Yoga - A Arte Da Integracao - Parte I
Yoga - A Arte Da Integracao - Parte I
Yoga - A Arte Da Integracao - Parte I
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Primeira Seo
Samadhi Pada ou o Estado de Yoga
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preciso entender o processo pelo qual as modificaes da mente ocorrem para encontrar a
maneira de dissolv-las.
5. Os centros de reao so os causadores da dor ou do prazer, eles podem ser agrupados de uma
maneira quntupla.
Todas as reaes da mente esto enraizadas no principio do prazer e de evitar a dor. Prazer e dor
so inseparveis, onde h prazer, com certeza a dor est emboscada nas proximidades.
Enquanto a natureza adquirida persistir, estaremos presos ao funcionamento do prazer e da dor.
Sabemos que a alegria da vida no pode ser encontrada nem na procura do prazer nem em evitar a
dor.
Para acabar este problema, necessrio investigar a fonte de onde o prazer e a dor emerge. H
cinco regies de atividade mental onde a fonte das modificaes pode ser encontrada.
6. As tendncias de reao so formadas pela razo, irracionalidade, fantasia, sono e memria.
Elas esto tanto no consciente como no subconsciente. Ser necessrio entender as intimaes do
subconsciente e at mesmo do inconsciente, afinal a mente uma. Trataremos de cada uma das
tendncias nos prximos sutras.
7. A razo tem suas razes na cognio sensorial, na inferncia e no testemunho de autoridade
reconhecida.
O pensamento racional governado pelas leis da lgica. As linhas mestras so a cognio sensorial,
a inferncia e a autoridade reconhecida.
Aps ter coletado os dados sensoriais, inicia-se o processo do pensamento, e a inferncia o que d
mpeto. Inferncia um processo comparativo classificando semelhanas e dessemelhanas,
percebe-se isso quando a mente se move entre os dois opostos.
O pensamento racional para ter validade deve ser corroborado por alguma autoridade reconhecida,
escritura, especialista ou experincia passada. O mais determinante a experincia passada.
As concluses da mente so nossa autoridade mais elevada. Em todo pensamento racional, a mente
se move de concluso em concluso. Nunca conhecemos algo inteiramente novo atravs desse
processo.
O pensamento move-se em torno de um crculo, o contedo do centro est sempre intacto. O
pensamento lgico pode conhecer apenas uma modificao do antigo.
O movimento do pensamento racional no o movimento de uma mente livre, e isso que o torna um
fator gerador de tendncias reativas da mente (vrttis). A razo incapaz de mudar o contedo da
mente.
8. Quando os fatos so cobertos com as super-imposies da mente, o funcionamento da
irracionalidade visto.
Quando a percepo de algo no tem semelhana com a coisa que de fato , fica-se sob a influncia
da irracionalidade. o contrrio da razo. Confundir o projetado com o verdadeiro uma condio
desprovida de razo. Tal atividade surge dos centros de reao formados na mente.
O terceiro caminho, descoberto na Yoga, uma condio alm da razo e da irracionalidade.
Considerar aquilo que projetado como sendo verdadeiro cair em iluso ou maya. confundir o
reflexo com a realidade.
No pensamento racional o principio da seletividade que funciona, mas na irracionalidade o
principio da projeo que funciona. Ambas surgem das tendncias reativas da mente.
9. A fantasia a imagem evocada pelo estmulo de palavras sem qualquer realidade por trs de si.
Em vikalpa ou fantasia, o verdadeiro inexiste. a estimulao de uma imagem mental ao escutar-se
uma palavra. Pode-se escutar a palavra vaca e haver imediatamente a formao de uma imagem de
uma vaca.
Quando esta imagem que produto da mente tomada como realidade, cultiva-se uma fantasia.
Fantasia e imaginao no so idnticas. Na imaginao as imagens so baseadas em fatos, j na
fantasia no existem fatos. A fonte destas fantasias est nas camadas subconscientes da mente.
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Com este sutra, Patanjali indicou a existncia de centros reativos tambm no nvel subconsciente.
10. A atividade da mente que desprovida de significado e contedo semelhante condio de
sono.
Aqui sono deve ser entendido como uma condio de conscincia, e no no sentido fsico usual. A
mente simplesmente divaga, sem qualquer significado ou contedo. No h razo, irracionalidade ou
fantasia.
