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ESTUDO DO GALGAMENTO EM ESTRUTURAS

MARÍTIMAS

Sofia Ferreira de Brito

Dissertação para obtenção do grau de Mestre em


Engenharia Civil

Júri
Presidente: António Alberto do Nascimento Pinheiro
Orientador: António Alberto Pires Silva
Maria da Graça Reis e Silva de Oliveira Neves
Vogais: António Alexandre Trigo Teixeira

Novembro de 2007
AGRADECIMENTOS

Este trabalho não seria possível sem as valiosas sugestões do Professor António Alberto Pires Silva
e da Doutora Maria da Graça Neves, respectivamente o meu orientador e co-orientadora. A ambos
agradeço toda a motivação que transmitiram, o empenho e interesse que desde a primeira hora
colocaram nesta orientação e as críticas que fizeram e tanto me ensinaram.

Ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), por todo o apoio e material fornecidos.

À PROMAN, Centro de Estudos e Projectos, S.A. pelo material dispensado para o caso de estudo da
Reabilitação do molhe sul do porto da Póvoa de Varzim.
RESUMO

O galgamento de estruturas marítimas é um fenómeno caracterizado pelo transporte de massa de


água sobre o seu coroamento. Quando a onda incide numa determinada estrutura, parte da sua
energia cinética é dissipada por rebentação ou atrito, parte é reflectida para o largo, e a restante
transforma-se em energia potencial no escoamento que ocorre sobre a estrutura. Quando o talude
não é muito extenso ou a cota de coroamento não é suficientemente elevada, esta transformação
não é total e, consequentemente, o nível máximo de espraiamento (R), associado ao escoamento
acima referido, é excedido. O caudal que passa sobre o coroamento da estrutura, q, expresso em
3
m /s por metro linear de estrutura, é função de diferentes parâmetros, relacionados com a agitação
marítima, a maré e com a geometria da estrutura.

A importância do estudo deste fenómeno deve-se às consequências que este pode ter,
especialmente em situações em que se conjugam a ocorrência de temporais, onde a rebentação é
mais violenta, com sobre elevações do nível do mar, como sejam as preia-mar de águas vivas.

O caso de estudo refere-se à reabilitação do molhe sul do porto de Póvoa de Varzim, através da qual
se pretende melhorar os aspectos estruturais, assim como diminuir os galgamentos, visto haver infra-
estruturas de interesse junto à obra. As soluções associadas a esta reabilitação e reformulação
foram ensaiadas no LNEC em modelo físico.

O presente trabalho visa comparar os resultados obtidos nos referidos ensaios, do caudal médio
galgado por metro linear de estrutura, com os valores numéricos obtidos da aplicação de
formulações empíricas referentes a geometrias semelhantes à estrutura em estudo. Foram assim
aplicadas a fórmula de Pedersen (1996), de Owen e Steele (1991) e a de Owen (1980).
Paralelamente, usou-se a metodologia de redes neuronais artificiais desenvolvida no âmbito do
projecto CLASH.

Palavras-Chave: Galgamento; Redes neuronais; Pedersen (1996); Owen e Steele (1991); Owen
(1980)
ABSTRACT

Overtopping is defined as the amount of water which exceeds the crest of coastal structures. When
the wave interacts with a structure part of its kinetic energy is dissipated by breaking and friction, part
is reflected and the remainder is converted in potential energy. When the slope is not too long or the
crest is not high enough this conversion is not total and the freeboard (R) is exceeded. Mean
3
overtopping discharge, q, expressed in m /s per linear meter of structure, is a function of different
parameters related with the wave climate, tide and with the structure geometry.

The importance of the study of this phenomenon is due to the consequences that this might have
threatening life and property, especially in stormy situations and high tide.

The case study is the rehabilitation of the southern breakwater of Póvoa de Varzim´s harbour
intended to improve structural aspects and reduce overtopping discharges. The structure has been
tested in a wave flume of the National Laboratory of Civil Engineering (LNEC).

The present work compare the mean overtopping discharge predicted by the laboratory experiments
with the ones predicted by the application of empirical methods for structures with geometry similar to
the case study. The formulas used were the formulae of Pedersen (1996), of Owen and Steele (1991)
and of Owen (1980). It has also been used an artificial neural network developed by the CLASH
project.

Keywords: Overtopping; Neural network; Pedersen (1996); Owen and Steele (1991); Owen (1980)
INDÍCE

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................1

1.1. Considerações Gerais .............................................................................................1

1.2. Objectivos e Metodologia........................................................................................3

1.3. Estruturação da dissertação...................................................................................3

2. CARACTERIZAÇÃO DO FENÓMENO .............................................................................4

2.1. Considerações Gerais .............................................................................................4

2.2. Factores Condicionantes ........................................................................................8

2.2.1. Agitação marítima............................................................................................................. 8

2.2.2. Nível de maré..................................................................................................................... 9

2.2.3. Geometria da estrutura .................................................................................................. 10

3. MÉTODOS DE CÁLCULO ..............................................................................................12

3.1. Introdução ..............................................................................................................12

3.2. Formulações de Cálculo .......................................................................................13

3.2.1. Estruturas permeáveis de talude simples.................................................................... 13


3.2.1.1. Descrição.................................................................................................................... 13
3.2.1.2. Owen (1980)............................................................................................................... 13

3.2.2. Estruturas de talude permeável com muro cortina..................................................... 15


3.2.2.1. Descrição.................................................................................................................... 15
3.2.2.2. Owen e Steele (1991) ................................................................................................ 16
3.2.2.3. Fórmula de Pedersen (1996) ..................................................................................... 17

3.2.3. Estruturas de parede vertical ........................................................................................ 19


3.2.3.1. Descrição.................................................................................................................... 19
3.2.3.2. Allsop et al. (1995)...................................................................................................... 19

3.2.4. Estruturas de parede vertical com talude permeável emerso ................................... 20


3.2.4.1. Descrição.................................................................................................................... 20
3.2.4.2. Owen e Steele (1991) ................................................................................................ 20
3.2.4.3. Fórmula de Pedersen (1996) ..................................................................................... 21

3.2.5. Estruturas de parede vertical com talude permeável submerso ............................... 21


3.2.5.1. Descrição.................................................................................................................... 21
3.2.5.2. Allsop et al. (1995)...................................................................................................... 21

3.3. Redes Neuronais ...................................................................................................24

4. O CASO DE ESTUDO ....................................................................................................28

5. APLICAÇÃO DE METOLOGIAS DE CÁLCULO AO CASO DE ESTUDO E ANÁLISE DE


RESULTADOS ...................................................................................................................31

5.1. Introdução ..............................................................................................................31

5.2. Aplicação de formulações empíricas ...................................................................31

5.2.1. Análise de resultados para nível de preia-mar (+3,5m ZH) e Tp=12s ........................ 34

5.2.2. Análise de resultados para nível de preia-mar (+3,5 m ZH) e Tp=16s ....................... 36

5.2.3. Análise de resultados para nível de preia-mar (+4,5 m ZH) e Tp=12s ....................... 38

5.2.4. Análise de resultados para nível de preia-mar (+4,5 m ZH) e Tp=16s ....................... 40

5.3. Aplicação de redes neuronais ..............................................................................41

5.3.1. Análise de resultados para nível de preia-mar (+3,5 m ZH) e Tp=12s ....................... 45

5.3.2. Análise de resultados para nível de preia-mar (+3,5m ZH) e Tp=16s ........................ 46

5.3.3. Análise de resultados para nível de preia-mar (+4,5m ZH) e Tp=12s ........................ 47

5.3.4. Análise de resultados para nível de preia-mar (+4,5m ZH) e Tp=16s ........................ 48

6. CONCLUSÕES ...............................................................................................................50

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................................52

8. ANEXOS .........................................................................................................................55

Anexo.A..........................................................................................................................55

Anexo.B..........................................................................................................................57

Anexo.C..........................................................................................................................59

Anexo.D..........................................................................................................................61

Anexo.E ..........................................................................................................................63
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 :Galgamentos, da marina de Cascais (a) e do paredão na linha de Cascais (b)............. 1

Figura 2.1 Esquema do fenómeno do galgamento............................................................................ 4


Figura 2.2 Ocorrência de galgamentos por “green water”, Póvoa de Varzim 2006 .......................... 5
Figura 2.3 : Valores críticos do caudal galgado, CEM (2001), Part VI .............................................. 7
Figura 2.4 Representação esquemática do ângulo de incidência das ondas (β).............................. 9
Figura 2.5 Representação esquemática de alguns parâmetros que definem a geometria da
estrutura e influenciam o galgamento.......................................................................................... 10

Figura 3.1 : Estruturas simples, de talude permeáveis.................................................................... 13


Figura 3.2 : Estrutura de talude permeável com muro cortina......................................................... 15

Figura 3.3 Variação do factor Df , em função de W* e Qc * (Besley, 1999) .................................... 17


Figura 3.4 : Perfil tipo de uma estrutura de talude permeável com muro cortina, com intervalos de
valores para a formula de Pedersen............................................................................................ 18
Figura 3.5 : Estrutura de parede vertical.......................................................................................... 19
Figura 3.6 : Estrutura de parede vertical com talude emerso.......................................................... 20
Figura 3.7 : Estrutura de parede vertical com talude submerso ...................................................... 21
Figura 3.8 : Esquema representativo do neurónio humano............................................................. 24
Figura 3.9 : Esquema de uma rede neuronal artificial, em 3 camadas. .......................................... 25
Figura 3.10 : Ilustração de parâmetros intervenientes na definição da rede neuronal artificial em
estudo (Coeveld et al, 2005)........................................................................................................ 26

Figura 4.1 : O caso de estudo, vista do porto da Póvoa de Varzim ................................................ 28


Figura 4.2 : Esquema da alternativa ao projecto ensaiado no LNEC.............................................. 29
Figura 4.3 : Perfil do modelo ensaiado ............................................................................................ 29
Figura 4.4 : Canal de ondas irregulares do pavilhão de Hidráulica Marítima do LNEC .................. 30

Figura 5.1 : Perfil esquemático da geometria da alternativa ao projecto do molhe sul da Póvoa de
Varzim 31
Figura 5.2 : Comparação dos resultados do ensaio com os de Pedersen (1996), com os de Owen
e Steele (1991) e com os de Owen (1991), para nível de preia-mar (+3,5m ZH) Tp= 12 s........ 35
Figura 5.3 : Comparação dos resultados do ensaio com os de Owen e Steele (1991), para nível de
preia-mar (+3,5m ZH) Tp= 12 s. .................................................................................................. 35
Figura 5.4 : Comparação dos resultados do ensaio com os de Pedersen (1996) e com os de Owen
e Steele (1991), para nível de preia-mar (+3,5m ZH) Tp= 16 s. ................................................. 37
Figura 5.5 : Comparação resultados do ensaio com os de Owen e Steele (1991), para nível de
preia-mar (+3,5m ZH) Tp= 16 s. .................................................................................................. 37
Figura 5.6 : Comparação dos resultados do ensaio com os de Pedersen (1996) e com os de Owen
(1980), para nível de preia-mar com sobreelevação (+4,5m ZH) Tp= 12 s. ............................... 39
Figura 5.7 : Comparação dos resultados do ensaio com os de Owen (1980), para nível de preia-
mar com sobreelevação (+4,5m ZH) Tp= 12 s............................................................................ 39
Figura 5.8 : Comparação dos resultados do ensaio com os de Pedersen (1996) e com os de Owen
e Steele (1991), para nível de preia-mar com sobreelevação (+4,5m ZH) Tp= 16 s.................. 40
Figura 5.9 : Comparação dos resultados do ensaio com os de Owen e Steele (1991), para nível de
preia-mar com sobreelevação (+4,5m ZH) Tp= 16 s................................................................... 41
Figura 5.10 : Ilustração de parâmetros intervenientes na definição da rede neuronal artificial em
estudo (Coeveld et al, 2005)........................................................................................................ 41
Figura 5.11 Comparação dos resultados obtidos da rede neuronal artificial e do Ensaio, para o
nível de Preia-mar com sobrelevação (+4,5 m ZH) e Tp=12s .................................................... 47
Figura 5.12 : Comparação dos resultados obtidos da rede neuronal artificial e do Ensaio, para o
nível de Preia-mar com sobrelevação (+4,5 m ZH) e Tp=16s .................................................... 49

LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 Coeficientes empíricos a e b para estruturas simples de talude, Owen (1980)......... 14
Tabela 3.2 : Coeficientes de rugosidade, adaptado de Besley, P. (1999) ....................................... 15
Tabela 3.3 : Tabela das diferentes expressões existentes para o cálculo do caudal galgado ........ 23

Tabela 5.1 : Valores referentes ao clima de agitação no protótipo e no modelo ............................. 31


Tabela 5.2 Valores referentes à geometria da estrutura do modelo ................................................ 32
Tabela 5.3 : Comparação da gama de valores ensaiado com os respectivos limites de
aplicabilidade. .............................................................................................................................. 32
Tabela 5.4 : Valores dos parâmetros utilizados em Owen e Steele (1991) e Owen (1980) ............ 33
Tabela 5.5 Comparação dos resultados do ensaio com os de Pedersen (1996), os de Owen e
Steele (1991) e os de Owen (1980), para nível de preia-mar (+3,5m ZH) Tp= 12 s. ................. 34
Tabela 5.6 Comparação dos resultados do ensaio com os de Pedersen (1996), os de Owen e
Steele (1991) e os de Owen (1980), para nível de preia-mar (+3,5m ZH) Tp= 16 s. ................. 36
Tabela 5.7 Comparação dos resultados do ensaio com os de Pedersen (1996), os de Owen e
Steele (1991) e os de Owen (1980), para nível de preia-mar com sobreelevação (+4,5m ZH)
Tp= 12 s. ...................................................................................................................................... 38
Tabela 5.8 Comparação dos resultados do ensaio com os de Pedersen (1996), os de Owen e
Steele (1991) e os de Owen (1980), para nível de preia-mar com sobreelevação (+4,5ZH m)
Tp= 16 s. ...................................................................................................................................... 40
Tabela 5.9 Limites de aplicação das variáveis de entrada, com aplicação no programa
NN_OVERTOPPING (para Hm0=1m) (Coeveld et al., 2005) ..................................................... 43
Tabela 5.10 Comparação dos valores obtidos da rede neuronal com os valores do ensaio, para
PM (+3,5m ZH) e Tp=12s ............................................................................................................ 46
Tabela 5.11 Comparação dos valores obtidos da rede neuronal com os valores do ensaio, para
PM (+3,5m ZH) e Tp=16s ............................................................................................................ 46
Tabela 5.12 Comparação dos valores obtidos da rede neuronal com os valores do ensaio, para
PM+S (+4,5m ZH) e Tp=12s........................................................................................................ 47
Tabela 5.13 Comparação dos valores obtidos da rede neuronal com os valores do ensaio, para
PM+S (+4,5m ZH) e Tp=16s........................................................................................................ 48
SÍMBOLOGIA

α Ângulo do talude com a horizontal [-]


a, b Coeficiente empíricos para estruturas de talude simples [-]
Ac Distância entre o nível de repouso e a berma (Estrutura de parede vertical com
talude emerso . Fig. 3.2 e 3.6) [m]
*
Ac Ac adimensionalisado [-]

β Ângulo de incidência da onda [-]

B Largura do coroamento (segundo Pedersen) [m]


Cr Coeficiente que tem em conta a berma permeável [-]

Cw Largura da berma (Estruturas permeáveis, de talude simples, com e sem muro

cortina. Fig. 3.1 e 3.2) [m]


d Distância entre o nível de repouso e a berma (Estruturas de parede vertical com

talude permeável submerso – Fig. 3.7) [m]


d* d adimensionalisado [-]

Df Factor que tem em conta o muro cortina (Estruturas de talude permeável com muro cortina [-]
2
g Aceleração da gravidade [m/s ]

γr Coeficiente de redução devido à rugosidade [-]

γb Coeficiente de redução devido à berma [-]

γh Coeficiente de redução devido à profundidade [-]

γβ Coeficiente de redução devido ao ângulo de incidência da onda [-]

h Profundidade na frente da estrutura [m]


h* Profundidade na frente da estrutura adimensionalisada [-]

H Altura da onda na frente da estrutura [m]


Hm0 Altura significativa calculada com o momento de ordem zero do espectro (m0). [m]
Hs Altura significativa da onda [m]
L Comprimento de onda [m]
L0 m Comprimento de onda ao largo calculado com o período médio [m]

NR Nível de repouso [-]


N 0w Número de ondas que galgam a estrutura [-]

Nw Número de ondas que chegam à estrutura [-]

P0w Probabilidade de galgamento ( N 0w / N w ) [-]


3
q Caudal galgado por metro linear de estrutura [m /s/m]
qb Caudal galgado por metro linear de estrutura (Estruturas de talude permeável com
3
muro cortina) [m /s/m]
qc Caudal galgado por metro linear de estrutura (Estruturas de talude permeável
3
com berma) [m /s/m]
qd Caudal galgado por metro linear de estrutura (Estruturas de parede vertical com
3
talude submerso) [m /s/m]
3
qh Caudal galgado por metro linear de estrutura (Estruturas de parede vertical) [m /s/m]

Q Caudal galgado, adimensionalisado (Tabela 3.3) [-]

Q* q adimensionalisado [-]

Qb * q b adimensionalisado [-]

Qc * qc adimensionalisado [-]

Qd * q d adimensionalisado [-]

Qh * qh adimensionalisado [-]

r Coeficiente de rugosidade [-]


R Distância, entre o nível de repouso e o coroamento, adimensionalisada (tabela 3.3) [-]
Rc Distância entre o nível de repouso e o coroamento [m]
R* Rc, adimensionalisado [-]

Rd Rc adimensionalisado (Estruturas de parede vertical com talude submerso) [-]

Rh Rc adimensionalisado (Estruturas de parede vertical) [-]

s Declividade da onda [-]


s 0m Declividade, determinada com T0 m [-]

T Período da onda incidente [s]


Tm Período médio da onda na frente da estrutura [s]

T0m Período médio da onda ao largo [s]

T0 p Período de pico ao largo [s]

T0 s Período significativo ao largo [s]


3
v Volume de galgamento de uma onda, por unidade de comprimento [m /m]
Wh Altura do muro cortina [m]

W* Altura do muro cortina adimensionalisada [-]

ξ Número de Iribarren [-]


ξ 0m Número de Iribarren, determinado com s 0 m [-]
1. INTRODUÇÃO

1.1. Considerações Gerais

O galgamento é um fenómeno de grande importância no contexto da interacção onda-estrutura


e, em grande parte das situações, um condicionante para o dimensionamento de obras
marítimas. Ao determinar a cota de coroamento e a forma da super-estrutura destas mesmas
obras, o galgamento influencia significativamente o seu custo, eficiência e impacto estético-
visual.

