Semana 11 - Lavagem de Dinheiro Na APN 470-MG
Semana 11 - Lavagem de Dinheiro Na APN 470-MG
Semana 11 - Lavagem de Dinheiro Na APN 470-MG
Escrever sobre a APn 470/MG exige cautela. Em primeiro lugar porque se trata de um
processo ainda inconcluso, uma vez que do acrdo publicado em 22.04.2013 cabem
recursos. Por isso, a anlise ora empreendida est - de certa forma - datada, pois a
premissa da qual se parte pode ser modificada caso procedentes os embargos
apresentados pelos rus inconformados com o resultado do julgamento.
Em segundo lugar, preciso destacar que este autor esteve pessoalmente envolvido no
caso, na qualidade de advogado de um dos rus. Por isso, por mais que se tente afastar
a reflexo acadmica da parcialidade inerente atividade advocatcia, buscando conferir
uma objetividade cientfica ao presente artigo, a honestidade intelectual impe este
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alerta sobre a condio do autor como representante de parte nos autos em discusso.1
A terceira e ltima considerao diz respeito s peculiaridades emocionais que
envolveram o julgamento da ao penal em tela. Trata-se do processamento de denncia
sobre ilegalidades em sistema de financiamento partidrio, envolvendo personagens de
primeiro escalo de um Governo, cujos principais integrantes ainda estavam no poder
por ocasio da prolao do acrdo. Isso por si s j colocaria a ao penal em tela no
centro do cenrio poltico nacional. Some-se a transmisso ao vivo dos debates no STF
em rede nacional e o intenso interesse de diversos veculos de comunicao no desfecho
das discusses, e tem-se um processo permeado de acirrada polmica, politizado, diante
do qual fcil perder o foco de questes tcnico-jurdicas para buscar em outras searas
os argumentos de defesa ou acusao.
Enfim, a inconcluso do julgamento, o envolvimento profissional do autor, e o tom
poltico e emocional que envolveu os debates, so elementos que devem ser levados em
considerao quando da leitura do presente artigo.
2. DA LAVAGEM DE DINHEIRO NA APN 470/MG
O objetivo do estudo ora apresentado analisar o acrdo da APn 470/MG sob o prisma
do crime de lavagem de dinheiro. Por esse delito foram condenados inmeros rus, seja
porque colaboraram para a construo de um suposto esquema de reciclagem de
capitais, seja porque foram beneficirios por ele.
Segundo o acrdo - ainda no transitado em julgado - os rus teriam praticado crimes
contra a Administrao Pblica - notadamente peculato e corrupo -, crimes contra o
sistema financeiro nacional e, posteriormente, ocultado ou dissimulado o produto de tais
delitos atravs de um sistema de emprstimos simulados e saques encobertos de
dinheiro em espcie.
A anlise a seguir empreendida no tem o escopo de se debruar sobre fatos e provas. O
objetivo apresentar as principais orientaes da Suprema Corte sobre lavagem de
dinheiro, sendo importante destacar que a ao penal em tela ofereceu ao STF a
oportunidade para o debate de questes ainda no tangenciadas pelo rgo, como a
estrutura do crime em comento, sua relao com outros tipos penais e a natureza de seu
elemento subjetivo.
2.1 Aspectos objetivos da lavagem de dinheiro
A primeira questo enfrentada pelo STF foi o reconhecimento do concurso de crimes nos
casos de autolavagem de dinheiro (selflaudering), ou seja, quando o autor do crime
antecedente tambm efetua a reciclagem de seu produto. Nesses casos, a Corte
entendeu possvel a condenao pelos dois delitos.3
A questo controversa, inclusive no plano internacional. H pases, como a Itlia, cujos
Cdigos Penais excluem expressamente o autor do crime antecedente do mbito da
lavagem de dinheiro, ou seja, fazem a reserva de autolavagem (art. 648, bis). Outros,
como a Espanha (art. 301, 1) e Portugal (art. 368-A, 2) fazem referncia direta
punio da autolavagem como concurso de crimes.
