Evolução Histórica Do Direito Eleitoral Brasileiro Nas Co
Evolução Histórica Do Direito Eleitoral Brasileiro Nas Co
Evolução Histórica Do Direito Eleitoral Brasileiro Nas Co
A forma de legitimao de poder concedida pelo sufrgio popular em outras pocas no se fazia
atravs dos votos dos cidados como se conhece hoje. Inicialmente, era de forma indireta e em
certas pocas em vrios turnos. Depois passou a ser de forma direta e em turno nico atravs
de um colgio eleitoral.
Demonstrando assim, essas modificaes nas Leis Eleitorais so um reflexo dos Costumes, da
Cultura e da Soberania Nacional, verificadas em um determinado momento histrico, social e
cultural do Pas. Assim, verifica-se que as condies polticas do Pas possuem relao
intrnseca com o Processo Eleitoral e a escolha de nossos Representantes atravs do voto, da
eleio e da representao.
Pode-se constatar que a legitimao do poder pela via democrtica, atravs do voto direto,
secreto e universal, uma instituio adotada hoje em dia pela maioria dos pases civilizados,
fato este, que permite a formao de partidos polticos autnticos e o exerccio das prerrogativas
da cidadania, o que certamente assegura a verdade do processo eleitoral.
Neste apontamento, com base no texto elaborado por Jos Ricardo Simes Rodrigues
(disponvel em: <http://bit.ly/1FZbxEF> acesso: 29 out 2014), ser traado um rpido histrico da
evoluo do sistema do eleitoral brasileiro a partir das Constituies vigentes nas diversas fases
da Histria do Brasil, a partir da implantao do regime imperial em 1822.
Pontos principais
As principais caractersticas dessa constituio so:
Representao poltica
O Sistema Poltico no tempo do Imprio era bicameral, sendo composto por duas Casas: a
Cmara dos Deputados e a Cmara do Senado. A escolha dos deputados e dos senadores era
feita por meio de sufrgio censitrio e em dois graus, com a populao escolhendo os eleitores
de parquia, estes ento escolhiam os eleitores de provncia, os quais deveriam escolher os
deputados e os senadores.
Existia uma diferena na escolha dos deputados e senadores: os deputados eram escolhidos
para uma legislatura de quatro anos e de forma direta pelos eleitores de provncia, os quais
foram eleitos de forma indireta pelos cidados ativos em Assembleias Paroquiais, conforme 3
consoante arts. 17 e 30 da Constituio do Imprio do Brasil. Os senadores tinham a
vitaliciedade do cargo e o Imperador escolhia o tero da totalidade dos senadores a partir de lista
trplice formulada pelos eleitores de provncia (segundo explicitado no Capitulo III, art. 40 e seg.
da Constituio do Imprio do Brasil).
O nmero dos deputados de que cada provncia era capaz de eleger no era matria
constitucional e deveria ser regulamentada por legislao ordinria j que este nmero deveria
ser relativo populao do Imprio, como determinava a Constituio: Uma lei regulamentar
marcar o modo prtico das eleies, e o nmero dos Deputados, relativamente populao do
Imprio (art. 97 da Constituio do Imprio). Por sua vez, o nmero de senadores variava de
acordo com a representao proporcional na Cmara dos deputados: Cada Provncia dar
tantos Senadores quantos forem metade se seus respectivos Deputados, com a diferena que,
quando o nmero de Deputados da Provncia for impar, os dos seus Senadores ser metade do
nmero imediatamente menor, de maneira que a Provncia que houver de dar onze deputados,
dar cinco Senadores. (art. 41 da Constituio do Imprio).
O sistema poltico funcionou de forma eficaz e razovel durante todo o imprio: Na verdade, o
Pas praticou entre 1821 (antes da outorga da Carta de 1824, portanto) e 1881, data da Lei
Saraiva, que instituiu o voto direto, o processo de escolha de Deputados e Senadores em dois
turnos, o que representava, relativamente ao que se praticou na poca em Portugal e Espanha,
com eleies em quatro turnos, um razovel avano (Cf. Octaciano Nogueira, Constituies
Brasileiras, v. I).
Levantavam-se contra este sistema, no entanto, duas questes relativas representao: a
autenticidade dos votos, tendo em vista que em 1881 o Brasil possua 12 milhes de habitantes
e apenas 150 mil eleitores, de acordo com o Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatstica, um nmero insignificante, vez que o voto universalizou-se apenas no sculo XX e as
mulheres s passariam a ter direito a voto, no Brasil, a partir de 1934; e a falsificao da vontade
do eleitor por meio da excessiva interveno do Poder Moderador e do Poder Executivo que
levados pela necessidade que tinham de assegurar a unanimidade nas cmaras interviam nos
pleitos eleitorais para lhes assegurar a preponderncia na poltica do Pas.
