lhe
uma grande nao e engrandec-la. Ele se tornou famoso, e vrios
nomes lhe so dados; ele passa a ser chamado Pai de uma multido
(17:5); Prncipe de Deus (23:6); um Profeta (20:7). 88 Recebendo um
novo carter, qualidades, e atributos provenientes de Deus, e
tornando-se uma referncia para os seus descendentes.
J.M.Boice. Genesis an Expositional Commentary, (Gran Rapids, Ministry
Resources Library, 1985), vol. II, pp. 19
85
H.C.Leupold. Op. Cit. p.412
86
M.Henry. Comentrio Bblico, Pentateuco, (Terrassa, Espaa, ed. CLIE, 1989) vol. I
pp.96.
87
Walter.Kaiser,Jr. Op. Cit. (So Paulo, Vida Nova, 1988), pp.111.
88
H. C.Leupold. Op. Cit. p 412
84

62

A frase engrandecerei o teu nome, declara algo que quase


certamente est carregado de ironia. A busca de um nome, ou seja,
renome, reputao e at superioridade tinha sido ambio
compulsiva daqueles reis tirnicos chamados filhos de Deus em Gn
6:1-4 e os arquitetos da Torre de Babel, em Gn 11:4. Agora, o prprio
Deus doaria a um homem, por motivos e razes s dEle, aquilo que
outros egoisticamente buscaram ma no atingiram.
Abrao tornar-se-ia conhecido para milhes de pessoas como
uma das grandes personagens da histria. Ele se tornaria o pai dos
fiis, o progenitor de vrias raas, incluindo o veculo que Israel. Ele
foi o mais proeminente membro da genealogia do prprio Messias89.
Tu sers uma beno (v.02) Ao estudar estas palavras
podemos compreender que Esta uma construo incomum.

hkrbhyh

seja uma bno acontece s ocorre em outras duas

passagens, Is 19.24 e Zc 8.13. Sua precisa interpretao incerta.


A bno de Deus manifestada obviamente na prosperidade
humana e bem-estar; vida longa, riqueza, paz, colheitas boas, e filhos
so os artigos que freqentemente figuram a maioria em listas de
bno como Gen 24:35-36; Lev 26:4-13; Deut 28:3-15. Que homem
secular

moderno

chama

sorte

ou

sucesso

A.T.

chama

abenoando, porque insiste que Deus s a fonte de toda boa


fortuna. 90 De acordo com uma linguagem hebria a personificao de
bno, mais santificada.91
Alm de fazer grande a nao que o Senhor disse que surgiria
a partir de Abrao, Ele promete tambm abeno-lo.

Esta beno

possui trs aspectos, e cada um mencionado repetidamente nos


captulos 12- 28:
- A Semente: 12:2; 13:16; 15:5; 16:10; 17:2, 4-6, 16 ; 18:18 ;
22:17
- A Terra: 12:2; 13:15, 17; 15:7, 18; 17:8; 24:7.
89
90
91

Cf. R. N. Champlin. Op. Cit. p 101


Wenhan. Word Biblical Commentary vol 1. p. 276.
Driver, The Book of Genesis. p. 144.

63

- As Naes: 12:3; 18:18; 22:18.


Esta foi uma promessa que Deus fez de abenoar a pessoa de
Abrao, e no somente a sua descendncia; Montgomery diz que uma
pessoa abenoada por causa da obra graciosa de Deus, as coisas
vo bem com ele e tudo o que ele faz prspero. 92 E Abrao foi
neste sentido abenoado, pois o Senhor prosperou sua famlia, seus
negcios, e ele ficou famoso por sua f, tanto no Antigo como no
Novo Testamento.
Beno no aspecto espiritual pode se obter alguns dos seus
aspectos, na Beno Sacerdotal. Significa a proteo contra todo o
mal (Nm 6:24), a doao da graa (vs. 25), a prolongao da paz e da
felicidade (vs. 26).93 Ser abenoado tem um significado tanto material
quanto espiritual, em ambos os sentidos esto includos em ser
prspero e bem-sucedido na vida.
O fato do assunto que, realmente, expressa algo que Deus
faz: Deus o nico, que em ltima anlise faz Abro ser uma
verdadeira

bno para outros.

Mas ao mesmo tempo, uma

responsabilidade moral de Abro envolvida: ele deveria fazer a sua


parte para que ele pudesse se tornar uma bno para outros. Por
conseguinte o imperativo, s tu uma bno. Ele pessoalmente
deveria apontar para viver tal que outros fossem santificados por ele.
94

De fato de Abrao vieram o povo de Israel. De Israel nossas


Escrituras e nosso Salvador. Que bnos realmente!

95

O fundo divino

de bondade mais do que suficiente para todos. Deus tem seus


instrumentos, mas todos so beneficirios. Abrao haveria de ser um
instrumento especial, e o mundo inteiro seria beneficirio. Seu nome
seria engrandecido, mas grandes seriam tambm as bnos que
fluiriam por meio dele a toda as naes.
J.M.Boice. op. cit., p. 20
U.Cassuto. A Commentary on the Book of Genesis, (Jerusalm, The Magnes
Press, The Hebrew University, 1967), Vol. II, pp.
94
Leupold. Exposition of Gnesis Volume 1 1-19. pp. 412-13.
95
Lawrence O. Richard. The Teachers Commentary, (Wheaton, IL: Victor Books)
1987.
92
93

64

Mas qual o significado de Beno aqui nesta ordem? O Dr.