A lei brasileira no veda expressamente a autolavagem. E o STF - na APn 470/MG seguiu inmeros precedentes j existentes na jurisprudncia ptria (inclusive do prprio
rgo), interpretando tal silncio como autorizador da dupla punio.4 Ou seja, admitiu
imputar mesma pessoa a responsabilidade pela lavagem de dinheiro e pela infrao
antecedente caso tenha concorrido para ambos. E parece correta tal posio, porque o
bem jurdico protegido pela norma de branqueamento de capitais (administrao da
Justia)5 , em regra, diferente daquele afetado pela infrao anterior, e a distino
material permite a punio em concurso material sem que exista o bis in idem. No crime
de lavagem de dinheiro, portanto, no incide a exonerao do autor do ilcito
antecedente, como ocorre nos casos de favorecimento real (art. 349 do CP). E isso pelos
seguintes motivos:
a) o tipo penal de favorecimento real, assim como a lavagem de dinheiro, tutela a
administrao da Justia.6 Portanto, em ambos o bem jurdico protegido distinto (em
regra) daquele lesionado pelo crime anterior e seria aplicvel a dupla incriminao. No
entanto, no favorecimento real o tipo penal expressamente afasta a punio do autor
original,7 enquanto na lavagem de dinheiro a ressalva inexiste.
b) Mas, ainda que o crime do art. 349 do CP no indicasse expressamente a exonerao
do autor do crime original, a punio do autor do delito antecedente seria descabida pela
inexigibilidade de conduta diversa, pois no parece possvel impor ao agente de um
delito prvio que no tome medidas e precaues para tornar seguro o proveito dele
decorrente.8 Esse raciocnio, no entanto, no se aplica lavagem de dinheiro. Ainda que
esse ltimo delito tambm afete a administrao da Justia, ele o faz de forma mais
incisiva, mais intensa, pois o agente no se contenta em tornar seguro o proveito do
crime. Ele vai alm, busca tal segurana atravs da reciclagem, do mascaramento, da
reinsero dos bens na economia formal, com aparncia lcita. Trata-se de uma leso
qualificada administrao da Justia que afasta a inexigibilidade de conduta diversa. Do
agente do crime anterior se espera que atue para tornar seguro o proveito do crime,
mas no que o faa por meio de manobras para conferir a ele um manto de licitude, por
meio de operaes financeiras e comerciais de aspecto legtimo.
Em suma, esse plus em relao ao mero proveito seguro do produto do crime justifica a
possibilidade de punio do autor do delito anterior pela lavagem de dinheiro por ele
praticada subsequentemente. Por isso, correta a interpretao da Suprema Corte,
indicando o crime de lavagem de dinheiro como comum, que pode ser praticado por
qualquer pessoa, at mesmo pelo agente ou partcipe da infrao anterior.
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A terceira questo enfrentada pela Suprema Corte mais polmica: o concurso formal
entre o crime de corrupo passiva (art. 317 do CP)12 e o delito de lavagem de dinheiro.
Segundo a denncia, alguns rus funcionrios pblicos (no sentido penal do termo)
solicitaram ou receberam, em razo de sua funo, vantagem indevida (art. 317 do CP).
O pagamento de tais valores teria sido feito em dinheiro em espcie, e entregue a
terceiras pessoas (assessores ou parentes prximos) que repassaram o capital a seus
destinatrios. Estes fatos foram caracterizados pela maioria dos Ministros como
corrupo passiva (art. 317 do CP) e lavagem de dinheiro (art. 1. da Lei 9.613/1998),
em concurso formal (art. 70 do CP).
A questo que aqui exige reflexo: possvel reconhecer nesse caso o concurso de
crimes e identificar ao mesmo tempo um crime de corrupo passiva e de lavagem de
dinheiro? Vejamos.
O delito de lavagem de dinheiro exige um ato de ocultao ou de dissimulao. No caso
em tela, parte dos Ministros do STF enxergou tal elemento no fato do dinheiro da
suposta corrupo ser recebido por intermedirios, por funcionrios ou parentes dos
agentes corrompidos.13 O uso de interpostas pessoas caracterizaria a ocultao
necessria tipicidade da lavagem de dinheiro. Tivesse o corrompido recebido
diretamente o dinheiro, no haveria o crime de lavagem de dinheiro, mas apenas
corrupo passiva.
A primeira crtica a essa construo partiu dos Ministros da Corte que divergiram de tal
entendimento, a comear pelo rev. Min. Ricardo Lewandowski:
Observo, por oportuno, que o recebimento de numerrio por interposta pessoa no
caracteriza necessariamente o crime de lavagem de dinheiro. que tal artificio, com
efeito, largamente utilizado para apercepo da propina. Jamais, qui, a vantagem
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por intermedirios ou nos casos em que se constatou uma engenharia financeira anterior
para ocultar a origem dos bens.
