Cartilha Potencialidades Sertão Nordestino
Cartilha Potencialidades Sertão Nordestino
Cartilha Potencialidades Sertão Nordestino
Apresentao
Esta cartilha se destina a alunos do ensino mdio e tem como objetivo abordar as
caractersticas do Domnio Morfoclimtico da Caatinga, ou Serto Nordestino,
ressaltando suas potencialidades e desmistificando vises pejorativas da regio.
Pretendemos ampliar a percepo dos alunos sobre o modo de vida sertanejo, que carrega
consigo a convivncia diria com a diversidade da Caatinga, superando as conseqncias
de um descaso poltico antigo, mas ainda atual, com a regio e quem nela vive.
Realizao e Apoio:
PIBID GEOGRAFIA UFBA
LEAGET UFBA
Coordenao:
Prof. Dr. Marcia Aparecida Procpio da Silva Scheer
Prof. Maria das Graas Bispo de Jesus
Prof. Claudia Teles da Paixo
Redao:
Carlos Bename
Claudemir Assuno
rico Santana
Gilton Santos
Joo dos Santos Passos
Juarez Lima
Lara Moraes
Leandro Lopes
Mariana Barbosa
Ramom Machado
Thiago de Aquino
Reviso:
Neyde Maria Santos Gonalves
Aurlio Gonalves de Lacerda
Ilustraes do trabalho:
Alex Garcia
Diagramao do trabalho:
Edu Moraes Nunes
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1. Domnio da Caatinga
O Domnio Morfoclimtico da regio semirida nordestina (ou Domnio da
Caatinga) compreende uma extensa rea (aproximadamente 800 mil km) que se localiza,
sobretudo, na Regio Nordeste do Brasil, alcanando tambm parte do estado de Minas
Gerais. A Caatinga marcada pelo clima tropical semirido, com distribuio irregular
das chuvas, temperatura anual variando entre 20C a 28C , Vegetao Xerfila e
arbustiva, formas de relevo diversificadas, abrangendo desde superfcies aplainadas a
chapadas, alm de solos rasos e pedregosos em maior parte da sua extenso.
Voc sabia?
A palavra Caatinga indgena, de origem tupi, e quer dizer "mata branca", "mata rala" ou
"mata espinhenta". Recebeu esse nome dos ndios que habitavam a regio porque durante o
perodo de seca a vegetao fica esbranquiada, quase sem folhas, da surgiu o nome deste
Domnio.
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Voc sabia?
Personagem tpico do serto, o vaqueiro ainda hoje mantm tradies e bravuras herdadas dos
tempos da civilizao do couro. A lida do vaqueiro atrs dos rebanhos foi elemento
formador de cidades, base de alimentao e motivadora de rituais, festas e mitos.
O que mais chama a ateno a vestimenta ou gibo de couro, feita por vaqueiros que
passam a tradio de pai para filho. Essa vestimenta inclui chapu, guarda-peito, luvas,
perneiras, todos feitos artesanalmente em couro, utilizados como proteo contra os espinhos
da Caatinga e possveis surpresas que podem encontrar.
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3. Aspectos Naturais
Como o clima interfere na dinmica do semirido nordestino?
Vrios fatores so responsveis pela formao da regio semirida no Brasil. O
clima semirido resultado, essencialmente, da interao entre as massas de ar que
influem na regio, o seu relevo e sua posio geogrfica. Estas variveis ocasionam uma
variabilidade sazonal das chuvas na regio.
Apesar do ndice pluviomtrico em alguns lugares da Caatinga ultrapassar 1500
mm anuais, em grande parte dessa regio o ndice no chega a 700 mm e, em outros
pontos, no passa de 450 mm anuais. Essas regies onde a quantidades de chuvas muito
baixa constituem o chamado polgono da seca e as condies pluviomtricas de tais
regies dificultam as prticas de agricultura e pecuria. A perda de gua por evaporao
nesta rea muito grande, sendo maior do que a quantidade de chuva precipitada. Por
conta disso, a regio semirida apresenta as maiores mdias trmicas do pas, acima de
26C.
Alm da distribuio irregular das chuvas, as irregularidades sazonais tambm
influenciam na dinmica do semirido. Poucos meses concentram quase toda chuva do
ano. O tempo de permanncia sem chuvas varia de 6 a 9 meses ou mais, na Caatinga.
Alm disso, as chuvas possuem caractersticas torrenciais, causando desequilbrios
ambientais, como forte processo erosivo. Segundo os gegrafos Sueli Angelo Furlan e
Jos Bueno Conti (2009), so grandes quantidades concentradas em pouco tempo.
