Alta Vendita PDF
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Sobre nós
terça-feira, 6 de setembro de 2016
A Permanent Instruction of the Alta Vendita é um documento maçônico (de 1818-20)¹ que delineava todo um plano para
infiltrar e corromper a Igreja Católica no século XX.[1]
Apesar de estar na moda, desde o Concílio Vaticano II, ridicularizar a existência de uma tal conspiração, deve notar-se que
os papéis secretos da Alta Vendita (uma sociedade secreta italiana), entre os quais a Permanent Instruction, caíram nas
mãos do Papa Gregório XVI.
Papa Gregório XVI (1831-1846)
A Permanent Instruction foi publicada a pedido do Bem-Aventurado Papa Pio IX pelo Cardeal Crétineau-Joly no seu livro
The Roman Church and Revolution.[2]
Pelo seu Breve de aprovação, datado de 25 de Fevereiro de 1861 e endereçado ao autor, o Papa Pio IX garantiu a
autenticidade da Permanent Instruction e dos outros documentos maçônicos, mas não permitiu que se divulgassem os
nomes verdadeiros dos membros da Alta Vendita mencionados nos documentos.
O Papa Leão XIII também pediu a sua publicação. Ambos os Papas atuaram, certamente, para evitar que se concretizasse
uma tal tragédia, que estes grandes Pontífices sabiam que estava longe de ser impossível. O texto completo da Permanent
Instruction também se encontra no livro de Monsenhor George E. Dillon Grand Orient Freemasonry Unmasked.[3]
Quando deram um exemplar do livro de Monsenhor Dillon ao Papa Leão XIII, este ficou tão impressionado que encomendou
que se fizesse uma edição italiana, paga por sua conta.[4]
A Alta Vendita era a loja mais categorizada dos Carbonários, uma sociedade secreta italiana ligada à Maçonaria e que,
juntamente com esta, foi condenada pela Igreja Católica.[5]
O respeitável historiador católico Padre E. Cahill, S.J., que não pode ser considerado como um “maníaco das conspirações”,
escreveu no seu livro Freemasonry and the Anti-Christian Movement, que a Alta Vendita «era geralmente considerada na
altura como o centro governativo da Maçonaria européia».[6] Os Carbonários estiveram especialmente ativos na Itália e
na França [e em Portugal, sobretudo de 1910 a 1926].[6a]
No seu livro Athanasius and the Church of Our Time (1974), o Bispo Rudolph Graber, autoridade objectiva e irrepreensível
que escreveu depois do Concílio Vaticano II, citou um Maçom ilustre que declarou que «o objetivo (da Maçonaria) já não
éa
destruição da Igreja, mas utilizá-la através da infiltração».[7]
Por outras palavras, como a Maçonaria não pode obliterar completamente a Igreja de Cristo, tenciona não só extirpar a
influência do Catolicismo na sociedade, como também usar a estrutura da Igreja como instrumento de “renovação”,
“progresso” e “iluminação” - isto é, como um meio de levar a cabo muitos dos princípios e objetivos maçônicos. Ao discutir
a visão maçônica da sociedade e do Mundo, o Bispo Graber introduz o conceito de sinarquia: «O que agora enfrentamos é
a súmula das forças secretas de todas as „ordens‟ e escolas, que se uniram para formar um governo mundial
invisível. Num sentido político, a sinarquia pretende integrar todas as forças da finança e da sociedade que o
governo mundial, naturalmente sob chefia socialista, tem que apoiar e promover. O Catolicismo, como todas as
religiões, seria consequentemente absorvido num sincretismo universal. Não só não seria suprimido como, pelo
contrário, seria integrado, uma táctica que já está em andamento segundo o princípio da fraternidade entre clérigos
(das várias religiões)».
