Evolução Histórica Do Direito Eleitoral Brasileiro Nas Co

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 10

I) Introduo

A forma de legitimao de poder concedida pelo sufrgio popular em outras pocas no se fazia
atravs dos votos dos cidados como se conhece hoje. Inicialmente, era de forma indireta e em
certas pocas em vrios turnos. Depois passou a ser de forma direta e em turno nico atravs
de um colgio eleitoral.
Demonstrando assim, essas modificaes nas Leis Eleitorais so um reflexo dos Costumes, da
Cultura e da Soberania Nacional, verificadas em um determinado momento histrico, social e
cultural do Pas. Assim, verifica-se que as condies polticas do Pas possuem relao
intrnseca com o Processo Eleitoral e a escolha de nossos Representantes atravs do voto, da
eleio e da representao.
Pode-se constatar que a legitimao do poder pela via democrtica, atravs do voto direto,
secreto e universal, uma instituio adotada hoje em dia pela maioria dos pases civilizados,
fato este, que permite a formao de partidos polticos autnticos e o exerccio das prerrogativas
da cidadania, o que certamente assegura a verdade do processo eleitoral.
Neste apontamento, com base no texto elaborado por Jos Ricardo Simes Rodrigues
(disponvel em: <http://bit.ly/1FZbxEF> acesso: 29 out 2014), ser traado um rpido histrico da
evoluo do sistema do eleitoral brasileiro a partir das Constituies vigentes nas diversas fases
da Histria do Brasil, a partir da implantao do regime imperial em 1822.

II) Constituio de 1824


A elaborao da Constituio do Brasil de 1824 foi bastante conturbada. Logo aps 7 de
setembro de 1822, foi iniciado um conflito entre radicais e conservadores na Assembleia
Constituinte, vez que a Independncia do Brasil no haveria se concludo com a Aclamao e
Coroao do Imperador, mas sim, com a formao de sua Constituio.
A Assembleia Constituinte iniciou seu trabalho em 3 de maio de 1823, quando Pedro I do Brasil
discursou sobre o que esperava dos Legisladores.
Parte considervel dos constituintes tinham orientao liberal-democrata e queriam uma
monarquia que respeitasse os direitos individuais delimitando os poderes do Imperador. D.
Pedro I prendeu e exilou diversos deputados e reuniu dez cidados de sua inteira confiana
pertencentes ao Partido Portugus, e, aps algumas discusses portas fechadas, redigiram a
Primeira Constituio do Brasil no dia 25 de maro de 1824.

Pontos principais
As principais caractersticas dessa constituio so:

O governo era uma monarquia unitria e hereditria;


A existncia de quatro poderes: o legislativo, o executivo, o judicirio e o moderador;
O Estado adotava o catolicismo como religio oficial;
As eleies eram censitrias, abertas e indiretas.