Esta divagao impelida por um movimento reativo que jaz profundamente na conscincia, seja no
subconsciente ou inconsciente. A investigao pode nos levar a centros ocultos de reao.
11. Uma tentativa de dar continuidade a uma experincia, mesmo depois que o acontecimento tenha
passado, memria.
Memria no apenas a lembrana de um acontecimento que tenha passado, esta lembrana a
memria de um acontecimento que passou. No a memria factual que produz tendncias reativas
na mente (vrttis), a memria psicolgica que os produz.
Memria psicolgica no se permitir abandonar uma experincia. dar continuidade a uma
experincia, mesmo aps o acontecimento pertencente a esta experincia ter passado. Esta
experincia permaneceu psicologicamente incompleta.
Permanece um desejo ou anelo de repetir-se a mesma experincia ou uma similar. A memria
psicolgica um dos centros mais poderosos de tendncias reativas.
A mente no deseja despojar-se do acontecimento. Se o evento que passou cronologicamente fosse
tambm psicologicamente completado, ento no seria formada uma tendncia reativa de memria.
A menos que haja um completo cessar das tendncias reativas, com a dissoluo do prprio centro
de modificao, no se pode chegar experincia do Yoga. No chegaremos reta percepo, e
consequentemente reta ao.
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15. O desapaixonamento uma condio livre de todos os motivos, sejam aqueles que surgem de
um desejo por alguma coisa que tenha sido experimentada ou por algo que ainda no foi
experimentado.
o motivo que introduz um sentimento de cansao em qualquer esforo. Tanto o dever quanto o
hbito surgem do funcionamento do motivo.
No dever encontra-se o intuito de alcanar algo que no se viu, mas apenas se ouviu falar a respeito.
No hbito encontra-se o intuito de fazer uma e outra vez aquilo que se est acostumado. Enquanto
houver qualquer um deles, o esforo ser frustrante.
Desapaixonamento um estado livre de todos os motivos. uma condio na qual no h motivo
para repetio do passado nem para antecipao do futuro. um estado de viver no presente.
Viver no presente no deixar-se levar pela corrente do tempo, o presente atemporal. No uma
passagem do passado para o futuro. Viver no presente descobrir nossa direo de momento a
momento.
O dinamismo da vida impede a existncia de uma direo esttica. Prtica um movimento bem
direcionado e desapaixonamento aquele estado dinmico de viver no presente, onde a direo
descoberta a cada momento. Por isso devem coexistir a pratica e o desapaixonamento.
16. No desapaixonamento, devido ao estado de percebimento, h um completo desapego das
atividades dos trs atributos ou gunas.
O caminho para o Yoga o percebimento do pensador e dos movimentos de seu pensamento. O
pensador e o pensamento no so duas entidades diferentes. Todas as atividades do pensador tm
o objetivo de dar continuidade ao pensamento.
Esta continuidade do pensamento ocorre atravs das atividades dos trs gunas ou atributos. Elas
so os atributos funcionais da vida.
Se permitirmos que as trs gunas funcionem sem impor qualquer continuidade a suas funes
especficas, nenhum problema psicolgico criado. quando o pensador interfere em seu
funcionamento que a corrente da vida fica obstruda.
O sutra diz que conscientes da mente e de suas atividades, chegamos a um estado de real
desapaixonamento (Vairagya), isso significa que a mente no interfere na ao das gunas. Deixar as
gunas agir sem interveno da mente a forma mais elevada de desapego.
No funcionamento normal das trs gunas, Tamas, Rajas e Sattva, o que se manifesta so as
caractersticas da estabilidade, mobilidade e harmonia, respectivamente.
Quando a mente interfere com as atividades das gunas, ocorrem distores, de forma que a
estabilidade torna-se estagnao, a mobilidade se torna atividade inquieta e a harmonia
transformada em autossatisfao.
So essas distores que criam na conscincia do homem vrios fatores condicionantes. No
funcionamento das gunas sem a interferncia da mente, ocorre a reta percepo das coisas, que o
ponto de partida para a reta ao.
O verdadeiro vairagya chamado de transcendncia das trs gunas, mas isso no significa que elas
deixem de agir. Se isso ocorresse, a vida cessaria de existir.
Transcender as trs gunas alcanar um estado onde a mente no interfere no funcionamento
normal delas. Desapegar a mente da ao das gunas o que descrito como vairagya.
