Multiplicador Polícia Comunitária
Multiplicador Polícia Comunitária
Multiplicador Polícia Comunitária
Polcia Comunitria
5a Edio
Braslia, 2013
Presidente da Repblica
Dilma Vana Rousseff
Ministro da Justia
Jos Eduardo Martins Cardozo
Polcia Comunitria
5a Edio
Braslia, 2013
VENDA PROIBIDA
permitida a reproduo de dados e informaes contidos nesta publicao,
desde que citada a fonte.
Edio e Organizao
Mrcio Jlio da Silva Mattos - Cap PMDF
Moiss Silva da Silva - Ten PMTO
Adriana Ruver - Sd PMRS
Eduardo Baslio - Sd PMMT
Capa
Mrcio Dequiqui de Assis Borges - SD QPPMC PMDF
Projeto Grfico e Diagramao
Mrcio Dequiqui de Assis Borges - SD QPPMC PMDF
Fbio Ney Koch dos Santos - SD QPPMC PMDF
Informaes:
2013. Ministrio da Justia
Secretaria Nacional de Segurana Pblica - SENASP
Esplanada dos Ministrios, Bloco T, Sala 508
70.064-900 | Braslia-DF
Telefones: (61) 2025-3465 / 8991 / 7843
Correio Eletrnico: [email protected]
www.mj.gov.br/senasp
Tiragem desta edio: 10.000 exemplares.
363.23
B823c
CDD
Apresentao
O processo de construo da segurana pblica passa pela reunio dos esforos de
toda a comunidade. Desde os cidados e as cidads, associaes comunitrias, organizaes no-governamentais, passando por pesquisadores, estudiosos, profissionais
e rgos municipais, estaduais, distritais e federais, parceiros essenciais nesta empreitada. As instituies de segurana estatais concentram parte importante das iniciativas pblicas, contudo esto distantes de representarem a soluo de todos os problemas. Pensar a polcia como panacia em segurana conduzir equivocadamente
as discusses, resultando em solues paliativas. Entretanto, tratar de inovaes organizacionais para as agncias policiais uma vertente necessria da construo da
segurana. Neste sentido, insere-se a presente publicao, que busca contribuir com
o processo de formao e aperfeioamento dos operadores de segurana pblica por
meio da filosofia de Polcia Comunitria.
O Ministrio da Justia, por meio da Secretaria Nacional de Segurana Pblica,
tem assumido posio de destaque na induo de polticas pblicas de preveno da
violncia e da criminalidade, dentre elas a formatao de matrizes curriculares para a
capacitao dos operadores de segurana pblica. Justamente neste cenrio revela-se
a importncia da filosofia de Polcia Comunitria, qual seja a inflexo organizacional
na construo da segurana por meio da gesto compartilhada a partir da interao
com a comunidade e entre os diferentes rgos de segurana e demais polticas pblicas que integram rede de proteo da comunidade. Com efeito, o que se defende
a produo compartilhada da segurana pblica entre os diversos atores envolvidos.
Para tanto, esta obra fruto do trabalho de especialistas em segurana pblica reunidos em torno da iniciativa de propor um modelo alternativo, inovador e inspirador
de construir a segurana.
Desde 2006, o Ministrio da Justia promoveu a composio do Grupo de Trabalho para composio da Matriz Curricular de Polcia Comunitria. Os cursos formulados foram o Curso Nacional de Multiplicador de Polcia Comunitria, Curso
Nacional de Promotor de Polcia Comunitria, em lide e posteriormente o Curso
Internacional de Multiplicador de Polcia Comunitria Sistema Koban, e o Curso
Nacional de Gestor e Operador de Policiamento Comunitria Sistema Koban.
Com esta doutrina, buscamos difundir a estratgia de polcia de proximidade em
todas as unidades da Federao, por meio de acordos de cooperao tcnica. Com
o desdobramento do processo, foram formados mais de 70.000 policiais militares,
policiais civis, bombeiros, guardas municipais e agentes comunitrios em cursos presenciais de Polcia Comunitria.
Nesta quinta edio, avizinha-se o desafio do enfrentamento ao crack e outras
drogas. Mais do que isso, com o lanamento do Plano Nacional de Enfrentamento ao
Crack e outras Drogas pelo Governo Federal, em dezembro de 2011, so delineados
os contornos da atuao dos atores envolvidos. De maneira integrada e articulada, os
Eixos de Preveno, Cuidado e Autoridade representam a criao e o aperfeioamen-
to de mecanismos prprios de governana e atuao nas cenas de uso de drogas. Especificamente no que se refere s agncias de segurana pblica, a perspectiva que sobressai
e orienta as aes coordenadas estabelece a criao de vnculos com as comunidades
envolvidas a partir da estratgia de polcia de proximidade.
A partir de uma perspectiva premissa de que a Segurana Pblica no deve ser tratada apenas como conceito de vigilncia, as capacitaes para o enfrentamento ao crack
buscam qualificar os atores ou operadores de segurana pblica para atuarem de forma
qualificada nas cenas de uso de drogas. Com isso, no caso das cenas de consumo de crack, o foco da polcia de proximidade atuar de maneira ostensiva, buscando estabelecer
relaes de confiana com as comunidades locais e priorizando solues que propiciem
o atendimento das redes de ateno e cuidado aos usurios de crack. Para os policiais
orientados pela filosofia da polcia de proximidade, a questo encarada sob a perspectiva de sade pblica, e a alternativa deve ser, em primeiro lugar, o atendimento mdico
e psicossocial. Nas cenas de uso, os policiais atuaro em bases comunitrias mveis,
o que lhes conferir a mobilidade necessria para os atendimentos preventivos. Alm
disso, contaro com cmeras de videomonitoramento para auxili-los no controle e no
planejamento de suas aes
Por fim, a presente obra, em seu novo formato, representa um relevante marco na
promoo das discusses em torno das iniciativas de preveno da violncia, por meio
do processo ensino-aprendizagem. Ainda mais, no pretende apresentar solues prontas, pelo contrrio, a cristalizao dos esforos concentrados em propiciar o debate
acerca de suas proposies. Por fim, acreditamos que o sucesso na construo de uma
melhor segurana pblica, propsito representado pela obra, depende do comprometimento de todos os integrantes da sociedade e do Estado.
Sumrio
DISCIPLINA I
Relaes Interpessoais, Conflitos e as Formas de Interveno
1.
2. Conflito 23
3.
4.
5.
6.
DISCIPLINA II
Polcia Comunitria e Sociedade
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
Coleta de Informaes 73
Secretaria Nacional de
Segurana Pblica
11
1.
2.
A Importncia da Polcia 85
3.
4.
5.
6.
7. Comunidade 90
8. Segurana 90
9.
1.
2.
3.
4.
12
Ministrio da
Justia
Sumrio
DISCIPLINA V
Direitos Humanos
1. Apresentao 218
2.
3.
4.
5.
6. Concluso 257
DISCIPLINA VI
Mediao e demais Meios de Resoluo Pacfica de Conflitos
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7. Procedimento Operacional Padro para Aplicao das ADRs nos Conflitos Interpessoais 278
DISCIPLINA VII
Mobilizao e Estruturao Comunitria
1.
2.
3. Polcia 285
4.
5.
6.
Secretaria Nacional de
Segurana Pblica
13
8.
9.
1. Introduo 320
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
1. Introduo 370
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Justia
Sumrio
2.
3.
4.
5.
6.
DISCIPLINA X
Gesto de Projetos
1. Apresentao 400
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
1. Introduo 456
2. Esforos Governamentais para a Formao e Democratizao do Ensino dos Profissionais de Segurana Pblica (2000-2006) 457
3.
Secretaria Nacional de
Segurana Pblica
15
4.
Referncias Bibliogrficas
1.
DISCIPLINA I 486
2.
DISCIPLINA II 486
3.
4.
DISCIPLINA IV 488
5.
DISCIPLINA V 488
6.
DISCIPLINA VI 488
7.
8.
9.
DISCIPLINA IX 491
16
Ministrio da
Justia
Sumrio
Secretaria Nacional de
Segurana Pblica
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DISCIPLINA I
Relaes Interpessoais, Conflitos
e as Formas de Interveno
Organizao e Sistematizao
John Done
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Emoo
Ao
Reao
Acertos
Erros
Contexto Social
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O clima de um grupo, traduz um conjunto de valores ou atitudes que afetam a maneira pela qual as pessoas se relacionam
umas com as outras, o ambiente humano que traduz o estado de nimo e/ou o grau de satisfao das pessoas naquela
comunidade. Tem ligao estreita com a percepo que as pessoas tm da forma de relacionamento, tais como: sinceridade,
ajuda mtua, padres de autoridade e liderana.
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Relaes Interpessoais, Conflitos e as Formas de Interveno
2. Conflito
As pessoas representam o somatrio de suas experincias de vida
ento, natural que tenham divergncias de percepes e ideias, que
no relacionamento so antagnicas e transformando-se, muitas vezes, numa situao conflitiva, podendo ser leve ou profunda, fato
comum, inevitvel e necessrio na existncia de um grupo.
Dependendo como o conflito tratado, a intensidade, o cenrio
e sua evoluo, ele pode trazer consequncias positivas, tais como a
busca de novas solues para um problema, o estmulo e a curiosidade para vencer desafios, assim como pode, como consequncia negativa provocar destruio em vrios sentidos, enfim pode provocar
mudanas nas pessoas, nos grupos e na sociedade.
Ao lidar com o conflito necessitamos compreender sua dinmica
e suas variveis, ou seja, ter o maior nmero de informaes, as percepes e o papel social das pessoas envolvidas no conflito.
Como papel social, temos: a posio no grupo e o status social, o
que designa o modelo de comportamento que caracteriza o lugar do
indivduo no grupo ou organizao, o que se espera de quem ocupa
uma determinada posio com determinado status.
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Evitar o conflito compondo grupos mais homogneos, levando em conta entre outros, os pontos de vista, valores, metas e mtodos de cada um. Embora esta seja uma forma til de
evitar conflitos no podemos esquecer do risco, do bloqueio e
at da extino da criatividade.
Reprimir o conflito desenvolvendo um ambiente de recompensas e punies, tm vantagens quando no se tem tempo
para a administrao de diferenas individuais no so relevantes para o trabalho em si, no podemos, esquecer o custo
psicolgico que a represso sempre deixa, ficando guardadas
as presses que se acumulam e crescem podendo explodir em
momento inadequado.
Transformar as diferenas em resoluo de problemas Ao invs de competio se as divergncias forem percebidas como
construtivas as questes conflitivas, podero ser problemas
resolvidos de forma criativa e cooperativa, isto requer tanto
do lder quanto dos membros do grupo habilidade para explorar e argumentar em relao s divergncias a fim de evitar a
gerao de um conflito maior e incontrolvel.
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Resoluo Judicial Toda pessoa tem direito de pedir ao Estado, por meio do Poder Judicirio, que analise seu caso concreto e aplique a norma abstrata ( a lei), com o objetivo de alcanar a paz social. A funo do juiz julgar, de acordo com o
que diz a lei. A resoluo pode acabar gerando mais conflitos,
pois como se trata de um litgio, apenas uma sair vitoriosa.
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Arbitragem o mtodo pelo qual duas ou mais pessoas (fsicas ou jurdicas) recorrem, de comum acordo, a um terceiro,
conhecido como rbitro, que ir intervir no conflito, decidindo-o. O rbitro, geralmente, um tcnico ou especialista no
assunto em disputa. A funo do rbitro nomeado conduzir
o processo arbitral de forma bastante semelhante ao judicial.
A sentena arbitral tem fora de ttulo executivo, ou seja, se
no for respeitada por alguma das partes pode ser levada ao
Judicirio, que ir obrigar seu cumprimento.
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Polcia comunitria igual a uma instalao fsica (base comunitria de segurana ou posto policial) e para isso vale a
pena investir recursos locais;
A comunidade local ainda no consegue identificar a sua relao com a polcia, pois exige apenas policiamento e no adota
posturas preventivas e de reeducao, exigindo providncias
de outros rgos pblicos, orientando a comunidade;
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Alguns profissionais tendem a personalizar o programa de Polcia Comunitria: outras experincias no servem para ns;
Interesses pessoais se sobrepem ao interesse institucional ou comunitrio (objetivos polticos e de ascenso carreira discordantes de pontos atuais da atividade de Polcia
Comunitria).
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lidade de implantao de programas modernos de policiamento. Assim, formam-se resistncias naturais que podem interromper qualquer processo de mudana, principal-mente algo que possa induzir
a participao e interferncia na ao policial. Alguns indicativos
so assim identificados:
28
Bombardeamento, do meio externo, de informaes sensacionalistas (mdia) que denigrem a imagem da polcia, realizando uma verdadeira apologia da violncia;
Mecanismos de freio do comportamento inadequado do policial (regulamentos e normas) relativamente defasados da realidade social, em que punies e elogios so centrados em
regras de comportamento que priorizem o relacionamento
interno e Institucional e no a correlao da Instituio com
a sociedade;
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Resistncia s mudanas (prprio da natureza humana), influenciado pelos fatores enumerados e cujo pensamento
que mudanas no levam a nada e at podem prejudicar ainda
mais.
2 SILVA, Jorge da. Controle da Criminalidade e Segurana Pblica na Nova Ordem Constitucional. Rio de Janeiro: Forense, 1990. p.146.
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Sexto Aumentar o tempo resposta, isto , atendimento a chamados de emergncia no tem qualquer efeito na probabilidade de prender criminosos, ou mesmo de satisfazer os cidados envolvidos. Um
recente e amplo estudo mostrou que as chances de se efetuar uma priso no local de crime esto abaixo de 10%, mesmo que apenas 1(um)
minuto tenha decorrido do momento em que o crime foi cometido;
Stimo - Os crimes no so solucionados no sentido de criminosos presos e processados atravs de investigaes criminais conduzidas pelo departamento de polcia. Geralmente, os crimes so elucidados porque os criminosos so presos imediatamente ou algum os
identifica: um nome, um endereo, uma placa de carro. Se nenhuma
dessas coisas acontece, o estudo mostra, as chances de que qualquer
crime seja esclarecido cai para menos de 1(uma) em 10 (dez).
3.4. Problema da rotatividade dos chefes de polcia
Outro ponto indicado a rotatividade dos Chefes de Polcia. Para
que o trabalho no sofra soluo de continuidade, h necessidade
do envolvimento de todos Os Chefes de Polcia, nos diversos nveis,
com essa nova filosofia e estratgia organizacional.
Como argumenta Trojanowicz (1994, p.28)3:
A rotatividade dos chefes de polcia tambm contribui para a contesta
o interna, j que os veteranos que sobreviveram a trs ou quatro
chefes durante sua carreira podem achar que podem esperar passar o
chefe adepto da polcia comunitria que pede a eles que mudem. Como
comentou o sargento, fazendo eco a muitos de seus colegas, j vi chefes irem e virem. Por que devo comprar a polcia comunitria, se o chefe
pode ir embora amanh? (.) Muitas vezes, iniciativas de polcia comunitria impressionantes tm sido desbaratadas por um novo chefe cuja filosofia difere de seu predecessor.
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para que o predecessor faa a apresentao do novo policial comunidade e lhe mostre todas as particularidades da rea.
A polcia comunitria exige que sejam moldadas respostas para
as necessidades locais, implicando que cada policial comunitrio
possa fazer as coisas de modo um pouco diferente, necessitando do
que o seu comandante direto (oficiais ou graduados) individualize a
superviso. Para compreender o modo pelo qual os policiais comprometidos com o programa. Os chefes de polcia devem:
Comparecer s reunies comunitrias, juntamente com os policiais das reas ou das Bases Comunitrias de Segurana;
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Aqueles que se sentiam confortveis no padro do passado encaram as modificaes como exigncias de difcil atendimento, ou at
mesmo desnecessrias.
O filtro do paradigma antigo sustenta aes, crenas, comportamentos e sentimentos desajustados realidade em mutao, trazendo enormes dificuldades para a implantao de programas inovadores na instituio policial. Para a identificao de uma realidade
nova e a experimentao de comportamentos com ela condizentes,
necessria a quebra dos paradigmas construdos sobre a realidade
passada, todavia mantendo-se respeito e tradio, cultura organizacional e a tica profissional.
4. Importncia da hierarquia e da
Disciplina na Polcia Comunitria
No h como acreditar, que seja possvel fazer a Polcia funcionar
sem que haja hierarquia e disciplina.
O profissional mais leigo h de perceber que no existe organizao social sem hierarquia e disciplina: o filho obedece ao pai; o caixa
de banco obedece ao gerente, que obedece ao diretor. Se invertermos o processo, ningum se entender. Ao superior se d o grau da
competncia em decidir sobre determinado assunto e em determinado momento; ao subordinado (sem demrito nenhum) o direito
de cumprir a ordem. Todos os profissionais em algum momento so
superiores ou subordinados. O cargo superior deve ser algo a almejar, e no a odiar.
A hierarquia e a disciplina no podem ser confundidas com punio e recompensa. So princpios que possibilitam a ligao entre
mundos, para que a Polcia continue viva e atuante, sem discrepncias nos relacionamentos, buscando valorizar o profissional de
polcia nas suas diversas funes.
Viver com a hierarquia e disciplina deve ser algo natural e harmnico, visto que possibilita uma convivncia salutar entre chefes e subordinados (diferente de superiores e inferiores), e no algo que separa pessoas e distancia profissionais pela arrogncia e destempero.
Autocracia no o mesmo que autoritarismo. Autocracia o
exerccio da imposio, com justia na relao. Autoritarismo a
autocracia de forma exagerada, na qual o chefe magoa, fere a auto-estima do subordinado, ferindo-o na sua dignidade.
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Ressalta Camargo4:
A hierarquia e a disciplina no so necessrias s para sustentar o controle administrativo dos atos dos membros da fora, mas tambm a eficincia operacional.
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Produtividade aumentada - um aumento na capacidade profissional geralmente resulta num incremento, tanto em quantidade como em qualidade, do desempenho profissional;
Aumento na estabilidade e flexibilidade da organizao - a habilidade da organizao em manter sua eficincia constitui-se
em estabilidade e a flexibilidade consiste no ajuste das variaes conjunturais.
Maiores ndices de qualidade e produtividade com consequente reduo de custo com danos e prejuzos;
CAMARGO, Carlos Alberto de. Cidadania e Autoridade. SP: PMESP: Fora Policial, 1997, p.12.
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Canais que permitam conversao eliminando conflitos e insatisfaes que afetem a organizao;
O individualismo;
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Estreitar os laos com a comunidade local no intuito de conquistar sua confiana e, consequentemente, passar a receber
informaes que refletiro diretamente em uma melhoria na
prestao do servio policial;
Desenvolver atividades de cidadania, voltadas para a comunidade, principalmente infantil e juvenil, tendo como premissa
contribuir para a formao do cidado do futuro;
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Conhecer as foras vivas de sua comunidade local, principalmente os Presidentes de Associao de Moradores, Lions,
Rotary, Maonaria, Clubes de Servio, etc., os quais so importantes fontes de informaes em decor
rncia de suas
representatividades.
Utilizar pequenos espaos de reunies das igrejas, Lions, Rotary, Maonaria, Clubes de Servios, Cmara Municipal, Associaes de bairros e outros, para divulgar e prestar contas
dos servios que vem desenvolvendo, tudo de comum acordo
entre o Cmt. da Base de Segurana Comunitria e os responsveis pelos rgos, evitando sempre se tornar inconveniente
em razo do tempo.
Nas entrevistas e participaes nas reunies, sempre agradecer a participao da comunidade, nunca divulgar a fonte da
informao que redundou em prises, etc.
Evitar que as pessoas denunciem traficantes e outros criminosos publicamente em reunies. O ideal ter uma urna, garantindo o anonimato nas reunies, urnas essas que podero ser
espalhadas nos locais de frequncia do pblico, como bancos,
correios, postos de gasolina e serem recolhidas as mensagens
pelo CMT de Base, com posterior respostas aos cidados.
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A grande vantagem do policial comunitrio que dada a confiana as denncias no so annimas (baseada na confiana
e na segurana da fonte). Isto impede que pessoas ligadas a
traficantes e outros delitos, fiquem telefonando de orelhes
anonimamente e desgastando a polcia para correr de um lado
para outro com contra informao.
Colher sempre informaes para abordar as pessoas que precisam ser abordadas, passe estas informaes para as outros
patrulheiros que no esto na polcia comunitria para que
eles tambm possam acertar o alvo correto, sem desgastar
desnecessariamente a imagem da Polcia, as que dependem de
obteno de dados, transmiti-las ao policiamento velado para
registro e acompanhamento, que dependendo da gravidade
atuaro em conjunto com as Foras Tticas e outras, lembrando que hoje o cidado quer se sentir seguro mas no gosta de
ser molestado.
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Jamais interrompa. Obtenha os fatos principais, isole os problemas e d o recado certo, tanto verbal quanto no-verbalmente: Estou aqui para ajud-lo.
Concentre-se durante o dilogo; no se desoriente com comentrios confusos ou negativos feitos pelo cidado.
Apresente uma imagem profissional elegante, farda bem arrumada, quando tratar com o cidado.
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Assegure-se que seu equipamento de trabalho e sua viatura policial encontrem-se limpos, e em perfeitas condies de uso, reforando a sua imagem profissional.
Demonstre de maneira atraente como a polcia comunitria poder amenizar a desordem e o medo do crime, sem querer convencer
.
Esforce-se para agir como um condutor de informaes; trabalhe junto com o cidado para identificar problemas e achar solues
viveis.
Deixe que a integrao do policial comunitrio transcorra no ritmo mais apropriado para o cidado, sem forar a barra, pois poder
rejeit-lo.
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Ele explicou que cada um deles havia enfrentado a mesma adversidade, a gua fervendo, mas que cada um reagira de maneira
diferente.
A cenoura entrara forte, firme e inflexvel, mas depois de ter sido
submetida gua fervendo, ela amolecera e se tornara frgil. Os ovos
eram frgeis sua casca fina havia protegido o lquido interior, mas
depois de terem sido fervidos na gua, seu interior se tornara mais
rijo. O p de caf, contudo, era incomparvel; depois que fora colocado na gua fervente, ele havia mudado a gua.
Ele perguntou filha:
Qual deles voc, minha querida? Quando a adversidade bate
sua porta, como voc responde? Voc como a cenoura que parece
forte, mas com a dor e a adversidade voc murcha, torna-se frgil
e perde sua fora? Ou ser voc como o ovo, que comea com um
corao malevel, mas que depois de alguma perda ou decepo se
torna mais duro, apesar de a casca parecer a mesma? Ou ser que
voc como o p de caf, capaz de transformar a adversidade em
algo melhor ainda do que ele prprio?
Somos ns os responsveis pelas prprias decises. Cabe a ns
- somente a ns - decidir se a suposta crise ir ou no afetar nosso rendimento profissional, nossos relacionamentos pessoais, nossa
vida enfim.
Ao ouvir outras pessoas reclamando da situao, oferea uma palavra positiva. Mas voc precisa acreditar nisso. Confiar que voc tem
capacidade e tenacidade suficientes para superar mais este desafio.
Uma vida no tem importncia se no for capaz de impactar positiva
mente outras vidas.
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metro era preciso e exato. Sentiram-se ento como uma equipe capaz
de produzir mveis de qualidade e uma grande alegria tomou conta
de todos pela oportunidade de trabalhar juntos.
O mesmo ocorre com os seres humanos. Basta observar e comprovar. Quando uma pessoa busca defeitos em outra, a situao
torna-se tensa e negativa. Ao contrrio, quando se busca com sinceridade os pontos fortes dos outros, florescem as melhores conquistas
humanas. fcil encontrar defeitos, qualquer um pode faz-lo. Mas
encontrar qualidades... Isto para os sbios!!!
Apresentamos as dinmicas de grupo do Tungo-Tungo e a dos
Elos com o objetivo de auxiliar a necessidade de trabalhar o respeito s diferenas individuais e a integrao e interao do grupo nas
aes de polcia comunitria.
6.5. Dinmica 1 Tungo-Tungo
Hoje vou apresentar a vocs uma criatura muito especial. No
tem a beleza fsica que imaginamos, mas amvel, carinhoso, amigo
e brincalho... algum com quem podem contar todas as horas. No
tenho aqui nenhuma foto, mas tenho a descrio minuciosa, o que
possibilita a vocs uma ideia de como ele .
Vamos l... caneta e papel na mo.
O tungo-tungo, assim o nome dele, tem a cabea grande e chata, tem os olhos grados, orelhas grandes e cabelos arrepiados. Seu
corpo rolio, com peito largo e dois braos musculosos. Suas mos
tambm so grandes e suas unhas, ah suas unhas... so pontudas e
boas para um cafun. J ia esquecendo, ele tem boca larga e dentes
pontiagudos e, seu nariz arrebitado.
Suas pernas so cambotas e seus ps so de tamanho mdio. Para
completar, meu amigo tem uma calda que parece um serrote.
Bem, esse meu amigo imaginrio, aquele com quem compartilho minhas alegrias e tristezas.
6.6. Dinmica 2 Dinmica dos Elos
Material necessrio
Papel ofcio;
Pincel;
Caneta;
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Anotaes
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Polcia Comunitria e
Sociedade
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Disciplina 2
Polcia Comunitria e Sociedade
ADORNO, Srgio. Conflitualidade e Violncia: Reflexes Sobre a Anomia na Contemporaneidade. Tempo Social, Revista de Sociologia da USP, SP: v.10, n.01.p.24, 1998. 2 Ibid,Ibid.
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Uma segunda rea afeta a juventude. Constata-se que em todas as cidades modernas os jovens so responsveis pela grande maioria dos crimes, inclusive os crimes mais violentos.
No entanto, o que se observa a tendncia geral para o enfraquecimento, reduo ou iseno de sanes aplicveis aos
jovens. Suspeita-se que essa tendncia seja em grande parte
responsvel pela delinquncia juvenil;
Uma terceira o reconhecimento, por parte do cidado comum, de espaos na cidade que devem ser deliberadamente
evitados, isto , o reconhecimento de reas que se tornaram
isentas do processo normal de manuteno da lei e da ordem.
A contrapartida desse fato tem resultado no rpido desenvolvimento de sistemas privados de segurana, o que se traduz
na quebra do monoplio da violncia em mos dos rgos e
indivduos autorizados. Se levado ao extremo esse processo
conduz necessariamente anomia parcial;
Ibid, Ibid.
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Polcia Comunitria e Sociedade
Alguns estudos valiosos da violncia urbana, no Brasil e em outros pases, demonstram que h uma dimenso histrica. O que parece estar faltando para aqueles que analisam a violncia de forma
sensacionalista, situ-la numa perspectiva global, examin-la ao
longo dos tempos, fazendo-se comparaes do cotidiano com os primrdios das civilizaes.
Mcneil3 escreveu que a violncia sempre foi uma parte importante da vida humana. Ele estabelece a ideia de que a violncia tem uma
histria, tanto quanto tem uma geografia e uma sociologia, que assume formas diferentes em perodos diferentes, peculiar a uma poca
ou a um determinado povo.
A violncia social no novidade, nem mesmo nas grandes cidades. Pode-se entender que os fatores que geram a violncia social esto diretamente relacionados ao ambiente cotidiano e surgem
sempre, em maior ou menor grau, quando as diferenas sociais se
acentuam ou amenizam.
Somente o Estado perfeitamente constitudo e organizado, poder fazer
frente aos aspectos que so os causadores da violncia e, assim, agir preven
tivamente, e no aps os fatos consumados, ou seja, nas consequncias. As
crescentes crises sociais urbanas e rurais demonstram em que patamar as
coisas se encontram; tenta-se responsabilizar as instituies que tm por
obrigao a manuteno da ordem pblica e no aquelas que tm por dever
de ofcio agir na soluo dos problemas estruturais do pas.
3 MCNEL, Willian H. A Onda Crescente de Violncia Urbana. Braudel Papers, So Paulo, n.07,
p.01, mai/jun. 1994.
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54
CAMARGO, Carlos Alberto de. Polcia , Sociedade e Criminalidade. Folha de So Paulo. SP, 20
abr, 1998. p. 02.
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Polcia Comunitria e Sociedade
Aristteles
6 GIDDENS, Anthony. Sociologia Uma Breve Porm Crtica. Rio de Janeiro: ZAHAR,1997.
p.35.
7 Op. Cit. p.34.
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A cidade assim organizada em reas naturais, mediante processos de competio, invaso e sucesso, comparvel ao que ocorre
na ecologia biolgica (como a vida das abelhas). Tais processos regem a distribuio por zonas de caractersticas diferentes das reas
vizinhas. A rea central das cidades costuma apresentar uma forte
concentrao de negcios, estabelecimentos comerciais e diverso.
Espalhados em torno do centro da cidade existem, provavelmente por decadncia, reas que apresentam grande nmero de apartamentos ou casas de cmodos a preos reduzidos.
Mais distante, devero existir reas determinadas para a classe
operria, com a classe mdia ocupando subrbios em pontos marginais mais afastados.
Wirth8 faz a discusso a respeito do urbanismo como meio de
vida, que pretende identificar trs caractersticas universais da vida
nas cidades:
Tamanho, densidade e heterogeneidade da populao. Nas cidades, so
muitas as pessoas que vivem muito prximas entre si mas, na maioria das
vezes, no se conhecem pessoalmente. Nas cidades, muitos contatos so
transitrios e fragmentrios e so considerados pelas pessoas envolvidas
como instrumental, como um meio para se alcanar determinado fim,
e no como relaes que valham por si mesmas. O indivduo despojado de sua capacidade de expresso expontnea, da disposio espiritual e do sentido de participao originrios da vida em uma sociedade
integrada. Geram-se a os conflitos e a competitividade extrema como
resultados dessas discrepncias, ora por necessidade de se integrar sociedade, ora por estar excludo dela por diversos fatores.
A filtragem e discriminao que seleciona da populao os indivduos mais preparados gera expectativas e revoltas;
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Estes aspectos comprovam que as grandes cidades geram anonimato e falta de identificao com os fatores sociais to comuns na
vida em sociedade. A perda desta identidade social extremamente
perniciosa e causa prejuzos sociais diversos.
Segundo Perlman10:
As grandes cidades na modernidade desempenham um papel fundamental no avano da civilizao porque renem as pessoas mais criativas
e brilhantes de todos os setores, transformando as metrpoles em ambientes fascinantes. As metrpoles dos pases em desenvolvimento so
responsveis pela gerao de 85% de toda a riqueza nacional. Como centros de riqueza, tambm so centros de cultura e artes (indispensveis
ao avano da civilizao). No ano de 1800, s 3% da populao mundial
vivia em reas urbanas. No ano 2000, sero em torno de 50%. Nos pases
em desenvolvimento a mudana mais rpida: h meio sculo 70% da
populao brasileira vivia na rea rural; hoje ao contrrio.
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As causas dos fatores que provocam a pobreza, a criminalidade e o baixo desenvolvimento social nas grandes cidades,
principalmente nos pases em desenvolvimento, esto relacionadas falta de planejamento urbano, distribuio de renda
e a carncia de investimentos econmicos em polticas pblicas, visando melhoria da qualidade de vida;
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zelo deve ser cuidada. Isso vale para governantes e para a populao em
geral.
Ainda14:
O indivduo sente-se seguro na medida em que lhe seja reconhecido seu
papel na sociedade e possa contar com o reconhecimento do grupo em
que vive, estuda e trabalha; (...) na medida em que seja objeto de afeto, tenha auto-estima e que possa se auto-sustentar em nvel superior
mera subsistncia orgnica; (...) que tenha clareza sobre os valores morais que lhe possibilitem distinguir o bem do mal; (...). Percebe-se quo
difcil sentir-se seguro hoje em So Paulo, pois vivemos um perodo
13 WILHEIM, Jorge. Projeto So Paulo: Propostas para a Melhoria da Vida Urbana. RJ: Paz e
Terra,1982.p.63.
14 Op. Cit. p.83.
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15 CATHALA, Fernand. Polcia: Mito ou Realidade. So Paulo: Mestre Jou. 1973. p.86.
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Em pesquisa realizada em 199316, a respeito do grau de conhecimento da populao em relao s suas polcias, se concluiu que o cidado no consegue distinguir tecnicamente quem quem e quem
faz o que. A pesquisa apresentou as seguintes concluses:
As diferentes corporaes so pouco diferenciadas pelas pessoas, sendo que os entrevistados mais pobres reconhecem a
PM;
As aes sociais da polcia so muito pouco divulgadas, e esto muito pouco presentes na memria das pessoas;
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Apesar disto, carente de segurana, a populao ainda se mostra receptiva e expressa o desejo de acreditar na polcia;
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Polcia comunitria exige a diviso de iniciativas, decises rpidas e responsabilidade descendente. A responsabilidade por
uma rea deve ser do capito, do sargento, do soldado. As decises devem ser de baixo para cima, e no de cima para baixo.
Critrios de avaliao
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Reduo da criminalidade;
Pichaes;
Como solucionar:
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Sempre fazendo trabalho conjunto com a comunidade e outras agncias pblicas especializadas;
Organizao policial;
A comunidade;
A comunidade de negcios;
As instituies comunitrias; e
Os veculos de comunicao.
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7.2. A Comunidade
19 PEDROSO FILHO, Otvio Ferreira. Polcia Comunitria. SP: PMESP, CAO-II/95, Monografia.1995, p.117.
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segurana em sua cidade. Afinal como diz a mxima do ex-governador Andr Franco Montoro: Ningum mora na Unio, ningum
mora no Estado, todos moramos no municpio.
Quando isso no ocorre, o poder pblico local utiliza subterfgios para a criao de estruturas municipais de polcia que s confundem a populao e provocam desvios de finalidade do poder pblico, Como afirma Pedroso Filho20:
Nos ltimos anos, est havendo uma corrida crescente dos poderes pblicos municipais, muitas vezes pressionados pela populao que desco
nhece as leis, para a criao de guardas municipais, como se fossem a
soluo para os problemas da criminalidade. Na verdade, depois de
instaladas as guardas, alguns municpios acabam verificando que no
foram resolvidos os seus problemas de segurana. O municpio tem a
responsabilidade maior de cuidar das misses no campo da sade, saneamento e assistncia social, principalmente na rea da criana e do
adolescente, buscando atividades para que no venham a delinquir. Sem
dvida, o crescimento das guardas municipais, mostra o grau de insegurana psicolgica que est vivendo o povo do Estado de So Paulo e
tambm de outras regies mais urbanizadas do pas.
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mento para reverter a violncia, verdadeira peste social que se espalha pelas ruas e atinge nveis insustentveis. Para tanto necessrio
aprimorar o seu funcionamento, corrigindo as falhas que tm sido
detectadas ao longo do tempo e, por outro lado, disseminando as
experincias de sucesso.
As falhas mais comuns, a comprometer a eficincia ideal de entidades sociais so, numa primeira anlise:
Uso de instalaes policiais para sediar reunies dessas entidades, ao invs de ambientes neutros;
Comunidade que apenas reage aos problemas, sem oferecer alternativas de planejamento para solucionar as questes
elencadas;
Falta de divulgao, quanto ao local, data e horrio das reunies, bem como suas finalidades e forma de participao.
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Polcia Comunitria e Sociedade
o enfoque pr-ativo de Polcia Comunitria pode criar na organizao policial a oportunidade de contar com o apoio da imprensa para
educar o pblico.
preciso aproveitar melhor os espaos disponveis na pequena e
mdia imprensa, jornais de bairro e rdios locais, pois estes podem
auxiliar, sobremaneira, o trabalho de Polcia Comunitria.
Como medidas para aproximar e melhorar o relacionamento
como os representantes da mdia, sugerimos o seguinte:
Criar um programa permanente de comunicao social, objetivando estabelecer formas de divulgao das atividades da
Polcia, com participao de tcnicos especializados (relaes
pblicas, jornalistas, marketeiros);
Desenvolver campanhas educativas de preveno contra violncia, utilizando sempre a mesma marca Polcia e no o Batalho X ou Y ou Distrito Z ou W;
Elaborar um planejamento de marketing, de forma a propiciar a participao da Polcia em eventos diversos (televiso,
jornal, etc.);
Promover a criao de um programa na rede educativa direcionado aos jovens e crianas, objetivando mudar a imagem de represso da polcia, criando at um personagem (ex:
Guarda Belo).
