Atuacaogestorescolar
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Atuacaogestorescolar
Concepes
terico-metodolgicas
sobre
Na
Sala
Ambiente
Polticas e Gesto da
Educao, voc tambm
discutir essa temtica.
Porm,
aqui
procuraremos
focalizar
mais
o
trabalho
propriamente dito do
gestor escolar as
formas de relao com a
comunidade escolar, as
dimenses conflitivas de
seu trabalho e suas
possibilidades de atuao.
Projeto Vivencial
numa
perspectiva
crtica,
Qualidade?
total?
social?
Eficincia?
Eficcia?
Gesto
participativa?
Democrtica?
Escola?
Empresa? Qual
a diferena?
Colaborao?
Partilhamento
de poder?
sociais
(pesquisadores,
governo,
Projeto Vivencial
social,
destinado
includo
educao.
aqui
aquele
Como
no
poucos
recursos para
dos
tericos
liberais
da
educao,
esses
mecanismos
estabeleceriam
Projeto Vivencial
social
da
escola
pblica,
formao
desenvolvendo
de
sujeitos
todas
humanos,
as
suas
Projeto Vivencial
novidade.
De
acordo
com
Dourado
(2003),
comum
essas
diferentes
teorias,
Projeto Vivencial
qualquer campo, quer seja esse escola ou empresa, pois os processos administrativos em
ambas tm a mesma natureza e b) os problemas encontrados nas escolas so
decorrentes, sobretudo, de sua m administrao.
Essa ltima idia que relaciona problemas da escola com sua m administrao ganha
flego nas ltimas dcadas, com os defensores da aplicao dos mtodos e das tcnicas
da chamada gesto flexvel1 no mbito da escola. Esse movimento no interior da educao
vem sendo designado por alguns estudiosos como gerencialismo4.
Na concepo do gerencialismo a meta da gesto educacional aumentar a eficincia e
eficcia das escolas, fatores que se expressariam em indicadores de desempenho ou em
resultados. Para a elevao desses indicadores o principal aspecto assinalado a mudana
na cultura da escola (tratada aqui como uma organizao social5 e no como uma
instituio social5): difunde-se a idia da escola como organizao que aprende, sendo
central que a atividade gestora se paute na inovao, na criatividade e na proatividade de
todos os seus segmentos. Nessa perspectiva pouco se valoriza o processo e pouco se
questiona o que um bom resultado.
O diretor da escola tratado como um gerente, em cuja liderana repousa a maior ou
menor capacidade de agregar valores, criar sinergias no grupo de trabalho, harmonizar,
estabelecer parcerias com a comunidade do entorno escolar, com vistas obteno de
metas previamente definidas. Gerenciar, nesse caso, potencializar recursos, fazer da
crise oportunidade, tal como se difunde nos discursos dos gurus da gesto moderna.
Opondo-se ao discurso da administrao, o discurso da gesto flexvel prega a passagem
de uma concepo de administradores para gerentes. Segundo Clarke e Newman
(apud SHIROMA e CAMPOS, 2006), os gerentes so ativos na tomada de deciso,
enquanto os administradores implementam ou interpretam decises tomadas por outrem.
Projeto Vivencial
Gerente da escola
Agregar
valor?
Parceria?
Sinergia?
Capacidade
de resolver
problemas?
Liderana?
Projeto Vivencial
O discurso gerencial institui uma nova linguagem para promover a mudana na cultura
da escola. Embasado na ideologia tcnico-bucrocrtica, incorpora o lxico da reengenharia, o discurso participativo da transformao, do empreendedorismo, do
cidado pr-ativo. Fala da mudana orientada pelo planejamento estratgico, pela
misso e pelas metas. Busca transformar o servidor burocrtico num lder dinmico,
tenta provocar transformaes na subjetividade dos educadores. Evoca imagens
futuristas, tenta criar um gestor motivador, um visionrio. O gerencialismo tende a
modificar a natureza da linguagem que os profissionais utilizam para discutir a
mudana. Esse discurso influencia no s a linguagem, mas, fundamentalmente, a
prtica. Afeta a forma de ser professor e diretor de escola (SHIROMA e CAMPOS,
2006).