Nas estruturas costeiras de protecção e abrigo, cujo principal objectivo é a criação de zonas
salvaguardadas da acção directa das ondas (marinas, plataformas, passeios, estradas,
edifícios, entre outros), a transposição de massas de água associadas aos galgamentos (Figura
1.1) é particularmente indesejada e pode provocar graves danos. São especialmente de
considerar as situações em que se conjugam a ocorrência de temporais, onde a rebentação é
mais violenta, com sobreelevações do nível do mar, como sejam as preia-mar de águas vivas.
Como consequência do galgamento de estruturas marítimas, podem ocorrer arrastamento de
pessoas, inundações e prejuízos. Allsop et al. (2004) indicam que, quer no Reino Unido, quer
em Itália, e em cada ano, acontecem 2 - 4 mortes por eventos directamente relacionados com a
transposição de ondas de grande amplitude.

(a) (b)

Figura 1.1 :Galgamentos, da marina de Cascais (a) e do paredão na linha de Cascais (b).

As obras marítimas são então dimensionadas para um grau de galgamento admissível, que
varia consoante a funcionalidade da obra. O caudal de galgamento permitido para uma zona de
protecção pedonal será menor do que, por exemplo, para o molhe de protecção de uma marina.
Para além das razões funcionais, existem também aspectos construtivos e económicos que
condicionam o dimensionamento de obras marítimas. Quanto menor for o grau de galgamento

1
permitido, mais elevada terá de ser a cota de coroamento da obra e, consequentemente, será
necessário um consumo adicional de material, mobilização de equipamento e mão-de-obra em
maior volume. Por sua vez, e para que as ondas mais elevadas não danifiquem a estrutura, o
talude terá que ser constituído por elementos de grande peso. Todos estes factores contribuem
para o encarecimento destas obras.

Dado o carácter irregular da agitação marítima que solicita as estruturas costeiras, a


multiplicidade dos tipos e soluções construtivas destas e os diferentes materiais utilizados, a
avaliação do galgamento é um processo complexo que, em rigor, deveria ser efectuado
especificamente para cada situação. No entanto, o estudo de cada obra em separado é
dispendioso e demorado pelo que, em geral, são utilizadas expressões empíricas e semi-
empíricas baseadas em situações semelhantes e ensaiadas em laboratório. Existem diversas
formulações deste tipo, mesmo para perfis de elevada complexidade, mas todas elas têm
limites de aplicabilidade. Deste modo, e especialmente em obras de grande importância, é
conveniente realizar ensaios adicionais específicos, em modelo físico, para aferir as estimativas
obtidas por via das fórmulas baseadas nas referidas aproximações empíricas ou semi-
empíricas.

Mais recentemente, começa a ganhar importância a modelação matemática. Esta aproximação


orienta-se, primordialmente, em duas direcções. Uma está apoiada em formulações Eulerianas
das equações da dinâmica de fluidos, quer na aproximação de águas pouco profundas, quer
usando as equações primitivas de Navier-Stokes, com diferentes opções para a parametrização
das tensões de Reynolds. As apropriadas discretizações das equações de base conduzem a
modelos numéricos com níveis de sofisticação variados e com consequentes custos de
execução computacional também diferentes (Neves et al., 2006). A outra via assenta na
descrição Langrangeana das variáveis cinemáticas, em particular no seguimento das partículas
que constituem a superfície livre (Shao et al., 2006).

Reconhecendo a importância do tema em análise, incluindo a relevância social, a União


Europeia financiou entre 2002 e 2004 um projecto de investigação, denominado CLASH (Crest
Level Assessment of Coastal Structures by Full Scale Monitoring, Neural Network Prediction
and Hazard Analysis on Permissible Wave Overtopping – EVK3-CT-2001-00058), cujo principal
propósito era melhorar o conhecimento sobre o galgamento de estruturas costeiras, nos seus
múltiplos aspectos. Para tal, foi efectuado um conjunto de medidas em campo, sobre o volume
galgado, em três locais europeus e realizaram-se ensaios em laboratório. Com base nestes e
em trabalhos anteriores, criou-se uma extensa base de dados, com cerca de 10000 testes
incluídos, que está descrita em pormenor em Steendam et al. (2004). O referido projecto
envolveu 13 parceiros (www.clash-eu.org).

2
No âmbito deste projecto, é de referenciar a aplicação das redes neuronais artificiais no cálculo
do galgamento. As redes neuronais constituem uma técnica de modelação que se tem revelado
apropriada para representar sistemas não lineares, sem a consideração formal das suas
relações internas. Este sistema de processamento de carácter empírico, inspira-se no sistema
de ligações paralelas que caracteriza o cérebro humano, e que lhe confere grande robustez no
processamento da informação (Pozueta et al., 2004).

1.2. Objectivos e Metodologia

O objectivo principal do presente estudo centrou-se no estudo do fenómeno do galgamento e


na aplicabilidade das suas expressões de cálculo para uma certa gama de estruturas costeiras.

Os objectivos específicos foram os seguintes:


• Efectuar uma recensão bibliográfica da literatura de referência,
• Proceder a uma revisão crítica das formulações existentes para o cálculo do galgamento
nas estruturas de interesse,
• Proceder à análise da aplicação do modelo de rede neuronal (NN_OVERTOPPING2) para
a previsão do galgamento,
• Aplicar à estrutura do molhe sul do porto da Póvoa de Varzim as fórmulas apropriadas e o
modelo neuronal, e comparar com os resultados dos ensaios em laboratório,
• Analisar os resultados e avaliar da eficácia dos diferentes métodos.

1.3. Estruturação da Dissertação

Esta dissertação encontra-se dividida em seis capítulos, a que se adicionam as referências


bibliográficas e quatro anexos. No Capítulo 1 faz-se a definição do objecto de estudo. É referido
o enquadramento do problema e a sua relevância. No Capítulo 2 apresenta-se a caracterização
do fenómeno nas suas várias vertentes, bem como os factores condicionantes do fenómeno.
No Capítulo 3 discutem-se metodologias de estudo do galgamento, em particular formulações
de carácter empírico e semi-empírico e redes neuronais artificiais, incluindo os limites de
aplicabilidade apropriados. O Capítulo 4 introduz o caso de estudo, realçando as
especificidades próprias da obra em causa, assim como os ensaios em modelo físico que
avaliaram as alterações relativas aos galgamentos, associadas à reabilitação da referida
estrutura. No Capítulo 5 aplicam-se as formulações seleccionadas e uma rede neuronal artificial
aos ensaios descritos anteriormente. No Capítulo 6 sistematizam-se os resultados e
apresentam-se as conclusões.

3
2. CARACTERIZAÇÃO DO FENÓMENO

2.1. Considerações Gerais

O galgamento é um fenómeno de transmissão de energia, inserido num conjunto de processos


de interacção onda-estrutura. A energia da onda incidente é dissipada por rebentação, por
atrito, por percolação, reflectida para o largo, e a restante energia cinética transforma-se em
energia potencial no escoamento que ocorre sobre a estrutura. Quando o talude não é muito
extenso ou a cota de coroamento não é suficientemente elevada, esta transformação não é
total e, consequentemente, o nível máximo de espraiamento (R), associado ao escoamento
acima referido, é excedido, provocando transporte de massa de água sobre a cota de
coroamento da estrutura. (Figura 2.1). Verifica-se assim, uma forte relação entre o
espraiamento e o galgamento que se reflecte, por exemplo, na modelação matemática dos dois
fenómenos, ao partilhar os conceitos de base.

Figura 2.1 Esquema do fenómeno do galgamento

Existem três tipos de galgamento, que se podem classificar consoante a forma como a massa
líquida passa sobre a estrutura.

Quando o espraiamento é muito grande e se cria uma lâmina contínua de água, que passa
sobre a estrutura, verifica-se um o galgamento por “green water” (Figura 2.2).

Outra forma de galgamento é aquela que ocorre quando a onda rebenta sobre a parede exterior
da obra e origina um grande volume de salpicos que passa sobre a estrutura (“splash”).

Por último, e apenas por acção do vento, podem ocorrer galgamentos sob a forma de borrifos
(“spray”). Este processo não é muito relevante visto só ter significado quando se verifica uma
forte acção do vento. No entanto, não pode ser ignorado em regiões frias, pois os borrifos
podem solidificar e provocar danos.

4
Figura 2.2 Ocorrência de galgamentos por “green water”, Póvoa de Varzim 2006

O fenómeno do galgamento pode ser analisado por duas formas diferentes. Pode ser expresso
3
através do volume, V, em m , da massa que água que galga a estrutura, ou através do caudal
3
médio, q, em m /s por metro linear de talude ou em l/s por metro linear de talude, que passa
sobre a cota de coroamento da estrutura, originado por cerca de 500 a 1000 ondas. A segunda
maneira é a mais usual para caracterizar quantitativamente o fenómeno. No entanto, é
necessário ter conhecimento de outros factores, como a intensidade, frequência e velocidade
dos galgamentos, pois a maior parte dos danos em pessoas, veículos e estruturas são
provocados por galgamentos associados a ondas individuais de grande amplitude.

Devido à distribuição irregular das ondas no tempo e no espaço, verifica-se que o volume
galgado associado apenas a uma onda pode ser 100 vezes maior do que a média dos volumes
galgados medidos durante uma tempestade. Ainda assim, o fenómeno é caracterizado
quantitativamente pela média dos caudais galgados, q.

Ensaios em modelo físico permitiram concluir que a função distribuição de probabilidade para
3
volumes galgados por onda e por unidade de comprimento, V em m /m, segue uma distribuição
de Weibull (Van der Meer and Jansson (1995), Franco and Franco (1999))

3
V  4

(2.1) log prob(v > V ) = − 


B
ou
4
(2.2) V = B[− ln prob(v > V )] 3

com
Tm q
B = 0,84
(2.3)
P0 w

5
log prob(v > V ) representa a probabilidade de galgamento de uma onda individual, v, ser
maior do que o volume de galgamento por metro linear de estrutura, V. B é um coeficiente,
definido pela expressão (2.3).

A variável P0w representa a probabilidade de galgamento por onda, e é definida por (2.4),

relacionando o número de ondas que galgam, N 0w , com o número de ondas que aborda a

estrutura, N w . No caso do nível de espraiamento seguir uma distribuição de Rayleigh, P0w pode

ser expresso por (2.5), sendo c uma constante de valor igual a 0,91, para estruturas de parede
vertical.
N 0w
(2.4) P0w =
Nw

  Rc 
2

  H  
(2.5) P0w = exp −  s
 
  c  
   

O carácter aleatório da agitação marítima torna difícil controlar completamente a ocorrência dos
fenómenos de galgamento. Por esta razão, admite-se, no dimensionamento de obras
marítimas, que estas possam ser galgadas por uma determinada percentagem de ondas
presentes no estado de mar que incide sobre a estrutura. Os galgamentos previstos são
analisados e avaliados em função, não só dos efeitos das ondas que, como foi referido, são de
grande importância para a fixação da cota de coroamento, mas também tendo em conta a
função da obra e a sua geometria.

Com a finalidade de estabelecer valores críticos para a variável q, o USArmy Corps of


Engineers compilou estudos de vários autores, dando origem ao quadro apresentado na Figura
2.3, que apresenta valores admissíveis de caudais, q, de acordo com a função da estrutura e
nível de estragos associados.

6
Figura 2.3 : Valores críticos do caudal galgado, CEM (2001), Part VI

Apesar de se usar o caudal galgado, q, para garantir níveis de segurança, Franco et al (1994) e
Besley (1999) demonstraram que, para um dado valor do caudal, o volume do maior
galgamento pode variar significativamente com as condições de agitação e a geometria da
estrutura, o que torna difícil definir níveis de segurança de referência associados a esta
variável.

A transposição de estruturas ou obstáculos naturais por volumes de água, que ocorrem,


essencialmente, por acção das ondas de vento, é um fenómeno complexo, condicionado por
diversos factores. A análise destes permite uma melhor compreensão do fenómeno e
consequentemente uma mais fácil intervenção no que diz respeito à prevenção e redução dos
seus efeitos.

De seguida serão estudados os principais condicionantes: agitação marítima, influência da


maré e geometria da estrutura.

7
2.2. Factores Condicionantes

2.2.1. Agitação marítima

A agitação marítima é o principal agente e o factor condicionante do galgamento. A sua


acção é, tipicamente, caracterizada por parâmetros relacionados com a altura da onda, com
o período e com a direcção de propagação.

A influência do período é representada, indirectamente, através da declividade da onda ( s )


(2.6), que relaciona a altura de onda, H, com o comprimento de onda, L. Este parâmetro é
determinado para a altura de onda local, junto à estrutura e, habitualmente, o valor usado é a
altura H om . Por outro lado, o comprimento de onda é referido ao largo e pode ser relacionado

com o período médio ( Tm ) ou de pico ( Tp ). É possível assim, obter uma declividade s om ou

s op , respectivamente.
H
(2.6) s =
L
g 2
(2.7) L0 = T

 2π  g 2  2π 
(2.8) L = L0 tgh h = T tgh h
 L  2π  L 

Para além do período e da altura de onda, é necessário avaliar a forma como a onda rebenta
sobre a estrutura, pois esta influência fortemente o tipo de galgamento que, como referido no
ponto anterior, pode ser por lâmina de água, salpicos ou borrifos. A acção da onda sobre a
estrutura, assim como alguns dos seus efeitos, é representada pelo número de Iribarren ( ξ )

(2.9). Este parâmetro relaciona a inclinação do talude, α, com a declividade da onda, s


(2.6). Com a utilização de s om ou s op obtém-se o valor do número de Iribarren médio ( ξ m ) ou

( ξ p ), respectivamente.

tan α
(2.9) ξ0 =
S0

Para valores do número de Iribarren inferiores a 0,5 ( ξ < 0,5 ), a rebentação da onda é

Progressiva, ou seja, a crista deforma-se e destabiliza-se, criando uma leve espuma sobre o
talude. Este tipo de rebentação ocorre frequentemente em praias de declive suave.

8
Quando a crista da onda cria uma curvatura e cai sobre o talude originando grandes salpicos,
a rebentação diz-se Mergulhante, e corresponde a valores do número de Iribarren entre 0,5 e
3 ( 0,5 < ξ < 3 ).

Pode ainda surgir o cruzamento entre os dois tipos de rebentação referidos anteriormente,
onde a crista não rebenta inteiramente, não origina grandes salpicos, mas cria-se uma
espuma que se estende pelo talude. Este tipo de rebentação corresponde a valores do
número de Iribarren de aproximadamente 3 a 3,5 ( ξ ≈ 3 a 3,5 ) e diz-se que é Colapsante.

