Educaçao Infantil: Diferentes Formas de Linguagem
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Resumo: O texto pretende enfrentar alguns mitos e mal entendidos sobre o trabalho com a linguagem escrita
na educao infantil, discutindo a adequao do uso dos termos alfabetizao e letramento para a compreenso das especificidades do trabalho pedaggico direcionado linguagem escrita com crianas de zero a cinco
anos. Defende-se neste texto a ideia de que a escrita um complexo sistema de representao e no simples
codificao da fala e regula os reais propsitos da educao infantil. No se espera que as crianas dominem o
sistema alfabtico da escrita, mas, sim, que aprendam a pensar sobre ele, se aventurem com gosto a escrever e
encontrem recursos suficientes para faz-lo. Por fim, assume o direito da criana de pensar sobre a escrita nas
mais diversas prticas sociais alm de brincar, de ser cuidada, de conviver e interagir em ambientes seguros
e desafiadores sendo a educao infantil espao privilegiado para isso, por meio de um trabalho planejado
que assegure oportunidades de se comunicar, ler diariamente, em roda; envolver-se em processos de produo
de textos e utilizar a escrita, e a leitura na organizao do cotidiano e no desenvolvimento de projetos, e de
iniciativas pessoais e coletivas de estudar e aprender. Ao assegurar todas essas oportunidades, a escola ou a
creche colaboram para o desenvolvimento das capacidades infantis de pensar, de analisar e sintetizar, processos que se justapem no exerccio da leitura e da escrita, e que ampliam o desenvolvimento infantil.
Palavras-chave: Educao infantil, Linguagem escrita, Letramento, Alfabetizao.
Um encontro com um livro abre portas para a compreenso do mundo real e de fantasia, de pai e me, fadas encantadas e seres misteriosos, de informaes, atualidades, notcias,
receitas, de palavras que encantam, assustam, fazem sorrir ou trazem uma dvida. O mundo
escrito em textos pode ser relido atravs dos tempos, pela voz de quem recita um poema ou
de quem conta um conto. Tudo isso pode ser acessado por um bom leitor e pelo prazer, e
pelo direito de conhecer esse mundo, entre outros motivos, que se discute a relevncia do
trabalho com a linguagem escrita na educao infantil.
Parece um bom convite, uma questo simples de se compreender. Mas, no bem
assim. O trabalho sobre a escrita na educao infantil cercado de tendncias ideolgicas e,
muitas vezes, reforam mitos e mal entendidos que no colaboram para o avano da educao infantil. A presena da escrita na escola ou na creche, embora seja assunto em pauta h
anos, ainda vista com temor e cautela. Muito se discute sobre o tema e as opinies frequentemente se polarizaram. H os que so contra e os que so a favor da escrita entre as prticas
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Mas, isso no um consenso. Muitos pensam que o sistema de representao alfabtico pode ser visto como um sistema de codificao. No entanto, estudos sobre a psicognese
da lngua escrita (FERREIRO, 2006) mostram que as crianas enfrentam questes de ordem
conceitual e no apenas de transcrio dos sons, de memorizao de letras, de percepo
sonora das palavras ou de tcnicas de grafia. fundamental saber que para as crianas se
apropriarem do nosso sistema de escrita, elas precisam compreender seu processo de construo e suas regras de produo. A no compreenso desse ponto causa os mais terrveis
equvocos do ensino na educao infantil. Ora, se o professor toma a escrita como um cdigo
de transcrio da fala, seu ensino direcionado para a percepo visual e auditiva. Vem da
a forte crena que muitos tm nos abecedrios com as imagens dos objetos que so escritas
com as respectivas iniciais (A de anel, B de bola etc.). Tambm o caso das intervenes que
muitos professores fazem na tentativa de aproximar a criana da percepo correta dos sons,
quando, por exemplo, eles dizem criana: Martelo, como se escreve? Como se escreve
MA? Nesse caso, o professor entende que o problema que a criana enfrenta de converso
das unidades sonoras (os sons que pronunciamos em MAR TE LO) em unidades grficas
(a escrita de MAR TE LO). Tais exemplos mostram claramente a inteno do ensino em
investir no exerccio da discriminao das partes, mas despreza a unidade da linguagem.
