Reforço Estrutural
Reforço Estrutural
Reforço Estrutural
Rio de Janeiro
2006
Rio de Janeiro
2006
CATALOGAO NA FONTE
UERJ/REDE SIRIUS/NPROTEC
C198
CDU 624.014.2
Agradecimentos
Aos meus orientadores, Prof. Luciano Rodrigues Ornelas de Lima e Prof. Pedro Colmar
Gonalves da Silva Vellasco por toda a ajuda e amizade fortalecida durante a realizao
deste trabalho.
Aos professores Sebastio Andrade e Lus Costa Neves pela ajuda e fornecimento de
material utilizado nos estudos de casos.
Aos professores do corpo docente do PGECIV da UERJ pelo conhecimento transmitido
durante os cursos ministrados.
A Jacqueline, pelo amor, pelo carinho e pela compreenso nos momentos difceis e de
fraqueza e a sua me, D Jeanne Victria pelo incentivo e carinho
Aos funcionrios do Laboratrio de Computao do PGECIV (LABBAS) e a secretria da
ps-graduao.
Aos colegas de curso da UERJ, Ricardo, Marcel, Pedro e Rafael pela ajuda nos momentos
de dificuldade durante o curso.
CAPES pelo auxlio financeiro.
Resumo
CAMPOS, Luiz Eduardo Teixeira. Tcnicas de recuperao e reforo estrutural com
estruturas de ao. 2006. 104 f. Dissertao (Mestrado) Programa de Ps-Graduao
em Engenharia Civil, Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2006.
Abstract
Sumrio
1. Introduo ........................................................................................................................ 16
1.1. Consideraes Iniciais ................................................................................................................ 16
1.2. Objetivos ....................................................................................................................................... 18
1.3. Escopo........................................................................................................................................... 19
3. Materiais ........................................................................................................................... 50
3.1. O Ao ............................................................................................................................................. 50
3.2. Concreto Armado ......................................................................................................................... 54
3.2.1. Composio do Concreto Armado .......................................................................................... 55
3.3. Estruturas Mistas (Ao-Concreto) .............................................................................................. 56
3.3.1. Conectores tipo Pino (STUD BOLT)..................................................................................... 59
3.3.2. Conector Perfobond Rib ....................................................................................................... 60
3.3.3. Conector Tipo U.................................................................................................................... 62
3.3.4. Ancoragens ............................................................................................................................. 62
4. Estudo de Casos.............................................................................................................. 70
4.1. Caso 1: Edifcio TRT Rio de Janeiro ....................................................................................... 70
5. Consideraes Finais...................................................................................................... 98
5.1. Concluses ................................................................................................................................... 98
5.2. Sugestes para Trabalhos Futuros.......................................................................................... 100
Lista de Figuras
Figura 1.1 Fachada que restou de prdio da Rua do Teatro n 15 [4] .............................................. 17
Figura 1.2 Palacete Bragana ocupado por diversas famlias [4]...................................................... 17
Figura 1.3 Localizao da viga no estrutural de tapamento em concreto armado e seus escombros
aps o colapso .............................................................................................................................. 18
Figura 2.1 Exemplo de Gutting (Lisboa - Portugal) ......................................................................... 21
Figura 2.2 Criao de piso adicional (TRT, Rio de Janeiro) [arquivo do autor]................................. 22
Figura 2.3 Adio vertical (Shopping da Gvea RJ) [arquivo do autor].......................................... 22
Figura 2.4 Acrscimo lateral em edificao tombada (TRT, Rio de Janeiro) [arquivo do autor] ....... 23
Figura 2.5 Troca de pisos por deck metlico [20] .............................................................................. 24
Figura 2.6 Reforo de lajes de concreto armado [20] ........................................................................ 24
Figura 2.7 Sistema de fixao de fachadas [20] ................................................................................ 26
Figura 2.8 Escoramento de fachadas para criao de subsolo [20].................................................. 27
Figura 2.9 Sistema de fixao externo de fachadas .......................................................................... 27
Figura 2.10 Sistema de fixao interno de fachadas......................................................................... 28
Figura 2.11 Amarrao de fachadas [20]........................................................................................... 29
Figura 2.12 Insero de pilares para conteno de paredes de alvenaria [20]................................. 30
Figura 2.13 Contraventamento em X de parede de alvenaria existente [20] .................................. 31
Figura 2.14 Reforo de estrutura em alvenaria em forma de arco [20] ............................................. 31
Figura 2.15 Reforo de pisos de madeira com perfis de ao ............................................................ 32
Figura 2.16 Reforo de pisos de madeira (Gvea Golf Club RJ) [Arquivo do autor]...................... 33
Figura 2.17 Reforo de Estruturas de Concreto ................................................................................ 34
Figura 2.18 Reforo de lajes de concreto [20] ................................................................................... 34
Figura 2.19 Reforo de lajes cogumelo [20] ...................................................................................... 35
Figura 2.20 Contraventamento em X [20]........................................................................................ 35
Figura 2.21 Tipos de contraventamento [20] ..................................................................................... 36
Figura 2.22 Tipos de reforo em estruturas metlicas....................................................................... 37
Figura 2.23 Fixao da estrutura nova fachada existente [20] ....................................................... 38
Figura 2.24 Instalao de colunas antes da demolio com contraventamento provisrio [20] ....... 39
Figura 2.25 Demolio interna aps a instalao parcial da nova estrutura [20] .............................. 39
Figura 2.26 Retomada do processo construtivo [20] ......................................................................... 40
Figura 2.27 Biblioteca Nacional antes e depois da ltima restaurao ............................................. 41
Figura 2.28 Detalhes da corroso na estrutura [3]............................................................................. 42
Figura 2.29 Coliseu de Roma [arquivo do autor] ............................................................................... 42
