Papel Das Funções Cognitivas
Papel Das Funções Cognitivas
Papel Das Funções Cognitivas
Conativas e Executivas na
Aprendizagem:
uma abordagem
neuropsicopedaggica
Vitor da Fonseca
Professor Catedrtico Agregado
UNIVERSIDADE DE LISBOA
Consultor Psicoeducacional do CORPE
________________________________________________________________________________
1. Introduo
Observando o crebro em situao de aprendizagem a
neuroimagiologia confirma a ocorrncia de macro e micro transformaes
neuronais, quer no surgimento e fortalecimento de sinapses, quer na criao
de circuitos, redes e sistemas neurofuncionais, assim como, no acrscimo de
eficcia na velocidade de transmisso e preciso conexiva. Em qualquer
processo de aprendizagem, portanto, inmeros neurnios interagem
sistemicamente e cobem-se dinamicamente.
Saber como o crebro evoluiu, evolui e funciona determinante para o
sucesso no s na aprendizagem como no ensino, o chamado processo
ensino-aprendizagem, que consubstancia a caracterstica nica da espcie
humana de transmitir a cultura intergeracionalmente, ou seja, entre seres
maturos e experientes e seres imaturos e inexperientes (Vygostky, 1978, 1979a,
1979b; Tomasello, 1999; Brodova e Leong, 2007).
Apesar da capacidade de aprendizagem ser inerente a vrias espcies,
principalmente, as aves e os mamferos e, particularmente os primatas, a
espcie humana a nica que ensina de forma intencional e sistemtica.
Conhecer, portanto, quais so os fundamentos neuropsicopedaggicos
da aprendizagem , quanto a ns, crucial para aperfeioar o ensino. dentro
deste paradigma central da educao que iremos abordar o papel das funes
cognitivas, conativas e executivas na aprendizagem.
A neuropsicopedagogia revela-nos as habilidades do crebro quer dos
alunos quer dos professores. Nos alunos, quando se comportam de forma
socialmente positiva, e quando aprendem a usar os instrumentos cognitivos
(linguagem corporal, artstica, falada, escrita e quantitativa) da cultura em que
esto inseridos. Nos professores, quando transmitem, mediatizam e
ensinam competncias e conhecimentos, uma vez que est implcita no acto
educativo uma
interaco entre dois sujeitos, isto , uma
intersubjectividade ((Bradshaw, 1997; (Buss, 1999; Winston, 2004; Willis,
2010).
Traduzir os dados de investigao das neurocincias para a educao,
com o objectivo principal de melhorar a aprendizagem dos alunos e o ensino
dos professores um dos grandes desafios do sculo XXI, por essa razo,
pensamos que a neuropsicopedagogia (neurocincia educacional) no
pode continuar a ser negligenciada das Cincias de Educao (Sousa, 2010;
Fisher e Heikkinen, 2010).
Em sntese, a neuropsicopedagogia procura reunir e integrar os
estudos do desenvolvimento, das estruturas, das funes e das disfunes do
crebro, ao mesmo tempo que estuda, os processos psicocognitivos
responsveis pela aprendizagem e os processos psicopedaggicos responsveis
pelo ensino.
A neuropsicopedagogia pode ter um impacto positivo no
desenvolvimento profissional dos professores e no sucesso intra e interpessoal
dos alunos, motivo principal pelo qual escrevemos este texto. Como novo
paradigma transdisciplinar, ela abre caminho noo dos estilos de ensino e
de estilos aprendizagem, e na base das suas investigaes, rompe com os
mistrios de como o crebro humano processa informao e aprende.
De acordo com as suas formulaes conceptuais, o ensino j no mais
concebido como uma instruo, mas como uma transmisso cultural que
combina a cincia com a arte, para criar ecossistemas de aprendizagem mais
produtivos e onde todas as crianas aprendam, tendo em considerao a sua
neurodiversidade.
Para ensinar com eficcia necessrio olhar para as conexes entre a
cincia e a pedagogia ensinar sem ter conscincia como o crebro funciona
como fabricar um carro sem motor. No se v o motor, mas sem ele o carro
no anda.
O crebro, como rgo da Civilizao, logo da cognio e da
aprendizagem, contm cerca de 100 bilies de neurnios (Calvin, 1998, 2004;
Kandel, Schwartz e Jessel, 2000). Cada neurnio ou clula nervosa
composta: de dendritos, prolongamentos pequenos que recebem
informaes proximais; de corpo celular ou soma que contm o ncleo
com o seu cdigo gentico e mitocndrias que produzem energia; e de
axnios, prolongamentos maiores que emitem informaes distais. Cada
uma dessas clulas nervosas pode ainda comportar 1.000 a 10.000 conexes
com outros neurnios, tal a incomensurabilidade da sua comunicao
qumica e elctrica por via das sinapses (Kolb e Whishaw, 1985; Ward, 2006).
Sem essa impressionante comunicao, a evoluo e a educao da nossa
espcie no seriam possveis.