Quando a onda apresenta pouca declividade, ou seja, elevado número de Iribarren ( ξ > 3,5 ),

esta deforma-se e espraia sobre o talude, avançando sem rebentar. Estas ondas apresentam
rebentação de Fundo e uma forte reflexão.

O número de Iribarren, no entanto, não tem em conta o ângulo de incidência das ondas (β).
Este é medido pelo ângulo entre a direcção de propagação das ondas e a direcção
perpendicular à estrutura, representado na figura 2.4. Assim, a ondas com incidência
perpendicular à estrutura corresponde um valor de β=0º.

Figura 2.4 Representação esquemática do ângulo de incidência das ondas (β)

O ângulo de incidência das ondas influência o fenómeno do galgamento, na medida em que,


quanto maior for o ângulo, menor será o galgamento. A maior parte das expressões
existentes, resultantes de testes bi-dimenionais, são aplicáveis apenas a ondas de incidência
normal à estrutura.

2.2.2. Nível de água

A maré condiciona fortemente o galgamento, que é mais intenso em preia-mar, onde o nível
de água é mais elevado, e quando se conjuga com situações de tempestades.

A onda que embate sobre a estrutura tem tendência a espraiar-se pelo talude, dissipando
grande parte da sua energia. Em preia-mar, a distância entre o nível de repouso e a cota de
coroamento é menor do que em condições de baixa-mar. O facto de haver uma menor área

9
de talude emersa, leva a que haja uma maior probabilidade de ocorrência de galgamentos,
uma vez que grande parte da energia não foi dissipada no espraiamento. Assim, quanto
maior for o nível de água, maiores serão os galgamentos, especialmente em caso de
tempestades. Nestas situações o vento é também um factor de grande importância, pois
pode originar sobreelevações do nível de água.

2.2.3. Geometria da estrutura

A geometria da estrutura é um factor importante, e é através dela que por acção humana
existe a possibilidade de controlo e redução do galgamento.

Figura 2.5 Representação esquemática de alguns parâmetros que definem a geometria da estrutura e
influenciam o galgamento

Na definição da geometria da estrutura o parâmetro relevante é a distância entre o


coroamento da estrutura e o nível de repouso, R . Existem ainda outros parâmetros,
característicos da estrutura, e que também influenciam os galgamentos, tais como a
rugosidade e a permeabilidade da eventual berma e do talude, a inclinação, a configuração
deste e a largura do coroamento.

A solução mais vantajosa com vista a reduzir os danos provocados pela ocorrência do
fenómeno, seria adoptar estruturas com elevadas cotas de coroamento. No entanto, estas
soluções, requerem mais material e mão de obra. Este custo adicional, conjugado com o
impacto visual de obras de grande porte, por vezes em zonas ambiente e turisticamente
sensíveis, pode comprometer a sua viabilidade.

Assim, a cota de coroamento torna-se um factor decisivo, sendo calculado para uma
determinada probabilidade de excedência, tendo em conta diversos elementos.

O galgamento pode ser reduzido através da redução da energia das ondas incidente. A
dissipação de energia é conseguida através da rugosidade e da permeabilidade do talude, da
existência de uma eventual berma e da configuração da superstrutura.

10
A rugosidade e a permeabilidade são características dadas pelo tipo de material que constitui
o paramento exterior da estrutura, e pela sua disposição. Não existe nenhum critério
específico para a utilização de cada tipo de material, no entanto distinguem-se os blocos de
betão, que podem ter diversas formas, e as rochas, pois têm maior massa e conferem à
estrutura maior estabilidade.

A colocação de uma berma no talude exterior é uma solução bastante usada para redução
do galgamento. A berma é uma descontinuidade no perfil do talude, caracterizada pela
profundidade (d), a distância vertical entre o meio da berma e o nível da água, e o seu
comprimento (B). Este tem grande influência nos galgamentos, pois quanto maior, mais
energia é dissipada e consequentemente menor é o galgamento.

Em situações de agitação mais violenta, pode adoptar-se uma superestrutura, que poderá ter
configuração vertical ou curva, permitindo, esta última, o retorno da onda incidente e
consequentemente uma maior dissipação.

O ângulo de inclinação do talude ( α ) é também um parâmetro, relacionado com a geometria


da estrutura, que influência fortemente o galgamento. A influência deste factor é
representada pelo número de Iribarren, já referido, que relaciona a geometria do talude com
a geometria da onda.

11
3. MÉTODOS DE CÁLCULO

3.1. Introdução

Como foi referido, o galgamento é estimado através do caudal galgado, q, expresso em


m3/s/metro linear de estrutura.

Este caudal pode ser determinado através de expressões empíricas ou de modelos físicos e
numéricos. As expressões empíricas derivam de interpolações feitas a resultados obtidos em
ensaios em modelo reduzido, para estruturas com uma geometria específica.

As expressões empíricas têm a vantagem de ser um método rápido e económico. No entanto,


estão limitadas a um número restrito de configurações, representando estruturas simplificadas.
A sua aplicação a outro tipo de configurações requer extrapolações, o que, por vezes, leva a
uma discrepância de resultados. Estas expressões dependem dos parâmetros que condicionam
o fenómeno, nomeadamente, os relacionados com o clima de agitação e a geometria da
estrutura.

Os modelos físicos são concebidos para aplicações a casos concretos, exigindo portanto, um
investimento relativamente elevado. Por sua vez, os modelos numéricos, depois de avaliados,
podem ser utilizados em diversas situações dentro da sua gama de aplicabilidade, mediante as
apropriadas condições iniciais ou fronteira.

O caudal de galgamento por unidade de largura de estrutura, q, é, então, função dos seguintes
parâmetros:
q = F (H s ;Tm ; β ; R c ; h ; g )

H s - Altura significativa

Tm - Período médio da onda na frente da estrutura


β - Ângulo de incidência da onda
R c - Distância entre a cota de coroamento da estrutura e o nível de repouso

h - Profundidade na frente da estrutura


g - Aceleração da gravidade

Algumas formulações incluem ainda a influência devida à rugosidade do talude, à existência de


berma e à profundidade, através dos respectivos coeficiente de redução: γr , γb, γh.

Em geral, o caudal galgado é expresso sob duas formas típicas (3.1) e (3.2)

12
(3.1)
Q = a exp(−bR )

(3.2) Q = aR − b

onde a e b são coeficientes, dados em tabelas, que variam consoante a geometria da


estrutura. Q e R são valores adimensionalisados do caudal galgado e da distância entre o
nível de repouso e a cota de coroamento da estrutura, respectivamente.

De seguida serão analisadas expressões de cálculo para estruturas permeáveis de talude


simples, de parede vertical, de parede vertical com talude de enrocamento na frente da
estrutura e de talude com muro cortina. Estes tipos de estruturas são bastante comuns na costa
portuguesa.

3.2. Formulações de Cálculo

3.2.1. Estruturas permeáveis de talude simples

3.2.1.1. Descrição

As estruturas permeáveis mais simples são as de talude, representadas na Figura 3.1.


Estas são constituídas por um núcleo e revestidas por material, colocado de forma irregular
de modo a criar porosidades e consequentemente conferindo permeabilidade à estrutura.

Cw

Rc NR

Figura 3.1 : Estruturas simples, de talude permeáveis

3.2.1.2. Owen (1980)

Este tipo de estrutura foi estudado por Owen (1980), que adaptou os seus estudos a
estruturas impermeáveis e permeáveis.

Segundo Owen (1980), para estruturas de talude liso, o caudal galgado, q, é dado pela
expressão (3.3) onde a e b são coeficientes empíricos, dados na Tabela 3.1.

13
(3.3) q = Q *T m gH s

(3.4) Q* = a exp( −bR * )

Rc
(3.5) R* =
Tm (gH s ) 0,5

Tabela 3.1 Coeficientes empíricos a e b para estruturas simples de talude, Owen (1980)
Inclinação do talude a b
1:1 7,94x10-3 20,1
1:1,5 8,84x10-3 19,9
1:2 9,39x10-3 21,6
1:2,5 1,03x10-2 24,5
1:3 1,09x10-2 28,7
1:3,5 1,12x10-2 34,1
1:4 1,16x10-2 41,0
1:4,5 1,20x10-2 47,7
1:5 1,31x10-2 55,6

Para ter em conta a rugosidade do talude, Owen adaptou a expressão (3.4) dividindo R *

pelo coeficiente que tem em conta a rugosidade, r, dado na Tabela 3.2. O caudal galgado
para estruturas de talude permeáveis, q, é dado por (3.3) onde Q* e R * são obtidos por

(3.6) e (3.5) respectivamente.

R*
(3.6) Q* = a exp(−b )
r

No entanto, as expressões (3.4) e (3.6) não têm em conta a berma, que dissipa a energia
das ondas e reduz o galgamento. Para a ter em consideração foram realizados ensaios em
modelo físico, dos quais resultou a equação (3.7), onde o caudal galgado para estruturas de
talude permeável, q c , é dado multiplicando o valor q de (3.4) pelo coeficiente C r de (3.7).
Este coeficiente tem em conta a existência de uma berma permeável, sendo Cw a largura

da berma, em metros.

O valor adimensionalisado de q c , Qc * , é calculado da mesma forma, através de (3.8),

multiplicando Qc pelo coeficiente C r dado por (3.7).


 C 
 −1,5 w 
 H s 
(3.7) C r = 3,06 e 

(3.8) qc = Cr q

14
Cw
Quando a relação é inferior a 0,75, admite-se C r =1.
Hs

Tabela 3.2 - Coeficientes de rugosidade. Adaptado de Besley, P. (1999)


Tipo de estrutura Coeficiente de rugosidade, r
Liso de betão ou asfalto 1,0
blocos de betão com ou sem drenagem 1,0
Enrocamento, empedrado 0,95
Por degraus 0,95
Relvado/ com vegetação 0,90~1.00
Uma camada de enrocamento sobre uma base
0,80
impermeável
Uma camada de enrocamento sobre uma base permeável 0,55~0,60
Duas camadas de enrocamento. 0,50~0,55

As expressões (3.4) e (3.6) são válidas apenas para valores compreendidos no intervalo
0,05 < R * < 0,30 .

3.2.2. Estruturas de talude permeável com muro-cortina

3.2.2.1. Descrição

Este tipo de estruturas, representado na Figura 3.2, é constituído por um talude de


enrocamento, que confere permeabilidade à estrutura, no qual assenta um muro cortina. Este
muro pode ser vertical ou curvo, tendo como objectivo oferecer resistência ao escoamento,
dissipando energia, e diminuindo assim o caudal galgado.

Cw
Wh
Rc
NR Ac

Figura 3.2 : Estrutura de talude permeável com muro cortina

15
3.2.2.2. Owen e Steele (1991)

Nas estruturas, representadas na Figura 3.2, o valor do caudal galgado é obtido segundo um
método de cálculo desenvolvido para estruturas com muro cortina vertical. A sua aplicação a
estruturas com muro cortina curvo é conservativa, pois estes dissipam mais energia.

Owen e Steele (1991) analisaram este tipo de estruturas e adaptaram a formulações já


existentes. É de notar que neste caso, apenas a altura Ac é influenciada pela rugosidade do

talude, r, e como tal a expressão do caudal adimensionalisado, Q* , (3.6) foi ajustada ao

modelo, resultando assim na expressão (3.10) onde o coeficiente Ac * é dado por (3.11). O

caudal galgado qb, obtem-se de (3.9).

(3.9) q b = Qb *Tm gH s

 − bAc * 
(3.10) Qb * = a exp 
 r 
Ac
(3.11) Ac * =
Tm (gH s ) 0,5

De forma a ter em conta a berma permeável, o caudal galgado, qb , é multiplicado pelo


coeficiente C r , dado por (3.7)

A expressão (3.10) é válida para a seguinte gama de valores 0,02 < Ac * < 0,30

Para além da rugosidade e da berma permeável, é ainda necessário ter em conta o


parâmetro Df que traduz a influência do muro cortina sobre o caudal galgado.

Inicialmente, Owen e Steele (1991) adoptaram Df para ter em conta a existência de um

muro cortina para estruturas impermeáveis. No entanto, Besley (1999) realizou estudos
sobre ensaios realizados por Bradbury e Allsop (1988) para muros cortina sobre estruturas
de talude permeável, propondo um ábaco, representado na Figura 3.3, que relaciona o
parâmetro Df com a altura do muro cortina, adimensionalisada, W * dada por (3.12) e o

caudal galgado adimensionalisado, Qc * , dado por (3.8).

Na expressão (3.12) , W h é a altura do muro cortina (Figura 3.2)

Wh
(3.12) W* =
Ac

16
Figura 3.3 Variação do factor Df , em função de W* e Qc * (Besley, 1999)

O caudal galgado, q, vem então dado por (3.13) onde q c é expresso por (3.8)

(3.13) q = q c Df

3.2.2.3. Fórmula de Pedersen (1996)

A fórmula de Pedersen aplica-se a estruturas de talude permeável com muro cortina,


representadas na Figura 3.4. O caudal galgado, q, é expresso por (3.14), onde Q

corresponde ao caudal galgado adimensionalisado, expressão (3.15) e R , a distância entre


o nível de repouso e o nível de coroamento adimensionalisada, obtém-se de (3.16)

2
QL0 m
(3.14) q=
T0 m

(3.15) Q=R
5
H s tan α
(3.16) R = 3,2 × 10 −5 3
R c Ac B

O clima de agitação é caracterizado pelas variáveis T0 m e L0 m , período médio ao largo e

comprimento de onda médio ao largo, respectivamente. O primeiro pode-se relacionar com o


período de pico através das expressões (3.17) e (3.18) de Goda (1985), em que T0 s é o

período significativo ao largo, e o segundo é determinado por (3.19).

(3.17) T0 s = 0,95T0 p

(3.18) T0 s = (0,9 ~ 1,4)T0 m

17
2
gT0 m
(3.19) L0 m =

A geometria da estrutura é caracterizada pelas variáveis Ac , R c , B , α , esquematizadas na


Figura 3.4.

B=18~36 cm

0~18 cm
Rc=11~37 cm
NR Ac=11~19 cm

1:1,5
1:2,5
1:3,5
h=51~59 cm
α

Figura 3.4 : Perfil tipo de uma estrutura de talude permeável com muro cortina, com intervalos de valores para
a formula de Pedersen

A fórmula de Pedersen, apesar de ser aplicável a estruturas de geometria bastante comum,


tem um domínio de aplicabilidade limitado, correspondente às limitações dos ensaios de
base desta formulação. Das características dos vários testes, para estruturas com dimensões
apresentadas na Figura 3.4 obtiveram-se os seguintes intervalos de aplicabilidade:

H s = 0,10 ~ 0,18m

T0 m = 1,07 ~ 1,94s

T0 p ~ 1,13T0 m

ξ 0 m = 1,1 ~ 5,1
S 0 m = 0,02 ~ 0,06

Rc
= 0,7 ~ 3,6
Hs

Hs
= 0,5 ~ 1,7
Ac

Ac
= 0,3 ~ 1,1
B
cot gα = 1,5 ~ 3,5

18
3.2.3. Estruturas de parede vertical

3.2.3.1. Descrição

As estruturas de parede vertical são estruturas impermeáveis, de paramento vertical (Figura


3.5), utilizadas geralmente em zonas costeiras de fundos muito declivosos, onde a utilização
de estruturas de talude seria economicamente inviável.

NR Rc

Figura 3.5 : Estrutura de parede vertical

3.2.3.2. Allsop et al. (1995)

O caudal galgado, q, para estruturas de parede vertical, pode ser determinado através de
(3.20) para pequenas e grandes profundidades e para valores que respeitem a seguinte
relação, 0,03 < R c / H s < 3,2 .

q R
(3.20) 3 0 ,5
= 0,03 exp( −2,05 c )
(gH s ) Hs

No entanto, em zonas de grande profundidade, a onda que embate na estrutura é


predominantemente reflectida e à medida que a profundidade vai diminuindo esta tem
tendência a rebentar sobre a estrutura. Allsop et al. (1995) definiram um parâmetro h* , dado

por (3.21), para determinar o tipo de interacção da onda com a estrutura.

h  2πh 
(3.21) h* = ( ) 
H s  gTm 2 

Para valores de h* ≤ 0,3 as ondas rebentam sobre a estrutura. Neste caso, a expressão para

o cálculo do caudal galgado, q h , é dada por (3.22), onde Qh* é o caudal adimensional
expresso por (3.23), e é válida apenas para valores de 0,05 < R h < 1,00 . R h é um parâmetro

adimensional que faz intervir a distância entre o nível de repouso e a cota de coroamento, e
definida por (3.24).

