Passeios Pelo Bosque Da Informação PDF
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METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
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SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Uma representao das relaes entre a cincia da informao e as metrias da informao e outras cincias tanto exatas e naturais como humanas e sociais,
assim como com as tecnologias da informao e da comunicao foi apresentada por Le Coadic (1994). Essa representao, embora mais elaborada, conserva uma
viso bastante coincidente com a viso de Polanco, no que diz respeito aos temas principais.
A informao bibliogrfica ou mais geralmente a informao textual o material de base da bibliometria. Dentre os tipos de informao mais acessveis, as
referncias bibliogrficas mais ou menos codificadas e/ou detalhadamente indexadas, so o material preferencial... (ROSTAING 1996, apud BARTS, loc. cit). O
tratamento da informao textual utilizando mtodos estatsticos e de anlise de dados permite a classificao, estruturao e valorizao da informao, assim como
a elaborao de instrumentos de apoio tomada de deciso.
A bibliometria foi utilizada inicialmente em bibliologia e biblioteconomia. Em um segundo tempo alguns socilogos americanos aplicaram as tcnicas
bibliomtricas ao estudo de fenmenos sociais relativos comunidade cientfica. Os resultados desses trabalhos foram posteriormente desviados de seu
objetivo inicial, passando a ser considerados pelas instncias superiores como indicadores para a avaliao das pesquisas pblicas. Os trabalhos bibliomtricos
orientaram-se ento para a elaborao de macro-indicadores de avaliao da pesquisa cientfica e tecnolgica em escala internacional (ROSTAING 1996).
Isso acontece, segundo Barts, mediante a aplicao de tcnicas bibliomtricas em grandes bases de dados que renem diferentes publicaes. Como todo estudo
bibliomtrico, a avaliao ou o auxlio ao monitoramento da pesquisa precisa seguir vrias etapas; pode-se distinguir esquematicamente:
a coleta de informaes nas bases de dados bibliogrficas representativas do domnio a estudar,
a padronizao dessa informao,
os tratamentos bibliomtricos,
a anlise, a interpretao e a apresentao dos resultados (BARTS 2008).
A viglia tecnolgica (veille technologique) uma atividade que aplica tcnicas de aquisio, armazenagem e anlise de informaes relativas a umproduto ou
processo, sobre o estado da arte e a evoluo de seu contedo cientfico, tcnico, industrial ou comercial com a finalidade de reunir, organizar e, postriormente,
analisar e difundir as informaes pertinentes que permitiro antecipar a evoluo, facilitaro a inovao. Pode-se alimentar de dados procedentes de fontes e
mtodos de coleta diversos (por exenmplo: publicaes, patentes). Algumas de suas caractersticas so:
recupera informaes abertas, acessveis a todos, e no de uso interno da empresa,
no e interessa exclusivamente pelas informaes procedentes de uma empresa s.
A viglia estratgica (veille stratgique) engloba geralmente a viglia tecnolgica. A viglia tecnolgica uma atividade preparatria da transferncia de tecnologia
(WIKIPEDIA, 2009; POLANCO, 2001; ROSTAING, 1993).
Duas grandes frentes de pesquisa sobre metrias da informao se destacam na Frana : o Institut de lInformation Scientifique e Technique, do Centre National de
la Recherche Scientifique (CNRS/INIST) que muito deve ao impulso de Polanco, bem conhecido na Amrica Latina, inclusive no Brasil
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, e a Universit Paul Czanne de
Aix-Marseille III, Facult des Sciences et Techniques, onde os professores Henri Dou e Luc Quoniam so, tambm, bem conhecidos no Brasil, assim como Michel Zitt,
premiado, em 2009, juntamente com o hngaro Pter Vinkler (ver Nota 12), com a medalha Derek de Solla Price, da Sociedade Internacional para Cientometria e
Infometria.
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Deve-se tambm lembrar o trabalho pioneiro de J .P. Courtial e M. Callon sobre a probabilidade de co-ocorrncia de termos e sobre indicadores de temas
estratgicos em frentes de pesquisa.
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4
Ver, por ex: o notvel trabalho Aux sources de La scientomtrie (POLANCO, 1995) onde apresentada uma pormenorizada sntese da imfometria e dabibliometria at os primrdios do sculo XXI, numa viso
revisitada do pensamento de Derek de Solla Price (1963). Ver t6ambm Polanco (2001) Text-Mining e intelligence conomique: Aujourdhui et demain. Colloque Veille Technologiq, Intelligence conomique ET
Bibloiomtrie, Universit Catholique de Louvain-la-Neuve, Belgique, 23-24 janvier, 9 p.; Polanco (2000) Hacia la construccin de una nueva base de datos bibliogrficos y de citas para la produccin de indicadores
bibliomtricos (resumen), II Taller Bibliometria, CINDOC-RICYT, Madrid. 1 p.; Polanco (1999) Transformacin de la informacin en conocimiento y del conocimiento en decisiones estratgicas, IV Taller de
Indicadores de Ciencia y Tecnologia, RICYT, 12-14 de julio, Mxico, D.F., 6 p.
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Ver, p. ex.: DOU (2008) e QUONIAM; TARAPANOFF; ARAJ O J NIOR; ALVARES (2001). Michel Zitt pesquisador snior no Institut National pour la Recherche Agronomique (INRA), em Nantes, e assessor em
cientometria e indicadores sobre pesquisa e desenvolvimento, no Observatrio das Cincias e Tcnicas, Paris (OST). O Observatrio publica cada dos anos o OST Report em Science e Technologie, disponvel em:
http://www.obs-ost.fr/en/know-how/etudes-en-ligne/studies-2008/biennial-report-2008-edition.html#c716 (consultado em agosto de 2009).
6
Ver, p. ex.: CALLON, M.; COURTIAL, J .P. ; LAVILLE, F. (1991), COURTIAL, J .P.; CALLON, M. (1991) e CALLON, M.; COURTIAL, J .P.; SIGOGNEAU, M. (1994).
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Para no alongar demais a relao de nomes ilustres dos estudiosos de influram significativamente no desenvolvimento das metrias da informao, nos
limitaremos a citar, alm do nome de Derek de Solla Price (Reino Unido) considerado na Europa ocidental e nos Estados Unidos como o pai da cientometria os
nomes dos ganhadores da Europa ocidental do prmio Derek de Solla Price, institudo pela Sociedade Internacional para Cientometria e Informetria: So eles:
No sculo passado: Bertram C. Brookes (Reino Unido), em 1989; Anthony F.J . Van Raan (Holanda), em 1995; Ben Martin (Reino Unido) e J oh Irvine (Reino Unido)
compartilharam o premio em 1997; Henk F. Moed (Holanda) e Wolfgang Glnzel (Alemanha/Hungria), em 1999 (ver fim da Nota 7). So indicados alguns endereos e
referncias, que permitem conhecer suas trajetrias e localizar algumas de suas publicaes mais significativas.
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No novo milnio: Leo Hegghe e Ronald Rousseau e (ambos belgas) em 2001; Loet Leydesdorff (Holanda), em 2003; Peter Ingwersen (Dinamarca), em 2005; Michel Zitt
(Frana), citado anteriormente, indicando alguns endereos e referncias que permitem conhecer suas trajetrias e localizar suas publicaes mais significativas.
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7
Derek de Solla Price (1922-1983) obteve um PhD em fsica experimental, na Universidade de Londres em 1946. Aps trs anos lecionando em Cingapura, retornou a Inglaterra, onde obteve um segundo doutorado
em histria da cincia. Trabalhou no Smithsonian Institute, e lecionou histria da cincia na Universidade de Yale at sua morte. Considerado o pai da cientometria. Em 1976, foi premiado por seu artigo A
general theory of bibliometric and other cumulative advantage processes, considerado o melhor artigo publicado nesse ano pelo J ournal of the American Society for Information Science (PRICE, 1976).
Mundialmente reconhecido como pioneiro dos estudos sobre sociologia da cincia, recebeu a ttulo pstumo, em 1984, o ASIS Research Award (Prmio de Pesquisa da American Society for Information Science).
[Dados parcialmente baseados na breve biografia de Price inclusa na Home Page de Rousseau (2009)]
Bertram C. Brookes (1910-1991) lecionou matemtica e estatstica, no Departamento de Engenharia, na University College de Londres e mais tarde cincia da informao, na City University, tambm em Londres.
Pioneiro da cincia da informao e um dos fundadores da infometria, foi, ao mesmo tempo um estudioso da filosofia da cincia e dos mtodos quantitativos aplicados no campo cientfico (SHAW, 1990). Ver, p.ex.:
BROOKES (1970, 1977 e 1980).
Henk F. Moed Pesquisador Snior, Mestre em Matemtica, em 1978 na Universidade de Amsterdam; Doutor em Estudos da Cincia PE Universidade de Leiden, em 1989. professor visitante da Universitdade of
Granada. (MOED, 2008).
Anthony F.J . Van Raan professor de estudos quantitativos da cincia na Universidade de Leiden. Diretor do Centro para Estudos em Cincia e Tecnologia (CWTS, sigla em holands), da Universidade de Leiden
desde 1985. Principais tpicos de pesquisa: bibliometria, medidas de performance da pesquisa, mapeamento da cincia e tecnologia e de sua interface. Editor do peridico Research Evaluation, que inclui pesquisas
bibliomtricas sobre a integrao de estudos avaliativos e polticas. (Ver, p.ex.: http://www.issi-society.info/price.html).
Ben Martin fsico, professor de estudos sobre polticas em cincia e tecnologia, e diretor da Science and Technology Policy Research Unit (SPRU), na Universidade de Sussex. Criado em 1966, SPRU hoje um
leader global em pesquisa, consultoria e ensino em poltica e gesto de cincia, tecnologia e inovao, com forte influncia sobre a academia, responsveis pela tomada de deciso no governo e gestores da
indstria, bem como pioneiro em abordar o estudo da governana da cincia, tecnologia e inovao. Martins foi premiado em 1997, juntamente com J ohn Irvine, com a medalha Derek de Solla Price. (Para maiores
informaes, ver, por exemplo: http://www.issi-society.info/price.html e http://www.sussex.ac.uk/spru/).
J ohn Irvine socilogo. Incorporou-se ao SPRU em 1972. J untamente com Martin trabalhou num projeto para estudar a convergncia dos indicadores em uso para avaliar o desempenho da pesquisa cientfica. Seu
trabalho chamou a ateno pelo pioneirismo de suas idias embora no faltassem detratores entre os setores mais conservadores sendo estimulado a aprofundar sua linha de pensamento pelo prprio Derek de
Solla Price. Eles cunharam a expresso research foresight, para indicar a possibilidade de se chegar a uma viso antecipada do que deveria ser a pesquisa (MARTIN; IRVINE, 1988 e IRVINE; MARTIN, 1989).
Seus trabalhos so referncia para o planejamento das polticas cientficas, tecnolgicas e de inovao. Ver, p.ex.: Pavitt (1997).
Wolfgang Glnzel trabalhou com Tibor Braun em Budapeste (ver Nota 12), na Biblioteca da Academia Hngara de Cincias. Membro da Alexander von Humboldt Foundation, tesoureiro da International Society for
Scientometricas and Informetrics (ISSI), editor chefe de ISSI e-Newsletters e co-editoir do peridico Scientometrics. Ver, por exemplo:
http://74.125.155.132/search?q=cache:umzzMO9GuU4J :www.steunpuntoos.be/wg/index.html+Wolfgang+Gl%C3%A4nzel&hl=pt-BR&gl=br&strip=1.
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Leo Egghe Professor e Bibliotecrio-Chefe no Centro Universitrio de Limburgo (LUC). Ensina, tambm na Universidade de Anturpia, no Pograma de Biblioteconomia e Cincia da Informao. Em 1987, Egghe e
Rousseau organizaram a primeira Conferncia Internacional sobre Bibliometria no referido Centro Universitrio de Limburgo, qual deram prosseguimento as seguintes (com nomes que variavam ao gosto dos
sucessivos organizadores): London (Ontario, Canad), em 1989; Bangalore (India), em 1991; Berlin (Alemanha), em 1993 (quando, por ocasio da criao da International Society for Scientometrics and
Informetrics (ISSI), passou a se denominar International Conference on Bibliometrics, Informetrics and Scientometrics, sendo que na Conferncia seguinte, o termo Bibliometrics foi suprimido, passando a se
chamar International Conference of the International Society for Scientometris and Informetrics); River Forest (USA), em 1995; J erusalem (Israel), em 1997; Colima (Mexico), em 1999; Sydney (Austrlia), em
2001; Beijing (China),em 2003; Estocolmo (Sucia), em 2005; Madri (Espanha), em 2007; e Rio de J aneiro (Brasil). Os trabalhos de Egghe, desde 1984, deram lugar a numerosos artigos publicados, entre outras,
nas seguintes revistas: J ournal of the American Society for Information Science and Technology, Scientometrics, Information Processing and Management, Mathematical and Computer Modelling, e J ournal of
Information Science. No poderiamos deixar de mencionaras duas obras nucleares de Egghe, em colaborao com Rousseau: Introduction to informetrics e Elementary Statistics for effective Library and
Information Management (EGGHE; ROUSSEAU, 1990 e 2001). Para maiores detalhes:
http://lspserver.lsp.luc.ac.be:8088/bib/esource.nsf/bcb4207a18ae751ac1256c0e00264b08/600708b520815d8ac1256c0e002ea1a0?OpenDocument#The%20research%20project%20%22Informetric
Ronald Rousseau Professor Associado Professor da Catholic School for Higher Education, Bruges-Ostend e Professor Convidado da School for Library and Information Science, da Universidade de Anturpia. A
quantidade de trabalhos de diversos tipos publicados por Rousseau desde 1985 at hoje, ultrapassa os 150, muitos dentre eles em co-autoria com Egghe (ver acima) e pesquisadores de diversos pases. A ttulo de
curiosidade, vale destacar que existem mais de cinqenta trabalhos de sua autoria, publicados na China, sejam eles em colaborao com autores chineses ou tradues de outros trabalhos publicados em outros
pases. Mais informaes em http://www.issi-society.info/price.html. Ver curriculum vitae e lista completa de publicaes em Rousseau (2009).
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Outros nomes europeus, como Brian Campbell Vickery, ingls, e Gernot Wersig, alemo, embora no fazendo parte do grupo dos europeus honrados com a
medalha Derek de Solla Price, no poderiam deixar de ser lembrados.
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2.2 A corrente russa e europia oriental
Na Rssia, por razes histricas bem conhecidas, os estudos sobre metrias da informao tm se desenvolvido de forma bastante independente, por no dizer
isolada, sendo os contatos entre os pesquisadores Americanos e da Europa ocidental, e seus colegas da Europa oriental e da Rssia, limitados a contatos espordicos,
principalmente por ocasio de alguns congressos internacionais, que raramente conduziam a intercmbios e colaboraes significativos.
Brookes, numa brilhante e oportuna apresentao na 1 Conferncia Internacional sobre Bibliometria e Aspectos Tcnicos da Recuperao da Informao,
realizada na Blgica, em 1987, intitulada Biblio-, Sciento-, Infor-metrics??? What are we talking about (BROOKES, 1989) desenha o quadro em que se
desenvolveram as pesquisas dos estudiosos russos das metrias da informao, entre as duas Grandes Guerras (1914-1918 e 1939-1941) e no subseqente ps-
guerra, destacando a originalidade de seu percurso. Ele observa:
Lenin, durante seu exlio na Europa ocidental, estudou atentamente as teorias socio-econmicas de Marx, nas bibliotecas de Bruxelas, Paris, Londres e
Genebra e, com certeza, teve conhecimento das idias de Otlet sobre Documentao. Desde a criao da Federao Internacional de Documentao (FI D)
em 1937, a URSS foi seu apoiador mais ativo. Assim, a partir de 1917, a URSS montou uma linha de desenvolvimento um pouco diferente da seguida pelo
Ocidente na estruturao de suas bibliotecas e de seus servios de informao. I sso serviu URSS da melhor forma possvel, na Segunda Guerra Mundial,
quando surpreendidos pelos alemes, [...] os Russos conseguiram det-los antes de Leningrado e Moscou, durante o inverno, e mand-los de volta para
Berlim. Foi uma vitria conseguida, em primeiro lugar, pela tenacidade de povo russo e, em ltimo termo, pela tecnologia, desenvolvida s pressas, longe das
bombas alems, por trs da muralha dos montes Urais. A URSS apreendeu que uma base cientfica e tecnolgica crucial para fazer a guerra ou para
evit-la.
Se referindo ao perodo do ps-guerra, Brookes acrescenta:
O Instituto da Unio [Sovitica] para Informao Cientfica e Tecnolgica foi criado em Moscou, em 1951. A misso a ele atribuda pela Academia nacional
de Cincias da Rssia foi de organizar e coordenar os sistemas de informao cientfica da URSS. Com funes parcialmente operacionais, parcialmente
educativas e parcialmente orientadas pesquisa sobre os processos de cientifizao. Em russo, o termo cincia tem um sentido amplo, como termo
alemo Wissenschaft, ou seja, engloba todas as formas de conhecimento organizado. [...] Os russos definiram Informatics como a disciplina cientfica
que estuda a estrutura e propriedades da informao cientfica e as leis dos processos de comunicao cientfica [(Mikhailov et al., 1984)]. A consideram
como uma cincia social e, reconhecida pela Academia de Cincias, tem um status que a cincia da informao no alcanou ainda no Ocidente.
Brookes prossegue:
Loet Leydesdorff ensina no Department of Communication Studies, da Universidade de Amsterdam. Seu maior feito o desenvolvimento do modelo da triple hlice para representar as relaes entre
universidade-indstria e governo (LEYDESDORFF; MEYER, 2007). Mais informaes em http://users.fmg.uva.nl/lleydesdorff/index.htm. Acesso em agosto 2009.
Peter Ingwersen Professor de Pesquisa no Departamento de Estudos de Informao, na Royal School of Library and Information Science. Trabalha atualmente em: Fuso de dados com base nos princpios de poli-
representao em IR; Poli-representao do espao informacional; e Poli-representao do espao cognitivo dos pesquisador. Autor de dois livros (INGWERSEN, 1992) e (INGWERSEN; J ARVELIN, 2005) e mais de 70 artigos
publicados desde 1982, com destaque para (ALMIND; INGWERSEN, 1997) e (BJ RNERBORN; INGWERSEN, 2004). Alm da medalha Derek de Solla Price (2005), recebeu prmios da ASSIST, como pesquisador destacado em
perspectivas cognitivas da informao (2003) e professor destacado em cincia da informao (2007), prmio Thomsom, como o autor dinamarqus mais citado em cincia da informao (2005), e prmio J esse Farradane por
suas contribuies para a cincia da informao (http://www.db.dk/ombiblioteksskolen/medarbejdere/default.asp?cid=684&tid=4#publikationer).
9
Vickery, Brian Campbell. Nascido em 1918, na Austrlia, estudou em Austrlia, Cairo (Egito) e Canterbury (Inglaterra) obtendo um MA em Qumica, na Universidade de Oxford, em 1941. Trabalhou como qumico na
Royal Ordnance Factory, em Bridgwater, Somerset, Ingalaterra, de 1941 a 1945 e como editor assistente da revista Industrial Chemist, em Londres, iniciando suas atividades como bibliotecrio em 1946, quando
trabalhou, sucessivamente, nos Akers Research Laboratories, das Imperial Chemical Industries, em Welwyn, Hertfordshire, Inglaterra, na UK National Lending Library for Science and Technology, como Principal
Scientific Officer, em Boston Spa, Yorkshire, Inglaterra, e como bibliotecrio no Institute of Science and Technology, da Universidade de Manchester. Research Director, da ASLIB, em Londres, de 1966 a 1973 e, de
1973-1983, e Professor e diretor da School of Library, Archive and Information Studies, do University College, em Londres. Em 19883 foi nomeado professor emrito da Universidade de Londres, onde presta
consultoria, em tempo parcial. (VICKERY, 1960; 1973; 2004 apud HORLAND, 2006).
Wersig, Gernot (1942-2006). um dos poucos cientistas da informao que trabalhou sobre os fundamentos sociolgicos da cincia da informao. Seu livro, publicado em 1973, pioneiro sobre o assunto. A viso
sociolgica da teoria da informao se confirma em um trabalho de 2003, publicado na International encyclopedia of library and information science (WERSIG, 1973; 1993; 2003).
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A primeira vez que tomei conhecimento do termo scientometrics foi por mdio de uma nota do VINITI publicada pela FID, de autoria de G.M Dobrov e
A.A. Karennoi [(Dobrov; Karennoi, 1969)]. Dobrov me visitou em Londres e definiu o novo termo como a medida dos processos informticos. Para
exemplificar, me informou que tinha medido a performance de cerca de 20 Institutos de Matemtica em Ucrnia, [...] acrescentando que foram contados os
totais de publicaes, patentes, etc. de cada um deles e os resultados relacionados com o tamanho e Antigidade de cada instituto, quadro de pessoal,
nmero de doutores, etc. [...]. Os grficos obtidos dividindo o numero de publicaes e de patentes desde a data de criao da instituio pelo nmero
de doutores indicam que a produtividade cresce regularmente at alcanar um total de, aproximadamente 15 cientistas mas, depois, a produtividade diminui
medida que a instituio aumenta de tamanho. [...] O termo informetrics foi sugerido por Otto Nacke, da Alemanha Ocidental em 1979. Em 1984, o
VINITI criou um Comit, na FID, com esse nome, sendo o prprio Nacke seu primeiro presidente. Seu sucessor, [T.N.] Rajan, do I NSDOC da India, definiu os
objetivos de informetrics como sendo a proviso de dados confiveis para a a pesquisa e o desenvolvimento, para o planejamento gesto e polticas e para a
gesto de instituies, projetos, programas e atividades. O termo tambm considerado como relacionado com as origens do desenvolvimento dos conceitos.
Assim definido, o termo informetrics mais amplo e profundo dos trs termos mtricos que nos interessam.
Dentre os pesquisadores russos deve-se citar Vasily V. Nalimov, premiado com a medalha Derek de Solla Price, em 1987, pesquisador visionrio em todos os
domnios da matemtica. Outros nomes que merecem destaque so: Z.M. Mulchenko, Gennadii Mikhalovic Dobrov, Valentina Gorkova e, naturalmente, o Professor
Alexander Ivanovich Mikhailov.
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Especial destaque merece, tambm, a contribuio dos pesquisadores hngaros ao desenvolvimento da cientometria e da infometria.
Entre outros lembraremos: Wolfgang Glnzel, Presidente da 4 Conferncia Internacional sobre Bibliometria, Informetria e Cientometria, em Alemanha em 1999.
Premiado com a medalha Derek de Solla Price, concedida pela International Society for Scientometrics and Informetrics (ISSI), pela sua relevante contribuio ao
estudos quantitativos sobre o desempenho e evoluo da cincia. Atualmente trabalha, desde 2002, no Instituto para Organizao da Pesquisa, tambm da Academia
de Cincia. autor de mais de cinqenta publicaes em lngua inglesa sobre matemtica e estatstica, e sobre bibliometria, cientometria e infometria, totalizando
mais de cem se somadas s publicadas em outras lnguas.
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Outros cientistas hngaros que mereceram a medalha Derek de Solla Price por suas destacadas
contribuies sobre metrias da informao em 1986, 1993 e 2009 foram, respectivamente: Tibor Braun, Andrs Schubert e Pter Vinkler. A esses nomes cabe
acrescentar J an Vlach (antiga Checoslovquia), em 1989.
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Vasily V. Nalimov (1910-1997) publicou, em 1969, juntamente com Z.M. Mulchenko (NALIMOV; MULCHENKO, 1969) o livro pioneiro intitulado Naukometriya ( em caracteres cirlicos; Nauka =
Cincia, e metriya = medida, mensurao, metria, em russo) com o qual, segundo Hood e Wilson (2004) foi cunhado o termo scientometrics, que , tambm, o ttulo da publicao peridica Scientometrics,
mencionada acima, publicao nuclear em nosso campo de estudo. Ver, por exemplo: http://www.issi-society.info/popup_nalimov.html. Consultado em ago 2009.
Z.M. Mulchenko. Co-autor, com Vasily V. Nalimov, da obra Naukometriyia (Ver acima).
Gennadii Mikhailovic Dobrov. Colaborador de Mikhailov, publicou na Rssia, em 1966, o livro intitulado Nauka o nauke (Cincia da cincia), considerado, juntamente com o livro Naukometriyia (Cientometria)
de autoria de Nalimov e Mulchenko (1969), como uma das obras precursoras do desenvolvimento dos estudos cientomtricos. Aparentemente, a nica traduo do original russo da obra de Dobrov, foi publicada
em Berlim, em alemo, em 1969/1970 (DOBROV, 1969). A ttulo de curiosidade, assinalamos que um ou dois exemplar(es) da verso alem encontra-se na Biblioteca da London School of Economic and Political
Science (LSE), na Coleo Lakatos, cuja referncia no catlogo pode-se, por exemplo: http://library-2.lse.ac.uk/collections/lakatos/lakatos_d.htm. Consultado em agosto 2009.
Valentina Gorkova. Em 1988, o VINITI publicou um livro editado pela matemtica Valentina Gorkova intitulado Informetrics (GORKOVA, 1988 apud Brookes, 1989). uma compilao atualizada dos resultados das
pesquisas em informatics.
Alexander Ivanovich Mikhailov (1905-1988). Graduado em engenharia mecnica em 1931, no Instituto Mendeleev, foi um grande promotor dos estudos sobre informao e de sua relao com as polticas de cincia
e tecnolgia, e um dos fundadores do Instituto da Unio [Sovitica] para Informao Cientfica e Tecnolgica (VINITI Vserosiisky Institut Nauchnoi I Tekhnicheskoy Informatsii), em 1951, se tornando seu diretor
em 1956 at o fim de seus dias. Simultaneamente, foi um entusiasta incentivador das atividades da Federao Internacional de Documentao (FID) posteriormente Federao Internacional de Informao e
Documentao como vice-diretor duas vezes (1969-1976 e 1981-1988), como membro do Conselho e como coordenador do Comit para a Pesquisa sobre os Fundamentos Tericos da Informao (FID/RI
Study Committee Research on Theoretical Basis of Information), or FID/RI. Na dcada de 1960 desenvolveu o conceito de informatics (Informatika , em russo), relacionado com o estudo, organizao, e
disseminao da informao cientfica. Importantes estudos nessa rea foram publicados entre 1971 e 1979. Ver, por exemplo: Mikhailov e Gilyarevskii (1971), e Mikhailov (1972, 1979).
Com mais de duzentos trabalhos na rea, Mikhailov um dos primeiros estudiosos da informao como objeto da pesquisa cientfica e, sem dvida o mais influente estudioso da cincia da informao na Unio
Sovitica e na Europa Oriental. Ver, por exemplo: http://www.viswiki.com/en/Alexander_Ivanovich_Mikhailov. Consultado em ago 2009.
11
Uma relao de seus trabalhos, em lngua inglesa, encontra-se disponvel em: http://www.steunpuntoos.be/wg.html. Consultado em agosto 2009.
12
Tibor Braun professor de qumica na Universidade L. Etvs em Budapeste. Recebeu o prmio internacional George Hevesy em 1975 e o prmio de qumica da Academia de Cincias da Hungria em 1980. Continua
trabalhando na rea de qumica nuclear, com vrias dezenas de artigos e vrios livros. Fundador e editor-chefe do J ournal of Radioanalytical and Nuclear Chemistry. Fundador, tambm, da Unidade de Pesquisa
Cincia da Informao e Cientometria da Biblioteca da Academia de Cincias da Hungria, e fundador e editor-chefe da revista Scientometrics (1987). Disponvel em:
http://www.springerlink.com/content/y9450377p0hgr835/fulltext.pdf?page=1. Consultado em agosto 2009.
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2.3 A corrente indiana
Na ndia, o nome maior, na histria da bibliometria da ndia, , sem dvida, Shiyali Ramamrita Ranganathan (1892-1972). Matemtico e estudioso das prticas
bibliotecrias, idealizador do Colon Classification System mundialmente conhecido como um terico da classificao, pela sua classificao facetada, em cinco
categorias (PMEST: Personality [personalidade], Matter [matria], Energy [energia], Space [espao] e Time [tempo]). Em 1947, segundo P.S. Kavatra (2000),
Ranganathan criou, em sua obra Library Administration, o termo librametry (livrametria ou livrometria), no sentido de aplicao de mtodos quantitativos na
gesto de bibliotecas e de seus servios. No ano seguinte, na ASLIB Conference, sugeriu que os bibliotecrios comeassem a aplicar a librametry de um modo
semelhante ao aplicado em biometria, econometria e psicometria, pois muitos dos assuntos relativos s tarefas das bibliotecas implicam o uso de valores numricos
muito grandes.
Outros nomes que merecem ser citados, dentre outros, so: T.N. Rajan, I.K. Ravichandra Rao e A. Neelameghan.
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2.4 A corrente americana
Comearemos por destacar os nomes dos cientistas americanos premiados com a medalha Derek de Solla Price: Eugene Garfield (1984); Michael J . Moravcsik
(1985); Henry Small (1987); Francis Narin (1988); Robert K. Merton (1995); Belver C. Griffith (1997); Howard D. White (2005); Katherine W. McCain (2007).
14
Andrs Schubert doutor em qumica pela Universidade Tcnica de Budapeste. Mudou da fsico-qumica para a biblioteconomia e a cincia da informao em 1979, quando se incorporou ao Grupo de Pesquisa em
Cincia da Informao e Cientometria da Academia de Cincias de Hungria, onde chefia o Servio Bibliomtrico. Lder de dezenas de projetos de pesquisa, com mais de cem trabalhos publicados e numerosas
palestras e cursos. Integra o corpo editorial da revista Scientometrics. Disponvel em:
http://www.kennismakers.be/ASchubert.html. Consultado em agosto 2009.
Pter Vinkler autor de numerosas publicaes, principalmente em peridicos hngaros, sobre indicadores infomtricos e cientomtricos, em diversas aplicaes, tais como a medida do fator de impacto das
publicaes peridicas (VINKLER, 2007), metrias aplicadas ao estudo da cincia hngara (VINKLER, 2008), etc. Compartilhou o Prmio De Solla Price com o francs Michel Zitt (ver Nota 5, acima).
J an Vlach conhecido, desde 1960, na comunidade cientomtrica por seus estudos quantitativos, no campo da fsica, sobre autores, produtividade, temas mais estudados, etc. Publica regularmente no
Czechoslovak J ournal of Physics B, e colabora regularmente com a revista Scientometrics, onde publica seus trabalhos em ingls (TODOROV, 1990).
13
T.N. Rajan. Foi o segundo presidente do Comit Informetrics da Federao Internacional de Documentao e Informao (FID), em 1986 (RAJ AN,1986 apud VALDERRAMA ZURIN et al., 1996). Ver, tambm,
Brookes (1989). Ganhou destaque por seus trabalhos no INSDOC Indian National Scientific Documentation Centre (SEM et al., 2002) sobre o desenvolvimento dos currculos dos profissionais da informao em
ambientes em mutao (RAJ AN, 1983).
I.K. Ravichandra Rao. Graduado em matemtica e estatstica no Mahatma Gandhi Memorial College, em Udupi, mestre em estatstica pelo Instituto Indiano de Estatstica de Calcut, em 1970, e PhD pela
Universidade de Western Ontrio, no Canad, em 1981. Tem lecionado no Centro de Treinamento e Pesquisa em Documentao (Documentation Research and Training Centre DRTC), em Bangalore, pertencente
ao Instituto Indiano de Estatstica. Com profunda experincia em estatstica aplicada bibliometria, bem conhecido no Brasil pelo seu livro Mtodos Quantitativos em Biblioteconomia e Cincia da Informao,
traduo do original ingls de 1983, publicado pela Associao dos Bibliotecrios do Distrito Federal (ABDF), em 1986, sob os auspcios do ento Departamento de Biblioteconomia da Universidade de Braslia
(UnB/BIB), com o apoio da Organizao dos Estados Americanos (OEA).
Arashanipalai Neelameghan. atualmente professor visitante honorrio do DRTC (Documentation Research and Training Centre), em Bangalore, e Diretor executivo do Centro Ranganathan de Estudos da
Informao, em Madras. Graduado em fsica e diplomado em LIbrary Sciences, pela Universidade de Madras possui cursos de especializao, na rea, na Vanderbilt University e Columbia University. Aps chefiar
servios de pesquisa em bibliotecas acadmicas e corporativas, foi chefe e professor do DRCT. Professor visitante em diversas universidades (Western Ontrio Canad; Pittsburgh, Rhode Island e Syracuse -
Estados Unidos; Universidade Federal de Minas Gerais e Universidade de Braslia Brasil; Simn Bolvar Venezuela; CONACYT Mxico; Manila Filipinas; etc.). Trabalhou vrios anos com UNESCO como
coordenador do Projeto UNESCO-UNDP Cursos de Ps-Graduao para Profissionais em Cincia da Informao no Sudeste de sia (1978-1982), como diretor do programa Institution Building and Networking, e
como assessor do PGI (Programa Geral de Informao) para a Regio sia-Pacfico (1982-86). Presidente do Comit Assessor do UNISIST (1974-78) e presidente do Comit Informetrics (FID/CR), da Federao
Internacional de Informao e Documentao FID (197380). Publicou mais de 200 trabalhos cientficos, relatrios tcnicos e oito livros, e editor da revista Information Studies, publicada em Bangalore.
Recebeu o Prmio ASIS (American Society for Information Science), em 1983, pelos esforos pra promover a cooperao internacional e, em 1992, o Prmio Ranganathan, da FID. Ver, por exemplo: Neelameghan
(1993, 1997).
14
Eugene Garfield considerado como um dos pais da bibliometria e da cientometria, e um pioneiro da informao cientfica. Fundador e presidente emrito do Institute for Scientific Information (ISI), atualmente
Thomson Scientific. A partir de 1960, desenvolve novas ferramentas para facilitar o acesso s informaes cientficas, perdominantemente orientadas para as publicaes anglosaxnicas: Current Contents, Social
Sciences, Citation Index (SSCI), e Arts and Humanities Citation ndex (A&HCI). Em 2006 foi distinguido com o Online Information Lifetime Achievement Award em reconhecimento aos seus mais de cinqenta anos
de dedicao, liderana e inovao na indstria da informao (THOMSON REUTERS, 2006). Mais de 350 publicaes muitas acessveis em texto completo entre 1952 e 2008 (Ver:
http://www.garfield.library.upenn.edu/pub.html. Acesso em agosto 2009).
Michael J . Moravcsik (1928-1989) foi qualificado de cientista multidimensional e heri da cincia do Terceiro Mundo: fsico, cientometrista, crtico musical e embaixador da cincia. (GARFIELD; SMALL, 1991). At
1989, foi professor de fsica terica, na Universidade de Oregon.
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
193
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Relacionamos a seguir os nomes de outros cientistas americanos que se destacaram pelas suas contribuies, em aspectos que direta ou indiretamente se
relacionam com a gesto e organizao dos acervos das bibliotecas, e que, com suas idias sobre classificao, facilitaram o relacionamento de contedos e a
descoberta de autores que mais se aprofundaram no estudo de determinados temas. Nomes de estudiosos tais como Melvil Dewey, Henry Evelin Bliss, e Charles A.
Cutter
15
, que se aproximam de outros nomes de outros pases, j citados, como Paul Otlet, Shiyali Ramamrita Ranganathan, ou que sero lembrados no momento
oportuno, como Ingetraut Dahlberg e por que no? Aristteles.
Existem ainda nomes famosos dos primrdios da bibliometria, como os de George Kinsley Zipf (1902-1950), lingista conhecido pela lei que leva seu nome e
estudou as propriedades estatsticas da linguagem, e Alfred J ames Lotka (1980-1949), matemtico, estatstico e fsico-qumico, autor da lei do quadrado inverso, que
sero lembrados, com especial detalhamento na Seo 4. Metrias da Informao antes da Web, junto ao nome do matemtico e bibliotecrio ingls Samuel C.
Bradford (1878-1948), que formulou a Lei da disperso.
E, finalmente, citaremos os nomes de Gerald Salton, Karen Sprck J ones, Frederick Wilfrid Lancaster e Tefko Saracevic, pelos seus trabalhos sobre avaliao da
indexao e da qualidade da recuperao da informao, o que no quer dizer que no existam outros nomes merecedores de serem lembrados, mas, infelizmente, o espao
disponvel para este sobrevo, no ilimitado. No decorrer da exposio que segue, os nomes de outros autores surgiro e, assim, o universo de nomes e referncias ir se
enriquecendo.
16
Henry Small diretor do Grupo de Servios de Pesquisa da Thomson ISI. Especialista em anlise de co-citaes. Recebeu vrios prmios: Melhor trabalho publicado no J ASIS (1987) e Prmio ao mrito da
American Society for Information Science & Technology (ASIST). o sexto Presidente da ISSI, desde 2003 (Ver: http://www.issi-society.info/price.html. Acesso em agosto 2009).
Francis Narin especialista em desenvolvimento de indicadores para avaliao em cincia e tecnologia, avaliao de patentes e anlise das relaes entre cincia e tecnologia (NARIN, 1993).
Robert K. Merton (1910-2003). Um dos mais importantes socilogos do sculo XX. Professor de sociologia na Universidade de Columbia (1941-1979)e, posteriormente, professor emrito. Membro honorrio da
Academia de Cincias de New York e da Academia Europia de Sociologia. Seu nome est estreitamente associado ao Matthew-Effect (efeito Mateus), sobre o sistema de comunicao e reconhecimento na
cincia (MERTON, 1968).
Belver C. Griffith (1931-1999). Ensinou no Drexel's College of Information Science and Technology, de 1969 a 1991, quando se aposentou. Pioneiro da cincia da informao e cientometrista mundialmente
reconhecido. Estudou em profundidade os padres de comunicao entre cientistas. Premiado com o Drexel University Research Achievement Award, em 1980 e com o Outstanding Information Teacher Award, da
ASIS, em 1982 (J OY MOYER, 2002).
Howard D. White. Aps obter um PhD em biblioteconomia pela Universidade de California, Berkeley, em 1974, ingressou no College of Information Science and Technology, da Drexel University, onde professor
emrito. Coautor, com Marcia Bates e Patrik Wilson do, livro (1962) For Information Specialists: Interpretations of Reference and Bibliographic Work e autor de Brief Tests of Collection Strength (1995).
Numerosas publicaes dobre bibliometria, anlise de co-citaes, evaluao de servios de referncia. Em 1993, obteve o Research Award da American Society for Information Science and Technology (ASIST) e,
em 1998, conjuntamente com Katherine McCain, ganhou o prmio do melhor trabalho do J ASIS (WHITE; McCAIN, 1998). Em 2004, foi agraciado com a maior honraria da ASIST, o Prmio ao Mrito. Lista completa
das publicaes (algumas com links) encontram-se em: http://www.cis.drexel.edu/faculty/HUD.Web/HDWpubs.html. Acesso em agosto 2009.
Katherine W. McCain. Professora no College of Information Science & Technology, da Drexel University. Principal interesse nos ltimos 25 anos foi o estudo com uma abordagem quantitativa e grfica, do
comportamento dos cientistas, como se organizam e se comunicam, como emergem e desaparecem os grupos (McCAIN, 1998; 2000), (McCAIN; SALVUCCI, 2006). Uma ista detalhada das publicaes, encontra-se
disponvel em: http://www.ischool.drexel.edu/faculty/kmccain/. Acesso em agosto 2009.
15
Melvil Dewey (1851-1931), nasceu numa famlia, numa pequena cidade ao norte do estado de Nova York. Foi um bibliotecrio pioneiro, criador, aos 21 anos, quando trabalhava como auxiliar na biblioteca do
Amherst College criou o sistema de classificao decimal que veio a se chamar chamada Dewey Decimal Classification (DCC). Seu trabalho pioneiro provocou uma revoluo no trabalho bibliotecrio, inaugurando
uma nova era na biblioteconomia. Dewey bem merece o nome de pai da biblioteconomia moderna. Participou da fundao da American Library Association (ALA), em 1876, da qual foi secretrio de 1876 a 1890,
e presidente de 1892 a 1893. Foi co-fundador e primeiro editor do Library J ournal (1876), que muito contribuiria, como veculo da American Library Association para o desenvolvimento e normalizao das prticas
profissionais bibliotecrias. Ingressou como bibliotecrio do Columbia College (hoje Columbia University) em Nova York, em 1883. Foi diretor da onde fundou a primeira escola de biblioteconomia em 1887. De 1889
a 1906, foi diretor da New York State Library, em Albany (OCLC, 2008). A DDC, cujos direitos foram adquiridos pela OCLC, usada majoritariamente pelos pases anglo-saxnicos. Ver tambm, Hjrland (2006).
Henry Evelyn Bliss (1870-1955). Responsvel pela biblioteca do atual City College da Universidade de Nova York, na primeira dcada do sculo XX (BLISS, 1934, apud HJ RLAND, 2006). A primeira verso da
Bibliographic Classification foi publicada em quatro volumes, entre 1940 e 1953 (BLISS, 1950-1953, apud HJ RLAND, 2006). A Classificao de Bliss foi adotada, rapidamente, nos pases anglo-saxnico, mas
restou praticamente ds conhecida no Brasil. Com a criao da Bliss Classification Association (BCA), nasceu um ambicioso projeto de reviso da primeira verso, denominada sucintamente BC2, com 16 volumes
previstos, vocabulrio ampliado e categorias rigorosamente ordenadas (ROBREDO, 2005, p. 138-139). Informaes mais atualizadas sobre modalidades de aquisio, no portal da Bliss Classification Association
(2007).
Charles A. Cutter. (1837-1903). Bibliotecrio. As regras de Cutter (1876) so clssicas, embora negligenciadas com freqncia. Seu sistema de classificao, denominado Expansive Classification (Classificao
Expansvel 189193) era alfabtico, no lugar de numrico e era a base da classificao da Biblioteca do Congresso (CUTTER, 1976, apud HJ RLAND, 2005).
16
Gerald Salton (1927-1995). Pioneiro na aplicao de mtodos estatsticos na recuperao da informao, produo de resumos e indexao automticas, e outros tratamentos computadorizados da linguagem
natural. (DUBIN, 2004) e (HRLAND, 2006)
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
194
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
2.5 A bibliometria no Brasil
O primeiro livro sobre bibliometria, organizado por Edson Nery da Fonseca e intitulado Bibliometria:Teoria e prtica; textos de Paul Otlet, Robert Estivais, Victor
Zoltowski, Eugene Garfield, foi publicado em 1986 (FONSECA, 1986). Destacamos algumas passagens da recenso de Gilda Maria Braga (1987):
A apario do primeiro livro de bibliometria no Brasil, em lngua portuguesa, organizado por Edson Nery da Fonseca um importante fato para os profissionais da
informao. Os textos de Otlet (O livro e a medida. Bibliometria) e Estivals (Criao, consumo e produo intelectuais) so includos na "teoria"; os de Zoltowski
(Os ciclos da criao intelectual e artstica) e Garfield (Historigrafos, Biblioteconomia e a Histria da Cincia) na "prtica". Esta ltima est subdividida em
Macrobibliometria - texto de Zoltowski - e Microbibliometria - texto de Garfield. A conceituao de bibliometria, para Otlet "a parte definida da Bibliografia que se
ocupa da medida ou da quantidade aplicada ao livro (Aritmtica ou Matemtica Bibliometria)". O contexto do termo definido, a seguir: "A medida do livro
consiste em reduzir todas as partes e elementos de um livro qualquer s partes e elementos de um livro tipo, padro unidade. Esse tipo deveria constituir-se no
melhor dos livros". Bibliometria, para Otlet, a mensurao do objeto - livro, essencialmente: nmero de palavras por pgina, linhas por pgina; formatos; pontos
tipogrficos, peso do papel, preo. Estivais apresenta uma teoria bibliolgica reunindo seus esforos de vinte anos; em sua opinio, a "Bibliometria bibliogrfica
pode concernir economia do livro (papel, pginas, volumes, tiragens); psicologia e sociologia da inovao, pelas bibliografias de autores ou de movimentos
clebres." Zoltowski ofereceu seu trabalho como uma "contribuio a uma teoria da atividade criadora." O caminho percorrido, do ponto de partida ao ponto de
chegada, foi auxiliado por um ndice que se baseia no nmero de unidades impressas ou gravadas, isto , os livros, as partituras musicais e as estampas, de
acordo com as bibliografias e sem considerar o seu valor intelectual ou artstico. "A conceituao de Garfield, do termo bibliometria similar de A. Pritchard. "Em
anos ulteriores, Pritchard usou a palavra "bibliometria" a fim de descrever a anlise quantitativa de citaes (sic). Os historiadores russos de Cincia sugeriram o
uso do termo "cientometria" para semelhante tipo de estudo.
curioso verificar conforme salienta o organizador da coletnea a ignorncia que os trabalhos de lngua francesa tm dos de lngua inglesa e vice-versa.
Datando de 1934, 1970 e 1955, os trs primeiros trabalhos, em original francs, no mencionam os trabalhos de Bradford, Vickery, Brookes, Sandison, Line, Fairthorne,
etc. desenvolvidos na Inglaterra, e mais prximos da conceituao da bibliometria adotada por Pritchard anlise quantitativa da informao registrada e aceita nos
pases de idiomas outros que no o francs.
pena que a coletnea no inclua os trabalhos de Lotka, Zipf, Bradford, Price, Goffman, e tantos outros que tentaram formular as leis da bibliometria, mas, o
propsito do organizador foi o de disseminar, justamente, as idias desses autores franceses. Os interessados na bibliometria sem dvida apreciaro esse livro.
A origem dos estudos bibliomtricos, no Brasil, uma decorrncia da fundao, em 1954, do Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentao (IBBD) como rgo
do ento Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), que, a partir de 1976, passou a se denominar Instituto Brasileiro de Informao em Cincia e Tecnologia (IBICT),
permanecendo vinculado ao CNPq, agora Conselho de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico, mantendo a sigla. O IBICT desempenhou um papel central na
modernizao das atividades bibliotecrias e informacionais, e promovendo o surgimento da cincia da informao no pas. Os registros dos fatos e eventos mais
marcantes dessa histria encontram-se dispersos em um grande nmero de publicaes, comunicaes, etc., com profundidade e fidedignidade, infelizmente,
Karen Sprck J ones (1935-2007). Professor emrito da Universidade de Cambridge. Maior interesse nos problemas lingsticos na cincia da informao. Sua contribuio mais importante , provavelmente, a
medida da especificidade estatstica (statistical specificity ou term frequencyinverse document frequency [tfidf]) (HRLAND, 2006).
Frederick Wilfrid Lancaster. Cientista da informao trabalhou na National Library of Medicine, Bethesda, Md. (1965-68); professor na Universidade de Urbana, Ill. (1972-92), onde professor emrito. Conhecido por
seus trabalhos sobre avaliao de sistemas de recuperao da informao em linha (HRLAND, 2006).
Tefko Saracevic. Estudou engenharia eltrica na Universidade de Zagreb, Crocia e completou o mestrado e doutorado em cincia da informao, respectivamente em 1962 e 1970, na Case Western Reserve
University, Cleveland, Ohio, onde ensinou at 1985, quando se transferiu para a Rutgers Univerity. Promovido ao mais alto nvel acadmico em 1991, foi designado Associate Dean de 2003 a 2006. Com numerosas
publicaes sobre avaliao de sistemas de recuperao da informao, medidas de relevncia da informao, interao homem-computador, valor da informao, anlise da adequao das perguntas submetidas
aos mecanismos de busca na Web, etc., trabalho tambm como consultor, pesquisador e/ou professor para numerosos organismos nacionais e internacionais (National Science Foundation, Council for Library
Resources, Rockefeller Foundation, UNESCO, etc.). Presidente da American Society for Information Science (ASIS), em 1991; Prmio Gerard Salton, da Association for Computing Machinery (SIGIR/ACM), em 1997;
Prmio ao mrito da ASIS, em 1995; Prmio ao melhor trabalho do J ournal of the American Society for Information Science, em 1999. Mais de 1193 citaes, no Social Sciences Citation Index e no Science Citation
Index excludas auto citaes at fevereiro de 2009. (SARACEVIC, 2009). Para algumas publicaes selecionadas, ver Saracevic (1999, 2008), Spink et al. (2001), J ansen et al. (1998). Maiores detalhes em:
http://comminfo.rutgers.edu/~tefko/articles.htm
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
195
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
variveis, o que torna extremamente complicada a elaborao de uma sntese coerente do percurso ou da ousada aventura que elevou o Brasil do subdesenvol-
vimento a uma posio privilegiada entre as potncias emergentes. E isso, num perodo de pouco mais de cinqenta anos. Assim, nossa fonte principal, para elaborar
essa breve sntese, ser um conjunto de publicaes da professora Lena Vania Ribeiro Pinheiro, testemunha e personagem dessa aventura, onde se renem dados e
informaes, fatos e eventos, alicerados numa copiosa e confivel bibliografia
17
, acrescida, quando necessrio de outras referncias. Dividiremos a narrativa dessa
histria, apresentada a seguir, em duas partes: Um pouco de histria para contextualizar e Um pouco de histria sobre a bibliometria no Brasil.
2.5.1 Um pouco de histria para contextualizar
O Catlogo Nacional de Publicaes Seriadas, as bibliografias especializadas brasileiras, as buscas bibliogrficas, o Cadastro de Pesquisas em Andamento, o Servio
de Intercmbio de Catalogao a reproduo de documentos. Parte das aes do IBBD estavam voltadas capacitao de recursos humanos, atravs de As principais
atividades do IBBD foram, originalmente, o Catlogo Coletivo um Curso de Especializao em Pesquisa Bibliogrfica, oferecido desde o ano seguinte fundao do
Instituto, posteriormente denominado Curso de Especializao em Documentao e Informao (CDC), descontinuado em 2002, e do Mestrado de Cincia da
Informao, em funcionamento desde 1970. A informao cientfica e tecnolgica aparece nas polticas pblicas brasileiras na dcada de 1970, com o primeiro Plano
Nacional de Desenvolvimento (PND), elaborado pelo governo militar, no poder desde 1964, para o trinio de 1972 a 1974, que previa, entre outras coisas, a
implantao de um Sistema Nacional de Informao em Cincia e Tecnologia (SNICT), com o objetivo principal, expresso no Plano Bsico de Desenvolvimento
Cientfico e Tecnolgico I, para esse perodo, de captar, tratar e difundir, de forma sistemtica e permanente, informaes atualizadas na rea de Cincia e
Tecnologia, assim como os vrios subsistemas que dele participariam, com suas respectivas reas de atuao. No Plano Bsico de Desenvolvimento Cientfico e
Tecnolgico II, 1975/79, a informao cientfica e tecnolgica ganhou mais espao, includa entre as atividades de apoio ao desenvolvimento cientfico e tecnolgico,
considerada como elemento bsico de apoio para a formulao de polticas e estratgia do governo. Curiosamente, o documento intitulado Diretrizes bsicas para a
implantao do Sistema Nacional de Informao Cientfica e Tecnolgica (SNICT), elaborado sob os auspcios do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), por razes
ainda no esclarecidas, se volatilizou, no incio da dcada de 80 [do sculo passado], na transmisso do poder, do penltimo para o ltimo presidente da ditadura.
(ROBREDO, 2005).
O IBICT surge na perspectiva de rgo de fomento e coordenao, com a misso de promover a efetivao do Sistema Nacional de Informao em Cincia e
Tecnologia, integrado por sistemas setoriais de informao, (Aguiar, 1980, apud Pinheiro e Loureiro, 2004), assumindo um perfil de entidade coordenadora e poltica.
O terceiro Plano Brasileiro de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico, de 1980 a 1985, reconhece a importncia do IBICT, atribuindo-lhe o papel de rgo central
com condies institucionais e materiais para desempenhar funes de coordenao descentralizada das atividades de informao em Cincia e Tecnologia no Pas
(Briquet de Lemos, 1986, apud Pinheiro e Loureiro, 2004). Este plano, diferentemente dos anteriores, no inclua programa, projetos e atividades, transferindo essa
incumbncia aos documentos especficos denominados aes programadas, com destaque para trs importantes marcos na poltica brasileira de informao:
a Ao Programada de Informao Cientfica e Tecnolgica;
o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (PADCT), com recursos do Banco Mundial; e
o Plano Nacional de Bibliotecas Universitrias - PNBU.
A Ao Programada Brasil-Seplan-CNPq, elaborada em 1984, reflete o momento histrico brasileiro, de abertura democrtica, dela tendo participado mais de cem
profissionais de informao das mais diversas entidades brasileiras. A Ao Programada partiu das seguintes propostas: gerao de documentos primrios; formao
e desenvolvimento de colees; automao de bibliotecas; bases de dados bibliogrficos; difuso e uso da informao; recursos humanos; e assuntos internacionais.
Trata-se de um diagnstico que aponta diretrizes, identifica instituies e suas respectivas atribuies para superar os problemas de informao mapeados. O IBICT
manteve algumas experincias mais antigas como o Catlogo Coletivo Nacional de Publicaes Seriadas (CCN), uma das primeiras redes automatizadas do pas, e o
comeou a perder fora gradativamente. O mestrado em Cincia da Informao nasceu da natural evoluo da experincia do curso de especializao, implantado no
antigo IBBD, em 1955, um ano aps a fundao do Instituto, sob a denominao de Curso de Pesquisa Bibliogrfica. Esse curso foi um reflexo do surgimento da
17
Sugerimos aos leitores que desejem aprofundar o assunto a consulta de Pinheiro (1997, 2000, 2005), Pinheiro e Loureiro (1995, 2004), Pinheiro; Brscher; Burnier (2005), e Pinheiro e Silva (2008), e usufruir das
citaes reunidas. Ver, tambm, Oddone (2006).
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
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SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Documentao e da Bibliografia e do novo campo de trabalho aberto por essas disciplinas, para profissionais de diferentes formaes que trabalhassem com
informao especializada. A partir de 1964 passou a ser chamado Curso de Documentao Cientfica (CDC), por fora do convnio com a Universidade Federal de Rio
de J aneiro (UFRJ ), e a partir de 1984 transformou-se em Curso de Especializao em Documentao e Informao, mantendo a sigla CDC e o vnculo acadmico com
a UFRJ , na Escola de Comunicao (ECO).
Em 1972 foi criado, no ento IBBD, o mestrado em Cincia da Informao e lanada a revista Cincia da Informao. O mestrado teve, no incio, presena macia
de professores estrangeiros, principalmente dos Estados Unidos. Dentre os nomes reconhecidos internacionalmente, que ministraram aulas e orientaram dissertaes,
at o ano de 1981, destacam-se: Frederick Wilfrid Lancaster (34 orientaes), Tefko Saracevic (13 orientaes), LaVahn Marie Overmyer, Bert Roy Boyce e J ack Mills
(2 orientaes cada um), alm de J ohn J oseph Eyre, Ingetraut Dahlberg e Suman Datta. Tambm deve-se lembrar a presena em seminrios e conferncias de
renomados cientistas, entre os quais Derek J ohn de Solla Price, da Yale University e Simo Mathias, da Universidade de So Paulo (Pinheiro e Loureiro, 1995).
