Vergilio Karen Perusso

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 42

KAREN EVELLINE PERUSSO VERGLIO

GERAO DISTRIBUDA E
PEQUENAS CENTRAIS
HIDRELTRICAS: ALTERNATIVAS
PARA A GERAO DE ENERGIA
ELTRICA NO BRASIL

Trabalho de Concluso de Curso


apresentado Escola de Engenharia de So
Carlos, da Universidade de So Paulo
Curso de Engenharia Eltrica com nfase
em Sistemas de Energia e Automao

ORIENTADOR: Prof. Dr. Frederico Fbio Mauad

So Carlos
2012

AUTORIZO A REPRODUO E DIVULGAO TOTAL OU PARCIAL DESTE


TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRNICO,
PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Ficha catalogrfica preparada pela Seo de Tratamento


da Informao do Servio de Biblioteca EESC/USP

V497g

Verglio, Karen Evelline Perusso


Gerao distribuda e pequenas centrais
hidreltricas : alternativas para a gerao de energia
eltrica no Brasil / Karen Evelline Perusso Verglio.
orientador : Frederico Fbio Mauad - So Carlos,
2012.
Monografia (Graduao em Engenharia Eltrica com
nfase em Sistema de Energia e Automao) -- Escola de
Engenharia de So Carlos da Universidade de So Paulo,
2012.
1. Gerao de energia. 2. Usinas hidreltricas. 3.
Legislao. 4. Pequenas centrais hidreltricas. 5.
Gerao distribuda. 6. Setor eltrico I. Titulo.

II

III

AGRADECIMENTOS
Aos meus queridos pais e irmo que, de diversas maneiras possveis e sempre com
muito amor e carinho, me apoiaram nessa e em vrias conquistas, e proporcionaram imensa
contribuio para a realizao deste trabalho.

IV

DEDICATRIA

Dedico essa obra a duas das pessoas mais maravilhosas que


conheci em minha vida. E so elas que esto presentes
em minhas melhores lembranas:
meus avs Ricardo e Elvira.

Sumrio

AGRADECIMENTOS ................................................................................................................ IV
DEDICATRIA .......................................................................................................................... V
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................... VII
LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. VIII
RESUMO .................................................................................................................................... IX
ABSTRACT ................................................................................................................................. X
1. INTRODUO .........................................................................................................................1
2. OBJETIVO ................................................................................................................................ 3
3. O ATUAL SETOR ENERGTICO BRASILEIRO ................................................................. 4
4. GERAO DISTRIBUDA ..................................................................................................... 6
4.1 A GERAO DISTRIBUDA NO BRASIL ....................................................................... 8
4.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA GERAO DISTRIBUDA ........................... 11
5. AS PEQUENAS CENTRAIS HIDRELTRICAS ................................................................. 12
5.1 O QU UMA PEQUENA CENTRAL HIDRELTRICA? ............................................ 12
5.1.1 OPERAO E PRINCIPAIS COMPONENTES DE UMA PCH ................................ 13
5.1.2 ETAPAS E DOCUMENTAO .................................................................................. 14
5.2 QUESTES SOCIOAMBIENTAIS ENVOLVENDO PCHs ............................................ 17
5.3 LEGISLAO E NORMAS .............................................................................................. 17
5.3.1 LEIS ............................................................................................................................... 18
5.3.2 DECRETOS ................................................................................................................... 19
5.3.3 RESOLUES ANEEL ................................................................................................ 19
5.4 ATUAL SITUAO E CONTRIBUIO DAS PCHs NO SETOR ELTRICO
BRASILEIRO ............................................................................................................................. 21
5.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS PCHs ............................................................. 23
6. USINAS HIDRELTRICAS .................................................................................................. 25
6.1 PARTICIPAO NA MATRIZ ENERGTICA NACIONAL ......................................... 26
6.2 VANTAGENS DAS UHEs ................................................................................................. 26
6.3 DESVANTAGENS E IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS ............................................... 27
7. GERAO DISTRIBUDA E PCHs VERSUS USINAS HIDRELTRICAS ...................... 29
8. CONCLUSO ........................................................................................................................ 30
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ........................................................................................ 31

VI

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Gerao atual de energia eltrica no Brasil. ............................................................... 10


Tabela 2 - Classificao das PCHs quanto potncia e queda do projeto. .............................. 12
Tabela 3 - Empreendimentos em operao, em construo e outorgados. .................................. 22

VII

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Sistema Interligado Nacional. ...................................................................................... 7


Figura 2 - Sistemas Isolados. ........................................................................................................ 9
Figura 3 - Esquema de uma PCH. . ............................................................................................. 14
Figura 4 - Fluxograma de implantao de uma PCH. ................................................................. 16
Figura 5 - Esquema de uma usina hidreltrica. .......................................................................... 26

VIII

RESUMO
VERGLIO, K. E. P. Gerao distribuda e pequenas centrais hidreltricas: alternativas
para a gerao de energia eltrica no Brasil. 2012. 32 p. Trabalho de Concluso de Curso
(Engenharia Eltrica com nfase em Sistemas de Energia e Automao) Escola de Engenharia
de So Carlos, Universidade de So Paulo, So Carlos, 2012.

A energia eltrica representa essencial importncia para o desenvolvimento


socioeconmico de uma nao. No cenrio atual, onde muito se discute sobre a preservao do
meio ambiente, a busca por fontes energticas alternativas e renovveis tornou-se mundialmente
necessria. A demanda por energia cresce simultaneamente com as preocupaes relacionadas
s questes ambientais provenientes da instalao e utilizao de empreendimentos energticos.
No Brasil, entretanto, as usinas hidreltricas detm a maior contribuio na atual matriz
energtica. Esse fato conflita com a constante busca por fontes energticas alternativas e
complementares. neste contexto que as Pequenas Centrais Hidreltricas surgem como uma
das solues para os problemas socioambientais causados por aquelas. Tais empreendimentos
possibilitam melhor atendimento s necessidades de carga de pequenos centros urbanos, locais
remotos e regies rurais, assim como a Gerao Distribuda, e so responsveis por promover a
descentralizao do sistema.
O objetivo deste trabalho apresentar a gerao distribuda e as pequenas centrais
hidreltricas como formas rpidas e eficientes de promover a expanso da oferta de energia
eltrica, visando suprir a crescente demanda verificada no mercado nacional. Para isso, sero
apontados os principais conceitos e caractersticas envolvendo ambos os empreendimentos,
assim como das usinas hidreltricas, e compar-los para verificao da maior viabilidade de
implantao.

Palavras-chave: Gerao de energia, Usinas Hidreltricas, Legislao, Pequenas Centrais


Hidreltricas, Gerao Distribuda, Setor Eltrico.

IX

ABSTRACT
VERGLIO, K. E. P. Distributed generation and small hydroelectric stations: alternatives
for the energy generation in Brazil. 2012. 32 p. Trabalho de Concluso de Curso (Engenharia
Eltrica com nfase em Sistemas de Energia e Automao) Escola de Engenharia de So
Carlos, Universidade de So Paulo, So Carlos, 2012.

The electrical power is essentially important to a nation socioeconomic development. In


the actual scene, where there are many discussions about environmental preservation, the search
for alternatives and renewable energy sources has become a worldwide necessity. The demand
for energy grows simultaneously whit the concerns related to environmental issues from the
installation and use of energy ventures.
In Brazil, however, hydroelectric plants have the biggest contribution to the current
matrix. This fact conflicts with the constant search for complementary and alternative energy
sources. In the context, the small hydroelectric stations emerge as one of the solutions to the
problems caused by social and environmental ones. Such projects enable better service to the
needs of load of the small urban centers, rural and remote locations, as well as the distributed
generation, and are responsible for promoting the decentralization of the system.
The aim of this study is to show the small hydroelectric plants and distributed
generation as fast and efficient ways of promoting the expansion of electricity in order to
provide the growing demand in the national market. For this, will be appointed the main
concepts and features involving both projects, as well as hydroelectric plants, and compare them
to verify the greater feasibility of implantation.

Keywords: Energy generation, Hydroeletric Plants, Legislation, Small Hydroelectric Stations,


Distributed Generation, Electric Sector.