Van Groningen, expressa nas seguintes palavras: Ser bendito, ento
desfrutar da prpria presena de Deus, ter comunho com Ele, e ser
enriquecido por tudo o que e oferece, assim como Ele se dava a si
mesmo a Abrao. O real conceito de Beno, portanto, a idia de
Deus Conosco, Imanuel (Is,2: 14; Mt 1:23).96
Se Abrao iria se tornar o canal de beno pelo qual Deus iria
alcanar as outras naes, ele prprio teria de tornar-se disponvel e
acessvel a todos.
Amaldioarei... Abenoarei...(v.03) Cinco vezes Deus
prometera Sua beno nu curto espao de dois versculos, mas era
Abrao o ponto focal de ateno: ele quem seria uma grande nao,
ele que teria um grande nome, ele quem seria abenoado por
Deus e bendito por todos os homens. Ainda no havia, em Gnesis
12:1-3, referncia direta a um descendente ou uma habitao nas
tendas de Abrao conforme fora prometido em Gn1-11. Nem havia,
ainda, referncias a uma aliana que Deus haveria de (cortar 15:18,
dar 17:2, estabelecer 17:7, ou jurar 22:16). Conforme demonstram as
referncias dadas acima, isto estava para surgir medida que Deus
fosse Se revelando. Por enquanto, tratava-se de um relacionamento
com um homem, servindo como base para os povos da terra
receberam uma beno. interessante notar que a realizao mesma
de uma promessa tal como a constituio de uma nao teria de
esperar vrios sculos, at que Israel fosse libertado do Egito97.
No vs. 3, o Senhor deixa mais claro o papel de mediador que
Abrao deveria exercer na Aliana. Afirmando que a beno e a
maldio sobre os homens dependeriam inteiramente do modo de
como eles se relacionariam com Abrao. Ele no era meramente o
mediador, mas a fonte da beno para todos; ... os que te
abenoarem, isto significa que aqueles que apresentassem simpatia,
amizade e procurassem seu bem-estar, tambm receberiam a beno
de Deus. E o inverso tambm verdadeiro.
96
97

Gerard Van Groningen. Op. Cit. p. 124


Walter C. Kaiser, Jr. Op. Cit. p 91

65

A extenso do inteiro do intento gracioso e misericordioso de


Deus indicada no hebraico pela mudana do objeto plural da graa
(os que te abenoarem), para o objeto singular da maldio (o que te
amaldioar), muitos recebero a beno de Deus atravs do
descendente de Abrao, ou seja, aquele que reconhecer a Abrao e
sua descendncia como agentes da beno de Deus. Caso no tenha
esse reconhecimento Deus ser um adversrio direto daqueles que
amaldioarem a Abrao e sua semente.
Em ti sero benditas todas as famlias da terra Abrao
foi chamado para servir como mediador entre Deus e todas as gentes
ou naes. Nele todas seriam abenoadas. Deus seria feito conhecido
s gentes e naes por meio de Abrao, e por meio de Abrao elas
seriam trazidas obedincia a Deus. E irmanadas nessa obedincia
deveriam, receber todos os benefcios da vida do pacto. Abrao,
entretanto, seria o agente da transmisso, no o meio real de
reconciliao e restaurao da morte comunho com Deus98.
Em Gn 11:7-9, o Senhor confundiu e espalhou as famlias sobre
a face da terra, um distanciamento relacional entre as famlias,
refletindo o distanciamento relacional que as famlias tinham com
Deus; estavam separadas de Deus por causa do pecado, e
precisavam ser reconciliadas por Ele, atravs de uma beno, que
estendesse seus efeitos a todas as famlias da terra..., esta
promessa definitivamente Messinica e determina que o Messias
surgiria da linhagem de Abrao. 99 Mas ela tambm possua um
aspecto pessoal, lembrando que em Abrao a Aliana do Senhor se
estenderia ao seu povo tornando Abrao um tipo daquele que viria e
seria o Mediador entre Deus e todas as famlias da terra. 100
Desde o incio, a Palavra de Deus, deixa bem claro, que existem
duas linhas de famlia, os descendentes da maldio e da beno; os
filhos de Caim, e os filhos de Sete; a raa humana, e a famlia de No;
e mesmo em Abrao, nascendo-lhe Isaque e Ismael, o segundo no
Cf. Gerard Van Groningen. Op. Cit. p 128
H. C. Leupold. Op. Cit. p 413
100
Gerard Van Groningen. Op. Cit. p 128-129
98
99