18
Parafraseando Pinheiro (PINHEIRO, 2005): Nunca demais destacar o significado do IBBD para o Brasil, se pensarmos que o VINITI, na antiga Unio Sovitica,
foi fundado na mesma dcada, apenas dois anos antes, em 1952. da dcada de 50 o incio da formao de recursos humanos, pelo IBBD, com a criao do Curso
de Pesquisas Bibliogrficas, depois denominado Curso de Documentao e Informao Cientifica (CDC), como mencionado antes. Voltado para profissionais de outras
reas que fossem atuar em documentao ou informao cientfica e tecnolgica, segue as idias que permearam a documentao e atividades de documentalistas,
portanto, em harmonia com o pensamento de Otlet e de europeus, em geral. O CDC funcionou regularmente at 1995 e foi interrompido em 2000, quando foi
oferecido o ltimo curso. Ao longo de mais de 40 anos formou mais de 700 especialistas brasileiros e deixou uma lacuna.
uma fase de mudana de paradigmas: do armazenamento e preservao para a disseminao da informao atravs de produtos e servios de informao;
das bibliotecas gerais para os Centros de Informao / Documentao, que atenderiam reas especializadas, pela fragmentao da Cincia; e da
diversificao de acervo, anteriormente espao hegemnico dos livros, passando a incorporar diversificada tipologia documental, inclusive documentos
iconogrficos (ATHERTON, 1977, apud Pinheiro, 2005). No Brasil, a dcada de 1970 marca a institucionalizao da rea [...], tanto pela criao do primeiro
mestrado em Cincia da Informao, no IBICT, [...] com mandato acadmico da UFRJ , quanto de outros cursos de ps-graduao que se seguiram [... a
partir de 1990] (PINHEIRO, 2000). Estes mestrados foram [...]: os seguintes: o da USP, em 1972, como rea dentro da Comunicao; da UFMG, em 1976; os
da PUCCAMP e da UFPB, em 1977; e o de Braslia, na UNB, em 1978. [...] Os anos 70 correspondem ao perodo [...] da implantao de sistemas, redes e
centros de informao (REBAM, CIN, BI NAGRI, e Bibliodata/CALCO, por exemplo), alm do acesso s bases de dados estrangeiras.
19
, pelo IBICT. , ainda, o
momento da mudana de nome de IBBD para IBICT, em 1976, seguindo as transformaes terminolgicas internacionais, vistas anteriormente, e passando
de rgo prestador de servios para poltico e coordenador. A descontinuidade de servios, sobretudo de bibliografias brasileiras, em diversas reas, privou o
Brasil do registro contnuo e atualizado da produo cientfica nacional, que permitiria a gerao de indicadores de Cincia e Tecnologia, que dependem de
bases de dados completas e correntes, e poderiam ser valiosos instrumentos para polticas de C&T, com recursos de mtodos bibliomtricos, hoje com
softwares especializados para tal.
18
O livro Cronologia do desenvolvimento cientfico e tecnolgico brasileiro, 1950-2000 uma importante fonte para dados de cincia e tecnologia, no Brasil, a partir do qual podem ser sistematizados os conceitos
especficos de Informao em cincia e tecnologia (MDIC, 2002, apud Pinheiro 2005).
19
Tendo sido um dos autores deste Captulo diretor do projeto internacional Sistema Nacional de Informao e Documentao Agrcola (SNIDA), de 1974 a 1980, implantado numa parceria entre o Ministrio da
Agricultura do Brasil e as Naes Unidas, por intermdio de seus organismos PNUD e FAO, parece oportuno lembrar alguns dos desdobramentos e realizaes que acompanharam a criao da Biblioteca Nacional de
Agricultura (BINAGRI), acima mencionada por Pinheiro (2008). Dentre eles: a) a incorporao da literatura agrcola brasileira ao Sistema Internacional de Informao Agrcola (AGRIS), patrocinado pela FAO, b) a
livre disponibilizao do acesso literatura agrcola mundial a partir das fitas magnticas geradas mensalmente pelo Sistema AGRIS e o acesso s cpias ou microfichas dos documentos originais (sistema
BRAGRIS); c) a criao e operao do primeiro servio, na Amrica Latina, de disseminao seletiva da informao (DSI), totalmente automatizado, que enviava mensal e gratuitamente uma seleo de referncias
extradas das fitas magnticas AGRIS, conforme ao perfil de interesse dos pesquisadores, docentes, etc. cadastrados, que chegou a atingir picos de mais de mil usurios (sistema BipAGRI); d) um sistema
automatizado de acompanhamento das pesquisas agrcolas brasileiras em andamento, cujas sinopses eram incorporadas a base de dados internacional Current Agricultural Research Information System (CARIS),
acessvel a partir da BINAGRI (sistema BRACARIS); e) a produo automatizada e divulgao de bibliografias monogrficas de produtos agrcolas brasileiros (banana, mandioca, milho, cana de acar, etc.); f)
estabelecimento, por mtodos bibliomtricos, de listas bsicas de ttulos de peridicos agrcolas, para promover o aprimoramento dos acervos das bibliotecas estaduais de agricultura (Maranho, Paran, etc.) e
outras bibliotecas cooperantes com a BINAGRI ou integrantes da rede do SNIDA; g) aes contnuas de treinamento e aperfeioamento de profissionais bibliotecrios, documentalistas e informticos, vinculados
pesquisa agropecuria (ROBREDO, 2005, p. 88, 192). Uma breve histria da BINAGRI encontra-se no portal da BINAGRI, atualmente vinculada ao Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento (MAPA, 2009).
Uma detalhada relao dos documentos tcnicos produzidos at 1980 encontra-se nos FAO Online Catalogues (FAO, 2009).
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
197
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Podemos afirmar, se considerarmos a influncia da Documentao e das idias de Otlet na criao do IBBD e a presena norte-americana na implantao do
Mestrado, que o IBICT absorveu tanto o pensamento europeu quanto dos Estados Unidos, numa confluncia que certamente contribuiu para fortalec-lo e torn-lo o
rgo nacional de ICT.
Sobre a dcada de 80, Pinheiro e Loureiro (2004) levantam e sistematizam diferentes eventos, merecendo destaque, como componente da formao cientfica da
Cincia da Informao, a fundao da ANCIB- Associao Nacional de Pesquisa e Ps-Graduao em Cincia da informao, em 1989 e, em poltica de ICT, a Ao
Programada de Informao Cientfica e Tecnolgica, em 1984, alm da incluso de ICT no PADCT- Programa de Apoio ao Desenvolvimento Cientifico e Tecnolgico,
com recursos significativos do Banco Mundial.
2.5.2 Um pouco de histria sobre a bibliometria no Brasil
Dentro do quadro referencial anterior, num trabalho considerado clssico, como um dos primeiros estudos bibliomtricos/cientomtricos a apresentar uma anlise
detalhada da produo dos estudiosos da cincia da informao, no Brasil, desde seus primrdios, nos primeiros anos da dcada de 1970, abrangendo um perodo de
doze anos (1972-1983), Urbizagstegui Alvarado (1984) faz um levantamento utilizando como fontes: i) o Catlogo de Dissertaes e Teses do IBICT (IBICT,1982), ii)
ABCD: Resumos e sumrios; iii) o levantamento sobre a lei de Bradford, de Quemel et alii (1980); iv) um levantamento sobre bibliometria brasileira, feito pelo Centro
de Informao em Cincia e Tecnologia, do IBICT; e v) um levantamento de todos os autores que publicaram sobre bibliometria (lei de Bradford, lei de Lotka, lei de
Zipf, lei de Goffman, frentes de pesquisa e obsolescncia). O resultado obtido para a produo dos autores no perodo considerado, est representado no Grfico 1.
Grfico 1.- Publicaes no perodo 1972-1983 (Urbizagstegui Alvarado, 1984).
0
2
4
6
8
10
12
14
70 72 74 76 78 80 82 84
ANOS
P
U
B
L
I
C
A
E
S
A maior quantidade de trabalhos foi produzida nos anos 1978 e 1979, com doze e nove trabalhos respectivamente, e o ano de menor produo foi 1972, com dois
trabalhos somente, que representam o incio dos estodos bibliomtricos no Brasil.
20
Dos 78 trabalhos produzidos at 1983, 39 correspondem aplicao da Lei de Bradford; 11 a estudos de produtividade (Lei de Lotka); 8 s anlises de citaes, e
6 s aplicaes da Lei de Zipf. Portanto, nesses anos houve preferncia pela aplicao da lei de Bradford.
21
20
Ver Figueiredo (1972) e Braga (1972)
21
Essas trs leis, que se constituem na pedra angular da bibliometria, sero tratadas com detalhe na Seo 4.
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
198
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
No entanto, no houve continuao nas aplicaes da lei de Goffmam, frente de pesquisa e obsolescncia da literatura. As aplicaes destas leis tm sido pouco
significativas, variando entre 2 e 3 publicaes, como mostra a Tabela 1.
Tabela 1.- Tipos de bibliometrias em teses e dissertaes no perodo de 1972-1983
ANOS
LEI DE
BRADFORD
LEI DE
ZIPF
LEI DE
LOTKA
LEI DE
GOFFMAN
FRENTE
PESQUISA
OBSOLES-
CNCIA CITAES
1972 1 - - - 1 - -
1973 2 1 - - - - -
1974 1 2 1 1 - - -
1975 - - - 1 - - 1
1976 2 1 - - - - 1
1977 2 - 1 - - - -
1978 1 - - - 1 1 -
1979 - - - - - 1 -
1980 2 - 1 - - - -
1981 2 - - - - - 2
1982 3 - - - - - -
1983 - - 1 - - 1 1
Uma anlise realizada sobre as 36 teses e dissertaes aprovadas no mesmo perodo, mostra que a produo varia entre 1 e 5, com o maior valor em 1974 e o
menor em 1979, como mostra o Grfico 2.
Grfico 2.- Teses e dissertaes publicadas em 1970-1983 (Urbizagstegui Alvarado, 1984).
0
1
2
3
4
5
6
1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984
ANOS
T
E
S
E
S
E
D
I
S
S
E
R
T
A
E
S
Na Figura 2, pode-se observar a influncia de Saracevic, que, durante sua permanncia no Brasil, orientou 7 dissertaes da primeira gerao de mestres,
seguido por Lancaster (3 orientaes) e Boyce (1 orientao).
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
199
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Figura 2.- Rede de orientadores/orientandos na bibliometria brasileira (Ibidem).
Os resultados de outro levantamento sobre as instituies em que as teses e dissertaes foram aprovadas, no mesmo perodo, encontram-se na Tabela 2. A
nfase dada ao tema bibliometria na fase inicial do processo de implantao da ps-graduao, no IBICT/UFRJ , perodo em que contou com o apoio decisivo de
professores estrangeiros fica evidente nessa Tabela.
Tabela 2.- Instituies, em que foram aprovadas as teses e dissertaes, no perodo 1972-1983, e quantidades aprovadas (Urbizagstegui Alvarado, 1984).
INSTITUIES APROVAES
IBICT/UFRJ 28
ECA/USP 2
UFMG 1
UnB 1
UFRJ 1
Denver University 1
Case West Reserve University 1
Drexel University 1
TOTAL 36
.
INTRODUTORES PRIMEIRA GERAO SEGUNDA GERAO TERCEIRA GERAO
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
200
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
interessante observar que o principal orientador, na fase de decolagem do mestrado do IBCT/UFRJ , dentre os orientadores que o referido autor chama de
introdutores da primeira gerao de mestres, cede a estes a condio de novos orientadores, os quais. por sua vez, orientam os mestres da segunda gerao, etc.
O trabalho de Urbizagstegui Alvarado (1984) , sem dvida, um trabalho que deve ser levado em conta, no somente pelos estudiosos da histria da bibliometria
no Brasil, antes do advento da Internet, mas tambm por todos aqueles que desejem conhecer as razes das tendncias e possibilidades atuais das metrias da
informao em ambiente Web.
22
Num trabalho de Pinheiro, j citado anteriormente (PINHEIRO, 2005), em que estuda a evoluo e tendncias da cincia da informao, no Brasil e no exterior,
so apresentados os resultados de levantamentos realizados nos perodos de 1966-1995 e 1996-2004 pela Anual Review for Information Science and Technology
(ARIST, 1996; 2005) que apontam para as disciplinas que deveriam constituir o ncleo bsico dos cursos de cincia da informao, nos Estados-Unidos, onde
bibliometrics aparece na 13 posio (Ver Tabela 3).
Tabela 3.- Ncleo bsico de disciplinas da Cincia da Informao e tendncias atuais,
por resultado de estudo de freqncia de artigos de reviso do ARIST.
No mesmo trabalho, a autora fez um levantamento das freqncias com que aparecem os termos significativos nos artigos publicados na revista Cincia da
Informao, entre 1972 e 2004, ou seja, num perodo equivalente ao considerado pela ARIST, levando em conta a defasagem com que se iniciam no Brasil os estudos
bibliomtricos quando comparados aos Estados Unidos. No caso da Cincia da Informao, o resultado para a bibliometria bem mais favorvel (Ver Tabela 4).
Embora os dados da ARIST e da Cincia da Informao no sejam totalmente comparveis, pois estes ltimos se referem s a essa revista, o resultado
significativo pela importncia do IBICT e pela forte representatividade da sua revista no Brasil.
22
Urbizagstegui Alvarado (1984), indica uma completa bibliografia sobre os autores citados, alm de cerca de 80 referncias complementares, num anexo que rene a bibliografia sobre a bibliometria brasileira,
dividida em seus aspectos tericos, as quatro leis (Bradford, Zipf, Lotka, Goffman), obsolescncia e anlise de citaes).
DISCIPLINAS FREQNCIA
1. Sistemas de informao 49
2. Tecnologia da informao 36
3. Sistemas de recuperao da informao 35
4. Polticas de informao 28
5. Necessidades e usos de informao 25
6. Representao da informao 25
7. Teoria da Cincia da Informao 16
8. Formao e aspectos profissionais 16
9. Gesto da informao * 14
10. Bases de dados 14
11. Processamento automtico da linguagem 11
12. Economia da informao 10
13.Bibliometria 6
14. I nteligncia competitiva e Gesto do conhecimento 5
15. Minerao de dados 5
16. Comunicao cientfica eletrnica 3
17. Bibliotecas digitais/virtuais 2
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
201
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Tabela 4.- Freqncia de temas nos artigos publicados na revista
Cincia da Informao (adaptado de Pinheiro (2005)
TEMAS 1972-79 1980-89 1990-99 2000-04 TOTAL
1. Teoria da Cincia da Informao 4 8 23 14 49
2. Bibliometria 18 11 14 5 48
3. Representao da informao 8 9 15 14 46
4. Polticas de informao 3 11 12 17 43
5.Necessidades e usos de informao 6 9 16 11 42
6. Gesto da informao 2 7 25 7 41
7. Comunicao cientfica 7 10 12 10 39
8.Tecnologias da informao - 1 18 18 37
9. Formao e aspectos profissionais 6 9 15 4 34
10. Sistemas e redes de informao 6 6 17 3 32
11. Disseminao da informao 4 7 16 4 31
12. Sistema de recuperao da informao 4 2 6 9 21
13. Bibliotecas virtuais/digitais - - 6 11 17
14. I nteligncia competitiva - - 8 5 13
15. Poltica de Cincia e Tecnologia - 3 7 2 12
16. Bases de dados 3 4 2 2 11
17. Organizao/processamento da inform. 6 1 1 2 10
18. Economia da informao - 2 5 2 9
19. iblioteconomia/Bibliotecas/Livros 2 3 - 2 7
20. Arquivologia - - 6 - 6
21. Processamento automtico da linguagem 1 1 4 - 6
22. Automao de bibliotecas 2 1 2 1 6
23. Divulgao cientfica - 1 2 1 4
24. Cincia e Tecnologia - - 3 - 3
25. Gesto do conhecimento - - - 3 3
26. Poltica editorial 2 1 - - 3
27. Sistemas especialistas - - 2 - 2
28. Comunicao social - - 2 - 2
29. Imprensa - - 2 - 2
30. Lingstica - - 2 - 2
31. Tecnologias - - 2 - 2
Temas com freqncia 1 2 2 5 1 10
Total 86 109 250 148 293
Cotejando esses dados com os apresentados por Urbizagstegui Alvarado (1984), se confirma um pico de produtividade na dcada de 1970, que se mantm,
aproximadamente, at o fim do sculo XX, com uma queda significativa nos primeiros anos do presente sculo.
As relaes orientador/orientando, registrado por Urbizagstegui Alvarado (1984) no que diz respeito s dissertaes e teses aprovadas no curso de ps-graduao
do IBICT, no perodo 1972-1998 (ver Figura 2, acima), foram atualizadas por Pinheiro e Silva (2008) at 2008, num trabalho mais recente (ver Quadro 1).
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
202
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Essas anlises tm um foco predominantemente orientado para o IBICT. Por isso, buscando obter uma viso mais abrangente da produo bibliomtrica no Brasil,
destacamos alguns autores, de outras instituies, lembrados por Pinheiro e Silva, agrupados em dois conjuntos: i) docentes e/ou estudiosos que no exercem
atividades em cincia da informao, mas desenvolvem pesquisas em metrias da comunicao cientfica ou indicadores de cincia e tecnologia, e ii) aqueles que
atuam na rea, com graduaes diversas.
23
..........
23
So eles (na ordem em que aparecem nesse trabalho):
i) Docentes e/ou estudiosos que desenvolvem pesquisas em metrias da comunicao cientfica ou indicadores de cincia e tecnologia:
Professora Lea Velho (UNICAMP), doutorado em Poltica Cientfica e Tecnolgica, pela Science Policy Research Unit (SPRU), University of Sussex, em 1985, com produo intensa, no Brasil e exterior, forte
atuao em poltica cientfica e tecnolgica, inclusive indicadores de C&T. A autora pesquisa na rea desde o incio da dcada de 80 (VELHO; KRIGE, 1984) e (VELHO, 1985, 1986). Segue uma linha de estudos
sociais da cincia, algumas mais quantitativas. Forte influncia de Solla Price, bem como de Ziman, Kuhn, Merton, Bronowski e Bunge, entre outros (LIMA; VELHO, 2008).
Pesquisador Rogrio Meneghini (USP), cientista de renome nacional e internacional em Bioqumica, a partir do final da dcada de 1980 se dedica comunicao cientfica, poltica de C&T e indicadores, questes
sobre as quais publicou trabalhos, no exterior e no Brasil. Uma de suas primeiras publicaes nessa linha trata de indicadores alternativos de avaliao da produo cientfica no Brasil (MENEGHINI, 1988). Foi um
dos criadores do SciELo. Em alguns de seus trabalhos tem contado com a colaborao de especialistas em ICT, como Abel Packer, da BIREME (MUGNAINI; PACKER; MENEGHINI, 2008) e J acqueline Leta,
(MENEGHINI; LETA, 2002), includa entre os autores estudados.
Professor Pierre Ohayon, da Faculdade de Administrao e Cincias Contbeis (FACC), da UFRJ . Formado e ps-graduado em administrao, especializado em gesto e avaliao de C&T (MARCOVITCH;
OHAYON, 1984), (MORAES; OHAYON; LEITO,1989). Mais recentemente, props um modelo para a avaliao de programas de pesquisa, desenvolvimento tecnolgico e inovao (OHAYON, ROSENBERG, 2007).
Professora J acqueline Leta (UFRJ ), a mais jovem, mas com expressiva e consistente produo cientfica, no Brasil e exterior. Oriunda da rea de Cincias Biolgicas, tem mestrado e doutorado em Gesto,
Educao e Difuso de Cincias, tambm pela UFRJ . Especialista em produo cientfica nacional, co-autora do livro O perfil da cincia brasileira (MEIS, LETA, 1996) e autora de trabalhos sobre indicadores de
C&T, o que inclui a ps-graduao brasileira, na sua relao com a produtividade cientfica (LETA, LANNES, MEIS, 1997).
i) Pesquisadores/docentes vinculados cincia da informao:
Professor J aime Robredo, um dos precursores da rea no Brasil. Com formao em Qumica, inclusive ps-doutorado na Holanda, exerceu atividades no Servio de Documentao do Instituto do Vidro, em Paris,
por mais de dez anos. No Brasil, a partir de 1974 continuou nessa linha de estudos tendo devotado a sua vida acadmica na UnB cincia da informao. Um dos seus primeiros trabalhos, no Brasil, foi
elaborado na dcada de 1970 (ROBREDO; CHASTINET; LOBO, 1975), e o foco de suas pesquisas so as tcnicas bibliomtricas nos processos de indexao e recuperao da informao, bem como listas bsicas
de peridicos, inclusive em Agricultura. Atualmente, lder do Grupo de pesquisa Representao e Organizao da Informao e do Conhecimento, que inclui entre as linhas de pesquisa estudos mtricos da
informao (ROBREDO; CANTANHEDE, 2005). Participa de seu Grupo de Pesquisa a professora Marisa Brascher, tambm da UnB, que j apresenta produo em bibliometria (ver, Costa et al.. (2006), e Caf e
Brascher (2008)).
Professora Suzana Mueller, tambm da UnB, h longo tempo dedica-se comunicao cientfica. lder de Grupo de pesquisa Comunicao Cientfica, e foi coordenadora do grupo de trabalho GT7 Produo
e Comunicao da Informao Cientfica, da ANCIB (2005-2006). A temtica de seus estudos tem sido o peridico cientfico, incluindo o estabelecimento de listas bsicas, e produo cientfica. Sobre essas
questes tem publicado inmeros trabalhos, adotando metodologias quantitativas, desde o incio dos anos 1990 (MUELLER, 1991), continuando nessa abordagem at os dias atuais, conforme comprova um de
seus mais recentes trabalhos ( MUELLER, 2008).
Professora Sely Costa, tambm da UnB tambm lder do Grupo de pesquisa Comunicao Cientfica, com estudos voltados ao acesso aberto, que incluem indicadores de sustentabilidade de peridicos
eletrnicos brasileiros (COSTA et al.. 2006). Atualmente, Diretora da Biblioteca Central da UnB.
Professora Dinah Poblacin (USP), que h muitos anos desenvolve pesquisas sobre produo cientfica em diferentes campos do conhecimento como sade (POBLACIN, 1986), e especialmente na cincia da
informao, numa contribuio relevante para o mapeamento e desenvolvimento da rea. Fundadora, em 1992, do Ncleo de Pesquisa de Produo Cientfica, na USP/ECA, que congrega inmeros pesquisadores
e cuja produo tem sido divulgada em diversas publicaes (POBLACIN, 2005). Entre os trabalhos mais recentes merece destaque um artigo sobre produo cientfica em Cincia da Informao (POBLACIN,
2005).
Professora Ida Stumpf (UFRGS). lder do Grupo de pesquisa Comunicao Cientfica, abrangendo as metrias da informao. Coordena atualmente o grupo de trabalho GT7 Produo e Comunicao da
Informao Cientfica, da ANCIB Na sua atuao acadmica, principalmente a partir dos anos 2000, tem produzido e orientado nessa linha, na ps-graduao, na qual conta com o reforo da professora Sonia
Caregnato (STUMPF et al., 2006), (VANZ; CAREGNATO, 2003). Nas suas pesquisas, os mtodos bibliomtricos so aplicados sobretudo produo cientifica da Comunicao e da Cincia da Informao, o que
inclui anlises de citaes (STUMPF; MESQUITA, 2004).
Professora Maria Cristina Hayashi (UFSC), com produo em metrias da informao, especialmente dos anos 2000 em diante. Formada em cincias sociais, com ps-graduao em educao (HAYASHI, et al.,
2008).
Professor Raimundo Nonato Macedo dos Santos (UFSCAR, anteriormente PUCCAMP). Graduado em engenharia civil, passou a se dedicar s metrias da comunicao cientfica nos anos 1990, o que pode ter sido
decorrncia de seu mestrado e doutorado na Universit Aix Marseille III, conhecida pelos seus avanados estudos bibliomtricos e outras metrias da informao, com aplicativos prprios (ver acima, Seo 2.1 A
corrente europia ocidental). Dentre os ltimos trabalhos do professor Santos, que analisam principalmente a produo da cincia da informao, um dos mais recentes trata das dissertaes e teses (SANTOS, et
al., 2007).
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
203
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Quadro 1.- Relao orientador/orientando organizada por ano de titulao (adaptado de Pinheiro (2008).
* Gilda Maria Braga defendeu sua dissertao de mestrado, orientada por Tefko Saracevic, em 1972 (Ver Seo 8 Bibliografia Consultada), e a primeira orientadora
brasileira do Mestrado em Cincia da Informao do IBBD-UFRJ, com o maior nmero de dissertaes orientadas, no perodo de 1975 a 2000.
** Orientaes nas quais participaram como co-orientadores.
*** Laura Maia Figueiredo foi autora da primeira dissertao sobre bibliometria defendida no Mestrado em Cincia da Informao do IBBD-UFRJ. (Ver Seo 8 Bibliografia)
Para encerrar este demorado sobrevo, e procurando ter uma idia mais ampla do atual e real interesse pelos indicadores bibliomtricos, cientomtricos e
infomtricos, em geral, especialmente em domnios em expanso tais como as viglias e observatrios estratgicos (inteligncia competitiva, propriedade industrial,
apoio deciso, anlise de tendncias e estudos prospectivos, servios de recomendao, etc.), foi feita uma pesquisa na Web, e mais concretamente na base dos
currculos Lattes, do CNPq. Os resultados esto reunidos na Tabela 5.
Tabela 5. Ocorrncias encontradas na base Lattes de termos relacionados
com as metrias de informao, usando diferentes motores de busca.
TERMOS DE BUSCA GOOGLE YAHOO/ ALTAVISTA ASK
Lattes infometria Brasil 379 77 91
Lattes informetria Brasil 571 107 164
Lattes bibliometria Brasil 5830 2760 1710
Lattes cientometria Brasil 2240 680 1010
Lattes cienciometria Brasil 1460 581 331
Lattes webmetria Brasil 279 59 91
Lattes webometria Brasil 262 46 84
Lattes cibermetria Brasil 134 16 10
ORIENTADOR ORIENTANDO-ANO TOTAL
BRAGA, Gilda Maria*, IBICT (Carvalho, 1975); (S, 1976); (Braga, H., 1979);
(Christvo,1979); (Ferrez, 1981); (Pinheiro, 1982); (Costa,
1982); (Nascimento, 1983); (Neri, 1984); (Peixoto, 1985);
(Cavalcanti, 1989); (Souza, 1989); (Barreto, 1991); (Coelho,
1991)**; (Russo, 1992); (Santos, 1992); (Maranho, 1996).
17
PINHEIRO, Lena Vania R., IBICT (Rodrigues Garcia, 1988); (Valois, 1990); (Coutinho, 1991);
(Brasil, 1992)**; (Silva, J . 1995)**; (Souza,1995)**; (Martins,
2000); (Silva, M. 2000); (Nicolau, 2008).
9
SARACEVIC, Tefko, (prof. visitante) (Braga, G. 1972); (Figueiredo***, 1972); (Fernandez, 1973);
(Ippolito, 1973); (Maia, 1973);(Dussilek, 1974); (Di Giorgi,
1974); (Paranhos, 1975); (Oliveira, 1976).
9
FIGUEIREDO; Laura Maia, I BICT (Gomes, 1977); (Gusmo, 1977); (Nosetti Menendez, 1978);
(Rodrigues, 1981).
4
LANCASTER, Frederick Wilfrid, (prof. visitante) (Barbosa, 1979); (Queiroz, 1979); (Ribeiro, 1979). 3
SOUZA, Rosali F. de, IBICT (Weltman, 1992)**; (Decourt, B, 1993); Pedrini (2000). 3
TOTAL 45
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
204
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Sem nenhuma pretenso de julgamento sobre o valor cientfico desses valores, nem sobre a maior ou menor confiabilidade dos motores de busca utilizados,
poder-se-ia avanar que existe ou existiu de uma parte, uma preferncia pelo tema bibliometria, usado freqentemente como sinnimo ou conjuntamente com
infometria/informetria e, de outra parte, um crescente interesse pelo tema cientometria/cienciometria que ultrapassa os limites se que existem da cincia da
informao.
Como conseqncia da maior facilidade de acesso a dados e informaes em ambientes Web, e da necessidade de se descobrir novos nichos de inovao e
desenvolvimento, para sobreviver e vencer num mundo cada dia mais globalizado e mais competitivo, embora os valores acima apresentados no o comprovem de
forma contundente, e levando em conta que se trata de uma prtica recente, tudo parece indicar que o uso da Web como meio de acessar dados, informaes e
documentos tende a crescer e, assim, os termos webmetria, webometria, cibermetria, e outras netmetrias, sero cada dia mais freqentes, nas pesquisas brasileiras.
3. TENTATIVA DE FIXAR A TERMINOLOGIA
No pretendemos, nesta Seo, chegar a uma soluo do problema da crescente babelizao da terminologia geralmente usada quando se fala de metrias da
informao. Mas pelo menos, esperamos contribuir de alguma forma para a abertura de uma corrente de reflexo e dilogo, que nos aproxime de um consenso
suscetvel de facilitar a localizao de um tema, ou de evitar silncios nas respostas, como conseqncia do uso de um determinado termo e da omisso de um ou
mais sinnimos possveis.
A situao se agrava quando se indica aos motores de busca que a pesquisa deve-se realizar na Web e no em tal ou qual pas especfico pois, nesse caso, as
perdas de boas respostas so multiplicadas pelo nmero de sinnimos omitidos nas outras possveis lnguas!!!!
Na Tabela 6, encontram-se os resultados correspondentes ao nmero de pginas recuperadas nas buscas com diversos termos e seus sinnimos, em portugus e
em outras linhas.
Antes de indicar quais seriam nossas sugestes de escolha dos termos, na lngua portuguesa, pode ser til fazer uma breve reflexo sobre a crescente frequncia
de uso, em trabalhos brasileiros, dos termos cienciometria, webometria e informetria.
Quanto a primeiro, reproduzimos o texto da Nota 5, referente ao uso dos termos cientometria e cienciometria, do trabalho j citado de Pinheiro e Silva (2008):
Pela etimologia, Cientometria deriva de scientia, do latim, da cientistas e cientfico, em portugus, ou Scientometrics, em ingls, portanto, a denominao
cienciometria no seria correta em nossa lngua, embora comumente utilizada em espanhol.
Quanto aos termos webmetria e webometria, reproduzimos a Nota 6 do referido trabalho, que diz: Na literatura aparece o termo webometria e, em maior escala,
webmetria, adotado no presente trabalho. Vistos os resultados apresentados na Tabela 5, claro que s podemos concordar com as escolha das autoras. J no que
diz respeito ao uso de informetria, em portugus, as autoras usam o termo, mas no apresentam as razes que justificariam sua escolha, limitando-se a informar:
Outro termo surge, em 1987, informetria, cunhado e adoptado pela FID Federao Internacional de Documentao para designar o conjunto de atividades
mtricas, relativas informao, cobrindo tambm a Bibliometria e a Cientometria (EGGHE; ROUSSEAU, 1990).
24
Sobre a escolha de informetria, frente ao termo infometria, parece difcil concordar, e isso por uma razo que parece possuir um certo peso: porque at essa data
de 1987, todo o mundo usava o termo infometria, inclusive no Brasil. Pode-se acrescentar que, como mostram as Tabelas 5 e 6, o nmero de ocorrncias de uso do
termo infometria continua sendo superior nos prprios pases que publicam em lngua inglesa, sendo exceo, a partir de uma data recente, Brasil, Portugal, Espanha
e Frana, sem que at agora, ningum tenha apresentado alguma razo plausvel.
No intuito de apresentar uma viso da freqncia de uso, no Brasil, dos termos que foram utilizados como critrios de busca, na pesquisa que serviu para construir a
Tabela 6, foi feita outra pesquisa com os mesmos termos, em portugus, na base ABCDM
25
, na rea da cincia da informao (Grfico 3).
24
Ver, a esse respeito, as observaes de Brookes recolhidas na Seo 2.2 A corrente russa e europia oriental.
25
Ver Nota 40, na pgina 54
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
205
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Tabela 6. Nmero de pginas recuperadas nas pesquisas com os termos indicados,
em diversas lnguas, utilizando o Google como motor de busca.
Grfico 3. Nmero de artigos cientficos publicados no Brasil, em que aparecem
os termos que figuram na Tabela 6, por ano.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
1
9
7
3
1
9
7
4
1
9
7
5
1
9
7
6
1
9
7
7
1
9
7
8
1
9
7
9
1
9
8
0
1
9
8
1
1
9
8
2
1
9
8
3
1
9
8
4
1
9
8
5
1
9
8
6
1
9
8
7
1
9
8
8
1
9
8
9
1
9
9
0
1
9
9
1
1
9
9
2
1
9
9
3
1
9
9
4
1
9
9
5
1
9
9
6
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
2
0
0
3
2
0
0
4
2
0
0
5
2
0
0
6
2
0
0
7
Bibliometria Cientometria Cienciometria Webometria Cibermetria Infometria Informetria
Termo de busca Idioma Pginas Termo de busca Idioma Pginas
Bibliometrics
Bibliometra
Bibliomtrie
Bibliometria
Bibliometria
en
es
fr
it
pt
1.510.000
30.600
56.300
1.290
16.700
Scienciometrics
Cienciometra
Scienciomtrie
Scienciometria
Cienciometria
en
es
fr
it
pt
1.020
6.470
0
0
5.270
Infometrics
Infometra
Infomtrie
Infometria
Infometria
en
es
fr
it
pt
131.000
10.650
16.200
109
7.060
Scientometrics
Cientometra
Scientomtrie
Scientometria
Cientometria
en
es
fr
it
pt
123.000
129
44.400
429
7.140
Informetrics
Informetra
Informtrie
Informetria
Informetria
en
es
fr
it
pt
52.400
28.600
88.000
6
1.960
Webmetrics
Webmetra
Webmtrie
Webmetria
Webmetria
en
es
fr
it
pt
6.080.000
3.310
42
0
1.470
Cybermetrics
Cibermetra
Cybermtrie
Cibermetria
Cibermetria
en
es
fr
it
pt
39.000
52.300
14.700
46
255
Webometrics
Webometra
Webomtrie
Webometria
Webometria
en
es
fr
it
pt
344.000
378
1.820
3
815
N
M
E
R
O
D
E
A
R
T
I
G
O
S
ANO DE PUBLICAO (Elaborao J . Vilan Filho)
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
206
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Pode-se observar o crescimento do interesse em pesquisas sobre metrias a partir de 1998, bem como o aumento da variedade de termos utilizados, com
destaque para bibliometria, cienciometria/cientometria e infometria/informetria. O termo webmetria no apresentou nenhuma ocorrncia at o ano de 2007, ltima
data considerada. Os termos foram extrados dos ttulos, subttulos e palavras-chave dos peridicos das reas de informao.
Como elemento para reflexo, os trs pontos de interrogao ???, no ttulo da comunicao de Brookes, publicada em 1989, nos Proceedings of the 1st
International Conference on Bibliometrics and Technical Aspects of Information Retrieval.
26
Assim, nos permitimos sugerir uma nova, ampla e profunda discusso em favor da adoo, em nossas publicaes em portugus e/ou em ingls, do esquema
terminolgico mostrado no Quadro 2.
Isso no impede bem pelo contrrio desenvolver classificaes, taxonomias, tesauros, ontologias, mapas temticos, lxicos e vocabulrios, que levem em conta
as indicaes de sinonmia, equivalncia, relao, entre termos, que se fizerem necessrias.
Dessa forma, os motores de busca podero encontrar sua tarefa de nos fornecer boas respostas, consideravelmente facilitada, e ns agradeceremos.
Quadro 2. Proposta de esquema terminolgico para as
metrias da informao
Cibermetria Webmetria,
Cienciometria Cientometria
Informetria Infometria
Webometria Webmetria,
Bibliometria (pt) e Bibliometrics (en),
Cientometria (pt) e Scientometrics (en),
Infometria (pt) e Infometrics (en),
Webmetria (pt) e Webmetrics (en).
(Elaborao J . Robredo)
As setas apontam para os termos (em negrito) que nos parece que deveriam ser usados preferentemente em portugus. No bloco inferior se apresenta um
pequeno glossrio portugus-ingls que pode ajudar a escolher os melhores termos ingleses, na hora de converter os resumos de nossos trabalhos em abstracts.
4. METRIAS DA INFORMAO E CINCIA DA INFORMAO ANTES DE WEB
No que segue, ser utilizada a terminologia apresentada na Seo precedente. Cabe esclarecer que os termos infometria e metrias da informao sero
considerados sinnimos, e qualquer outro termo que no se enquadre nesse esquema somente ser utilizado se for o caso em citaes que reproduzem ipsis
litteris textos de outros autores.
Quanto s relaes hierrquicas entre os termos relativos s metrias da informao ou infometria seguiremos o esquema apresentado anteriormente na Figura
1, na Seo 2.1, nos distanciando, assim, do esquema apresentado por Tina J ayroe, da Universidade de Denver, em sua bem conhecida apostila Bibliometrics for
Dummies (J AYROE, 2008),. Segundo essa autora, com base em Bates (1999, p. 1048), [...] a bibliometria contribui para melhor entender o universo informacional,
pois [ela] o estudo de como as pessoas se relacionam com a informao. E, parafraseando Rousseau (1990, p. 197), prossegue: [...] a pesquisa bibliomtrica (ou
informtrica [sic]) desenvolveu um rico corpus de conhecimento terico que, pela sua vez, busca encontrar novas aplicaes de todos os aspectos prticos do trabalho
com informao.
26
Ver Brookes (1989), na Bibliografia, no fim do Captulo.
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
207
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
A autora acrescenta:
Em biblioteconomia [library science, no original], bibliometria se refere, geralmente, anlise das caractersticas de dados e informaes relativos literatura especialmente
de autoria acadmica se utilizando de certos mtodos e leis. Isso tem um impacto significativo na rea de recuperao da informao e os pesquisadores esto utilizando
atualmente a bibliometria para estudar estruturas relacionais na I nternet, o que se denomina, tambm, webometrics [sic]. Para concluir, todas as aplicaes da bibliometria
contribuem para tornar explcita a meta-informao no paradigma da cincia da informao (J AYROE, 2008).
A continuao, sero apresentadas alguns aspectos relativos ao que poder-se-ia denominar leis empricas e aplicaes tradicionais da infometria. Segundo Chen
e Leimkuhler (2006, p. 308, apud J ayroe, 2008), [...] as principais leis empricas da bibliometria so a lei de Bradford a lei de Lotka e a Lei de Zipf [...] aquelas que
foram usadas com maior freqncia na literatura para modelar a distribuio dos fenmenos informacionais. Embora as trs leis apontem para distribuies
probabilsticas similares, suas diferenas decorrem do tipo de dados analisados. Dados esses que Diodato (1994, p. 93; apud J ayroe, 2008) denomina itens e fontes
(items e sources).
4.1 Lei de Bradford
27
Nas aplicaes das analises baseadas na lei de Bradford, os itens so, geralmente, artigos de publicaes peridicas, e as fontes os peridicos que publicam os
artigos. A lei de Bradford a lei bibliomtrica por excelncia. uma excelente orientao para o desenvolvimento de colees em campos de aplicao especficos.
Para quem no est familiarizado com a linguagem matemtico-estatstica, pode-se dizer que a lei mostra que um certo nmero de peridicos, num campo
determinado pode ser dividido em trs parcelas ou grupos, cada um contendo o mesmo nmero de artigos:
i) O primeiro grupo de peridicos constitui o ncleo bsico de ttulos de peridicos que contm artigos de interesse sobre o tema e formado por um nmero
relativamente pequeno de ttulos de peridicos que renem um tero, aproximadamente, do total de artigos pertinentes contidos no total de peridicos
reunidos;
ii) O segundo grupo contm o mesmo nmero de artigos distribudo em um nmero maior de peridicos;
iii) O terceiro grupo contm o mesmo nmero de artigos interessantes que a que os precedentes, mas um nmero bem maior de ttulos de peridicos.
A relao do nmero de ttulos de peridicos no grupo nuclear (que contm um tero dos artigos interessantes) para o nmero de ttulos de peridicos necessrio
para reunir outro tero de artigos interessantes , digamos, n vezes maior que no grupo nuclear, a relao dos ttulos de jornais entre o primeiro e o segundo grupo
1/n, e a relao de peridicos entre o grupo nuclear e o terceiro grupo, para que este ltimo rena o ltimo tero de artigos interessantes, dever ser 1/n. Em outras
palavras, a relao de peridicos nos trs grupos, se cada cada grupo contm um tero (1/3) do total de artigos de interesse :
1 : n : n. [1]
Bradford formulou a lei aps estudo detalhado de uma bibliografia sobre geofsica que reunia 326 ttulos de peridicos da rea, e encontrou que os 9 peridicos
mais produtivos em artigos interessantes continham 429 artigos interessantes, 59 ttulos continham 499 artigos interessantes, e 258 peridicos continham 404 artigos
interessantes. Tratemos de reconstruir a experincia:
1) Os peridicos so ordenados em ordem decrescente de produtividade de artigos de interesse, totalizando 326 ttulos diferentes;
2) contado o total de artigos de interesse, no total de ttulos de peridicos, totalizando 1.332 artigos;
3) Deseja-se que o total dos peridicos ordenados de forma decrescente seja dividido em trs grupos, de forma que cada grupo venha a conter a mesma
quantidade de artigos interessantes. Para tanto, o total de artigos registrado acima divide-se por 3, resultando 443 artigos para cada grupo;
4) Resta recontar os artigos em cada peridico, respeitando a ordem decrescente e separando um primeiro grupo de peridicos quando se atingir um total de,
aproximadamente, 443 artigos de interesse, e repetir a contagem para delimitar o nmero de peridicos no segundo grupo. Os peridicos restantes,
integrantes do terceiro grupo, devero conter, tambm aproximadamente, 443 artigos interessantes.
Observe-se que os resultados obtidos por Bradford, com 429 artigos no primeiro grupo de 9 peridicos mais produtivos, 499 artigos nos 59 peridicos seguintes, e 404
27
Samuel C. Bradford (1878-1948), matemtico e bibliotecrio ingls. Diretor da biblioteca do Science Museum de Londres, de 1925 a 1937. Em 1934 formulou sua lei, conhecida inicialmente como lei da disperso, publicada em
Engineering, no mesmo ano (BRADFORD, 1934; apud Hjrland, 2006). Fundador da British Society for International Bibliography, foi presidente da FID em 1945. Grande incentivador do uso da CDU e de resumos.
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
208
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
no terceiro, com 258 peridicos, no esto nada mal. Concordamos com Potter, quando afirma [] a Lei de Bradford no , falando com rigor, estatisticamente
exata. Mas, ainda uma boa regra prtica. (POTTER, 1988; apud J AYROE, 2008).
28
Seno, vejamos: a mdia dos valores experimentais 444 artigos em cada grupo
(429+499+404/3), e a calculada no passo 3, como j indicado, 443 artigos.
A relao [1] acima, no caso da experincia de Bradford, se converte, aproximadamente, em:
1 : 5 : 5 [2]
ou:
1 : 5 : 25. [2]
Pensando um pouco, poder-se-ia chegar concluso que com 9 assinaturas bem escolhidas se cobririam, naquela poca, 66,67 por cento dos conhecimentos da
rea de geofsica, com economia do preo da assinatura de 317 peridicos de baixa ou baixssima produtividade. A histria da biblioteconomia no registra se,
aps a formulao de sua lei, Bradford aplicou a descoberta fundamentao de uma nova poltica de aquisio e de desenvolvimento de colees, que poderia ter
levado a economizar rios de dinheiro ao Museu de Cincias de Londres. Cabe imaginar que sim, vista sua fama mundial e brilhante carreira, aps sua sada da
biblioteca do Museu, que culminou na sua nominao como presidente da ento Federao Internacional de Documentao (FID), em 1945.
O que a histria da biblioteconomia brasileira pode dizer, at o momento de escrever estas linhas se no estamos mal informados que a aplicao da lei de
28
Law of thumb, no original.
Y
X
S
O
M
A Y
3
300
D
O
S
Y
2
A 200
R
T
I
G Y
1
O 100
S
0
1 2 3 X
1
5 7 9 X
2
2 3 X
3
5
SOMA DOS PERIDICOS
Bradford e outras metrias da informao no parecem ser muito aplicadas nas bibliotecas
universitrias e outras bibliotecas, nem ensinadas nos cursos que formam os futuros
profissionais.
Para colocar os dados resultantes das contagens e de sua distribuio nas trs zonas de
igual contedo de artigos de interesse, no e necessrio fazer grandes clculos. Basta, de fato,
colocar em uma folha de papel semi-logartmico que pode ser adquirido em uma boa
papelaria os dados acumulados do nmero de peridicos de cada zona (trs zonas, ou mais
se se deseja, cuidando que o nmero de artigos interessantes em cada zona se mantenha
aproximadamente constante) no eixo X do grfico (em escala semi-logartmica), e o valor
acumulado de artigos interessantes, no eixo Y do grfico (em escala linear). O resultado ser
semelhante ao mostrado na Figura 3, que uma representao grfica genrica da lei de
Bradford.
O traado da curva tem a forma de um J inclinado ou de um S inclinado e esticado. As
trs zonas referidas, que contm, aproximadamente, o mesmo nmero de artigos, distribudos
em um nmero de peridicos, que cresce na medida em que diminui sua produtividade em
artigos de interesse, foram demarcadas pelos trs quadrados pontilhados (ROBREDO, 2000; p.
88-93).
Figura 3. Representao grfica da Lei de Bradford. (No eixo X, a escala logartmica, e linear no eixo Y)
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
209
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Outra possibilidade, ainda mais simples, consiste em montar uma tabela com os dados necessrios utilizando uma planilha, e pedir a um aplicativo adequado
29
que
monte o grfico.
A Tabela 7 rene todos os dados resultantes do experimento de Bradford, organizados para facilitar a gerao do grfico. Os valores da ltima coluna foram
calculados pelo aplicativo, a partir dos totais acumulados dos ttulos dos peridicos, que figuram na terceira coluna.
Tabela 7. Organizao dos dados para facilitar a apresentao do grfico
da lei de Bradford com o Excel.
ZONAS
DO
GRFI CO
NMERO DE
PERIDI COS
EM CADA
ZONA
TOTAIS
ACUMULAD
OS DOS
PERIDI CO
S
NMERO DE
ARTIGOS EM
CADA ZONA
TOTAIS
ACUMULADO
DOS
ARTIGOS
LOG DECIMAL DOS
VALORES DA
TERCEI RA
COLUNA
1 9 9 429 429 2,632457
2 59 68 499 928 2,967548
3 258 326 404 1.332 3,124504
O Grfico 4 mostra o resultado final. Observe-se que o traado do grfico se reduz a dois segmentos, j que foram consideradas somente as trs zonas de
Bradford. Para obter uma curva, com o aspecto da representada na figura anterior, seria necessrio repartir os ttulos em um nmero de zonas consideravelmente
maior. O importante, entretanto, observar que ponto de inflexo do grfico permite ver claramente, como observado anteriormente, que um tero dos ttulos dos
permite reunir dois teros dos artigos interessantes.
Grfico 4. Grfico do experimento de Bradford.
0
50
100
150
200
250
300
350
2,632457292 2,967547976 3,124504225
29
Por exemplo, o Excel.
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
210
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
A lei de Bradford faz parte de uma multido de outras leis, aplicadas em outras reas para medio de informaes, conhecidas com diversos nomes: lei de
Pareto, lei do menor esforo, regra do 80/20, etc. Ainda no campo da biblioteconomia/bibliometria, bem conhecido que 80% dos volumes usados numa biblioteca
correspondem somente 20% do acervo. (RABER, 2003, p. 73; apud J AYROE, 2008). A aplicao da curva ABC, uma aplicao gerencial ao controle de estoques,
baseada na lei de Pareto deveria merecer maior ateno por parte dos gestores de nossas bibliotecas acadmicas, para melhorar a gesto dos estoques perdo!!
acervos bibliogrficos.
30
Bem que, para isso, tambm ajudaria bastante um controle mais rigoroso do material consultado em sala de leitura, especialmente em
sistemas de estante aberto, onde os itens usados, deixados sobre as mesas, so repostos nas prateleiras sem nenhum controle de uso. Ver tambm Archuby (2006).
4.2 Lei de Lotka
Nas anlises baseadas na lei de Lotka
31
, as fontes so os autores e os itens os documentos produzidos por eles. A lei utilizada para identificar os autores mais
prolficos dentro de uma rea, mostra que, geralmente, uns poucos autores contribuem com o maior nmero de publicaes (HERTZEL, 2003, p.303; apud J AYROE,
2008). Segundo Lotka " ... o nmero de autores com n contribuies , aproximadamente, 1/n o nmero de aqueles com uma nica contribuio; e a proporo de
todos os autores que contribuem com um trabalho s , aproximadamente 69 por cento. (LOTKA, 1926; apud POTTER, 1988). Isso significa que, de todos os
autores que publicam num determinado campo, 60 por cento tero uma publicao s, e 15 por cento tero duas publicaes (1/2 vezes 60); 7 por cento dos
autores tero trs publicaes (1/3 vezes 60), e assim por diante. De acordo com a lei de Lotka, tambm chamada lei da produtividade cientfica, somente seis por
cento dos autores que publicam em um campo, publicam mais de dez artculos. A lei, quando aplicada a grandes volumes de publicaes, durante um longo perodo
de tempo, pode ser suficientemente correta, mas no estatisticamente exata (POTTER, 1988, apud UTEXAS [s.d.]). A lei pode ser representada pela frmula:
x
n
. y = C [3]
onde: [...] x o nmero de publicaes; y o nmero de autores que produzem x trabalhos cada um; n um parmetro que, em reas cientfica tem, geralmente,
o valor 2; e C uma constante... (DIODATO, 1994, p. 105, 106; apud J AYROE, 2008). Em outras palavras, a equao acima significa que o nmero total de autores
y, que trabalham numa rea determinada, e produzem x publicaes cada um, inversamente proporcional funo exponencial x
n
. Por isso, a lei de Lotka
denomina-se, tambm, lei dos inversos dos quadrados da produtividade cientfica. Tem sido discutido se a lei de Lotka uma lei bibliomtrica, com aplicaes em
biblioteconomia (HERTZEL, 2003, p. 304, 305; apud J AYROE, 2008). A opinio de Raber (2003, p. 72; apud J AYROE, 2008) que pode ser utilizada com proveito em
biblioteconomia, no desenvolvimento de colees, bem como no aprimoramento da recuperao da informao. Em todo caso, vista a data em que foi estabelecida, a
lei de Lotka uma aplicao pioneira no campo da cientometria.
4.3 Lei de Zipf
Na lei de Zipf
32
, as fontes so textos ou, mais precisamente, a posio que as palavras do texto ocupam quando ordenadas de acordo com sua freqncia, e os
itens so o nmero de ocorrncias de cada palavra no texto estudado. A lei de Zipf chamada tambm a lei das palavras de frequncia elevada ou princpio do
menor esforo, lembrando assim sua relao com a lei de Pareto.
30
Vilfrido Pareto (1848-1923), economista e socilogo, nasceu em Paris, mas viveu a maior parte de sua vida na Itlia. Universalmente conhecido pela lei que leva seu nome, tambm denominada regra do 80/20. Formalizou o
enunciado da lei em 1875, quando descobriu, num estudo sobre a renda e riqueza, observou que uma pequena parcela da populao, 20%, que concentrava a maior parte da riqueza, 80%. (Ver por exemplo: Wikipedia, 2008).
A titulo de curiosidade, o grfico que figura na referida pgina da Wikipedia, apresenta um traado em todo semelhante ao de nosso Grfico 4.
31
Alfred J ames Lotka (1880-1949), matemtico e fsico americano, quando trabalhava no Statistical Bureau da Metropolitan Life Insurance Company, realizou um estudo em que relacionava os nomes dos autores
citados no Chemical Abstracts entre 1907 e 1916, com o nmero de publicaes e, em 1926, formulou a lei que leva seu nome, conhecida tambm como lei dos quadrados inversos ou lei exponencial inversa.
32
George Kingsley Zipf (1902-1950) nasceu na Alemanha, filho de uma rica famlia. Estudou lingstica e filologia em Harvard, onde lecionou a maior parte de sua vida acadmica. Autor da lei que leva seu nome, que
analisa a freqncia/distribuio das palavras em um texto para determinar sua posio, em funo de sua freqncia de ocorrncia no texto. Por ocasio do centenrio de seu nascimento o peridico eletrnico
Glottometrics, dedicou, vrios volumes a Zipf e a sua lei , especialmente os volumes 3, 4 e 5 (GLOTTOMETRICS, 2000). Para maiores, detalhes consultar Ronald Rousseau (2002) e Karin Hinkle (2006 - [?]), da
School of Information Science (Portsmouth Polytechnic School, UK). Duas obras nucleares de Zipf: Selective Studies and the Principle of Relative Frequency of Language (1982) e Human Behaviour and the Principle
of Least Effort: An Introduction to Human Ecology (1949) so frequentemente citadas nas publicaes sobre bibliometria. Ver, por exemplo Hinkle (op.cit., 2006 [?]).
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
211
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
A frmula mais comum para a lei de Zipf :
rf = C [4]
onde: [...] r a posio de uma palavra, f a freqncia de ocorrncia dessa palavra, e C uma constante que depende do texto analisado (WYLLYS, 1981, p. 1;
apud J AYROE, 2008). Em outras palavras, o nmero de ocorrncias de uma palavra, em um determinado texto, aproximadamente inversamente proporcional
posio que ocupa na relao de todas as palavras ordenadas conforme sua freqncia de ocorrncia (POTTER, 1988; apud UTEXAS, [s.d.]). Para deixar bem claro
como proceder em uma aplicao concreta da lei de Zipf, escolhemos um resumo de 3.100 palavras, reproduzido no Anexo 1, no final do presente Captulo. Com a
ajuda de um editor de texto e um gerenciador de planilhas, so realizadas as seguintes etapas:
Etapa 1. Escolha do texto a analisar;
Etapa 2. Extrao e ordenao das palavras do texto;
Etapa 3. Reunio das palavras por radicais, desinncias e flexes, contagem das respectivas freqncias de ocorrncia;
Etapa 4. Ordenao dos dados para montagem do grfico;
Etapa 5. Montagem do grfico.
As trs primeiras etapas so auto-explicativas e os resultados de cada uma so mostrados no referido Anexo. Na Etapa 4, com os dados resultantes da Etapa 3,
monta-se uma tabela que relaciona a posio das palavras ordenadas conforme sua freqncia de ocorrncia (ranking r) com a sua freqncia f (Tabela 8).
Tabela 8. Relao entre as palavras ordenadas de acordo com sua freqncia.
EIXO X = RANKING r EIXO Y = FREQNCIA f
1 142
2 62
3 33
4 18
5 15
6 13
7 11
8 9
9 8
10 7
11 6
12 1
Observe-se que, em que pese o pequeno nmero de palavras do texto analisado, o produto dos valores de cada linha se mantm relativamente prximo:
1x142=142; 2x62=124; 3x33=99; 4x18=72; 5x15=75; 6x13=78; 7x11=77; 8x9=72; 9X8=72; 10x7=70; 11x6= 66; 12x1=12, especialmente na zona central com
valores da constante C entre 70 e 78 o que confirma as observaes de outros autores sobre a maior disperso dos valores nos extremos.
Finalmente, a Etapa 5, com a ajuda de um processador de planilhas (em nosso experimento foi utilizado o Excel), se obtm o grfico abaixo, totalmente conforma
com as previses (ver Grfico 5).
A lei de Zipf funciona bem com as palavras de freqncia elevada, mas no to bem com as de baixa freqncia, de onde resultam numerosas modificaes
propostas por diversos autores. Uma variante da frmula proposta pelo prprio Zipf sugere que a freqncia de ocorrncia de um determinado evento (P ),
considerada como uma funo da posio ou rank ( i ), quando essa posio vem determinada pela freqncia de ocorrncia acima, uma funo da lei
exponencial inversa
P
i
~ 1/i
a
[5]
com o expoente prximo da unidade (1).