1. INTRODUO
O atual panorama do setor eltrico brasileiro encontra-se em grande crescimento
econmico e tem como um dos pilares para essa continuidade, a gerao de energia para o
abastecimento de suas cidades e indstrias. Dentre os vrios fatores que proporcionaram o
desenvolvimento da humanidade, um dos mais importantes foi o uso da energia em suas
diversas formas. Como prova de tal importncia, por muito tempo o consumo per capita de
eletricidade foi utilizado como indicador do grau de desenvolvimento dos pases. Para a
consolidao deste desenvolvimento necessrio, entre outros fatores, garantir que as fontes de
energia estejam disponveis em nveis suficientes e que sejam acessveis, para que a demanda de
energia necessria ao desenvolvimento seja garantida.
Considerando as necessidades do mundo atual globalizado, o setor eltrico busca meios
para aumentar e aperfeioar a gerao de energia, e implantar programas de conservao da
mesma. Para isso, tal setor deve sempre estar atento s questes sociais e aos impactos
ambientais oriundos da implementao dos diversos tipos de empreendimentos geradores de
energia eltrica.
O Brasil apresenta um rico histrico no panorama de gerao de energia eltrica, desde
a pequena gerao para um seleto pblico no final do sculo XIX at obras de enormes
dimenses, como a Itaipu Binacional, referncia mundial em usinas hidreltricas. Durante o
sculo XX a energia eltrica foi considerada de importncia nacional, tendo o Estado brasileiro
executado o planejamento do aproveitamento dos recursos hdricos atravs da construo de
usinas hidreltricas, garantindo o melhor aproveitamento dos potenciais existentes. Porm,
atualmente, os principais potenciais hidrulicos encontram-se na regio Norte do pas, na Bacia
Amaznica, onde a topologia do relevo se apresenta mais plana, sem grandes quedas dgua,
alm de possuir diversas restries ambientais. Com isso, a construo de hidreltricas somente
ser vivel com a inundao de grandes reas para a formao de reservatrios. Em um cenrio
onde muito se discute sobre a necessidade da preservao do meio-ambiente, este fato segue
totalmente contrrio a tendncia mundial, que prope o uso de fontes alternativas para se
produzir a to necessria energia eltrica. nesse contexto que se encaixam as pequenas
centrais hidreltricas (PCHs) e a gerao distribuda (GD) como alternativas para a gerao de
energia eltrica.
Criadas com a finalidade de gerar energia a menor custo e com maior respeito ao meioambiente, as PCHs contribuem tambm para a diversificao da matriz energtica. So
empreendimentos que possibilitam melhor atendimento s necessidades de carga de pequenos
centros urbanos e regies rurais, uma vez que, na maioria dos casos, atuam complementando o
fornecimento realizado pelo sistema.
1

A gerao distribuda caracterizada por unidades geradoras de menor capacidade,


conectadas na rede de distribuio local de energia prxima aos centros de consumo. Baseia-se
em fontes elicas, solares, PCHs e trmicas a biomassa e gs natural. O expressivo aumento de
sua participao na matriz energtica nacional se deve, basicamente, a incentivos do Governo
Federal como, por exemplo, o Programa de Incentivo s Fontes Alternativas de Energia
(PROINFA).

2. OBJETIVO
Este trabalho tem como objetivo apresentar a gerao distribuda e as pequenas centrais
hidreltricas como fontes atrativas e viveis para a produo de energia eltrica no Brasil. Sero
apresentadas a legislao relacionada, definies, caractersticas de operao, vantagens e
desvantagens inerentes implantao e dados que demonstrem a participao atual no setor
energtico nacional de cada um dos empreendimentos envolvidos, assim como os referentes s
usinas hidreltricas. Estes dados sero comparados e utilizados para justificar a maior
viabilidade de implantao da GD e das PCHs na matriz energtica brasileira.
Como todo empreendimento gerador de energia, o uso destas formas produz impactos
ambientais e gera a discusso de relevantes questes socioeconmicas, que tambm sero
apresentados e discutidos.

3. O ATUAL SETOR ENERGTICO BRASILEIRO


O extenso parque gerador de energia eltrica no Brasil constitudo pelas seguintes
fontes de gerao: hidrulica, elica, trmica e solar. As caractersticas fsicas e geogrficas
brasileiras foram determinantes para que a sua base de gerao de energia fosse constituda por
um sistema hidrotrmico de potncia com predominncia hidrulica. A parcela restante do
nosso parque gerador composta por gerao termeltrica, destinada complementao do
atendimento do mercado do Sistema Interligado Nacional nos perodos hidrologicamente
desfavorveis, e para atendimento localizado quando ocorrem restries de transmisso, e ao
atendimento dos Sistemas Isolados. Alm disso, o parque conta ainda com unidades geradoras
distribudas, compostas por plantas de co-gerao. Os produtores de energia eltrica no Brasil
so atualmente classificados como pertencentes a empresas concessionrias de gerao,
autoprodutores1 e produtores independentes2.
Segundo dados do Balano Energtico Nacional (BEN), ano de 2011, a capacidade
instalada de gerao eltrica no Brasil foi de 102,9 GW, sendo que 77,5 GW se refere
capacidade de gerao hidreltrica (75,3% do total). Este documento mostra, ainda, que a
gerao hidreltrica do Brasil, no ano em questo, foi de 369,6 TWh.
De acordo com o Atlas de Energia Eltrica do Brasil, 2 edio, o potencial hidrulico
do parque gerador brasileiro de cerca de 260 GW, envolvendo 15% das reservas mundiais de
gua doce disponvel. No entanto, apenas um quarto do potencial utilizado atualmente. Seu
potencial remanescente est concentrado na Regio Amaznica (47%), que possui diversas
restries ambientais. Atualmente, so produzidos 118,35 GW de potncia eltrica no pas, com
2.645 empreendimentos em operao (BIG, 2012).
Os potenciais dos rios nacionais so explorados atravs da construo de reservatrios e
de usinas hidreltricas de grande (UHEs) e pequeno (PCHs) porte, isoladas ou em cascata. H
ainda as centrais geradoras hidreltricas (CGH), que so aquelas com potncia instalada igual ou
inferior a 1 MW. Esta grande cadeia de reservatrios tem importante significado econmico,
hidrolgico, ecolgico e social. Em muitas regies do pas, esses ecossistemas so utilizados
como base para o desenvolvimento regional. Em alguns projetos houve planejamento inicial e
preocupao com a insero regional; em outros, este planejamento foi pouco desenvolvido. Os
1

Autoprodutor a pessoa jurdica ou empresas reunidas em consrcio, que recebam concesso e

autorizao para produzir energia eltrica destinada ao seu prprio uso.


2

Produtor independente a pessoa jurdica ou empresas reunidas em consrcio, que recebam concesso

ou autorizao para produzir energia eltrica destinada ao comrcio de toda ou parte da energia produzida
por sua conta e risco.

empreendimentos hidreltricos (UHEs, PCHs e CGHs)so responsveis por 70,07% da


produo nacional de energia eltrica, o que corresponde a 82,93 GW, (BIG, 2012).
Complementando a hidroeletricidade esto as fontes trmicas que, segundo dados do
Banco de Informao de Gerao BIG, da Agncia Nacional de Energia Eltrica ANEEL,
so divididas por tipos de combustveis: fssil, biomassa e outros, e energia nuclear. Dentre os
combustveis fsseis temos os leos combustvel, diesel e ultra viscoso, os gases natural e de
refinaria, e o carvo mineral. A capacidade instalada das usinas que consomem estes
combustveis representam 70,8% da capacidade total das usinas termeltricas em operao no
pas. As centrais termeltricas em operao que utilizam biomassa (consumindo carvo vegetal,
resduo de madeira, bagao de cana-de-acar, casca de arroz, licor negro e biogs)
correspondem a 27,1% da capacidade total. Os demais combustveis classificados como
outros totalizavam 2,1% da capacidade total das usinas termeltricas e so constitudos por:
gs de alto forno, gs de processo, enxofre, efluente gasoso e gs siderrgico. A energia nuclear
tem uma participao de 1,7%, correspondendo a 2 GW instalados nas usinas nucleares de
Angra I e II.
Apesar do expressivo potencial elico, divulgado no Atlas do Potencial Elico
Brasileiro (ANEEL, 2010), o pas ainda explora pouco este potencial, representando hoje apenas
1,3% da capacidade total instalada, com 1,5 GW, agindo na complementariedade sazonal entre
regimes de vento e hidrolgico, em especial na regio Nordeste.
Quase todas as formas de energia hidrulica, biomassa, elica, combustveis fsseis e
energia dos oceanos so formas indiretas de energia solar. Alm disso, a radiao solar pode
ser utilizada diretamente como fonte de energia trmica e, tambm, pode ser convertida em
energia eltrica. Recentemente, grandes esforos tm sido direcionados ao aproveitamento da
energia solar no Brasil, particularmente por meio de sistemas fotovoltaicos de gerao de
eletricidade. Atualmente, h oito usinas fotovoltaicas em operao no pas, contribuindo com
0,0013% da energia eltrica total produzida (BIG, 2012).