66

entra na Aliana; e Paulo faz a exposio desta doutrina em Gl 4: 2431; os descendentes de Isaque, um rejeitado, e somente Jac
escolhido para estender a Aliana adiante. (Rm 9).
E esta relao entre as famlias de todos os povos, lnguas e
culturas, restauradas em Cristo, formando um s corpo, uma s
famlia, a famlia da Aliana (1Co 12:13).
A linha de Abrao dali por diante seria medianeira, e a bno
dada

aos

homens

haveria

de

fluir

por

intermdio

de

sua

descendncia. Essa promessa foi cumprida na pessoa de Cristo. 101


Abrao ser indiretamente uma fonte de bem-aventurana
para outros: assim favorecidos atravs de Deus sero aqueles que
so seus amigos sero abenoados com prosperidade, enquanto
aqueles que so inimigos sero visitados com desgraas.102
Uma bno to grande que seu efeito estender a todas as
famlias da terra s pode ser pensada de com relao ao Salvador
prometido. Ento, esta palavra definitivamente Messinica e
determina que o Messias ir emergir da linha de Abro.103
A escolha de Deus por Abrao e seu povo no foram projetadas
para excluir outros. Do mesmo comeo a escolha de Deus de Israel
era intencional para o benefcio de gnero humano. E no retorno de
Cristo, o Rei, ser estendida a abundncia de bno a tudo.

104

Para

comparar veja 18:18; 22:18; 26:4; 28:14.

hxp$m` famlia, traduzido cl em 10.5, 18, 20, 31, 32 um


agrupamento intermedirio entre uma tribo e a casa de um pai.
Terra aqui e em 28:14 (cf. Amos 3:2) hmd). Em outro lugar a frase
est todas as naes do mundo [jr)] (18.18; 22.18; 26.4). No todo
indivduo que so prometidos ser abenoados em Abro, mas todo
grupo principal no mundo ser abenoado. As histrias subseqentes
Davidson. O Novo Comentrio da Bblia. p 96.
Driver. The Book of Genesis. p. 144.
103
Leupold. Exposition of Gnesis Volume 1 1-19. p. 413.
104
Lawrence O. Richards. The Teachers Commentary, (Wheaton, IL: Victor Books)
1987.
101
102

em Gnese ilustram estes princpios em ao. Grupos bem dispostos


a Abro e aos seus descendentes prosperam: os que se opem no. 105
importante ressaltar que, a eleio de Abrao no projetada
para isolar esta famlia das outras famlias da terra. Pelo contrrio,
esta famlia se tornar o veculo pelo qual podem ser reconciliadas
todas as famlias da terra a Deus. Em Abrao e nos seus
descendentes todas as naes da terra seriam abenoadas. Assim a
seleo da famlia de Abrao um meio a um fim no plano global de
Deus para o mundo.106

3.5 Aspectos Gramaticais

W Este um prefixo inseparvel, usado como conjuno ou


partcula introdutria, e geralmente traduzido por e. usada com
freqncia no comeo de frases, razo pela quais verses antigas
comeavam muitos versculos com um e inexplicvel. Este uso
pode ser entendido como uma leve partcula introdutria (como o
caso do nosso texto), que pode ser traduzida por ora, por pois ou
mesmo deixada sem traduo.

rm) Este verbo aparece no AT quase 5000 vezes. Este verbo


comum tem ampla variedade de sentido. Embora a lngua hebraica
apresente um uso bem documentado e freqente para dar a idia de
ordenar, rm) tambm usado neste sentido.
Dentre os mais de 5000 usos da raiz, a maioria dificilmente
precisaria de algum comentrio. Est prximo do equivalente
portugus dizer. Todavia a palavra dizer rene vrias conotaes,
dependendo do contexto onde usada. Em alguns casos o contexto
Wenhan. Word Biblical Commentary vol 1. p. 278.
Hamilton. The New International Commentary on the Old Testament The Book
of Gnesis Chapter 1-17. p. 52.
105
106

de interesse teolgico. Contudo, permanece em dvida quantas vezes


estes significados especiais so inerentes palavra rm) e quantas
vezes isto se deve ao contexto.
Por exemplo, rm) s vezes quer dizer ordenar. Estes casos
so aqueles onde a palavra dita por Deus ou por alguma autoridade
humana competente. Deus ordenou (rm)) a Abrao que sasse de sua
terra (Gn 12.1).

|el este verbo um qal que expressa uma ao e como


tambm um imperativo, que o modo volitivo da segunda pessoa.
usado para expressar todas as mudanas da volio. Ele usado
principalmente para ao imediata. Aqui a ordem vem do Superior
para o inferior, isto , uma ordem divina.

hfl:DagA) este um verbo piel e como tal um intensificador


esta sendo usado como um causativo, sugerindo a idia de que quem
tornaria grande o nome de Abrao iria ser Deus. Ele est na forma
cohortativa, que o volitivo da primeira pessoa. Expressa aqui a
manifestao d vontade da pessoa que fala. Enfatizando que
vontade de Deus fazer o nome de Abrao grande.
Gramaticalmente, o verbo principal farei, abenoarei, farei
grande, seja, maldio, ser bno so todos subordinados
ao imperativo parta (v01). A Maioria deles so imperfeitos ou
cohortativos antepostos por waw fraco que indica propsito ou
conseqncia.107
Ambos a vida de Abrao e de Jac posto entre parnteses por
falas divinas de promessa. A primeira palavra de Deus para Abrao
uma srie de sai tu (12:1-3), em que o movimento do imperativo
(v.1) para o futuro do indicativo (vv. 2-3). A ltima palavra de Deus
para Abrao tambm comea com um imperativo (22:1), e termina
107