19
2
(3.22) q h = Qh * h* (gh 3 ) 0,5
−3, 24
(3.23) Qh * = 0,000137R h

Rc
Hs
(3.24) Rh =
h*

As ondas que se reflectem correspondem a h* > 0,3 . Nestas circunstâncias, o valor do


caudal é determinado através das expressões (3.25) e (3.26), válidas para
0,03 < R c H s < 3,2 .

3
(3.25) q = Q* (gH s ) 0,5

Rc
(3.26) Q* = 0,05 exp( −2,78 )
Hs

3.2.4. Estruturas de parede vertical com talude permeável emerso

3.2.4.1. Descrição

Este tipo de estruturas, representadas na Figura 3.6, é constituído por uma parede vertical,
impermeável e por um prisma de enrocamento na frente da estrutura. Este talude de
enrocamento tem a cota a um nível superior ao nível de repouso e inferior ao nível da parede
vertical, pelo que este tipo de estruturas é aproximado a estruturas de talude permeável com
muro cortina.

Cw
Wh
Rc NR
Ac

Figura 3.6 : Estrutura de parede vertical com talude emerso

3.2.4.2. Owen e Steele (1991)

Dada a geometria da estrutura se assemelhar a estruturas de talude permeável com muro


cortina, e tendo como factores condicionantes para o caudal galgado a rugosidade do talude,

20
r, e a existência de um muro cortina, com influência dada por Df , pode-se aplicar a

expressão (3.13) de Owen e Steele (1991), definida anteriormente, para estimar o caudal
galgado q.

3.2.4.3. Fórmula de Pedersen (1996)

De um modo análogo, e dada a referida aproximação, é possível também a aplicação da


fórmula de Pedersen (3.14), para a determinação do caudal galgado, q, dentro dos limites de
aplicabilidade da mesma.

3.2.5. Estruturas de parede vertical com talude permeável submerso

3.2.5.1. Descrição

As estruturas de parede vertical com talude permeável de enrocamento submerso são


constituídas por um paramento vertical e por um prisma de enrocamento na frente da
estrutura, tendo este um nível inferior ao nível de repouso, como se observa na Figura 3.7.

Rc NR

d
h

Figura 3.7 : Estrutura de parede vertical com talude submerso

Nesta configuração o talude encontra-se submerso, podendo haver ou não influência deste
sobre a agitação incidente. Através do parâmetro d * , definido em (3.27) é possível classificar

o talude em grande ou pequeno, e avaliar a referida influência.

d 2πh
(3.27) d* =
H s gTm 2

3.2.5.2. Allsop et al. (1995)

Para valores de d * ≤ 0,3 , os taludes são classificados como grandes, influenciando


significativamente as características das ondas e consequentemente os galgamentos. Neste

21
caso, o caudal galgado, q d , é calculado por (3.28), em que o valor adimensionalisado Qd * é

expresso por (3.29) e válido para 0,05 < R d < 1,00 . O parâmetro adimensionalisado Rd
representa a distância adimensionalisada entre o nível de repouso e o nível do talude e é
obtido por (3.30).

2
(3.28) q d = Qd * d * (gd 3 ) 0,5

(3.29) Qd * = 4,63 × 10 −4 (R d ) −2,79

Rc
(3.30) Rd = d*
Hs

Na situação de d * > 0,3 , os taludes são classificados como pequenos, não havendo
praticamente, influência destes sobre a agitação que aborda a estrutura. Assim, podem
assemelhar-se a estruturas de parede vertical, exemplificadas na Figura 3.5, sendo o caudal
galgado determinado pelas expressões referidas anteriormente, (3.22) ou (3.25), consoante a
onda na frente da estrutura seja de rebentação ou reflectora, respectivamente.

As estruturas de parede vertical com talude de enrocamento permeável, emerso ou


submerso, foram analisadas para uma relação de R c / H s > 1,5 , ou seja, para distâncias

razoáveis entre o coroamento e o nível de repouso.

Quando R c / H s < 1,5 , ou seja, quando a distância entre o nível de coroamento e o nível de

repouso é pequena, a estrutura comporta-se como uma estrutura de parede vertical simples,
não havendo distinção entre grandes e pequenas profundidades. O caudal de galgamento é
avaliado pela expressão (3.20).

A Tabela 3.3 apresenta uma síntese de formulações desenvolvidas, por diferentes autores,
com o fim de estimar o caudal q. As expressões são, essencialmente, determinadas pelas
características da estrutura e da acção da agitação marítima.

22
Tabela 3.3 : Diferentes expressões existentes para o cálculo do caudal galgado (Soliman, 2003)

Autor Estrutura Modelo Q R

Estruturas de talude impermeável,  Sm 


Owen (1980) q q  Rc Sm 1
liso ou rugoso, com berma, com Q = A exp( − BR ) = 2 π 
Owen (1982) gH sTmo  gH  3 Hs 2π γ r
ondas irregulares  s 
 
2
Bradbury e Estruturas de talude impermeável, q  Rc  Sm
Q = AR −B
 
Allsop (1988) com enrocamento, e muro cortina gH sTmo  Hs  2π
Estruturas de talude impermeável, 2
Aminti e q  Rc  Sm
com rocha, tetrápodos ou cubos e Q = AR − B  
Franco (1988) gH sTmo  Hs  2π
muro-cortina
Ahrens e
7 tipos diferentes de estruturas de q Rc
Heimbaugh Q = A exp( − BR )
(1988)
defesa marítima/revestimento gH s
3
(H s
2
L po )
1
3

Pedersen e
Estruturas de talude impermeável qTmo Hs
Burchartch Q = AR 2
de enrocamento, com muro-cortina Lmo Rc
(1992)
Estruturas de parede vertical, com
Franco et al. ou sem perfuração frontal. q Rc 1
Q = A exp( − BR ) 3
(1994) gH s Hs γ r
0,9 ≤  c  ≤ 2,2
R

 Hs 

q Sp ;
ξp < 2 Rc S p 1 ; ξ < 2
Estruturas de taludes 3 tan α p
Van der Meer e gH s H s tan α γ
Impermeáveis, lisos, rugosos, Q = A exp( − BR )
Janssen (1995) q Rc 1 ; ξ ≥ 2
contínuos e com berma ;ξ p ≥ 2
p
gH s
3
Hs γ
5
Pedersen Estruturas de taludes permeáveis qTmo H s tan α
Q=R 2 3,2 × 10 −5 3
(1996) de enrocamento com muro cortina Lmo Rc Ac B

Q = A(1 − R )
b

Hedges e Reis Taludes Impermeáveis, lisos, para 0 ≤ R < 1 q Rc


3
(1998) rugosos, contínuos e com berma Q=0 gRumax Rumax

para R ≥ 1
Estruturas de enrocamento, com
Hebsgaard et ou sem superestrutura e com q Rc 1
*
Q = A exp( − BR ) 3
al. (1998) camada de dolos ou pedra ln( S p ) gH s Hs γ
arredondada

Schuttrumpf et Taludes lisos e impermeáveis 1:6 q Rc


Q = A exp(− BR )
al. (2001) ( Rc = 0 e Rc > Rmax ) 2 gH s
3
ξm H s

23
3.3. Redes Neuronais

Como se mostrou nas secções anteriores, existe uma grande variedade de formulações
empíricas para a determinação do galgamento. No entanto, a dependência fortemente não-
linear do fenómeno, em relação aos factores condicionantes, tornam o problema de calcular e
prever o galgamento difícil de resolver.

De facto, num conjunto relevante de casos descritos na literatura especializada, verifica-se


discrepâncias nos valores estimados, quando diferentes formulações são usadas.

Foi então desenvolvido o projecto internacional CLASH (Crest Level Assessment of Coastal
Structures by Full Scale Monitoring, Neural Network Prediction and Hazard Analysis on
Permissible Wave Overtopping – EVK3-CT-2001-00058), financiado pela União Europeia, sob
contrato de EVK3-CT-2001- 00058 e como foi referido, este projecto abordou a problemática da
modelação e previsão do caudal médio galgado numa larga gama de estruturas costeiras, em
protótipo e em laboratório, tendo como objectivos científicos principais:
(I) Analisar efeitos de escala;
(II) Desenvolver um método de previsão do caudal médio galgado, baseado em modelos
de redes neuronais.

Uma rede neuronal assemelha-se ao sistema da inteligência humana. O neurónio biológico


desenvolve-se em três partes principais (Figura 3.8): a célula principal (Corpo ou Soma), as
dendrites, o axônio e na sua extremidade existem estruturas designadas por sinapses.

As dendrites têm como função fazer o processamento e integrar as correntes, sendo o


resultado da computação propagado ao longo do axônio até às sinapses, em que as correntes
de saída são as correntes de entrada de outros neurónios. As sinapses fazem com que a célula
influencie a actividade das outras células.

Corpo
(Soma) Axônio

Dendrites
(terminal de recepção) Núcleo

Sinapses

Figura 3.8 : Esquema representativo do neurónio humano

24
Um neurónio artificial computacional tenta reproduzir e modelar algumas destas características
biológicas. Em termos de simulação, uma rede neuronal é constituída por unidades básicas de
processamento, designadas por neurónios, que estão interligadas. Cada neurónio possui várias
entradas a que estão associados pesos. Um somador efectua a soma ponderada das entradas
e na saída deste, encontra-se uma função não-linear. As redes contêm vários neurónios ligados
de forma a que as saídas de uns estão ligadas às entradas de outros.

As redes são organizadas por camadas (Figura 3.9), sendo a primeira designada por camada
de entrada, constituída por vários “neurónios”, em número igual às variáveis de entrada, e a
última camada ou camada de saída é constituída pelo número de “neurónios” dos parâmetros a
ser estimados. Entre estas duas camadas existem camadas ocultas, onde verdadeiramente se
processa a informação. Cada “neurónio” desta camada recebe a informação da camada
anterior, através de conexões, transmitem à camada seguinte.

Figura 3.9 : Esquema de uma rede neuronal artificial, em 3 camadas.

A configuração acima descrita pode variar consoante a aplicação. A Figura 3.9 representa um
exemplo da constituição de uma rede com 15 parâmetros de entrada (na camada de entrada):
(β, h, Hm0,coroamento, Tm-1,0,coroamento, ht, Bt, γf, cot αd, cot αu, Rc, B, hb, tanαb, Ac, Gccc), e
apenas um parâmetro de saída: q.

25
Figura 3.10 : Ilustração de parâmetros intervenientes na definição da rede neuronal artificial em estudo
(Coeveld et al, 2005).

Para a representação da influência da agitação marítima, são analisados 3 parâmetros:

• Hm0 [m]: Altura significativa, calculada com o momento espectral m0, na frente da estrutura.

• Tm− 1,0 [s]: Período médio, calculado com os momentos espectrais m-1 e ms, na frente da
estrutura. Por vezes este parâmetro não é directo, podendo relacionar-se com o período de
pico (Tp) através da expressão (3.31):
(3.31) Tm −1,0 ≈ T p 1,1

• β [º]: Ângulo entre a direcção de propagação da agitação e a normal à estrutura.

Para a descrição da geometria da estrutura, são considerados 12 parâmetros:

• h: Altura de água junto à estrutura, mais precisamente, a altura de água imediatamente a


montante da estrutura.

• ht [m], Bt [m]: Estes parâmetros dizem respeito à profundidade de água na banqueta de


fundo e à largura da banqueta de fundo da estrutura. Se não existir banqueta de fundo, ht=
h e Bt é igual a zero.

• B [m], hb [m], tan αb [-]: Estes parâmetros descrevem a berma da estrutura. B é a largura,
medida horizontalmente, hb é a profundidade de água na berma, medido no centro desta.
Se a berma estiver acima do nível de água, hb é negativo. E se for horizontal, tan αb = 0.

• Rc [m], Ac [m], Gc [m]: Estes parâmetros descrevem a parte superior da estrutura. Rc é a


distância entre o nível de repouso e o coroamento da estrutura, medida verticalmente do
nível da água ao ponto impermeável mais alto da estrutura. Ac é a distância entre o nível de
repouso e a berma superior da estrutura, isso é, a distância, medida na vertical, do nível da
água ao ponto mais alto do talude da estrutura. Gc é a largura de coroamento. No caso do
coroamento ser construído na estrutura, Gc é a largura dos blocos em frente ao elemento
do coroamento.

26
• cot αd [-],cot αu [-] : Estes parâmetros são usados para descrever o declive (declives) da
estrutura. O fundo e o coroamento da estrutura já são descritos em outros parâmetros,
portanto eles não são incluídos nestes dois parâmetros. cot αd e cot αu são as co-tangentes
das inclinações na área de centro da estrutura sob (cot αd descendente) e acima (cot αu
ascendente) da berma respectivamente.

• γf [-] : Este parâmetro dá uma indicação da rugosidade e da permeabilidade da estrutura. A


Tabela 3.4 indica valores de rugosidade/ permeabilidade para alguns materiais.

Tabela 3.4 : Valores do coeficiente rugosidade/ permeabilidade, para alguns tipos de materiais
constituintes da camada (Coeveld et al., 2005)

Tipo de material da camada γf

Superfície lisa e impermeável 1


Rocha 0,5
Cubos (2 camadas) 0,5
Cubos (apenas 1 camada) 0,52
Cubos Antifer 0,5
Acrópodes 0,49
X-Block 0,49
Tetrápodes 0,4

A Figura 3.10 ilustra os parâmetros acima mencionados, usados como variáveis de entrada no
modelo da rede neuronal artificial em estudo.

A grande variedade de parâmetros de entrada e saída, que as redes neuronais permitem


introduzir, constituem uma grande vantagem para aplicação desta metodologia no estudo do
fenómeno do galgamento.

Este método, para além de permitir a interligação, através de múltiplas conectividades, de todas
as variáveis de entrada e saída, permite também lidar com dados imprecisos e situações não
totalmente definidas.

27
4. O CASO DE ESTUDO

A obra em estudo refere-se à reabilitação do molhe sul do porto da Póvoa de Varzim, cujo projecto
foi adjudicado pelo Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos (IPTM) à PROMAN, Centro de
Estudos e Projectos, S.A. As soluções propostas no projecto foram ensaiadas em modelo físico no
Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).

Esta obra, executada entre 1943 e 1948, encontra-se degradada devido, em grande parte, ao
elevado número de galgamentos que ocorrem por acção directa da agitação marítima. Pretende-
se com esta reabilitação melhorar os aspectos estruturais, assim como diminuir os galgamentos,
visto haver infra-estruturas junto à obra.

Figura 4.1 : O caso de estudo, vista do porto da Póvoa de Varzim

O molhe sul, inicialmente um quebramar de parede vertical, devido à grande erosão provocada
pela forte agitação, sofreu primeiramente alterações no sentido de reforçar a obra, alargando a
secção transversal não deixando no entanto de ser uma estrutura de parede vertical.

Mais tarde, houve necessidade de fazer uma nova alteração na estrutura, acrescentando à secção
transversal de parede vertical uma estrutura de talude de enrocamento do lado do extradorso e
com manto de protecção em blocos naturais até à cota de coroamento da superestrutura.

Actualmente, o molhe sul apresenta as características de uma estrutura mista. O referido projecto
de reabilitação visa diminuir os galgamentos, não alterando a configuração da estrutura existente.

28
Foram apresentadas e estudadas três alternativas do projecto. No entanto, das duas alternativas
ensaiadas em modelo reduzido no LNEC, apenas uma foi estudada neste trabalho.

A alternativa, objecto de estudo neste trabalho, que se prevê que seja a mais viável, apresenta as
características indicadas na Figura 4.2.

Figura 4.2 : Esquema da alternativa ao projecto ensaiado no LNEC

Os ensaios foram realizados num canal de ondas irregulares, tendo sido o modelo construído e
explorado de acordo com a lei de semelhança de Froude, a uma escala geométrica de 1:50. A
geometria do molhe representada na Figura 4.2, consiste num talude com a inclinação de 2:1, com
uma banqueta de 15 m de largura à cota +5,25 m (ZH), constituído por enrocamentos da gama 75-
100 kN, sem filtro nem núcleo, encostado ao paramento vertical exterior do molhe. Este
enrocamento assenta sobre o maciço irregular existente, constituído por enrocamento da gama de
10 a 50 kN.

As medições das variações de nível da superfície foram feitas através de seis sondas instaladas
ao longo do canal. Foi ainda colocado um tanque de recolha a jusante da obra para quantificação
do volume de água que passava sobre o paramento vertical interior do molhe, ao longo de um
período de 600s.