Figura 2.30 Estrutura do elevador do Coliseu de Roma [arquivo do autor]....................................... 43
Figura 2.31 Passarela (Roma) [arquivo do autor] .............................................................................. 43
Figura 2.32 Converso de fbrica em um Ginsio em Canto, Itlia [20] ........................................... 44
Figura 2.33 Depsito de locomotivas transformado em centro de convenes [20] ......................... 44
11
12
Figura 4.12 Conector perforbond rib utilizado no acrscimo lateral (cedida pelo ........................... 78
Figura 4.13 Localizao da escada (cedida pelo engenheiro Sebastio Andrade)........................... 79
Figura 4.14 Elevao da escada (cedida pelo engenheiro Sebastio Andrade)............................... 79
Figura 4.15 Nova escada (arquivo do autor)...................................................................................... 80
Figura 4.16 Planta do chassi dos elevadores (cedida pelo engenheiro Sebastio Andrade) ........... 80
Figura 4.17 Planta de Vigamento (cedida pelo engenheiro Sebastio Andrade).............................. 81
Figura 4.18 Novos elevadores (arquivo do autor).............................................................................. 81
Figura 4.19 Vista da fachada da edificao [arquivo do autor].......................................................... 83
Figura 4.20 Corte esquemtico e foto dos fundos da edificao (cedida pelo engenheiro Sebastio
Andrade)........................................................................................................................................ 84
Figura 4.21 Segundo corte esquemtico (cedido pelo engenheiro Sebastio Andrade) .................. 85
Figura 4.22 - Projeto inicial da fachada da edificao (cedida pelo...................................................... 85
Figura 4.23 Planta de fundao (cedido pelo engenheiro Sebastio Andrade) ................................ 87
Figura 4.24 Estrutura Cobertura (cedido pelo engenheiro Sebastio Andrade)................................ 89
Figura 4.25 Laje Nervurada [6]........................................................................................................... 90
Figura 4.26 Visualizao da estrutura global com detalhe do carregamento na viga em ao [6] ..... 91
Figura 4.27 Visualizao da estrutura auxiliar [6] .............................................................................. 92
Figura 4.28 Ligaes da viga secundria [6] ..................................................................................... 92
Figura 4.29 Viga Principal Ligaes Viga-Viga e Viga-Pilar [6] ...................................................... 93
Figura 4.30 Etapas construtivas [6].................................................................................................... 94
Figura 4.31 Viga Secundria e apoios provisrios [6] ....................................................................... 95
Figura 4.32 Posicionamento e detalhamento dos conectores perforbond [6] ................................... 95
Figura 4.33 Detalhes da instalao dos conectores perforbond rib [6] ........................................... 96
Figura 4.34 Viga secundria j funcionando como mista [6] ............................................................. 96
Lista de Tabelas
Tabela 3.1 Tabela de tenso de escoamento de alguns aos .......................................................... 51
Tabela 4.1 Tabela de perfis................................................................................................................ 86
Lista de Abreviaturas
ESDEP
IPHAN
UERJ
UFRJ
1. Introduo
17
Um exemplo no muito distante do que pode ser causado pela falta de manuteno
de estruturas existentes diz respeito ao acidente ocorrido na UERJ em janeiro de 2006.
Neste acidente, uma viga no estrutural de tapamento em concreto armado entrou em
colapso caindo do 12 andar causando enormes transtornos, inclusive a interdio do
campus por duas semanas. A Figura 1.3 apresenta a posio deste elemento estrutural
juntamente com os escombros aps sua runa.
18
1.2. Objetivos
Este trabalho tem como finalidade principal apresentar as diversas possibilidades e
vantagens do uso das estruturas de ao em reformas, restauraes e reforo de estruturas
existentes construdas com diversos materiais.
19
1.3. Escopo
Esta dissertao desenvolveu um trabalho de pesquisa sobre o uso de estruturas de
ao na reforma de trs edificaes, sendo que duas delas tombadas pelo IPHAN (Instituto
do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional).
Este primeiro captulo apresenta uma pequena introduo de forma a situar o leitor
dentro do problema de recuperao e rehabilitao de estruturas antigas atravs da
utilizao de estruturas de ao.
O segundo captulo apresenta uma reviso bibliogrfica do assunto abordando as
principais etapas a serem realizadas durante uma recuperao de uma edificao antiga
alm de citar diversos exemplos de cada uma destas etapas.
J o captulo trs considera uma descrio dos principais tipos de materiais utilizados
em estruturas: o concreto armado, o ao e as estruturas mistas. So abordadas tambm as
diversas tcnicas utilizadas para efetuar a ligao entre a estrutura nova e a estrutura
antiga, ou seja, chumbadores, conectores de cisalhamento, dentre outras.
Os estudos de caso so apresentados no captulo quatro sendo o primeiro referente
a uma reforma executada no edifcio do TRT Tribunal Regional do Trabalho situado no
centro do Rio de Janeiro. O segundo caso estudado diz respeito a reforma executada no
edifcio do Departamento Geral de Percias Mdicas tambm situado no centro do Rio de
Janeiro. Finalmente, o terceiro caso abordou a utilizao de estrutuas de ao na
remodelao de uma moradia residencial situada no bairro Quinta de So Jernimo, em
Coimbra, Portugal.
Por fim, o captulo cinco apresenta as principais concluses do presente trabalho.
2. Reviso Bibliogrfica
2.1. Introduo
Tendo em vista que na literatura tcnica na rea de engenharia civil existem poucas
publicaes a respeito da reabilitao de estruturas utilizando-se estruturas de ao, este
captulo apresenta diversas citaes do material disponibilizado pelo ESDEP - The
European Steel Design Education Programme [20].
Observa-se, hoje em dia, que o ao est sendo cada vez mais utilizado na
reabilitao, modernizao e recuperao de edificaes antigas. Os antigos edifcios de
alvenaria, danificados, muitas vezes, pelo tempo de uso, e pelas intempries, requerem sua
reabilitao funcional que passa pela sua recuperao estrutural. Isto tambm acontece nas
edificaes mais novas devido ao mau estado de conservao e manuteno. Dentre as
principais vantagens da utilizao de estruturas de ao na reabilitao de estruturas pode-se
citar a resistncia, a leveza e a facilidade de montagem que estas proporcionam. Estas
vantagens so levadas em considerao, principalmente, devido a importncia arquitetnica
e histrica da edificao em questo.
Do ponto de vista estrutural, as estruturas de ao podem ser usadas em todos os
nveis da reabilitao estrutural.
O escoramento ou proteo da estrutura original representa a primeira etapa do
processo de reforo, quando da interveno estrutural, de forma a garantir a segurana
provisria para a edificao e o pblico. Os andaimes em ao so normalmente usados para
proteger e organizar a edificao sob interveno. No caso de uma edificao que foi
danificada devido a um abalo ssmico, por exemplo, uma estrutura de ao externa pode ser
usada para garantir provisoriamente a segurana.
Restaurar envolve a realizao de uma srie de operaes necessrias na estrutura
de uma edificao a fim de restabelecer sua eficincia estrutural original, antes de ocorrer o
dano.
