A Prática Psicanalítica Com Crianças - Françoise Dolto
A Prática Psicanalítica Com Crianças - Françoise Dolto
A Prática Psicanalítica Com Crianças - Françoise Dolto
RESUMO
Este artigo se embasa no trabalho e teoria de Franoise
Dolto. Tivemos como objetivos
compreender os pressupostos
bsicos de sua teoria; caracterizar as intervenes do psicanalista na anlise com crianas; e
exemplificar seu mtodo atravs
do recorte das principais intervenes realizadas no Caso
Dominique e no caso
Bernadette. Como resultado,
constatamos que Dolto trabalhava com maestria o fenmeno
da transferncia e as situaes
de interpretao; providenciava
a oferta de recursos adequados
condio da criana; conduzia
o trabalho com os pais permitindo a efetivao do sentimento
de confiana neles, em aderirem
ao tratamento analtico de seus
filhos.
Descritores: psicanlise com
crianas; Franoise Dolto;
transferncia; interpretao; trabalho com pais.
A PRTICA
PSICANALTICA DE
FRANOISE DOLTO A
PARTIR DE SEUS CASOS
CLNICOS
1. Introduo
reud, apesar de ter argumentando que a
F
psicanlise deveria ser ampliada ao longo dos anos,
apresentava algumas dificuldades para a anlise com
crianas (Freud,1996a). Sabemos hoje que essas dificuldades esto superadas, e que a anlise com crianas possvel. Melanie Klein (1981), Anna Freud
(1971), Donald W. Winnicott (1984), Maud Mannoni
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(1999) e Franoise Dolto (1980) demonstraram com o seu trabalho
e suas teorias a importncia de voltarmos nossa ateno para o trabalho psicanaltico com crianas. Cada um deles, ao seu modo, construiu uma maneira de conceber a criana e consequentemente de
analis-la.
Segundo Bernardino (2004) a anlise com crianas necessita de
uma teorizao prpria, pois a demanda, a transferncia e o fim de
anlise vo ser permeados pelas vicissitudes de um sujeito ainda em
constituio. Outra questo particular da anlise de crianas trata de
que, alm do desejo da criana, h o desejo dos pais, desejo que os
prprios no conhecem, mas que se faz presente no processo de
anlise:
Vai estar em jogo lidar com a presena destes pais que, mesmo no entrando fisicamente na sesso do filho ... continuam se manifestando: seja nos atrasos para
trazer o filho sesso, ou mesmo nas faltas que o fazem ter, seja nos diversos
trmites que impem ao pagamento, e at na interrupo abrupta do tratamento
do filho (Bernardino, 2004, p.65, itlico do autor).
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a oferta de recursos expressivos; o
trabalho com os pais.
2. A clnica de Franoise
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Franoise Dolto se coloca escuta desse sintoma. No apenas com a criana isolada que ela trabalha. A interrogao inicial
com a dinmica familiar. Por vezes, nada pode ser feito enquanto a
criana tomada como objeto por um ou outro dos pais, quando
os pais se tornarem atentos necessidade de realizao autnoma
de seu filho que este ter uma oportunidade de abrir-se ao risco da
anlise (Manonni, 1986, p.135).
A atuao da psicanalista diante do discurso e da dinmica familiar de ateno e intervenes. Diferente de Melanie Klein (1969)
que focava sua interveno na criana, e pouco contato estabelecia
com os pais, Franoise Dolto no atua com a criana separadamente. Realiza as entrevistas preliminares com os pais, na presena da
criana, comentando as palavras parentais pronunciadas diante da
criana, dando a entender que h uma m compreenso de sua parte. Do mesmo modo, Franoise Dolto no hesita em dar conselhos
aos pais, conselhos que poderamos qualificar como educativos, trata-se, de fato, de intervenes que se apiam nos pressentidos precoces fundamentais, cujo efeito passado volta cena no presente
(dipo, castrao) (Manonni, 1986, p.135).