Wenhan. Word Biblical Commentary vol 1. p. 275.

com o tempo futuro do indicativo (22:15-18). Entre estas duas falas


de promessa (12:1-3; 22:15-18) a odissia de Abrao detalhada. O
mesmo verdade da histria de Jac.108

txp$m lk

A nfase desta frase se encontra na palavra lk (kl ,

todas), pois ela se refere a extenso quantitativa, temporal e


geogrfica de quais famlias seriam ... abenoadas em ti . Cassuto,
afirma que ns temos aqui a primeira aluso ao conceito do
universalismo

inerente

na

de

Israel,

qual

poderia

subseqentemente ser desenvolvida no ensino dos profetas. 109 Por


universalismo aqui, no se entende salvao de todas as pessoas de
todos os lugares e tempos, indistintamente. Mas sim, pessoas de
todos os povos, salvos entre os judeus (no todos os judeus), e dentre
os gentios, e isso fica claro, na exposio desta doutrina em Rm 9-10.
E em Abrao, e na sua descendncia deveriam ser abenoadas
todas as famlias da terra, e por isso eles deveriam e seriam umas
bnos, e ser uma beno para o mundo era uma viso tida sem
regularidade no incio..., mais tarde reaparece em seu perodo de
maior fraqueza sempre infundiu algum senso de misso a Israel.110

3.6 Mensagem Para a poca da Escrita

O Livro tem por objetivo relatar a Israel como ele foi escolhido
dentre todas as naes do mundo para ser o povo de Deus, no por
merecimento daquele povo pequeno e sem mritos, mas devido s
misericrdias de Deus, podemos tambm falar que o livro a histria
da graa de Deus estabelecendo Israel para Si mesmo como seu
povo. Como podemos perceber no livro de Gnesis que o grande
cenrio o deserto, ou seja, este foi o momento exato para que
Hamilton. The New International Commentary on the Old Testament The Book
of Gnesis Chapter 1-17. pp. 42-43.
109
U. Cassuto. Op. Cit., p.
110
D.Kidner. Op. Cit. p. 106
108

Moiss atravs de seus livros pudesse preparar aquele povo que saia
da escravido, para torna-los uma nao havia a necessidade de
instruir e preparar aquele povo para uma vida de liberdade onde eles
se construiriam em povo santo a Deus. Moiss procura estabelecer no
meio

do

povo

responsabilidade

um
para

relato
com

de

sua

Deus

origem
devido

em

Abrao,

aliana

sua

firmada

anteriormente com o patriarca e seus descendentes.


Moiss atravs de Gnesis nos fornece um conhecimento
detalhado, ou seja, um breve sumrio da histria da revelao divina,
desde o princpio at que os israelitas foram levados para o Egito e
estavam prontos para se organizarem em nao teocrtica. O livro
historia a criao do mundo, do homem, a aliana de Deus com o
homem, a queda do homem no pecado, o pacto da graa, e as vidas
dos patriarcas. O propsito de Gnesis no era fornecer uma
descrio biolgica e geolgica das origens. Antes, seu propsito era
explicar a natureza e a dignidade singular dos seres humanos, em
virtude de sua origem divina. Eles so feitos pelo criador imagem
divina, ainda que prejudicada pelo pecado que to cedo desfigurou a
boa obra de Deus111.
O Texto que ns estamos estudando nesse trabalho, com
certeza foi de extrema importncia para o povo de Israel daquela
poca. Nas histrias anteriores destacavam Ado e No como figuras
principais cujas vidas serviam como sustentculo para o plano divino
com suas conseqncias para humanidade. Neste texto agora o
personagem principal Abro. Sua histria pessoal e familiar
preenche os captulos restantes de Gnesis e forma uma corrente que
se estende por toda a Bblia.
O livro mostra que a descendncia dos homens passou a ter
duas linhas a dos filhos dos homens, ou a descendncia amaldioada
por No, ou a linhagem dos filhos de Deus, abenoadas por No. O
livro apresenta ainda 10 genealogias para deixar bem claro a origem
dos povos. E justamente na sexta genealogia, a genealogia de Ter,
111

Cf. William S. LaSor, David A. Hubbard, Frederic W. Bush. Op. Cit. p 23

que est inserida na genealogia de Sem, que comea a ser relatada


a histria de Abro e no captulo 12.1-3, onde apresentada para o
povo de Israel a sua origem.
Assim, a mensagem para o povo era que eles tomassem
conscincia que eles tiveram origem no plano divino de uma maneira
toda especial, eles foram eleitos pelo Senhor para serem o Seu povo e
como descendentes de Abrao haveriam de possuir a terra que lhes
era prometida e assim eles deveriam tambm ser canal de bno
para as demais naes, eles deveriam cumprir a ordem que foi dada
a Abrao seja uma bno. Apesar da maldade do corao humano,
Deus quis mostrar a Sua graa, chamando um homem de nome
Abrao para deixar seu lar idlatra Ur dos Caldeus, a fim de ir a uma
terra desconhecida, onde Deus o faria pai de uma poderosa nao,
originando assim a historia do povo escolhido de Deus, dos quais eles
eram

descendentes

dessa

promessa,

conseqentemente

participavam diretamente dessa promessa.


