Recurso de Apelação

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M IRANDA & A SSOCIADOS

S OC I EDA D E DE A DVOG A DOS

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 23 VARA CVEL DA COMARCA DA


CAPITAL-RJ.

GRERJ n: 00000000-00

Processo n: 0000000-00.0000.8.19.0001
SNIA LCIA GUSMO ANDR, nos autos do processo que move
em face de CARREFOUR ADMINISTRADORA DE CARTES DE
CRDITO, COMRCIO E PARTICIPAES LTDA., vem, por seu advogado,
interpor o presente
RECURSO DE APELAO
em virtude do seu inconformismo com relao sentena de fls., que julgou
improcedente a pretenso aduzida na inicial, o que faz com base nas razes de fato e
de direito que seguem em anexo.
Atendidos os pressupostos legais, requer seja recebido o recurso ora
interposto, nos seus regulares efeitos, com a conseqente remessa ao egrgio
Tribunal de Justia do Estado do Rio de Janeiro.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 2013.

EURICO MIRANDA
OAB/RJ 171.171

Rua da Velhacaria, n 171 / 1 Andar Tel.: 3171-3171 Rio de Janeiro RJ Brasil


CEP 20.171-171 e-mail: [email protected]

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S OC I EDA D E DE A DVOG A DOS

Apelante: SNIA LCIA GUSMO ANDR


Apelado: CARREFOUR ADMINISTRADORA DE CARTES DE CRDITO,
COMRCIO E PARTICIPAES LTDA.
RAZES DE APELAO
EMINENTES JULGADORES,
Merece reforma, data mxima vnia, a sentena de fls., que julgou
improcedente o pedido autoral, eis que deixou o magistrado a quo de considerar
elementos importantes para o deslinde da questo.
I DA TEMPESTIVIDADE
Cumpre salientar, inicialmente, que a presente apelao tempestiva,
uma vez que a sentena recorrida foi publicada em 03 de fevereiro de 2014, de
modo que o dia 18 de fevereiro de 2014 o termo final para a interposio recursal.
II DOS FATOS
A Apelante , em linhas gerais, usuria de um carto de crdito
administrado pelo ora Apelado, Carrefour, desde o ano de 2002.
Em decorrncia da abusividade dos juros aplicados a ttulo de encargos
contratuais, constatou-se que, no decorrer dos anos, a dvida da Apelante aumentou
absurdamente.
Verificou-se que, neste sentido, muito embora viesse realizando
pagamentos regulares, o saldo devedor da Apelante, j no ms de janeiro de 2004,
era de R$ 1.443,29 (um mil, quatrocentos e quarenta e trs reais e vinte e nove
centavos), caracterizando a prtica de anatocismo por parte do Apelado.
Desta forma, no restou alternativa Apelante seno o ajuizamento da
presente ao, considerando que os valores cobrados pelo ora Apelado ferem os
princpios da legalidade, da razoabilidade e da boa f objetiva, conforme ser
demonstrado.
III DO DIREITO

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Cumpre ressaltar, inicialmente, que a Apelante reconhece ser devedora


do Apelado, de modo que o contestado, no presente recurso, diz respeito,
principalmente, incidncia de juros sobre a dvida.
Salienta-se, outrossim, a exigncia da subsuno do caso concreto s
normas da lei 8.078/90, Cdigo de Defesa do Consumidor, tendo em vista que o
contrato celebrado entre as partes configura relao jurdica de consumo, na forma
do pargrafo 2, do artigo 3 do CDC.
Dispe o pargrafo 2 que:
2. Servio qualquer atividade fornecida no mercado de consumo,
mediante remunerao, inclusive as de natureza bancria, financeira, de crdito e
securitria, salvo as decorrentes das relaes de carter trabalhista.
Quanto aos juros, da anlise dos documentos acostados, percebe-se que o
Apelado incorreu na prtica do anatocismo, tendo em vista o exponencial
crescimento da dvida em cotejo.
O Cdigo Civil de 2002, em seu artigo 591, prescreve que:
Art. 591. Destinando-se o mtuo a fins econmicos, presumem-se
devidos juros, os quais, sob pena de reduo, no podero exceder a taxa a que se
refere o art. 406, permitida a capitalizao anual.
Neste sentido, insta ressaltar h existncia de clusulas eivadas de
abusividade no contrato celebrado entre as partes, de modo que o Apelado deve ser
condenado a exibir o pacto que deu origem a obrigao creditcia.
Isto porque, como restar caracterizado, as cobranas realizadas com os
encargos e taxas previstas no contrato so ilegais e abusivas, evidenciando a prtica
do anatocismo.
vedado, por este Tribunal, a prtica do anatocismo, conforme julgado
abaixo:
DES. TEREZA C. S. BITTENCOURT SAMPAIO Julgamento: 27/02/2014 - VIGESIMA SETIMA CAMARA
CIVEL CONSUMIDOR
APELAO CVEL. AO DECLARATRIA DE
NULIDADE
DE
CLUSULA
CONTRATUAL,
CUMULADA COM PEDIDOS DE OBRIGAO DE
FAZER E DE REPETIO DE INDBITO. Alegao de
cobranas indevidas em contrato de mtuo, sob a modalidade
de "carto de crdito". Instituio r que deixou de requerer a
nica prova capaz de comprovar suas alegaes, apesar da
inverso do nus da prova anteriormente determinada pelo
juzo a quo. - Prtica de anatocismo que vedada em nosso
ordenamento jurdico. Precedentes deste Tribunal. - Sentena
que se mantm, tal como lanada. NEGATIVA DE
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SEGUIMENTO DO RECURSO, NA FORMA DO ARTIGO


557, CAPUT, DO CPC.
Ante o exposto, embora a Emenda Constitucional 40/03 tenha revogado
o inciso 3 da Constituio da Repblica, deve ser aplicada a limitao da taxa de
juros em 12% ao ano, em homenagem ao princpio da razoabilidade.
Deve o Apelado, tambm, se subsumir as limitaes da Lei de Usura,
visando equilibrar as relaes contratuais, sob pena de se onerar, drasticamente, a
ora Apelante e, por conseguinte, as suas j combalidas finanas.
Ressalta-se, por fim, que a Apelante se insurge, apenas, contra as taxas
estipuladas nos extratos mensais, confessando o seu inadimplemento em virtude das
exorbitantes clusulas contratuais.
IV DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer a Apelante seja dado provimento ao presente
recurso, a fim de que a sentena seja reformada, objetivando a:
1) Emisso de preceito declaratrio da nulidade de todas as clusulas
contratuais eivadas de abusividade;
2) Emisso de preceito constitutivo modificativo revisionista da relao
obrigacional creditcia e critrios da cobrana desde dezembro de 2012 at a
atualidade, com a fixao do quantum debeatur estabelecido dentro dos
parmetros da legalidade, com a fixao de juros no patamar mximo de 1%
(um por cento) ao ms, com expurgo da capitalizao de juros, ou,
subsidiariamente, como patamar mximo de juros o equivalente a taxa Selic;
3) Emisso de preceito condenatrio, compelindo o Apelado na repetio em
dobro do indbito durante todo o perodo supramencionado, devidamente
corrigido com juros moratrios de 1% (um por cento) ao ms;
4) Condenao do Apelado ao pagamento das verbas de sucumbncia.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 2014.

EURICO MIRANDA
OAB/RJ 171.171

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