A utilizao do discurso familiar por Dolto visa um desvelamento
catrtico. Franoise Dolto no se situa como terapeuta de famlia, mas
sim como uma analista a servio do jovem paciente trazido pela
famlia para atendimento (Manonni, 1986, p.136, itlicos do autor). Para Dolto, a interveno analtica no consiste na explicao
de um complexo seja de dipo ou de castrao, mas em um trabalho focado no drama revivido na transferncia.
Segundo Dolto (1988), no atendimento psicanaltico criana,
a primeira entrevista deve ser realizada primeiramente com a me
ou com os pais, acompanhados da criana. Esta entrevista com os
pais no deve ser realizada depois da conversa privada com a criana. A orientao de que a criana faa um desenho ou outro trabalho, instalada em uma mesa, e ao se falar com os adultos, preste-se
ateno ao modo como a criana reage.
Cifali (1989) expe que Dolto no poupava crticas em relao
teraputica que coloca a criana numa situao de intimidao ou
de consumo de remdios, que evitem que a criana expresse seu
desejo, a seu modo.
Finda a entrevista com os pais, Dolto oferece a eles uma breve
opinio, porm no da mesma maneira que eles encaram a situao:
j antes de uma informao mais ampla, no aceitamos a alternati210 Estilos clin., So Paulo, v. 17, n. 2, jul./dez. 2012, 206-227.
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va proposta: doena ou maldade ... a
primeira dessas interpretaes anula
toda a responsabilidade da criana, a
segunda atribui-lhe toda a responsabilidade (Dolto, 1988, p.134-135).
Qualquer uma dessas pontuaes, a
de eximir ou de responsabilizar totalmente a criana, inviabiliza a anlise,
e, como argumenta Dolto (1988), tende a fixar ainda mais a criana no crculo vicioso de seus sintomas neurticos.
Dolto prope que aps a
devolutiva aos pais, solicite-se que a
criana fique a ss com o analista. Ela
tambm sugere que, ao se trabalhar
com a criana, devemos usar o mtodo do brinquedo, da conversao e
do desenho, pois o mtodo da associao livre no possvel. Sobre o
desenho a autora defende que atravs deles entramos no mago das
representaes imaginativas do paciente, da sua afetividade, do seu comportamento interior e do seu simbolismo (Dolto, 1988, p.132).
Atravs do brinquedo, da conversao, do desenho e da modelagem, a
criana exprime seu contexto cotidiano, medos e angstias. Dolto e
Nasio (2008, p.79) expem que os
recursos que servem para a
psicoterapia variam muito dependendo do psicoterapeuta. Podem ser utilizados fantoches, cubos, miniaturas
de objetos do cotidiano, modelagem,
pintura, lpis de cor. Todos esses so
utilizados com o mesmo objetivo: fazer com que a criana verbalize seus
afetos, expresse os conflitos e tenses.
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Franoise Dolto traduz para a criana, na lngua dela, o que a
analista pensa dos efeitos que a situao familiar produziu na criana. Ela prope uma construo, isto , um pedao da histria que
escapa ao sujeito, a partir do que a criana encontra palavras com
que falar, e atravs das quais surge, sem que a criana saiba, uma
verdade (Manonni, 1986, p.135, grifo do autor).
Com frequncia uma sesso pode ocorrer em que a criana
falou e desenhou e o analista apenas escutou. Outras vezes h a
conversao em que os discursos variados da criana so provocados, porm, segundo Dolto (1988, p. 134), intelectualmente, quase
nada de novo proporcionado criana. A interveno do terapeuta
deve ser a mnima possvel, fazendo-a apenas para permitir a expresso mais acabada e emocionada das dificuldades e conflitos que
a criana tem, seja com ela prpria ou com os que a cercam (Dolto
& Nasio, 2008, p.79).