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
212
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Grfico 5 Grfico do experimento com a lei de Zipf.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
0 2 4 6 8 10 12 14
FREQNCIA DAS PALAVRAS
P
O
S
I
O
D
A
S
P
A
L
A
V
R
A
S
N
A
R
E
L
A
O
O
R
D
E
N
A
D
A
Alguns autores preferem a representao grfica da Lei de Zipf utilizando escala logartmica nos dos eixos (em nosso caso foi utilizada uma escala linear em ambos
os eixos). Nesse caso, a curva se transforma numa linha reta, como pode-se ver no Grfico 6, abaixo, o que no muda nada a significao dos resultados.
Grfico 6. Representao grfica da lei de Zipf em escala logartmica.
Lembremos, para encerrar nossas consideraes sobre as trs grandes leis da bibliometria, que a lei de Zipf, embora sua aplicao original na anlise de palavras
em textos, no , de modo algum, um jogo de palavras. Ela de extrema utilidade na construo de tesauros e lxicos, processos de indexao e recuperao da
informao, e ganha a partir do incio do sculo um novo interesse em aplicaes em ambientes Web, e em processos de minerao de textos.
33
5. METRIAS DA INFORMAO E CINCIA DA INFORMAO EM AMBIENTES WEB
Nesta Seo, limitar-nos-emos a citar alguns trabalhos que orientaro os(as) leitores(as) no estudo das mudanas geradas pelo advento da Internet. Uma
abordagem com maiores detalhes precisaria de um espao ainda maior do que o resto do Captulo.
33
Para ampliar e aprofundar os fundamentos das idias expostas, recomendada a consulta e estudo da obra de Ravichandra Rao (op. cit., 1986, p. 74, 182, 183, 221, para Lotka, e p, 74, 180, 228, para Zipf).
log freqncia
log
posio/ rank
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
213
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
A partir do incio da dcada de oitenta do sculo passado, se observa, no mundo inteiro, um renovado e crescente interesse pelas tcnicas
bibliomtricas/infomtricas em ambiente Web, agora com novas denominaes, tais como Webmetrics, Webometrics, Cybermetrics, etc., que se incorporam ao
vernculo como Webmetria, Webometria, Cibermetria, e por a vai. Tendncia essa que, no Brasil, se observa tambm a partir dos registros da base ABCDM
(Arquivologia, Biblioteconomia, Cincia da informao, Documentao e Museologia) qual foi feita referncia anteriormente (ver Grfico 3 e Tabela 6, na Seo 3) e
sobre a qual voltaremos mais adiante (ver Nota 41, na Seo 3.2)
34
.
A Webmetria pode-se definir como o uso das tcnicas bibliomtricas para estudar as relaes entre diferentes sites em ambiente Web (UTEXAS, [s.d.]). Ento,
nada mudou? Aparentemente, nada; mas, de fato, muita coisa.
Assim, todas as tcnicas infomtricas/bibliomtricas/cientomtricas, tratadas acima, para analisar as relaes entre novas fontes e novos itens (sites, portais,
repositrios e/ou pginas, documentos digitalizados, etc.), ampliam cada vez mais seu campo de aplicao.
Os links e hiperlinks tornam-se equivalentes s citaes entre publicaes, artigos e revistas, e novas possibilidades de mapeamento surgem para descobrir os
sites/portais/fontes mais produtivos e/ou mais influentes. Muito tm contribudo, tambm, os motores de busca atualmente disponveis, cada dia mais potentes, para
alargar o universo de nossas fontes de informao. A revoluo nos hbitos dos governos, das corporaes, das universidades, dos centros de pesquisa, para orientar
suas polticas em prol da inovao e do desenvolvimento, no tem feito seno comear.
Convm alertar sobre a necessidade de completar a leitura das fontes, que sugerimos a continuao, com novas pesquisas e novas leituras crticas, pois as
publicaes sobre temas que hoje so tendncia podem, em pouco tempo, se tornar obsoletas, varridas por novos nichos de inovao ainda impensados. A inteno
de nosso convite leitura dessas fontes , simplesmente, ajudar a dar os primeiros passos ou a reforar a inteno de continuar trilhando o caminho, na direo do
bom uso dos mtodos quantitativos/estatsticos em que se baseiam as metrias da informao.
Sem o auxlio desses mtodos, torna-se muito difcil por no dizer impossvel fundamentar, planejar, gerenciar e tornar possveis nossas escolhas e decises,
aliceradas em dados e informaes cofiveis, num mundo cada dia mais complexo e mais competitivo.
Eis uma pequena lista de leituras sugeridas, a completar pelos leitores: B.C. Brookes (1980); Paul Wouters (1988); I.F. Aguillo (2001, 2003, 2004); I.F. Aguillo et
al.(2005a, 2005b, 2005c) ; Nadia A.P. Vanti (2002); L. Bjrneborn e P. Ingwersen (2004), j citado anteriormente; Mike Thelwall (2008); M. Thelwall e L. Vaughan
(2004); M. Thelwall e I.F. Aguillo (2003); M. Thelwall et. al. (2005); Maricela Lpez (2007); Prashant Goswani et. al. (2008); J udit Bar-Ilan (2009); V.K. Vaishnavi et
al. (2009); F. J anssens et al. (2009).
6. APLICAES RECENTES QUE SINALIZAM TENDNCIAS
Nesta Seo sero abordados alguns exemplos recentes de aplicaes infomtricas, resultado das pesquisas concludas ou em curso, dos autores do presente
Captulo, ou que se coadunam com as tendncias observadas nos estudos publicados por autores de outros pases, bem como por alguns autores brasileiros.
A Seo ser dividida em trs sub-sees que presentam alguns resultados recentes de pesquisas dos autores do presente Capitulo. So elas: a primeira,
Aplicaes bibliomtricas na gesto e desenvolvimento de colees em reas especializadas ; a segunda, Aplicaes bibliomtricas / infomtricas usando estatstica
descritiva, trata da produo versus colaborao cientfica, e do gnero das autorias cientficas no Brasil; a terceira, Outras aplicaes infomtricas, trata,
sucessivamente, da identificao automtica de grupos e linhas de pesquisa, da identificao automtica de clusters temticos, ontologias e mapas de tpicos, da
anlise de citaes, da minerao de textos em bases de peridicos cientficos especializados, e de algumas aplicaes inferenciais.
6.1 Aplicaes bibliomtricas na gesto e desenvolvimento de colees em reas especializadas
Os primeiros trabalhos de Robredo sobre aplicaes bibliomtricas e seus desdobramentos foram publicados na Frana, na dcada de 70 do passado sculo,
quando era responsvel pelo Servio de Documentao do Institut du Verre, rgo de apoio da Federao das Indstrias Francesas de Vidro.
34
A aparente contradio entre os dados apresentados no Grfico 3, na Seo 3, com os mostrados por Urbizagstegui Alvarado (1984), para o perodo 1972-1983, reproduzidos no Grfico 1, da Seo 2.5.2, se devem,
provavelmente, conjuno de dois fatores: i) os dados do Grfico 1 cobrem teses e dissertaes at 1983, orientadas pelo IBICT, enquanto o Grfico 3 cobre artigos de peridicos da dcada de 1980 completa, e ii) as teses e
dissertaes aprovadas at 1983, comearam a ser elaboradas, respectivamente, pelo menos, dois ou um ano antes, ou seja num perodo (1980 - 1982), em que o impacto da Internet no Brasil no era muito significativo, em
quanto os peridicos da base ABCDM cobrem a dcada de 80 completa.
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
214
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Essas pesquisas abrangem os seguintes focos temticos:
1) Estudo da disperso da literatura (ROBREDO, 1973a);
2) Estudos sobre a influncia da indexao sobre a qualidade da recuperao da informao (ROBREDO, 1973b), (ROBREDO; BRISNER, 1973c), e aplicaes
inferenciais (ROBREDO, 1970).
35
O autor teve a oportunidade de dar prosseguimento s suas pesquisas bibliomtricas/infomtricas, no Brasil, nos anos seguintes, em outra rea de aplicao, no
quadro de suas atividades no processo de implantao do Sistema Nacional de Informao e Documentao Agrcola (SNIDA), no Ministrio da Agricultura, Pecuria e
Abastecimento (MAPA) e da fundao da Biblioteca Nacional de Agricultura (BINAGRI), aos quais foi feita meno anteriormente (MAPA, 2009), em parceria com o
Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da Organizao das Naes para Agricultura e Alimentao (FAO).
36
Algumas linhas de estudo e aplicao mais destacadas so: 1) Elaborao da lista bsica de peridicos agrcolas (CHASTINET, 1975), e avaliao da produtividade
e do nvel tcnico-cientfico dos peridicos brasileiros (ROBREDO et al., 1974), (CHASTINET et al. 1975); 2) Elaborao do thesaurus agrcola nacional compatvel com
o thesaurus do Sistema AGRIS Agrovoc (ROBREDO et al. 1975a; 1975b); 3) Implementao de um servio de disseminao seletiva da informao usando a base
AGRIS e a base nacional, para pesquisadores brasileiros (ROBREDO et al., 1976), (CHASTINET et al. 1978).
Complementando a citao de Pinheiro (2005) sobre a criao da BINAGRI, detalhada na Nota 19 da Seo 2.5 deste Captulo, pode-se sugerir a consulta a alguns
documentos relacionados com as tcnicas bibliomtricas, publicados no perodo 1974-1979.
6.2 Aplicaes bibliomtricas e infomtricas usando estatstica descritiva
So apresentadas a seguir duas aplicaes bibliomtricas, usando estatstica descritiva, relacionadas a temas cujo interesse est crescendo no Brasil nas reas de
informao: produo cientfica, colaborao cientfica e a participao das mulheres na comunidade cientfica
37
. Tais aplicaes tm baixa complexidade estatstica e
computacional, usando uma base de dados bibliogrfica, como fonte principal, e um programa de planilha eletrnica para elaborao de tabelas e grficos.
Antes de apresentar as informaes faremos uma breve reviso do contexto cientfico, especialmente da comunidade cientfica e dos processos de comunicao
cientfica, no s para relevar a importncia do tema, como para facilitar a compreenso da tabelas e grficos.
No processo de pesquisa cientfica a comunidade cientfica no trabalha de forma homognea e uniforme e seu padro de comportamento est relacionado com
uma diviso em grupos de especialistas por rea (KUHN, 1979, p.312-313). A especificidade de cada rea leva adoo de maneiras diferentes de fazer e
provavelmente de comunicar pesquisa (MEADOWS, 1999, p.39). Alm disso, a estrutura socioeconmica de cada pas influencia os indicadores cientficos (PRICE,
1976, p.xi).
A comunicao cientfica, atravs dos seus vrios canais situa-se no prprio corao da cincia", sendo "to vital quanto a prpria pesquisa", pois para que os
resultados de uma pesquisa sejam analisados e aceitos pelos pares, exige que seja necessariamente comunicada. Assim, "a comunicao eficiente e eficaz constitui
parte essencial do processo de investigao cientfica" (MEADOWS, 1999, p.vii).
Para Ziman (1968), "a literatura de uma rea to importante para essa rea quanto os prprios trabalhos de pesquisa" (MUELLER, CAMPELLO; DIAS, 1996, p.1),
consistindo de um dos trs indcios de maturidade de uma rea do saber e de sua institucionalizao.
35
Esses trabalhos contaram com o apoio da Union Scientifique Continentale du Verre USCV (VERRE Online, 2006), que agrupava a maioria dos pases da Europa ocidental, e da International Commission on Glass ICG (ICG,
2009), a qual reunia as federaes nacionais e associaes cientficas de mais de trinta pases, e de cujo Sub-Comit A12 Documentation and Information Retrieval coube ao primeiro autor do presente Captulo a honra de ser
o primeiro presidente. Merecem ser citados, pela sua repercusso no desenvolvimento da ento denominada documentation scientifique e technique alguns trabalhos colaborativos sob os auspcios dessas entidades, tais
como: i) o Pool dAbstracts Verriers / Pool of Glass Abstracts (IPGA, s.d.); ii) a Extenso da Classificao Decimal Universal (CDU) no domnio do Vidro (FID, 1984); e iii) o International Dictionary of Glass-Making, em onze
lnguas (ICG, 1965, 1967, 1968, 1974, 1983, 1992); ver. tambm, por exemplo, Murray (1968) e Soergel (1997).
36
Trata-se do Projeto PNUD/FAO/BRA/72/020, cujos registros em microficha dos principais documentos tcnicos e publicaes gerados durante a primeira fase de implantao do Projeto, no perodo 1974-1979, encontram-se
disponveis na Biblioteca da FAO, nos FAO Online Catalogues [Entrada: Robredo, J ] (FAO, 1972 -->).
37
O crescimento do interesse nestes temas pode ser observado pela freqncia de trabalhos apresentados em eventos, como ENANCIB, e/ou publicados em peridicos cientficos brasileiros, nas reas de informao, nos ltimos
anos, ou ainda por meio de buscas em bases de dados bibliogrficos (como a base ABCDM do Departamento de Cincia da Informao e Documentao da Universidade de Braslia, qual ser feita referncia mais adiante).
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
215
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
. Um dos fenmenos relacionados com a comunidade cientfica que tem despertado interesse nos ltimos anos a pesquisa em colaborao que cresce em todas
as reas do conhecimento. A pesquisa em colaborao incentivada atualmente por governos e agncias de fomento, instituies de pesquisa e universidades, e
prestigiada por editores, avaliadores e grupos cientficos. Katz e Martin (1997, p. 1) atribuem esse prestgio crena difundida entre comunidades cientficas e
responsveis por polticas cientficas de que colaborao em pesquisa uma coisa boa para a cincia e que deve ser encorajada. Acredita-se que a colaborao
reduz custos e aumenta os benefcios da pesquisa, inclusive a qualidade dos resultados, embora sejam levantadas questes sobre a veracidade dessa crena,
especialmente em relao aos custos e benefcios. Dentre os diversos tipos de colaborao, a autoria mltipla de artigos apresenta maior facilidade de mensurao e
tem sido o indicador mais freqentemente usado, a ponto de, muitas vezes, o termo colaborao ser usado como sinnimo de autoria mltipla.
Este um estudo bibliomtrico e, como tal, pode-se considerar como um poderoso conjunto de mtodos e medidas para o estudo da estrutura e do processo de
comunicao acadmica" (BORGMAN; FURNER, 2002). Ainda, associado a bases de dados, torna-se um importante instrumento de anlise para "rastrear as
tendncias e o desenvolvimento da sociedade, das disciplinas cientficas e das reas de produo e consumo" (WORMELL, 1998, p.210). O objetivo deste estudo
mostrar algumas das caractersticas especficas de parte da literatura cientfica das reas de informao Arquivologia, Biblioteconomia, Cincia da Informao,
Documentao e Museologia (ABCDM)
38
no Brasil, especialmente questes relacionadas com: a) a produo de artigos de peridicos, um importante indicador do
nvel de atividade cientfica de uma rea, bem como dissertaes e teses, b) a colaborao entre pesquisadores, um dos fatores que contribui para o aumento
contnuo do nmero de artigos cientficos publicados (PRICE, 1976, p.55); e c) o gnero das autorias, considerada uma varivel sociolgica importante e com impacto
equivalente ao de classe social (SILVA, 1995, p.34), tendo sido lembrada por Engels, Marx, Freud, Darwin (FERREIRA, 2003, p.192) e Bourdieu (SILVA, 1995, p.33).
A fonte principal dos dados deste estudo a base ABCDM, armazenada em CDS/ISIS for Windows (WinISIS), que contm cerca de cinco mil referncias
bibliogrficas completas de artigos publicados em mais de vinte ttulos de peridicos cientficos brasileiros e portugueses das reas de informao. Foram usadas neste
trabalho 3.843 referncias de artigos publicados entre 1980 e 2007 em peridicos cientficos brasileiros das reas de informao. Os dados foram extrados da base,
em formato padro WinISIS, para arquivos do tipo texto (.txt), por meio do comando de impresso, e foram posteriormente inseridos no MS-Excel onde foram
produzidas as tabelas e grficos para anlise. Os registros so em sua maior parte de artigos cientficos, embora existam registros de outra natureza como relatos de
experincias, trabalhos de congressos entre outros, que tambm so publicados em peridicos cientficos
39
.
importante observar que os dados relativos a um determinado ano, utilizados neste estudo como referncia da publicao dos fascculos, foram obtidos da data
de referncia da publicao de cada fascculo, e no correspondem, necessariamente, aos anos de sua efetiva publicao, em razo de eventuais atrasos na
publicao dos fascculos. Uma forma de minimizar tais distores considerar a mdia dos dois ltimos anos, representadas nos grficos por linhas de tendncia.
Alm disso, quando essas datas se apresentam como intervalo, considera-se apenas o ltimo ano, i.e. em 1999-2000 considera-se apenas 2000.
Os dados relacionados com dissertaes e teses foram obtidos por meio de consulta s listas de autores e aos prprios documentos do acervo do Programa de
Ps-Graduao em Cincia da Informao (PPGCInf) do Departamento de Cincia da Informao e Documentao, da Universidade de Braslia.
6.2.1 Produo versus colaborao cientfica
Em relao produo de artigos de peridicos nas reas de informao, podemos observar no Grfico 7 que os valores variam entre 68 em 1980 e 273 em 2007.
Podemos observar ainda que a produo no cresce de maneira constante, tendo passado por uma queda na primeira metade dos anos 1990, seguida de um
crescimento acentuado a partir da segunda metade da mesma dcada.
38
Foram considerados no estudo os artigos de fascculos publicados at o final de 2008 com data de referncia entre 1980 e 2007, entretanto, nem todos os fascculos de 2007 tinham sido publicados. Os peridicos da ABCDM
so: Acervo: Revista do Arquivo Nacional; Arquivstica.net; Arquivo & Administrao; Biblos: Revista do Departamento de Biblioteconomia e Histria; Cadernos de Biblioteconomia; Cincia da I nformao; Cincias
em Museus; DatagramaZero; Em Questo: Revista da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicao da UFRGS; Encontros Bibli; Estudos Histricos; Informao & Informao; Informao & Sociedade: Estudos;
Informare: Cadernos do Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao (UFRJ /IBICT) ; Perspectivas em Cincia da Informao; Ponto de Acesso: Revista do Instituto de Cincia da Informao da UFBA; Revista
ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina; Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentao; Revista Brasileira de Museus e Museologia (MUSAS); Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG; Revista de
Biblioteconomia & Comunicao; Revista de Biblioteconomia de Braslia; Revista Digital de Biblioteconomia e Cincia da Informao; Revista do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional; Revista Eletrnica J ovem
Museologia; Revista Museu; Transinformao.
39
Estima-se, com base na amostra de pesquisa de doutoramento em andamento, que cerca de 30% dos registros sejam de comunicaes de congressos, relatos de experincias, entre outros tipos de literatura.
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
216
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Grfico 7. Produo de artigos de peridicos brasileiros das reas de informao
(1980-2007)
0
50
100
150
200
250
300
1
9
8
0
1
9
8
1
1
9
8
2
1
9
8
3
1
9
8
4
1
9
8
5
1
9
8
6
1
9
8
7
1
9
8
8
1
9
8
9
1
9
9
0
1
9
9
1
1
9
9
2
1
9
9
3
1
9
9
4
1
9
9
5
1
9
9
6
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
2
0
0
3
2
0
0
4
2
0
0
5
2
0
0
6
2
0
0
7
Observao: A linha contnua representa o valor mdio a cada dois anos.
Uma das explicaes para o crescimento acentuado no nmero de artigos cientficos a partir de meados dos anos 1990 a publicao em colaborao, como
observado tambm por Meneghini (1996) em relao produo cientfica brasileira visvel no ISI entre 1981 e 1993.
A explicao faz sentido quando observamos o Grfico 8, que mostra a produo dos artigos de peridicos das reas de informao no Brasil por tipo de autoria
entre 1980 e 2007. Podemos observar que at 1995 cerca de 80% dos artigos eram escritos em autoria nica (linha superior), enquanto apenas cerca de 20% eram
elaborados por mais de um autor (linha inferior). A partir de 1996 a proporo de artigos em autoria mltipla passa a aumentar de forma sistemtica e se aproxima da
metade dos artigos em 2007.
Ao observarmos as caractersticas da produo de dissertaes e teses do PPGCInf/UnB, documentos cientficos to importantes quanto os artigos, entre 1980 e
2007, podemos notar alguns pontos em comum com a produo de artigos. Primeiramente, a produo de dissertaes e teses no CID sofre uma grande variao na
produo com queda em meados dos anos 1990 seguida de forte crescimento at o final da mesma dcada (ver Grfico 9), quando ento h nova queda,
permanecendo a produo em valores mdios prximos a 15 documentos....
.A partir de 2006 a produo volta a subir chegando a 30 documentos em 2006 e 25 em 2007. No caso das teses, a explicao para esse aumento no pode ser a
mesma que no caso dos artigos, sendo mais provvel que o incremento da produo seja resultado das polticas de fomento, e da criao e consolidao dos cursos
de doutoramento nas reas de informao no Brasil na dcada de 1990, fatores que tambm devem interferir na produo de artigos.
6.2.2 O gnero das autorias cientficas no Brasil
Antes de mostrar a evoluo da produo cientfica brasileira nas reas de informao por gnero, cuja importncia j foi explicada anteriormente, convm
esclarecer que o conceito de autoria (relao autor/artigo) diferente dos conceitos de autor (pessoa) e artigo (obra), ou seja, uma autoria pode ser entendida como
esforo de um autor (pessoa) para escrever um artigo (obra) sozinho ou em conjunto com outro autor (pessoa). O entendimento do conceito de autoria como
(relao) entre o autor (pessoa) e o artigo (obra) importante e pode ser sintetizado da seguinte maneira: quando um artigo (Art1) escrito por um autor (Aut1) em
conjunto com outro autor (Aut2), e outro artigo (Art2) escrito pelos mesmos autores, temos ento dois artigos (Art1 e Art2), dois autores (Aut1 e Aut2), e quatro
autorias: as relaes Aut1-Art1, Aut2-Art1, Aut1-Art2 e Aut2-Art2.
Grfico 8. Produo de artigos de peridicos brasileiros das reas de informao por tipo de
autoria (1980-2007)
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
1
9
8
0
1
9
8
1
1
9
8
2
1
9
8
3
1
9
8
4
1
9
8
5
1
9
8
6
1
9
8
7
1
9
8
8
1
9
8
9
1
9
9
0
1
9
9
1
1
9
9
2
1
9
9
3
1
9
9
4
1
9
9
5
1
9
9
6
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
2
0
0
3
2
0
0
4
2
0
0
5
2
0
0
6
2
0
0
7
Observao: As linhas contnuas representam o valor mdio a cada dois anos.
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
217
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Os grficos anteriores usaram como unidade os artigos, dissertaes e teses (obras), enquanto que os prximos grficos usaro como unidade as autorias
(esforos de um autor para produzir artigos).
O Grfico 12 mostra a participao de cada gnero nas autorias de artigos. Podemos notar que at o incio da dcada de 2000, o percentual mdio de homens (linha
inferior) permanece prximo a 30% enquanto o de mulheres (linha superior) fica prximo dos 70%. Na dcada de 2000 h uma pequena tendncia de aproximao
entre os percentuais que se aproximam dos ndices de 60% de autorias femininas e 40% de masculinas. Tais percentuais no surpreendem considerando que
tradicionalmente nas reas de informao as mulheres so em maior nmero, especialmente no setor profissional, e tambm no acadmico e de pesquisa, como
relatam Hayashi et alii (2007, p.178) na ps-graduao em Cincia da Informao da UFSCar (77%) em 2006, embora seja bem menor no Programa de Ps-
Graduao do CID/UnB (43%) em 2009.
Grfico 9. Produo de dissertaes e teses do CID/UnB
(1980-2007)
0
5
10
15
20
25
30
1
9
8
0
1
9
8
1
1
9
8
2
1
9
8
3
1
9
8
4
1
9
8
5
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7
Observao: As linhas contnuas representam o valor mdio a cada dois anos.
Grfico 10. Percentual de autorias por gnero nas reas de informao no Brasil
(1980-2007)
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Feminino Masculino
Observao: As linhas contnuas representam a mdia de dois anos.
Grfico 11 Percentual de autorias nicas por gnero nas reas de informao no Brasil
(1980-2007)
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Feminino Masculino
Observao: As linhas contnuas representam a mdia de dois anos.
Grfico 12. Percentual de autorias mltiplas por gnero nas reas de informao no
Brasil (1980-2007)
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30%
40%
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60%
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80%
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Feminino Masculino
Observao: As linhas contnuas representam a mdia de dois anos.
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
218
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Ao separarmos os dados de gnero por tipo de autoria, nicas e mltiplas, obtemos uma evoluo diferente nos percentuais de cada gnero (ver Grficos 11 e
12).O Grfico 11 mostra a participao de cada gnero nos artigos em autoria nica. Podemos notar que at 1996/1997 os valores mdios de autorias femininas
ficam na faixa de 60% a 70% e a partir da passam a assumir percentuais mdios menores do que 60%, chegando a 54% em 2007 contra 46% de autorias nicas
masculinas.
J o Grfico 12 mostra a participao de cada gnero nos artigos em autoria mltipla, onde podemos notar que at 2000 os valores mdios de autorias femininas
ficam na faixa de 70% a 80% e a partir da passam a assumir percentuais mdios menores do que 70%, chegando a valores prximos a 60%, contra 40% de autorias
mltiplas masculinas, em 2007.
Ao separarmos os dados de autorias mltiplas considerando apenas autores principais (campo autor principal), podemos observar no Grfico 13 que na dcada de
1980 os percentuais mdios masculinos eram prximos de 20%, at o incio da dcada de 2000, quando percentuais superiores 30% passaram a ser observados,
chegando at 40% em 2007.
O comportamento das autorias mltiplas principais no se mostra, portanto, muito diferente do conjunto das autorias mltiplas principais e secundrias (Grfico
12), exceto em 2006-2007 que tem ndices ligeiramente superiores. Isto parece indicar que nas reas de informao as mulheres no so discriminadas em relao
posio da autoria (principal ou secundria).
Podemos concluir que nas autorias nicas h um maior equilbrio entre os gneros, enquanto nas autorias mltiplas a proporo de autorias de mulheres mais
acentuada. Observa-se em todos os grficos de gnero que a partir de 2003 os percentuais de autorias masculinas e femininas convergem de forma constante at o
final da srie (2007). Uma explicao para este fenmeno poderia ser o aumento do nmero de autores homens nas reas de informao. Caso esteja havendo um
aumento de homens nas reas de informao, este fenmeno parece ter maior impacto nos ndices de autorias mltiplas do que nos ndices de autorias nicas.
Podemos notar indcios deste aumento ao analisarmos o gnero dos autores das teses e dissertaes do PPGCInf/CID/UNB entre 1980 e 2007. O Grfico 14 mostra
que houve um aumento do percentual de autores masculinos nas teses e dissertaes a partir de 1996. At 1995 o percentual mdio de autoras superior a 80%, a
partir da os ndices vo se aproximando do equilbrio. Embora os dados sejam apenas de um curso, um indicador de que a presena de homens nos nveis de ps-
graduao nas reas de informao pode estar aumentando.
Grfico 13. Percentual de autorias mltiplas por gnero nas reas de informao no
Brasil (1980-2007): autor principal
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Feminino Masculino
Observao: As linhas contnuas representam a mdia de dois anos.
Grfico 14. Percentual de autorias de dissertaes e teses do CID/UnB por gnero (1980-
2007)
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Feminino Masculino
Observao: As linhas contnuas representam a mdia de dois anos.
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
219
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
As aplicaes mostradas no item 6.1 usam tcnicas bem simples de converso de dados bibliogrficos para tabelas e grficos em programas de planilhas
eletrnicas, mostrando tendncias em relao produo de artigos, dissertaes e teses nas reas de informao no Brasil, bem como caractersticas relacionadas ao
tipo de autoria e gnero. Tais aplicaes so apenas alguns exemplos de inmeras possibilidades de associaes como afiliaes das autorias (por instituio, estado,
pas, regio, continente etc.), temas dos artigos, relaes entre autores (orientaes, membros de grupos de pesquisa e comisses, professor-aluno etc.). Cabe ainda
salientar que alm da coleta e organizao dos dados, e elaborao de tabelas e grficos, uma importante fase no uso da bibliometria anlise dos elementos e sua
correta interpretao. Tal anlise exige no s conhecimento do tipo de documento analisado e dos processos a eles relacionados, mas tambm conhecimento de todo
o contexto cientfico e de suas especificidades relacionadas com a rea temtica e o pas.
Tal abordagem defendida por Arajo (2006), que aponta o uso cada vez maior do instrumental das cincias sociais em conjunto com a bibliometria. Dentro
dessa linha, oportuno enfatizar a importncia de sistematizar a produo de indicadores quantitativos, cujas caractersticas esto relacioanadas em Trzesniak (1998).
6.3 Outras aplicaes infomtricas
conveniente esclarecer que se trata de aplicaes que de muito extrapolam os limites das bibliotecas tradicionais, e mesmo das virtuais, as quais se projetam
cada vez mais em escala planetria. Isso no quer dizer que o que segue no interessaria aos profissionais bibliotecrios, arquivistas, documentalistas, e da cincia da
informao, em geral. Muito pelo contrrio, e isso por duas razes, pelo menos: 1) em que pese as deficincias observadas em alguns currculos atuais, no que se
refere ao uso de mtodos que permitem quantificar e relativizar valores e caractersticas, so esses os profissionais que formam ainda um dos grupos mais preparados
para orientar e fundamentar escolhas que levem a vencer na concorrncia, e a abrir o caminho da qualidade e da inovao; e 2) porque so, tambm, esses
profissionais os que se encontram, provavelmente, mais capacitados a representar e organizar dados, informaes e conhecimentos de forma a, com o auxlio das
tecnologias mais avanadas da informao e da comunicao, transformar essas informaes e esses conhecimentos em conhecimentos mais amplos e profundos, e
em novos saberes.
Fala-se muito, por exemplo, de valor agregado a algo, a algum produto, a alguma coisa tangvel ou intangvel, mas quanto, que valor? Ou, como medir uma
vantagem competitiva? Como saber (ou medir) o que maior, o que melhor. Sem esse conhecimento, em que se baseiam nossas escolhas, nossas decises? Como
definir polticas, como planejar, como gerenciar? Qual a massa crtica de recursos humanos, financeiros, tcnicos, etc., para que nossos projetos (ou os dos nossos
polticos) tenham alguma chance de dar certo?
Trata-se, de fato, de estabelecer ou encontrar indicadores quantitativos, baseados em propriedades ou caractersticas mensurveis, sem os quais mal poderemos
dar esse salto qualitativo e quantitativo que tanto desejamos para ns, para nossa sociedade, para nosso pas.
Os mtodos e tcnicas infomtricos ou, melhor, as metrias da informao, como se fala cada vez mais, de uma forma mais genrica muito podem contribuir
para esses fins. Os exemplos a seguir mostram alguns caminhos que funcionam, facilmente generalizveis e extensveis a um sem-fim de aplicaes nas mais
diversas reas.
6.3.1 I dentificao automtica de grupos e linhas de pesquisa
A realizao das pesquisas, cujos resultados sero apresentados na presente seo e na seguinte, requereu a disponibilidade de uma base de dados
suficientemente volumosa para permitir a aplicao dos clculos estatsticos que nos levariam a identificar os grupos de pesquisa atuantes na Universidade de Braslia
e as linhas em que trabalham. Assim, dedicaremos umas linhas a descrever a estrutura e contedo da base antes de abordar a discusso dos fundamentos e do
modus operandi que nos permitiriam alcanar os objetivos propostos. Entretanto, antes de abordar o tema, convm esclarecer que nossa inteno no apresentar
em detalhe quais so os grupos mais atuantes, em que reas trabalham, ou quanto e onde publicam, pois isso no seno uma decorrncia dos resultados obtidos
num certo momento, que pouco ou nada significariam alguns meses mais tarde, fora do contexto espao-temporal em que foram obtidos.
O que se pretende mostrar como usar ferramentas simples, de comprovada eficincia e confiabilidade, para obter um retrato de uma determinada situao, num
instante dado, bem como para monitorar sua evoluo ao longo de um certo perodo, ou para obter indicadores que ajudem a planejar e implementar polticas e
privilegiar o desenvolvimento ou o reforo de novos nichos de inovao. Mas, antes de chegarmos l, vejamos como organizar dados e informaes para montar a
base.
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
220
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
importante, tambm, esclarecer que, na sntese dos resultados obtidos no desenvolvimento dos projetos de pesquisa aos quais os resultados ora apresentados
se referem foram introduzidos alguns aprimoramentos na ferramenta desenvolvida progressivamente no decorrer dessa pesquisa
40
, no intuito de corrigir algumas
inconsistncias observadas nos trabalhos publicados e/ou nas comunicaes apresentadas. Assim, os leitores que porventura venham a consultar algumas das fontes
citadas podero observar algumas diferenas, entre os exemplos aqui expostos especialmente no visual das telas reproduzidas se comparadas s respectivas telas
anteriormente publicadas.
Para implementar a base, os dados da produo cientfica, tcnica e artstica da Universidade de Braslia, de 1999 a 2004, recebidos da Coordenao de
Aperfeioamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES) e do Decanato de Pesquisa e Ps-Graduao da UnB, foram transformados em registros de bases de dados
atravs da aplicao MX
41
, como mostram a Tabela 9 e a Figura 4.
Tabela 9. Estrutura dos registros da base.
ETIQUETAS NOME DO CAMPO
035 Identificao do registro
100 Autor(es)
245 Ttulo / Fonte / Notas
Figura 4. Estrutura de dois registros no formato ISO 2709 (Padro UNISIST-CDS/ ISIS).
O sistema composto por um banco de dados alimentado por uma aplicao escrita em linguagem J ava. Os registros aceitos pela aplicao esto em formato ISO
2709 (ISO, 2008), mostrado acima. A base, com cerca de 50.000 registros, referentes produo cientfica e tcnica da Universidade de Braslia, no perodo 1994-
2003, foi descrita anteriormente (ROBREDO; OLIVEIRA, 2003).
40
Os trabalhos aos quais ser feita referncia decorrem, em grande parte, do apoio do CNPq atravs dos seguintes projetos de pesquisa: 1) Aplicao infomtrica informatizada para acompanhamento da evoluo da pesquisa
cientfica e disponibilizao via internet das bases de dados demonstrativas da produo cientfica e tcnica da UnB (1984-2002); 2) Prorrogado com o mesmo nome (2003-2006); 3) Tcnicas infomtricas como ponto de partida
da organizao e gesto do conhecimento com base em ontologias (2006-2010) Em andamento.
41
O MX umutilitrio em linguagem C, que trabalha com bases de dados padro CDS/ISIS (UNESCO, 1993). Desenvolvido e distribudo gratuitamente pela BIREME Centro Latino-Americano e do Caribe de Informao em
Cincias da Sade e membro da Organizao Pan-Americana da Sade (OPS) e da Organizao Mundial da Sade (OMS). O MX opera em todas as plataformas realizando a maioria das funes do CDS/ISIS Windows (UNESCO,
1997), incluindo a gerao de bases de dados a partir de arquivos de texto, converso de padres, importao e exportao de arquivos ISO 2709 (ISO, 2008), e controle de qualidade de dados. A interface de busca foi
desenvolvida em WWWISIS ou WXIS , igualmente distribudo pela BIREME (2002). Esse utilitrio age como um servidor de bases de dados CDS/ISIS em ambiente cliente/servidor Web ou I ntranet. Utiliza uma linguagem de
script baseada em XML, a IsisScript. Os registros de uma base de dados CDS/ISIS podem ser convertidos em documentos HTML dinamicamente, ou seja, os resultados de uma pesquisa ou parte de umarquivo mestre podem
ser recuperados e enviados ao cliente WWW. A sada em HTML gerada via linguagem de formato, o que permite desenvolver uma interface de pesquisa totalmente grfica em ambiente Web ou Intranet. O WWWISIS trabalha
tambm em vrias plataformas, como LINUX e UNIX, em diferentes CPUs, e MS-DOS para Windows (95, 98, 2000) e Windows NT/XP.
004090000000000730004500035001600000099002000016100014400036245015500180- CDS 0
2( 07) 045- Pr oduo Ci ent f i ca- SI LVA, MARI NA; NOVAES, WASHI NGTON; BUARQUE, CRI STOV
AM RI CARDO CAVALCANTI ; CAMARGO, ASPASI A; MORHY, LAURO; CASTRO, EDNA RAMOS; BURSZ
TYN, MARCEL. - A quest o amazni ca: em busca de umpr oj et o. I n: MORHY, LAURO ( ed.
) . Br as i l e emquest o: a uni ver s i dade e a el ei o pr esi denci al . Br as l i a DF: UnB
, 2002. -
003460000000000730004500035001600000099002000016100010100036245013500137- I B CEL9
5( 04) 013- Pr oduo Ci ent f i ca- NI TTI , GI AMPAOLO; ORR, STEFANI A; BLOCH J NI OR, CAR
LOS; MORHY, LAURO; MARI NO, GENNARO; PUCCI , PI ERO. - Ami no aci do sequence and di sul
phi de- br i gde pat t er n of t hr ee P- Thi oni ns f r oms or ghumbi col or . . Eur . J . Bi ochem,
v. 288, 1995, p. 250- 256. -
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
221
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Figura 5 .- Arquitetura da aplicao InfoCluster atual.
Figura 8. Dois autores de sobrenome Mamiya. (Clicando nos cones adequados
se abrem novas janelas que mostram os co-autores e/ou as publicaes )
InfoCluster
InfoClusterAuthors
(autores)
InfoClusterTerm
(termos)
MySQL
ISO 2709
Usuri os
InfoCluster
InfoCluster Authors
InfoCluster Terms
InfoCluster
INFOCLUSTER AUTHORS
Typeauthor name:
Go!
Figura 6. Nova pgina de abertura do
InfoCluster.
Figura 7. Pgina de abertura do
InfoClusterAuthors
Na Figura 5, encontra-se representada a arquitetura do sistema atual, que representa um
aprimoramento significativo, em relao s verses anteriores (ROBREDO; CANTANHEDE,
2006). Depois de carregados, os registros podem ser acessados pela aplicao que faz a carga
(InfoCluster, rvores de autores e edio dos registros). Entretanto, por ser mais leve e
acessvel, foram construdas interfaces web em php que exibem os clusters em pginas HTML.
As interfaces so o InfoClusterAuthor, exclusiva para clusters de autores e o InfoClusterTerm
para os termos (nomes) presentes nos campos de autoria e nos ttulos das publicaes.
A pgina de abertura do InfoCluster apresenta-se com um novo visual (Figura 6), assim
como o a pgina de abertura do InfoClusterAuthors (Figura 7). Quando se insere um nome na
janela superior da tela, aps escolher a opo InfoClusterAuthor na tela de abertura, por
exemplo mamiya, temos o resultado mostrado na Figura 8, onde observamos que existem
duas pessoas de igual sobrenome, embora apresentadas com grafias diferentes.
InfoCluster
INFOCLUSTER AUTHORS
Type author name:
mamiya
Go!
Name Cluster Publications Total publications
MAMIYA, E.N.
3
MAMIYA, EDGAR NOBUO
20
MAMIYA, MARIA A.A.
2
MAMIYA, MARIA
APARECIDA
1
INFOCLUSTER AUTHORS
Typeauthor initial:
Main author
MAMIYA, EDGAR NOBUO with 20 publication(s).
Name Cluster Publications Coauthored
ALGARTE, ROBERTO DIAS
1 1
ARAJ O, J OS ALEXANDER
4 3
BRAGA, A.M.B.
3 1
GUILLEN, LEONARDO LANA
1 1
LEVY NETO, FLAMINIO
33 1
MOTA, LEONARDO BOSELLI DA
1 1
SAVI, M.A.
8 1
SAVI, MARCELO AMORIM
3 1
SILVA, E.P. DA
4 4
SIMO, J .C.
2 2
SOUZA, NGELA CRISTINA DE
3 3
VIANA, DIANNE MAGALHES
7 3
ZOUAIN, NESTOR
3 3
Figura 9. Coautores de Mamiya, Edgar Nobuo.
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
222
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Ao clicar na coluna Cluster na linha de Mamiya, Edgar Nobuo obtemos uma relao dos autores que publicaram com ele com os nomes grafados
diferentemente acompanhados de cones que nos do acesso aos clusters dos diversos colaboradores, bem como s respectivas publicaes individuais ou em co-
autoria (Figura 9).
As Figuras 10, 11 e 12 mostram, respectivamente, um fragmento da relao das 20 publicaes de Mamiya, Edgar Nobuo; a lista de autores que assinaram
trabalhos com Savi, Marcelo Amorin; e publicaes conjuntas de Mamiya, Edgar Nobuo e Savi, Marcelo Amorin.
Figura 10. Publicaes de Mamiya, Edgar Nobuo (Fragmento).
INFOCLUSTER AUTHORS
Type author initial:
35 FT ENM95(06)010
99 Produo Cientfica
100 MAMIYA, EDGAR NOBUO SILVA, E.P. DA
245
Pseudoelastic behavior under partial cycling: a rate independent one-dimentional model (Comportamento pseudoelstico
emciclos parciais: modelo unidimennsional independente de taxa. COBEM-CIDIM/95 - 13. Congresso Brasileiro e 2.
Congresso Ibero Americano
35 FT ENM95(06)011
99 Produo Cientfica
100 MAMIYA, EDGAR NOBUO SILVA, E.P. DA
245
Viscous one-dimentional model for pseudoelastic materials (Modelo unidimensional viscoso para materiais
pseudoelsticos). COBEM-CIDIM/95 - 13. Congresso Nacional e 2. Congresso Ibero Americano de Engenharia
Mecnica. Anais (cd-rom). Belo Horizonte, MG, 1
35 FT ENM95(06)012
99 Produo Cientfica
100 MAMIYA, EDGAR NOBUO SILVA, E.P. DA
245
One-dimentional rate independent model for pseudoelastic materials (Modelo unidimensional independente de taxa para
materiais pseudoelsticos). CILAMCE 95 - Congresso Ibero Latino Americano de Mecnica Computacional em
Engenharia. Anais. Curitiba, PR, p.
35 FT ENM95(06)025
99 Produo Cientfica
100 MAMIYA, EDGAR NOBUO SIMO, J .C.
245
Assumed enhanced strain method for the description of strain discontinuities within a finite element (Mtodo de presso
intensificada adotado para descrio de discontinuidades de presso emumelemento finito). CILAME 95 - Congresso
Ibero Latino American
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METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
223
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Eis uma ferramenta que permite identificar automaticamente, de forma simples e flexvel, os grupos de pesquisa de uma instituio, quais seus temas dominantes,
a permanncia e/ou a mobilidade de seus integrantes, etc. (ROBREDO, 2007), (ROBREDO; CANTANHEDE, 2005; 2006).
.
Adiantando o que ser exposto na Seo seguinte, acrescentamos uma sucinta informao sobre uma nova funcionalidade introduzida recentemente na aplicao
(ROBREDO; CANTANHEDE, 2008), que permite tratar os nomes dos autores como tpicos (Terms) que se relacionam diretamente com os vocbulos que figuram nos
campos de tag 245, quando seus nomes foram registrados como orientadores.
Assim, ao digitar na janela que figura na parte superior da pgina de abertura, o sobrenome (ou parte dele) ou o nome completo de um autor, este pode ser
recuperado dos campos 100 e 245, quando registrado na base, como mostra a Figura 13..
Figura 13. Ao pesquisar como tema pelo nome de um autor que publicou
trabalhos e tambm tem atuado como orientador, o InfoclusterWeb
retorna o nmero de ocorrncias que correspondem a cada caso.
Dessa forma pode-se obter, simultaneamente, a relao das publicaes de um autor e/ou das teses e dissertaes por ele orientadas, como mostram as Figuras
14 e 15
INFOCLUSTER TERM
Tag Word Count
100 MAMIYA 26
245 MAMIYA 8
Opes de filtro
INFOCLUSTER AUTHORS
Main author
SAVI, MARCELO AMORIM with 3 publication(s).
Name Cluster Publications Coauthored
KOUZAK, ZENON
2 1
LEVY NETO, FLAMINIO
33 2
MAMIYA, EDGAR NOBUO
20 1
VIANA, DIANNE MAGALHES
7 1
INFOCLUSTER AUTHORS
Typeauthor name:
Go!
35 FT ENM95(06)026
99 Produo Cientfica
100 MAMIYA, EDGAR NOBUO VIANA, DIANNE MAGALHES SAVI, MARCELO
AMORIM
245 Nonlinear dynamics of apseudo elstic oscilator using aconstitutivemodel based on plasticity. In:
16th COBEM 2001. UberlndiaMG, 2001. Anais, p.59-66. ISBN: 8585769066.
Figura 11. Autores que publicaram com Savi, Marcelo Amorim, partir do Figura 12.- Publicaes de Marcelo Amorin Savi, e Edgar Nobuo,em coautoria
cone do Cluster da oitava linha da Figura 9).
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
224
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
A pesquisa de nomes como temas abre outras possibilidades sobre as quais voltaremos na Seo seguinte, onde abordaremos a apresentao de outras
funcionalidades do InfoCluster, centrando nossa ateno no clculo da probabilidade de co-ocorrncia de pares de termos, em um ou mais documentos, ou, mais
propriamente, em suas representaes armazenadas na base de dados.
Figura 14. Publicaes de Mamiya, Edgar Nobuo (Fragmento). Figura 15. Orientaes de Mamiya, Edgar Nobuo (Fragmento).
6.3.2 I dentificao automtica de clusters temticos, ontologias e mapas de tpicos
A freqncia de co-ocorrncia entre pares de termos calculada pela ferramenta infomtrica informatizada desenvolvida, utilizando a frmula mostrada mais
adiante. Se Fi representa a freqncia de um termo i, e Fj a freqncia de outro termo j, a freqncia de associao binria (co-ocorrncia; cowording, em ingls) dos
termos i e j poder ser representada por Fij.
Para calcular a probabilidade de ocorrncia da associao binria (co-ocorrncia), representada por Eij, pode-se utilizar a frmula seguinte (POLANCO, 1993;
1995, ROBREDO e CUNHA, 1998):
Eij = Fij
2
/ Fi
*
Fj [6]
O clculo da ocorrncia das associaes binrias do termo central (por exemplo, i) com outros termos semanticamente relacionados j, k, l, m..., ou seja, Fij, Fik,
Fil, Fim..., permite organizar os clusters temticos desejados. Ao clicar na pgina de abertura mostrada na Figura 6, sobre a opo InfoClusterTerms, apresentada a
pgina InfoClusterTerms, reproduzida na Figura 16a, de aspecto semelhante pgina InfoClusterAuthors da Figura 7. Ao clicar em Opes de filtro aberta uma
nova janela (Figura 16 b) que permite selecionar as opes desejadas, evitando assim que determinados termos sejam exibidos nos clusters temticos.
(b)
(a) (b)
INFOCLUSTER TERMS
35 FT ENM95(06)010
99 Produo Cientfica
100
MAMIYA, EDGAR NOBUO SILVA, E.P. DA
245
Pseudoelastic behavior under partial cycling: arateindependent one-dimentional model
(Comportamento pseudoelstico emciclos parciais: modelo unidimennsional independentede
taxa. COBEM-CIDIM/95 - 13. Congresso Brasileiro e2. Congresso Ibero Americano
35 FT ENM95(06)011
99 Produo Cientfica
100
MAMIYA, EDGAR NOBUO SILVA, E.P. DA
245
Viscousone-dimentional model for pseudoelastic materials (Modelo unidimensional viscoso
paramateriaispseudoelsticos). COBEM-CIDIM/95 - 13. Congresso Nacional e2. Congresso
Ibero Americano deEngenhariaMecnica. Anais (cd-rom). Belo Horizonte, MG, 1
INFOCLUSTER TERMS
35 FT ENM96(21)003
99 Produo Cientfica
100
SILVA, EDSON PAULO DA
245
Modelagemmecnicadetransformaes defaseinduzidaspor tenses emslidos. BrasliaDF: UnB/
ENM, 21 ago 1995. TesedeMestrado (Orientado por: MAMIYA, EDGAR NABUO).
35 FT ENM00(21)001
99 Produo Cientfica
100
SOUZA, CARLOS AUGUSTO DE
245
Gerao automticademalhas paraumproblemadeperturbao singular comcamadalimite. Braslia
DF: UnB/FT/ENM, 18 fev 2000. Dissertao demestrado (Orientado por: MAMIYA, EDGAR NOBUO).
InfoCluster
INFOCLUSTER TERMS
Typeterm
Go!
Opes defiltro
O filtro remover dos resultados:
Nmeros (0-9)
Palavras de1 caractere
Palavras de2 caracteres
Sinais depontuao
Palavras comumaocorrncia
Aplicar filtro
Figura 16. J anela InfoClusterTerms, para indicar o termo que ser o centro
do cluster temtico (a), com a possibilidade de filtrar a exibio de termos
indesejveis (b).
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
225
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
A Figura 17 reproduz um fragmento do cluster temtico formado a partir do termo Trypanosoma, introduzido na janela da pgina mostrada na Figura 16. O
nmero que acompanha cada termo indica a probabilidade de coocorrncia (Eij) de cada termo com Trypanosoma, nos documentos da base, calculado pela
ferramenta, a partir da equao [6]. Os cones junto a cada termo so sensveis ao clique do mouse, quando conectado Internet (manter Ctrl presionado) e
permitem exibir o cluster do termo ou a referncia s publicaes.
Figura 17. Termos relacionados semanticamente com Trypanosoma (Fragmento).
A Figura 18 uma representao de um cluster temtico com o termo central protease que se encontra no canto inferior direito do cluster da Figura 17.
Observe-se que em ambas as figuras como natural a probabilidade de co-ocorrncia dos termos trypanosoma e protease a mesma (0,036, ou seja 3,6 por
cento).
Os(as) leitores(as) podem abrir esse cluster, ou outros de sua escolha, clicando num termo, mantendo pressionada a tecla control, aps selecionar o cluster
escolhido, mediante um simples clique dentro da moldura que o enquadra, o que far aparecer quatro pequenos crculos no meio das linhas que enquadram o
cluster. Desnecessrio lembrar que, para que as coisas funcionem, necessrio estar conectado Internet.
Observe-se, ainda, que, em nossos exemplos, trabalhamos somente com simples referncias bibliogrficas dos trabalhos e que, como comea a ser praxe nos
repositrios srios, a incluso de metadados, de resumos enxutos (ou seja, com menos stopwords), e de descritores / palavras-chave realmente significativos, bem
como o uso de listas de sinnimos, e outras pequenas coisas como a identificao automtica das variantes dos nomes dos autores, aliada ao uso de radicais
eliminariam (ou neutralizariam) os efeitos de desinncias e flexes (stemming), mas conservariam o significado dos vocbulos. So, pois, essas prticas, trilhas a
serem abertas e exploradas, para melhorar a qualidade, rapidez e preciso dos processos de busca e recuperao. Os motores de busca, mineradores de texto, etc.
vo agradecer, e ns tambm.
Encerramos a Seo com mais dois exemplos, que mostram como as rotinas precedentes podem contribuir, respectivamente, para a construo de listas de
autoridade de nomes de pessoas (Figura 19), e de agrupamentos de variantes de termos (Figura 20).
cell
0.012
chagasi
0.015
chagasin
0.015
characterized
0.015
Chemotherapy
0.025
clathrin
0.023
clatrina
0.015
compartilham
0.031
conjugate
0.02
cronicamente
0.017
CRUZ
0.026
Cruzi
0.668
cysteine
0.011
derived
0.015
estruturais
0.011
gene
0.028
genetically
0.01
genticas
0.02
homlogo
0.015
horizontal
0.011
Trypanosoma
host
0.019
IgG
0.011
Instituto
0.012
involved
0.011
Kda
0.052
KDNA
0.062
minicircle
0.031
minicircles
0.017
minicirculos
0.01
nonphagocytic
0.015
oligopeptidase
0.042
oligopeptidases
0.031
oreades
0.01
pesada
0.015
pharmaceutical
0.01
phosphatase
0.017
PlarlaMundi
0.015
Prolil
0.031
prolyl
0.038
protease
0.036
Opes defiltro
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
226
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Figura 18. Cluster temtico com o termo central protease.
No parece necessrio insistir sobre os possveis benefcios na normalizao de tesauros e lxicos especializados, da representao e organizao de informaes e
conhecimentos e, tambm, da qualidade de sua recuperao.
Figura 19. - Exemplos de radicais de termos (mesmo com grafias erradas) relacionados com
a doena de Chagas, e freqncias de ocorrncia (ROBREDO; CANTANHEDE, 2006).
ATP
0.069
Biochemical
0.043
biologicamente
0.077
biomedcentral
0.038
Biomolecular
0.038
biomolculas
0.019
Birk
0.038
broad
0.013
cathepepsin
0.038
cathepsin
0.069
chagasin
0.019
characterization
0.011
cloning
0.011
com1472
0.038
Cruzi
0.049
cysteine
0.087
dependente
0.01
Dinucleares
0.038
Hidrolases
0.019
immunogenic
0.051
protease
immunoglobulin
0.01
inga
0.026
inihibitor
0.038
ITBR
0.038
Kda
0.057
library
0.014
obtaining
0.022
oligo
0.013
Parasitol
0.038
Parasitology
0.051
peptidase
0.038
peptdeos
0.015
pharmaceutical
0.013
serine
0.103
serino
0.115
Tarsius
0.031
TCCB
0.069
trhichoderma
0.038
Trypanosoma
0.036
tripeptide
0.077
Opes de filtro
Figura 20. Identificao automtica da forma mais abrangente do radical
das diversas variantes do nome de um autor (includos erros de grafia)
e freqncia de ocorrncia de cada variante
(ROBREDO; CANTANHEDE, 2006).
Chagas 211 Tratamento 280 Trypanocidal 1 Infectada 2
Chagases 1 Tratamentos 22 Trypanosoma 131 Infectadas 11
Chagasi 8 Trypanosomatids 2 Infectado 5
Chagasic 6 Trypanosomes 3 Infectados 35
Chagsica 15 Tripanosomiasis 7 Infected 9
Chagsicas 1 Trypanossoma 4 Infecter 35
Chagsico 19 Infecting 16
Chagsicos 33 Infection 62
Chagasin 2 Infections 8
Chagstica 1 Infectious 16
Infective 2
Infectividade 2
Infectologia 17
Infectrions 8
TEIXEIRA, A.R.L. (4)
TEIXEIRA, A.R.L.C. (10)
TEIXEIRA, ANTNIO, R.L. (15)
TEIXEIRA, ANTNIO, RAIMUNDO L.C. (12)
TEIXEIRA, ANTNIO, RAIMUNDO LIMA (6)
TEIXEIRA, ANTNIO, RAIMUNDO LIMA CRUZ (76)
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
227
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Observe-se, ainda, que, em nossos exemplos, trabalhamos somente com simples referncias bibliogrficas dos trabalhos e que, como comea a ser praxe nos
repositrios srios, a incluso de metadados, de resumos enxutos (ou seja, com menos stopwords), e de descritores / palavras-chave realmente significativos, bem
como o uso de listas de sinnimos, e outras pequenas coisas como a identificao automtica das variantes dos nomes dos autores, aliada ao uso de radicais
eliminariam (ou neutralizariam) os efeitos de desinncias e flexes (stemming), mas conservariam o significado dos vocbulos. So, pois, essas prticas, trilhas a
serem abertas e exploradas, para melhorar a qualidade, rapidez e preciso dos processos de busca e recuperao. Os motores de busca, mineradores de texto, etc.
vo agradecer, e ns tambm.
Encerramos a Seo com mais dois exemplos, que mostram como as rotinas precedentes podem contribuir, respectivamente, para a construo de listas de
autoridade de nomes de pessoas (Figura 19), e de agrupamentos de variantes de termos (Figura 20). No parece necessrio insistir sobre os possveis benefcios na
normalizao de tesauros e lxicos especializados, da representao e organizao de informaes e conhecimentos e, tambm, da qualidade de sua recuperao.
