Agravo Interno

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AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR RELATOR DA

PRIMEIRA TURMA DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

Processo nº: 0803917-85.2018.4.05.0000


Agravante: Evandro Paulo Soares Martins
Agravado: Universidade Federal de Pernambuco
Processo de origem: 0803894-71.2018.4.05.8300S

EVANDRO PAULO SOARES MARTINS, por intermédio de seus


advogados, devidamente qualificados nos autos em epígrafe, vem à presença
de Vossa Excelência interpor

AGRAVO INTERNO

Nos termos do art. 1.021 do NCPC c/c art. 218 do Regimento Interno desta
Corte, em face da decisão monocrática exarada por Vossa Excelência que
DEFERIU, nestes autos, pedido liminar da Agravada, suspendendo a eficácia de
decisão interlocutória do juízo de origem, pelo que requer juízo de
reconsideração da decisão firmada pelo nobre Relator, pelos fatos e
fundamentos aqui firmados.

Caso não haja a retratação acima referida, requer seja este recurso
incluso em pauta imediatamente posterior ao ajuizamento deste Agravo Interno,
nos moldes do art. 1.021, §2º do NCPC.

Pede deferimento.

Recife, 18 de abril de 2018.

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ELISON SANTOS
OAB/PE 39.894

ELINE OLIVEIRA

OAB/PE 45.039

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RAZÕES DO AGRAVO INTERNO

Douto Relator,

Colenda Turma.

1. Dos Fatos

Na origem, o ora Agravante ingressou com Mandado de Segurança


pleiteando direito líquido e certo em ser nomeado para o cargo de professor
substituto da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Isso porque a referida Autarquia federal de ensino obstaculizou a sua


contratação temporária em razão de aplicação equivocada da “quarentena” de
24 (vinte e quatro) meses a que impõe o art. 9º, III, da lei nº 8.745/931.

A pretensão do então impetrante se baseou exatamente nas seguinte


teses:

- Necessário distinguishing entre o disposto na referida norma e o


caso concreto, vez que o Agravante foi contratado anteriormente em
CARGO DISTINTO em UNIVERSIDADE DISTINTA (UFPB).

- A Repercussão geral do STF que garantiu a constitucionalidade da


referida norma (RE 635.648) tratou especificamente de casos de
contratações com a MESMA INSTITUIÇÃO e com o MESMO CARGO durante
a “quarentena” de 24 (vinte e quatro) meses.

Com base nesses fundamentos, impetrou o impetrante com o referido


mandamus.

Também pleiteou, inaudita altera pars, por concessão de liminar nos


moldes do art. 7º, III, da lei 12.016/2009, no que foi concedido pelo juízo de

1Art. 9º O pessoal contratado nos termos desta Lei não poderá: III - ser novamente
contratado, com fundamento nesta Lei, antes de decorridos 24 (vinte e quatro) meses do
encerramento de seu contrato anterior, salvo nas hipóteses dos incisos I e IX do art. 2o desta Lei,
mediante prévia autorização, conforme determina o art. 5o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
11.784, de 2008)

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primeiro grau, pois reconheceu estarem satisfeitos os requisitos da referida
norma:

Não se verifica, no caso, ao menos prima facie, qualquer


ilegalidade nas condições estampadas na legislação de regência
da matéria, apontada como fundamento da decisão aqui
guerreada.

Observe-se, no ponto, excerto da decisão monocrática proferida


pelo Ilmo. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, nos autos
do AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.198.891 - DF
(2017/0284330-9), bastante elucidativo sobre o tema em debate:

"7. Explicite-se que o ponto central para o afastamento da vedação


ora debatida é a celebração de contratos para cargos distintos, sendo que o
fato de figurarem como contratantes órgãos também distintos é apenas um
indicativo de que realmente seriam cargos diversos e não outra condição para
afastamento da vedação.

8. Essa compreensão advém da finalidade para qual foi a lei criada,


qual seja a de impedir a continuidade do servidor temporário no exercício de
funções públicas permanentes, em burla ao princípio constitucional que
estabelece o concurso público como regra para a investidura em cargos
públicos."

(...)

O risco de ineficácia da medida, por seu turno, apresenta-se


inquestionável ante à possibilidade de comprometimento do
acionante ao ser privado do exercício de sua profissão, bem
como pela consequente suspensão de sua remuneração.