Figura 4.3 : Perfil do modelo ensaiado

29
Figura 4.4 : Canal de ondas irregulares do pavilhão de Hidráulica Marítima do LNEC

30
5. APLICAÇÃO DE METOLOGIAS DE CÁLCULO AO CASO DE ESTUDO E
ANÁLISE DE RESULTADOS

5.1. Introdução

O modelo ensaiado, como referido anteriormente, construído e explorado de acordo com a lei
de semelhança de Froude a uma escala de 1:50, para dois níveis de maré, correspondentes a
preia-mar (PM) de +3,5m ZH e preia-mar com sobreelevação meteorológica (PM+S) de +4,5m
ZH, e diferentes condições de agitação incidente, simuladas por ondas irregulares com espectro
JONSWAP com períodos de pico do espectro, Tp, de 12 e 16s e alturas de ondas significativas,
Hs, ao largo, de 1 a 6m (valores de protótipo).

B
Rc
Ac
h α

Figura 5.1: Perfil esquemático da geometria da alternativa ao projecto do molhe sul da Póvoa de Varzim

Da realização dos ensaios obtiveram-se valores de caudais, q, apresentados nas Tabelas A.1,
B.1, C.1 e D.1 em Anexo.

5.2. Aplicação de formulações empíricas

Dada a geometria da estrutura, apresentada na Figura 5.1, os resultados obtidos dos caudais
do ensaio em modelo reduzido, foram comparados com valores obtidos da fórmula de Pedersen
(1996) (3.14), da fórmula de Owen e Steele (1991) (3.13) e da fórmula de Owen (1980) (3.8).

Nas Tabela 5.1 e 5.2 estão representados os valores do protótipo e os correspondentes valores
do modelo, de acordo com a lei de semelhança utilizada.

Tabela 5.1 : Valores referentes ao clima de agitação no protótipo e no modelo


Valores no Protótipo Valores no modelo
12 1,69
Tp (s)
16 2,26
PM (m) 3,5 0,07
PM+S (m) 4,5 0,09

31
Tabela 5.2 Valores referentes à geometria da estrutura do modelo
PM PM+S
Intervalos de Aplicabilidade
h=0,07 (m) h=0,09 (m)

Tp (s) 1,69 2,26 1,69 2,26 -

B (m) 0,3 0,3 0,3 0,3 0,18 ~ 0,36

Ac (m) 0,035 0,035 0,015 0,015 0,11 ~ 0,19

R c (m) 0,08 0,08 0,06 0,06 0,11 ~ 0,37

T0 m (s) 1,4 1,9 1,4 1,9 -

L0 m (m) 3,04 5,44 3,04 5,44 -

tan α 0,5 0,5 0,5 0,5 0,29 ~ 0,67

Para aplicação da fórmula de Pedersen analisaram-se os limites de aplicabilidade para as


diversas variáveis, apresentados nas Tabelas 5.2 e 5.3. Verificou-se que Ac e Rc apresentam
valores inferiores ao intervalo de aplicabilidade, ou seja, a altura da estrutura acima do nível de
repouso é inferior à estudada por Pedersen (1996). Por análise da Tabela 5.3 verificou-se
também que existem valores que não se encontram dentro do limite de referência, em particular
H s Ac , Ac B , e alguns valores de H s ensaiados.

Tabela 5.3 : Comparação da gama de valores ensaiado com os respectivos limites de aplicabilidade.
PM PM+S
Limites de Aplicabilidade
Tp no protótipo (s) 12 16 12 16

H s (m) 0,1 - 0,112 0,106 - 0,118 0,066 - 0,106 0,078 - 0,124 0,10 ~ 0,18

T0 m (s) 1,4 1,9 1,4 1,9 1,07 ~ 1,94

T0 p T0 m 1,2 1,2 1,2 1,2 1,13

ξ 0m 2,60 - 2,76 3,39 - 3,58 2,68 - 3,39 3,31 - 4,17 1,1 ~ 5,1

S0m 0,03 - 0,04 0,02 0,02 - 0,03 0,01 - 0,02 0,02 ~ 0,06

Rc H s 0,71 - 0,80 0,68 - 0,75 0,57 - 0,91 0,48 - 0,77 0,7 ~ 3,6

H s Ac 2,86 - 3,20 3,03 - 3,37 4,40 - 7,07 5,20 - 8,27 0,5 ~ 1,7

Ac B 0,12 0,12 0,05 0,05 0,3 ~ 1,1

cotg α 2 2 2 2 1,5 ~ 3,5

Para a aplicação das formulações referentes a estruturas de parede vertical com talude de
enrocamento emerso definiram-se as variáveis da Tabela 5.4. Os valores de a, b foram obtidos
da Tabela 3.1, r da Tabela 3.2 e Df da Figura 3.3, variando este para os diferentes caudais
determinados em função do período de pico e das várias alturas significativas ensaiadas. A
influência do muro cortina W,*, varia inversamente com o nível Ac . Assim, para níveis de

32
preia-mar com sobreelevação e independentemente do período, existe uma influência maior do
muro cortina sobre o caudal.

Tabela 5.4 : Valores dos parâmetros utilizados em Owen e Steele (1991) e Owen (1980)
PM PM+S
(Tp=12 e 16s) (Tp=12 e 16s)
a 9,39E-03 9,39E-03
b 21,60 21,60
r 0,95 0,95
Wh (m) 0,045 0,045
W* 1,29 3,00

33
5.2.1. Análise de resultados para nível de preia-mar (+3,5m ZH) e Tp=12s

Na Tabela 5.5, verifica-se uma diferença entre os resultados do ensaio e os obtidos pela
aplicação das fórmulas de Pedersen (1996), Owen e Steele (1991) e Owen (1980).

A expressão que melhor se aproxima aos valores do ensaio é a de Owen e Steele (1991).
Contudo, os valores obtidos por esta são inferiores aos do ensaio, facto que se deve,
essencialmente, ao coeficiente Df, que tem em conta o muro cortina ser muito reduzido
(Tabela A.3). A adopção destes valores levaria a um subdimensionamento da estrutura.

Na aplicação de Owen (1980) adoptou-se um talude de enrocamento até ao nível da


superestrutura, sendo a rugosidade, r, a variável que oferece resistência ao escoamento e
consequentemente responsável por reduzir o galgamento. Os valores obtidos são assim
superiores aos do ensaio visto este, para além da rugosidade do talude, ter um muro cortina.

Apesar da geometria do perfil representada na Figura 5.1. se assemelhar à da fórmula de


Pedersen, os resultados obtidos são os que menos se aproximam dos ensaiados. Da Tabela
5.2 verifica-se que os valores do muro cortina não se apresentam no domínio de aplicação
da fórmula de Pedersen (1996), apresentando valores inferiores. Este factor origina assim
valores de caudais galgados muito elevados.

As Figuras 5.2 e 5.3 ilustram as conclusões acima referidas.

Tabela 5.5 Comparação dos resultados do ensaio com os de Pedersen (1996), os de Owen e Steele (1991)
e os de Owen (1980), para nível de preia-mar (+3,5m ZH) Tp= 12 s.
3
q (m /s/m)
Hs (m)
Ensaio Pedersen (1996) Owen e Steele (1991) Owen (1980)
0,054 0 9,05E-06 - 1,70E-07
0,062 0 1,80E-05 - 7,17E-07
0,066 0 2,47E-05 - 1,31E-06
0,074 0 4,37E-05 - 3,63E-06
0,078 0 5,69E-05 - 5,64E-06
0,082 0 7,30E-05 - 8,43E-06
0,086 0 9,27E-05 - 1,22E-05
0,094 0 1,45E-04 - 2,34E-05
0,098 0 1,78E-04 - 3,12E-05
0,100 3,33E-06 1,97E-04 1,32E-08 3,58E-05
0,102 7,78E-06 2,18E-04 1,65E-08 4,09E-05
0,112 1,33E-05 3,47E-04 8,45E-08 7,46E-05

34
PM Tp=12s

4,00E-04

3,50E-04

3,00E-04 Pedersen (1996)


q (m3/s/m)

2,50E-04

2,00E-04 Owen e Steele (1991)


1,50E-04
Owen (1980)
1,00E-04

5,00E-05
Ensaio
0,00E+00
0,098 0,1 0,102 0,104 0,106 0,108 0,11 0,112 0,114
Hs (m)

Figura 5.2: Comparação dos resultados do ensaio com os de Pedersen (1996), com os de Owen e
Steele (1991) e com os de Owen (1991), para nível de preia-mar (+3,5m ZH) Tp= 12 s.

PM Tp=12s

1,40E-05

1,20E-05

1,00E-05
q (m3/s/m)

8,00E-06

6,00E-06
Owen e Steele (1991)
4,00E-06

2,00E-06 Ensaio
0,00E+00
0,098 0,1 0,102 0,104 0,106 0,108 0,11 0,112 0,114
Hs (m)

Figura 5.3: Comparação dos resultados do ensaio com os de Owen e Steele (1991), para nível de preia-
mar (+3,5m ZH) Tp= 12 s.

35
5.2.2. Análise de resultados para nível de preia-mar (+3,5 m ZH) e Tp=16s

Para estas condições, a fórmula que melhor se aproxima é a de Owen e Steele (1991), tal
como se tinha verificado no ponto anterior, com valores inferiores aos obtidos no ensaio
(Tabela 5.6).

Os resultados obtidos de Pedersen (1996) apresentam uma grande variação, por excesso,
dos resultados do ensaio. A expressão de Owen (1980) não se aplica no presente caso pois
a condição 0,05 < R * < 0,30 não é verificada (Tabela B.4).

O subdimensionamento a que a fórmula de Owen e Steele (1991) poderia levar, o


sobredimensionamento associado à fórmula de Pedersen (1996) e a ausência de valores
entre estes extremos, torna essencial a realização de ensaios em modelo físico.

As considerações acima apresentadas são também apoiadas nas Figuras 5.4 e 5.5.

Tabela 5.6 Comparação dos resultados do ensaio com os de Pedersen (1996), os de Owen e Steele (1991)
e os de Owen (1980), para nível de preia-mar (+3,5m ZH) Tp= 16 s.
3
q (m /s/m)
Hs (m)
Ensaio Pedersen (1996) Owen e Steele (1991) Owen (1980)

0,064 0 5,06E-05 - 2,87E-06


0,078 0 1,36E-04 - 1,54E-05
0,088 0 2,49E-04 - 3,79E-05
0,096 0 3,84E-04 - 6,89E-05
0,098 0 4,26E-04 - 7,90E-05
0,102 0 5,20E-04 - 1,02E-04
0,104 0 5,73E-04 - 1,15E-04
0,106 1,89E-05 6,30E-04 1,26E-07 1,30E-04
0,11 2,78E-05 7,59E-04 2,22E-07 1,63E-04
0,112 3,56E-05 8,30E-04 2,74E-07 1,81E-04
0,114 6,67E-05 9,07E-04 3,44E-07 2,01E-04
0,118 9,44E-05 1,08E-03 6,45E-07 2,45E-04

36
PM Tp=16s

1,20E-03

1,00E-03

8,00E-04
Pedersen (1996)
q (m3/s/m)

6,00E-04

Owen e Steele (1991)


4,00E-04

2,00E-04
Ensaio
0,00E+00
0,105 0,107 0,109 0,111 0,113 0,115 0,117 0,119
Hs (m)

Figura 5.4: Comparação dos resultados do ensaio com os de Pedersen (1996) e com os de Owen e
Steele (1991), para nível de preia-mar (+3,5m ZH) Tp= 16 s.

PM Tp=16s

1,00E-04

9,00E-05
8,00E-05

7,00E-05
q (m3/s/m)

6,00E-05

5,00E-05
4,00E-05 Owen e Steele (1991)
3,00E-05

2,00E-05 Ensaio
1,00E-05

0,00E+00
0,105 0,107 0,109 0,111 0,113 0,115 0,117 0,119
Hs (m)

Figura 5.5: Comparação resultados do ensaio com os de Owen e Steele (1991), para nível de preia-mar
(+3,5m ZH) Tp= 16 s.

37
5.2.3. Análise de resultados para nível de preia-mar (+4,5 m ZH) e Tp=12s

Neste caso, a expressão que mais se aproxima dos resultados ensaiados é a de Owen
(1980), como se pode verificar na Figura 5.6, Figura 5.7 e na Tabela 5.7, apresentando
valores inferiores.

Para este caso não se aplica a expressão de Owen e Steele (1991) uma vez que o
parâmetro W* que define a altura do muro cortina adimensionalisada, é elevado, existindo
assim uma grande influência do muro cortina. Para os caudais esperados, os valores de

D f são nulos, ou seja, o muro cortina tem capacidade de absorver e reflectir toda a energia,
não ocorrendo por isso galgamentos.

Tabela 5.7 Comparação dos resultados do ensaio com os de Pedersen (1996), os de Owen e Steele (1991)
e os de Owen (1980), para nível de preia-mar com sobreelevação (+4,5m ZH) Tp= 12 s.
3
q (m /s/m)
Hs (m)
Ensaio Pedersen (1996) Owen e Steele (1991) Owen (1980)

0,05 0 3,41E-05 - 1,71E-07


0,056 0 6,00E-05 - 5,81E-07
0,066 4,44E-06 1,36E-04 - 2,82E-06
0,076 8,33E-06 2,76E-04 - 9,32E-06
0,082 1,83E-05 4,04E-04 - 1,68E-05
0,086 2,11E-05 5,13E-04 - 2,39E-05
0,088 4,56E-05 5,75E-04 - 2,82E-05
0,09 6,67E-05 6,43E-04 - 3,30E-05
0,092 8,89E-05 7,18E-04 - 3,84E-05
0,098 1,06E-04 9,85E-04 - 5,87E-05
0,102 1,59E-04 1,20E-03 - 7,60E-05
0,106 2,45E-04 1,46E-03 - 9,66E-05

38
PM+S Tp=12s

1,60E-03

1,40E-03

1,20E-03

1,00E-03
q (m3/s/m)

Pedersen (1996)
8,00E-04

6,00E-04
Owen (1980)
4,00E-04

2,00E-04 Ensaio
0,00E+00
0,06 0,065 0,07 0,075 0,08 0,085 0,09 0,095 0,1 0,105 0,11
Hs (m)

Figura 5.6: Comparação dos resultados do ensaio com os de Pedersen (1996) e com os de Owen
(1980), para nível de preia-mar com sobreelevação (+4,5m ZH) Tp= 12 s.

PM+S Tp=12s

3,00E-04

2,50E-04

2,00E-04
q (m3/s/m)

1,50E-04
Owen (1980)
1,00E-04

5,00E-05 Ensaio

0,00E+00
0,06 0,065 0,07 0,075 0,08 0,085 0,09 0,095 0,1 0,105 0,11
Hs (m)

Figura 5.7: Comparação dos resultados do ensaio com os de Owen (1980), para nível de preia-mar com
sobreelevação (+4,5m ZH) Tp= 12 s.

39
5.2.4. Análise de resultados para nível de preia-mar (+4,5 m ZH) e Tp=16s

Para a presente situação a expressão que melhor se ajusta é a de Owen e Steele (1991)
(Tabela 5.8). Dado os intervalos de aplicabilidade de Owen (1980) 0,05 < R * < 0,30 , não é

possível a aplicação desta expressão (Tabela D.4). Os resultados obtidos são ilustrados
pelas Figuras 5.8 e 5.9.

Tabela 5.8 Comparação dos resultados do ensaio com os de Pedersen (1996), os de Owen e Steele (1991)
e os de Owen (1980), para nível de preia-mar com sobreelevação (+4,5ZH m) Tp= 16 s.
3
q (m /s/m)
Hs (m)
Ensaio Pedersen (1996) Owen e Steele (1991) Owen (1980)

0,066 0 3,26E-04 - 6,75E-06


0,074 0 5,78E-04 - 1,74E-05
0,078 4,44E-06 7,52E-04 - 2,62E-05
0,086 1,11E-05 1,23E-03 - 5,32E-05
0,098 2,78E-05 2,36E-03 - 1,27E-04
0,104 5,56E-05 3,17E-03 - 1,83E-04
0,108 7,78E-05 3,83E-03 6,28E-09 2,28E-04
0,112 8,89E-05 4,59E-03 9,89E-09 2,82E-04
0,114 1,48E-04 5,02E-03 1,67E-08 3,11E-04
0,116 1,71E-04 5,47E-03 2,73E-08 3,43E-04
0,122 2,80E-04 7,04E-03 7,59E-08 4,51E-04
0,124 3,70E-04 7,64E-03 9,47E-08 4,91E-04

PM+S Tp=16s

9,00E-03

8,00E-03

7,00E-03

6,00E-03
Pedersen (1996)
q (m3/s/m)

5,00E-03

4,00E-03 Owen e Steele (1991)


3,00E-03
Ensaio
2,00E-03

1,00E-03

0,00E+00
0,07 0,08 0,09 0,1 0,11 0,12 0,13
Hs (m)

Figura 5.8: Comparação dos resultados do ensaio com os de Pedersen (1996) e com os de Owen e
Steele (1991), para nível de preia-mar com sobreelevação (+4,5m ZH) Tp= 16 s.