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9. Coleta de Informaes
Devero ser verificados os problemas da rea por onde vamos
passar a operar com a polcia comunitria. Quais so os problemas
que realmente afligem aquela rea, caractersticas fsicas e peculiares
que no devem ser consideradas por extenso a toda cidade, quais
delitos so praticados, quem os pratica, se os jovens tm ou no tempo ocioso, empregos, etc.
Os obstculos fsicos naturais, ndice de ocorrncias, populao
existente, efetivo, viaturas; especialidades possveis de vinculao
quela rea especfica, tais como: ronda escolar, projeto vida e outros.
Tipos de apoio para a rea como um todo nos Postos 24 horas,
Foras Tticas, para misses especiais na rea como grandes jogos,
desapropriaes, invases de terras e etc., verificando ainda os policiais militares que esto integrados na comunidade de escolas, associaes, clubes, etc.
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Organizao Policial;
Comunidade;
Autoridades Constitudas;
Comunidade de Negcios;
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Organismos Comunitrios; e
Imprensa.
Nmero de participantes;
Acomodaes;
Transporte fcil;
Conforto;
Acstica;
Iluminao e outros.
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preciso identificar as pessoas que esto dispostas a iniciar o processo. A maioria das pessoas que se envolvem ativamente na iniciativa
da Polcia Comunitria esto motivadas, no tanto por sua prpria
vitimizao ou medo do crime, mas por um interesse geral do bairro e da comunidade. Procure as pessoas que reflitam as atitudes, os
valores, as normas e as metas do bairro, porque elas sabero melhor
como estimular e perpetuar o apoio dos cidados.
Independentemente do mtodo de seleo, os lderes devem exibir muitas das seguintes caractersticas:
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Criar um clima favorvel ao dilogo, a fim de que os mal-entendidos ou as falsas opinies possam ser identificadas e possam ser discutidos quaisquer fatores causadores do problema.
Identificar os grupos de auto-interesse, e mostrar de que maneira cada um dos grupos se beneficiar do processo coope-
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Polcia Comunitria e Sociedade
Facilitao do entendimento.
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15. Implantao
Aps a identificao das reas de aceitao comum e de discordncia, possvel fazer um esforo para incorporar as reas de concordncia no intuito de que os pontos importantes da iniciativa da
Polcia Comunitria sejam aceitveis para todos os grupos. Os grupos no iro necessariamente concordar em todas as reas, mas haver em geral, suficientes reas comuns para possibilitar a cooperao.
Muitos grupos ficaro inspirados e esclarecidos para aprender
quantas reas existem de concordncia, que primeira vista, podem
no ter estado aparentes. Em geral, haver concordncia nas metas
principais, tais como a necessidade de controle do crime e da desordem, bem como de uma comunicao mais positiva e eficiente, e de
cooperao entre os grupos. As reas de consenso podem diminuir
medida que comeam a ser identificadas as tcnicas especficas de
resoluo de problemas e passam a ser sugeridas por cada grupo alternativas para a implantao. Isto no ser um problema grave, porque se tiverem sido seguidos os princpios da teoria do patrocnio
normativo (postula que a maioria das pessoas tem boa vontade e
iro cooperar com as outras para a construo de um consenso) e da
teoria social crtica (procura responder porque as pessoas se juntam
para corrigir e superar os obstculos). Fundamenta-se em trs ideias
centrais:
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Disciplina 2
Polcia Comunitria e Sociedade
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Abertura para populao local dos avanos (ou no) na soluo e conteno dos problemas levantados. Para concluir. Os
pr-requisitos para estes seis elementos so:
Comunicao (interna e externa);
Cooperao e colaborao (interna e externa);
Coordenao;
Mudanas.
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Anotaes
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DISCIPLINA III
Teorias sobre
Polcia Comunitria
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Disciplina 3
Teorias sobre Polcia Comunitria
2. A Importncia da Polcia
A importncia da polcia pode ser resumida na clebre afirmativa
de Honor de Balzac: os governos passam, as sociedades morrem,
a polcia eterna. Na verdade, no h sociedade nem Estado dissociados de polcia, pois, pelas suas prprias origens, ela emana da
organizao social, sendo essencial sua manuteno.
Desde que o homem concebeu a ideia de Governo ou de um poder que suplantasse a dos indivduos, para promover o bem-estar e
a segurana dos grupos sociais, a atividade de polcia surgiu como
decorrncia natural. A prtica policial to velha quanto a prtica
da justia; pois, polcia , em essncia e por extenso, justia. Leal1,
ao analisar o gnese do poder e do dever de polcia, afirma que a
necessidade de regular a coexistncia dos homens na sociedade deu
origem ao poder de polcia.
O professor Macarel2 define polcia como a prtica de todos os
meios de ordem de segurana e de tranquilidade pblica. A polcia
um meio de conservao para a sociedade.
O Desembargador Antnio de Paula3 entende que a Polcia pode
ser definida como a organizao destinada a prevenir e reprimir delitos, garantindo assim a ordem pblica, a liberdade e a segurana
individual.
Afirma ser a Polcia a manifestao mais perfeita do poder pblico inerente ao Estado, cujo fim assegurar a prpria estabilidade e
proteger a ordem social.
Com propriedade, o Desembargador do Tribunal de Justia do
Estado de So Paulo, Lioy4, descreve:
A polcia no deve velar seno pelo progresso da sociedade e dos bons
costumes, pelo bem-estar do povo e pela tranquilidade geral. Ela foi,
com a Justia, instituda para assegurar a execuo das leis, e no para
infringi-las, para garantir a liberdade dos cidados e no para cerce-la,
para salvaguardar a segurana dos homens de bem, e no para envenenar a fonte do bem-estar social. No deve ela transpor os limites da exigncia da segurana pblica ou particular, nem sacrificar o livre exerccio
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DALLARI, Dalmo de Abreu in; O Papel Da Polcia No Regime Democrtico. SP: Mageart 1996,
p.33.
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As funes de Polcia de Segurana so em regra, exercidas pela Polcia Militar. A ela cabe a preservao da Ordem
Pblica.
Apesar dos diferentes posicionamentos prticos e tericos, acreditamos que, em nosso pas, estamos muito mais prximos da polcia
faz tudo, fato comprovado pelo emprego da quilometragem rodada
pelas viaturas da polcia. Assim, as viaturas da polcia tem rodado
anualmente o equivalente a 50 viagens de ida e volta lua, sendo
90% em assistncia populao e 10% no atendimento de ocorrncia
criminal. A presente situao, bem como outros fatores ligados ao
problema, indicam o caminho que muitos chamam de Assistncia
Policial como caracterstica do trabalho da Polcia.
Assistncia Policial relacionamos no s as atividades inerentes segurana, mas tambm a integrao na comunidade prestando
toda colaborao e auxlio possvel, num sentido de forte solidariedade. Observamos ento que a Polcia deve ser percebida pela populao como:
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Disciplina 3
Teorias sobre Polcia Comunitria
Uma organizao presente na vida da comunidade, em funo dos valores, positivos pelos quais ela existe, trabalhando
com elevado esprito pblico e cultuando solidariedade em
lugar da violncia.
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erroneamente transmitida na educao e s vezes na mdia, ser revertida desde que, o policial se faa perceber por sua ao protetora
e amiga.
O esprito de Polcia Comunitria que apregoamos se expressa de
acordo com as seguintes ideias:
A Polcia protetora e amiga transmitir na famlia, imagem favorvel que ser transferida s crianas desenvolvendo-se um
trao na cultura da comunidade que aproximar as pessoas da
organizao policial;
Policial, junto comunidade, alm de garantir segurana, dever exercer funo didtico-pedaggica, visando a orientar
na educao e na solidariedade social;
A orientao educacional do policial dever objetivar o respeito ordem jurdica e aos direitos fundamentais estabelecidos na Constituio Federal;
A participao do cidado se d de forma permanente, constante e motivadora, buscando melhorar a qualidade de vida.
7. Comunidade
Para no correr o risco de definies ou conceitos unilaterais, preferimos apresentar alguns traos que caracterizam uma comunidade:
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O sentido de organizao possibilitando uma vida social durvel. Durkheim observa que a solidariedade forte aproxima
os homens.
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8. Segurana
Jorge Wilheim diz que a segurana do indivduo envolve:
A auto-estima e a auto-sustentao;
O sentimento de que no ser perseguido por preconceito racial, religioso ou de outra natureza;
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Segundo Ferreira12 :
8 FERNANDES, Rubem Csar. in: Policiamento Comunitrio: Como Comear. RJ: POLICIALERJ,
1994. p.10.
9 FERREIRA, Carlos Adelmar. Implementao da Polcia Comunitria Projeto para uma Organizao em Mudana. SP: POLICIALESP, CSP-II/95, Monografia. p. 56.
10 Ibid, Ibid. p.56.
11 Ibid,Ibid. p.57.
12 Ibid,Ibid,p.58.
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Teorias sobre Polcia Comunitria
Argumenta Murphy13:
Numa sociedade democrtica, a responsabilidade pela manuteno da
paz e a observncia da lei e da comunidade, no somente da Polcia.
necessria uma polcia bem treinada, mas o seu papel o de complementar e ajudar os esforos da comunidade, no de substitu-los.
Segundo Carvalho15,
ao tentar implantar este modelo, governo e lderes da sociedade acreditaram que esta poderia ser uma forma de democratizar as instituies
responsveis pela segurana pblica, isto , medida que se abrem para
a sociedade, congregando lideres locais, negociantes, residentes e todos
quanto puderem participar da segurana local, a polcia deixa de ser uma
13 MURPHY, Patrick V. in: Grupo de Trabalho para Implantao da Polcia Comunitria. SP: POLICIALESP/ Conselho Geral da Comunidade, 1993. p.03.
14 SILVA, Jorge da. Controle da Criminalidade e Segurana Pblica na Nova Ordem Constitucional. RJ: Forense,1990,p.117.
15 CARVALHO, Glauber da Silva. Policiamento Comunitrio Origens. SP: POLICIALESP, Apostila, 1998. p.49.
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Segundo Trojanowicz16,
o policiamento comunitrio exige um comprometimento de cada um
dos policiais e funcionrios civis do departamento policial com sua filosofia. Ele tambm desafia todo o pessoal a encontrar meios de expressar
esta nova filosofia nos seus trabalhos, compensando assim a necessidade de manter uma resposta rpida, imediata e efetiva aos crimes individuais e as emergncias, com o objetivo de explorar novas iniciativas pre
ventivas, visando a resoluo de problemas antes de que eles ocorram
ou se tornem graves.
O policiamento comunitrio, portanto, uma filosofia de patrulhamento personalizado de servio completo, onde o mesmo policial
trabalha na mesma rea, agindo numa parceria preventiva com os
cidados, para identificar e resolver problemas.
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Disciplina 3
Teorias sobre Polcia Comunitria
O policial trabalha voltado unicamente para a marginalidade de sua rea, que representa, no mximo 2 % da populao
residente ali onde todos so inimigos, marginais ou paisano
folgado, at prova em contrrio;
O policial o do servio;
O papel da polcia dar um enfoque mais amplo visando a resoluo de problemas, principalmente por meio da preveno;
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O policial da rea.
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Disciplina 3
Teorias sobre Polcia Comunitria
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qualidade no servio e o adequado preparo so exigidos em qualquer profisso. Mas no nosso caso existe ainda muita confuso.
Robert Trojanowicz no livro Policiamento Comunitrio: Como
Comear procura mostrar as interpretaes errneas sobre o que
no Policiamento Comunitrio:
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Policiamento Comunitrio no uma ttica, nem um programa e nem uma tcnica no um esforo limitado para ser
tentado e depois abandonado, e sim um novo modo de oferecer o servio policial comunidade;
Policiamento Comunitrio no condescendente com o Crime os policiais comunitrios respondem s chamadas e fazem prises como quaisquer outros policiais: so enrgicos e
agem dentro da lei com os marginais e os agressores da sociedade. Contudo atuam prximos a sociedade orientando o
cidado de bem, os jovens e buscam estabelecer aes preven
tivas que busquem melhorar a qualidade de vida no local onde
trabalham. Parece utpico, mas inmeros policiais j vem
adotando o comportamento preventivo com resultados excepcionais. Outro ponto importante que como est prximo
da comunidade, o policial comunitrio tambm uma fonte
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Justia
Disciplina 3
Teorias sobre Polcia Comunitria
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Disciplina 3
Teorias sobre Polcia Comunitria
A natureza do policial sempre foi comunitria. Nascida ao incio do sculo 20 com o objetivo de proteger o cidado de bem dos
malfeitores, anos depois, ao final deste mesmo sculo, se busca este
retorno as origens.
Foras Armadas As Foras Armadas tratam do inimigo externo com o objetivo de reduzir, anular ou eliminar o oponente, j que este ameaa a ptria. A conquista se d pela batalha,
na guerra a nao est em armas pois ela tem carter nacional.
O homem no trabalha isolado mas enquadrado, sob comando em grandes ou pequenas fraes. A ao das F. A. obedece
aos tratados e convenes internacionais bem como aos cdigos e regulamentos militares. O campo de atuao normalmente o T. O. (Teatro de Operaes).
Polcias Civis As Polcias Civis tratam da apurao das infraes penais, fornecendo elementos para que o Poder Judicirio, possa bem exercer uma funo repressiva penal. Tratam
assim com o cidado, na caracterizao do crime e sua autoria
sendo de seu interesse a pessoa sujeita a sano penal. Para o
exerccio de suas misses legais tem atividades cartorrias e
investigatrias. O inqurito policial, pea inquisitorial de sua
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Disciplina 3
Teorias sobre Polcia Comunitria
Valor Social - pelos seus resultados, possibilita orientar o cidado a respeito dos acontecimentos de seu bairro; de sua comunidade. um tipo de prestao de contas, pois demonstra
que o sistema policial dinmico.
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comunidade local;
maes a comunidade;
os de segurana pblica.
A Polcia deve estar a servio da comunidade, sendo a sua razo de existir garantir ao cidado o exerccio livre e pacfico
dos direitos que a lei lhe reconhece. Isso implica em:
Uma adaptao dos servios policiais s necessidades reais
da comunidade;
es policiais.
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Ministrio da
Justia
Disciplina 3
Teorias sobre Polcia Comunitria
mao especializada de seu pessoal; c) a aceitao de profissionais civis; d) a criao e implantao de um plano de
carreira; e) a prioridade dada competncia na atribuio
de promoes, critrio que deve prevalecer sobre o da antiguidade na escala; e f) a existncia de um cdigo de tica
profissional.
devem ser: identificao de necessidades, anlise e pesquisa, determinao de objetivos a curto, mdio e longo prazos,
elaborao de uma estratgia para a sua implantao, consulta regular dentro e fora do servio e avaliao peridica
de tais objetivos e estratgias;
demais servios policiais do pas e com as instituies governamentais implicadas ou interessadas nos problemas relacionados com as atividades das foras da ordem.
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A polcia comunitria requer que a comunidade fornea insumos para as gestes que afetam a sua finalidade de vida;
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Anotaes
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DISCIPLINA IV
Polcia Comunitria Comparada
e Troca de Experincias
Organizao e Sistematizao
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Disciplina 4
Polcia Comunitria Comparada e Troca de Experincias
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Policing Oriented Problem Solving O Policiamento Orientado ao Problema mais um meio de engajamento social. A
premissa baseia-se no conceito de que a polcia deixa de reagir
ao crime (crime fighting policing) e passa a mobilizar os seus
recursos e esforos na busca de respostas preventivas para os
problemas locais (problem-oriented policing); ao invs de reagir contra incidentes, isto , aos sintomas dos problemas, a
polcia passa a trabalhar para a soluo dos prprios problemas. A noo do que constitui um problema desde uma perspectiva policial expande-se consideravelmente para abranger
o incrvel leque de distrbios que levam o cidado a evocar a
presena policial. A expectativa de que ao contribuir para o
encaminhamento de solues aos problemas, a polcia atrair
a boa vontade e a cooperao dos cidados, alm de contribuir
para eliminar condies propiciadoras de sensao de insegurana, desordem e criminalidade.
1.1.1. Rei fez NY trocar energia vital por ordem e paz
ESTADO DE SO PAULO - Domingo, 18 de fevereiro de 2001
Com mtodos polmicos, Giuliani reduziu criminalidade e autorizou
nova-iorquinos a serem insensveis
JAMES TRAUB
The New York Times Magazine
O Antigo Testamento fornece grande nmero de possveis metforas para o reinado, que agora chega ao fim, do prefeito de Nova
York, Rudolph W. Giuliani. O reverendo Calvin Butts, pastor da
Igreja Batista Abissnia do Harlem, sugere a seguinte: Houve um
homem chamado Josias, que se tornou rei. Andavam vasculhando
destroos e encontraram os livros da lei que haviam perdido. E Josias
disse: `Leiam-nos para mim. E ele depois disse: ` isso que, para
todos os efeitos, devamos estar fazendo? E ele percorreu o mundo.
Parou em todos os templos dos deuses estrangeiros e matou os sacerdotes que no queriam submeter-se ao Deus nico. Foi uma coisa
brutal, horrvel, mas ele restaurou a ordem, a paz e a lei na terra. Ele
entrou para os anais dos Segundos Reis como um dos maiores reis.
O reverendo Butts o tipo de clrigo eloquente, propenso a ser
arrebatado pela prpria oratria. Ele tem todo tipo de reservas em
relao a Giuliani e no o chama, quando fala em prosa, de grande
112
Ministrio da
Justia
Disciplina 4
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rei urbano. Mas Butts uma das mais importantes figuras negras de
Nova York e, sob a maioria dos aspectos, membro dessa entidade
amorfa conhecida como elite liberal. Portanto, sua convico de que
o prefeito levou ordem, paz, lei cidade fala com eloquncia da
evoluo da opinio nos crculos liberais.
Eles precisaro mostrar que entendem como o mundo mudou
profunda-mente desde 1993, mas sem indispor o vasto segmento do
Partido Democrata que ainda v cascos fendidos dentro das reluzentes sandlias pretas de Giuliani.
Valores burgueses Pode-se argumentar que os nova-iorquinos
fizeram as pazes com os valores burgueses sobre os quais o prefeito
prega sempre: Se vocs no acentuarem o respeito s outras pessoas,
a cidade desmorona; meu pai tinha a sabedoria de perceber que
todo trabalho faz sentido; etc. Poucos anos atrs, o crtico cultural John Leonard escreveu que Giuliani havia submetido a cidade ao
treinamento da obedincia.
Na verdade, nada dessa boa conduta hiperblica parece muito
duradoura. Tem-se a impresso de que os garotos vo comear a
atirar apagadores assim que o professor sair da sala. No entanto, se
os nova-iorquinos no se tornaram to obedientes quanto o prefeito
gostaria, aceitam trocar energias vitais por prosperidade e paz.
Veja-se por exemplo no que a Times Square se tornou. Com sex
shops e vida urbana agitada, a Times Square era o smbolo espalhafatoso da festana liberal. Agora ela cedeu lugar Disney e megaloja Virgin, a um cinema de 25 telas e a restaurantes temticos que
evocam o estado de esprito da cidade que eles substituram. Foi evidentemente a prosperidade econmica que tornou possvel a nova
Times Square, mas foi a campanha do prefeito pela qualidade de vida
que tornou o local adequado instalao de empresas.
Essa nova Times Square o emblema da Nova York de Giuliani,
segura, limpa, familiar; o prefeito presidiu euforicamente o baile de
ano-novo.
1.1.2. Ao Agressiva Caracteriza Polcia
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Claro que no se pode pensar na Nova York de Giuliani sem atentar para a prosperidade vertiginosa que predomina desde meados
dos anos 90. O prefeito apenas um felizardo por estar governando
numa poca em que bilhes de dlares circulam por Wall Street, mas
ainda assim o boom tem um toque de Giuliani.
O tesoureiro do municpio, Alan G. Hevesi, um dos democratas aspirantes a prefeito, diz: Associo os 37 milhes de turistas em
Nova York ao que ele (Giuliani) fez com o ndice de criminalidade.
Associo os pedidos de matrculas em nossas universidades, os mais
numerosos de todos os tempos, sensao de que a cidade est mais
segura, mais limpa.
1.2. Canad
A Polcia Comunitria no Canad teve seus primeiros passos h
aproximadamente 20 anos, quando o descrdito na instituio policial obrigou as autoridades e a populao a adotarem providncias
para a reverso do quadro de insatisfao.
A implantao durou 8 anos e demandou medidas de natureza
administrativa, operacional, mas principalmente a mudana na filosofia de trabalho com nova educao de todos os policiais.
Base territorial
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Do trabalho com a juventude resultou tambm um vdeo desenho animado, pelo qual so transmitidas as crianas regras de segurana. Na ao policial, sacar a arma o ultimo recurso. Em casos da
necessidade de atuao repressiva observa-se a seguinte sequncia:
Advertncia verbal (no resista a polcia levante as mos
e se entregue);
olhos e nariz;
para matar.
prises desnecessrias;
so; e
prpria.
A organizao da polcia
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do Canad coordena os trabalhos das polcias canadenses estabelecendo normas padres e treinamento em todo o pas. A estrutura
policial toda voltada ao emprego da Polcia Comunitria.
Existem polcias bem estruturadas dentro do modelo de Polcia
Comunitria (como as das cidades de Calgary, Toronto e Vancouver)
e outras que esto iniciando (como Montreal e Quebec).
1.3. Japo
Possuindo caractersticas de um Estado moderno, com um alto
grau de participao social, muito diferente do modelo brasileiro,
o Japo possui um sistema de policiamento fardado baseado na estrutura da Polcia Nacional Japonesa. Desenvolve um dos processos
mais antigos de policiamento comunitrio no mundo (criado em
1879), montado numa ampla rede de postos policiais, num total de
15.000 em todo o pas, denominados Kobans e Chuzaishos.
Para se ter uma avaliao da importncia dada ao sistema de
policiamento comunitrio fardado no Japo, a partir de 1998 o efetivo policial passou a contar com 263.600 pessoas , sendo:
Agncia Nacional de Polcia com 7.600 pessoas (1.400 policiais; 900 Guardas Imperial e 5.300 funcionrios civis).
Dos 226.000 policiais, cerca de 40% esto destinados ao policiamento comunitrio fardado, sendo que, destes, 65% esto prestando
servios nos Kobans e Chuzaishos, 20% no policiamento motorizado e 15% no servio administrativo do Sistema, incluindo o staff de
comando, sistema de atendimento e despacho de viaturas para ocorrncias e comunicao como um todo.
1.3.1. O Policial Japons
O Policial japons atravs de suas atitudes demonstra claramente sua formao cultural, ou seja, extremamente educado, polido e
disciplinado, cumprindo integralmente suas obrigaes com determinao e zelo. Possuindo, no mnimo, formao de 2 grau e at
mesmo universitria, sentindo-se perfeitamente vontade quando
da utilizao dos mais avanados recursos tecnolgicos, na rea de
comunicaes e informtica, o que aliado a sua formao tcnica
policial lhe possibilita alcanar resultados positivos em seu servio,
agindo na maior parte das vezes isoladamente.
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A polcia deve ser levada aonde est o problema, para manter uma resposta imediata e efetiva aos incidentes criminosos
individuais e s emergncias, com o objetivo de explorar novas iniciativas preventivas, visando a resoluo do problema
antes de que eles ocorram ou se tornem graves. Para tanto
descentralizar a soluo, sendo que os maiores e melhores
recursos da polcia devem estar alocados na linha de frente
dos acontecimentos.
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Atendimento s pessoas;
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Foi iniciada uma poltica interna com policiais sobre sua participao dentro e fora da Instituio. Conscientizao sobre sua importncia e de sua profisso.
Foi criado um programa de rdio federal que, alm de informar
a comunidade, d assistncia contnua s pessoas, com orientaes
policiais, mdicas, legais ou psiquitricas, sem a cobrana de qualquer tarifa, isto , total-mente gratuito.
Iniciou-se uma grande campanha publicitria preventiva, na televiso, sobre a ingesto de bebidas e drogas por menores de idade.
A Campanha abrange tambm todas as medidas preventivas que devam ser adotadas para que as pessoas no sejam surpreendidas pelos
crimes.
Os policiais foram colocados em constante contato com a comunidade, estimulando a troca de conhecimentos, o aconselhamento
sobre os crimes e assuntos em geral para que as pessoas sejam sempre informadas sobre tudo o que se passa. o embrio de uma polcia de proximidade. Foi criada uma central que abriga um banco de
dados geral dos servios pblicos. Para este centro so direcionadas
as chamadas da comunidade que necessita de determinados servios
pblicos. A Polcia passa a ser o nexo dos pedidos e requerimentos
de servios pblicos essenciais urgentes da comunidade. Recebida a
solicitao, a polcia aconselha, orienta e, se for
1.6.2. Colmbia
A Polcia Nacional da Colmbia, h exatamente cinco anos, sofreu problemas graves devidos ao pssimo servio que realizava e
corrupo de seu membros, motivo pelo qual quase foi extinta.
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Multiplicao e potencializao do conhecimento e da formao policial. Era necessrio buscar os melhores policiais,
aqueles que tivessem vocao e talento para o trabalho policial
e para servir a comunidade;
Treinamento e informao que insira uma nova cultura profissional, onde o homem aprenda a trabalhar em equipe e passe a planejar com o cidado;
Desenvolvimento gerencial de integrao com desenvolvimento de mais treinamento aos comandantes em tcnicas
de gesto, e menos milcia, buscando o desenvolvimento de
capacidades e trabalho em equipe. O que se quer que estes
lderes possam avaliar com viso do todo o plano estratgico,
sem esperar, no caso de falha, uma nova avaliao ou resultado final, quando j for tarde para correes. O lder neste novo
modo de gerenciar deve mobilizar e dinamizar a inteligncia
das pessoas para que todos possam agir antecipadamente.
1.6.2.2. Participao Cidad para a Mudana
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que essencial para o trabalho com a comunidade. O modelo baseia-se em pesquisa nos modelos implantados nos Estados Unidos, no
Canad, na Frana e na Espanha, buscando a transformao cultural
com realizao de convnios e consrcios.
Parceria com o Conselho Sindical, que desenvolveu eventos para
melhorar a vida das pessoas. Convite para a mdia e a comunidade
para assinar um protocolo de intenes com o compromisso de avaliar o trabalho da polcia.
1.6.2.3. Outros Programas:
Plano de Conscincia Cidad Bom Samaritano - um programa no rdio informa a comunidade para que a polcia atenda
somente aquilo que caso de polcia;
Plano de Proteo s Mulheres - inclui treinamento s mulheres sobre assuntos gerais pertinentes;
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Jlio Urbano
Polcia Nacional do Equador Segurana e Comunidade
A segurana um bem comum da comunidade, constituindo o
compromisso das pessoas em querer viver e trabalhar em paz, em
um ambiente de segurana, que nos permita viver juntos.
Em outros tempos a segurana era considerada como uma
responsabilidade da Polcia. Porm, hoje em dia este conceito est
mudando, deixando bem claro o erro do processo de formao cvica
de nossa sociedade, surgindo a necessidade de insistir na participao da comunidade nos temas de segurana coletiva e tratar de atenuar as causas que geram as crises em que estamos vivendo.
A Polcia Nacional do Equador acha conveniente abrir seus quartis e convidar a comunidade para participar em favor de sua prpria
segurana, sem que isto queira dizer que estamos evitando um trabalho que por obrigao temos que desempenhar, e sim que a polcia e
a sociedade estabeleam estratgias que apiem o esforo policial e
conjuntamente alcancemos o bem com denominada segurana.
Necessidade de desenvolver na sociedade uma cultura de segurana, generalizando os valores de irmandade, patriotismo e ajuda
mtua.
O relacionamento entre polcia e comunidade no Equador feito
pelas Brigadas de bairros, que resgatam os princpios de boa vizinhana, solidariedade e esprito cvico para motivar e conscientizar
a coletividade a respeito da segurana de cada um dos membros e da
comunidade.
Criar uma troca de atitudes na sociedade para participar consciente, efetiva e solidariamente do melhoramento da segurana e de
melhorar a qualidade de vida.
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Projetar a presena institucional da sociedade atravs de campanhas, programas e jornadas de preveno, a fim de evitar a insegurana e a delinquncia.
Como resultado alcanado desta gesto, exaltamos o esforo da
comunidade em favor de sua Polcia que, com mobilizao, alcana
o provimento de recursos para dotar a polcia de equipamentos e
meios para neutralizar o avano da criminalidade no Pas e proteger
desta maneira a sociedade.
1.6.3.1. Aes dos Representantes da Comunidade para Atuar junto
a Polcia Nacional
Preparar e difundir boletins de imprensa, insistindo na necessidade de que todos devemos trabalhar para a proteo da
sociedade;
Capacitar os membros da sociedade com tcnicas de patrulhamento preventivo, privilegiando a ajuda mtua;
Realizar atividades de informaes para selecionar os membros integrantes das brigadas de bairro;
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Promover sentimento de solidariedade por meio de conferncias com autoridades ligadas rea;
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Estratgia de investigao e anlise de ocorrncias, definindo quem far o recolhimento, processamento, anlise e difuso das informaes, bem como enfocar a violncia e sade
pblica;
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Estratgia de implantao - Este plano requer o acordo de diversas instituies e pessoas envolvidas na preservao da segurana e da convivncia democrtica e, com o firme propsito de implantar, devero ser levadas adiante as discusses sobre cada uma das estratgias, com a finalidade de incorporar
as diversas opinies e comentrios. Tais discusses permitem
priorizar os projetos e definir um programa de execuo dos
mesmos. Este plano deve ser resultado de consenso dos diversos setores e deve ser difundido pelos meios de comunicao.
Estratgias de Programas e Projetos - indispensvel apresentar projetos e programas que correspondam a cada estratgia
em diversos nveis de atuao da Polcia Nacional do Equador.
1.6.4. Paraguai
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Para atingir os Objetivos Institucionais estabelecidos no programa Aliana pela Segurana, a suprema autoridade da Corporao
Policial (o Diretor General) centralizou a exigncia de trabalho no
desenvolvimento do conceito de eficincia, nos termos seguintes:
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Focalizao, identificao das reas de maiores ndices criminais, onde se implementam atividades operativas, concen-
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Iniciativa, o que requer maior criatividade, que provoque melhores decises e anlises dos problemas.
com indivduos da comunidade. Para isso feito um controle, a partir do qual elaborado um relatrio contendo hora,
local, nome da pessoa entrevistada e informao obtida;
sentada aos seus membros a eficincia da polcia. Em contrapartida a comunidade traz projetos de aproximao com
a polcia, o que um avano, pois a populao tem receio da
polcia e rejeita a aproximao com ela. A imprensa tambm
envolvida, pois ela tem um papel importante para levar
comunidade essa ideia de aproximao mtua;
De igual forma vm sendo implementadas outras medidas institucionais, que de forma indireta se coadunam com o fortalecimento
dessa filosofia, como por exemplo:
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Reagrupamento das dependncias relacionadas com o bem-estar policial, criando a Diviso do Bem-Estar Policial, para
apoiar o policial nas necessidades institucionais, com atendimento psicolgico, como tambm no particular, lazer familiar, fortalecimento da auto-estima de cada policial. No h
duvidas de que contribuem para evitar a subestimao dos
outros, subestimao que se traduz em violncia aos Direitos
Humanos dos cidados.
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Desenvolver programas de informao e formao para profissionais do direito, policiais civis e militares, agentes penitencirios
e lideranas comunitrias, orientados pela concepo dos direitos humanos segundo a qual o respeito igualdade supe tambm
reconhecimento e valorizao das diferenas entre indivduos e
coletividades.
2.2.1. Direitos Civis e Polticos
2.2.1.1. Segurana do Cidado e Medidas Contra a Violncia
1
Repblica Federativa do Brasil. Programa Nacional de Direitos Humanos. BR: Min. Da Justia,
1996.p.21.
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Em 1985, com a criao dos Conselhos Comunitrios de Segurana, nascia a Polcia Interativa, na Cidade de Guau/ES, dando
um passo importante na busca de uma real aproximao com a comunidade, sendo objeto de destaque na mdia nacional, pelo seu audacioso projeto de polcia interativa. Sem prejuzo das aes voltadas
contra os criminosos, buscou-se o entrosamento com a comunidade
para juntos controlarem as aes delituosas, evitando sua ecloso.
De forma harmoniosa, visou-se responsabilidade de todos para a
garantia da ordem pblica, antecipando-se aos fatos. Costa3 afirma:
Assim est sendo concebido o POP-COM (Polcia Interativa)
como um novo tipo de Policiamento Ostensivo, pois objetiva obter
produtividade e qualidade no servio de polcia ostensiva, prestados
sociedade, trazendo como inovao a possibilidade real de se aferir
as aes ostensivas do policial militar no setor onde atua pontuando-as e controlando de modo criterioso o seu desenvolvimento, atravs
da informtica.
Para uma maior operacionalizao, est sendo incutido nos policiais militares nova mentalidade no atendimento de ocorrncias, por
meio da leitura diria de um declogo (POP-COM -Polcia Interativa), fixado na sala de reunies.
Declogo do Policial Interativo (Guaui- ES)
Certo
Errado
Razo
Emoo
A fora da lei
A lei da fora
Reconhecimento profissional
O desgaste profissional
A corporao respeitada
10
A corporao denegrida
Fonte: PMES
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Foi dado preferncia ao policiamento ostensivo a p como forma de aproximar mais facilmente o policial militar da comunidade,
buscando conhecer suas aspiraes, sugestes e crticas durante o
policiamento ou por intermdio dos conselhos interativos. O lema
O Povo conspira com quem o protege, de Nicolo Machiavel, a
base do trabalho.
Os objetivos da Polcia Interativa so:
Geral:
Eestabelecer os princpios institucionais para a implantao
Especficos:
Incrementar, na estrutura da Polcia, a filosofia de uma
segmentos da sociedade;
nmico na ativi
dade-fim da Polcia, atravs da Polcia
Interativa.
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Esse comentrio de Miguel Librio Cavalcante Neto, coordenador do Programa Nacional de Polcia Comunitria, resume bem o
conflito entre a rejeio que esse conceito ainda desperta entre policiais e o enorme potencial que tem revelado em todo o mundo, como
estratgia de preveno criminalidade.
Hoje a polcia comunitria uma realidade, apesar de ainda haver muita
gente resistindo ideia, achando que um modismo. E estamos caminhando para criar um modelo brasileiro de polcia comunitria.
Outra forma de apoio aos estados contribuir para o treinamento de policiais. Fizemos currculos mnimos para as academias de
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Para o socilogo Kahn, o fim do regime autoritrio deixou as polcias brasileiras numa certa crise de legitimidade. Agora, na fase
democrtica, os policiais devem se pautar por outros parmetros.
E o conceito de policiamento comunitrio veio impulsionar essa
mudana, alm de melhorar a imagem da polcia, contribui para sua
eficcia, j que a matria-prima do trabalho policial a formao.
A imagem da polcia melhora, a auto-estima do policial melhora e a
sensao de insegurana da comunidade diminui, acentua Kahn. O
que bem diferente da situao vigente antes da adeso das PMs ao
conceito: ento, o discurso policial ficava centrado nas alegaes de
falta de recursos e de que a poltica de direitos humanos atrapalharia
o trabalho da polcia. Agora, segundo Kahn, o discurso deve mudar,
mesmo porque houve um reaparelhamento geral das polcias. Os
policiais j percebem que o xito de seu trabalho no depende s do
equipamento e de aes no estilo linha dura - que, alis, aumentavam a insegurana da populao. A polcia comunitria surge ento
como uma resposta para resolver essa crise policial.
As PMs esto aderindo ao conceito, continua Kahn, mas lutamos pela adeso tambm da Polcia Civil. Incentivamos, por exemplo, a implantao nas delegacias de plantes sociais, feitos por assistentes sociais e psiclogos, e que seriam o equivalente s bases
comunitrias estabelecidas nos bairros pela PM.
Num primeiro momento, segundo o tenente-coronel Librio que,
depois de adquirir experincia no assunto ao dirigir a polcia comunitria na PM paulista, viajou pelo pas ministrando os cursos-, o engajamento dos formandos motivado pela melhoria da imagem que
a prtica comunitria proporciona ao policial. Mas isso talvez seja
o menos importante. O grande desafio que eles tero de enfrentar
o engajamento do cidado, essencial para que a polcia comunitria
funcione. Outro desafio esta do lado da polcia: A cultura policial
reativa: agir quando algo ocorre. A mudana cultural necessria na
mentalidade policial trabalhar com a comunidade para que o fato
no ocorra - o policial passar a trabalhar com o cidado. Ele acrescenta uma terceira necessidade: a de os policiais envolvidos discutirem questes que extrapolam a ao da polcia, mas de algum modo
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Ele reconhece que ainda h um longo caminho pela frente. Primeiro, para que a polcia perceba essa necessidade de dilogo com
a comunidade e vena hbitos arraigados de no querer se envolver
com as pessoas, de ter uma postura burocrtica, que at mais cmoda. E chama a ateno para uma questo fundamental: Muitas
autoridades no percebem que esse envolvimento com a comunidade no exclui as formas tradicionais da atividade policial, inclusive as
aes mais duras esperadas de uma polcia, uma comunitria e outra
no comunitria, est errado. a mesma polcia, s que ela tem de
ter uma noo de contato com a comunidade, de ter um planeja
mento voltado para ela.