Reforar representa melhorar o desempenho estrutural a fim de permitir que a
edificao atenda s novas exigncias funcionais, como por exemplo, novo tipo de
carregamento ou a condies ambientais provocadas, por exemplo, pela modificao da
rea de abalos ssmicos.
As operaes de reforo podem ser subdivididas em: Operaes de melhorias
simples, que envolvem uma variedade de trabalhos em elementos estruturais individuais de
21
uma edificao a fim de se conseguir um nvel mais elevado de segurana, mas sem
modificar de forma significativa sua composio, e as operaes que levam a um sistema
estrutural diferente do original, que fazem com que a estrutura suporte novas solicitaes de
projeto, isto , adies verticais e/ou horizontais, e casos onde a mudana de uso envolve
aumento do carregamento original.
Independentemente de aspectos estruturais, operaes de restaurao so
normalmente solicitadas, e do origem a diferentes tipos de intervenes:
22
caractersticas devido ao arranjo mais racional dos novos elementos estruturais que dotam a
edificao de novos valores estilsticos. O exemplo mais comum o de pisos adicionais,
criados a fim de aumentar a rea til dentro da mesma edificao conforme apresentado na
Figura 2.2. Nestes casos, devido necessidade de no se interferir na estrutura existente, o
ao o material mais apropriado e mais eficiente para ser usado, graas as suas
caractersticas especiais: elevada resistncia, baixo peso e versatilidade.
Figura 2.2 Criao de piso adicional (TRT, Rio de Janeiro) [arquivo do autor]
23
Figura 2.4 Acrscimo lateral em edificao tombada (TRT, Rio de Janeiro) [arquivo do autor]
est
baseada,
principalmente,
em
seu
elevado
desempenho
mecnico,
e,
24
Uma aplicao lgica destes princpios mostra sem dvida nenhuma, que o ao, com
suas caractersticas e sua tecnologia, tem as vantagens necessrias para ser um material
moderno, com caractersticas de reversibilidade, proporcionando uma perfeita harmonia
entre os materiais do passado alm de dar forma a sistemas estruturais integrados.
O uso de vigas de ao com enrijecedores muito eficaz para reforar estruturas de
concreto armado abaladas por terremotos (Figura 2.6). Eles permitem o uso de paredes
compartilhadas com gradeados de ao, que tem dupla finalidade: aumentar a resistncia da
estrutura a esforos horizontais e ao mesmo tempo, equilibrar a distribuio da rigidez
interna com relao ao centro de massa alm de minimizar os efeitos torsionais de vibrao.
25
26
a) Fixao interna
b) Fixao externa
27
Estrutura independente
para fixao da fachada
Prtico em ao para
passagem de pedestres
Fachada
28
uma fundao provisria para suportar a carga que ele receber (Figura 2.10). Tal sistema
de reforo provisrio de paredes, por meio de anis de ao horizontais fixados s paredes,
foi usado durante a reestruturao do antigo teatro de Moller em Darmstadt, na Alemanha,
que passou a ser utilizado como edifcio de escritrios do governo, como pde ser visto na
Figura 2.7 a. Neste caso, o nico problema passa a ser a necessidade de se interceptar
membros da nova estrutura de ao atravs do escoramento provisrio.
O
posicionamento
do
escoramento
necessrio,
entretanto,
dever
ser
durante a demoli
Pisos novos
Pisos existentes
Torre de sustentao
central provisria
29
30
O reforo de paredes ou colunas para suportar cargas horizontais pode ser feito
como se segue:
fixao dos cantos por meio de sees verticais de ao unidas por meio de
vigas ou caibros;
Para estruturas de alvenaria em forma de arco, o reforo pode ser feito utilizando-se
sees de ao com mesma curvatura e instaladas sob a estrutura existente conforme
apresentado na Figura 2.14.
31
2.4.2.Estruturas de Madeira
Uma alternativa para evitar a troca total dos assoalhos de madeira, que so muito
comuns em edifcios antigos, pode ser o reforo dos mesmos, conseguido facilmente
atravs do uso de perfis de ao atravs de vrios mtodos construtivos onde pode-se citar:
32
Uma variante interessante deste ltimo mtodo foi usada na restaurao do Forte
Leste de St. Martino em Rio, Reggio Emilia, na Itlia (i). O objetivo era proteger o assoalho
de madeira antigo criando uma estrutura de ao nova para aumentar sua resistncia.
Sees I foram colocadas em canaletas apropriadas feitas no topo das vigas de madeira e
uma laje de concreto com forma metlica foi executada. A ao conjunta entre a viga de ao
e a laje de concreto foi conseguida por meio de conectores stud soldados no topo da viga
de ao.
Piso de madeira
Perfis de ao
Vigas de madeira
Perfis de ao
Viga de madeira
(i )
33
Figura 2.16 Reforo de pisos de madeira (Gvea Golf Club RJ) [Arquivo do autor]
34
Perfis de ao
Perfis de ao
35
36
podem ser soldadas placas entre as mesas para se formar sees caixo;
pode ser feita uma laje de concreto armado, a qual ser unida a viga atravs
de conectores de cisalhamento apropriados (cantoneiras, perfis T, pinos,
perforbond, etc.) soldados a mesa superior para trabalhar como viga mista.
37
alternativa da solda for escolhida, ento a especificao tcnica da solda deve ser
compatvel com o material existente. Algumas rgras bsicas devem ser consideradas:
uma vez que a utilizao da solda foi definida, alguns pontos necessitam ser
considerados para detalhar a solda que ser feita no local;
sempre garantir fcil acesso ao local em que ser feita a solda para assegurar
uma melhor qualidade das mesmas;
38
fachada existente estar sendo carregada durante anos, devido ao assentamento das
fundaes. Uma vez aliviada essa carga, e transferida para a nova estrutura interna, o solo
poder se recuperar e as fundaes da fachada existente podero subir.
Ao mesmo tempo, as fundaes vo se ajustando, provocando um movimento
diferencial entre a fachada e a nova estrutura. Uma soluo normalmente empregada nestes
casos estabelecer uma ligao entre a parede e as vigas de periferia da nova estrutura, as
quais tm alguma flexibilidade na direo vertical. Uma forma simples de se aplicar esse
mtodo consiste na utilizao de uma chapa de ao para se ligar a viga parede da fachada
(Figura 2.23 a).