40
PM+S Tp=16s

4,00E-04

3,50E-04

3,00E-04
q (m3/s/m)

2,50E-04

2,00E-04 Owen e Steele


1,50E-04 (1991)
1,00E-04 Ensaio
5,00E-05

0,00E+00
0,07 0,08 0,09 0,1 0,11 0,12 0,13
Hs (m)

Figura 5.9: Comparação dos resultados do ensaio com os de Owen e Steele (1991), para nível de preia-
mar com sobreelevação (+4,5m ZH) Tp= 16 s.

5.3. Aplicação de redes neuronais

Para o estudo em questão foi utilizada uma rede neuronal artificial (NN_OVERTOPPING),
desenvolvida por DELFT HYDRAULICS, no âmbito do projecto CLASH. As condições de
utilização e operação deste modelo, estão descritas no respectivo manual (Coeveld et al.,
2005).

Dado o grande número de parâmetros envolvidos no fenómeno do galgamento, torna-se difícil


descrever a influência de todos eles. A modelação de redes neuronais em estudo, seleccionou
e analisou, a influência de grande parte deste parâmetros.

Figura 5.10 : Ilustração de parâmetros intervenientes na definição da rede neuronal artificial em estudo
(Coeveld et al, 2005).

41
Para a representação da influência da agitação marítima, são analisados 3 parâmetros:

Hm0, Tm− 1,0 , β [º]

Para a descrição da geometria da estrutura, são considerados 12 parâmetros:

h, ht , Bt ,B, hb, tan αb, Rc, Ac, Gc, cot αd, cot αu, γf

A Figura 5.10 ilustra os parâmetros acima mencionados, usados como variáveis de entrada no
modelo da rede neuronal artificial em estudo.

Dada a geometria da estrutura do caso de estudo (Figura 5.1), as variáveis da camada de


entrada tomam os valores apresentados no Anexo E, para as diferentes situações em análise:
nível de preia-mar (+3,5m ZH) e Tp= 12s e 16s e nível de preia-mar com sobreelevação (+4,5m
ZH) e Tp=12 e 16s.

A rede neuronal artificial aplicada foi treinada usando a base de dados do projecto CLASH. Esta
base de dados, inicialmente baseada em 10000 testes, foi reavaliada através de factores de
fiabilidade e de complexidade, de modo a obter uma maior qualidade de dados. A base de
dados final é então o resultado de 8372 testes.

Tendo como objectivo a possibilidade de aplicação em protótipo e em modelo reduzido, todos


os parâmetros de entrada e saída da rede neuronal artificial são representados à escala para
Hm0 = 1 m, usando a lei de semelhança de Froude. O factor de escala permite assim a
aplicação de redes neuronais a diferentes escalas.

A lei de semelhança de Froude é dada pelo factor nL, determinado pelo razão entre a altura de
onda Hm0 = 1 m e a altura de onda medida, ou seja:

1
(5.1) nL =
H m ( medido )

A relação de Froude para os diferentes parâmetros da rede neural, dada por:

A análise da grande base de dados utilizada para a construção da rede neural artificial em
estudo, permitiu criar um intervalo de aplicabilidade, para cada parâmetro de entrada da rede,
reproduzidos à escala através da semelhança referida anteriormente, para Hm0 = 1 m.

42
A Tabela 5.9 apresenta o intervalo de valores para cada parâmetro da camada de entrada, para
uma altura de onda significativa Hm0 = 1 m, e para o programa em uso (NN_OVERTOPPING).

Tabela 5.9 Limites de aplicação das variáveis de entrada, com aplicação no programa NN_OVERTOPPING
(para Hm0=1m) (Coeveld et al., 2005)

Parâmetros Máximo Mínimo

Quando, na camada de entrada, existem valores fora do intervalo de aplicabilidade apresentado


na Tabela 5.9, o programa anota automaticamente um erro no resultado final e aborta a sua
execução.

Como parâmetros da saída, a modelação em estudo apresenta na primeira coluna o caudal


3
médio q (m /s/m), e nas colunas 2 a 8 os quantis q2,5%, q5%, q25%, q50%, q75%, q95% e
q97,5%. Estes resultam de cerca de 700 redes neuronais artificiais ensaiadas com origem na
mesma base de dados do projecto, mas utilizando a técnica bootstrap de reamostragem sobre
essa mesma base, e permitem avaliar a incerteza dos resultados através de intervalos de
confiança, ou seja, um intervalo de confiança de 95 % é dado pelos quantis q2,5%, e q97,5%.

A coluna 9 dá informação do número relativo ao parâmetro de entrada e as colunas 10 e 11 dão


informação do erro relativo a cada resultado. O erro é expresso, de 0 a 7, da seguinte forma:

43
• 1: “AVISO> Parâmetro na coluna 5 fora do intervalo de aplicabilidade. Nenhuma previsão é
dada”
Este aviso indicava que o parâmetro de entrada na coluna 5 (a profundidade de água junto à
estrutura, ht) estava fora do limite de aplicabilidade do modelo da rede neuronal. Este aviso
pode aparecer para qualquer dos parâmetros de entrada, em relação com os valores indicado
na Tabela 5.10.

-6 -5
• 2: “AVISO> Para 10 <Q <10 , a previsão da rede neuronal é menos fiável (indicativo)”

Esta observação indica que o valor adimensional do caudal médio galgado previsto é pouco
-6 -5 3
preciso no intervalo 10 <Q <10 , (com Q = q / gH s ), e portanto, o resultado deve ser tido

em conta apenas como indicativo.

-6
• 3: “AVISO> Para Q <10 , nenhuma previsão é dada”

Esta observação indica que o valor adimensional do caudal médio galgado (Q) previsto
-6 3
apresenta valores inferiores a 10 (com Q = q / gH s ), e por isso o resultado toma o valor -1,

por defeito.

• 4: “OBSERVAÇÃO > Para estruturas de talude rugoso, é aplicado um factor de correcção:


q=”

Com esta observação é dada a possibilidade de escolher entre o resultado previsto pelo modelo
da rede neuronal ou um valor corrigido para ter em conta efeitos de escala e efeitos do vento.
Para estruturas de talude rugoso γf < 0.9 e cot α >1.

• 5: “OBSERVAÇÃO> Para estruturas de talude rugoso, é aplicado um factor de correcção: q


-6 -5
=, uma vez que no intervalo 10 <Q <10 , a previsão não é fiável (indicativo)”

Com esta observação é dada a possibilidade de escolher entre o resultado previsto pelo modelo
da rede neuronal ou um valor corrigido para ter em conta efeitos de escala e efeitos do vento.
Para estruturas de talude rugoso γf < 0.9 e cot α >1. O operador avisa também que o valor
-6 -5
adimensional do caudal médio galgado previsto é pouco preciso no intervalo 10 <Q <10 ,
3
(com Q = q / gH s ) e, portanto, o resultado deve ser considerado menos fiável, ou apenas

como indicativo.

• 6:“OBSERVAÇÃO> Para estruturas de parede vertical, um factor de correcção é aplicado:


q=”

Com esta observação é dada a possibilidade de escolher entre o resultado previsto pelo modelo
da rede neuronal ou um valor corrigido para ter em conta efeitos do vento. Para paredes lisas
(γf>0,9) e estruturas de parede vertical (cotα<1).

44
• 7:“OBSERVAÇÃO> Para estruturas de parede vertical, um factor de correcção é aplicado:
-6 -5
q=” uma vez que no intervalo 10 <Q <10 , a previsão não é fiável (indicativo)”

Com esta observação é dada a possibilidade de escolher entre o resultado previsto pelo modelo
da rede neuronal ou um valor corrigido para explicar efeitos de vento. Para paredes lisas
(γf>0,9) e estruturas de parede vertical (cotα<1). O operador avisa também que o valor
-6 -5
adimensional do caudal médio galgado previsto é pouco preciso no intervalo 10 <Q <10 ,
3
(com Q = q / gH s ) e, portanto, o resultado deve ser considerado menos fiável, ou apenas

como indicativo.

• 0: Neste caso, nenhumas observações nem avisos são dados.

5.3.1. Análise de resultados para nível de preia-mar (+3,5 m ZH) e Tp=12s

Na Tabela 5.11, apresentam-se os resultados obtidos para este ensaio. É de notar que a
coluna 10 apresenta um erro do tipo 1, dado da seguinte forma:

1 – “AVISO> Parâmetro na coluna 2 fora do intervalo de aplicabilidade. Nenhuma previsão é


dada”

Analisando a coluna 2 da camada de entrada, apresentada no Anexo E, que diz respeito ao


valor de da altura de água junto à estrutura (h), conclui-se que a rede neuronal em estudo,
para o nível de preia-mar de 0,07, no modelo, é aplicável apenas para valores de Hm0
inferiores a 0,078, ou seja, reproduzindo à escala o factor Hm0 a 1m, existem parâmetros que
se encontram fora do intervalo de aplicabilidade apresentado na Tabela 5.9.

A análise de resultados referida anteriormente é verificada de seguida:

Para Hm0=0,074 m

nL = 1 = 13,51 , ou seja, h' = h * n L = 0,07 * 13,51 = 0,95m


0,074

Para Hm0=0,078 m

nL = 1 = 12,82 , ou seja, h' = h * n L = 0,07 * 12,82 = 0,89m


0,078

O ensaio, e relativamente à Tabela 5.10, apresenta resultados para os valores de Hm0 a


vermelho. Assim, não é possível a comparação de resultados.

45
Tabela 5.10 Comparação dos valores obtidos da rede neuronal com os valores do ensaio, para PM (+3,5m
ZH) e Tp=12s
Hm0 Ensaio 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
q
(m) q (m3/s/m) q[2.50%] q[5.00%] q[25.00%] q[50.00%] q[75.00%] q[95.00%] q[97.50%] Nr.Pat. REMARK
(m3/s/m)
0.054 0 3.02E-06 3.43E-07 4.74E-07 1.37E-06 3.25E-06 5.92E-06 1.80E-05 2.63E-05 1 0
0.062 0 5.95E-06 9.61E-07 1.22E-06 3.36E-06 6.27E-06 1.12E-05 2.55E-05 3.46E-05 2 0
0.066 0 7.97E-06 1.42E-06 1.82E-06 4.73E-06 8.30E-06 1.42E-05 3.05E-05 4.18E-05 3 0
0.074 0 1.33E-05 2.72E-06 3.52E-06 8.17E-06 1.39E-05 2.27E-05 4.40E-05 5.69E-05 4 0
0.078 0 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 5 1
0.082 0 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 6 1
0.086 0 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 7 1
0.094 0 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 8 1
0.098 0 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 9 1
0.1 3.33E-06 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 10 1
0.102 7.78E-06 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 11 1
0.112 1.33E-05 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 12 1

5.3.2. Análise de resultados para nível de preia-mar (+3,5m ZH) e Tp=16s

Os resultados obtidos para esta situação são apresentados na tabela 5.11.

De um modo semelhante à situação anterior, os resultados obtidos neste caso apresentam o


erro do tipo 1, podendo, assim, tirar-se a mesma conclusão relativamente ao limite de
aplicabilidade da rede. Para uma profundidade junto à estrutura (h) de 0,07 m, a rede
neuronal aplica-se apenas para valores de Hm0<0,078 m, e portanto não é possível comparar
as saídas da rede neural com os resultados do ensaio.

Tabela 5.11 Comparação dos valores obtidos da rede neuronal com os valores do ensaio, para PM (+3,5m
ZH) e Tp=16s
Hm0 Ensaio 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
q
(m) q (m3/s/m) q[2.50%] q[5.00%] q[25.00%] q[50.00%] q[75.00%] q[95.00%] q[97.50%] Nr.Pat. REMARK
(m3/s/m)
0.064 0 1.71E-05 1.58E-06 2.44E-06 7.80E-06 1.71E-05 3.76E-05 1.18E-04 1.55E-04 13 0
0.078 0 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 14 1
0.088 0 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 15 1
0.096 0 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 16 1
0.098 0 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 17 1
0.102 0 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 18 1
0.104 0 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 19 1
0.106 1.89E-05 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 20 1
0.11 2.78E-05 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 21 1
0.112 3.56E-05 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 22 1
0.114 6.67E-05 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 23 1
0.118 9.44E-05 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 24 1

46
5.3.3. Análise de resultados para nível de preia-mar (+4,5m ZH) e Tp=12s

Para o nível de preia-mar com sobreelevação (+4,5ZH) e Tp=12s, os resultados obtidos da


rede neuronal artificial apresentam-se na Tabela 5.12.

Neste caso, podemos concluir que a rede neuronal em estudo tem um limite de aplicabilidade
para valores de Hm0 inferiores a 0,1 m.

Uma vez que os resultados da rede apresentam erro apenas em dois casos, é possível
comparar oito dos valores obtidos no ensaio em modelo reduzido com os obtidos da rede
neuronal. Esta comparação é representada na Figura 5.11.

Tabela 5.12 Comparação dos valores obtidos da rede neuronal com os valores do ensaio, para PM+S
(+4,5m ZH) e Tp=12s
Hm0 Ensaio 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
q
(m) q (m3/s/m) q[2.50%] q[5.00%] q[25.00%] q[50.00%] q[75.00%] q[95.00%] q[97.50%] Nr.Pat. REMARK
(m3/s/m)
0.05 0 8.76E-06 7.10E-07 1.38E-06 3.98E-06 9.37E-06 1.74E-05 5.84E-05 7.77E-05 25 0
0.056 0 1.44E-05 1.66E-06 2.37E-06 7.31E-06 1.51E-05 2.82E-05 7.60E-05 9.59E-05 26 0
0.066 4.44E-06 2.77E-05 4.42E-06 6.46E-06 1.62E-05 2.85E-05 4.98E-05 1.03E-04 1.44E-04 27 0
0.076 8.33E-06 4.67E-05 9.41E-06 1.38E-05 2.77E-05 4.67E-05 7.89E-05 1.59E-04 2.10E-04 28 0
0.082 1.83E-05 6.18E-05 1.50E-05 1.79E-05 3.81E-05 6.28E-05 1.02E-04 2.05E-04 2.74E-04 29 0
0.086 2.11E-05 7.39E-05 1.82E-05 2.22E-05 4.66E-05 7.48E-05 1.24E-04 2.45E-04 3.16E-04 30 0
0.088 4.56E-05 8.05E-05 1.95E-05 2.40E-05 5.18E-05 8.14E-05 1.33E-04 2.55E-04 3.43E-04 31 0
0.09 6.67E-05 8.77E-05 2.16E-05 2.59E-05 5.69E-05 8.87E-05 1.44E-04 2.69E-04 3.63E-04 32 0
0.092 8.89E-05 9.54E-05 2.35E-05 2.85E-05 6.20E-05 9.69E-05 1.56E-04 2.90E-04 3.98E-04 33 0
0.098 1.06E-04 1.22E-04 2.74E-05 3.64E-05 7.79E-05 1.25E-04 1.97E-04 3.73E-04 4.76E-04 34 0
0.102 1.59E-04 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 35 1
0.106 2.45E-04 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 36 1

Figura 5.11 Comparação dos resultados obtidos da rede neuronal artificial e do Ensaio, para o nível de
Preia-mar com sobrelevação (+4,5 m ZH) e Tp=12s

47
Da Figura 5.11 conclui-se que o ensaio em modelo reduzido apresenta valores
compreendidos entre os quantis 2,5% e 97,5% da rede neuronal artificial, para os três
valores mais elevados comuns. De um modo geral, a concordância com o valor médio
previsto pela rede é boa e todos os valores estão dentro do intervalo de confiança de 95%.

5.3.4. Análise de resultados para nível de preia-mar (+4,5m ZH) e Tp=16s

Os resultados obtidos para esta situação são apresentados na Tabela 5.13.

Assim como na situação anterior, os resultados obtidos neste caso apresentam o erro do tipo
1. A rede neuronal tem um limite de aplicabilidade para valores de Hm0 inferiores a 0,1 m.

O modelo apresenta resultados para os valores de Hm0 a vermelho na Tabela 5.13, sendo
possível comparar apenas três resultados. Esta comparação é demonstrada na Figura 5.12.