Um povo influenciado pelo paganismo egpcio, que possua um
conhecimento muito confuso e obscuro do Deus e de seu pai Abrao.
Este povo que agora peregrinava no Deserto do Sinai, liderados por
Moiss, o qual os levaria at aos arredores do Monte Sinai, onde o
Senhor estabeleceria a Aliana com os israelitas, que nada mais era
do que uma confirmao, codificao e ampliao do Pacto feito com
os patriarcas.112
Moiss queria transmitir ao povo de Deus que o Senhor havia no
passado feito uma Aliana com Abrao; que o Senhor havia tirado ele
do meio de um povo pago, chamando e separando-o, para uma
Aliana; e fazendo-lhe promessas.113
A Aliana inicialmente havia sido feita com Abrao, e se
estendido aos outros patriarcas, e agora era transmitida ao povo de
Israel formalmente. A vocao de Abrao era agora a vocao de
Israel, diramos a escolha e a eleio de Abrao se cumpria agora na
Cf. W. C. Ferreira. Esboo de Teologia Bblica, (Campinas, Luz Para o Caminho,
1985), p 59
113
Cf. Gerard Van Groningen. Op. Cit. pp124-125
112

escolha e eleio de seu povo. 114 Havendo uma continuidade na


Aliana, por causa da Fidelidade do Senhor a sua palavra.
E o propsito desta passagem alm de apresentar a origem de
Israel, a Aliana com seu povo, ela tambm apresenta qual o papel
do povo eleito, no mundo. Que a libertao de Israel da escravido,
retirando-os do meio de um povo idlatra, como o fez com Abrao, e
o levando para a Terra Prometida, no era uma mera separao, mas
uma separao para servio. Da mesma forma que Abrao foi o
mediador da Aliana anterior, tipificando Cristo, agora o Senhor
escolhe a Moiss para ser mediador de Israel diante dEle. E Moiss,
descreve a Abrao, e a Aliana do Senhor, para dar um referencial, de
qual Aliana eles faziam parte, e de qual Aliana Moiss, agora era o
Mediador.

115

A filiao de Israel expressava um relacionamento: Israel era o


filho de Yavh, mas no meramente no sentido de cidado de uma
nao, membro de um sindicato de arteses ou discpulo de um
mestre. Tratava-se de um relacionamento de famlia: um povo que
formava a famlia de unidade tnica, poltica ou social. Pelo contrrio,
era uma famlia formada, salva e guardada por Deus, o Pai desta
famlia116.
A mensagem para o povo de Israel vinda de Deus para aquela
poca foi tambm, no sentido que, a descendncia, porm agora era
mais do que uma famlia; era o povo, uma nao decorrente dessa
famlia. E a experincia desta nao dos atos graciosos de Deus era
mais do que uma coletnea de intervenes pessoais para indivduos
selecionados. Neste caso, a nao inteira reafirmaria os atos de Deus
como confisso: Yavh libertou Seu povo do Egito. Mesmo assim,
tudo ficaria vinculado mesma segurana consoladora do passado:
Eu serei contigo, por que assim era o nome e o carter de Deus,
assim como fui com Abrao, Isaque e Jac. Seu nome era Eu Sou,

114
115
116

W. C. Ferreira. Op. Cit. p 59


Cf. Gerard Van Groningen. Op. Cit. p 177
Cf. Walter C. Kaiser, Jr. Op. Cit. p 107

Yavh, o Deus que estaria dinmica e efetivamente presente quando


houvesse necessidade e quando os homens clamassem a Ele.
O mesmo amor e a graa fidedigna que demonstrou a Abrao,
deste

Deus

que

fazia

aliana

conforme

as

Suas

promessas

dominavam a transio entre estas eras. Ele escutava os gemidos de


Israel, e Seu interesse pelos israelitas e Sua ao em prol deles foram
descritos resumidamente como o lembrar-Se da Sua aliana com
Abrao, Isaque e Jac. O mesmo Deus da libertao era o mesmo
Deus de vossos pais.

3.7 Teologia do Texto (Mensagem para todas as pocas)

O Senhor mantm relaes pactuais com a Humanidade, e a


Bblia o registro permanente das relaes pactuais de Deus com a
Humanidade atravs dos sculos.117 No texto escolhido (Gn 12:1-3)
encontramos nitidamente o Senhor se revelando, indo em direo ao
Homem, para estabelecer sua Aliana com ele, e embora o texto no
tenha a palavra Aliana (trb - brit), encontramos nele os fatores que
compe a Aliana.

118

Em seguida ser apresentada tanto a teologia,

como alguns fatores da Aliana do Senhor com Abrao.