O secretrio Jos Vicente levanta outra questo, ao dizer que exis
tncia de uma polcia mais simptica e que dialoga no suficiente
para a reduo da criminalidade. Eu preciso ter estratgias de organizao, de obteno de informaes, de trabalho com essas informaes - levantando dados como tipo de crime por rea, perfil do
criminoso, entre outros, para poder ajustar o meu policiamento aos
problemas dessa rea. O levantamento e o trabalho com esses dados
compem a rea de anlise criminal, fundamental para o sucesso do
trabalho da polcia, e qual o chefe da Senasp tambm se dedica.
2.4. Policiamento Comunitrio em So Paulo: Histrico
Inserida no contexto da onda comunitria que vem se alastrando
pelas foras policias em todo o mundo, em 30 de setembro de 1997
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Investimento para a formao de policiais e oficiais em policiamento comunitrio, com organizao de palestras de professores brasileiros e estrangeiros e envio de oficias para cursos e visitas a outros estados ou pases.
Publicao de boletins sobre policiamento comunitrio e material impresso sobre medidas de preveno que a populao
deve adotar.
Trata-se de um rol de atividades amplas o suficiente para podermos caracterizar o experimento como comunitrio, ainda que
muitas delas fossem feitas anteriormente pela polcia e diversas atividades tpicas do policiamento comunitrio como pesquisas de
opinio para identificar os problemas locais, organizao de grupos
de vigilncia comunitria, campanhas de preveno s drogas, trabalhando conjunto com rgos municipais e estaduais para melhorar
a sade, a segurana e a limpeza local sejam pouco enfatizadas.
Nos primeiros momentos de implantao do programa natural que
se gaste muito tempo para elaborar material de apoio, construir e
inaugurar bases, promover atividades de divulgao do prprio programa, treinar policiais e oficiais, visitar e conhecer o funcionamento
de experincias similares e ainda fazer as mudanas institucionais e
administrativas necessrias ao funcionamento do projeto.
Com o tempo e a institucionalizao do policiamento comunitrio, essas atividades iniciais diminuem, dando lugar a tarefas subs-
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Caso Vitria ES
As escadarias do Morro do Quadro parecem no ter fim. Venc-las ato de ousadia para os visitantes e desafio cotidiano para os
moradores. Sinuosas e ngremes, elas abrem sulcos, ora espaosos,
ora permitindo a passagem de apenas uma pessoa por vez, entre
casas de alvenaria de arquitetura ecltica, escoradas por pilares de
concreto ou simplesmente apoiadas sobre rochas. Ao fim e mesmo
ao longo desse calvrio, h pelo menos uma compensao: a vista,
uma das mais belas de Vitria, a capital do Esprito Santo, que se abre
generosa entre o mar e as montanhas.
Transpor degrau por degrau as encostas do morro exige hoje apenas flego, muito flego, mas at cinco anos atrs quem se aventurasse nessa maratona podia pagar com a vida o ato de embrenhar-se
em territrio controlado por vrias faces do trfico de drogas. E foi
o que aconteceu com muitos moradores, tidos como inimigos pelos
traficantes ou simplesmente surpreendidos no meio de escaramuas
que as faces travavam entre si pelo controle dos pontos de venda
de droga. Dois policiais do servio reservado da Polcia Militar, que
entraram no bairro para colher informaes que pudessem levar
captura de agentes do trfico, foram executados friamente.
A morte dos policiais, em janeiro de 1997, fez soar o sinal de alarme na cpula da PM do Esprito Santo. Era hora de dar um basta
situao do Morro do Quadro, um dos 16 morros que formam o
bairro de Santo Antnio, na Zona Sul da capital capixaba, perto do
centro comercial e da zona porturia. Era preciso impedir que o trfico continuasse a desafiar a polcia e a manter sob medo constante
os quase 40 mil habitantes de Santo Antnio, cerca de 10% deles moradores do Morro do Quadro. Neste, a maioria das pessoas sobrevive
com uma renda familiar mensal de dois salrios mnimos.
Como afastar o crime, cada vez mais ostensivo, do dia-a-dia desse
bairro, se a PM era muitas vezes rechaada na base dos morros pelos
traficantes e, ainda por cima, recebida com desconfiana e hostilidade pela populao? Era necessria uma nova estratgia, e o modelo
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Caso Macap AP
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A converso de Eliseu e seus colegas, de marginais em defensores da ordem, a parte mais visvel de uma transformao que comeou em setembro de 1998, quando a Polcia Militar do Amap
criou, junto com outros rgos estaduais, a Polcia Interativa e de
Segurana Social - como chamada ali a polcia comunitria. Da
em diante, vrios bairros - Arax foi o pioneiro - experimentaram
seguidas transformaes devidas a esse programa, desde melhorias
na infra-estrutura at a maior sensao de segurana coletiva.
A instalao da polcia interativa em Perptuo Socorro e nos
bairros vizinhos de Cidade Nova 1 e Cidade Nova 2 tinha uma razo
forte: eram os bairros mais violentos de Macap, violncia certamente estimulada pelas pssimas condies de vida de suas populaes,
historicamente marginalizadas e abandonadas.
Perptuo Socorro, por exemplo, tem cerca de 15 mil habitantes
distribudos em casas - a maioria de madeira - de 4 por 4 metros, de
um s cmodo. A populao somada dos trs bairros estimada em
20 mil pessoas, das quais 42% tm at 15 anos de idade e 32% entre
16 e 30 anos. A maioria das ruas no tem pavimentao e os bairros
so cortados por canais que despejam os esgotos domsticos no rio
Amazonas. Muitas casas so construdas sobre palafltas em reas alagadas, e a elas se tem acesso por estreitas pontes de madeira. A renda
mdia dessas famlias de um salrio mnimo.
2.5.1.9. Urnas de Comunicao
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Todos os alunos de Nego frequentam a escola: esse um dos requisitos para a admisso gratuita no esporte, ensinado trs vezes por
semana na quadra contgua base da polcia interativa. Antes muitos
haviam abandonado os estudos. Um dos alunos que mais orgulham
o professor Jonas Santos Pereira, de 20 anos, que passou a frequentar a escola de preparao de soldados da Polcia Militar. Pereira era
um dos mais assduos e bem preparados alunos de capoeira. Outro
programa de grande alcance social mantido pela polcia interativa
em Perptuo Socorro o dos Monitores Mirins, adolescentes que se
dedicam distribuio de alimentos, campanhas educativas, coorde
nao de competies esportivas, apoio a atividades das escolas que
frequentam - todos esto matriculados no ensino regular de Macap
- e limpeza da base da polcia interativa.
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Eles so os nossos multiplicadores, conclui o capito Santos Costa, que, mesmo afastado do comando da polcia interativa,
acompanha com regularidade e entusiasmo a execuo dos programas sociais mantidos pela Polcia Militar. Ns somos exemplos para
outros jovens, afirma Adirleide Greice, 16 anos, monitora mirim
desde 1999.
A polcia interativa a extenso da minhacasa. Eu no tinha
o que fazer antes e agora me sinto til. Adirleide define o grupo
dos monitores mirins como uma famlia que age em conjunto para
combater a violncia.
Como Adirleide, mais 45 adolescentes de ambos os sexos deixaram as ruas para se dedicar ao trabalho comunitrio. So 46 jovens que afastamos do contato com o crime, diz o capito Santos
Costa,Acada 6 meses, os monitores mirins fazem uma pesquisa no
bairro sobre a atuao da polcia interativa. Num levantamento recente, em que ouviram 169 pessoas, 86% dos entrevistados consideraram boa a atuao da polcia interativa e atestaram que a criminalidade recuou em Perptuo Socorro, Cidade Nova 1 e Cidade Nova 2.
O soldado Ailton Cardoso Chaves, um dos 54 policiais da Companhia Interativa do Perptuo Socorro, tem sob sua responsabilidade a superviso de vrios programas sociais, entre eles o dos Anjos
da Paz. Foi justamente Cardoso o principal articulador da aproximao da gangue GK2 com a polcia interativa e de sua transformao,
de marginais em seguranas da Feira do Pescado.
2.5.1.13. Patrulhamento Sem Arma
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A Feira do Pescado um tpico mercado ribeirinho da Amaznia: vende de tudo, de carne a peixe, de frutas a utenslios domsticos. No tem planejamento espacial e suas condies de higiene so
precrias. Grande parte dos frequentadores e fornecedores vive em
barcos, que chegam ali por um igarap, canal de rio que divide a feira
em duas partes, aproveitando a mar alta do Amazonas. Na mar
baixa, eles no podem navegar e tm de esperar que nova mar alta
permita o reinicio da viagem e a chegada de outros barcos.
justamente essa populao flutuante, os chamados embarcadios, a principal ameaa segurana do local. Ameaa principalmente noite, quando homens e mulheres desembarcam, embriagados e
armados. quando os Anjos da Paz mais trabalham: recentemente,
desarmaram um embarcadio que portava quatro facas na cintura e
ameaava um grupo de pessoas.
As duas margens da Feira do Pescado so ligadas por uma ponte
de madeira, com corrimos de ferro pintados de amarelo. Transitar
por ela hoje ato corriqueiro, mas at um ano atrs era uma aventura: os membros da GK2 usavam a ponte como fonte de renda, cobrando pedgio dos usurios. Quem no pagasse - e os critrios de
cobrana eram aleatrios - ou simplesmente fosse considerado persona non grata pela gangue - era agredido e atirado ao canal. Alm
da surra, a vtima sofreria com as pedras situadas embaixo da ponte e
com a sujeira da pouca gua que resta no canal durante a mar baixa.
gua que, alm de conter o esgoto, contaminada pelo lixo da
feira - barrigadas de peixe, frutas e verduras apodrecidas.
O mundo de Eliseu e dos demais membros da extinta GK2 era
a Feira do Pescado e parte de Perptuo Socorro. Mesmo em rea
to pequena, a liberdade do grupo ficava limitada pela presena de
outras gangues. Sair do bairro, nem pensar: violar o territrio do
inimigo poderia equivaler a uma sentena de morte. Eliseu teve v-
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O aumento da confiana na polcia visvel: os 22 policiais da primeira base comunitria so ntimos da populao, que os reconhece
pelo nome. A sede da base, na praa principal, a Manoel Lopes,
muito procurada por pessoas que pedem ajuda para solucionar problemas variados, desde uma simples informao at necessidades de
remdio ou de transporte em casos de urgncia, confeco de documentos, crises domsticas, acidentes de trnsito etc. Um telefone
pblico est instalado dentro. Quem precisar utiliz-lo ter necessariamente que entrar no recinto policial - o que feito com toda a
naturalidade e sem nenhuma formalidade.
Os moradores no s no temem como demonstram carinho
pelos policiais. Dona Severina Lucinda da Silva uma admiradora
deles, admirao que externa levando-lhes diariamente algum tipo
de alimento. Paraibana, mora h 30 anos no Jardim Angela, ganha
a vida pedindo esmola num semforo e aponta como local de residncia um endereo que s os profundos conhecedores das vielas do
bairro so capazes de identificar: a casa do seu Joaquim, onde ela
divide o quarto alugado com um filho deficiente.
O comrcio em torno da praa Manoel Lopes prosperou depois
da implantao da base comunitria. No h mais estabelecimentos
comerciais desocupados como h quatro anos. Antes trabalhvamos de manh para entregar tudo tarde para os bandidos. afirma
Giudete Bispo Serafim, dona de uma loja de alimentos. Quando
correu o boato de que a base seria removida da praa, todos ficamos
apavorados, diz. Felizmente, era s boato.
Para Janete Silva de Oliveira, que administra com a famlia uma
barraca de roupas, todos os que trabalham aqui acham boa a ao
dos policiais comunitrios. Ela atesta que a segurana aumentou
significativamente: No somos mais roubadas; antes era todo dia.
Assegura que o aumento da segurana no se restringe regio em
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torno da base, mas atinge todo o Jardim Angela, e exemplifica: Todas as noites feita a patrulha na rua em que moramos.
Ao lado dessa base - h uma outra, situada centenas de metros
adiante, no Jardim Ranieri foi construdo um palco, que integra o
projeto Plo Cultural. Ali semanalmente so apresentados shows de
msica e dana de estilos os mais variados, com predomnio do hip-hop, ritmo preferido de nove entre dez jovens da periferia da maior
parte das cidades brasileiras. O som alto e cadenciado incomoda s
vezes os policiais da base, mas, comenta o subtenente David, melhor ter os jovens ao nosso lado se divertindo de maneira sadia do
que longe de ns, matando-se entre si.
O palco do Plo Cultural serve para outras atividades promovidas pela Polcia Comunitria, como a distribuio de presentes em
22 de dezembro, quando se comemora o aniversrio de implantao
da base - os presentes so entregues por um policial devidamente
fantasiado de Papai Noel - e se faz a entrega de trofeus e prmios aos
vencedores da Corrida pela Paz e a Vida do Jardim Angela, que ocorre a cada ano em setembro. O nmero de participantes da corrida
tem aumentado ano a ano: passou de 550 em 2000 a 680 no ano seguinte e 750 em 2002. Para participar, preciso doar alimentos, que
sero repassados pelos policiais comunitrios aos moradores mais
necessitados do bairro. No ano passado foram distribudas 5 toneladas de alimentos. A corrida recebe ajuda de comerciantes da regio.
Um deles doou camisetas a todos os participantes.
Trabalhamos com o corao, mais com o lado humano que
com o militar, define o cabo Marcos Aparecido Dias, e isto nos
d uma enorme satisfao pessoal. O lado humano do cabo Dias
um exemplo da filosofia do policiamento comunitrio, segundo Srgio Lus Ferreira, coordenador da Unidade Comunitria de lcool e
Drogas (Ucad), um dos programas desenvolvidos em conjunto pela
Parquia dos Santos Mrtires e a Polcia Militar. 0 cabo Dias, lembra
Ferreira, flagrou um morador tomando lcool puro num bar. Por
falta de viatura, levou-o de nibus Ucad. Mas o estado do homem
era crtico e ele precisava ser transferido a um hospital. Novamente o
cabo Dias se prontificou a ajud-lo e, novamente, no havia viatura
disponvel. Como fazer? O coordenador da Ucad conseguiu um carro emprestado e o cabo Dias serviu de motorista.
2.5.1.19. Mulheres Agredidas
A UCAD, mantida pelo governo do Estado de So Paulo, funciona no subsolo de uma das igrejas da Parquia dos Santos Mrtires. O
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As crianas e adolescentes apreendidos pelos policiais comunitrios tm vaga garantida no Criana Esperana. Ao entrarem aqui,
diz a diretora social Eliana Aparecida Francisco, eles melhoram
imediatamente o rendimento escolar, o comportamento social e as
relaes familiares. Segundo ela, crianas e adolescentes atendidos
pelo Criana Esperana no reincidem no crime.
Quando o policial identifica e traz a criana at ns, diz Eliana,
ele nos conduz tambm famlia dela, aproximao necessria ao
processo de recuperao. Os policiais comunitrios visitam com frequncia as famlias das crianas atendidas pelo programa e tambm
as visitam na sede da entidade. Com isso, diz, a criana sente-se
confiante no trabalho da polcia e prxima dos policiais.
Hoje somos cumprimentados e chamados pelo nome pelas
crianas e adolescentes do bairro, lembra o subtenente David, mas,
antes de a polcia comunitria entrar em ao, eles cuspiam no cho
quando passvamos por eles durante as rondas. A aproximao com
crianas e jovens foi, de fato, um dos primeiros e grandes desafios da
nova filosofia policial. Conquistamos a confiana e a amizade deles
com pacincia e dedicao, lembra o subtenente David.
O primeiro passo foi procurar os jovens nas escolas e orient-los,
por meio de palestras, sobre os procedimentos policiais, a crise de
insegurana que assolava - e ainda assola - o bairro e os riscos que
correriam caso aderissem vida criminosa. O incio foi difcil, mas
agora as crianas e os jovens nos tratam com respeito, diz o subtenente David. Alm das palestras, os policiais comunitrios passaram
a participar da vida social dos jovens.
O comeo disso foi a reforma da nica quadra esportiva pblica
do Jardim Angela, que, de to deteriorada e mal vista, era conhecida
como fumdromo - lugar usado para o consumo de maconha e outras drogas. Os vestirios foram pintados e tiveram as instalaes hidrulica e eltrica trocadas, o piso da quadra foi reformado e o alambrado substitudo. A primeira partida oficial na quadra teve como
adversrios os PMs da base comunitria e os jovens que a haviam
depredado. Depois disso a quadra recebeu ainda mais melhorias.
Como convencer um jovem da periferia a no aderir ao crime se
a realidade em que est inserido e os estmulos que recebe a todo o
momento o induzem a ter como modelo de vida o criminoso, que o
indivduo que enriquece fcil e rapidamente? A questo levantada
pelo tenente-coronel Francisco Riss Filho, comandante do Io Bata-
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A criminalidade ainda alta no Jardim Angela, reconhece o militar, mas nos quatro anos de funcionamento da base comunitria
houve uma reduo considervel. Ele considera que o que foi feito
at agora tem sido muito satisfatrio. No entanto, ressalva: preciso ter a humildade de reconhecer que ainda estamos aprendendo
como deve ser bem aplicada a filosofia do policiamento comunitrio. Para atuar numa base comunitria, o policial submetido a cursos em diversas reas, que abrangem temas ligados aos direitos humanos e que podem durar at trs meses cada um. Os cursos visam,
em ltima instncia, a fazer dele, alm de bom policial, um agente
social. Apesar de ser incipiente, a polcia comunitria, na viso do
tenente-coronel Rissi, o modelo da polcia do terceiro milnio,
comprometida com as questes sociais e parceira da sociedade.
O subtenente David visitou a famlia de dona Emlia em 23 de
outubro de 2002, falou com todos e foi assediado pelos netos e bisne
tos da matriarca. Pouco antes ele havia despachado uma equipe pa ra
perseguir os ladres de uma mercearia.
Terminada a visita, pediu emprestada a mquina de nosso fotgrafo, que o acompanhava: ela estava equipada com uma potente
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Da SENASP
Da Motorola
04 (quatro) motocicletas;
04 (quatro) computadores;
Trofus.
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2 Colocado
Da SENASP
Da Motorola
02 (dois) motocicletas;
02 (dois) motocicletas;
Trofus.
3 Colocado
Da SENASP
Da Motorola
01 (uma) motocicletas;
01 (um) computador;
Trofus.
As datas oficiais para a realizao das entregas dos bens patrimoniais mveis que ser em cada comunidade vencedora, j esto
sendo agendas com as Secretarias de Segurana Pblica dos Estados de Gois, So Paulo e Rondnia para o ms de abril do corrente
ano. Os equipamentos entregues pela SENASP-MJ e MOTOROLA
INDUSTRIAL sero doados a base ou unidade comunitria responsvel pela implementao dos projetos vencedores para utilizao
na continuidade de implementao destes projetos. Participaram da
comisso julgadora os seguintes especialistas em segurana pblica:
Ana Sofia de Oliveira Schmidt, Ricardo Cappi, Maristela Marques
Baioni, Marcos Flvio Rolim, e Srgio Salomo Shecaira.
Avaliao: Em sua terceira edio o Concurso foi muito exitoso,
antes o mximo de projetos recebidos era em torno de 11 (onze) e
este ano recebemos 28 (vinte e oito). O Concurso Nacional de Polcia Comunitria SENASP/MOTOROLA 2005, teve como objetivo
promover a filosofia de polcia comunitria, reconhecer projetos que
obtiveram resultados expressivos e incentivar a divulgao como
exemplos a serem seguidos. O modelo de Polcia Comunitria no
Brasil est comprovadamente em funcionamento, trazendo bons resultados para todos os envolvidos e claramente atingindo seus objetivos de disseminao da filosofia e reconhecimento das comunidades envolvidas, estando cada vez mais se consolidando em vrios
Estados da federao, com reflexos positivos na reduo da violncia
e criminalidade. Foi de grande valia a participao expressiva das
Corporaes Policiais Civis e Militares, Corpos de Bombeiros Militares e Secretarias Estaduais o que demonstra a grande evoluo
das instituies para a principal alternativa que melhor se adequa ao
Estado Democrtico de Direito, por constituir-se a Polcia Comuni-
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tria a opo ao modelo tradicional de polcia, cujo enfoque combater ao criminoso depois que ele tenha vitimado algum gerando
um dano moral ou material, sendo urgente o preparo das instituies
de segurana pblica em parceria com a comunidade na antecipao
ao crime, agindo sobre as suas causas, visando preservao da ordem pblica, a incolumidade das pessoas e do patrimnio. Em breve
estaremos lanando o Livro e Vdeo Policiamento Comunitrio
Experincias Brasileiras Vol II, ainda em parceria com a MOTOROLA INDUSTRIAL.
4. Projetos vencedores
4.1. 1 Colocado: Estado de Gois
Estado de Gois
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Gerncia Executiva dos Ciops
POLCIA COMUNITRIA: A POLCIA MAIS PERTO DO CIDADO A Experincia do 14 CIOPS de Goinia
4.1.1. Apresentao
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como: latrocnios, roubos a estabelecimentos comerciais, a residncias, a pessoas, homicdios, entre outros crimes de potencial ofensivo
elevado. Porm, existia ainda, a necessidade de formar um modelo
de segurana pblica mais efetivo, que atendesse melhor as necessidades policiais e comunitrias. E neste sentido, seguindo orientao
da Secretaria de Estado da Segurana Pblica e Justia, a Gerncia
Executiva dos CIOPS implantou no 14 CIOPS os trabalhos da Polcia Comunitria. Para dar provimento nestes trabalhos, no dia 06
de novembro de 2003, o Secretrio de Segurana Pblica e Justia
do Estado de Gois, doutor Jnathas Silva, instalou no 14 CIOPS,
atravs da Polcia Militar, a 3 Companhia do 9 Batalho da Polcia
Militar, cabendo a esta a misso de operar, exclusivamente, nesses 27
(vinte e sete) bairros da cidade, correspondentes aos de responsabilidade da 14 Delegacia Distrital de Polcia Civil.
Para a aplicao e consolidao do modelo de segurana comunitria, as polcias: Militar e Civil, juntamente com o Corpo de Bombeiros receberam acrscimos em seus efetivos e formao especfica
na doutrina que a partir de ento, iria moldar o servio de segurana
da regio leste.
Os resultados foram percebidos em curto prazo, em menos de
dois anos a credibilidade no servio de segurana pblica atingiu
quase a totalidade da populao. As desordens, antes rotineiras,
tornaram-se cada vez mais raras. O policial se sente realizado em
sua atividade. Isto tudo permite descrever que para os goianos, ficou
uma constante prtica de que sem grandes investimentos, mas com
a sobreposio de uma mxima, que prioriza a formao de uma
relao de identidade e participao entre as instituies de nosso
sistema de segurana pblica (Polcia Civil, Polcia Militar e Corpo
de Bombeiros Militar) e a comunidade, vivel formar um mecanismo de defesa social bastante eficaz. Logo, a interveno da sociedade
civil na elaborao da poltica de segurana pblica passa a ser indispensvel na definio das atividades e fins a serem alcanados.
4.1.2. Justificativa
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175
experincias semelhantes de sucesso da Espanha, do Japo, dos Estados Unidos, do Canad, dentre outras.
A comunidade dessa regio sempre clamou por mudanas, que
viessem a atender as necessidades procedentes da falta de segurana.
Assassinatos, roubos, furtos e outros tipos de delitos leves e graves
sempre geraram distores sociais naquela regio. Era comum encontrar residncias que j haviam sido vtimas de roubo vrias vezes.
Todavia, agora, por conta presena de um modelo de segurana com
base principal na filosofia de Polcia Comunitria, o servio de segurana conduzido, satisfatoriamente, pelo poder pblico, o que
atende plenamente as demandas por segurana.
Outro fator que se pode destacar, se d que, ao longo dos anos,
atribuiu-se s instituies de segurana fortes pr-conceitos, causando alteridades e uma distncia das comunidades. A falta de confiana por parte do cidado em relao polcia dificultava o trabalho da
mesma e agravava ainda mais os indicadores de violncia na Regio
Leste de Goinia. Portanto, a presena de uma polcia, mais prxima
da populao, equacionaria o problema, mormente quando se forma
uma relao pacfica e de cooperao mtua.
4.1.3. Objeto
176
Aproximar-se do cidado;
Reduzir a criminalidade.
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A Polcia Comunitria avana na sua relao com as comunidades locais, indo alm das questes de segurana pblica, buscando
tambm a identificao e a soluo das demais demandas sociais,
presentes no dia-a-dia dessas comunidades. As comunidades da
regio leste da capital goiana, principalmente as mais desprovidas
de infra-estrutura social, se viam a merc do banditismo, ficavam
completamente marginalizadas com relao segurana pblica.
Ento, foi condio primordial o fator da polcia expressar a imagem
da populao por ela servida, interagindo com todos os cidados e
tambm trabalhando com os demais responsveis pela segurana
pblica de Gois.
Com o projeto de Polcia Comunitria, busca-se uma ampla parceria estratgica, integrando a comunidade local com as instituies
de segurana pblica, na qual a polcia deixa de ser meramente reativa e passa a assumir uma postura pro ativa, de preveno do delito e
das demais mazelas sociais. Alm disso, procura-se obter a confiana
da comunidade e a diviso dos problemas comuns.
A Polcia Comunitria no 14 CIOPS, enquanto novo conceito
de segurana, objetiva reforar e garantir a presena constante dos
policiais nos locais onde o cidado circula, seja no lar, no lazer ou
no trabalho, vindo a oferecer-lhe a preveno das diversas situaes
de risco, as quais podem colocar a sua vida, de sua famlia e de seus
amigos em perigo.
Com a implantao da Polcia Comunitria na Regio Leste de
Goinia, at ento detentora de elevados ndices de violncia, o nmero de ocorrncias de roubos, de furtos e de invases de residncias
diminuram sensivelmente, de maneira particular no ano de 2004,
com uma reduo de quase 33% de janeiro,com 142 ocorrncias,a
dezembro, para 96.
Os dados estatsticos referentes aos trabalhos da Polcia Comunitria permitiram a observao de queda de cerca de 60% (comparando-se os meses de janeiro 2003 e janeiro 2005) da criminalidade
nos bairros componentes do 14 CIOPS. Neste perodo, a reduo,
foi percebida empiricamente pela populao residente, posto que,
quando visitadas, as pessoas espontnea e invariavelmente citam haver notado a diminuio da criminalidade e elogiam os trabalhos
da polcia comunitria. O estudo dos 40% restantes de Ocorrncias
policiais, ainda praticados nos bairros de responsabilidade do 14
CIOPS, permitem a constatao de que as naturezas mais frequentes
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das ocorrncias so: vias de fato e ameaa. Enfim, condutas de menor potencial ofensivo e que espelham um comportamento transformado numa sociedade que num passado prximo se mostrava com
condutas bem mais agressivas.
As lideranas comunitrias dos 27 bairros da regio leste, servidos pela Polcia Comunitria, so unnimes em afirmar que esse
policiamento aproximou mais a polcia da populao, tornando esse
servio de segurana pblica mais eficaz. Essa diminuio das distncias, fez o cidado enxergar o policial com parceiro para a soluo no apenas de seus problemas de segurana, mas na direo de
uma efetiva integrao e participao desses agentes de segurana
em diversas atividades da comunidade, tais como gincanas escolares,
olimpadas esportivas, festas religiosas etc.
De acordo com o comerciante de brinquedos Juliano Jardim Cabral, estabelecido na Vila Pedroso, em entrevista ao jornal O Popular,
em 27 de novembro de 2003, a sensao de segurana aumentou com
as rondas dos policiais comunitrios. Cabral afirma: ...eles param e
conversam com a gente. Perguntam se estamos precisando de alguma coisa .
Em entrevista ao jornal O Popular, em 13 de julho de 2005, o funcionrio pblico Jos Teixeira, morador h duas dcadas da regio
leste de Goinia, esclarece que conviveu por muitos anos com receio
de ter sua casa invadida por ladres. Hoje, segundo o entrevistado,
ele mora numa regio tranquila que foi alcanada aps a implantao da Polcia Comunitria em novembro de 2003.
No bairro Dom Fernando I, havia um local, onde a comunidade
ali presente, no era bem servida pela segurana pblica. Denominado favela do buraco, pela sua localizao e o difcil acesso para veculos automotores, este local sempre foi visto como ponto de trfico
de drogas e esconderijo de marginais da mais alta periculosidade.
Porm, aps a implantao da doutrina de Polcia Comunitria os
moradores do local passaram a contar com visitas dos policiais em
suas residncias e patrulhamentos constantes. Assim, a sensao de
segurana aumentou sensivelmente e todos passaram a ser respons
veis pela continuidade daquele trabalho.
No Bairro Santo Hilrio, depois de uma reunio rotineira da comunidade com os policiais, foi feita uma ata, na qual constava que
a insegurana do bairro se dava, principalmente, por causa da falta
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Pessoa individualizada cada um cuida de si mesmo, objetivando dificultar a ao criminosa sobre si. Escolhe o melhor
itinerrio, locais adequados para frequentar, amigos honestos
etc;
Tambm, a pessoa individualizada deve sentir-se motivada e responsvel para defender o interesse da segurana coletiva no seu bairro, de tal forma que, ao ver algum ou alguma coisa que lhe cause
estranheza, deve ser chamada, o quanto antes, a Policia Comunitria
do 14 CIOPS, pelo telefone daquela base. Solicitando assim uma
averiguao policial, onde a identidade do solicitante sempre ser
preservada;
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Polcia visita, orienta, patrulha, monitora e atende ocorrncias policiais ou no. a ferramenta da qual dispe a comunidade para promover a segurana pblica. O policial comunitrio formado com a certeza de que deve prestar um servio
de qualidade aos seus clientes, ou seja, comunidade.
A polcia comunitria atua ainda ministrando um curso, PROERD Programa de Resistncia s Drogas e Violncia tal curso,
que ministrado por um policial comunitrio, visa orientar os alunos da 4 srie do ensino fundamental quanto aos males que o uso
de entorpecentes e a violncia podem gerar na comunidade em que
vivem.
Durante a implantao do projeto da Polcia Comunitria no 14
CIOPS, surgiram diversas dificuldades na aplicao da filosofia e da
doutrina de policiamento comunitrio, quais sejam, a quebra de conceitos tendenciosos, arraigados em parte do efetivo, em especial pelo
tradicionalismo que afastava a polcia do cidado e pela maneira de
trabalhar que, no transcorrer dos tempos, no era modificada. Os
policiais eram altamente reativos, ou seja, chegavam aps o acontecimento dos fatos delituosos, e no pro ativos, atuando na preveno
dos delitos. Tinham tambm dificuldades no relacionamento com a
comunidade e esta com aqueles.
Outra dificuldade notada foi a de chamar a comunidade a participar desse novo modelo de segurana comunitria, no qual a participao de todos o cerne de seu funcionamento. Para vencer estes
obstculos, ou seja, quebrar os paradigmas e solucionar os problemas citados anteriormente e para a efetiva execuo e consolidao
do projeto de Polcia Comunitaria no 14 CIOPS, foi adotada a seguinte metodologia de trabalho:
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Quadro 1
Desdobramento da 3 Companhia em grupos de bairros
Grupos de Bairros
Bairros
Dom Fernando I
Dom FErnando II
6 bairros
Jardim Conquista
Jardim Aroeiras
Vila Concrdia
Vila Matilde
Mar Del Plata
4 Bairros
Grande Retiro
Vila Pedroso
Expanso da Vila Pedroso
Santo Hilrio
Jardim Lajeado
6 bairros
Jardim do Ip
Conjunto Caiara
Residencial Palmares
Residencial Hava
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Grupos de Bairros
Bairros
Residencial Senador Paranhos
Jardim Maria Helena
Tupinamb dos Reis
7 Bairros
Jardim Abaporu
Parque das Amendoeiras I
Parque das Amendoeiras II
Sonho Dourado
Belo Horizonte
4 Bairros
Residencial So Leopoldo
Recanto das Minas Gerais
Recantinho
Fonte: 14 CIOPS
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Visitas Comunitrias so as visitas em que os policiais escolhem, aleatoriamente, uma residncia, comrcio, escola, igreja
para apresentar-se, conhecer e orientar o cidado quanto s
normas que eles devem observar no servio de policiamento
comunitrio. Estas visitas visam manter um primeiro contato
com o cidado, apresentando ao mesmo o projeto de polcia
comunitria que est funcionando naquela regio, distribuindo materiais grficos com contedos de dicas de segurana,
preveno as drogas, conceituaes sobre o modelo de Polcia
Comunitria (conforme modelos no anexo I) para que, com
essas orientaes, o cidado passe a ser um parceiro da polcia
comunitria, funcionando como um multiplicador da doutrina. Outro fator de fundamental importncia, que estas visitas comunitrias servem como forma de saber qual a opinio
que a comunidade tem sobre os servios prestados pelos policiais comunitrios.
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Visitas Solidrias visita do policial do setor ao morador vtima de crime, normalmente realizada por um investigador
da Polcia Civil, objetivando a coleta de dados ainda no revelados sobre o crime ou seu autor e orientar o cidado sobre
as medidas preventivas convenientes ou, em caso de conflitos
familiares, realizar as mediaes necessrias ou encaminhamento ao 14 CIOPS, onde funciona uma central de mediao
familiar. Serve tambm para coleta de dados para posterior
reflexo e consequente melhoramento da atuao do policiamento comunitrio;
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As aes inovadoras executadas para implantao do Policiamento Comunitrio, dentro do 14 CIOPS, inciaram-se bem antes
de sua efetiva execuo onde as autoridades envolvidas buscaram conhecimentos e experincias bem sucedidas em outras regies, montando-se assim uma equipe, definida atravs de uma portaria expedida pelo secretrio da segurana pblica (anexo I), exclusivamente
voltadas para a elaborao de um plano de metas a serem atingidas,
dentro do contexto da doutrina do citado policiamento.
A experincia exitosa de implantao da Polcia Comunitria na
regio leste de Goinia, vai propiciar a sua expanso na capital goiana e, num futuro prximo, nos demais municpios de Gois, especialmente naqueles com elevados ndices de criminalidade, como
o caso da regio noroeste da capital e de um municpio que faz parte
da regio metropolitana, Aparecida de Goinia.
4.2. 2 Colocado: Estado de So Paulo
Secretria De Estado Dos Negcios da Segurana Pblica
Polcia Militar do Estado de So Paulo
Comando de Policiamento da Capital
37o Batalho de Polcia Militar Metropolitano
4 Companhia/PM
Implantao e desenvolvimento do policiamento comunitrio realizado na base comunitria de segurana do Jardim Ranieri
4.2.1. Apresentao
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4.2.2.1. Resumo
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O Projeto de Policiamento Comunitrio realizado na Base Comunitria de Segurana do Jardim Ranieri proporciona que as necessidades sociais, culturais e de segurana sejam priorizadas de acordo
com as aspiraes da populao, mobilizando as foras comunitrias
e pblicas da regio para a consecuo destes objetivos, melhorando
a qualidade de vida local.
4.2.4. Objeto
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Justia
Disciplina 4
Polcia Comunitria Comparada e Troca de Experincias
lho srio desenvolvido, e, por outro lado fazendo com que o Policial
Militar se comprometesse com o trabalho realizado.
Algumas das Aes desenvolvidas pela Base Comunitria de Segurana do Jardim Ranieri, para atingir os objetivos acima descritos
sero elencadas a seguir:
4.2.7. Comemorao do Dia das Crianas
Anualmente, devido s festividades do Natal, so tambm programadas vrias atividades, envolvendo as crianas e adolescentes,
contando com os mesmos parceiros do Dia das Crianas, havendo
ainda distribuio de brinquedos e guloseimas e cestas bsicas para
as famlias carentes. Na oportunidade as crianas recebem a visita do
Papai Noel.