Essas no seriam, ento, boas prticas de alfabetizao.
Bem se v que o debate em torno dos termos alfabetizao e letramento no um consenso, no se tem definies que agradem a todas as correntes de pensamento que, hoje, produzem pesquisas na rea. O consenso sobre o conceito de letramento , atualmente, cercado
por um contexto ideolgico que importa, sobretudo, aos que se preocupam com a avaliao
da alfabetizao, com a medio dos nveis de letramento de uma populao (SOARES, p.
82). E esses, certamente, no so propsitos finais da educao infantil.
Para a educao infantil, a questo da alfabetizao ou do letramento tem importncia
porque ali, na escola ou na creche, que a criana se aproximar da escrita na companhia de
um adulto que entende profundamente seu papel como linguagem no desenvolvimento intelectual e afetivo dessa criana. No se trata de um encontro inaugural posto que, estando imersas
; muito antes de chegarem
em um mundo cercado de escrita, as crianas pensam sobre ela
escola, sem pedir licena aos adultos. Trata-se, antes, de criar as melhores condies para a
construo de significaes a partir das diferentes prticas sociais da escrita, em sntese, de
defender como ns, professores, esperamos que as crianas ingressem na lngua escrita.
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apresenta no mundo. Este ltimo acabou sendo adotado amplamente no Brasil em substituio ao outro que, em seu uso mais popular, frequentemente toma a escrita como decodificao ou transcrio da fala e no como complexo sistema de representao (GOULART,
2006, p. 452).
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Esse modo de compreender a aprendizagem da escrita, mais aberta e abrangente, pode ter
incio antes mesmo do ingresso da criana na escola ou na creche e seu fim, indeterminado.
Mas, assim como no existe indcio de que a humanidade chegou ao estgio final dessa forma de representao, no h como determinar o momento final da aprendizagem, limitando a alfabetizao ao puro conhecimento
das letras, na primeira srie do primeiro grau. Muito pelo contrrio, aquele
que escreve deve estar sempre descobrindo novas formas de manifestao
e, nesse sentido, a conquista da escrita pressupe o aproveitamento de todo
repertrio lingustico (a linguagem total) numa aprendizagem permanente,
que nunca se conclui porque traz em si a possibilidade de novas formas de
manifestao. A escrita, em qualquer estgio de produo, faz parte de um
processo essencialmente criativo. (COLELLO, 1995, p. 14).
De Vygotsky a Ferreiro, muito se tem discutido sobre o que o processo de alfabetizar
e qual a sua importncia na formao de uma criana. Para a educao infantil, no convm defender qualquer alfabetizao, aquela associada mecnica e ao treino da tcnica de
grafar corretamente as palavras. Mas, sim, assumir aquilo que representa o ponto crucial no
desenvolvimento cultural da criana, o que permite compreender a linguagem escrita, mais
do que a decodificao de sinais simples, como aponta Smolka:
Do ponto de vista da psicologia dialtica de Vygotsky, ento, a colocao
da questo muda fundamentalmente: a linguagem uma atividade criadora e constitutiva de conhecimento e, por isso mesmo, transformadora.
Nesse sentido, a aquisio e o domnio da escrita como forma de linguagem acarretam uma crtica mudana em todo o desenvolvimento cultura
da criana. (SMOLKA, 1988, p. 57).
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H crianas que ingressam na lngua escrita pela magia (uma mgica cognitivamente desafiante) e crianas que entram na lngua escrita pelo treino
de habilidades bsicas. Em geral, as primeiras se tornam leitoras; as outras, tm um destino incerto. (FERREIRO, 2009, p. 27).
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A escrita e a sua cultura so importantes patrimnios da humanidade, portanto, direitos da criana. Quando cuidamos do contato das crianas com a escrita, tratamos de inclu-las na cultura escrita, acolhendo suas diferentes prticas sociais e o sentido que isso tem
para elas. Cuidamos para que tenham acesso complexidade da linguagem verbal, por meio
de um processo criativo, tomando para si uma das mais importantes heranas culturais,
responsvel por mudanas no modo como as sociedades se organizaram, com reflexos no
prprio modo de pensar das pessoas.