O Senhor quem toma a iniciativa de fazer a Aliana com a
humanidade. Em todos os casos onde se encontra registrado que o
Senhor estabeleceu sua Aliana, a comear no Pacto da Criao. Em
lugar algum do registro divino, se encontra escrito que o homem quis
buscar a Deus por iniciativa prpria, pelo contrrio, sempre Deus
quem soberanamente traz o homem at Ele.
Deus estabelece Sua aliana conosco, requerendo separao do
pecado. Abrao vivia no meio de um ambiente pecaminoso, e
certamente era influenciado por estes, embora Deus providencie uma
separao honrosa, com a morte de seu pai (Gn 11:32), e depois
Gerard Van Groningen. Op. Cit. p. 56
Gerard Van Groningen. From Creation to Consumation, ( Apostila, St. Louis,
Missouri, Novembro/1990), Parte II, pp. 306-308.
117
118

quando Ele o separou de (Gn 13:7-18), o Senhor soberanamente fez


com que Abrao ficasse em Cana, enquanto L escolhe para si, as
Campinas do Jordo (vs. 12).

Abrao deveria perder aquele

referencial de vida (pecaminosa), e se tornar um referencial de vida


conforme a vontade do Senhor, Santo.
O Senhor retribui conforme a nossa resposta. Pela f Abrao
obedeceu e foi um abenoado e um abenoador, e todos os que se
relacionassem com ele deveriam respeitar-lhe como agente ou
representante do Senhor, e seriam abenoados por isso; caso
contrrio

receberiam

desrespeito.

justa

punio

pela

sua

arrogncia,

Quando Abrao obedeceu pela f, em reposta ao

chamado de Deus, que eficaz, ele recebeu graciosamente vrias


promessas, tanto espirituais, quando materiais. Ento, entendemos
que o Senhor nos chama, nos convence de nossas necessidades
espirituais, e muda nossa natureza, nos d f e assim nos capacita a
obedec-Lo, e mesmo sendo tudo isso de forma graciosa, Ele nos
recompensa pela nossa obedincia, pelo fato de sermos seres morais
e termos responsabilidades diante dEle.
Ele faz promessas de Beno e maldio. No podemos dizer de
forma inconseqente que todas as promessas da Bblia so para os
salvos, pois nela existem promessas de beno e maldio. Aos
participantes da Aliana a sua desobedincia gera disciplina do
Senhor, mas para os que esto fora dessa Aliana, gera a ira de Deus,
vindo a merecida punio. Em circunstncias financeiras, os mpios
podem ser prsperos, mas h diferenas enormes entre eles e os
servos do Senhor (Sl 34, 37, 73); espiritualmente os mpios esto
mortos, sem ligao nenhuma com Deus, mas os servos do Senhor
possuem vida, pois estar numa relao pactual com Deus estar
ligado a Ele por um lao de vida e amor.119
Somos separados para o servio do Senhor. Quando Deus nos
separa, Ele exige santificao negativa e positiva. Santificao
negativa, pois devemos abster-nos de toda forma do mal, e at de
Gerard Van Groningen, Revelao Messinica no Velho Testamento. Op. Cit. p
56
119

sua aparncia (1 Ts 5:22). Na santificao positiva, devemos obedecer


aos preceitos do Senhor, trabalhar ativamente, praticando o que
bom e agradvel ao Senhor.

Obedecendo e levando outros a

obedecerem tambm. Sendo luz para iluminar, sendo imitadores de


Cristo para que, outros vejam em ns o referencial de vida divino e
nos imitem, no que sejamos modelo de perfeio, mas modelos de
transformao de vida.
Somos descendentes espirituais de Abrao segundo a Aliana.
Paulo expe isto de forma clara e objetiva interpretando a promessa
de Deus a Abrao (12:3), nos captulos 9, 10,11 de Romanos, quando
ele descreve quem a verdadeira famlia da Aliana. Quando Moiss
escreveu Gnesis, tinha esse objetivo comunicar aquele povo, que
eles eram os descendentes de Abrao segundo a carne, e tambm
espiritualmente, embora nem todos, muitos foram nitidamente
rejeitados e exterminados no deserto por causa de sua rebelio
contra Deus, mesmo sendo israelitas.
Nos tornamos abenoadores e agentes da beno do Senhor.
Quando Pedro diz que somos gerao eleita, o sacerdcio real, a
nao santa (1 Pe 2:9) significa que nos tornamos agentes da
beno do Senhor, agora o mundo abenoado atravs do Corpo de
Cristo no Mundo. Nossa comunho com Deus nos faz abenoados e
abenoadores.
Para resumir, portanto, Gen. 12-36 (Abrao-Isaque-Jac) h
enfoques em trs indivduos (um pai, um filho, e um neto) que
representam as primeiras trs geraes de uma famlia quem Deus
escolheu abenoar, foram prometidos que terras e descendentes
iriam aquela terra. Eles no foram escolhidos porque eles eram bons.
Eles foram escolhidos na base do testamento soberano de Deus. At
mesmo quando eles so culpados de um comportamento altamente
pouco tico, Deus mantm-se leal promessa dele.120

Hamilton. The New International Commentary on the Old Testament The Book
of Gnesis Chapter 1-17. p. 43.
120