Devemos estar atentos para as questes do gerencialismo, na medida em que sua difuso
ocorre de forma significativa em espaos educacionais, em publicaes dirigidas a
educadores, em cursos para gestores escolares, em orientaes produzidas pelos sistemas
de ensino. Muitas vezes, fica difcil diferenciar as proposies de cunho democrtico
daquelas que orientam essa perspectiva gerencial, pois os termos e conceitos utilizados
por esta ltima, muitas vezes, so tambm aqueles usados pelo campo crtico dos estudos
sobre educao e gesto escolar. Porm, esses termos so re-significados, ou seja, ainda
que em sua aparncia paream ser a mesma coisa, de fato, passam a difundir outros
significados e sentidos, bastante distintos daqueles que lhes deram origem. Por exemplo,
termos como gesto participativa, participao, autonomia, projeto de escola, para citar
alguns, tendem a ser apresentados como similares aos preceitos que baseiam a gesto
democrtica na escola. A gesto por resultados, ou gesto eficaz, ainda que conte com a
participao da comunidade escolar na sua realizao, tende a se sustentar na liderana
do diretor e no na constituio de mecanismos institucionalizados de poder partilhado.
Na perspectiva gerencial, as prticas de gesto tendem a se conformar, cada vez mais, a
uma perspectiva tcnica de atuao, subestimando-se, por esse ato, a dimenso poltica
implicada no trabalho de gesto escolar. Promove-se, nessa tica, uma dissociao entre
as finalidades e os objetivos da educao e os meios usados para alcan-los: acredita-se
que a utilizao de ferramentas eficazes de gesto condio necessria e suficiente para
que se alcance a qualidade na educao. Supe-se, nesse caso, que as tcnicas so
neutras, e seu potencial est relacionado ao modo como so usadas. Veremos, na seo a
seguir, que essa dissociao entre fins e meios uma falcia e seus resultados no campo
Projeto Vivencial
gesto
escolar.
De
acordo
com
Paro
(2002a),
para
concretizar
esse
objetivo
devem
estar
Projeto Vivencial
discusso e definio das finalidades da educao e da escola, ponto de partida para que
se decidam e se elaborem os meios pelos quais sero alcanados os objetivos
preconizados pelo coletivo escolar.
A atividade de gesto considerada, nessa perspectiva, como uma atividade de mediao.
Sendo assim, no se esgota em si mesma, no um fim em si. Pelo contrrio, intrnseca
ao seu carter mediador a possibilidade de mltiplas articulaes com objetivos que
rompam com prticas burocratizadas e conservadoras em termos de educao. Assim, na
prtica da gesto escolar encontramos tanto possibilidades de transformao e mudana
quanto prticas que fortalecem o paternalismo ou as atitudes antidemocrticas.
Desse carter mediador da gesto escolar, Paro (2002a) destaca duas conseqncias: a)
possibilita identificar como no administrativas todas as atividades que perdem de vista a
finalidade a que se destinam, tornando-se um fim em si mesmas ( isso que d origem s
prticas burocratizadas, papelada, s prticas consideradas como inteis na escola) e
b) no sendo um fim em si mesma, a gesto da escola pode articular-se com uma
diversidade de objetivos, incluindo aqueles que rompem com as prticas dominadoras e
antidemocrticas vigentes. Por isso o autor destaca:
importante antes de mais nada levar em conta os objetivos que se pretende com a
educao. Ento, na escola bsica, esse carter mediador da administrao deve darse de forma a que todas as atividades-meio8 (direo, servios de secretaria,
assistncia ao escolar e atividades complementares [...]), quanto a prpria atividadefim8, representada pela relao ensino-aprendizagem que se d predominantemente
(mas no s) em sala de aula, estejam permanentemente impregnadas dos fins da
educao (PARO, 2002, p. 303).