As tendncias reativas (Vrttis) nascem quando, nas esferas de funcionamento das gunas, a mente
estabelece seus prprios centros, a estabilidade vira estagnao, a mobilidade vira inquietao, e a
harmonia ou repouso vira farisasmo.
Dissolver estes centros formados na regio das gunas o verdadeiro propsito do Yoga. Isso ser
feito na forma do triplo Samadhi, que se pode chamar de trplice natureza da experincia espiritual.
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Quando a conscincia retm apenas as impresses dos fatos, sem suas associaes psicolgicas,
somos levados experincia de Asamprajnata Samadhi.
Se quisermos nos libertar das distores de Tamas, precisamos destruir o centro do pensamentohbito. Asamprajnata Samadhi nos leva Jagrat, o estado desperto.
Chega-se a este estado apenas quando se est livre das compulses do hbito. A cessao do
contedo pode ocorrer apenas quando o processo associativo do hbito rompido. Isto no cria uma
condio de amnsia ou perda de memria. A memria factual fortalece-se.
Em Samprajnata Samadhi h um esforo para estimular o processo associativo, para acabar com o
torpor da mente, j em Asamprajnata Samadhi objetiva-se cessar a memria associativa.
19. A mediunidade, seja natural ou causada por fatores materiais ou fsicos, no deve ser confundida
com Samadhi ou experincia espiritual.
A memria associativa parece conferir vida um certo colorido. Mas no a cor natural das coisas,
uma cor projetada pelo pensamento-hbito. Falta-lhe o frescor da novidade.
Quando a memria associativa desaparece, surge o colorido natural e novo das coisas e
acontecimentos. Assemelha-se com uma joia transparente que se funde com a cor da superfcie
onde est colocada. Tal transparncia s possvel com a dissoluo do pensamento-hbito.
Esta conscincia transparente negativa, mas nunca passiva. Por isso precisamos primeiro ativar
a mente, e somente aps isso, tornar a mente livre da memria associativa.
Somente uma mente passiva est aberta para as tendncias medinicas. Em Asamprajnata
Samadhi, a mente conduzida a um estado de pura vigilncia, nunca ser passiva. No h qualquer
perigo para a mediunidade.
A marca que distingue o espiritual do psquico que o espiritual nasce no campo de uma mente
negativa, o psquico o produto de uma mente passiva.
20. A experincia espiritual de natureza verdadeira surge quando a conscincia est impregnada de
f, energia, reminiscncia e inteligncia.
O homem espiritual um homem de inteligncia, no de mero intelecto. Reminiscncia quer dizer
aquele que possui reta memria, uma clara memria dos fatos, no de uma memria repleta de
associaes psicolgicas.
A memria psicolgica consume muita energia do homem, pois centra-se em torno de uma anelo.
sustentada por um desejo no preenchido que busca realizao. este desejo insano que consome
nossa energia.
Um homem inteligente inspirado pela f. F no uma crena cega. uma resposta sensvel s
intimaes do desconhecido, que s pode ser ouvido quando a mente est em completo silncio. Tal
silncio exige tremenda energia.
21. Tal experincia espiritual acontece com aquele que est ardente com intensidade.
Isto significa estar pleno de paixo, no no sentido comum, mas no sentido em que a paixo de
Cristo referida.
Devemos ir porta da realidade com intensidade de pensamento-emoo, pois se assemelha ao
amante encontrando o bem-amado.
22. a natureza da intensidade que determina o padro para que os meios empregados sejam
suaves, mdios ou fortes.
Patanjali diz que quando h primeiro o despertar da intensidade, o resto segue-se automaticamente.
Se estamos ardentes com intensidade, podemos empregar meios que confiram grande velocidade ao
nosso movimento. Desaparecem obstculos e dificuldades.
Esta intensidade ou energia surge quando h reta memria. a memria psicolgica que traz
estagnao estabilidade de Tamas. Esta intensidade no estimulada por fatores externos, ela
brota do interior.
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23. A verdadeira espiritualidade caracterizada por um sbito voltar-se para a direo de Deus ou
para a Realidade ltima.
a intensidade que determina os instrumentos de ao em suaves, mdios e fortes. H um
instrumento ainda mais intenso, que causa uma transformao instantnea.
chamado de Isvara-pranidhana, que significa voltar-se para Deus, no no sentido de um Deus
antropomrfico, nem de uma deidade pessoal. Isso significa voltar-se para uma nova direo no
curso de nossa busca espiritual.