2.2 Dolo direto, eventual e a cegueira deliberada
Outra questo relevante discutida nos autos da APn 470/MG diz respeito natureza do
elemento subjetivo do tipo penal de lavagem de dinheiro. H tempos a doutrina se divide
sobre a admissibilidade do chamado dolo eventual para este delito.
Pelas regras legais, se o agente desconhece a procedncia infracional dos bens ocultados
ou dissimulados, faltar-lhe- o dolo da prtica de lavagem, e a conduta ser atpica
mesmo se o erro for evitvel, pois no h previso da lavagem culposa. Assim, se o
agente no percebe a origem delitiva do produto que mascara por descuido ou
imprudncia, no pratica lavagem de dinheiro, respondendo penalmente o terceiro que
determinou o erro, se existir (art. 20, 2.).
Questo mais complexa : qual o grau de conscincia exigido do agente sobre a
procedncia dos bens. suficiente que ele desconfie da origem infracional (dolo
eventual) ou faz-se necessria a conscincia plena da provenincia ilcita do produto?
H quem sustente que apenas pratica lavagem de dinheiro aquele que tem plena cincia
da origem delitiva dos bens (dolo direto).22 Nessa linha, a Conveno de Viena (art. 3, 1,
b), de Palermo (art. 6, 1) e a Directiva 2005/60/CE do Parlamento Europeu e do
Conselho (26.10.2005) (art. 1, 2, a e b), indicam que apenas quem tem conhecimento
da provenincia dos bens pratica lavagem de dinheiro.
Por outro lado, h quem afirme que basta a mera suspeita da origem infracional (dolo
eventual) para que se afaste o erro de tipo.23 Nesse sentido, a Conveno de Varsvia
(2005) indica que os Estados-membros da Comunidade Europeia podem tomar medidas
para entender como crime os casos de lavagem em que o agente suspeitava da origem
ilcita dos bens ou deveria conhecer a origem ilcita dos bens, indicando a possibilidade
da prtica do crime a ttulo de dolo eventual ou mesmo de imprudncia (art. 9, 3).
Como j expusemos em outra oportunidade, 24 entendemos que o agente deve ter
conscincia clara da origem ilcita dos bens para a lavagem de dinheiro na forma do
caput do art. 1., sendo o dolo eventual admissvel apenas nos casos descritos no 2.,
I da Lei.
Aceitar o dolo eventual para todas as formas de lavagem de dinheiro no parece
adequado do ponto de vista poltico-criminal porque resultaria na imposio de uma
carga demasiado custosa queles que desempenham atividades no setor financeiro,
afinal, sempre ser possvel duvidar da procedncia do capital de terceiros com o qual se
trabalha, exceo dos casos em que a licitude original patente. A fungibilidade do
bem impede - em geral - o reconhecimento seguro de sua procedncia, e mesmo que
sejam adotadas medidas de averiguao do cliente e da operao, nos termos dos atos
regulatrios em vigor, sempre - ou quase sempre - haver espao para dvida. Por isso,
nos parece que a tipicidade subjetiva da lavagem de dinheiro na forma do caput do art.
1. limitada ao dolo direto, sendo o dolo eventual admissvel apenas nos casos
descritos no 2., I, da Lei.
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No entanto, no parece ter sido esta a orientao do STF por ocasio do julgamento da
APn 470/MG. Alguns Ministros rechaaram expressamente o dolo eventual na lavagem
de dinheiro, ao menos diante do texto legal anterior,25 mas a maioria admitiu esta
modalidade, reconhecendo-a como possvel mesmo na redao da Lei 9.613/1998 em
vigor poca da prtica dos fatos julgados.26
Seja como for, a leitura das manifestaes deixa claro que - para os integrantes da
Suprema Corte - o novo texto da Lei de Lavagem de Dinheiro admite o dolo eventual em
todas as formas de lavagem de dinheiro.27 Por isso, parece necessrio conceituar tal
categoria dogmtica, para que sua aplicao seja balizada por critrios precisos.
Tem dolo eventual o agente que suspeita da origem ilcita dos bens com os quais
trabalha, mas no tem certeza sobre tal fato. Assim, aquele que envia ao exterior (a
uma empresa off-shore) valores no declarados, sobre os quais exista fundada suspeita
de origem criminosa, pratica lavagem de dinheiro dolosa (sob a tica do dolo eventual).