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Projeto Vivencial
primeira condio para que a segunda possa emergir, ou seja, a participao efetiva,
plena, coletiva e democrtica condio para que a co-responsabilizao possa ocorrer
no como imposio, mas como engajamento e cooperao solidria.
nesse sentido que a co-responsabilidade coletivamente construda pode se contrapor
idia de accountability9 ou responsabilizao individualizada pelos resultados da
aprendizagem dos estudantes e do desempenho da escola, conforme ocorre na
perspectiva gerencial. Na perspectiva gerencial, os resultados inscrevem-se na tica da
prestao de servios para clientes, e publicizar resultados disputar posies em
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Projeto Vivencial
12
Projeto Vivencial
Para finalizar...
Nesse texto pretendemos chamar a ateno para duas perspectivas de gesto educacional
que, muitas vezes, parecem bastante semelhantes, pelos termos que usam, apelos que
fazem, idias que defendem. No entanto, um olhar mais atento para os pressupostos do
gerencialismo nos informam diferenas substanciais com relao orientao democrtica
na gesto das escolas e dos sistemas educacionais. O mesmo pode ser dito com relao ao
trabalho do gestor escolar diferentemente da perspectiva democrtica que enfatizar o
partilhamento de poder e a gesto colegiada da escola, no gerencialismo a nfase recai
sobre o diretor, apostando em sua liderana para mobilizar a escola para a resoluo de
problemas.
Certamente que todos concordamos que as escolas precisam mudar, tornar-se mais
produtivas e efetivas na funo social que historicamente lhes foi atribuda. Todavia, os
valores que devem balizar essas mudanas no se encontram no estabelecimento de
competitividade entre escolas, ou na busca de indicadores performticos dos alunos. Como
diz Severino (2002), o compromisso do professor e, por extenso, da escola, com a
aprendizagem dos alunos intrnseco prpria natureza social da educao. Esta, na
condio de prtica voltada para sujeitos humanos em construo, desenvolvendo uma
ao de interveno nesses sujeitos, tem como compromisso fundamental o respeito
radical dignidade humana desses sujeitos. Com efeito, a legitimidade da educao
pressupe necessariamente sua eticidade (SEVERINO, 2002, p. 13).
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Projeto Vivencial
Gesto democrtica
Gesto
participativa
significa
a
comunidade escolar colaborar com a
escola, no necessariamente deliberando
sobre seus rumos; a participao fica
associada resoluo de problemas,
ocorrendo
de
modo
pontual
e
assistemtico
Pressupe
autonomia
e
responsabilizao individualizada, com
conseqncias para professores e
diretores,
pelos
resultados
do
desempenho dos alunos e da escola
Pressupe
autonomia
e
coresponsabilizao pelos resultados da
aprendizagem dos alunos e da unidade
escolar
Referncias
CASASSUS, J. A Reforma Educacional na Amrica Latina no Contexto de Globalizao.
Cadernos de Pesquisa. So Paulo: FCC, 2001.
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Projeto Vivencial
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Projeto Vivencial
Anexos
Anexo A
1
Gesto flexvel
O termo gesto flexvel tem sua origem no universo empresarial, associado a um novo
modelo de gerenciamento das empresas. Desde o final da dcada de 1970, quando se
instala uma crise no capitalismo em nvel mundial, as empresas vm procurando novas
formas de organizar o trabalho, de modo a conciliar a produtividade com a
competitividade, o que tem significado apostar na inovao de produtos e na abertura de
novos nichos de mercado. Nesse processo de realinhamento das empresas s novas
necessidades
econmicas,
sobretudo
quelas
relacionadas
com
processo
de
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Projeto Vivencial
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Projeto Vivencial
Anexo B
2
Liderana escolar
18
Projeto Vivencial
Referncia
FONSECA, M. Projeto poltico-pedaggico e o plano de desenvolvimento da escola: duas
concepes antagnicas de gesto escolar. Cadernos CEDES. v. 23, no 61, Campinas,
dez, 2003.