24. Deus aquele principio distintivo que permanece intocado pelas aflies da vida, pelos frutos da
ao, ou por qualquer motivao.
Refere-se ao Ser Transcendental, e no ao Imanente. Est acima do tempo e do espao, no
pertence ao mundo da relatividade. Ele permanece no afetado por coisa alguma.
Uma entidade com atributos seria pela prpria natureza de sua existncia afetada por tudo que
pertence ao mundo relativo. Trata-se do principio transcendental da vida.
25. O Principio ltimo representa a qualidade insupervel de Oniscincia.
No Bhagavad Gita Sri Krishna descreve-se a si mesmo como a eterna semente de todos os seres.
Patanjali diz que Isvara, ou o Ser ltimo a prpria semente da oniscincia. Ele contm tudo o que
foi, e ser.
26. o antigo dos antigos, pois Ele realmente atemporal.
Isvara-pranidhana , portanto o voltar-se para aquele principio atemporal, sem inicio ou fim. O sbito
voltar-se para este Ser atemporal de fato o instrumento de transformao instantnea.
As aes que normalmente fazemos em nossa procura espiritual so destinadas apenas para uma
continuidade modificada. No h movimento dimensional.
Patanjali diz que o empenho espiritual verdadeiramente intenso aquele em que h movimento no
de extenso, mas de expanso. Voltar-se ao Ser Supremo um ato de expanso. Um salto nunca
pode ser gradual, pois um salto no caminhar rapidamente.
Precisamos realmente de nos voltar para uma direo totalmente nova, do mundo relativo para o Ser
Transcendental. Isso possvel ainda aqui no mundo imanente.
27. No campo do tempo, Ele simbolizado por OM ou Pranava.
As escrituras crists dizem No inicio era o Verbo. Os hindus se referem a manifestao como o
Alento Supremo.
O primeiro despertar do homem com relao ao mundo externo atravs da audio. Assim, o
Verbo a primeira causa em movimento no espao, e dele toda a manifestao vem existncia.
Esta palavra OM ou Pranava. O Transcendente pode ser reconhecido no mundo da manifestao
por meio do seu smbolo, que OM.
Assim, Isvara-pranidhana voltar-se para o Imanifesto no manifesto. Enquanto funcionamos apenas
no manifesto, estaremos agindo em uma dimenso inferior da vida. Quando nos voltarmos para o
Imanifesto no manifesto, teremos nos voltado para uma nova direo.
O Yoga ocupa-se fundamentalmente com a expanso da conscincia. O Yoga capacita-nos a
realizar uma mutao da mente.
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Como fazer isso ser indicado na segunda seo dos Yoga Sutras. Nesta seo Patanjali explica o
que o Yoga, na prxima se ocupar com o como do Yoga.
Patanjali adianta que ateno unidirecionada uma ateno que total e no perturbada. Ele
adianta tambm que quando tivermos nos libertado da influncia das distraes, o homem ser
capaz de relacionar-se de forma correta com a vida sem qualquer esforo.
33. Quando os obstculos so removidos, uma nova abordagem do relacionamento humano
revelada e simbolizada pela amizade, compaixo, alegria e considerao para com a felicidade
ou sofrimento, virtude ou vicio do outro.
Yoga no um escape das obrigaes e responsabilidades da vida. Yoga nos capacita a retornar ao
mundo da cada dia com a aquisio do segredo do correto relacionamento com os homens e as
coisas.
muito comum que haja um sentimento de inveja pela prosperidade de outra pessoa. Quase
sempre, uma pessoa materialmente prospera no tem amigos verdadeiros. H uma relao de uso
com essa pessoa.
A capacidade de ser amigo, sem qualquer ideia de uso, a demonstrao de uma qualidade
extraordinria do relacionamento humano. Isso ser genuinamente amigo de algum, especialmente
de algum que tenha sucesso mundano.
Algum que demonstra verdadeira compaixo por aqueles que se encontram em situaes infelizes
na vida, tambm conhecem o segredo do reto relacionamento. Mas estar verdadeiramente pleno de
compaixo ainda uma qualidade rara no relacionamento humano.
Ser terno com algum que est infeliz de fato compreender o sofrimento do outro. Na ternura no
h demonstrao de pena ou generosidade, mas respeito pela outra pessoa. Na ternura no se
humilha o outro, nem de forma velada.