Essa relao entre a criana e o psicanalista possibilitada pela
situao da transferncia, situao de adeso afetiva ao psicanalista, que se converte num personagem, e dos mais importantes, do
mundo interior da criana, durante o perodo de tratamento (Dolto,
1988, p.133), a facilidade com que a criana fornece contedos relativos aos sonhos, segredos, suas faltas e a confiana a que atribui ao
analista so a base da ao teraputica. Atravs da transferncia,
portanto, o analista pode estudar os mecanismos inconscientes do
indivduo, seu comportamento frente ao psicanalista, participando
daquilo que ele, o paciente, tem em relao outra pessoa (Dolto,
1988, p.147).
frequente os sintomas cessarem logo que a anlise iniciada.
Dolto nos adverte de que essa apenas uma cura aparente e que
pode ser efeito da transferncia. A cura, de fato, s assegurada se
o analisado
alm do desaparecimento duradouro dos seus sintomas, viver interiormente em
paz. Isso quer dizer que reage s dificuldades reais da vida sem angstia, adotando uma atitude espontaneamente adaptada s exigncias de uma tica em concordncia com o meio em que escolheu e s suas prprias; e tudo isso permitindo s
suas pulses instintivas tradues adequadas (descargas libidinais em qualidade e
em quantidade suficientes) que assegurem a conservao do equilbrio adquirido.
(Dolto, 1988, p.149)
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3. Casos clnicos
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ractersticas que distinguem a anlise
com crianas: o desejo dos pais. Alm
da demanda ser realizada por eles, h
a solicitao dessa me que, mesmo
recebendo a negativa da analista, insiste na realizao do trabalho analtico. Est em ao, portanto, a transferncia da me para com a analista.
Na primeira sesso a ss com
Bernadette, a menina faz um desenho
abstrato, diz que um pinheiro, que
chama de pinheirar. Uma constatao
que a analista faz, de que essa uma
das formas da chamada linguagem
esquizofrnica, em que os substantivos ganham a dinmica e a ao dos
verbos.
A interveno da analista no foi
s no sentido de colocar Bernadette
a falar sobre seu desenho, fatos do dia
a dia so includos na sesso. A me
da menina precisaria se ausentar, por
motivo de viagem. A analista comentou isto com Bernadette, que se mostrou encantada com a idia da ausncia da me. Ao mesmo tempo em que
parecia querer o pai s para si, apresentou tamanha crise de angstia que
no conseguia comer nada sem vomitar imediatamente, depois que a
me foi viajar (Dolto, 1996, p. 118).
O pai lhe deu a ideia de escrever uma
carta para a me, e logo ela conseguiu comer. Assim ele procedia a cada
vez que Bernadette manifestava angstia ao comer.
Nas sesses que se seguiram,
Bernadette concluiu que quando sua
me no estava, ela comia melhor. No
retorno da me, a menina diz que ela
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No encontro posterior, os pais contam que a menina solicitou
que eles e a empregada assistissem a uma cerimnia que ela havia
preparado que consistia no julgamento da macaca, representada por
uma figura de sua arca de No, em quem ela investia seu dio e que
considerava responsvel por seu impedimento de comer e viver.
Aps danar em volta da macaca com muitos movimentos, destruiu a figura com pontaps, utilizando-se tanto da perna boa quanto da que possui limitao de movimento. Quando percebeu que
no conseguira destruir a macaca por completo, chamou o pai para
terminar o trabalho. Os pais se mantiveram atentos, e quando solicitado o pai auxiliou a destruir a macaca (Dolto, 1996, p.126). Novamente, constatamos a participao dos pais no tratamento de
Bernadette.