A UFPE, através de seu procurador federal, ingressou com agravo de


instrumento, pedindo ao relator que, monocraticamente suspendesse eficácia do
referido decisum. O que veio a ocorrer.

Data vênia a fundamentação do douto Relator, tal tutela antecipada


recursal necessita ser suprimida, nesta via de agravo interno, por ulterior decisão
deste colegiado.

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2. Da decisão ora vergastada. Do Direito.

Em suas razões, o nobre Relator ousa discordar da liminar deferida em


primeira instância, por entender que a repercussão geral do STF (RE 635.648)
não teria feito distinção entre contratações pretéritas, realizadas entre
instituições distintas ou não, uma vez que o entendimento cristalizado pelo STF
é a validade da exigência imposta pela Administração Pública com base na regra
inscrita no art. 9º, III, da Lei nº 8.745/93, e nela não existe exceção, em relação
à contratação na mesma instituição.

Com a devida vênia, tal posição não nos parece o raciocínio jurídico mais
adequado a sistemática processual e constitucional a que o magistrado está
vinculado a respeitar.

Como intérprete da Constituição Federal, é preciso ler o art. 9º, III, da lei
nº 8.745/932 a luz da constitucionalidade que lhe emprestou o Supremo Tribunal
Federal, que se vale da repercussão geral a fim de que o Poder Judiciário aplique
para casos idênticos o mesmo entendimento que brotou do leading case a que
a referida Corte Constitucional teve acesso.

O verbete3 da tese do supracitado RE 635.648 a que se aferra o nobre


Relator para deferir o pleito da Procuradoria Federal é apenas isso: um verbete.

É cediço que é necessário aprofundar-se na fundamentação que garantiu


a constitucionalidade da referida norma, para que daí se extraia o espírito da
norma reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal.

Isso porque, nos termos do voto do Ministro Relator do referido julgado, o


dispositivo legal em comento deve ser lido tendo como parâmetro a proteção à
noção de temporariedade do contrato, devendo ser afastada a possibilidade de
ser mantido em função temporária com a mesma instituição de ensino ad
aeternum:

2 Art. 9º O pessoal contratado nos termos desta Lei não poderá: III - ser novamente

contratado, com fundamento nesta Lei, antes de decorridos 24 (vinte e quatro) meses do
encerramento de seu contrato anterior, salvo nas hipóteses dos incisos I e IX do art. 2 o desta Lei,
mediante prévia autorização, conforme determina o art. 5o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
11.784, de 2008)
3 Verbete da tese do RE 635.648: É compatível com a Constituição Federal a previsão

legal que exige o transcurso de 24 meses, contados do término do contrato, antes de nova
admissão de professor temporário anteriormente contratado

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“A Lei 8.745/93, que dispõe sobre a contratação
temporária, demonstra, expressamente, que as hipóteses
de contratação recaem sobre atividades de caráter
permanente, como, por exemplo, a contratação de
professores. A previsão de vencimento do contrato afasta,
como já se aduziu aqui, a exigência da temporalidade do
contrato.
No entanto, o fato de a necessidade ser temporária,
especialmente nos casos, como o dos autos, em que a
atividade é contínua, não garante, por si só, que, ao
término de um determinado contrato, nova contratação se
realize, caso mantida a necessidade temporária. Poder-se-
ia aduzir, nesse sentido, que impossibilidade de
prorrogação não impediria nova seleção A QUE
CONCORRESSEM OS QUE JÁ FORAM
CONTRATADOS.
Tal situação traz, porém, um inegável risco: o servidor
admitido sob regime temporário pode, ainda que por meio
de uma nova seleção, ser mantido em função temporária,
transformando-se, como assentou a Ministra Cármen Lúcia,
“em ordinário o que é, pela sua natureza, extraordinário e
transitório” (ROCHA, Cármen Lúcia Antunes. Princípios
constitucionais dos servidores públicos. São Paulo: Saraiva,
1999, p. 244). O dispositivo legal cuja constitucionalidade se
questiona no presente extraordinário visa, portanto, a mitigar
esse risco. E o faz, sem dúvidas, consequência com a – restritiva
do ponto de vista dos direitos fundamentais – de diminuir a
competitividade, excluindo candidatos potenciais à seleção.
Essa medida, no entanto, como tentou-se aduzir neste voto, é
necessária e adequada para preservar a impessoalidade do
concurso público.”
(Inteiro teor do Acórdão nos autos da RE 635648, página 15 de
38, disponível em
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&do
cID=13589160, acesso em 27 de março de 2018)

Analisando-se o leading case4 que originou tal repercussão geral, vê-se


que é caso de pessoa que realizara dois contratos sucessivos de professor
substituto com a MESMA ENTIDADE da Administração Pública Federal (UFC-
Universidade Federal do Ceará):

4 Disponível em
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=13589160 páginas
04 e 05, acessado em 27 de março de 2018.