4. GERAO DISTRIBUDA
A energia eltrica, e seus inmeros modos de utilizao e aplicao, so os fatores de
maior importncia na contribuio para o desenvolvimento da humanidade. O consumo da
mesma est diretamente relacionado com o desenvolvimento econmico e crescimento
populacional de um pas, pois reflete o ritmo de atividade dos setores industrial, comercial e de
servios. Para isso necessrio, entre outras coisas, a garantia de que as fontes de energia
estejam disponveis em nveis suficientes, sempre levando em considerao as questes
ambientais e sociais.
Embora o termo gerao distribuda parea novo, sua concepo se deu graas a
Thomas A. Edison que, no ano de 1882, criou o primeiro sistema de gerao de energia em
Nova York. A construo da primeira central de gerao, localizada na Rua Pearl Street,
fornecia energia para lmpadas incandescentes de aproximadamente 59 clientes em uma rea de
1km. Essencialmente, este o conceito mais simples de gerao distribuda: uma fonte
geradora localizada prxima carga.
Com o desenvolvimento dos transformadores, o uso da corrente alternada logo
conquistou seu espao possibilitando o atendimento de cargas distantes do local de gerao.
Surgiram assim, grandes sistemas de energia que apresentavam maior confiabilidade, desde
usinas geradoras de energia eltrica a sistemas de transmisso capazes de atender a demandas de
propores continentais, como o caso do Sistema Interligado Nacional, apresentado na Figura
1.

Figura 1 - Sistema Interligado Nacional.


FONTE: ONS (2012).

Com o crescimento da populao e o desenvolvimento tecnolgico, torna-se necessrio


uma demanda de energia cada vez maior. Assim, quando o aumento na demanda ultrapassa os
limites do sistema, exige-se a construo de novas unidades de gerao de grande porte, bem
como de sistemas para a transmisso e distribuio desta nova parcela de energia. Tal modelo
passou a ser questionado com o surgimento de novas tecnologias que promovem a reduo do
custo da energia gerada, alm dos inmeros impactos ambientais associados sua implantao.
Com isso, a gerao distribuda passou a ser cada vez mais valorizada.
A GD deriva de diversas fontes primrias de energia tanto renovveis (biomassa)
quanto no renovveis (sobretudo gs natural), no se vinculando a uma tecnologia especfica.
H duas vertentes distintas de possibilidade de atuao da GD: reserva descentralizada e fonte
de energia. A reserva descentralizada supre as mais diversas necessidades, tais como: excesso
de demanda de ponta, cobertura de apages e melhoria das condies qualitativas do
fornecimento em regies com dficit de atendimento. Agindo como fonte de energia,
7

essencialmente volta-se para atender cargas prximas, seja para autoconsumo (industrial,
predial, pblico hospitais, aeroportos), com ou sem produo de excedentes exportveis, seja
para suprir necessidades locais de distribuio de energia.
So includas na gerao distribuda as fontes alternativas de energia, tais como: gs
natural, centrais geradoras de energia eltrica, biomassa, solar, elica e pequenas centrais
hidreltricas. Tais centrais devero ser conectadas a algum sistema de distribuio de energia
eltrica, podendo ser diretamente por uma subestao ou pelo sistema de transmisso.

4.1 A GERAO DISTRIBUDA NO BRASIL

No Brasil, a gerao distribuda (tambm conhecida como gerao descentralizada), foi


definida de forma oficial atravs do Decreto n 5.163, de 30 de Julho de 2004, (BRASIL,
2004) e foi definida da seguinte forma:
Art. 14. Para os fins deste Decreto, considera-se gerao distribuda a produo de
energia eltrica proveniente de empreendimentos de agentes concessionrios, permissionrios
ou autorizados (...), conectados diretamente no sistema eltrico de distribuio do comprador,
exceto aquela proveniente de empreendimento:
I hidreltrico com capacidade instalada superior a 30MW; e
II termeltrico, inclusive de gerao, com eficincia energtica inferior a setenta e
cinco por cento, (...).
Pargrafo nico. Os empreendimentos termeltricos que utilizem biomassa ou resduos
de processo, como combustvel, no sero limitados ao percentual de eficincia energtica
prevista no inciso II do caput.
Em outras palavras, gerao distribuda qualquer fonte geradora com produo
destinada, em sua maior parte, a cargas locais ou prximas, alimentadas sem necessidade de
transporte da energia na rede de transmisso (INEE, 2002).
Atualmente no pas, grande parte da gerao de energia eltrica, o equivalente a 70,07%
da capacidade total instalada, de origem hidrulica, ou seja, proveniente das usinas
hidreltricas, PCHs e centrais geradoras hidreltricas. As usinas hidreltricas, em sua maior
parte, esto instaladas em localidades distantes dos centros de carga, o que explica o extenso
sistema de transmisso necessrio para levar tal energia a eles. A principal caracterstica desse
segmento a sua diviso em dois grandes blocos: o Sistema Interligado Nacional (mostrado
anteriormente na Figura 1), abrangendo grande parte do territrio nacional, e os Sistemas
Isolados, que correspondem praticamente regio Norte, como apresentado na Figura 2.

Figura 2 - Sistemas Isolados.


FONTE: ANEEL (2008).

A gerao distribuda atua complementando o fornecimento de energia eltrica


realizado pelo sistema, contribuindo para que a oferta de energia seja suficiente para atender a
demanda. Em 2001 a demanda por energia, aliada ao baixo nvel dos reservatrios das usinas
hidreltricas, explicitou o dficit de energia que apresentava o Brasil. Assim, o governo precisou
exercer algumas medidas para administrar a crise. Em abril de 2001, foi criada a Cmara de
Gesto da Crise de Energia Eltrica CGE, que previa solues emergenciais visando um
rpido aumento na oferta de eletricidade e na adoo de novos programas de eficincia
energtica (BAJAY; BADANHAN, 2002).
O racionamento de energia ocorrido em 2001 exps a fragilidade do sistema de gerao
no Brasil e permitiu que a discusso sobre fontes alternativas ganhasse fora. Diversos fatores
9

possibilitaram profundamente a difuso dessa tecnologia em nosso pas, entre eles a


desestruturao do setor eltrico, o baixo custo de investimento em relao s grandes centrais
eltricas, a necessidade de suprir a demanda por energia eltrica em grandes centros
consumidores e tambm em locais isolados do SIN, e a preocupao cada vez mais frequente e
necessria com a questo ambiental.
Atualmente, a GD responsvel por 22,83% da energia eltrica gerada no Brasil,
chegando a mais de 28.535 MW de potncia, como mostrado na Tabela 1, ordenada por tipos
de gerao.

Tabela 1 - Gerao atual de energia eltrica no Brasil.

Convencional
(fontes alternativas)

Gerao Distribuda

Gerao

Gerao

Tipo

Quantidade

Potncia

Em

(kW)

Usina Hidreltrica

190

82.932.424

66,49

Usina Termeltrica - Petrleo e Derivados

962

7.167.858

5,67

Usina Termeltrica Carvo Natural

10

1.944.054

1,54

Usina Termonuclear

2.007.000

1,70

Usina Termeltrica Gs Natural e de

146

13.393.496

10,60

Usina Termeltrica Biomassa

437

9.349.937

7,35

Pequena Central Hidreltrica e Central

815

4.246.890

3,58

Central Geradora Elica

76

1.543.042

1,30

Usina Fotovoltaica

1.494

~0

Processo

Geradora Hidreltrica

FONTE: Banco de Informaes de Gerao (BIG), 2012.