Legislao eleitoral
Foram vrias as Leis Eleitorais no perodo Imprio, tambm chamadas de Instrues. Essas
Instrues eram feitas atravs de Decreto do Imperador e vrias delas ditadas com o intuito de
regulamentar a anterior.
A primeira Lei Eleitoral do Imprio foi datada de 26 de maro de 1824 e todo o povo foi
convocado a comparecer as juntas eleitorais para escolherem os Senadores, Deputados e
Membros das Assembleias Legislativas Provinciais.
A Segunda Lei Eleitoral do Imprio foi data de 1 de outubro de 1828. Determinava a
obrigatoriedade de se convocar eleies municipais para eleger os vereadores que substituiriam
as legislaturas anteriores e mantinha o mesmo esprito da lei anterior, modificando apenas atos
procedimentais.
Em 19 de agosto de 1846, D. Pedro I, tendo por base a Constituio do Imprio do Brasil decreta
e sanciona a Lei N. 387, a primeira lei eleitoral realmente brasileira, que regulava a maneira de
proceder s eleies de Senadores, Deputados, membros das Assembleias Provinciais, Juzes
de Paz e Cmaras Municipais.
Esta Lei foi o marco final da aplicao das Ordenaes do Reino em todo o Imprio do Brasil,
constituindo-se em um fato importante na histria da evoluo das leis eleitorais do Brasil. Ela
teve o mrito de procurar moralizar as eleies, posto que uma junta deveria listar todos os
eleitores ativos da parquia.
Em 19 de setembro de 1855 o Imperador assinou Decreto de nova Lei Eleitoral. Esta lei possua
apenas 20 artigos, mas fazia modificaes profundas na lei eleitoral vigente. Dentre elas
destacava-se o seu pargrafo terceiro, o qual determinava que as provncias seriam divididas em
tantos distritos eleitorais quantos fossem os seus deputados, de modo que houvesse apenas um
deputado por distrito. Essa Lei ficou conhecida como Lei dos Crculos.
A Lei Saraiva
No dia 9 de janeiro de 1881, foi sancionada pelo Imperador o Decreto n 3.029, sendo
regulamentado atravs do Decreto N. 8213 de 13 de agosto de 1881. Tal lei recebeu o nome de
Lei Saraiva ou Lei do Censo e determinava o voto direto nas eleies em todo o Reino e em seu
prembulo determinava a realizao de um censo em todo o Reino com vista a ser efetuado o
alistamento dos eleitores.
Seu artigo primeiro dizia que as nomeaes dos senadores e deputados seriam feitas atravs de
eleies diretas, onde tomariam parte todos os cidados alistados, ficando assim abolido o
sistema de eleies indiretas e institudo o voto secreto. Determinava tambm que os cargos
para juzes de paz, vereadores e procuradores gerais tambm seriam objeto de eleio, bem
como e permitia que os candidatos ao cargo eletivo poderiam indicar fiscais junto s
assembleias eleitorais.
Principais novidades da Lei Saraiva:
1. Exigncia de requerimento escrito para alistamento;
2. Piso de renda deveria ser comprovado;
3. Analfabetos poderiam votar;
4. O candidado no poderia ter sido pronunciado em processo criminal;
5. Fixava critrios de idade e renda, entre outros, para os cargos de deputado, senador e juiz de
paz;
6. O candidato seria eleito por maioria absoluta dos votos;
7. A lei fixava os crimes eleitorais;
8. Disciplinava questes administrativas quanto forma da realizao das eleies e sua
apurao.
As eleies para senadores eram feitas somente em caso de morte ou aumento do nmero de
senadores, pois os cargos eram vitalcios, ressalvando-se que, o eleito no seria o mais votado,
mas sim o candidato escolhido pelo imperador atravs de uma
lista trplice com o nome dos trs candidatos mais votados.
os presidentes das Provncias passaram a ser presidentes dos Estados e eleitos pelo voto
direto semelhana do Presidente da Repblica;
a Igreja Catlica foi desmembrada do Estado Brasileiro, deixando de ser a religio oficial do
pas.