Leitura recomendada
URIBE, M. El Liderazgo docente en la construccin de la cultura cscolar de Calidad. Un
Desafo de Orden Superior. Revista PRELAC. no 1, julho de 2005.
Disponvel em: http://www.unesco.cl/esp/biblio [documentos digitais]
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Projeto Vivencial
Anexo C
3
O termo gesto por resultados tem sua origem no campo da gesto empresarial;
caracteriza-se por um modelo gerencial focalizado nos resultados. Coaduna-se com o
paradigma de empresa flexvel moldada para responder rapidamente as demandas do
mercado. Nessa acepo, as empresas procuram obter melhores resultados, aliando
planejamento, controle e avaliao com a busca de melhores performances em termos de
eficincia e eficcia, ou seja, procuram obter melhores resultados potencializando recursos
disponveis.
Esse conceito vem sendo difundido rapidamente na administrao dos servios pblicos,
estando em consonncia com a perspectiva gerencial adotada por diferentes governos, em
especial no que tange s polticas sociais. Parte-se do suposto que os servios prestados
pelo Estado para a populao ganham visibilidade pelos seus resultados, motivo pelo qual
suas aes devem estar focadas nesses resultados. De acordo com essa perspectiva, o
foco nos resultados , em ltima instncia, focalizar o destinatrio desse servio, ou seja,
o cidado.
A gesto por resultados implica definio e foco na misso da empresa (seu objetivo), a
elaborao de diagnstico, a definio de objetivos estratgicos e a criao de
indicadores, a partir dos quais seu desempenho possa ser avaliado.
Na tica dos defensores da gesto por resultados, a divulgao das performances, ou
desempenho, requisito para a credibilidade da empresa ou organizao diante do pblico
a que atende ou que nela investe. No caso da administrao pblica, a confiana seria
com relao aos governantes. Crticas so dirigidas a esse modelo, em especial na esfera
pblica, alertando para os riscos de que o foco apenas nos resultados, como meio para se
atingir maior eficcia/eficincia em termos de polticas pblicas, pode levar a distores no
processo, que resultam em reduo da dimenso econmica e obliterao, nesse sentido,
da dimenso da qualidade social dos servios prestados.
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Projeto Vivencial
Anexo D
4
Gerencialismo
21
Projeto Vivencial
Referncia
SHIROMA, E. O. ; CAMPOS, R. F. La resignificacin de la democracia escolar mediante el
discurso gerencial: liderazgo, gestin democrtica y gestin participativa. In: Myriam
Feldfeber; Dalila Andrade Oliveira. (org.). Polticas educativas y trabajo docente:
nuevas regulaciones, nuevos sujetos? 1 ed. Buenos Aires: Novedades Educativas,
2006, p. 221-237.
Anexo E
5
De acordo com Chau (2003), existe diferena entre organizao e instituio, sendo que
uma organizao definida:
por uma prtica social determinada de acordo com sua
instrumentalidade: est referida ao conjunto de meios
(administrativos) particulares para obteno de um objetivo
particular. No est referida a aes articuladas s idias de
reconhecimento externo e interno, de legitimidade interna e
externa, mas a operaes definidas como estratgias balizadas
pelas idias de eficcia e de sucesso no emprego de determinados
meios para alcanar o objetivo particular que a define (CHAU,
2003, p.06).
Dessa forma, uma organizao, por ser uma administrao, orientada pelas idias de
gesto, planejamento, previso, controle e xito. Desse modo, uma organizao no
questiona e/ou reflete sobre sua existncia, sua funo ou seu papel no interior da luta de
classes, pois, para a organizao, isso j dado, ou seja, j est definido por qu, para
qu e onde reside sua existncia. Diferentemente da instituio social que almeja
universalidade, a organizao se concentra na sua particularidade, sabendo que sua
eficcia e sucesso dependem desse fato. Como resultado, a organizao possui a si
prpria como referncia num processo de competio com outras que fixaram os mesmos
objetivos, procurando apenas gerir seu espao e seus tempos particulares, logo, sua
insero na sociedade no motivo para questionamento, independente do plo da
diviso social em que se encontra, seu objetivo vencer a competio com seus suposto
22
Projeto Vivencial
iguais (CHAU, 2003). De igual modo, para uma organizao permanecer, depende
diretamente de sua capacidade de adaptao s rpidas mudanas no meio ambiente, e
muito pouco de sua estrutura interna.
