Autista e A Analise Aplicada Do Comportamento PDF
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Professora Orientadora:
Esp. Carolina de Mello Nascimento
Curso:
Psicologia
FACULDADE ANHANGUERA DE CAMPINAS
UNIDADE 3
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O autista e a Anlise Aplicada do Comportamento: quais as possveis melhorias na qualidade de vida dos portadores e dos familiares a partir de uma proposta de interveno?
1.
INTRODUO
O autismo considerado um dos transtornos mais graves da infncia. O DSM-IV-TR
(2000/2002) classifica o Transtorno Autista (299.00), no quadro dos Transtornos Invasivos
do Desenvolvimento. Os principais critrios para o diagnstico so: comprometimento
qualitativo nas interaes sociais e na comunicao, padres restritos e repetitivos de
comportamentos, interesses ou atividades e atrasos ou funcionamento anormal tambm
em jogos imaginativos ou simblicos.
Pesquisas
indicam
que
crianas
com
autismo
apresentam
srios
1 Dawson, G. e Osterling, J. (1997). Early intervention in autism: effectiveness and common elements of current
approaches. In Guralnick (Ed.) The effectiveness of early intervention: Second generation research. (pp. 307-326) Baltimore:
Brookes.
2
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diagnosis of autistic spectrum disorders. Journal of Autism and Developmental Disorders, 29, 439-484.
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2.
OBJETIVO
Considerando esta proposta, o objetivo deste estudo foi instalar e modificar
comportamentos em uma criana diagnosticada com autismo, atravs de procedimentos
baseados no mtodo ABA (Applied Behavior Analysis). A interveno visa instalar
comportamento considerado adequado brincar funcional e diminuir a freqncia de
comportamentos
inadequados
classificados
como
birra.
instalao
destes
comportamentos teve como objetivo melhorar a interao social com outras crianas.
3.
METODOLOGIA
O sujeito do projeto foi uma criana (M) de 8 anos, do sexo feminino e diagnosticada com
autismo.
O comportamento escolhido para ser instalado ao repertrio da criana foi o
brincar funcional, este definido como o sujeito manipular brinquedos de forma adequada,
como por exemplo, seguir corretamente as regras de um jogo.
No experimento o brinquedo escolhido foi o Jogo da Memria. Ao total foram 13
sesses de 60 minutos cada. Em um primeiro momento (2 sesses), apenas trs pares de
Cooper, J. O., Heron, T. E., & Heward, W. L. (1987). Applied behavior analysis. Columbus, OH: Merrill Publishing.
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figuras foram utilizados (elefante, hipoptamo e girafa). Aps a terceira sesso a figura do
leo foi acrescentada (Figura 1).
4.
DESENVOLVIMENTO
Inicialmente, foi apresentado ao sujeito experimental o Jogo da Memria. A pesquisadora
realizou um pareamento (Figura 2) para que a criana conhecesse as figuras. Estas eram
colocadas, lado a lado, em cima da mesa. A experimentadora apontava a figura do
hipoptamo e pedia para que o sujeito colocasse a figura igual ao lado.
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Com esses novos pares foram feitas mais cinco sesses, com o pareamento e jogo.
A partir da terceira sesso foi introduzida uma criana (N) de 8 anos, sem diagnstico
autstico. Nesse jogo a pesquisadora apenas observou. Na quarta sesso M. jogou com B.
que tambm no foi diagnosticada com autismo. Na quinta sesso M. jogou com a
pesquisadora.
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RESULTADOS
Na primeira sesso, durante o pareamento, o sujeito achou as figuras iguais quela
apresentada, sem dificuldades. Portanto, pode-se afirmar que o sujeito passou com
sucesso por essa fase. J na segunda sesso a criana apresentou dificuldade, mesmo com
as figuras viradas para cima. Apresentou comportamentos de frustrao, como por
exemplo, verbalizava no como sinal de que no queria continuar a atividade. Estes
comportamentos foram emitidos at M compreender as regras do jogo. Tambm
apresentou comportamentos de birra como gritar e reclamar. Quando compreendeu as
regras do jogo, j na terceira sesso, entendeu que era preciso achar os pares de animais
apresentados anteriormente.
Pode-se afirmar que o sujeito entendeu as regras do jogo, pois quando a
pesquisadora havia colocado as figuras viradas para cima, o sujeito as virou para baixo,
como a pesquisadora havia introduzido em um dado momento, no final da segunda
sesso. Alm disso, ao encontrar a figura igual quela apresentada primeiro, M emitia
sons que indicavam comportamentos de comemorao.
A partir da oitava sesso a pesquisadora introduziu mais 17 pares, divididos em
quatro categorias (circo, zoolgico, casa, frutas). A fim de se familiarizar com as figuras
antes de iniciar o jogo, foi feito o pareamento da mesma, retirando o que antes j havia
realizado zoolgico. No novo pareamento, igual ao anterior, dos animais, M, confundiu a
figura do equilibrista com palhao (Figura 6), na categoria circo, mas colocou no igual
quando foi requisitada na segunda vez. Na categoria casa, confundiu sof com telefone
(Figura 7), porm colocou as figuras em devido lugar quando requisitada pela segunda
vez. Na categoria das frutas ela no confundiu nada. Aps o pareamento o jogo foi
iniciado, a criana demonstrou gostar e no apresentou comportamentos inadequados.
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Na dcima primeira sesso foi introduzida outra criana, B (8 anos), tambm sem
diagnstico autstico. Nesse jogo, M no apresentou comportamentos inadequados e
jogou at que todos os pares fossem encontrados, finalizando a partida.
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6.
CONSIDERAES FINAIS
Pode-se dizer que os objetivos foram atingidos, uma vez que a criana apresentou o
comportamento de brincar funcional, entendeu as regras do jogo e a freqncia de
comportamentos inadequados diminuiu.
Apesar de no ser um dos objetivos especficos, a modelagem de tais
comportamentos permitiram ampliar o repertrio de interao social da criana com
outras pessoas, seja com a pesquisadora e at mesmo com as outras crianas que se
dispuseram a jogar Jogo da Memria.
Esse tipo de pesquisa utilizou procedimentos que podem ser utilizados em
pesquisas futuras para modificar comportamentos, tanto adequados quanto inadequados,
discutidos ao longo da dissertao, e trazer uma melhora na qualidade de vida de um
autista e tambm de sua famlia.
Portanto provou-se que uma criana autista, no importando o grau de
comprometimento, capaz de aprender novas atividades, novos comportamentos, a
partir dos quais, ampliar suas interaes sociais e ser aceito e inserido na sociedade.
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REFERNCIAS
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