1247-Livro Documentos
1247-Livro Documentos
1247-Livro Documentos
Geraldo Alckmin
Geraldo Alckmin
SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO
ECONMICO, CINCIA, TECNOLOGIA E
INOVAO
Alexandre de Moraes
Mrcio Frana
SUPERINTENdNCIA DA POLCIA
TCNICO-CIENTFICA DE SO PAULO
Ivan Dieb Miziara
INSTITUTO DE CRIMINALSTICA DE
SO PAULO
Zehbour Panossian
DIRETORIA DE PESSOAS E SISTEMAS
DOCUMENTOSCOPIA
o papel como suporte de documentos
So Paulo
2015
Autores
Instituto de Pesquisas Tecnolgicas
do Estado de So Paulo
Maria Luiza Otero DAlmeida
Mariza Eiko Tsukuda Koga
Instituto de Criminalstica
Silvana Manzi Granja
diagramao
IPT (Vinicius Franulovic e Mariana de Toledo Marchesi)
capa
IPT (Joo Pedro Donnangelo Cordeiro)
Bibliografia.
ISBN 978-85-09-00180-3
1. Documentoscopia : Criminalstica
I. Koga, Mariza Eiko Tsukuda. II. Granja, Silvana Manzi. III.
Ttulo. IV. Srie.
15-01901
CDU-343.98
343.98
Apresentao
Este livro traz informaes gerais sobre o papel como suporte para documentos,
assim como sobre elementos de segurana incorporados a ele e em sua impresso.
Ressalta o enfoque analtico na Documentoscopia relacionada ao papel e importncia de normas tcnicas na harmonizao da linguagem. Apresenta casos
com o objetivo de mostrar tcnicas analticas e aspectos considerados relevantes,
como o da determinao da idade do papel.
Este livro no tem como finalidade demonstrar o processo de anlise pericial em
si e no pretende ser exaustivo em relao matria de que trata, mesmo porque se assim fosse adentraria em informaes que devem permanecer restrita
ao ambiente pericial. Por outro lado, permite perceber a extenso do universo da
Documentoscopia, sendo um incio de um percurso rumo a uma especializao,
principalmente para peritos que se iniciam nessa rea.
Os autores
Sumrio
1.
introduo
p.9
2.
p.13
3.
Elementos de segurana
incorporados ao papel
4.
5.
6.
7.
8.
p.31
p.39
p.47
O laboratrio de documentoscopia
p.51
casos
p.53
Referncias
p.55
9.
A
Anexos
p.59
p.59
Carteira Nacional de
Habilitao
Numerao tipogrfica
fluorescente
Cheque
Dimenses, gramatura, pH,
cor e branqueador ptico
p.69
Carteira de Identidade
Troca de foto
Cpia de comprovante
de saque bancrio
Assinatura decalcada
p.87
p.79
E
G
I
Selo de cartrio
Alterao
p.91
Cheque
Anlise de assinatura
p.101
Carta
datilografada
Idade do papel
p.117
p.95
Contrato e cadastro
Anlise de assinaturas
em cpia
p.109
Livro
Impresso digital
p.125
1.
Introduo
Referncia 2
Documentoscopia a parte da criminalstica que estuda os documentos
para verificar se so autnticos e, em caso contrrio, determinar a sua
autoria.
[MENDES, L. Documentoscopia. So Paulo : Sagra Luzzatto, 1999. p.9].
Referncia 3
A Documentoscopia a rea da Criminalstica que estuda e analisa os
documentos com o objetivo de verificar sua autenticidade e/ou determinar sua autoria. [LIMA, N.P.; MORAIS, M.J. Documentoscopia. In: VELHO, J.A.; GEISER,
G.C.; ESPINDULA, A. (Eds). Cincias Forenses: uma introduo s principais reas da criminalstica moderna. Campinas : Millennium, 2012. p.333].
finalidade do documento;
custos/benefcios.
11
2.
13
Europa
Amrica2
Local
Data
Espanha
1131
Itlia
1276
Frana
1348
Alemanha
1390
Sucia
1411
Polnia
1491
Inglaterra
1494
ustria
1498
1499
Hungria
1546
Rssia
1576
Holanda
1586
Esccia
1591
Dinamarca
1635
Noruega
1690
Mxico
1574
Estados Unidos
1690
Canad
1803
1820
2.1
Tipos de Papel
15
2.2
Fabricao de Papel
O papel feito a partir de uma disperso de fibras celulsicas sendo que nessa
disperso tambm esto presentes materiais no fibrosos, com o objetivo de
conferir ao produto final as caractersticas desejadas.
Na Figura 2, apresentado um esquema do processo de fabricao de papel.
Nesta figura, possvel visualizar duas sequncias:
polpao
matria-prima
pasta
celulsica no
branqueada
branqueamento
pasta
celulsica
branqueada
preparao
da massa
papel
revestido
revestimento
papel no
revestido
formao
de folha
massa para
fazer papel
16
2.2.1
17
Vegetal
Comprimento Largura da
da fibra (mm) fibra (m)
Espessura da
parede (m)
Eucalipto
0,70 - 1,40
11,0 - 24,8
2,00 - 8,00
Pinus elliottii
1,55 - 4,68
21,5 - 42,8
2,80 - 19,6
Araucria
2,00 - 5,37
23,0 - 41,2
3,25 - 18,5
Bambu
1,16 - 6,16
7,5 - 29,2
2,75 - 13,2
Sisal
1,15 - 4,15
11,2 - 30,0
2,25 - 8,38
11,3 - 45,6
1,43 - 15,6
Algodo
16,0 - 22,0
12,0 - 33,0
Bagao
Bambu
Figura 3 - Aspectos de fibras celulsicas de gramneas (Fonte: acervo IPT).
18
Eucalipto
Pinus
Figura 4 - Aspectos de fibras de madeira (Fonte: acervo IPT).
19
Nome em
portugus
Nome em
ingls
Accia spp.
accia
acacia
Acer saccharinum
bordo
silver maple
Acer rubrum
bordo
red maple
Acer saccharum
bordo
sugar maple
Alnus spp.
alno
red alder
Btula spp.
btula
birch
Carya spp.