J a instituio social possui a sociedade como seu princpio de referncia normativa e
valorativa, buscando responder, diferentemente da organizao, s contradies impostas
pela diviso social. Nesse sentido, a instituio se percebe inserida na diviso social e
poltica e, por conta dessa percepo, procura no ignorar esse fato, antes, procura
responder as contradies existentes, sendo essa uma tarefa crucial para a mesma.
Referncia
CHAU, M. A Universidade Pblica sob Nova Perspectiva. Revista Brasileira de
Educao. Set./Out/Nov/Dez, 2003.
Anexo F
6
Participao
Projeto Vivencial
24
Projeto Vivencial
Bulhes faz parte de nosso grupo, mas raramente toma parte das reunies.
Fazemos parte da populao do Brasil, mas no tomamos parte nas decises
importantes.
Edgar faz parte de nossa empresa, mas no tem parte alguma no negcio
(BORDENAVE, 1992).
Como podemos ver, participao no se vincula apenas aos movimentos polticos, faz
parte da prpria histria da humanidade participar. Desde que nascemos, participamos
de um grupo social a famlia. Ingressamos depois em outros grupos de socializao
secundria escola, amigos, clube, trabalho. Analisando as diferentes formas de
participar, Bordenave (1992) prope a seguinte tipologia:
1) participao de fato: refere-se s primeiras atividades de participao do homem,
realizadas no seio do grupo familiar ou do cl; esto associadas s suas
necessidades de subsistncia
2) participao espontnea: diz respeito s formas de participao em grupos sociais
de amigos, de vizinhana; geralmente esses grupos so fludos, sem organizao
estvel e objetivos claramente definidos. A participao, nesse caso, vincula-se
necessidade de satisfaes psicolgicas, expressivas etc.
3) participao imposta: o indivduo obrigado a fazer parte do grupo e a fazer
atividades consideradas indispensveis. Exemplo: eleio obrigatria
4) participao voluntria: o grupo criado pelos prprios participantes, que definem
a organizao, os objetivos e as formas de atuao do grupo. Exemplo:
associaes
profissionais,
ONGs.
Nesta
categoria,
pode-se
incluir
uma
essa
no
seja
ainda
uma
participao
democrtica,
pode
ser
potencialmente transformadora
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Projeto Vivencial
Estes diferentes tipos de participao implicam, por sua vez, aos diferentes nveis de
controle e de poder; por exemplo, o controle dos membros de um coletivo sobre as
decises e a importncia destas ltimas, podem resultar em maior ou menor possibilidade
de partilhamento de poder e de relaes igualitrias. No caso da escola, por exemplo, a
participao da comunidade escolar pode ocorrer tanto em nvel apenas de recepo de
informaes at como prticas efetivas de co-gesto. Podemos encontrar ainda variaes
entre esses dois extremos: a participao compreendida como consulta indaga-se,
pergunta-se, solicita-se comunidade escolar sugestes, crticas etc. A consulta pode ser
facultativa ou obrigatria (todos sejam obrigados a responder). Pode ocorrer tambm a
elaborao de propostas, de recomendaes da comunidade escolar para a direo da
escola, que se reserva a opo de acat-las ou no; nesse caso, temos um grau de
participao mais elevado do que o anterior. J a co-gesto implica o partilhamento da
administrao por meio de mecanismos de co-deciso e de colegialidade.