A estratégia delineada pela Permanent Instruction para atingir este objetivo é espantosa pela sua audácia e astúcia. O
documento refere-se, desde o princípio, a um processo que levará décadas a cumprir. Os autores do documento sabiam que
não viveriam para assistir ao seu triunfo. Estavam, sim, a inaugurar uma obra que seria retomada por gerações sucessivas
de iniciados. Como diz a Permanent Instruction: «Nas nossas fileiras o soldado morre mas a luta continua».
A Instruction propunha a disseminação das ideias e axiomas liberais pela sociedade e dentro das instituições da Igreja
Católica, de tal modo que os leigos, seminaristas, clérigos e prelados seriam gradualmente, e ao longo dos anos, imbuídos
de princípios progressistas. Esta nova mentalidade viria eventualmente a ser tão difusa que seriam ordenados Padres,
sagrados Bispos e nomeados Cardeais indivíduos cujo pensamento estaria em harmonia com as idéias modernas baseadas
nos “Princípios de 1789” (isto é, os princípios da Maçonaria, que inspirou a Revolução Francesa) - ou seja: o pluralismo, a
igualdade de todas as religiões, a separação da Igreja e do Estado, a liberdade de expressão sem restrições, e assim por
diante.
Chegar-se-ia por fim a eleger um Papa vindo destes meios, que levaria a Igreja pelo caminho da “iluminação e renovação”.
Note-se, desde já, que não estava nos seus planos colocar um Maçom na Cadeira de S. Pedro. O seu objetivo era criar as
condições
que acabariam por produzir um Papa e uma Hierarquia conquistados pelas ideias do Catolicismo liberal, ao mesmo tempo
que se consideravam Católicos fiéis.
Estes dirigentes católicos liberalizados deixariam de se opor às ideias modernas da Revolução (ao contrário dos Papas de
1789 a 1958, que condenaram de forma unânime estes princípios liberais), mas, pelo contrário, amalgamá-los-iam à
Igreja ou “batizá-los iam” para os colocarem dentro da Igreja. O resultado final seria um Clero e um laicado católicos que
marchariam sob a bandeira da “iluminação”, pensando ao mesmo tempo estarem a marchar sob a bandeira das Chaves
Apostólicas. Certamente com a Permanent Instruction no pensamento, o Papa Leão XIII em Humanum Genus exortou os
dirigentes católicos «arrancai à Maçonaria a máscara com que ela se cobre, e fazei-a ver tal qual é».[8]
Para que não se diga que nós interpretamos mal a Permanent Instruction, vamos agora citá-la extensamente. O que se
segue não é a Instruction completa, mas a secção mais relevante como prova. Lê-se no documento:
“ O Papa, qualquer que ele seja, não virá às sociedades secretas; compete às sociedades secretas dar o primeiro
passo em direção à Igreja, para conquistar a ambos. A tarefa que vamos empreender não é trabalho de um dia, ou
de um mês, ou de um ano; pode durar vários anos, talvez um século; mas nas nossas fileiras o soldado morre e a luta
continua. Não tencionamos atrair os Papas à nossa causa, fazê-los neófitos dos nossos princípios, propagadores das
nossas idéias. Isso seria um sonho ridículo; e se acontecesse que Cardeais ou prelados, por exemplo, quer por sua
livre vontade ou de surpresa, entrassem em parte dos nossos segredos, isso não seria de modo nenhum um incentivo
para desejar a sua elevação à Cadeira de Pedro.
Essa elevação arruinar-nos-ia. Só a sua ambição levá-los-ia à apostasia, e as necessidades do poder forçá-los-iam a
sacrificar-nos. O que devemos desejar, o que devemos procurar e esperar, tal como os judeus esperam pelo Messias,
é um Papa conforme às nossas necessidades (...) Com isto marcharemos com mais segurança para o assalto à Igreja
do que com os panfletos dos nossos irmãos em França e até do que com o ouro da Inglaterra. Quereis saber a razão?
