Agravo Interno
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Agravo Interno
AGRAVO INTERNO
Nos termos do art. 1.021 do NCPC c/c art. 218 do Regimento Interno desta
Corte, em face da decisão monocrática exarada por Vossa Excelência que
DEFERIU, nestes autos, pedido liminar da Agravada, suspendendo a eficácia de
decisão interlocutória do juízo de origem, pelo que requer juízo de
reconsideração da decisão firmada pelo nobre Relator, pelos fatos e
fundamentos aqui firmados.
Caso não haja a retratação acima referida, requer seja este recurso
incluso em pauta imediatamente posterior ao ajuizamento deste Agravo Interno,
nos moldes do art. 1.021, §2º do NCPC.
Pede deferimento.
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ELISON SANTOS
OAB/PE 39.894
ELINE OLIVEIRA
OAB/PE 45.039
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RAZÕES DO AGRAVO INTERNO
Douto Relator,
Colenda Turma.
1. Dos Fatos
1Art. 9º O pessoal contratado nos termos desta Lei não poderá: III - ser novamente
contratado, com fundamento nesta Lei, antes de decorridos 24 (vinte e quatro) meses do
encerramento de seu contrato anterior, salvo nas hipóteses dos incisos I e IX do art. 2o desta Lei,
mediante prévia autorização, conforme determina o art. 5o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
11.784, de 2008)
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primeiro grau, pois reconheceu estarem satisfeitos os requisitos da referida
norma:
(...)
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2. Da decisão ora vergastada. Do Direito.
Com a devida vênia, tal posição não nos parece o raciocínio jurídico mais
adequado a sistemática processual e constitucional a que o magistrado está
vinculado a respeitar.
Como intérprete da Constituição Federal, é preciso ler o art. 9º, III, da lei
nº 8.745/932 a luz da constitucionalidade que lhe emprestou o Supremo Tribunal
Federal, que se vale da repercussão geral a fim de que o Poder Judiciário aplique
para casos idênticos o mesmo entendimento que brotou do leading case a que
a referida Corte Constitucional teve acesso.
2 Art. 9º O pessoal contratado nos termos desta Lei não poderá: III - ser novamente
contratado, com fundamento nesta Lei, antes de decorridos 24 (vinte e quatro) meses do
encerramento de seu contrato anterior, salvo nas hipóteses dos incisos I e IX do art. 2 o desta Lei,
mediante prévia autorização, conforme determina o art. 5o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
11.784, de 2008)
3 Verbete da tese do RE 635.648: É compatível com a Constituição Federal a previsão
legal que exige o transcurso de 24 meses, contados do término do contrato, antes de nova
admissão de professor temporário anteriormente contratado
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“A Lei 8.745/93, que dispõe sobre a contratação
temporária, demonstra, expressamente, que as hipóteses
de contratação recaem sobre atividades de caráter
permanente, como, por exemplo, a contratação de
professores. A previsão de vencimento do contrato afasta,
como já se aduziu aqui, a exigência da temporalidade do
contrato.
No entanto, o fato de a necessidade ser temporária,
especialmente nos casos, como o dos autos, em que a
atividade é contínua, não garante, por si só, que, ao
término de um determinado contrato, nova contratação se
realize, caso mantida a necessidade temporária. Poder-se-
ia aduzir, nesse sentido, que impossibilidade de
prorrogação não impediria nova seleção A QUE
CONCORRESSEM OS QUE JÁ FORAM
CONTRATADOS.
Tal situação traz, porém, um inegável risco: o servidor
admitido sob regime temporário pode, ainda que por meio
de uma nova seleção, ser mantido em função temporária,
transformando-se, como assentou a Ministra Cármen Lúcia,
“em ordinário o que é, pela sua natureza, extraordinário e
transitório” (ROCHA, Cármen Lúcia Antunes. Princípios
constitucionais dos servidores públicos. São Paulo: Saraiva,
1999, p. 244). O dispositivo legal cuja constitucionalidade se
questiona no presente extraordinário visa, portanto, a mitigar
esse risco. E o faz, sem dúvidas, consequência com a – restritiva
do ponto de vista dos direitos fundamentais – de diminuir a
competitividade, excluindo candidatos potenciais à seleção.
Essa medida, no entanto, como tentou-se aduzir neste voto, é
necessária e adequada para preservar a impessoalidade do
concurso público.”
(Inteiro teor do Acórdão nos autos da RE 635648, página 15 de
38, disponível em
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&do
cID=13589160, acesso em 27 de março de 2018)
4 Disponível em
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13589160 páginas
04 e 05, acessado em 27 de março de 2018.
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Ademais, mesmo após a publicação da repercussão geral sobre o tema,
tem sido o entendimento da jurisprudência dos demais tribunais pátrios que a
vedação prevista no art. 9º, III, da Lei 8.745/93, NÃO ALCANÇA a nova
contratação quando esta for para exercer outro órgão que não tenha relação de
dependência com a contratante anterior:
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AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.198.891 - DF
(2017/0284330-9) RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES
MAIA FILHO AGRAVANTE : UNIÃO AGRAVADO : JOSÉ
CARLOS BRITO DA SILVA ADVOGADA : BEATRICE BRITO
AKUAMOA - DF019002 DECISÃO ADMINISTRATIVO.