O descendente ainda est no centro do seu enfoque,


enquanto acrescenta muitos aspectos novos. O fato de que repetido
e renovado to freqentemente em Gnesis 13, 15, 17, 22, 24, 26 e
28 tambm constitu outra razo porque os telogos do AT devem
ach-lo de grande significado.121
Assim, percebe-se que a teologia do texto de Gnesis 12.1-3
est intimamente ligada a doutrina da Aliana como a base mais forte
desta doutrina. Outro ponto fundamental que teologia da redeno
fica mais especificada, deixando claro o propsito da nao de Israel
como canal de bno, e que a redeno do homem seria concluda
atravs da semente de Abrao, sendo, portanto, revelado que o
Messias, isto , Jesus Cristo viria da linhagem de Abrao e que Ele era
a sua semente.
Ainda a doutrina da Eleio nitidamente verificada nesta
passagem, Deus escolheu Abrao e a sua semente, levando para sair
Abrao de Ur e o trazendo para a terra prometida de Cana, fazendo
uma aliana perptua l com ele e seus descendentes, prometendo
que a semente dele deveria ser uma bno para toda a terra (Gn.
11:31-12:7; 15; 17; 22:15-18; Ne. 9:7; . 41:8). Onde podemos
verificar a iniciativa de Deus revelando um amor onipotente e livre.122
Os gentios como os judeus so unidos em Cristo pela f e se
tornam as sementes de Abrao nele (Gal. 3:26-29), porquanto
ningum fora de Cristo pode estar em aliana com Deus (Rom. 4:917; 11:13-24). A armao de conveno abraa a economia inteira da
graa soberana de Deus.123
Ainda do texto se depreende a doutrina da justificao, da
adoo, da regenerao e da santificao. Assim, uma compreenso
formal da chamada de Abro geralmente bsica para uma
compreenso formal de religio bblica.124
Walter C. Kaiser . Op. Cit. p. 42.
The New Bible Dictionary, (Wheaton, Illinois: Tyndale House Publishers, Inc.)
1962.
123
James I. Packer. Concise Theology, (Wheaton, Illinois: Tyndale House Publishers,
Inc.) 1993.
124
Youngblood. The Book of Genesis. p. 149.
121
122

IV APLICAO

O Pacto da criao o meio dentre o qual vontade de Deus


para a humanidade conhecida e deve ser executada. tambm o
meio para a tarefa educacional e poltica da humanidade, tarefa essa
inerente ao pacto da criao, mas decifrada medida que o pacto da
redeno revelado e progressivamente desdobrado. Creio que a
vida de Abrao tem muito a nos edificar e trazer vrias lies prticas
para nossas vidas.
importante olharmos para a vida de Abrao e seu chamado,
pois percebemos o quanto Deus nos ama. Esse lao o pacto da
redeno, que Deus estabeleceu soberanamente comunho e ao
servio dEle, de tal maneira que era, na verdade, um cooperador real,
ou seja, um lao de vida e amor entre Ele prprio e Abrao e Sua
descendncia.
Quando Ado e Eva pecaram, tornaram-se quebradores do
pacto; eles romperam o lao de vida e amor de seu lado. Deus,
entretanto, manteve suas relaes de vida e amor, a fim de restaurar
plenamente a humanidade. Podemos ver no chamado de Abrao um
novo aspecto do Seu Pacto outra dimenso. A Bblia apresenta essa
relao pactual como um lao rico, compreensivo, determinativo e
consolador. A iniciativa do Senhor enfatizada, em Abrao, com
promessa dirigiu e protegeu.

Abrao foi chamado para servir como mediador entre todas as


gentes ou naes, Nele todos seriam abenoados e por meio de
Abrao elas seriam trazidas obedincia a Deus. E decorrente dessa
obedincia deveriam receber todos os benefcios do pacto. Abrao,
entretanto, seu agente, no o meio real de reconciliao e
restaurao da morte comunho com Deus. No havia nenhum
mrito em Abrao que levou Deus a escolhe-lo. Deus o fez porque Ele
quis. A eleio independente dos nossos esforos ou mritos. Em que
todas essa coisas tm a ver conosco? Ns somos descendentes
diretos de Abrao, ou seja, fazemos parte da sua famlia. Ns
participamos diretamente de todas essas bnos por intermdio de
Jesus.
A nossa primeira atitude, diante de toda essa majestosa graa
que no merecemos, sermos gratos a Deus pela sua misericrdia de
nos escolher em meio a muitos outros de resolveu nos abenoar.
Abrao foi primeiro abenoado depois todos ns fomos abenoados
nele, o fundo divino de bondade mais do que suficiente para todos.
Uma implicao prtica para nossas vidas tambm e que no
podemos perder de vista que Abrao foi abenoado porque tambm
foi obediente. O pacto garantiria bnos aos obedientes, Abro se
disps ao chamado de Deus, atendeu sua ordem. Isto reflete na
chamada eficaz irresistvel, louvamos a Deus, pois Ele quem nos
sustenta com Sua vontade imutvel.
Ora, Abrao vivia no meio de um povo mpio e idlatra, mas
Deus o chamou e separou no para isolar Abrao para que sua
descendncia fosse pura, mas separou Abrao para ser bno e
canal de bno para as outras pessoas. Assim, Abrao deveria no
se isolar, mas cumprir seu papel estabelecido por Deus, isto , ser
uma bno. Assim, tambm ns chamados filhos de Abrao na f
devemos ser bno para as pessoas, temos de ser o canal de Deus a
fluir as bnos dEle para as pessoas. As pessoas devem ver em ns
algo que as motivem a se arrependerem, a confessarem seus
pecados e se converterem tambm ao Senhor.