Se no for possvel executar uma conexo suficiente com as vigas de periferia, pode
ser necessrio fazer a ligao da fachada com as colunas. Essa conexo pode ser
conseguida atravs do uso de cantoneiras soldadas em ambos os lados da coluna e
aparafusadas na fachada atravs de chumbadores qumicos ou de expanso (Figura 2.23b).
Os prticos de ao utilizados para estabilizar a fachada, podem ser incorporados a
estrutura definitiva da edificao. Para isso, as colunas devem ser inicialmente instaladas,
antes de qualquer demolio (Figura 2.24). Um contraventamento provisrio com utilizao
de cantoneiras pode ser utilizado, se necessrio e as vigas de piso podem ser instaladas
imediatamente acima do piso existente. A ligao provisria entre a viga de piso e a fachada
39
pode ser feita com cantoneiras. A demolio pode, ento, ter incio, e a fachada estar
fixada atravs da estrutura instalada (Figura 2.25).
.
Figura 2.24 Instalao de colunas antes da demolio com contraventamento provisrio [20]
Figura 2.25 Demolio interna aps a instalao parcial da nova estrutura [20]
40
41
gua e umidade nas cmaras internas dos balces, o que gerou um processo de corroso
na estrutura de ao. Como nenhum acesso conveniente estrutura estava disponvel,
nenhuma rotina de inspeo foi fornecida.
Durante a inspeo detectou-se que um dos balces esteve submetido a reabilitao
recente, com uma estrutura de concreto que substituiu partes da estrutura de ao original. O
sistema estrutural demasiadamente pesado, inconvenientemente construdo, ineficiente e
com deficiente adaptao construo original, foi completamente demolido junto com a
estrutura de ao restante. Neste caso uma reconstruo completa foi planejada.
Um sistema de apoios provisrios permitiu o planejamento das intervenes em cada
regio. Para o caso de uma estrutura que est completamente condenada, um sistema de
apoio provisrio foi providenciado e a demolio completa da estrutura de concreto armado
e da estrutura de ao restante foi realizada.
42
a) Trelias de ao
b) Vigas C do balco
Acesso ao elevador
43
44
45
46
47
No local onde foi construdo o bar da piscina, tornou-se necessrio, retirar um pilar
de concreto para se obter um ganho de rea do bar. Optou-se, ento, pela instalao de
uma viga W410x60, apoiada em trs pontos como apresentado na Figura 2.40, para servir
de apoio a laje aps a retirada do pilar. Em uma extremidade, a viga foi aparafusada a face
do pilar, usando-se uma placa de extremidade e chumbadores de expanso (Figura 2.41a).
Na outra extremidade e no ponto de apoio intermedirio (Figura 2.41b) a viga foi apoiada e
fixada na face superior do pilar. Devido a sua grande dimenso, ao peso e a dificuldade de
transporte na obra, a viga foi dividida em duas partes. Na obra a viga foi soldada e recebeu
um reforo na alma conforme observado na Figura 2.42.
A obra foi executada pela CMN engenharia (civil), Integrao (instalaes eltricas e
hidrulicas), Ambient-air (Ar condicionado e exausto) e SBrasil (clculos estruturais).
48
49
maresia. Resolveu-se ento que junto ao reforo, seria feito um acrscimo de rea nas
varandas. Assim a varanda teve seu em comprimento e largura aumentados (Figura 2.43).
Foram construdos trs pilares, em ao, adjacentes aos pilares da fachada do
edifcio, aos quais so fixadas as vigas, em balano, que reforam a estrutura antiga das
varandas. Para complementar a laje das varandas, a soluo escolhida foi a de lajes prmoldadas (Figura 2.44).
3. Materiais
3.1. O Ao
O ao a mais verstil e a mais importante das ligas metlicas. A produo mundial
de ao, no ano de 2005, foi superior a 945 milhes de toneladas. Cerca de cem pases
produzem ao, e o Brasil considerado o nono produtor mundial.
O ao produzido em uma grande variedade de tipos e formas, cada qual atendendo
eficientemente a uma ou mais aplicaes. Esta variedade decorre da necessidade contnua
de adequar o produto s exigncias de aplicaes especficas que vo surgindo no
mercado, seja pelo controle da composio qumica, seja pela garantia de propriedades
especficas ou ainda na forma final (chapas, perfis, tubos, barras, etc.). Existem mais de
3500 tipos diferentes de aos e cerca de 75% deles foram desenvolvidos nos ltimos vinte
anos.
O ao-carbono possui em sua composio apenas quantidades limitadas dos
elementos qumicos carbono, silcio, mangans, enxofre e fsforo. Existem outros elementos
qumicos, mas apenas em quantidades residuais. A quantidade de carbono presente no ao
define sua classificao. O ao de baixo carbono possui um mximo de 0,3% deste
elemento e apresenta grande ductilidade. Este tipo de ao bom para o trabalho mecnico
e soldagem, no sendo tempervel, utilizado na construo de edifcios, pontes, navios,
automveis, dentre outros usos. O ao mdio carbono possui de 0,3% a 0,6% de carbono e
utilizado em engrenagens, bielas, e outros componentes mecnicos. Este um tipo de ao
que, temperado e revenido, atinge boa tenacidade e resistncia. Um ao de alto carbono
possui mais de 0,6% de carbono e apresenta elevada dureza e resistncia aps tmpera,
sendo comumente utilizado em trilhos, molas, engrenagens, componentes agrcolas sujeito
ao desgaste, pequenas ferramentas, etc.
51
Tipo
195 a 259
290 a 345
630 a 700
52
4.
53
54
Os aos de alta resistncia e baixa liga so utilizados toda vez que se deseja:
aumentar a resistncia mecnica permitindo um acrscimo de carga unitria da
estrutura ou tornando possvel uma diminuio proporcional da seo, ou seja, o
emprego de sees mais leves;
melhorar a resistncia corroso atmosfrica;
melhorar a resistncia ao choque e o limite de fadiga;
elevar a relao do limite de escoamento para o limite de resistncia trao,
sem perda aprecivel da ductilidade.