Ao longo da leitura do caso Bernadette, verificamos que a atuao de Dolto com a menina mais no sentido de coloc-la a falar,
utilizando-se da oferta dos recursos expressivos e da transferncia
para que ela falasse de suas fantasias. Momentos de interpretao
so pouco empregados. Dolto utiliza as interpretaes como base
nas suas intervenes, porm no as comunica a Bernadette. Segue um exemplo. Quando Bernadette chega ao consultrio relatando que a boneca m, Dolto questiona se a menina sabe o
porqu dela ser m, e Bernadette responde que por causa de
um homem que tinha um basto e que deu a ela ideias ruins: um
homem engraado que tinha cara de lua. Com o contedo de
todas as sesses, Dolto conclui que este homem o pai de
Bernadette, e que ao emprestar suas fantasias boneca, a menina
pode assim falar dela. Essa interpretao no comunicada
menina, nem tampouco feito um questionamento que remeta a
seu pai, mas Bernadette incentivada a falar no momento em que
Dolto questiona: Foi s esse homem que deu ideias ruins a ela?
(Dolto, 1996, p.121).
Os recursos utilizados na anlise de Bernadette foram: o desenho, a conversao, a modelagem e a boneca-flor. O pai de
Bernadette se utilizou da escrita de cartas para auxiliar no apaziguamento da angstia da filha, possibilitando que ela se alimentasse. Neste caso, o trabalho com os pais foi de fundamental importncia, sendo que eles, pai e me, tiveram uma participao
essencial no processo de anlise da filha, o pai pedindo que a filha
escrevesse cartas me, e a me solicitando o tratamento e produzindo a boneca-flor, recurso essencial para esta anlise e ambos par217
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melhor possvel. Voc que sabe o
que aconteceu, no eu. Mas juntos
talvez possamos compreender tudo
direitinho (Dolto, 1981, p.31).
Dolto, com essa interveno,
delimita que o papel dela ao atendlo no o mesmo que os mdicos tiveram at ento, nem o papel de
cuidadora como o da me do menino, ou o de professora. Dolto (1981)
complementa expondo o seu papel ao
dizer para Dominique:
para mim tanto faz, essa histria de contas
na escola no me interessa ... o que importante na vida no o que voc faz com as
lies, os cadernos e os livros de aula, mas
tudo o que se passa no seu corao e que
voc no quer dizer (Dolto, 1981, p. .32)
Dolto insere o pai no acompanhamento com Dominique, expondo ao menino e me que no poder atend-lo sem o consentimento do
pai. Nessa primeira sesso j se encontra a distino do papel de Dolto no
trabalho com Dominique, tanto pelo
que explicou, quanto pelo que atuou ao
interpretar o que ele lhe disse.
Na segunda sesso, o pai comparece e concorda com o tratamento
psicoterpico. Na terceira sesso
Dolto no faz contato com nenhum
adulto antes de atender Dominique,
e o pega pela mo para que decida
acompanh-la. Ela retoma o contrato teraputico, dizendo que nas sesses ele diria tudo o que pensava e os
sonhos de que se recordasse, com
palavras, desenhos e modelagens, assegurando tambm o segredo profis219
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sional. Ele comea ento a falar sobre Fifi Pulso de Ao, que forte, corajosa, gentil. No final da sua fala, relata:
e depois eu tinha medo da noite, eu no queria me deitar antes do fim porque quero vla outra vez, sobre mim que ela vai agir [longo silncio e Dominique continua] ... digamos
que ela voltou de frias e que est um pouco
bronzeada (Dolto, 1981, p.49),
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sagrada .... E talvez voc j tivesse tido
um carinho parecido por outra pessoa? (Dolto, 1981, p. 59). Ruborizando, Dominique diz que sim, pela sua
professora, mas que no pode amar
ningum alm de seus pais. Dolto
explica-lhe ento que ele pode amar
outras pessoas, alm de seus pais, e
que esse amor diferente de amar
outras pessoas ou mulheres, e que um
amor no elimina outro, e que mais
tarde, depois de se enamorar, ele encontrar algum de quem ficar noivo, com quem se casar e ter filhos,
como aconteceu com seus pais. O
menino ouve atentamente, e quando
Dolto termina ele diz: Ah, bom!