Madeira
de folhosas
hickory
Eucalyptus glbulus
eucalipto
blue gum
Eucalyptus saligna
eucalipto
Eucalyptus grandis
eucalipto
rose gum
Coriymbia citriodora
eucalipto
Eucalyptus deglupta
eucalipto
mindanao gum
Fagus grandifolia
faia
beech
Fraxinus spp.
freixo
ash
Gmelina arborea
gmelina
gmelina
Liquidambarstyraciflua
liquidambar
Liriodendron tulipifera
lrio
Nyssa spp.
lrio
Populus spp.
choupo, lamo
poplar, aspen,
cottonwood
Quercus spp.
carvalho
oak
Salix spp.
salgueiro
willow
Tilia americana
tlia
basswood
Ulmus spp.
olmo
elm
continua
20
Nome
cientfico
Madeira
de conferas
Nome em
portugus
Nome em
ingls
Abies alba
abeto
silver fir
Abies amabilis
abeto
Abies concolor
abeto
white fir
Araucaria angustifolia
araucria
Larix laricina
lrix
tamarack
Picea engelmannii
pcea
engelmann spruce
Picea glauca
pcea
white spruce
Picea mariana
pcea
black spruce
Picea rubens
pcea
red spruce
Picea sitchensis
pcea
sitka spruce
Pinus banksiana
pinus
jack pine
Pinus elliottii
pinus
slash pine
Pinus monticola
pinus
Pinus palustris
pinus
longeleaf pine
Pinus resinosa
pinus
red pine
Pinus rigida
pinus
pitch pine
Pinus serotina
pinus
pond pine
Pinus strobus
pinus
Pinus sylvestris
pinus
scots pine
Pinus taeda
pinus
loblolly
Tsuga heterophylla
cicuta
Hemlock
21
A liberao das fibras celulsicas da madeira pode se dar por processo mecnico
ou qumico, porm ambos originam o que se denomina pasta celulsica no
branqueada, mas tendo caractersticas bem diferentes. Ao processo de liberao
das fibras se d o nome de polpao.
No processo mecnico, ocorre a moagem de troncos em pedra m na presena
de gua ou a moagem de cavacos em discos refinadores, tambm na presena
de gua. A pasta procedente desse processo denominada pasta celulsica de
alto rendimento, pois nele o rendimento fica entre 95 % e 98 % (Assumpo et
al., 1988, p.169).
No processo qumico, cavacos de madeira so misturados com substncias
qumicas e cozidos a uma temperatura de aproximadamente 170 C em reatores
pressurizados chamados digestores. O rendimento desse processo baixo, de
40 % a 50 % (Assumpo et al., 1988, p.169). O processo qumico mais comum
o que usa uma soluo de hidrxido de sdio e sulfeto de sdio. Ele conhecido
como processo Kraft (por produzir pastas celulsicas que originam papel com
boa resistncia) ou como processo sulfato, sendo que esta ltima denominao
pode levar erroneamente ao entendimento que o agente ativo de cozimento
seja o sulfato.
Os processos mecnico e qumico podem ser combinados. Neste caso, o rendimento situa-se em faixas intermedirias das indicadas para cada um deles.
A pasta celulsica no branqueada pode ser submetida a um processo de branqueamento que consiste em um ou em uma sequncia de tratamentos qumicos,
que tem como objetivo melhorar propriedades da pasta, como alvura e pureza.
No branqueamento de pastas celulsicas procedentes de processos de polpao qumicos, so removidos principalmente derivados de lignina ainda remanescentes na pasta. Os derivados de lignina atribuem cor pasta celulsica e
consistem na principal impureza presente (Sixta et al., 2006, p.609).
No branqueamento de pastas celulsicas procedentes de processos de polpao
de alto rendimento, o objetivo no a remoo de materiais, mas apenas o de
melhorar o aspecto das pastas celulsicas. Deste modo, so usados agentes que
modificam quimicamente as substncias coloridas tornando-as mais claras (Sss,
2006, p.1123; Lindholm, 1999, p.313).
22
[a]
[b]
Figura 5 - Imagens de pastas celulsicas de eucalipto procedentes de
processo qumico de polpao: [a] no branqueada; [b] branqueada.
23
2.2.2
Fabricao de papel
para imprimir e escrever
24
Uma vez preparada a massa para fazer o papel, esta pode ser usada em dois
sistemas para formao da folha: de mesa plana e de forma redonda.
No sistema de mesa plana, a massa lanada sobre uma tela formadora, cuja
ao filtrante combinada com um sistema de vcuo, extrai a maior parte da gua
contida nessa massa formando a folha de papel. A mquina de papel com esse
sistema conhecida, tambm, pelo nome de Fourdrinier, devido aos irmos
Fourdrinier terem adquirido em 1807 todos os direitos de patente da mquina
(Silva & Kuan, 1988, p.659).
No sistema de forma redonda, concebida por volta de 1800 (Keim, 1966, p.127),
um cilindro oco, tambm denominado tambor, revestido com uma tela colocado dentro de um tanque, de modo a ter submerso por volta de de seu dimetro. No tanque, flui continuamente a massa para fazer papel e por meio de um
movimento de rotao do cilindro forma em sua superfcie a folha de papel.
H vrios tipos de forma, como as de fluxo direto ou paralelo onde o fluxo de
massa tem o mesmo sentido de rotao do cilindro e as de contrafluxo onde a
massa para papel flui em sentido oposto ao de rotao do cilindro. Ainda, h
tambm o formador que usa vcuo no interior do cilindro. Os formadores de
forma redonda so aplicados principalmente na confeco de papis especiais,
como os para cdula bancria (Silva & Kuan, 1988, p.693).
Tanto no sistema de mesa plana como no de forma redonda, a folha formada
prensada entre rolos para remover mais gua e, aps, entra em contato com
cilindros aquecidos, nos quais, por evaporao, extrada a gua restante.
No final, tem-se a folha de papel. Deve ser ressaltado que variaes podem ser
efetuadas nos sistemas de formao de folhas visando fins especficos.
No processo de formao de papel, fibras celulsicas, fragmentos de fibras, aditivos qumicos e eventualmente cargas minerais depositam-se de modo aleatrio
na tela formadora resultando numa distribuio no uniforme de partculas.
A Figura 7 apresenta imagem da superfcie de um papel ofsete, obtida em microscpio eletrnico.
25
Fibra celulsica
Carga mineral
(carbonato de clcio)
Figura 7 - Papel ofsete tendo como carga carbonato de clcio,
aumento de 1000 vezes (acervo IPT).
26
aumento de 200x
aumento de 500x
Propriedade
Papel ofsete
de 70g/m2
4,44
1,99
ndice de anisotropia
2,2
Classificao
Principal
Especial
Adicional
Pigmento
Composio qumica
Caulim
Al2O3.2SiO2.2H2O
Carbonato de
clcio natural
CaCO3.MgCO3
Talco
MgO.4SiO2H2O
Sulfato de clcio
(gesso)
CaSO4H2O
Carbonato de
clcio precipitado
Ca.CO3
Caulim calcinado
Al2O3.2SiO2
Dixido de titnio
(na forma anatase
ou de rutilo)
TiO2
Plstico
Alumina trihidratada
Al(OH)3
Superfcie do papel
29
3.
ELEMENTOS DE SEGURANA
INCORPORADOS AO PAPEL
31
Norma
definio
Confetes
(planchettes,
planchetes)
Elemento
Fibras de
segurana
(security fibres,
fibras de
seguridad)
continua
32
Norma
definio
Substncias
que tornam o
papel reativo
ao de agentes fsicos
Substncias
que tornam o
papel reativo
ao de agentes qumicos
Elemento
Nota:
Os nomes entre parnteses referem-se nomenclatura em ingls e em espanhol, respectivamente.