A contribuio da GD no panorama energtico nacional ser cada vez mais significante


visto que a busca por fontes alternativas para a produo de energia uma tendncia mundial.
Alm disso, o PROINFA participa de maneira expressiva nessa contribuio. O Programa de
Incentivo s Fontes Alternativas de Energia Eltrica (PROINFA) foi criado pelo Governo
Federal atravs da Lei n 10.438, de 26 de Abril de 2002, (BRASIL, 2002) com o intuito de
aumentar a participao da energia eltrica produzida por empreendimentos concebidos com
base elica, biomassa e pequenas centrais hidreltricas, diversificando a matriz energtica
brasileira e buscando alternativas para aumentar a segurana dos sistemas no abastecimento de
energia, alm de valorizar as potencialidades regionais e locais. Tal programa implantou, at 31
de Dezembro de 2.011, um total de 119 empreendimentos, constitudo por 41 usinas elicas, 59

10

PCHs e 19 termeltricas a biomassa, somando 2.649,87 MW de potncia (ELETROBRS,


2011).
Com relao s perspectivas futuras, estudos do Ministrio de Minas e Energia (MME)
estimam que a parcela de energia gerada por fontes alternativas, onde se enquadra a energia
gerada pela GD, seja de 46,6% em 2030.
A partir da anlise dos dados retirados do Balano Energtico Nacional, (EPE, 2011)
dos anos de 2004 e 2006, e do Plano Nacional de Energia 2030 (EPE, 2007), a energia nuclear,
o carvo mineral e o gs natural tero maior participao relativa na gerao de energia eltrica,
resultando em menor gerao relativa pelas usinas hidreltricas.

4.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA GERAO DISTRIBUDA

A gerao distribuda oferece vantagens tanto para o consumidor final, quanto para a
concessionria de energia e o gerador, sendo algumas delas decorrentes de sua usual
proximidade aos locais de consumo. Com isso, podemos citar: existncia de reservas de gerao
e diminuio das perdas na rede de transmisso/distribuio, proporcionando maior estabilidade
ao sistema; reduo dos riscos de planejamento, dos investimentos e do tempo para implantao
de novas centrais, devido ao tamanho reduzido das mesmas; podem ser implementados
geradores de emergncia; aumento da confiabilidade do suprimento aos consumidores prximos
produo local por adicionar fonte no sujeita a falhas na transmisso e distribuio,
garantindo a continuidade do mesmo. Alm de suprir a energia localmente, a GD desempenha
um papel importante para o conjunto do Sistema Interligado, at mesmo quando no
despachada, pois aumenta as reservas de potncia junto a essas cargas, reduzindo os riscos de
instabilidade e aumentando a confiabilidade do suprimento Alm disso, permite o aumento da
eficincia energtica e a diminuio dos impactos ambientais.
As desvantagens tambm devem ser consideradas, como a maior complexidade da
coordenao da proteo, planejamento e operao do sistema eltrico, alm da maior
complexidade administrativa, contratual e comercial; maior custo de gerao de energia e de
manuteno das centrais eltricas.
As principais barreiras para a disseminao de fontes renovveis alternativas na gerao
de energia eltrica no Brasil seriam o seu custo tecnolgico mais elevado, quando comparado ao
das fontes convencionais, e a dificuldade de financiamento. O nvel de desenvolvimento que
ainda se encontram algumas das tecnologias e as produes em escala no industrial, ainda no
as tornam atrativas sob o ponto de vista econmico.

11

5. AS PEQUENAS CENTRAIS HIDRELTRICAS


As PCHs so empreendimentos de explorao de recursos hdricos para produo de
energia eltrica, no qual se instalam turbinas hidrulicas acopladas aos geradores de
eletricidade, que so impulsionadas pelo fluxo dgua resultante de um desnvel provocado por
barragem ou um curso dgua (Polizel, 2007).
Estes empreendimentos surgem como alternativa na tentativa de minimizar os impactos
causados pelas usinas hidreltricas. Embora tambm causem danos ao meio ambiente, sua
dimenso incomparavelmente menor devido a suas caractersticas (no necessitam de grandes
reservatrios e operam a fio dgua). As pequenas centrais possibilitam ainda, melhor
atendimento s necessidades de carga de pequenos centros urbanos e regies rurais, e
representam um dos principais focos de prioridade com relao expanso da oferta de energia
eltrica no Brasil.

5.1 O QU UMA PEQUENA CENTRAL HIDRELTRICA?

Segundo a resoluo n 394 de 04 de Dezembro de 1998 da ANEEL (Agncia Nacional


de Energia Eltrica), PCH (Pequena Central Hidreltrica) toda usina hidreltrica de pequeno
porte cuja capacidade instalada seja superior a 1MW e igual ou inferior a 30MW. Alm disso, a
rea do reservatrio deve ser igual ou inferior a 3km. Tal rea delimitada pela cota dgua
associada vazo de cheia com tempo de recorrncia de 100 anos.
As PCHs podem ser classificadas quanto potncia instalada e quanto queda de
projeto, como mostrado na Tabela 2.

Tabela 2 - Classificao das PCHs quanto potncia e queda do projeto.


Classificao das centrais

Queda de Projeto Hd (m)

Potncia (kW)

Baixa
Micro

P < 100

Mini

100 < P < 1.000

Pequenas

Hd < 15

Mdia
15 < Hd < 50

Alta
Hd > 50

Hd < 20 20 < Hd < 100 Hd > 100

1.000 < P < 30.000 Hd < 25 25 < Hd < 130 Hd > 130

FONTE: ELETROBRS (2012).

Segundo Polizel (2007), h dois tipos de PCHs:


1 PCH de acumulao: so empregadas para regularizar as vazes hdricas necessrias
para a produo de energia eltrica. Este tipo construdo quando a vazo do curso dgua no
12

for suficiente para suprir a descarga necessria do sistema gerador. Neste caso, a barragem
acumula gua nas horas de baixo consumo eltrico para utilizar nos perodos de alta demanda.
2 PCH a fio dgua: a vazo no regularizada por meio de acumulao. Tal tipo
adotado quando a vazo mnima do rio for maior do que a descarga necessria para atender
demanda de gerao eltrica.

5.1.1 OPERAO E PRINCIPAIS COMPONENTES DE UMA PCH


Pequenas centrais hidreltricas operam, tipicamente, a fio dgua, ou seja, permitem a
passagem contnua de toda gua com capacidade nominal mais estvel, aproveitando a vazo
natural dos rios sem precisar estocar grandes quantidades de gua. Com isso, em ocasies de
estiagem, a vazo disponvel pode ser menor que a capacidade das turbinas, causando
ociosidade. Em situaes contrrias, as vazes so maiores que a capacidade de engolimento
das mquinas, fato esse que permite a passagem de gua pelo vertedor.
As PCHs so instaladas principalmente em rios de pequeno e mdio porte que possuam
desnveis significativos o suficiente para gerar potncia hidrulica que movimentar as turbinas
da usina; a turbina por sua vez acionar o gerador eltrico, transformando a energia cintica de
rotao em energia eltrica. Tal energia levada, atravs de cabos eltricos ou barras
condutoras, dos terminais do gerador at o transformador elevador, onde sua tenso ser elevada
para a adequada conduo, por meio de linhas de transmisso, at os centros de consumo. A
tenso tem seu valor elevado, principalmente, para reduzir as perdas atravs dos fios condutores
das linhas de transmisso.
Os principais componentes de uma pequena central hidreltrica, e suas respectivas
funes, so citados a seguir:

Reservatrio: acumula gua para regularizar o rio e garantir a vazo mnima a ser turbinada.
Vertedouro: controla o nvel do reservatrio impedindo que, durante uma grande cheia, a gua
passe por cima da barragem, danificando sua estrutura.
Barragem: tem a funo de reter a gua, criando artificialmente um desnvel. Podem ser
construdas com os mais diversos tipos de materiais (pedras, concreto, madeira ou alvenaria de
tijolos) e no caso das PCHs, no tm a funo de acumulao, mas sim a de desviar parte da
vazo para o canal de aduo. Tal caracterstica responsvel pela sua forma de operao
(operao a fio dgua).
Tomada dgua: estrutura, geralmente construda de concreto, responsvel pela captao de
gua do reservatrio.