Puxa, minha vaca acordou... e afinal
de contas ela no sagrada. como
todas as outras vacas (Dolto, 1981,
p, 60). Ele continua dizendo que a
vaca teve um sonho, e assim d incio
a uma nova histria. Nesse momento
fica clara a utilizao da transferncia
pela analista para trabalhar sobre o
sentimento de Dominique, e a confuso e o impedimento que existiam
nele com relao a amar outras pessoas alm dos pais.
A partir da quinta sesso o discurso de Dominique comea a ficar
mais organizado, ele fala de suas angstias, do irmo Senhor-Eu-Sei-Tudo
e ele faz aluses a relaes erticas
com meninos. Enquanto isso modela um boneco, modela o pnis e coloca duas bolas de massa de modelar
no lugar dos seios, dizendo que isso
tambm o sexo do homem. A psicanalista explica que isso no o sexo
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ram a apresentao das questes de
Dominique e a elaborao das mesmas com o acompanhamento da analista.
O manejo da transferncia pode
ser verificado, neste recorte, principalmente no momento em que Dominique fala de sua afeio por Dolto com sua modelagem sobre a vaca
sagrada, na credibilidade que atribui
ao que Dolto lhe transmite sobre a
diferenciao dos sexos e a proibio
do incesto, e na confiana que deposita ao permitir que a analista converse com sua me sobre o fato de Dominique no querer mais aquec-la na
cama. Nota-se a sutileza com que
Dolto se apresenta no processo, embora no se furte a reconhecer cada
situao que lhe dirigida transferencialmente.
As situaes de interpretao
acontecem desde o apontamento sobre os significantes, como no caso em
que Dominique diz La Salle, e Dolto
remete a La Sale A suja irm Sylvie,
at os momentos de interpretar que
o conhecimento de Dominique sobre
a diferenciao sexual no existia, fazendo as intervenes para explicarlhe sobre isso. Nestes momentos podemos nos questionar sobre a funo
desta interveno: seria ela pedaggica, no sentido de ensinar novos contedos? Conclumos que sim, mas o
efeito buscado com esses ensinamentos o de reorganizao psquica, para
que atravs do que est sendo transmitido Dominique possa tomar, por
exemplo, a posio de filho, o que o
4. Consideraes finais
Atravs do trabalho terico e clnico expostos, destacamos a coerncia dos pressupostos bsicos da anlise com crianas de Franoise Dolto:
o trabalho com os pais, a participao na anlise de seus filhos e a preocupao de Dolto em estabelecer um
sentimento de confiana para que os
pais aderissem ao tratamento de seus
filhos; a substituio do mtodo da
associao livre pela oferta de materiais expressivos, em que a autora se
utiliza de modelagens, desenhos e da
boneca-flor para conversar com seus
pacientes e a adaptao da oferta desses recursos de acordo com a necessidade de cada um; as situaes de
interpretao, que por muitas vezes
consistiu em incentivar seus pacientes a falar, calando-se e deixando com
que eles se expressassem, bem como
na capacidade de ouvir as crianas em
lugar de falar por elas.
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rompimentos que a analista faz ao entender a criana como um ser
autnomo e responsvel, e ao tratar a criana juntamente com a
famlia, utilizando mtodos expressivos coerentes com a sua condio.
Enfim, para concluir, podemos afirmar que Franoise Dolto
foi uma psicanalista nica, com uma prtica singular, decorrente de
um estilo prprio. O que ela prope ao falar do trabalho do psicanalista, e o lugar que d criana e aos pais nos seus escritos e nas
suas palestras, so coerentes com o que se pode conhecer do relato
de sua prtica. Nesse sentido, trata-se de uma psicanalista admirvel, cuja obra vale a pena conhecer, no para tentar imit-la o que
seria impossvel , mas para tomar como exemplo sua postura tica
e criativa diante da criana e da psicanlise.
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Recebido em maio/2011.
Aceito em junho/2011.
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