A forma de relacionar, na prtica, as variantes de nomes pessoais poder-se-ia resolver com facilidade intoduzindo no motor de busca uma do tipo:
Search...... TEIXEIRA, ANTNIO, RAIMUNDO LIMA CRUZ
OR TEIXEIRA, ANTNIO, RAIMUNDO LIMA
OR TEIXEIRA, ANTNIO, RAIMUNDO L.C.
OR TEIXEIRA, A.R.L.C.
OR TEIXEIRA, A.R.L.
ou, bem mais simplesmente,
Search...... TEIXEIRA, A& (onde & indica truncagem),
o que no parece tarefa difcil para um informtico experiente.
Considerando que, a cada dia que passa, a lngua inglesa vem se firmando como a lngua franca para a comunicao global na Web, valeria a pena considerar
seriamente a possibilidade de se inspirar em modelos semelhantes aos citados muito criteriosamente por Dagobert Soergel (1997, p.212), dentre os quais se destacam
o tesauro AGROVOC, do sistema AGRIS, patrocinado pela FAO em cujo desenvolvimento e consolidao o Brasil teve uma participao significativa (ver Seo 6.2)
e o Dictionary of Glass-Making internacional e multilinge.
42
A temos um nicho para pesquisa sobre aprimoramento e/ou inovao de ferramentas e rotinas que
muito podem contribuir para o melhor uso dos motores de busca e recuperao, e das aplicaes de minerao de texto.
6.3.3 Anlise de citaes e outras cientometrias
Embora a anlise de citaes no seja, propriamente uma aplicao nascida com a Web, dedicamos a ela um espao dento das metrias da informao em
ambiente Web, pois j se aplicava antes do advento da Internet, com ela, que ganhou significativo desenvolvimento, tornando-se um poderoso auxiliar para
estabelecer indicadores, que ajudem a monitorar, por exemplo, o impacto das publicaes cientficas, os ttulos dos peridicos preferidos pelos especialistas, os
congressos mais procurados, etc.
42
O referido Interntional Dictionary of Glass-Making (ICG, 1965, 1967, 1968, 1974), na Nota 40, mais mereceria ser chamado de International Dictionaries , vistos seus desdobramentos em diversas lnguas, nos quais as
entradas de cada termo remetem aos equivalentes e s suas definies em ingls. Trata-se, de fato, de um exemplo precursor do que vem sendo chamado de tesauros especializados (ou por domnios) plurilnges, que
muito podem contribuir para o aprimoramento da recuperao da informao em general e, mais particularmente, das ferrramentas de minerao de dados e textos, e/ou de descoberta de conhecimento. E significativo que,
cinqenta anos depois de seu desenvolvimento e implementao, essa experincia mereceu a ateno da prestigiosa editora Elsevier dos organismos internacionais Unesco e Unio Europia, que promoveram novas e sucessivas
edies multilinges (ICG, 1983, 1992). A esse sucesso inevitvel associar os produtos contemporneos e/ou antecessores, de outras experincias bem sucedidas, que ajudaram a estabelecer sistemas colaborativos, mesmo
entre paises separados pela chamada cortina de ferro, de triste memria. Poder-se-ia citar, dentre elas, como exemplos premonitrios de uma pr-globalizao, antes da hora, o Thesaurus Verrier, com seus esquemas ou
mapas? com suas setas que, partindo de um descritor central, apontavam para os dscritores de um certo domnio, mostrando suas relaes hierrquicas ou semnticas (ROBREDO, 2005 p.161-162), (INSTITUT DU VERRE.,
1972 p.26-27), (LAUREILHE, 1972); a Extension Verre da CDU, que permitia indexar, com os mesmos cdigos numricos, os mesmos conceitos que se expressariam com termos diferentes, nas diferentes lnguas (FID, 1984);
e o Pool of Abstracts, que promovia o intercmbio de resumos informativos tanto de artigos e comunicaes tcnico-cientficas, como de patentes entre diversos pases (IPGA, s.d.), (VERRE Online, 2007). Essa experincia,
agora com uma roupagem contempornea, continua viva com o nome de GlassFile .
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
228
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
A anlise de citaes abrange numerosas mensuraes quantitativas que so cruciais para:
- aprimorar a recuperao de documentos;
- determinar do que trata um documento;
- revelar relaes entre documentos, seus assuntos e seus autores.
Alguns dos mtodos utilizados so:
- a determinao da idade das citaes (obsolescncia);
- a anlise das co-citaes;
- a determinao do fator de impacto;
- a anlise do acoplamento ou emparelhamento de co-citaes (co-citation coupling);
- a anlise do acoplamento ou emparelhamento bibliogrfico (bibliographic coupling);
- a analise das citaes de outros autores;
- o ndice de autocitao;
- o indice de imediao (immediacy index);
- a identificao de grupos colaborativos; etc.
As anlises de citaes encontram numerosas aplicaes, que derivam do pressuposto que, quando um autor cita outro autor, algum tipo de relao ou associao
se estabelece entre eles, entre suas obras, entre os peridicos onde se publicaram seus trabalhos, entre suas reas de interesse, e assim por diante. Um
desdobramento interessante a determinao do fator de impacto de um autor em sua rea de atuao, contando o nmero de vezes que ele foi citado por outros
autores. claro que a seleo das citaes deve ser criteriosa, pois, com observam Osareh (1996, apud UTEXAS [s.d.]) e Raber (2003, p. 78, apud J AYROE, 2008),
s citaes usadas para corroborar uma afirmao ou confirmar um resultado, pode-se misturar alguma outra com um vis negativo sobre o autor citado. Tambm
claro que, em algum caso, a inteno pode ser determinar um fator de impacto negativo.
Grfico 15. Curva genrica de citaes (AMIN; MABE, 2000).
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
229
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Num interessante artigo, Amin e Mabe (2000), apresentam um grfico que mostra o que os autores denominam curva generalizada de citaes, reproduzida no
Grfico 15.
A meia-vida de citao (cited half-life) uma medida da velocidade de declnio da curva de citaes. Definida como o nmero de anos necessrios para que o
nmero de citaes se reduza em 50 por cento do valor inicial
43
, uma medida do tempo em que os trabalhos publicados em uma revista, continuam a ser citados.
No Grfico 16, os autores apresentam o fator de impacto de trs tipos de publicaes (cartas redao, artigos de peridicos e publicaes peridicas). Para os
artigos curtos (do tipo cartas redao) o pico de citaes da curva se situa nos dois anos depois da publicao, com um fator de impacto medido por um nmero de
citaes relativamente baixo.
Grfico 16 Fator de impacto e tipo de publicao (AMIN; MABE, 2000).
Para os artigos originais, o pico se situa prximo aos trs anos depois da publicao (mais afastado do ponto de origem) e, conseqentemente, o fator de impacto
ser menor. Para as revistas, o pico mximo de citaes aparece, ainda, mais atrasado, mas o elevado nmero absoluto de citaes se traduz por um fator de impacto
tambm mais elevado.
O fator de impacto, o ndice de imediao ou de contigidade e a meia-vida de citao so as metrias mais comumente utilizadas para medir e comparar o
interesse das publicaes cientficas, sua repercusso, atualidade ou obsolescncia, etc. Num trabalho de Baudoin et al. (2004), em que aproveitam o modelo
representacional de Amin e Mabe (2000), j citado, para discutir as realidades, mitos e tendncias dos indicadores bibliomtricos e/ou cientomtricos, na rea mdica
e, de forma mais especfica, em biomedicina, reas essas que, junto com a econometria so grandes usurias tradicionais de indicadores. Baudoin et al. (2004)
definem o fator de impacto de uma publicao peridica como a medida num tempo t de nmero de citaes registrado no decorrer dos anos t
1
e t
2
para os ar-
.........
43
No Grfico 6, o valor representado para a meia-vida de 6 anos. O conceito de meia-vida foi tomado emprestado da fsica nuclear, para medir a velocidade de declnio de um material radioativo, e se define como o tempo
necessrio para que a radioatividade desse material seja reduzida metade de seu valor em um determinado momento. (Ver, por exemplo: Burton e Kebler (1960), Brookes (1970) e Szva-Kovts (2002)). A comparao com a
fsica nuclear no seno uma metfora, pois o declnio da radioatividade com o tempo no parte de zero at atingir um pico e, logo, decrescer, como o caso da curva da obsolescncia. Registremos, tambm, que a traduo
de half-life por vida mdia incorreta.
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
230
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
tigos publicados em esse perodo
44
e calculam o fator de impacto para a revista Nature, em 2002, como o quociente do nmero de citaes dos artigos publicados
em 2001 e 2002 pelo nmero de artigos publicados em 2000 e 2001, ou seja:
(33448 + 25955)/(1013 + 939) = 30,432
onde (33448 + 25955) so os respectivos nmeros de citaes em 2002 e 2001, e (1013 + 939), os respectivos nmeros de artigos publicados em 2001 e 2000. As
revistas com maior fator de impacto so:
- Nature, com fator de impacto ~ 29 (ver acima), e
- Science, com fator de impacto ~ 26.
Para poder calcular o fator de impacto dos peridicos brasileiros e/ou de outros pases latino americanos seria necessrio dispor de uma base de dados semelhante
elaborada pela Colorado State University a partir do peridico The J ournal Report (J CR), infelizmente de acesso restrito e que, alm do mais, deixa de incluir uma
grande parte de revistas significativas que no publicam em lngua inglesa. No caso de Web of Science ou de Thomson Science, a situao no muito mais
brilhante.
45
O ndice de imediao (ou contigidade, proximidade immediacy, em ingls) de um peridico se calcula dividindo o nmero de vezes que o peridico foi citado
num de terminado ano pelo nmero de artigos que publicou nesse ano, ou seja, a mdia do nmero de citaes por artigo. O ndice mede a rapidez com que so
citados os itens publicados nesse peridico, desde a data de sua publicao. Permite identificar os peridicos que publicam artigos mais quentes. Para a maioria dos
peridicos cientficos esse ndice varia entre 0 e 1. Somente duas revistas, Nature e o J ournal of Experimental Medicine, apresentam um ndice maior que 7 (BAUDOIN
et al., 2004).
O conceito de obsolescncia, introduzido por Charles Gosnell (1943), uma aplicao bibliomtrica qual, em nossa opinio, no se presta a devida ateno
talvez porque no sempre bem entendida , que poderia trazer significativos benefcios na gerncia de bibliotecas, e mais especialmente na gesto de acervos.
O acoplamento ou emparelhamento de co-citaes (co-citation coupling) usado para estabelecer as similaridades entre dois documentos. Se dois trabalhos A e B
so citados por um trabalho C, pode-se dizer que os dois primeiros guardam alguma relao, mesmo se estes no se citam entre si. A relao entre os trabalhos A e B
ser tanto maior, quanto maior o nmero de outros trabalhos que os citem.
46
O acoplamento ou emparelhamento bibliogrfico (bibliographic coupling) segue o mesmo princpio do emparelhamento de co-citaes, mas de uma forma que a
imagem no espelho deste ltimo. O emparelhamento bibliogrfico estabelece um elo entre dois trabalhos que citam os mesmos trabalhos. Ou seja, se os trabalhos A e
B citam o trabalho C, pode-se dizer que guardam uma relao, mesmo se A e B no se citam mutuamente. Quanto maior o nmero de outros trabalhos que os citem,
maior ser seu inter-relacionamento (UTEXAS [s.d.]).
44
Observe-se que o momento t ser o ano completo seguinte ao ano t2, para poder completar a contagem das citaes dos artigos publicados em t2.
45
A ttulo de exemplo, convidamos o leitor a consultar as seguintes referncias: Danchi n ( [ s. d. ] ) , Meneghini e Packer (2007), Almeida (2008), Bressan et al. (2008), Ferraz et al. (2008), Marques (2008), Strehl
e Stumpf (2009), Tess et al. (2009), Anastasiadis et al. (2009), Castro (2009).
46
Na literatura brasileira sobre bibliometria, o termo ingls coupling parece, at agora, ter sido traduzido exclusivamente por acoplamento, sem perceber que este vocbulo, em vernculo, encontra um uso macio
na linguagem tcnica, em fsica, mecnica, eletricidade, etc., em expresses tais como acoplamento eltrico, acoplamento mecnico, e por a vai. Cabe levantar a questo se outros termos, tais como, entre outros,
emparelhamento, coadunao, juno, combinao, no poderiam ser objeto de uma reflexo mais profunda. A ttulo de curiosidade, sem nenhuma pretenso conclusiva, assinalamos que, numa pesquisa na
Web, a questo acoplamento E/OU bibliogrfico, no Brasil, rendeu 60.900 pginas, sendo que, a partir da segunda pgina, comeam a aparecer pginas ligadas a diversos aspectos tecnolgicos, inclusive com
certo vis de propaganda. Para dirimir uma dvida, foi repetida a busca usando a expresso composta acoplamento bibliogrfico, no Brasil, o que rendeu 88 pginas/respostas, a primeira metade das quais com
respostas razoavelmente adequadas. Finalmente, a busca emparelhamento AND (bibliogrfico OR bibliografia), em suas diversas combinaes, rendeu entre 20 e 33 respostas. Dois exemplos: um correspondente
a uma dissertao de ps-graduao, da Universidade Paulista (UNIP), de So Paulo, na qual se l O modelo de co-citao difere significativamente de modelos de emparelhamento bibliogrfico [o grifo
nosso], conforme explica Small (1973), pois este um relacionamento fixo e permanente... (VARGAS, 2009; p.21); outro, absolutamente genrico, na construo de experimentos, com numerosos
desdobramentos prticos, onde se l: ...um experimento um tipo de pesquisa cientfica no qual o pesquisador manipula e controla uma ou mais variveis independentes e observa a variao nas variveis
dependentes concomitantemente manipulao das variveis independentes. O propsito de manipular e medir as variveis no experimento captar causalidade (relao entre causa e efeito). As variveis
independentes so responsveis pelas possveis causas, e as variveis dependentes sinalizam os efeitos. Duas variveis podem ter altssima correlao, mas no necessariamente uma causa da outra... , e a
plavra emparelhamento aparece oito vezes (WIKIPEDIA, 2009). Fica em aberto a questo da escolha do melhor termo.
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
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SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Eugene Garfield, j citado (THOMSON REUTERS, 2006)
47
, criou em 1960 o Citation Index, que mostrava que os trabalhos publicados eram citados ou
referenciados por uns poucos trabalhos, e como estes tendem a se concentrar em torno de uma fonte ou publicao peridica, e o que mais importante que a
quantidade de citaes no guarda, necessariamente, uma relao com o valor do trabalho para rea a que se refere, ou seja, com o fator de impacto (HERTZEL,
2003, p. 319, 320, apud J AYROE, 2008).
Aqui encerramos nosso sobrevo sobre as metrias da informao, antes da Web, no sem antes lembrar um artigo de Edson Nery da Fonseca (1973) oportuno
na data de sua publicao e, talvez, ainda mais oportuno hoje que consideramos leitura obrigatria para quem deseje reconstruir a histria dos primrdios da
bibliometria. Histria, na qual a marcante presena do Brasil um fato que, lamentavelmente, se esquece pelo af de olhar s para os modelos externos.
48
6.3.4 Minerao de textos em bases de peridicos cientficos especializados
Na Seo 6.1.1, foram expostos alguns exemplos de aplicao de tcnicas infomtricas ao monitoramento da produo cientfica, utilizando a base de dados
ABCDM, que hoje rene mais de cinco mil registros bibliogrficos de artigos e comunicaes, publicados em peridicos de arquivologia, biblioteconomia, cincia da
informao e museologia, desde 1972 at hoje. Alguns aspectos subjacentes, entretanto, merecem ser destacados. Aspectos esses decorrentes da metodologia
participativa de alimentao da base de dados, que privilegia os aspectos colaborativos, a continuidade do trabalho, o aproveitamento e o enriquecimento dos
resultados e contribuies das turmas precedentes, juntamente com a compreenso do processo como um todo.
Em soma, a construo de uma linha de trabalho continuado, com uma viso crtica, em um ambiente participativo e colaborativo, que gera resultados e se
constitui numa semente que pode fazer brotar novas vocaes de pesquisa e ampliar horizontes.
Os alunos das turmas sucessivas de graduao em biblioteconomia, que vm cursando a disciplina Planejamento e elaborao de bases de dados, aprendem a
elaborar, com o rigor necessrio, os registros bibliogrficos que alimentam a base de dados, entendem a organizao dos dados dos registros em campos marcados
com etiquetas (tags) apropriadas, dentro da base, e a importncia de representar os contedos temticos com palavras-chave ou descritores adequados, suscetveis
de garantir a qualidade da recuperao de informaes. Na medida em que os alunos avanam em seus estudos, abrem-se para eles novos horizontes e se consolida a
importncia dada interdisciplinaridade. Esse foi o caso de uma aluna que, uma vez formada, se inscreveu no Curso de Especializao em Engenharia Eltrica / rea
de Gesto da Tecnologia da Informao, e de cuja monografia de finalizao, elaborada em comjunto com outra aluna da rea de computao orientada por um
professor do Departamento de Energia Eltrica, da Faculdade de Tecnologia da UnB, e co-orientada por um dos autores deste Captulo
49
passaremos a falar, como
exemplo de interao interdisciplinar e colaborativa (SOUZA; NAGLIS, 2008). A monografia apresenta um estudo do processo de minerao de dados, utilizando a
ferramenta Rapid Miner (RAPID I, 2009) com a base de dados ABCM. Foram analisados os ttulos dos artigos, identificados os assuntos mais relevantes, nas dcadas
de 1970 a 1990 e dos anos 2000 a 2007, e calculados os ndices tf-idf, que definem a importncia de cada termo na coleo de documentos.
Segundo as autoras, citando Arajo J nior (2007), a minerao de textos apresenta-se como uma ferramenta capaz de sumarizar um conjunto de documentos
em agrupamentos (clusters), apresentando-os na forma de grafos indicativos das relaes semnticas dos termos. Assim, o usurio obtm uma idia mais clara do
assunto de que trata a coleo de pginas, sem precisar l-las todas. Num processamento preliminar, a coleo carregada, processada e transformada numa
representao estruturada dos documentos, denominada bag of words (BOW), segundo Pires (2008, apud SOUZA; NAGLIS, 2008). O processamento posterior
depende do objetivo que se deseja atingir com a minerao da BOW. As etapas do pr-processamento, at o calculo dos ndices tf-idf, so descritas detalhadamente
na monografia. O clculo da freqncia foi realizado da seguinte forma:
Aps contagem dos termos para cada documento da coleo, determinada sua freqncia;
A cada termo t
i
de cada documento da BOW, atribudo um peso; esse peso o nmero de ocorrncias do termo no documento (tf), modificado segundo uma
escala de importncia do termo (tdf) chamada freqncia inversa do documento;
47
Ver tambm o artigo Citation Index, da Wikipedia (2010), e o artigo do prprio Garfileld, publicado em Nature (GARFIELD, 1968).
48
A ttulo de ilustrao deixamos aqui o registro que, numa recente pesquisa no Google, com a estratgia infometria OR bibliometria AND fator de impacto AND citaes, no Brasil, retornou mais de 11.700
respostas. Convidamos os(as) leitores(as) a refazer a busca.
49
J ayme Leiro Vilan Filho.
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
232
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
O tf do termo t
i
no documento :
onde n
i
o nmero de ocorrncias do termo no documento e o denominador o somatrio de todos os nmero de ocorrncias de todos os termos de um
documento;
O idf do termo t
i
:
N
idf (t
i
) = log----------
df (t
i
)
onde N o nmero total de documentos do conjunto e df (t
i
) o nmero de documentos onde o termo t
i
aparece, ou seja, 0. Ento:
tfidf (t
i
) = tf (t
i
)idf (t
i
)
Para obter uma freqncia com o tf-idf alto, ou seja, o termo ser representativo para o documento, necessrio que ele tenha uma ocorrncia alta no documento
e baixa dentro na coleo. Aps o clculo da freqncia dos termos de cada documento, o processo de transformao da coleo em dados numricos estar
concludo.
50
O resultado encontra-se na Tabela 10. Quatro breves comentrios, aps uma anlise super-rpida dos resultados mostrados nessa Tabela:
Tabela 10. ndices tf-idf dos 15 termos mais relevantes de cada dcada.
1970-1979 1980-1989 1990-1999 2000-2007
TERMOS tf-idf TERMOS tf-idf TERMOS tf-idf TERMOS tf-idf
biblioteca(s) 30,3609 biblioteca(s) 40,4659 informao(es) 46,3521 informao 59,0041
informao(es) 18,6440 informao(es) 33,8240 biblioteca(s) 36,9688 biblioteca(s) 39,2129
pblica(s) 11,8287 biblioteconomia 19,5343 biblioteconomia 20,8046 cincia(s) 34,9069
brasileira(s) 9,8589 bibliotecrio(s) 17,7470 Brasil 19,8594 conhecimento 30,4812
biblioteconomia 8,9636 arquivo(s) 17,2708 cincia(s) 18,5023 sociedade 24,1498
cincia(s) 8,3253 pesquisa 16,8996 bibliotecrio(s) 15,4466 gesto 23,3840
nacional 8,0801 estudo(s) 16,3498 servio(s) 14,9858 profissional(is) 22,7289
bibliografia(s) 7,7739 cincia(s) 14,9195 estudo(s) 14,4245 tecnologia(s} 21,1875
Brasil 6,8850 brasileira 13,7330 profissional(is) 14.0407 estudo(s) 20,7921
documentao 6,8022 avaliao 13,6661 pesquisa(s) 13,0568 Brasil 19,7284
bibliotecrio(s) 6,2041 Brasil 13,5634 conhecimento 13,0555 anlise 19,4812
pesquisa(s) 6,1914 usurio(s) 12,3234 memria 12,7800 pesquisa 19,1501
sistemas 5,9677 servio(s) 12,1712 desenvolvimento 12,1067 cientfica 16,9950
classificao(es) 5,8067 anlise 11.4095 educao 12,0771 rede(s) 15,4974
literatura 5,6497 ensino 11,2936 cientfica 11,1646 digital 14,8435
50
Calma pessoal! Nada de pnico com as frmulas. A ferramenta calcula tudo.
n
i
(t
i
)= ------
k
n
i
j =1
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
233
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
1) O valor dos ndices tf-idf em cada linha, da esquerda para a direita, aumenta sensivelmente, no somente porque as atualizaes sucessivas da base
aumentaram o nmero de registros nela contidos, mas tambm, e sobre tudo, porque a quantidade de publicaes na rea tambm aumentou bastante;
2) o termo documentao, importado da Europa na dcada de 70 do passado sculo, que ocupa uma posio importante na primeira coluna, desaparece nas
dcadas seguintes devido influncia crescente da expresso cincia da informao;
3) O termo informao ganha destaque crescente no decorrer do tempo, e
4) termos como conhecimento, sociedade, gesto, tecnologia, pesquisa, redes e digital ganham destaque e/ou aparecem pela primeira vez entre os mais
importantes dos quinze termos mais freqentes, no perodo 2000-2007.
A partir dos dados da Tabela 10, um dos autores (VILAN FILHO, 2009) realizou um estudo mais aprofundado. Do conjunto de 15 termos de cada dcada alguns
se repetem foram feitas buscas na ABCDM para obter o nmero de ttulos em que o termo e as expresses derivadas ocorrem com valor maior ou igual a 0,5% do
total da dcada (Tabela 11).
Cabe destacar que o termo Biblioteconomia e o termo Cincia da Informao apresentam comportamentos opostos. Enquanto Cincia da Informao ocorre em
3,2% dos artigos da dcada de 1980, passando para 3,9% nos anos 1990 e atingindo 7,8% nos anos 2000, Biblioteconomia faz o caminho inverso com percentuais
de 10,2% (dcada de 1980), 6,8% (dcada de 1990), e 3,5% (dcada de 2000). Tambm diminuem os percentuais dos termos bibliotecas (20,7% para 12,2% e
9,6%), e bibliotecas pblicas (2,5% para 1% e 0,8%). No caso do termo bibliotecrio(s) h uma queda entre os anos 80 (5,3%) e 90 (3,3%) com estabilizao nos
anos 2000 (3,4%), com o termo profissional(ais) da informao seguindo o caminho inverso (0,8% para 1% e 2,2%). Foram identificados, ainda, como termos de
interesse crescente o termo conhecimento (0,8% para 3,1% saltando para 7,7%), gesto (0,5% para 1,5% saltando para 5,1%), com destaque para a combinao
de ambos gesto do conhecimento (0% para 0,2% chegando a 1,7%), alm de gesto da informao com percentuais iguais exceto na dcada de 2000 (0% para
0,2% e 1,1%).
Alm desses, crescem os temas ligados aos termos sociedade (1% para 1,8% at 4,7%) e sociedade da informao (0%, 0,3% e 2,8%), bem como crescem os
percentuais dos termos memria (1,2%, 2,2% e 2,7%) e redes (1,2%, 2,1% e 2,3%). Parece tambm diminuir o interesse pelos temas relacionados com os termos
ensino (3,6% para 2,5% caindo para 2%) especialmente ensino de biblioteconomia (0,9% para 0,7% caindo para 0,1%).
Portanto, h crescimento evidente de artigos com termos mais ligados cincia da informao (sociedade da informao e profissionais da informao), em
detrimento dos ligados biblioteconomia (biblioteca(s), bibliotecrios(s) e ensino de biblioteconomia).
6.3.5 Aplicaes inferenciais
A importncia das anlises de freqncia de uso de termos significativos ss ou associados com outros (co-ocorrncias) pode ser ilustrada mediante um exemplo
prximo de todos ns. Imaginemos que algum, nas dcadas de 60 e 70, buscasse informaes que falassem alguma coisa sobre transporte e lcool. Certamente
encontraria informaes sobre o transporte de lcool caminhes ou por trem. De repente, uns anos mais tarde, a quantidade de publicaes localizadas a partir dos
mesmos temas, no somente aumentou, mas apontou para um fato novo: o lcool como combustvel usado nos meios de transporte. Havia nascido o Pr-lcool.
Poucos anos depois, a literatura sobre o assunto torna-se mais escassa. O Pr-lcool tinha sido desmontado... Mais na frente, agora, novo aumento de publicaes e...
novos termos associados. a ressurreio do lcool como combustvel para todo tipo de veculo e surgimento de novos combustveis (gs, biodiesel, etc.). Em
resumo, o acompanhamento da variao da freqncia de uso de determinados temas definidos por um pequeno nmero de descritores ou palavras-chave, junto com
a variao dos grupos em que estes se renem no transcurso do tempo, permite monitorar as atividades de um setor, e/ou descobrir tendncias.
Esse exemplo nos leva a falar das curvas estocsticas. Elas baseiam-se no princpio de que todos os processos e sistemas de fato, pensando bem, tudo pode-se
associar a algum tipo de processo ou sistema , surgem, crescem at um certo nvel a partir do qual o crescimento torna-se cada vez mais lento, at parar e, depois
de um certo tempo... ningum lembra mais de que existiram. A Figura 21 uma representao genrica desse tipo de curvas, extremamente til para acompanhar
inmeros processos no decorrer do tempo. Em outros termos, para montar e interpretar sries histricas.
..........
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
234
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Tabela 11. Termos mais freqentes nos ttulos de artigos de peridicos das reas
de informao por dcada em ordem alfabtica (1980-2007).
TERMO\DCADA
n art. % n art. % n art. % n art. %
Anlise 43 4,9% 36 2,9% 90 5,3% 169 4,4%
Arquivo(s) 47 5,3% 37 2,9% 51 3,0% 135 3,5%
Avaliao 44 5,0% 32 2,5% 40 2,4% 116 3,0%
Biblioteca(s) 183 20,7% 153 12,2% 162 9,6% 498 13,0%
<Biblioteca(s) Pblica(s)> 22 2,5% 13 1,0% 14 0,8% 49 1,3%
Bibliotecrio(s) 47 5,3% 41 3,3% 57 3,4% 145 3,8%
Biblioteconomia 90 10,2% 85 6,8% 59 3,5% 234 6,1%
Brasil 46 5,2% 89 7,1% 84 5,0% 219 5,7%
Brasileira 26 2,9% 22 1,7% 30 1,8% 78 2,0%
Cincia 41 4,6% 65 5,2% 172 10,2% 278 7,3%
<Cincia da Informao> 28 3,2% 49 3,9% 131 7,8% 208 5,4%
Cincia(s) 48 5,4% 74 5,9% 184 10,9% 306 8,0%
Cientfica 37 4,2% 38 3,0% 69 4,1% 144 3,8%
Conhecimento 7 0,8% 39 3,1% 129 7,7% 175 4,6%
Desenvolvimento 28 3,2% 39 3,1% 31 1,8% 98 2,6%
Digital 0 0,0% 4 0,3% 50 3,0% 54 1,4%
Educao 18 2,0% 38 3,0% 48 2,8% 104 2,7%
Ensino 32 3,6% 31 2,5% 33 2,0% 96 2,5%
<Ensino de Biblioteconomia> 8 0,9% 9 0,7% 1 0,1% 18 0,5%
Estudo(s) 58 6,6% 57 4,5% 78 4,6% 193 5,0%
Gesto 4 0,5% 19 1,5% 86 5,1% 109 2,8%
<Gesto da Informao> 0 0,0% 2 0,2% 19 1,1% 21 0,5%
<Gesto do Conhecimento> 0 0,0% 3 0,2% 29 1,7% 32 0,8%
Informao 166 18,8% 379 30,1% 555 32,9% 1.100 28,7%
<Informao Cientfica> 16 1,8% 2 0,2% 8 0,5% 26 0,7%
Informao(es) 177 20,0% 397 31,6% 583 34,6% 1.157 30,2%
Memria 11 1,2% 28 2,2% 45 2,7% 84 2,2%
Pesquisa 47 5,3% 41 3,3% 73 4,3% 161 4,2%
Pesquisa(s) 55 6,2% 44 3,5% 75 4,4% 174 4,5%
Profissional(is) 25 2,8% 41 3,3% 64 3,8% 130 3,4%
<Profissional(is) da Informao> 7 0,8% 12 1,0% 37 2,2% 56 1,5%
Rede(s) 11 1,2% 27 2,1% 39 2,3% 77 2,0%
Servio(s) 35 4,0% 47 3,7% 38 2,3% 120 3,1%
<Servio(s) de Informao(es)> 6 0,7% 25 2,0% 10 0,6% 41 1,1%
Sociedade 9 1,0% 23 1,8% 80 4,7% 112 2,9%
<Sociedade da Informao> 0 0,0% 4 0,3% 48 2,8% 52 1,4%
Tecnologia(s) 23 2,6% 56 4,5% 71 4,2% 150 3,9%
Usurio(s) 34 3,9% 22 1,7% 33 2,0% 89 2,3%
Total de Artigos na Base 883 - 1.258 - 1.686 - 3.827 -
1980 1990 2000 1980-2000
......
Observao. Os percentuais so calculados pelo total de artigos da respectiva dcada. Foram relacionados
apenas os 15 termos mais freqentes em cada dcada e seus termos derivados (no formato <termo>). O total
de artigos da base no a soma dos artigos de cada termo, mas o nmero total de registros na base de dados
para cada dcada.
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
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SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Observe-se que, em qualquer ponto da curva, pode surgir um fato novo suscetvel de modificar completamente o traado da curva do processo que estava sendo
estudado. A deteco dessas variaes, aliada anlise infomtrica das ocorrncias dos termos significativos em publicaes tcnicas ou nos registros de patentes,
bem como a possibilidade de seguir e monitorar os caminhos do mercado ou de um concorrente, abrem um espao de grande interesse para a infometria inferencial,
e para as viglias tecnolgicas e estratgicas. Em suma, para uma inteligncia competitiva, com bases mais slidas para orientar decises e escolhas.
Figura 21.- Curva estocstica ou curva em S.
Os resultados de um estudo realizado no incio da dcada de 70, financiado pela indstria francesa do vidro, mostrou o interesse de identificar parmetros para
tomada de deciso quanto convenincia de investir em pesquisa para lanamento de novos produtos, em funo do grau de avano dos concorrentes na corrida
para a introduo no mercado de um produto similar (ROBREDO,1970). A pesquisa restringiu-se a um certo nmero de produtos e processos, em relao aos quais
foram registradas, no decorrer de meses e anos, a variao no nmero de patentes requeridas e as datas de lanamento no mercado de novos produtos.
O estudo foi desenvolvido com base na premissa de que o nmero de patentes solicitadas por uma companhia industrial cresce desenhando uma curva em forma
de S, at atingir um ponto crtico definido de acordo com o nvel de consistncia e maturidade de seus processos de pesquisa e capacidade de desenvolvimento e
inovao que seguido por
um decrscimo regular. Foi possvel estabelecer assim uma correlao entre o nmero de patentes requeridas e o ponto da curva em que o lanamento dos novos
produtos ocorria, e como conseqncia definir um programa otimizado de pesquisa e inovao,... o que deu certo.
Lembremos, ainda, para encerrar esta Seo, que a infometria, com seus aglomerados (ou clusters) temticos, um poderoso auxiliar na conceituao e
construo dos mapas de tpicos, chamados a desempenhar um papel importantssimo no processo de desenvolvimento da Web semntica.
7. CONSIDERAES FINAIS DO CAPTULO 10
Todas essas idias, exemplos e realizaes perfeitamente se enquadram na sistematizao elaborada por Derek de Solla Price (1976) sobre a evoluo da cincia,
que ele mesmo sintetiza assim: Se as coisas evoluem de acordo com um quadro conhecido previamente e se podemos determinar em que ponto da curva evolutiva
situa-se determinado fenmeno, em certo momento, [...] ento seremos capazes de prever razoavelmente - supondo que fatos inesperados no intervenham - como
as coisas provavelmente acontecero.
Encerraremos com um convite reflexo, que j tinhamos formulado antes (ROBREDO, 2000) (ROBREDO; CANTANHEDE, 2006).
................
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
236
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
Se comparados os respectivos desenvolvimentos da infometria e da econometria impressionante o impacto desta ltima na sociedade contempornea: seis
econometristas laureados com o Prmio Nobel entre 1969 e 2003!
51
.
Ser que teremos um dia um cientista da informao, com um forte vis infomtrico, entre os laureados com o Prmio Nobel? Ou teremos ainda que esperar
muito tempo para que os polticos entendam que mais importante que o capital o conhecimento e a inteligncia?
8. BIBLIOGRAFIA DO CAPTULO 10
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251
,SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
ANEXO 1
Exemplo de aplicao da lei de Zipf anlise de um resumo de 3.100 palavras, procedente de um artigo de um artigo de autoria de um dos autores
do presente Captulo (ROBREDO et al., 1988).
A experincia foi realizada em cinco etapas, que sero descritas a seguir com o detalhamento necessrio:
Etapa 1. Escolha do texto a analisar;
Etapa 2. Extrao e ordenao das palavras do texto;
Etapa 3. Reunio das palavras por radicais, desinncias e flexes, contagem das respectivas freqncias de ocorrncia;
Etapa 4. Ordenao dos dados para montagem do grfico;
Etapa 5. Montagem do grfico
ETAPA 1. Escolha do texto a analisar
J aime Robredo; Tnia Mara G. Botelho; Adelaide Ramos e Corte.
Aplicao dos resultados de um estudo Delfos ao desenvolvimento e reviso de currculos em Biblioteconomia e Cincia da Informao. Revista de Biblioteconomia de
Braslia, v.16, n.2, jul./dez. 1988, p.157-177. Disponvel em: http://164.41.122.25/portalnesp/ojs-2.1.1/index.php/RBB/article/view/457.
O mtodo Delfos tem sido amplamente utilizado, nos pases industrializados, para detectar tendncias nas necessidades do mercado de trabalho e para orientar novas
estruturas curriculares em Biblioteconomia e Cincia da Informao. Comparativamente, s alguns exemplos de aplicao desse tipo encontram-se na literatura dos
pases em desenvolvimento. O Conselho Federal de Educao estabeleceu recentemente novas normas para o desenvolvimento dos currculos das escolas de
Biblioteconomia. Dentro dessas normas, cada escola possui autonomia e flexibilidade para desenvolver seu prprio currculo, de acordo com as caractersticas
ambientais. No Departamento de Biblioteconomia da Universidade de Braslia, foi criado um grupo para elaborar uma proposta de currculo novo que representaria os
sentimentos e anseios do corpo docente. Paralelamente, um dos autores deste artigo coordenou o trabalho de um grupo de professores do departamento visando a
realizar um cada estudo Delfos no Distrito Federal, ou seja, na rea geogrfica de influncia da Universidade de Braslia. O objetivo deste estudo foi detectar as falhas
e lacunas na formao atual dos profissionais com vistas orientao de contedos programticos especficos que reforcem determinados aspectos do perfil, de
acordo com a demanda previsvel do mercado de trabalho da informao nos prximos anos. As opinies dos profissionais e dos especialistas mostravam uma forte
convergncia sobre a necessidade de reforar, no novo currculo, algumas reas especficas, tais como as aplicaes da informtica e o uso de bases de dados, as
tcnicas de indexao e de recuperao de informao, telecomunicaes, prticas gerenciais e mtodos quantitativos. No caso da ps-graduao, aps cinco anos de
experincia, foram tambm introduzidas, no currculo do curso de Mestrado em Biblioteconomia e Documentao, algumas modificaes visando a satisfazer
demanda do mercado. A mesma tendncia foi observada em estudos sobre desenvolvimento de currculos em outros pases em desenvolvimento, alguns dentre eles
auspiciados por organismos internacionais. Poderia afirmar-se, de fato, que existe consenso generalizado sobre os princpios que devem guiar os novos currculos em
Biblioteconomia e Cincia da Informao, nos pases em desenvolvimento. Entretanto, no foi encontrada at agora uma receita geral para implementar de forma
adequada as mudanas que exigem as novas tendncias, no que diz respeito aos hbitos, habilidades e mentalidades de professores. A conscincia do problema,
embora essencial, no significa a capacidade de resolv-lo. Poderamos ter alguma esperana se, nos prximos anos, os organismos internacionais e as escolas de
Biblioteconomia dos pases em desenvolvimento trabalhassem juntos para estabelecer um programa de treinamento e reciclagem acelerado dos professores.
NOTA: O artigo rene elementos essenciais de uma comunicao apresentada ao "Seminar on Information Manpower Forecasting", patrocinado pelo "Education and
Training Committee" da Federao Internacional de informao e Documentao (FID/ET), celebrado em Espoo, Finlndia de 24 a 27 de agosto de 1988. Os dados
referentes s estruturas dos currculos dos cursos de graduao e de ps-graduao do Departamento de Biblioteconomia da Universidade de Braslia foram
devidamente atualizados.
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
252
ETAPA 2. Extrao e ordenao
ETAPA 2. Extra...o e ordenao
1. Termos compostos
[Cincia da Informao]
[Cincia da Informao]
[Cincia da Informao]
[Conselho Federal de Educao]
[contedos programticos]
[corpo docente]
[Departamento de Biblioteconomia]
[Departamento de Biblioteconomia]
[desenvolvimento de currculos]
[desenvolvimento de currculos]
[Distrito Federal]
[Education and Training Committee]
[Federao Internacional de Informao
e Documentao]
[Information Manpower Forecasting]
[mercado de trabalho]
[Mestrado em Biblioteconomia e
Documentao]
[mtodos quantitativos]
[organismos internacionais]
[pases em desenvolvimento]
[pases em desenvolvimento]
[pases em desenvolvimento]
[pases industrializados]
[reviso de currculos]
[Universidade de Braslia]
[Universidade de Braslia]
[Universidade de Braslia]
2. Termos simples
1988
24
27
a
a
a
das palavras do texto
.............................................................
a
a
A
A
a
a
acelerado
acordo
acordo
adequada
afirmar-se
agora
agosto
alguma
algumas
algumas
alguns
alguns
ambientais
amplamente
and
anos
anos
anos
anseios
ao
ao
aos
Aplicao
aplicao
aplicaes
aps
apresentada
rea
.............................................................
reas
artigo
artigo
as
as
As
as
as
as
as
as
s
aspectos
at
atual
atualizados
auspiciados
autonomia
autores
bases
Biblioteconomia
Biblioteconomia
Biblioteconomia
Biblioteconomia
Biblioteconomia
Biblioteconomia
Biblioteconomia
Biblioteconomia
Braslia
Braslia
Braslia
cada
capacidade
caractersticas
caso
celebrado
...................
celebrado
Cincia
Cincia
Cincia
cinco
com
com
com
Committee
como
Comparativamente
comunicao
conscincia
Conselho
consenso
contedos
convergncia
coordenou
corpo
criado
curriculares
currculo
currculo
currculo
currculo
currculos
currculos
currculos
currculos
currculos
curso
cursos
da
Da
da
da
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
253
da
da
da
da
da
da
dados
dados
das
de
de
de
de
De
de
de
de
de
de
de
de
de
de
de
de
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de
de
de
de
de
de
de
de
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de
de
de
de
De
de
de
de
de
de
de
Delfos
Delfos
Delfos
demanda
demanda
dentre
Dentro
Departamento
departamento
Departamento
desenvolver
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desenvolvimento
desenvolvimento
desenvolvimento
desenvolvimento
desenvolvimento
dessas
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detectar
determinados
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Distrito
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e
e
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Educao
Education
elaborar
elementos
eles
em
em
em
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em
em
em
em
em
embora
encontrada
encontram-se
Entretanto
escola
escolas
escolas
especialistas
especficas
especficos
esperana
Espoo
essenciais
essencial
estabelecer
estabeleceu
estruturas
estruturas
estudo
estudo
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
254
estudo
estudos
exemplos
exigem
existe
experincia
falhas
fato
Federao
Federal
Federal
FID/ET
Finlndia
flexibilidade
foi
foi
foi
foi
foram
foram
Forecasting
forma
formao
forte
generalizado
geogrfica
geral
gerenciais
graduao
grupo
grupo
guiar
habilidades
hbitos
implementar
indexao
industrializados
influncia
Informao
Informao
Informao
informao
Informao
Informao
informtica
Information
internacionais
internacionais
Internacional
introduzidas
juntos
lacunas
literatura
Manpower
mentalidades
mercado
mercado
mercado
mesma
Mestrado
mtodo
mtodos
modificaes
mostravam
mudanas
na
na
na
no
no
nas
necessidade
necessidades
no
no
no
no
No
no
normas
normas
nos
nos
nos
nos
novas
novas
novas
novo
novo
novos
O
O
o
o
O
o
O
objetivo
observada
On
Opinies
organismos
organismos
orientao
orientar
os
os
os
os
os
Os
ou
outros
pases
pases
pases
pases
para
para
para
para
para
para
para
Paralelamente
patrocinado
pelo
perfil
Poderia
Poderamos
por
ps-graduao
ps-graduao
possui
prticas
previsvel
problema
professores
professores
professores
profissionais
profissionais
programa
programticos
proposta
prprio
prximos
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
255
prximos
quantitativos
que
que
que
que
que
que
realizar
receita
recentemente
reciclagem
recuperao
reforcem
reforar
resultados
satisfazer
se
seja
Seminar
sentimentos
seu
sido
referentes
reforar
resolv-lo
respeito
significa
s
sobre
sobre
sobre
sobre
tais
tambm
tem
trabalhassem
tcnicas
telecomunicaes
trabalho
trabalho
trabalho
Training
treinamento
um
um
um
um
um
uma
uma
uma
uma
Universidade
Universidade
Universidade
uso
utilizado
visando
visando
vistas
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
256
1. Termos compostos
1-[Conselho Federal de Educao]
1-[contedos programticos]
1-[corpo docente]
1-[Distrito Federal]
1-[Education and Training Committee]
1-[Federao Internacional de
Informao e Documentao]
1-[Information Manpower Forecasting]
1-[mercado de trabalho]
1-[Mestrado em Biblioteconomia e
Documentao]
1-[mtodos quantitativos]
1-[organismos internacionais]
1-[pases industrializados]
1-[reviso de currculos]
2-[Departamento de Biblioteconomia]
2-[desenvolvimento de currculos]
3-[Cincia da Informao]
3-[pases em desenvolvimento]
3-[Universidade de Braslia]
2. Palavras reunidas por radicais,
dessinncias e flexes
1-1988
1-24
1-27
1-acelerado
1-adequada
1-afirmar-se
1-agora
1-agosto
1-ambientais
1-amplamente
1-and
1-anseios
1-aps
1-apresentada
1-s
1-aspectos
1-at
1-atual
1-atualizados
1-auspiciados
1-autonomia
1-autores
1-bases
1-cada
1-capacidade
1-caractersticas
1-caso
1-celebrado
1-cinco
1-Committee
1-como
1-Comparativamente
1-comunicao
1-conscincia
1-Conselho
1-consenso
1-contedos
1-convergncia
1-coordenou
1-corpo
1-criado
1-dentre
1-Dentro
1-Distrito
1-diz
1-docente
1-elaborar
1-elementos
1-eles
1-embora
1-encontrada/ encontram-se
1-Entretanto
1-especialistas
1-esperana
1-Espoo
1-Essenciais/essencial
1-exemplos
1-exigem
1-existe
1-experincia
1-falhas
1-fato
1-Federao
1-Federal
1-FID/ET
1-Finlndia
1-flexibilidade
1-Forecasting
1-forma
1-formao
1-forte
1-generalizado
1-geogrfica
1-geral
1-gerenciais
1-graduao
1-guiar
1-habilidades
1-hbitos
1-implementar
1-indexao
1-industrializados
1-influncia
1-informtica
1-introduzidas
1-juntos
1-lacunas
1-literatura
1-Manpower
1-mentalidades
1-mesma
1-Mestrado
1-mtodos
1-modificaes
1-mostravam
1-mudanas
1-objetivo
1-observada
1-on
1-Opinies
1-ou
1-outros
1-Paralelamente
1-patrocinado
ETAPA 3. Reunio das palavras por radicais, desinncias e flexes, contagem das respectivas freqncias de ocorrncia [Os nmeros esquerda
indicam a freqncia das palavras]
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
257
1-pelo
1-perfil
1-Poderia
1-Poderamos
1-por
1-possui
1-prticas
1-previsvel
1-princpios
1-problema
1-proposta
1-prprio
1-quantitativos
1-realizar
1-receita
1-recentemente
1-reciclagem
1-recuperao
1-referentes
1-representaria
1-resolv-lo
1-respeito
1-resultados
1-satisfazer
1-se
1-seja/sido
1-Seminar
1-sentimentos
1-seu
1-tais
1-tambm
1-tcnicas
1-telecomunicaes
1-tipo
1-significa
1-s
2- 2-determina/detrminados
2-rea/reas
2-acordo
2-artigo
2-curso
2-dados
2-demanda
2-detectar
2-devem/devidamente
2-estabelecer/estabeleceu
2-Documentao
2-Educao/Education
2-especficas/specficos
2-estruturas
2-Federal
2-grupo
2-mtodo
2-no
2-necessidade
2-normas
2-orientao
2-organismos
2-ps-graduao
2-Training/treinamento
2-uso/ utilizado
2-visando/visando/vistas
3-anos
3-ao/aos
3-Delfos
3-Departamento
3-escola
3-mercado
3-na/nas
3-professores
3-sobre
3-tendncia/tendncias
3-Universidade
4-dessas/desse/deste 3-aplicao
3-Braslia
3-Cincia
3-com
4-estudo/estudos
4-internacionais/internacional 4-nos
4-pases
4-trabalhassem/trabalho
5-alguma/algumas/alguns
6-foi/foram
6-no
6-novas
6-que
7-desenvolver/desenvolvimento
7-Informao/information
7-para
8-as
9-Biblioteconomia
10-a
10-curriculares/currculo/currculos
10-em
10-um/uma
11-dos
13-o/os
18-e
62-da/das/de/do
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
METRIAS DA INFORMAO: HISTRIA E TENDNCIAS
258
ETAPA 4. Ordenao dos dados para montagem do grfico
ETAPA 5. Montagem do grfico
0
20
40
60
80
100
120
140
160
0 2 4 6 8 10 12 14
FREQNCIA DAS PALAVRAS
P
O
S
I
O
D
A
S
P
A
L
A
V
R
A
S
N
A
R
E
L
A
O
O
R
D
E
N
A
D
A
Eixo X = ranking Eixo Y = freq.
1 142
2 62
3 33
4 18
5 15
6 13
7 11
8 9
9 8
10 7
11 6
12 1
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 10
259
Captulo 11
Rede Metodolgica Integrando Epistemologia, Organizao do Conhecimento, Bibliometria e
Tesauros: Concepo e Construo do Tesauro Brasileiro de Cincia da I nformao
1
Lena Vania Ribeiro Pinheiro
2
e Helena Dodd Ferrez
3
SUMRIO DO CAPTULO 11
Resumo do Captulo 11, p. 260
Como citar o Captulo 11, p. 260
1. INTRODUO DO CAPTULO 11, p. 260
2. UMA LONGA J ORNADA DE CONSTRUO DE ALICERCES_TERICOS_E_EMPRICOS_DE_UM_TESAURO, p. 262
2.1 Mapeamentos temticos da Cincia da_ Informao:_anlise_da_literatura_estrangeira_e_definio_de_categorias,
p. 263
2.2 Mapeamento temtico da Cincia da Cincia da Informao:_anlise_da_literatura_brasileira, p. 267
2.3 Classificao para pesquisa de Chaim_Zins, p.269
3. ANLISE COMPARATIVA COM OUTROS TESAUROS_E_CONSULTA_A_DICIONRIOS_E_ESPESCIALI STAS, p. 269
3.1 Teauro do IBICT, 1989, p. 270
3.2 Tesauro da ASIST, 2005, p. 271
4. ESTRUTURA DO TESAURO BRASILEI RO DE CINCIA_DA_INFORMAO,_2010, p. 271
5. DAS_PRIMEIRAS_REFLEXES_SOBRE_O_DESAFIO_DA_CONTRUO_DE_UM_TESAURO_BRASILEIRO_DE_CINCIA_DA_INFOR
MAO, p. 274
6. REFERNCIAS DO CAPTULO 11, p. 275
.........
1
Pesquisa realizada no mbito do projeto LABCOM- Laboratrio de Pesquisas em Comunicao Cientfica, financiado pela FI NEP- Financiadora de Estudos e Projetos
2
Doutora em Cincia daInformao, Instituto Brasileiro de Informao em Cincia e Tecnologia IBICT. Coordenadora do Projeto Tesauro Brasileiro de Cincia da Informao. CV
Lattes: http://lattes.cnpq.br/9613980184982976. E-mail: [email protected].
3
Mestre em Cincia da Informao, IBICT-UFRJ . bolsista DTI do I BICT, e primeira autora de um tesauro para museus. ( FERREZ, Helena D.; BIANCHI NI, Maria Helena S. Thesaurus
para acervos museolgicos. Rio de J aneiro: Fundao Nacional Pr-Memria, Coordenadoria Geral de Acervos Museolgicos, 1987. 2v.).
REDE METODOLGICA INTEGRANDO EPISTEMOLOGIA, ORGANIZAO DO CONHECIMENTO, BIBLIOMETRIA E TESAUROS
260
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 11
Resumo do Captulo 11
Descrio e anlise do processo de concepo e construo do Tesauro Brasileiro de Cincia da Informao, em verso trilingue (portugus, ingls e
espanhol) e nos formatos impresso e eletrnico, nos seus aspectos tericos e metodolgicos, em articulao da Epistemologia, Organizao do
Conhecimento e Bibliometria. A estrutura representa a constituio ou uma classificao da Cincia da Informao, com suas disciplinas e subdisciplinas,
e foi determinada por mapeamento temtico, baseado nas anlises de contedo da literatura brasileira e estrangeira da rea (ARIST e revista Cincia da
Informao, do IBICT) e bibliomtrica. A consolidao dos termos foi norteada pela anlise comparativa de tesauros estrangeiros e um brasileiro, e de
dicionrios especializados, fortalecida pela consulta a especialistas. O processo evolutivo e as transformaes terminolgicas so analisadas e
demonstram a complexidade, subjetividade e dinamismo do processo, pelas influncias de diferentes lnguas e culturas, representadas no discurso de
uma comunidade cientfica.
Palavras-chave: Tesauro Brasileiro de Cincia da Informao; Cincia da Informao; tesauros; metodologia; fundamentos; construo de tesauros
Abstract
Methodological network integrating epistemology, knowledge organization, bibliometrics and thesauri: Conception and building up of
the Brazilian Thesaurus of I nformation Science
Description and analysis of the conception and process of construction the Brazilian Thesaurus of Information Science in its theoretical and
methodological aspects. It was articulated by Epistemology, Knowledge Organization and Bibliometrics. It is a trilingual thesaurus (Portuguese, English,
and Spanish) that will be also published in electronic format. This structure represents an Information Science classification with disciplines and sub-
disciplines of the area, and it was defined through a theme mapping based on content and bibliometric analysis of Brazilian and foreign literature of the
field (ARIST and the journal Cincia da Informao). Terms consolidation was based in a comparative analysis of foreign and Brazilian thesauri and
specialized dictionaries as well as experts contributions. The evolutive process and the terminology changes analyzed show complexity, subjectivity and
dynamism of the process, as well as by the influence of different languages and cultures represented in a scientific communitys discourse.
KeyWords: Brazilian Thesaurus of Information Science; Information science; methodology; theoretical foundations; thesauri construction; thesauri
Como citar o Captulo 11
PINHEIRO, L.V.R.; FERREZ, H.D. Rede metodolgica entre epistemologia, organizao do conhecimento, bibliometria e tesauros: Concepo e
construo do Tesauro Brasileiro de Cincia da Informao. In: J aime Robredo; Marisa Brscher (Orgs.). Passeios no Bosque da Informao: Estudos
sobre Representao e Organizao da Informao e do Conhecimento. Braslia DF: IBICT, 2010, 334 p. ISBN: 978-85-7013-072-3. Captulo 10, p.
259-276. Edio comemorativa dos 10 anos do Grupo de Pesquisa EROIC; disponvel em: http://www.ibict.br/publicacoes/eroic.pdf. (ltima
atualizao: mai-jun 2011).
.........
REDE METODOLGICA INTEGRANDO EPISTEMOLOGIA, ORGANIZAO DO CONHECIMENTO, BIBLIOMETRIA E TESAUROS
261
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 11
1. INTRODUO DO CAPTULO 11
Se pensarmos nas transformaes que a Sociedade da Informao e do Conhecimento ocasionou pela introduo e disponibilidade das tecnologias
da informao e comunicao -TICs, especialmente a Internet, juntamente com o processo de globalizao que se iniciou pela economia e se expandiu
por todos os setores da vida, muitas dvidas nos cercam e os questionamentos so inevitveis.
Em reas como a Cincia da Informao, profundamente afetadas por estes novos cenrios e circunstncias histricas, polticas, culturais e sociais,
natural indagarmos sobre a permanncia ou validade, hoje, de alguns recursos, metodologias, servios e produtos de informao at ento existentes. O
prprio territrio da cincia, que desde a revoluo cientfica do sculo XVII vinha apresentando regularidade no seu desenvolvimento, conforme estudos
de Price (1976), mais recentemente passou por profundas transformaes, tanto que Boaventura de Sousa Santos (2002) chega a afirmar: [...] os
progressos cientficos dos ltimos trinta anos so de tal ordem dramticos que o sculos que nos precederam desde o sculo XVI, at o sculo XIX
no so mais do que uma pr-histria longnqua. Assim, questes brotam em torno da constituio ou configurao epistmica atual da Cincia da
Informao, ou especialmente sobre algumas metodologias, no caso, a Bibliometria:
Os princpios, teorias, metodologias e leis da Bibliometria ainda so vlidos atualmente? Qual o seu papel na Cincia da Informao
contempornea?