No seu todo, o rgo mais organizado do organismo e do universo,
possui cerca 1.200 1.350 centmetros cbicos de volume, pesa cerca de 1.450
gramas, ou seja, cerca de 2% do peso do corpo, mas consome mais de 20 % da
2
Funes
Funes
Cona tiva s Executiva s
Funes
Cognitiva s
A interactividade e a inseparabilidade dinmica da cognio, da conao e
da execuo permitem a emergncia e a sustentao do processo da
aprendizagem humana...
EST M U LO
sensor ial
input
I N TEGRAO
SEN SORI AL
M EM RI A
CU RTO-T.
M EM RI A
TRABALH O
RESPOSTA
m otor a
output
M EM RI A
LON GO-T.
I nter no
episdica
Per da de
I nfor m ao
por
deter ior ao
Per da por
I neficcia
de
contr olo
sem ntica
10
componente
valor
componente
expectativa
componente
afectiva
metas
objectivos
interesse
utilidade
subjectiva
auto-eficcia
xito/inxito
controlo
ansiedade
vontade
auto-conceito
auto-estima
sent competncia
esforo
persistncia
11
como me sinto
na tar efa...
13
17
a planificao e
a antecipao (priorizao, ordenao
hierarquizao e predico de tarefas visando atingir fins, objectivos
e resultados...);
a metacognio (auto-organizao,
monitorizao, reviso e superviso...);
18
sistematizao,
auto-
deciso
execuo
per cepo
m etacognio
m em r ia de
tr abalho
flexibilizao
planificao
ateno
ideao
contr olo
vf/10
19
20
21
interhemisfricas e integrativas
24
Damsio, A. (1979). The Frontal Lobes. In K. Heilman & E. Valenstein (eds.). Clinical
Neuropsychology. Oxford: University Press.
Damsio, A. (1995). O Erro de Dscartes: emoo, razo e crebro humano. Lisboa: EuropaAmrica.
Damsio, A. (1999). The Feeling of What Happens: body and emotion in the making of
Consciousness. New York: Harcourte Brace & Co..
Damsio, A. (2003). Looking for Spinoza: joy, sorrow and the feeling brain. London: William
Heinemann.
Das, J. P.; Kar, B. &
Parrila, R. (1996). Cognitive Planning. New Delhi: Sage Pubs.
Denckla, M. (2007). Executive Function: binding together the definitiions of attention deficit
hyperactivity disordes and learning disabilities. In In Lynn Meltzer,
Editor. Executive Function in Education: from theory to practice. New
York: Guilford Press.
Fischer, K. &
Heikkinen, K. (2010). The Future of Education Neuroscience. In David A. Sousa
Editor. Mind, Brain & Education. Bloomington: Solution Tree
Press.
Fishbein, H.D. (1976). Evolution, Development and Children's Learning. Pacific Palisades:
Goodyear Publis. Co.
Fonseca,V. da (2000). Dificuldades de Aprendizagem No Verbais. In Revista Incluso, 1.
Fonseca,V. da (2001). Cognio e Aprendizagem. Lisboa: ncora.
Fonseca,V. da (2009a). Psicomotricidade: filognese, ontognese e retrognese. Rio de
Janeiro: Wak.
Fonseca,V. da (2009b). Psicomotricidade e Neuropsicologia: abordagem evolucionista: Rio
de Janeiro: Wak.
Fonseca,V.da (2010). Manual de Observao Psicomotora: significao psiconeurolgica
dos factores psicomotores (3 edio).Lisboa: ncora.
Fonseca,V. da (2014a). Dificuldades de Aprendizagem: abordagem neuropsicopedaggica e
(5 edio). Lisboa:ncora.
Fonseca,V.da (2014b). Aprender a Aprender (3 edio).Lisboa: ncora.
Gardenfors, P. (2007). How Homo Became Sapiens: on the evolution of thinking. N. York:
Oxford. Univ. Press.
Goldberg, E. (2001). The Executive Brain: unifying cognition. New York: Oxford University
Press.
Hale, J. &
Fiorello, C. (2004). Scholl Neuropsychology. New York: Guilford Press.
Jeannerod, M. (2000). Le Cerveau Intime. Paris: Odile Jacob.
Kandel, E., Schwartz &
Jessell, T. (2000). Principles of Neural Science. (4 th. Ed.). N. York: McGraw-Hill.
Kaufman, S. B. (2013) Ungiffted: intelligence redefined. New York: Basic Books.
Kolb, B. &
Whishaw, I. (1985). Introduction to Human Neuropsychology. N. York:Freeman.
Luria, A. R. (1966a). Human Brain and Psychological Process. London: Harper & Row.
Luria, A. R. (1966b). Higher Cortical Functions in Man. N. York: Basic Books.
Luria, A. R. (1973). The Working Brain. London: Peguin.
Lussier, F. &
Flessas , J. (2001), Neuropsychologie de LEnfant: troubles dveloppementaux et de
lapprentissage, Paris: Dunod.
Maslow, A. (1954). Motivation and personality. New York: Harper & Row.
25
26
27