4.2.9. Jornadas da Cidadania
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Orientaes jurdicas;
Em 11Jun05, dia da Campanha Nacional de Multivacinao Contra a Poliomielite, foi instalado na Base Comunitria de Segurana
do Jardim Ranieri, por ser um local de fcil acesso e de j ser uma
referncia toda comunidade, um Posto de Vacinao, com funcionrios da Unidade Bsica de Sade do Jardim Paranapanema, onde
foram vacinadas 563 (quinhentas e sessenta e trs) crianas, totalizando 25,7% da meta de vacinao da referida UBS (Vide ANEXO
6).
4.2.11. Projeto Acarai
Projeto desenvolvido no Colgio Estadual Porfrio da Paz e Associao de Moradores do Parque Novo Santo Amaro. Trata-se de
um curso de percusso musical com crianas e jovens carentes da
regio, sendo um servio civil voluntrio. Realizado no perodo de
01/06/2001 01/08/2001, com um grupo de 25 pessoas. Tinha como
objetivo desenvolver nos alunos, atravs da msica (percusso), a
criatividade e a noo de ritmo, e proporcionar comunidade uma
nova forma de lazer, cultura e diverso.
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Polcia Comunitria Comparada e Troca de Experincias
Os instrumentos de percusso utilizados pelos alunos foram criados pelos mesmos, atravs de utenslios encontrados em suas residncias e em casas de ferros velhos.
4.2.12. Projeto Jovem Cidado
um projeto de poltica pblica, patrocinado pelo Governo Federal, Governo Estadual e algumas entidades de outros paises, tais
como Alemanha,Reino Unido, Estados Unidos, ndia, Dinamarca e
Holanda (Vide ANEXO 7 e ANEXO 8).
Realizado no perodo de 01/10/2000 10/01/2001. Com durao
de quatro meses, e pblico alvo de jovens na faixa etria entre 18 e 21
anos, com um grupo de 30 pessoas.
Vantagens:Recebimento de bolsa auxlio, no valor de R$ 65,00
(sessenta e cinco) reais mensais, vale transporte, seguro contra acidentes, uniforme, material escolar e alimentao gratuitos; e
Possibilidade de o jovem ser encaminhado para trabalhar em algumas empresas.
Desenvolvimento do Projeto:
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Este projeto foi desenvolvido para beneficiar os jovens que residem em regies carentes da cidade de So Paulo e que no possuem
a oportunidade de emprego;
Dos 30 (trinta) jovens que participaram desse projeto, atualmente 22 (vinte e dois) esto trabalhando, com o devido registro em carteira profissional.
GOV (Grupo Organizado de Valorizao da Vida, prestgio cidadania e combate criminalidade na Zona Sul de So Paulo)
Em Janeiro de 2005, foi criado o GOV, a partir da Comisso Regional de Polcia Comunitria, envolvendo rgos pblicos e a comunidade, cujos principais parceiros so:
Sabesp;
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Polcia Comunitria Comparada e Troca de Experincias
Convite para que todos os proprietrios dos bares comparecessem para uma palestra com os integrantes do GOV, para
serem orientados respeito das Leis vigentes, sobre os estudos
realizados sobre os delitos de homicdio, sobre o risco deles
prprios serem vtimas desse delito, tentando-se a conscientizao dos mesmos para o problema;
Rondas em todos os bares, relacionando aqueles que estivessem abertos aps s 22h, orientando e tentando conscientizar
os proprietrios novamente, bem como colhendo informaes sobre eventuais denncias de criminosos.
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Polcia Comunitria Comparada e Troca de Experincias
Combate ao Narcotrfico;
Combate aos jogos ilegais (vdeo-pquer, fliperamas, caa-nqueis, jogodo bicho e etc.);
Programa de Sade Preventiva Global Saneamento de terrenos, limpeza de bueiros, campanha de vacinao, etc;
Estes projetos sero implantados de modo gradativo, procurando-se a conscientizao da comunidade para cada um deles, no
se passando ao prximo enquanto um deles no estiver totalmente
consolidado.
4.2.14. Materializao do trabalho realizado
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Em Jun05, os Policiais Militares da Base Comunitria de Segurana do Jardim Ranieri recepcionaram uma delegao de 08 (oito)
estudantes de Direito da Universidade de Indiana (EUA) que realizam um estudo sobre violncia, para conhecerem a rea, bem como
verificar os mtodos que foram utilizados para a diminuio da violncia, principalmente nos delitos contra a vida (homicdios dolosos). Na oportunidade esteve presente o Presidente do Instituto Sou
da Paz, Sr Denis Mizne.
4.2.14.3. Incluso da Base Comunitria de Segurana do Jardim Ranieri no projeto piloto do Acordo de Cooperao Tcnica Brasil
/ Japo.
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Casa de Sofia Entidade que presta assistncia social e jurdica a mulheres vtimas de violncia;
Curso de Culinria (confeitaria) capacita os jovens a desenvolverem a arte da panificao, sendo que toda a produo
deste trabalho revertida para a comunidade carente da regio; e
Igreja Nossa Senhora da Paz - Esta Parquia particularmente mantm uma creche com aproximadamente 200 (duzentas) crianas de
0 a 6 anos de idade, oferecendo alimentao e cuidados mdicos,
proporcionando tranquilidade e segurana para os pais ou responsveis. A creche trabalha junto com a Base e beneficiada com os
programas de lazer e entretenimento oferecidos.
4.2.15.2. rgos Estaduais e Municipais
Delegacia Regional de Ensino do Campo Limpo incentiva atravs da direo das escolas da regio participao estudantil nos
projetos desenvolvidos pela BCS do Jardim Ranieri, solicita Poli-
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Polcia Comunitria Comparada e Troca de Experincias
Mudana profunda na formao e instruo diria aos Policiais Militares, incluindo-se no currculo de todos os cursos
de formao a matria Direitos Humanos;
Desconfiana da comunidade e dos prprios Policiais Militares de que o Policiamento Comunitrio seria apenas algo
passageiro ou apenas marketing;
Mudana de policiamento reativo para policiamento inteligente, atravs da utilizao da informao e estatstica informatizadas para localizao dos locais mais crticos;
Falta de comprometimento.
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Note-se que esses delitos esto intimamente ligados ao cometimento de Homicdios Dolosos.
Devido aos resultados obtidos, observa-se claramente que estamos no caminho certo, e que no h como voltar atrs, pelo envolvimento macio da comunidade e porque est comprovada a eficcia
do projeto, com certeza, as aes continuaro a ser desenvolvidas,
surgindo, naturalmente, novas parcerias e delas novas ideias, j sem
os problemas iniciais, que com certeza foram os mais crticos.
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Polcia Comunitria Comparada e Troca de Experincias
CACOAL 2003/2005
4.3.1. Delimitao do Objeto
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Com base em informaes estatsticas das ocorrncias no municpio, o bairro escolhido como clula piloto em Cacoal foi o bairro
Teixeiro (anexo I). Motivaram tambm a escolha deste bairro; alm
do fato de ser detentor do maior ndice de ocorrncias; os seguintes
pontos: Baixo poder aquisitivo de sua populao, a sua urbanizao
mais antiga em relao aos outros bairros, a questo logstica; a sua
localizao geogrfica estratgica (anexo I) com limites geogrficos
naturais (rio piarara); que facilita e permite irradiar para os bairros
circunvizinhos filosofia implantada possibilitando a expanso do
projeto para outras comunidades abrangendo assim populaes de
maior heterogeneidade econmica e social.
Desta forma o teixeiro foi escolhido como ncleo central e clula primria para a implantao do policiamento comunitrio e da filosofia de policiamento Comunitrio, para em ato contnuo estender
o projeto para os bairros do Incra, Village do Sol I e II, Jardim Sade,
Eldorado, Floresta e Santo Antnio, cujo conjunto ser denominado
de Setor I do Policiamento Comunitrio da cidade de Cacoal (anexo
I).
4.3.2. Objetivos Gerais
Viabilizar o envolvimento da Comunidade com objetivos organizacionais claros e compartilhados que faz parte da filosofia de polcia comunitria, onde cada segmento estar fomen-
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Mostrar ao cidado comum a importncia de sua participao, bem como propiciar para que ele identifique os problemas locais;
Auxiliar na criao dos Conselhos Comunitrios de segurana e promover debates sobre o Regulamento e Formao destes com o propsito de tornar-se decisivo em suas atitudes;
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noturno;
sade;
Comunidade;
o, em especial no caso das drogas nas escolas e comunidades carentes e avaliar estes por meio indicadores precisos;
Promoo da cidadania;
Diminuio da criminalidade;
Diminuio da violncia;
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203
Melhoria da satisfao da populao com o atendimento policial nas localidades com policiamento comunitrio;
Promover a participao da Sociedade organizada nas questes de Polcia Comunitria, de forma a despertar o especial
valor a ser dado ao cidado e ao policial militar;
Estabelecer cooperao com entidades religiosas para tornarem-se parceiras nas atividades;
Suscitar o engajamento dos outros servios pblicos de instituies comunitrias de apoio na soluo de problemas
que estejam afetando a qualidade de vida dos moradores dos
bairros;
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Polcia Comunitria Comparada e Troca de Experincias
Instrumentalizar o policial para entender as vantagens, os problemas e a metodologia de polcia comunitria, para aplic-las
junto comunidade;
Coordenar e acompanhar os ndices estatsticos de violncia nas reas que possurem unidades de Polcia Comunitria, assim como diagnosticar, mensalmente, se estes ndices
diminuram;
Buscar obter a satisfao dos cidados com os servios prestados pelo policiamento comunitrio, por meio de indicadores
precisos, apontando os nveis de satisfao e a excelncia dos
servios prestados pelo policiamento comunitrio;
Buscar a queda da incidncia criminal nas reas onde for implantado o policiamento comunitrio;
Conscientizar a importncia do tico e moral do Policial Comunitrio na relao com a comunidade local.
4.3.4. Justificativa
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205
danos irreversveis aos direitos fundamentais e a prtica da cidadania necessrio sempre buscar solues alternativas e interativas que
possam convergir com a ao policial superando este grave obstculo ao exerccio pleno dos direitos do cidado.
Ns vivemos a violncia e a criminalidade como um grande desafio a ser enfrentado por todos os seguimentos da sociedade. Existe
um elo de corrente econmica, scio-educacional que est rompido
e entendemos que este elo representado, sobretudo pela desestruturao familiar e scio-econmica que vive nosso Pas. Estes fatos
foram os elaboradores de polticas, busca de novas alternativas
viveis para enfrentar o problema. O aumento da violncia e do descaso tem colocado dramaticamente em questo a necessidade de se
introduzir inovaes nessa rea, buscando maneiras alternativas e
eficientes de reduo e controle da mesma.
Contudo, muitas vezes o assunto abordado de forma demagoga,
tentando minimizar a violncia e criminalidade como sendo um fato
comum na sociedade sem uma reflexo maior de suas consequncias
em relao cidadania, e deixando propositalmente de assumir que
a principal causa da violncia a situao de miserabilidade em que
vive hoje a grande maioria dos brasileiros.
Por essa razo h uma urgente necessidade de integrao entre
a polcia e a comunidade com o propsito de detectar os problemas
que vem prejudicando a populao para em seguida, apontar solues para diminuir a diversidade de crimes e violncia praticados.
So diversos os meios de comunicao que abordam os vrios fatores que determinam a violncia, enfocando a sua evoluo no cenrio social. Trata-se de uma polmica, que suscita uma complexa
discusso e reflexo a respeito da natureza do conhecimento e suas
relaes de ideologia, sobre os conceitos de formao cidad (social,
econmica e cultural). Neste panorama patente importncia da
propagao das formaes de Conselhos Comunitrios de Segurana. Conceito atualmente em pleno desenvolvimento e formao, no
s no estado de Rondnia como nos demais estados do Brasil.
Portanto, justifica-se o interesse neste projeto por ser um assunto que esta modificando a forma de relacionamento entre polcia e
comunidade, abordando uma luta constante e paradoxal da polcia
pelo amparo e proteo aos direitos comunitrios com a utilizao
por vezes da fora contra indivduos que tambm fazem parte desta comunidade. Para implant-lo de forma pioneira, foi necessrio
que a escolha recasse, dentro do preceituado na doutrina, sobre uma
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Polcia Comunitria Comparada e Troca de Experincias
comunidade que sofria acima da mdia, as mazelas da falta de infra-estrutura e um aumento significativo da criminalidade.
Nos ltimos anos, assim como em outras cidades do pas, Cacoal
experimentou um grande crescimento da criminalidade. Este aumento colocou esta temtica no centro da agenda de aes do 4 BPM/
Cacoal. O Bairro Teixeiro, como citado anteriormente possua os
piores ndices de segurana pblica. Esta comunidade se caracterizava por ter grande vulnerabilidade social. Possui em sua maioria uma
populao de baixa renda, pelo fato de seus moradores terem tempo
de residncia mdia mais alta que os moradores dos bairros circunvizinhos. Destaca-se tambm o fato de ser habitada por um grande n
mero de famlias com fragmentao estrutural e diversidade religiosa,
pela ausncia de um comrcio local forte e de opes de lazer, pela
ausncia de empresas e trabalho culminando no deslocamento constante de pessoas para outras reas, bem como por demonstrar uma
alta taxa de desemprego e um grande nmero de adolescentes ociosos.
Em um certo perodo o bairro era estigmatizado como sendo reduto e
centro irradiador de gangues juvenis, e um dos principais responsveis
pela elevao da violncia, criminalidade e trfico de drogas na cidade. A despeito destes pontos negativos a comunidade possua tambm
diversos indicativos positivos para a implantao da polcia comunitria, tais como: a sua localizao geogrfica estratgica com limites
geogrficos naturais (rio piarara), um grande nmero de entidades
localizadas no mesmo (igrejas, colgios, guarda mirim, Cernic, lojas
de servios etc...), lderes engajados e com vontade de participarem, e
grande nmero de policiais militares residentes no local.
Desta forma, como citamos anteriormente, a comunidade do teixeiro foi escolhida como prottipo do projeto para a implantao do
policiamento comunitrio e da filosofia de policiamento Comunitrio
em Cacoal, para posteriormente estendermos o projeto para os bairros
do Incra, Village do Sol I e II, Jardim Sade, Eldorado e Floresta, cujo
conjunto ser denominado de Setor I do Policiamento Comunitrio
da cidade de Cacoal.
Diante de tudo isso, estamos dispostos a abraar a causa do problema acima mencionado, usando a cautela e buscando usar a sabedoria
em busca de soluo das situaes difceis encontradas nos bairros
conforme os dados estatsticos apresentados e procurando sempre o
dialogo amigo, saudvel e uma boa convivncia com o povo, mostrando principalmente o respeito com todos atravs de nossas atitudes no
alcance de transmitir o melhor para a comunidade.
4.3.5. Cronograma de Implantao do Projeto
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Atividade
Local /
Pblico
Batalho
Expanso da filosofia e os princpios de Polcia Comunitria para todos os segmentos e atividades do Batalho
Treinamento para policiais militares atuarem em Bases
Comunitrias de Segurana - BCS
14 de abril a 19 de maio 2003
19 de Abril a 19 de Maio 2003
23 a 30 de Maio de
2003
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Teixeiro
Batalho
Teixeiro
Bairros
Batalho
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Perodo
Atividade
Local /
Pblico
Bairros e
Teixeiro
Ms de Agosto a Outubro
de 2003
Teixeiro
Bairros
Batalho
Ms de Novembro de
2003
Ms de Dezembro de
2003
Bairros
Teixeiro
Bairros
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Bairros
Bairros e
Batalho
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4.3.5.1. Metodologia
Aps o planejamento e seguindo o cronograma de implantao, foi feito, dentro de critrios tcnicos e pelas razes anterior-
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Polcia Comunitria Comparada e Troca de Experincias
mente expostas a escolha do bairro Teixeiro para desenvolvimento do projeto-piloto. Foi estabelecida a criao de unidade interna
responsvel para coordenar a implantao do Projeto objetivando
o acompanhamento e a avaliao constante do programa. Inicialmente foi destacada uma sala do batalho onde j se encontrava em
funcionamento o PROERD (Programa de Educao e Resistncia as
Drogas) e a Capelania da unidade, ambos voltados para atividades
sociais. Foram designados 01 Oficial (Cap Lisboa), 01 Sgt (Sgt Leite) e 01 PM (PM Elizabeth) que j haviam participado do planejamento, para o acompanhamento da implementao das aes. Para
a seleo dos policiais comunitrios foram inicialmente identificados todos os policiais moradores no bairro, dentre estes se buscou
trabalhar apenas com os voluntrios. Foi aplicado um questionrio
aos policiais comunitrios, seguido de entrevista e anlise da ficha
individual. Durante este processo inmeras instrues, palestras e
reunies internas foram realizadas. Profissionais habilitados (anexo
II) participaram desta expanso interna da filosofia e dos princpios
de polcia Comunitria de forma a alcanar e sensibilizar todos os
segmentos da policia militar no municpio. Estabelecido o perfil do
policial comunitrio, foram escolhidos os de melhor perfil tcnico e
que estavam dispostos a colaborarem, demonstrando atitudes pr-ativas, e vontade para atuar no bairro teixeiro e adjacncias. Estes
grupos especficos receberam ainda, um treinamento para atuarem
em Bases Comunitrias de Segurana fixas e mveis.
Tomadas estas medidas qualificatrias, foi realizada uma coleta
de dados na comunidade visando o levantamento mais confivel
das caractersticas scio-econmicas, geogrficas e ambientais. Esta
coleta foi realizada atravs da aplicao de um questionrio. Vale
ressaltar que houve um grande interesse e mobilizao por parte
da comunidade, que de pronto incorporou a ideia. Para analisar os
resultados obtidos e confront-los com a realidade visvel e com as
estatsticas e informaes existentes em diversos rgos pblicos foi
buscado o apoio da comunidade. Para isto foi dado incio identificao de grupos relevantes e de lideranas na comunidade, alm de
outros parceiros potenciais. Os grupos relevantes identificados possuam aes locais ou atuavam no mbito municipal. J para identificao das lideranas locais o processo foi mais complexo. Diversos
cidados compareceram a muitas reunies de bairro, mas nem todos demonstraram serem lderes comunitrios positivos. Foi preciso identificar as pessoas que estavam dispostas a iniciar o processo.
A maioria dos que se envolveram na ideia da Polcia Comunitparia
estavam motivados por uma grande vontade de melhorar as condies gerais do bairro e da comunidade. Foram escolhidos aqueles
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Anotaes
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DISCIPLINA V
Direitos Humanos
Organizao e Sistematizao
1. Apresentao
A filosofia de Polcia Comunitria estrutura-se com base no Estado Democrtico de Direito e no respeito aos direitos humanos.
incoerente e desconexa a implementao dessa filosofia como modelo de gesto operacional das instituies policiais sem que seus
integrantes tenham a perfeita noo da importncia deles no processo de democratizao dos pais e na construo e alargamento da
percepo da cidadania no seio da sociedade.
Acredito que a razo do insucesso de vrias experincias de implementao de policiamento comunitrio no pas foi o desconhecimento e descomprometimento dos policiais planejadores e executores, com a dimenso pedaggica de suas aes para a consolidao da doutrina e principalmente, pelo descrdito no trato com as
questes que envolvem a promoo dos direitos humanos no Estado
brasileiro.
Assim, fundamental para o xito de polticas pblicas fundamentadas na interao dos agentes do Estado e a sociedade em geral, que a cultura de respeito e promoo dos direitos humanos esteja arraigada nas bases conceituais e prticas das aes que forem
desencadeadas.
Passo, pois, a discorrer um contedo conceitual mnimo sobre o
tema, para a reflexo do leitor.
2. Direitos Humanos
2.1. Conceito
Direitos Humanos uma expresso moderna, mas o princpio que invoca to antigo quanto a prpria humanidade. que determinados direitos
e liberdades so fundamentais para a existncia humana. No se trata de
privilgios, nem tampouco de presentes oferecidos conforme o capricho de
governantes ou governados. Tambm no podem ser retirados por nenhum
poder arbitrrio. No podem ser negados, nem so perdidos se o indivduo
cometer algum delito ou violar alguma lei.
De incio, essas afirmaes no tinham base jurdica. Em vez disto, eram consideradas como afirmaes morais. Com o tempo, esses
direitos foram formalmente reconhecidos e protegidos pela lei.
O ncleo do conceito de Direitos Humanos se encontra no reconhecimento da dignidade da pessoa humana. Essa dignidade, expressa num sistema de valores, exerce uma funo orientadora so-
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Disciplina 5
Direitos Humanos
Inviolabilidade: Nenhuma lei infraconstitucional e nenhuma autoridade pode desrespeitar os direitos fundamentais de
outrem, sob pena de responsabilizao civil, administrativa e
criminal;
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Interdependncia: As vrias previses constitucionais e infraconstitucionais no podem se chocar com os direitos fundamentais; antes, devem se relacionar de modo a atingirem suas
finalidades;
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Direitos Humanos
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Direitos Humanos
Moiss (sc. XIII a.C.) subiu ao alto do Sinai para elevar o esprito e trazer consigo a palavra inscrita no Declogo, seguindo-se o
Pentateuco, cujo quinto livro, o Deuteronmio, uma consolidao
das antigas leis imemoriais acrescidas da sua experincia como estadista, resultando no estabelecimento do ordenamento jurdico dos
hebreus.
A legislao mosaica superou todas as anteriores, introduzindo
princpios de Direito Constitucional e Internacional, regras gerais
de direito como: No matars (5,17); No furtars (5,19); No dirs
falso testemunho contra teu prximo (5,20) etc. Alm dessas, muitas
outras no mbito da assistncia social, no Direito do Trabalho, como
o descanso semanal etc.
Criou novas normas processuais, tratou de limites de propriedades, da impenhorabilidade de bens e da inviolabilidade de domiclio,
bem como de questes como o adultrio e o divrcio, do homicdio
involuntrio, da represso ao charlatanismo, regulamentou ainda a
usura e estabeleceu pesos e medidas justas, revelando uma moral diferente das civilizaes antigas.
Com a Lei das XII Tbuas, antiga legislao do direito romano,
considerada como a origem dos textos escritos consagradores da liberdade, da propriedade e da proteo aos direitos do cidado, a lei
deixava de possuir uma condio essencialmente sagrada, exprimindo-se atravs de um cdigo sucinto e extremamente autoritrio, que
reconhecia e consolidava a legislao anterior, bem como introduzia
novas normas ao direito romano tabulrio, podendo, entretanto, ser
consultada e invocada por todos, uma vez que resultava do clamor e
da aspirao do povo, estabelecendo, ao menos no mundo romano,
o seu carter de universalidade.
Quanto substituio do sagrado pelo esprito democrtico, cabe
lembrar que os romanos conferiam extrema importncia aos comcios como mecanismo de deciso.
Assim, que por deciso manifestada em comcio, o povo romano aprovou as tbuas decenvirais, diploma que se constituiu no
fundamento das cartas jurdicas elaboradas a partir de ento.
Dentre os princpios ento institudos, cabe ressaltar alguns que
do bem a medida dos valores emprestados racionalidade naquela
poca:
No se far coisa alguma sem a prvia consulta aos ugures. (1); O povo
deve acreditar nos Magistrados. (IV); As leis so imparciais. (V); A guerra
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no ser feita sem previa consulta aos comcios. (VI); Aquele que matar
o pai ou a me, ter a cabea cortada. (IX); No se deve dizer coisas desonestas na presena das senhoras. (X); Deve-se andar na cidade com a
tnica at os calcanhares. (XI); lcito matar os que nascem monstruosos. (XII); Compartilhe a mulher, com o marido, das coisas existentes no
seu lar. (XV); lcito ao marido e aos irmos castigar convenientemente
a mulher adltera. (XVII); Se uma mulher se embriaga em sua casa, ser
punida como se tivesse sido encontrada em adultrio. (XVIII); Seja lcito
ao pai e a me banir, vender e matar os prprios filhos. (XIX) etc. (Lei das
XII Tbuas)
Nesse contexto, a Lex Duodecim Tabularum previa normas acerca do chamamento a juzo, estabelecia instncias judicirias, normatizava critrios de confisso, condenao e execuo, o exerccio do
ptrio poder, a tutela hereditria, a posse e a propriedade, legislando
ainda acerca dos imveis e dos prdios, bem como dos delitos (dentre estes o de que os juros no poderiam exceder de um por cento
ao ms).
Na Inglaterra governada entre 1199 e 1216 por Joo Sem Terra
(Lackland) (Oxford 1167 1216 Nottinghamshire), quarto filho de
Henrique II, no contemplado com herana paterna, se imps uma
lei de salvao nacional, principalmente em virtude do exacerbado
conflito existente entre o governante e o clero, a nobreza, a burguesia
e, mais indiretamente, com as classes servis.
A inabilidade na conduo dos assuntos de Estado, aliada s reivindicaes dos bares apoiadas pelo poder papal, deixaram finalmente encurralado o soberano, culminando com a assinatura de um
documento bem a contragosto do governante, a Magna Carta, que
sequer permitiu seu registro, possivelmente premeditando sua destruio to logo os ventos polticos voltassem a soprar em seu favor.
Vale lembrar que a inexistncia de registro impedia que fosse formalmente copiada e divulgada e, em consequncia, cumprida.
A Magna Carta (Magna Charta Libertatum) no se constitua
em uma criao original ou num modelo constitucional, Era redigida em latim, propositadamente com a finalidade de dificultar o
acesso aos letrados, mantendo as normas virtualmente inacessveis
s massas, tanto que foi traduzida para o idioma ingls apenas no sculo XVI. Mesmo assim, se constituiu num importante avano, uma
vez inegvel a sua influncia em todas as constituies modernas.
Firmada em 15 de junho de 1215, na localidade de Runnymede,
condado de Surrey, com 67 clusulas que, pela primeira vez afron-
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Direitos Humanos
tavam o poder de um soberano, sendo que ao menos 12 delas beneficiavam diretamente o povo, embora no criassem nenhum direito
novo. Entretanto, foram institudas diversas normas de carter pioneiro para a fundamentao dos Direitos Humanos.
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Direitos Humanos
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Direitos Humanos
O art. 25 do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Polticos (PIDCP) estipula que:
Todo cidado tem o direito e a possibilidade, sem nenhuma das discriminaes referidas no art. 20 e sem restries infundadas:
a) de tomar parte na conduo dos assuntos pblicos, diretamente ou
por intermdio de representantes livremente eleitos;
b) de votar e ser eleito, em eleies peridicas e legtimas, por sufrgio
universal e igualitrio, realizadas por voto secreto, assegurando a livre
expresso da vontade dos eleitores;
c) de ter acesso, em condies gerais de igualdade, s funes pblicas
do seu pas.
3 Texto extrado do Manual Servir e Proteger do Comit Internacional da Cruz Vermelha CICV
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igualmente difcil chegar a uma definio satisfatria de democracia. A tentativa de definir democracia, provavelmente, levar
ao estabelecimento de caractersticas de um regime democrtico que
possam ser consideradas denominadores comuns, independente do
sistema vigente em determinado Estado. Tais caractersticas incluem
um governo democraticamente eleito que represente o povo - e seja
responsvel perante ele; a existncia do estado de direito - e o respeito por ele; e o respeito pelos Direitos Humanos e liberdades. O artigo
21 da Declarao Universal dos Direitos Humanos (DUDH) estipula
que a vontade do povo o fundamento da autoridade do governo.
Eleies livres e legtimas, realizadas a intervalos regulares, so
de importncia vital ao estabelecimento do governo democrtico.
responsabilidade do Estado garantir as eleies e assegurar a todas
as pessoas seu direito de votar e de ser eleito, livres de coero ou
presso de qualquer natureza.
Um governo representativo no significa somente uma representao adequada da vontade do povo, mas significa, tambm, que o
governo, em sua composio, reflete a sociedade. A representao
igual de homens e mulheres, assim como a representao proporcional de minorias, so os meios pelos quais o objetivo do governo
representativo ser alcanado.
A existncia do estado de direito e o respeito por ele origina uma
situao onde direitos, liberdades, obrigaes e deveres esto incorporados na lei para todos, em plena igualdade, e com a garantia de
que as pessoas sero tratadas equitativamente em circunstncias
similares. Um aspecto fundamental deste direito tambm pode ser
encontrado no artigo 26 do PIDCP, que estipula que Todas as pessoas so iguais perante a lei e tm direito, sem discriminao, igual
proteo da lei. A existncia das leis nesse sentido serve para gerar
um sentimento de segurana com relao aos direitos e deveres, j
que estes direitos e deveres esto inseridos no direito positivo.
Sempre que necessrio, as pessoas podem aprender sobre os seus
direitos e deveres de acordo com a lei, assim como obter proteo
da lei contra interferncia ilegal e/ou arbitrria de outrem em seus
direitos e liberdades.
3.5.2. A Funo de Aplicao da Lei - Origem e Organizao
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respectiva situao? E o poder ou a autoridade utilizada so proporcionais seriedade do delito e o objetivo legtimo de aplicao da lei
a ser alcanado?
Somente nas situaes em que as trs perguntas podem ser respondidas afirmativamente que o exerccio de determinado poder
ou autoridade pode ser justificado.
Encontrtam-se no Direito Internacional dos Direitos Humanos
os princpios de humanidade, respeito pela vida, liberdade e segurana pessoal e os princpios de proteo s vtimas de crimes e/ou
abuso de poder, assim como as disposies especiais para a proteo
de grupos vulnerveis (como as mulheres, crianas e refugiados).
Sempre que os encarregados da aplicao da lei exercerem seu
poder e autoridade, devem respeitar e proteger os direitos e liberdades de todas as pessoas. O fato de que um Estado se encontra em
uma situao de conflito armado, distrbios e tenses internos ou
em estado declarado de emergncia, no o livra da obrigao de assegurar os direitos e liberdades fundamentais, nem tal situao pode
servir como justificativa para no os assegurar.
3.6.2. Promoo e Proteo
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Mais que simplesmente denunciar as violaes dos Direitos Humanos praticados pelos policiais e clamar pela priso dos violadores,
h que se buscar discutir aes efetivas de reduo dessa prtica, ou
seja, construir o como fazer para modificar a cultura de violncia e
represso existente, no s no entremeio policial, mas na sociedade
como um todo. Inclui-se nesse vis a reformulao dos mtodos de
treinamento e tcnicas de emprego da fora policial. Conclui Helena:
No seria mais coerente centrar os esforos para construir outras
formas de os agressores restiturem suas vtimas e a sociedade
como um todo pelos danos que causaram? Ou, melhor ainda, no
seria mais conveniente buscar formas de tornar a prpria sociedade
intolerante com esse tipo de comportamento, fazendo o forte investimento na educao para a cidadania, sugerida por Ribeiro?.
Ou ainda, que tenham na polcia uma aliada na construo de uma
sociedade cidad, promovendo esforos que visem contribuir para
as mudanas no aparelho policial do Estado e a valorizao dos seus
integrantes, encarando-os como legtimos representantes do poder
de um Estado democrtico e indivduos tambm sujeitos de direito
e proteo.
Nessa perspectiva, qual seja, de adoo de mecanismos de proteo dos Direitos Humanos limitado, sob uma perspectiva polarizada, preconceituosa e rancorosa, contra as foras policiais do Estado
e seus integrantes, assim como uma postura omissiva em relao s
vtimas da violncia praticada por indivduos e no s pelo Estado,
em contrapartida a um comportamento benevolente e humanista a
favor de delinquentes, cria-se a ideia entre os policiais de que Direitos Humanos apenas uma falcia com o objetivo de proteger os
criminosos. importante salientar, no entanto, que no se discorda
da luta para a proteo dos cidados encarcerados e margem da
lei, os quais, sem sombra de dvida, devem ser objeto de proteo e
ateno, pois no deixam de ser vtimas do poder e descaso do Estado, maior violador dos Direitos Humanos.
Terceira e ltima reflexo no sentido que h um erro conceitual
na percepo dos Direitos Humanos por parte dos policiais e, em
consequncia, surgem discordncias e crticas sobre as prticas de
proteo desses direitos desenvolvidos por entidades no governamentais e governamentais de Direitos Humanos. Assim, faz-se oportuno tecer algumas consideraes.
Para o Prof. Fernando Sorondo, Direitos Humanos so um conjunto de valores que admite interpretaes e conotaes diversas.
Englobam uma gama ilimitada de direitos e deveres do homem para
com o homem e por extenso para com a natureza, pois dela depende
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Porm, a abordagem dos Direitos Humanos para o pblico policial apenas por este vis filosfico contribui para fortalecer o argumento de que a responsabilidade de se respeitar os Direitos Humanos genrica e portanto inerente a todos os cidados indiscriminadamente. Faz aflorar a indignao do policial quanto s cobranas
das entidades de proteo dos Direitos Humanos recadas sobre ele,
por entender ser, apenas ele, responsabilizado e cobrado, enquanto
os demais cidados, inclusive aqueles que esto margem da lei, no
sofrem tais exigncias. Posicionam-se portanto, como vtimas e perseguidos pelo sistema.
Evidente que esta postura simplista, mas no completamente
errada se levarmos em considerao apenas o marco terico dos Direitos Humanos sobre o enfoque tico, o qual traz em sua concepo
a ideia da responsabilizao de todos no processo da construo de
uma sociedade mais justa e mais humana.
No campo religioso, extrai-se dos postulados do Cristianismo, Judasmo, Islamismos, Budismo, Taosmo, Confucionismo e as tradies religiosas dos povos indgenas, a afinao com os conjuntos de
princpios que denominamos Direitos Humanos. Fernand Comte
demonstra que as fontes do sagrado se confundem, em muitas vezes
com o moral e tico. Ren Grousset viaja pelas religies e pelas filosofias da ndia, da China e do Japo revelando o forte contedo tico
e filosfico desses pensamentos religiosos. Mais uma vez, tem-se a
responsabilizao de todos no processo de proteo e promoo dos
princpios de Direitos Humanos. Embasando-se na filosofia religiosa
pode-se identificar que os violadores dos postulados ticos e morais
so todos que no os respeitam. Portanto, em uma fundamentao
unicamente religiosa, no se apresenta justificativa ao policial, do
porque ele, e apenas ele, investigado e responsabilizado pelas entidades de proteo dos Direitos Humanos, quando, por exemplo, em
uma contenda envolvendo policiais e delinquentes, ocorrem vtimas
dos dois lados. Discursos inflamados da categoria policial em coro
unssono, esbravejam contra as entidades de proteo dos Direitos
Humanos que se preocupam com o marginal ferido, mais que no
buscam atender aos cidados policiais tambm feridos e as famlias
daqueles que sucumbiram no confronto. Fica novamente no ar a
sensao de que Direitos Humanos s para proteger marginais.
Resta-nos analisar os Direitos Humanos sob o marco terico poltico. Hamurabi veio para fazer brilhar a justia (...) para impedir
ao poderoso fazer mal aos dbeis. Cdigo de Hamurabi, 1700-1685
a.C. Babilnia.
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Alguns autores sustentam que, na marcha civilizatria da humanidade, os Direitos Humanos, mais que um direito natural intrnseco
a todos os seres humanos um direito histrico, construdo a partir
da percepo da necessidade de luta dos dominados, qual se nega
sistematicamente o direito de viver dignamente, contra o interesse
dos poderosos que detm a fora. Surge a concepo poltica dos
Direitos Humanos e com ela as trs grandes indagaes preliminares
de toda luta poltica: Quem somos? O que queremos? Contra quem
lutamos? De pronto responde-se: Somos seres humanos buscando o
respeito e a dignidade para sermos felizes em nossa existncia. Lutamos contra a tirania e a opresso dos poderosos que detm o poder.
Porm, segundo Hobbes, a ausncia de um poder coercitivo capaz de atemorizar aqueles que querem impor suas vontades, como
se estivesse no estado natural de sua existncia, acarreta a guerra de
todos contra todos. Para tanto prope um direito civil que garanta
a paz. Na sua obra Leviat enfatiza que esse desejo de paz leva os
homens a formar um contrato, o qual permite eleger um soberano
para governar suas vidas definindo o direito e a justia. Tal poder
soberano imprescindvel para resolver as controvrsias. No ponto
de vista de Hobbes, a insegurana causada pelo estado de guerra de
todos contra todos chega a nveis tais que mais seguro exigir uma
fora disciplinadora.