É que com isto, para despedaçar a grande rocha em que Deus erigiu a Sua Igreja, já não precisamos de vinagre
anibaliano, ou de pólvora, ou mesmo das nossas armas. Temos o dedo mínimo do sucessor de Pedro comprometido
nesta empresa, e este dedinho vale tanto, para esta cruzada, como todos os Urbanos II e todos os São Bernardos da
Cristandade.
Não temos dúvidas de que chegaremos a este fim supremo dos nossos esforços. Mas quando? Mas como? O
desconhecido ainda não foi revelado. Contudo, visto que nada
nos irá desviar do plano estabelecido e, pelo contrário, tudo tenderá para ele, como se já amanhã o trabalho que
mal foi esboçado fosse coroado de sucesso, desejamos, nesta Instrução, que se manterá secreta para os simples
iniciados, dar aos dignitários na chefia da Suprema Vendita alguns conselhos em forma de instrução ou memorando,
conselhos esses que eles deverão imbuir em todos os irmãos (…) Ora bem, para assegurarmos um Papa com as
características desejadas, é preciso, em primeiro lugar, modelá-lo (…) [e,] para este Papa, uma geração digna do
reinado que sonhamos. Ponde de parte os velhos e os de idade madura; dedicai-vos aos jovens e, sendo possível, até
às crianças (…) Conseguireis sem grande custo uma reputação de bons Católicos e de puros patriotas.
Esta reputação dará acesso à nossa doutrina entre os jovens Clerigos, assim como entrará profundamente nos
mosteiros. Em poucos anos, pela força das coisas, este jovem Clero terá ascendido a todas as funções; formará o
conselho do Sumo Pontífice, será chamado a escolher o novo Pontífice que há-de reinar. E este Pontífice, tal como a
maioria dos seus contemporâneos, estará necessariamente mais ou menos imbuído dos princípios italianos e
humanitários que vamos começar a pôr em circulação. É um grãozinho de mostarda preta que vamos confiar à terra;
mas o sol da justiça desenvolvêlo-á ao mais alto poder, e vereis um dia que rica colheita esta sementezinha
produzirá.
No caminho que estamos a traçar para os nossos irmãos, há muitos grandes obstáculos a conquistar, dificuldades de
mais do que um gênero para dominar. Eles triunfarão sobre aqueles pela experiência e pela clarividência; mas o
objetivo é de tal esplendor que é importante abrir todas as velas ao vento para o alcançar. Se quereis revolucionar
a Itália, procurai o Papa cujo retrato acabamos de esboçar. Se quereis estabelecer o reino dos escolhidos no trono
da prostituta da Babilônia, fazei com que o Clero marche sob a vossa bandeira, enquanto acredita que está a
marchar sob a bandeira das chaves apostólicas. Se quereis fazer desaparecer o último vestígio dos tiranos e
opressores, deitai as vossas redes como Simão Bar-Jonas; deitai-as nas sacristias, nos seminários e nos mosteiros em
vez de as deitardes no fundo do mar; e, se não vos apressardes, prometemo-vos uma pescaria mais miraculosa que a
dele.
O pescador de peixes tornou-se pescador de homens; colocareis amigos à volta da Cadeira apostólica. Tereis
pregado uma revolução de tiara e de capa, marchando com a cruz e o estandarte; uma revolução que só precisará de
ser um pouco instigada para incendiar os quatro cantos do Mundo ”.[9]
O excomungado Cônego Roca (sacerdote apóstata e ex canonista.²) (1830-1893), pregou a revolução e a “reforma” da
Igreja, e predisse, em pormenores espantosamente precisos, a subversão da Igreja que seria ocasionada por um Concílio.
Em Athanasius and the Church of Our Time, o Bispo Graber refere-se à predição feita por Roca de uma “Igreja iluminada de
novo”, que seria influenciada pelo “socialismo de Jesus”.[11]
Em meados do século XIX, Roca predisse que «A nova igreja, que talvez não consiga reter nada da Doutrina Escolástica
e da forma original da antiga Igreja, receberá, mesmo assim, a sua consagração e jurisdição canônica de Roma».