Direito Eleitoral no Imprio

So dois os pontos principais do governo de D. Pedro I: primeiro a Proclamao da


Independncia do Brasil, no dia 7 de setembro de 1822. O Segundo, foi a outorga da primeira
Constituio Poltica do Brasil jurada em 25 de maro de 1824. Alis, 1 Conforme Jos Afonso
da Silva, Curso de Direito Constitucional Positivo, p. 39/44. Constituio a Lei Fundamental de
um Estado, um sistema de normas jurdicas, escritas ou costumeiras que regula a forma do
estado, a forma de governo, o modo de aquisio e o exerccio do poder, o estabelecimento de
seus rgos, os limites de sua atuao e os direitos fundamentais do cidado. E Segundo o
autor uma concepo mais abrangente, que a Constituio tem como forma um complexo de
normas escritas ou costumeiras; como contedo a conduta humana motivada pelas relaes
sociais, econmicas, polticas, religiosas, etc. como fim a realizao dos valores que apontam
para o existir da comunidade e como causa criadora e recriadora o poder que emana do povo.
Ainda com relao a este segundo fato, deve-se destacar a diviso dos poderes polticos nela
reconhecida como o Poder Moderador, o Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder
Judicial. Com efeito, pode-se afirmar 2 Podemos dizer nesse sentido que a Constituio do
Imprio do Brasil, na forma de seu art. 178,definia como constitucional s o que dizia respeito
aos limites e atribuies respectivas aos poderes polticos, e aos poderes polticos individuais
dos cidados, no sendo considerada constitucionais as demais normas nelas inseridas que no
tratassem dessa matria. Nesse passo, podemos classificar a Constituio de 1824 como sendo
uma Constituio quanto ao seu contedo como sendo material em sentido estrito, quanto ao
modo de sua elaborao como sendo dogmtica e quanto a sua estabilidade como sendo semirgida. Em contraponto temos Paulo Bonavides na obra Curso de Direito Constitucional, p.66, o
qual se refere estabilidade apenas como rgida ou flexvel, variando apenas o grau de sua
rigidez.
Dentre esses poderes acima citados deve-se mencionar o Poder Moderador, que era
prerrogativa exclusiva do imperador, o qual deveria zelar pela manuteno da Independncia, e
o equilbrio e harmonia entre os demais poderes polticos. J o Poder Legislativo era composto
por duas Cmaras (a Cmara dos deputados e a Cmara dos Senadores) onde cada legislatura
duravam quatro anos.
A Constituio de 1824 representou um grande avano sobre o conceito das Cmaras
Municipais do perodo colonial, pois todas as cidades e vilas j existentes e nas que fossem
criadas futuramente, deveriam possuir uma Cmara. As Cmaras seriam compostas por
vereadores regularmente eleitos, competindo-lhes a captao manuteno e aplicao de suas
rendas e do governo municipal. As Cmaras Municipais se limitariam a sesses administrativas,
revogando na prtica as Ordenaes do Reino que at ento regiam o seu funcionamento.

Representao poltica
O Sistema Poltico no tempo do Imprio era bicameral, sendo composto por duas Casas: a
Cmara dos Deputados e a Cmara do Senado. A escolha dos deputados e dos senadores era
feita por meio de sufrgio censitrio e em dois graus, com a populao escolhendo os eleitores
de parquia, estes ento escolhiam os eleitores de provncia, os quais deveriam escolher os
deputados e os senadores.
Existia uma diferena na escolha dos deputados e senadores: os deputados eram escolhidos
para uma legislatura de quatro anos e de forma direta pelos eleitores de provncia, os quais
foram eleitos de forma indireta pelos cidados ativos em Assembleias Paroquiais, conforme 3
consoante arts. 17 e 30 da Constituio do Imprio do Brasil. Os senadores tinham a
vitaliciedade do cargo e o Imperador escolhia o tero da totalidade dos senadores a partir de lista
trplice formulada pelos eleitores de provncia (segundo explicitado no Capitulo III, art. 40 e seg.
da Constituio do Imprio do Brasil).

O nmero dos deputados de que cada provncia era capaz de eleger no era matria
constitucional e deveria ser regulamentada por legislao ordinria j que este nmero deveria
ser relativo populao do Imprio, como determinava a Constituio: Uma lei regulamentar
marcar o modo prtico das eleies, e o nmero dos Deputados, relativamente populao do
Imprio (art. 97 da Constituio do Imprio). Por sua vez, o nmero de senadores variava de
acordo com a representao proporcional na Cmara dos deputados: Cada Provncia dar
tantos Senadores quantos forem metade se seus respectivos Deputados, com a diferena que,
quando o nmero de Deputados da Provncia for impar, os dos seus Senadores ser metade do
nmero imediatamente menor, de maneira que a Provncia que houver de dar onze deputados,
dar cinco Senadores. (art. 41 da Constituio do Imprio).
O sistema poltico funcionou de forma eficaz e razovel durante todo o imprio: Na verdade, o
Pas praticou entre 1821 (antes da outorga da Carta de 1824, portanto) e 1881, data da Lei
Saraiva, que instituiu o voto direto, o processo de escolha de Deputados e Senadores em dois
turnos, o que representava, relativamente ao que se praticou na poca em Portugal e Espanha,
com eleies em quatro turnos, um razovel avano (Cf. Octaciano Nogueira, Constituies
Brasileiras, v. I).
Levantavam-se contra este sistema, no entanto, duas questes relativas representao: a
autenticidade dos votos, tendo em vista que em 1881 o Brasil possua 12 milhes de habitantes
e apenas 150 mil eleitores, de acordo com o Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatstica, um nmero insignificante, vez que o voto universalizou-se apenas no sculo XX e as
mulheres s passariam a ter direito a voto, no Brasil, a partir de 1934; e a falsificao da vontade
do eleitor por meio da excessiva interveno do Poder Moderador e do Poder Executivo que
levados pela necessidade que tinham de assegurar a unanimidade nas cmaras interviam nos
pleitos eleitorais para lhes assegurar a preponderncia na poltica do Pas.