33
marca dgua multitonal - imagens normalmente complexas constitudas de nuanas de tons dgrad de claro a escuro;
O sistema de formao de folhas de forma redonda permite a colocao de figuras na superfcie telada do cilindro o que torna possvel obter marcas complexas
em dgrad com boa definio e com efeitos tridimensionais, impossveis de se
obter pelos outros sistemas de mesa plana mencionados. Esse tipo de marca
usado principalmente em papel-moeda, selos e outros papis fiducirios e
apresenta caractersticas particulares, quando examinada com luz translcida e
refletida a 45. As marcas obtidas no sistema de forma redonda no marcam a
superfcie da folha, so ricas em contrastes e nuances, no apresentam orientao preferencial das fibras e apresentam baixo-relevo superficial.
No sistema de mesa plana, a marca pode ser efetuada:
34
tela
formadora
pr-secagem
secagem final
prensas
calandragem
caixa de
entrada
a
a - seo de formao
b - seo de prensagem
c - seo de secagem
d - seo de acabamento
e - seo de enroladeira
Em cada um dos modos indicados para obter marcas claras e/ou escuras podem
haver particularidades que permitem efeitos especiais, que, normalmente, conferem maior segurana a um documento.
Na Figura 11, so apresentadas imagens de marcas no papel obtidas pelos processos de forma redonda e de mesa plana, neste ltimo caso na seo de formao e na seo de prensas.
Marcas podem ser conseguidas no papel acabado, j seco, que simulam as efetuadas durante seu processo de produo. Elas podem ser feitas mecanicamente
por calandragem (outras denominaes usuais so gofragem e embossing) ou
35
por impresso com tintas que simulam as marcas ou que so invisveis a olho nu,
mas que mudam o ndice de refrao da folha de papel dando a impresso de
transparncia, estas so denominadas marcas dgua qumicas. Normalmente,
fcil diferenciar estes tipos de marcao daqueles efetuados durante o processo
de fabricao do papel.
[a]
[b]
[c]
Figura 11 - Marcas dgua: (a) obtida pelo processo de forma redonda; (b)
obtida pelo processo de mesa plana na seo de formao; (c) obtida pelo
processo de mesa plana na seo de prensas.
36
A ausncia de certas substncias, ou a presena de fibras no usuais em certos tipos de papel, pode caracterizar-se como elementos de segurana. Por exemplo:
os papis para imprimir e escrever fabricados no Brasil so confeccionados com fibras celulsicas procedentes de folhosas (fibras curtas)
e, eventualmente, a introduo nestes papis de pequenas porcentagens de outras fibras celulsicas, como de madeira de conferas
(fibras longas) ou de algodo, poderia constituir-se em um elemento de segurana.
Com branqueador ptico
[a]
[b]
Figura 12 - Papis com e sem branqueador ptico (a) sob luz do dia;
(b) sob luz ultravioleta.
37
4.
ELEMENTOS DE
SEGURANA NA IMPRESSO
39
40
[a]
[b]
[c]
41
[a]
[b]
Figura 15 - Tinta invisvel sob luz ultravioleta: (a) sem incidncia de luz UV;
(b) com incidncia de luz UV.
[a]
[b]
43
[a]
[b]
[c]
45
5.
ENFOQUE ANALTICO NA
DOCUMENTOSCOPIA
O papel um suporte complexo e pode ser manufaturado por processos variados, empregando fibras celulsicas extradas de vegetais distintos. Pode conter
cargas e aditivos, sendo grande a possibilidade de escolha destes. Alm disso,
pode-se incorporar ao papel elementos de segurana (ver item 3). Juntam-se a
isto as inmeras possibilidades de elementos de impresso (ver item 4), fazendo
com que provar a autenticidade de documentos seja uma tarefa complexa.
Os peritos em documentoscopia verificam a autenticidade de documentos por
meio de processos analticos, o que requer conhecimento dos materiais e dos
processos utilizados na manufatura dos documentos. Deste modo, imprescindvel o intercmbio entre peritos e profissionais das reas tcnicas, tanto no
mbito industrial como no de pesquisa.
As possibilidades de tecnologias, sempre com inovaes, e a quantidade de
informaes existentes ressaltam a importncia da sistematizao na forma de
trabalho dos peritos em documentoscopia. Esta necessidade fica evidente quando se considera documentos de segurana e documentos comuns.
47
Para os documentos que no so de segurana, a busca para a comprovao da autenticidade envolve todos os elementos presentes, ou seja: o
papel, a impresso e a escrita. O importante no caso definir, a priori, o
roteiro da anlise de autenticidade e as tcnicas que so necessrias para
a realizao da percia.
48
a verificao de recortes, ou seja, cortes no suporte do documento efetuados com auxlio de tesoura, estiletes e/ou instrumentos
similares;
a anlise da expedio. Quando necessrio, o perito pode estender as anlises para assegurar a legitimidade da expedio de um
documento de segurana (Carteira de Identidade, Carteira Nacional
de Habilitao, Certificado de Registro e Licenciamento de Veculo,
etc.), no sentido de verificar se a expedio foi realizada pelo
rgo Expedidor, responsvel para cada tipo de documento, analisando as impresses fac-similares de carimbos, as chancelas mecnicas, as impresses eletrnicas/mecanogrficas dos dados variveis, as assinaturas dos responsveis pela expedio, entre outros.
pesquisa de selos;
presena de alteraes; e
prioridade de lanamentos.
49
6.
O LABORATRIO DE
DOCUMENTOSCOPIA
7.
CASOS
Nos Anexos A a J, so apresentados enfoques e tcnicas analticas com o objetivo de exemplificar e complementar os assuntos tratados neste livro.
Deste modo, estes anexos, embora tratem de peas de exame, no tm a pretenso de apresentar roteiros de anlise a serem seguidos, mas apenas chamar a
ateno para certos aspectos de procedimento e tcnicas analticas.
A seguir, esto relacionados os assuntos tratados em cada anexo.
Anexo A: Cdula de 100 reais - Composio fibrosa, marca dgua e
impresso alto-relevo.
Anexo B: Cheque - Dimenses, gramatura, pH, cor e branqueador ptico.
Anexo C: Carteira Nacional de Habilitao - Numerao
tipogrfica fluorescente.
Anexo D: Carteira de Identidade - Troca de foto.
Anexo E: Selo de cartrio - Alterao.
Anexo F: Cpia de comprovante de saque bancrio - Assinatura
decalcada.
Anexo G: Cheque - Anlise de assinatura.
Anexo H: Contrato e cadastro - Anlise de assinaturas em cpia.
Anexo I: Carta datilografada - Idade do papel.
Anexo J: Livro - Impresso digital.
53
8.
referncias
57
Anexo A
CDULA DE 100 REAIS
composio fibrosa, marca dgua
e impresso alto-relevo
59
A2. OBJETIVO
Comparar a composio fibrosa, a marca dgua e a impresso alto-relevo (calcografia) da cdula questionada em relao a uma cdula padro.