13

Canal de aduo: sua funo conduzir a gua do reservatrio da tomada dgua cmara de
carga; segue uma mesma curva de nvel.
Cmara de carga: elemento que liga o canal de aduo ao conduto forado
Conduto forado: conduz a gua sob presso do trecho mais inclinado at a casa de mquinas,
onde ir ser turbinada.
Casa de mquinas: construo que abriga os grupos geradores (turbina e gerador eltrico) e os
equipamentos de controle; em alguns casos pode abrigar ainda os equipamentos eltricos de
transmisso.
Canal de fuga: devolve ao leito do rio a vazo de gua que passou pela turbina.
Alguns dos principais componentes podem ser observados na figura abaixo, que
representa o esquema de operao de uma PCH.

Figura 3 - Esquema de uma PCH.


FONTE: CERPCH (2012).

5.1.2 ETAPAS E DOCUMENTAO


Ao decidir-se pela implantao de uma PCH, o investidor deve tomar algumas
providncias para mitigar os impactos ambientais. Uma vez identificado que o projeto
economicamente vivel, iniciam-se os estudos para a elaborao do EIA (Estudo de Impacto
Ambiental) e do RIMA (Relatrio de Impacto ao Meio Ambiente) para a avaliao dos impactos
ambientais. Com a verificao de que tais documentos so favorveis implantao, outras
providncias se fazem necessrias, tais como a obteno das licenas prvia (LP), de instalao
14

(LI) e de operao (LO), alm da outorga da utilizao da gua com a finalidade especfica para
gerao de energia, (ELETROBRS, 1998).
As etapas e procedimentos necessrios para a instalao de uma pequena central
hidreltrica so apresentados no fluxograma abaixo:

15

Figura 4 - Fluxograma de implantao de uma PCH.


FONTE: PORTAL PCH

16

5.2 QUESTES SOCIOAMBIENTAIS ENVOLVENDO PCHs

Do ponto de vista socioambiental, a construo de pequenas centrais hidreltricas


tambm deve ser concebida com os mesmos cuidados que deveriam ser observados nos grandes
aproveitamentos hidreltricos. Segundo Ortiz (2005):
(...) evidente que uma PCH pode causar menor impacto do que uma
grande

central

hidreltrica,

contudo,

dentro

das

especificidades

socioambientais de uma regio, pode infligir impactos muito graves e


irreversveis para um bioma determinado e para as populaes que nele e dele
vivem (...).

Com isso, mesmo com suas caractersticas de implantao e operao (reservatrios


pequenos e instalao, geralmente, em regies com baixa densidade demogrfica), que
proporcionam menores impactos ao meio-ambiente e s populaes vizinhas, so necessrios
estudos socioeconmicos e ambientais para ser vivel a instalao de uma pequena central
hidreltrica. Desta forma, faz-se necessrio um tratamento abrangente da questo ambiental, em
consonncia com a Poltica Nacional de Meio Ambiente.
A Resoluo CONAMA n 001, de 23 de Janeiro de 1986, estabelece que o
licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, dentre elas as centrais
hidreltricas acima de 10 MW, depender de elaborao de Estudo de Impacto Ambiental - EIA,
e respectivo Relatrio de Impacto Ambiental RIMA, a serem submetidos aprovao do
rgo competente. Estes documentos distintos servem como instrumento de Avaliao de
Impacto Ambiental AIA, parte integrante do processo de licenciamento ambiental. No EIA
apresenta o detalhamento de todos os levantamentos tcnicos, onde se avaliam os impactos
decorrentes de um determinado projeto, e tambm so apresentadas medidas mitigadoras. O
RIMA contm a concluso do estudo, em linguagem acessvel, para facilitar a anlise por parte
do pblico interessado.

5.3 LEGISLAO E NORMAS

Na Constituio da Repblica Federativa do Brasil, 1988, destacam-se os seguintes


dispositivos sobre o aproveitamento dos recursos hidrulicos para fins de gerao de energia
eltrica, (BRASI, 1998):
Art. 20 So bens da Unio: VIII os potenciais de energia hidrulica (...).
Art. 21 Compete Unio: XII explorar, diretamente ou mediante autorizao,
concesso ou permisso: os servios e instalaes de energia eltrica e o aproveitamento
energtico dos cursos de gua, em articulao com os Estados onde se situam os potenciais

17

hidroenergticos; XIX instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hdricos e


definir critrios de outorga de direitos de seu uso. (Alterado pelas Emendas Constitucionais n
8/95 e 19/98)
Art. 23 competncia comum da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municpios: IX registrar, acompanhar e fiscalizar as concesses de direitos de pesquisa e
explorao de recursos hdricos e minerais em seus territrios.
Art. 176 As jazidas, em lavra ou no, e demais recursos minerais e os potenciais de
energia hidrulica constituem propriedades distinta da do solo, para efeito de explorao ou
aproveitamento, e pertencem Unio, garantida ao concessionrio a propriedade do produto da
lavra. 4 No depender de autorizao ou concesso o aproveitamento do potencial de energia
renovvel de capacidade reduzida. (Alterado pela Emenda Constitucional n 6/95)
Art. 255 Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e
coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras geraes.

5.3.1 LEIS

Lei n 9.427, de 26 de Dezembro de 1996. Institui a Agncia Nacional de Energia


Eltrica ANEEL - disciplina o Regime das Concesses de servios pblicos de energia eltrica
e d outras providncias.
Lei n 9.648, de 27 de Maio de 1998. Altera dispositivos das Leis n 3.890-A, de 25 de
abril de 1961, n 8.666, de 21 de Junho de 1993, n 8.987, de 13 de Fevereiro de 1995, n 9.074,
de 7 de Julho de 1995 e n 9,427, de 26 de Dezembro de 1996, autoriza o Poder Executivo a
promover a reestruturao da ELETROBRS e de suas subsidirias e d outras providncias.
Lei n 10.433, de 24 de Abril de 2002. Dispe sobre a autorizao para a criao do
Mercado Atacadista de Energia Eltrica MAE, pessoa jurdica de direito privado, e d outras
providncias.
Lei n 10.438, de 26 de Abril de 2002. Esta Lei dispe sobre a expanso da oferta de
energia eltrica emergencial, recomposio tarifria extraordinria, cria o PROINFA, a Conta de
Desenvolvimento Energtico (CDE), dispe sobre a universalizao do servio pblico e d
nova redao s Leis 9.427, de 1996; 9.648, de 1998; 3.890-A, de 1961, 5.665, de 1971; 5.899,
de 1973 e 9.991, de 2000.

18

5.3.2 DECRETOS

Decreto n 41.019, de 26 de Fevereiro de 1957. Regulamenta os servios de energia


eltrica.
Decreto n 2.003, de 10 de Setembro de 1996. Regulamenta a produo de energia
eltrica por produtor independente e por autoprodutor, e d outras providncias.
Decreto n 2.335, de 06 de Outubro de 1997. Constitui a ANEEL, autarquia sob
regime especial, aprova sua estrutura regimental e o quadro demonstrativo dos cargos e
comisso e funes de confiana e d outras providncias.
Decreto n 2.655, de 2 de Julho de 1998. Regulamenta o MAE, define as regras de
organizao do Operador Nacional do Sistema Eltrico (ONS), de que trata a Lei n 9.648, de
27 de Maio de 1998.
Decreto n 4.541, de 23 de Dezembro de 2002. Regulamenta os arts. 3, 13, 17 e 23 da
Lei n10.438, de 26 de Abril de 2002, que dispe sobre a expanso da oferta de energia eltrica
emergencial, recomposio tarifria extraordinria, cria o PROINFA e a CDE, e d outras
providncias. (BRASIL, 2002).