Legislao eleitoral
Foram vrias as Leis Eleitorais no perodo Imprio, tambm chamadas de Instrues. Essas
Instrues eram feitas atravs de Decreto do Imperador e vrias delas ditadas com o intuito de
regulamentar a anterior.
A primeira Lei Eleitoral do Imprio foi datada de 26 de maro de 1824 e todo o povo foi
convocado a comparecer as juntas eleitorais para escolherem os Senadores, Deputados e
Membros das Assembleias Legislativas Provinciais.
A Segunda Lei Eleitoral do Imprio foi data de 1 de outubro de 1828. Determinava a
obrigatoriedade de se convocar eleies municipais para eleger os vereadores que substituiriam
as legislaturas anteriores e mantinha o mesmo esprito da lei anterior, modificando apenas atos
procedimentais.
Em 19 de agosto de 1846, D. Pedro I, tendo por base a Constituio do Imprio do Brasil decreta
e sanciona a Lei N. 387, a primeira lei eleitoral realmente brasileira, que regulava a maneira de
proceder s eleies de Senadores, Deputados, membros das Assembleias Provinciais, Juzes
de Paz e Cmaras Municipais.
Esta Lei foi o marco final da aplicao das Ordenaes do Reino em todo o Imprio do Brasil,
constituindo-se em um fato importante na histria da evoluo das leis eleitorais do Brasil. Ela
teve o mrito de procurar moralizar as eleies, posto que uma junta deveria listar todos os
eleitores ativos da parquia.
Em 19 de setembro de 1855 o Imperador assinou Decreto de nova Lei Eleitoral. Esta lei possua
apenas 20 artigos, mas fazia modificaes profundas na lei eleitoral vigente. Dentre elas
destacava-se o seu pargrafo terceiro, o qual determinava que as provncias seriam divididas em
tantos distritos eleitorais quantos fossem os seus deputados, de modo que houvesse apenas um
deputado por distrito. Essa Lei ficou conhecida como Lei dos Crculos.

A Lei Saraiva

No dia 9 de janeiro de 1881, foi sancionada pelo Imperador o Decreto n 3.029, sendo
regulamentado atravs do Decreto N. 8213 de 13 de agosto de 1881. Tal lei recebeu o nome de
Lei Saraiva ou Lei do Censo e determinava o voto direto nas eleies em todo o Reino e em seu
prembulo determinava a realizao de um censo em todo o Reino com vista a ser efetuado o
alistamento dos eleitores.
Seu artigo primeiro dizia que as nomeaes dos senadores e deputados seriam feitas atravs de
eleies diretas, onde tomariam parte todos os cidados alistados, ficando assim abolido o
sistema de eleies indiretas e institudo o voto secreto. Determinava tambm que os cargos
para juzes de paz, vereadores e procuradores gerais tambm seriam objeto de eleio, bem
como e permitia que os candidatos ao cargo eletivo poderiam indicar fiscais junto s
assembleias eleitorais.
Principais novidades da Lei Saraiva:
1. Exigncia de requerimento escrito para alistamento;
2. Piso de renda deveria ser comprovado;
3. Analfabetos poderiam votar;
4. O candidado no poderia ter sido pronunciado em processo criminal;
5. Fixava critrios de idade e renda, entre outros, para os cargos de deputado, senador e juiz de
paz;
6. O candidato seria eleito por maioria absoluta dos votos;
7. A lei fixava os crimes eleitorais;
8. Disciplinava questes administrativas quanto forma da realizao das eleies e sua
apurao.
As eleies para senadores eram feitas somente em caso de morte ou aumento do nmero de
senadores, pois os cargos eram vitalcios, ressalvando-se que, o eleito no seria o mais votado,
mas sim o candidato escolhido pelo imperador atravs de uma
lista trplice com o nome dos trs candidatos mais votados.