A3. METODOLOGIA
Consulta sobre cdula padro
No site do Banco Central do Brasil, constam descritos os elementos de segurana
presentes na cdula de cem reais, inclusive com imagens. Disponvel em <http://
www.bcb.gov.br/novasnotas/nota-100-reais.html>. Acesso em: 21 nov. 2014.
60
Tcnicas analticas
Na verificao de autenticidade, normalmente se efetua uma anlise comparativa da pea em exame com o padro disponvel, considerando todos os elementos de segurana contidos no padro.
Neste caso, os elementos de segurana considerados foram a marca dgua e a
impresso em alto-relevo (calcografia). Embora a composio fibrosa no esteja
na lista dos elementos de segurana, tambm foi considerada, porque geralmente nas cdulas no autnticas ela igual a de papel comum de mercado,
ou seja, de fibras celulsicas de madeira. As cdulas brasileiras de dinheiro possuem fibras celulsicas de algodo.
Na Tabela A1, constam os mtodos empregados para a anlise dos elementos
considerados.
As cdulas de cem reais apresentam como marca dgua a figura da garoupa,
em tons que variam do claro para o escuro.
As figuras da Repblica e da garoupa, as legendas REPBLICA FEDERATIVA
DO BRASIL e BANCO CENTRAL DO BRASIL, os nmeros indicativos do valor da
cdula (100), nas laterais da frente da nota, na marca ttil, na efgie da Repblica
(frente) e na garoupa (verso) possuem alto-relevo. Este tipo de impresso em
alto-relevo denominado impresso calcogrfica. A denominao talho doce
tambm usada, porm cada vez menos.
A calcografia um processo utilizado em documentos de segurana em geral,
como cdulas, carteiras de identidade, passaportes e selos. Por ser um processo
que envolve muitos detalhes e tambm tinta especial, remete a uma impresso
cuja falsificao se torna difcil. Alm disso, a impresso obtida por meio dessa
tcnica facilmente identificada.
61
Mtodo empregado
Composio fibrosa
Marca dagua
Impresso em
alto-relevo
(calcografia)
A4. RESULTADOS
Composio fibrosa
Os resultados do padro e da pea analisada esto na Tabela A2 e na Figura A2.
62
Resultado
Padro
Pea analisada
pea analisada
padro
Figura A2 - Fotomicrografias das fibras da pea analisada
(fibras celulsicas de madeira) e do padro (fibras celulsicas de algodo).
63
Marca dgua
Na amostra padro, a imagem da garoupa resultante de marca dgua (tons
claros e escuros) enquanto na pea analisada, a imagem da garoupa tem apenas
uma tonalidade e foi obtida por impresso (Figura A3).
pea analisada
padro
55m
50m
45m
40m
35m
30m
25m
20m
15m
10m
5m
0m
55m
50m
45m
40m
35m
30m
25m
20m
15m
10m
5m
0m
REFERNCIAS
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS - ABNT. NBR 14129:1998 - Papel,
carto e pasta celulsica - Anlise de composio fibrosa - Mtodo geral. So Paulo :
ABNT. 12p.
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS - ABNT. NBR 14132:1998 - Papel, carto e pasta celulsica - Anlise da composio fibrosa - Mtodo de ensaio com o corante
Graff C. So Paulo : ABNT. 4p.
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS - ABNT. NBR 14928:2013 - Papel de
segurana - Determinao da presena de marca-dgua. So Paulo : ABNT. 4p.
68
Anexo B
CHEQUE
dimenses, gramatura, pH,
cor e branqueador ptico
69
B2. OBJETIVO
Confrontar os cheques questionados em relao ao padro, quanto s dimenses do cheque e gramatura, ao pH e cor do cheque e presena de branqueador ptico no papel.
B3. METODOLOGIA
O Banco disponibilizou para a anlise comparativa seis cheques originais que
foram denominados cheques padres. Na Figura B2, apresentada uma foto
de um dos cheques disponibilizados. O Banco tambm indicou os elementos de
segurana presentes no cheque padro.
70
A escolha dos elementos analisados nos cheques baseou-se na relevncia das informaes que eles trazem. As tcnicas empregadas para a determinao desses
elementos foram as melhores, sob o aspecto metrolgico e de custo/benefcio,
remetendo a resultados capazes de levar s concluses chegadas com a confiabilidade necessria. A seguir constam os elementos analisados e os mtodos
empregados.
Referente ao cheque
Gramatura: os cheques foram condicionados e pesados em ambiente de atmosfera normalizada de (23 1) C e (50 2) % de umidade
relativa do ar. Para cada cheque, a massa obtida foi dividida pela
sua rea, determinada a partir das medidas de suas dimenses e a
gramatura expressa como g/m2. importante efetuar esta determi71
pH: determinao em pHmetro com eletrodo de ponta chata seguindo o procedimento normalizado ABNT NBR 14348:1999 - Papel
e carto - Determinao do pH superficial - Mtodo com eletrodo.
Neste caso, o papel no contm branqueadores pticos e, portanto, no fluorescente sob luz ultravioleta. Isto faz com que este parmetro esteja entre os
elementos que devem ser verificados.
Os bancos tm os seus cheques impressos em grficas especficas, que usam
tintas padronizadas cuja cor varia muito pouco, ficando esta variao dentro de
faixas aceitveis. A comparao da cor entre a pea analisada e a pea padro,
considerando a mesma regio, previamente definida, pode trazer informao
importante no estudo da verificao da autenticidade.
B4. RESULTADOS
Determinao das dimenses dos cheques
A norma ABNT NBR 5339:2002 - Verso corrigida 2008 - Papel e carto - Tolerncia de formatos e gramaturas indica as seguintes tolerncias para medidas:
Comparando a mdia obtida para os valores de dimenso dos cheques questionados com a mdia obtida para os valores de dimenso dos cheques padres
(Tabela B1), observa-se que elas esto dentro do limite de tolerncia estipulado
pela norma ABNT 5339:2002 - Verso corrigida 2008, logo este parmetro no
permite qualquer tipo de concluso.
Cheques
Dimenses mdias, em mm
Comprimento
Largura
Padres
176,0
77,0
Questionados
176,0
76,0
73
Tabela B2 - Gramatura
Cheques
Padres
91,10
Questionados
100,50
Cheques
pH
Padres
5,6 - anverso
5,8 - verso
Questionados
7,2 - anverso
7,3 - verso
74
sob radiao UV
CHEQUE questionado
sob radiao UV
L*=100
+b*
-a*
+a*
-b*
L*=0
Figura B5 - Diagrama de cor.
Segundo Gouveia (2004), valores considerados aceitveis de Eab , sob condies visuais ideais, devem ser no mximo de 3,7. Este fato indica que h uma
diferena significativa da cor do cheque questionado em relao do padro,
mesmo que visualmente a diferena no seja to perceptvel.