5.3.3 RESOLUES ANEEL

Resoluo ANEEL n 233, de 14 de Julho de 1998. Aprova a norma de organizao da


ANEEL, que dispe sobre os procedimentos para o funcionamento, a ordem dos trabalhos e os
processos da Diretoria nas matrias relativas regulao e a fiscalizao dos servios e
instalaes de energia eltrica.
Resoluo ANEEL n 264, de 13 de Agosto de 1998. Estabelece as condies para a
contratao de energia eltrica por consumidores livre.
Resoluo ANEEL n 265, de 13 de Agosto de 1998. Estabelece as condies para o
exerccio da atividade de comercializao de energia eltrica.
Resoluo ANEEL n 290, de 03 de Agosto de 2000. Homologa as regras do MAE e
fixa as diretrizes para sua implantao gradual.
Resoluo ANEEL n 394, de 04 de Dezembro de 1998. Estabelece os critrios para o
enquadramento de empreendimentos hidreltricos na condio de pequenas centrais
hidreltricas.
Resoluo ANEEL n 395, de 04 de Dezembro de 1998. Estabelece os procedimentos
gerais para registro e aprovao de estudos de viabilidade e projeto bsico de empreendimentos
de gerao hidreltrica, assim como da autorizao para explorao de centrais hidreltricas at
30MW.
19

Resoluo ANEEL n 281, de 01 de Outubro de 1999. Estabelece as condies gerais


de contratao do acesso, compreendendo o uso e a conexo, aos sistemas de transmisso e
distribuio de energia eltrica.
Resoluo ANEEL n 333, de 02 de Dezembro de 1999. Estabelece as condies
gerais para a implantao de instalaes de energia eltrica de uso privativo, dispe sobre
permisso de servios pblicos de energia eltrica e fixa regras para regularizao de
cooperativas de eletrificao rural.
Resoluo ANEEL n 371, de 29 de Dezembro de 1999. Regulamenta a contratao e
comercializao de reserva de capacidade por autoprodutor ou produtor independente para
atendimento da unidade consumidora diretamente conectada s suas instalaes de gerao.
Resoluo ANEEL n 173, do Diretor-Geral da ANEEL, de 07 de Maio de 1999.
Estabelece os procedimentos de autorizao para explorao de central hidreltrica, com
potncia superior a 1MW e igual ou inferior a 30MW, destinada a autoproduo ou produo
independente.
Resoluo ANEEL n 169, de 03 de Maio de 2001. Estabelece os critrios para
atualizao do Mecanismo de Realocao de Energia (MRE) por centrais hidreltricas no
despachadas centralizadamente.
Resoluo ANEEL n 170, de 04 de maio de 2001. Estabelece as condies especiais
para comercializao temporria de energia eltrica oriunda de excedentes de centrais
cogeradoras, autoprodutoras e centrais geradoras de emergncia.
Resoluo ANEEL n 718, de 28 de Dezembro de 2001. Estabelece as regras para a
contratao do acesso temporrio aos sistemas de transmisso e distribuio de energia eltrica.
Resoluo ANEEL n 102, de 01 de Janeiro de 2002. Institui a Conveno do MAE.
Resoluo ANEEL n 103, 01 de Janeiro de 2002. Autoriza o MAE, pessoa jurdica
do direito privado, sem fins lucrativos, a atuar segundo regras e procedimentos de mercado
estabelecido pela ANEEL.
Resoluo ANEEL n 433, de 06 de Agosto de 2002. Estabelece os procedimentos e as
condies para incio da operao em teste e da operao comercial de empreendimentos de
gerao de energia eltrica.
Resoluo ANEEL n 446, de 22 de Agosto de 2002. Estabelece ajustes nas etapas e no
cronograma para implantao das regras do mercado e consolidao do MAE.
Resoluo ANEEL n 150, de 01 de Maio de 2003. Estabelece os percentuais de
reduo do reembolso previsto na sistemtica da CCC Contas de Consumo de Combustveis,
para as usinas que utilizem carvo mineral nacional.
Resoluo ANEEL n 237, de 21 de Maio de 2003. Determina ajustes no cronograma
para implantao das regras do MAE, estabelecido por meio da Resoluo ANEEL n 446, de
22 de Agosto de 2002.
20

Resoluo ANEEL n 259, de 09 de Junho de 2003. Estabelece os procedimentos


gerais para requerimento de declarao de utilidade pblica, para fins de desapropriao ou
instituio de servido administrativa, de reas de terras necessrias implantao de
instalaes de gerao, transmisso ou distribuio de energia eltrica, por concessionrios,
permissionrios ou autorizados.
Resoluo ANEEL n 396, de 06 de Agosto de 2003. Altera o prazo de vigncia
estabelecido no 2 do art. 4 da Resoluo ANEEL n 169, de 03 de Maio de 2001, para as
pequenas centrais hidreltricas (BRASIL, 2003).
Visando revitalizar a participao das PCHs na matriz energtica nacional, o Governo
Federal passou a oferecer incentivos para tornar tal empreendimento mais interessante. Para
isso, foram criados diversos decretos, leis e resolues, que instituram privilgios como
descontos e iseno de tarifas e impostos.

5.4 ATUAL SITUAO E CONTRIBUIO DAS PCHs NO SETOR


ELTRICO BRASILEIRO
Com base no banco de Informaes de Gerao BIG, da ANEEL, o Brasil possui
atualmente 2.645 empreendimentos energticos em operao e que so responsveis pela
gerao de 118.346.158 kW de potncia fiscalizada, valor este considerando apenas o lado
brasileiro da Itaipu Binacional e no adicionado da energia importada de pases vizinhos como
Argentina, Venezuela e Uruguai. Do total de usinas, 185 so hidreltricas, 1.559 termeltricas
(abastecidas por fontes diversas como biomassa, leo diesel, gs natural e leo combustvel),
duas nucleares, 431 PCHs, oito solares fotovoltaicas, 384 centrais geradoras hidreltricas
(pequenas usinas hidreltricas) e 76 elicas.
Este segmento possui 1.432 agentes produtores regulados entre autoprodutores,
produtores independentes, comercializadores e concessionrios de servio pblico de gerao. O
BIG relaciona, ainda, 174 empreendimentos em construo e 550 outorgados, o que acarretar,
nos prximos anos, na insero de 48.111.844 kW capacidade de gerao j instalada no pas.
Embora 66,67% dos empreendimentos em construo sejam de usinas elicas e pequenas
centrais hidreltricas, a maior parte das potncias instalada e prevista (65,57%) provm ainda
das usinas hidreltricas, como apresentado na Tabela 3.

21

Tabela 3 - Empreendimentos em operao, em construo e outorgados.


Empreendimentos em Operao
Tipo

Quantidade Potncia Fiscalizada (kW) Potncia


(em %)

Central Geradora Hidreltrica (CGH)

384

229.049

0,19

Central Geradora Eolieltrica (EOL)

76

1.543.042

1,30

Pequena Central Hidreltrica (PCH)

431

4.017.841

3,39

1.494

Usina Hidreltrica de Energia (UHE)

185

78.685.534

66,49

Usina Termeltrica de Energia (UTE)

1.559

31.862.198

26,92

2.007.000

1,70

2.645

118.346.158

100

Usina Fotovoltaica (UFV)

Usina Termonuclear (UTN)


Total

Empreendimentos em Construo
Tipo

Quantidade

Potncia Outorgada (kW)

Potncia
(em %)

Central Geradora Hidreltrica

848

Central Geradora Eolieltrica

63

1.570.694

5,63

Pequena Central Hidreltrica

53

588.827

2,11

Usina Hidreltrica de Energia

12

18.282.400

65,57

Usina Termeltrica de Energia

44

6.090.419

21,84

Usina Termonuclear

1.350.000

4,84

174

27.883.188

100

Total

Empreendimentos Outorgados entre 1998 e 2012


(no iniciaram sua construo)
Tipo

Quantidade

Potncia Outorgada (kW)

Potncia
(em %)

Central Geradora Hidreltrica

57

37.514

0,19

Central Geradora Undi-Eltrica

50

Central Geradora Eolieltrica

202

5.688.207

28,12

Pequena Central Hidreltrica

132

1.826.532

9,03

Usina Hidreltrica de Energia

11

2.179.042

10,77

Usina Termeltrica de Energia

147

10.497.311

51,89

Total

550

20.228.656

100

FONTE: Banco de Informaes de Gerao (BIG), 2012.

22

Como mostrado na tabela acima, as pequenas centrais hidreltricas so responsveis por


3,39% da capacidade total produzida. As PCHS que esto sendo construdas representam
30,46% do total de empreendimentos, ficando atrs apenas das usinas elicas e por dez
unidades. Em relao aos empreendimentos outorgados, elas perdem posio para as usinas
termeltricas. As UTEs e PCHs possuem o maior nmero de empreendimentos em operao no
pas; isso se deve ao rpido retorno do investimento aplicado nelas e a vantagem de sua
instalao em localidades isoladas.
Embora as PCHs se utilizem da mesma fonte para a gerao de energia, os impactos
ambientais causados pelas mesmas so incomparavelmente menor do que aqueles oriundos da
instalao de usinas hidreltricas. Outra notvel diferena a menor complexidade presente no
processo regulamentar que autoriza a construo das PCHs, pois no se faz necessrio o estudo
de viabilidade nem a licitao. Aps a realizao do estudo de inventrio, a seleo do
empreendedor pela ANEEL baseada de acordo com critrios pr-definidos; o rgo ainda
responsvel pela avaliao do projeto bsico da usina e a concesso da liberao para sua
instalao.