III) Constituio de 1891


A elaborao da Constituio brasileira de 1891 iniciou-se em 1890. Aps um ano de
negociaes, sua promulgao ocorreu em 24 de fevereiro de 1891. Para fundamentar
juridicamente o novo regime a primeira constituio republicana do pas foi redigida
semelhana dos princpios fundamentais da carta norte-americana, embora os princpios liberais
democrticos oriundos daquela carta tivessem sido em grande parte suprimidos.
Os principais pontos da constituio foram:
Abolio das instituies monrquicas;
os Senadores deixaram de ter cargo vitalcio;
sistema de governo presidencialista;
o presidente da Repblica passou a ser o chefe do Poder Executivo;
as eleies passaram a ser pelo voto direto, a descoberto;
Os mandatos tinham durao de quatro anos;
no haveria reeleio;
os candidatos a voto eletivo seriam escolhidos por homens maiores de 21anos, com exceo
de analfabetos, mendigos, praas de pr e religiosos sujeitos ao voto de obedincia;
ao Congresso Nacional cabia o Poder Legislativo, composto pelo Senado e Cmara de
Deputados;
as Provncias passaram a ser Estados de uma Federao com maior autonomia;
os Estados da Federao passaram a ter suas Constituies hierarquicamente organizadas
em relao Constituio Federal;

os presidentes das Provncias passaram a ser presidentes dos Estados e eleitos pelo voto
direto semelhana do Presidente da Repblica;
a Igreja Catlica foi desmembrada do Estado Brasileiro, deixando de ser a religio oficial do
pas.

A Constituio de 1891 considerada como a mais concisa das seis Constituies da Repblica,
segundo Aliomar Baleeiro (Cfr. Constituies Brasileiras v, II), pois possua noventa e um artigos
em seu corpo, mais oito artigos referentes s Disposies Transitrias. A Constituio era
dividida em cinco Ttulos e subdivididos em Sees e Captulos. O Ttulo I tratava da
"Organizao Federal", era estruturada sob a forma de governo representativo e presidencialista
em uma Repblica Federativa. Neste ttulo regulavam-se os Trs Poderes Nacionais, segundo a
clssica diviso de Montesquieu conforme Aliomar Baleeiro (cf. Constituies Brasileiras v, II).
Dispunha ainda que o Poder Legislativo seria exercido pelo Congresso Nacional, na forma
bicameral9, dividindo-se em Cmara dos Deputados e Senado Federal. Rompera-se com a
diviso quadripartida vigente no Imprio de inspirao de Benjamin Constant, para agasalhar a
doutrina tripartida de Montesquieu, estabelecendo como rgos da soberania nacional o Poder
Legislativo, o Executivo e o Judicirio, harmnicos e independentes entre si, firmando a
autonomia dos Estados, aos quais conferia-se competncias remanescentes, prevendo-se
tambm a autonomia municipal.
As eleies para deputados e senadores seriam simultneas e cada legislatura duraria trs
anos. A Deputados seria composta por representantes eleitos nos Estados e no Distrito Federal,
mediante sufrgio direto para um mandato de trs anos.
O nmero de cadeiras a seria preenchidas proporo de um deputado para cada setenta mil
habitantes, e o nmero mnimo de deputados por Estado seriam quatro, de acordo com o art. 24
da Constituio do Brasil de 1891.
O Senado seria composto por cidados brasileiros maiores de trinta e cinco anos de idade no
gozo dos seus direitos civis e polticos, sendo que cada Estado e o Distrito Federal elegeria trs
senadores cada, para um mandato de nove anos, com a renovao de um tero do Senado
trienalmente (art. 30 e seg. da Constituio do Brasil de 1891.
.
Na eleio do Presidente ou Vice-Presidente da Repblica (art. 47 e seus pargrafos, da
Constituio Imperial), os candidatos aos cargos deveriam ser brasileiros natos; estar no gozo
dos seus direitos civis e polticos e ter mais de trinta e cinco anos de idade, sendo considerados
eleitos os candidatos que obtivessem a maioria absoluta dos votos atravs do sufrgio direto, e,
caso tal no ocorresse, o Congresso Nacional, em sesso conjunta, elegeria em segundo turno,
por maioria dos votos dos presentes (maioria simples) e em sesso nica um dos dois
candidatos que tivesse alcanado a maioria dos votos na eleio direta. Competia ainda,
privativamente, ao Congresso Nacional regular o processo eleitoral para os cargos federais em
todo o pas. Estavam aptos a votar todos os cidados brasileiros maiores de 21 anos j alistados
(Lei Saraiva ou Lei do Censo, 1881), e os que se alistarem na forma da lei vigente.