Tabela 5.13 Comparação dos valores obtidos da rede neuronal com os valores do ensaio, para PM+S
(+4,5m ZH) e Tp=16s
Hm0 Ensaio 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
q
(m) q (m3/s/m) q[2.50%] q[5.00%] q[25.00%] q[50.00%] q[75.00%] q[95.00%] q[97.50%] Nr.Pat. REMARK
(m3/s/m)
0.066 0 5.47E-05 6.08E-06 8.21E-06 2.62E-05 5.59E-05 1.17E-04 3.51E-04 4.71E-04 37 0
0.074 0 8.70E-05 9.51E-06 1.51E-05 4.28E-05 8.93E-05 1.76E-04 5.05E-04 6.75E-04 38 0
0.078 4.44E-06 1.07E-04 1.20E-05 1.98E-05 5.22E-05 1.08E-04 2.09E-04 6.16E-04 7.45E-04 39 0
0.086 1.11E-05 1.58E-04 2.03E-05 3.24E-05 7.56E-05 1.58E-04 3.01E-04 8.23E-04 1.06E-03 40 0
0.098 2.78E-05 2.61E-04 4.06E-05 5.86E-05 1.38E-04 2.61E-04 4.82E-04 1.21E-03 1.66E-03 41 0
0.104 5.56E-05 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 42 1
0.108 7.78E-05 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 43 1
0.112 8.89E-05 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 44 1
0.114 1.48E-04 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 45 1
0.116 1.71E-04 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 46 1
0.122 2.80E-04 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 47 1
0.124 3.70E-04 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 48 1

48
Figura 5.12 : Comparação dos resultados obtidos da rede neuronal artificial e do Ensaio, para o nível de
Preia-mar com sobrelevação (+4,5 m ZH) e Tp=16s

Da Figura 5.12 conclui-se que o ensaio em modelo reduzido apresenta valores dentro do
intervalo de confiança de 95% da rede neuronal artificial, apenas para dois valores. A
concordância com o valor médio previsto pela rede é boa, no entanto, a gama de valores
comparada é muito reduzida, o que dificulta a análise de resultados nesta situação.

49
6. CONCLUSÕES

Este trabalho abordou o fenómeno do galgamento em estruturas marítimas, com especial ênfase
nos tipos de estruturas mais comuns na costa portuguesa, e fazendo uma aplicação a um caso
concreto.

A interacção onda-estrutura, de que o galgamento faz parte, é um processo complexo pois


envolve fenómenos transientes, não lineares e, por vezes, com desenvolvimento de forte
turbulência e vórtices, o que dificulta a sua análise e modelação.

Os galgamentos condicionam a geometria da estrutura, por intermédio da determinação da cota


de coroamento da obra. Quanto maior for a estrutura menos galgamentos são esperados, no
entanto o sobredimensionamento implica custos acrescidos, podendo, eventualmente, pôr em
risco a sua viabilidade.

O facto das expressões empíricas e semi-empíricas, mais utilizadas no cálculo de galgamentos, se


basearem em geometrias simplificadas ensaiadas em laboratório, dificulta a previsão quando
aplicadas na realidade, onde podem existir condicionantes que não foram representadas nesses
ensaios.

O projecto CLASH foi essencial para o desenvolvimento da aplicação de redes neuronais


artificiais. Dada a complexidade do fenómeno, as diversas variáveis que o condicionam e a
importância da sua interligação, o método das redes neuronais tem grandes vantagens para o
estudo do galgamento, sendo à partida um método mais eficaz do que as formulações empíricas.

As conclusões principais deste estudo incidem sobre a aplicação das formulações ao caso de
estudo – reabilitação do molhe sul do porto da Póvoa de Varzim - em que a variável de
comparação foi o caudal galgado por metro linear de estrutura, que se sintetizam nos seguintes
pontos:

• A aplicação da fórmula de Pedersen leva a resultados bastante superiores aos ensaiados pelo
facto das variáveis que definem a geometria do muro cortina não se encontrarem no domínio
de aplicabilidade da expressão, apresentando valores inferiores a estes.

• No que diz respeito à expressão de Owen e Steele (1991), conclui-se que o parâmetro Df ,

que traduz a influência do muro cortina, reduz significativamente o caudal de galgamento,


apresentando sempre valores por defeito.

• A fórmula de Owen (1980), cuja geometria não se assemelha à ensaiada, é no entanto a que
apresenta resultados mais próximos dos obtidos nos ensaios. Esta expressão aplica-se apenas
para períodos de 12s uma vez que R * varia inversamente com o período e para períodos

maiores se obtêm valores inferiores aos admitidos no intervalo 0,05 < R * < 0,30 .

• A rede neuronal artificial aplicada apresenta resultados bons para o nível de preia-mar (+4,5 m
ZH) e período de pico 12s. Neste caso, grande parte dos valores encontra-se no intervalo de

50
confiança de 95%. Nas restantes situações analisadas foram limitadas pelos intervalos de
aplicabilidade da rede estudada.

• Os resultados obtidos da rede neuronal, em quantis, permitem avaliar a fiabilidade dos


resultados, sendo um método simples e de fácil aplicação. No entanto, encontra-se limitado aos
ensaios testados que, apesar de ser em grande número, não abrangem todas as situações. O
aumento da base de dados do projecto CLASH seria vantajoso, na medida em que permite
alargar os limites de aplicabilidade, bem como as incertezas da rede.

A disponibilidade de um maior número de dados laboratoriais, incluindo ensaios com outros tipos
de estruturas, permitirá experimentar diferentes fórmulas de cálculo do galgamento, testar os
respectivos limites de aplicabilidade e melhorar o conhecimento do fenómeno.

51
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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54
8. ANEXOS

Anexo.A
Tabela A.1 : Resultados do ensaio para nível de preia-mar (+3,5ZH m) Tp= 12 s.
PM 12 s
Hs (m) na obra Vol Volprot
Vol (l) G
(m3/s/m) (m3/s/m)
2,7 0,00 0 0 0-1
3,1 0,00 0 0 0-1
3,3 0,00 0 0 1
3,7 0,00 0 0 1-2
3,9 0,00 0 0 1-2
4,1 0,00 0 0 1-2
4,3 0,00 0 0 2
4,7 0,00 0 0 2
4,9 0,00 0 0 2-3
5 0,30 3,33E-06 1,18E-03 2-3
5,1 0,70 7,78E-06 2,75E-03 3
5,6 1,20 1,33E-05 4,71E-03 3

Vol. corresponde ao caudal galgado, e G à avaliação do galgamento segundo uma escala de 0-5
onde 0 corresponde a galgamentos pouco significativos e 5 a galgamentos muito significativos.

Tabela A.2 : Resultados da aplicação de Pedersen (1996), para nível de preia-mar (+3,5ZH m) Tp= 12 s.
Pedersen
Hs q (m3/s/m) Q R
0,054 9,05E-06 1,37E-06 1,37E-06
0,062 1,80E-05 2,73E-06 2,73E-06
0,066 2,47E-05 3,73E-06 3,73E-06
0,074 4,37E-05 6,60E-06 6,60E-06
0,078 5,69E-05 8,59E-06 8,59E-06
0,082 7,30E-05 1,10E-05 1,10E-05
0,086 9,27E-05 1,40E-05 1,40E-05
0,094 1,45E-04 2,18E-05 2,18E-05
0,098 1,78E-04 2,69E-05 2,69E-05
0,1 1,97E-04 2,98E-05 2,98E-05
0,102 2,18E-04 3,29E-05 3,29E-05
0,112 3,47E-04 5,25E-05 5,25E-05

55
Tabela A.3 Resultados da aplicação da fórmula de Owen e Steele (1991), para nível de preia-mar (+3,5ZH m)
Tp= 12 s.
Estruturas de parede vertical com talude de enrocamento emerso – Owen e Steele (1991)
3 3 3
Hs Ac* Qb* qb (m /s/m) Cr Qc* qc (m /s/m) Df q (m /s/m)
0,054 0,0345 0,0021 0,0016 0,000735531 1,56E-06 1,15E-06 - -
0,062 0,0322 0,0023 0,0020 0,002155679 5,04E-06 4,28E-06 - -
0,066 0,0312 0,0024 0,0022 0,003346745 8,17E-06 7,38E-06 - -
0,074 0,0294 0,0026 0,0027 0,006994255 1,84E-05 1,86E-05 - -
0,078 0,0287 0,0027 0,0029 0,009553804 2,60E-05 2,77E-05 - -
0,082 0,0280 0,0028 0,0031 0,012658961 3,55E-05 3,98E-05 - -
0,086 0,0273 0,0029 0,0034 0,016339934 4,72E-05 5,55E-05 - -
0,094 0,0261 0,0030 0,0039 0,025506572 7,75E-05 9,97E-05 - -
0,098 0,0256 0,0031 0,0042 0,031010736 9,64E-05 1,29E-04 - -
0,1 0,0253 0,0031 0,0043 0,033993529 1,07E-04 1,46E-04 9,00E-05 1,32E-08
0,102 0,0251 0,0032 0,0044 0,037129266 1,18E-04 1,65E-04 1,00E-04 1,65E-08
0,112 0,0239 0,0033 0,0051 0,055053919 1,84E-04 2,82E-04 3,00E-04 8,45E-08

Tabela A.4 : Resultados da aplicação da fórmula de Owen (1980), para nível de preia-mar (+3,5ZH m) Tp= 12
s.
Estruturas de talude permeável - Owen (1980)
3 3
Hs Cr R* Q* q (m /s/m) qc (m /s/m)

0,054 0,000736 0,079 0,00031 2,31E-04 1,70E-07


0,062 0,002156 0,074 0,00039 3,33E-04 7,17E-07
0,066 0,003347 0,071 0,00043 3,90E-04 1,31E-06
0,074 0,006994 0,067 0,00051 5,19E-04 3,63E-06
0,078 0,009554 0,066 0,00055 5,91E-04 5,64E-06
0,082 0,012659 0,064 0,00059 6,66E-04 8,43E-06
0,086 0,016340 0,062 0,00063 7,45E-04 1,22E-05
0,094 0,025507 0,060 0,00071 9,16E-04 2,34E-05
0,098 0,031011 0,058 0,00075 1,01E-03 3,12E-05
0,1 0,033994 0,058 0,00077 1,05E-03 3,58E-05
0,102 0,037129 0,057 0,00079 1,10E-03 4,09E-05
0,112 0,055054 0,055 0,00088 1,35E-03 7,46E-05

56
Anexo.B
Tabela B.1 : Resultados do ensaio para nível de preia-mar (+3,5ZH m) Tp= 16 s.
PM 16 s
Hs (m) na obra Vol Volprot
Vol (l) G
(m3/s/m) (m3/s/m)
3,2 0,00 0 0 1
3,9 0,00 0 0 1-2
4,4 0,00 0 0 1-2
4,8 0,00 0 0 2
4,9 0,00 0 0 2-3
5,1 0,00 0 0 2-3
5,2 0,00 0 0 2-3
5,3 1,70 1,89E-05 6,68E-03 2-3
5,5 2,50 2,78E-05 9,82E-03 3-4
4,6 3,20 3,56E-05 1,26E-02 4
5,7 6,00 6,67E-05 2,36E-02 4
5,9 8,50 9,44E-05 3,34E-02 4-5

Vol. corresponde ao caudal galgado, e G à avaliação do galgamento segundo uma escala de 0-5
onde 0 corresponde a galgamentos pouco significativos e 5 a galgamentos muito significativos.

Tabela B.2 : Resultados da aplicação da fórmula de Pedersen (1996), para nível de preia-mar (+3,5ZH m) Tp=
16 s.
Pedersen
Hs q (m3/s/m) Q R
0,064 5,06E-05 3,20E-06 3,20E-06
0,078 1,36E-04 8,59E-06 8,59E-06
0,088 2,49E-04 1,57E-05 1,57E-05
0,096 3,84E-04 2,43E-05 2,43E-05
0,098 4,26E-04 2,69E-05 2,69E-05
0,102 5,20E-04 3,29E-05 3,29E-05
0,104 5,73E-04 3,62E-05 3,62E-05
0,106 6,30E-04 3,98E-05 3,98E-05
0,11 7,59E-04 4,79E-05 4,79E-05
0,112 8,30E-04 5,25E-05 5,25E-05
0,114 9,07E-04 5,73E-05 5,73E-05
0,118 1,08E-03 6,81E-05 6,81E-05

57
Tabela B.3 : Resultados da aplicação da fórmula de Owen e Steele (1991), para nível de preia-mar (+3,5ZH m)
Tp= 16 s.
Estruturas de parede vertical com talude de enrocamento emerso – Owen e Steele (1991)
3 3 3
Hs Ac* Qb* qb (m /s/m) Cr Qc* qc (m /s/m) Df q (m /s/m)
0,064 0,0237 0,0034 0,0040 0,002704508 9,13E-06 1,07E-05 - -
0,078 0,0214 0,0037 0,0053 0,009553804 3,55E-05 5,07E-05 - -
0,088 0,0202 0,0039 0,0063 0,018403371 7,22E-05 1,16E-04 - -
0,096 0,0193 0,0041 0,0072 0,028181626 1,15E-04 2,02E-04 - -
0,098 0,0191 0,0041 0,0074 0,031010736 1,27E-04 2,28E-04 - -
0,102 0,0188 0,0042 0,0078 0,037129266 1,55E-04 2,89E-04 - -
0,104 0,0186 0,0042 0,0080 0,040416864 1,70E-04 3,24E-04 - -
0,106 0,0184 0,0042 0,0082 0,043854932 1,86E-04 3,61E-04 3,50E-04 1,26E-07
0,11 0,0181 0,0043 0,0087 0,05117551 2,20E-04 4,43E-04 5,00E-04 2,22E-07
0,112 0,0179 0,0043 0,0089 0,055053919 2,39E-04 4,89E-04 5,60E-04 2,74E-07
0,114 0,0177 0,0044 0,0091 0,059074643 2,58E-04 5,38E-04 6,40E-04 3,44E-07
0,118 0,0174 0,0044 0,0095 0,067532629 2,99E-04 6,45E-04 1,00E-03 6,45E-07

Tabela B.4 : Resultados da aplicação da fórmula de Owen (1980), para nível de preia-mar (+3,5ZH m) Tp= 16 s.
Estruturas de talude permeável - Owen (1980)
3 3
Hs Cr R* Q* qc (m /s/m) q (m /s/m)

0,064 0,002705 0,054 0,00091 1,06E-03 2,87E-06


0,078 0,009554 0,049 0,00113 1,61E-03 1,54E-05
0,088 0,018403 0,046 0,00128 2,06E-03 3,79E-05
0,096 0,028182 0,044 0,00139 2,45E-03 6,89E-05
0,098 0,031011 0,044 0,00142 2,55E-03 7,90E-05
0,102 0,037129 0,043 0,00147 2,75E-03 1,02E-04
0,104 0,040417 0,042 0,00150 2,86E-03 1,15E-04
0,106 0,043855 0,042 0,00153 2,96E-03 1,30E-04
0,11 0,051176 0,041 0,00158 3,18E-03 1,63E-04
0,112 0,055054 0,041 0,00160 3,29E-03 1,81E-04
0,114 0,059075 0,041 0,00163 3,40E-03 2,01E-04
0,118 0,067533 0,040 0,00168 3,62E-03 2,45E-04

58
Anexo.C
Tabela C.1 : Resultados do ensaio para nível de preia-mar com sobreelevação (+4,5ZH m) Tp= 12 s.
PM + S 12 s
Hs (m) na obra Vol Volprot
Vol (l) G
(m3/s/m) (m3/s/m)
2,5 0,00 0 0 0
2,8 0,00 0 0 1
3,3 0,40 4,44E-06 1,57E-03 2-3
3,8 0,75 8,33E-06 2,95E-03 3
4,1 1,65 1,83E-05 6,48E-03 3
4,3 1,90 2,11E-05 7,46E-03 3
4,4 4,10 4,56E-05 1,61E-02 3-4
4,5 6,00 6,67E-05 2,36E-02 4
4,6 8,00 8,89E-05 3,14E-02 4
4,9 9,50 1,06E-04 3,73E-02 4
5,1 14,35 1,59E-04 5,64E-02 5
5,3 22,05 2,45E-04 8,66E-02 5

Vol. corresponde ao caudal galgado, e G à avaliação do galgamento segundo uma escala de 0-5
onde 0 corresponde a galgamentos pouco significativos e 5 a galgamentos muito significativos.