5.5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS PCHs

de interesse mundial a utilizao de fontes renovveis para a produo de energia e,


de preferncia, que resultem em mnimo impacto ao meio ambiente, priorizando a gerao
sustentvel; esta uma das principais vantagens no uso das PCHs. Em tempos onde discutida
a diminuio da emisso de gases (CO2, CH4, entre outros) na atmosfera terrestre, j existem
PCHs que comercializam crditos de carbono, provando sua sustentabilidade. Contribuem,
ainda, com a diminuio da emisso de gases de efeito estufa ao substituir fontes trmicas
fsseis. Outra importante vantagem seria a descentralizao na gerao de energia,
possibilitando um melhor atendimento s necessidades de carga de pequenos centros urbanos e
regies rurais, pois complementa o fornecimento realizado pelo sistema interligado. Podemos
citar ainda: custo acessvel, prazo reduzido de construo devido s obras civis de pequeno
porte, disponibilidade de tecnologias eficientes, reduo nas perdas do sistema eltrico e
desenvolvimento regional.
As facilidades oferecidas pela Legislao tm papel significativo; dentre os benefcios,
podemos citar: necessidade apenas de autorizao da ANEEL para implantao; reduo, no
mnimo, de 50% para as tarifas de uso dos sistemas eltricos de transmisso e distribuio;
garantida participao nas vantagens tcnicas e econmicas da operao interligada; iseno do
pagamento da compensao financeira pelo uso dos recursos hdricos.

23

O principal fator negativo relacionado s PCHs o alto custo do kW produzido pelas


mesmas. Por operarem a partir de um fio dgua, o reservatrio no permite a regularizao do
fluxo de gua, estando totalmente sujeita sazonalidade hdrica, ou seja, em pocas de chuvas
escassas as mquinas ficam subutilizadas, podendo ocorrer sua ociosidade. A burocracia para a
liberao ambiental, embora simplificada, ainda pode causar atrasos na sua concepo.

24

6. USINAS HIDRELTRICAS
Conforme a terceira edio do Atlas de Energia Eltrica do Brasil, desenvolvido pela
ANEEL em 2008, a gua o recurso natural mais abundante no planeta e tambm uma das mais
eficazes fontes capazes de gerar energia eltrica. Alm disso, uma fonte renovvel, j que os
efeitos da energia solar e da fora da gravidade fazem com que o lquido se transforme em
vapor e se condensa em nuvens, retornando superfcie terrestre sob a forma de chuvas.
A energia hidreltrica gerada pelo aproveitamento do fluxo das guas em uma usina
de energia na qual as obras civis, que envolvem tanto a construo quanto o desvio do rio e a
formao do reservatrio, possuem igual ou maior importncia que os equipamentos instalados.
Na produo da mesma necessrio integrar a vazo do rio, a quantidade de gua disponvel em
determinado perodo de tempo e os desnveis do relevo, sejam eles naturais, como as quedas
dgua, ou criados artificialmente.
A usina composta pelos seguintes itens essenciais: barragem, reservatrio, sistema de
captao e aduo de gua, casa de fora e vertedouro, que funcionam em conjunto. A gua do
reservatrio (ou lago) formada pelo fechamento da barragem, que interrompe o curso normal
do rio e permite a formao do mesmo. O sistema de captao e aduo de gua constitudo
por tneis, canais e/ou condutos metlicos que a conduzem at a casa de fora, onde se passar
por turbinas hidrulicas que esto acopladas a geradores, nos quais a potncia mecnica
transformada em potncia eltrica; aps passar pela turbina, a gua retorna ao leito natural do
rio. O vertedouro responsvel por permitir a sada de gua sempre que os nveis do
reservatrio ultrapassarem os limites recomendados, seja por excesso de chuvas ou pela
existncia de gua em quantidade maior do que a necessria para a gerao. A energia
conduzida por cabos ou barras condutoras dos terminais do gerador at o transformador
elevador, onde a tenso ter seu valor elevado para permitir a conduo, pelas linhas de
transmisso, at os centros consumidores. Neles, por meio de transformadores abaixadores, o
nvel da tenso ter seu valor reduzido para a utilizao da energia em residncias, comrcios e
indstrias.
A figura abaixo (Figura 5) apresenta os principais componentes presentes em uma
usina hidreltrica.

25

Figura 5 - Esquema de uma usina hidreltrica.


FONTE: WIKIPEDIA (2012)

6.1 PARTICIPAO NA MATRIZ ENERGTICA NACIONAL


As usinas hidreltricas representavam, h alguns anos atrs, cerca de 90% da capacidade
total instalada no pas. Atualmente essa participao recuou para 66,5%, o que representa 78,69
GW. Tal fato se deve construo de novas usinas que se utilizam de outras fontes de energia,
em ritmo maior que aquele verificado pelas mesmas. Conforme observado na Tabela 3, o
nmero de UHEs em construo e outorgadas muito menor se comparados aos dos outros
tipos de empreendimentos. Porm, elas continuam sendo responsveis pela gerao de mais de
50% de energia no pas.

6.2 VANTAGENS DAS UHEs


Qualquer empreendimento gerador de energia eltrica causa impactos sociais e
ambientais. Em comparao com as alternativas economicamente viveis (usinas trmicas e
nucleares), as usinas hidreltricas so consideradas formas mais eficientes, limpas e seguras de
se produzir energia eltrica. Suas atividades, em comparao com as termeltricas movidas a
combustveis fsseis, provocam menor emisso de gases causadores do efeito estufa. Alm
disso, no envolvem os riscos implicados, por exemplo, na operao das usinas nucleares, como
vazamento e contaminao de trabalhadores e populao com material radioativo, e tm custo
operacional mais baixo do que as outras fontes de energia, proporcionando energia mais barata,
26

onde no so necessrias constantes melhorias tecnolgicas para aumentar a eficincia da


explorao do recurso. O aproveitamento hidreltrico auxilia no amortecimento das cheias e
permite projetos complementares de desenvolvimento econmico e social regional, como
navegao, irrigao, piscicultura e abastecimento.
Uma descoberta mais recente em favor desse tipo de empreendimento o mtodo para
aproveitamento da madeira inundada, que promove a retirada da vegetao antes da rea ser
inundada para formar o reservatrio. Este procedimento, alm de diminuir a emisso de gases
causadores do efeito estufa, como o gs carbnico e o gs metano, promove o desenvolvimento
econmico da regio, pois a madeira pode ser utilizada em atividades geradoras de renda e
tambm na construo civil, alm de ser utilizada como combustvel em usinas termeltricas.