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONTRATO
TEMPORÁRIO. NÃO APLICAÇÃO DA VEDAÇÃO DO ART. 9o.,
III DA LEI 8.745/1993 A CARGOS DISTINTOS. PRECEDENTES
DESTA CORTE. AGRAVO DA UNIÃO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO. 1. Agrava-se de decisão que negou seguimento
ao Recurso Especial interposto pela UNIÃO, com fundamento na
alínea a do art. 105, III da Constituição Federal, no qual se
insurge contra acórdão do Egrégio TRF da 1a. Região, assim
ementado: APELAÇÃO CÍVEL. REEXAME NECESSÁRIO.
MANDADO DE SEGURANÇA CONCURSO PÚBLICO.
CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA. LEI 8.745/93. CELEBRAÇÃO
DE NOVO CONTRATO ANTES DE DECORRIDO O PRAZO DE
24 (VINTE E QUATRO) MESES INSTITUIÇÕES/ÓRGÃOS
DISTINTOS. SENTENÇA MANTIDA. 1. Segundo o disposto no
art. 9o., inciso III, da Lei 8.745/93, fica vedada a contratação
temporária no âmbito da Administração Pública de candidato
que tenha celebrado contrato anterior há menos de 24 (vinte e
quatro) meses, de modo a impedir a permanência no serviço
público de profissionais contratados a título precário e sem a
realização de concurso público específico (CF, art. 37, II). 2. A
jurisprudência, porém, tem entendido que a referida
restrição legal não incide quando se tratar de instituições
contratantes distintas, porque, em tal hipótese, não se
verifica a renovação da contratação, a ensejar perpetuidade
do contratado em um mesmo cargo. 3. Apelação e remessa
oficial a que se nega provimento (fls 223). 2. Em seu Apelo
Nobre inadmitido, a parte recorrente alega violação do art. 9o.,
III da Lei 8.745/93, ao argumento de que servidores e
empregados públicos não poderiam ser contratados
temporariamente, a Lei 8.745/1993 não fez diferenciações sobre
se tais servidores deveriam estar em exercício no mesmo órgão
ou no mesmo cargo, permitindo a cumulação apenas em
hipóteses excepcionais, condicionadas à prévia autorização,
requisitos estes que, em momento algum, restaram configurados
nos autos (fls. 248). 3. O Ministério Público Federal opinou pelo
desprovimento do Agravo (fls. 277/283). 4. É o relatório. 5. Não
merece prosperar o inconformismo. 6. Com efeito, o
entendimento da Corte Regional está em consonância com o
desta Corte Superior de que a vedação do art. 9o., III da Lei
8.745/1993 não se aplica aos casos em que a nova contratação
se dá em cargo distinto, por não se constatar a renovação da
contratação. Confira-se: ADMINISTRATIVO. SERVIÇO
PÚBLICO. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA. ART. 9o., III, DA
LEI 8.745/1993. VEDAÇÃO PARA NOVA CONTRATAÇÃO
APENAS, NA MESMA ATIVIDADE, A QUEM TENHA MANTIDO
CONTRATO DE IGUAL NATUREZA HÁ MENOS DE 24
MESES. 1. A vedação prevista no art. 9o, III, da Lei 8.745/1993,
que proíbe nova contratação temporária do servidor, antes de
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decorridos 24 meses do encerramento do contrato anterior
celebrado com apoio na mesma lei, deve ser interpretada
restritivamente, de acordo com a finalidade para qual foi criada,
ou seja, impedir a continuidade do servidor temporário no
exercício de funções públicas permanentes, em burla ao
princípio constitucional que estabelece o concurso público como
regra para a investidura em cargos públicos. 2. Na hipótese de
contratação de servidor temporário para outra função
pública, por outro órgão, sem relação de dependência com
aquele que o contratara anteriormente, precedida por
processo seletivo equiparável a concurso público, não se
aplica a vedação do art. 9o., inciso III, da Lei 8.745/1993, por
referir-se a cargo distinto do que foi ocupado anteriormente.
Recurso especial improvido (REsp. 1.433.037/DF, Rel. Min.
HUMBERTO MARTINS, DJe 12.3.2014). ² ² ²
ADMINISTRATIVO. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA. LEI
8.745/93. PROFESSOR SUBSTITUTO. CELEBRAÇÃO DE
NOVO CONTRATO ANTES DE DECORRIDO O PRAZO DE 24
(VINTE E QUATRO) MESES. INSTITUIÇÕES DE ENSINO
DISTINTAS. NÃO-INCIDÊNCIA DA VEDAÇÃO LEGAL. 1. O art.