O Cdigo Eleitoral de 1932


A estrutura do Direito Eleitoral Brasileiro baseou-se no Cdigo Eleitoral de 1932 e na Lei Saraiva
de 1881. Dentre os vrios princpios do Cdigo Eleitoral de 1932 est o da universalidade do
sufrgio, considerando o voto como um direito e um dever cvico derrubando de vez a base
censitria e estendendo o direito ao voto s mulheres.
O Cdigo Eleitoral de 1932 institua uma Magistratura Especial que tinha como um de seus
principais poderes se pronunciar sobre todas as questes eleitorais que surgissem desde o
alistamento dos eleitores proclamao dos vencedores em uma eleio e os recursos contra
essa proclamao. Assim, estava criada a Justia Eleitoral. Era de responsabilidade da recm-

criada Justia Eleitoral, alm de alistar ao eleitor e proclamar os vencedores, organizar as mesas
e nomear os mesrios, determinar os locais para as sees eleitorais e distribuir o material
necessrio eleio. Competia Justia Eleitoral a apurao dos sufrgios, bem como,
conhecer e decidir sobre as dvidas e impugnaes que se apresentassem durante o pleito.

IV) Constituio de 1934


Os primeiros anos da Era Vargas caracterizaram-se por um governo provisrio e sem
constituio. Em 1933, aps a derrota da Revoluo Constitucionalista de 1932, em So Paulo,
que foi eleita a Assembleia Constituinte que redigiu a nova constituio. A Constituio
Brasileira de 1934, promulgada em 16 de julho de 1934 pela Assembleia Nacional Constituinte e
foi redigida, segundo o prprio pargrafo de abertura, para organizar um regime democrtico.
Estabeleceu o voto obrigatrio para maiores de 18 anos, propiciou o voto feminino, direito h
muito reivindicado, que j havia sido institudo em 1932 pelo Cdigo Eleitoral, e previu a criao
da Justia do Trabalho e a Justia Eleitoral.
A Constituio promulgada em 16 de julho de 1934 continha 187 artigos distribudos em oito
ttulos subdivididos em captulos e sees.
A Cmara dos Deputados seria composta mediante o sistema proporcional dos votos universal,
direto e igualitrio, alm dos representantes eleitos pelas organizaes profissionais (art. 23 e
pargrafos da Constituio Brasileira de 1934). Os deputados seriam eleitos proporcionalmente
ao nmero de habitantes de cada Estado e do Distrito Federal. O nmero de habitantes no
poderia exceder a proporo de um representante para cada 150 mil habitantes, at o limite de
vinte representantes, e que os eleitos das organizaes profissionais poderiam atingir a um
quinto da representao popular. Ainda com relao aos representantes das organizaes
populares cabe mencionar, que eles eram eleitos por sufrgio indireto nas associaes
profissionais.
O Senado era composto por dois representantes de cada Estado, eleitos dentre os brasileiros
natos, maiores de trinta e cinco anos para um mandato de oito anos. A Constituio do pas
recepcionou Justia Eleitoral como instituio, a qual seria composta por um Tribunal Superior
de Justia Eleitoral na Capital da Repblica e um Tribunal Regional na capital de cada Estado.
Os artigos elencados no Ttulo III, Captulo I, da Constituio de 1934 tratavam dos direitos
polticos dos brasileiros. O art. 108 o qual assegurava s mulheres o direito constitucional ao
voto, declarando serem eleitores os brasileiros de um ou de outro sexo e os maiores de dezoito
anos, desde que devidamente alistados.
A questo eleitoral, no entanto, ficou prejudicada, pois a eleio para presidente, bem como para
os demais cargos eletivos no Pas no se realizaram, com exceo da eleio indireta para a
Assembleia Constituinte.