O resultado de diferena de cor constitui um indcio de que os cheques questionados no so autnticos, porque as grficas que fazem cheque usam tintas
de formulao padronizada, que, por conseguinte, apresentam baixas variaes
de cor, sempre dentro de padres aceitveis. Alm disso, segundo a instituio
bancria, no ocorreram mudanas de formulao da tinta para justificar uma
diferena significativa de cor.
As diferenas encontradas entre os cheques questionados e os padres permitem concluir que os seguintes elementos no correspondem ao do padro:
REFERNCIAS
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS - ABNT. NBR NM ISO 187:2000 - Papel, carto e pastas celulsicas - Atmosfera normalizada para condicionamento e ensaio
e procedimento de controle da atmosfera e condicionamento das amostras. So Paulo :
ABNT. 10p.
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS - ABNT. NBR NM ISO 536:2000 - Papel e carto - Determinao da gramatura. So Paulo : ABNT. 6p.
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS - ABNT. NBR NM ISO 13655:2013
- Tecnologia grfica - Medio espectral e clculo colorimtrico para contedos de originais em artes grficas. So Paulo : ABNT. 48p.
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS - ABNT. NBR 5339:2002 - Verso corrigida 2008 - Papel e carto - Tolerncia de formatos e gramaturas. So Paulo : ABNT. 2p.
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS - ABNT. NBR 14348:1999 - Papel e carto - Determinao do pH superficial - Mtodo com eletrodo. So Paulo : ABNT. 4p.
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS - ABNT. NBR 14982:2008 - Papel
de segurana - Determinao da presena de substncias sensveis ao de agentes
fsicos. So Paulo : ABNT. 2p.
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS - ABNT. NBR 14999:2003 - Papel e
carto - Determinao da cor (C/2) - Mtodo da reflectncia difusa. So Paulo : ABNT.
9p.
GOUVEIA, J.C. Estudo colorimtrico da translucidez de materiais restauradores odontolgicos. So Paulo, 2004. 110p. Dissertao (Mestrado). Faculdade de Odontologia.
Universidade de So Paulo.
78
Anexo C
CARTEIRA NACIONAL
DE HABILITAO
numerao tipogrfica
fluorescente
79
Anverso
Verso
C2. OBJETIVO
Verificao da numerao tipogrfica e fluorescente.
C3. CONSIDERAES
Para a anlise da CNH, selecionam-se para confronto os elementos indicados na
Resoluo da Carteira Nacional de Habilitao vigente. Em um primeiro momento, enfocam-se os elementos de fcil deteco, em outras palavras, que podem
80
A pea analisada est em conforme em relao a todos os elementos de confronto presentes na Resoluo da Carteira Nacional de Habilitao vigente, exceto quanto numerao tipogrfica fluorescente (Tabela C1). Deste modo, neste
anexo o enfoque foi numerao tipogrfica.
81
Elementos analisados
Conformidade com
a Resoluo da CNH
Gerais
Conforme
Fluorescncia do papel
Conforme
Marca dgua
Conforme
Impresso calcogrfica
Conforme
No conforme
Conforme
Nome da grfica
Conforme
Data da expedio
Conforme
Conforme
pelcula protetora
Transparente e fosca
Ver nota
Posicionamento da pelcula
Conforme
Nota:
Na anlise da pea, optou-se por no fazer medidas de transparncia e brilho porque a resoluo vigente na data no trazia qualquer valor a respeito desses parmetros.
82
C4. METODOLOGIA
A metodologia para verificao da presena de impresso tipogrfica fluorescente nos nmeros da pea analisada resumiu-se em:
verificar se o nmero impresso era fluorescente. Para tal, foi verificado se quando, sob radiao ultravioleta, os nmeros impressos
apresentavam fluorescncia e se esta era esverdeada.
83
Interior da rea
do nmero
Linha escura
na borda
Figura C2 - Imagem do nmero trs de uma CNH autntica.
Quanto fluorescncia dos nmeros, foi possvel observar que ela no ocorre na
pea analisada (Figura C3), ou seja, nela no h tinta fluorescente esverdeada.
Alm disso, o formato dos nmeros na pea analisada difere do formato encontrado em CNHs autnticas. Este fato pode ser constatado nas imagens apresentadas na Figura C3.
Pea analisada
CNH autntica
SUGESTES DE LEITURA
ADAMS, J.M.; DOLIN, P.A. Printing technology. 5.ed. Albany, NY : Delmar/Thomson
Learning, 2002. 542p.
GASCOIGNE, B. How to identify prints: a complete guide to manual and mechanical
processes from woodcut to ink jet. London : Thames and Hudson, 1988. 208p.
KIPPHAN, H. (Ed.). Handbook of print midia. Berlin : Springer, 2001. 1207p.
85
Anexo D
Carteira de
Identidade
troca de foto
87
D2. OBJETIVO
Verificar troca de foto na Carteira de Identidade.
D3. METODOLOGIA
Estabeleceu-se o seguinte roteiro:
88
perda de fragmentos de papel no verso e recorte na rea da fotografia do titular (Figura D2);
a foto presente na CI analisada em nome de Ricardo... no corresponde com a foto presente na ficha de identificao de Ricardo...
(Figura D4) arquivada no rgo expedidor; e
Anexo E
SELO DE CARTRIO
alterao
91
E2. OBJETIVO
Verificar alterao no selo.
E3. METODOLOGIA
Para verificar a presena de alterao no selo, foram considerados padres contemporneos (Figura E2) e efetuada anlise visual com auxlio de comparador
espectral de vdeo (VSC 6000 - Video Spectral Comparator).
E4. RESULTADO
A anlise visual no comparador espectral de vdeo, usando luz da regio do visvel indicou na pea questionada rasura (regies esbranquiadas) no desenho
de fundo da rea onde se encontra o texto RECONHECIMENTO POR AUTENTICIDADE (Figura E3).
A anlise visual da pea questionada com comparador espectral de vdeo
usando luz da regio do infravermelho revelou vestgios de uma impresso
anterior (Figura E4) que remete ao texto FIRMA 2 presente no padro contemporneo (Figura E2).
93
SUGESTES DE LEITURA
DEL PICCHIA FILHO, J.; DEL PICCHIA, C.M.R.; DEL PICCHIA, A.M.G. Tratado de Documentoscopia: da falsidade documental. 2.ed. So Paulo : Pilares, 2005. (Captulo 22:
Alteraes Fsicas dos Documentos, p.525-540).
MENDES, L. Documentoscopia. 3.ed. Campinas : Millennium, 2010. (Captulo 8: Alteraes Documentais, p.77-84).
SILVA, E.S.C.; FEUERHARMEL, S. Documentoscopia: aspectos cientficos, tcnicos e
jurdicos. 1.ed. Campinas : Millennium, 2013. (Captulo 5: Alteraes Documentais
Materiais, p.359-390).
94
Anexo F
CPIA DE COMPROVANTE DE
SAQUE BANCRIO
assinatura decalcada
95
F2. OBJETIVO
Verificar se a assinatura questionada produto de falsificao mediante decalque.