Rousseau tem opinio convergente de Hobbes, porm, amplia
a concepo de pacto social e sua conceituao. Afirma ele que o
homem civil, o cidado, para consolidar sua liberdade moral, tem
necessidade de eliminar de si a liberdade natural, responsvel pelos distrbios em sociedade. Em outras palavras, deve abdicar dos
impulsos naturais em detrimento dos lastros morais impostos pela
sociedade a qual faz parte, ou ainda, s pode reivindicar a liberdade, de acordo com as clusulas estabelecidas no contrato social. A
transformao do homem em cidado, para Rousseau, processada
pelo legislador, o qual considerado por ele como um Deus, pela
necessidade de ser perfeito em legislar e exemplificar pelos seus atos.
Desde que o mundo mundo, o homem luta contra as arbitrariedades desse ente subjetivo, chamado Estado, encarnado sob a forma
de um soberano, chefe poltico ou de uma instituio, criado pela
prpria vontade dos homens para govern-los, mas que se apresenta,
no raras as vezes, como o maior violador de seus direitos. Recordemos dos grandes embates ocorridos durante a marcha civilizatria da
humanidade para que se conseguisse do Estado o mnimo de disposio para distribuir seu poder com o povo e que tal concesso fosse
consolidada em formato de uma carta de direitos que se opusesse a
ele prprio. At a edio dos primeiros mandamentos jurdicos, os
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governantes exerciam seu poder de acordo com a vontade e o humor do momento, sendo a justia e o respeito dignidade humana,
qualidades pessoais que garantiam aos sditos, naquele determinado
momento, o direito. Com muita luta e sangue a humanidade converteu em leis os fundamentos dos Direitos Humanos deixando para
trs a era da prevalncia da fora fsica e da esperteza com as quais
se defenderam desde as cavernas. A imperatividade das normas inscritas se constituiu na derradeira tentativa do homem em estabelecer
limites insanidade dos governantes, evitando o perigoso caminho
da banalizao da violncia e a proliferao dos atos de barbrie que,
no obstantes ao texto legal, vm sendo praticados indiscriminadamente em todos os continentes.
Apresenta-se a mais uma grande falha de percepo dos policiais
sobre a concepo dos Direitos Humanos. A falta de discernimento
sobre o seu real papel como agente do Estado e do desequilbrio de
fora e poder existente entre o mesmo e seus cidados.
Queira ou no, a polcia uma instituio do Estado, encarregada
da manuteno da ordem e da paz social. As violaes praticadas por
seus agentes so atribudas a ele e as cobranas decorrentes de tais
abusos, tambm. No cabe aqui a responsabilizao do indivduo,
mas do representante do Estado que, investido da autoridade e poder, agiu de forma arbitrria e violenta. Reacende-se a luta histrica
dos Direitos Humanos na defesa dos mais fracos contra o poder absolutista do Estado, tendo como fiis escudeiros e guerreiros os militantes dos Direitos Humanos. No enfoque poltico ideolgico no se
sustenta o argumento de que Direitos Humanos protege delinquentes, mais sim, os cidados, sem discriminao, contra o nepotismo
estatal. Os delitos praticados pelos criminosos sero tratados sob a
gide do direito penal e para tanto cabe o sistema de justia criminal
atuar. Porm, os atos ilegais praticados pelo Estado, nem sempre so
objetos de responsabilizao exemplar de seus agentes. Nesse sentido, os Direitos Humanos so evocados de forma intransigente, no
s na esfera nacional, mas tambm com mecanismos internacionais
de proteo.
Afirma Paulo Srgio Pinheiro: uma violao isolada cometida
por indivduos privados ou grupo de pessoas, sem ligao com o Estado, obviamente no constitui violao de Direitos Humanos. Essa
afirmativa, no entanto, s encontra eco se considerarmos que o nico algoz, responsvel por todas as violaes dos Direitos Humanos,
o Estado, porm, no podemos esquecer que na sociedade moderna,
o tecido social esgarado a todo instante por uma rede paralela de
poder que irremediavelmente afeta as relaes entre os indivduos
e as instituies pblicas e privadas, contribuindo para ceifar dos
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aplicao da lei, um cdigo de tica profissional para os encarregados da aplicao da lei, que inclua um mecanismo ou rgo supervisor, ainda no existe na maioria dos pases.
4.2.1. Definio
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ou vice-versa. Sendo assim, os responsveis pela gesto em organizaes de aplicao da lei inevitavelmente monitoraro no somente as atitudes e comportamento em termos de ticas pessoais, mas
tambm em termos de tica de grupo. A histria da aplicao da lei
em diferentes pases fornece uma variedade de exemplos onde ticas
de grupo questionveis levaram ao descrdito da organizao inteira
encarregada da aplicao da lei. Escndalos de corrupo endmica,
envolvimento em grande escala no crime organizado, racismo e discriminao esto frequentemente abalando as fundaes das organizaes de aplicao da lei ao redor do mundo. Estes exemplos podem
ser usados para mostrar que as organizaes devem almejar nveis de
tica entre seus funcionrios que efetivamente erradiquem esse tipo
de comportamento indesejvel.
Quando nos consultamos com um mdico ou advogado por razes pessoais e privadas, geralmente no passa por nossas cabeas
que estamos agindo com grande confiana. Acreditamos e esperamos que nossa privacidade seja respeitada e que nosso caso seja tratado confidencialmente. Na verdade, confiamos na existncia e no
respeito de um cdigo de tica profissional, um conjunto de normas
codificadas do comportamento dos praticantes de uma determinada
profisso. As profisses mdicas e legais, como se sabe, possuem tal
cdigo de tica profissional com padres relativamente parecidos em
todos os pases do mundo. No se reconhece a profisso de aplicao
da lei como tendo alcanado uma posio similar em que exista um
conjunto de normas, claramente codificadas e universalmente aceitas, para a conduta dos encarregados de aplicao da lei. No entanto,
junto ao sistema das Naes Unidas, bem como ao do Conselho da
Europa, desenvolveram-se instrumentos internacionais que tratam
das questes de conduta tica e legal na aplicao da lei. Esses so os
instrumentos que sero discutidos a seguir.
4.2.3. Conduta tica e Legal na Aplicao da Lei
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Sejam treinados e examinados de acordo com base em padres adequados de competncia para o uso da fora; e
Os programas de treinamento e procedimentos operacionais devem ser revistos luz de determinados incidentes. (P.B.20)
4.2.6. A Conveno Contra a Tortura
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BALLESTRERI, Ricardo Brisolla. Direitos Humanos: Coisa de Polcia. Passo Fundo-RS, CAPEC:
Paster Editora, l998, p. 15-31
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cem em meros cumpridores de ordens sem um significado pessoalmente assumido como iderio, o resultado ser uma autoimagem
denegrida e uma baixa autoestima.
Resgatar, pois, o pedagogo que h em cada policial, permitir a
ressignificao da importncia, com a consequente conscincia da
nobreza e da dignidade dessa misso.
A elevao dos padres de autoestima pode ser o caminho mais
seguro para uma boa prestao de servios. S respeita o outro aquele que d respeito a si mesmo.
5. Polcia e Superego Social
Essa dimenso pedaggica, evidentemente, no confunde com
dimenso demaggica e, portanto, no exime a polcia de sua funo tcnica de intervir preventivamente no cotidiano e repressivamente em momentos de crise, uma vez que democracia nenhuma
se sustenta sem a conteno do crime, sempre fundado sobre uma
moralidade mal constituda e hedonista, resultante de uma complexidade causal que vai do social ao psicolgico.
Assim como nas famlias preciso, em ocasies extremas, que o
adulto sustente, sem vacilar, limites que possam balizar moralmente
a conduta de crianas e jovens, tambm em nvel macro necessrio
que alguma instituio se encarregue da conteno da sociopatia.
A polcia , portanto, uma espcie de superego social indispensvel em culturas urbanas, complexas e de interesses conflitantes,
contendedora do bvio caos a que estaramos expostos na absurda
hiptese de sua inexistncia. Possivelmente por isso no se conhea
nenhuma sociedade contempornea que no tenha assentamento,
entre outros, no poder da polcia. Zelar, pois, diligentemente, pela
segurana pblica, pelo direito do cidado de ir e vir, de no ser molestado, de no ser saqueado, de Ter respeitada sua integridade fsica
e moral, dever da polcia, um compromisso com o rol mais bsico
dos Direitos Humanos que devem ser garantidos imensa maioria
de cidados honestos e trabalhadores.
Para isso que a polcia recebe desses mesmos cidados a uno
para o uso da fora, quando necessrio.
6. Rigor X Violncia
O uso legtimo da fora no se confunde, contudo, com
truculncia.
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Curiosamente, um significativo nmero de policiais no consegue perceber com clareza a enorme importncia que tm para a
sociedade, talvez por no haverem refletido suficientemente a respeito dessa peculiaridade do impacto emocional do seu agir sobre
a clientela. Justamente a reside a maior fora pedaggica da polcia,
a grande chave para a redescoberta de seu valor e o resgate de sua
autoestima.
essa mesma visibilidade moral da polcia o mais forte argumento para convenc-la de sua responsabilidade paternal (ainda
que no paternalista) sobre a comunidade. Zelar pela ordem pblica
, acima de tudo, dar exemplo de conduta fortemente baseada em
princpios. No h exceo quando tratamos de princpios, mesmo
quando est em questo a priso, guarda e conduo de malfeitores.
Se o policial capaz de transigir nos seus princpios de civilidade,
quando no contato com os sociopatas, abona a violncia, contamina-se com o que nega, conspurca a normalidade, confunde o imaginrio popular e rebaixa-se igualdade de procedimentos com aqueles
que combate.
Nota-se que a perspectiva, aqui, no refletir do ponto de vista da
defesa do bandido, mas da defesa da dignidade do policial.
A violncia desequilibra e desumaniza o sujeito, no importa com
que fins seja cometida, e no se restringe a reas isoladas, mas, fatalmente, acaba por dominar-lhe toda a conduta. O violento se d uma
perigosa permisso de exerccio de pulses negativas, que vazam
gravemente sua censura moral e que, inevitavelmente, vo alastrando-se em todas as direes de sua vida, de maneira incontrolvel.
9. tica Corporativa X tica Cidad
Essa conscincia da auto importncia obriga o policial a abdicar
de qualquer lgica corporativista.
Ter identidade com a polcia, amar a corporao da qual participa, coisas essas desejveis, no se podem confundir, em momento
algum, com acobertar prticas abominveis. Ao contrrio, a verdadeira identidade policial exige do sujeito um permanente zelo pela
limpeza da instituio da qual participa.
Um verdadeiro policial, ciente de seu valor social, ser o primeiro
interessado no expurgo dos maus profissionais, dos corruptos, dos
torturadores, dos psicopatas. Sabe que o lugar deles no polcia,
pois, alm do dano social que causam, prejudicam o equilbrio psicolgico de todo o conjunto da corporao e inundam os meios de
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comunicao social com um marketing que denigre o esforo heroico de todos aqueles outros que cumprem corretamente sua espinhosa misso. Por esse motivo, no est disposto a conceder-lhes
qualquer tipo de espao.
Aqui, se antagoniza a tica da corporao (que na verdade a
negao de qualquer possibilidade tica) com a tica da cidadania
(aquela voltada misso da polcia junto a seu cliente, o cidado).
O acobertamento de prticas esprias demonstra, ao contrrio
do que muitas vezes parece, o mais absoluto desprezo pelas instituies policiais. Quem acoberta o esprio permite que ele enxovalhe
a imagem do conjunto da instituio e mostra, dessa forma, no ter
qualquer respeito pelo ambiente do qual faz parte.
10) Critrios de Seleo, Permanncia e Acompanhamento
Essa preocupao deve crescer medida que tenhamos clara a
preferncia da psicopatia pelas profisses de poder. Poltica profissional, Foras Armadas, Comunicao Social, Direito, Medicina,
Magistrio e Polcia so algumas das profisses de encantada predileo para os psicopatas, sempre em busca do exerccio livre e sem
culpas de seu poder sobre outrem.
Profisses magnficas, de grande amplitude social, que agregam
heris e mesmo santos, so as mesmas que atraem a escria, pelo
alcance que tm, pelo poder que representam.
A permisso para o uso da fora, das armas, do direito a decidir
sobre a vida e a morte, exercem irresistvel atrao perversidade, ao
delrio onipotente, loucura articulada.
Os processos de seleo de policiais devem tornar-se cada vez
mais rgidos no bloqueio entrada desse tipo de gente. Igualmente,
nefasta a falta de um maior acompanhamento psicolgico aos policiais j na ativa.
A polcia chamada a cuidar dos piores dramas da populao
e nisso reside um componente desequilibrador. Quem cuida da
polcia?
Os governos, de maneira geral, estruturam pobremente os servios de atendimento psicolgico aos policiais diplomados nas reas
de sade mental.
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O respeito aos superiores no pode ser imposto na base da humilhao e do medo. No pode haver respeito unilateral, como no
pode haver respeito sem admirao. No podemos respeitar aqueles
a quem odiamos.
A hierarquia fundamental para o bom funcionamento da polcia, mas ela s pode ser verdadeiramente alcanada atravs do exerccio da liderana dos superiores, o que pressupe prticas bilaterais de respeito, competncia e seguimento de regras lgicas e supra
pessoais.
12. Necessidade de Hierarquia
No extremo oposto, a debilidade hierrquica tambm um mal.
Pode passar uma imagem de descaso e desordem no servio pblico, alm de enredar na malha confusa da burocracia toda a prtica
policial.
A falta de uma Lei Orgnica Nacional para a polcia civil, por
exemplo, pode propiciar um desvio fragmentador dessa instituio,
amparando uma tendncia de definio de conduta, em alguns casos, pela mera juno, em colcha de retalhos, do conjunto das prticas de suas delegacias.
Enquanto um melhor direcionamento no ocorre em plano nacional, fundamental que os estados e instituies da polcia civil
direcionem estrategicamente o processo de maneira a unificar sob-regras claras a conduta do conjunto de seus agentes, transcendendo
a mera predisposio dos delegados localmente responsveis (e superando, assim, a ordem fragmentada, baseada na personificao).
Alm do conjunto da sociedade, a prpria polcia civil ser altamente
beneficiada, uma vez que regras objetivas para todos (includas a as
condutas internas) s podem dar maior segurana e credibilidade
aos que precisam executar to importante e ao mesmo tempo to
intrincado e difcil trabalho.
13. A Formao dos Policiais
A superao desses desvios poderia dar-se, ao menos em parte,
pelo estabelecimento de um ncleo comum, de contedos e metodologias na formao de ambas as polcias, que privilegiasse a formao do juzo moral, as cincias humansticas e a tecnologia como
contraponto de eficcia incompetncia da fora bruta.
Aqui, deve-se ressaltar a importncia das academias de Polcia
Civil, das escolas formativas de oficiais e soldados e dos institutos
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Anotaes
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DISCIPLINA VI
Mediao e demais Meios de
Resoluo Pacfica de Conflitos
E assim seguiu o jovem, cantarolando e gargalhando rumo praa em que estava o seu mestre com seus pupilos.
Sabido, sabicho, dessa vez no vai vencer...
Chegando l, encontrou o mestre que lhe cumprimentou:
Ol jovem.
Ol mestre! Mestre, (sorria o jovem) tenho uma pergunta para
o senhor responder...
Diga qual .
O pssaro em minha mo est vivo ou morto?
O mestre o olhou sereno e respondeu:
Meu filho, o destino do pssaro e o seu esto em suas mos!
2. Conflito Interpessoal
Por conveno, para o desenvolvimento desse trabalho, ser definido conflito interpessoal como a divergncia ou contraposio de
desejos/necessidades entre as pessoas, ou seja: um desacordo entre
pessoas.
2.1. Reflexo
A nossa vida est em nossas prprias mos, cabe saber se que
remos ser senhores de nosso prprio destino. Como tratamos o pro1
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pente, por magia, a violncia se instaurasse, alheia ao ou vontade das partes, mesmo relacionando-se duradoura e continuadamente h anos.
Questes culturais, como cultural a dificuldade de se admitir
que, nem sempre, a melhor deciso ser a de um terceiro, estranho
realidade atravs dos meios adjudicatrios (ou jurisdicionais) de
resoluo de conflitos e que as prprias partes, empoderadas e fornecidos a elas instrumentos de resoluo pacfica de conflitos, podem
ser as melhores gestoras de suas demandas. Ou seja, o Estado, atravs
do Poder Judicirio e da Polcia, em muitas oportunidades, no so o
melhor caminho para administrar situaes de disputa e conflitos. E,
com isso, no se pretende desqualificar a importncia do Poder Judi
cirio, das Polcias e Guarda. Contudo, certo que muitos contextos
conflituosos poderiam ser administrados por outros instrumentos e
em outras sedes, liberando-os para casos em que sua presena seja
imprescindvel.
Importante!
Com relao segurana pblica, outrossim, grande parte dos conflitos
do dia-a-dia, no constituem fato tpico criminal. So conflitos interpessoais
e acabam generalizadamente como questo de polcia. Hoje os chamados
policiais para a administrao de conflitos interpessoais chegam, em muitos
locais, a ndices superiores a 60%2, o que distancia os trabalhos de segurana
pblica de situaes mais prementes. E, o mais grave: as polcias e as guardas no esto suficientemente aparelhadas a trabalharem nesses contextos,
o que leva muitas vezes sensao de impunidade e a reincidncia, decorrendo o sentimento de ineficcia dos servios pblicos pela populao e de
infinitude e insatisfao por seus prestadores.
Os instrumentos tradicionais de administrao de conflitos interpessoais no tm demonstrado eficcia para gerar transformao
do padro relacional a ponto de evitar a reincidncia e crescimento
violncia, muitas vezes impondo o uso do poder e da fora, num
itinerrio de retroalimentao, que fomenta ainda mais esse ciclo vicioso. Isso quando no h o recorrente e indevido envolvimento do
profissional, que acaba enredado pelo contexto de conflito e violncia, passando a dele fazer parte.
Os Meios de Resoluo Pacfica de Conflitos e os recursos metodolgicos de que se serve no plano da Segurana Cidad e da Polcia
2 Dados de natureza informativa, colhidos em todo o Pas junto aos policiais e guardas que
participaram das 11 edies do Curso Nacional de Multiplicadores de Polcia Comunitria,
em 2006.
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Disciplina 6
A notcia da interveno de terceiros, estranhos s relaes negociais entre dois ou mais sujeitos, voltados facilitao do entendimento entre esses, bem como otimizao das negociaes, NO
NOVA. Sempre ocorreu como prtica muito consolidada nas
relaes internacionais e nas relaes sociais, desde os tempos de
Salomo.
O que h de novo a justificar uma ateno especial mediao e
demais ADRs, nos dias de hoje?
Diversos aspectos conferem mediao de conflitos interpessoais, tal como praticada a partir dos anos sessenta, ares de um fenmeno inteiramente remodelado e aperfeioado.
Nos anos sessenta e setenta, a noo de conflito sofreu profundas
alteraes, decorrente das intersees e contribuies provenientes
de variadas disciplinas do conhecimento, como a sociologia do trabalho, a antropologia, a psicologia, a economia e do direito.
Nessa poca ocorreram dois fatores: a consolidao da bipolaridade nas relaes internacionais (guerra fria) logo em sequncia
ao trmino da II Guerra e a confrontao da tica organicista e positivista pelo advento da contracultura, dos movimentos jovens, feministas, pacifistas, grevistas e socialistas, que alterara o panorama
das relaes interpessoais j na segunda metade dos anos sessenta,
gerando um grande impacto no pensamento social.
Por um lado, ocorreu a intensificao dos conflitos trabalhistas
e dos movimentos grevistas (proliferao de greves manifestamente contestatrias, greves gerais, e de outras formas de movimentao sindical), impondo aos profissionais de recursos humanos e
aos gestores pblicos, a necessidade de examinarem, por critrios
sociolgicos, seus efeitos potencialmente desagregadores, tanto da
autoridade empresarial, da economia e da prpria funcionalidade do
sistema poltico.
Nesse ambiente desenvolveu-se um conjunto de reflexes sobre a
noo de conflito, procurando qualific-lo como um fenmeno no
necessariamente patolgico nem individual, mas como algo capaz
de impulsionar a democratizao das relaes intra-empresariais e
de promover a distribuio de renda com a consequente melhora
das condies de trabalho. Inmeros autores se ocuparam do tema,
como Ralf Dahrendorf (vide referncia bibliogrfica).
No mbito da antropologia cultural, as modificaes explicam-se, em grande medida, pelo estudo dos costumes e comportamentos
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Segurana Pblica
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Justia
Disciplina 6
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Conflitos Interpessoais;
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Disciplina 6
Trabalha, parte a parte, o problema a ser resolvido pelos prprios envolvidos (protagonismo);
confidencial;
Sua aplicao tem se demonstrado relevante em conflitos escolares, familiares, empresariais, na rea penal, nas relaes de
trabalho, em comunidades, entre outras.
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imparcial;
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Disciplina 6
Isto porque acordos em si nem sempre significam a transformao do padro de relacionamento. Em muitas oportunidades, h a
conciliao, o acordo, a renncia representao. O processo acaba
e o conflito permanece e, logo em seguida, retomado.
Resolve-se aquele feito, aquela disputa, mas no se trabalha o
conflito. Quantos j no vivenciaram essa histria em servio?
No importa que o acordo, quando vier a ocorrer na mediao,
no seja a melhor sada jurdica. Desde que, consciente e lcito, basta
que configure a opo mais adequada, oriunda e eleita pelos envolvidos. Isto , justa, na acepo da exata necessidade e interesses das
partes, o que de plano pe em xeque toda a cultura reinante e o significado do que sejam jurdico e justo.
No se faz aqui apologia da prevaricao! Muitos dos conflitos
interpessoais podem ser tratados atravs de aes em que se evite
a sua escalada a ponto de atingirem contextos de violncia. De um
lado com a integrao da comunidade que, com de instrumentos de
mediao e demais meios de resoluo pacfica de conflitos, atue na
administrao de problemas cotidianos. De outro, com trabalho tcnico auxiliar de mediao, integrado s polcias, pode focalizar as
situaes de violncia e crime. E essa a proposta da Mediao em
Segurana Cidad. Uma parceria da Secretaria Nacional de Segurana Pblica, com o Programa das Naes Unidas para o Desenvolvi
mento e a Secretaria de Reforma do Judicirio, que vem sendo implementada em todo o pas, inclusive com alcance s reas de fronteira, com outras naes, como o Uruguai.
Importante!
Reconciliao;
Conciliao;
Arbitragem;
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273
Jurisdio;
Prevaricao.
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Justia
Disciplina 6
O modelo transformativo, idealizado por Bush e Folger, est pautado no tratamento da dimenso relacional das partes implicadas no
processo de mediao. Pressupe um aumento no protagonismo das
pessoas envolvidas no conflito, em que elas prprias se percebam
como partes integrantes do conflito e de sua soluo.
J o modelo Circular-Narrativo tem suas bases na comunicao,
nos elementos verbais e nos elementos para-verbais, corporais, gestuais, entre outros. No h um nico motivo ou causa que produza
um determinado resultado, mas sim a retroalimentao.
Importante!
Fato que na mediao, seja qual for o modelo eleito ele deve ter em
conta as caractersticas e as necessidades do caso em atendimento, ultrapassando-se a linha do simplesmente aparente, na procura do que h alm do
vu expressado inicialmente pelas partes. Recontextualizando, buscando os
interesses alm das posies rgidas manifestadas inicialmente pelas partes,
propiciando novas e criativas possibilidades e a transformao do padro
relacional.
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275
Integrao de aes s das comunidades, tcnicos e aos demais instituies de segurana pblica;
Ao das comunidades:
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Disciplina 6
Ao dos tcnicos:
Atendimento de Mediao em Contextos de Violncia e Crime, mediante encaminhamento pelos agentes comunitrios,
de segurana, de sade, de educao, de justia (defensores,
juzes, promotores).
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277
Para ilustrar, ainda a mediao tcnica, podemos citar o Projeto ntegra- Gnero e Famlia5, pioneiro em contextos crime e
violncia de gnero e famlia, processados pela Lei 9099/95 e, hoje,
11.340/06, uma parceria do RIMI com as Varas Criminais do Frum
de Santana, Promotoria de Santana e o Departamento de Direito do
Trabalho e Seguridade Social da Faculdade de Direito da USP.
6. Mediao Comunitria
Mediao Comunitria uma ferramenta de estmulo solidariedade, mecanismo facilitador do estabelecimento de cooperao
entre partes, propiciando o empoderamento e a autodeterminao
de grupos sociais.
Foco: conflitos entre atores da comunidade na sua ecologia.
Realizada: pela comunidade
Local: na comunidade
A mediao comunitria, atua visando mudana dos padres
do comportamento dos atores comunitrios,l atravs do fortalecimento dos canais de comunicao, com vistas administrao pacfica dos conflitos interpessoais entre os integrantes da comunidade.
Exemplos de situaes para a aplicao da Mediao Comunitria
ocorrem nas disputas de vizinhos, de propriedade e uso de terras,
conflitos familiares, educacionais, relaes raciais, de sade, segurana, utilizao e acesso a equipamentos urbanos, etc.
O foco da mediao comunitria estabelecer ou restabelecer a
comunicao, ampliando a discusso dos problemas. O resultado
mais significativo com esse processo o desenvolvimento do agir
comunicativo, como forma de expresso social solidria e de desenvolvimento das capacidades de emancipao, fortalecimento individual e grupal, no se restringindo s questes interpessoais.
Para que se desenvolva e implante a mediao comunitria
necessria a estruturao prvia do trabalho em rede (pblica e so5 Projeto ntegra - Gnero e Famlia. Idealizao e coordenao tcnica de Clia Regina Zapparolli, conta com o corpo tcnico hoje formado por Reginandrea Gomes Vicente, Llian
Godau dos A. P. Biasoto, Glucia Vidal, Renato Soares da Silva, Rodrigo de Souza Amador
Pereira e pesquisa sob coordenao do Professor Antonio Rodrigues de Freitas Jnior pela
FADUSP. Foi desenhado para uma parceria com a Secretaria Nacional de Justia em 2001,
implantado em pr-piloto em voluntariado com Juizado Especial Criminal da Famlia - JECRIFAM em 2003 e, graas aos resultados do pr-piloto, recebeu em 2005 doao da iniciativa privada ao seu desenvolvimento por 2 anos.
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Justia
Disciplina 6
O Corpo docente e de superviso sob coordenao tcnica de Clia Zapparolli, Lilian Godau
dos A . P. Biasoto, Glucia Vidal e Reginandrea Gomes Vicente, teve a honra de realizar a capacitao e trabalhar o sistema de fluxo e atendimento em mediao tcnico-comunitria
do Programa Justia Comunitria, numa parceria do TJDFR e PNUD em 2006. A idealizao
e coordenao do Programa Justia Comunitria devem ser creditadas Juza Glucia F. Foley. Vide a publicao Justia Comunitria - Uma experincia- Ed. Ministrio da Justia- Secretaria de Reforma do Judicirio- Brasil 2006. O filme exibido nas aulas do Curso Nacional
de Multiplicadores da Polcia Comunitria faz parte de seu encarte.
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Anotaes
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DISCIPLINA VII
Mobilizao e Estruturao
Comunitria
Organizao e Sistematizao
1. Definio de Comunidade
Se no houver uma disposio da polcia de pelo menos tolerar a influncia do pblico sobre suas operaes, a Polcia Comunitria ser percebida como relaes pblicas e a distncia entre a polcia e o pblico
ser cada vez maior1.
Qualquer iniciativa de trabalho ou programa de Polcia Comunitria deve incluir necessariamente a comunidade. Embora a primeira
vista possa parecer simples, a participao da comunidade um fator importante na democratizao das questes de segurana pblica
e da implementao de programas comunitrios que proporcionam
a melhoria de qualidade de vida e a definio de responsabilidades.
A compreenso da dinmica da comunidade essencial para a
preveno e controle do crime e da desordem, assim como o medo
do crime, pois o controle e a participao social so mais eficazes. A
conscincia a chave, pois ela impede que as pessoas cometam erros
nocivos vida coletiva, mesmo quando ningum est vendo.
1.1. Envolvimento dos Cidados
Todas as vezes que grupos de cidados, ou moradores, se renem para encaminhar solues para problemas comuns, o resultado
bastante positivo. Na polcia comunitria no poder ser diferente.
O desafio interpretar as possibilidades da comunidade e da Polcia. Assim, importante refletirmos:
284
A participao total?
Apenas aqueles com recursos da comunidade participam privilegiando o servio na porta de estabelecimentos
comerciais?
A nossa participao apenas para endossar as aes da polcia no bairro ou para participar das discusses ou decises na
melhoria do servio policial?
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Disciplina 7
Mobilizao e Estruturao Comunitria
3. Polcia
Ou melhor, servir de informante ou escudo s aes equivocadas de policiais, ou fonte de receitas para comerciantes em
servios privilegiados de segurana?
A Polcia est preparada para conceder o seu poder a comunidade (entenda poder no o de polcia, mas o nome e as
possibilidades que a fora policial tem no sentido do controle
social informal, sem ser repressivo ou fiscalizatrio)?
4. Organizao Comunitria
So poucas as comunidades que mostraram serem capazes de integrar os recursos locais com os recursos do governo. Existem tantos
problemas sociais, polticos e econmicos envolvidos na mobilizao
comunitria que muitas comunidades se conformam com solues
parciais, isoladas ou momentneas (de carter paliativo) , evitando
mexer com aspectos mais amplos e promover um esforo mais uni-
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285
286
Ministrio da
Justia
Disciplina 7
Mobilizao e Estruturao Comunitria
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Segurana Pblica
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atingem o pice de seus interesses (econmico, poltico ou status social) eles esquecem a sua causa, no dando mais tanta importncia
aos anseios locais, pois foram atendidos seus interesses especficos.
O desafio, portanto, no est apenas em promover trabalhos com
grupos organizados da comunidade, de interesses especficos, mas
trabalhar na organizao de trabalhos comunitrios, de forma constante e permanente.
Apenas para reflexo: o jovem infrator que comete um ato infracional
em um bairro rico, com slida organizao comunitria, reside em bairros
carentes, sem nenhuma infra-estrutura e organizao social. Ser que a associao comercial de um bairro rico, realizando trabalhos de parceria em
bairros pobres, no pode conter a violncia no seu bairro?
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Disciplina 7
Mobilizao e Estruturao Comunitria
Observa-se, contudo, que com grande frequncia, as organizaes autnomas do ponto de vista econmico so aquelas representativas dos setores de maior poder aquisitivo, que tendem a ser aliados naturais da polcia. As organizaes oriundas de segmentos
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Disciplina 7
Mobilizao e Estruturao Comunitria
Policiamento privilegiado com base nas opinies dos parceiros da polcia (a famosa contrapartida) apoia as decises da
polcia, ter policiamento na porta;
Policiamento privilegiado baseado no bico dos policiais (locais de policiamento = locais onde atuo na hora de folga);
Surgimento de candidatos polticos com o apoio governamental por terem apoiado as iniciativas da polcia no bairro.
8.2. O correto
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291
Compartilhar informaes com a comunidade, transformando-as em aes preventivas e educativas. Quando o assunto
exigir sigilo explicar o motivo, demonstrando a sua importncia para a segurana da prpria comunidade;
Demonstrar e discutir os erros com a comunidade pode demonstrar evoluo e interesse na integrao. Devemos lembrar que a instituio policial constituda por pessoas, cidados que tambm tem interesses sociais. Contudo no detm
o poder da vida e da morte, mas o poder e o conhecimento
da lei;
Ao cobrar aes e fornecer informaes a polcia, a comunidade, seus lideres e os conselhos representativos devem observar o bem comum (o coletivo);
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Mobilizao e Estruturao Comunitria
grao. Vende-se um pacote aos cidados: e a sua cooperao est direcionada a tarefas do tipo identificao de propriedades, notificao
de crimes, identificao de reas de risco, campanhas comunitrias,
jornais locais, etc.
Outros aspectos que as aes so identificadas como vigilncia
entre vizinhos ou grupos de patrulhamento que auxiliam e informam os policiais (vizinhos vigilantes).
Assim, na prtica, a comunicao flui somente em um sentido,
qual seja, da sociedade para a polcia. Fala-se em parcerias e co-produo, mas na prtica, os programas desenvolvem-se dentro dos
limites estabelecidos e controlados pela instituio policial, ou seja,
um planejamento global e rgido estabelecido sem levar em considerao os aspectos do bairro, da rea e da populao local. Um programa pensado e estruturado para um bairro ou uma determinada
rea no ser necessariamente adequado para outras.
Um programa de auto-ajuda pode auxiliar no aprimoramento das
relaes com o pblico ou na obteno de melhorias concretas nas
condies de vida e de segurana local, mas contribuem pouco para
a reverso das reais fontes de conflitos entre polcia e sociedade. A
desateno quanto a participao da comunidade ou a manipulao
de sua participao alm de desencorajar no processo de participao, tambm tende a desacreditar o trabalho comunitrio da polcia.
Por outro lado, o surgimento de supostos grupos ou entidades
com o objetivo de encaminhar solues polcia, promover aes
sem a participao da polcia, estimulando aes coletivas independentes de programas de polcia comunitria atrapalham e confundem o processo.
9.1. Os Perigos
Membros das comunidades expostos a marginalidade, colocando em risco suas vidas porque so interlocutores dos problemas locais;
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293
As campanhas tm um forte contedo poltico em detrimento da preveno porque apoiado por um poltico ou
comerciante;
9.2. O correto
Promover uma ampla participao da comunidade, discutindo e sugerindo solues dos problemas;
Demonstrar a participao da comunidade nas questes, esclarecendo o que da polcia e o que da sociedade;
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Polcia Comunitria parceria com comunidade (entidades, associaes, minorias), polcia ( Civil e Militar ), outras instituies
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295
(federal, estadual, municipal), empresrios e comerciantes imprensa (escrita, falada e televisada) polticos (deputados, prefeitos e
vereadores.
Polcia Comunitria resoluo de problemas locais e complexos
com criatividade e participao de todos acima, respeitando as suas
competncias, mas exigindo parcelas de responsabilidades dentro de
suas respectivas competncias
Policiamento Comunitrio ao operacional da polcia que
prioriza o relacionamento adequado com a comunidade no dia a
dia. realizado dentro de caractersticas prprias da ao policial,
porm deve ser talhado segundo as necessidades e recursos locais!
No existe maneira de fornecer regras rgidas e rpidas que possam
cobrir todas as circunstncias.
Numa viso simplista, Polcia Comunitria se restringe a aproximao do policial junto a comunidade envolvido num trabalho
de policiamento comunitrio, mas ao analisarmos de fato, podemos
perceber a sua abrangncia, uma vez atingindo o que preceituado
no artigo 144 da Constituio Brasileira, de que segurana pblica
direito e responsabilidade de todos, cabendo tambm a qualquer
cidado uma parcela de responsabilidade na questes de segurana
pblica.
A sociedade como um todo, deve atuar de uma forma participante em todos os momentos que impliquem ou no em uma situao
geradora de conflitos que levem s consequncias extremas de violncia. Sabemos que muitas das causas da violncia decorrem da ausncia de uma poltica pblica sria que cerceie o cidado a uma vida
com dignidade, respeitando a si mesmo e ao seu semelhante. Cada
vez mais o cidado se isola esquecendo que os problemas inerentes
sua comunidade, tambm lhe pertence para que tenha qualidade
de vida. A sociedade no pode continuar na inrcia, esperando por
um milagre que solucione os seus problemas, mas para isso preciso
despertar o gigante adormecido que existe no corao de cada cidado que se fundamenta na solidariedade.
Baseado nisso que se norteia este trabalho de Polcia Comunitria em que as pessoas passem a se conhecer e manter uma relao
de amizade, confiana e respeito, buscando, juntos, solues criativas
para os problemas que afligem a sua comunidade, cobrando dos rgos competentes aes mais diretas como uma forma preventiva s
causas da violncia.
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Envolver a iniciativa privada nas suas diversas atividades motivando uma participao entre o poder pblico e o econmico do bairro;
Envolver o poder poltico local (prefeitos, vereadores, deputados e representantes de partidos polticos, de forma indistinta
e imparcial) mostrando os problemas locais;
Mostrar, ao cidado comum, a importncia de sua participao, bem como propiciar para que ele identifique os problemas locais.
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297
Verificao da existncia de Sociedade Amigos de Bairro, Entidades Religiosas, Conselhos Escolares, outras Entidades governamentais e no governamentais.