Dentre os aos pertencentes a esta categoria, merecem destaque os aos de alta
resistncia e baixa liga resistentes corroso atmosfrica. Estes aos foram apresentados
ao mercado norte-americano em 1932, tendo como aplicao especfica a fabricao de
vages de carga. Desde o seu lanamento at nossos dias, desenvolveram-se outros aos
com comportamentos semelhantes, que constituem a famlia dos aos conhecidos como
patinveis. Enquadrados em diversas normas, tais como as normas brasileiras NBR 5008,
5920, 5921 e 7007 e as norte-americanas ASTM A242, A588 e A709, que especificam
limites de composio qumica e propriedades mecnicas, estes aos tm sido utilizados no
mundo inteiro na construo de pontes, viadutos, silos, torres de transmisso de energia,
etc. Sua grande vantagem, alm de dispensarem a pintura em certos ambientes, de
possurem uma resistncia mecnica maior que a dos aos carbono. Em ambientes
extremamente agressivos, como regies que apresentam grande poluio por dixido de
enxofre ou aquelas prximas da orla martima, a pintura lhes confere um desempenho maior
que a dos aos carbono. O que distingue este produto dos aos carbono, no que diz
respeito resistncia corroso, que, sob certas condies ambientais de exposio, ele
pode desenvolver em sua superfcie uma pelcula de xidos aderente e protetora, chamada
de ptina, que atua reduzindo a velocidade do ataque dos agentes corrosivos presentes no
meio ambiente.
55
56
57
58
Assumindo que uma ligao adequada entre a laje e a viga de ao possa ser
executada, algumas vantagens da construo mista podem ser identificadas. A laje estar
sujeita a compresso, condio particularmente adequada para o concreto. Como as cargas
impostas ao sistema estrutural sero resistidas pela ao conjunta do ao e do concreto, as
sees das vigas de ao trabalhando como mistas so menores que no caso no misto.
Este fato conduz a uma reduo no peso final de ao, gerando uma economia direta, e
tambm a uma reduo na altura total do sistema estrutural de piso. Esta ltima reduo
pode no ser significativa em edificaes com poucos pavimentos, mas substancial no
caso de edifcios de andares mltiplos, pontes e viadutos.
As vigas mistas sero sempre mais rgidas e resistentes do que vigas de ao no
mistas equivalentes. A principal desvantagem dos sistemas mistos est associada ao custo
adicional envolvido com a garantia de compatibilidade de deformaes entre o concreto e o
ao em sua interface. Quando estes aspectos so devidamente avaliados, com exceo de
vigas com vos muito curtos ou pouco carregadas, o custo adicional dos conectores de
cisalhamento sempre inferior reduo de seo de ao obtida em solues mistas.
No dimensionamento de vigas mistas o engenheiro estrutural deve considerar alm
dos estados limites ltimos que levam ao colapso estrutural os estados limites de utilizao
que fazem com que a estrutura no atenda aos fins para os quais ela foi projetada. Para um
piso misto os estados limites de utilizao mais comuns so associados avaliao de
nveis aceitveis de vibrao, deflexo e fissurao. J os estados limites ltimos devem
incluir a avaliao da resistncia e estabilidade da seo de ao isolada (antes da cura do
concreto) no caso de construo no escorada e da seo mista em todos os casos de
construo.
A grande vantagem da construo mista est associada a uma solidarizao eficaz
entre o ao e o concreto. Esta conexo mecnica, que possibilita uma transferncia de
esforos de cisalhamento entre os dois materiais acontea, que confere a este tipo de
construo um comportamento singular.
O cisalhamento horizontal na interface concreto ao, deve ser adequadamente
dimensionado de forma a garantir uma compatibilidade de deformaes e gerar a ao
mista. Esta transferncia de esforos executada atravs de conectores de cisalhamento
soldados a mesa superior da viga de ao. Estes conectores so imersos no concreto ainda
lquido e, aps a pega do mesmo, so submetidos a esforos de esmagamento medida
que o carregamento imposto estrutura. Um recobrimento adequado deve ser executado
de forma a garantir que a face superior dos conectores esteja totalmente imersa no concreto
evitando um estado de fissurao indesejado.
Diversos tipos de conectores de cisalhamento vm sendo utilizados para garantir a
transmisso dos esforos entre a laje de concreto e a viga de ao. Uma das primeiras
59
tentativas utilizou barras de armadura soldadas mesa superior da viga de ao. Outras
tentativas incluram o uso de barras com espirais, perfis tipo U e cantoneiras soldadas
(Figura 3.1).
>
1 ,5 d
a)
b)
t
f
> 0 ,4 d
d
> 35 m m
> 4
> 6 d
< 8 t
c)
d)
60
Figura 3.3 Conector tipo pino lajes com deck metlico [21]
Figura 3.4 Conector tipo pino em lajes pr moldadas com vigota [21]
61
62
3.3.3.Conector Tipo U
Um outro tipo de conecto, em desuso nos pases industrializados mas ainda utilizado
no Brasil, o perfil U laminado padro americano, conforme mostrado na Figura 3.7. Os
mais utilizados so os C 3x4,1, C 4x5,4 e C 5x6,3, instalados com uma das mesas apoiada
sobre o perfil de ao e com o plano de alma perpendicular ao eixo longitudinal do perfil.
3.3.4. Ancoragens
As ligaes que transferem as cargas entre membros de qualquer sistema estrutural
so elementos essenciais ao funcionamento do sistema. Ancoragens embutidas em
concreto, moldadas no local ou posteriormente instaladas, so exemplos dos sistemas de
fixao mais utilizados. Elas podem ser usadas para fixar elementos estruturais a uma
fundao de concreto, para conectar vigas de ao a um pilar de concreto ou parede, etc.
De modo geral, a fixao de elementos para a introduo de cargas concentradas,
bem como ligao estrutural entre componentes pr-fabricados, envolve a utilizao de
sistemas de ancoragem. Esses sistemas so empregados cada vez mais na recuperao e
no reforo de estruturas existentes. As placas de ancoragem tambm so muito utilizadas
nas edificaes de usinas nucleares, onde um grande nmero de equipamentos e
tubulaes so apoiados na estrutura de concreto.
O termo sistemas de ancoragem engloba os vrios mtodos e produtos disponveis
para facilitar a introduo de cargas concentradas em estruturas de concreto. A maioria dos
problemas no projeto de chumbadores para concreto est relacionada com a estimativa da
capacidade de carga ltima, para pinos com cabea, em que o colapso governado pela
63
64
Figura 3.9 Possveis modos de transferncia de carga: (a) trao; (b) compresso;
(c) cisalhamento; (d) trao e cisalhamento; (e) trao, cisalhamento e momento fletor [15]
Figura 3.10 Mecanismos de transferncia de carga: (a) ancoragem mecnica; (b) atrito;
(c) aderncia [15]
65
66
67
Figura 3.14 Chumbador tipo cpsula: (a) durante instalao; (b) aps instalao [15]
68
69
Neste captulo foram vistos os materiais mais usados nas obras de reformas,
restauraes e reforo estrutural. Foi dada uma breve explicao sobre o ao, o concreto
armado e sobre as estruturas mistas ao-concreto. Falou-se ento dos conectores de
cisalhamento e dos tipos de chumbadores mais usados nestas intervenes.
