Caso de Avena e Outros Nacionais Mexicanos
Caso de Avena e Outros Nacionais Mexicanos
Caso de Avena e Outros Nacionais Mexicanos
Fatos do caso
2. Em sua ao CIJ, o Mxico alega que seus cidados, rus em procedimentos criminais
instaurados nos tribunais do Texas no tiveram acesso s autoridades consulares
mexicanas antes das respectivas condenaes. Avena o nome de um dos cidados
mexicanos condenados pena de morte.
4. O caso Avena o terceiro apresentado perante a CIJ, questionando a conduta dos Estados
Unidos quanto ao cumprimento de normas da Conveno de Viena sobre Relaes
Consulares de 1963, em relao defesa de estrangeiros condenados morte. O primeiro
foi o Paraguai, e o segundo, a Alemanha. A CIJ indicou medidas preventivas para evitar a
execuo do nacional paraguaio, e no caso LaGrand, a Corte concedeu o mesmo remdio
para evitar a execuo de um cidado alemo, Walter LaGrand, mas ambos j haviam
sido executados.
Pede que a CIJ declare que a obrigao do art. 36 (1) da Conveno requer que a
notificao sobre o direito de assistncia consular antes de interrogar o estrangeiro,
ou tomar qualquer outra medida potencialmente em detrimento aos seus direitos.
a. Que o Mxico pretende que a CIJ regule o funcionamento do sistema criminal dos
EUA para determinar a natureza e extenso das obrigaes impostas pela
Conveno de Viena de 1963 sobre a tramitao dos processos criminais nos
tribunais dos Estados Unidos, uma questo pertencente ao mrito; que o Mxico
est pedindo CIJ que interprete e aplique a Conveno com o objetivo de regular
o funcionamento do sistema criminal americano, pois afeta cidados mexicanos,
portanto, como se a Conveno tivesse o alcance de conduzir seus tribunais locais
em casos envolvendo nacionais de outros pases; segundo os Estados Unidos,
uma questo de mrito definir at que ponto a CIJ tem jurisdio para interferir no
procedimento criminal interno dos EUA. Exigir atos especficos pelos Estados
Unidos em seus sistemas judiciais penais estaduais afetaria profundamente na
independncia de suas cortes;
9. O caso criou uma situao inusitada do ponto de vista do direito internacional, uma vez
que um dos rus citados na deciso Avena, Jos Medelln, seria executado pelo governo
do Texas no dia 5 de agosto de 2008.
10. Jos Medellin, mexicano, tinha 18 anos quando participou de um estupro em gangue que
resultou no assassinato de Jennifer Ertman, 14, e Elizabeth Pena, 16, (latina), em Harris
County, Texas, em 24 de junho de 1993. Posteriormente, ele foi considerado culpado e
condenado morte. Jos participava da gangue Black and White, que juntamente com
outros 4, estupraram as garotas por mais de uma hora, repetidamente, at que as mataram
por estrangulamento e chutes. Os outros 4 envolvidos, Peter Cantu, Raul Villareal, Sean
OBrien, e Efrain Perez, receberam pena de morte. Quando da priso, em 29 de junho de
1993, Medellin informou que era natural de Laredo, Mexico. Ele tambm notificou ao
Servio de Pr-Julgamento (Pre-Trial Services for Harris County) que no era cidado
norte-americano. Apesar disso, nunca foi avisado de seu direito de contatar ou buscar
assistncia dos funcionrios do Consulado do Mxico, que ficou privado de assisti-lo
durante todo o processo de julgamento.
Questes de Direito
quando for detido ou preso, ou tiver julgamento pendente, ou for preso de outra forma. A
regra no probe o Estado receptor de prender, deter, julgar, condenar e sentenciar o
estrangeiro, nem limita o poder do Estado de faz-lo. No entanto, em relao deteno,
priso, julgamento dos mexicanos, o Mxico argumentava que priv-los do direito
notificao e assistncia consular seria uma conduta fundamentalmente injusta por parte dos
Estados Unidos. A notificao consular um componente bsico de devido processo legal,
pois assegura igualdade procedimental ao estrangeiro no processo criminal.
Em sua sentena de 31 de maro de 2004, a CIJ determinou que em 51 dos casos, os Estados
Unidos haviam violado o art. 36(1)(b) da Conveno de Viena de 1963, ao deixar de informar
mexicanos detidos sobre seus direitos e de notificar o Consulado do Mxico imediatamente
aps as detenes realizadas. Em 49 dos casos, a Corte determinou que os Estados Unidos
tambm violaram o Artigo 36(1)(a) da Conveno, sem permitir a comunicao livre e o
acesso entre os oficiais consulares mexicanos e os mexicanos detidos. Em 34 dos casos,
incluindo o de Medellin, a Corte determinou que os EUA violaram o artigo 36(1)(c),
impedindo que o Consulado do Mxico oferecesse representao legal para seus nacionais.
No Mxico a notificao consular est amplamente reconhecida como devido processo legal
fundamental, e, portanto, um direito humano. Os direitos dos mexicanos teriam sido violados
pelas autoridades americanas, pois foram submetidos a procedimentos criminais sem justia e
dignidade.