A Constituio de 1891 considerada como a mais concisa das seis Constituies da Repblica,
segundo Aliomar Baleeiro (Cfr. Constituies Brasileiras v, II), pois possua noventa e um artigos
em seu corpo, mais oito artigos referentes s Disposies Transitrias. A Constituio era
dividida em cinco Ttulos e subdivididos em Sees e Captulos. O Ttulo I tratava da
"Organizao Federal", era estruturada sob a forma de governo representativo e presidencialista
em uma Repblica Federativa. Neste ttulo regulavam-se os Trs Poderes Nacionais, segundo a
clssica diviso de Montesquieu conforme Aliomar Baleeiro (cf. Constituies Brasileiras v, II).
Dispunha ainda que o Poder Legislativo seria exercido pelo Congresso Nacional, na forma
bicameral9, dividindo-se em Cmara dos Deputados e Senado Federal. Rompera-se com a
diviso quadripartida vigente no Imprio de inspirao de Benjamin Constant, para agasalhar a
doutrina tripartida de Montesquieu, estabelecendo como rgos da soberania nacional o Poder
Legislativo, o Executivo e o Judicirio, harmnicos e independentes entre si, firmando a
autonomia dos Estados, aos quais conferia-se competncias remanescentes, prevendo-se
tambm a autonomia municipal.
As eleies para deputados e senadores seriam simultneas e cada legislatura duraria trs
anos. A Deputados seria composta por representantes eleitos nos Estados e no Distrito Federal,
mediante sufrgio direto para um mandato de trs anos.
O nmero de cadeiras a seria preenchidas proporo de um deputado para cada setenta mil
habitantes, e o nmero mnimo de deputados por Estado seriam quatro, de acordo com o art. 24
da Constituio do Brasil de 1891.
O Senado seria composto por cidados brasileiros maiores de trinta e cinco anos de idade no
gozo dos seus direitos civis e polticos, sendo que cada Estado e o Distrito Federal elegeria trs
senadores cada, para um mandato de nove anos, com a renovao de um tero do Senado
trienalmente (art. 30 e seg. da Constituio do Brasil de 1891.
.
Na eleio do Presidente ou Vice-Presidente da Repblica (art. 47 e seus pargrafos, da
Constituio Imperial), os candidatos aos cargos deveriam ser brasileiros natos; estar no gozo
dos seus direitos civis e polticos e ter mais de trinta e cinco anos de idade, sendo considerados
eleitos os candidatos que obtivessem a maioria absoluta dos votos atravs do sufrgio direto, e,
caso tal no ocorresse, o Congresso Nacional, em sesso conjunta, elegeria em segundo turno,
por maioria dos votos dos presentes (maioria simples) e em sesso nica um dos dois
candidatos que tivesse alcanado a maioria dos votos na eleio direta. Competia ainda,
privativamente, ao Congresso Nacional regular o processo eleitoral para os cargos federais em
todo o pas. Estavam aptos a votar todos os cidados brasileiros maiores de 21 anos j alistados
(Lei Saraiva ou Lei do Censo, 1881), e os que se alistarem na forma da lei vigente.
criada Justia Eleitoral, alm de alistar ao eleitor e proclamar os vencedores, organizar as mesas
e nomear os mesrios, determinar os locais para as sees eleitorais e distribuir o material
necessrio eleio. Competia Justia Eleitoral a apurao dos sufrgios, bem como,
conhecer e decidir sobre as dvidas e impugnaes que se apresentassem durante o pleito.
V) Constituio de 1937
A Constituio Brasileira de 1937, outorgada pelo presidente Getlio Vargas em 10 de
Novembro de 1937. conhecida pejorativamente como Constituio Polaca, por ter sido
baseada na constituio autoritria da Polnia e foi redigida pelo jurista Francisco Campos,
ministro da Justia na poca. A principal caracterstica dessa constituio era a enorme
concentrao de poderes nas mos do chefe do Executivo. Seu contedo era fortemente
centralizador, ficando a cargo do presidente da Repblica a nomeao das autoridades
estaduais, os interventores. Esses, por sua vez, cabiam nomear as autoridades municipais. A
Constituio de 1937, considerada por muitos como uma constituio fascista, serviu apenas
com a finalidade de manter no poder o presidente Getlio Vargas. Em entrevista, Francisco
Campos15, ento ministro da justia, dada ao Jornal Correio da Manh do Rio de Janeiro,
publicada em 03 de maro de 1945, dizia: Mas a Constituio de 1937 no fascista, nem
fascista a ditadura cujos fundamentos so falsamente imputados Constituio. O nosso
regime, tem sido uma ditadura puramente pessoal, sem o dinamismo caracterstico das
ditaduras fascistas, ou uma ditadura nos moldes clssicos das ditaduras sul-americanas.