Como a Bibliometria, aplicada ao mapeamento temtico, pode contribuir para a Organizao do Conhecimento? E para tesauros?
A Bibliometria repousa nos fundamentos tericos da Comunicao Cientfica, cujos alicerces, por sua vez, se firmam na Histria da Cincia e nos
Estudos Sociais da Cincia, constituindo pilares das pesquisas da rea. Mais uma vez, o pensamento de Price (1976a, 1976b) norteia as questes
relativas ao carter cumulativo da cincia, expanso da comunidade cientfica, padres de produtividade cientfica, peridicos cientficos, seu crescimento
e importncia. Suas pesquisas continuam a ser a base do estudo e compreenso da Bibliometria, nas redes cientficas e sociotcnicas, por ele
denominadas cincia da cincia.
Nas relaes epistmicas no interior da Cincia da Informao, disciplinas ou subreas se interconectam, da mesma forma que esta rea com outros
campos da cincia, na sua to decantada interdisciplinaridade, questo estudada em pesquisas tericas e empricas de uma das autoras deste trabalho
(PINHEIRO, 1995, 1997, 1998, 2005, 2006, 2007, 2009), o que justifica a incidncia de autocitaes no presente texto. A partir da, uma rede
metodolgica foi tecida e o tesauro em Cincia da Informao foi sendo estruturado e se desenvolveu, numa trajetria de quase 20 anos.
O objetivo desta pesquisa descrever e analisar as etapas tericas e metodolgicas da construo do Tesauro Brasileiro de Cincia da Informao,
que fundamentaram a definio de sua estrutura e termos, na busca de um instrumento que refletisse a configurao atual da rea na Sociedade da
Informao e do Conhecimento.
Adotamos neste trabalho a definio de tesauro como um conjunto de termos semntica e genericamente relacionados, cobrindo uma rea
especfica do conhecimento. um instrumento da indexao/recuperao de informao (GOMES, 1996). A sua elaborao tanto visou a construir a
estrutura disciplinar da Cincia da Informao, numa classificao que representasse a sua constituio epistmica, com as respectivas disciplinas ou
subreas e seus desdobramentos em temas ou assuntos, quanto servir de instrumento para indexao e recuperao da informao. Sobre as relaes
entre tesauros, classificao e terminologia GOMES (1996), especialista brasileira que h longos anos estuda estas questes, afirma que h
caractersticas comuns entre terminologia e tesauro, ou seja, ambos lidam com termos de uma rea especfica. Mas Terminologia - assim, com T
maisculo para designar a rea de estudo.... Na elaborao do Tesauro Brasileiro de Cincia da Informao, ao ser tomada como base estrutural uma
classificao de Cincia da Informao, assumimos que a caracterstica comum entre tesauros e terminologias que so ambos sistemas de
classificao(GOMES,1996).
REDE METODOLGICA INTEGRANDO EPISTEMOLOGIA, ORGANIZAO DO CONHECIMENTO, BIBLIOMETRIA E TESAUROS
262
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 11
Nos procedimentos metodolgicos para elaborao do Tesauro Brasileiro de Cincia da Informao o recurso foi o mapeamento temtico, por meio
da anlise da literatura e da Bibliometria para chegar s categorias e classificao, esta inicialmente desenvolvida para a pesquisa de Chaim Zins
(2004-2005) e posteriormente disseminada em artigos (2007), e da qual participou a coordenadora do projeto do tesauro e uma das autoras deste
trabalho, Lena Vania Pinheiro, conforme ser explicitado no tpico 2.3.
Na base de desenvolvimento do tesauro foram adotadas pesquisas tericas de enfoque epistemolgico, na linha da epistemologia histrica, corrente
liderada por Bachelard, cuja finalidade a descoberta da gnese, da estrutura e do funcionamento dos acontecimentos cientficos e o delineamento das
relaes susceptveis de existir entre a cincia e a sociedade, entre a cincia e as diversas instituies cientficas ou entre as diversas cincias, na
construo de uma epistemologia para a produo dos conhecimentos sob todos os aspectos - lgico, ideolgico, histrico (J APIASSU, 1977).
Na Bibliometria adotamos a definio clssica de Pritchard (1969): todos os estudos que buscam quantificar os processos de comunicao escrita
ou a aplicao de mtodos matemticos para livros e outros meios de comunicao.
O estudo de estruturas de tesauros nacionais e estrangeiros, a coleta de termos e a anlise comparativa da terminologia e de aspectos de
traduo, no seu processo evolutivo no tempo, complementaram a metodologia hbrida que deu forma e contedo ao tesauro. A atividade relativa
traduo e equivalncias terminolgicas foi das mais complexas, uma vez que o tesauro apresenta os termos em trs lnguas - portugus, ingls e
espanhol e foi permanente, pois perpassou todas as fases de elaborao do tesauro.
importante ressaltar que embora no IBICT- Instituto Brasileiro de Informao em Cincia e Tecnologia tenham sido empreendidos esforos para a
elaborao de tesauros, o que foi construdo e finalizado, em 1989, no chegou a ser publicado e circulou de forma restrita.
2. UMA LONGA J ORNADA DE CONSTRUO DE ALICERCES TERICOS E EMPRICOS DE UM TESAURO
A concepo do Tesauro Brasileiro de Cincia da Informao foi, conforme j explicitado, iniciada h muito tempo atrs, num longo exerccio terico
e emprico que embasou a metodologia hbrida e moldou a sua configurao e contedos atuais.
As inquietaes tericas comearam na dissertao de mestrado de Pinheiro, em 1982, tendo por tema a Lei de Bradford, e se estenderam ao
doutorado, iniciado em 1991. Durante a pesquisa-tese (PINHEIRO,1997) foi pensada a primeira demarcao epistemolgica da Cincia da Informao,
ilustrada por uma espcie de mandala, publicada em artigo de Pinheiro e Loureiro (1995), cujo ttulo traduz os propsitos dos autores: Traados e limites
da Cincia da Informao. A figura representava a Cincia da Informao, tal como constituda no Programa de Ps-Graduao em Cincia da
Informao (IBICT-UFRJ - Universidade Federal do Rio de J aneiro), com suas respectivas disciplinas ou subreas, num exerccio de identificao de reas
interdisciplinares em cada uma dessas disciplinas, no que Saracevic (1999) denomina mapeamento de rea. Os autores reconheciam e chamavam a
ateno de que esta viso representava um Curso de Ps-Graduao, num determinado momento, no Brasil e, portanto, poderia no corresponder a um
escopo mais amplo da Cincia da Informao no mundo. As disciplinas ou subreas identificadas nesse estudo (PINHEIRO e LOUREIRO,1995), num total
de doze, foram as seguintes:
Administrao de Sistemas de Informao; Epistemologia da Cincia da Informao;
Automao; Estudos de Usurios;
Bibliometria; Informao , Cultura e Sociedade;
Comunicao Cientfica e Tecnolgica; Redes e Sistemas de Informao;
Divulgao Cientfica; Representao da Informao;
Economia da Informao; Sistemas de Recuperao da Informao.
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263
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 11
As pesquisas sobre o domnio epistemolgico e a interdisciplinaridade da Cincia da Informao que se seguiram (PINHEIRO,1997, 1998, 2005,
2006,2007, 2009) foram fortalecidas por pesquisa emprica de mapeamento temtico da rea no exterior, tendo por fonte o ARIST Annual Review of
Information Science and Technology e recorrendo Bibliometria, o que ser abordado no prximo tpico.
2.1 Mapeamentos temticos da Cincia da Informao: anlise da literatura estrangeira e definio de categorias
O mapeamento de literatura uma das trs mais importantes idias na rea, nascida da explorao dos ndices de citao, nos anos 60, de
acordo com Saracevic (1999). Segundo o autor, a estrutura da Cincia da informao constituda por um grande quadro composto, como em qualquer
rea, por diferentes e mais amplas disciplinas e subdisciplinas de pesquisa e prtica. Este pesquisador recorre metfora scio-geogrfica para
descrever a Cincia da Informao, afirmando que como todas as coisas que se voltam para fora, a Cincia da Informao parece mais com a Austrlia -
acentuadamente desenvolvida na costa (fronteiras), mas com esparsa delimitao e ocupao interior (SARACEVIC, 1999).
Na tese de doutorado de Pinheiro (1997) foi delineado um mapa epistemolgico, desta vez utilizando mtodos bibliomtricos e o ARIST como fonte,
conforme mencionado. O perodo coberto foi de 1966 a 1995, portanto, 30 anos, e a anlise totalizou 307 artigos de reviso, em 30 volumes.
Posteriormente, Pinheiro (1997, 1988, 2002, 2006) atualizou a sua pesquisa e cobriu o perodo de 1996 a 2004, mais nove (9) anos e 81 artigos de
reviso. O quadro a seguir rene os dados gerais das duas pesquisas.
Quadro 1: Mapeamento temtico da Cincia da Informao
Fonte/ material de pesquisa Perodo N
o
Artigos de reviso
ARIST 1966-1995 307
ARIST 1996-004 81
Total 38 anos 388
O ARIST foi escolhido como fonte da pesquisa por sua legitimidade na rea, pelos seus editores, nomes respeitados como Martha Williams e Carlos
Cuadra, posteriormente Blaise Cronin, e autores do mesmo quilate intelectual, em geral convidados, e pela entidade editora, inicialmente a ADI -
American Documentation Institute, depois denominada ASIS - American Society for Information Science e finalmente ASIST - American Society for
Information Science and Technology. Por outro lado, o contedo de artigos de reviso que tambm de certa forma efetuam o mapeamento de questes
e assuntos de uma rea, num determinado perodo, so adequados ao carter da pesquisa que estava sendo empreendida, por propiciarem uma viso
mais completa e integrada de um campo do conhecimento.
Neste ano foi anunciado que o ARIST, a partir de 2011 no ser mais publicado em papel e que as revises de literatura sero mais concisas e
includas no J ASIS - J ournal of American Society for Information Science and Technology. Sobre o ARIST e sua origem editorial, que poderia refletir uma
concepo norte-americana e, portanto, parcial da Cincia da Informao, oportuno introduzir o pensamento de Saracevic (1992), para quem a rea
tem natureza internacional, uma vez que a justificativa bsica e conceitos so os mesmos globalmente, embora em cada pas as prioridades no seu
desenvolvimento e evoluo possam ser diferentes.
Assim sendo, independente da possvel limitao do ARIST, da qual, alis, qualquer fonte no escaparia, este aspecto no chega a atingir a sua
relevncia e representatividade na rea, inclusive como fonte ou material de pesquisa, o que pode ser constatado pela manifestao de tericos como o
dinamarqus Birger Hjorland (J ASIS, May, 2000) que o considera ... a mais importante fonte de estados da arte na Cincia da Informao ou Laurence
P. Heilprin (J ASIS, J uly, 1988), para quem o ARIST ocupa um lugar nico e impar (apud ARIST http://www.asis.org/Publications/ARIST/).
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SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 11
No primeiro mapeamento temtico, cobrindo o perodo 1966-1995, Pinheiro (1997) apresentou os resultados, alcanados aps a leitura e anlise de
contedo dos artigos de reviso, o que incluiu os ttulos, os resumos, objetivos e o texto completo, este ltimo quando necessrio, para que fossem
definidos os temas, orientados por uma concepo de rea na sua constituio disciplinar, epistemolgica, e no de assuntos. Naturalmente, este
exerccio marcado por seus propsitos e subjetividade, uma vez que a definio de temas foi mais ampla (macro) e no especfica, detalhada (micro).
Alm disso, numa deciso metodolgica necessria tese, no foram includos os temas com freqncia abaixo de oito (8), muito dispersos e que
corresponderiam zona de baixa frequncia, embora pudessem representar novos temas eclodindo na Cincia da Informao.
O resultado deste primeiro mapeamento temtico mostrado no Quadro 2.
Q Qu ua ad dr ro o 2 2. . T Te em ma as s d de e a ar rt ti ig go os s d de e r re ev vi is s o o d do o A AR RI I S ST T, , 1 19 96 66 6- -1 19 99 95 5, , p po or r o or rd de em m d de e f fr re eq q n nc ci ia a
Tema/ Assunto Artigos de reviso
n
o
absoluto
%
1. Sistemas de informao 43 14
2. Tecnologia da informao 28 9,12
3. Disseminao da informao 27 8,79
4. Polticas de informao 23 7,49
5. Necessidades e usos de informao 22 7,16
6. Sistemas de recuperao da informao 20 6,51
7. Computadores e programas 19 6,18
8. Representao da informao 16 5,21
9. Automao de bibliotecas 15 4,88
10.Redes de informao 14 4,56
11.Formao e aspectos profissionais 14 4,56
12.Bases de dados 13 4,23
13.Organizao e processamento da informao 13 4,23
14.Administrao da informao 12 3,90
15.Teoria da Cincia da informao 11 3,58
16.Processamento automtico de linguagem 9 2,93
17.Economia da informao 8 2,60
Total 307 99,93
Fonte: Pinheiro, Lena Vania Ribeiro. A Cincia da Informao entre sombra e luz... (1997)
As questes terminolgicas so importantes e o Quadro j enseja algumas observaes que ficam mais claras no Quadro 3, com o surgimento de
novas questes, como uma mudana de terminologia e at de enfoque, conforme veremos a seguir. A primeira observao sobre Pinheiro (1997), que
deixa de denominar temas e passa a adotar disciplinas, mais expressiva considerando seus propsitos e enfoque, a fim de enfatizar o carter
epistemolgico do mapeamento, de constituio disciplinar da rea, o que na tese foi chamado domnio epistemolgico.
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265
.SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 11
Q Qu ua ad dr ro o 3 3: : D Di is sc ci ip pl li in na as s s se eg gu un nd do o a ar rt ti ig go os s d de e r re ev vi is s o o d do o A AR RI I S S
p po or r o or rd de em m d de e f fr re eq q n nc ci ia a. . 1 19 99 96 6- -2 20 00 04 4 * *
>>>>
D Di is sc ci ip pl li in na as s N
o
%
1. Sistemas de recuperao da informao 15 18,51
2. Representao da informao 9 11,11
3. Tecnologia da informao 8 9,87
4. Sistemas de informao 6 7,40
5. Bibliometria 6 7,40
6. Inteligncia competitiva e Gesto do conhecimento 5 6,17
7. Minerao de dados (data mining) 5 6,17
8. Poltica de informao 5 6,17
9. Teoria da Cincia da Informao 5 6,17
10. Comunicao cientfica eletrnica 3 3,70
11. Necessidades e usos da informao 3 3,70
12. Administrao de informao 2 2.50
13. Bibliotecas digitais 2 2,50
14. Economia da informao 2 2.50
15. Formao e aspectos profissionais 2 2.50
16. Processamento automtico de linguagem 2 2.50
17 Bases de dados 1 1,23
Total 81
Fonte: Pinheiro, Lena Vania R. Cincia da Informao: questes sobre formao,
ensino e pesquisa (coluna). 2002
* Os dados dos anos de 2003 e 2004 foram extrados dos print preview do ARIST,
disponveis na Internet em 2002, data da publicao.
A primeira observao sobre Pinheiro (1997), que deixa de denominar temas e passa a adotar disciplinas, mais expressiva considerando seus
propsitos e enfoque, a fim de enfatizar o carter epistemolgico do mapeamento, de constituio disciplinar da rea, o que na tese foi chamado
domnio epistemolgico.
A excluso de artigos de reviso sobre computadores e programas, que deixam de ser apresentados, indicadora de que este assunto, que enfatizava a
mquina pela mquina, como fim, o recolocou no seu devido lugar, de meio, de instrumento, melhor exemplificado por minerao de dados, ao
mostrar exatamente esta funo.
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SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 11
Inversamente, constatada a incluso de novas disciplinas como Inteligncia competitiva e Gesto do conhecimento, Minerao de dados (data
mining) e Bibliotecas Digitais, emergentes e impulsionadas pela globalizao e tecnologias da informao e comunicao -TICs, particularmente a
Internet/Web, que marcam a nova era da Sociedade da Informao e do Conhecimento.
A insero de Inteligncia Competitiva e Gesto do Conhecimento, juntos, no significa que sejam sinnimos, embora profundamente
interdisciplinares, tanto que nessa ocasio no foram estabelecidas distines. Posteriormente estas disciplinas foram objeto de um captulo de
coletnea, intitulado Inteligncia competitiva como disciplina da Cincia da Informao e sua trajetria e evoluo no Brasil (PINHEIRO, 2005). Neste
texto, no tpico especfico sobre questes conceituais e evoluo terminolgica so expostas as variaes terminolgicas em diferentes pases, bem
como sua evoluo. Como no objetivo deste trabalho, neste momento, discutir a distino entre as duas disciplinas, citamos os conceitos sintetizados
por Canongia e colaboradores (2004 apud Pinheiro, 2005): ...a Gesto do Conhecimento promove a codificao e a circulao do conhecimento
internamente, enquanto a Inteligncia Competitiva fornece meios para adquirir conhecimento sobre o ambiente externo, conhecimento esse que pode
ser, em grande parte, introduzido na rede interna de circulao.
Quanto s Bibliotecas Digitais, tambm h controvrsias conceituais em relao a outros termos similares, sobretudo bibliotecas virtuais, e ainda no
foi atingida a consolidao conceitual.
Uma srie de anlises sobre questes terminolgicas e de traduo foram naturalmente sendo efetivadas, mesmo antes do projeto do tesauro ser
pensado ou iniciado, fundamentais para sedimentar o seu terreno semntico. A Administrao da Informao, por exemplo, foi gradativamente
substituda por Gesto da Informao e posteriormente ampliada por Gesto do Conhecimento, disciplina cuja denominao tem sido muito questionada,
inclusive por uma das autoras deste trabalho: Gesto do conhecimento um conceito incompleto e incorreto, no primeiro caso porque trata de gesto
do conhecimento nas (e das) organizaes e, no segundo, porque informao no sinnimo de conhecimento e o correto, portanto, seria gesto da
informao nas organizaes ou empresas ( PINHEIRO, 2002).
No pode deixar de ser explicada a presena, somente no segundo levantamento (1996-2004), da Bibliometria, cuja existncia data do incio do
sculo 20, por motivo do corte ter sido na frequncia 8 (oito), conforme mencionado, e a Bibliometria ter obtido freqncia 2 (dois), no primeiro
mapeamento (1966-1995). Cabe explicitar, ainda, que o termo adotado no ARIST foi mantido na pesquisa, de Bibliometria, primeiro e mais antigo,
mesmo com a introduo dos novos termos Informetria e Webmetria, alm de outras mtricas, como Cientometria. Tal como na interdisciplinaridade,
aqui temos tambm uma famlia de termos, neste caso, unidos pelo sufixo metrias, sobre cuja genealogia no h consenso qual o termo mais
abrangente, para alguns autores Cientometria, para outros Informetria.
Ao final dos resultados empricos, Pinheiro (1997) criou categorias que pudessem reunir disciplinas ou temas por sua natureza, no aprofundadas na
tese, mas essenciais para a concepo da estrutura do tesauro e que foram desenvolvidas e desmembradas quando participou da pesquisa de Zins
(2004-2005), a ser abordada no tpico 2.3, e construiu uma classificao para a Cincia da Informao:
disciplinas estruturais;
disciplinas de representao ou instrumentais ;
disciplinas gerenciais ;
disciplinas tecnolgicas ; e
disciplinas scio-culturais ou de transferncia da informao.
Nas disciplinas estruturais seriam includas a Teoria e Epistemologia da Cincia da Informao, a Bibliometria, ensino e pesquisa em Cincia da
Informao e as diversas teorias como a da informao, a teoria geral de sistemas e assim por diante.
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SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 11
Corresponderiam s disciplinas de representao, as relativas descrio, classificao e indexao, metodologias de tesauros e vocabulrios
controlados, normas e padres nacionais e internacionais de intercmbio da informao, entre outras.
Como disciplinas gerenciais Pinheiro (1997) destacou: administrao de redes e sistemas de informao, organizao e processamento da
informao, gesto da informao, economia da informao, sistemas gerenciais de informao (MIS).
As disciplinas tecnolgicas abrangeriam automao, sistemas de informao, redes de comunicao e informao, tecnologia de informao,
produo e acesso a bancos e bases de dados, sistemas de recuperao da informao.
E, finalmente, entre as disciplinas scio-culturais ou de transferncia da informao seriam consideradas: necessidades e usos de informao,
comunicao cientfica, tecnolgica, artstica e cultural, poltica de informao, divulgao cientfica e disseminao da informao. (PINHEIRO,1997)
Na elaborao do tesauro esses temas ou disciplinas foram aglutinados em categorias mais amplas, e em dois casos foram desmembradas, o que
ser detalhado no tem 4.
Na sequncia de pesquisas empricas descritas e analisadas foi empreendido um estudo similar sobre a produo cientfica brasileira da rea e, neste
caso, utilizando como fonte um peridico nacional, objeto do prximo tpico.
2.2 Mapeamento temtico da Cincia da Informao: anlise da literatura brasileira
Aps os mapeamentos da literatura estrangeira, quase que se imps a replicao da pesquisa voltada produo cientfica nacional. A fonte
escolhida foi o peridico Cincia da Informao, entre outros publicados no Brasil, considerando a sua legitimidade, apoiada nos seguintes aspectos: a
instituio editora, o IBICT, a sua existncia desde 1972, sem interrupes, e o seu carter cientfico assegurado pelo comit editorial, editor cientfico e
avaliadores, incumbidos do processo de avaliao dos artigos submetidos publicao na revista.
Este mapeamento ocorreu como parte de pesquisa apoiada pelo CNPq
4
e foi publicado no artigo Cincia da Informao: 32 anos (1972-2004) no
caminho da histria e horizontes de um peridico cientfico brasileiro (PINHEIRO; BRASCHER; BURNIER, 2005). Os resultados so mostrados no
Quadro 4, a seguir.
Da mesma forma que o mapeamento no ARIST foi desenvolvido em duas etapas, o que possibilitou visualizar o movimento das disciplinas no tempo,
o da revista Cincia da Informao foi distribudo por dcadas e ambos abrangeram um perodo suficientemente longo, permitindo um acompanhamento
e inferncias devidamente respaldados.
Os temas/disciplinas praticamente se repetem, tanto na literatura estrangeira quanto na brasileira. Numa anlise ampla dos resultados, podemos
ratificar as afirmativas de Saracevic (1999) j mencionadas, de que na Cincia da Informao, embora internacional, h prioridades que diferem em
cada regio ou pas. Assim que, enquanto nos resultados do ARIST predominam as preocupaes tecnolgicas, no Brasil a nfase est nos estudos
tericos, sociais e polticos, fruto das necessidades de pases em desenvolvimento, em todos esses aspectos.
Por outro lado, certos resultados esto relacionados ps-graduao do IBICT como, por exemplo, o alto ndice de artigos sobre Bibliometria, uma
vez que esta foi uma questo muito estudada desde o incio do mestrado, em 1970, pela introduo dessa disciplina por Saracevic, professor do Curso e
orientador das primeiras dissertaes, juntamente com outros professores estrangeiros, como F. Wilfrid Lancaster (PINHEIRO; BRASCHER; BURNIER,
2005 c).
,,,,
4
PINHEIRO, Lena Vania Ribeiro. A Cincia da Informao no Brasil: historiografia de uma rea do conhecimento contempornea no cenrio nacional. Rio de J aneiro:CNPq,2002-
2005,2006-2009.
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SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 11
Quadro 4.- Freqncia de temas de artigos da Cincia da Informao distribudos por dcadas
Temas 1972-79 % 1980-89 % 1990-99 % 2000-04 % Total %
1. Teoria da Cincia da Informao 4 4,65 8 7,33 23 9,2 14 9,45 49 8,26
2. Bibliometria 18 20,93 11 10,09 14 5,6 5 3,37 48 8,09
3. Representao da informao 8 9,3 9 8,25 15 6 14 9,45 46 7,75
4. Polticas de informao 3 3,48 11 10,09 12 4,8 17 11,48 43 7,25
5.Necessidades e usos de informao 6 6,97 9 9 8,25 16 6,4 11 7,43 42 7,08
6. Gesto da informao 2 2,32 7 6,42 25 10 7 4,72 41 6,91
7. Comunicao cientfica 7 8,13 10 9,17 12 4,8 10 6,75 39 6,57
8.Tecnologias da informao - 1 0,91 18 7,2 18 12,16 37 6,23
9. Formao e aspectos profissionais 6 6,97 9 8,25 15 6 4 2,7 34 5,73
10. Sistemas e redes de informao 6 6,97 6 5,5 17 6,8 3 2,02 32 5,39
11. Disseminao da informao 4 4,65 7 6,42 16 6,4 4 2,7 31 5,22
12. Sistema de recuperao da informao 4 4,65 2 1,83 6 2,4 9 6,08 21 3,54
13. Bibliotecas virtuais / digitais - - - 6 2,4 11 7,43 17 2,86
14. Inteligncia competitiva - - - 8 3,2 5 3,37 13 2,19
15. Poltica de Cincia e Tecnologia - 3 2,75 7 2,8 2 1,35 12 2,02
16. Bases de dados 3 3,48 4 3,66 2 0,8 2 1,35 11 1,85
17. Organizao e processamento da informao 6 6,97 1 0,91 1 0,4 2 1,35 10 1,68
18. Economia da informao - 2 1,83 5 2 2 1,35 9 1,51
19. Biblioteconomia/Bibliotecas/Livros 2 2,32 3 2,75 - - 2 1,35 7 1,18
20. Arquivologia - - - 6 2,4 - 6 1,01
21. Processamento automtico da linguagem 1 1,16 1 0,91 4 1,6 - 6 1,01
22. Automao de biblioteca 2 2,32 1 0,91 2 0,8 1 0,67 6 1,01
23. Divulgao cientfica - - 1 0,91 2 0,8 1 0,67 4 0,67
24. Cincia e Tecnologia - - - - 3 1,2 - 3 0,5
25. Gesto do conhecimento - - - - - - 3 2,02 3 0,5
26. Poltica editorial 2 2,32 1 0,91 - - - 3 0,5
27. Sistemas especialistas - - - - 2 0,8 - - 2 0,33
28. Comunicao social - - - - 2 0,8 - - 2 0,33
29. Imprensa - - - - 2 0,8 - - 2 0,33
30. Lingstica - - - - 2 0,8 - - 2 0,33
31. Tecnologias - - - - 2 0,8 - - 2 0,33
Temas com freqncia 1 no somatrio geral 2 2,32 2 1,83 5 2 1 0,67 10 1,68
Total 86 100 109 100 250 100 148 100 593 100
............ Fonte: Pinheiro, Brascher, Burnier (2005)
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,,SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 11
Diferentemente dos resultados do ARIST, nos quais aparecem juntos Gesto do Conhecimento e Inteligncia Competitiva, aqui assumida a sua
identidade disciplinar, por nessa ocasio j haver, no Brasil conhecimento e experincia, principalmente em decorrncia dos Cursos de Especializao
em Inteligncia Competitiva e dos Workshops Brasileiros de Inteligncia Competitiva e Gesto do Conhecimento, realizados desde os meados da dcada
de 1990 e geradores de pesquisas nessas subreas. (PINHEIRO, 2005 a ).
Outra particularidade brasileira percebida a presena da Divulgao Cientfica, que no consta nos resultados do exterior. No Brasil,
especificamente no PPGCI- Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao, do IBICT-UFRJ pode ter sido consequncia de um desdobramento
ou extenso da disciplina Comunicao Cientfica, alm da presena de mestrandos e doutorando oriundos da Comunicao. Alm desta, a insero da
Biblioteconomia e da Arquivologia, campos interdisciplinares Cincia da Informao, ausentes no mapeamento do exterior, o que pode ter sido
ocasionado pela no existncia, em nosso Pas, de mestrados e doutorados especficos nessas reas e a procura e o acolhimento natural em programas
de ps-graduao em Cincia da Informao, de alunos com formao nesses dois campos do conhecimento.
Algumas mudanas terminolgicas tambm aparecem, como a adoo de gesto (Gesto da Informao), no lugar de administrao. Inversamente,
foi mantida a Representao da Informao, quando a Organizao do Conhecimento j galgava seu status disciplinar e reunia uma mescla ou
emaranhado terminolgico, difcil de separar e tratar autonomamente, o que foi sentido em algumas das categorias do tesauro e exigiu muitas leituras
discusses.
Nesse sentido, a consulta a tesauros e dicionrios, no caso, os selecionados para a pesquisa, foram essenciais diante dos impasses e necessrias
decises, bem como a discusso com especialistas. Esta parte do processo de elaborao do tesauro descrita no tpico 3.
2.3 Classificao para pesquisa de Chaim Zins
Em 2004, Chaim Zins, da University of Haifa, em J erusalm, iniciou uma pesquisa denominada knowledge map of information science: issues,
principles, implications, com a participao de uma das autoras deste trabalho, Pinheiro, selecionada entre os trs brasileiros e mais de 40
pesquisadores da comunidade acadmica da rea, de diferentes pases, para responder a um questionrio, aplicado em trs etapas,como parte da
tcnica adotada nessa investigao, a crtica Delphi (ZINS, 2005).
A pesquisa empreendida por Zins teve como um dos objetivos clarificar as diferentes concepes de Cincia da Informao e abrangeu os
principais conceitos - dado, informao conhecimento, cincia da Informao - tambm estudados por Pinheiro (1997). O pesquisador visava, ainda, a
desenvolver um mapa do conhecimento amplo, sistemtico e cientificamente vlido do domnio do conhecimento da Cincia da Informao e [...]
fundamentar este mapa em slidas bases tericas (ZINS, 2007 a,b). O objetivo semelhante ao de Pinheiro na sua tese (1997), na qual pretendia
identificar as disciplinas formadoras da Cincia da Informao, no traado do domnio epistemolgico, com o delineamento de suas internalidades e
externalidades, citada anteriormente.
Na etapa final da pesquisa, Zins solicitou aos participantes que elaborassem uma classificao da rea, o que levou Pinheiro retomada das
grandes categorias definidas em sua tese e descritas no tpico 2.1.
Como resultado da participao nessa pesquisa, foi possvel ampliar o nmero de disciplinas includas em cada categoria, no ultrapassando trs
nveis hierrquicos. Num exerccio da decorrente, as disciplinas estruturais foram reunidas em Fundamentos da Cincia da Informao; as instrumentais
passaram a ser representadas por Organizao e Processamento da Informao; as disciplinas gerenciais ganharam o nome de Gesto da Informao;
as tecnolgicas foram agrupadas pelas Tecnologias da Informao; e as disciplinas scio-culturais ficaram identificadas por Transferncia da Informao.
,,,,,
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SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 11
3. ANALISE COMPARATIVA COM OUTROS TESAUROS E CONSULTA A DICIONRIOS E ESPECIALISTAS
Conforme mencionado no incio deste trabalho, no IBICT (1989) foi elaborado um tesauro, em verso preliminar e no publicado, que foi um dos
consultados para a construo do atual, alm do tesauro da ASIST (2005) e o latinoamericano (1999). Portanto, para esta fase de coleta de termos e
anlise comparativa foram selecionados trs tesauros, um brasileiro e dois estrangeiros (um norte-americano e outro latino-americano) e dois
dicionrios, um brasileiro e outro americano.
Os tesauros foram os seguintes:
INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAO EM CINCIA E TECNOLOGIA. Tesauro de cincia da informao: verso preliminar. Braslia :
IBICT, 1989. 1 v.;
NAUMIS PEA, Catalina et al. Tesauro lationamericano en cincia bibliotecolgica y de la informacin (TELACIBIN). Mxico : Universidad
Nacional Autnoma de Mxico, 1999. 307 p.
5
;
REDMOND-NEAL, Alice ; HLAVA, Marjorie M.K. (Org.) ASIS&T thesaurus of information science, technology and librarianship. 3. ed.
Medford, N.J : publicado para American Society for Information Science and Technology pela Information Today, Inc., c2005. 255 p.
Os dicionrios brasileiro e o norte-americano, este online, so:
CUNHA, Murilo Bastos da ; CAVALCANTI, Cordlia Robalinho de Oliveira. Dicionrio de biblioteconomia e arquivologia. Braslia : Briquet de
Lemos / Livros, 2008. 451 p.;
REITZ, J oan M. ODLIS: online dictionary for library and information science. Danbury : Western Connecticut State University, 1994-
Disponvel em: http://lu.com/odlis/ .
oportuno ressaltar que estas fontes, tal como as pesquisas empricas, cobrem um perodo de tempo longo, que vai desde o tesauro brasileiro, de
1989, ao dicionrio brasileiro de 2008, quase 20 anos.
Para compreenso dos diferenciados enfoques dos tesauros adotados como fonte e o tesauro em construo, fundamental reproduzir as
respectivas estruturas.
3.1 Tesauro do IBICT, 1989
O Tesauro de Cincia da Informao do IBICT, na verso preliminar, mantida at hoje, composto por sete (7) categorias, relacionadas a seguir.
A - INFORMAO: aspectos histricos, tericos, sociais, legais e filosficos relacionados informao, disciplinas e tipos de informao.
B - DOCUMENTO: todo tipo de registro da informao apresentada em qualquer suporte impresso, visual, auditivo, tctil, eletrnico, magntico,
etc.
C - UNIDADE DE INFORMAO: instituies voltadas para a aquisio, processamento, armazenamento e disseminao de informaes.
D - PLANEJ AMENTO, ORGANIZAO E ADMINISTRAO DE UNIDADES DE INFORMAO: atividades relacionadas com a concepo e
funcionamento de unidades de informao.
E - PROCESSOS E SERVIOS DE INFORMAO: atividades de armazenamento, tratamento e recuperao da informao e os servios originados
desses processos envolvendo instrumentos e tcnicas utilizados.
F - TRANSFERNCIA E USO DA INFORMAO: aspectos relacionados ao estudo do fenmeno da comunicao da informao desde sua gerao
sua utilizao.
5
Este tesauro foi gentilmente doado pelo Prof. Ulf Baranov, como contribuio ao tesauro.
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271
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 11
G - PROFISSO: aspectos relacionados ao ensino, formao, treinamento, tica e atuao do profissional de informao.
Embora com enfoque diferente no estabelecimento da estrutura, h coincidncia de algumas categorias como a de informao e de
transferncia e uso da informao, e naturalmente esto ausentes algumas questes surgidas a partir da dcada de 1990, como gesto da
informao estratgica.
3.2 Tesauro da ASIST, 2005
O tesauro da ASIST foi publicado em primeira edio no ano de 1994 e a verso utilizada a terceira, de 2005. Logo que foi lanado, este tesauro
podia ser acessado pela Internet, mas posteriormente a ASIST deixou de disponibilizar a verso eletrnica.
O tesauro apresenta a seguinte estrutura bsica, com suas respectivas categorias (Thesaurus headings):
PEOPLE AND ORGANIZATIONS
o (organizations)
o (persons and informal groups)
o (product and service providers)
ACTIONS, EVENTS, AND PROCESSES
o (activities and operations)
o (natural processes and events)
PHYSICAL OBJ ECTS
o (buildings and facilities)
o (communications networks)
o (hardware, software, and equipment)
o (physical media)
THEORETICAL CONCEPTS AND INFLUENCES ON INFORMATION
o (attributes)
o (fields and disciplines)
o (language)
o (sociocultural aspects)
INFORMATION, INFORMATION DELIVERY FORMATS AND CHANNELS
o (communications media)
o (document types)
o (knowledge and information)
METHODS OF STUDY
o (research and analytic methods)
GEOGRAPHIC INFORMATION
o (countries and regions)
...............
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272
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 11
A mesma observao feita em relao ao tesauro brasileiro do IBICT, de 1989, aqui se impe, de abordagem distinta tambm do tesauro americano
da ASIST, na concepo e, consequentemente, de aglutinao dos assuntos, embora sempre apaream pontos de convergncia com o tesauro brasileiro
objeto deste trabalho.
Esta anlise foi essencial para percepo das mutaes de um termo no tempo, o desmembramento ou fuso de questes, alm de peculiaridades
de traduo. Nesse sentido, por ser um tesauro trilingue, foi possvel aprofundar as razes de enfoques distintos e tradues especficas para um mesmo
termo, o que reflete mais do que um problema de traduo, de cultura e de prioridades e peculiaridades do desenvolvimento da rea num determinado
pas.
Simultaneamente a estas atividades, concretizadas durante a elaborao do tesauro, por categorias, foram consultados professores,
pesquisadores e profissionais de informao, alguns acompanhando o processo como um todo, como Gilda Maria Braga (IBICT), Hagar Espanha Gomes,
hoje consultora independente, e Marisa Brascher (Universidade de Braslia/UnB e IBICT), responsvel tambm pelo treinamento da equipe do tesauro no
software adotado, o MultiTes. Outros professores contriburam na sua respectiva rea de pesquisa, como Kira Tarapanoff (UnB), Maria Nlida Gonzlez
de Gomez e Rosali Fernandez de Souza, ambas do IBICT. A construo do tesauro contou, ainda, com a participao de especialistas em determinadas
questes, como em diretos autorais e propriedade intelectual (J aury Nepomuceno de Oliveira
6
) e em tecnologias de informao e comunicao TICs,
Linair Maria Campos
7
, alm de Sonia Burnier, bibliotecria do IBICT, que participou em diferentes momentos da construo do tesauro. O MultiTes um
software para a construo e publicao de tesauros, desenvolvido e aprimorado pela companhia norte-americana Multisystems, desde 1983. Este
programa gera um arquivo HTML que permite a navegao no tesauro e sua publicao na Web. A cada nova verso, esse arquivo dever ser gerado e
o tesauro ficar disponvel na Internet. Uma das vantagens do MultiTes que permite a sada dos dados em diferentes formatos impressos, antes da
publicao da cpia final. A alimentao de dados do Tesauro no MultiTes feita por Miguel Amorim Neto
8
e colaboraram, em diferentes aspectos
desse programa, Dilza Fonseca da Motta
9
e Rosan Coutinho Tavares
10
.
4. ESTRUTURA DO TESAURO BRASILEIRO DE CINCIA DA I NFORMAO, 2010
O Tesauro Brasileiro de Cincia da Informao apresenta as seguintes categorias:
1 EPISTEMOLOGIA DA CINCIA DA INFORMAO
o Histria da Cincia da Informao
o Teorias
o Mtodos de Pesquisa e Anlise
Metrias da informao e comunicao/Bibliometria
o Ensino e Pesquisa em Cincia da Informao e reas Afins.
o Aspectos Profissionais da Cincia da Informao e reas Afins
6
Advogado, funcionrio da Fundao Biblioteca Nacional,no Escritrio de Direitos Autorais, e atualmente doutorando do PPGCI IBICT-UFRJ
7
Formada em Tecnologia de Processamento de Dados, exerce funes no NCE -Ncleo de Computao Eletrnica da UFRJ , atualmente doutoranda da PPGCI IBICT-UFF (
convnio j extinto, em fase de concluso de teses)
8
Bolsista de iniciao cientfica do CNPq, hoje j formado em Biblioteconomia pela UNIRIO.
9
Bibliotecria e consultora independente.
10
Tcnico de Informtica da CPMBraxis lotado no IBICT/RJ .
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273
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 11
ORGANIZAO E RECUPERAO DA INFORMAO
o Organizao da Informao
Sistemas de Organizao do Conhecimento
o Recuperao da Informao
GESTO DA INFORMAO
o Gesto de Unidades e Recursos de Informao
Gesto de colees
o Servios de Informao e de Biblioteca
INFORMAO ESTRATGICA NAS ORGANIZAES
o Inteligncia Competitiva
o Gesto do Conhecimento
TECNOLOGIAS DA INFORMAO E COMUNICAO
o Aplicaes do computador
Automao de Bibliotecas
Comunicaes Mediadas por Computador
Inteligncia Artificial
Minerao de Dados
o Bases de Dados
o Bibliotecas Digitais e Virtuais
o Redes de Informao
Internet/Web
o Preservao de Objetos Digitais
o Equipamento e Programas de Computador
o Atributos de Sistemas e de Equipamento
INFORMAO COMO ENTIDADE: suportes, tipos e aplicaes
o Tipos de Documentos
o Contedo da Informao
TRANSFERNCIA, ACESSO E USO DA INFORMAO
o Comunicao Cientfica e Tecnolgica
o Avaliao e Editorao de Peridicos Cientficos
o Aspectos Legais, Polticos, Socioeconmicos e Culturais
Nesta forma final da estrutura do tesauro, algumas observaes se tornam necessrias, que melhor explicam as suas mutaes. Por exemplo, a
primeira categoria, que rene as disciplinas ou subreas da Cincia da informao denominadas originalmente estruturais, na tese de Pinheiro (1997),
passaram a ser reunidas em fundamentos da Cincia da Informao e, finalmente, Epistemologia da Cincia da Informao. Esta categoria engloba as
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274
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 11
qualidades cientficas da rea, especialmente as teorias, mtodos e leis, com destaque para a Bibliometria, at chegar prtica, centrada nos aspectos
profissionais.
As disciplinas inicialmente de representao e instrumentais foram reunidas em organizao e recuperao da informao, e incluem a
informao e organizao do conhecimento, na sua condio de sistema.
A gesto da informao representa as disciplinas gerenciais e, com o surgimento de novas subreas, como as da Inteligncia Competitiva e Gesto
do Conhecimento, foi criada mais outra categoria para congreg-las, intitulada informao estratgia nas organizaes.
As disciplinas tecnolgicas, assim chamadas por Pinheiro (1997) foram ampliadas, em funo dos diferentes instrumentos da Internet/Web, para
tecnologias de informao e comunicao - TICs e abrangem desde aplicaes do computador s bibliotecas digitais e virtuais, e a preservao de
objetos digitais.
Uma nova categoria se imps, cujo contedo antes era enquadrado na primeira, de Epistemologia, pelo enfoque diferenciado e necessrio, reunindo
os suportes, tipos e aplicaes da informao como entidade.
As antigas disciplinas scio-culturais ou de transferncia da informao (Pinheiro, 1997) receberam a denominao de transferncia, acesso e uso
da informao, com nfase na Comunicao Cientfica e nos peridicos, inclusive eletrnicos. Finalmente, uma subcategoria de aspectos legais,
polticos, socioeconmicos e culturais foi necessria para agrupar aspectos mais amplos, macros, de questes mais relacionadas ao tema transferncia,
uso e acesso informao.
5. DAS PRIMEIRAS REFLEXES SOBRE O DESAFIO DA CONSTRUO DE UM TESAURO BASI LEIRO DE CINCIA DA INFORMAO
A construo de um tesauro, por sua complexidade e mltiplas perspectivas combinatrias ou associativas de termos, chega a ter o mesmo fascnio
de um caleidoscpio. A cada olhar distinto, novos conjuntos de termos podem ser formados, ainda que tenha sido estabelecida como norteadora uma
determinada abordagem, no caso do Tesauro Brasileiro de Cincia da informao, a epistemolgica, que representa uma classificao de rea e,
portanto, um reflexo de seus fundamentos cientficos. O mtodo para configurao do tesauro foi, como explicitamos, o mapeamento temtico com base
na anlise da literatura e aplicao da Bibliometria.
A existncia de princpios e normas para a elaborao de tesauros, como as relaes semnticas entre termos genricos, especficos e termos
relacionados, na sua objetividade, no afasta a subjetividade e, consequentemente, a vulnerabilidade de interpretao ou apreenso de idias. A
subjetividade que envolve uma tarefa desta natureza, sobretudo por lidar com linguagens, por si s uma difcil empreitada, porque trata de signos, que
j carregam tanto o processo cognitivo como a abstrao, o que melhor compreendido pela Filosofia, especialmente Aristteles (383 a.C.-322 a.C.).
No caso de linguagem documentria de uma rea, a Cincia da Informao, representativa do discurso de sua comunidade cientfica, com todas as
implicaes de conceitos, metodologias e teorias, nas suas distintas correntes e influncias, esta linguagem faz transparecer, ainda, a
interdisciplinaridade que a caracteriza e os problemas conceituais e de traduo, particularmente por ser um instrumento trilingue.
A complexidade aparece especialmente na relao todo e parte. A hierarquia clara quando se trata de gnero e espcie (tipo de), mas na feitura
de um tesauro mais difcil estabelec-la como hierarquia, na esquematizao de coisas ou objetos correlatos.
Tomemos como exemplo a gesto de coleo no tesauro da ASIST, referente a tudo que est relacionado a desenvolvimento de coleo, descarte,
seleo e aquisio de documentos, o que no seria exatamente uma hierarquia tipo de e sim parte de. Na estrutura do Tesauro Brasileiro de Cincia
da Informao esto presentes tanto as relaes partitivas (parte de) quanto as de correlao (tipo de), o que exigiu conhecimento da rea como um
todo para a sua compreenso, tambm necessrio ao indexador que o utilizar como instrumento.
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275
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 11
Outra especificidade relativa a tesauros a possibilidade da insero de termos em duas diferentes categorias, o que depender de sua abordagem.
Uma demonstrao deste caso so os termos preciso, revocao e relevncia, que tanto aparecem em Epistemologia da Cincia da informao, na
qualidade de conceitos e como tal so considerados, como na condio de medidas, assim inseridos na recuperao da informao.
Enfim, reconhecemos que existem ainda mltiplas questes a serem enfocadas, mas o objetivo deste trabalho direcionado concepo e
fundamentos do Tesauro Brasileiro de Cincia da Informao, suficientemente rico nos seus encadeamentos e articulaes infindveis, tanto quanto as
discusses, formulao e reformulaes que se impem. Afinal, um tesauro expressa a vida de um campo do conhecimento, com sua rvore genealgica
e frutos, em mltiplas composies, prprias de sua histria e carter epistmico, desde a sua gnese, ao desenvolvimento e avanos at os dias de
hoje, dinmicos pelas influncias advindas de diferentes lnguas, discursos e culturas.
6. REFERNCIAS DO CAPTULO 11
ARIST- Annual Review of Information Science and Technology. Disponvel em: http://www.asis.org/Publications/ARIST/.
GOMES, Hagar Espanha. Classificao, tesauro e terminologia: fundamentos comuns. Rio de J aneiro, 1996. Palestra preparada para as Tertlias do
Departamento de Biblioteconomia da UNIRIO, apresentada em julho de 1996.Disponvel em: http://www.conexaorio.com/biti/tertulia/tertulia.htm.
J APIASSU, Hilton. Introduo ao pensamento epistemolgico. 2. ed. Rio de J aneiro: F. Alves, 1977. 202 p.
PINHEIRO, Lena Vania Ribeiro. Campo interdisciplinar da Cincia da Informao: fronteiras remotas e recentes. Investigacin Bibliotecolgica, Mxico, v.
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PINHEIRO, Lena Vania R. Cincia da Informao: desdobramentos disciplinares, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. In: GONZLEZ DE GMEZ,
Maria Nlida; ORRICO, Evelyn Goyannes Dill. (Org.). Polticas de memria e informao: reflexos na organizao do conhecimento. Natal: Editora
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PINHEIRO, Lena Vania Ribeiro. Cincia da Informao entre sombra e luz: domnio epistemolgico e campo interdisciplinar. Rio de J aneiro, 1997. 278 p.
Tese (Comunicao e Cultura) UFRJ /ECO. Orientadora: Gilda Braga. Disponvel em: http://biblioteca.ibict.br/phl8/anexos/lenavaniapinheiro1997.pdf.
PINHEIRO, Lena Vania Ribeiro. Cincia da Informao: questes sobre formao, ensino e pesquisa (coluna). DatagramaZero, Rio de J aneiro, v. 3, n. 5,
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PINHEIRO, Lena Vania Ribeiro. Configuraes disciplinares e interdisciplinares da Cincia da Informao no ensino e pesquisa no Brasil. In: BORGES,
Maria Manuel; CASADO, Elias Sanz (Orgs.). A Cincia da Informao criadora de conhecimento. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra,
University Press, 2009. p. 99-111. ISBN: 978-989-26-0014-7.
PINHEIRO, Lena Vania Ribeiro. Inteligncia competitiva como disciplina da Cincia da Informao e sua trajetria e evoluo no Brasil. In: STAREC,
Cludio; GOMES, Elizabeth B. P. Gesto; CHAVES, J orge B. L. (Orgs.). Gesto estratgica da informao e inteligncia competitiva. So Paulo: Saraiva,
2005. p.17-32.
PINHEIRO, Lena Vania Ribeiro. Pilares conceituais para mapeamento do territrio epistemolgico da cincia da informao:
disciplinaridade, interdisciplinaridade, transdisciplinaridade e aplicaes. IN: BENTES PINTO, V.; CAVALCANTE, L. E.; SILVA NETO, C. (Orgs.).
Abordagens transdisciplinares da cincia da informao: gneses e aplicaes. Fortaleza: Edies UFC, 2007. p.. 71-104
ISBN 978-85-7282-239-8.
REDE METODOLGICA INTEGRANDO EPISTEMOLOGIA, ORGANIZAO DO CONHECIMENTO, BIBLIOMETRIA E TESAUROS
276
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 11
PINHEIRO, Lena Vania Ribeiro.b Processo evolutivo e tendncias contemporneas da Cincia da Informao. Informao & Sociedade: estudos, v. 15, n.
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PINHEIRO, Lena Vania Ribeiro c; BRASCHER, Marisa; BURNIER, Sonia. Cincia da Informao: 32 anos (1972-2004) no caminho da histria e horizontes
de um peridico cientfico brasileiro. Cincia da Informao, Braslia, v. 34, n. 3, p. 25-77, set./dez. 2005. Nmero especial: IBICT 50 anos. Disponvel
em: http://www.ibict.br/cienciadainformacao.
PINHEIRO, Lena Vania Ribeiro; LOUREIRO, J os Mauro Mattheus. Traados e limites da Cincia da Informao. Cincia da Informao, Braslia, v. 24, n.
1, p. 42-53, jan./jul.1995. Disponvel em: www.ibict.br/cienciadainformacao.
PRICE, Derek de Solla.a A cincia desde a Babilnica. Belo Horizonte, So Paulo: Itatiaia, Ed.Universidade de So Paulo, 1976.189 p. (Coleo O homem
e a cincia, 2).
PRICE, Derek de Solla. b O desenvolvimento da cincia. Rio de J aneiro: Livros Tcnicos e Cientficos, 1976. 96 p.
PRITCHARD, A. Statistical bibliography or bibliometrics? J ournal of Documentation, Bradford, UK, v. 25, n. 4, p. 348-349, Dec. 1969
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SARACEVIC, Tefko. Information Science: origin, evolution and relations. In: VAKKARI, Pertti; CRONIN, Blaise (Ed.). Conceptions of Library and
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ZINS, C.b Conceptions of Information Science J ournal of the American Society for Information Science (J ASIST ), 58 (3), p. 335-350 ,2007;
ZINS, Chaim. Knowledge map of information science: issues, principles, implications. J erusalem, 2005. Disponvel em:
http://hw.haifa.ac.il/human/hebrew/ISMapWeb.htm.
277
V. APLI CAES E DESDOBRAMENTOS DA REPRESENTAO E
ORGANI ZAO DA INFORMAO E DO CONHECI MENTO
Captulo 12. Descoberta de Conhecimento em Textos: Conceitos e Convergncias Marcelo SCHIESSL,
Hlia de Sousa CHAVES e Marisa BRSCHER, p. 278-293
Captulo 13. A Contemporaneidade do Tema Governo Eletrnico e Perspectivas de Pesquisas
Rinalda Francesca RIECKEN, p. 294-319
277
Captulo 12
Descoberta de conhecimento em textos: Conceitos e convergncias
Marcelo Schiessl
1
, Hlia Chaves
2
e Marisa Brscher
3
SUMRIO DO CAPTULO 12
Resumo do Captulo 12, p. 279
Como citar o Captulo 12, p. 279
1. INTRODUO DO CAPTULO 12, p.280
2. ACERCA DA DENOMINAO, p.280
2.1 Text Mining, p.281
2.2 Knowledge Discovery in Text, p.281
3. DCD,_DCT_E_RECUPERAO_DA_INFORMAO, p.282
4. A_DESCOBERTA_DE_CONHECIMENTO_EM_DADOS_(DCD), p.283
4.1 O processo da DCD, p.284
5. A_DESCOBERTA_DE_CONHECIMENTO_EM_TEXTOS_(DCT), p.285
6. CONSIDERAES SOBRE A DCT, p.287
7. APLICAES DA DCT, p.288
8. ANLISE DE AGRUPAMENTOS (CLUSTERI NG) UMA DESCOBERTA INUSITADA, p.289
9. CONSIDERAES FINAIS DO CAPTULO 12, p.292
10. RFERNCIAS DO CAPTULO 12, p.292
11. ..................................
1
Mestre em Cincia da Informao. Programa de Ps-Graduao em Cincia da I nformao (PPGCI nf); Faculdade de Cincia da Informao da Universidade de Braslia (UnB/FCI). CV
Lattes: http://lattes.cnpq.br/4402964117780625. E-mail: [email protected].
2
Mestre em Cincia da Informao. Programa de Ps-Graduao em Cincia da I nformao (PPGCI nf); Faculdade de Cincia da Informao da Universidade de Braslia (UnB/FCI). CV
Lattes: http://lattes.cnpq.br/6566830393005282. E-mail: [email protected].
3
Doutora em Cincia da Informao. Professora Adjunta. Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao (PPGCInf) da Faculdade de Cincia da Informao da Universidade
de Braslia (UnB/FCI). CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/8951909489273046. E-mail: [email protected].
DESCOBERTA DE CONHECIMENTO EM TEXTOS: CONCEITOS E CONVERGNCIAS
279
SUMRIO GERAL SUMRIO_DO_CAPTULO_12
Resumo do Captulo 12
A Descoberta de Conhecimento em Texto (DCT) ainda um processo muito pouco utilizado no Brasil para extrao de informaes ocultas de
documentos textuais, as quais no podem ser visualizadas a partir de recursos tradicionais de recuperao da informao. Conseqncia disso a
escassa literatura em lngua portuguesa sobre o tema. Este captulo compila conceitos de diferentes mtodos de anlise de informao presentes na
literatura estrangeira. Considera questes terminolgicas que envolvem a adoo de nomenclaturas em lngua portuguesa, assim como as relaes entre
a diversidade de termos e conceitos utilizados para definir a prtica da DCT. Aborda, ainda, o desenvolvimento do tema no campo da Cincia da
Informao e apresenta algumas experincias de pesquisa, com vistas a despertar o interesse do pblico da rea nessa nova abordagem no trato da
informao textual no estruturada.
Palavras-chave: Descoberta de conhecimento em texto; DCT; Mminerao de textos; Minerao de dados; Descoberta de conhecimento em dados.
Abstract
Knowledge discovery in text: concepts and convergences
Knowledge Discovery in Text (KDT) is a process still rarely used in Brazil to extract hidden knowledge that cannot be found by means of the traditional
information retrieval systems from textual documents. As a consequence, literature in Portuguese language about this subject is scarce. This chapter
compiles from literature in other languages some concepts on different information analysis methods. It considers terminological issues involving the
adoption of nomenclatures in Portuguese as well as the relations among the diversity of terms and concepts used to define DCT practice. It also
addresses the development of this theme in the scope of Information Science and presents some research results in view of catching the interest of
information community towards this new approach to deal with unstructured textual information.
Keywords: Knowledge discovery in text; KDT; Text Mining; Data mining, Knowledge discovery in data
Como citar o Captulo 12
SCHIESSL, Marcelo; CHAVES, Hlia; BRSCHER, Marisa. Descoberta de conhecimento em textos: Conceitos e convergncias. In: ROBREDO, J aime;
BRSCHER, Marisa (Orgs.). Passeios pelo Bosque da Informao: Estudos sobre Representao e Organizao da Informao e do Conhecimento.