Indicao de representantes que formaro um comit (ou conselho) de implantao dos trabalhos de Polcia Comunitria;
298
Informaes: perfil da rea (mapa preciso, nmero de residncias, nmero e tipo de comrcio, escolas igrejas, associaes,
postos de sade, rea de lazer etc.);
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Verificao de responsveis pela coleta e locais a serem coletadas as informaes. Estas informaes podem ser fornecidas
pela prpria polcia, rgos pblicos locais e entidades existentes no bairro;
Registrar e analisar os resultados que implicam nas dificuldades de se ter uma qualidade de vida melhor;
Desenvolver um plano inicial (esboo) contemplando os problemas locais, os pontos de participao de cada rgo e da
comunidade.
Aps a avaliao das necessidades, devero ser fixadas as metas; Para quem? Onde? Quando? Como? Para qu? As metas
se fixaro?
Identificao das reas de aceitao comum (criao ou melhoria de reas de lazer, programas de re-qualificao profissional etc.);
Eventos que consolidem a sistematizao do trabalho de Polcia Comunitria e que uma vez compreendido no ser mais
esquecido.
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299
Momento de verificao (o momento da verificao do aprendizado, no incio, no meio ou ao final das atividades).
11.4. preciso observar se:
Se almejamos um desenvolvimento contnuo, necessitamos tomar certos cuidados como acompanhar as atividades analisando os
avanos e dificuldades, buscando meios para facilitar a superao
dos obstculos, incentivando o grupo a caminhar, uns ajudando os
outros, sabendo que preciso de tempo para exercitar e incorporar
300
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Mobilizao e Estruturao Comunitria
Debates em escolas envolvendo o corpo docente, administrativo e operacional (Participao da escola na melhoria da segurana no bairro, relacionamento comunitrio, participao
da comunidade na escola etc.);
Finais de semana de lazer e recreao (escolas ou outros espaos disponveis Secretaria da Cultura e de Esportes ou empresas privadas);
Reunies de trabalho com as lideranas locais, com os poderes pblicos locais e com a iniciativa privada;
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301
Programa de restaurao do bairro (ruas limpas, rvores cortadas, caladas arrumadas, muros pintados, etc.).
Apartidrio, apoltico;
Em qualquer das situaes mostrando sempre o lado educativo para evitar confrontos;
302
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Mobilizao e Estruturao Comunitria
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303
Portanto, problemas to complexos no podem ser de responsabilidade exclusiva da polcia local, mas de todos os segmentos que
atuam na rea e da sociedade paulistana como um todo. Estudos recentes revelam que a maioria dos criminosos que cometem delitos
no centro e nos bairros nobres mora na periferia da cidade (zona
leste ou zona sul). Aumentar muros residenciais, pagar segurana
privada, estimular aes repressivas da polcia no nos parece medidas das mais eficazes. Mas aes conjuntas, integradas e planejadas,
priorizando pessoas em situao de vulnerabilidade e risco social parece ser um caminho mais adequado para uma sociedade que quer
ser democrtica.
12.3. Projeto Parque Cocaia (Uma Proposta de Polcia
Comunitria)
Em 1966 surgia o loteamento Parque do Cocaia, quando muitas famlias de baixo poder aquisitivo, no deixaram de aproveitar a
pechincha que a Imobiliria Lutfalla comeou a oferecer na poca:
uma pequena entrada, prestaes igualmente pequenas e um financiamento para aquisio do material de construo ( seis mil tijolos,
500 telhas, uma porta, uma janela e um vitr para banheiro), com
a promessa de todos os benefcios pblicos divulgados num folheto distribudo pela mesma. Muitos desistiram, abandonando casas
em construo ou colocando placas de aluga-se ou vende-se, com
medo da fiscalizao da Prefeitura, mas os esperanosos permaneceram, mesmo com as ruas, um misto de lama e pequenas pedras, as
fossas negras, os poos artesianos e vielas totalmente s escuras por
falta de iluminao pblica. A regularizao com escrituras iniciou
depois de 1982, da parte que tinha ttulo e 66.000 m de usucapio
foram liberados a partir de janeiro de 1999.
Atualmente o bairro conta com infra-estrutura (gua encanada,
luz eltrica, coleta de lixo, ruas pavimentadas), faltando apenas o esgoto que j est aprovado e mapeado.
A escolha do local dentro de uma regio ampla com diversos problemas foi feita por ser uma rea bem determinada com uma sociedade comunitria organizada, com representatividade e motivada a
fazer o trabalho.
O Projeto Parque Cocaia tem como objetivo sensibilizar a comunidade para que saiba buscar solues para os problemas do seu
bairro, mostrar que com pequenas aes o trabalho coletivo propicia
a melhoria da qualidade de vida do bairro e a importncia do indivduo no contexto coletivo.
304
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Mobilizao e Estruturao Comunitria
Moradias populares,
Acesso restrito pela Av. D. Belmira Marin causando um grande fluxo de veculos.
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305
Domnio de algumas pessoas que agem de forma ilcita, atrapalhando as aes locais que buscam a melhoria da qualidade
de vida;
306
Problemas
Votos
130
Trfico de entorpecentes
101
Esgoto
100
Falta de policiamento
79
57
Desemprego
56
51
41
Iluminao pblica
35
10
Ligaes clandestinas
27
11
Transporte coletivo
26
12
Faltam escolas
25
13
Crianas ociosas
23
14
Roubos em comrcio
21
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Disciplina 7
Mobilizao e Estruturao Comunitria
Prioridades
Problemas
Votos
15
Lixo
20
16
19
17
Pavimentao de ruas
18
18
Alcoolismo
18
19
Orientao familiar
17
20
14
21
13
22
Impunidade
12
Esgoto;
Trfico de drogas;
Falta de policiamento;
Desemprego.
12.3.7. Comit Parque Cocaia
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307
Entidades Religiosas.
Transporte coletivo
buracos;
Caladas desniveladas;
Lombadas clandestinas;
Padronizao das caladas;
Escola
Curso de Suplncia.
seguinte;
308
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Disciplina 7
Mobilizao e Estruturao Comunitria
escolar;
Terrenos baldios.
adolescente;
do bairro.
escola;
comunidade;
essencialmente trabalho de
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309
Pizzaria.
310
CONSEG Graja encaminhamentos de solicitaes aos rgos devidos; solues criativas dentro de um programa de
polcia comunitria; apoio e participao direta s iniciativas
locais;
Guarda Civil Metropolitana ao integrada com o policiamento de trnsito no trabalho educativo sobre trnsito; apoio
nas aes preventivas locais;
OAB Central participao, apoio e intercmbio com a Polcia Militar e outras agncias governamentais;
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Mobilizao e Estruturao Comunitria
Secretaria Municipal do Verde pesquisa sobre a situao legal de Parque Cocaia; programa plantio de rvores no bairro;
Entidades Religiosas
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311
Buscar parcerias.
Adote um rvore
Autorizao e co-responsabilidade do morador;
O rgo competente distribui ou planta a muda, conforme
norma preestabelecida;
cientizao de todos.
Muro colorido
Autorizao e co-responsabilidade do morador ( desenho ou
grafite );
de local.
bairro)
at.
312
Ministrio da
Justia
Disciplina 7
Mobilizao e Estruturao Comunitria
Fiscalizar veculos de carga e descarga em frente aos comrcios no percurso do incio da Rua Olavo Conceio de Semme
at Vila Cova de Alva;
Calar Viela 19 ao lado da Escola Municipal de Educao Infantil Dr. Aristides Nogueira com degraus. Motivo : circulao
de motos e bicicletas e outros, entre as Ruas Campos do Aravil
e Rua Dr, Nuno Guerner de Almeida;
Torre;
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313
Almeida;
Eliminar definitivamente as possibilidades de novas ocupaes de espao fsico da regio, atravs do funcionamento dos
rgos competentes e responsveis ( em especial a Secretaria
do Meio Ambiente );
314
Sugesto: criar uma comisso especial dos rgos competentes e responsveis, com participao do proprietrio e
compradores; analisar infra-estrutura existente e se esto
dentro dos padres das leis em vigor; verificar rea reservada
para o lazer e regulamentar;
Dos loteamentos clandestinos atuais : -Idem a sugesto anterior, com a participao do real proprietrio da rea; q)
Das reas invadidas de propriedade pblica -pelo fato das
reas invadidas serem de aproximadamente 70% s margens
da Represa Bilings, criar uma comisso especial dos rgos
competentes e responsveis, com participao da comunidade; participao da receita Federal em um Censo Econmico.
Elaborar projetos e envolver os grandes devedores econmicos do governo e permutar. Ex.: Adote o morador deixando a
rea livre e com isso abatendo na sua dvida;
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Justia
Disciplina 7
Mobilizao e Estruturao Comunitria
Integrar a comunidade;
Diminuio da criminalidade;
Diminuio da violncia;
Oficinas de cidadania: noes de direito (Consumidor, Direitos Humanos, Estatuto da Criana e do Adolescente, Penal,
Civil, Polticos, Sociais), valores sociais, deveres sociais;
Oficina de Sade
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315
13. Anexos
13.1. Anexo 1
Exerccio de dinmica de grupo (mobilizao comunitria) - antecede a teorizao da matria.
Mdia local;
Empresrios e comerciantes.
13.2. Anexo 2
316
Ministrio da
Justia
Anotaes
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Segurana Pblica
317
DISCIPLINA VIII
Estruturao dos
Conselhos Comunitrios
1. Introduo
No h ator social que no possua alguma responsabilidade na gesto
da segurana no espao urbano. (Theodomiro Dias Neto)
320
Necessidades fisiolgicas: so as necessidades vegetativas relacionadas com a fome, o cansao, o sono, o desejo sexual etc.
Essas necessidades dizem respeito sobrevivncia do indivduo e da espcie, e constituem presses fisiolgicas que levam
o indivduo a buscar ciclicamente a sua satisfao;
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O cientista francs Jean-Claude Chesnais, conceituado demgrafo e especialista em violncia urbana, em visita que realizou ao Brasil
em outubro de 1995, traou um respeitvel estudo sobre a violncia
criminal no Brasil.
Seis causas foram elencadas por Chesnais como fatores responsveis pela atual situao:
Demografia urbana: as geraes provenientes do perodo da exploso da taxa de natalidade no Brasil chegando vida adulta e
surgimento de metrpoles (So Paulo e Rio de Janeiro), ambas
com populao superior a dez milhes de habitantes;
A globalizao mundial, com a contestao da noo de fronteiras e o crime organizado (narcotrfico, posse e uso de armas de
fogo, guerra entre gangues).
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Poltica criminal: cooperao internacional, revoluo na informao, controle das rotas de droga, luta contra o crime organizado, regulamentao das armas de fogo; e
Mudana cultural: a integrao social e a promoo da igualdade dos cidados, a descentralizao e o controle dos oramentos pblicos, a responsabilizao das associaes locais e
das elites intelectuais.
A par dessas consideraes, v-se que o grave problema da criminalidade violenta no ser resolvido somente com represso.
preciso muito mais que ao de polcia.
David Putnam, em trabalho j publicado no Brasil, concluiu magistralmente que a capacidade de organizao de uma comunidade
fator determinante para seu progresso.
Assim, quando as pessoas passam a se relacionar com outros cidados, seus problemas comuns tendem a ser encarados e compreendidos de maneira mais racional. O grupo acredita em sua prpria
capacidade de ao e medidas concretas substituem o antigo conformismo e apatia.
Sob todos os prismas, a participao comunitria torna a gesto
governamental mais legtima.
E, no que diz respeito segurana, isso se aplica com todo vigor,
pois a polcia tender a ser mais efetiva se ajudar os cidados e as
comunidades a se ajudarem a si mesmos; esse o conceito bsico
sobre o qual se estrutura a polcia comunitria, modelo de preveno criminal e de acidentes previsveis, fundamentado na colaborao entre os cidados e destes para com a polcia, visando a oferecer
segurana.
Nessa nova filosofia de trabalho, a polcia busca estabelecer slida
relao com a comunidade, levar a populao a participar no processo de preveno criminal, fixar o policial no terreno, atuar alm das
condutas criminosas levando a polcia a fazer parte da recuperao
das condies de vida do bairro ou da cidade.
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Finalizando, os Conselhos Comunitrios de Segurana so o resgate da cidadania e a busca de soluo para a melhor qualidade de
vida.
2. Conceitos Bsicos
O Conselho Comunitrio de Segurana o brao da comunidade na Segurana Pblica (Saulo Santiago, Presidente do CONSEG - Braslia-DF).
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Pela defesa social, busca-se ao mesmo tempo a defesa das instituies democrticas e a preservao ou o pronto restabelecimento, em
locais restritos e determinados, da ordem pblica ou da paz social
ameaadas por grave e iminente instabilidade institucional, ou por
calamidades de grandes propores da natureza.
2.3. Poltica pblica de defesa social
Articulao pelo Estado ou diretamente pela sociedade civil organizada, dos diversos segmentos envolvidos na soluo de problemas sociais, num processo de identificao dos agentes pblicos e
da iniciativa privada, no qual se deixam claras as responsabilidades.
Pela poltica pblica de defesa social, so traados objetivos de
longo prazo, cujo cumprimento independa de mudanas no Governo, pelo fato de o envolvimento social dar-se de forma apoltica, o
que permite a continuidade do processo, da articulao e das cobranas da sociedade, independente das modificaes quanto aos
ocupantes de cargos do Governo.
2.4. Sociedade civil organizada
Conjunto de segmentos sociais que se unem em torno de causas
destinadas a interferir na formulao de polticas pblicas, em questes como cidadania, raa, etnia, meio ambiente, direitos humanos,
direitos sexuais e reprodutivos, sade, pobreza, violncia e segurana
pblica, a fim de que sejam includos na pauta dos governos constitudos, e de que este passe a priorizar a busca de solues nesses
campos, de modo integrado com a sociedade.
a expresso mais amadurecida da mobilizao social, em que
se congregam as foras da comunidade para exercer, em relao aos
representantes polticos eleitos ou a integrantes dos demais poderes
constitudos, uma atitude de presso para conseguir que atentem em
relao a um problema que requeira a ao poltica ou a mobilizao
de recursos do Estado.
2.5. Paz social
Alternativa contempornea ao antigo conceito de defesa nacional. Valor diferente ao que se atribua ordem pblica e que veio,
com a Constituio de 1988, nos seus artigos 136 e seguintes, modificar o enfoque das medidas destinadas a reverter situao de grave
instabilidade. Antes, era o combate ao terrorismo e guerrilha, turbaes de natureza poltica. Hoje, volta-se para as turbaes resultantes, principalmente, do crime organizado.
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Assim, a Constituio Federal legitima a participao da comunidade, abrindo espao para as modernas concepes de polcia, que
prevm a participao ativa do cidado.
Os Conselhos Comunitrios tambm esto ancorados no artigo 5, inciso XVII, que estabelece: plena a liberdade de associao para fins lcitos, vedada a de carter paramilitar. E no inciso
XX: ningum poder ser compelido a associar-se ou a permanecer
associado.
Os Conselhos Comunitrios de Segurana so dotados de personalidade jurdica e para tanto precisam se adequar ao Cdigo Civil
Brasileiro, sendo consideradas clulas importantes para a disseminao da filosofia da Polcia Comunitria.
Desta forma, a Constituio Federal consolidou a Resoluo n
34.169, de 17 de dezembro de 1979, expedida pela ONU, que estabelece como regramento para os pases associados que seus segmentos
policiais devem ser representantes da comunidade e a esta forma organizada devero prestar contas.
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Canalizar as aspiraes da comunidade, de forma que os integrantes das Policias Estaduais e dos demais rgos e entidades
do sistema de segurana pblica e/ou defesa social possam
maximizar sua atuao em defesa da comunidade;
Desenvolver um trabalho auxiliar de combate s causas da violncia, atravs de atividades que despertem em cada cidado o
sentimento subjetivo de segurana e o esprito de cooperao
e solidariedade recproca em benefcio da ordem pblica e do
convvio social;
Desenvolver e fortalecer, junto aos seus moradores, os princpios da amizade, unio e solidariedade humana, estimulando
a troca de experincias e a realizao de aes de defesa social
comuns entre esta comunidade e outros bairros;
Estimular o esprito cvico e comunitrio na rea dos respectivos Conselhos Comunitrios de Segurana;
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Colaborar com iniciativas de outros rgos que visem ao bem-estar da comunidade, desde que no colidam com o disposto
na legislao;
Desenvolver e implantar sistemas para coleta, anlise e utilizao de avaliao dos servios atendidos pelos rgos policiais,
bem como reclamaes e sugestes do pblico;
Colaborar com as aes de Defesa Civil, quando solicitado, prestando o apoio necessrio nas suas respectivas
circunscries;
Articular a comunidade visando soluo de problemas ambientais e sociais que tragam implicaes policiais;
Estreitar a interao entre as unidades operacionais das polcias, com vistas ao saneamento dos problemas comunitrios
em suas circunscries;
Realizar estudos e pesquisas com o fim de proporcionar o aumento da segurana na comunidade e maior eficincia dos rgos integrantes da segurana pblica e defesa social, inclusive
mediante convnios ou parcerias com instituies pblicas e
privadas;
Sugerir programas motivacionais, visando maior produtividade dos agentes de segurana pblica e defesa social da rea,
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Manter-se cooperativo com setores da sociedade civil e do Estado, vedada, porm, qualquer vinculao poltico-partidria,
religiosa, doutrinria, ideolgica e econmica com pessoas
fsicas e jurdicas ou com empreendimentos alheios aos objetivos do Conselho;
Promover o esprito de congraamento com os demais Conselhos Comunitrios de Segurana e com os rgos governamentais afins;
Manter o vnculo funcional de parceria com rgo responsvel pelo CONSEG no mbito da Secretaria.
8. Sensibilizao do Pblico
Interno e da Comunidade
preciso educarmo-nos, primeiro a ns mesmos, depois a comunidade
e depois as futuras geraes de policiais e lideranas comunitrias, para
esse trabalho conjunto realizado em prol do bem comum...
Os agentes da segurana pblica e/ou defesa social, precisam inicialmente quebrar paradigmas do papel da polcia na comunidade,
respondendo seguinte questo:
O papel de fora, que tem como funo principal fazer valer as
leis criminais? Ou de servio, que tem funo principal os problemas
sociais?
Ainda que esses dois papis sejam distintos, eles so interdependentes e deriva de um mandato mais fundamental de manuteno
da ordem a resoluo de conflitos atravs de meios que mesclam o
potencial uso da fora e o provimento de servios. Esses meios nem
sempre precisam ser formais.
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A comunidade tem o potencial de cooperar no esforo complementar de preveno, principalmente atuando nas causas
subjacentes aos crimes e desordens locais1.
Sabendo que os cidados, individualmente, e as comunidades j adotam, por conta prpria, estratgias para lidar com os riscos e com a insegurana, por que no racionalizar esses esforos? Se houver disposio
da sociedade (e no apenas das autoridades), a ideia dos Conselhos pode
prosperar, tendo grande relevncia os Conselhos locais.
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Estruturao dos Conselhos Comunitrios
A dissoluo, a reativao e a eleio dos Conselhos Comunitrios de Segurana devero estar previstas no Estatuto. Todavia, dever ser feito um estudo e acompanhamento das causas que levaram a
comunidade a adotar tais medidas.
A coordenao dos Conselhos dever sempre procurar motivar a
comunidade a participar das reunies.
A eleio do Conselho dever ser amplamente divulgada, para
obteno de uma participao efetiva no pleito, e dever obedecer as
normas estabelecidas em cada Estado.
Defendemos que cada Secretaria possua em sua organizao
uma coordenao, responsvel pelo acompanhamento dos Conselhos, e seja o elo entre a comunidade, a segurana e os demais rgos
governamentais.
Segundo Jorge da Silva A mobilizao das comunidades na luta contra a insegurana, destarte, se alguma providncia til, desde que adotada em articulao com o poder pblico e sob a sua coordenao, pois
seria temerrio admitir a atuao autnoma das comunidades, as quais
podero sucumbir tentao de querer substituir o Estado no uso da
fora, acarretando a proliferao dos grupos de extermnio urbano e dos
bandos armados de capangas de campo, como ainda acontece no Brasil
(Segurana Pblica e Polcia, Criminologia Crtica Aplicada, pgina 374).
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10. Dificuldades
Desconfiana da populao;
Campanhas preventivas;
Aes comunitrias;
Distribuio de urnas.
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13.4. Amazonas
Conselho Comunitrio de Segurana da Capital - CONSEG
Conselho Comunitrio de Segurana Pblica da 1 CICOM
Conselho Comunitrio de Segurana Pblica da 2 CICOM
Conselho Comunitrio de Segurana Pblica da 3 CICOM
Conselho Comunitrio de Segurana Pblica da 4 CICOM
Conselho Interativo Comunitrio de Segurana Pblica da Zona
Leste
13.5. Bahia
So 25 em Salvador, 15 na Regio Metropolitana e 74 no interior
do Estado.
13.6. Cear
Atualmente funcionam cerca de 1.060 Conselhos Comunitrios
de Defesa Social (CCDS) no Estado.
13.7. Distrito Federal
Os Conselhos Comunitrios de Segurana foram criados no Distrito Federal por intermdio do Decreto n 24.101, de 25.09.2003, do
Governo do Distrito Federal.
Os CONSEGs/RA abrangem todas as Regies Administrativas do
Distrito Federal, totalizando 29 Conselhos.
H ainda os seguintes Conselhos Comunitrios Especiais de
Segurana:
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Conselho Comunitrio Especial de Segurana dos Transportes Alternativos Conseg Especial Transportes Alternativos.
Maranho
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13.11.
Mato Grosso
Encontram-se atualmente implantados 22 Conselhos Comunitrios de Segurana, os quais recebem a sigla CCS - Conselho Comunitrio de Segurana.
O primeiro Conselho de Segurana criado no Estado foi o Conselho Comunitrio de Segurana da Regio Urbana do Anhanduizinho I - Campo Grande/MS, atravs da resoluo SUJUSP/MS n 275,
de 20 de maio de 2003.
13.12.1.
Legislao atual
13.13.
Minas Gerais
Paraba
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No existem Conselhos Comunitrios de Segurana formalmente constitudos. O que existe so grupos comunitrios que tm buscado, informalmente, discutir os problemas de insegurana nas suas
comunidades.
Na Capital, foi constitudo um Conselho Municipal de Segurana
e de Direitos Humanos. Est sendo organizada a formao do Consrcio Intermunicipal de Segurana e Paz, envolvendo inicialmente
os municpios da regio metropolitana da Capital.
13.15.
Paran
Pernambuco
A Secretaria de Defesa Social - SDS j empossou em todo o Estado 232 Conselhos Comunitrios de Defesa Social, denominados
Conselhos da Paz por circunscrio, dos 217 previstos. S na Regio
Metropolitana j esto trabalhando 44 Conselhos, 18 da Capital.
13.17.
Piau
Teresina, a capital piauiense, est dividida em quatro grandes regies: Norte, Sul, Leste e Oeste.
Os Conselhos Comunitrios so denominados conforme a regio
em que so instalados, por exemplo: Conselho Comunitrio de Segurana Pblica da Zona Norte CONSEG - ZN; Conselho Comunitrio de Segurana Pblica da Zona Sul CONSEG - ZS; Conselho Comunitrio de Segurana Pblica da Zona Sudeste CONSEG
- ZSUD e Conselho Comunitrio de Segurana Pblica da Grande
Regio da Pedra Mole e Adjacncias CONSEG - GRPM, situado
na regio leste.
O primeiro Conselho de Segurana foi criado em 05.04.2004.
Trata-se do CONSEG - ZN.
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Est sendo elaborado o Regulamento de Orientao para Formao e Implementao dos Conselhos Comunitrios de Segurana
Pblica, porm a Lei Complementar n 052, de 23 de agosto de 2005,
que criou a Coordenadoria de Polcia Comunitria e Cidadania do
Estado do Piau, vinculada estrutura da Polcia Militar, no art. 2,
que fala de competncia, diz o seguinte: item III divulgar a filosofia
de polcia comunitria nos rgos de segurana pblica, nas comunidades, nos Conselhos Comunitrios de Segurana CONSEGs, nos
rgos pblicos e organizaes no governamentais - ONGs. J no
item VII promover nas Polcias, nas comunidades, nos CONSEGs
e ONGs o despertar para a necessidade da adoo de aes voltadas
para a reduo e controle da violncia e criminalidade.
13.18.
Rio de Janeiro
13.19.
Rondnia
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13.22.
Roraima
Santa Catarina
Legislao existente:
Resoluo n 001/SSP/01
13.24.
So Paulo
Sergipe
Tocantins
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13.27.
Par
14. Concluso
Muito nos alegra quando verificamos que o sonho de alguns hoje
uma realidade. Temos muito a avanar, mas o caminho irreversvel.
15. Apndices
15.1. Cano dos Conselhos Comunitrios de Segurana
O Conselho nosso
Letra e Msica: LUIZ EDUARDO PESCE DE ARRUDA 1 Tenente PM da PMESP
Arranjo para Banda: GAMALIERI RIBEIRO 1 Sargento Pm da PMESP
Juntos, agora, vamos dar as mos
Com alegria e muita unio
Na busca de solues
Abrimos os coraes
Nossas famlias que vo ganhar
O cidado merece segurana
Para poder trabalhar e crescer
Vamos legar a todas as crianas
Um mundo bom onde possam viver
Povo e Polcia
Uma s direo
Com seriedade e dedicao
Humanizao a cidade
O bairro e o quarteiro
Nosso Conselho nos d voz e ao.
L L L
Humanizando a cidade
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O bairro e o quarteiro
Nosso Conselho nos d e ao.
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de manuteno da ordem pblica, das diversas modalidades da violncia e da criminalidade, explicitam reivindicaes que vo desde as
mais localizadas e pontuais (aumentar a presena policial nos bairros, suprir carncia de equipamentos, recursos materiais, realizao
de palestras educativas, por exemplo), a outras de alcance regional
(estabelecimento de parcerias com prefeituras, instituies de ensino, movimentos sociais para integrar polticas, critrios para uso
do espao das ruas, iluminao, escolas, meio ambiente, diagnstico
social e criminal da regio) e outras ainda de alcance mais geral (alterao da estrutura organizacional e rotina das polcias, diminuio
da impunidade no Esprito Santo, domnio de quadrilha de traficantes nos bairros, articulao da poltica de segurana com polticas de
gerao de emprego e renda).
Por outro lado essas propostas vo de encontro com a cultura das
instituies policiais que tradicionalmente so avessas s formas participativas de acesso ao poder. No entanto, sobre essas bases e prticas decorrentes, os Conselhos Interativos de Segurana Pblica vm
construindo sua identidade poltica e se constituindo em um espao
estratgico de consolidao da prtica do policiamento comunitrio.
Para que a participao proporcionada pelos conselhos possa ter
consequncias mais profundas sobre o processamento das decises
no mbito da poltica de segurana, necessrio garantir tanto condies tcnicas e administrativas paro seu funcionamento quanto
uma participao qualificada dos representantes do movimento de
luta contra a violncia.
As regras de funcionamento devem possibilitar a mais ampla participao de todos os atores. E preciso que existam algumas condies que possibilitem o seu funcionamento de maneira mais autnoma e igualitria de forma a garantir, formal e efetivamente, o acesso
dos membros s informaes produzidas pelo corpo tcnico-poltico
do Estado. Para que os Conselhos Interativos de Segurana Pblica
se constituam em espaos de deciso e democratizao substantivas
e no formais, preciso que os atores sociais coletivos ocupem este
espao de forma mais permanente e ativa, o que implica na capacitao tcnica destes.
Ainda que, a existncia dos Conselhos por si s no seja a garantia de superao do atual padro dominante de policiamento, a
disposio de um certo nmero de seus participantes para encaminhar a discusso da segurana, nas suas diversas dimenses (sociais,
culturais, polticas e econmicas), assim como a luta pela garantia do
direito segurana para todos, tem sido decisivo para que estes con-
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selhos alcanassem um certo nvel de politizao e organizao, certamente com profundas limitaes e equvocos, mas constituindo-se
em um fator de avano.
Nessa perspectiva, a disposio de um nmero expressivo dos
participantes, para reunirem-se em torno das questes que tocam
a violncia, o combate criminalidade os limites e dificuldades da
atuao policial, tem aberto espao para o debate sobre as possibilidades de reconstruo de prticas e de busca de novas alternativas,
no como modelos ou modalidades que se sucedem na histria, mas
indicando tendncias construdas e reconstrudas historicamente,
revelando no campo da segurana pblica, os processos contraditrios que envolvem as relaes Estado/Sociedade.
15.3. Parbolas - O Vestido Azul
Num bairro pobre de uma cidade distante, morava uma garotinha muito bonita.
Ela frequentava a escola local. Sua me no tinha muito cuidado com aquela criana, que, quase sempre, apresentava-se suja. Suas
roupas eram muito velhas e maltratadas.
O professor ficou penalizado com a situao da menina.
Como que uma menina to bonita pode vir para a escola to
malarrumada? pensou.
Separou algum dinheiro do seu salrio e, embora com dificuldade, resolveu comprar-lhe um vestido novo. Ela ficou linda no vestido
azul.
Quando a me viu a filha naquele lindo vestido azul, sentiu que
era lamentvel que sua filha, vestindo aquele traje novo, fosse to
suja para a escola. Por isso, passou a lhe dar banho todos os dias, a
pentear-lhe os cabelos e a cortar-lhe as unhas.
Quando acabou a semana, o pai disse-lhe:
Mulher, voc no acha uma vergonha que nossa filha, sendo to
bonita e bem-arrumada, more em um lugar como este, caindo aos
pedaos? Que tal voc ajeitar a casa? Nas horas vagas, eu vou dar
uma pintura nas paredes, consertar a cerca e plantar um jardim.
Logo mais, a casa se destacava na pequena vila pela beleza das
flores que enchiam o jardim e pelo cuidado com todos os detalhes.
Os vizinhos ficaram envergonhados por morar em barracos feios e
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lha casa, onde iria morar enquanto trabalhasse ali. O jovem, vendo
aquela casa suja e abandonada, resolveu dar-lhe vida nova.
Cuidou da limpeza e, em suas horas vagas, lixou e pintou as paredes com cores alegres e brilhantes, alm de plantar flores no jardim e
nos vasos. Aquela casa limpa e arrumada destacava-se das demais e
chamava a ateno de todos que por ali passavam.
Ele sempre trabalhava alegre e feliz na fazenda, por isso tinha o
apelido de V Alegria. Os outros trabalhadores lhe perguntavam:
Como voc consegue trabalhar feliz e sempre cantando com o
pouco dinheiro que ganhamos?
O jovem olhou para os amigos e disse:
Bem, este trabalho hoje tudo que eu tenho. Ao invs de blasfemar e reclamar, prefiro agradecer por ele. Quando aceitei trabalhar
aqui, sabia das condies. No justo que, agora que estou aqui, fique reclamando. Farei com capricho e amor aquilo que aceitei fazer.
Os outros, que acreditavam ser vtimas das circunstncias, abandonados pelo destino, o olhavam admirados e comentavam entre si:
Como ele pode pensar assim? O entusiasmo do rapaz, em pouco
tempo, chamou a ateno do fazendeiro, que passou a observ-lo
distncia. Um dia o senhor Legnar pensou: algum que cuida com
tanto carinho da casa que emprestei, cuidar com o mesmo capricho
da minha fazenda. Ele o nico aqui que pensa como eu. Estou velho e preciso de algum que me ajude na administrao da fazenda.
Num final de tarde, foi at a casa do rapaz e, aps tomar um caf bem
fresquinho, ofereceu ao jovem o cargo de administrador da fazenda.
O rapaz aceitou prontamente. Seus amigos agricultores novamente foram lhe perguntar:
O que faz algumas pessoas serem bem sucedidas e outras no?
A resposta do jovem veio logo:
Em minhas andanas, meus amigos, aprendi muito, e o principal que no somos vtimas do destino. Existe em ns a capacidade
de realizar e dar vida nova a tudo que nos cerca. E isso depende de
cada um.
15.5. Insista
O homem chegou casa, nervoso e desiludido, clamando
esposa:
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comunidades, inclusive estabelecendo parcerias, visando aos projetos e campanhas educativa de interesse da segurana pblica;
VII - Colaborar com as iniciativas de outros rgos que visem o
bemestar da comunidade, desde que no colidam com o disposto no
presente estatuto;
VIII - Desenvolver e implementar sistemas para coleta, anlise e
utilizao de avaliaes dos servios prestados pelas agncias policiais, bem como reclamaes e sugestes do pblico;
IX - Levar ao conhecimento das agncias policiais locais, na forma definida no presente estatuto, as reivindicaes/anseios e queixas
da comunidade;
X - Propor s autoridades competentes, a adoo de medidas que
tragam melhores condies de trabalho aos Policiais Militares, e integrantes dos demais rgos que prestam servios causa da segurana pblica;
XI - Estimular programas de intercmbio, treinamento e capacitao pro-fissional destinados aos policiais que prestam servio
comunidade na circunscrio de competncia do CONSEP;
XII - Coordenar, fiscalizar e colaborar supletivamente com as
associaes, comisses, entidades religiosas, educacionais e o poder pblico da construo, manuteno e melhoria das instalaes,
equipamentos, armamentos e viaturas policiais;
XIII - Planejar e executar programas, visando maior produtividade dos policiais, reforando-lhes a auto-estima e contribuindo para
diminuir os ndices de criminalidade da regio;
XIV - Estreitar a interao entre as Unidades policiais de Execuo Operacional, com vistas ao saneamento dos problemas comunitrios na circunscrio sob sua responsabilidade;
XV Levantar, eventualmente, por iniciativa prpria e sob a responsabilidade dos integrantes dos CONSEP, recursos para as despesas operacionais do CONSEP e para a aquisio de materiais, equipamentos, construes e melhoramentos das fraes policiais locais;
XVI -Auxiliar as instituies do Sistema de Defesa Social na adoo de medidas prticas e sociais, visando o cumprimento do Estatuto da Criana e do Adolescente, bem como adoo de medidas com
vistas apoiar as atividades relacionadas proteo do meio ambiente
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Artigo 7 -A Assemblia Geral, para que haja uma ampla representatividade da comunidade no CONSEP, ser composta por autoridades locais, representantes de entidades de classe, clubes de servio, associaes diversas, residentes ou domiciliados na circunscrio
de responsabilidade do CONSEP e interessados em colaborar na
soluo dos problemas de segurana pblica da comunidade. 1
- Compem a Assemblia Geral do CONSEP, em princpio, instituies do Municpio de __________________/MG, abaixo relacionadas, cabendo aos detentores de maior cargo hierrquico represent-las quando convocadas:
a. Poder Executivo;
b. Poder Legislativo;
c. Representante do Ministrio Pblico;
d. Conselho Deliberativo do CONSEP;
e. Conselheiros Tcnicos;
f. Representantes de Associaes de Bairros;
g. rgos de Ensino;
h. Representantes das associaes comerciais, esportivas e entidades religiosas da regio atendida pelo CONSEP.
2 - Outras Instituies devidamente organizadas podero compor a Assemblia Geral, mediante requerimento apresentado pelo
representante maior da instituio, pleiteando, desde que aprovado
pelo Conselho Deliberativo;
3 - Em qualquer situao, no ser admitido o voto por
procurao.
Artigo 8 - Compete Assemblia Geral:
I - Eleger, pelo voto secreto, os membros do Conselho Deliberativo e os membros do Conselho Fiscal do CONSEP;
II - Apreciar anualmente:
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Artigo 13 - O Conselho Fiscal ser constitudo de 03 (trs) membros titulares e 03 (trs) membros suplentes, escolhidos pela Assemblia Geral por maioria de votos.
Artigo 14 - O mandato do Conselho Fiscal de 02 ( dois ) anos,
permitida a reeleio de 1/3 de seus membros.
Artigo 15 - Compete ao Conselho Fiscal:
I - Fiscalizar a gesto patrimonial e financeira, as iniciativas que
visem a obteno de recursos e o cumprimento de clusulas de contrato, acordos ou documentos equivalentes que gerem obrigaes s
partes;
II - Examinar livros, documentos e emitir parecer sobre os balancetes mensais;
III - Examinar e emitir parecer sobre as contas e relatrios anuais
da Diretoria, bem como sobre o balano geral;
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Artigo 17 -A Diretoria o rgo Executivo do CONSEP e compe-se do Presidente, Vice- Presidente, Diretor Administrativo (Secretrio) e Diretor Financeiro (Tesoureiro).