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Ademais, mesmo após a publicação da repercussão geral sobre o tema,
tem sido o entendimento da jurisprudência dos demais tribunais pátrios que a
vedação prevista no art. 9º, III, da Lei 8.745/93, NÃO ALCANÇA a nova
contratação quando esta for para exercer outro órgão que não tenha relação de
dependência com a contratante anterior:

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AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.198.891 - DF
(2017/0284330-9) RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES
MAIA FILHO AGRAVANTE : UNIÃO AGRAVADO : JOSÉ
CARLOS BRITO DA SILVA ADVOGADA : BEATRICE BRITO
AKUAMOA - DF019002 DECISÃO ADMINISTRATIVO.
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONTRATO
TEMPORÁRIO. NÃO APLICAÇÃO DA VEDAÇÃO DO ART. 9o.,
III DA LEI 8.745/1993 A CARGOS DISTINTOS. PRECEDENTES
DESTA CORTE. AGRAVO DA UNIÃO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO. 1. Agrava-se de decisão que negou seguimento
ao Recurso Especial interposto pela UNIÃO, com fundamento na
alínea a do art. 105, III da Constituição Federal, no qual se
insurge contra acórdão do Egrégio TRF da 1a. Região, assim
ementado: APELAÇÃO CÍVEL. REEXAME NECESSÁRIO.
MANDADO DE SEGURANÇA CONCURSO PÚBLICO.
CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA. LEI 8.745/93. CELEBRAÇÃO
DE NOVO CONTRATO ANTES DE DECORRIDO O PRAZO DE
24 (VINTE E QUATRO) MESES INSTITUIÇÕES/ÓRGÃOS
DISTINTOS. SENTENÇA MANTIDA. 1. Segundo o disposto no
art. 9o., inciso III, da Lei 8.745/93, fica vedada a contratação
temporária no âmbito da Administração Pública de candidato
que tenha celebrado contrato anterior há menos de 24 (vinte e
quatro) meses, de modo a impedir a permanência no serviço
público de profissionais contratados a título precário e sem a
realização de concurso público específico (CF, art. 37, II). 2. A
jurisprudência, porém, tem entendido que a referida
restrição legal não incide quando se tratar de instituições
contratantes distintas, porque, em tal hipótese, não se
verifica a renovação da contratação, a ensejar perpetuidade
do contratado em um mesmo cargo. 3. Apelação e remessa
oficial a que se nega provimento (fls 223). 2. Em seu Apelo
Nobre inadmitido, a parte recorrente alega violação do art. 9o.,
III da Lei 8.745/93, ao argumento de que servidores e
empregados públicos não poderiam ser contratados
temporariamente, a Lei 8.745/1993 não fez diferenciações sobre
se tais servidores deveriam estar em exercício no mesmo órgão
ou no mesmo cargo, permitindo a cumulação apenas em
hipóteses excepcionais, condicionadas à prévia autorização,
requisitos estes que, em momento algum, restaram configurados
nos autos (fls. 248). 3. O Ministério Público Federal opinou pelo
desprovimento do Agravo (fls. 277/283). 4. É o relatório. 5. Não
merece prosperar o inconformismo. 6. Com efeito, o
entendimento da Corte Regional está em consonância com o
desta Corte Superior de que a vedação do art. 9o., III da Lei
8.745/1993 não se aplica aos casos em que a nova contratação
se dá em cargo distinto, por não se constatar a renovação da
contratação. Confira-se: ADMINISTRATIVO. SERVIÇO
PÚBLICO. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA. ART. 9o., III, DA
LEI 8.745/1993. VEDAÇÃO PARA NOVA CONTRATAÇÃO
APENAS, NA MESMA ATIVIDADE, A QUEM TENHA MANTIDO
CONTRATO DE IGUAL NATUREZA HÁ MENOS DE 24
MESES. 1. A vedação prevista no art. 9o, III, da Lei 8.745/1993,
que proíbe nova contratação temporária do servidor, antes de