Braslia DF: IBICT, 2010. 334 p. ISBN: 978-85-7013-072-3. Capitulo 12, p. 278-293. Edio comemorativa dos 10 anos do Grupo de Pesquisa
EROIC; disponvel em: http://www.ibict.br/publicacoes/eroic.pdf. (ltima atualizo mai-jun 2011).
.........
DESCOBERTA DE CONHECIMENTO EM TEXTOS: CONCEITOS E CONVERGNCIAS
280
SUMRIO GERAL SUMRIO_DO_CAPTULO_12
1. INTRODUO DO CAPTULO 12
A proliferao de documentos textuais nas organizaes e a percepo de que trazem em sua essncia o conhecimento levaram compreenso de
que esse tipo de documento merece ser explorado, seja para apoio tomada de deciso, seja para a gerao de novos conhecimentos. Assim,
ferramentas e tcnicas, antes criadas para estudar dados estruturados provenientes de bases de dados, foram aperfeioadas de forma a criar condies
para a explorao de textos escritos em linguagem natural. Da mesma forma, tratamentos estatsticos foram aprimorados para expandir a capacidade
humana de leitura e registro dessa crescente massa de contedos textuais, assim como para revelar novos conhecimentos a partir das relaes entre
esses contedos. Assim a Descoberta de Conhecimento em Textos (DCT), uma garimpagem de tesouros ocultos nos textos escritos em linguagem
natural.
Diante da escassez de literatura em lngua portuguesa que trata da aplicao da DCT em busca de conhecimento oculto e da constatao de que
essa ainda uma prtica muito pouco explorada no Brasil, decidimos compilar alguns conceitos encontrados na literatura e estabelecer as relaes entre
a diversidade de termos utilizados na lngua portuguesa para referir a essa tcnica. Igualmente, so apontadas as convergncias de idias e a falta de
consenso no tocante nomenclatura entre os estudiosos do assunto.
Muito mais do que uma orientao terica sobre novos conceitos e tcnicas no campo da Cincia da Informao, este captulo pretende instigar a
curiosidade do pblico da rea no que diz respeito a uma nova abordagem para a lida com a informao, onde a tnica posta na proximidade com a
expresso humana na sua forma mais natural: o texto.
2. ACERCA DA DENOMINAO
H na literatura uma diversidade de termos que denominam as tcnicas utilizadas para extrao de informaes relevantes de grandes volumes de
textos armazenados eletronicamente. Trazemos tona essa discusso considerando aspectos como a origem dos termos associada finalidade das
tcnicas que descrevem. Entre convergncias e divergncias de conceitos, buscamos elucidar as dvidas do leitor que procura informaes sobre essas
tcnicas ainda pouco documentadas em lngua portuguesa.
Quando trazemos para a nossa realidade aplicaes tcnicas j praticadas em outras culturas, ficamos sujeitos adoo da terminologia consolidada
pela literatura em outros idiomas. Ao optarem pela proposio de termos em lngua portuguesa, autores adotam diferentes neologismos. Ficamos, dessa
forma, expostos a uma saraivada de termos que est longe de se estabilizar.
Exemplo desse problema terminolgico pode ser ilustrado numa busca na Internet pelo termo Minerao de Textos, onde recuperaremos diversos
documentos com uma miscelnea de nomes. Provavelmente, viro nomes como Minerao de Dados Textuais, Garimpagem de Textos, Descoberta de
Conhecimento em Texto, Destilao de Textos e outros que sero criados entre o momento em que escrevemos at a busca do leitor. E ento, qual o
termo?
A escolha de determinados termos influenciada por fatores sociais, culturais e econmicos. Um povo estabelece cdigos que so utilizados para
comunicao, seja pela criao, pela transformao ou pela incorporao de termos estrangeiros. Esses cdigos traduzem o significado de objetos, aes
ou qualquer coisa que precise ser representada por meio da linguagem. A influncia estrangeira na evoluo de uma lngua sempre esteve presente na
histria. O Latim foi dominante por sculos. Algum se lembra da letra da msica Lngua, de Caetano Veloso, que afirma Est provado que s
possvel filosofar em alemo"? Vimos a pujana do francs em vrias culturas, inclusive na brasileira. De onde acham que vem o termo vitrine",
lingerie" ou garon"? Recentemente, a dominao do ingls inegvel. Incorporamos vrias palavras no nosso dia-a-dia que do sentido s coisas.
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Algumas delas por no estarem disponveis no nosso lxico. H, ainda, tradues de qualidade duvidosa que criam aberraes como o atual
gerundismo dos nossos Call Centers
4
.
Em relao ao aspecto terminolgico concernente ao tema deste captulo, discutiremos o significado das denominaes mais usuais e
apresentaremos a terminologia em portugus adotada nesta obra. O termo Text Mining o mais freqente na literatura. Seguido pela sigla KDT, que
significa Knowledge Discovery in Text. H outras variaes do termo, mas no sero abordadas aqui.
2.1Text Mining
A expresso mining, de acordo com o dicionrio em linha The Free Dictionary (TFD)
5
, significa:
1. Ao, processo ou atividade de extrao de minrio do solo;
2. Colocao de minas (engenho de guerra).
primeira vista, podemos concluir que a segunda definio no possui relao com o nosso tema, enquanto que a primeira remete extrao de
algo valioso oculto no solo. Logo, a expresso text mining pode ser entendida como uma metfora que traduz a atividade de extrao de valores ocultos
em textos.
Em nosso idioma, o termo minerao, conforme definido por Houaiss (2000), significa:
1. Ao ou efeito de minerar; trabalho de extrao do minrio;
2. Depurao do minrio extrado das minas.
Essas definies mantm o mesmo sentido da expresso inglesa, que extrair valor de coisa que se subentende oculta no solo ou no mar. Assim, a
expresso text mining traduzido literalmente para minerao de textos. Entendemos que a variante minerao de dados textuais encontrada na
literatura no adiciona significado especial expresso. O fato de o texto ser considerado dado textual no altera o significado da expresso que
tambm considera a extrao de valores da fonte textual.
Adicionalmente, outra expresso encontrada na literatura, garimpagem de texto, nos remete definio do vocbulo garimpagem encontrada
em Houaiss (2000):
1. Atividade artesanal, desenvolvida pelo garimpeiro em aluvies, eluvies, leitos e margens de rios e grupiaras, e que consiste na
explorao de minerais preciosos, esp. o diamante, com instrumentos rudimentares; faiscao, cata;
2. Pesquisa minuciosa de palavras, expresses, textos etc.
A primeira definio possui significado similar ao da minerao e a segunda est diretamente relacionada matria-prima de que trata este trabalho,
o texto. Por esse prisma, a expresso garimpagem de textos seria mais adequada pela conexo direta com a atividade de pesquisar textos,
expresses, palavras.
A dvida no acaba aqui, continuemos com o prximo termo para verificar se acrescenta novo significado.
2.2 Knowledge Discovery in Text
A expresso Knowledge Discovery in Text (KDT) traduzida para o portugus significa Descoberta de Conhecimento em Texto (DCT). Em princpio,
uma adequada denominao para a atividade de se adquirir coisas de valor embutidas em documentos textuais, como o conhecimento. Se verificarmos
com um pouco mais de cuidado a palavra Knowledge veremos que sua definio abre um leque de possibilidades.
4
Centros de Atendimento, para os puristas.
5
The Free Dictionary: http://www.thefreedictionary.com
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O termo fonte de calorosas discusses no meio acadmico. Na filosofia, no h acordo sobre sua precisa definio. A aquisio do conhecimento
se d pela experincia. Isso envolve a cognio humana, que compreende ou conhece algo atravs do raciocnio ou da razo. Se o conhecimento s
possvel quando utilizamos o nosso aparelho cognitivo, ento no h que se falar em descoberta de conhecimento automtica, pois a mquina no
dispe de tal mecanismo. Nas reas relacionadas gesto, entende-se conhecimento como meio de compreenso segura de assunto com a possibilidade
de us-lo em propsito especfico. Essa abordagem nos d espao para utilizao do termo, pois a compreenso de fenmeno para utilizao em
atividade especfica exatamente o que procuramos. Continuemos analisando o termo knowledge. A definio no dicionrio TFD mostra:
1. Estado ou fato de conhecer;
2. Familiaridade, conscincia ou entendimento obtido por meio da experincia ou estudo;
3. Soma ou extenso do que foi percebido, descoberto ou aprendido;
4. Saber; erudio: mestres de grande saber;
5. Informao especfica sobre algo;
6. Conhecimento carnal.
Vimos que as definies oscilam do ponto de vista filosfico ao mercadolgico. Segundo Frawley et al. (1992), que cunharam o termo Knowledge
Discovery in Data (KDD)
6
, o termo conhecimento no deve ser interpretado nos moldes da filosofia
7
, mas como padro oculto nos dados.
Analogamente, em KDT, padro oculto no texto. Nessa viso, o termo Text Mining uma etapa de todo processo de descoberta.
Na traduo do termo para o portugus, herdam-se os mesmos problemas de definio da lngua inglesa. Como exemplo, o termo conhecimento,
segundo Houaiss (2000), possui vrias definies, que variam nas diversas reas do saber. Portanto, no h consenso. Para fins prticos, neste trabalho,
estabelece-se que a DCT o processo que envolve vrios passos, os quais esto descritos no item 1.7. Eles vo da coleta de documentos aplicao do
conhecimento descoberto.
Ento, qual o termo? O que queremos descobrir novos relacionamentos e significados em determinada coleo de documentos. Respondendo
pergunta: poderia ser qualquer um deles. O conceito o mesmo. Em todo caso, vamos adotar a terminologia que melhor denota o que buscamos. Isto
, extrair valor do texto bruto de forma automatizada. Poeticamente falando: extrair pedras preciosas escondidas no leito dos textos.
Em suma, consideramos que o termo descoberta de conhecimento em texto mais abrangente que minerao ou garimpagem de texto.
Entendemos que ele traduz o trabalho envolvido da coleta de textos aplicao de padres descobertos. Assim, o termo Descoberta de Conhecimento
em Texto e o acrnimo DCT sero utilizados neste captulo daqui por diante.
3. DCD, DCT E RECUPERAO DA INFORMAO
Embora encontremos na literatura diferentes abordagens sobre DCD e DCT, nas quais percebemos a distino entre essas duas tcnicas, h alguns
autores que consideram a DCT como uma variao da DCD, enquanto outros defendem a idia de que se trata de uma evoluo natural da minerao.
Ambas as tcnicas almejam encontrar, de forma automtica, padres valiosos em grandes bases de dados. A principal distino entre elas reside no
fato de que, na DCD, esses padres so extrados em formato numrico, enquanto que na DCT ocorre a anlise de colees de documentos nas quais os
contedos so textuais. No h dvidas sobre essa distino de formas, nmero versus texto. Apesar disso, os conceitos no so distintos, pois para
viabilizar o processo de DCT, o texto ser processado e transformado em representao numrica. (WEISS et al., 2005).
6
Descoberta de Conhecimento em Dados (DCD)
7
Para o leitor interessado na viso filosfica, sugere-se a leitura de Hessen, J . Teoria do conhecimento: traduo J oo Verglio Gallerani Cuter, 2 ed., So Paulo, Martins Fontes, 2003.
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Tan (1999) defende a idia de que a DCT, refere-se geralmente ao processo de extrao de padres interessantes e no triviais de documentos
textuais. A tcnica pode ser vista tambm como uma extenso da DCD. Destaca-se, ainda, a complexidade da DCT em relao DCD, dada a sua
caracterstica inerentemente no estruturada e difusa.
A DCD vista por Trybula (1999) como processo bsico empregado para analisar padres em dados e extrair informaes, e a DCT como
processo bsico para analisar padres em textos e apresentar informaes.
Hearst (1999) chama ateno para o uso errneo do termo data mining e alega que h poucas pesquisas sobre text mining. Considera a DCT como
uma ferramenta de suporte e valorizao do conhecimento gerado, j que proporciona sua explorao e reutilizao, e a define como:
Descoberta, por computador, de novas informaes, previamente desconhecidas, pela extrao automtica de informaes de diferentes recursos
escritos, nos quais o elemento chave a interligao das informaes extradas para formar novos fatos e novas hipteses a serem
posteriormente exploradas pelos meios de experimentao mais convencionais. (HEARST, 2003)
H autores que abordam a questo da diferenciao entre a DCT e a recuperao da informao. Hearst (2003) afirma que DCT, ao contrrio do que
muitos pensam, no uma forma de facilitar a busca de informao na Web. Portanto, no deve ser confundida com o processo de Recuperao da
Informao (RI). Segundo a autora, na RI ocorre descoberta de informao j conhecida, o usurio seleciona, em uma coleo de documentos, aqueles
que lhe interessam e despreza os demais. J na DCT, a meta descobrir informao desconhecida, que no est escrita em nenhum documento
individualmente; derivar novas informaes a partir dos dados analisados; encontrar padres em conjuntos de dados, ou, ainda, separar o signo do
rudo.
Embora a conceituao das tcnicas de tratamento automtico de grandes volumes de dados ainda se encontre de certa forma no pacificada,
identificamos pontos convergentes fundamentais para a compreenso do seu funcionamento. Assim, fica evidenciada a grande evoluo dessas tcnicas
com a possibilidade de tratamento de contedos em linguagem natural, os quais representam, de modo geral, a maioria dos contedos gerados por uma
organizao.
4. A DESCOBERTA DE CONHECIMENTO EM DADOS (DCD)
O admirvel mundo novo de documentos digitais e redes de computadores globais abriu os horizontes, mas tambm mostrou grandes desafios. O
volume de informao aumenta alm da capacidade humana de apreenso. Ento, o lapso crescente entre a criao de dados e a sua compreenso
mostra a face da sobrecarga de informao.
A DCD
8
se apresenta como uma importante opo para atender a essa necessidade. Os grandes volumes de dados j no comportam mtodos
manuais. Eles so custosos, lentos e subjetivos. A meta, ento, seria desenvolver mtodos e tcnicas que do sentido aos dados. O processo bsico
traduzir a forma elementar, o dado, em outra mais compacta e til, a informao.
1. Frawley et al. (1992) afirmam que a Descoberta de Conhecimento a extrao no-trivial da informao implcita, nos dados, previamente
desconhecida e potencialmente til. Fayyad et al (1997) complementam que a informao deve ser compreensvel.
No se deixe enganar com a objetividade dessas afirmaes. Analisemos alguns dos termos para que se revele a complexidade. Entendemos que
dado um conjunto de fatos. Padro a estrutura implcita que ser encontrada. Processo envolve a preparao dos dados, a busca por padres, a
avaliao do conhecimento descoberto e os refinamentos necessrios em repetidas iteraes. Pelo termo no-trivial depreendemos que a busca ou
inferncia no seja uma operao direta. Se assim o fosse, no se justificaria o trabalho. A validade dos novos padres descobertos bvia, caso con-
8
Do ingls Knowledge Discovery in Database (KDD). Existe uma discusso entre diversos autores da rea a respeito da abrangncia do termo KDD e Data Mining (DM), porm os termos so referidos em
vrios trabalhos, indistintamente.
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trrio, no se atribuiria confiabilidade. A novidade inerente descoberta. A utilidade agrega benefcio ao usurio. Por fim, que seja compreensvel,
mesmo que necessite de ps-processamento.
2. Segundo Berry e Linoff (1997), a DCD a anlise e explorao automticas ou semi-automticas de grandes quantidades de dados com o
objetivo de descobrir regras e padres significativos.
As definies 1 e 2 acima exprimem vises com nuances sobre o mesmo tema. A primeira trata do processo de descoberta como um todo. Isto ,
desde a aquisio do dado, o armazenamento, a minerao, que retira a informao codificada, at a sua apresentao ao usurio final. A segunda
privilegia os aspectos computacionais, os algoritmos dedicados DCD e exeqibilidade da mquina em tarefas de manipulao de grandes volumes de
dados e a transformao deles em informao til ao homem.
Reforando, o objetivo da DCD encontrar padres interessantes ocultos em grandes quantidades de dados e fornecer informaes como insumo
para aquisio do conhecimento. O fundamento est na oferta de novas capacidades que se traduzem em habilidade para otimizar a tomada de deciso
utilizando mtodos automticos para aprender com aes passadas.
O processo da DCD uma atividade multidisciplinar que se apropria de tcnicas de vrias reas, tais como Estatstica, Aprendizado de Mquinas,
Visualizao de Dados, Banco de Dados, entre outras. A DCD, portanto, no est sob a tutela exclusiva de uma rea, mas da conjuno de vrias.
O desenvolvimento da DCD est intrinsecamente relacionado evoluo da tecnologia. A DCD vem se consolidando como um poderoso ferramental
para auxiliar o homem na explorao da grande quantidade de informao disponvel em formato eletrnico, dadas as limitaes humanas no manuseio
e interpretao dessa informao.
4.1 O processo da DCD
Ento, existir uma forma ideal de se fazer a DCD? Infelizmente, no, mas existe luz no fim do tnel! H realmente diferentes pontos de vista
expressos em vrios trabalhos que enfocam a DCD e fica claro que ainda no existe consenso quanto a sua definio, nem quanto na sua constituio.
Vrios autores sugerem processos para a implementao do ciclo da DCD e, nesse sentido, no h a melhor abordagem. Nossa contribuio aqui a de
sintetizar as vises de autores reconhecidos como Fayyad et al. (1997), Berry e Linoff (1997), Trybula (1997), Han e Kamber (2000) e Kantardzic (2003).
Identificamos variaes na ordem em que esses autores apresentam as etapas da DCD, mas foi possvel sintetiz-las nos seguintes passos, contudo
podem ser resumidas nos passos seguintes:
Compreenso e definio do problema: estabelecimento do objetivo e levantamento de obstculos para o desenvolvimento da atividade
desejada, alm das reas ou pessoas que podero ser beneficiadas com o valor agregado da informao extrada dos dados.
Seleo de fontes de dados: adaptao da base de dados por meio da coleta, combinao e integrao de fontes, com a finalidade de
atender aos objetivos da DCD.
Processo de limpeza e adequao dos dados: remoo de erros ou inadequaes de campos e transformao de dados, com o objetivo de
ajust-los DCD. Esse passo freqentemente citado como pr-processamento.
Anlise exploratria: exame dos dados em busca de estruturas que expressem alguma relao entre variveis ou registros.
Reduo de variveis: reduo da dimensionalidade em funo da quantidade de variveis. Em muitos casos, o nmero de variveis to
grande que inviabiliza a anlise.
Relacionamento de objetivos: escolha do algoritmo para DCD apropriado inteno do usurio ou do analista.
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DCD: uso especfico da ferramenta de minerao que tem o propsito de extrair padres dos dados.
Interpretao de resultados: anlise dos padres para verificao de sua utilidade e realimentao de informao.
Transformao do conhecimento adquirido em ao: utilizao do conhecimento extrado ou sua incorporao base de conhecimento
acumulado.
A Figura 1 Erro! Fonte de referncia no encontrada.apresenta um esquema grfico ilustrando essas etapas. Na fase de avaliao ou interpretao, o
processo pode ser retomado em qualquer um dos passos anteriores, de acordo com o julgamento do especialista.
Figura 1 Passo a passo que compe o processo de DCD
Fonte: Fayyad et al, 1997, pg. 41
A DCD uma combinao interdisciplinar de tcnicas e mtodos concebida para resolver problemas, na sua grande maioria, em dados numricos e
estruturados, isto , armazenados em bancos de dados. Contudo, apenas uma pequena parte dos dados est adequada ao tratamento proposto pela
DCD e, nesse sentido, os dados expressos em linguagem natural no so contemplados. Portanto, existe uma necessidade de adaptao da DCD para
que a linguagem natural seja passvel de processamento automtico visando extrao de conhecimento.
5. A DESCOBERTA DE CONHECIMENTO EM TEXTOS (DCT)
O que no falta discusso em torno de definies das tcnicas de extrao automtica de conhecimento em grandes volumes de informao.
Conceitos e termos se misturam, por vezes sendo utilizados indistintamente, como se sinnimos fossem. Deste modo, utiliza-se o termo descoberta de
conhecimento, passando-se a qualific-lo a partir do contedo a ser analisado: se este foi previamente organizado e estruturado (descoberta de
conhecimento em dados) ou se consta em documentos textuais, qualquer que seja o formato ou tamanho (descoberta de conhecimento em textos).
Essa observao encontra sustentao nos estudos de Wives (2004), para quem a descoberta de conhecimento um processo de aquisio de
novos conhecimentos auxiliado por computador, que pode ser classificado em Descoberta de Conhecimento em Dados Estruturados (DCD, ou KDD em
ingls) e Descoberta de Conhecimento em Textos (DCT, ou KDT em ingls).
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Tan (1999) e Feldman et al (2001) declaram que 80% da informao de empresas est armazenada em documentos textuais e, de acordo com
Drre et al. (1999), a informao textual no est prontamente acessvel para ser usada por computadores. Ela apropriada para que pessoas, atravs
da leitura e dos processos cognitivos caractersticos dos humanos, a manipulem e apreendam as informaes nela contidas.
relativamente simples chegarmos a essa concluso. O texto abundante nas organizaes. Ele pode ter formato de memorandos, ofcios, normas,
e-mail, nas pginas da intranet e Internet, entre outros tipos. Vivemos a era da instantaneidade da informao digital. Textos eletrnicos aparecem a
todo instante nas telas de nossos computadores e nos visores de nossos celulares.
Agora, tente fazer com que o computador faa inferncias em contedos textuais. A no ser que voc informe para ele, por exemplo, que casa, lar e
morada tratam do mesmo tema, esses termos no sero tratados como semelhantes. Entretanto, qualquer pessoa de instruo mediana conseguir
fazer tais associaes sem grandes esforos.
Parece razovel supor que a DCT assemelha-se DCD, desde que os dados sejam estruturados ou adaptados para a mquina. Que tipo de
adaptao seria essa? primeira vista, transformamos os textos em planilhas. No entanto, ao olharmos com um pouco mais de profundidade, estamos
transformando textos em nmeros. Mais especificamente, em 0s e 1s! Essa a lngua que computadores entendem.
Importante clarificar que vrios autores afirmam que as bases textuais se apresentam de forma no-estruturada. Porm, possuem uma estrutura
implcita que necessita de tcnicas especializadas para ser reconhecida por sistemas automatizados. O processamento de linguagem natural (PLN) trata
exatamente da descoberta destas estruturas implcitas, como por exemplo, a estrutura sinttica (RAJ MAN; BESANON, 1997).
Como mencionado, o texto, apesar de conter informaes valiosas, est codificado de maneira que difcil de ser decifrado automaticamente. Assim,
a cincia vem buscando solues para simular a cognio humana, que capaz de processar o texto e de apreend-lo de maneira satisfatria.
Neste sentido, temos o ferramental da Lingstica, que busca caracterizar e explicar a diversidade de fenmenos lingsticos que nos cercam, seja
em dilogos, seja na escrita, seja em qualquer outro meio. Uma parte se preocupa com o lado cognitivo de como o homem adquire, produz e entende a
linguagem; outra parte, a compreenso da relao entre o discurso lingstico e o mundo; e a terceira, com a compreenso das estruturas lingsticas
por meio das quais o homem se comunica.
Paralelamente, o desenvolvimento da informtica tem possibilitado grandes avanos no estudo das lnguas naturais. A rea que examina as relaes
entre a Lingstica e a Informtica a Lingstica Computacional, que orienta a construo de sistemas especialistas em reconhecer e produzir
informao em linguagem natural. Nesse contexto, o PLN estuda a interpretao e gerao de informao nos diferentes aspectos da lngua: sons,
palavras, sentenas e discurso nos nveis estruturais, de significado e de uso.
No faz parte do escopo deste captulo o aprofundamento na discusso do PLN, seus mtodos e suas tcnicas, mas somente a contextualizao da
relao entre a DCD e a DCT. Durante vrias dcadas, inmeras pesquisas tm provocado avanos no PNL e, atualmente, encontramos procedimentos
disponveis capazes de realizar o tratamento do dado textual de maneira a possibilitar sua transformao e sua estruturao na forma adequada ao uso
pela DCD. A integrao de tcnicas de PLN e DCD constitui a DCT, que objetiva automatizar o processo de transformao de dados textuais em
informao para possibilitar a aquisio do conhecimento.
A Figura 2 parece bem familiar, no? Ela apresenta o ciclo do processo da DCT e equivale a uma adaptao ao modelo proposto por Fayyad et al.
(1997). Nela, observamos que o processo de DCT abrange a seleo do corpus, o pr-processamento, que envolve sua adequao aos algoritmos, a
efetiva DCD textuais, a validao dos resultados e, finalmente, a anlise e interpretao dos resultados para a aquisio do conhecimento. Comparando
esse esquema ao apresentado na Figura 1, verificamos que as etapas da DCT seriam idnticas s da DCD, exceto pela utilizao das tcnicas de PLN
para transformar o texto em formato adequado minerao dos dados.
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Figura 2 Processo de DCT. Adaptao de Fayyad et al. (1997), pg. 41.
Vale destacar que, embora a aderncia entre o PLN e DCT seja muito forte, seus objetivos no se confundem, pois o PLN trata dos aspectos
lingsticos relacionados a um texto especfico, enquanto que a DCT busca as relaes contidas entre os textos de uma coleo com o objetivo de
apresentar a informao relacionada a um grupo ou grupos de textos. Ainda, o PLN analisa o contedo dos textos, enquanto que a DCT se utiliza dessas
anlises, em uma fase de pr-processamento, para transform-los em dados apropriados descoberta de padres e conhecimento entre os textos da
coleo (KODRATOFF, 1999).
A DCT possibilita, ento, o reconhecimento e a produo da informao apresentada em linguagem natural e, nesse sentido, vem contribuir
enormemente com a Cincia da Informao no que tange ao tratamento e recuperao da informao.
6. CONSIDERAES SOBRE A DCT E A CINCIA DA INFORMAO
A DCT a conjuno de vrias metodologias e conceitos. Evidentemente, este trabalho apresenta uma reproduo esttica de seu desenvolvimento
e implementaes at o momento. O desenvolvimento e o aperfeioamento do processo so constantes, dada a natureza da lngua e das ferramentas
tecnolgicas.
Konchady (2006) declara que a DCT uma prtica relativamente nova derivada da Recuperao da Informao (RI) e da PLN e essa afirmao
estabelece um vnculo significativo, visto que a RI uma das reas principais de pesquisa da CI.
Segundo Brscher (1999), os avanos tecnolgicos influenciam a CI e favorecem o surgimento de novas tcnicas de representao e recuperao de
assunto, considerando os aspectos cognitivos envolvidos no processo de comunicao homem-mquina, os quais exigem modelos de representao do
conhecimento capazes de contextualizar os significados expressos nos textos armazenados.
Lima (2003), em uma releitura de Saracevic (1995), expe que a CI uma rea interdisciplinar que rene a Biblioteconomia, a Cincia Cognitiva, a
Cincia da Computao (CC) e a Comunicao, com forte associao dos processos humanos da comunicao e da tecnologia no seu contexto
contemporneo. De fato, a CC trata de algoritmos relacionados informao, enquanto a CI se dedica compreenso da natureza da informao e de
seu uso pelos humanos. A CI e a CC so reas complementares que conduzem a aplicaes diversas (SARACEVIC, 1995).
Robredo (2003) reafirma a interdisciplinaridade da CI e orienta que no se pode restringir o escopo e a abrangncia da informao ao campo exclu-
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sivo da Biblioteconomia e da CI, pois variados estudiosos, pesquisadores e especialistas lidam com a informao de um ponto de vista cientifico e nas
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mais variadas abordagens e aplicaes. Ainda, ensina que ela pode ser dividida, para fins de estudo e delimitao do(s) objeto(s), mas sem perder de
vista o interesse comum de todos os seus domnios, a entidade informao.
Ainda, Lima (2003) aponta as possibilidades de interseo entre a CI e a CC que se concentram nos processos de categorizao, indexao,
recuperao da informao e interao homem-computador.
Nesse sentido, a DCT pode ser vista como a interposio da Estatstica, que utiliza mtodos quantitativos para transformar dados em informao,
da CC, que fornece suporte tecnolgico para manipulao da informao, e da CI, que concentra o foco de atuao na gesto da informao.
Essas reas so mutuamente beneficiadas pelo aporte terico de cada uma, o qual favorece o desenvolvimento conceitual interdisciplinar. De tal
modo, fica caracterizada a evidente contribuio do estudo da DCT no mbito da CI, contrariando a tradicional viso da DCT como campo de estudo
tradicionalmente explorado pela Lingstica, Computao, Estatstica e Inteligncia Artificial.
7. APLICAES DA DCT
A aplicao da DCT se d por meio da utilizao de ferramentas tecnolgicas desenvolvidas especialmente para revelar padres e relaes ocultas
em dados com vistas a propiciar o entendimento de tendncias histricas e prever oportunidades futuras. Essas ferramentas incorporam tecnologias de
integrao de dados voltadas limpeza e organizao de dados brutos e sistemas de inteligncia, que convertem em conhecimento as informaes
ocultas em textos no estruturados, para apoio tomada de deciso.
Conforme amplamente discutido na literatura, para que seja possvel realizar qualquer tratamento automtico de uma coleo de documentos
escritos em linguagem natural em busca do conhecimento nela embutido, torna-se necessria a limpeza e padronizao do texto. Sob a tica
computacional, desconstroem-se textos seqenciais esses que conhecemos quando lemos um livro e os transformam em nmeros esses que
mquinas lem milhes por segundo. Pragmaticamente, adequamos o texto e o traduzimos para a linguagem das mquinas, a numrica. Aquela que
calculvel.
H uma diversidade de tcnicas que propiciam a aplicao da DCT, sendo as mais conhecidas: anlise de conglomerados ou agrupamentos
(clustering), classificao, extrao de informaes, sumarizao, anlise qualitativa e quantitativa e identificao de regras de associao. Todas elas
so interativas, pois requerem o bom senso humano para intervir e interagir no processo e nas anlises. So tambm iterativas, pois podem existir
diversas anlises e recomeos at que se descubra algo desejvel.
As armadilhas da linguagem esto em todo lugar. A experincia demonstra que se gasta muito tempo na remoo de rudos com o intuito de
padronizar os dados, de forma a possibilitar maior preciso no processo de minerao. Para a mquina, h diferena entre os termos casa, casas,
casar. Em um processo de contagem, haveria trs termos distintos. Para uma pessoa, nem tanto assim! Dependendo do contexto, eles poderiam ser
convertidos para um s, casar. Todas as conjugaes desse verbo passariam para a sua forma infinitiva. O termo seria contado trs vezes. Em outra
situao, dois termos. O verbo casar contado uma vez e o substantivo casa, duas vezes.
A eliminao de rudos pode facilmente consumir dezenas de horas no pr-processamento. H variantes de toda ordem. preciso tratar sinonmia,
homonmia, identificar nomes prprios, instituies e caractersticas que o analista julgar importantes. Por exemplo, num corpus relacionado ao tema
Informtica, o nome Bill Gates pode ter relevncia maior do que Gilberto Freyre. J em um tema relacionado Sociologia, provvel que no. As
escolhas so determinantes para o resultado. Parece trivial estabelecer relaes orientadas pelo contedo semntico quando lemos um texto. Entretanto,
torna-se penoso para construo das bases de conhecimento nas quais o crebro eletrnico extrai inferncias. Lembre-se, a mquina s executa o
que voc pede, responde somente ao que voc pergunta. No h excees. Pelo menos ainda. Para ilustrar essa idia, segue a descrio de um exemplo
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prtico da aplicao da DCT por meio da tcnica de anlise de agrupamentos em uma base textual.
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8. ANLISE DE AGRUPAMENTOS (CLUSTERI NG) UMA DESCOBERTA INUSITADA
A experincia foi realizada com documentos extrados de uma base de contedos textuais, o Servio Brasileiro de Respostas Tcnicas (SBRT)
9
.
Foram minerados 2.401 documentos, nos quais constam as seguintes informaes: ttulo do documento (RT), resumo, data de publicao, palavras-
chave, assunto, ttulo da demanda ou a pergunta feita pelo cliente e instituio respondente ou responsvel pela elaborao da RT.
Aps a extrao dos textos originais da base, o conjunto de documentos foi submetido a vrios processamentos para limpeza e padronizao dos
dados, at que pudesse ser utilizado para a minerao do texto propriamente dita, utilizando-se ferramenta especfica.
Nesse processo, o algoritmo especializado, baseado na freqncia e no peso associado aos termos, elegeu os cinco mais representativos de cada
documento, formando os 12 agrupamentos apresentados no Quadro 1.
Quadro 1 Agrupamentos dos Documentos Textuais. Fonte: RAMOS, 2008 (pg. 73)
9
SBRT - Servio de informao gratuito na Web destinado a micro e pequenas empresas, criado pelo Ministrio da Cincia e Tecnologia (MCT), em parceria com universidades, iniciativa privada e
governo: CDT/UnB, Disque-Tecnologia da USP (CECAE/USP), CETEC/MG, REDETEC/RJ , TECPAR/PR, IEL/BA, SENAI/RS, IBICT e Sebrae Nacional. Alimenta uma base de dados contendo solues
tecnolgicas aos problemas postados pelos clientes, elaboradas por especialistas, sob medida, e disponibilizadas em forma de Respostas Tcnicas (RTs).
DESCOBERTA DE CONHECIMENTO EM TEXTOS: CONCEITOS E CONVERGNCIAS
290
SUMRIO GERAL SUMRIO_DO_CAPTULO_12
intrigante a presena do termo qumico em trs agrupamentos. primeira vista isso pode ser observado com certa desconfiana. Ora, se na
minerao de textos os documentos so agrupados tendo como elos os cinco termos representativos que apontam algum tipo de afinidade entre eles, o
que estaria provocando a separao de trs grupos de documentos (1, 3 e 12), os quais com certeza tratam de assuntos relacionados a produtos
qumicos? No deveriam esses documentos estar dispostos em um nico agrupamento?
Com esses questionamentos em mente, podemos olhar mais de perto cada um desses agrupamentos, em busca de sinais que comprovem a
pertinncia de esses documentos estarem separados.
A inteno investigar as peculiaridades de cada agrupamento que teriam provocado o distanciamento entre os documentos, a despeito da
similaridade entre seus termos.
Observamos, primeira vista, uma forte interseco entre os agrupamentos 1 e 12, a julgar pela presena de 4 termos comuns dos 5 que os
caracterizam (qumico, usar, processar, utilizar). Isso provoca a necessidade de um aprofundamento na anlise, adicionando-se a esta o agrupamento 3,
que apresenta a presena marcante do termo comum a esses dois: qumico.
A Figura 3 busca representar, em forma de esquema, as interaes existentes entre os trs agrupamentos, a partir dos termos comuns. Para maior
facilidade de visualizao, adotamos a seguinte conveno:
Agrupa-
mento
Peso
(Presena
na Base)
Freqncia
(Quantidade
Documentos)
Variabilidade
dos termos no
agrupamento
Termos de Agrupamento
1 5% 120 0,1032064562 +leo, +qumico, +usar, +processar, +utilizar
2 19% 464 0,1139042878 +produto, +alimentar, +processar, +dever, +comer
3 5% 122 0,1075986813 +qumico, +produto, +produzir, +tcnico, +resumir
4 20% 485 0,1144369151 +material, +utilizar, +fonte, +usar, +processar
5 5% 115 0,1017080841 +animal, +alimentar, +agricultura, +dever, +produo
6 7% 172 0,0941117077 +cultivar, +solar, +plantar, +dever, +apresentar
7 8% 193 0,1034777388 +mquina, +fornecedor, +utilizar, +elaborar, +usar
8 6% 136 0,099722373 +identificao, responsvel, +necessrio, +dever, +informao
9 2% 37 0,093348348 +espcie, +criao, +animal, +alimentar, +formar
10 3% 84 0,0876160473 +material, +reciclar, +resduo, +plstico, +processar
11 10% 231 0,0976318382 fax, +fornecedor, +equipamento, +mquina, +indstria
12 10% 242 0,1193337586 +qumico, +utilizar, +usar, +resumir, +processar
Total dedocumentos: 2.401
DESCOBERTA DE CONHECIMENTO EM TEXTOS: CONCEITOS E CONVERGNCIAS
291
i) Os termos que trazem a mesma cor do nome do agrupamento aos quais esto conectados so aqueles que ocorrem exclusivamente naquele
agrupamento;
ii) Os termos em preto so aqueles comuns a dois agrupamentos;
iii) Destaque maior dado ao termo qumico, por ocorrer nos trs agrupamentos.
Figura 3 Os agrupamentos e suas interaes. Fonte: RAMOS, 2008 (pg. 77).
Ao analisarmos atentamente os termos dos trs agrupamentos em discusso e os seus respectivos contedos, observamos que, embora todos
estejam relatando aes que empregam processos qumicos, h claros indcios de elementos que os diferenciam.
SUMRIO GERAL SUMRIO_DO_CAPTULO_12
Ao contrrio da primeira impresso citada anteriormente, quando inferimos haver forte relao entre os agrupamentos 1 e 12, dada a interseco
de 4 termos em 5, a concluso que chegamos, aps olharmos mais de perto os demais termos extrados, exatamente oposta. A semelhana maior se
mostra entre os agrupamentos 1 e 3, embora haja apenas um nico termo comum entre eles, principalmente do ponto de vista das finalidades do uso
de processos qumicos.
Ambos os agrupamentos 1 e 3 detm seu maior contedo voltado para a fabricao de produtos cosmticos, material de limpeza e aromatizantes
em geral, e aditivos de uso industrial. Entretanto, nota-se a presena marcante, no agrupamento 1, de produtos derivados de leos, extrados de
produtos naturais, de perfumes a lubrificantes, abarcando tambm o cultivo de plantas oleaginosas e produo de sementes, leos e essncias de uso
culinrio. Ainda, observamos um destaque na produo de energia e combustveis alternativos. Esses so seus principais diferenciais em relao ao
agrupamento 3. J este ltimo apresenta uma diversidade de produtos cosmticos e de higiene pessoal, entretanto, destaca-se na linha de produtos de
limpeza e aromatizantes, como desengraxantes, soluo desinfetante fungicida, detergente, fumaa artificial, limpa-pedras, entre outros, alm de
produtos de uso veterinrio. J o agrupamento 12 apresenta aplicaes qumicas de naturezas diferentes dos outros dois agrupamentos, com contedo
mais voltado para a indstria de metalurgia, usinagem, couro e calados, trazendo abordagens especficas, tais como tratamentos de gua, pinturas,
leo
processar
tcnico
resumir
utilizar
produto
usar
qumico
Agrupamento 3
produzir
Agrupamento 12
Agrupamento 1
DESCOBERTA DE CONHECIMENTO EM TEXTOS: CONCEITOS E CONVERGNCIAS
292
fundio, edio, gravao, impresso, estamparia, impermeabilizao, defensivos agrcolas, imunizao e controle de pragas. O Quadro 2 retrata de
forma sucinta o resultado dessa anlise.
Quadro 2: Anlise comparativa dos agrupamentos 1, 3, 12
Agrupamento 1 Agrupamento 3 Agrupamento 12
Produtos derivados de leos,
extrados de produtos
naturais, de perfumes a
lubrificantes.
Produtos cosmticos e de
higiene pessoal
Indstria de metalurgia,
usinagem, couro e calados.
Cultivo de plantas
oleaginosas e produo de
sementes, leos e essncias
de uso culinrio.
Produtos de limpeza e
aromatizantes: soluo
desinfetante, desengraxantes,
fungicida, detergente, fumaa
artificial, limpa-pedras.
Pinturas, fundio, edio,
gravao, impresso, estamparia,
impermeabilizao, defensivos
agrcolas, imunizao e controle
de pragas.
Produo de energia e
combustveis alternativos
Produtos de uso veterinrio Tratamentos de gua
Dessa forma, fica comprovado que os trs agrupamentos tratam de fato de produtos qumicos, mas sob aspectos diversos. Essa curiosa descoberta
comprova a eficcia da DCT para a gerao de agrupamentos de documentos textuais, em busca de conhecimento oculto, o que no possvel detectar
em uma busca por palavras-chave. As relaes anteriormente desconhecidas permitem o aprofundamento das anlises e a conseqente construo de
novos conhecimentos.
SUMRIO GERAL SUMRIO_DO_CAPTULO_12
9. CONSIDERAES FINAIS DO CAPTULO 12
Neste captulo, buscamos trazer tona algumas discusses acerca da Descoberta de Conhecimento em Textos, suas aplicaes e contribuies para
a Cincia da Informao. Procuramos esclarecer conceitos, a partir da diversidade deles encontrada na literatura, descrever as etapas de sua aplicao e
as diversas tcnicas utilizadas para a busca de conhecimento oculto em documentos textuais eletrnicos. Da mesma forma, enfatizamos as diferenas
entre dois termos amplamente utilizados na literatura e que ainda causam incompreenses: minerao de textos e minerao de dados.
Ressaltamos as diferenas entre a DCT e a recuperao da informao ao mostrar que a DCT toma como base padres existentes nos textos para
criar agrupamentos de documentos que tratam de temas aparentemente dspares e, assim, proporciona um mergulho diferenciado no contedo
existente. Ou seja, a identificao de documentos semelhantes em uma base de dados vai muito alm da utilizao da busca e recuperao de termos
indexados de forma semelhante.
H que se destacar a pertinncia e importncia de se aplicar a DCT em grandes repositrios de informao digital em linguagem natural, para a
descoberta de informaes at ento desconhecidas (ocultas), que podem se transformar em preciosas fontes de novos conhecimentos. No entanto,
aqueles que querem se aventurar na aplicao da DCT devem atentar para as dificuldades inerentes aos novos mtodos que chegam at ns, tais como:
DESCOBERTA DE CONHECIMENTO EM TEXTOS: CONCEITOS E CONVERGNCIAS
293
localizao de ferramentas de minerao adequadas e pessoal qualificado para manuse-las; necessidade de vrias habilidades profissionais para a
realizao de todas as etapas da DCT e anlises estatsticas (equipe multidisciplinar); e treinamento especfico para a otimizao do uso dos recursos das
ferramentas disponveis para realizar esse tipo de tratamento textual.
Outro ponto importante a dependncia da lngua. Apesar de haver estudos de casos e bibliografia disponveis principalmente para a lngua inglesa,
estamos em fase de gestao na lngua portuguesa. necessria a adaptao de recursos para o portugus brasileiro
10
para que tiremos proveito da
DCT. H carncia de bases de conhecimentos, tesauros e dicionrios especializados no nosso idioma. Alm disso, padecemos com a falta de
investimento em programas de computadores preparados para o portugus.
Esperamos ter motivado os leitores a conhecerem mais sobre a DCT e, quem sabe, at, t-los incentivado a contribuir para ampliao do uso dessa
tcnica em diferentes domnios. Certamente novos estudos levaro ao aperfeioamento das tcnicas e ferramentas disponveis e conduziro a novas
aventuras no mundo da descoberta de conhecimentos em textos. Finalmente, sabemos que h muito cho para percorrer. Em cincia, nem sempre o
caminho suave, mas a expectativa sempre de uma grande chegada.
10. REFERNCIAS DO CAPTULO 12
BERRY, M. J . A.; LINOFF, G. Data mining techniques - for marketing, sales, and customer support. New York:J ohn Wiley & Sons, 1997.
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SUMRIO GERAL SUMRIO_DO_CAPTULO_12
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HEARST, Marti. What is Text Mining? SIMS, UC Berkeley. October 17, 2003. Disponvel em: <http://www.ischool.berkeley.edu/~hearst/text-
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KANTARDZIC, M. Data Mining: Concepts, Models, Methods, and Algorithms, J ohn Wiley & Sons, 2003, 343 p.
10
Importante citar o portugus brasileiro explicitamente, devido diferena entre o nosso idioma e aquele falado na Europa.
DESCOBERTA DE CONHECIMENTO EM TEXTOS: CONCEITOS E CONVERGNCIAS
294
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(Orientador: J os Palazzo Moreira de Oliveira). Disponvel em: <http://www.leandro.wives.nom.br/>. Acesso em 20 ago 2009.
294
>>>>>>>
Captulo 13
A contemporaneidade do tema governo eletrnico e perspectivas de pesquisas
Rinalda Francesca Riecken
1
SUMRIO DO CAPTULO 13
Resumo_do_Captulo_13, p. 295
Como_citar_o_Captulo_13, p. 295
1. INTRODUO DO CAPTULO 13, p. 296
1.1 Introduz_e_conceitua_o_tema governo eletrnico, p. 296
1.2 Benefcios do e-gov, p. 299
1.3 Obstaculos do e-gov, p. 299
1.4 Literatura, pesquisas e projetos sobre e-governo, p. 299
2. A CONTEMPORANEIDADE DO TEMA GOVERNO ELETRNICO, p. 301
2.1 Estgios do governo eletrnico, p. 301
2.2 Governo eletrnico no mundo, p. 302
2.3 Governo eletrnico nas grandes cidades do mundo, p. 305
2.4 Governo eletrnico no Brasil, p. 306
2.4.1 Marco_inicial_do_governo_eletrnico_no_Brasil, p. 306
2.4.2 A situao do Brasil na classificao (ranking) internacional, p. 306
2.4.3 Situao geral do e-gov nos governos e na iniciativa privada, p. 307
3. RESULTADOS_DE_PESQUISA_ACADMICA_EM_GOVERNO_ELETRNICO, p. 308
4. O POTENCIAL DE PESQUISAS SOBRE GOVERNO ELETRNICO, p. 310
5. REFERNCIAS DO CAPTULO 13, p. 315
1
Rinalda Riecken, Doutora em Cincia da Informao. Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao (PPGCInf), Faculdade de Cincia da I nformao Da Universidade de Braslia (UnB/FCI).
Pesquisadora e consultora para assuntos de cincia e tecnologia da informao. CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2095646610175565. E-mail: [email protected]
A CONTEMPORANEIDADE DO TEMA GOVERNO ELETRNICO E PERSPECTIVAS DE PESQUISAS
296
,,SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 13
Resumo do Captulo 13
O presente captulo objetiva despertar acadmicos e pesquisadores da rea da Cincia da Informao e suas correlatas para os temas relacionados ao
acesso e uso da Tecnologia da Informao (TI) por governos e pela sociedade, bem como apresentar informaes introdutrias acerca do potencial de
realizao de pesquisas sobre o tema governo eletrnico ou e-gov. O captulo est dividido em quatro tpicos: 1) introduo e conceituao do tema; 2)
anlise da contemporaneidade do tema governo eletrnico no contexto da sociedade da informao; 3) apresentao de resultados de pesquisa oriundos
da tese de doutorado da autora, para fins de exemplificao das preocupaes tpicas das pesquisas sobre o acesso e uso das tecnologias por governos
e pela sociedade; e 4) rol exemplificativo de temas potenciais de pesquisas sobre e-gov.
Palavras-chave: Governo eletrnico; e-gov; technologia da informao; tpicos de pesquisa; sociedade da infotmao; mbito governamental
Abstract
The contemporaneousness of electronic government: issues and research prospects
This chapter intends to awake students and researches in the field of Information Science and related areas to the issues concerning the access and use
of information technology by governments and the society, as well as to provide introductory information about the potencial of research in the subject
electronic government or e-government. The chapter covers four topics: 1) introduction and conceptualization of the topic; 2) analysis of the
conteporaneousness of the subject electronic government in the government and information society environment; 3) presentation of research outcomes
originating from the authors doctorate thesis, to exemplify typical concerns of research on access an use of technology by government and society; and
4) a series of examples on potential research issues on e-government.
Keywords: Electronic government; e-gov; information technology; research issues; information society; government environment
Como citar o Captulo 13
RIECKEN, Rinalda. A contemporaneidade do tema governo eletrnico e perspectivas de pesquisas. In : ROBREDO, J aime; BRSCHER, Marisa (Orgs.).
Passeios no Bosque da Informao: Estudos sobre Representao e Organizao da Informao e do Conhecimento EROIC. Braslia DF: IBICT,
2010. 334 p. Capitulo 13, p. 294-319. Edio comemorativa dos 10 anos do Grupo de Pesquisa EROIC; disponvel em:
http://www.ibict.br/publicacoes/eroic.pdf. (ltima atualizao mai-jun 2011).
,,,,,,,,,,,,,
A CONTEMPORANEIDADE DO TEMA GOVERNO ELETRNICO E PERSPECTIVAS DE PESQUISAS
297
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 13
1. INTRODUO DO CAPTULO 13
O presente captulo est dividido em quatro sees, a saber:
a Seo 1.1, contendo os elementos introdutrios com o objetivo de conceituar e introduzir o tema;
a Seo 1.2, que contextualiza a contemporaneidade do tema governo eletrnico, inserido na temtica mais abrangente da sociedade da
informao;
a Seo 1.3, que apresenta um resumo dos resultados de pesquisa acadmica (RIECKEN, 2008a)
2
, com o objetivo de exemplificar para os
estudantes e pesquisadores quanto s preocupaes tpicas de pesquisas sobre o acesso e uso da tecnologia da informao por governos e
pela sociedade; e
a Seo 1.4, que exemplifica uma lista de possveis pesquisas sobre governo eletrnico.
1.1 Introduz e conceitua o tema governo eletrnico
Governo eletrnico um tema atual, inserido nos governos, em especial por meio de portais e servios eletrnicos, e na sociedade, como usuria
desses servios e partcipe desse novo processo de comunicao e interao que tanto organiza, quanto esclarece, facilita e agiliza a soluo de
inmeros interesses e necessidades. Mesmo que a satisfao com os servios e informaes ainda no ocorra de forma plena, comparativamente ao
modelo anterior baseado preponderantemente em atendimento de balco e por meio de telefones convencionais, h sem dvida um significativo avano.
O termo aparece das mais diferenciadas formas na literatura e na World Wide Web
3
(WWW): e-governo (e-government, egovernment,
eGovernment, Egovernment, E-government, E-Government, EGovernment), e-gov (e-Gov, egov, EGOV, E-GOV), governo digital (digital government),
governo on-line (online government) e governo transformacional (transformational government). Com relao s tecnologias, o e-governo
frequentemente ligado ao entendimento de governo on-line ou governo baseado na WWW, mas muitos temas no-baseados na WWW se inserem
na agenda do governo eletrnico. Analogamente, nem todas as aplicaes on-line
4
de governo, mesmo baseadas na WWW, referem-se a governo
eletrnico.
A expresso e-governo representa vrios tpicos relacionados que se enquadram na noo de atividades governamentais apoiadas ou difundidas
por meio de tecnologia eletrnica, alcanando os governos federal, estadual, prefeituras e entidades diversas, sejam elas da administrao direta ou
indireta, com todas as suas ramificaes.
De acordo com Pardo (2000 apud HOLZER; KIM, 2008), o governo eletrnico muito mais que um site na Internet, devendo ser compreendido
como um potencial para apoiar a entrega de servios governamentais por meio do provimento de: acesso ininterrupto s informaes e servios;
mecanismos para disponibilizar aos cidados os meios de cumprir suas obrigaes com as disposies estaduais ou federal, no que se refere a licenas
para dirigir, para abertura de negcios, entre outras; uma rede atravs das vrias agncias governamentais a fim de disponibilizar a retaguarda colabo-
rativa para servir aos cidados; e de vrios canais para favorecer e reforar a democracia digital e a participao cidad.
2
Pesquisa de doutorado intitulada Governo eletrnico em administraes locais brasileiras: avaliao de progresso, fatores intervenientes e critrios de priorizao de iniciativas, realizada no escopo do
programa de Ps-graduao em Cincia da Informao do Departamento de Cincia da Informao e Documentao da Universidade de Braslia (CID/UnB), transformado, em abril de 2010, na Faculdade
de Cincia da Informao (FCI ).
3
A Internet, a rede mundial de computadores, o meio de comunicao e no de publicao de contedos, que a World Wide Web (WWW). Entretanto, o termo Internet tem se popularizado como
entendimento da rede e seus contedos.
4
O estrangeirismo ou aportuguesamento on-line vem sendo largamente utilizado na lngua portuguesa, sendo preferido ao termo em linha ou mesmo ao termo online (PRI BERAM INFORMTICA,
2010).
A CONTEMPORANEIDADE DO TEMA GOVERNO ELETRNICO E PERSPECTIVAS DE PESQUISAS
298
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 13
A relao de atividades e servios que poderiam ser estabelecidos seria longa, podendo-se agrupar nas seguintes categorias (ROBREDO, 2005):
aes polticas e estratgicas referentes infra-estrutura para consolidar a implementao de e-governo planejamento de servios;
tecnologia banda larga; acesso por pessoas portadoras de deficincias; integrao de servios; interoperabilidade; e-governo em nvel
internacional e mundial; federal, estadual e municipal; legislao e regulamentao sobre Internet; privacidade, segurana e e-servios em
geral;
servios de informao atravs de portais, stios e links diversos estrutura da administrao pblica e de dirigentes; acesso legislao;
servios locais; horrios de atendimento, requisitos, custos; impostos e tributao; eventos de interesse pblico; licitaes; oramento;
andamento de obras e aplicao de recursos pblicos; e
servios interativos, inclusive em tempo real servios de atendimento ao cidado (call centers); fornecimento de documentos via Internet;
andamento de processos; pagamento de impostos, taxas, etc.; inscries em concursos pblicos; educao distncia; acesso a bibliotecas
virtuais e centros de referncia; participao em concorrncias e licitaes via Internet.
As interaes possveis, isto , os atores que potencialmente podem se comunicar na via eletrnica, segundo a classificao adotada por Fang (2002
apud Riecken, 2008a), so:
Governo a Governo (Government-to-Government - G2G);
Governo a Negcios (Government to Business - G2B) e/ou seu inverso (Business-to-Government - B2G);
Governo a Cidados / Clientes (Government-to-Citizen - G2C) e/ou seu inverso (Citizen-to-Government - C2G);
Governo a Entidades sem Fins Lucrativos (Government-to-Nonprofit - G2N) e/ou seu inverso (Nonprofit-to-Government - N2G);
Governo a Servidores Pblicos (Government-to-Employee - G2E) e/ou seu inverso (Employee-to-Government - E2G);
Cidado a Negcios (Citizen-to-Business - C2B) e/ou seu inverso (Business-to-Business - B2C); e
Cidado a Cidado (Citizen-to-Citizen - C2C).
Embora o e-gov seja frequentemente associado ao uso das denominada tecnologia da informao (TI)
5
e da WWW/Internet
6
para a entrega de
servios pblicos, os conceitos ideolgicos que o sustentam esto muito alm da prestao de servios on-line na Internet. A dimenso dos servios
eletrnicos foi a primeira a ser visvel pela sociedade dentro do conceito de governo eletrnico.
Ao longo dos ltimos dez anos, praticamente nesta primeira dcada do sculo XXI, o e-gov abrange conceitos que incluem inmeras aplicaes de
tecnologia da informao: a melhoria nos processos da administrao pblica, o aumento da eficincia, a melhor governana
7
em TI, as consultas
pblicas para a elaborao e o monitoramento das polticas pblicas, a integrao entre governos e a democracia eletrnica, e a adequao dos
contedos e da linguagem para veiculao na Internet.
O estabelecimento de estruturas de governana imperativo para o sucesso dos projetos de mudana nas organizaes pblicas, as quais devem
estabelecer claramente os direitos e processos decisrios, bem como a forma de operacionalizao deve identificar e organizar as fontes e os fluxos de
informaes que devero subsidiar as decises (CAPUANO, 2007).
5
Ou, como so tambm denominadas, tecnologias da informao e das telecomunicaes (TIC). Doravante, ser utilizada a expresso tecnologia da informao, ou simplesmente TI.
6
A Internet, a rede mundial de computadores, o meio de comunicao e no de publicao de contedos, que a World Wide Web (WWW). Entretanto, o termo Internet tem se popularizado como
entendimento da rede e seus contedos.