1 - O Diretor Administrativo e o Diretor Financeiro so indicados pelo Presidente do CONSEP, dentre os membros do Conselho
Deliberativo, ad referendum deste;
2 - O Presidente poder substituir Diretor (es) durante seu
mandato, caso seja de interesse do CONSEP;
3 -Os integrantes da PMMG no podero exercer cargos na
Diretoria.
Artigo 18 - 0 mandato da Diretoria de 02 (dois) anos, permitida
a reconduo por uma vez.
Pargrafo nico - Findo o mandato para o qual foi indicado para
a Diretoria, reconduzido ou no por uma vez, poder o membro da
Diretoria candidatar-se a outro cargo dos demais rgos da administrao do CONSEP.
Artigo 19 - Compete Diretoria:
I -Administrar o CONSEP com vistas a alcanar seus objetivos;
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Segurana Pblica
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Ministrio da
Justia
Disciplina 8
Estruturao dos Conselhos Comunitrios
VII - Promover abertura de contas bancrias e assinar, conjuntamente com o Diretor Financeiro, documentos que impliquem em
obrigaes para o CONSEP, inclusive cheque e outros atos bancrios;
VIIl - Decidir sobre assuntos urgentes, dando conhecimento a
posteriori aos membros da administrao, inclusive prestando contas de forma fundamentada;
IX - Firmar convnios com a rede bancria, instituies financeiras autorizadas, autarquias e/ou outros rgos de interesse do CONSEP, visando prestao dos servios de cobrana, recebimento,
transferncia, arrecadao de contribuies e outros servios;
X - Propor Diretoria e aos Conselhos Deliberativo e Fiscal, regulamentao para o funcionamento do CONSEP, atravs de Estatuto;
XI - Contratar funcionrios e servidores, pelo Regime CLT, para
assessoria em geral e/ou para auxiliar a Diretoria na administrao
dos bens do CONSEP e demiti-los quando necessrio, desde que
aprovado pelo Conselho Deliberativo;
XII -Autorizar empreendimentos que objetivem obteno de
recursos pblicos ou privados para o cumprimento dos objetivos
estatutrios;
XIII - Dar posse aos novos membros eleitos;
XIV - Propor aos Conselhos Deliberativo e Fiscal a cesso de uso
de materiais e equipamentos ao Estado, em regime de Comodato,
destinados s instituies beneficirias do CONSEP, para uso exclusivo nas atividades de Segurana Pblica do Municpio;
XV - Designar comisses para adoo de medidas que visem o
melhor desempenho das atividades do CONSEP;
XVI - Determinar a suspenso ou excluso dos membros que violarem o estatuto e as leis, aps aprovao dos membros do CONSEP;
XVII - Juntamente com o Diretor Financeiro, autorizar despesas
de at 3 (trs) salrios mnimos vigentes;
XVIII - Promover abertura de conta bancria conjunta, emitir
e endossar cheques, assinar recibos, em conjunto com o Diretor
Financeiro;
XIX - Promover atividades scio-culturais ou qualquer outra
atividade correlata, que tenha como objetivo o bem-estar social das
comunidades;
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Segurana Pblica
361
XX - Organizar um plano de trabalho em que constarem as necessidades de sua rea e, juntamente com os demais membros da Diretoria, em especial, o Diretor Financeiro, criar o cronograma para a
realizao dos eventos;
XXI - Manter-se sempre em contato com as comunidades e procurar relacionar todas as reivindicaes e suas necessidades e lev-las ao conhecimento da Diretoria.
Artigo 22 - O Mandato do Presidente e do Vice-Presidente de
02 (dois) anos, permitida a reconduo por uma vez, sempre coincidindo com os mandatos dos Conselheiros Deliberativos e Fiscais.
l - Findo o mandato para o qual foram eleitos, reconduzidos ou
no por uma vez, podero candidatar-se a outro cargo dos demais
rgos do CONSEP;
2 - O Vice-Presidente substitui o Presidente em suas faltas e
impedimentos.
Artigo 23 - Compete ao Diretor Administrativo (1 Secretrio):
I - Lavrar atas, redigir e expedir correspondncias, inclusive matria para divulgao;
II - Zelar pela guarda de livros e documentos em geral pertinentes ao CONSEP;
III - Executar os servios internos e externos que forem determinados pelo Presidente do CONSEP;
IV -Adotar todas as medidas para a realizao das eleies, inclusive receber e registrar a(s) chapa(s) concorrente(s) a cada cargo do
CONSEP;
V - Administrar e/ou executar todo servio de competncia da
rea administrativa;
VI - Participar do planejamento da entidade, juntamente com os
demais membros da Diretoria.
Pargrafo nico - O Diretor Administrativo substitui o Diretor
Financeiro em suas faltas e impedimentos.
Artigo 24 - Compete ao Diretor Financeiro:
I - Responder pelo controle financeiro e patrimonial do CONSEP;
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Ministrio da
Justia
Disciplina 8
Estruturao dos Conselhos Comunitrios
Artigo 28 - O Conselho Consultivo ser constitudo pelos membros fundadores e por ex-membros do CONSEP. Pargrafo nico -
facultado ao Conselho Consultivo manifestar-se sobre assunto do
CONSEP, por escrito, durante as reunies ordinrias, ou fora destas.
Artigo 29 - Compete ao Conselho Consultivo assessorar os dirigentes do CONSEP, de ofcio ou quando solicitado.
Artigo 30 - O mandato dos membros do Conselho Consultivo
ser por tempo indeterminado, devendo o interessado em no mais
participar do grupo solicitar ao Presidente do CONSEP a retirada de
seu nome da lista de integrantes.
1 - Ser automaticamente excludo do Conselho Consultivo o
membro que mudar sua residncia ou domiclio para outro Municpio ou bairro no abrangido pelo CONSEP;
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Segurana Pblica
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Justia
Disciplina 8
Estruturao dos Conselhos Comunitrios
Artigo 32 - A posse dos novos membros eleitos para a gesto seguinte deve ocorrer em at (quinze) dias aps o dia da eleio. Pargrafo nico - Caso o Presidente do CONSEP no cumpra o prescrito
acima, cabe ao Vice- Presidente adotar as medidas necessrias para a
posse dos novos membros eleitos.
CAPTULO IV
DO PATRIMNIO E RECURSOS DO CONSELHO COMUNITRIO
Artigo 33 - O patrimnio do CONSEP ser constitudo de: I Bens e direitos adquiridos ou incorporados na forma da lei; II - Doaes, legados e heranas que lhe forem destinados. Artigo 34 - Constituem recursos do CONSEP: I - Dotao oramentria, se houver
previso em lei prpria; II - Contribuies, auxlios ou subvenes
da Unio, do Estado ou do
Municpio; III - Donativos ou transferncias de entidades, empresas pblicas e/ou privadas e pessoas fsicas;
IV - Os provenientes de atividades ou campanhas realizadas;
V - Os recibos de qualquer doao sero firmados pelo Presidente, o Vice-Presidente, Diretor Financeiro obrigatoriamente contabilizado, bem como os recursos provenientes de campanhas realizadas
pelo Conselho.
Artigo 35 - Os recursos a que se refere o artigo anterior sero
deposita-dos em conta bancria movimentada exclusivamente por
cheque bancrio nominal ao favorecido, dbito em conta corrente,
firmado conjuntamente pelo Presidente, Diretor Financeiro e Conselho Fiscal.
Pargrafo nico Os recursos financeiros e patrimoniais do Conselho sero utilizados exclusivamente para atendimento s necessidades de segurana pblica da localidade ou municpio, conforme
orientao do Conselho Deliberativo.
Artigo 36 - Os recursos referidos no artigo anterior sero depositados em conta bancria especial, movimentada exclusivamente
por cheque bancrio nominal ao favorecido, firmado conjuntamente
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Segurana Pblica
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Anotaes
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Segurana Pblica
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DISCIPLINA IX
Gesto pela Qualidade na
Segurana Pblica
Organizao e Sistematizao
1. Introduo
H razes convincentes para a polcia acreditar que chegou a hora
de alterar suas polticas e prticas, principalmente adequ-las as prticas j utilizadas na administrao de empresas privadas.
As estratgias de policiamento, ou de prestao de servio, que
funcionaram no passado no esto sendo eficazes atualmente. A
meta pretendida, um aumento na sensao de segurana e bem-estar, no foi alcanada. O nosso cliente (a sociedade e os prprios
cidados) est mais exigente, pois estamos em processo de contnua
transformao.
Tanto o grau quanto a natureza do crime e o carter dinmico das
comunidades fazem com que a polcia busque mtodos mais eficazes, para prestar o seu servio. Muitas comunidades urbanas enfrentam graves problemas como: drogas ilegais (e legais como o cigarro,
o lcool, entre outros), violncia de gangues, assassinatos, roubos e
furtos.
Nesse ambiente em rpida mudana, onde a polcia lida com nveis epidmicos de uso de droga, atividade de gangues e nveis cada
vez mais altos de violncia, o conceito de policiamento comunitrio
tem se firmado, como a alternativa mais eficiente e eficaz.
Os lderes governamentais e comunitrios comeam a reconhecer, cada vez mais, que tambm devem aceitar a responsabilidade de
manter suas comunidades seguras. As comunidades devem tomar
uma posio unificada contra o crime, a violncia e o desrespeito
lei, e devem se comprometer a aumentar a preveno contra o crime
e as atividades de interveno. As organizaes policiais devem auxiliar na construo de comunidades mais fortes e auto-suficientes,
comunidades nas quais o crime e a desordem no podem atingir padres intolerveis.
O policiamento comunitrio, como prtica, a democracia em
ao. Ele requer a participao ativa do governo local, dos lderes cvicos e comerciais, das agncias pblicas e privadas, dos moradores,
igrejas, escolas e hospitais. Todos os que compartilham da preocupao com o bem-estar da vizinhana devem assumir a responsabilidade pela salvaguarda desse bem-estar.
A implementao do policiamento comunitrio pressupe alteraes fundamentais na estrutura e na administrao das organizaes policiais. O policiamento comunitrio difere do tradicional
com relao forma como a comunidade percebida, e com relao
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Disciplina 9
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Disciplina 9
Gesto pela Qualidade na Segurana Pblica
bre a melhor maneira de usar sua instituio para enfrentar os desafios ou para explorar as oportunidades do meio.
Como observa Freitas (2003), gerenciar a rotina garantir meios
para que o nvel operacional atinja resultados de produtividade e
qualidade esperados pelo nvel institucional. Geralmente, as empresas modernas (ou ps-modernas), utilizam o Sistema de Gesto
para atingir metas. Este processo de gerncia envolve os trs nveis
de uma instituio / organizao:
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373
Policiamento estratgico.
Polcia comunitria.
Unidades centralizadas e definidas mais pela funo (valorizao das atividades especializadas), do que geograficamente (definio de um territrio de atuao para cada um dos
policiais).
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Gesto pela Qualidade na Segurana Pblica
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O policiamento estratgico carece de uma alta capacidade investigativa. Para esse fim so incrementadas unidades especializadas de
investigao.
A comunidade vista como meio auxiliar importante para a polcia, mas a iniciativa de agir continua centralizada na polcia, que
quem entende de segurana pblica.
2.3. Policiamento Orientado para o Problema
O policiamento para soluo de problemas tambm chamado
de Policiamento Orientado para o Problema (POP). Seu objetivo
inicial melhorar a antiga estratgia de policiamento profissional,
acrescentando reflexo e preveno.
O POP, como geralmente chamado na literatura internacional,
pressupe que os crimes podem estar sendo causados por problemas
especficos e talvez contnuos na comunidade tais como relacionamento frustrante, ou grupo de desordeiros, ou narcotrfico, entre
outras causas. Conclui que o crime pode ser controlado e mesmo
evitado por aes diferentes das meras prises de determinados delinquentes. A polcia pode, por exemplo, resolver problemas ao, simplesmente restaurar a ordem em um local.
Essa estratgia determina o aumento do leque de opes da polcia ao reagir contra o crime (muito alm da patrulha, investigao
e detenes).
Chamadas repetidas geram uma forma de agir diferenciada. Entre o repertrio de aes preventivas incluem alertar bares quanto
ao excesso de rudo, incentivar os comerciante a cumprir regras de
trnsito, proibio de permanncia de menores em determinados locais, etc.
A comunidade encorajada a lidar com problemas especficos.
Podem, por exemplo, providenciar iluminao em determinados
locais, limpar praas e outros locais, acompanhar velhos e outras
pessoas vulnerveis, etc. De igual modo outras instituies governamentais e no-governamentais podem ser incentivadas a lidar com
situaes que levem a delitos.
Essa estratgia de policiamento implica em mudanas estruturais
da polcia, aumentando a discricionariedade do policial (aumento de
sua capacidade de deciso, iniciativa e de resoluo de problemas).
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Os fins estendem-se para alm do combate ao crime, permitindo a incluso da reduo do medo, da manuteno da ordem e de alguns tipos de servios sociais de emergncia;
Os meios englobam toda a sabedoria acumulada pela resoluo de problemas (mtodo I.A.R.A., ou outro semelhante);
O estilo administrativo muda de concentrado para desconcentrado; de policiais especialistas para generalistas;
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5 Princpio: O nvel de cooperao do pblico para desenvolver a segurana pode contribuir na diminuio proporcional
do uso da fora;
6 Princpio: O uso da fora pela polcia necessrio para manuteno da segurana, devendo agir em obedincia lei, para
a restaurao da ordem, e s us-la quando a persuaso, conselho e advertncia forem insuficientes;
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8 Princpio: A polcia sempre agir com cuidado e jamais demonstrar que se usurpa do poder para fazer justia;
10 Princpio: A Polcia deve esforar-se para manter constantemente com o povo, um relacionamento que d realidade
tradio de que a polcia o povo e o povo a polcia.
1 Alguns autores utilizam a palavra descentralizao, prefiro utilizar desconcentrao, conforme prope MEIRELES (2005), por entender que este processo no cria um novo servio
pblico, mas d mais autonomia para o policial, que est na atividade fim.
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Atualmente, na maioria das instituies policiais, Polcia Comunitria no tem sido tratada de modo separado do Policiamento Orientado para o Problema. Como foi mencionada, a soluo de
problemas tem se constitudo em uma excelente ferramenta, metodologia de trabalho, para a prtica do policiamento comunitrio.
Com a adoo da Polcia Comunitria, a polcia tem sado do
isolamento e entendido que a comunidade deve executar um importante papel na soluo dos problemas de segurana e no combate
ao crime. Como enfatizou Robert Peel em 1829, ao estabelecer os
princpios da polcia moderna, os policiais so pessoas pblicas que
so remunerados para dar ateno integral ao cidado no interesse
do bem estar da comunidade.
A polcia tem percebido que no possvel mais fingir que sozinha consegue dar conta de todos os problemas de segurana. A
comunidade precisa policiar a si mesma e a polcia pode (ou deve)
ajudar e orientar esta tarefa.
3.4. Construir Parcerias e Mobilizar as Lideranas
Comunitrias
Na dcada de 80 nos Estados Unidos cresceu o entendimento de
que os meios formais e informais de controlar o crime e manter a
ordem eram complementares e que a polcia e a comunidade deveriam trabalhar juntas para definir estratgias de preveno do crime,
vrias so as teorias sociolgicas que comprovam esta abordagem,
conforme MOREIRA (2005). Da mesma forma, por acreditar que
o medo do crime favorece o aumento das taxas de crime e a decadncia dos bairros, inmeros programas de reduo do medo foram
desenvolvidos atravs da parceria polcia-comunidade.
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Gesto pela Qualidade na Segurana Pblica
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fato que no existe um programa nico para descrever o policiamento comunitrio, ele tem sido tentado em vrias polcias ao
redor do mundo.
O policiamento comunitrio vai muito alm que simplesmente
implementar policiamento a p, ciclo patrulha ou postos de policiamento comunitrio. Ele redefine o papel do policial na rua de combatente (combate ao crime), para solucionador de problemas e ombudsman do bairro. Obriga uma transformao cultural da polcia,
incluindo descentralizao da estrutura organizacional e mudanas
na seleo, recrutamento, formao, treinamento sistemas de recompensas, promoo e muito mais.
Alm do mais, essa filosofia pede para que os policiais escapem
da lgica do policiamento dirigido para ocorrncias (rdio-atendimento) e busquem uma soluo pr-ativa e criativa para equacionar
o crime e a desordem. Observe como que o diagrama 5W2H pode
ajudar na gerencia do servio policial. Esta metodologia, tambm
conhecida nos pases de lngua portuguesa como 4Q1POC (aps a
traduo), muito utilizada na administrao de empresas para gerenciar um Plano de Ao para elaborar um servio ou produto.
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Gesto pela Qualidade na Segurana Pblica
Caracterstica
Portugus - 4Q1POC
What?
Etapa a cumprir
Who?
Definio de responsvel
When?
Cronograma
How much?
Quanto custar
Investimento
Why?
Por que?
Where?
Onde?
Local fsico
How?
Como?
Descrio de Execuo
Modelo
Polcia Tradicional
Polcia Comunitria
Quem o policial?
Um representante da agncia
governamental responsvel pela
aplicao da lei. Geralmente o
policial annimo e no conhece
a prpria comunidade
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Modelo
Questo
Polcia Tradicional
Polcia Comunitria
Onde realizado?
Como realiza?
6. Mtodo I.A.RA.
Solucionar problemas no policiamento no uma coisa nova. A
diferena que o policiamento orientado para o problema (POP)
apresenta uma nova ferramenta para que se trabalhem as causas do
problema, que geralmente utilizada no policiamento comunitrio.
A soluo de problemas pode ser parte da rotina de trabalho policial e seu emprego regular pode contribuir para a reduo ou soluo
dos crimes.
6.1. Princpios bsicos do POP
O primeiro passo reconhecer que a ocorrncia frequentemente o sintoma de um problema.
No policiamento tradicional (rdio-atendimento) a ao do policial como receitar um analgsico para que est com dengue. Traz
alvio temporrio, mas no resolve o problema, pois o mosquito (vetor) permanece picando as demais pessoas. A soluo provisria e
limitada. Como a polcia no soluciona as causas ocultas que criaram o problema, ele, muito provavelmente, voltar a ocorrer.
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Gesto pela Qualidade na Segurana Pblica
importante ressaltar que existem diversas variaes desta metodologia, detalhando ainda mais cada uma das fases. O mtodo IARA
de simples compreenso para os lderes comunitrios e para os policiais que atuam na atividade fim, e no compromete a eficincia e
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387
eficcia do servio apresentada pelo POP, assim como no contradiz outros mtodos, por isso, neste texto resolvemos adot-la como
referncia.
Identificao - 1 FASE
Como primeiro passo, o policial deve identificar os problemas
em sua rea e procurar por um padro ou ocorrncia persistente e
repetitiva. A questo que pode ser formulada : o que o problema?
Um problema pode ser definido como um grupo de duas ou
mais ocorrncias que so similares em um ou mais aspectos, causando danos e, alm disso, sendo uma preocupao para a polcia e
a comunidade.
As ocorrncias podem ser similares em vrios aspectos, incluindo:
a. Comportamento - este o indicador mais comum e inclui
atividades como: venda de drogas, roubos, furto, pichao e
outros;
b. Localizao - problemas ocorrem em Zonas Quentes de Criminalidade, tais como: centro da cidade, parques onde gangues cometem crimes, complexos residenciais infestados por
assaltantes, etc.;
c. Pessoas - pode incluir criminosos reincidentes ou vtimas;
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Gesto pela Qualidade na Segurana Pblica
d. Tempo - sazonal, dia da semana, hora do dia; exemplos incluem congestionamento de trnsito, proximidade de bares,
atividades de turismo, etc.;
e. Eventos - crimes podem aumentar durante alguns eventos,
como por exemplo, carnaval, shows, etc.
Parece no haver limite para os tipos de problemas que um policial pode enfrentar e existem vrios tipos de problemas em que se
pode utilizar o modelo de soluo de problemas: uma srie de roubos em uma determinada localidade; venda de drogas, alcoolismo
e desordem em local pblico; roubo e furto de carros; vadiagem;
alarmes disparando em reas comerciais; problemas de trfego e
estacionamento; pichao; prostituio de rua; altas taxas de crime;
chamadas repetidas em razo de agresses em determinado ende
reo; entre outros.
Se o incidente com que a polcia est lidando no se encaixa dentro da definio de problema, ento o modelo de soluo de problemas no deve ser aplicado e a questo deve ser tratada da maneira
tradicional.
O objetivo primrio desta etapa (IDENTIFICAO) conduzir
um levantamento preliminar para determinar se o problema realmente existe e se uma anlise adicional necessria.
6.3. Mtodo IARA 1 PASSO
6.3.1. Anlise
6.3.1.1. Corao do Modelo de Soluo de Problemas
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Identificar os danos importante para analisar e preparar respostas para o problema. O problema das torcidas organizadas serve
como exemplo. A pergunta que deve ser feita : POR QUE as torcidas organizadas so um problema?
As respostas a esta questo podem ser encontradas pela focalizao dos danos causados. Nem todos os membros das torcidas organizadas so criminosos ou esto envolvidos em condutas danosas.
O comportamento comum das torcidas organizadas inclui uso de
uniformes, faixas, violncia, briga de gangues, consumo de lcool e
drogas, destruio de nibus, etc.
Estes comportamentos representam dano para a comunidade, difundem o medo e devem ser objeto do esforo da polcia como soluo de problema. Pela identificao do comportamento danoso um
grande e difcil problema pode ser quebrado em problemas menores
e mais fceis de lidar. Isto ajuda a identificar as causas subjacentes
ou condies que tm relao e contribuem para a atividade ilegal
sendo a base da resposta da polcia.
6.3.1.3. Buscando pequenas vitrias
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Disciplina 9
Gesto pela Qualidade na Segurana Pblica
tveis e enraizados que so impossveis de serem eliminados. O conceito de pequenas vitrias nos ajuda a entender a natureza da anlise
e a resolver o problema. Embora uma pequena vitria possa no ser
importante, uma srie de pequenas vitrias pode ter um impacto significativo no todo do problema. Eliminar os danos (venda de drogas,
venda de bebidas, etc.) uma estratgia sensvel e realista para reduzir
o impacto do comportamento das torcidas (quebrar um problemo
em probleminhas).
A ideia de pequenas vitrias tambm uma boa ferramenta quando trabalhada em grupo.
O tringulo para anlise de problema TAP
Geralmente so necessrios trs elementos para que um problema
possa ocorrer:
Um agressor;
Uma vtima;
Um local.
Adicionalmente o tringulo para anlise de problemas ajuda os policiais a analis-los, sugere onde so necessrias mais informaes e
ajuda no controle e na preveno do crime.
O relacionamento entre esses trs elementos pode ser explicado da
seguinte forma: se existe uma vtima e ela no est em um local onde
ocorram crimes, no haver crime; se existe um agressor e ele est em
um local onde os crimes ocorrem, mas no h nada ou ningum para
ser vitimizado, ento no haver crime. Se um agressor e uma vtima
no esto juntos em um local onde ocorrem crimes, no haver crime.
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Parte do trabalho de anlise do crime consiste em descobrir, o mximo possvel, sobre vtimas, agressores e locais onde existem problemas para que haja entendimento sobre o que est provocando o problema e o que deve ser feito respeito disso.
Os trs elementos precisam estar juntos antes que um crime ou
comportamento danoso possa ocorrer: um agressor (algum que est
motivado para praticar o crime); uma vtima (um desejvel e vulnervel alvo deve estar presente); e um local ( a vtima e o agressor precisam estar juntos, ao mesmo tempo, no mesmo local). Se estes trs
elementos esto presentes repetidamente em um padro de incidente
e acontecem de forma recorrente, remover um desses trs elementos
pode impedir o padro e prevenir futuros danos.
Como exemplo vamos aplicar o TAP em um problema de pichao. O local so edifcios comerciais e reas em redor. As vtimas so
os proprietrios e inquilinos dos prdios. Os agressores so as pessoas
que fazem a pichao. A remoo de um ou mais desses elementos
ir remover o problema. As estratgias para isso so limitadas apenas
pela criatividade do policial, validade das pesquisas e habilidade para
formular respostas conjuntas.
Pichao
392
Controladores: pessoas que, agindo sobre potenciais agressores tentam prevenir estas pessoas do cometimento de crimes.
Controladores podem ser pais, vizinhos, adultos, pares, professores, patres, etc. Controladores podem ainda limitar a ao
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Gesto pela Qualidade na Segurana Pblica
A polcia deve, constantemente, procurar por maneiras de promover a efetividade desses trs grupos uma vez que eles podem ter autoridade para lidar com o problema. Em resumo, o TAP permite que policiais dissequem um problema e descubram o que o torna persistente.
6.4. Mtodo IARA 2 PASSO
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Logomarca
Evento:
Local:
Data:
Prxima
reunio:
Objetivo
Ao
Setor
Responsvel
Como
Quando
Onde
Quem
Quanto
Custa?
Finalmente, na etapa de avaliao, os policiais avaliam a efetividade de suas respostas. Um nmero de medidas tem sido tradicionalmente usado pela polcia e comunidade para avaliar o trabalho
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Anotaes
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DISCIPLINA X
Gesto de Projetos
1. Apresentao
Nos ltimos anos, grande tem sido a preocupao de vrios setores da sociedade com relao qualidade dos servios pblicos.
Muitos problemas de eficincia, dinamismo e capacidade de planejamento foram detectados nas organizaes pblicas, pelas mais diversas razes e origens.
E, foi pensando em combater alguns desses problemas, em princpio no mbito da administrao direta do Estado de Minas Gerais,
que a Secretaria de Estado de Recursos Humanos e Administrao
- SERHA, por meio da Superintendncia Central de Modernizao
Administrativa - SUMOR, vem estudando frmulas e mtodos de
aperfeioamento gerencial, com vistas a adaptar esses conhecimentos realidade do servio pblico.
Esses esforos foram ento divididos em quatro frentes de trabalho principais:
Metodologia Gerencial
Metodologia de Custos
Essas metodologias, em conjunto, constituem um modelo de gerenciamento e planejamento, cujo objetivo primordial o de promover a constante melhoria do trabalho nos rgos, centrando o foco
no apoio e acompanhamento do trabalho por meio de ferramentas
cientificamente desenvolvidas e adaptadas realidade do setor pblico. A valorizao da continuidade e o planejamento a mdio e longo prazo tambm esto entre os resultados esperados.
Nos tempos atuais percebe-se que o Cliente/Cidado Organizado
vem se tornando cada vez mais exigente, buscando sempre a qualidade humana e social. Deseja mais que a satisfao, quer ser surpreendido pela oferta de um Produto Social inovador e adequado.
Os projetos na administrao pblica tm o intuito de fornecer
novos Produtos Sociais sociedade ou inovar uma Atividade Permanente com objetivo de aumentar a produtividade do Estado.
A principal deficincia na capacidade de governo tem origem, geral
mente, na pobreza e rigidez do clculo que precede e preside a ao do
governante, ou seja, de seus mtodos de planejamento. (MATUS; 1996).
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Disciplina 10
Gesto de Projetos
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Segurana Pblica
401
Vale ressaltar que esse manual trata do clculo financeiro do projeto de maneira superficial, uma vez que somente se refere a conceitos bsicos de recursos e custo e ao cronograma financeiro. O clculo
do custo detalhado do projeto ser foco de um trabalho posterior
realizado pela SUMOR/APC.
2. Gerncia de Projetos
Gerenciamento de projetos a aplicao de princpios de administrao
para planificar tarefas, organizar pessoal, controlar execuo e reescalonar recursos a fim de obter sucesso em um objetivo maior, o projeto.
(NITEC, 1999)
Na Gerncia de Projetos preciso acompanhar a parte financeira (gastos e recursos utilizados) e a fsica (prazos, administrao do
tempo) de maneira equilibrada para que o projeto atinja sua meta.
A Gerncia de projetos na Administrao Pblica aparece com
o objetivo de melhorar o provimento dos Bens Sociais, buscando o
aumento da produtividade por meio das Atividades Permanentes e a
elaborao de um Bem Social indito, inovador.
2.1. O que um projeto?
Para trabalharmos com Gesto de Projetos e aplicarmos
adequadamente suas tcnicas necessrio saber claramente o que
um projeto.
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Disciplina 10
Gesto de Projetos
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Segurana Pblica
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realizao do projeto.
Geralmente as pessoas atribuem somente os recursos financeiros aos custos do projeto, ou seja o capital adicional que deveria ser
aprovado para a sua execuo. Todos os recursos utilizados no projeto devem ser contabilizadas no clculo do seu custo total.
A competitividade da organizao pblica moderna exige considerar a estratgia do cliente, o seu desejo no revelado. Pensar o produto social pela tica dos benefcios que representaro para o cliente.
Percebe-se nos tempos atuais que o cliente/cidado organizado vem
se tornado cada vez mais exigente, buscando sempre a qualidade humana e social. Deseja mais que a satisfao, quer ser surpreendido
pela oferta de um produto social inovador e adequado.
O projeto na Administrao Pblica se caracteriza como uma demanda de um novo produto social ou da inovao de uma atividade
permanente, originada do governo. Tambm se caracteriza por uma
404
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Gesto de Projetos
o produto do esforo ou investimento despendido para implementar a qualidade humana e a qualidade social.
O Bem Social sempre deve ser entregue ao Cliente e ser avaliado
por esse. A concepo do Produto requer a presena do Estado tanto
no pensar quanto no regulamentar, ou seja, de responsabilidade
pblica sua concepo e regulamentao.
2.1.4. Quem o Cliente Pblico?
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405
As Funes Finalsticas so aquelas que contribuem diretamente para a concepo, produo e suprimento do Produto Social. As
funes meio so as que suprem os insumos para apoiar a realizao
das atividades fim, contribuindo indiretamente para a concepo do
Produto Social.
Todos os Projetos da Administrao Pblica devem objetivar, direta ou
indiretamente, a concepo, produo e suprimento de Produtos Sociais.
Elaborao de um manual de todos os procedimentos de percia mdica (projeto/ incio-meio-fim/ criao de um produto)
406
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2.1.6.3. Tarefas
Um sistema de administrao de projetos compreende um conjunto estruturado de tcnicas, procedimentos, definio de responsabilidade e autoridade, sistema de documentao e outros procedimentos visando padronizar a administrao de projetos dentro de
uma organizao.
No entanto, a existncia de um manual ou de um sistema de gerenciamento de projetos no deve tirar a liberdade do gerente do projeto e de sua
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407
equipe fazerem as adaptaes de acordo com suas necessidades. Os projetos so sempre singulares.
As organizaes que desenvolvem projetos, usualmente, os dividem em
vrias fases visando a um melhor controle gerencial. O conjunto de fases de
um projeto conhecido como ciclo de vida do projeto.
Uma fase normalmente inclui um conjunto de resultados especficos, projetados com o objetivo de estabelecer um controle gerencial
adequado. Cada fase do projeto marcada pela concluso de um ou
mais produtos da fase. Os subprodutos do projeto e tambm as fases,
compem uma sequncia lgica, criada para assegurar uma adequada definio do produto do projeto.
A concluso de cada fase normalmente marcada pela reviso
dos principais subprodutos e pela avaliao do desempenho do projeto, tendo em vista:
408
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Equipe executora: instituio cujos funcionrios esto diretamente envolvidos na execuo do projeto.
Patrocinador: indivduo ou grupo, dentro da organizao executora, que prov os recursos financeiros, em dinheiro ou espcie, para o projeto.
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409
Os processos da Gerncia de Projetos so aqueles que se relacionam com a descrio e a organizao do trabalho do projeto. Os processos da Gerncia de Projetos so aplicveis maioria deles.
Esses processos se diferem dos processos orientados ao produto,
que se relacionam com a especificao e a criao do produto do projeto. Os processos orientados ao produto so definidos pelo ciclo de
vida do projeto e variam de acordo com a rea de aplicao.
Conforme padronizao do PMI (Project Management Institute), os processos da gerncia de projetos se enquadram nos seguintes
grupos:
Processos de Inicializao:
Processo de Planejamento:
Processos de Execuo:
Processos de Controle:
Processos de Encerramento:
410
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411
5. Processo de Inicializao
A primeira fase a gerao da ideia do projeto. Nesse momento
preciso sempre considerar o cliente.
Todo projeto tem sua origem em um problema ou em uma oportunidade. O no aproveitamento de uma oportunidade representa
um problema no s para a organizao, mas tambm para o cliente/
cidado que o maior lesado quando o governo perde a oportunidade de conceber um produto social do qual o cidado o foco.
Desenvolver formalmente o problema significa desenvolver um
conceito para o projeto. Essa etapa deve detalhar a situao atual da
organizao, os fatos geradores do problema ou das oportunidades a
serem aproveitadas.
Problema o obstculo que est entre o local onde se est e o local em
que se gostaria de estar. (VARGAS; 1998)
relatando com exatido o efeito indesejvel de forma a distingui-lo de outros na organizao e estabelecendo
sua relao com o desempenho e com a capacidade dos processos da organizao;
Administrvel:
412
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Para melhor compreenso, submeteremos um exemplo de problema anlise dos critrios citados acima.
Exemplo:
Problema: cerca de 30% das crianas de 0 a 5 anos da regio norte
de Minas apresentam caractersticas de subnutrio.
Administrvel? Provavelmente sim. Pode, entretanto, englobar outros problemas requerendo desdobramento.
A partir da identificao do problema possvel determinar a viabilidade do projeto e comear, de fato, seu planejamento.
6. Processo De Planejamento:
Elaborao de Projetos
Todos os processos de um projeto so igualmente importantes. O
planejamento revestido de uma importncia estratgica: se for mal
feito os outros processos pagaro um alto preo. Quando no se tem
um bom planejamento impossvel iniciar um projeto, assim como
se torna difcil avaliar seu progresso.
Quando se est planejando o projeto, o preparo do Plano de Trabalho vital para seu sucesso.
6.1. Plano de Trabalho
O Plano de Trabalho pode ser considerado o principal documento referente gerncia do projeto propriamente dita. Trata-se de um documento
descritivo que deve ser sucinto nas suas diversas sees, mas no deve deixar margens a interpretaes ambguas.
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413
414
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Ttulo;
Gerente,
Clientes;
Parceiros;
Objetivo;
Meta;
Justificativa;
O ttulo do projeto deve ser escolhido com cuidado, pois deve ser
um nome sucinto e capaz de vender a ideia do projeto. o marketing
do projeto.
6.1.1.2. Gerente
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415
Administrador de interfaces administrar interfaces e articular acordos, buscando solues organizacionais e coletivas;
Administrador de tecnologias envolve tarefas, responsabilidades e decises do gerente dentro do domnio tcnico do
projeto.;
6.1.1.3. Clientes
Cada projeto deve definir seu pblicoalvo para receber seus benefcios. Os clientes do projeto so grupos de pessoas ou entidades
que sero direta ou indiretamente beneficiados pelo alcance dos objetivos do projeto.
O cliente o principal personagem, visto ser a razo do empreen
dimento. Dentre os critrios de sucesso de um projeto, certamente cliente
surpreendido o mais importante.
imprescindvel que o gerente de projeto identifique e compreenda seus clientes e suas respectivas necessidades para conseguir
deix-lo satisfeito. Sendo assim, alm de saber quem o cliente, deve
saber o que o cliente deseja, devendo at mesmo antecipar essas necessidades para surpreende-lo. Para isso, o gerente de projeto deve
estreitar relaes com seus clientes para melhor atend-los.
416
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Organizao Pblica ou privada que mantm uma atuao conjunta na consecuo de projetos comuns, em regime de colaborao
e co-responsabilidade.
6.1.1.5. Objetivo
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417
Gasto correspondente.
6.1.1.7. Justificativa
418
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Essa seo do Plano de Trabalho contm informaes pormenorizadas das partes quantitativas do projeto: fases, datas, recursos
e custos. Aqui, utiliza-se algumas tcnicas tradicionais de gerncia
de projetos como o diagrama de barras, o diagrama PERT, o cronograma fsico financeiro, etc (Essas tcnicas esto no cap. 9 deste
manual).
Nessa seo faz-se um levantamento dos seguintes itens:
Cronograma fsico;
Necessidade de recursos;
Cronograma Financeiro.
Divida a durao total de seu projeto em pelo menos quatro partes e utilize o perodo mais adequado para cada parte (semana, quinzena, ms, trimestre, etc.).
O cronograma o instrumento que permite a visualizao da durao de cada etapa. a distribuio das fases ao longo do tempo.