Patanjali diz que ficar realmente feliz ao encontrar uma pessoa que obteve sucesso espiritual algo
muito bonito. Deleitar-se com a viso do status moral e espiritual de outro demonstrar uma real
transparncia de nossa natureza.
Comumente toleramos nossas falhas, mas somos incapazes de tolerar mesmo a mais insignificante
falha dos outros. Fazer a pessoa que falhou sentir-se completamente vontade em nossa
companhia uma grande virtude espiritual.
Certamente no h falha maior que o farisasmo! Nada to imoral quanto o sentimento de
superioridade moral.
Amizade, compaixo, alegria e considerao no so produtos de cultivo consciente. Virtude
cultivada conscientemente no em absoluto virtude. As reais virtudes so o transbordamento de
nossa vida normal. E um transbordamento sempre natural e espontneo.
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39. Isso possvel apenas seguindo o caminho da meditao que se considerar mais conveniente.
Patanjali aqui indica que a meditao a nica forma de desenredar os segredos do inconsciente.
com o desenredo desses segredos que ficamos livres de todas as motivaes que so a fora
impulsionadora por trs do jogo dos opostos.
Meditao no seguir algum modelo particular, precisamos desenvolver nossa prpria abordagem
em relao meditao, de acordo com as nossas inclinaes. O que importa na meditao, em
ltima anlise, o estado daquele que medita. Descobriremos sozinhos, qual o nosso estado.
durante a meditao que podemos levar avante este inquirimento. No h caminho para a
meditao. Meditao mover-se em uma regio sem caminhos.
O fato que no conhecemos nossas prprias inclinaes e interesses. No conhecemos a ns
prprios como somos. No conhecemos sequer nossa prpria natureza adquirida, pela qual agimos
no dia a dia.
Precisamos nos conhecer como um fato e no como uma ideia ou um ideal. O autoconhecimento o
conhecimento de ns mesmos como somos em nossos relacionamentos dirios. O caminho da
meditao inicia aqui, e no em imaginar algum estado supremo.
Para ir longe preciso comear perto, e na meditao preciso irmos muito longe. Temos que
comear a trilhar o caminho da meditao do ponto de nossa prpria inclinao e interesse.
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O homem faz isso para escapar do mundo socialmente aceito para um mundo de suas prprias
projees. Este movimento chamado o processo do vir a ser. um processo de modificao da
natureza adquirida das coisas.
No se trata de um esforo para romper essa natureza, mas para modific-la de modo que outra
natureza adquirida possa vir existncia. Este o funcionamento de Rajas na conscincia humana.
Este processo do vir a ser est ocorrendo o tempo todo na natureza, a semente tornando-se uma
rvore, a criana crescendo, etc. Este vir a ser natural e no exige esforo, porque este o atributo
de Rajas agindo de uma maneira normal.
a mobilidade que a vida precisa para sua existncia e expresso. Enquanto Tamas necessrio
para a existncia da vida, Rajas necessrio para sua expresso e Sattva para sua exaltao.
Quando a mente do homem interfere na atividade normal das gunas, cria-se uma distoro. J vimos
que Tamas ou estabilidade degenera-se em estagnao. O mesmo ocorre com Rajas ou mobilidade.
A modificao da continuidade um movimento normal, a natureza est empenhada em continua
modificao. A distoro surge quando a mente interfere no movimento normal de modificao da
natureza.
A natureza produz mutaes o tempo todo, contudo o homem tambm produz mutaes atravs dos
processos cientficos, muitas vezes sem compreender a direo na qual a natureza deseja mover-se,
e produz distores horrendas.
Ao homem facultado apressar os processos da natureza, mas isso deve ser feito na direo na
qual a natureza objetiva mover-se. Quando a direo da natureza no respeitada, o esforo do
homem resulta em distores, tanto em relao evoluo biolgica quanto psicolgica.
H um processo natural de vir a ser, que a mobilidade da vida, o curso da vida que se move
continuamente. conhecido como o fluxo da vida. Esta velocidade pode ser alterada.
O propsito do Yoga promulgar esta acelerao no fluxo natural da vida no aspecto psicolgico.
Todavia tal acelerao no pode ir contra as inclinaes da natureza.
Podemos apenas nos tornar o que somos intrinsecamente, no podemos nos tornar o que no
somos. Enquanto agirmos dessa forma, os atributos de Rajas estaro funcionando de forma natural e
suave, sem absolutamente qualquer distoro.