Discutindo tambm a questo da participao, Gandin (2000) chama-nos a ateno para a
ascenso do discurso da participao e sua generalizao, destacando trs aspectos
preocupantes: a) pode servir de manipulao das pessoas pelas autoridades, atravs de
um simulacro de participao; b) pode haver a utilizao de metodologias participativas
inadequadas pode levar a um desgaste das idias e c) pode haver desgaste dos prprios
processos participativos. Como base nessa anlise, o autor ressalta os diferentes nveis
em que a participao pode ser exercida: a) participao como colaborao; b)
participao como deciso e c) participao como construo.
26
Projeto Vivencial
Sendo a participao uma prtica social, seu exerccio tambm facilitado ou dificultado
de acordo com os condicionantes externos ou internos s instncias ou aos grupos
participativos. A estrutura social e seus condicionantes de classe social , a presena ou
ausncia de instncias governamentais democrticas; as formas de organizao social e as
correlaes de fora estabelecidas em cada momento histrico podem tambm se
relacionar com condicionantes internos aos grupos: partilhamento de teorias ou crenas,
atuao dos dirigentes, expectativas com relao a objetivos estabelecidos etc. Enfim,
muitas dificuldades podem surgir para a implementao da participao social efetiva e,
de modo particular, no interior da escola. Contudo, acreditamos que a participao uma
construo democrtica e um espao de aprendizagem, pois se certo que j se nasce
inserido em um grupo (fazer parte de), aprende-se a tomar parte dele.
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Projeto Vivencial
Projeto Vivencial
Referncias
BORDENAVE, J. E. D. O que participao. 7 ed. So Paulo: Brasiliense, 1992 (Coleo
Primeiros Passos, no 95).
GANDIN, D. A prtica do planejamento participativo. 8 ed. Petrpolis, Rio de Janeiro:
Vozes, 2000.
GOHN, M. G. Educao no-formal, participao da sociedade civil e estruturas
colegiadas nas escolas. Ensaio: aval. pol. pbl. Educ. Rio de Janeiro, v.14, no50, p. 2738, jan./mar. 2006. [Disponvel em: www.scielo.org]
Leitura recomendada
GOHN, M. G. Educao no-formal, participao da sociedade civil e estruturas
colegiadas nas escolas. Ensaio: aval. pol. pbl. Educ. Rio de Janeiro, v. 14, no 50, p.
27-38, jan./mar. 2006. [Disponvel em: www.scielo.org]
Anexo G
7
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Projeto Vivencial
Anexo H
8
Atividades-meios e Atividades-fins
Paro (2002a), tomando o conceito de administrao em seu sentido mais geral, define-a
como sendo a utilizao racional de recursos para a realizao de fins determinados. ,
ento, uma atividade essencialmente humana, pois s o homem capaz de estabelecer
livremente objetivos a serem cumpridos (p. 19).
Explicitando o termo utilizao racional de recursos, o autor recorre origem da palavra
racional do latim ratio, que significa razo. Assim, usar racionalmente recursos significa:
a) que tais recursos sejam adequados aos fins visados e b) o emprego desses recursos
deve se dar de forma econmica. Nessa acepo, os fins no podem ser separados de
seus meios.
Mas o que quer dizer o autor com adequao dos meios/recursos aos fins? Significa,
primeiramente, que, dentre os meios disponveis, h que selecionar aqueles que mais se
prestam a atividade ou atividades a serem desenvolvidas com vistas realizao de tais
fins (p. 19).
Os meios aos quais se refere o autor podem ser de dois tipos: meios/recursos materiais e
meios/recursos conceptuais. Os primeiros se referem s condies objetivas necessrias
realizao do trabalho. Nesse sentido, incluem-se aqui tanto os meios para interveno
direta como ferramentas, instrumentos, mquinas; como os indiretos estradas, edifcios
etc. Ambos, no entanto, so considerados meios de produo, na medida em que
possibilitam, direta ou indiretamente, o processo de produo de artefatos materiais ou
no-materiais. J os recursos conceptuais dizem respeito aos conhecimentos e s tcnicas
que o homem acumulou historicamente e que medeiam tambm sua relao com a
natureza.