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419
As normas de acompanhamento de um projeto devem estar contidas no Plano de Trabalho. Essas normas prevem as reunies com
a equipe executora, com o cliente (sempre que possvel), e outras
reunies necessrias.
Para cada tipo de reunio deve ser especificado:
Local e hora;
No caso de reunies com a equipe executora, os participantes devem se preparar para a reunio com as seguintes informaes:
Desvios detectados
Replanejamento do projeto como um todo (geralmente referente aos prazos, caso haja algum atraso atualizao do
grfico de Gantt)
6.1.3.2. Estabelecimento de responsabilidades
420
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A equipe do projeto um fator importante para o sucesso do projeto, conforme ser visto no cap. 7. O treinamento da equipe um
caminho bastante eficaz para o aumento da competncia da equipe,
tornando-a mais apta a executar determinado projeto.
Uma sugesto para se elaborar um Plano de Treinamento :
ou fornecer treinamento.
7. Anlise de Riscos
A origem do Projeto est na deciso de Governo ao conceber um
Produto Social novo ou de implementar a qualidade dos Produtos
Sociais supridos pelo Estado. Desenvolver Projetos fundamentalmente diferente da execuo de atividades permanentes, visto que se
est constantemente enfrentando situaes inusitadas e um futuro
de alguma incerteza.
Os prazos e gastos reais de um projeto podem se desviar tanto do
planejado chegando quase a desafiar o processo lgico e tcnico de
planejamento. Planejar preparar. Quanto mais persistir o ambiente
de incertezas maior a necessidade de preservar os objetivos originais antevistos pelo planejamento do Projeto.
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421
422
Risco proveniente do atraso no prazo de Execuo. considerado risco quando ultrapassa o perodo de Governo.
Risco proveniente do grau de atitude do Gerente. a principal condio para o desenvolvimento do projeto. O Gerente
deve reunir o Conhecimento (saber o que fazer), a Habilidade
(saber como fazer) e a Atitude (querer fazer). Conhecimen-
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Risco proveniente da no disponibilidade de recursos financeiros. sabido que o governo, j h algum tempo, dispe de
recursos financeiros limitados para implementar e manter em
curso seus projetos. No entanto, a falta de recursos do tesouro no deve ser utilizada como obstculo intransponvel. A
criatividade na busca de parceiros e financiadores externos
essencial num contexto no qual o escasso oramento do governo pode tornar-se um empecilho.
Riscos provenientes do grau de autoridade delegada ao Gerente do projeto. Quanto maior autonomia maior ser a capacidade do Gerente de solucionar obstculos e situaes de
incerteza. O Gerente do projeto pode ser comparado a um
cavaleiro que dispe da rdea esquerda representada pelo
cronograma financeiro e da rdea direita representada pelo
cronograma fsico. Mesmo que o cavalo ande em curva, no
poder perder o rumo.
Contramedida
Treinamento equipe
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Resp.
Joo
Data Limite
05/07/01
423
Risco
Baixo
Alto
1
2
3
4
Finalizando o levantamento dos riscos, tenta-se encontrar as contramedidas capazes de neutralizar os efeitos dos riscos levantados.
Contramedidas so as aes que devem ser realizadas com o objetivo
de neutralizar os riscos identificados.
Nome da contramedida
Responsvel
424
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No prazo previsto;
No oramento previsto;
Gerncia competente;
Equipe competente;
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425
Quadro 4Q1POC
426
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Estratgia de Execuo (uso das etapas /fases genricas, quebra das etapas em subprojetos);
Cronograma fsico-financeiro.
9. Ferramentas Gerencias
Existem vrias ferramentas gerenciais criadas com o objetivo de
auxiliar a elaborao e o acompanhamento do projeto, no caso desse
ser nico, e priorizao e avaliao de projetos, quando nos deparamos com muitos projetos.
Vamos descrever as ferramentas mais simples, embora existam vrias outras tambm muito utilizadas em gerenciamento de
projetos.
9.1. Acompanhamento de projetos
Diversas tcnicas foram desenvolvidas com o objetivo de planejar
e controlar projetos de modo que o prazo e custos estimados fossem
obedecidos. Todos essas tcnicas se fundamentam na decomposio
do projeto em atividades e na interligao das atividades segundo a
sequncia de execuo, formando uma malha ou uma rede.
Um projeto, do ponto de vista dos aspectos quantitativos, pode
ser analisado em trs grandes pastes: tempo (prazos), recursos e
custos.
O aspecto quantitativo de um projeto mais controlado a anlise
do tempo. A anlise do tempo se preocupa com a decomposio do
projeto em fases (ou tarefas) e com a interligao delas.
Sero descritos os mtodos: Brainstorming, quadro 4Q1POC,
grfico de Gantt, cronograma fsico e financeiro.
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427
Existem algumas regras bsicas para a realizao do Brainstorming, ou seja para estimulao da criatividade em grupo. So elas:
428
Qualquer ideia vale; ideias, s vezes absurdas, podem estimular novas ideias;
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Quando
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429
QUEM
QUANDO
QUANTO
PORQUE
Jlia
2 a 30 de
maio
Custo
inexistente
Dimensionar
o projeto e
dar incio s
negociaes
Levantamento
de demanda
ONDE
SERHA
COMO
Por
meio de
entrevistas
QUEM
Jlia
QUANDO
1 a 25 de
junho
QUANTO
Custo
inexistente
PORQUE
Tentar reduzir o
custo dos cursos
para a SERHA
ONDE
COMO
FJP e SEE
Negociaes
de mestrado e
especializao
na FJP
Levantar todas as tarefas necessrias para a realizao do projeto com suas respectivas duraes.
Ordenar as atividades, ou seja, estabelecer uma sequncia entre elas, mostrando o que se faz em cada momento.
430
Descrio de fases
Durao/semana
Preparo do local
Fundaes
Esgotos
Instalaes eltricas
Instalaes hidrulicas
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Cod.
Descrio de fases
Durao/semana
Pintura interna
Pintura externa
Limpeza
Para a montagem do grfico de Gantt deve-se construir uma tabela onde as fases do projeto e seus respectivos cdigos devem ser
colocados na posio vertical, na horizontal devem ser colocados a
durao de cada atividade, geralmente em nmero de semanas. Na
frente de cada atividade constri-se uma barra que ter o tamanho
correspondente s semanas de sua durao.
9.1.2. Acompanhamento do projeto com o grfico de Gantt
Por exemplo, continuando o exemplo da construo da casa podemos perceber no grfico abaixo que foram cumpridas conforme o
planejado as atividades de A a F. e no final da 16 semana observa-se
que a tarefa H no teve execuo conforme o planejado, uma vez que
essa ainda no foi iniciada.
A vantagem do grfico de Gantt sua excelente comunicao visual. Por isso to utilizado. Essa tcnica de fcil entendimento, visualizao de atrasos com facilidade e escala de tempo bem definida.
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431
Jan
Nov
Dez
Pintura Interna
5,7
0,3
Pintura Externa
3,8
0,2
Prep. Terreno
Fundaes
Fev
Mar
Abr
Mai
5,8
4,3
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Alvenaria
4,8
5,3
Esgotos
2,8
0,2
Telhado
1,6
Piso
4,3
4,9
8,4
4,5
Inst. Eltrica
0,2
4,6
3,2
Inst. Hidrulica
0,2
4,2
3,6
Marcos
0,2
1,5
6,5
Reboco
0,3
Portas/Janelas
6,6
Limpeza
Total Mensal
8,6
9,8
10,7
10,4
9,1
8,3
8,5
6,6
9,5
1,5
Total
Acumulado
13,6
23,4
34,1
44,5
53,5
62,6
70,9
79,4
86
95,5
97
432
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Esse mtodo consiste em atribuir notas de 1 a 5 para alguns critrios determinados. Esses critrios sero escolhidos considerando,
como o prprio nome indica a gravidade, a urgncia e as tendncias
da organizao.
Utilizaremos alguns dos critrios apontados pela Gesto do Programa de Qualidade no Servio Pblico 2000. So eles:
Atividades finalsticas
15
21
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Total
433
Proj. /
Crit.
Total
12
434
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Entrega do produto;
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435
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O cliente foi consultado antes do projeto para validar a justificar a existncia do mesmo?
Dar ao cliente sempre espao para que ele d sugestes e reclamaes sobre o produto oferecido.
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437
438
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Padronizao
Padronizar (regulamentar) procedimentos e documentos;
Escolher ferramentas;
Escolher os software que sero utilizados pela empresa.
Treinamento
gerentes de projetos;
etc.).
O escritrio deve se envolver com os outros setores da organizao tanto para obter servios como para influenciar no sentido
de agilizar ou resolver conflitos que afetam os projetos (por exemplo) agilizar a compra de determinado material para um projeto
prioritrio).
Garantia da qualidade do projeto
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439
A gerncia a vista praticada para mostrar graficamente a evoluo dos projetos. Os grficos so confeccionados conforme padres
pr-estabelecidos.
Comunicaes
Cada uma das funes abaixo podem ser exercidas por uma ou
mais pessoas, dependendo do porte que o Escritrio do Projeto ter
na organizao.
440
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12.1.2. Coordenador
Esse profissional tem a misso de acompanhar e avaliar a execuo dos projetos, emitir relatrios, criar regulamentos (padronizao), avaliar propostas efetuar a garantia da qualidade dos projetos,
gerncia vista, etc. Deve conhecer a metodologia de gerenciamento
de projetos e os softwares utilizados.
12.1.4. Especialista em software
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441
Falta de padronizao;
Nesse estgio ainda grande a necessidade de suporte ao Gerente de projeto (operar). Ocorre a criao e manuteno da base de
442
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Disciplina 10
Gesto de Projetos
Nesse momento o EP ganha poder dentro da organizao. A Gerncia de Projetos passa a ser percebida como um fator crtico de
sucesso para atingir os objetivos e metas institucionais. S existiro
projetos que colaborem efetivamente para o cumprimento de uma
meta ou estratgia pr-determinada pela direo.
12.2.2.5. Evoluo do PMO
13. Anexos
13.1. Ciclo do PDCA em Gerncia de Projetos
O Ciclo do PDCA um mtodo de gesto desenvolvido por Deming utilizado para controlar os processos, ou seja, assegurar que
eles estejam acontecendo conforme o previsto.
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443
Ciclo PDCA
PLAN
DO
Processos de Execuo
CHECK
Processos de Controle
ACTION
A etapa P requer a definio das metas e determinao dos mtodos para alcan-las. Para isso preciso definir claramente o problema e sua importncia; estabelecimento de metas; estabelecimento
do mtodo para alcanar as metas propostas; elaborar uma Plano de
Trabalho para bloquear as causas do problema.
Nessa etapa realizada a elaborao e a avaliao do Plano de
Trabalho. O Plano deve ser apresentado ao seu chefe imediato para
obteno de sua aprovao e comprometimento. Aps a aprovao
do Plano de Trabalho, algumas partes desse devem ser divulgadas,
para que na etapa seguinte possa dar incio a execuo do projeto.
D Fazer
444
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Gesto de Projetos
A fase C referente verificao dos efeitos, resultados, do trabalho executado. Nessa fase rene-se os dados coletados e confronta-se
os resultados obtidos com a meta planejada.
As aes de verificao do andamento do projeto ocorrem em
reunies tais como:
O plano de Trabalho deve especificar a periodicidade das reunies, local e hora dessas e material a ser levado para as reunies.
Devem ser realizadas reunies peridicas com os lderes da equipe executora e do planejamento para avaliar o que j foi executado. O
Plano de Trabalho deve ser revisto constantemente e, refeito, sempre
que necessrio.
O quadro de riscos e a lista dos fatores crticos de sucesso tambm devem ser revisados com frequncia.
As tarefas j realizadas do projeto podem ser analisadas facilmente. Cada colaborador deve levar para as reunies um relatrio contendo os itens:
A Ao
A ao corretiva o atuar corretivamente e insistentemente fazendo o ciclo PDCAgirar, de modo que desvios das metas propostas
no voltem a ocorrer. A etapa A se preocupa em assegurar o atingimento das metas propostas.
Ao longo do projeto pode-se perceber a necessidade de alteraes no planejamento do restante do projeto. Nesse caso so
realizadas as aes corretivas que daro incio ao ciclo PDCA
novamente.
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445
Agir sobre as causas do no-atingimento da meta, caso o plano no tenha sido efetivo.
446
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Disciplina 10
Gesto de Projetos
1. Preliminares
Conhea o produto ou servio a ser desenvolvido atravs do EDP
Conhea o ambiente do produto ou servio a ser desenvolvido, composto de executor,
cliente, fornecedores, vizinhos
2. Resumo do Projeto
Defina o escopo do projeto (o que ser e o que no ser feito)
Levante benefcios importantes e vantagens
Defina a meta do projeto (objetivo gerencial, data de incio, data de trmino e custo
total)
Defina metas intermedirias do projeto
Estabelea os critrios de aceitao de atingimentos de metas
Monte a estratgia de execuo do projeto
Defina as faixas de incerteza aceitveis (tempo, custo, qualidade intrnseca, etc.)
4. Riscos e contramedidas
P
Identifique os riscos
Qualifique o tamanho do risco (nulo, baixo, mdio ou alto)
Estabelea as contramedidas para os itens de risco mdio ou alto
5. Normas
Defina as normas de acompanhamento de execuo do projeto
Defina as normas de controle das modificaes
6. Plano de treinamento
Faa uma tabela das fases do projeto X tecnologia a sere empregada
Faa uma tabela de tecnologia X conhecimento da equipe acerca do projeto
Faa uma tabela de necessidade de treinamento para cada membro da equipe
Faa o plano de treinamento com incluso de datas
Secretaria Nacional de
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447
1. Efetue o treinamento
2. Execute o Projeto
Verificao (CHECK)
Com os lderes da equipe executora
Com a equipe de planejamento / controle
4. Reveja periodicamente
O quadro de risco e suas contramedidas
A lista de fatores crticos de sucesso
AO (Action)
A
448
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Disciplina 10
Gesto de Projetos
Prazo:11 meses.
Data de incio previsto: 12/12/2000 e data de trmino previsto:
01/ 11/2001
Custo: no sero necessrios recursos adicionais
13.2.1.3. Justificativa
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449
informaes sobre frequncia, pois elas estaro armazenadas no SISAP, independentemente da forma de apurao.
Para as reas de recursos humanos, esclarecer quanto aplicabilidade das diversas formas de apurao de frequncia, orientando-as
quanto sua utilizao em relao ao SISAP.
13.2.1.4. 7. Escopo do Projeto:
Fases
Responsvel
Alexandre
Carlos
Alexandre
Carlos
Proposta de decreto
Alexandre
Elaborao de manual
Joo
Divulgao da proposta
Joo
Fase 2:
450
Ministrio da
Justia
Disciplina 10
Gesto de Projetos
Fases
Responsvel
Data
Durao
Alexandre
7/12/00 a
15/12/00
Carlos
15/12/00 a 1/3/01
2 meses e 2
semanas
Alexandre
1/3/01 a 1/5/01
2 meses
Carlos
1/5/01 a 15/7/01
2 meses e 2
semana
Proposta de decreto
Alexandre
15/7/01 a 30/8/01
1 ms e 2
semanas
Elaborao manual
Joo
1/9/01 a 30/10/01
2 meses
Divulgao da proposta
Joo
1/11/01 a 7/12/01
1 ms e 1
semana
1 semana
Necessidade de recursos:
Recursos Humanos
Utilizao
Gerente de Projeto
parcial
parcial
Recursos materiais
Computador, folhas, tintas, impressora
Recursos financeiros
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451
do projeto. Nessas reunies deve ser discutido o andamento do projeto e estabelecidas metas semanais.
Horrio: 14:30
13.2.6. Anlise de Riscos e contramedidas
Quadro de Riscos
Classificao do Risco
Riscos
Baixo
Comprometimento da equipe de
trabalho
Comentrios
Alto
x
x
Plano de Ao de Contramedidas
Fonte de Risco
Contramedida
Comprometimento da equipe
Alexandre
Alexandre
1/1/2001
452
Existncia
Sim
Gerncia competente
Equipe competente
Estratgia gerencial
x
x
Ministrio da
Justia
No
Disciplina 10
Gesto de Projetos
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453
DISCIPLINA XI
Teoria e Prtica do Ensino:
Formao de Multiplicadores
do Curso Nacional de Polcia
Comunitria
[...] Se na verdade no estou no mundo para simplesmente a ele me
adaptar, mas para transform-lo; se no possvel mud-lo sem um
certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda a possibilidade que
tenha para no apenas falar de minha utopia, mas para participar de
prticas com ela coerentes.
Paulo Freire
1. Introduo
A disciplina Teoria e Prtica do Ensino proporciona uma reflexo conceitual e prtica aos discentes para a funo de professor de
Polcia Comunitria1 nos rgos policiais no Brasil. Os contedos da
disciplina integram aspectos conceituais, procedimentais e atitudinais, enfocando o processo ensino-aprendizagem em um contexto
que privilegie a construo do conhecimento, a partir das dimenses: saber pensar, saber ser, saber fazer. A corrente educacional
segue uma linha de aprendizagem significativa, pois os alunos so
profissionais adultos com vasta experincia no ofcio policial, sendo uma das principais tarefas dos educadores conduzi-los a agir de
forma crtico-reflexiva para construo do seu prprio processo de
aprendizagem, proporcionar espao para um debate sobre a formao ideolgica da polcia ao longo do tempo, e, sobretudo, estigar e
desafiar o aluno a intervir efetivamente junto com a comunidade,
pois quem sabe pensar, entretanto, no faz por fazer, mas sabe por
que e como faz (Demo, 2005).
Por outro lado, no processo formativo cada grupo dispe de uma
ideologia que convm ao papel que deve preencher na sociedade.
Segundo Althusser (1985) a ideologia s pode operar a partir de um
sistema de pensamento, disseminando uma cultura atravs da escola,
famlia e outras instituies. Nesta linha, algumas escolas de formao policial, como instituies totais3, ainda persistem em operar
enfatizando o instrucionismo ou adestramento, visando a sujeio
do aluno a ideologia institucional, um exemplo de sujeio, mais
como fato do que crtica, so os juramentos que os alunos policiais
militares declaram ao final do curso, se sujeitando as autoridades
e se comprometendo a defender a sociedade com risco da prpria
vida. Para Goffman (2005) as instituies totais2 so estufas para
mudar pessoas atravs o mundo do internato, onde o novato chega
com uma concepo de si mesmo que se tornou possvel por algumas disposies sociais estveis no seu mundo domstico, [...] o seu
eu sistematicamente, mortificado. [...] Restam poucas indicaes
que revelam o status social com o mundo externo (Goffman, 2005).
1 uma filosofia e estratgia organizacional que proporciona uma nova parceria entre a
populao e a polcia. Baseia-se na premissa de que tanto a polcia quanto a comunidade
devem trabalhar juntas para identificar, priorizar e resolver problemas contemporneos tais
como o crime, drogas, medo do crime, desordens fsicas e morais, e em geral a decadncia
do bairro, com o objetivo de melhorar a qualidade da vida na rea. (TRAJANOWICZE e BUCQUEROUX, 1994)
2 Uma instituio total pode ser definida como um local de residncia e trabalho onde um
grande nmero de indivduos com situao semelhante, separados da sociedade mais ampla por considervel perodo de tempo, levam uma vida fechada e formalmente administrada. (GOFFMAN, 2005)
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Os pressupostos indicam que aprendizagem e ensino so processos interdependentes que devem se potencializar mutuamente, para
que ocorra uma prtica efetiva de ensino e uma aprendizagem significativa por parte do profissional em formao (SENASP, 2000).
Em 2003 a Base Curricular foi transformada na Matriz Curricular Nacional em Segurana Pblica. Em 2006 a SENASP apresenta a
Matriz Curricular em Movimento - Diretrizes Pedaggicas e Malha
Curricular, um guia didtico m
etodolgico com ideias e sugestes de
estratgias e aes, com base nos princpios e fundamentos da Matriz
Curricular Nacional, para subsidiar gestores, tcnicos ou professores
que atuam nos Centros de Ensino de Formao dos Profissionais de
Segurana Pblica.
Em relao a Matriz em Movimento de 2006, as disciplinas tam
bm agregaram contedos conceituais, procedimentais e atitudinais,
visando garantir unidade de pensamento dos profissionais da rea
de segurana pblica. Com base no Cdigo Brasileiro de Ocupaes,
na esfera policial foram formuladas, por grupo de trabalho especfico, um quadro de competncias profissionais ao desempenho da
atividade policial. Competncia entendida como a capacidade de
mobilizar saberes para agir nas diferentes situaes da prtica profissional, em que as reflexes antes, durante e aps a ao estimulem
a autonomia intelectual [...] (SENASP, 2006). As competncias se
subdividem em Cognitivas, Atitudinais e Operativas, vejamos:
Competncias Cognitivas: So competncias que requerem o desenvolvimento do pensamento por meio da investigao e da organizao do conhecimento. Habilita o indivduo a pensar de forma
crtica e criativa, posicionar-se, comunicar-se e estar consciente de
suas aes.
Competncias Atitudinais: So competncias que visam estimular a percepo da realidade, por meio do conhecimento e do
desenvolvimento das potencialidades individuais: conscientizao
de sua pessoa e da interao com o grupo. Capacidade de conviver
em diferentes ambientes: familiar, profissional e social.
Competncias Operativas: So as competncias que prevem a
aplicao do conhecimento terico em prtica responsvel, refletida
e consciente. (SENASP, 2006)
O documento ainda destaca que as competncias possuem uma
relao estreita com os eixos tico, legal e tcnico presentes na formao policial propostos por Ricardo Balestreri (1998) e com os
Quatro Pilares da Educao (UNESCO), conforme demonstra o
quadro a seguir:
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Eixos da formao
policial
Quatro pilares
da Educao
Conjuntos de
Competncias
Legal
Aprender a pensar
Cognitivas - Conhecimento
Conceituais
Tcnico
Aprender a atuar
Operativas - Habilidades
Procedimentais
tico
Aprender a Ser
Atitudinais - Atitudes
Atitudinais
Contedos
Na verso 2006, o estudo aborda o contedo polcia comunitria no contexto da disciplina Fundamentos de Gesto Integrada e
Comunitria, com estratgias de ensino apontando para exposies
dialogadas; estudos de casos; simulaes de reunies participativas;
exerccios prticos sobre metodologia orientada por problemas; uso
de filmes e vdeos; pesquisa de campo e visitas tcnicas em locais
que executam gesto integrada e comunitria. O tipo de avaliao
sugerida contnua e processual durante os encontros com a participao ativas dos alunos em sala, trabalho realizado aps pesquisa de
campo, e prova escrita.
Dentre os objetivos globais apontados na Matriz para o profissional da rea de segurana pblica, no campo da gesto integrada e
comunitria, constam:
Fortalecer atitudes para atuar de forma colaborativa e cooperativa no planejamento de aes integradas e comunitrias.
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Assimilao o indivduo age sobre o mundo (objetos e pessoas) incorporando-os em si mesmo, ou seja, em seus esquemas de ao, em suas estruturas mentais;
Organizao: Articula esses processos com as estruturas existentes e reorganiza todo o conjunto. (SENASP, 2001)
De acordo com as orientaes pedaggicas estabelecidas pela SENASP em 2001, a aprendizagem se caracteriza por um processo de
assimilao de conhecimentos, aes fsicas e mentais, conduzidas
pelo processo de ensino que cria condies para que a partir da ao
do sujeito, ocorra a aprendizagem (mudana de comportamento).
A construo do conhecimento enfoca as seguintes dimenses:
Saber (Pensar)
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Ao inverso da aprendizagem significativa, na aprendizagem mecnica as novas informaes so aprendidas sem interagirem com
conceitos relevantes ao aprendiz, assim a pessoa memoriza frmulas,
leis e expresses para provas, e geralmente esquece com o tempo.
Para que ocorra aprendizagem significativa preciso que o aluno
esteja disposto a aprender e, o que vai ser aprendido tenha significado potencial e lgico na experincia que cada indivduo tem, cada
um faz o filtro do material que tem significado ou no para si prprio. O papel do professor na aprendizagem significativa deve ser o
de determinar a estrutura conceitual e proposicional na matria de
ensino, ou seja, facilitar a passagem conceitual dos contedos para
que o aluno internalize de maneira significativa, associando ao que
j conhece.
Marcondes (2000) cita o filsofo Scrates em um texto denominado Mnon -A reminiscncia (lembrana), conta que a virtude
no pode ser ensinada, consistindo em algo que trazemos j conosco desde o nascimento, que pertence a nossa natureza, uma forma
de conhecimento inato que se encontra obscurecido ou esquecido.
Cabe a filosofia fazer recordar esse conhecimento, indagar, prestar
assistncia para descoberta, sem que ningum o ensine e somente
por meio de perguntas que lhe faam, ele compreender, recuperando o conhecimento dentro de si mesmo. Cada um tem dentro de si
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opinies verdadeiras que precisam apenas ser despertadas pelo questionamento para se tornarem conhecimentos.
Para Antunes (2007) a corrente educacional apoiada no princpio
de que o conhecimento que conquistamos no algo que venha de
fora, passado de uma pessoa a outra pessoa ou adquirido atravs da
leitura, mas sim estimulado a partir de experincias quando das mesmas participamos ativamente, buscando conhecer, pesquisar, experimentar, refletir.A ideia do construtivismo rejeita a apresentao de
conhecimentos prontos, no aceita que um aluno possa efetivamente
aprender quando apenas ouve o que o professor transmite. Conforme o autor, a concepo contrustivista da aprendizagem sugere:
O conhecimento escolar no constitui propriedade do professor que, em suas aulas, ministra-o a seus alunos que, ouvindo,
apreendem-no.
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A vigilncia hierrquica cria observatrios como nos acampamentos militares, desenhando uma rede de olhares que se
controlam uns aos outros.A vigilncia torna-se um operador
decisivo, na medida em que ao mesmo tempo uma pea interna no aparelho de produo e uma engrenagem especfica
do poder disciplinar: fiscais permanentemente fiscalizados.
A sano normalizadora funciona como um mecanismo penal onde se qualificam e reprimem desvios de comportamento
atravs de mecanismos de macro e micro penalidades, de pequenas humilhaes a castigos fsicos. A normalizao ocorre
atravs da comparao, diferenciao, hierarquizao, homogeneizao e excluso. Aparece o poder da norma: o normal se
estabelece como princpio de coero. O poder de regulamentao obriga a homogeneidade, permite individualizar desvios
e prev o ajustamento.
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Em sntese, as contribuies tericas de Bourdieu e Foucault alertam sobre o poder do ensino instrucionista como ferramenta de reproduo, ao propiciar aos indivduos um corpo comum de categorias de pensamento e aes que compartilham de um certo esprito,
moldados segundo o mesmo modelo, subsidiados por mecanismos
de controle e disciplina para adestrar e uniformizar as massas.
2.3. Novas atitudes dos educadores
Conforme Demo (2005) apesar de todos os avanos tericos e
metodolgicos no campo da aprendizagem, ainda prevalecem propostas instrucionistas, cabendo ao professor ensinar, dar aula, e ao
aluno escutar, tomar nota e fazer prova. Uma barreira a ser superada
a dicotomia entre professor e aluno, pois em termos de aprendizagem, ambos esto exatamente na mesma situao. O que diferencia o fato do professor ser mais experimentado, enquanto o aluno
est comeando sua jornada. O instrucionismo nega este horizonte, cria uma hierarquia deformada, condena o aluno a um processo
de domesticao subalterna. A melhor maneira de aprender no
escutando aula, mas pesquisando e elaborando com mo prpria,
construindo sua autonomia intelectual, sob orientao do professor.
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Libneo (2007), destaca alguns pontos que sinalizam um posicionamento sobre as novas atitudes dos educadores diante das realida
des do mundo contemporneo:
Assumir o ensino como mediao: aprendizagem ativa do aluno com uma ajuda pedaggica do professor;
Modificar a ideia que as disciplinas do currculo so justapostas ou isoladas entre si: buscar uma viso interdisciplinar do
resultado de vrias especialidades;
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Aprender a viver com os outros: este domnio da aprendizagem consiste num dos maiores desafios para os educadores
pois atua no campo das atitudes e valores. Cai neste campo o
combate ao conflito, ao preconceito, s rivalidades milenares
ou dirias. Participao em projetos comuns que surge como
veculo preferencial na diluio de atritos e na descoberta de
pontos comuns entre povos, pois, se analisarmos a Histria
Humana, constataremos que o Homem tende a temer o desconhecido e a aceitar o semelhante.
Aprender a ser: este tipo de aprendizagem depende diretamente das outras trs. Considera-se que a Educao deve ter
como finalidade o desenvolvimento total do indivduo esprito e corpo, sensibilidade, sentido esttico, responsabilidade
pessoal, espiritualidade. semelhana do aprender a viver
com os outros, fala-se aqui da educao de valores e atitudes,
mas j no direcionados para a vida em sociedade em particular, mas concretamente para o desenvolvimento individual.
Pretende-se formar indivduos autnomos, intelectualmente
ativos e independentes, capazes de estabelecer relaes interpessoais, de comunicarem e evolurem permanentemente, de
intervirem de forma consciente e pro ativa na sociedade.
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4. Planejamento do Ensino
Conforme Gil (2007) o planejamento deve ser tratado com seriedade e iniciado com antecedncia, visando o desenvolvimento de
aes racionais. O plano deve conter um diagnstico, onde os alunos
so sondados sobre o que conhecem do assunto a ser ministrado,
e qual o real interesse e necessidade do conhecimento. O planejamento envolve formulao de objetivos, determinao de contedos,
estratgias, sistema de avaliao. O documento que consolida o planejamento conhecido por Plano de Disciplina, este constitui um
marco de referncia para o alcane dos objetivos da disciplina. No
existe um nico modelo de plano de disciplina, porm o autor apresenta um roteiro, com uma maneira simples e funcional:
1. IDENTIFICAO DO PLANO: dados gerais de identificao
1.1. Data
1.2. Nome da instituio
1.3. Curso
1.4. Disciplina
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Expresso corporal: considerar que o corpo tambm fala, cuidados com os movimentos bruscos de braos e mos abaixo
da cintura e acima dos ombros, contrao do rosto, expresso
do olhar, qualquer gesto expressa uma mensagem que pode
ser coerete ou no com a mensagem emitida pala voz. Evitar
cruzar braos, ficar de costas, mo no bolso, mos na cintura
ou atrs da cabea, coar, esfregar o nariz ou os olhos, arrumar
cabelo, andar de um lado para o outro. No existem regras
fixas na posio dos braos e mos, na dvida o bom senso e
bom humor.A expresso corporal tambm revela o nvel de
interesse do aluno, quando interessado o rosto e corpo expres
sam ateno, o desiteresse pode ser percebido atravs de bocejos, suspiros, olhar fixo no teto, movimentos constantes, conversas , fechar de pastas e bolsas.
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Vdeos: utilizados somente para auxiliar o programa de ensino. Durao de mxima entre 20 a 30 minutos. Complementadas com comunicao oral do professor e seguida de discusso com os alunos.
Projetor Multimdia: atualmente um dos recursos mais apreciados pelos professores. Permite utilizar projeo de imagens
de computadores, filmadoras, videocassetes, DVDs. Fcil locomoo. Permite interatividade ao usar o computador. No
uso de Powerpoint, somente utiliz-lo como guia, tpicos.
Evitar projees escurecidas na sala por mais de 15 minutos.
Elaborar transparncias simples, com no mximo cinco palavras por linha e cinco linhas por transparncia. Utilizar cores
escuras para o fundo e claras para as palavras. Pausas para o
descanso visual dos alunos. Possuir sempre um meio alternativo no caso de falhas no funcionamento do aparelho.
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Fruns de discusso on-line: teis para estimular a continuidade dos debates e conceitos em sala de aula. Requer alguns
cuidados como a definio clara dos objetivos, estabelecimento de instrues de uso, regras de comportamento, fechamento de cada discusso.
Ansiedade e stress;
Injustias;
Privilegia a memorizao;
Incentivam a fraude.
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Por homogeneidade;
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Por heterogeneidade;
Por ordem de chamada ou de localizao. Exemplos: os 7 primeiros formam o grupo A, os 7 seguintes o grupo B e assim
sucessivamente;
Consiste em dividir os participantes em dois grupos, atribuindo ao primeiro, chamado de viv6encia ou verbalizao, a funo de
discutir um tema ou dramatizar uma situao e ao segundo chamado de observao, anlise da dinmica de trabalho do primeiro. Ao
final trocam-se os papis.
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Essas sesses podem ser conduzidas como exerccios intensivos para gerar ideias ou procurar solues que sejam tanto tericas
quanto prticas. Elas requerem que um problema seja analisado e
ideias ou solues desenvolvidas. O brainstorming encoraja e requer
um alto grau de participao e estimula aqueles envolvidos com o
mximo de criatividade. Aps a apresentao do problema, todas as
ideias surgidas so escritas no quadro-negro ou no flip-chart. Todas
as respostas so registradas, nenhuma explicao exigida e nenhuma interveno julgada ou rejeitada nesse estgio. O apresentador
ento categoriza e analisa as respostas - em cujo estgio algumas
so combinadas, adaptadas ou rejeitadas. Finalmente, o grupo faz
recomendaes e toma decises sobre o problema. O processo de
aprendizagem ou de sensibilizao ocorre como um resultado da
discusso do grupo sobre cada sugesto. Brainwriting (variao do
brainstorming) surge com a constatao de se produzir ideias novas
e de pensar enquanto os outros esto falando. O brainwriting permite que cada participante, individualmente, escreva todas as ideias
antes de serem compartilhadas com o grupo maior.
4.6.2.2. Pergunta Circular
No incio, o nome dinmica de grupo aplicava-se com exclusividade tcnica desenvolvida por Kurt Lewin. Atualmente, dinmica
de grupo a expresso que nomeia genericamente o processo de mobilizao social de quem lanam mo todos os mtodos ou tcnicas
da chamada didtica ativa. Portanto qualquer jogo de treinamento
que provoque ou envolva o contexto grupal praticado aproveitando
a dinmica do grupo.
4.6.3.2. Dramatizao
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A tcnica de estudo de casos surgiu em 1910 na Escola de Administrao de Harvard. Talvez pela simplicidade definida na ao de tomar
um caso (descrio minuciosa de uma situao real) como exemplo,
estudar suas nuanas e implicaes, elaborando um plano de ao para,
por meio dele, chegar a soluo eficaz. Os estudos de casos requerem
que os participantes exercitem suas habilidades profissionais quando
respondem a eles e apliquem os conceitos aprendidos. O cenrio para
um estudo pode ser apresentado aos participantes para considerao
em sua totalidade (estudo de caso anlise) ou alimentado por eles
sequencialmente como uma situao em desenvolvimento (estudo de
caso problema) para a qual eles tm que responder. As etapas de trabalho na tcnica de estudo de caso no seguem uma sequncia rgida,
mas dependem do contexto de ensino - aprendizagem em que a mesma ser utilizada.
4.6.3.4. Jogos (Games)
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Tambm denominado jogo com papis ou do desempenho de papis, por meio dos quais encena-se uma situao passada ou futura,
objetivando, pela vivncia, aprender sobre erros cometidos ou sobre a
sua preveno. Etapas:
Direo e Execuo: Realizao de cortes didticos (paralisaes momentneas para conferir ou acentuar percepes emergentes, colher sentimentos etc.);
Fechamento - Fazer amarrao conclusiva enunciando a resoluo ou aconselhando para uma redefinio postural.
fundamentando teoricamente.
experimenta
rem, envolvendo feedback por parte do
facilitador.
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Anotaes
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11. DISCIPLINA XI
Esse texto foi extrado de obra dos autores, mais extensa, em processo de publicao, bem
como traz fragmentos das aulas, palestras e apostilas de Mediao e Demais Meios de Resoluo Pacfica de Conflitos - autoria de Clia Regina Zapparolli, Reginandrea Gomes Vicente,
Llian Godau dos Anjos Pereira Biasoto, Glucia Vidal e Renato Soares da Silva Ao Segurana Cidad (2006 e 2007) e ao Curso Nacional de Multiplicadores da Polcia Comunitria
(2006) - Realizao da Secretaria Nacional de Segurana Pblica em parceria com o PNUD-ONU e ao Curso de Mediao Tcnico-Comunitria ao Programa Justia Comunitria do Tribunal de Justia do Distrito Federal e Regies em parceria com o PNUD-ONU (Outubro-2006).
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