F3. METODOLOGIA
Para efeito desta percia, foi considerado o seguinte roteiro:
96
F4. RESULTADOS
Anlise grafotcnica entre a assinatura questionada e os padres
Cotejando-se o lanamento questionado (Figura F2) com os padres (Figura
F3), verifica-se que: (I) a assinatura questionada apresenta identidade grfica
formal com a primeira assinatura padro assinalada na Figura F3; (II) a assinatura questionada apresenta divergncias grficas expressivas em relao aos
padres, quanto aos elementos de ordem geral (comportamento da escrita em
relao linha de pauta, andamento grfico e valores angulares e curvilneos) e
aos elementos de natureza gentica, como a gnese das letras: a e l (Hilda); r
(Gabriela); e (Keidel) e a construo da laada inferior da maiscula G (Gabriela).
Prova de Superposio
Nas Figuras F4 e F5, so apresentadas, respectivamente, as assinaturas questionada e padro que sero superpostas. Na Figura F6, apresentada a superposio. Observa-se a extrema identidade entre os lanamentos e, tambm, fugas
provenientes do processo de decalque.
No caso analisado, como se tem uma cpia, no possvel definir o tipo de decalque (direto ou indireto). No decalque direto, a fraude realizada por transparncia diretamente no papel, sem qualquer esboo prvio. No decalque indireto,
a fraude realizada indiretamente, atravs de debuxo feito ponta seca ou por
carbono (ex.: papel-carbono), transferindo o traado da assinatura ao documento
para depois recobrir o debuxo com o instrumento escrevente.
SUGESTES DE LEITURA
DEL PICCHIA FILHO, J.; DEL PICCHIA, C.M.R.; DEL PICCHIA, A.M.G. Tratado de Documentoscopia: da falsidade documental. 2.ed. So Paulo : Pilares, 2005. (Captulo 12:
Falsidades Grficas: Os Decalques, p.257-271).
MENDES, L. Documentoscopia. 3.ed. Campinas : Millennium, 2010. (Captulo 7: A Fraude Documental, p.62-64).
SILVA, E.S.C.; FEUERHARMEL, S. Documentoscopia: aspectos cientficos, tcnicos e jurdicos. 1.ed. Campinas : Millennium, 2013. (Captulo 2: Grafoscopia: O Exame de Manuscritos, p.212-214).
99
Anexo G
CHEQUE
anlise de assinatura
101
G2. OBJETIVO
Verificar a autenticidade da assinatura.
G3. CONSIDERAES*
Grafotcnica parte da Documentoscopia que tem por objetivo a verificao da
autenticidade ou da falsidade do grafismo e ainda a sua autoria.
Grafismos so os gestos escriturais executados pelo homem. O estudo dos grafismos pode receber vrias denominaes, entre as quais: grafotecnia, grafotcnica, grafocintica e grafoscopia (termo comum atualmente).
A grafoscopia envolve a anlise de assinaturas e de escritas. Quando se trata
de assinaturas, a verificao de autenticidade ou de falsidade e quando se
trata de escrita e/ou um texto manuscrito, a anlise de autoria grfica.
No primeiro caso, os padres de assinatura so da prpria pessoa, cuja assinatura est sendo questionada e no segundo caso, os padres so de uma ou
mais pessoas diferentes. H tambm o exame de autoria grfica para esclarecer o autor da assinatura falsa.
Deve ser ressaltado que so consideradas autnticas as assinaturas cuja pessoa
nega declaradamente a sua prpria assinatura (negativa de autenticidade); ou
quando a pessoa modifica propositadamente sua assinatura por meio de retoques e recoberturas com o intuito de lhe dar uma aparncia falsa (simulao de
falso); ou quando a pessoa lana sua assinatura por meio de disfarce, como, por
exemplo: diminuio do calibre da escrita, aumento da presso no ato da escrita,
mudana da inclinao grfica habitual e deformao dos caracteres (autofalsi* O texto deste item foi baseado em apostila de Ernesto Perello, sem data e sem ttulo, disponivel
no acervo do Ncleo de Documentoscopia do Instituto de Criminalstica de So Paulo, SP.
102
lana o nome da outra sem a preocupao de reproduzir a sua assinatura (falsificao sem imitao);
reproduz a assinatura de outra mediante cpia, isto , com um modelo vista (falsificao por imitao servil);
Ao se analisar uma escrita, devem ser considerados os elementos individualizadores indicados a seguir.
103
Qualidade do traado
O traado o conjunto de traos que constituem uma escrita, cuja formao
resultante de duas foras (vertical e lateral), presso e velocidade, que no
podem ser medidas, mas avaliadas de acordo com o aspecto. O traado no
apresenta a mesma espessura ao longo do desenvolvimento de uma escrita. O
estudo de um traado consiste em avaliar se o mesmo espontneo ou artificial.
Constitui-se um traado espontneo aquele que lanado naturalmente, escorreito, possui espessura varivel (traos finos e grossos). J o traado artificial
apresenta morosidade, trmulos, paradas anormais do instrumento escrevente,
indeciso.
104
aos maneirismos, como: maneira de pingar a letra i; alturas e posies das letras, traos e pontos; presenas de pontos finais; triangulao de traos (predominncia de ngulos ao invs de curvas)
entre outros.
105
G4. METODOLOGIA
Como o presente caso trata de exame grafotcnico, os seguintes pontos devem
ser considerados como roteiro de anlise:
No caso, foi comparada a assinatura da pea analisada com as assinaturas padres obtidas e coletadas.
G5. RESULTADO
O confronto entre a assinatura questionada e os padres mostrou ser a assinatura questionada falsa, por processo de falsificao sem imitao. Na Figura G1,
constam imagens de trechos equivalentes ao da pea analisada e de um dos padres, sendo possvel observar que a diferena entre ambas claramente visvel.
Pea analisada
padro
106
SUGESTES DE LEITURA
DEL PICCHIA FILHO, J.; DEL PICCHIA, C.M.R.; DEL PICCHIA, A.M.G. Tratado de Documentoscopia: da falsidade documental. 2.ed. So Paulo : Pilares, 2005. (Captulo 10:
Falsidades Grficas: Falsificao sem Imitao e de Memria, p.221-227).
MENDES, L. Documentoscopia. 3.ed. Campinas : Millennium, 2010. (Captulo 7: A Fraude Documental, p.59-61).
SILVA, E.S.C.; FEUERHARMEL, S. Documentoscopia: aspectos cientficos, tcnicos e jurdicos. 1.ed. Campinas : Millennium, 2013. (Captulo 2: Grafoscopia: O Exame de Manuscritos, p.221-211).
107
Anexo H
CONTRATO E CADASTRO
anlise de assinaturas em cpia
109
H2. OBJETIVO
Verificar a autenticidade das assinaturas nos dois documentos em cpias.
H3. CONSIDERAES*
comum os Juzes de Direito, os Promotores Pblicos, os Delegados de Polcia,
os Advogados e mesmo os Peritos, alm das partes envolvidas em processos, indagar sobre a viabilidade da realizao de percia documentoscpica em cpias.