No entanto, no qualquer suspeita que sustenta o dolo eventual. Ainda que carea da
vontade de resultado e da cincia plena da origem ilcita do bem, o dolo eventual exige a
conscincia concreta do contexto no qual se atua. Como ensina Roxin, no basta uma
conscincia potencial, marginal, ou um sentimento.28 preciso mais: necessria uma
percepo clara das circunstncias, uma compreenso consciente dos elementos
objetivos que justifiquem a duvida sobre a licitude dos bens. Deve-se averiguar se o
agente percebeu o perigo de agir, e se assumiu o risco de contribuir para um ato de
lavagem.29 A mera imprudncia ou desdia no suficiente para o dolo eventual.
Porm, algo mais deve ser levado em considerao. Parte da doutrina e da
jurisprudncia equiparam ao dolo eventual a chamada cegueira deliberada (wilfull
blindness). Trata-se de instituto de origem jurisprudencial norte-americana pelo qual se
aceita como dolosos os casos em que o agente se coloca em uma situao proposital de
erro de tipo. Assim, tem dolo de lavagem de dinheiro no apenas o agente que conhece
(dolo direto) ou suspeita (dolo eventual) da origem ilcita do capital, mas tambm aquele
que cria conscientemente uma barreira para evitar que qualquer suspeita sobre a origem
dos bens chegue ao seu conhecimento.30
Para ilustrar: se o diretor financeiro de uma instituio bancria determina
expressamente a seus gerentes que no o informem de operaes suspeitas de lavagem
de dinheiro, poder ser condenado pela prtica desse crime, por cegueira deliberada,
pois criou conscientemente um mecanismo que veda a chegada ao seu conhecimento de
qualquer dvida sobre a licitude dos bens que processa.
A nosso ver, se a admisso do dolo eventual na lavagem de dinheiro j parece pouco
recomendvel, seu reconhecimento na forma de cegueira deliberada parece ainda menos
adequada a um sistema penal pautado pelo principio da culpabilidade.
No entanto, a cegueira deliberada foi ao menos tangenciada por integrantes do STF, nos
autos da APn 470/MG, apontando para sua possvel admisso no cenrio jurdico
nacional. O Min. Celso de Mello chegou a admitir expressamente a adoo da cegueira
deliberada no crime de lavagem de dinheiro, como indica o Informativo do STF:
Ato contnuo, o decano da Corte, Min. Celso de Mello admitiu a possibilidade de
configurao do crime de lavagem de valores mediante dolo eventual, com apoio na
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Muito ainda ser dito sobre a deciso sobre a qual nos debruamos. Como aventado,
diversos trechos do acrdo foram objeto de recursos, e possvel que algumas das
concluses sejam alteradas antes do trnsito em julgado do feito.
De qualquer forma, vale notar que as controvrsias descritas so fruto da falta de
reflexes jurisprudenciais consolidadas sobre o tema. O delito de lavagem de dinheiro,
apesar de constar no ordenamento ptrio desde 1998, ainda frequenta pouco os
tribunais. Os precedentes so poucos, mantendo-se ainda certa obscuridade em relao
natureza e extenso de seus elementos objetivos e subjetivos.
Por isso, concordemos ou no com seu mrito, as orientaes da Suprema Corte sobre
lavagem de dinheiro proferidas no mago da APn 470/MG so importantes, porque fixam
- talvez pela primeira vez de forma consolidada - um norte interpretativo. Ainda que no
vinculantes, as concluses contribuem para moldar os contornos de um tipo penal
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ainda que fora da funo ou antes de assumi-la, mas em razo dela, vantagem indevida,
ou aceitar promessa de tal vantagem:
13. Por exemplo, o Min. revisor, s p. 1008 do acrdo, do Min. Luiz Fux, s p. 1539 do
acrdo (ainda que no tenha sido esse o nico fundamento da condenao por
lavagem), do Min. Dias Toffoli, s p. 1745 do acrdo, da Min. Crmen Lcia, p. 1805 e
1875 do acrdo, do Min. Ayres Britto, s p. 2478 do acrdo.
14. A Ministra ainda repete o argumento s p. 1262 do acrdo.
15. Ainda na linha do exaurimento do crime de corrupo, o Min. Marco Aurlio, s p.
3719 do acrdo.
16. Que no remetidos ao Coaf, mas ficaram em poder do banco e consistiram em prova
material do caminho do dinheiro at os destinatrios finais.
17. O mero proveito econmico do crime antecedente no caracteriza lavagem de
dinheiro (DE CARLI. Dos crimes. p. 195), (PITOMBO. Lavagem de dinheiro. p. 109), DE
CARLI. Op. cit., p. 195.