No prximo captulo sero mostrados trs casos prticos onde foram utilizados os
conceitos citados neste trabalho.
4. Estudo de Casos
Este captulo apresenta o estudo de trs casos prticos onde foram utilizadas
estruturas de ao na reabilitao de edificaes existentes.
O primeiro caso se refere a uma reforma executada no edifcio do TRT Tribunal
Regional do Trabalho - situado no centro do Rio de Janeiro. O segundo caso estudado diz
respeito a reforma executada no edifcio do Departamento Geral de Percias Mdicas, hoje
chamado de Centro Municipal de Referncia de Educao de Jovens e Adolescentes
tambm situado no centro do Rio de Janeiro. Finalmente, o terceiro caso aborda a utilizao
de estruturas de ao na remodelao de uma moradia residencial situada no bairro Quinta
do Jernimo, em Coimbra, Portugal.
71
Para a utilizao do edifcio pelo TRT, o prdio deveria sofrer uma srie de
intervenes. Dentre elas, destacam-se:
Entretanto haviam algumas restries impostas pela arquitetura que deveriam ser
levadas em considerao:
72
B
11.20
11.20
E
5.60
8.80
67.44
8.80
8.16
Novos elevadores
7.72
Nova escada
7.72
12.00
5.60
14.24
Testada direita
Testada esquerda
Local da antiga
escada e elevador
Acrscimos laterais
FRENTE
Figura 4.2 Planta estrutural do piso intermedirio (cedida pelo engenheiro Sebastio
Andrade)
3.80
3.80
3.80
73
3.90
Acrscimo lateral
3.00
Novo piso
intermedirio
3.30
11.50
Acrscimo lateral
3.80
3.80
3.80
3.80
27.25
Piso acrescido
3.30
15.20
3.90
Piso acrescido
3.00
Novo piso
intermedirio
74
Devido a essas intervenes, o material escolhido para a reforma foi o ao. Esta
escolha foi feita devido a uma srie de motivos. Dentre os quais pode-se citar:
prdio em terreno estreito, sem local para canteiro;
falta de espao para armazenamento de material;
fcil trabalhabilidade do ao;
fcil e rpida execuo dos servios;
facilidade de utilizao do ao juntamente com outros materiais;
material mais leve que o concreto;
estrutura final mais leve.
Para o edifcio receber essas modificaes, a primeira interveno feita foi um
reforo nas fundaes, para suportar as novas cargas atuantes na edificao. Foi feito,
principalmente, um reforo, em concreto armado, nas sapatas e nas cintas. Estas tiveram
um aumento de seo atravs de um encamisamento. A rea sob a nova caixa de
elevadores e sob a regio da nova escada foi o foco principal dos reforos.
Como o p-direito do primeiro pavimento passava dos 6 metros, foi possvel fazer um
piso intermedirio, que serviria tanto para o 2 andar da agncia bancria, quanto para as
dependncias do TRT (Figura 4.2).
Para o sistema estrutural, do piso intermedirio, foram usadas vigas W310x38,7;
W310x52 e W200x26,6 (secundria), e sistema de pr-laje. Para se fixar a estrutura nova,
em ao, na estrutura existente, em concreto, foram feitas algumas adaptaes.
Foi feito um colarinho com chapas de 5/8 em torno de cada pilar de concreto
armado, do primeiro pavimento, para fixao das vigas de ao. Esse colarinho foi fixado ao
pilar por meio de chumbadores qumicos do tipo HVA, da HILTI, com barra rosqueada HAS
HILTI de 3/4", e cpsula HVU HILTI. Os clculos apontaram a necessidade de serem
usados 12 chumbadores em cada colarinho. Mas, devido variabilidade de resistncia do
concreto, qualidade dos furos dos chumbadores e ajustes dos perfis, o calculista decidiu
colocar 4 chumbadores a mais, na face mais solicitada do pilar. No pilar B6, por exemplo
(Figura 4.2), usou-se um total de 16 chumbadores, sendo 4 chumbadores onde chega a viga
W310x52, 10 onde chegam as vigas W310x38,7 e a viga secundria W200x26.6, e 2 na
outra face (Figura 4.5a). Sob o colarinho foi feito um acabamento com grout para acabar
com as irregularidades que existem na superfcie dos pilares e para um perfeito contato
entre a chapa e o pilar (Figura 4.5b).
Devido a um desalinhamento, de at 210mm, dos pilares do eixo C e D onde
seriam fixadas trs vigas (Figura 4.2), foi feito um bero com chapas de 5/8" para o apoio da
viga principal e seu total alinhamento. Ainda foram colocadas duas chapas de 5/8 que vo
75
da alma da viga W310x38.7 at a lateral do colarinho, e uma chapa de 5/8 que vai da alma
da viga W310x38.7, como continuidade da viga W200x26.6, at o colarinho. Este recurso foi
utilizado para eliminar a excentricidade de carga nos chumbadores. Com isso formou-se um
caixo entre a viga e o colarinho. A viga W310x52 foi soldada diretamente no colarinho
(Figura 4.6 e Figura 4.7)
CH. 5/8''X600X400
CH. 5/8''X400X300
4 parafusos
CHUMB.
QUM. 3/4''
CH. 5/8''X400X300
GROUT
CH. 5/8''
F
DETALHE DE FIXAO P/PILAR B6
10 parafusos
VISTA F-F
b) Foto do pilar B6
Figura 4.5 Colarinho pilar B6 (arquivo do autor)
D
CH-1 5/8''X600X400
P/ VIGA W300
VARIAVEL
CH-2 5/8''X400X400
P/ VIGA W200
CH. 5/8''X400X150
[ 5/8''(VARIAVEL)
VIGA W310x38.7
VIGA W200x26.6
CH. 5/8''X300X288
CH. 5/8''X100X165
VIGA W310x52
CH. 5/8''X600X400
CH. 5/8''X400X300
CH. 5/8''X400X300
CH. 5/8''X400X150
VISTA D-D
B2/B3/B4/B5/B7
C2/C3/C4/C5/C6/C7
D2/D3/D4/D5/D6/D7
Figura 4.6 Detalhe colarinho e bero do pilar (cedida pelo engenheiro Sebastio Andrade)
76
Viga W310x38.7
Viga W310x52
Viga W200x26.6
77
Viga provisria
Viga W250x44,8
Pilar a ser demolido
Viga do elevador
78
Figura 4.11 Detalhe do chumbamento das vigas na estrutura existente (arquivo do autor)
220
55
FURO 38
55
750
40
750
110
40
200
80
CH. 1/2''
b) Detalhe de conector
Figura 4.12 Conector perforbond rib utilizado no acrscimo lateral (cedida pelo
engenheiro Sebastio Andrade)
79
da legislao local, com a criao de uma antecmara. A soluo foi instal-la atrs das
caixas dos elevadores do edifcio, onde antes existia a parte de servios do jornal (Figura
4.13 e Figura 4.14).