No Brasil, em especial, essa defesa ainda mais contundente, dada dura realidade da
grande maioria das crianas que frequentam instituies pblicas de educao e, em muitos
casos, encontram ali a nica oportunidade de obter informaes que h muito circulam entre
as famlias mais escolarizadas.
, portanto, papel da educao infantil disponibilizar a todas as crianas as informaes necessrias para que possam pensar sobre sua prpria lngua. E isso no deve significar,
de modo algum, apressar a escolarizao, pelo contrrio. O contato com a leitura e a escrita
no tem o objetivo de garantir que todas as crianas leiam e escrevam autonomamente ao
final da educao infantil e nem uma expectativa que se deva ter mas, assegura a elas o
direito de pensar sobre o assunto, de explorar ideias sobre o que se escreve e como se escreve.
Cabe agora perguntar: como as crianas podem se relacionar com a linguagem escrita
nas prticas comunicativas orais e escritas de sua lngua desde a educao infantil?
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O currculo da Educao Infantil concebido como um conjunto de prticas que buscam articular as experincias e os saberes das crianas com
os conhecimentos que fazem parte do patrimnio cultural (grifo meu),
artstico, ambiental, cientfico e tecnolgico, de modo a promover o desenvolvimento integral de crianas de 0 a 5 anos de idade (BRASIL, 2009).
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recontar as histrias tradicionais de sua cultura e outras, preservando as caractersticas da linguagem escrita;
ouvir a leitur a de
Histrias diariamente, na Roda
Como dito anteriormente, o trabalho a partir da linguagem escrita se inicia muito cedo,
com a curiosidade dos bebs que notam, na entonao do adulto, quando hora de conversar,
de brincar e de ouvir histrias. certo que um beb muito pequeno, no poder compreender
o significado de todas as passagens do texto lido pelo seu professor, mas ler histrias para
um pequeno grupo de bebs, tambm um jeito de cuidar da imaginao, da inteligncia e
dos afetos das crianas. Quando organizamos uma roda, nos sentamos com as crianas ou
as fazemos ninar ao som do era uma vez, estamos ajudando-as a constituir a memria, o
sentido de ouvir histrias pelas palavras de um adulto afetivo. um bom jeito de reconhecer,
desde cedo, a diversidade de sentidos que esto guardados nos livros que os adultos lhes
apresentam.
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Contar histrias no a mesma coisa que ler porque no se aprende as mesmas coisas
nas duas situaes. As histrias contadas reportam a criana expresso oral do adulto, ao
canto, entonao, atmosfera que cerca a memria daquele que conta, olhando nos olhos
de seu vido pblico. As histrias lidas remetem aos textos estveis ditos por outras vozes.
Mas, o que h, afinal, de to especial a ser aprendido na leitura feita pelo professor?
Ferreiro (2006) afirma que a leitura pode ser entendida como um grande palco, onde
preciso descobrir os atores e os autores. As crianas que no conseguem ler sozinhas, podem, ainda assim, conhecer a beleza e a magia das palavras por meio dos adultos que leem
para ela, que lhes emprestam vozes. Estes atuam como um interpretantes para a criana que,
ao escutar suas palavras, imagina tudo o que se passa nessa narrativa e interpreta os acontecimentos de um modo prprio.
O interpretante informa criana, ao efetuar esse ato aparentemente banal que chamamos de um ato de leitura, que essas marcas tm poderes
especiais: basta olh-las para produzir linguagem. O ato de leitura um
ato mgico. O que existe por trs dessas marcas para que o olho incite a
boca a produzir linguagem? Certamente uma linguagem peculiar, bem
diferente da comunicao face a face. Quem l no olha para o outro, mas
para a pgina (ou qualquer outra superfcie sobre a qual as marcas foram
realizadas). Quem l parece falar para o outro, porm o que diz no a
sua prpria palavra, mas a palavra de um Outro que pode ser desdobrada
em muitos Outros sados no se sabe de onde, tambm escondidos atrs
das marcas. De fato, o leitor um ator: empresta sua voz para o texto ser
re-presentado (o sentido etimolgico de tornar-se a apresentar). Portanto,
o interpretante fala mas no ele quem fala; o interpretante diz, porm o
dito no seu prprio dizer mas o de fantasmas que se realizam atravs da
sua boca. [...]