Muitos consideram impraticvel a percia em cpia, entre eles at peritos oficiais,
sendo os principais pontos alegados os relacionados a seguir.
112
H5. RESULTADOS
Caso 1
Na Figura H3, constam imagens de trechos equivalentes da assinatura questionada e de um dos padres, sendo possvel observar mesmo atravs de cpia
a qualidade do traado e os elementos de ordem geral e os de natureza gentica. O confronto entre a assinatura questionada e os padres resultou que a
assinatura questionada na cpia do documento falsa. Neste caso, a cpia no
impediu que os exames se realizassem de maneira tecnicamente adequada, pois
foi possvel apreciar a qualidade do traado (artificial) e verificar as expressivas
divergncias grficas entre os grafismos comparados, notadamente dos elementos de natureza gentica (os pontos de ataques, as formaes das letras, das
duplas e dos complexos de letras e, os remates).
[a]
[b]
Figura H3 - Imagem da assinatura questionada (a) e dos padres (b).
113
Caso 2
Na Figura H4, constam imagens de trechos equivalentes da assinatura questionada e de um dos padres, sendo possvel observar a convergncia dos
elementos individualizadores da escrita: a qualidade do traado (espontnea),
os elementos de ordem geral e os de natureza gentica. Neste caso, o confronto
entre a assinatura questionada e os padres resultou que a assinatura questionada autntica. Entretanto, este fato no autentica o documento como um todo.
[a]
[b]
Figura H4 - Imagem da pea analisada (a) e dos padres (b).
H6. CONCLUSO
Nos dois casos apresentados, foi possvel a percia referente s assinaturas em
documentos reproduzidos. Em ambos os casos, os elementos individualizadores
da escrita foram passveis de anlise e permitiram concluses, sendo o Caso 1 de
falsificao e o Caso 2 de autenticidade.
114
SUGESTES DE LEITURA
DEL PICCHIA FILHO, J.; DEL PICCHIA, C.M.R.; DEL PICCHIA, A.M.G. Tratado de Documentoscopia: da falsidade documental. 2.ed. So Paulo : Pilares, 2005. (Captulo 20:
Exame dos Documentos Fotografados, p.438-447.
LIMA, N.P.; MORAIS, M.J. Documentoscopia. In: VELHO, J.A.; GEISER, G.C.; ESPINDULA,
A. Cincias forenses: uma introduo s principais reas da criminalstica moderna.
Campinas : Millennium, 2012. Cap. 18, p.347-348.
115
Anexo I
CARTA DATILOGRAFADA
idade do papel
117
I2. OBJETIVO
Verificar a possibilidade de datao do papel.
I3. CONSIDERAES
A datao de um material pode ser absoluta (cronolgica) ou relativa.
Datao absoluta
A datao absoluta tem como princpio o decaimento radioativo e pelo exposto
a seguir possvel concluir que este tipo de datao no se aplica aos casos em
que os peritos se deparam, como o da pea em questo (carta) a ser analisada.
O ncleo de um tomo constitudo por prtons (Z) e nutrons (N) e a soma de
nutrons mais prtons denominada nmero de massa (A). O ncleo atmico
com Z e N definidos denominado nucldeo.
Os nucldeos que tem o mesmo nmero de prtons (Z) so chamados de istopos, os que tm o mesmo nmero de nutrons (N) de istonos e os que tm
o mesmo nmero de massa (A) de isbaros. Os nucldeos que tm o mesmo
nmero de prtons (Z) e o mesmo nmero de massa (A), mas esto em estados
energticos diferentes, so denominados ismeros.
Os nucldeos podem ser estveis ou instveis. Os nucldeos instveis so
denominados radionucldeos e so radioativos. Os radionucldeos podem ser
naturais (encontrados na natureza) ou artificiais, quando criados artificialmente pelo homem.
Os nucldeos instveis (radionucldeos) tendem a se estabilizar por meio da
emisso de partculas alfa ou beta. A emisso dessas partculas leva a uma va118
riao do nmero de prtons no ncleo e o nucldeo se transforma em outro elemento de comportamento qumico diferente. Esta transformao denominada
decaimento radioativo e representada pela seguinte equao:
N = N0 e-t
onde:
N = nmero de tomos radioativos;
N0 = nmero de tomos radioativos iniciais;
= constante de decaimento;
t = tempo.
Cada elemento qumico radioativo decai a uma velocidade que lhe caracterstica e que independe de fatores como concentrao e condies ambientais. Denomina-se meia-vida (t1/2) o tempo necessrio para a atividade de um
elemento radioativo ser reduzida metade da atividade inicial (N = N0/2), sendo
esta situao representada pela equao que segue:
N = N0 e (-0693/t1/2)t
Na datao radiomtrica de um dado material, deve ser considerado um elemento radioativo presente nele. Conhecendo a meia-vida (t1/2) desse elemento
e determinando-se N e N0, possvel achar t, que o tempo que o processo de
decaimento vem ocorrendo e por conseguinte a idade do material.
Os elementos radioativos mais adequados datao radiomtrica so os que
ocorrem na Natureza, possuindo meias-vidas compatveis com as idades dos
materiais a datar. Por exemplo, se eu quero saber quantos anos tem a Terra, o
elemento radioativo mais adequado seria o Urnio, que ocorre naturalmente em
rochas. O Urnio-238 decai para o Chumbo-206, forma estvel, sendo sua meiavida de 4,5 bilhes de anos.
A tcnica de datao por Carbono-14 uma das mais empregadas atualmente
devido a sua abrangncia em relao a materiais. O Carbono-14 bem menos
abundante na natureza do que o Carbono-12 e o Carbono-13, mas o nico
radioativo. Ele se forma na estratosfera e incorpora-se atmosfera na forma de
CO2. Pela absoro deste gs no processo de fotossntese, o Carbono-14 passa
119
a introduo de vrios tipos de carga mineral, aditivos e revestimento no papel para imprimir e escrever, objetivando melhorar propriedades especficas.
I4. RESULTADO
O valor encontrado para o pH do papel da carta analisada foi de 5,20. Este pH foi
determinado empregando o procedimento da norma ABNT NBR 14348:1999 Papel e carto - Determinao do pH superficial - Mtodo com eletrodo.
O fato do valor de pH encontrado ser compatvel com papis da dcada de 1980,
no suficiente para concluir que a carta analisada desse perodo, porque
embora atualmente a produo de papel para imprimir e escrever seja de papel
com pH neutro ou alcalino, possvel ter sido empregado para a elaborao
da carta um papel procedente de lote antigo com pH cido, ou um papel de
um lote de alguma pequena fbrica fora do Brasil que ainda faz o papel para
imprimir e escrever com pH cido, ou at ter havido uma fabricao proposital
visando gerar um papel com pH cido.
Em resumo, praticamente impossvel determinar a idade do papel por mtodo absoluto e, sem dvidas, pelo mtodo relativo. Deste modo, necessrio se
apoiar em outras evidncias que no a idade do papel.