18. BOTTINI, Pierpaolo Cruz; BADAR, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Op. cit., p. 67.
19. Em sentido similar, o Min. Luiz Fux, s p. 1540 do acrdo, e o Min. Gilmar Mendes,
s p. 2327 do acrdo.
20. P. 1264 do acrdo, sem grifos. Vale destacar, no entanto, que ao tratar do ncleo
politico do esquema denunciado, a mesma Ministra admite a lavagem de dinheiro na
entrega de numerrio a parlamentares em troca de apoio poltico, indicando que seu
propsito especfico, sem dvida, era receber o dinheiro, e no lav-lo, mas,
concordando em receb mediante estratagemas de ocultao e dissimulao e, ainda,
contribuindo com estes mediante a utilizao de pessoas interpostas e a falta de
contabilizao, praticaram dolosamente o crime de lavagem de dinheiro (p. 1302 do
acrdo). Ou seja, aponta - nestes casos - a existncia de lavagem fundada em atos
anteriores ao recebimento do dinheiro.
21. Citando, por sua vez, expresso de Francisco Resek (p. 3723 do acrdo).
22. BARROS. Lavagem de capitais. p. 59; CALLEGARI. Op. cit., p. 164; PODVAL.
Lavagem de dinheiro. p. 2100, PITOMBO. Op. cit., p. 137. Ainda que no mencione
expressamente o dolo eventual, Reale Jr. caracteriza o dolo da lavagem a partir do
conhecimento da origem ilcita, apontando que o agente deve agir com convico de que
o bem sobre o qual atua ilcito (Figura tpica e objeto material do crime de lavagem
de dinheiro. p. 559-575).
23. Maia admite dolo eventual diante da ausncia de qualquer restrio - diferente do
que ocorre com a receptao. MAIA. Op. cit., p. 88; BONFIM; BONFIM. Op. cit., p. 46;
DE CARLI. Op. cit., p. 188. Admitem ainda dolo eventual, MORO. Crime de lavagem de
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dinheiro. p. 62; PRADO. Dos crimes: aspectos subjetivos. p. 228. DELMANTO. Leis
penais especiais comentadas. p. 559-564; SANCTIS. Combate lavagem de dinheiro. p.
49; OLIVEIRA. A criminalizao da lavagem de dinheiro. p. 112-129; PEREIRA. Lavagem
de dinheiro: compatibilidade com o dolo eventual? p. 32-44.
24. BADAR, Gustavo Henrique Righi Ivahy; BOTTINI, Pierpaolo Cruz. Lavagem de
dinheiro: aspectos penais e processuais penais: comentrios Lei 9.613/1998 com as
alteraes da Lei 12.683/2012. So Paulo: Ed. RT, 2012. p. 92.
25. Nesse sentido, o Min. Ricardo Lewandowski (p. 3736 do acrdo), Min. Dias Toffoli,
indicando que preciso refletir se a nova legislao permite o dolo eventual (p. 3273 do
acrdo).
26. Nesse sentido, a Min. Rosa Weber (p. 1273 do acrdo), a Min. Crmen Lcia, s p.
2081 do acrdo (embora aponte em alguns trechos a necessidade do agente saber da
ocorrncia de um dos crimes antecedentes, como s p. 2082 do acrdo), o Min. Luiz
Fux (p. 3188 do acrdo), o Min. Celso de Mello (embora no publicadas suas
manifestaes a respeito no acrdo, parece ser essa a linha de seu raciocnio descrita
no Informativo STF n. 677) e o Min. Ayres Britto (p. 3425 do acrdo).
27. Posio que, a nosso ver, no parece a mais adequada.
28. ROXIN. Derecho penal. p. 472.
29. Idem, p. 447.
30. Para uma viso detalhada do instituto, BLANCO CORDERO. Op. cit., Cap.VII, 3.3;
PRADO. Op. cit., p. 237 e MORO. Op. cit., p. 69.
31. Informativo 684, sem grifos.
32. BADAR, Gustavo Henrique Righi Ivahy; BOTTINI, Pierpaolo Cruz. Op. cit., p. 94.
33. Idem, ibidem.
34. BLANCO CORDERO. Op. cit., Cap.VII, 3.3.
35. Idem, ibidem.
36. BLANCO CORDERO. Op. cit., Cap.VII, 3.2.
37. RAGUS Y VALLES. Ramon. La ignorancia deliberada en derecho penal. Barcelona:
Atelier, 2007. p. 209.
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