O interpretante-leitor um ilusionista que tira dessa cartola mgica que
a sua boca os mais insuspeitos objetos-palavras, em um desenrolar de
surpresas que parece infinito.
expressivos, seja fundamental para o grupo de crianas, ainda assim, no deve substituir a
leitura. E isso vale para todas as idades: para os bebs que se aninham em torno do professor
para observar e tocar as figuras que saltam dos livros e tambm para as crianas maiores que
escutam e recontam, ao mesmo tempo.
Parte da magia consiste em que o mesmo texto (ou seja, as mesmas palavras, na mesma ordem) torne a re-presentar-se diversas vezes, diante das
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As palavras lidas no so mais importantes do que as ditas, contadas a partir da memria do professor e de todos os seus recursos expressivos. So, apenas, diferentes e, certamente, insubstituveis. Ao ler para as crianas, estamos incluindo-as na tradio de nossa cultura
que, teoricamente, seria inacessvel para elas que ainda no sabem ler convencionalmente.
Por esse motivo, o momento da leitura para crianas de todas as idades, deve ser o mais prximo possvel das prticas reais dos leitores.
Ao ler histrias todos os dias, os professores do voz aos autores para que eles possam
falar s crianas, uma vez que elas ainda no podem fazer isso sozinhas. A experincia contnua, organizada e intencional de leitura de contos e de outros textos possibilita s crianas
a ampliao do seu repertrio de narrativas que serviro de base para a produo de seus
textos de autoria.
Alm disso, a roda de leitura permite a elas observar atitudes essenciais para a construo dos comportamentos leitores (LERNER, 2002) e do hbito de ler. Ns, adultos, nem
sempre temos conscincia dos nossos prprios comportamentos diante dos textos, mas, quando lemos em voz alta, eles saltam aos olhos das crianas que, atentamente, observam como
o professor comenta ou recomenda algo que leu, como discute as diferentes interpretaes.
As crianas observam como os adultos se encantam, gostam de ler e reler os mesmos
trechos, como eles conhecem e se interessam pelos autores. Tais atos revelam comportamentos tpicos de leitores e que podem ser pouco a pouco desenvolvidos pelas crianas nas rodas
em que os professores leem para elas.
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mesmas marcas. Que existe nessas marcas que permite no s eliciar linguagem, mas tambm provocar o mesmo texto oral, uma e outra vez? O
fascnio das crianas pela leitura e releitura da mesma estria tem a ver
com esta descoberta fundamental: a escrita fixa da lngua, controla-a de
tal maneira que as palavras no se dispersam, no se desvanecem nem
so substitudas umas pelas outras. As mesmas palavras, uma e outra vez;
grande parte do mistrio reside nesta possibilidade de repetio, de representao. (FERREIRO, 2006, p. 165-166).
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A primeira coisa a pensar a qualidade do texto. Ao contrrio do que muitos pensam, as crianas se encantam, sim, com a leitura. E, com o convvio, desenvolvem
gostos e preferncias pela linguagem de algumas histrias e seus autores. Historinhas muito curtas, de frases simplificadas, infantilizadas e moralizantes minimizam o potencial das crianas que podem aprender a dedicar-se a ouvir uma longa e
bela histria lida pelo adulto. Ao escolher bons livros, cuidamos da imaginao e
respeitamos a inteligncia prpria das crianas.
Nessa escolha tambm se deve considerar o cuidado tico: que valores se quer
transmitir com determinadas histrias? Como as personagens femininas, por
exemplo, aparecem? So sempre secundrias, obedientes aos homens, ou tambm
aparecem como heronas, destacando-se tambm pela inteligncia alm da beleza?
E os personagens negros? So sempre escravos ou subalternos ou tambm so
destaques importantes, centrais da trama? importante criar oportunidades para
que todas as crianas possam, por meio das histrias, se espelhar e se identificar,
positivamente, com tais personagens. V biblioteca, pesquise o acervo de sua
creche ou escola e procure esses personagens, talvez desconhecidos das crianas.
Voc certamente tambm vai se surpreender.