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decorridos 24 meses do encerramento do contrato anterior
celebrado com apoio na mesma lei, deve ser interpretada
restritivamente, de acordo com a finalidade para qual foi criada,
ou seja, impedir a continuidade do servidor temporário no
exercício de funções públicas permanentes, em burla ao
princípio constitucional que estabelece o concurso público como
regra para a investidura em cargos públicos. 2. Na hipótese de
contratação de servidor temporário para outra função
pública, por outro órgão, sem relação de dependência com
aquele que o contratara anteriormente, precedida por
processo seletivo equiparável a concurso público, não se
aplica a vedação do art. 9o., inciso III, da Lei 8.745/1993, por
referir-se a cargo distinto do que foi ocupado anteriormente.
Recurso especial improvido (REsp. 1.433.037/DF, Rel. Min.
HUMBERTO MARTINS, DJe 12.3.2014). ² ² ²
ADMINISTRATIVO. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA. LEI
8.745/93. PROFESSOR SUBSTITUTO. CELEBRAÇÃO DE
NOVO CONTRATO ANTES DE DECORRIDO O PRAZO DE 24
(VINTE E QUATRO) MESES. INSTITUIÇÕES DE ENSINO
DISTINTAS. NÃO-INCIDÊNCIA DA VEDAÇÃO LEGAL. 1. O art.
9o., inciso III, da Lei 8.745/93 proíbe a realização de novo
contrato temporário antes de decorridos vinte e quatro meses do
encerramento do anterior. 2. Todavia, a vedação legal não
incide na hipótese em tela, em que a nova contratação se dá
em cargo distinto, correspondente a entidade diversa da
anterior, por não se constatar a renovação da contratação.
3. Recurso especial conhecido e desprovido (REsp.
503.823/MG, Rel. Min. LAURITA VAZ, DJe 17.12.2007). 7.
Explicite-se que o ponto central para o afastamento da vedação
ora debatida é a celebração de contratos para cargos distintos,
sendo que o fato de figurarem como contratantes órgãos
também distintos é apenas um indicativo de que realmente
seriam cargos diversos e não outra condição para afastamento
da vedação. 8. Essa compreensão advém da finalidade para
qual foi a lei criada, qual seja a de impedir a continuidade do
servidor temporário no exercício de funções públicas
permanentes, em burla ao princípio constitucional que
estabelece o concurso público como regra para a investidura em
cargos públicos. 9. No caso, figura como contratante anterior o
Ministério da Saúde e, na oportunidade, o candidato concorre a
cargo para o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome. 10. Com essas considerações, nega-se provimento ao
Agravo em Recurso Especial. 11. Publique-se. 12. Intimações
necessárias. Brasília (DF), 1º de março de 2018. NAPOLEÃO
NUNES MAIA FILHO MINISTRO RELATOR (STJ - AREsp:
1198891 DF 2017/0284330-9, Relator: Ministro NAPOLEÃO
NUNES MAIA FILHO, Data de Publicação: DJ 06/03/2018)

CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. CONCURSO


PÚBLICO. CONTRATO TEMPORÁRIO. ART. 37, INCISO IX,
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E ART. 9º, INCISO III, DA LEI
N. 8.745/1993. CELEBRAÇÃO DE NOVO CONTRATO ANTES
DE DECORRIDO O PRAZO DE 24 (VINTE E QUATRO)

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MESES. CARGO E ÓRGÃO PÚBLICO DISTINTOS DO
CONTRATO ANTERIOR. POSSIBILIDADE. 1. A vedação
quanto à celebração de um novo contrato temporário antes
de decorrido o prazo de 24 (vinte e quatro) meses do
contrato anterior, contida no art. 9º, inciso III, da Lei n.
8.745/1993 não incide quando se tratar de instituições
contratantes distintas, porque, em tal hipótese, não se
verifica a renovação da contratação, a ensejar a
perpetuidade do contrato em um mesmo cargo, nem no
novo contrato temporário para cargo distinto daquele
anteriormente celebrado. Precedentes. 2. Na hipótese, o
impetrante foi aprovado em concurso público para contratação
temporária de profissionais em cargo e órgão público distintos
do contrato anterior. 3. Sentença confirmada. 4. Apelação e
remessa oficial, desprovidas. (TRF-1 - AC:
00633667620134013400 0063366-76.2013.4.01.3400, Relator:
DESEMBARGADOR FEDERAL DANIEL PAES RIBEIRO, Data
de Julgamento: 27/11/2017, SEXTA TURMA, Data de
Publicação: 12/12/2017 e-DJF1)

O mesmo posicionamento também tem sido o deste Egrégio Tribunal


Regional Federal da 5ª Região, que tem mencionado a repercussão geral do
Supremo Tribunal Federal, mas tem afastado a “quarentena” de 24 meses do
art. 9º, III, lei 8.745 quando há contratações ocorridas por Entidades distintas,
em virtude de ser circunstância fática diversa daquela apreciada pela Excelsa
Corte:

APELAÇÃO E REMESSA OFICIAL. ADMINISTRATIVO.