Entretanto, quando a mente do homem entra em cena, buscando dar uma direo diferente ao curso
do vir a ser, comea o processo de distoro com referencia ao atributo Rajas.
Rajas por si mesmo um movimento sereno, a natureza no tem pressa, mas quando seu
funcionamento normal interceptado, surge uma atividade excitada e inquieta para vir a ser em
relao direo determinada pela mente.
O centro verbal o centro de Tamas, pois apenas outra palavra para hbito. O centro projetado o
de Rajas. Todo o movimento do vir a ser tende a mover-se em torno destes dois polos. O real nunca
conhecido.
No Savitarka Samadhi h uma experincia em torno do centro de modificao-pensamento. Nesta
experincia, a mente move-se entre os centros de continuidade e de continuidade modificada, este
centro a prpria base de Savitarka Samadhi.
A jornada para o Yoga exige que a mente esteja livre dos fatores condicionantes de Tamas e de
Rajas.
A liberdade das distores de Tamas foi discutida quando analisamos o tema de Asamprajnata
Samadhi. Com relao libertao de Rajas, Patanjali fala no prximo sutra.
43. Nirvitarka Samadhi, a experincia na qual no existe o centro da modificao-pensamento
alcanada quando, em virtude da purificao da memria, as projees subjetivas da mente so
abandonadas.
A associao de ideias atravs da qual a memria psicolgica funciona vista no nvel da mente
consciente. Um pensamento atrai outro pensamento por estimulo de associaes passadas.
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44. O problema do Savitarka e Nirvitarka Samadhi, uma experincia com ou sem centro de
modificao-pensamento, indica uma investigao nas camadas mais sutis e profundas da mente.
Isto ocorre porque tratamos no com os modelos da memria, mas com os motivos da memria. Os
modelos so retentivos e associativos, j os motivos so repetitivos ou de antecipao. nos
motivos que jazem os anseios do vir a ser psicolgico.
A mente consciente possui a tendncia de adornar os anseios do subconsciente e do inconsciente
com uma roupagem de respeitabilidade, de modo que paream nobres e elevados.
Precisamos compreender os motivos subjacentes a este movimento de vir a ser aparentemente
incuo. Nirvitarka Samadhi refere-se a esta condio em que o esforo da mente tenha chegado ao
fim, no s da mente concreta, mas tambm da abstrata.
45. At mesmo o pensamento mais abstrato no pode ir alem do campo de prakriti, ou seja, do
campo da manifestao.
A diferena entre o pensamento concreto e o abstrato jaz no tema sobre o qual se pensa. Ao mudar
de tema do pensamento, a qualidade do pensamento no muda, muda-se apenas o padro. No
pensamento abstrato tambm h o movimento da mente.
O fundamental a transformao da prpria qualidade da mente. O pensamento, seja concreto ou
abstrato, pode mover-se apenas no campo da manifestao. o imanifesto que d sentido
manifestao. A mente conhece apenas o sentido projetado das coisas.
A mente jamais ir conhecer o Desconhecido, o mximo que a mente faz ocasionar modificaes
no padro do conhecido.
Assim, em Nirvitarka Samadhi, mesmo o movimento da mente abstrata deve cessar. Vimos que
Asamprajnata Samadhi concerne a ativao da mente, j Nirvitarka Samadhi trata com a cessao
do esforo da mente.
Qual a utilidade, se um leva a ativao da mente e o outro leva a cessao do esforo da mente?
Patanjali diz que deve surgir um movimento totalmente diferente, de modo a no ficarmos nos
debatendo entre os dois polos.
Asamprajnata Samadhi e Nirvitarka Samadhi por si ss no conduzem a soluo dos problemas das
tendncias reativas da mente (Vrttis).
46. Mesmo este centro circunda uma semente-pensamento.
Mesmo aps Asamprajnata Samadhi e Nirvitarka Samadhi, quando os pensamento-hbito
(ocasionado por Tamas) e modificao-pensamento (ocasionado por Rajas) so eliminados,
permanece um centro que o pensamento-semente que o centro da identidade.
At agora procuramos destruir os centros do hbito e da antecipao. Ainda persiste o fator
condicionante de Sattva.
As distores na atividade de Sattva surgem quando a conscincia do homem est centrada na
identidade. Este o mais sutil dos fatores condicionantes, na maior parte das vezes negligenciado.