9o., inciso III, da Lei 8.745/93 proíbe a realização de novo
contrato temporário antes de decorridos vinte e quatro meses do
encerramento do anterior. 2. Todavia, a vedação legal não
incide na hipótese em tela, em que a nova contratação se dá
em cargo distinto, correspondente a entidade diversa da
anterior, por não se constatar a renovação da contratação.
3. Recurso especial conhecido e desprovido (REsp.
503.823/MG, Rel. Min. LAURITA VAZ, DJe 17.12.2007). 7.
Explicite-se que o ponto central para o afastamento da vedação
ora debatida é a celebração de contratos para cargos distintos,
sendo que o fato de figurarem como contratantes órgãos
também distintos é apenas um indicativo de que realmente
seriam cargos diversos e não outra condição para afastamento
da vedação. 8. Essa compreensão advém da finalidade para
qual foi a lei criada, qual seja a de impedir a continuidade do
servidor temporário no exercício de funções públicas
permanentes, em burla ao princípio constitucional que
estabelece o concurso público como regra para a investidura em
cargos públicos. 9. No caso, figura como contratante anterior o
Ministério da Saúde e, na oportunidade, o candidato concorre a
cargo para o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome. 10. Com essas considerações, nega-se provimento ao
Agravo em Recurso Especial. 11. Publique-se. 12. Intimações
necessárias. Brasília (DF), 1º de março de 2018. NAPOLEÃO
NUNES MAIA FILHO MINISTRO RELATOR (STJ - AREsp:
1198891 DF 2017/0284330-9, Relator: Ministro NAPOLEÃO
NUNES MAIA FILHO, Data de Publicação: DJ 06/03/2018)
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MESES. CARGO E ÓRGÃO PÚBLICO DISTINTOS DO
CONTRATO ANTERIOR. POSSIBILIDADE. 1. A vedação
quanto à celebração de um novo contrato temporário antes
de decorrido o prazo de 24 (vinte e quatro) meses do
contrato anterior, contida no art. 9º, inciso III, da Lei n.
8.745/1993 não incide quando se tratar de instituições
contratantes distintas, porque, em tal hipótese, não se
verifica a renovação da contratação, a ensejar a
perpetuidade do contrato em um mesmo cargo, nem no
novo contrato temporário para cargo distinto daquele
anteriormente celebrado. Precedentes. 2. Na hipótese, o
impetrante foi aprovado em concurso público para contratação
temporária de profissionais em cargo e órgão público distintos
do contrato anterior. 3. Sentença confirmada. 4. Apelação e
remessa oficial, desprovidas. (TRF-1 - AC:
00633667620134013400 0063366-76.2013.4.01.3400, Relator:
DESEMBARGADOR FEDERAL DANIEL PAES RIBEIRO, Data
de Julgamento: 27/11/2017, SEXTA TURMA, Data de
Publicação: 12/12/2017 e-DJF1)
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compatível com a Constituição Federal a previsão legal que
exige o transcurso de 24 meses, contados do término do
contrato, antes de nova admissão de professor temporário
anteriormente contratado".
3. Assim sendo, em atenção aos princípios que regem o agir da
Administração Pública, notadamente os da moralidade e
impessoalidade, insculpidos no caput do art. 37 da Lei Maior, é
de ser reconhecida a constitucionalidade da norma que visa
exatamente impedir que os administradores públicos venham a
burlar a exigência constitucional de prévia aprovação em
concurso, prorrogando indefinidamente os contratos temporários
no âmbito da administração pública federal.
4. Ocorre, todavia, que do exame dos autos depreende-se
que o apelado manteve vínculo com autarquia distinta. É de
se destacar que a proibição contida na norma não se aplica
às hipóteses de nova contratação com entidade diversa da
anterior, pois por óbvio não consiste em hipótese de
renovação de contrato temporário pretérito. A fixação do
prazo mínimo entre as contratações temporárias tem por
objetivo impedir que uma única pessoa ocupe
sucessivamente o mesmo cargo, transformando um
contrato temporário em um vínculo efetivo às avessas, o
que não efetivamente não ocorre neste caso.
5. Apelação e remessa oficial desprovidas.
(PROCESSO: 08001794320174058401, APELREEX/RN,
DESEMBARGADOR FEDERAL IVAN LIRA DE CARVALHO
(CONVOCADO), 4ª Turma, JULGAMENTO: 20/07/2017,
PUBLICAÇÃO)
3. Dos pedidos
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a) Exmo. Des. Relator que reconsidere sua decisão a fim de reformar sua
decisão que deferiu monocraticamente a liminar do Agravo de
Instrumento da UFPE.
b) Caso não entenda V. Exa., pela retratação, seja o processo colocado
em mesa para julgamento pelo Órgão Colegiado;
c) Seja julgado procedente este Agravo Interno para resgatar a eficácia
da decisão de primeiro grau que deferiu a liminar do mandamus na
origem.
Pede deferimento.
ELISON SANTOS
OAB/PE 39.894
ELINE OLIVEIRA
OAB/PE 45.039
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