Surpreendentemente, Roca também predisse a “reforma” litúrgica do pós-Vaticano II: « [O] culto divino, na forma
dirigida pela liturgia, cerimonial, ritual e regulamentos da Igreja Romana, sofrerá em breve uma transformação num
concílio ecumênico, que restaurará a venerável simplicidade da idade de ouro dos Apóstolos, de acordo com as
exigências da consciência e da civilização moderna».
Roca vaticinou que, através desse concílio, surgiria «um acordo perfeito entre os ideais da civilização moderna e o
ideal de Cristo e do Seu Evangelho. Isto será a consagração da Nova Ordem Social e o baptismo solene da civilização
moderna». Por outras palavras, este concílio abriria caminho ao triunfo do plano maçônico para a subversão da Igreja. Roca
também se referiu ao futuro do Papado. Escreveu o seguinte:
«Há um sacrifício iminente que representa um ato solene de expiação (…) O Papado cairá; morrerá sob a faca
santificada que os Padres do último concílio fabricarão. O César papal é uma vítima coroada para o sacrifício».
Roca predisse entusiasticamente nada menos que uma «nova religião, novo dogma, novo ritual, novo sacerdócio».
Chamou aos novos Padres “progressistas”, e referiu-se à “supressão” da sotaina e ao
“casamento dos Padres”.[12]
Notas:
Págs. 63-66
[1]. Para mais dados sobre a ligação entre a Alta Vendita e a nova orientação da Igreja desde o Concílio, leia-se o opúsculo
de John Vennari, The Permanent Instruction of the Alta Vendita (TAN Books and Publishers, Rockford, Illinois, 1999).
[2]. Cardeal Crétineau-Joly, The Roman Church and Revolution, 2º vol., ed. original, 1859, reimpressa pelo Círculo da
Renascença Francesa, Paris, 1976; Monsenhor Delassus apresentou de novo estes documentos no seu trabalho The Anti-
Christian Conspiracy (A Conspiração Anti-Cristã), DDB, 1910, Tom. III, pp. 1033. Monsenhor Dillon, Grand Orient
Freemasonry Unmasked, pp. 51-56, o texto completo da Alta Vendita - Christian Book Club, Palmdale, Califórnia.
[4]. Michael Davies, Pope John's Council (Angelus Press, Kansas City, Missouri, 1992), p. 166.
[5]. The Catholic Encyclopedia, Vol. 3 (New York Encyclopedia Press, 1913), pp. 330-331.
[6]. Rev. E. Cahill, S.J., Freemasonry and the Anti-Christian Movement (Dublin, Gill, 1959), p. 101.
[7]. Bispo Rudolph Graber, Athanasius and the Church of Our Time (Christian Book Club, Palmdale, Califórnia, 1974), p. 39.
[9]. Monsenhor Dillon, Grand Orient Freemasonry Unmasked, pp. 51-56, o texto completo da Alta Vendita (Christian Book
Club, Palmdale, Califórnia). Este excerto da Permanent Instruction of the Alta Vendita foi traduzido para Português a partir
da versão inglesa do mesmo passo.
Pág. 70
[19] O leitor encontrará uma relação completa de todas as citações de Roca que aqui incluímos em Athanasius and the
Church of Our Time, pp. 31-40.
¹ acréscimo nosso.
² Piers Compton,The Broken Cross, Cranbrook, Western Australia: Veritas Pub. Co. Ptd Ltd, 1984, pág. 42.
Do Livro: The Devil's Final Battle (O Derradeiro Combate do Demônio) compilado e editado pelo Padre Paul Kramer.
Para citar: Por Católicos Romanos, “Há mais de 100 anos os Papas denunciaram o plano da Maçonaria”,
06 de Setembro de 2016, às 22h54.