Os patamares, feitos separadamentes, foram apoiados e soldados a viga W460x60 e
a um perfil L100x100x3/16 (Figura 4.15). S depois, a estrutura com os degraus, feita com
perfis I W200x19,3, foi executada.
80
a) Estrutura da escada
Para serem criadas as quatro novas caixas de elevadores, foi necessrio cortar a laje
de todos os pavimentos. Alm disso, as estruturas das caixas ficaram independentes da
estrutura do resto da edificao. Foram criados novos pilares, na parte da frente dos
elevadores e novas vigas.
As vigas utilizadas no chassi da caixa dos elevadores foram a W460x60 e W530x85
(Figura 4.16 e Figura 4.17), e para o resto da estrutura da caixa do elevador as vigas usadas
foram a W310x32,7 e W150x18. Essas vigas foram soldadas a um perfil C de
115x50x3/16, que foram fixados nos pilares ou nas vigas existentes, e a um perfil metlico
W150x29,8 que foi instalado sob as vigas de concreto armado existentes(Figura 4.18 a-c).
J que a fachada da edificao tombada, e no pode sofrer qualquer alterao, resolveuse instalar a casa de mquinas dos elevadores no trreo (Figura 4.18d).
15690
2564
2452
598
2426
448
2426
2324
2452
2416
W 460X60
W 460X60
W 460X60
W 460X60
2W 250X32,7
W 460X60
W 460X60
W 460X60
W 460X60
W 530X85
W 530X85
Figura 4.16 Planta do chassi dos elevadores (cedida pelo engenheiro Sebastio Andrade)
81
c) Vigamento do Chassi
d) Casa de mquinas
82
Viu-se neste caso, a restaurao de uma edificao de seis pavimentos, que estava
fechada h quase trinta anos. Com a utilizao de estruturas de ao foi possvel a criao
de um andar intermedirio, quatro novos elevadores, escada de servio e acrscimos de
pavimentos. Esta obra teve uma durao aproximada de 24 meses. Prazo que no seria
possvel se fosse usado outro tipo de soluo estrutural. A ligao entre a nova estrutura e a
antiga atravs do uso de placas de base e chumbadores qumicos se mostrou muito
importante no prazo final de execuo da obra.
No prximo caso ser mostrada a restaurao de trs sobrados do final do sc. XIX
para abrigar o Departamento Geral de Percias Mdicas.
manuteno da volumetria;
84
onde se pode observar claramente o vigamento dos novos andares. O vo da escada foi
projetado de modo a se conseguir ter acesso tanto aos pavimentos originais quanto aos
novos pavimentos. No centro do vo da escada foi instalado um elevador para deficientes
fsicos (Figura 4.21).
Figura 4.20 Corte esquemtico e foto dos fundos da edificao (cedida pelo engenheiro
Sebastio Andrade)
85
Figura 4.21 Segundo corte esquemtico (cedido pelo engenheiro Sebastio Andrade)
86
tf
tw
tf
Massa Linear
bf
tw
tf
Kg/m
mm
mm
mm
mm
mm
VS 200x21
21,0
200,0
100,0
4,7
9,5
181
VS 300x33
33,0
300,0
150,0
6,3
8,0
284
CVS 200x26
26,0
200,0
150,0
4,7
8,0
184
CVS 200x36
36,0
200,0
150,0
4,7
12,5 175
CS 200x39
39,0
200,0
200,0
6,3
9,5
BITOLA
181
87
324
308
177
181
200
40
180
210
280,54
50
10
54
10
449
588
40
bloco de estacas
388
180
bloco de estacas
180
bloco de estacas
180
588
588
40
40
180
40
40
180
92
45
45
50
Poste preservado
pelo IPHAN
10
DIVISA
DIVISA
535
10
50
bloco de estacas
449
501
434
1404
bloco de estacas
cintas
FACHADA
88
89
5010
3240
4490
13840
2670
1670
1770
2245
VS 200x21
CVS 200x26
2245
4560
150x120x3,8
CVS 200x26
VS 200x21
2560
CVS 200x26
2505
1940
3880
150x120x20x3,8
150x120x3,8
CVS 200x26
CVS 200x26
CVS 200x26
5880
VS 200x21
CVS 200x26
CVS 200x26
1940
4 conectores
CVS 200x26
VS 300x33
150x120x20x3,8
VS 200x21
VS 200x21
CVS 200x26
150x120x20x3,8
4 conectores
1960
5880
VS 200x21
CVS 200x26
4 conectores
5880
150x120x20x3,8
1960
1490
CVS 200x26
1500
1960
1830
4 conectores
VS 300x33
VS 200x21
VS 200x21
6 conectores
H=9.6m
4 conectores
150x120x20x3,8
10 conectores
VS 200x21
10 conectores
VS 200x21
10 conectores
VS 200x21
10 conectores
VS 200x21
10 conectores
VS 200x21
4 conectores
150x120x20x3,8
5850
H=9.12m
580
Fachada
2505
2170
2505
2245
2245
90
O principal ponto deste caso consiste na instalao de uma estrutura mista aoconcreto numa residncia em construo, com o objetivo de proceder uma modificao na
arquitetura com implicao na estrutura, j edificada. Trata-se de, entre outras intervenes,
executar a ampliao de uma garagem (rea ABED) (Figura 4.26), demolindo um muro de
concreto armado. Este muro suportava cargas verticais relativamente elevadas provenientes
da prpria laje do teto da garagem (parte j existente e a ampliao representada por
BCDE), e ainda de mais dois pilares apoiados nessa laje, junto ao muro a demolir. Estes
pilares suportavam a laje do teto do primeiro piso e tinham continuidade para suporte de
uma cobertura inclinada constituda de uma laje em concreto armado (Figura 4.26).