Como se aplicam esses conceitos quando tratamos dos processos educativos?
30
Projeto Vivencial
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Projeto Vivencial
Referncias
PARO, V. H. A Gesto da Educao ante as Exigncias de Qualidade e Produtividade da
Escola Pblica. In: SILVA, L. H. da (org.) A Escola cidad no contexto da
globalizao. Petrpolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1998.
_____. Administrao escolar: introduo crtica. 11 ed. So Paulo: Cortez, 2002a (a).
_____. Gesto democrtica da escola pblica. So Paulo: tica, 2002b (b).
SAVIANI, D. Pedagogia histrico-crtica: primeiras aproximaes. 3 ed. So Paulo:
Cortez, 1992.
Anexo I
9
Accountability
O conceito de accountability recente no vocabulrio poltico brasileiro. De origem
inglesa, associado, freqentemente, transparncia, prestao de contas e
responsabilizao. Vieira (2005), em uma reviso da bibliografia destinada a este tema,
identifica os seguintes significados: a) pode ser compreendido como responsabilidade
32
Projeto Vivencial
Projeto Vivencial
Referncias
BORGES, A. Lies de reformas da gesto educacional no Brasil, EUA e Gr-Bretanha. So
Paulo em Perspectiva. 18(3): 78-89, 2004.
BROOKE, N. O Futuro das polticas de responsabilizao educacional no Brasil [The future
of educational accountability policies in Brazil]. Cad. Pesquisa. May/Aug. 2006, vol.36,
no.128, p.377-401.
CEPAL/UNESCO/CIDE. Accountability Educacional: posibilidades y desafos para
Amrica Latina a partir de la experiencia internacional. Santiago do Chile: CEPAL:CIDE,
maro de 2006.
VIEIRA, J. B. Estado, sociedade civil e accountability. Ensaios FEE. Porto Alegre, v. 26,
n. 1, p. 605-626, jun. 2005.
Leitura Recomendada
BORGES, A. Lies de reformas da gesto educacional no Brasil, EUA e Gr-Bretanha. So
Paulo em Perspectiva. 18(3): 78-89, 2004.
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Projeto Vivencial
Para refletir....
O conceito de aplicao, recente na Amrica Latina, remete necessidade de se atribuir
responsabilidades pelas aes prprias e pelos resultados das mesmas. Utilizamo-nos
desse termo no mundo financeiro para aludir aos responsveis pelo manejo do dinheiro
depositado por terceiros. Estes so obrigados a informar a seus clientes sobre os
movimentos dos recursos e prestar contas sobre como o tm aplicado e o que
conseguiram fazer com eles. Isso no sucede no mundo das polticas pblicas e, menos
ainda, na educao. De fato, os conceitos de transparncia, prestao de contas e
responsabilidade pelos resultados so relativamente novos, quando se referem ao
de pessoas que administram ou manejam recursos pblicos, e que devem responder
pelo desempenho de pessoas e de organizaes sob sua responsabilidade.
No campo educativo, o conceito remete aos resultados da aprendizagem escolar e
responsabilidade que cabe s escolas e dentro destas, comunidade escolar, pelos
resultados que obtenham seus alunos. Entre as aes orientadas para se atingir esse
propsito aparece como prioritrio avaliar os resultados da aprendizagem e o
cumprimento das regras curriculares; alinhar essas avaliaes com padres de contedo,
desempenho e oportunidades de aprendizagem, dentro e fora da escola; premiar ou
castigar o bom desempenho dos atores do sistema e, to importante como isto, cuidar
para que os mtodos de avaliao e regulao no levem distoro do contedo e da
orientao da prtica educativa e permitam paralelamente fortalecer as capacidades
= de gesto dos estabelecimentos mais deficitrios e prestar, aos professores, o respaldo
tcnico necessrio para realizar seus projetos educativos com resultados de excelncia.
Extrado do livro: Accountability educacional: posibilidades y desafos para Amrica
Latina a partir de la experiencia internacional. Chile: CEPAL: CIDE, 2006.
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