V) Constituio de 1937
A Constituio Brasileira de 1937, outorgada pelo presidente Getlio Vargas em 10 de
Novembro de 1937. conhecida pejorativamente como Constituio Polaca, por ter sido
baseada na constituio autoritria da Polnia e foi redigida pelo jurista Francisco Campos,
ministro da Justia na poca. A principal caracterstica dessa constituio era a enorme
concentrao de poderes nas mos do chefe do Executivo. Seu contedo era fortemente
centralizador, ficando a cargo do presidente da Repblica a nomeao das autoridades
estaduais, os interventores. Esses, por sua vez, cabiam nomear as autoridades municipais. A
Constituio de 1937, considerada por muitos como uma constituio fascista, serviu apenas
com a finalidade de manter no poder o presidente Getlio Vargas. Em entrevista, Francisco

Campos15, ento ministro da justia, dada ao Jornal Correio da Manh do Rio de Janeiro,
publicada em 03 de maro de 1945, dizia: Mas a Constituio de 1937 no fascista, nem
fascista a ditadura cujos fundamentos so falsamente imputados Constituio. O nosso
regime, tem sido uma ditadura puramente pessoal, sem o dinamismo caracterstico das
ditaduras fascistas, ou uma ditadura nos moldes clssicos das ditaduras sul-americanas.
Segundo Francisco Campos, no podia chamar de fascista uma constituio que trazia em seu
corpo um captulo destinado as garantias individuais.

VI) Constituio de 1946


Devido ao processo de redemocratizao posterior a queda de Vargas fazia-se necessria uma
nova ordem constitucional. Da o Congresso Nacional, recm-eleito, assumiu tarefas
constituintes.
A Mesa da Assembleia Constituinte promulgou Constituio dos Estados Unidos do Brasil e o
Ato das Disposies Constitucionais Transitrias no dia 18 de Setembro de 1946, consagrando
as liberdades expressas na Constituio de 1934, que haviam sido retiradas em 1937. Foram
dispositivos bsicos regulados pela carta:
a igualdade de todos perante a lei;
a liberdade de manifestao de pensamento, sem censura, a no ser em espetculos e
diverses pblicas;
a inviolabilidade do sigilo de correspondncia;
a liberdade de conscincia, de crena e de exerccio de cultos religiosos;
a liberdade de associao para fins lcitos; a inviolabilidade da casa como asilo do indivduo;
a priso s em flagrante delito ou por ordem escrita de autoridade competente e a garantia
ampla de defesa do acusado.

A Constituio Brasileira de 1946, bastante avanada para a poca, foi notadamente um avano
da democracia e das liberdades individuais do cidado. Atravs da emenda de 1961 foi
implantado o parlamentarismo, com situao para a crise sucessria aps a renncia de Jnio
Quadros. Em 1962, atravs de plebiscito, os brasileiros optam pela volta do presidencialismo.
Quanto as eleies e ao sistema de voto mantiveram-se o esprito do Cdigo Eleitoral de 1932,
acrescentando, porm, uma alterao que iria ser passageira: a representao proporcional,
adicionada representao poltica, conforme preconizava o art. 134 da Constituio.
Em janeiro de 1963 atravs de um plebiscito o povo pediu o retorno do regime presidencialista,
sendo o mesmo efetivado atravs da Emenda Constitucional n 6, datada de 23 de fevereiro de
1963.

VII) Constituio de 1967


A Constituio Brasileira de 1967 foi votada em 24 de janeiro de 1967 e promulgada no dia 15
de maro de 1967, foi elaborada pelo regime militar, devido quantidade de atos institucionais e
complementares que haviam desfigurado totalmente a Constituio de 1946, deixando-a
obsoleta sob o ponto de vista institucional.
No dia 6 de dezembro de 1966 foi publicado o projeto de constituio redigido por Carlos
Medeiros Silva, ministro da Justia, e por Francisco Campos. Como houve protestos por parte da
oposio e da Arena, em 7 de dezembro o governo editou o AI-4, convocando o Congresso
Nacional de 12 de dezembro de 1966 a 24 de janeiro de 1967 para discutir e votar a nova
Constituio. Enquanto isso o governo poderia legislar com decretos-leis sobre segurana
nacional, administrao e finanas. No dia 24 de janeiro de 1967 foi promulgada, sem grandes

alteraes, a nova Constituio, que incorporava as medidas j estabelecidas pelos Atos