Sattva tambm pode ser distorcido, quando o centro de identidade estabelecido no interior de sua
esfera de atividade. O centro de identidade de fato o centro do eu.
Sattva tem uma qualidade de harmonia ou ritmo. Sua essncia a benevolncia, que por si s uma
grande virtude. Mas essa virtude corrompe-se quando h nela a presena da identidade ou do eu. A
identidade uma conscincia de separao.
O esforo deve cessar, mas enquanto aquele que faz o esforo permanecer persistiro o estresse e
a tenso do vir a ser psicolgico. O centro de identidade o centro onde aquele que faz o esforo
age. Isso pode gerar novos centros de antecipao e de hbito, enquanto a semente existir.
preciso haver Nirbija Samadhi, uma experincia em que no h semente, completamente livre do
centro de identidade. preciso haver existncia sem identidade, somente isso a purificao de
Sattva. Nirbija Samadhi o Samadhi sem centro de identidade.
Reteno sem repetio, modificao sem antecipao e existncia sem identidade, estas so as
caractersticas do triplo Samadhi ensinado por Patanjali.
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Verdade refere-se a uma experincia que no pode ser colocada na camisa de fora do tempo e do
espao, a verdade dinmica, nunca esttica. A verdade a existncia intrnseca das coisas, a
natureza original das coisas.
Aquele que dotado de sabedoria v todas as coisas como de fato so, e no atravs de lentes
coloridas (da mente).
Tal sabedoria surge apenas quando os trs atributos de Tamas, Rajas e Sattva so purificados. Isso
s ocorre quando em sua atividade no surge a interveno do pensamento.
49. O conhecimento direto totalmente diferente do conhecimento derivado da inferncia e do
testemunho, pois, enquanto o ultimo conhecimento generalizado, o primeiro o conhecimento
do nico e do particular.
Todo conhecimento generalizado relativo, governado por leis de probabilidade, baseados em
clculos estatsticos. Todas as leis cientificas so desta natureza.
Sabedoria no uma compreenso quantitativa das coisas, ela se ocupa com a qualidade essencial
das coisas. O nico incomparvel e no pode ser compreendido por qualquer processo de
comparao. Exige ver cada coisa como ela , no em comparao com outras.
No conhecimento direto no h rgua de mensurao. A sabedoria um estabelecimento de um
contato direto e imediato com o que , sem qualquer interveno da mente. Um conhecimento direto
completo, pois no depende de algo que foi ou ser.
uma compreenso no presente vivo, sem vestgios do passado nem do futuro. Os vestgios sutis
do passado e do futuro ocasionam uma distoro de Sattva.
50. Quando h um pensamento com um centro, as impresses, aderidas a este centro, impediro o
despontar de nova luz na conscincia.
A mente que reconhece guiada por inferncia e testemunho, e est enraizada no passado e no
futuro. A vida nova a cada momento, mas quando colocada na moldura do reconhecimento, a tela
do passado e do futuro lanada sobre ela.
Aquilo que conhecido pertence ao passado. Uma mente aberta aquela na qual no h centro de
reconhecimento psicolgico. Aquilo que reconhecido no novo, mas a vida real das coisas
sempre nova.
Este centro de reconhecimento psicolgico aquilo que chamamos de centro de identidade, ou o
ego, o eu. Este centro impede a percepo da vida, que nova momento a momento.
O rompimento deste centro de identidade a purificao de Sattva, a base de Nirbija Samadhi.
51. Quando o prprio ncleo de identidade destrudo, h uma completa cessao de todas as
tendncias reativas (Vrttis), trazendo assim existncia Nirbija Samadhi, ou uma experincia na
qual no h nem mesmo uma semente-pensamento agindo como um centro.
um estado de experincia sem acumulao. A mente nesta condio sempre nova e vital,
capaz de encontrar o novo da vida de momento a momento. No h a estagnao do hbito.
No h o movimento inquieto do vir a ser psicolgico, no h entidade para dar nomes s
experincias e acontecimentos. No h fator condicionante nem de Tamas, nem de Rajas nem de
Sattva.
Nesta seo, Patanjali esboou um quadro muito claro do estado do Yoga, especialmente do triplo
Samadhi, Asamprajnata, Nirvitarka e Nirbija.
Como explorar a senda do triplo Samadhi e quais so as condies exigidas para trilhar esta senda,
so as questes prticas do Yoga, e sero tratadas na segunda seo deste trabalho.
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