91
D
C
E
A
10,00m
Figura 4.26 Visualizao da estrutura global com detalhe do carregamento na viga em ao [6]
A estrutura de substituio do muro consistiu numa viga metlica HEA 500 (viga
secundria). A estrutura suportada em A por um prtico metlico cuja viga um perfil do
tipo HEA 500 (viga principal) e cujos pilares so perfis do tipo HEA 300 (Figura 4.27a). Do
outro lado, a viga secundria suportada diretamente pelo muro da garagem existente,
atravs de um reforo de concreto armado (Figura 4.27b).
O dimensionamento de todos os elementos estruturais utilizados no reforo foi
efetuado de acordo com o preconizado nos EUROCODES 2, 3 e 4, sendo utilizados os
seguintes materiais:
92
a) Prtico CCDD
a) Ligao Viga-Viga
b) Ligao Viga-Pilar
Figura 4.28 Ligaes da viga secundria [6]
As limitaes impostas pela arquitetura impediam a utilizao de uma viga com altura
elevada na substituio do muro de concreto armado. Desta forma, a soluo natural
indicava a utilizao de uma viga mista ao-concreto.
93
C
16 // 0,20
850
Chapa de topo 20 mm
874
23
Chapa de topo 20 mm
23
20
23
23
16 // 0,20
30/40cm
16 // 0,15
45
16 // 0,25
500
3230
3270
B'
C'
340
340
340
340
Corte C-C'
216
R5
0
16 // 0,20
Chapas
espessura
20 mm
160
16 // 0,20
Cordes de
soldadura
5 mm
70
VIGA CURTA
(HEA 500)
74
510
70
16 // 0,25
60
16 // 0,15
500
Chapa de topo
20 mm
20
Corte B-B'
O problema que se coloca com esta soluo tem a ver principalmente com os
conectores de cisalhamento. Enquanto que na viga principal os conectores tipo pino j vm
soldados, de fbrica, pois a laje superior seria concretada posteriormente, nesta viga
secundria tal soluo no era possvel. Essa soluo implicava no escoramento provisrio
de toda a laje do teto da garagem, dimensionado para suportar tambm os pisos superiores,
o que representaria um custo elevado. Alm disso, seria necessrio ter especial ateno
ligao entre a laje existente e a parte nova, onde o conjunto seria suportado.
Procedeu-se a montagem da viga secundria ao lado do muro a demolir (sob os
pilares que nascem na laje), com esse muro parcialmente demolido, e com escoramentos
auxiliares na laje. Vieram soldados, de fbrica, na extremidade da viga, onde a laje seria
demolida, conectores tipo pino, pois a posterior concretagem tornava esse sistema o mais
adequado. Fora desta regio no havia, nesta fase, qualquer conector. Os conectores nessa
regio s seriam colocados mais tarde.
A fase seguinte foi a demolio dos pedaos remanescentes do muro, transferindo
os esforos para a viga secundria, esta ento funcionando como metlica, mas mantendose os escoramentos auxiliares da laje e naturalmente os pilares provisrios metlicos sob a
viga.
Os pilares provisrios em ao tinham como finalidade diminuir o vo da viga que at
este instante, ainda funcionava sem a considerao de estrutura mista (Figura 4.31).
94
Escoramento
Escoramento
Escoramento
a) Demolio do muro e escoramento da laje
Pilar
Pilar
d) vista geral do sistema
95
10,00
A
CONECTORES DE CABEA
A'
VIGA PRINCIPAL (HEA 500)
800
Muro de concreto
armado
1500
20 // 0,125 16 // 0,15
16 // 0,125
16 // 0,15
250
500
16 // 0,20
16 // 0,20
16 // 0,20
16 // 0,20
HEA 500
CORTE A-A'
200
30
45
150
60
45
42.5
57.5
30
96
No estudo deste caso foi visto outro tipo de soluo estrutural para se resolver um
problema de reforo estrutural para um acrscimo de rea. O uso de uma viga mista aoconcreto com conectores de cisalhamento perforbond rib e tipo pino, se mostrou a soluo
mais indicada para que fosse possvel respeitar o que a arquitetura pedia, sem a
necessidade de se usar uma viga de concreto armado de seo muito alta. Os conectores
97
de cisalhamento perforbond rib calculados para esta obra se mostrou a melhor soluo para
o caso de reforo estrutural de uma laje existente e que no pode ser demolida.
A seguir, apresenta-se o captulo cinco que trata das consideraes finais com as
principais concluses e sugestes para trabalhos futuros.
5. Consideraes Finais
5.1. Concluses
Como pde ser visto no primeiro captulo, existem muitas edificaes, principalmente
no Rio de Janeiro, que esto em situao precria. Estas edificaes deveriam passar por
um completo processo de restaurao para restabelecer sua funcionalidade, se no como
originalmente projetada, mas com outra finalidade que tambm possa atender a
comunidade.
No segundo captulo inicialmente foi detalhado a terminologia referente aos
processos de restaurao e suas intervenes com por exemplo o Gutting, que um dos
processos de restauro mais usado, pois mantida a fachada original e reprojetado todo o
seu interior. Tambm foi detalhado o processo de Insertion onde foi citado como exemplo
mais corrente a criao de pisos intermedirios entre pisos existentes, o processo de
Vertical Addition onde a altura da edificao aumentada e o Lateral Addition que
consiste em se ampliar a edificao lateralmente, na parte frontal, criando-se por
exemplo,varandas e nos fundos da edificao. Finalmente exemplificou-se o processo de
Lightening, onde que por necessidade de limitar a sobrecarga na estrutura existente
trocam-se assoalhos, telhados e outros elementos estruturais por outros mais leves.
Um ponto tambm importante no processo de restaurao so os servios
provisrios. Estes servios preparam o local da obra para as intervenes necessrias e
abrangem principalmente a estabilizao de elementos verticais. O ponto mais importante
dessa etapa consiste em garantir a sustentao das fachadas e paredes que tenham que
permanecer na edificao. Neste captulo tambm foram explicados os sistemas de reparo e
reforo estrutural. Foi detalhado o processo de reforo de estruturas de alvenaria, madeira,
concreto armado de ferro fundido e de ao.
99
100
101
Referncias Bibliogrficas
1
10
103
12 FERREIRA, L.T.S., ANDRADE S. A L. e VELLASCO P. C. G. da S., Composite SemiRigid Connections for Edge and Corner Columns,\Eurosteel, Second European
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