PROCESSO SELETIVO SIMPLIFICADO NO ÂMBITO DA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL. RECONTRATAÇÃO
ANTES DE DECORRIDOS 24 MESES. INSTITUIÇÕES
DISTINTAS. INAPLICABILIDADE DA VEDAÇÃO LEGAL.
DESPROVIMENTO.
1. Trata-se de hipótese de contratação para o cargo de Professor
Substituto, previsto no art. 37, IX, da Constituição Federal, o qual
dispõe que os casos abrangidos por esse regime deverão ser
previstos em lei. Com a finalidade de regulamentação, sobreveio
a Lei nº 8.745/93, que prevê a contratação por tempo
determinado, a fim de atender à demanda temporária de
excepcional interesse público da Administração Pública Federal.
2. O Plenário do Supremo Tribunal Federal, por decisão
unânime, nos autos do RE 635648, com repercussão geral
reconhecida, manifestou-se pela constitucionalidade da
"quarentena" de 24 meses, prevista na Lei 8.745/1993, para
recontratação de servidores temporários no âmbito da
administração pública federal, fixando a tese de que "É

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compatível com a Constituição Federal a previsão legal que
exige o transcurso de 24 meses, contados do término do
contrato, antes de nova admissão de professor temporário
anteriormente contratado".
3. Assim sendo, em atenção aos princípios que regem o agir da
Administração Pública, notadamente os da moralidade e
impessoalidade, insculpidos no caput do art. 37 da Lei Maior, é
de ser reconhecida a constitucionalidade da norma que visa
exatamente impedir que os administradores públicos venham a
burlar a exigência constitucional de prévia aprovação em
concurso, prorrogando indefinidamente os contratos temporários
no âmbito da administração pública federal.
4. Ocorre, todavia, que do exame dos autos depreende-se
que o apelado manteve vínculo com autarquia distinta. É de
se destacar que a proibição contida na norma não se aplica
às hipóteses de nova contratação com entidade diversa da
anterior, pois por óbvio não consiste em hipótese de
renovação de contrato temporário pretérito. A fixação do
prazo mínimo entre as contratações temporárias tem por
objetivo impedir que uma única pessoa ocupe
sucessivamente o mesmo cargo, transformando um
contrato temporário em um vínculo efetivo às avessas, o
que não efetivamente não ocorre neste caso.
5. Apelação e remessa oficial desprovidas.
(PROCESSO: 08001794320174058401, APELREEX/RN,
DESEMBARGADOR FEDERAL IVAN LIRA DE CARVALHO
(CONVOCADO), 4ª Turma, JULGAMENTO: 20/07/2017,
PUBLICAÇÃO)

Não é possível, Excelências, que todas essas jurisprudências estejam


equivocadas.

Ainda que a análise do mérito seja em caráter perfunctório nestes autos,


vê-se que é cristalino o entendimento de garantir a contratação in limine ao cargo
almejado pelo Agravante.

Cristalinas também são as razões que garantem o deferimento da liminar


pleiteada na origem, pelo que também fazemos nossos o entendimento do
magistrado de piso que deferiu a tutela de urgência antecedente ao mandamus.

3. Dos pedidos

Diante do exposto, requeremos:

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a) Exmo. Des. Relator que reconsidere sua decisão a fim de reformar sua
decisão que deferiu monocraticamente a liminar do Agravo de
Instrumento da UFPE.
b) Caso não entenda V. Exa., pela retratação, seja o processo colocado
em mesa para julgamento pelo Órgão Colegiado;
c) Seja julgado procedente este Agravo Interno para resgatar a eficácia
da decisão de primeiro grau que deferiu a liminar do mandamus na
origem.

Pede deferimento.

Recife, 18 de abril de 2018.

ELISON SANTOS
OAB/PE 39.894

ELINE OLIVEIRA
OAB/PE 45.039

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