6.3 DESVANTAGENS E IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS

de ordem mundial as discusses sobre os impactos ambientais provenientes das usinas


hidreltricas, assim como de todos os tipos de empreendimentos geradores de energia eltrica.
Tais usinas tm se revelado insustentveis a partir de critrios que identificam os problemas
fsico-qumico-biolgicos provocados pela sua implantao. A construo e utilizao daquelas
podem apresentar uma srie de consequncias negativas que abrangem desde alteraes
climticas, hidrolgicas e geomorfolgicas locais at a morte de espcies que vivem nas reas
de inundao e suas proximidades, alm da possvel perda de recursos minerais pelo
alagamento. O desajuste do regime hidrolgico afeta a biodiversidade da plancie e pode
acarretar a interrupo do ciclo de vida de muitas espcies. Hidreltricas exigem o represamento
do rio e a formao de um lago artificial que, aliado s modificaes no ambiente decorrentes da
presena do homem, principalmente pelas migraes relacionadas obra, provocam o
desequilbrio dos ecossistemas, podendo favorecer a propagao de endemias. O elevado custo
de capital da obra, o tempo longo para o incio das operaes (projeto, sua aprovao e
construo) e o retorno de investimento relativamente longo, so tambm exemplos de
desvantagens oriundas da presena de tais usinas.
Uma das questes contrrias mais recentemente levantada a de que usinas
hidreltricas, proclamadas como uma tcnica ecologicamente correta de se produzir energia,
provocam sim o efeito estufa. Aps estudos realizados, cientistas esto responsabilizando-as
pela emisso de gases estufa. Um relatrio da Comisso Mundial de Represas afirma que
algumas hidreltricas lanam tanto gs carbnico (CO2) e metano (CH4) na atmosfera quanto as
usinas termeltricas que queimam carvo mineral. O motivo se deve grande rea de floresta
que inundada com a construo da represa; essa vegetao apodrece, lanando no ar doses
gigantescas dos gases poluentes.
27

Os impactos socioeconmicos merecem igual ateno, pois a instalao no afeta


apenas o meio-ambiente, mas tambm as populaes presentes e vizinhas das reas alagadas.
Com a construo da grande rea do reservatrio, comunidades ribeirinhas so expulsas de seus
locais de origem e se tornam obrigadas a migrarem para outras localidades, fato esse que
ocasiona grandes alteraes nas atividades econmicas ligadas ao uso da terra e da gua,
impedindo seu desenvolvimento social. Outro risco apresentado a degenerao de valores
etnoculturais, principalmente quando se atinge comunidades indgenas como aconteceu, por
exemplo, nas usinas de Balbina (com os Waimiri-Atroari) e de Tucuru (com os Paracan).

28

7. GERAO DISTRIBUDA E PCHs VERSUS USINAS


HIDRELTRICAS
A base da gerao de energia eltrica no Brasil hidrulica, onde as pequenas centrais
hidreltricas e as usinas hidreltricas se utilizam da mesma fonte para a gerao de energia, a
gua. A ANEEL as classificou em categorias distintas utilizando, como critrio, os valores
mximos de potncia instalada e de rea inundada para a formao do reservatrio. essa
significante diferena nas dimenses do lago artificial que se caracteriza como a maior
vantagem das PCHs sobre as UHEs: os impactos ambientais provenientes da instalao das
primeiras so incomparavelmente menores. Em um mundo onde cada vez se discute mais a
preservao do meio ambiente, tal diferena assume enorme importncia. Ocorre ainda a
suavizao das questes socioeconmicas, visto que no se faz necessria a desapropriao de
enormes reas, fato esse que ocasiona o remanejamento das populaes ribeirinhas.
Como a maioria das hidreltricas esto localizadas distantes dos grandes centros
consumidores, necessria a implantao de grandes sistemas de transmisso e distribuio,
tornando a gerao centralizada. Em direo oposta tem-se tambm a gerao distribuda
(descentralizada) que se caracteriza por produzir menor capacidade e ser conectada na rede local
de distribuio de energia prxima aos centros de consumo, diminuindo os custos com a
transmisso de energia, entre outros. A gerao distribuda baseia-se em fontes elicas, solares,
PCHs e trmicas (a biomassa e gs natural). Tais fontes de energia renovveis alternativas so
tambm menos agravantes natureza e trazem consigo problemas sociais de menor intensidade.
Por serem caracterizadas pela gerao descentralizada, tanto a gerao distribuda
quanto as pequenas centrais promovem o melhor atendimento s necessidades de consumo de
pequenas regies urbanas e localidades rurais. Ambas no atuam competindo com a gerao
hidreltrica, mas sim complementando o fornecimento realizado pelo sistema.

29

8. CONCLUSO
O desenvolvimento socioeconmico de um pas no seria possvel, entre outros fatores,
sem a utilizao da energia eltrica. O Brasil, assim como os outros pases, necessita de mais e
melhor energia para atender suas necessidades de crescimento e melhoria da qualidade de vida
de sua populao. Para isso necessrio o melhor aproveitamento de seu potencial hidrulico e
a diversificao de sua matriz energtica, alm de utilizar-se de fontes geradoras alternativas e
desenvolver novas tecnologias para obteno de energia eltrica a menor custo e maior
preservao do meio ambiente. fundamental para o crescimento nacional que a energia
produzida seja universalizada e que tenha qualidade em seu fornecimento. Para tanto a gerao
distribuda, que engloba as pequenas centrais hidreltricas, entre outras fontes geradoras, uma
interessante alternativa para o cenrio energtico nacional, pois causa impactos ambientais de
intensidade menor que aqueles oriundos da implantao de usinas hidreltricas e outras fontes
no-renovveis, e promovem a descentralizao da energia, j que permitem o melhor
atendimento s necessidades de carga de pequenos centros urbanos, regies rurais e localidades
remotas.
Embora a disseminao de fontes renovveis alternativas na gerao de energia eltrica
tenha como obstculos, o elevado custo tecnolgico de alguns equipamentos e o aprimoramento
de algumas tecnologias empregadas, inegvel que a sua maior participao na matriz
energtica brasileira trar resultados socioeconmicos positivos e maior ateno com o meio
ambiente.

30

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
AGNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELTRICA (ANEEL). Legislao. BIG. Disponvel
em: <http://www.aneel.gov.br>. Acesso em: 03 jul. 2012.

ATLAS DE ENERGIA ELTRICA DO BRASIL. Agncia Nacional de Energia Eltrica, 3.


Ed. Braslia: ANEEL, 2008.

BAJAY, S. V; BADANHAN, L. F. Energia no Brasil: os prximos dez anos.


Sustentabilidade na Gerao e uso de Energia.

CARNEIRO, D. A. PCHs: Pequenas Centrais Hidreltricas: aspectos jurdicos, tcnicos e


comerciais. Rio de Janeiro: Synergia: Canal Energia, 2010. UNICAMP, Campinas. 2002.

CAMARA DE COMERCIALIZAO DE ENRGIA ELTRICA (CCEE). Disponvel em:


<http://www.ccee.gov.br>. Acesso em: 16 abr. 2012.

CENTRAIS ELTRICAS BRASILEIRAS S.A. (ELETROBRS). Disponvel em:


<http://www.eletrobras.gov.br>. Acesso em: 03 abr. 2012.

CENTRO NACIONAL DE REFERNCIA EM PEQUENAS CENTRAIS HIDRELTRICAS


(CERPCH). PCH. Disponvel em: <http://www.cerpch.unifei.edu.br>. Acesso em: 25 mar.
2012.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGTICA (EPE). Projeo da demanda de energia eltrica


2011-2020. Disponvel em: <http://www.epe.gov.br>. Acesso em: 03 abr. 2012.

INSTITUTO NACIONAL DE EFICINCIA ENERGTICA (INEE). GD e Cogerao.


Disponvel em: <http://www.inee.org.br>. Acesso em: 03 abr. 2012

MINISTRIO DE MINAS E ENERGIA (MME). Disponvel em: <http://www.mme.gov.br>.


Acesso em: 16 abr. 2012

MORAES, B.Z. Anlise Econmico-financeira de uma pequena central hidreltrica (PCH).


2010. 109 f. Dissertao (TCC) - Departamento de Cincias Administrativas, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul. 2010.

31

OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELTRICO (ONS). Mapas do SIN. Disponvel em:


<http://www.ons.gov.br>. Acesso em: 18 abr. 2012.

ORTIZ, L. S. Energias renovveis sustentveis: uso e gesto participativa no meio rural.


Porto Alegre: Ncleo Amigos da Terra/ Brasil, p. 64. 2005.

PLANO NCIONAL DE ENERGIA 2030. Ministrio de Minas e Energia; colaborao Empresa


de Pesquisa Energtica, Braslia: MME: EPE, 2007.

POLIZEL, L. H. Metodologia de prospeco e avaliao de pr-viabilidade expedita de


gerao distribuda (GD): caso elico e hidrulico. 2007. 139p. Dissertao (Mestrado)
Departamento de Engenharia de Energia e Automao Eltricas, Escola Politcnica,
Universidade de So Paulo, So Paulo. 2007.

PRESIDNCIA FEDERATIVA DO BRASIL. Legislao. Disponvel em:


<http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 03 abr. 2012.

PROGRAMA DE INCENTIVO S FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA ELTRICA


(PROINFA). Disponvel em: <http://www.mme.gov.br/programas>. Acesso em: 18 abr. 2012.

32

Você também pode gostar