Evolução Da Administração
Evolução Da Administração
Evolução Da Administração
NO AMBIENTE DA GLOBALIZAÇÃO
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Mestre em Planejamento do Desenvolvimento, Administrador de Empresas, Economista, Consultor de Empresas, Professor do
Departamento de Administração da Universidade da Amazônia e Supervisor de Campo do Núcleo de Estágios do CEAC.
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Adcontar, Belém, v. 2, nº 1, p. 7-10, maio 2001
A Globalização compreende, na Adam Smith, economista escocês, um
realidade, a extensão de uma organização para dos mais eminentes teóricos da Economia
ambientes gradativamente mais amplos através Clássica, já visualizava o princípio da
do fim das economias nacionais e de uma especialização dos operários em uma manufatura
integração cada vez maior dos mercados, dos de agulhas e já enfatizava a necessidade de se
meios de comunicação e dos transportes. racionalizar a produção, seria a chamada Divisão
do Trabalho.
A Globalização se apresenta, nesta
discussão, como ambiente contextual, pois a A análise do trabalho e uma abordagem
mesma reúne condições de atuar sobre o espaço mais detalhada dos tempos e movimentos
herdado de tempos passados, compreendendo proporcionaram uma reordenação dos
enfoques organizacionais construídos através da procedimentos nas indústrias, e a Divisão do
evolução do pensamento administrativo, Trabalho compreende neste contexto uma
remodelando-os em função das novas decorrência na tentativa de elevar a produção
necessidades de mercado. através das tarefas, principal desafio da época.
Em meados do século XIX, o filósofo e Foi justamente esta ênfase nas tarefas que
economista alemão, Karl Marx, afirmava que o fundamentou a Escola da Administração
capitalismo punha no lugar da auto-suficiência e Científica a partir dos esforços de Frederick
do isolamento das nações uma circulação Taylor. Seus trabalhos abrangem um sistema de
universal, uma interdependência geral dos países; normas voltadas para o controle dos movimentos
em decorrência, o capitalismo tendia a anular o do homem e da máquina no processo de
espaço por meio do tempo, isto é, a reduzir a produção, incluindo propostas de pagamento
um mínimo tempo tomado pelo movimento de pelo desempenho dos operários.
um lugar a outro.
Neste momento, Henry Ford, um dos
Neste momento pergunta-se: anular o precursores da Administração Científica, cria um
espaço por meio do tempo, da contração do conjunto de métodos de racionalização da
tempo, não seria exatamente a tendência à produção, que se dedicava a produzir um tipo
intensificação dos meios de comunicação de produto, através de uma estrutura
informatizados? Se a Globalização é um termo verticalizada de produção, chegando a dominar
que designa o fim das economias nacionais e a não apenas as matérias-primas, mas até o
integração cada vez maior dos mercados, dos transporte de seus produtos. O trabalho era
meios de comunicação e dos transportes, Marx altamente especializado, com cada operário
não teria previsto o que chamamos hoje de realizando apenas um tipo de tarefa. Entretanto,
Globalização dos Mercados? não admitia especialistas em Administração nem
queria pessoas formadas em universidades no
Talvez Marx tivesse encontrado seu quadro de funcionários.
inspiração nas contribuições dos Economistas
Liberais no século XVIII. Segundo George Jr. A divisão mecanicista do trabalho, vista
(1974), as idéias básicas dos Economistas como mola propulsora do sistema, foi o fator
Liberais constituem os germes iniciais do principal de condução equivocada dos clássicos
pensamento administrativo de nossos dias. no desenvolvimento da Administração como
ciência.
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Quando se reporta à atualidade e Assim, pode-se entender porque os
procura-se contextualizar esta discussão teórica, vários ramos do conhecimento passaram a
observa-se que a Globalização é um processo abordar os seus objetivos de estudo como
pelo qual o espaço mundial adquire unidade. sistemas.
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É indispensável colocar um pouco de do Trabalho estivesse muito mais comprometida
ordem nesta discussão. Sob contexto global, com o planejamento intencional para intensificar
verifica-se um processo muito antigo, que a realização de objetivos – como talvez viessem
continua a se expandir. A Globalização não é a sugerir os estruturalistas quanto à solução
um fenômeno recente, e a geografia política e questionada – que com a especialização de
econômica do mundo em que vivemos é fruto tarefas isoladamente.
deste processo. O ponto de partida deste
processo, que remonta às Grandes Navegações Joan Woodword talvez defendesse a
européias dos séculos XV e XVI e é abordado idéia de uma produção contínua, a partir de um
por Karl Marx no século XIX, sob análises processamento padronizado e disposto
preliminares, se depara nos dias de hoje com o linearmente, com tecnologia intensiva e pessoal
surgimento da era da informação, graças ao especializado. Este cenário proporcionaria uma
grande impacto provocado pelo desen- produção mais previsível, seqüencial e compatível
volvimento tecnológico e pela tecnologia da com os desafios da Globalização atual.
informação.
Para Chiavenato (2000), este desafio
As ênfases passaram a pautar-se na apresenta como conseqüência para a
qualidade, na produtividade, na competitividade, Administração das organizações: “a
no cliente e na Globalização. A chegada da era administração da incerteza”. As modificações
da informação trouxe segundo Chiavenato aceleradas, o crescimento das organizações, a
(2000), um novo contexto e uma avalanche de concorrência travada por estas organizações, o
problemas para as organizações; a velocidade e desenvolvimento tecnológico, os fenômenos
a intensidade das mudanças foram além do que econômicos da inflação e a internacionalização
se previa. das atividades, exigem novas formas e modelos
de organização, que segundo este autor, devem
buscar uma mentalidade compatível com os
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS novos desafios do mercado atual.
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atendem as demandas organizacionais em um
determinado momento e em uma determinada GEORGE Jr. C. S. História do Pensamento
conjuntura, que só poderá ser compreendida a Administrativo. São Paulo: Cultrix, 1974.
partir do conhecimento de todos os seus
meandros e especificidades locacionais de KIERNAN, M. J. 11 Mandamentos da
mercado. Administração do século XXI. São Paulo:
Markron Books, 1998.
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