Segundo Francisco Campos, no podia chamar de fascista uma constituio que trazia em seu
corpo um captulo destinado as garantias individuais.
A Constituio Brasileira de 1946, bastante avanada para a poca, foi notadamente um avano
da democracia e das liberdades individuais do cidado. Atravs da emenda de 1961 foi
implantado o parlamentarismo, com situao para a crise sucessria aps a renncia de Jnio
Quadros. Em 1962, atravs de plebiscito, os brasileiros optam pela volta do presidencialismo.
Quanto as eleies e ao sistema de voto mantiveram-se o esprito do Cdigo Eleitoral de 1932,
acrescentando, porm, uma alterao que iria ser passageira: a representao proporcional,
adicionada representao poltica, conforme preconizava o art. 134 da Constituio.
Em janeiro de 1963 atravs de um plebiscito o povo pediu o retorno do regime presidencialista,
sendo o mesmo efetivado atravs da Emenda Constitucional n 6, datada de 23 de fevereiro de
1963.
A redemocratizao
Ainda sob a vigncia da Constituio de 1967, foi editada a Emenda Constitucional n 15, de 19
de novembro de 1980, que restabeleceu o voto direto nas eleies para Governador de Estado e
para Senador da Repblica, iniciando-se, assim, o processo de abertura poltica to almejado
pela populao do Pas.
A abertura poltica alcanou o seu auge atravs da Emenda Constitucional n 25, promulgada
em 15 de maio de 1985. Esta Emenda alterava alguns dispositivos da Constituio Federal,
estabelecia normas constitucionais de carter transitrio, que vinham trazendo o Pas para a
democracia plena, ou seja, alterava os arts. 74 e 75 da CF/67, e faziam com que o Presidente e
o Vice-Presidente da Repblica passassem a ser eleitos por sufrgio universal e voto direto e
secreto em todo o Pas. Ainda sobre este processo, importante destacar, que seria eleito o
candidato que obtivesse a maioria absoluta dos votos, no sendo computados os votos em
brancos e os nulos. Nessa linha de raciocnio, verifica-se que a alterao do art. 152 da
Constituio federal deixava livre a criao de partidos polticos, devendo a sua organizao e
funcionamento resguardarem a soberania nacional, o regime democrtico, o pluralismo partidrio
e os direitos fundamentais do cidado. Por fim, o pice do processo de abertura ocorreu com a
edio da Emenda Constitucional n 26, em 27 de novembro de 1985, que convocou a
Assembleia Nacional Constituinte.
Bibliografia
BALEEIRO, Aliomar. Constituies Brasileiras: 1891. Braslia: Senado Federal e Ministrio da
Cincia e Tecnologia, Centro de Estudos Estratgicos, 1999.
BALEEIRO, Aliomar; SOBRINHO,Barbosa Lima. Constituies Brasileiras 1946. Braslia:
Senado Federal e Ministrio a Cincia e Tecnologia, Centro de Estudos Estratgicos, 1999.
BALEEIRO, Aliomar; CAVALCANTI, Themstocles Brando; BRITO, Luiz Navarro de.
Constituies Brasileiras : 1891. Braslia : Senado Federal e Ministrio da Cincia e Tecnologia,
Centro de Estudos Estratgicos 1999.
BONAVIDES,Paulo. Curso de Direito Constitucional; ed. Malheiros. 2002.
BRASIL. Senado Federal. O SENADO NA HISTRIA DO BRASIL. Braslia: Senado Federal,
1996. 2 ed. revista e atualizada.
BRASIL. Constituio de 1988. Constituio da Republica Federativa do Brasil. 15. ed. Braslia,
DF: Cmara dos Deputados, 2000. 402 p. Com as Emendas Constitucionais de n 1 a 30 e
Emendas de Reviso de n 1 a 6.
FERREIRA,Manoel Rodrigues. A Evoluo do Sistema Eleitoral Brasileiro. Braslia: Conselho
Editorial do Senado Federal. 2001.
NOGUEIRA, Octaciano. Constituies Brasileiras: 1824. Braslia: Senado Federal e Ministrio da
Cincia e Tecnologia, Centro de Estudos Estratgicos, 1999.
POLETTI, Ronaldo. Constituies Brasileiras: 1934. Braslia:Senado Federal e Ministrio da
Cincia e Tecnologia, Centro de Estudos Estratgicos, 1999;
PORTO, Walter Costa. Constituies Brasileiras:1937. Braslia: Senado Federal e Ministrio da
Cincia e Tecnologia, Centro de Estudos Estratgicos,1999