REFERNCIAS
HARVEY, B.G. Introduction do nuclear physics and chemistry. Literary Licensing, LLC,
2012. 382p.
CARDOSO, E.M. Apostila educativa: radioatividade. Disponvel em: <http://www.cnen.
gov.br/ensino/apostilas/radio.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2014.
FRANCISCO, J.A.S.; LIMA, A.A.; ARARI, D.P. Datao por Carbono-14. Disponvel em:
<http://unifia.edu.br/revista_eletronica/revistas/gestao_foco/artigos/ano2011/gestao_foco_Carbono14.pdfttp://unifia.edu.br/revista_eletronica/revistas/gestao_foco/
artigos/ano2011/gestao_foco_Carbono14.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2014.
XAVIER, A.M.; LIMA, A.G.; VIGNA, C.R.M.; VERBI, F.M.; GONALVES, G. Marcos da histria
da radioatividade e tendncias atuais. Qumica Nova, v.30, n.1, p.83-91, 2007.
HUNTER, D. Papermaking: the history and technique of an ancient craft. New York :
Dover Publications, 1978.
122
DIXSON JR., H.F. An accelerated aging study of several writing papers. TAPPI, v.45,
n.10, p.753-760, Oct. 1962.
ROBERSON, D.D. The evaluation of paper permanence and durability. TAPPI, v.59,
n.12, p.63-69, Dec. 1976.
SCLAWY, A.C.; WILLIAMS, J.C. Alkalinity - The key to paper permanence. TAPPI, v.64,
n.5, p.49-50, May, 1981.
LYNE, M.B. The effect of pH on the permanence of LEC paper and fine paper made
from recycled LWC. TAPPI Journal, v.12, n.12, p.138-144, Dec. 1995.
PAISTE, D.F. Consideration for alkaline papermaking. New sizing methods and their
effects on fibers fillers and dyes. Atlanta, Ga : TAPPI, 1982.
123
Anexo J
LIVRO
impresso digital
125
J2. CONSIDERAES
Impresses de livros podem ser realizadas atualmente por processos que envolvem matrizes de transferncia ou por processo digital. Sendo este ltimo mais
aplicvel no caso de pequenas tiragens.
Entende-se por impresso digital aquela que opera com processos de impresso que utilizam arquivos digitais como entrada e que no usam chapas
ou matrizes fsicas para transferncia de imagem em fases determinadas do
processo de impresso.
As impresses envolvendo matrizes de transferncia abrangem diversos processos, estando os principais indicados no Tabela J1. Deve ser ressaltado que,
embora esses processos possam envolver arquivos digitais na confeco de suas
matrizes no so considerados digitais.
Dos processos de impresso que utilizam matrizes pode-se dizer que o mais
utilizado para impresso de documentos de segurana o ofsete.
As impressoras destinadas a este tipo de processo podem ser planas ou rotativas.
No primeiro caso elas so alimentadas por resmas de papel e no segundo caso
por bobinas de papel. comum em documentos de segurana a impresso ofsete no ocorrer sozinha, mas combinada com outros processos, como o calcogrfico e o tipogrfico, este ltimo usado basicamente para numeraes.
A calcografia conhecida tambm como talho doce considerada precursora
da rotogravura. Usa matriz metlica de baixo relevo e a impresso ocorre sob
presses elevadas, como resultado se tem imagens em alto relevo caracterstico.
Tambm pode haver em documentos de segurana combinao de processos de
impresso que usam matrizes com impresses que utilizam processos digitais.
126
Processo
Princpio
Matriz
Tipografia
Relevogrfica de
material rgido
Ofsete
Metlica e
planogrfica
Rotogravura
Cilndrica, metlica
e com o grafismo em
baixo-relevo
Flexografia
Serigrafia
(silk-screen)
Tela tensionada
sobre uma moldura
de madeira ou metal.
A tinta passa pelos
vos entre os fios da
trama
127
Impresso eletrofotogrfico
Este sistema baseia-se no fenmeno de que certos materiais so isolantes
eltricos quando mantidos no escuro, mas so condutores de corrente eltrica
quando expostos luz. Nos equipamentos de impresso eletrofotogrfica, os cilindros fotocondutores tm essa caracterstica, ou seja, eles recebem uma carga
eltrica uniforme e mantm essa carga, pois est operando no escuro. Aps o
recebimento dessa carga, o cilindro exposto a uma fonte de luz, que pode ser
um laser, formando uma imagem latente no cilindro fotocondutor.
Partculas carregadas de toner com carga oposta a da imagem latente so direcionadas ao cilindro fotocondutor e se fixam na imagem latente.
Essas partculas, que revelam a imagem latente no cilindro fotocondutor so
transferidas para o papel, tambm com base em princpios eletrostticos,
resultando na transferncia para o papel da imagem revelada no cilindro
fotocondutor. Entretanto, para essa imagem fixar permanentemente no papel
preciso ocorrer a fuso do toner, o que comumente efetuado por meio de
aquecimento. Apenas aps essa fuso o toner se fixa de fato ao papel.
128
J3. METODOLOGIA
Comparao das caractersticas das letras em textos de livros da reimpresso
com as caractersticas das letras em textos de livros da primeira impresso. Para
tal, os equipamentos utilizados foram: estereomicroscpio e microscpio ptico,
ambos com luz refletida.
J4. RESULTADO
As caractersticas das letras nos livros da reimpresso divergem das dos livros da
primeira impresso. Nas Figuras J1 e J2, podem ser observadas as diferenas.
No caso dos livros da primeira impresso, em que o processo foi o ofsete,
a tinta absorvida pelo papel, como pode ser observado na Figura J1, onde
possvel inclusive ver fibras celulsicas na rea tingida pela tinta.
No caso dos livros da reimpresso, o processo usado foi o eletrofotogrfico.
Na Figura J2, podem ser visualizadas as partculas do toner fundidas na superfcie do papel.
A comparao entre os livros da primeira impresso e os reimpressos, quanto
ao processo de impresso, foi relativamente fcil, pois as diferenas puderam
ser detectadas claramente. Entretanto, nem sempre isto ser possvel, mesmo
porque o desenvolvimento da tecnologia digital tem levado a impresses que se
assemelham s de matriz de transferncia, principalmente no caso da impresso
digital jato de tinta, onde o tamanho das gotculas de tinta lanadas na superfcie do papel tem diminudo significativamente, levando a uma cobertura melhor
da superfcie do papel pela tinta.
Deve ser ressaltado, tambm, que nos livros da primeira impresso o papel utilizado no possua revestimento, por isso foi possvel ver as fibras celulsicas.
No caso de papis revestidos, isto j no seria possvel de observar.
129
aumento 50X
aumento 100X
aumento 200X
aumento 50X
aumento 100X
aumento 200X
SUGESTES DE LEITURA
ADAMS, J.M.; DOLIN, P.A. Printing technology. 5.ed. Albany, NY : Delmar / Thomson
Learning, 2002. 542p.
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