7
Governana pode ser entendida como capacidade de decidir sobre as prioridades e determinar a sua realizao. Vem sendo relacionado ao conhecido conjunto de mecanismos de mercado (Control
Objectives for Information COBIT), sendo entendido como o repasse para as reas de negcio sobre a deciso quanto s prioridades no que se relaciona tecnologia de informao, em especial as
prioridades sobre o desenvolvimento dos sistemas de informao, contrastando com o modelo anterior em que a rea de tecnologia da informao decidia sobre as prioridades.
A CONTEMPORANEIDADE DO TEMA GOVERNO ELETRNICO E PERSPECTIVAS DE PESQUISAS
299
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 13
A democracia eletrnica refere-se principalmente ao aumento da capacidade de transparncia, da participao eletrnica e de accountability
8
. Bobbio
(2004) define democracia como um mtodo de governo, um conjunto de regras (primrias ou fundamentais) que estabelece quem est autorizado a
tomar as decises coletivas e com quais procedimentos, o que envolve um processo decisrio com a participao ampla dos envolvidos. Desse modo, a
democracia eletrnica pode ser entendida como uma extenso desse conceito, em que a participao ampla impulsionada com o uso da tecnologia da
informao, opondo-se a formas de governo autocrtico.
Os registros, com seus dados estruturados e organizados, precisam ser codificados numa linguagem adequada para a sua difuso na Internet e de
forma a permitir sua visualizao nos computadores, o que se consegue utilizando as linguagens HTML, a XML (eXtensible Markup Language) e outras
variantes (ROBREDO, 2005). A reengenharia da Cincia da Informao ou revisitao, usando o termo de Robredo (2003) ampliou as antigas
classificaes (taxonomias, tesauros) e tornam-se cada vez mais importantes no mundo da busca catica via engenhos de busca.
Paralelamente a esse cenrio, instituies buscaram organizar o caos e estabelecer padres, embora nem sempre observados. Aos atributos
originalmente idealizados para representar um objeto informacional agregaram-se novos elementos e qualificadores (qualifiers), a exemplo da DCMI
(Dublin Core Metadata Initiative) e do RDF (Resource Description Framework), que introduziu, por exemplo, atributos como o endereo eletrnico
(Uniform Resource Locator URL) e a disponibilidade em vrias lnguas. A URL passou a ser um atributo essencial na estrutura do hipertexto e hoje faz
parte do cotidiano das pessoas ao referenciar quaisquer documentos em meio eletrnico localizado na rede mundial de computadores.
Alm desses temas, to variados quanto amplos, as aes com o objetivo de reduzir a excluso digital (por meio de polticas pblicas que visem
promoo da chamada incluso digital) so abordadas como uma importante dimenso dos programas de e-gov (CHAHIN; CUNHA; PINTO, 2004;
FERRER; SANTOS, 2004).
Desse modo, o governo eletrnico configura-se como um veculo dinmico de informaes que permite operacionalizar o ciclo de prestao de
informaes e servios com o uso da tecnologia da informao nos diversos nveis da administrao pblica, como coadjuvante no processo de
organizao e disponibilizao de informaes e de prestao de servios, transparncia pblica e participao dos cidados nos planos e projetos
governamentais.
Remete ao desafio de melhor compreender a sociedade em rede, a estrutura de gesto, os meios para captao, organizao, operacionalizao,
transferncia e entrega dos contedos informacionais envolvidos, novas formas de prestao de servios no presenciais e novos canais de
relacionamento com a populao, dentre outros. As transformaes tecnolgicas e administrativas do trabalho e das relaes produtivas passam a
centrar-se em empresas em rede, que evoluram rapidamente para dentro de nossas casas (CASTELLS, 2001).
Do lado da sociedade, reflete o interesse pela satisfao de necessidades atravs desse amplo veculo de comunicao e cooperao em rede, entre
os atores que nela interagem (governos, servidores, cidados, empresas, rgos e entidades, em mbito nacional e internacional nos diversos nveis de
governo), bem como pela abertura de uma comunicao bidirecional entre governo e sociedade.
O governo eletrnico no reside somente na presena na Internet, atravs de um stio (pgina eletrnica) ou portal, mas em um amplo programa de
insero da tecnologia da informao na ao pblica e nos intra e inter-relacionamentos entre os entes pblicos, privados e as pessoas da sociedade,
possibilitando uma efetiva troca de informaes e de participao, tornando implcito para sua viabilizao um posicionamento aberto dos governos para
a transparncia e para a democracia.
...........
8
Accountability refere-se transparncia pblica dos gestores na prestao de contas e responsabilizao por seus atos.
A CONTEMPORANEIDADE DO TEMA GOVERNO ELETRNICO E PERSPECTIVAS DE PESQUISAS
300
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 13
1.2 Benefcios do e-gov
Os potenciais benefcios do e-gov so (DIAS, 2006):
a prestao de melhores servios convenincia, economia de tempo, qualidade, confiabilidade, usabilidade e variedade de canais de
atendimento;
administraes pblicas mais eficientes pela informatizao e possibilidade de entrega, com menor interveno humana, de informaes
e servios que podem ser automatizados, bem como pela concentrao dos pontos de acesso e da integrao dos servios;
novas relaes entre o governo e a sociedade pela integrao horizontal dos servios de forma que a estrutura organizacional do governo
seja irrelevante ao cidado, bem como na maior transparncia das aes e gastos do governo; e
outros benefcios a exemplo de habilitar a populao a ingressar na sociedade da informao.
Pode-se dizer que os benefcios esperados para o governo eletrnico no Brasil so o fim das filas, a reduo da redundncia de informaes e dos
formulrios mal planejados. Embora o governo eletrnico tenha o potencial de beneficiar os processos administrativos e operacionais, reduzindo custos e
promovendo a transparncia, uma significativa parcela dos servios para empresas e cidados no evoluram muito. Haveria ainda um conjunto
expressivo de funes do Estado que poderiam se beneficiar do potencial da Internet, a exemplo de compras (onde o Estado responde por mais da
metade das compras realizadas no Brasil), prestao de servios (matrcula na escola pblica, marcao de consultas e exames mdicos na rede pblica,
etc.), regulao de prticas, consultas democrticas, arrecadao, gesto de funcionrios e gesto administrativa (COSTA, 2007).
Com relao gesto do conhecimento, to necessria na economia baseada na informao e no conhecimento, os benefcios ocorrem tanto para os
cidados, quanto para as organizaes. Para os cidados, os benefcios incluem melhores servios, melhores escolhas, maior personalizao e
accountability de como o dinheiro do cidado ser gasto. Para a organizao, a gesto do conhecimento prov o benefcio maior de impulsionar o
desempenho organizacional com o objetivo de incrementar a eficincia e a inovao. Mas, para que esses benefcios ocorram, o processo de retaguarda
deve estar devidamente estabelecido (NAES UNIDAS, 2008).
1.3 Obstculos do e-gov
No Brasil, o progresso do governo eletrnico depara-se com significativas dificuldades e avana gradativamente, uma vez que se apresenta como um
instrumento potencial de melhoria da visibilidade da ao e dos servios pblicos, mas esbarra em inmeros obstculos, dentre eles: recursos escassos
para uma infinidade de prioridades; dificuldades de infraestrutura; contrastes culturais e socioeconmicos dos extratos da populao; e a dimenso
geogrfica do pas.
O avano observado no governo federal e na maioria dos governos estaduais tem, de fato, se refletido em oportunidades ao alcance da populao
nos grandes centros urbanos. Foram reduzidas drasticamente as idas das pessoas aos bancos, pode-se resolver boa parte dos compromissos ou agiliz-
los com o uso do telefone celular; um computador ligado Internet tornou-se indispensvel para as pessoas em atividades administrativas e intelectuais
nas grandes cidades, mas, mesmo assim, ainda no se constitui em um recurso ao alcance da maioria dos cidados fora dos grandes centros urbanos do
pas. Mesmo nestes conglomerados urbanos, a excluso digital significativa e caminha ao lado da excluso social e dos graves problemas envolvidos na
questo.
1.4 Literatura, pesquisas e projetos sobre e-gov
A literatura nacional comea a sedimentar autores dedicados ao tema como Chahin, Cunha e Pinto (2004), Ferrer e Santos (2004) e Knight,
Fernandes e Cunha (2007a). Os temas de uso da tecnologia da informao em geral e do e-gov em particular tm despertado tambm o interesse de
A CONTEMPORANEIDADE DO TEMA GOVERNO ELETRNICO E PERSPECTIVAS DE PESQUISAS
301
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 13
inmeros pesquisadores da academia, tais como (SIMO, 2004), (MEDEIROS, 2004), (DIAS, 2006), (FREITAS, 2006), (OLIVEIRA, 2006) e (GONALVES,
2006), (AGNER, 2007), (BRAGA, 2008), (ARAKAKI, 2008), (RIECKEN, 2008a), (LIMA, 2008) bem como de governos e consultorias. Iniciativas em nvel
nacional, como o projeto denominado e-Brasil (KNIGHT; FERNANDES; CUNHA, 2007a) (KNIGHT; FERNANDES; CUNHA, 2007b), pretendem contribuir
para a questo social no Brasil e, simultaneamente, aprimorar a competitividade da economia com o uso intensivo da tecnologia da informao.
Do ponto de vista da academia, a preocupao terica com a questo da sociedade da informao e do governo eletrnico tem por objeto investigar
o porqu das coisas, a conscincia poltica dos envolvidos, para onde se vai ou onde se poderia chegar com determinadas aes que impactam
diretamente tanto o governo quanto a sociedade, remetendo desse modo tentativa de se explorar a realidade para, analisando os pontos comuns
de diversas experincias, desenvolver metodologias que propiciem o alargamento do tema, bem como fortalecer o referencial terico e o corpo de
autores que se dedicam ao tema.
Iniciativas no nacional, como o projeto denominado e-Brasil (KNIGHT; FERNANDES; CUNHA, 2007a) (KNIGHT; FERNANDES; CUNHA, 2007b),
pretendem contribuir para a questo social no Brasil e, simultaneamente, aprimorar a competitividade da economia com o uso intensivo da TI. O projeto
e-Brasil visa implementao do governo eletrnico no contexto de outras polticas e aes. O horizonte temporal inicial proposto de um mandato nas
esferas federal e estadual (podendo-se projetar para dois mandatos), que terminaria em 2014, e o incio de um hipottico terceiro mandato
subsequente, em 2015, o ano limite para alcance dos Objetivos do Milnio (ODM) das Naes Unidas (United Nations UN).
Do ponto de vista da academia, a preocupao terica com a questo da sociedade da informao e do governo eletrnico tem por objeto investigar
o porqu das coisas, a conscincia poltica dos envolvidos, para onde se vai ou onde se poderia chegar com determinadas aes que impactam
diretamente tanto o governo quanto a sociedade, remetendo desse modo tentativa de se explorar a realidade para, analisando os pontos comuns
de diversas experincias, desenvolver metodologias que propiciem o alargamento do tema, bem como fortalecer o referencial terico e o corpo de
autores que se dedicam ao tema.
Para a Cincia da Informao, o governo eletrnico e a sociedade da informao onde o tema se insere tornam-se objetos contemporneos para o
desenvolvimento de pesquisas na rea, sob as diversas possibilidades de estudo: do gerenciamento, representao e organizao da informao e do
conhecimento, entre outros aspectos.
Adicionalmente, uma pesquisa acadmica pode eventualmente gerar um produto de utilidade prtica e mtodos. Cite-se, por exemplo, o modelo de
deciso baseado em critrios objetivos com possibilidade de apoiar os governos estaduais a progressivamente incentivarem o avano de governo
eletrnico nos municpios (RIECKEN, 2008a). O modelo no tem o propsito de utilizao imediata nem de ser um modelo fechado, mas sim, o ponto de
partida para se refletir sobre o motivo e oportunidade desse avano.
Nos pases em que somente uma pequena parcela da populao consegue galgar os nveis mais avanados do estudo e da pesquisa em cincia e
tecnologia, importante que os resultados de estudos acadmicos (por exemplo, oriundos de dissertaes, teses e grupos de pesquisas cientficas)
possam cumprir no apenas o rito da cincia acadmica, mas tambm um enfoque prtico. Desta forma, produtos prticos podem, de certo modo,
favorecer a reduo da desconexo entre a cincia e sua aplicao por meio da tecnologia.
A discusso sobre governo eletrnico no pode ser separada de temas como sociedade da informao, transparncia, cidadania, democracia,
incluso, poder poltico, entre outros, necessitando para tanto se apropriar dos mtodos de inmeras cincias e/ou disciplinas para o
desenvolvimento de estudos na tica da Cincia da Informao. Mais importante do que os resultados em si (posto que dinmicos e limitados ao
contexto), so os mtodos a maior contribuio de uma pesquisa cientfica. A caracterstica distintiva do mtodo a de ajudar a compreender, no
sentido mais amplo, no os resultados da investigao cientfica, mas o prprio processo de investigao (KAPLAN apud LAKATOS; MARCONI, 1992).
A CONTEMPORANEIDADE DO TEMA GOVERNO ELETRNICO E PERSPECTIVAS DE PESQUISAS
302
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 13
A pesquisa cientfica tradicional baseia-se em estruturas e seu detalhamento, em categorias cada vez mais pormenorizadas. Entretanto, autores
modernos
9
vm se afastando das vises fragmentadas de perceber o mundo, caminhando para a constatao de que a soma das partes no faz o
todo, uma vez que, reunidos os vrios sistemas (estudados isoladamente), a resultante possui um comportamento com potencial prprio que extrapola
em muito a mera soma das partes.
Mas, no s os sistemas tm potencialmente uma dinmica distinta, como formam de por si s um todo, um instrumento, que tambm dinmico.
Ento, mesmo os aspectos considerados vlidos atualmente vo se tornar obsoletos amanh em decorrncia natural de um percurso contnuo. A melhor
maneira parece ser a de se considerar a informao e o conhecimento (bem como a Cincia da Informao que os tm como objeto de estudo), como
quadros onde os limites no so mais fixos.
Essa a razo pela qual em algumas universidades os alunos da ps-graduao so incentivados a desenvolverem suas dissertaes e teses
baseadas no pensar sistmico.
2. A CONTEMPORANEIDADE DO TEMA GOVERNO ELETRNICO
A Seo 2 tem por objetivo contextualizar a contemporaneidade do tema governo eletrnico, dando uma viso geral dos nveis evolutivos ou
estgios em que o mesmo se desenvolve. Tambm apresenta o tema e-gov no contexto mundial e o modo como diferentemente percebido e medido
nos vrios pases.
2.1 Estgios do governo eletrnico
Governo eletrnico um tema contemporneo, tanto do ponto de vista do seu referencial terico e dos mtodos, quanto em relao aos aspectos
operacionais, em especial, quanto tecnologia da informao.
Em 2004
10
, poder-se-a dizer que a literatura internacional era esparsa, concentrada em alguns pases desenvolvidos, enquanto que a literatura
nacional era praticamente inexistente. Ao final da primeira dcada de governo eletrnico no Brasil, o cenrio mudou significativamente. No se poderia
mais chamar governo eletrnico de fenmeno ou mecanismo, to pouco utilizar denominaes similares, egressas da engenharia, ou mesmo vises
mecanicistas.
Governo eletrnico s pode ser compreendido sob um ponto de vista sistmico. O tema est definitivamente incrustado nas pesquisas acadmicas,
de modo transversal em diversas cincias e disciplinas, tanto no que diz respeito quantidade de pesquisas, quanto qualitativamente pela diversidade de
ticas dos estudos. Isso torna o trabalho de pesquisa especialmente rduo, posto que tratar de um tema to atual e dinmico obriga o pesquisador a
buscar, periodicamente atualizar o embasamento terico e desenvolver (ou adequar) os mtodos.
Consoante pesquisa realizada na literatura pelo comparativo das principais listas de classificao (ranking) internacionais do e-gov, os estgios ou
nveis de progresso em governo eletrnico diferem entre trs ou mais nveis progressivos. O Quadro 1 permite visualizar esses estgios, possibilitando
tambm cotejar a equivalncia aproximada entre as diferentes vises, sendo que a classificao proposta na primeira coluna deriva da anlise das
diferentes categorias observadas nas demais.
No seu estgio mais avanado, estima-se que o governo eletrnico tende a uma interao/integrao plena, de modo transversal abrangendo a rea
pblica em seus vrios nveis e esferas, e antecipao e personalizao das necessidades dos usurios, tornando-se (por assim dizer) transparente
9
Como Morin (2003), que desenvolveu a linha de pensamento sobre a complexidade na formao social levando em considerao fatores culturais e a histria biolgica.
10
Quando a pesquisa de doutorado (RIECKEN, 2008a) teve incio.
A CONTEMPORANEIDADE DO TEMA GOVERNO ELETRNICO E PERSPECTIVAS DE PESQUISAS
303
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 13
ao cidado. A idia seria a de desonerar os cidados de prestarem informaes repetitivas (e por vezes exageradas) comparativamente informao ou
benefcio resultante para o mesmo. Isso seria possvel uma vez que a interao/integrao mencionada possibilitaria as informaes necessrias e
suficientes relativas aos episdios do ciclo de vida relacionados s interaes com a esfera pblica, e permitiria a padronizao dos eventos e a
simplificao dos processos, at mesmo com maior preciso e segurana comparativamente ao processo convencional (no eletrnico).
Quadro 1. Comparativo entre os diferentes nveis de e-governo
11
Classificao das
Naes Unidas em 5 estgios
Classificao da Unio
Europia / Capgemini em 4
estgios
Classificao Accenture
em 3 estgios
Classificao segundo
Chahin et al. (2004)
Classificao adotada
por
Riecken (2008a)
Sem
e-gov
0. ausncia na internet
Presena
institucional
Presena emergente
(emerging)
Informao Pblico Institucional 1. Presena
institucional na
internet
Presena expandida ou
estendida (enhanced)
Informao em uma via
(download de formulrios)
Informativa 2. Presena expandida
na internet
Presena
interativa
Presena interativa
(interactive)
Informao em duas vias
(formulrios eletrnicos)
Interativo Interativa 3. presena interativa
Presena
transacional
Presena transacional
(transactional)
Transao (processamento
eletrnico completo)
Transacional. Transacional 4a. Presena
transacional
emergente
4b. Presena
transacional expandida
Presena em
rede
Presena em rede
(networked)
Integrativa
5a. Presena em rede
emergente
5b. Presena em rede
expandida
2.2 Governo eletrnico no mundo
Segundo estudos das Naes Unidas, uma tendncia de reformas no setor pblico emergiu em muitos pases nos ltimos anos, devido
principalmente s aspiraes dos cidados ao redor do mundo que colocam novas demandas para os governos. O sucesso dos governos, cada vez mais,
medido com base nos benefcios oferecidos aos cidados, setor privado e comunidades. Estes clientes governamentais demandam um nvel alto de
eficincia, transparncia na prestao de contas pblicas e um enfoque renovado na entrega de melhores servios e resultados (NAES UNIDAS,
2008).
Vrios pases em todo o mundo vm tentando revitalizar a administrao pblica com o objetivo de torn-la mais pr-ativa, eficiente, transparente e,
especialmente, mais orientada a servios. Para realizar essa transformao, os governos tm introduzido inovaes nas estruturas organizacionais, nas
11
Chahin et al. (2004) sugere uma tipologia adaptada da classificao do Gartner Group e da Unidade de Misso Inovao e conhecimento (UMIC), de Portugal. Ver tambm "Manual de Implementao de
Servios Pblicos Eletrnicos", do Governo do Estado de So Paulo, em (SO PAULO, 2009a). Tipologia das Naes Unidas consoante (NAES UNIDAS (2004). Ver tambm, FERNANDES (2000).
A CONTEMPORANEIDADE DO TEMA GOVERNO ELETRNICO E PERSPECTIVAS DE PESQUISAS
304
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 13
prticas utilizadas, nas competncias e no modo como mobilizam, desenvolvem e utilizam o capital humano e a informao, os recursos tecnolgicos e
financeiros para a entrega de servios aos cidados. O uso apropriado da tecnologia da informao passa a desempenhar um papel crucial para o
avano das metas do setor pblico, contribuindo para um ambiente que possibilite o crescimento social e econmico (NAES UNIDAS, 2008).
Estima-se que haja dezenas de pesquisas globais sobre governo eletrnico (ranking), sendo conduzidas pelo mundo afora, a partir de 2000,
podendo-se destacar:
ACCENTURE Consultoria em Gerenciamento e Tecnologia de Informao (Management and Information Technology Consultancy
ACCENTURE): abrange 21 pases e tem por foco servios selecionados voltados aos negcios e aos cidados;
Universidade de Brown Centro de Polticas Pblicas da Universidade de Brown (Centre for Public Policy of the Brown University CPP-
BU): abrange 198 (incluindo territrios) pases pesquisados e, tem por foco, um conjunto de indicadores envolvendo avaliao de progresso
nos diferentes poderes, bem como nas reas de arrecadao, educao, administrao, assuntos estrangeiros, investimentos, transporte,
aspectos militares e de turismo;
Economic Intelligence Unit (EIU): envolve 65 pases com foco em servios voltados aos negcios e cidados, classificados em seis
categorias;
Taylor Nelson Sofres (TNS): envolve 31 pases com foco no uso da Internet e de servios on-line governamentais;
UN Global E-government Survey: pesquisa coordenada pelo Departamento de Assuntos Econmicos e Sociais (Department of Economic and
Social Affairs UNDESA) das Naes Unidas: envolve os 192 pases membros das Naes Unidas com foco em servios on-line nas reas
de educao, sade, previdncia social, finanas e trabalho/emprego;
World Economic: o frum econmico mundial da Universidade de Harvard engloba pesquisa de 104 pases e tem por foco verificar a
prontido (readiness) da sociedade para operar em rede; e
Digital governance in municipalities worldwide: pesquisa coordenada por Holzer e Kim (2008) que avalia a cada dois anos 100 grandes
cidades, tendo por foco a avaliao da governana digital com base nos portais municipais.
Outros pases a exemplo do Canad, da Austrlia, do J apo e de alguns pases asiticos (em especial os denominados Tigres Asiticos) vm
despontando com portais governamentais nacionais, oferecendo, em paralelo, uma quantidade expressiva de materiais sobre suas experincias e
prticas.
Analisando a literatura internacional, os estudos tericos esto concentrados, principalmente, nos Estados Unidos e nos pases mais desenvolvidos.
O portal oficial do governo eletrnico americano (ESTADOS UNIDOS, 2009a), a pgina da Casa Branca (ESTADOS UNIDOS, 2009b) e o portal do
Government Accountability Office GAO (ESTADOS UNIDOS, 2009c) apresentam expressivo material sobre a estratgia de implementao e progresso
do governo eletrnico americano, bem como sobre a Arquitetura Empresarial Federal (Federal Enterprise Architecture - FEA) adotada, em uma viso
oficial.
Nos Estados Unidos, a nfase consiste nas questes de portais, de aspectos operacionais relacionados tecnologia da informao, inclusive nos
aspectos da convergncia tecnolgica, o que remete a questes de incluso digital por meio de novas formas de prestao de servios digitais, como a
telefonia mvel e a TV digital.
J na Europa, o tema tem um contorno mais terico e social (portanto, menos operacional), vinculando-se a questes de cidadania e democracia.
Destacam-se os estudos da Organizao para a Cooperao e o Desenvolvimento Econmico OCDE (Organization for Economic Co-operation and
Development - OECD) que medem o acesso e uso da tecnologia da informao em residncias e por indivduos, dado o forte interesse poltico por assun-
A CONTEMPORANEIDADE DO TEMA GOVERNO ELETRNICO E PERSPECTIVAS DE PESQUISAS
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SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 13
tos ligados ao potencial da TI (e, em particular, Internet), democratizao do acesso e ao impacto para mudar a sociedade. Tal modelo de pesquisa
vem sendo estendido a inmeros pases, inclusive o Brasil.
Lanado em 2001, o projeto sobre governo eletrnico da OCDE (OECD E-Government Project), avalia como os governos podem melhor explorar a
tecnologia da informao para o alcance dos princpios da boa governana e dos objetivos das polticas pblicas. O projeto produz relatrios sobre as
melhores prticas e desenvolve estruturas para temas especficos como anlise de custo/benefcio, de e-servios e ndice de uso efetivo dos servios
eletrnicos pelos clientes (take-up) (OCDE, 2009).
Para o plano de ao evolutivo do avano do acesso e uso da tecnologia da informao e do governo eletrnico na Europa, no denominado i-
2010,esto sendo propostos novos indicadores e um modelo holstico de medidas, conforme mostra a Figura 1.
Portanto, prontido ou disponibilidade para o governo eletrnico (isto , o quo prontos esto os governos, em seus diferentes nveis, para o uso da
tecnologia da informao na oferta de servios informacionais, dentre outros) refere-se aos principais fatores intervenientes para a sua concretizao, do
lado da oferta: 1) liderana e estratgia (leadership and strategy); 2) aporte financeiro (funding); 3) pessoas e habilidades (people and capability); 4)
tecnologia e conectividade (technology and connectivity); 5) envolvimento efetivo dos patrocinadores (stakeholder involvement); e 6) organizao e
mudana (organization and change).
Figura 1. Novo modelo de medidas holsticas proposto pela Unio Europia no plano de ao i-2010
Fonte: adaptao e traduo da figura constante pg. 17 do relatrio (CAP GEMINI, 2006).
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Essa disponibilidade (prontido) propicia a entrega dos servios informacionais e a disponibilidade e qualidade desses servios, para que uma
mudana mais profunda no governo possa ocorrer. Essa nova fase denominada transformao do governo, momento no qual os fatores
intervenientes apontam para: a necessidade da integrao da retaguarda (o que requer um expressivo esforo de integrao dos sistemas legados para
que o conjunto de processos administrativos, operacionais e logsticos passe a operar em linha), do compartilhamento dos servios, do gerenciamento
dos dados e das relaes com os cidados.
Nos pases desenvolvidos, onde a maioria da populao possui um computador com acesso Internet e onde os servios e informaes oferecidos
pelos governos alcanam um avanado nvel nas transaes (na sofisticao, na usabilidade, etc.), no se fala mais em prontido do governo e da
sociedade, mas sim, em transformao do governo (transformational government) para um estgio virtuoso de interao, onde o governo eletrnico, em
um extremo de evoluo, torna-se transparente, antecipando-se aos desejos dos cidados, ou at mesmo desnecessrio (em determinadas situaes),
pela eliminao de exigncias que extrapolem a razoabilidade do benefcio, do direito ou do reconhecimento almejados. Mas que grau de requisitos (tais
como: integrao, preparao da retaguarda do governo e da sociedade, satisfao de necessidades, maturidade de modelo de gesto, etc.), faz-se
necessrio para atingir esse grau de e-gov virtuoso?
Observao emprica quanto s tentativas de implantao de novos modelos de gesto (com profunda modernizao dos sistemas de informaes
legados nos rgos do poder executivo brasileiro) indica que no faltam recursos financeiros, em tecnologia e conectividade, restando frgeis outros
aspectos.
J nos demais pases, no to desenvolvidos (afora as ilhas nos grandes centros urbanos), pressionados pela escala de demanda e envolvendo as
esferas afastadas da populao (governos federal e estadual), governo eletrnico ainda de um modo geral uma utopia.
2.3 Governo eletrnico nas grandes cidades do mundo
Estudos vm sendo desenvolvidos voltados para avaliar os grandes municpios no mundo. Um exemplo disso a pesquisa, realizada em 2007,
denominada Governana Digital nas Municipalidades no Mundo (Digital Governance in Municipalities Wordwide) (HOLZER; KIM, 2008).
A referida pesquisa replica trabalhos similares realizados em 2003 e 2005 e consiste na avaliao de websites nas municipalidades em termos de
governana digital, classificando-as em uma escala global. A governana digital inclui ambos: o governo digital (entrega de servios pblicos) e a
democracia digital (participao dos cidados na governana). Especificamente, a pesquisa analisa a segurana, a usabilidade e os contedos dos
portais, o tipo de servios on-line oferecidos e a participao dos cidados (HOLZER; KIM, 2008).
A pesquisa selecionou cidades do mundo com base no tamanho da sua populao e no nmero total de indivduos que se utilizam da Internet. Os
100 maiores pases foram identificados usando os dados da Unio Internacional de Telecomunicaes (International Telecommunication Union - ITU,
uma organizao da famlia das Naes Unidas). A maior cidade, segundo a sua populao, em cada um desses pases, foi ento selecionada para o
estudo e utilizada como representante para todas as cidades em seu respectivo pas.
Das 100 cidades selecionadas, em 86 delas foram identificados os websites municipais. Isso significa um aumento, comparativamente pesquisa de
2005, quando 81 das 100 maiores cidades apresentavam portais. As 20 primeiras classificadas, na ordem decrescente da escala a partir da primeira
colocada, foram: Seul (Repblica da Coria), Hong Kong (Hong Kong), Helsinque (Finlndia), Singapura (Singapura), Madri (Espanha), Londres (Reino
Unido), Tquio (J apo), Bangkok (Tailndia), Nova York (Estados Unidos), Viena (ustria), Dublin (Irlanda), Toronto (Canad), Berlim (Alemanha),
Zurique (Sua), Praga (Repblica Checa), Buenos Aires (Argentina), Bratislava (Repblica Eslovquia), Sydney (Austrlia), Amsterd (Pases Baixos) e
Roma (Itlia).
Na Amrica Latina, as maiores cidades identificadas pela pesquisa em grandes municpios foram: Buenos Aires (Argentina), Caracas (Venezuela),
A CONTEMPORANEIDADE DO TEMA GOVERNO ELETRNICO E PERSPECTIVAS DE PESQUISAS
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SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 13
Guaiaquil (Equador), La Paz (Bolvia), Lima (Peru), Montevidu (Uruguai), Santa F de Bogot (Colmbia), Santiago (Chile) e So Paulo (Brasil). Somente
a cidade de Buenos Aires foi classificada entre as 20 primeiras. A cidade de Buenos Aires ficou na dcima sexta. posio na classificao geral; como a
cidade melhor colocada da Amrica do Sul, Caracas, na quadragsima primeira.; Santiago, na quadragsima sexta, e a cidade de So Paulo, na
qinquagsima quarta...
2.4 Governo eletrnico no Brasil
Esta subseo tem por objetivo apresentar de modo sucinto o marco inicial do governo eletrnico brasileiro, a situao do pas na classificao
(ranking) internacional e a situao geral do e-gov nas diversas esferas de governo.
2.4.1 Marco inicial do governo eletrnico no Brasil
No Brasil, o interesse pelo governo eletrnico teve incio em meados dos anos 90, quando a Internet surgiu no pas (ROSA, 2005). Logo depois, em
1996/1997, o Governo Federal brasileiro ingressou na rede mundial, com o incio do recebimento das declaraes do imposto de renda pela Internet e
com a divulgao de informaes por rgos e entidades da Administrao Pblica Federal. Em 1998, foi sancionada a Lei Geral de Telecomunicaes,
que organizou o setor, criou a Agncia Nacional de Telecomunicaes - ANATEL, dando incio abertura do setor de telecomunicaes iniciativa
privada. A referida Lei dividiu o servio em trs regimes jurdicos: pblico, privado e misto, possibilitando, no ano seguinte, a privatizao da telefonia e
gerando um significativo avano no setor das telecomunicaes (RODRIGUES, 2008).
No incio, a presena dos rgos pblicos federais na Internet ocorria de modo esttico, com pginas institucionais com pouca ou nenhuma
interao. Entretanto, esse cenrio mudou em um curto espao de tempo, apresentando um desenvolvimento extraordinrio, sobretudo com a abertura
das telecomunicaes no pas, com o objetivo desafiador de universalizao dos servios.
Pode-se afirmar que o marco institucional mais importante e inspirador do tema foi a publicao do Livro Verde (TAKAHASHI, 2000), que elevou a
questo da tecnologia da informao a um paradigma ao inseri-la em um campo maior de estudo da sociedade da informao. Desse modo, o livro
estendeu o tema a inmeros eixos temticos, tais como: a sociedade da informao; mercado, trabalho e oportunidades; universalizao de servios
para a cidadania; educao na sociedade da informao; contedos e identidade cultural; aplicaes governamentais; informaes e servios ao
cidado; infra-estrutura de redes para governo; diretrizes tecnolgicas; legislao; gesto estratgica da tecnologia da informao; pesquisa e
desenvolvimento; e infra-estrutura avanada e novos servios (TAKAHASHI, 2000).
O tema difundiu-se cada vez mais, passando a estar inserido na pauta de muitos estudiosos na rea da Cincia da Informao, na Administrao, no
Direito, nas Tecnologias de Informao e das Telecomunicaes, dentre inmeras outras reas, apresentando, progressivamente, numa vasta literatura,
em especial nos prprios portais de governo, instituies e estudiosos sobre o tema.
Takahashi coloca: [...] a construo de uma sociedade da informao democrtica no Brasil est visceralmente dependente do apoio pesquisa em
tecnologia de produo e comunicao de contedos e da criao de condies para a capacitao universal dos cidados para o uso das novas
tecnologias. (TAKAHASHI, 2000, p.61)
2.4.2 A situao do Brasil na classificao (ranking) internacional
Na pesquisa das Naes Unidas (2008), reconhecidamente uma das mais conceituadas, o Brasil aparece em 45 lugar no ndice de prontido e em
23 no ndice de participao, mostrando uma relativa piora comparativamente ao ranking 2005. A Argentina superou o Brasil e tambm o Chile,
passando a liderar o ranking da Amrica do Sul, consequncia principalmente do aumento do seu ndice de infra-estrutura, verificando-se um maior
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SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 13
incremento.de servios contratados de celular, bem como no aumento do nmero de computadores pessoais. O Equador e o Paraguai melhoraram suas
posies no ranking 2008 pelo melhor desempenho na entrega de servios on-line.
2.4.3 Situao geral do e-gov nas diversas esferas de governo
Atualmente, no Brasil, tanto nos governos federal, estaduais e em geral nas cidades mais populosas, quanto na iniciativa privada, so verificados
portais de alta qualidade. Todavia, enquanto na iniciativa privada os portais visam, principalmente, s operaes de compra e venda (e, portanto, ao
lucro, propsito natural das empresas), nos governos tanto na administrao direta quanto indireta, seja nas esferas federal, estadual ou municipal
os propsitos so de outra natureza, a exemplo da melhoria da eficincia (e, com isso, da imagem da sociedade sobre os servios pblicos); do tornar-
se conhecido; de dar publicidade aos feitos, aes ou projetos; do aumento da arrecadao por meios de melhores cadastros; de oferecer facilidades de
acesso, ou mesmo comunicar atraes no que se refere aos aspectos tursticos e culturais (RIECKEN, 2008a).
No mago da questo, busca-se levar ao usurio o conhecimento da administrao pblica, a oferta de servios, a comunicao de realizaes
(muitas vezes com interesse poltico) e, de certo modo, o interesse econmico de reduo de custos e de melhoria da eficincia do processo de
arrecadao e de seus resultados.
No que se refere aos nveis de governo, os governos federal e estadual so reconhecidos como os mais avanados no uso da tecnologia da
informao, mas paradoxalmente mais distantes fisicamente da populao.
Programas de governo eletrnico apiam a informatizao dos processos, antes em papel. Desse modo trazem benefcios prticos de reduo de
custos de aquisio e impresso de papis, da guarda de documentos comprobatrios que podem ficar armazenados em meio eletrnico de mais fcil
recuperao simplificao de inmeras obrigaes e, principalmente, incentivando o relacionamento com cidados, empresas e outras entidades que
precisam interagir com o governo. Possibilita, ainda, a agilizao do cruzamento de informaes, antes dispersas em arquivos documentais, permitindo o
aumento da base de monitoramento com vistas fiscalizao e encaminhamentos pertinentes.
Nesse sentido, alguns estados conduzem iniciativas exitosas. O Programa Nota Fiscal Paulista, por exemplo, um programa tpico de estmulo
cidadania fiscal no Estado de So Paulo, evoluo do programa Nota Fiscal Eletrnica, que se prope a devolver 30% do Imposto sobre Circulao de
Mercadorias e Prestao de Servios - ICMS efetivamente recolhido pelo estabelecimento a seus consumidores, sendo um incentivo para que os cidados
que adquiram mercadorias exijam do estabelecimento comercial o documento fiscal (SO PAULO, 2009b).
J os governos municipais, menos desenvolvidos no que se refere tecnologia da informao, encontram-se mais prximos da populao, no
sentido da prestao de servios presenciais. No se trata apenas de caractersticas diferenciadas dos portais dessas entidades, mas das relaes
humanas envolvidas nesse processo, decorrentes da possibilidade de uma maior proximidade fsica (no caso dos municpios) e da presso (no caso das
esferas federal, estadual, nas capitais e nos grandes municpios) devido ao aumento da escala de demanda por servios melhores e mais eficientes
(RIECKEN, 2008a).
Como decorrncia natural disso, as esferas federal e estadual parecem mais desenvolvidas em seus portais, inferindo-se que, nesses nveis, a via
virtual estreita a desconexo fsica. J no nvel municipal, de um modo geral e afora os grandes municpios, a proximidade fsica favorece a utilizao de
mecanismos tradicionais presenciais, em detrimento do meio eletrnico.
A reatividade natural s quebras de paradigma (isto , da cultura presencial de balco para a cultura virtual) um processo no somente de
capacitao para as tecnologias, mas tambm geracional, no sentido de estar naturalmente incrustado nas atividades das pessoas (desde jovens), bem
como de se criar uma identidade cultural pela disponibilizao de contedos teis e de interesse que propiciem o conhecimento e facilitem as diversas
atividades humanas, o que resulta na criao dos valores da sociedade por meio desses novos mecanismos informacionais.
A CONTEMPORANEIDADE DO TEMA GOVERNO ELETRNICO E PERSPECTIVAS DE PESQUISAS
309
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 13
Dwivedi e Michael (2008) analisando empiricamente a influncia de variveis demogrficas (idade, gnero e nvel educacional) na adoo pelos
cidados da iniciativa do governo do Reino Unido, denominado Portal Governamental (Government Gateway), cujas variveis foram coletadas atravs
de uma ampla pesquisa nacional realizada por meio postal sugere que as variveis idade e educao, bem como o acesso por meio de banda larga nas
residncias, influencia o maior uso pelos cidados do portal governamental, enquanto a varivel gnero, no se mostra significativa. Assim, tem-se que
as futuras geraes se utilizaro cada vez mais da tecnologia digital, na medida em que estas estiverem mais presentes em suas vidas, em especial, no
processo de formao educacional, pela ampla disponibilizao de infra-estrutura de acesso e da disseminao como veculo em todas as atividades
humanas.
Questiona-se: em que medida o governo eletrnico est irremediavelmente atrelado a temas como a vontade poltica de seus dirigentes, a
transparncia (como caminho de consolidao da democracia e de participao da sociedade) e a cidadania (enquanto requisito necessrio para que a
interao seja possvel)?
A sociedade da informao (ou do conhecimento) um processo dinmico, ligado ao modelo das sociedades nas quais ela se insere e herdando seus
profundos problemas, o que de certo modo pode frustrar as expectativas de que a tecnologia da informao poderia gerar um coletivo mais harmnico e
com menos desigualdade com relao aos ganhos potenciais esperados com essa tecnologia e da disponibilizao massiva de informaes. Uma
sociedade com dirigentes eventualmente pouco ticos, naturalmente no patrocinaro o uso potencial da tecnologia da informao como veculo de
transparncia e de participao democrtica.
Os governos vm entendendo, equivocadamente, que a sociedade da informao consiste na informatizao da sociedade ou a distribuio de
computadores (SUAIDEN, 2006). Com essa premissa enviesada, as aes tm caminhado no sentido da distribuio de computadores e de software
livre, em especial para as escolas pblicas. Mas, assim como a distribuio de livros isoladamente no faz uma gerao de leitores, a distribuio de
computadores com softwares livres no far uma gerao de jovens preparados para a sociedade da informao. Isso porque inexiste o planejamento
adequado para esse processo, com a preparao daqueles que introduziro as novas tecnologias de educao e informao, nem o monitoramento do
progresso e a avaliao do impacto dessas aes.
Analogamente, equivocado entender que a informatizao das pequenas prefeituras em todo o pas, isoladamente, tenha a capacidade para
revitalizar essas administraes pblicas e as populaes que com elas interagem, resolver as questes indissociveis de governo eletrnico como a tica
e a transparncia pblica, a cidadania e democracia, dentre outras, nem para sozinhas reduzirem a desconexo tecnolgica e educacional de
comunidades no interior do pas.
J ambeiro et al. (2007) apontam que a transparncia estimula a democratizao, dando a todos a possibilidade de conhecer, de criticar e de opinar
sobre as aes do governo, otimizando-o e evitando um governo autoritrio. Nesse sentido, a tecnologia da informao pode viabilizar um canal
moderno e oportuno para o exerccio da transparncia pblica, do lado dos governos, e para a mobilizao e participao, do lado da sociedade.
3. RESULTADOS DE PESQUISA ACADMICA EM GOVERNO ELETRNICO
Esta seo tem por objetivo apresentar, de modo conciso e exemplificativo, os resultados de pesquisa no tema de governo eletrnico (RIECKEN,
2008a), realizada no escopo do programa de Ps-graduao em Cincia da Informao do Departamento de Cincia da Informao e Documentao da
Universidade de Braslia (CID/UnB).
A pesquisa foi aplicada aos governos eletrnicos (e-govs) estaduais e municipais. Com relao s experincias nos governos eletrnicos estaduais
pesquisados, 9 (nove) dos 27 (vinte e sete) gestores dos governos eletrnicos estaduais responderam pesquisa. Os resultados sinalizam uma descone
xo entre a apropriao da tecnologia da informao por e-govs estaduais da Regio Sul/Sudeste, comparativamente aos da Regio Norte/Nordeste.
A CONTEMPORANEIDADE DO TEMA GOVERNO ELETRNICO E PERSPECTIVAS DE PESQUISAS
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Enquanto os respondentes dos governos estaduais das Regies Sul/Sudeste no verificam, de um modo geral, impedimentos para o avano da
iniciativa de governo eletrnico, os do grupo da Regio Norte/Nordeste apontam inmeros obstculos, a exemplo da falta de prioridade para o tema e do
desconhecimento dos benefcios por parte daqueles que decidem.
Considerando que essa desconexo regional verificada tambm pelos ndices scio-econmicos, pode-se concluir que o governo eletrnico
influenciado pelo desenvolvimento scio-econmico.
Os estudos empreendidos ressaltam haver (de um modo geral) vontade poltica para o governo eletrnico, entretanto, sugerem que inmeros
impedimentos ainda precisam ser transpostos, haja vista que passam por aes estruturantes que vo desde a infra-estrutura, a preparao dos agentes
e a preparao geracional para o acesso e uso da tecnologia da informao com efetividade, at o apoio dos que esto frente no tema.
Nas prefeituras municipais pesquisadas, as iniciativas de e-gov concentram-se (afora os municpios das capitais) em estgios diferenciados e, de um
modo geral, incipientes, aqum dos resultados da avaliao realizada nos e-govs estaduais.
Quanto verificao de viabilidade de desenvolvimento de iniciativas de e-gov nas prefeituras municipais, onde tais iniciativas no tiveram incio
(ressalvadas as limitaes da pesquisa, cuja anlise se restringe s respostas dos 20 respondentes), os resultados apontam para uma percepo
concordante com a oportunidade do desenvolvimento de uma iniciativa de governo eletrnico, desde que sejam superados os entraves para a sua
consecuo.
Tais entraves esto relacionados, em especial, falta de acesso e preparo por parte da populao, bem como falta de capacidade tcnica, de
recursos financeiros e, em alguns casos, de vontade poltica por parte das prefeituras.
Sugestes simples e oportunas foram oferecidas pelos respondentes, em especial, o desejo de implantao de uma iniciativa de e-gov para a
promoo do municpio no que diz respeito aos aspectos tursticos e culturais.
As pesquisas na literatura e de campo, empreendidas, permitem concluir que, sem o apoio de outras esferas de governo, o governo eletrnico
(entendido no seu sentido mais amplo, e no apenas como a simples presena na Internet por meio de um portal institucional) , no presente momento,
invivel na maioria das prefeituras brasileiras. Enquanto os governos estaduais mesmo com os diferentes avanos regionais verificados e as
deficincias apontadas na pesquisa quanto baixa eficincia dos canais (tipo Fale Conosco) vm desenvolvendo seus portais, buscando oferecer
progressivamente mais e melhores informaes, servios e canais de comunicao para a populao, as prefeituras municipais esto, de um modo geral,
significativamente aqum do nvel de desenvolvimento dos portais estaduais.
Uma questo que se apresenta se haveria uma forma de os governos estaduais capitalizarem no nvel municipal os avanos verificados (de um
modo geral) em seus programas de governo eletrnico. Neste sentido, proposto um modelo de deciso baseado em critrios objetivos (modelo
estatstico), que se denominou Critrios de Priorizao
12
, cuja finalidade a elaborao de uma lista progressiva dos municpios que se destacam,
segundo propsitos estabelecidos (populacionais, sociais, econmicos, culturais, etc.) a fim de incentiv-los a progressivamente integrar uma rede intra-
estadual de informaes, servios e comunicao eletrnicos, capitalizando no nvel municipal os avanos j percebidos na esfera estadual e oferecendo,
portanto, experincias e prticas que possibilitassem maiores chances de sucesso para as iniciativas municipais de e-gov.
12
A palavra priorizao, de certo modo um neologismo amplamente utilizado na lngua portuguesa, foi preferida locuo verbal equivalente (dar prioridade). Tal uso pode ser facilmente constatado
em pesquisas nos motores de busca comuns de mercado. Desse modo, as tecnologias de informao propiciam uma verificao rpida da capacidade reprodutiva da lngua, que, a partir de uma palavra
ou de um radical, possibilitam por adjuno de um sufixo, aumentar a capacidade e a diversidade lexicais da lngua. Neste caso, a aparente necessidade de substituir uma locuo verbal (dar prioridade)
por uma nica palavra permitiu a criao dos verbos priorizar e outros derivativos. Outros casos semelhantes podem ser encontrados na lngua, sem que haja qualquer desrespeito pelas regras de boa
formao do portugus (PRIBERAM INFORMTICA, 2010).
A CONTEMPORANEIDADE DO TEMA GOVERNO ELETRNICO E PERSPECTIVAS DE PESQUISAS
311
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Sendo os resultados da pesquisa de campo (aplicada s prefeituras municipais) limitados ao conjunto de respondentes embora, segundo Yin
(1988), sejam teis para ilustrar algumas situaes , o modelo de priorizao das prefeituras municipais para e-gov (RIECKEN, 2008a) recorreu s
bases estatsticas oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) e do Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)
para reunir os dados no nvel municipal necessrios estruturao do modelo Critrios de Priorizao.
A construo desse modelo foi baseada nos estudos de Saaty (1991), sendo o mtodo de hierarquizao conhecido como Analytic Hierarchy Process
(AHP) (em portugus, Processo Hierrquico Analtico). O mtodo AHP foi aplicado a um conjunto de aproximadamente duas centenas de variveis
tcnicas, geodemogrficas, culturais, de gesto e relativas ao nvel de desenvolvimento humano, extradas de sries estatsticas oficiais, o que resultou
em um total de pontos para cada municpio, calculado com base na ponderao desse conjunto de variveis.
O resultado final o modelo Critrios de Priorizao, com o objetivo de que os governos estaduais possam coordenar um processo a que se
denominou de municipalizao virtual gradativa dos estados por meio de redes sistmicas de informaes, servios e comunicao, presumindo a
incluso de todos os municpios nesse processo. Atribui-se prioridade no ranking ao ingresso inicial dos municpios com aspectos mais favorveis para a
implantao da iniciativa de governo eletrnico, de modo que estes municpios possam, em um segundo momento, j com a infra-estrutura sedimentada
e com o preparo necessrio, cooperarem no apoio ao ingresso de outros municpios, favorecendo afinidades regionais e interesses comuns.
Uma rede intra-estadual de informaes, servios e comunicao eletrnica proposta, instigando um pensar sistmico a partir do momento em que
se colocam objetivos de longo prazo (como o meio ambiente e as futuras geraes) e no apenas um cliente visvel e imediato (isto , a sociedade
atual).
Como ficou evidenciada na referida pesquisa, a adaptao cultural s novas tecnologias diretamente dependente da vontade poltica e
compreenso dos benefcios por parte dos dirigentes, bem como da formao adequada dos gestores e monitores para esse processo, bem como da
crescente produo de servios e informaes eletrnicos com utilidade para essas realidades. Isso requer uma viso de futuro, vontade firme e uma
adequada preparao dos dirigentes e demais envolvidos para um processo de incluso digital, tambm das administraes pblicas do interior do pas,
de modo social e ambientalmente responsvel e com alicerce na educao para a cidadania.
O que se prope com o modelo sugerido , principalmente, uma estratgia para integrar virtualmente seu imenso territrio de diversidades, com
repercusses de longo prazo.
As diferentes realidades no permitem concluir sobre uma soluo nica de modelo de governo eletrnico (institucional, de arquitetura do portal, de
contedos, de operacionalizao, de governana, etc.), mas sim, da necessidade de se adequar os mtodos e as prticas a cada caso concreto. Desse
modo, os principais intentos e resultados da pesquisa empreendida (como a estrutura de maturidade em governo eletrnico, o modelo de deciso
baseado em critrios objetivos para apoiar a disseminao de governo eletrnico nos municpios e a proposta da estruturao da rede intra-estadual
de informaes, servios e comunicao eletrnicos) no tm o propsito de ser nicos, to pouco algo acabado.
4. O POTENCIAL DE PESQUISAS SOBRE GOVERNO ELETRNICO
A presente seo trata da apresentao, em especial para estudantes de graduao e de ps-graduao, ou mesmo para pesquisadores ou
interessados, de temas potenciais para estudos posteriores relacionados ao acesso e uso da tecnologia da informao por governos e pela sociedade,
instigando-os e despertando-os para um conjunto expressivo de temas contemporneos.
bastante vasto o conjunto de temas para pesquisas, em geral, em Cincia da Informao (RIECKEN, 2006) e sobre o acesso e uso da tecnologia
da informao e do governo eletrnico, em particular. Segundo Capuano (2008), existe atualmente uma profuso de ideias sobre as conexes entre ser-
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SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 13
vios pblicos, democracia, cidadania, informao, tecnologia da informao e administrao pblica, temas que tm despertado o interesse da
academia como rea de conhecimento multidisciplinar.
O objetivo de toda pesquisa o de avanar (um pouco que seja) na fronteira do conhecimento. A trajetria de sua execuo e a consecuo dos
seus objetivos remete, muitas vezes, necessidade de superao de novos desafios em decorrncia do surgimento de novas questes.
Os temas para futuras pesquisas foram extrados de Riecken (2008a), cuja tese implicou no desenvolvimento e teste de modelos e instrumentos
necessrios consecuo de seus objetivos. Entretanto, em pesquisas sociais, no h um ambiente fechado onde o teste dos modelos se encerre em si
prprio, abrindo desse modo, cenrios para novas indagaes e, portanto, novas pesquisas, tanto no sentido do aperfeioamento (ou adequao) de
modelos e instrumentos elaborados, como para o desenvolvimento de novos estudos com diferentes abordagens.
Com relao aos mtodos de avaliao do progresso em governo eletrnico, nos diversos nveis de governo, so identificadas as seguintes
possibilidades de pesquisas:
a) sugere-se o aprofundamento de estudos, em especial quanto ao detalhamento dos indicadores propostos para o estudo comparativo das listas
de classificao (rankings) internacionais de e-gov e das variveis consideradas;
b) h uma carncia na literatura sobre mtricas e indicadores relacionados aos planos e projetos para dar impulso s iniciativas do e-gov no
interior do pas; a verificao de uma maior concentrao de pesquisas para medir os avanos nos nveis federal e estadual (em especial,
quanto ao Poder Executivo) aponta para a importncia de serem empreendidos estudos direcionados esfera municipal e a outros poderes;
c) praticamente inexistem indicadores para verificar o avano nas questes de legalidade e transparncia em governo eletrnico; onde h
lacunas na literatura, apresenta-se um potencial de desenvolvimento de estudos e pesquisas;
d) os resultados sugerem a oportunidade de se confirmar a verificao emprica de correlao entre o e-gov, o acesso e uso da tecnologia da
informao pela sociedade e a produo de riqueza (medida pelo Produto Interno Bruto) nos diversos nveis do governo o progresso do
governo eletrnico parece caminhar paralelamente ao avano do enriquecimento dos pases; isso remete a possveis pesquisas quantitativas
que possam relacionar o sucesso do e-gov com a renda mdia da populao dos municpios, grupo de municpios, estados, regies e pases;
alguns pases (em geral desenvolvidos) destacam-se em vrias pesquisas, em posio vantajosa; embora os resultados das pesquisas
selecionadas no possam ser comparados, observa-se que os primeiros colocados nas diversas pesquisas esto, tambm, situados em boas
colocaes nas demais listas classificatrias (rankings), o que sugere que e-gov e tecnologia da informao esto diretamente relacionados a
um melhor desempenho econmico-social das naes;
e) no mrito dos resultados do estudo comparativo entre as pesquisas internacionais de governo eletrnico, o principal achado foi a necessidade
de mudana no foco de verificaes de progresso para pesquisas mais qualitativas e de resultados, ao invs de se comparar diferentes
realidades, o que remete ao aprimoramento da metodologia para essas abordagens; e
f) o estudo prospectivo empreendido sugere a oportunidade de aprofundamento no sentido da seleo de indicadores significativos e objetivos
que permitam aprimorar os mecanismos de avaliao dos vrios aspectos envolvidos na questo do e-gov (aspectos relacionados qualidade
e quantidade dos servios eletrnicos oferecidos, questes de usabilidade de portal, abertura do governo para a participao da sociedade
nos planos e projetos governamentais, etc.) e do acesso e uso da tecnologia da informao pela sociedade.
A pesquisa prope uma estrutura preliminar para verificao do estgio (ou maturidade) em governo eletrnico (RIECKEN, 2008a). Com relao a
isso, as seguintes oportunidades de pesquisas se apresentam:
A CONTEMPORANEIDADE DO TEMA GOVERNO ELETRNICO E PERSPECTIVAS DE PESQUISAS
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SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 13
a) a estrutura proposta pode ser aprimorada para (por exemplo) se proceder sua adequao a situaes especficas, ou para reduzir a
subjetividade (o que pode ser feito pelo desdobramento do roteiro em questes ainda mais objetivas quanto aos requisitos em cada eixo /
estgio);
b) o mtodo desenvolvido propicia que quaisquer rgos ou entidades possam orientar seu progresso no e-gov por meio de um instrumento
que deixe claro os requisitos do que se constituiria cada etapa evolutiva; nesse sentido, cabem estudos futuros para o aprimoramento da
estrutura proposta, no escopo dos instrumentos de auto-avaliao de incentivo melhoria da gesto pblica e qualidade na prestao
dos servios pblicos, como o Programa Nacional de Gesto Pblica e Desburocratizao (GESPBLICA) do Ministrio do Planejamento,
Oramento e Gesto (BRASIL, 2009;
c) a pesquisa de campo realizada para verificao do progresso apontou, ressalvadas as limitaes, que o e-gov das prefeituras municipais
esto, de um modo geral, aqum dos avanos verificados nas iniciativas estaduais, o que remete necessidade de estudos futuros com o
objetivo de reduzir essa distncia, bem como compreender o porqu da desconexo entre o e-gov estadual e os equivalentes municipais.