So inmeras as causas da semiaridez da Caatinga. Todavia, ainda no possvel
explicar com exatido todos os processos dos quais resulta esse cenrio. Sabe-se que o
relevo, as caractersticas da dinmica atmosfrica regional, os fortes ventos alsios que
no trazem umidade regio e a perda por evaporao so fatores de suma importncia
que ajudam a explicar o clima da regio.
importante destacar que, apesar da irregularidade das chuvas, a Caatinga possui
perodos de grandes ndices pluviomtricos, durante os quais possvel, atravs de
sistemas de captao, armazenar a gua da chuva para os perodos de estiagem.
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para diferentes culturas. Isso ocorre, principalmente, por causa dos baixos ndices
pluviomtricos da regio, que dificultam o desgaste/eroso do solo e, conseqentemente,
a perda dos seus nutrientes. Os solos que possuem excesso de sais tambm podem ser
utilizados, desde que sejam efetuadas tcnicas de correo e de melhoria na sua
capacidade de drenagem.
Para efeito de comparao: o solo da regio semirida perde menos sais e
nutrientes do que o solo da regio amaznica (que se desgasta por conta da lixiviao
causada pelas chuvas intensas). Portanto, os solos da Caatinga so frteis, desde que
sejam utilizadas prticas adequadas de manejo. Essa situao fica ainda mais ntida
quando se observa que mesmo depois de longos perodos de seca, a vegetao
rapidamente se renova aps uma chuva, tomando um aspecto verde. Isso demonstra o
potencial agricultvel da Caatinga.
As formaes do relevo
A regio semirida nordestina composta por
dois grandes planaltos principais, Borborema e as
chapadas da bacia do Rio Parnaba. Alm disso,
encontram-se tambm regies de maior altitude,
com destaque para a Chapada Diamantina e a
Chapada do Araripe. Dentro desse domnio h
uma grande diversidade de formas e estruturas do
relevo, no qual se pode evidenciar desde
chapadas com formato tabular a depresses
interioranas que, segundo o gegrafo Jurandyr
Ross (1985), so denominadas depresses
Sertaneja e do So Francisco. Na poro central do estado da Bahia, o planalto da
Chapada Diamantina destaca-se com a sua beleza e diversidade, onde a altitude passa dos
1000 metros.
Algumas reas mais midas, denominadas brejos, aparecem s vezes na Caatinga, localizando-se em algum vale fluvial mido ou, principalmente, em trechos de
maior altitude. Nesses locais, a ocupao humana caracterizada, desde a poca
colonial, pelo desenvolvimento da pecuria extensiva de corte. (VESENTINI,
2003, p. 268)
Aos poucos se percebe que a populao da regio adapta suas atividades de acordo com as potencialidades de cada rea hidrolgicas, topogrficas, climticas dentro
deste domnio morfoclimtico diversificado. Trata-se de um equilbrio dinmico buscado
por aqueles que dependem da Caatinga para a sua subsistncia.
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Voc sabia?
O Rio So Francisco tambm conhecido como o Nilo Brasileiro, pois ambos passam em
reas de clima semirido, sendo de grande importncia para a populao que vive prxima s
suas margens.
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5. O bioma Caatinga
A Caatinga, alm da classificao de Domnio Morfoclimtico, tambm um dos
principais Biomas brasileiros. Constitui-se, principalmente, de plantas xerfilas que se
adaptam facilmente aridez. J foram identificadas cerca de 600 espcies, em um total de
1.356 tipos de plantas. um bioma especial e caracterstico da biodiversidade brasileira.
Suas rvores geralmente perdem as folhas na estao seca o que confere um aspecto
cinzento a toda paisagem. Muitas de suas rvores so lenhosas, o que representa uma
potencialidade para fornecimento de madeira de boa qualidade, destacando-se entre elas o
Blsamo, a Caraibeira, o Pau d'arco, a Canafstula e Aroeira.
Nesse bioma destaque especial dado ao Juazeiro, rvore que, simbolicamente,
representa a resistncia ao clima semirido da Caatinga, mantendo suas folhas mesmo
nos perodos de estiagem. Isso ocorre por que o Juazeiro possui razes muito longas, o
que possibilita a captao de gua do subsolo. Caracterizam ainda o Bioma Caatinga os
Umbuzeiros, a Mandioca e os Cactos, a exemplo do Mandacaru.
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Voc sabia?
A nossa Constituio protege alguns biomas, porm, a Caatinga ficou de fora.