Tabela C.2 : Resultados da aplicação da fórmula de Pedersen (1996), para nível de preia-mar com
sobreelevação(+4,5ZH m) Tp= 12 s.
Pedersen
Hs q (m3/s/m) Q R
0,05 3,41E-05 5,14E-06 5,14E-06
0,056 6,00E-05 9,07E-06 9,07E-06
0,066 1,36E-04 2,06E-05 2,06E-05
0,076 2,76E-04 4,17E-05 4,17E-05
0,082 4,04E-04 6,10E-05 6,10E-05
0,086 5,13E-04 7,74E-05 7,74E-05
0,088 5,75E-04 8,69E-05 8,69E-05
0,09 6,43E-04 9,72E-05 9,72E-05
0,092 7,18E-04 1,08E-04 1,08E-04
0,098 9,85E-04 1,49E-04 1,49E-04
0,102 1,20E-03 1,82E-04 1,82E-04
0,106 1,46E-03 2,20E-04 2,20E-04

59
Tabela C.3 : Resultados da aplicação da fórmula de Owen e Steele (1991), para nível de preia-mar
com sobreelevação (+4,5ZH m) Tp= 12 s.
Estruturas de parede vertical com talude de enrocamento emerso – Owen e Steele (1991)
3 3 3
Hs Ac* Qb* qb (m /s/m) Cr Qc* qc (m /s/m) Df q (m /s/m)

0,05 0,0153 0,0048 0,0033 0,000377634 1,83E-06 1,25E-06 - -


0,056 0,0145 0,0050 0,0038 0,000990501 4,97E-06 3,81E-06 - -
0,066 0,0134 0,0053 0,0048 0,003346745 1,76E-05 1,59E-05 - -
0,076 0,0124 0,0055 0,0057 0,008208068 4,50E-05 4,68E-05 - -
0,082 0,0120 0,0056 0,0063 0,012658961 7,08E-05 7,95E-05 - -
0,086 0,0117 0,0057 0,0067 0,016339934 9,25E-05 1,09E-04 - -
0,088 0,0116 0,0057 0,0069 0,018403371 1,05E-04 1,26E-04 - -
0,09 0,0114 0,0057 0,0071 0,020618118 1,18E-04 1,45E-04 - -
0,092 0,0113 0,0058 0,0072 0,022985552 1,32E-04 1,67E-04 - -
0,098 0,0110 0,0058 0,0078 0,031010736 1,81E-04 2,43E-04 - -
0,102 0,0107 0,0059 0,0082 0,037129266 2,19E-04 3,06E-04 - -
0,106 0,0105 0,0060 0,0086 0,043854932 2,61E-04 3,79E-04 - -

Tabela C.4 : Resultados da aplicação da fórmula de Owen (19980), para nível de preia-mar com
sobreelevação (+4,5ZH m) Tp= 12 s.
Estruturas de talude permeável - Owen (1980)
3 3
Hs Cr R* Q* qc (m /s/m) q (m /s/m)

0,05 0,000378 0,061 0,00066 4,53E-04 1,71E-07


0,056 0,000991 0,058 0,00077 5,87E-04 5,81E-07
0,066 0,003347 0,053 0,00093 8,43E-04 2,82E-06
0,076 0,008208 0,050 0,00109 1,14E-03 9,32E-06
0,082 0,012659 0,048 0,00118 1,33E-03 1,68E-05
0,086 0,016340 0,047 0,00124 1,46E-03 2,39E-05
0,088 0,018403 0,046 0,00127 1,53E-03 2,82E-05
0,09 0,020618 0,046 0,00130 1,60E-03 3,30E-05
0,092 0,022986 0,045 0,00133 1,67E-03 3,84E-05
0,098 0,031011 0,044 0,00141 1,89E-03 5,87E-05
0,102 0,037129 0,043 0,00147 2,05E-03 7,60E-05
0,106 0,043855 0,042 0,00152 2,20E-03 9,66E-05

60
Anexo.D
Tabela D.1 : Resultados do ensaio para nível de preia-mar com sobreelevação (+4,5ZH m) Tp= 16 s.
PM + S 16 s
Hs (m) na obra Vol Volprot
Vol (l) G
(m3/s/m) (m3/s/m)
3,3 0,00 0 0 1
3,7 0,00 0 0 1
3,9 0,40 4,44E-06 1,57E-03 2-3
4,3 1,00 1,11E-05 3,93E-03 3
4,9 2,50 2,78E-05 9,82E-03 3-4
5,2 5,00 5,56E-05 1,96E-02 4
5,4 7,00 7,78E-05 2,75E-02 4
5,6 8,00 8,89E-05 3,14E-02 4-5
5,7 13,33 1,48E-04 5,23E-02 4-5
5,8 15,38 1,71E-04 6,04E-02 5
6,1 25,20 2,80E-04 9,90E-02 5
6,2 33,33 3,70E-04 1,31E-01 5

Vol. corresponde ao caudal galgado, e G à avaliação do galgamento segundo uma escala de 0-5
onde 0 corresponde a galgamentos pouco significativos e 5 a galgamentos muito significativos.

Tabela D.2 : Resultados da aplicação da fórmula de Pedersen (1996), para nível de preia-mar com
sobreelevação(+4,5ZH m) Tp= 16 s.
Pedersen
Hs q (m3/s/m) Q R
0,066 3,26E-04 2,06E-05 2,06E-05
0,074 5,78E-04 3,65E-05 3,65E-05
0,078 7,52E-04 4,75E-05 4,75E-05
0,086 1,23E-03 7,74E-05 7,74E-05
0,098 2,36E-03 1,49E-04 1,49E-04
0,104 3,17E-03 2,00E-04 2,00E-04
0,108 3,83E-03 2,42E-04 2,42E-04
0,112 4,59E-03 2,90E-04 2,90E-04
0,114 5,02E-03 3,17E-04 3,17E-04
0,116 5,47E-03 3,46E-04 3,46E-04
0,122 7,04E-03 4,45E-04 4,45E-04
0,124 7,64E-03 4,83E-04 4,83E-04

61
Tabela D.3 : Resultados da aplicação da fórmula de Owen e Steele (1991), para nível de preia-mar com
sobreelevação (+4,5ZH m) Tp= 16 s.
Estruturas de parede vertical com talude de enrocamento emerso – Owen e Steele (1991)
3 3 3
Hs Ac* Qb* qb (m /s/m) Cr Qc* qc (m /s/m) Df q (m /s/m)
0,066 0,0100 0,0061 0,0074 0,003346745 2,04E-05 2,46E-05 - -
0,074 0,0094 0,0062 0,0085 0,006994255 4,37E-05 5,92E-05 - -
0,078 0,0092 0,0063 0,0090 0,009553804 6,03E-05 8,61E-05 - -
0,086 0,0088 0,0064 0,0101 0,016339934 1,05E-04 1,65E-04 - -
0,098 0,0082 0,0066 0,0118 0,031010736 2,04E-04 3,66E-04 - -
0,104 0,0080 0,0067 0,0127 0,040416864 2,69E-04 5,12E-04 - -
0,108 0,0078 0,0067 0,0132 0,047441792 3,18E-04 6,28E-04 1,00E-05 6,28E-09
0,112 0,0077 0,0067 0,0138 0,055053919 3,71E-04 7,61E-04 1,30E-05 9,89E-09
0,114 0,0076 0,0068 0,0141 0,059074643 3,99E-04 8,33E-04 2,00E-05 1,67E-08
0,116 0,0075 0,0068 0,0144 0,06323512 4,29E-04 9,10E-04 3,00E-05 2,73E-08
0,122 0,0073 0,0068 0,0153 0,076527152 5,23E-04 1,17E-03 6,50E-05 7,59E-08
0,124 0,0073 0,0069 0,0155 0,081218084 5,57E-04 1,26E-03 7,50E-05 9,47E-08

Tabela D.4 : Resultados da aplicação da fórmula de Owen (1980), para nível de preia-mar com sobreelevação
(+4,5ZH m) Tp= 16 s.
Estruturas de talude permeável - Owen (1980)
3 3
Hs Cr R* Q* qc (m /s/m) q (m /s/m)

0,066 0,003347 0,040 0,00167 2,02E-03 6,75E-06


0,074 0,006994 0,038 0,00184 2,49E-03 1,74E-05
0,078 0,009554 0,037 0,00192 2,74E-03 2,62E-05
0,086 0,016340 0,035 0,00207 3,26E-03 5,32E-05
0,098 0,031011 0,033 0,00228 4,08E-03 1,27E-04
0,104 0,040417 0,032 0,00237 4,52E-03 1,83E-04
0,108 0,047442 0,031 0,00244 4,81E-03 2,28E-04
0,112 0,055054 0,031 0,00250 5,11E-03 2,82E-04
0,114 0,059075 0,030 0,00252 5,27E-03 3,11E-04
0,116 0,063235 0,030 0,00255 5,42E-03 3,43E-04
0,122 0,076527 0,029 0,00264 5,89E-03 4,51E-04
0,124 0,081218 0,029 0,00267 6,05E-03 4,91E-04

62
Anexo.E

Tabela E.1 : Resultados da aplicação da rede neuronal artificial para nível de preia-mar (+3,5ZH m) Tp= 12 s.

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15
β (º) h (m) Hm0 toe Tm-1,0 toe ht Bt γf cotα
αd cotα
αu Rc B hb tanα
αB Ac Gc
(º) (m) (m) (s) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m)
0 0.070 0.054 1.536 0.070 0.000 0.50 2.00 2.00 0.080 0.00 0.000 0.00 0.035 0.300
0 0.070 0.062 1.536 0.070 0.000 0.50 2.00 2.00 0.080 0.00 0.000 0.00 0.035 0.300
0 0.070 0.066 1.536 0.070 0.000 0.50 2.00 2.00 0.080 0.00 0.000 0.00 0.035 0.300
0 0.070 0.074 1.536 0.070 0.000 0.50 2.00 2.00 0.080 0.00 0.000 0.00 0.035 0.300
0 0.070 0.078 1.536 0.070 0.000 0.50 2.00 2.00 0.080 0.00 0.000 0.00 0.035 0.300
0 0.070 0.082 1.536 0.070 0.000 0.50 2.00 2.00 0.080 0.00 0.000 0.00 0.035 0.300
0 0.070 0.086 1.536 0.070 0.000 0.50 2.00 2.00 0.080 0.00 0.000 0.00 0.035 0.300
0 0.070 0.094 1.536 0.070 0.000 0.50 2.00 2.00 0.080 0.00 0.000 0.00 0.035 0.300
0 0.070 0.098 1.536 0.070 0.000 0.50 2.00 2.00 0.080 0.00 0.000 0.00 0.035 0.300
0 0.070 0.100 1.536 0.070 0.000 0.50 2.00 2.00 0.080 0.00 0.000 0.00 0.035 0.300
0 0.070 0.102 1.536 0.070 0.000 0.50 2.00 2.00 0.080 0.00 0.000 0.00 0.035 0.300
0 0.070 0.112 1.536 0.070 0.000 0.50 2.00 2.00 0.080 0.00 0.000 0.00 0.035 0.300

63
Tabela E.2 : Resultados da aplicação da rede neuronal artificial para nível de preia-mar (+3,5 m ZH) Tp= 16 s.

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15
β (º) h (m) Hm0 toe Tm-1,0 toe ht Bt γf cotα
αd cotα
αu Rc B hb tanα
αB Ac Gc
(º) (m) (m) (s) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m)
0 0.070 0.064 2.055 0.070 0.000 0.50 2.00 2.00 0.080 0.00 0.000 0.00 0.035 0.300
0 0.070 0.078 2.055 0.070 0.000 0.50 2.00 2.00 0.080 0.00 0.000 0.00 0.035 0.300
0 0.070 0.088 2.055 0.070 0.000 0.50 2.00 2.00 0.080 0.00 0.000 0.00 0.035 0.300
0 0.070 0.096 2.055 0.070 0.000 0.50 2.00 2.00 0.080 0.00 0.000 0.00 0.035 0.300
0 0.070 0.098 2.055 0.070 0.000 0.50 2.00 2.00 0.080 0.00 0.000 0.00 0.035 0.300
0 0.070 0.102 2.055 0.070 0.000 0.50 2.00 2.00 0.080 0.00 0.000 0.00 0.035 0.300
0 0.070 0.104 2.055 0.070 0.000 0.50 2.00 2.00 0.080 0.00 0.000 0.00 0.035 0.300
0 0.070 0.106 2.055 0.070 0.000 0.50 2.00 2.00 0.080 0.00 0.000 0.00 0.035 0.300
0 0.070 0.110 2.055 0.070 0.000 0.50 2.00 2.00 0.080 0.00 0.000 0.00 0.035 0.300
0 0.070 0.112 2.055 0.070 0.000 0.50 2.00 2.00 0.080 0.00 0.000 0.00 0.035 0.300
0 0.070 0.114 2.055 0.070 0.000 0.50 2.00 2.00 0.080 0.00 0.000 0.00 0.035 0.300
0 0.070 0.118 2.055 0.070 0.000 0.50 2.00 2.00 0.080 0.00 0.000 0.00 0.035 0.300

64
Tabela E.3 : Resultados da aplicação da rede neuronal artificial para nível de preia-mar com sobreelevação (+4,5ZH m) Tp= 12 s.

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15
β (º) h (m) Hm0 toe Tm-1,0 toe ht Bt γf cotα
αd cotα
αu Rc B hb tanα
αB Ac Gc
(º) (m) (m) (s) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m)
0 0.090 0.050 1.536 0.090 0.000 0.50 2.00 2.00 0.060 0.00 0.000 0.00 0.015 0.300
0 0.090 0.056 1.536 0.090 0.000 0.50 2.00 2.00 0.060 0.00 0.000 0.00 0.015 0.300
0 0.090 0.066 1.536 0.090 0.000 0.50 2.00 2.00 0.060 0.00 0.000 0.00 0.015 0.300
0 0.090 0.076 1.536 0.090 0.000 0.50 2.00 2.00 0.060 0.00 0.000 0.00 0.015 0.300
0 0.090 0.082 1.536 0.090 0.000 0.50 2.00 2.00 0.060 0.00 0.000 0.00 0.015 0.300
0 0.090 0.086 1.536 0.090 0.000 0.50 2.00 2.00 0.060 0.00 0.000 0.00 0.015 0.300
0 0.090 0.088 1.536 0.090 0.000 0.50 2.00 2.00 0.060 0.00 0.000 0.00 0.015 0.300
0 0.090 0.090 1.536 0.090 0.000 0.50 2.00 2.00 0.060 0.00 0.000 0.00 0.015 0.300
0 0.090 0.092 1.536 0.090 0.000 0.50 2.00 2.00 0.060 0.00 0.000 0.00 0.015 0.300
0 0.090 0.098 1.536 0.090 0.000 0.50 2.00 2.00 0.060 0.00 0.000 0.00 0.015 0.300
0 0.090 0.102 1.536 0.090 0.000 0.50 2.00 2.00 0.060 0.00 0.000 0.00 0.015 0.300
0 0.090 0.106 1.536 0.090 0.000 0.50 2.00 2.00 0.060 0.00 0.000 0.00 0.015 0.300

65
Tabela E.4 : Resultados da aplicação da rede neuronal artificial para nível de preia-mar com sobreelevação (+4,5ZH m) Tp= 16 s.

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15
β (º) h (m) Hm0 toe Tm-1,0 toe ht Bt γf cotα
αd cotα
αu Rc B hb tanα
αB Ac Gc
(º) (m) (m) (s) (m) (m) (m) (m) (m) (m) (m)
0 0.090 0.066 2.055 0.090 0.000 0.50 2.00 2.00 0.060 0.00 0.000 0.00 0.015 0.300
0 0.090 0.074 2.055 0.090 0.000 0.50 2.00 2.00 0.060 0.00 0.000 0.00 0.015 0.300
0 0.090 0.078 2.055 0.090 0.000 0.50 2.00 2.00 0.060 0.00 0.000 0.00 0.015 0.300
0 0.090 0.086 2.055 0.090 0.000 0.50 2.00 2.00 0.060 0.00 0.000 0.00 0.015 0.300
0 0.090 0.098 2.055 0.090 0.000 0.50 2.00 2.00 0.060 0.00 0.000 0.00 0.015 0.300
0 0.090 0.104 2.055 0.090 0.000 0.50 2.00 2.00 0.060 0.00 0.000 0.00 0.015 0.300
0 0.090 0.108 2.055 0.090 0.000 0.50 2.00 2.00 0.060 0.00 0.000 0.00 0.015 0.300
0 0.090 0.112 2.055 0.090 0.000 0.50 2.00 2.00 0.060 0.00 0.000 0.00 0.015 0.300
0 0.090 0.114 2.055 0.090 0.000 0.50 2.00 2.00 0.060 0.00 0.000 0.00 0.015 0.300
0 0.090 0.116 2.055 0.090 0.000 0.50 2.00 2.00 0.060 0.00 0.000 0.00 0.015 0.300
0 0.090 0.122 2.055 0.090 0.000 0.50 2.00 2.00 0.060 0.00 0.000 0.00 0.015 0.300
0 0.090 0.124 2.055 0.090 0.000 0.50 2.00 2.00 0.060 0.00 0.000 0.00 0.015 0.300

66

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