Institucionais e Complementares. Em 15 de maro de 1967 o governo divulgou o Decreto-Lei n
314, que estabelecia a Lei de Segurana Nacional.
A necessidade da elaborao de nova constituio com todos os atos institucionais e
complementares incorporados, foi para que houvesse a reforma administrativa brasileira e a
formalizao legislativa, pois a Constituio de 18 de Setembro de 1946 estava conflitando
desde 1964 com os atos e a normatividade constitucional, denominada institucional.

Situao do Direito Poltico e Eleitoral


Situar a Constituio brasileira de 1967 dentro do contexto que integrava o mecanismo do
sistema poltico daquela poca uma tarefa um tanto quanto difcil, j que ela possura dois
focos bem caracterizados do poder: o primeiro era que no plano federal era a Unio quem
centralizava o sistema e representava a totalidade do poder do Estado brasileiro; e o segundo
era que na organizao dos poderes federais era o Executivo quem concentrava o poder e
exercia o efetivo comando poltico, bem como, possua um amplo poder de deciso.
Esta Constituio depois de afirmar que a forma de Estado seria a federao, estabelecera que
o sistema poltico seria o democrtico e a forma de governo republicana, no entanto, no
esclareceu se a repblica seria presidencialista ou parlamentarista. Contudo. no seria
necessrio, tendo em vista que, segundo os ensinamentos de Rousseau em sua obra O
Contrato Social, no se admite um corpo intermedirio entre o indivduo e seu representante,
nem mesmo uma representao, porque ele quem exerce diretamente o poder. Ainda sobre o
assunto, ensina Jean-Jacques Rousseau: "O soberano pode, em primeiro lugar, confiar o
governo a todo o povo ou maior parte do povo, essa forma de governo denomina-se
Democracia; ou ento pode confiar o governo nas mos de um pequeno nmero, e essa forma
de governo recebe o nome de Aristocracia; pode, enfim concentrar todo o governo nas mos de
um magistrado nico, de quem os demais recebem o seu poder, que se denomina Monarquia.
Note-se que todas essas formas so suscetveis de ampliaes ou redues. H assim, um
ponto em que cada forma de governo se confunde com a forma seguinte, e que com apenas trs
denominaes o governo realmente suscetvel de tantas formas diversas quanto o Estado tem
de cidados. Muito se discutiu, em todos os tempos, sobre a melhor forma de governo, sem
levar em considerao que cada uma delas a melhor em certos casos e a pior em outros."
Os mecanismos constitucionais destinados ao poltica do Estado foram amplamente
utilizados para o funcionamento do regime poltico institudo. Contudo, este regime caracterizouse pela centralizao poltica da Unio no sistema federal e do Poder Executivo dentro do
governo da Unio, onde o poder Executivo era escolhido em um processo eleitoral indireto pelo
Congresso Nacional e pelos representantes dos Legislativos estaduais.

A redemocratizao
Ainda sob a vigncia da Constituio de 1967, foi editada a Emenda Constitucional n 15, de 19
de novembro de 1980, que restabeleceu o voto direto nas eleies para Governador de Estado e
para Senador da Repblica, iniciando-se, assim, o processo de abertura poltica to almejado
pela populao do Pas.
A abertura poltica alcanou o seu auge atravs da Emenda Constitucional n 25, promulgada
em 15 de maio de 1985. Esta Emenda alterava alguns dispositivos da Constituio Federal,
estabelecia normas constitucionais de carter transitrio, que vinham trazendo o Pas para a
democracia plena, ou seja, alterava os arts. 74 e 75 da CF/67, e faziam com que o Presidente e
o Vice-Presidente da Repblica passassem a ser eleitos por sufrgio universal e voto direto e
secreto em todo o Pas. Ainda sobre este processo, importante destacar, que seria eleito o

candidato que obtivesse a maioria absoluta dos votos, no sendo computados os votos em
brancos e os nulos. Nessa linha de raciocnio, verifica-se que a alterao do art. 152 da
Constituio federal deixava livre a criao de partidos polticos, devendo a sua organizao e
funcionamento resguardarem a soberania nacional, o regime democrtico, o pluralismo partidrio
e os direitos fundamentais do cidado. Por fim, o pice do processo de abertura ocorreu com a
edio da Emenda Constitucional n 26, em 27 de novembro de 1985, que convocou a
Assembleia Nacional Constituinte.