Deus atravs do pacto nos mostra assim a nossa humanidade,


Abrao falhou, quantas vezes os homens que foram escolhidos por
Deus no falharam? E o prprio Deus teve misericrdia e a graa de
nos corrigi. Jesus cristo, o descendente de Abrao, clmax da
bno de Deus. Ns devemos refletir a nossa filiao em Abrao pela
f em cristo, pois aceitando o senhorio de Cristo e nos convertendo a
Ele ns entramos na aliana de Deus em Abrao, ns desfrutamos os
mesmos

benefcios

de

Abrao

e temos

tambm as mesmas

responsabilidades de Abrao, isto , de ser uma bno.


Ns podemos e devemos ser bno em nossas casas, sendo
obedientes aos nossos pais, amando e cuidando dos nossos amigos,
familiares, podemos e devemos ser bno tambm fora de nossas
casas, no trabalho, sendo melhores funcionrios, na escola, sendo
bons alunos, na sociedade, sendo bons cidados que respeitam as
autoridades, cumprem as leis e pagam os devidos impostos. Devemos
ainda ser bno conosco mesmo, cuidando do nosso corpo, que o
templo do esprito, e para que esteja sempre pronto para servir.
Assim, a aliana do Senhor no tem s alcance em nossas vidas
como tambm vigora at agora e sempre vigorar, pois assim como
descreveu o escritor de Hebreus, visto que no tinha ningum
superior por quem jurar, jurou por si mesmo. Portanto necessrio
que tenhamos conscincia que a Aliana do Senhor envolve
promessas e preceitos e se no forem devidamente observados,
traro srias conseqncias e srios castigos a qualquer um que
desobedea a Sua Aliana.
Em conseqncia a todo esse conhecimento e riqueza que a
passagem do chamado Abrao, necessrio a cada dia procurarmos
ser cada vez mais santos para melhor servir a Deus. Pois certamente
temos diante de ns uma grande salvao que com a nossa limitada
compreenso nuca poderemos entender a grandeza e imensido, pois
foge ao nosso alcance.

V CONCLUSO

Aps o estudo exegtico do texto de Gn 12: 1-3, pude perceber


o quanto esse texto rico em contedo e que pde responder a
vrios questionamentos, atravs do estudo histrico, contextual e
textual da referida passagem. Foi relevante para a compreenso do
plano redentivo de Deus para a humanidade
Foi possvel constatar a autoria mosaica da passagem, a
despeito de muitas teorias que tentaram atacar a sua autoria no
decorrer dos tempos, como a alta crtica. A data mais evidente
prxima e aceita, no perodo entre a sada do Egito e a chegada ao
Monte Sinai, entre 1440 e 1400 a.C., essa data foi extremamente
importante para se determinar a quem foi destinado o livro e qual a
mensagem original.
Ao analisar o contexto literrio da passagem, percebe-se que
caem por terra qualquer tentativa de negar a historicidade da
narrativa dos cristos, atravs do testemunho das Escrituras que
demonstram, e referem ao chamado de Abrao e a Aliana
estabelecida entre ele e Deus, contrariando assim, aqueles que dizem
ser uma histria lendria, mitolgica ou alegrica a narrativa dos
eventos descritos no livro de Gnesis sobre a vida do patriarca
Abrao.
povo

de

No estudo Contextual, vimos tambm que a situao do


Israel

era

de

principalmente sobre Deus.

ignorncia

sobre

as

suas

origens

83

No estudo da passagem em sua lngua original, o hebraico, deume uma viso melhor do texto e um sentido mais completo de
expresses que me ajudou numa melhor aplicao e teologia do
texto,

pude

fazer

tambm

uma

anlise

de

alguns

aspectos

gramaticais relevantes no texto.


Finalmente, esse texto tem grandes ensinamentos para nossa
vida, Deus d uma ordem a Abrao para que sasse da sua terra e
todas as coisas para viver em conformidade a Sua vontade, isso no
ordem de qualquer pessoa, mas de um Ser divino que tinha todo
poder em suas mos. Toda a vida de Abrao iria ser controlada pelo
Deus Soberano, Abrao no poderia resistir ao chamado de Deus.
Vimos tambm que a situao a Abrao ao ser chamado por Deus e
receber promessas impossveis de serem cumpridas, humanamente
falando, mas todas essas coisas foram vencidas e mesmo assim
Abrao creu e obedeceu ao chamado de Deus.
Esse plano j tinha sido estabelecido antes da fundao do
mundo pelo prprio Deus e que no se estenderia somente a Abrao,
mas para toda sua gerao, assim tambm expressada pelo Dr O.
Palmer Robertson: Os vrios pactos apresentados na Bblia se
interligam em um supremo foco, Jesus Cristo.

Por isso vemos de

modo contnuo a soberania de Deus, visto ser Ele o nico mantenedor


de todos dos Seus propsitos.

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