Percebam no Artigo 225./ Pargrafo 4:
Art. 225. Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e
coletividade o dever de defend-lo e preserv- lo para as presentes e futuras geraes.
4 - A Floresta Amaznica brasileira, a Mata Atlntica, a Serra do Mar, o Pantanal MatoGrossense e a Zona Costeira so patrimnio nacional, e sua utilizao far-se-, na forma da
lei, dentro de condies que assegurem a preservao do meio ambiente, inclusive quanto ao
uso dos recursos naturais.
Obs.: Existe hoje um processo em andamento no Senado para a incluso deste Bioma nas leis
de preservao ambiental.
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Bibliografia sugerida
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Bibliografia consultada
AYOADE, J. O. Introduo climatologia para os trpicos. 3. Ed. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 1991.
AB'SABER, Aziz Nacib. Os domnios de natureza no Brasil: potencialidades
paisagsticas. So Paulo, SP: Atelie Editorial, 2003.
MAIA, G. N. Caatinga: rvores e arbustos e suas utilidades. 1. ed. So Paulo:D&Z
computao grfica e Editora, 2004.
MENDONA, F. Geografia fsica: cincia humana? 7 ed. So Paulo, SP: Contexto,
2001.
MENDONA, Francisco; DANNI-OLIVEIRA, Ins Moresco. Climatologia noes
bsicas e climas do Brasil. So Paulo: Oficina de Textos, 2009.
MUNHOZ, C. Transposio do Rio So Francisco: salvao ou equvoco? Portal
Educacional,
2005.
Disponvel
em
<http://www.educacional.com.br/noticiacomentada/051007not01.asp> Acesso em 25 de
maro/2011.
ROSS, Jurandyr L. Sanches (org.). Geografia do Brasil. So Paulo: Edusp,2009.
SENE, E.; MOREIRA, J. C. Geografia geral e do Brasil: espao geogrfico e
globalizao. So Paulo, Scipione, 1998.
VESENTINI, J. W. Geografia Srie Brasil. 1 ed. So Paulo: Editora tica, 2003.
ALBUQUERQUE, M. A.; BIGOTTO, J. F.; VITIELLO; M. A. Geografia Sociedade e
Cotidiano. 1 ed. So Paulo: Escala Educacional, 2010.
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ABC do Serto
Luiz Gonzaga
(Composio: Z Dantas e Luiz Gonzaga)
L no meu serto pros caboclo l
Tm que aprender um outro ABC
O jota ji, o le l
O sse si, mas o rre
Tem nome de r
O jota ji, o le l
O sse si, mas o rre
Tem nome de r
At o ypsilon l pissilone
O eme m, O ene n
O efe f, o g chama-se gu
Na escola engraado ouvir-se tanto ""
A, b, c, d,
F, gu, l, m,
N, p, qu, r,
T, v e z
Ateno que eu vou ensinar o ABC
A, b, c, d, e
F, gu, ag, i, ji,
ka, l, m, n, o,
p, qu, r, ci
T, u, v, xis, pissilone e Z
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Riacho do Navio
Luiz Gonzaga
(Composio: Luiz Gonzaga e Z Dantas)
Riacho do Navio
Corre pro Paje
O rio Paje vai despejar
No So Francisco
O rio So Francisco
Vai bater no meio do mar
O rio So Francisco
Vai bater no meio do mar
Ah! se eu fosse um peixe
Ao contrrio do rio
Nadava contra as guas
E nesse desafio
Saa l do mar pro
Riacho do Navio
Saa l do mar pro
Riacho do Navio
Pra ver o meu brejinho
Fazer umas caada
Ver as "peg" de boi
Andar nas vaquejada
Dormir ao som do chocalho
E acordar com a passarada
Sem rdio e nem notcia
Das terra civilizada
Sem rdio e nem notcia
Das Terra civilizada.
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Alma do Serto
Luiz Gonzaga
(Composio: Adaptao Renato Murce)
Ai como bonito a gente ver
Em plena mata, o amanhecer
Quando amanhece
At parece que o serto
Com alegria
Vai despedindo a escurido
E a passarada
Em renovada, to contente
Alcana o espao
Num grande abrao a toda gente
Quando amanhece
O sol aparece em seu esplendor
Secando o orvalho
Faz da campina, imensa flor
Sai o caboclo
Levando ao ombro, o enxado
Vai pra roa
Donde ele tira o ganha po
Quando amanhece
Ao despertar de um novo dia
A natureza
Traz para a mata a alegria
E tudo muda
Com a chegada dessa hora
Cantando todos
Em louvor nova aurora
Recebido em 15/10/2014
Aprovado em 31/10/2014
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