O planejamento da roda de leitura pressupe alguns cuidados que podem ser marcados em seus trs momentos: antes, durante e depois da leitura. Antes importante escolher muito bem o que ser lido, conhecer o texto em seus detalhes, preparar-se para ler. Durante a roda, apresentar o livro s crianas, falar um pouco sobre o
autor e a obra, compartilhar os motivos de sua escolha so cuidados que permitem
s crianas reconhecer os comportamentos leitores de seu professor. No interromper a leitura sempre que uma palavra nova ocorrer cuidado bsico para que a
criana construa a sua prpria interpretao do texto. E, ao final, para fechar bem
esse momento, vale a pena compartilhar impresses sobre a leitura: de que cada
um gostou mais, chamar a ateno para alguns detalhes e, eventualmente, reler os
trechos favoritos so orientaes que ajudam a criana a ampliar seus conhecimentos sobre a linguagem escrita.
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A leitura diria de contos tradicionais de fadas umas das mais importantes fontes
para a criana se apropriar da linguagem escrita. O domnio de um vasto repertrio de
contos permite a elas abstrarem a estrutura estvel da narrativa. Repare bem como ela est
presente na maioria das histrias que voc conhece: todos os contos de fadas sempre se iniciam com era uma vez ...; o tempo indefinido, fantasioso; geralmente h lados distintos
da trama, representados pelo bem e o mal; o mal ameaa o bem, normalmente trs vezes,
at conseguiu seu intento. Mas, h um episdio mgico que desfecha a histria, aplacando o
mal e garantindo que todos sejam felizes para sempre.
A criana que conhece muitos contos tradicionais se apropria dessa estrutura e a utiliza
para recont-las. Ao contar uma histria tal como o autor a escreveu, a criana coloca em
uso elementos da linguagem escrita muito diferentes dos recursos utilizados para falar. Essa
diferenciao entre as diferentes linguagens e discursos pode ser feita nessa roda de histria
em que as crianas ocupam lugar privilegiado ao recontar uma histria de um livro para os
demais amigos da sala. A professora pode apoi-las em suas iniciativas de vrias maneiras:
promovendo o emprstimo do livro para ser lido em casa, com os pais e os irmos; organizando momentos em sala de aula em que duplas ou pequenos grupos se constituem para a
troca de histrias, at o momento em que uma criana por vez assuma o lugar de destaque e
apresente seu livro favorito aos colegas, recontando-os.
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A presena dos contos tradicionais de fadas nas rodas de leitura fundamental porque alm de portadores de temas e questes essenciais para o homem, por isso presentes na
literatura universal, os contos tradicionais possuem uma estrutura bastante estvel, caractersticas lingusticas importantes que facilitaram sua transmisso ao longo de sculos e, pelo
mesmo motivo, tambm so teis ao reconto das crianas.
Recontar Histrias
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seja conduzida pelo professor de modo a mostrar s crianas, por meio de seus prprios atos,
todo o processo de produo de texto: levantamento de ideias sobre o assunto; discusso em
grupo; organizao de roteiros em funo de um propsito comunicativo; o ditado pausado,
regulado ao ritmo da grafia do escriba; a leitura e a reviso final, dando destaque dimenso
discursiva do texto.
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A escrita do nome prprio, bem como o conhecimento da lista de nomes de sua turma,
so conhecimentos fundamentais a que todas as crianas tm direito. Esta ser a base que
ela utilizar mais tarde para compor outras grafias, de tantas outras ideias. o mais importante recurso para que possa seguir pensando, por conta prpria, sobre como funciona esse
complexo mundo da escrita.
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O nome de cada criana carregado de significados, motivo de curiosidade e investigao, e no toa que uma criana pequena se enche de vaidade e satisfao quando j consegue ler ou escrever o prprio nome. Pode-se dizer que a histria de uma criana comea,
muitas vezes, pela escolha do nome que carrega consigo as representaes e desejos de seus
pais. Saber o que esse nome significa para uma famlia, diz algo tambm sobre as crianas.
Conhecer a origem dos nomes e as histrias de batismos so informaes que compem a
histria de cada um. por isso que se deve evitar o uso de apelidos que, muitas vezes, so
pejorativos e depreciam a autoimagem das crianas e a fora simblica que o nome prprio
carrega.
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Referncias
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