VIII) Constituio de 1988


A Constituio brasileira de 1988 surge como reao ao perodo do Regime Militar e devido s
preocupaes de garantia dos direitos humanos e direitos sociais. A tentativa de combinar a
igualdade poltica formal tpica do liberalismo estrito, prprio da constituio de 1891, com o
reconhecimento de direitos sociais que garantissem alguma medida de igualdade real, para o
que ela pressupunha uma forte interveno do Estado na economia capitalista por meio de
polticas de cunho populista.
A Carta Constitucional sofreu revises a partir de 1995, com emendas que se fizeram
necessrias para adequ-la aos novos rumos tomados pela histria, pela poltica e pela
tecnologia, no caso do Habeas Data. Rompendo com a lgica autoritria da Constituio de
1967, a Carta qualificou como crimes inafianveis a tortura e as aes armadas contra o estado
democrtico e a ordem constitucional, criando assim dispositivos constitucionais para bloquear
golpes de quaisquer naturezas. Determinou a eleio direta do presidente da Repblica, dos
governadores dos Estados e prefeitos, alm de prever as responsabilidades fiscais. A nova
constituio ampliou os poderes do Congresso Nacional tornando o Brasil um pas mais
democrtico.
At julho de 2014, a Constituio brasileira j havia sofrido 82 emendas constitucionais.

Bibliografia
BALEEIRO, Aliomar. Constituies Brasileiras: 1891. Braslia: Senado Federal e Ministrio da
Cincia e Tecnologia, Centro de Estudos Estratgicos, 1999.
BALEEIRO, Aliomar; SOBRINHO,Barbosa Lima. Constituies Brasileiras 1946. Braslia:
Senado Federal e Ministrio a Cincia e Tecnologia, Centro de Estudos Estratgicos, 1999.
BALEEIRO, Aliomar; CAVALCANTI, Themstocles Brando; BRITO, Luiz Navarro de.
Constituies Brasileiras : 1891. Braslia : Senado Federal e Ministrio da Cincia e Tecnologia,
Centro de Estudos Estratgicos 1999.
BONAVIDES,Paulo. Curso de Direito Constitucional; ed. Malheiros. 2002.
BRASIL. Senado Federal. O SENADO NA HISTRIA DO BRASIL. Braslia: Senado Federal,
1996. 2 ed. revista e atualizada.
BRASIL. Constituio de 1988. Constituio da Republica Federativa do Brasil. 15. ed. Braslia,
DF: Cmara dos Deputados, 2000. 402 p. Com as Emendas Constitucionais de n 1 a 30 e
Emendas de Reviso de n 1 a 6.
FERREIRA,Manoel Rodrigues. A Evoluo do Sistema Eleitoral Brasileiro. Braslia: Conselho
Editorial do Senado Federal. 2001.
NOGUEIRA, Octaciano. Constituies Brasileiras: 1824. Braslia: Senado Federal e Ministrio da
Cincia e Tecnologia, Centro de Estudos Estratgicos, 1999.
POLETTI, Ronaldo. Constituies Brasileiras: 1934. Braslia:Senado Federal e Ministrio da
Cincia e Tecnologia, Centro de Estudos Estratgicos, 1999;
PORTO, Walter Costa. Constituies Brasileiras:1937. Braslia: Senado Federal e Ministrio da
Cincia e Tecnologia, Centro de Estudos Estratgicos,1999

ROUSSEAU, Jean-Jacques, O Contrato Social; traduo Antonio de Pdua Danesi. 3 ed. So


Paulo: Martins Fontes, 1996.
SILVA, Jos Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo.16 ed. So Paulo: Malheiros,
1999.
Dados Histricos dos Censos. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica Jun. 2006.
Disponvel eletronicamente em <http://bit.ly/1wOFB35> <acesso em 20 de junho de 2006>.

Você também pode gostar