Quanto realidade nacional, as pesquisas de campo aplicadas aos governos estaduais e s prefeituras municipais permitiram a identificao de
alguns pontos importantes e experincias que os respondentes poderiam passar relacionados ao e-gov. O resultado foi um levantamento representativo
da realidade nacional nas diversas esferas do governo; desse modo apontando para um potencial de pesquisas em todos os temas do nexo temtico
13
estruturado na tese, com o propsito de melhor compreender tais achados, a exemplo de:
a) estudos para aprofundar os motivos pelos quais foram verificadas rejeies ao desenvolvimento de e-gov, ou a falta de vontade poltica,
analisando os impedimentos na busca por solues de contorno;
b) investigar com maior profundidade os canais de interao com a populao, suas deficincias, alcance e a participao da sociedade nesses
importantes veculos de cidadania;
c) estudos relacionados questo (da maior relevncia) da incluso digital da sociedade, em confronto com a constatao de que a prpria
incluso digital da administrao pblica encontra-se aqum do esperado; a verificao do grau de insero da tecnologia da informao
na funo pblica apresenta-se como um importante campo de estudo, em especial nas reas de educao, sade, urgncia local e riscos
ambientais;
d) o perfil do profissional da informao e de tecnologia da informao para o e-gov;
e) o grave problema da escala da prestao de servios eletrnicos e a necessidade de organizao da retaguarda de servios;
f) estudos para verificar em que grau a modernizao das administraes para o uso do e-gov dinamiza as economias locais e impacta em
processo eletrnico para o segmento privado;
g) investigar o motivo da pouca interao entre os rgos dos diferentes poderes e para o e-gov, bem como de formas de parcerias;
h) estudos no sentido do desenvolvimento de uma viso mais sistmica do e-gov e pesquisas sobre estruturas de governana;
i) pesquisas sobre o posicionamento dos responsveis por expressivos processos informacionais na estrutura organizacional e sobre a
influncia deste posicionamento nos resultados da gesto;
j) estudos sobre a viso estratgica da informao e da tecnologia da informao, bem como sobre o grau de envolvimento dos que
decidem no processo do e-gov; segurana da informao, padres; polticas de privacidade;
13
Como mostrado em detalhe na referida pesquisa (RIECKEN, 2008a).
A CONTEMPORANEIDADE DO TEMA GOVERNO ELETRNICO E PERSPECTIVAS DE PESQUISAS
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k) estudos sobre o problema crtico da falta de integrao dos sistemas de informao;
l) estudos e pesquisas para o desenvolvimento do planejamento estratgico e operacional para o e-gov de longo prazo, atrelado ao acesso a
linhas de incentivo, minimizando desse modo os riscos das descontinuidades administrativas, comuns nas administraes pblicas;
m) estudos e pesquisas relacionados suficincia e adequao do marco regulatrio, o impacto de sua aplicao, vulnerabilidades na
regulamentao, riscos para a sociedade;
n) estudos sobre estratgias para incentivar o uso de portais;
o) pesquisas sobre os mtodos e prticas envolvidos nos servios tpicos de ouvidoria e o potencial de gerao de conhecimento desse
importante canal de interao com a populao; caberia investigar, tambm, os motivos pelos quais o Fale Conosco no funciona
adequadamente em uma expressiva quantidade de rgos pblicos, bem como o grau de frustrao do usurio que, de um modo geral,
no chamado a opinar sobre o e-gov e os canais de interao;
p) investigar as razes dos impedimentos culturais e da falta de confiabilidade das informaes;
q) estudos de modelos referenciais de arquitetura de informao e de arquitetura de tecnologia da informao voltados para e-govs; a
acumulao de um expressivo volume de dados e informaes em meio eletrnico vem tornando necessrio o estudo de modelos de
organizao desses acertos, em geral armazenados em grandes bases eletrnicas (RIECKEN, 2008b);
r) as profundas diferenas regionais do pas remetem verificao de que no h uma soluo nica para o modelo de governo eletrnico;
s) estudos sobre as diversas interaes com o e-gov;
t) estudo sobre as formas de avaliao da qualidade, resultados e satisfao dos usurios, adequados ao e-gov;
u) estudos sobre os riscos do e-gov e da informao nas redes de telecomunicaes (segurana da informao);
v) aprofundar a questo da lista de servios tpicos e do grau de sofisticao verificados e desejados para as administraes; e
w) estudos de caso, em especial voltados para a realidade nacional como em Riecken e Lanza (2007) , ou em pases/regies com
problemas simulares com relao s expressivas diferenas culturais, sociais, geogrficas, entre outras.
A tese no teve por escopo investigar apenas as administraes onde as iniciativas de governo eletrnico j se encontravam estabelecidas, mas
tambm, verificar a viabilidade onde tais iniciativas eram incipientes ou inexistentes. Os resultados dessa investigao preliminar permitiram concluir pela
oportunidade de serem aprofundados os importantes estudos sobre a questo da viabilidade do e-gov, em especial quanto aos impedimentos ou
obstculos, bem como para verificar se haveria um porte de municpio onde o e-gov seria mais ou menos recomendado,
Embora as cincias sociais apontem para a oportunidade de pesquisas qualitativas, as pesquisas quantitativas e o desenvolvimento de modelos
estatsticos tambm podem se tornar importantes instrumentos de estudo de situaes, onde o volume numrico de entes envolvidos e das variveis,
sinalizem a convenincia da sua utilizao.
Nesse sentido, a tese desenvolveu um modelo de deciso (modelo estatstico) denominado critrios de priorizao, baseado em variveis objetivas,
o qual se apresenta como um referencial inicial para direcionar o incentivo progressivo do e-gov nas administraes municipais, em cada estado da
federao.
O teste do modelo de deciso na situao da realidade brasileira, realizado na pesquisa, resultou em um ranking estadual (segundo o grau de
relevncia de cada municpio para fins de adeso a uma presumida rede intra-estadual de informaes e servios eletrnicos, consoante modelo
proposto na tese) e sinaliza a oportunidade de refinamento do modelo, em especial pelo pressuposto de que o mesmo deve ser flexvel e adaptvel s
regies interessadas na sua utilizao.
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O modelo poderia ser til, tambm, por exemplo, para celebrao de eventuais acordos e convnios de cooperao tcnico-financeira, onde os
recursos so muitas vezes limitados e os dirigentes necessitam de um instrumento que apoie e direcione o bom uso do recurso pblico segundo critrios
claros.
Assim, o elenco de dezenas de variveis certamente pode ser reduzido, com o objetivo de se obter um conjunto mais reduzido que explique de
modo similar o comportamento da populao como um todo. Desse modo, as recomendaes para estudos possveis poderiam ser:
a) reduzir o modelo de deciso baseado em critrios objetivos a um conjunto menor de variveis, por exemplo, pela verificao da correlao
entre as variveis;
b) estudos para implementao do modelo de deciso para escolha de prefeituras municipais que incentive o progresso do e-gov local com
base em valores regionais nos aspectos cultura, turismo, etc.; e
c) estudos sobre a organizao das informaes e servios eletrnicos em arquiteturas de informao voltadas para a e-gov; as questes
relacionadas operacionalizao dessa organizao formam, tambm, um vasto campo de estudo, mesmo porque arquitetura um
termo de significado amplo, o que remete investigao sobre sua estrutura e seus agregados de componentes; elaborar uma arquitetura
de sistema de informao significa desenvolver um modelo que se coadune com a arquitetura proposta, como: uma arquitetura em
camadas (camada de dados, camada de componentes onde se localizam as regras de negcio, ou camada do aplicativo) ou arquitetura e
padres de interoperabilidade, de modo a se implementar estruturas preferencialmente flexveis com alta coeso e baixo acoplamento
entre seus componentes; assim, pode-se dizer que cabem estudos de arquitetura da informao, enquanto dados organizados (uma vez
que a partir da modelizao os dados se transformam em informao), ou enquanto estrutura do sistema.
As estatsticas oficiais, em especial as do IBGE e das Naes Unidas, compem um material de excelente qualidade para o desdobramento de
estudos e pesquisas por parte de pesquisadores interessados em temas envolvendo a tecnologia da informao e na apropriao destas (e
principalmente das informaes e conhecimentos envolvidos) por governos e pela sociedade.
Verifica-se, tambm, a oportunidade de se aprofundar alguns achados nessas pesquisas oficiais para melhor compreender os resultados das
mesmas, relacionados ao tema dos servios de portal e da tecnologia da informao. As principais pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatstica utilizadas na tese (IBGE, 2001) (IBGE, 2004) (IBGE, 2006) apontam para uma quantidade expressiva de stios de prefeituras municipais com
presena na Internet, enquanto outros indicativos, por exemplo, no portal Brasil.gov, sinalizam uma quantidade aqum da apurada pelo IBGE. Desse
modo, cabem estudos mais aprofundados para avaliar a sistemtica de manuteno dos portais nacionais e o modo como esses mecanismos esto
sendo estabelecidos.
Poderiam, tambm, ser desenvolvidos estudos com base nos websites, complementados por pesquisas mais aprofundadas em alguns casos
selecionados. O portal de maior destaque em um municpio aquele no qual so apresentadas, em especial, as informaes sobre a administrao
central e os servios on-line disponveis. Muitos municpios possuem portais bastante desenvolvidos quanto disponibilizao de servios on-line,
entretanto governo eletrnico mais do que simplesmente estar presente na Internet com um site ou portal. O propsito principal do governo eletrnico
deve ser o de utilizar a tecnologia da informao para prover servios governamentais eficientes (bom uso dos recursos), eficazes (cumprindo metas
mensurveis cada vez melhores) e efetivos (que correspondam s necessidades e desejos da populao). Estudos mais aprofundados possibilitariam
uma melhor compreenso dos diferentes indicativos de presena na Internet das prefeituras municipais com um stio ou portal, bem como o
aprofundamento de outros aspectos (meios de atualizao dos endereos eletrnicos, garantindo a integridade dos mesmos; nvel de conclusibilidade
das denncias, sugestes e solicitaes diversas encaminhadas pelos cidados aos portais, entre outros).
A CONTEMPORANEIDADE DO TEMA GOVERNO ELETRNICO E PERSPECTIVAS DE PESQUISAS
316
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 13
A rede intra-estadual de informaes e servios eletrnicos proposta apresenta-se como um vasto campo para futuras pesquisas, a exemplo dos
seguintes temas:
a) os tipos e perfis de redes informacionais;
b) a necessria adaptao e preparao para a mudana;
c) a verificao de temas de interesse comum, prioridades e fontes de financiamento;
d) o estabelecimento e acompanhamento dos objetivos da rede;
e) as formas de organizao, transmisso, minerao de dados e textos (CAPUANO, 2009) e recuperao dos dados e informaes em geral;
f) a gesto do conhecimento (knowledge management KM), apontada pela OCDE como cerne das tarefas governamentais e inseparveis
da estratgia, planejamento, consulta prvia e implementao (NAES UNIDAS, 2008);
g) as questes motivacionais para o envolvimento e empenho de cada participante;
h) os mecanismos de estmulo participao social na gesto pblica;
i) a exigncia da transparncia na democracia moderna (para que de fato represente a vontade popular);
j) os mecanismos mais diretos atravs dos quais o cidado possa, eventualmente, expressar seu descontentamento; e
k) a municipalizao do pas pela via virtual.
Finalmente, o tema e-gov, bem como a questo do acesso e uso da tecnologia da informao pela sociedade, relativamente recente, mas
inexoravelmente difundido em todas as atividades humanas. Revela-se, desse modo, como um vasto potencial de pesquisas e oportunidades para o
desenvolvimento de mtodos e tcnicas.
Nesse sentido, as reas acadmicas, entre elas a Cincia da Informao, tornam-se espaos oportunos para o empreendimento de pesquisas no
tema, devido transversalidade natural dessa rea de conhecimento, por meio da insero de linhas de pesquisas sobre to importante temtica.
Os modelos propostos na tese podem e devem ser aprimorados com base nas distines locais, considerando o peso das tradies e da histria
locais, sendo apenas um referencial inicial. A derivao para novos modelos sai da esfera das cincias exatas para entrar no foco das cincias humanas,
com toda a subjetividade que lhe inerente.
5. REFERNCIAS DO CAPTULO 13
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SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 13
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320
VI . OUTROS TEMAS E ATI VI DADES
Captulo 14 Competncia informacional em tempos de Web Fbio Augusto Guimares TEIXEIRA e Greyciane
Souza LINS, p. 321-334
321
Captulo 14
Competncia informacional em tempos de Web
Fbio Augusto Guimares Teixeira
1
e Greyciane Souza Lins
2
SUMRIO DO CAPTULO 14
Sumrio do Captulo 14, p.322
Como_citar_o_Captulo_14, p.322
1. INTRODUO_DO_CAPTULO_14, p. 323
2. TECNOLOGIAS DE INFORMAO E COMUNICAO, p. 324
2.1. Hardware, p. 325
2.2. Software, p. 325
2.3. Comunicao de dados, p. 327
3. COMPETNCIA INFORMACIONAL, p. 328
4. COMPETNCIA INFORMACIONAL EM TEMPOS DE WEB, p. 332
5. REFERNCIAS DO CAPTULO 14, p. 334
1
Mestre em Cincia da Informao. Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao (PPGCInf), Faculdade de Cincia da Informao da, Universidade de
Braslia (UnB/FCI). E-mail: [email protected].
2
Mestre em Cincia da Informao. Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao (PPGCInf), Faculdade de Cincia da Informao da, Universidade de
Braslia (UnB/FCI). CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/3752454481868302. E-mail: [email protected].
COMPETNCIA INFORMACIONAL EM TEMPOS DE WEB
323
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 14
Resumo do Captulo 14
Os modelos disponveis de competncia informacional precisam ser periodicamente revistos para acompanhamento das evolues tecnolgicas que
impulsionam o crescente uso de seus instrumentos como fonte de informao. Este captulo apresenta elementos das tecnologias de informao,
hardware, software e comunicao de dados como estrutura de formao da Web, bem como as habilidades requeridas para utilizao eficiente dos
recursos tecnolgicos. Para isso, revisa conceitos de aplicaes de modelos de competncia informacional para usurios de perfis diferentes, propondo
um modelo de aplicao de habilidades requeridas para usurios competentes informacionais em tempos de Web.
Palavras-chave: Competncia Informacional, Tecnologia da Informao e Comunicao
Abstract
I nformacion literacy in Web times
The information literacy models available must be periodically revised to garnish the technological evolution that drives the raising use of its instruments
as information source. This chapter presents information technologies elements, hardware, software, and data communication as the formation structure
of the Web, as well as the required skills for efficient application of technological resources. To achieve this, revises concepts of information literacy
application models for users with different profiles, proposing an application model of required skills for users to acquire information literacy in Web
times.
Keywords: Information literacy, Information and Communication Technology
Como citar o Captulo 14
TEIXEIRA, Fbio A. G.; LINS, Greyciane Souza. Competncia informacional em tempos de Web. In : ROBREDO, J aime; BRSCHER, Marisa (Orgs.).
Passeios pelo bosque da informao: Estudos sobre representao e organizao da informao e do conhecimento EROIC. Braslia DF: IBICT,
2010, 334 p. ISBN: 978-85-7013-072-3. Captulo 14, p. 321-334. Edio comemorativa dos 10 anos do Grupo de Pesquisa EROIC; disponvel em:
http://www.ibict.br/publicacoes/eroic.pdf. (ltima atualizao: mai-jun 2011).
COMPETNCIA INFORMACIONAL EM TEMPOS DE WEB
324
SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 14
1. INTRODUO DO CAPTULO 14
Na apresentao do Livro Verde do Programa Sociedade da Informao no Brasil, o ento ministro brasileiro da Cincia e Tecnologia, Ronaldo
Mota Sardenberg, escreveu da seguinte maneira sobre a importncia do conhecimento, da educao e do desenvolvimento cientfico e tecnolgico:
O conhecimento tornou-se, hoje mais do que no passado, um dos principais fatores de superao de desigualdades, de agregao de valor,
criao de emprego qualificado e de propagao do bem-estar. A nova situao tem reflexos no sistema econmico e poltico. A soberania e a
autonomia dos pases passam mundialmente por uma nova leitura, e sua manuteno - que essencial - depende nitidamente do
conhecimento, da educao e do desenvolvimento cientfico e tecnolgico. (PROGRAMA SOCIEDADE DA INFORMAO, 2000, p. v)
Situando o conhecimento como recurso necessrio ao desenvolvimento social e econmico da sociedade, o ministro o relacionou explicitamente
com as necessidades educacionais e profissionais para o uso da informao. A anlise dessas necessidades passa pela compreenso do contexto em que
o indivduo, potencial usurio da informao, est inserido. Para que objetivos precisa da informao? Como ele define suas necessidades de
informao? Quais so as formas de acesso informao que ele conhece ou dispe? De que forma associa a informao a que tem acesso com os seus
objetivos iniciais? As respostas a todas essas e ainda outras possveis perguntas so vinculadas a caractersticas do comportamento de cada usurio ou
s suas competncias informacionais. Alm disso, o contexto mencionado se torna cada vez mais influenciado pelo ferramental tecnolgico criado para o
compartilhamento da informao e do conhecimento, cujo maior exemplo o advento da Web.
Miranda (2004, p. 118) definiu competncia informacional de um profissional da informao como a expertise em lidar com o ciclo informacional,
com as tecnologias da informao e com os contextos informacionais. Por ciclo informacional, a autora entende as etapas de trabalho com a
informao, como levantamento de necessidades, coleta, tratamento, emprego e distribuio. Como tecnologias da informao, definiu as tecnologias
que influenciaram a arquitetura do conhecimento, citando computadores, estruturas de telecomunicao e sistemas de software como exemplos. E, por
fim, o contexto organizacional foi definido como o meio em que ocorre o ciclo informacional e que, portanto, influencia o seu fluxo e as suas
caractersticas.
O desenvolvimento de tecnologias de informao e comunicao (TICs) tem uma relao intrnseca com a necessidade de conhecimento de uma
sociedade e, por consequncia, com as competncias informacionais que cada indivduo apresenta na busca ou no trato da informao a que tem
acesso. Segundo Tarapanoff et al (2002): necessrio que o profissional da informao atue como uma mediador [sic] entre o mundo digital e a
capacidade real de entendimento do receptor da informao, garantindo a efetiva comunicao e a satisfao da necessidade informacional do usurio
dessa tecnologia.
O papel do profissional da informao como mediador entre a informao disponvel na sociedade e aqueles que dela necessitam para suprir suas
necessidades informacionais, normalmente vinculadas a um contexto e objetivo a ser cumprido, tem como uma das principais caractersticas abranger a
utilizao e o fomento do desenvolvimento das TICs como ferramenta neste processo comunicativo, mas no somente isso. Primeiramente como
usurio, o profissional da informao deve conhecer o ferramental tecnolgico disponvel para acesso informao, at mesmo para saciar as suas
prprias necessidades e tambm poder criar empatia com o pblico-alvo de seus esforos. Aps esta etapa, o profissional poder, como conhecedor das
caractersticas dos indivduos a quem atende e/ou promotor de oportunidades para melhorias nas tcnicas disponveis, sugerir e trabalhar em prol de
novos desenvolvimentos dessas tecnologias. O objetivo principal deste captulo abordar o papel das competncias informacionais humanas na
sociedade apoiada no preceito de compartilhamento da informao ocasionada pelas TICs e, em especial, pela Web. Para tanto, devero ser
compreendidos: 1) os tipos de ferramentas que se caracterizam como TICs e que influenciam o nosso cotidiano informacional; 2) o contexto em que
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surgiu a expresso competncia informacional, bem como as caractersticas definidas pela histria e seu relacionamento com a tecnologia; e, por fim, 3)
a importncia das competncias informacionais como catalisadores do processo, baseado nas TICs, de transformao da informao para o
desenvolvimento da sociedade.
2. TECNOLOGIAS DE INFORMAO E COMUNICAO
Utilizando uma definio do prprio Livro Verde, TICs so Tecnologias utilizadas para tratamento, organizao e disseminao de informaes.
(PROGRAMA SOCIEDADE DA INFORMAO NO BRASIL, 2000, p. 176). Sobre esta descrio, cabe um enfoque um pouco menos abstrato e que se
aproxime de nossa percepo cotidiana.
Primeiramente, nos tempos atuais, no h como mencionar o termo TIC sem associ-lo ao formato digital da informao, o emaranhado de zeros
e uns que so compreensveis apenas pelos computadores e por alguns usurios mais fanticos. Isso sem menosprezar a transmisso analgica
existente em sinais televisivos ou de rdio, ainda extremamente importante na comunicao, mas em franco processo de substituio por transmisses
digitais.
Apesar de pensarmos que ainda so inalcanveis para grande parte da sociedade, os computadores se espalharam de forma a no mais ser
possvel conceber a nossa existncia sem a presena deles. Mesmo quando no percebemos. Na origem da palavra, computador qualquer ferramenta
que auxilie o ser humano a realizar clculos. De fato, o primeiro computador de que se tem notcia o baco. Atualmente aparatos to distintos quanto
um carro, um celular, um sistema de som e, at mesmo, eletrodomsticos so portadores de computadores de tamanho por vezes diminuto. Isso sem
contar os prprios desktops e notebooks, normalmente os primeiros aparatos que nos vm cabea quando falamos de computadores e que invadiram
as empresas e domiclios.
Porm, estas mesmas mquinas no fazem as maravilhas que delas se espera sem uma srie de comandos ordenados (e que sejam por elas
compreensveis em uma determinada linguagem de programao). Diferentes das mquinas fsicas, denominadas de hardware, estes conjuntos de
comandos, encapsulados em programas de computador, so denomidados de software.
Interligando toda essa disposio tecnolgica, torna-se necessria tambm uma infraestrutura de comunicao que suporte a transmisso dos
dados em formato digital. Assim, surgiram dispositivos como barramentos (aqueles filamentos em cobre ou outro metal que existem em placas,
transmitindo sinais digitais de um lado para outro em celulares, computadores, veculos, relgios de pulso, etc.), e finalmente redes de comunicao de
dados como redes corporativas (Ethernet, ATM, DSL, etc.), a cabo, sem fio (Wireless), de comunicao celular (GSM, CDMA) e, principalmente, a
Internet.
Em uma era em que a presena destas TICs se torna to presente no cotidiano, acaba sendo natural verificar a procura por aperfeioamento
profissional de pessoas interessadas nos campos de estudo atingidos por elas. Parte da o desenvolvimento de diversos estudos nas reas de
informao, notadamente computao, cincia da informao, ou mesmo os j to ofertados cursos de informtica. Indo mais alm, novas exigncias
profissionais tornaram-se genericamente consolidadas nas vagas ofertadas no mercado de trabalho como o conhecimento de informtica.
Entretanto, propondo que o papel principal destas tecnologias deve ser o de intermediar o conhecimento com os que dele desejam fazer uso, uma
questo chave deve ser proposta: qual a real importncia do conhecimento sobre as TICs como competncia informacional?
Desde j se faz necessrio esclarecer que no h resposta correta para esse questionamento em todas as situaes. A onipresena das TICs faz
com que este tipo de reflexo deva ser realizado caso a caso, no contexto em que est inserido. Inclusive a prpria concepo sobre o papel destas
tecnologias, o que foi abordado neste texto apenas para facilitar o exerccio, pode e deve ser questionado. Com isso em mente, o primeiro passo o de
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aprender o que so (ou podem ser) essas tecnologias. Abordamos isoladamente cada tipo de TIC, classificadas em hardware, software e redes de
comunicao.
2.1. Hardware
O hardware o tipo de TIC formado pelos componentes eletrnicos materiais. Como componentes eletrnicos, eles so caracterizados pela
transmisso de informao atravs de impulso eltrico. A ausncia de corrente simbolizado pelo sinal 0. O sinal 1 significa a presena de corrente.
Decorre da o uso destes dois sinais (chamados de bits) para representar qualquer informao digital.
Um exemplo bsico de hardware so os computadores (desktops, ou computadores de mesa, e notebooks ou laptops, ou computadores
portteis). Cada computador composto por vrios outros componentes (que tambm so tipos de hardware) como processadores, que so o crebro
do computador, diferenciados entre si pela quantidade de clculos por unidade de tempo que so capazes de realizar; placas que processam sinais de
vdeo (e depois os enviam para dispositivos como os monitores), sinais de udio (que os enviam para fones de ouvidos, alto falantes, etc.); leitores de
mdias de armazenamento como discos rgidos, CDs e DVDs; alm dos prprios dispositivos de entrada (como teclados, mouses, scanners, cmeras,
canetas ticas, leitores de impresso digital, sensores de telas touchscreen - sensveis ao toque) e de sada (como monitores de vdeo e impressoras).
O universo de componentes de hardware dispostos em um computador, como mencionado no pargrafo anterior, j apresenta uma grande
variedade de aplicaes, possibilidades e combinaes. Alm disso, verifica-se uma tendncia de difuso destas tecnologias em outros dispositivos
presentes em nosso cotidiano, numa escala to grande quanto imperceptvel.
Como exemplo, os carros hoje em dia so controlados por vrios computadores. Pode-se mencionar o mdulo de controle do motor, da injeo
eletrnica, os dispositivos de segurana, a central eletrnica e at os sistemas mais sofisticados de frenagem (como freios antitravamento ABS) e de
proteo contra coliso (bolsas de proteo airbags). Diz-se que para ir de carro at a esquina, mais informaes so processadas do que a Apollo 11
para chegar Lua. (MOURA, 2005)
Um telefone celular o melhor exemplo desta presena macia e em miniatura dos componentes, pois se assemelha bastante aos computadores
convencionais, s que em verso de bolso. Estes pequenos aparelhos possuem dispositivos de entrada (o microfone, as teclas, a cmera, a tela
touchscreen, etc.), processador e dispositivos de sada (o alto-falante e a tela). E essa invaso no conhece limites. Aparelhos eletrodomsticos como
geladeiras, foges, lavadoras de roupa e de loua j comeam a ser dotadas de pequenos computadores com o intuito de oferecer maiores facilidades a
seus donos. Um exemplo parte so as televises e monitores.
O advento de tecnologias de LCD (Liquid Crystal Display Monitor de Cristal Lquido), plasma e LED (Light Emitting Diode Diodo Emissor de
Luz) permite no apenas a melhoria da qualidade das imagens, como tambm acompanha novas funcionalidades agregadas aos monitores, tal como a
recepo de sinais digitais e at mesmo a gravao de imagens.
Porm, todos os avanos em tecnologias de componentes eletrnicos no serviriam de nada se esses no fossem comandados por programas de
computador, ou softwares. Eles so abordados logo a seguir.
2.2. Software
Os programas de computador tm como funo bsica usufruir das capacidades de clculo dos componentes de hardware. Os softwares so
compostos por conjuntos de seqncias ordenadas de instrues, ou comandos, que manipulam dados com um determinado objetivo. Por exemplo, um
programa editor de texto simples tem como objetivo receber texto inserido por algum e apresent-lo. Para isso, possui instrues que fazem com que o
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computador aguarde a digitao de teclas em um teclado e tambm as envie para apresentao em um monitor ou uma impressora. Outros comandos
podem ser utilizados para salvar um arquivo em algum lugar, aumentar o tamanho do texto apresentado no monitor, etc. De qualquer forma, estes
comandos so sempre conjuntos ordenados de instrues.
Um tipo to bsico quanto importante de software composto pelos sistemas operacionais. Um sistema operacional pode ser descrito como o
programa que controla todos os componentes de hardware em uma mquina. Em computadores, os sistemas operacionais mais famosos so o Windows
(o mais utilizando em computadores pessoais), o Linux, o MacOS (para computadores da Apple) e o Unix (mais voltado para computadores de grande
porte).
Independente do dispositivo, sempre existe um sistema operacional por trs. Os celulares tambm possuem diferentes tipos de sistemas
operacionais, como a verso MacOS X para IPhones, o Symbian (amplamente utilizado por celulares da empresa Nokia), o Windows Mobile, o Android
(lanado pela empresa Google) e tambm verses mais simples do Linux. Dispositivos ainda menores, como os presentes em eletrodomsticos ou
carros, tambm possuem sistemas operacionais normalmente desenvolvidos para cada aparelho especfico.
Uma vez dotados de sistemas operacionais que permitem controlar o poder de processamento do hardware, os computadores podem ser
utilizados para desempenhar tarefas especficas. As mais conhecidas so as executadas por softwares de produtividade de escritrios como
processadores de texto, planilhas eletrnicas, apresentao eletrnica, navegadores de Internet e leitores de mensagens eletrnicas, entre outros. Os
mais famosos pacotes de produtividade so o Microsoft Office, composto por Word, Excel, PowerPoint, entre outros; e o OpenOffice.
Cabe destacar que so esses, juntamente com os sistemas operacionais, os softwares cujo conhecimento de uso normalmente exigido por
empregadores, de certa forma independentemente da ocupao. O conhecimento em informtica tem se tornado cada vez mais uma exigncia
profissional tal como o correto emprego da lngua portuguesa. Pode-se dizer que isso uma das bases para a preocupao cada vez maior acerca do
conhecimento sobre TICs como competncia informacional.
Alm dos sistemas operacionais e das ferramentas de produtividade de escritrio, existem vrios tipos de software com fins especficos:
gerenciadores de bancos de dados, programas de monitoramento, ferramentas de auxlio a design (CAD Computer Aided Design), programas de
planejamento estratgico, de apoio a deciso, simuladores, etc.
A indstria de software, assim denominados os fabricantes de programas de computador, encontra-se atualmente balanada entre dois modelos
de construo e de distribuio. O modelo mais antigo o proprietrio. Neste caso, as empresas so responsveis pelo investimento no desenvolvimento
do software e cobram um valor pela sua venda, licena de uso ou prestao de servios a seus usurios, mas sem deixar que eles visualizem a forma (o
cdigo) como estes programas operam e sem permitir que eles os alterem. dessa forma que empresas como a Microsoft (proprietria dos sistemas
operacionais Windows e do pacote Office) obtm o seu faturamento.
O modelo mais recente e que vem apresentando uma revoluo na forma de desenvolver, promover e utilizar software o modelo de cdigo
aberto (tambm chamado de open source ou cdigo livre). Este modelo tem como filosofia a no obrigatoriedade do retorno financeiro direto. Neste
caso, o detentor de um programa permite que outras pessoas tenham acesso ao cdigo (as instrues) do software, estimulando que elas o melhorem
(seja corrigindo algumas falhas ou mesmo implementando novas funcionalidades) de forma livre com a condio de que os responsveis por estas
modificaes devero torn-las disponveis para os demais. Este modelo permite no s que mais pessoas tenham acesso ao conhecimento comum
sobre o programa, mas que outros possam utiliz-lo sem custos. Exemplos de programas desenvolvidos por iniciativas destas so o sistema operacional
Linux e o pacote de produtividade OpenOffice.
......
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2.3. Comunicao de dados
Embora existentes desde o surgimento dos computadores eletrnicos, tecnologias cujo uso tem se destacado recentemente so as que permitem
a intercomunicao de dados. So um tipo especial de TIC, porque conjugam hardware e software em unidades bsicas com o intuito de transmitir
dados.
A melhor forma de visualizar esta descrio complexa imaginar a transmisso de dados entre dois computadores ligados por um cabo de rede. A
rede de comunicao de dados montada entre esses dois computadores formada pelo hardware (as placas de redes em ambos os computadores, alm
do prprio cabo) e pelo software (programas especiais de transmisso de dados instalados em ambos os computadores, de forma que cada um entenda
o que o outro enviou atravs do hardware).
Mais uma vez, embora o exemplo mencionado envolva o emprego de computadores convencionais, as redes de comunicao de dados podem
ocorrer em escalas variveis. Isso permite que dispositivos como um relgio digital, um telefone celular ou mesmo um computador, possam funcionar de
forma autnoma. Da mesma forma, permite que redes complexas de comunicao tais como redes sem fio, de celular ou mesmo a Internet existam.
Partindo de escalas menores (e at microscpicas), as redes de dados podem se constituir de simples barramentos de transmisso de
informaes em uma placa eletrnica ou entre vrias. Isso possibilita, por exemplo, que os nmeros que voc digita no teclado de um telefone sejam
efetivamente transmitidos at o interior do aparelho onde so convertidos nos tons de discagem. Num segundo momento, estes mesmos tons so
transmitidos via rede telefnica para uma central, onde formam um padro de endereamento que permitir central saber para quem voc quer ligar.
A prpria existncia das redes de comunicao de dados permite que os computadores funcionem. Ao descrevermos o hardware, vrios
dispositivos foram citados. Porm, para que funcionem em conjunto necessrio existir componentes que transmitam dados entre eles, controlando
para onde vo, como vo e como sero tratados por cada componente que os recebe. Por isso, ao digitar as letras que formam este texto em um
componente de hardware de entrada, elas passam por um longo caminho de transmisso de dados, pelo processador, at aparecerem na tela do
monitor. O fluxo de informao, controlado pelo software (sistema operacional e pela aplicao de edio de texto), passa pela rede de dados interna do
computador.
Uma vez esclarecido o conceito das redes de comunicao de dados, passemos ao que largamente definido como o papel dessas TICs na
sociedade atual. Da mesma forma como podem interligar componentes internos de um dispositivo eletrnico (cujos computadores so apenas um
exemplo), elas podem conectar diversos dispositivos eletrnicos. O exemplo da telefonia convencional acima uma aplicao relativamente antiga. Mas,
atualmente, as redes de computadores e de telefonia celular so as vedetes, e cada vez mais confundveis entre si.
Computadores e celulares possuem vrias caractersticas em comum. Uma delas a diversidade de hardware e software que empregam. Ambos
podem possuir processadores, sistemas operacionais e dispositivos de comunicao distintos. Para que o processo de intercmbio de informao seja
possvel, necessria a definio de protocolos de troca de dados. Como em diplomacia, um protocolo um padro de cdigos que deve ser seguido
pelas partes envolvidas. Logo, para que computadores completamente diferentes troquem informao, devem faz-lo segundo um padro pr-definido.
Protocolos so a chave das redes de dados. Sem eles, elas no existiriam. E com o avano no desenvolvimento deles, tambm elas so impulsionadas.
Com o aumento da escala de uso de um protocolo, maiores so as chances de que vrios dispositivos possam trocar informao entre si. Assim surgiram
as redes de computadores. Primeiro, em ambientes pequenos, com poucas mquinas. Posteriormente, se espalhando por um prdio. Depois, para outros
prdios. Finalmente, no respeitando fronteiras, seja pelo tamanho das redes ou pelo grande nmero de dispositivos interligados que abrangem, e
tampouco as barreiras fsicas, com as redes sem fio (que utilizam protocolos prprios) e que, por exemplo, permitem a comunicao mvel.
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Um conjunto de tecnologias e protocolos que merece destaque identificado pela sigla TCP/IP (juno das siglas de dois de seus protocolos).
Traduzindo para o portugus, TCP significa Protocolo de Controle de Transmisso (no ingls Transmission Control Protocol). J IP seria Protocolo de
Inter-rede (no original Internet Protocol). Como d para se inferir, o termo em portugus inter-rede no prosperou. A palavra original em ingls veio a
ser utilizada para descrever algo que muitos j descrevem como a maior inveno da humanidade: a Internet, que nada mais do que uma rede em
que qualquer dispositivo conectado a ela pode enviar e receber dados utilizando o conjunto de protocolos TCP/IP. Simples no? E isso apenas o
comeo.
A Internet tem como caracterstica ser uma rede de vrias redes de comunicao. De forma resumida (e em nveis genricos), cada dispositivo a
ela conectado inicialmente est ligado a uma rede de um provedor de acesso. Este provedor de acesso, por sua vez, est conectados a outros
provedores de larga escala. Finalmente, estes provedores so conectados entre si formando a teia de comunicao a qual estamos todos interligados. A
Internet permite que dispositivos de hardware distintos, que utilizam diferentes tipos de softwares, tenham acesso mundial s informaes da mesma
maneira, desde que os hardwares e softwares envolvidos utilizem o mesmo conjunto de protocolos.
Dentre o conjunto de protocolos TCP/IP que caracterizam a Internet existem os padres para aplicaes ou servios, tais como transmisso de e-
mails ou mensagens eletrnicas (SMTP - Simple Mail Transfer Protocol e POP - Post Office Protocol), transferncia de arquivos (FTP - File Transfer
Protocol), comunicao direta entre dois computadores na Internet (TelNet), etc. Porm, o mais importante destes protocolos de aplicao o Protocolo
para Transferncia de Hipertexto, ou HTTP (em ingls, Hypertext Transfer Protocol). Ele permite a criao de contedo textual que seja de leitura no
seqencial e que incorpore visualizao de imagens, sons, vdeos e outros tipos de contedo num mesmo lugar. A leitura seqencial a que temos, por
exemplo, em livros. Para atingir a prxima pgina, temos que ler o contedo da pgina atual at o seu fim. Na leitura no seqencial, um indivduo pode
simplesmente pular de um determinado ponto do texto para outro ou mesmo para outro texto que seja virtualmente relacionado ao ponto de partida.
Um texto neste formato denominado hipertexto, os pontos de ligao so denominados hiperlinks e o processo envolvido chamado de navegao.
O conjunto de hipertextos e seus respectivos contedos incorporados compem o que considerada a aplicao mais famosa da Internet, a
World Wide Web (WWW ou simplesmente Web). Os hipertextos passaram a ser denominados pginas Web, com a caracterstica que cada uma delas
possui um endereo (ou identificador) nico para acesso. De um ponto de vista tcnico, a Web nada mais do que uma aplicao do protocolo HTTP,
que por sua vez um padro de servio disponvel pelo conjunto de protocolos TCP/IP, que tem o intuito nico de permitir o intercmbio de
informaes.
Ao permitir o compartilhamento e a colaborao entre dispositivos em escalas cada vez maiores, o advento das redes de comunicao de dados,
principalmente simbolizadas na Internet e na Web, possibilita tambm interligar pessoas com o objetivo de disseminar informao e construir
conhecimento. Isso j faz parte do nosso cotidiano. Como profissionais da informao, o nosso papel no apenas entender os impactos dessa
revoluo, mas tambm direcion-la para o bem da sociedade. Entender o desenvolvimento e o funcionamento das TICs como instrumentos de
competncia informacional uma das maneiras de faz-lo.
3. COMPETNCIA INFORMACIONAL
Historicamente, a habilidade especial em usar a informao nasceu em um ambiente onde saber ler, escrever e realizar contas aritmticas no era
o suficiente. Quando havia todo o aparato educacional e algum acesso possvel comunicao, era necessrio saber quais informaes seriam
importantes para garantir uma melhoria na qualidade de vida: de uma boa jornada de trabalho deciso sobre o voto nas eleies.
........
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SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 14
Olhando a histria e comparando com os dias atuais, possvel observar que o ideal de uma sociedade bem informada ainda almejado, com a
facilidade que pode fazer com que o objetivo seja mais melhor alcanado: as TICs. Com esse suporte, os comportamentos em relao informao
ficam mais geis, h o crescimento do acesso da populao grande rede de computadores e a abertura dos vrios canais emissores de informao
caracterstica da Web. No entanto, podemos nos perguntar se este grande acesso tambm traz a qualidade de vida que foi proposta inicialmente quando
se criou a expresso information literacy na dcada de 70 do sculo XX.
Neste perodo, trs discusses foram a base para o desenvolvimento de uma nova poltica de educao (BEHRENS, 1994, p. 310):
Fontes informacionais aplicadas em situaes no trabalho;
Tcnicas e habilidades necessrias para usar recursos de informao;
Informao para tomada de deciso.
Evidentemente, esses pontos foram essenciais para o desenvolvimento de uma nova mentalidade em relao ao prprio conhecimento humano,
passando por fases aplicadas a reas diversas como:
Aplicao ao trabalho: Identificar fontes informacionais para agregar valor ao trabalho de funcionrios de uma empresa;
Oranizao do conhecimento: Saber localizar e usar a informao;
C omunicao: Discernir informaes publicadas nos meios de comunicao, utilizando canais alternativos de informao;
Poltica: Utilizar informaes no processo do cumprimento de responsabilidades civis (por exemplo, eleitores bem informados podem vir a
tomar decises mais inteligentes
Ao longo do desenvolvimento dos estudos sobre o assunto, surgem modelos variados de aplicao em competncia informacional. Cada modelo
sugere diferentes habilidades, mas que envolvem basicamente as mesmas capacidades individuais no trato da informao. Um dos modelos, criado pelo
SCONUL (2009) Society of Colleges National and University Libraries, contempla habilidades associadas biblioteca e tecnologia:
PILAR 1: Reconhecer a informao necessria: Ao reconhecer uma necessidade de informao, o usurio precisa identificar qual o seu
conhecimento sobre o assunto e qual exatamente a informao que precisa saber (preencher a lacuna informacional).
PILAR 2: Distinguir formas de preencher as lacunas Ao identificar a necessidade informacional, o usurio deve conhecer quais fontes de
informao esto disponveis (jornais, livros, pessoas, organizaes, Web), e qual poderia satisfazer sua necessidade.
PILAR 3: Construir estratgias para localizar informao Para os autores, no basta identificar a fonte. necessrio ainda identificar seu
funcionamento a fim de facilitar a estratgia de busca, pois cada uma delas possui uma forma peculiar de organizao da informao.
PILAR 4: Localizar e acessar a informao Neste tpico, so associadas habilidades de acessar a fonte e recuperar a informao. Por
isso, o uso das TICs e o conhecimento de cada fonte como citado no pilar anterior. A utilizao de bases de referncias ou resumo
compe parte dessa etapa. A recuperao da informao em formato integral o que vai distinguir a fase de busca da fase de acesso.
PILAR 5: Comparar e avaliar Infere-se que o usurio deva ter acesso a mais de uma fonte para realizar esta tarefa. Por isso a importncia
do primeiro pilar, saber exatamente qual pergunta deve ser respondida. A partir disso, faz-se uma relao cuidadosa e crtica com o
contedo recuperado. Para essa etapa, importante ter conhecimento sobre processos de avaliao pelos pares em peridicos
cientficos, coleta e anlise de dados e mtodos de pesquisa com o intuito de saber como avaliar a relevncia e a qualidade da
informao recuperada.
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SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 14
PILAR 6: Organizar, aplicar e comunicar O uso da informao recuperada dever servir para somar aos conhecimentos prvios do
usurio, tomar decises e compartilhar seus resultados com outras pessoas. Esta etapa compe as habilidades em comunicar e compar
compartilhar a informao relevante recuperada, utilizando recursos de trabalhos acadmicos, conversas, e-mail, etc. A comunicao de
ve ser realizada em um meio apropriado para que atinja o pblico de interesse. Para a realizao dessa atividade, o conhecimento das
leis de direitos autorais e propriedade intelectual se faz necessrio.
PILAR 7: Sintetizar e criar A criao de um novo conhecimento ou um produto que seja resultado da pesquisa parte essencial da
competncia informacional, apesar de ser uma tarefa que no se completa em casos no acadmicos.
Observa-se que o modelo no dissocia as habilidades para uso em bibliotecas (neste caso, fsicas) e as tecnologias de informao. O modelo
proposto foi criado para servir de base para o desenvolvimento de outros modelos para qualquer tipo de usurio.
O modelo criado por Michael Einsenberg e Robert Berkowitz, The big 6, aplica-se a estudantes que precisam ser mais eficientes em suas
pesquisas, e sugere seis habilidades, que segundo os autores, so vitais para a sobrevivncia no sculo XXI.
Quadro 1 Modelo The Big 6 (EISENBER; BERKOWITZ, 2010, traduo dos autores)
Etapa Ao 1 Ao 2
Definio da tarefa Definir o problema da informao Identificar a informao necessria
Estratgia de busca da informao Determinar todas as possibilidades de fontes Selecionar as melhores fontes
Localizar e acessar Localizar fontes (intelectualmente e fisicamente) Encontrar informaes dentro das fontes
Uso da informao Dedicao (isto , ler, ouvir, ver, tocar) Extrair a informao relevante
Sntese Organizar de mltiplas fontes Atualizar a informao
Avaliao J ulgar o resultado (efetividade) J ulgar o processo (eficincia)
Etapa 1: Assim como o modelo The seven pilars, a primeira etapa saber qual pergunta deve ser respondida. A definio da necessidade
informacional auxilia no mtodo como as outras etapas sero executadas. Perguntas como que produto final eu espero entregar?,
qual o prazo que eu tenho?, ou ainda quais assuntos so correlatos? devem ser feitas.
Etapa 2: Nessa etapa, o usurio deve listar fontes possveis de pesquisa e selecionar no s as melhores como as que de fato so passveis de
acesso, fator determinado pelo custo e tempo.
Etapa 3: A estratgia de busca, a forma de abordagem da fonte (fsica e intelectual) so processos que fazem parte da localizao e do acesso.
Etapa 4: A dedicao em ler, ouvir e ver significa entender o contedo e analisar se est de acordo com a pergunta inicial.
Etapa 5: Organizar o contedo de acordo com mtodos que possam ser entendidos pelo usurio posteriormente.
Etapa 6: A avaliao do processo se d tanto pela qualidade do objetivo que foi atingido como pela forma com que foi atingido. Tal
comportamento serve de aprendizagem para pesquisas futuras alm de modelos para outros usurios.
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O modelo Empowering Eight foi proposto por pesquisadores asiticos para disseminar o conceito nos pases da regio. Este modelo pode ser
adaptvel a crianas e adultos em fase escolar.
.......... Quadro 2 Modelo Empowering Eight (SAYERS, 2006, traduo dos autores)
Passos Componentes Resultados
1 Identificar
Identificar o assunto
Definir o assunto, objeto
Identificar palavras-chave
Identificar diferentes tipos de recursos onde a informao pode
ser encontrada
2 Explorar
Localizar recursos apropriados para o assunto escolhido
Encontrar informaes apropriadas para o assunto escolhido
Fazer entrevistas, pesquisas de campo e outras pesquisas
3 Selecionar
Escolher a informao relevante
Determinar qual fonte mais fcil, mais difcil e a mais certa
Registrar a informao relevante atravs de notas ou
organizao visual
Identificar os estgios no processo
Colecionar citaes apropriadas
4 Organizar
Classificar a informao
Distinguir entre fatos, opinies e fico
Conferir tendncias, linhas de pensamento
Seqenciar a informao emuma ordemlgica
Usar a informao visual para compar-las
5 Criar
Preparar a informao emsuas prprias palavras
Revisar e editar sozinho
Finalizar o formato bibliogrfico
6 Apresentar
Compartilhar a informao como pblico
Exibir o produto emumformato adequado
7 Avaliar
Aceitar a opinio de outros estudantes
Auto-avaliar a apresentao de acordo como que o professor
Refletir emcomo deveria ter feito melhor
Determinar se novas habilidades foramaprendidas
Considerar o que pode ser feito melhor da prxima vez
8 Aplicar
Revisar a opinio e a avaliao fornecida
Esforar-se para aplicar o conhecimento emnovas situaes e
entender
Quais habilidades podemser usadas novamente
Os modelos disponveis servem para definir o que competncia informacional, bem como para mostrar que sua definio ampla e depende do perfil
de cada indivduo, quanto ao seu grau acadmico, finalidade da informao desejada e experincia individual com pesquisas. Por isso, quando falamos
em competncia informacional podemos englobar toda a histria de seu desenvolvimento conceitual, com o diferencial que as fontes ou recursos infor-
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SUMRIO GERAL SUMRIO DO CAPTULO 14
macionais dispem cada vez mais das TICs. No manual da ALA, publicado no ano 2000, a tecnologia era vista como um auxlio para um comportamento
de competncia em informao:
Competncia informacional est relacionada com habilidades em tecnologia de informao, mas contm implicaes mais amplas
para o indivduo, o sistema educacional e a sociedade. Habilidades em tecnologia da informao capacitam o indivduo a usar
computadores, aplicaes de software, bancos de dados e outras tecnologias para atingir uma grande variedade de objetivos
acadmicos, profissionais e pessoais. Indivduos competentes em informao necessariamente desenvolvem algumas habilidades
em tecnologia (ALA, 2000, p. 3)
A partir disso tentou-se definir quais habilidades eram necessrias para ser competente em tecnologia da informao.
4. COMPETNCIA INFORMACIONAL EM TEMPOS DE WEB
Por meio do desenvolvimento e da criao de servios da Internet, as pessoas descobriram que compartilhar informaes de forma ampla, sem
fronteiras e em grande velocidade tambm uma grande (se no a maior) oportunidade para compartilhar e construir conhecimento. S por isso j
possvel afirmar que o desenvolvimento das TICs mudou as nossas vidas. Mas, indo mais alm, a globalizao do conhecimento tem levado ao
desenvolvimento cada vez mais rpido de novas tecnologias e tambm dificuldade crescente em acompanh-las. Eis o porqu do questionamento que
suscitou a explicao sobre software, hardware e redes de comunicao de dados. Vamos resgat-lo: Qual a real importncia do conhecimento sobre as
TICs como competncia informacional?
O desenvolvimento dessas tecnologias tem influenciado no s o aprendizado educacional formal, mas tambm a nossa estrutura de
conhecimento cotidiano e, at mesmo, os requisitos para o exerccio profissional. A prpria concepo de competncias informacionais para profissionais
de informao (principalmente, mas no apenas) passa pelo domnio destas tecnologias. Isso porque o fluxo informacional conforme visto atualmente
totalmente indissocivel destas tecnologias.
Entretanto, o que no se pode esquecer o fato de que a simples existncia dessas tecnologias no por si s fator responsvel pelo
preenchimento dos requisitos informacionais necessrios para correlacionar o conhecimento e a utilizao dele para o bem da sociedade. A est uma
distino entre as TICs e as competncias informacionais que de extrema importncia para o entendimento dos profissionais de informao.
O objeto de estudo da competncia informacional deve estar embasado no comportamento que diferentes pblicos tm em relao informao,
podendo levar em considerao princpios de comportamento informacional adotados para a interao com as tecnologias de informao e comunicao.
Nesse sentido, as habilidades definidas como competncia informacional no contexto das tecnologias de informao esto direcionadas para tarefas que
contemplam o uso eficiente dos recursos tecnolgicos para satisfazer necessidades informacionais em aes especficas:
a. Conhecimento: necessrio compreender os elementos que interferem o uso eficiente de hardware e software e comunicaes de
dados. Neste caso, algumas habilidades como identificar tipos diferentes de hardware e conhecer diversos sistemas operacionais do ao
usurio a base de um entendimento computacional bsico que no isolado de outras habilidades informacionais.
b. Comunicao: O ponto principal das redes, a transmisso de dados, passa pelo entendimento e uso destas, o que significa comunicar no
seu sentido mais real. Aqui, o sujeito receptor e emissor de dados. Por isso, conhecer as ferramentas disponveis para disseminar e
compartilhar dados essencial para o usurio em tempos de web. O uso de wikis, blogs, fruns, folksonomias, redes sociais, conversas em
tempo real so tarefas de comunicao onde se encontram espalhados vrios pontos emissores de dados.
COMPETNCIA INFORMACIONAL EM TEMPOS DE WEB
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c.
c. Recuperao: A recuperao est submetida a todas as etapas descritas nos modelos anteriormente apresentados, pois a estratgia de
busca a ser utilizada pelo usurio depende de como ele v sua necessidade informacional, ou seja, como ele pergunta: como eu vou achar
isso na rede?. Importante destacar, tambm, que tal habilidade depende ainda muito da organizao disponvel das informaes na rede e
dos mtodos disponveis de busca.
d. Uso: Quando estamos diante de um objeto desconhecido precisamos entender seu funcionamento para ter total habilidade no seu uso.
Com as tecnologias, a peculiaridade comum que as evolues das suas verses tornam seus modelos muitas vezes intuitivos, deixando
para o usurio a manipulao para treinamento e prtica. Como as competncias informacionais esto ligadas ao comportamento
individual, possvel afirmar que o receio ou a substituio por sistemas mais simples podem deixar o usurio com defasagem em suas
habilidades de competncia informacional por deixar de aproveitar modelos tecnolgicos mais apropriados para sua necessidade especfica.
Quadro 3 Competncias informacional em tempos de Web
C
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p
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e
W
e
b
Habilidades Componentes
Conhecer conceitos de segurana da informao, tipos de
vrus, crimes digitais edireitos autorais;
Conhecer bases dedados;
Diferenciar conhecimento cientfico de conhecimento popular
disponvel naredeweb;
Entender os mecanismos de busca avanada nos motores de
busca;
Utilizar fruns paradiscutir conhecimento deinteresse;
Utilizar recursos deredes sociais;
Utilizar recursos deensino distnciaparafins acadmicos
Avaliao
Comunicao
Conhecimento
Recuperao
Uso
Estar atento s
tendncias demercado
emhardware
Uso desoftwares
bsicos
convencionais ou
livres
Entender como se
do processo de
transmisso de
dados entre
dispositivos
eletrnicos
Saber das capacidades
elimitaes decada
mquina, incluindo seu
processamento, custo e
benefcio
Entendimento dos
sistemas
operacionais, suas
diferenas,
vantagens e
desvantagens
Compreender a
vantagemda
inteligncia
coletiva
Hardware Software Comunicao de
Dados
Tecnologias de Informao e Comunicao
e. Avaliao: A avaliao se faz a partir de conhecimentos pr-concebidos a respeito de um assunto determinado. No sentido da
competncia informacional aplicada s TICs e Web, o usurio deve ter uma viso crtica do que se pode obter de vantagem ou como se
pode agregar valor ao seu cotidiano quanto ao uso de hardware e software (questes financeiras) alm de uso dos stios como fontes
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informacionais (veracidade, profundidade, autoria). A avaliao deve ser entendida como um processo de comparao de todos os
elementos de TI envolvidos quanto adequao ao estilo de vida do usurio. Refora-se, neste caso, a idia de que para cada usurio
existem necessidades informacionais diferentes, implicando em avaliaes cada vez mais criteriosas quanto s fontes informacionais
usadas.
O modelo acima indica habilidades e componentes que sugerem o melhor uso de recursos disponveis na rede a partir dos elementos de TICs
(hardware, software e comunicao de dados). No modelo, temos a lista dos componentes como elementos cognitivos que interferem em todas as
habilidades no uso das tecnologias. Entretanto, a lista de habilidades descritas ainda est longe de ser completa, pois tecnologias so respostas s
necessidades humanas sociais, culturais e organizacionais e todas em constantes transformaes seguindo o percurso da evoluo natural do ser
humano em contato com a informao.
5. REFERNCIAS DO CAPTULO 14
ALA. American Library Association. The information literacy competency standards for higher education. Chicago: Association of College and Research
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BEHRENS, Shirley J . A conceptual analysis and historical overview of information literacy. College and Research Libraries, p. 310-323, J uly 1994.
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<http://revista.ibict.br/ciinf/index.php/ciinf/article/view/83/76>. Acesso em: 16 jul. 2009.
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<http://quatrorodas.abril.com.br/reportagens/novastecnologias/conteudo_151380.shtml>. Acesso em: 15 jul 2009.
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SCONUL. Society of College, National and University Libraries. [S.l.], 2009. Disponvel em: http:///www.sconul.ac.uk. Acesso em 9 maio de 2010.
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TARAPANOFF, K et al. Funes Sociais e Oportunidades para Profissionais da Informao. DataGramaZero Revista de Cincia da Informao, v.3, n.5,
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Sri Lanka. Sri Lanka J ournal of Librarianship & Information Management, v.1, n.1, pg. 33-41, 2005.
Stios recomendados
http://big6tools.pbworks.com/
http://www.big6.com/blog/
http://www.whitehouse.gov/the_press_office/Presidential-Proclamation-National-Information-Literacy-Awareness-Month/
http://ictnz.com/infolitmodels.htm (modelos de competncia informacional)
http://sibi-usp-agentes-informacao.blogspot.com/
http://competencia-informacional.blogspot.com/
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